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http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. A GESTÃO DE ÁREAS DE RISCO A DESLIZAMENTOS E ESTRATÉGIAS DE RESPOSTA A DESASTRES: UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DE RISCO DA POPULAÇÃO LOCAL ATRAVÉS DO SISTEMA DE ALERTA E ALARME Nathalia Lacerda de Carvalho Mestranda em Geografia na Universidade Federal do Rio de Janeiro [email protected] Ana Luiza Coelho Netto Profª. Titular do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Coordenadora do Laboratório de Geo-Hidroecologia (GEOHECO/UFRJ) [email protected] INTRODUÇÃO Os eventos extremos são, em si, um fenômeno característico da dinâmica geomorfológica e fazem parte da evolução do modelado do relevo. Já os termos desastre e risco estão diretamente associados aos elementos em exposição, ao potencial de perdas. Os desastres, no caso dos riscos ambientais, são conseqüências de fenômenos associados à dinâmica do meio físico com rebate na organização da sociedade e, por isso, também condicionados por ela. A exposição de elementos em risco configura o potencial de danos e perdas frente aos eventos extremos de chuvas e deslizamentos, sendo geralmente mais acentuados nos centros urbanos, onde se concentra maior parte da população. Dessa forma, fenômenos de natureza geodinâmica atingem a categoria de desastres. No Brasil, país inserido no capitalismo semiperiférico, os riscos estão na esteira de uma dinâmica sócio-espacial conflituosa pelo uso e ocupação da terra, com expressiva sobreposição cumulativa (Acselrad, 2009; Marques & Torres, 2001) dos riscos ambientais e tecnológicos. O direito constitucional à habitação é negligenciado, envolvendo precariedade e segregação residencial, de modo que não podemos excluir estes elementos da pauta do risco ambiental. 979

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A GESTÃO DE ÁREAS DE RISCO A DESLIZAMENTOS EESTRATÉGIAS DE RESPOSTA A DESASTRES: UM ESTUDOSOBRE A PERCEPÇÃO DE RISCO DA POPULAÇÃO LOCAL

ATRAVÉS DO SISTEMA DE ALERTA E ALARME

Nathalia Lacerda de Carvalho

Mestranda em Geografia na Universidade Federal do Rio de Janeiro

[email protected]

Ana Luiza Coelho Netto

Profª. Titular do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e

Coordenadora do Laboratório de Geo-Hidroecologia (GEOHECO/UFRJ)

[email protected]

INTRODUÇÃO

Os eventos extremos são, em si, um fenômeno característico da dinâmica

geomorfológica e fazem parte da evolução do modelado do relevo. Já os termos desastre e

risco estão diretamente associados aos elementos em exposição, ao potencial de perdas. Os

desastres, no caso dos riscos ambientais, são conseqüências de fenômenos associados à

dinâmica do meio físico com rebate na organização da sociedade e, por isso, também

condicionados por ela. A exposição de elementos em risco configura o potencial de danos e

perdas frente aos eventos extremos de chuvas e deslizamentos, sendo geralmente mais

acentuados nos centros urbanos, onde se concentra maior parte da população. Dessa

forma, fenômenos de natureza geodinâmica atingem a categoria de desastres.

No Brasil, país inserido no capitalismo semiperiférico, os riscos estão na esteira

de uma dinâmica sócio-espacial conflituosa pelo uso e ocupação da terra, com expressiva

sobreposição cumulativa (Acselrad, 2009; Marques & Torres, 2001) dos riscos ambientais e

tecnológicos. O direito constitucional à habitação é negligenciado, envolvendo precariedade

e segregação residencial, de modo que não podemos excluir estes elementos da pauta do

risco ambiental.

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É nesse contexto que se propõe analisar as áreas de risco a deslizamentos como

um risco ambiental socialmente construído -mediado por valores culturais, sociológicos e

psicológicos- podendo ser estudado à luz da percepção como categoria de mediação com a

realidade. Desse modo, pretende-se compreender como se dá o comportamento da

população residente em uma área de risco que dispõe do sistema de alerta e alarme, a fim

de que esses elementos tragam subsídios para problematizar a política pública no setor dos

desastres e a gestão das áreas de risco deslizamentos.

OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo construir, com base em roteiro de

entrevista elaborado:

Análise da percepção de risco dos moradores do bairro Córrego Dantas;

Avaliação do posicionamento atual da população com relação ao sistema de

alerta e alarme;

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A região sudeste brasileira se apresenta como uma das principais áreas de

ocorrência de deslizamentos, enxurradas e inundações associadas aos eventos extremos de

chuvas. Estudos de AVELAR et al. (2011) evidenciaram o predomínio de três tipos de

movimentos de massa no evento extremo de janeiro de 2011 na Região Serrana do Rio de

Janeiro, sendo: a) deslizamentos do tipo translacional, que predominaram nas encostas

íngremes e de solos rasos; b) fluxos detríticos ricos em blocos de rochas e resíduos

florestais, que avançaram pelos fundos de vales; c) quedas de blocos.

A proposta formulada pelo DRM/RJ para a Região Serrana do Protocolo de

Acionamento e “Desacionamento” do Sistema de Alerta e Alarme leva em conta os

resultados de pesquisas que apontam para a necessária superposição de 04 índices

pluviométricos para a deflagração de escorregamentos esparsos na Serra Fluminense –

30mm/h; 100mm/24h; 110mm/96h; 270mm/mês. (Fonte: DRM/RJ)

Estudos de COELHO NETTO et al. (2011), com dados de 47 estações

pluviométricas, mostram que Nova Friburgo foi o município com maior intensidade de chuva

(acima de 200mm em 9h) no evento de janeiro de 2011, que resultaram em 3622 cicatrizes

de deslizamentos em uma área de 400km². Nota-se que as rupturas detonaram a partir de

140 mm/9h (~15,5mm/h), porém há uma expressiva variabilidade espacial na distribuição e

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intensidade da precipitação ao longo destas 9 horas, assim como na correlação entre chuva

e escorregamentos.

Sendo assim, COELHO NETTO et al. (2011) não detectaram uma relação direta

entre a intensidade da chuva e a detonação de deslizamentos- o que ressalta a importância da

investigação de umidade do solo e comportamento mecânico dos materiais, associado ao

conhecimento das condições potenciais de terreno e avanço nos modelos de chuvas críticas

indutoras de deslizamentos.

Os dados acima permitem ponderar as dificuldades em elaborar modelos

consistentes de correlação chuva x escorregamento, uma vez que há grande variabilidade

espacial da chuva. Somado a inoperância de instrumentar equipamentos de monitoramento

que atinjam raios suficientes para que os dados de chuva sejam representativos da área de

abrangência.

Diante dessas informações é possível considerar que, atualmente, o sistema de

alerta e alarme funciona com uma base técnica insuficiente, o que corrobora com a ideia de

que essa não é a única via que precisa ser considerada, incorporada e aprimorada. Tal

limitação nos põe diante do desafio de desenvolver, concomitantemente, outras medidas

para prevenção e resposta a desastres.

A bacia do Córrego Dantas (~53km²) vem sendo considerada como área piloto

pela equipe do GEOHECO/UFRJ por concentrar inúmeros deslizamentos do evento extremo

de 2011. O bairro de Córrego Dantas está inserido nesta bacia. Para o mapa de

suscetibilidade, o recorte de bacia de drenagem é mais adequado, por permitir analisar a

dinâmica hidro-erosiva com sua “totalidade”. Porém, para o estudo de percepção o recorte

bairro se mostrou mais pertinente, pois está relacionado ao espaço vivido dotado de

significado, em relação ao qual se nutre um topofilia (TUAN, 1983). Diferentes tipos de

intervenção podem gerar distintas interferências nos sentimentos de pertencimento e

identidade sócio-espacial. De modo que é preciso considerar, ao instalar um sistema de

alerta, este senso de pertencimento que orienta as práticas espaciais.

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Fonte: Coutinho et al. (inédito)

REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL

A finalidade das pesquisas sobre risco, quando pensadas de modo mais amplo, é

a sociedade. Ulrich Beck propôs o termo “sociedade do risco” (1986) para retratar o atual

estágio da sociedade na modernidade e o caráter reflexivo desta modernidade (a

modernização reflexiva), que consiste no próprio processo de modernização e nas práticas

sociais modernas como fontes de risco (Beck, 1986; Beck et al., 1994; Giddens, 1991).

Para Beck, o risco é o principal conceito estruturador das sociedades modernas,

ou seja, as relações sociais pautam-se pela dinâmica dos riscos e das tentativas de assegurar

a segurança. Logo, para o autor o risco é a linha tênue entre segurança e acidente.

O conceito de sistemas peritos, de Anthony Giddens (1991) é definido como

“sistemas de excelência técnica ou competência profissional que organizam grandes áreas

do mundo social e material de hoje”. O autor ressalta que há possibilidades de falhas de

sistemas peritos em geral, assim como a dificuldade que os peritos têm em identificá-las.

Com isso, o conceito de sistemas peritos não exclui as possíveis falhas técnicas e, desse

modo, podemos entender que os riscos são um componente intrínseco e dinâmico de todo

e qualquer sistema organizador da vida moderna. Ao encontro dessa discussão, Veyret

(2007) sublinha que os trabalhos atuais assumem que o “risco zero” não existe e que é

preciso, portanto, gerenciar o risco.

Segundo Veyret (2007), o estudo dos riscos interessa à geografia pelas “relações

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sociais e suas traduções espaciais”, pois o risco está inscrito, ancorado no território, sendo

este um espaço político, apropriado, onde exerce-se um poder e em que incide uma série de

normais institucionais.

O risco, objeto social, define-se como a percepção do perigo, da catástrofe

possível. Ele existe apenas em relação a um indivíduo e a um grupo social [...],

uma sociedade que o apreende por meio de representações mentais e com ele

convive por meio de práticas específicas. Não há risco sem uma população ou

indivíduo que o perceba e que poderia sofrer seus efeitos. Correm-se riscos que

são assumidos, recusados, estimados, avaliados, calculados. O risco é a tradução

de uma ameaça, de um perigo para aquele que está sujeito a ele e o percebe

como tal. (VEYRET, 2007, P.11)

Partindo de outra matriz teórico-metodológica (quantitative risk assessment), Fell

et al. (2008) propõem que o risco (R) é visto como uma medida da probabilidade e da

severidade de um efeito adverso para a saúde, propriedade e para o ambiente. É o produto

da probabilidade de um fenômeno de uma certa magnitude vir a ocorrer vezes as

conseqüências – materializadas ou não. R = (f) susceptibilidade do terreno x ocorrências x

conseqüências (sócio-econômicas e ambientais).

Veyret (2007) afirma que a análise histórica permite compreender melhor as

percepções do risco, os diversos modos de aceitação pelos diferentes atores e os

mecanismos da “memória do risco e das catástrofes”, uma vez que a memória coletiva não é

neutra. Apontam a importância de analisar como essas memórias se perpetuam, são

esquecidas ou funcionam como acontecimentos aglutinadores, através da formação de uma

espécie de identidade social.

De acordo com Wejnert (2002), três aspectos da realidade atuam como

mediadores entre a percepção do risco e o comportamento – as características individuais e

socioculturais e as características das práticas. A percepção do risco, enquanto fenômeno

culturalmente construído e interpretado revela-se permeada por crenças/representações

que constituem o eixo organizador das reações e comportamentos.

Slovic (2000) adota a perspectiva de que a percepção do risco, as idéias sobre

prevenção e as ações empreendidas são considerados fenômenos culturalmente

construídos e interpretados. Estabelece uma distinção entre a probabilidade de risco e a

percepção do risco, partindo do ponto de vista de que risco “real” e risco percebido são duas

dimensões diferentes. Esse autor reconhece que a equação risco/resposta ao risco é

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mediada por valores, tornando claro que outros fatores, além de uma avaliação técnica do

risco, são nitidamente importantes para a compreensão de como as pessoas percebem e

respondem aos riscos.

Kobyama (2004) sugere que, num contexto local, sejam criados grupos

compostos por vizinhos capacitados para agir durante as fases de pré-evento, durante e

depois do evento, auxiliando os órgãos municipais de defesa civil. Aponta que num

terremoto ocorrido no município de Kobe, no Japão, em 1995, o número de mortos foi

menor onde havia um grupo voluntário de apoio composto por vizinhos. Nesse sentido, em

localidades onde o vínculo comunitário entre vizinhança e grupos de apoio se estabelece- o

que o autor nomeia como grupos de autodefesa- a gestão de risco de torna mais efetiva.

A respeito do risco como componente intrínseco à modernidade e seu caráter

global (globalização do risco) trabalhado por Beck e Giddens, Acselrad (2002) elabora

contrapontos, sobretudo com relação à distribuição desigual dos danos. “A ‘Sociedade de

Risco’ estabelece que o risco é dado pelas técnicas, não incorpora as lutas simbólicas e

desconsidera as categorias capital e classe social”. De fato, os riscos são distribuídos

desigualmente no território e estão imbricados à dinâmica sócio-espacial.

Com relação ao caráter híbrido dos riscos, como processo histórico e territorial,

Swyngedouw (2001) evidencia o papel da circulação da água para o metabolismo da

sociedade. Os metabolismos são estruturados e relacionados via relações de poder,

dominação/subordinação, acesso/exclusão.

Observando mais de perto, contudo, a cidade e o processo urbano são uma rede

de processos entrelaçados a um só tempo humanos e naturais, reais e ficcionais,

mecânicos e orgânicos. [...] A urbanização baseia-se na organização, controle e

domínio da circulação socionatural da água; a produção socionatural da cidade

baseia-se em alguma forma de água corrente. (SWYNGEDOUW, 2001, P.98-9)

Nogueira (2002) define que gerenciamento envolve o conjunto de medidas de

organização e operação institucional para o tratamento de situações de risco existentes, no

âmbito da competência e atribuição do órgão público que o executa. A gestão dos riscos

urbanos, mais abrangente, é parte da gestão do ambiente urbano e compreende, além do

gerenciamento de riscos, políticas públicas de habitação e desenvolvimento urbano, de

inclusão social e mecanismos de regulação e aplicação dessas políticas.

Cardona (1996 apud Nogueira 2002) apresenta um roteiro do processo

institucional de gerenciamento de riscos e preparativos para desastres. Inclui aí um amplo

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espectro de atividades relacionadas à prevenção, mitigação, resposta e recuperação. Essas

atividades, muito além dos aspectos relativos à assistência em situações de emergência,

também se vinculam com a educação, a pesquisa, a tecnologia e o planejamento em todas

as suas modalidades. Para o autor, a seqüência de tarefas administrativas levadas a cabo no

gerenciamento de riscos corresponde ao esforço para prevenir a ocorrência, mitigar as

possibilidades de perdas, preparar para as conseqüências, alertar sobre a presença,

responder à emergência e recuperar-se dos efeitos dos desastres. Essas tarefas são

executadas em três momentos: antes, durante e depois do evento.

Veyret (2007) sintetiza:

A gestão dos riscos sejam eles ambientais, industriais, econômicos (na verdade,

sociais), traduz as escolhas políticas e as decisões finais de organização dos

territórios. [...] A crise ou a catástrofe deve ser gerenciada na urgência pelos

serviços de socorro, no contexto de planos às vezes definidos de antemão, ao

passo que o risco exige ser integrado às escolhas de gestão, às políticas de

organização dos territórios, às práticas econômicas. [...]

As interações espaciais entre os riscos de qualquer natureza e outros fatos ou

agentes estruturadores do território, tais como os transportes e a organização

administrativa, são fonte de uma grande complexidade. (VEYRET, 2007, p. 12)

Fell et al. (2008), definem suscetibilidade como: avaliação quantitativa e/ou

qualitativa dos tipos, volume ou área de deslizamentos que existem, ou potencialmente

podem ocorrer num determinado local ou região. A vulnerabilidade refere-se ao grau de

perda de um certo elemento ou conjunto de elementos dentro de uma área afetada por

deslizamentos. Pode ser expressa na escala de 0 (sem perda) a um (perda total) – no caso de

propriedades, a perda pode ser avaliada pelo valor do dano em relação ao valor da

propriedade; no caso de pessoas, será a probabilidade de perda de uma vida particular ou

numero de pessoas afetadas pelo deslizamentos.

Como contraponto a essa perspectiva, Veyret (2007) afirma que a vulnerabilidade

não pode ser definida como simples índices e que deve ser considerado como esta pode ser

compartilhada por um grupo social (probabilidade anual de um conjunto de indivíduos ser

morto em razão do mesmo acontecimento), e as expressões espaciais decorrentes da

distribuição da população em torno de locais de risco.

Para Hewitt (1997), a vulnerabilidade é relacionada a desvantagens estruturais

que possuem relação com a dinâmica de poder que funda os territórios, como a pobreza, a

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dependência e direitos civis desrespeitados.

Segundo Marques e Torres (2001), o estudo de áreas de risco ambiental pode ter

um sentido estratégico, pois evidencia, de modo dramático em alguns casos, a sobreposição

cumulativa de riscos ambientais às diversas formas de desigualdade social e residencial.

HEWITT (1996) critica a interpretação de desastres como resultados de forças

externas ou aberrações dentro da ordem social, conduzindo ao manejo de desastres restrito

ao controle dos danos e à restauração da normalidade. Esta é uma posição sempre

relevante, pois há clara necessidade de desnaturalizar o argumento de que os desastres são

promovidos por forças da natureza, por uma tragédia que altera a normalidade. Quando, na

realidade, eventos geodinâmicos estes expressam espacialmente o produto das relações de

poder entre diferentes segmentos/agentes sociais.

METODOLOGIA E OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA

O atual quadro regulatório das políticas públicas na área de desastres naturais

Como citado anteriormente, a Lei 12.608/2012 instituiu a Política Nacional de

Proteção e Defesa Civil, através da elaboração de mapas de risco nos municípios e instalação

de sistema de alerta em áreas prioritárias, definidas pelo Cadastro Nacional de Municípios

suscetíveis a deslizamentos e outros processos associados indutores de desastres.

No que concerne aos órgãos públicos, foi criado em 2005 o Centro Nacional de

Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD) - instituído pelo Decreto Nº 5.376/2005 como

parte do Ministério da Integração Nacional e coordenado pela Secretaria Nacional de Defesa

Civil (Fonte: Ministério da Integração Nacional). Porém, este órgão não apresentava

operacionalidade até que, em 2012, houve o primeiro concurso para formação de quadro

profissional. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais

(CEMADEN), criado institucional e efetivamente em 2011, trabalha na previsão de ocorrência

de desastres naturais em áreas suscetíveis de todo o Brasil. Sua proposta é mais ligada à

aquisição e manutenção de equipamentos, e as informações obtidas com o monitoramento

(na chamada sala de situação) são enviadas ao CENAD.

Este formato de centro de gerenciamento é de caráter centralizado, as

informações são obtidas através de equipamentos e então transmitidas às defesas civis

municipais. Este modelo enfrenta alguns problemas, sendo um dos principais a carência de

informações básicas (como imagens de detalhe, mapas temáticos, série hidrológica, etc.).

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Estão sendo adquiridas estações pluviométricas automáticas, por exemplo, mas o ritmo de

aquisições/demandas ainda é aquém, o que significa que estes órgãos operam sem base de

dados suficientes.

Diante do quadro atual de regulamentação e órgãos públicos, surgem questões

acerca dos limites deste modelo institucional com pretensão de monitoramento em escala

nacional. Os alertas e as medidas voltadas para redução dos riscos devem ser citados como

fundamentais, assim como os sistemas de monitoramento de chuvas e dos mecanismos de

instabilidade das encostas, que visam fundamentalmente nortear os procedimentos para

emissão de alarmes através de sistemas de alerta para a população. Porém, será que

somente o aprimoramento técnico é suficiente (ou um fim em si mesmo) para a construção

de uma estratégia de enfrentamento real do problema?

Neste sentido, a percepção de risco como categoria de análise busca preencher

lacunas encontradas em trabalhos anteriores (LACERDA,2013) e pesquisas de campo acerca

do descompasso entre as políticas públicas recém efetivadas (através da Lei 12.608/2012) e

seu rebate na realidade dos moradores destas áreas. Tem se mostrado evidente a

necessidade de ampliar investigações que considerem a visão e comportamento dos

moradores e o papel das organizações comunitárias como meio de redução dos desastres

relacionados às chuvas intensas.

Operacionalização

Foram aplicados 60 roteiros de entrevista com os moradores do bairro do

Córrego Dantas. O objetivo foi construir, a partir deste instrumento, uma avaliação da

percepção de risco e do posicionamento atual da população, especialmente ao toque real

dos alarmes.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir dos 60 questionários aplicados, as informações foram passadas para

uma tabela no programa Excel e gerados gráficos com os percentuais correspondentes para

melhor visualização das informações. Através das respostas obtidas, percebemos que a

maioria dos moradores têm conhecimento de que habitam uma área de risco, como visto no

gráfico 1, porém boa parte ainda resiste em reconhecer tal fato. Os moradores sabem que

existe o sistema de alerta (98%- gráfico 2), conhecem a localização da sirene de alarme (90%-

gráfico 3) e 50% tiveram suas casas atingidas (gráfico 4).

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Em contrapartida, poucos participaram de qualquer evento de simulação do

plano de emergência (gráfico 7), boa parte alegando falta de interesse (gráfico 8).

O desinteresse com relação aos procedimentos de simulação é bastante

evidente, e pode ser interpretado como uma resposta à forma como o sistema de alerta foi

efetivado dentro do bairro. O bairro do Córrego Dantas possui uma associação de

moradores bastante organizada, mas que não foi devidamente inserida na gestão do

sistema de alerta ou na escolha da localização dos pontos de apoio.

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Apesar do relativo desinteresse, ainda assim os moradores são favoráveis à

existência das sirenes e dos abrigos temporários (gráfico 10). Os pontos de apoio são muito

importantes para o êxito do plano de emergência e da mitigação dos riscos, porém a

atenção quanto à sua localização e infra-estrutura não foi devidamente posta em pauta pela

Prefeitura de Nova Friburgo e pela Defesa Civil Municipal. Foi possível observar em campo a

precariedade dos pontos de apoio, sendo escolhida uma creche muito próxima ao canal

(Córrego Dantas) e uma escola na base da escarpa rochosa onde ocorreu um fluxo detrítico

no evento de Janeiro de 2011, com muitos blocos transportados.

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O gráfico 12 mostra que 61% dos entrevistados não concordam com a

localização dos pontos de apoio. Muitos reconhecem a área como insegura e utilizam tal

fato para justificar a permanência nas residências quando a sirene é acionada.

Com relação à instruções do procedimento de emergência e funcionamento das

sirenes, 55% acham que está correto (gráfico 13) e que as instruções são de fácil

entendimento (65%- gráfico 14). Porém, a autora pode perceber que os moradores mais

instruídos reconhecem que boa parte da população são saberia como agir caso ocorresse

um novo desastre.

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A reação negativa dos moradores se torna evidente quando questionamos se

eles acham que a própria casa está em risco, visto que 60% não admite tal realidade (gráfico

15). O problema se agrava em circunstâncias de alerta com chuvas intensas. Quando

perguntamos a respeito da disposição em deixar a residência caso a sirene tocasse

(gráfico16), 54% afirmaram que não sairiam, alegando que se sentem seguros em casa, que

os pontos de apoio são mais inseguros que suas moradorias e que quando a chuva é muito

intensa, o melhor é evitar os deslocamentos (gráfico 17). Esta resposta da população

evidencia que não há ainda uma cultura de segurança suficientemente difundida para evitar

perdas e danos no caso de um evento extremo.

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Com relação às remoções, ainda há muitas incertezas, mas foi percebida uma

tendência ao acordo quando a troca se dá em dinheiro. No gráfico 18 podemos ver que 37%

aceitariam ser removidos caso a Prefeitura oferecesse dinheiro para compra em outro local.

Quando questionamos acerca da disposição em ser removidos para uma casa já construída

(gráfico 19), ao estilo dos conjuntos habitacionais, 38% negariam o acordo.

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Podemos discutir, então, como seria uma proposta de gestão das áreas de risco

coerente com as demandas locais. Não há como homogeneizar os processos de remoção ou

de instalação de sirenes e pontos de apoio. Cada local pode responder de uma forma, assim

como as bacias hidrográficas em que os bairros estão inseridos, sendo limites distintos,

também acenam para a necessidade de uma nova visão de gestão de desastres naturais.

Não é suficiente apenas considerar o recorte dos bairros, pois estes são delimitações

político-administrativas que não correspondem com a dinâmica hidro-erosiva das bacias

hidrográficas. Porém, tampouco é garantido o êxito ao planejar a gestão dessas áreas

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limitando-se somente à unidade de planejamento bacia hidrográfica.

A autora pontua essa questão porque foi possível perceber que a difusão de

informações através da organização comunitária é um ponto crucial para o êxito dos planos

de emergência e mitigação de riscos, o que vai ao encontro de Kobyama (2004). Nesse

sentido, é preciso construir uma estratégia que integre a bacia de drenagem e os mapas de

risco - para pensar a alocação das sirenes e dos pontos de apoio - com o recorte dos bairros.

Essa integração entre bacia de drenagem e bairro é necessária porque, por um lado, o

sistema de alerta monitora um fenômeno que é geodinâmico. Por outro, as pessoas moram

nos bairros, espaços vividos dotados de significado, e esta dimensão do cotidiano dos

moradores não deve ser ignorada, se pensarmos que é sobre os comportamentos que está

calcada a percepção e que a unidade de vizinhança pode ser frutífera na redução de danos

em casos de eventos extremos.

Ao analisar os gráficos 21 e 22, vemos que ainda não há um comportamento

reativo da população quando houve um caso real de acionamento da sirene de alerta, que

colocou o bairro em estado de alerta.

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Tendo em vista que as pessoas sabem porque os alarmes são acionados (gráfico

23) e permanecem em suas casas correndo risco de vida, fica a pergunta: e por que as

pessoas não saem?

Dentro das limitações deste trabalho, foi possível perceber que a percepção de

risco da população é um tanto incipiente, visto que eles reconhecem que habitam uma área

de risco, mas não resistentes ao reconhecer que sua própria casa pode sofrer danos e que

suas vidas estão efetivamente em risco. Além disso, a situação deficitária dos pontos de

apoio contribui para que os moradores não se mobilizem em torno de um plano de

evacuação em caso de emergência. Quando questionados sobre a responsabilidade sobre o

sistema de alerta (gráfico 24), somente 18% acham que deve ficar à carga exclusivamente da

prefeitura. A parceria com a associação de moradores foi proposta por 30%, sendo otimistas

quando à eficácia de uma gestão compartilhada.

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A autora entrevistou o vice-presidente da Associação de Moradores do Córrego

Dantas, que se mostrou favorável à parceria com a prefeitura, porém salientando que a

Associação não tem estrutura de pessoal para manter o sistema de alerta sem o apoio

efetivo da prefeitura.

Com relação ao risco de deslizamentos e inundações associadas que estão

expostas a população, 53% acham que não há como lidar com o problema sem a existência

de um sistema de alerta (gráfico 25), sendo a avaliação positiva (gráfico 26) por parte da

maioria (51%), em contrapartida, 37% ainda acham ruim ou muito ruim.

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Quando questionados acerca das melhorias possíveis (gráfico 27), as principais

sugestões envolvem os pontos de apoio. Para autora, esta é uma das discussões

fundamentais para que o sistema de alerta e alarme seja efetivo ao reduzir perdas e danos.

Sem pontos de apoio seguros, estruturados e capazes de abrigar toda a população do raio

de influência, não haverá plano de emergência, visto que a população não vai deixar suas

casas para se dirigir a um local sob risco, insalubre ou mesmo com tamanho insuficiente

para receber as pessoas.

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CONCLUSÕES

Foi possível detectar algumas tendências de comportamento da população

frente ao sistema de alerta já implementado, tais como:

A população reconhece estar em área de risco, mas, ao mesmo tempo, não

admite que sua casa possa estar em risco;

Em geral, a população tem conhecimento da existência de sirenes de alarme e

da localização dos pontos de apoio, porém durante os eventos de chuvas em que as sirenes

foram acionadas permaneceram dentro de casa;

A população não confia na estrutura dos pontos de apoio para abrigá-los em

caso de emergência.

A população não acredita que a existência de um plano de evacuação acionado

por sirenes impossibilitará as perdas e danos tal como ocorreu em janeiro de 2011.

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A GESTÃO DE ÁREAS DE RISCO A DESLIZAMENTOS E ESTRATÉGIAS DE RESPOSTA A DESASTRES: UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DE RISCO DA POPULAÇÃO LOCAL ATRAVÉS DO SISTEMA DE ALERTA E ALARME

EIXO 4 – Problemas socioambientais no espaço urbano e regional

RESUMO

As áreas montanhosas florestadas são reconhecidas pela associação com movimentos

gravitacionais de massa. Em geral estes fenômenos são impulsionados por eventos extremos de

chuvas e podem assumir uma dimensão catastrófica quando relacionados a perdas e danos de

natureza social, econômica e ecológica. A aceleração da urbanização, sobretudo nos países

menos desenvolvidos, veio acompanhada por um crescimento urbano desordenado, ocasionando

inúmeros problemas socioambientais, como a multiplicação de bairros com infra-estrutura

deficiente, habitações situadas em áreas de risco e alterações dos sistemas naturais. A magnitude

catastrófica do desastre ocorrido na região serrana do Rio de Janeiro em janeiro de 2011- onde

foram contabilizadas mais de 1500 mortes- motivou o Governo Federal a investir em políticas

públicas para prevenção de desastres naturais. A Lei 12.608 instituiu a Política Nacional de

Proteção e Defesa Civil, através da elaboração de mapas de risco nos municípios e instalação de

sistema de alerta em áreas prioritárias, definidas pelo Cadastro Nacional de Municípios com áreas

suscetíveis a deslizamentos e outros processos associados indutores de desastres. O presente

trabalho tem como objetivo construir, a partir das entrevistas, uma avaliação da percepção de

risco e do posicionamento atual da população, especialmente ao toque real dos alarmes. A área

de estudo está localizada no Bairro de Córrego Dantas, município de Nova Friburgo (RJ). As

sirenes de alerta e a localização dos pontos de apoio (abrigo temporário em caso de emergência)

no município de Nova Friburgo estão sendo implementados pela Defesa Civil municipal, ainda em

fase inicial. Em uma primeira etapa, foram aplicados 60 questionários com os moradores do bairro

do Córrego Dantas. Foi possível detectar algumas tendências de comportamento da população

amostral frente ao sistema de alerta já implementado, tais como: a) 50% reconhecem estar em

área de risco; b) apesar disto, 60% não admite que sua casa possa estar em risco; c) 83% têm

conhecimento da existência de sirenes de alarme; d) 98% têm conhecimento da localização dos

pontos de apoio; e) 94% permaneceram em casa durante os eventos de chuvas em que as sirenes

foram acionadas; f) 61% não confiam na estrutura dos pontos de apoio para abrigá-los em caso de

emergência. No geral, avalia-se que a população local não acredita que a existência de um plano

de evacuação acionado por sirenes impossibilitará as perdas e danos tal como ocorreu em janeiro

de 2011.

Palavras-chave: gestão de áreas de risco; sistema de alerta; percepção.

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