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 A Hiposcrisia do 15 º Encontro para a a assim chamada Consciência “Cristã” 2 Os pretensos auto-intitulados "Conscientes 'Cristãos' " - do evangelismo narcísico, lucrativo e exclusivista - deveriam refletir sobre isto Carlos Antonio Fragoso Guimarães I magine um país que se diz laico, e na lei se faz Laico, e tem setores religiosos que se  julgam superiores aos demais e que, por isso, politicamente pressiona prefeituras para financiar com dinheiro público mega-encontros de propaganda evangélica em uma cidade do interior.... Cuspindo maldições a quem pensa diferente, exalando preconceitos medievais contra ateus, agnósticos, espíritas, budistas ou apenas tem um outro modo de ver o mundo e as coisas, se dizem, assim mesmo, membros de um pretenso "Encontro da Consciência Cristã"? O que achara do fato de alguns de seus membros ou simpatizantes não se sentem constrangido de por fogo em pneus para ameaçar um encontro anterior ao deles, não apenas mais antigo como mais democrático e tolerante, chamado Encontro para a Nova Consciência , que existia pacificamente e anteriormente ao outro, posto que não-religioso, mas ecumênico, você consideraria este um encontro de membros realmente cristãos? Sim? Pois, seria bom você refletir sobre este texto acima e, mais abaixo, um vídeo de Cáio Fábio.... Depois, escute um áudio muitíssimo lúcido do pastor e teólogo evangélico Ed René Kivitz (se achar muito longo, há um resumo escrito, mais sucinto , da palestr a de Ed René mais abaixo) e, então, espero que o leitor se pergunte se faz sentido este tal encontro de uma pretensa consciência "cristã", quando muito mais preciso seria o título de encontro da "hipocrisia" pretensamente cristã , tãop pródigos em criticarem os demais mais farisaicamente prontos a se auto-exaltarem como os pretensos exemplos a s erem

A Hiposcrisia do 15º Encontro para a a assim chamada Consciência "Cristã" 2

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 A Hiposcrisia do 15º Encontro para a aassim chamada Consciência “Cristã” 2 

Os pretensos auto-intitulados"Conscientes 'Cristãos' " - do evangelismo

narcísico, lucrativo e exclusivista -deveriam refletir sobre isto

Carlos Antonio Fragoso Guimarães

I magine um país que se diz laico, e na lei se faz Laico, e tem setores religiosos que se julgam superiores aos demais e que, por isso, politicamente pressiona prefeituras parafinanciar com dinheiro público mega-encontros de propaganda evangélica em uma cidadedo interior.... Cuspindo maldições a quem pensa diferente, exalando preconceitosmedievais contra ateus, agnósticos, espíritas, budistas ou apenas tem um outro modo de

ver o mundo e as coisas, se dizem, assim mesmo, membros de um pretenso "Encontro da Consciência Cristã"? O que achara do fato de alguns de seus membros ou simpatizantesnão se sentem constrangido de por fogo em pneus para ameaçar um encontro anterior aodeles, não apenas mais antigo como mais democrático e tolerante, chamado Encontro para a Nova Consciência , que existia pacificamente e anteriormente ao outro, posto quenão-religioso, mas ecumênico, você consideraria este um encontro de membros realmentecristãos? Sim? Pois, seria bom você refletir sobre este texto acima e, mais abaixo, umvídeo de Cáio Fábio....

Depois, escute um áudio muitíssimo lúcido do pastor e teólogo evangélico Ed René Kivitz(se achar muito longo, há um resumo escrito, mais sucinto, da palestra de Ed René maisabaixo) e, então, espero que o leitor se pergunte se faz sentido este tal encontro de umapretensa consciência "cristã", quando muito mais preciso seria o título de encontro da 

"hipocrisia" pretensamente cristã , tãop pródigos em criticarem os demais maisfarisaicamente prontos a se auto-exaltarem como os pretensos exemplos a s erem

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seguidos, aliás, os únicos.... As fotos e desenhos ao lado do texto ajudam a esclarecer aprática televangélica-materialista e absurda de hoje...

Links para os vídeos:http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=CzPNgOO57is  

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=_hMIQZsqtf8

O Evangelho dos Evangélicos 

Ed René Kivtz

Fonte: http://outraespiritualidade.blogspot.com.br/2006/09/o-evangelho-dos-

evanglicos.html

“Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas

aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.”  - Jesus Cristo

Estou convencido de que um é o evangelho dos evangélicos, outro é o evangelho do

reino de Deus. Registro que uso o termo “evangélico” para me referir à face hegemônica

da chamada igreja evangélica, como se apresenta na mídia radiofônica e televisiva.

O evangelho dos evangélicos é estratificado. Tem a base e tem a cúpula. Precisamos falar 

com muito cuidado da base, o povo simples, fiel e crédulo. Mas precisamos igualmente

discernir e denunciar a cúpula. A base é movida pela ingenuidade e singeleza da fé; a

cúpula, muita vez é oportunista, mal intencionada, e age de má fé. A base transita

livremente entre o catolicismo, o protestantismo e as religiões afro. A base vai à missa no

domingo, faz cirurgia em centro espírita, leva a filha em benzedeira, e pede oração para a

tia que é evangélica. Assim é o povo crédulo e religioso. Uma das palavras chave desta

estratificação é “clericalismo”: os do palco manipulando os da platéia, os auto-instituídos

guias espirituais tirando vantagem do povo simples, interesseiro, ignorante e crédulo.

 A cúpula é pragmática, e aproveita-se desse imaginário religioso como fator de exploração

e de crescimento da pessoa jurídica, e enriquecimento da pessoa física. Outra palavra

chave é “sincretismo”. A medir por sua cúpula, a igreja evangélica virou u ma misturasurreal de macumba, protestantismo e catolicismo. Tem igreja que se diz evangélica

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promovendo “marcha do sal”: você atravessa um tapete de sal grosso, sob a bênção dos

pastores, e se livra de mal olhado, dívida, e tudo que é tipo de doença. Já vi igreja que se

diz evangélica distribuir cajado com água do Jordão (i.é, um canudo de bic com água de

pia), para quem desejasse ungir o seu negócio, isto é, o seu business. Lembro de assistir 

a um programa de TV onde o apresentador prometia que Deus liberaria a unção da casa

própria para quem se tornasse um mantenedor financeiro de sua igreja.

O povo religioso é supersticioso e cheio de crendices. Assim como o Brasil. Somos filhos

de portugueses, índios, africanos, e muitos imigrantes de todo canto do planeta. Falar em

espíritos na cultura brasileira é normal. Crescemos cheios de crendices: não se pode

passar por baixo de escada; gato preto dá azar; caiu a colher, vem visita mulher, caiu

garfo, vem visita homem; e outras tantas idéias sem fundamento. Somos assim, o povoreligioso é assim. Tem professor de universidade federal dando aula com cristal na mão

para se energizar enquanto fala de filosofia.

E a cúpula evangélica aproveita a onda e pratica um estelionato religioso: oferece uma

proposta ritualística que aprisiona, promove a culpa e, principalmente, ilude, porque

promete o que não entrega. Aliás, os jornais começam a noticiar que os fiéis estão

reivindicando indenizações e processando igrejas por propaganda enganosa.

O evangelho dos evangélicos é estratificado. A base é movida pela ingenuidade e

singeleza da fé, e a cúpula é oportunista. A base transita entre o catolicismo, o

protestantismo e as religiões-afro, e a cúpula é pragmática. A base é cheia de crendices e

a cúpula pratica o estelionato religioso.

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O evangelho dos evangélicos é mercantilista, de lógica neoliberal. Nasce a partir dos

pressupostos capitalistas, como, por exemplo, a supremacia do lucro, a tirania das

relações custo-benefício, a ênfase no enriquecimento pessoal, a meritocracia – quem não

tem competência não se estabelece. Palavra chave: prosperidade. Desenvolve-se no

terreno do egocentrismo, disfarçado no respeito às liberdades individuais. Palavra chave:

egoísmo. Promove a desconsideração de toda e qualquer autoridade reguladora dos

investimentos privados, onde tudo o que interessa é o lucro e a prosperidade do

empreendedor ou investidor. Palavra chave: individualismo . Expande-se a partir da

mentalidade de mercado. Tanto dos líderes quanto dos fiéis. Os líderes entram com as

técnicas de vendas, as franquias, as pirâmides, o planejamento de faturamento,

comissões, marketing, tudo em favor da construção de impérios religiosos. Enquanto os

fiéis entram com a busca de produtos e serviços religiosos, estando dispostos inclusive a

pagar financeiramente pela sua satisfação. Em síntese, a religião na versão evangélica

hegemônica é um negócio.

O sujeito abre sua micro-empresa religiosa, navega no sincretismo popular, promete

mundos e fundos, cria mecanismos de vinculação e amarração simbólicas, utiliza leis da

sociologia e da psicologia, e encontra um povo desesperado, que está disposto a pagar 

caro pelo alívio do seu sofrimento ou pela recompensa da sua ganância.

Em terceiro lugar, o evangelho dos evangélicos é mágico. Promove a infantilização em

detrimento da maturidade, a dependência em detrimento da emancipação, e a

acomodação em detrimento do trabalho.

Pra ser evangélico você não precisa amadurecer, não precisa assumir responsabilidades,

não precisa agir. Não precisa agregar virtudes ao seu caráter ou ao processo de sua vida.

Primeiro porque Deus resolve. Segundo porque se Deus não resolver, o bispo ou o

apóstolo resolvem. Observe a expressão: “Estou liberando a unção”. Pensando como isso

pode funcionar, imaginei que seria algo como o apóstolo ou bispo dizendo ao Espírito

Santo: “Não faça nada por enquanto, eles não contribuíram ainda, e eu não vou liberar a

unção”. 

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Existe, por exemplo, a unção da superação da crise doméstica. Como isso pode

acontecer? A pessoa passa trinta anos arrebentando com o seu casamento, e basta se

colocar sob as mãos ungidas do apóstolo, que libera a unção, e o casamento se resolve.

Quem não quer isso? Mágica pura.

O sujeito é mau-caráter, incompetente para gerenciar o seu negócio, e não gosta de

trabalhar. Mas basta ir ao culto, dar uma boa oferta financeira, e levar para casa um

vidrinho de óleo de cozinha para ungir a empresa e resolver todos os problemas

financeiros.

Essa postura de não assumir responsabilidades, de não agir com caráter, e esperar queDeus resolva, ou que o apóstolo ou bispo liberem a unção tem mais a ver com

pensamento mágico do que com fé.

Em quarto lugar, o evangelho dos evangélicos tem espírito fundamentalista. Peço licença

para citar Frei Beto: “O fundamentalismo interpreta e aplica literalmente os textos

religiosos, não sabe que a linguagem simbólica da Bíblia, rica em metáforas, recorre a

lendas e mitos para traduzir o ensinamento religioso.” O espírito fundamentalista é

literalista, e o mais grave é que o espírito fundamentalista se julga o portador da verdade,

não admite críticas, considerações ou contribuições de outras correntes religiosas ou

científicas.

Quem tem o espírito fundamentalista não dialoga, pois considera infiéis, heréticos, ou, na

melhor das hipóteses, equivocados sinceros, todos os que não concordam com seus

postulados, que não são do mesmo time, e não têm a mesma etiqueta. Quem tem o

espírito fundamentalista se considera paradigma universal. Dialoga por gentileza, não por 

interesse em aprender. Ouve para munir-se de mais argumentos contra o interlocutor.

Finge-se de tolerante para reforçar sua convicção de que o outro merece ser queimado

nas fogueiras da inquisição. Está convencido de que só sua verdade há de prevalecer.

Mais uma vez Frei Beto: “o fundamentalista desconhece que o amor consiste em não

fazer da diferença, divergência”. Por causa do espírito fundamentalista, o evangelho dos

evangélicos é sectário, intolerante, altamente desconectado da realidade. O evangelho dos

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que têm o espírito do fundamentalismo é dogmático, hermético, fechado a influências, e,

portanto, é burro e incoerente.

Em quinto lugar, o evangelho dos evangélicos é um simulacro. Simulacro é a fotografia

mais bonita que o sanduíche. Não me iludo, o evangelho dos evangélicos é mais bonito na

televisão do que na vida. As promessas dos líderes espirituais são mais garantidas pelasua prepotência do que pela sua fé. Temos muitos profetas na igreja evangélica, mas

acredito que tenhamos muito mais falsos-profetas. Os testemunhos dos abençoados

são mais espetaculares do que a realidade dos cristãos comuns. De vez em quando (isso

faz parte da dimensão masoquista da minha personalidade) fico assistindo estes

programas, e penso que é jogada de marketing, testemunho falso. Mas o fato é que

podem ser testemunhos por amostragem. Isto é, entre os muitos que faliram, há sempre

dois ou três que deram certo. O testemunho é vendido como regra, mas na verdade é

apenas exceção.

 A aparência de integridade dos líderes espirituais é mais convincente na TV e no rádio do

que na realidade de suas negociatas. A igreja evangélica esta envolvida nos boatos com

tráficos de armas, lavagem de dinheiro, acordos políticos, vendas de igrejas e rebanhos,

imoralidade sexual, falsificação de testemunho, inadimplência, calotes, corrupção, venda

de votos.

 A integridade do palco é mais atraente do que a integridade na vida. A fé expressa no

palco, e nas celebrações coletivas é mais triunfante, do que a fé vivida no dia a dia. Os

ideais éticos, e os princípios de vida são mais vivos nos nossos guias de estudos bíblicos

e sermões do que nas experiências cotidianas dos nossos fiéis. Os gabinetes pastoraisque o digam: no ambiente reservado do aconselhamento espiritual a verdade mostra sua

cara.

Estratificado, mágico, mercantilista, fundamentalista, e simulacro. Eis o evangelho dos

“evangélicos”.