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A história do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense Fonte: MEMORIAL Grêmio - História Resumida. As Origens O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense nasceu de uma bola de futebol, como deveria acontecer com um clube predestinado às maiores glórias. A trajetória vitoriosa começou com o paulista Cândido Dias da Silva, trabalhando há algum tempo em Porto Alegre e sua bola de futebol.Nessa época apareceu na capital gaúcha a equipe de futebol do Sport Clube Rio Grande. Os ingleses e alemães que jogavam nos times de Rio Grande haviam sido convidados para uma exibição na cidade. No dia marcado, 7 de setembro de 1903, o campo da várzea ficou rodeado de curiosos. Cândido, com sua bola de baixo do braço, estava entre eles com a atenção redobrada. Em dado momento, a bola dos ingleses esvaziou-se, para desapontamento geral. Cândido, mais do que depressa, emprestou a sua, garantindo o final da demonstração. Em troca, ao final da partida, obteve dos jogadores as primeiras lições sobre futebol e, principalmente, deles ficou sabendo como agir para fundar um clube. Foi então, em 15 de setembro de 1903, que trinta e dois rapazes se reuniram no Salão Grau, restaurante de um hotel da rua 15 de Novembro, atual rua José Montaury, localizado onde estão agora os fundos da Galeria Chaves e deram início à história de um clube vencedor, disposto a superar todos os desafios. Carlos Luiz Böhrer foi eleito o primeiro Presidente, sem jamais imaginar a projeção mundial que o recém-nascido clube um dia alcançaria. Os tempos do amadorismo Nos primeiros anos o clube procurou alicerçar suas bases, primeiramente através da aquisição de um local próprio para jogos e treinos, a Baixada dos Moinhos de Vento em 1904, depois com a incrementação esportiva com o Fuss Ball Club Porto Alegre também fundado em 15 de setembro de 1903 em disputa da antiga Taça Wanderpress valendo oficiosamente o título da cidade. Em 18/07/1909, o Grêmio jogou o primeiro clássico com seu tradicional adversário, o Internacional e o resultado desta partida histórica foi um extraordinário 10x0 para o tricolor.

A história do grêmio

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Page 1: A história do grêmio

A história do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense

Fonte: MEMORIAL Grêmio - História Resumida.

As Origens

O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense nasceu de uma bola de

futebol, como deveria acontecer com um clube predestinado às

maiores glórias. A trajetória vitoriosa começou com o paulista

Cândido Dias da Silva, trabalhando há algum tempo em Porto

Alegre e sua bola de futebol.Nessa época apareceu na capital

gaúcha a equipe de futebol do Sport Clube Rio Grande. Os ingleses

e alemães que jogavam nos times de Rio Grande haviam sido convidados para uma

exibição na cidade. No dia marcado, 7 de setembro de 1903, o campo da várzea

ficou rodeado de curiosos. Cândido, com sua bola de baixo do braço, estava entre

eles com a atenção redobrada. Em dado momento, a bola dos ingleses esvaziou-se,

para desapontamento geral. Cândido, mais do que depressa, emprestou a sua,

garantindo o final da demonstração. Em troca, ao final da partida, obteve dos

jogadores as primeiras lições sobre futebol e, principalmente, deles ficou sabendo

como agir para fundar um clube. Foi então, em 15 de setembro de 1903, que trinta

e dois rapazes se reuniram no Salão Grau, restaurante de um hotel da rua 15 de

Novembro, atual rua José Montaury, localizado onde estão agora os fundos da

Galeria Chaves e deram início à história de um clube vencedor, disposto a superar

todos os desafios. Carlos Luiz Böhrer foi eleito o primeiro Presidente, sem jamais

imaginar a projeção mundial que o recém-nascido clube um dia alcançaria.

Os tempos do amadorismo

Nos primeiros anos o clube procurou alicerçar suas bases, primeiramente através da

aquisição de um local próprio para jogos e treinos, a Baixada dos Moinhos de

Vento em 1904, depois com a incrementação esportiva com o Fuss Ball Club Porto

Alegre também fundado em 15 de setembro de 1903 em disputa da antiga Taça

Wanderpress valendo oficiosamente o título da cidade.

Em 18/07/1909, o Grêmio jogou o primeiro clássico com seu tradicional

adversário, o Internacional e o resultado desta partida histórica foi um

extraordinário 10x0 para o tricolor.

Page 2: A história do grêmio

Em 1910, ajudou a criar a 1ª Liga de Clubes de Porto Alegre (a idéia partiu do

Grêmio), para a realização dos campeonatos metropolitanos. Deste periodo

destaca-se o pentacampeonato citadino de 1911/12/13/14/15. Foi nesta década, que

o clube começou a jogar contra equipes de outros estados e países com destaque

especial para a vitória sobre a Seleção da Federação Desportiva Uruguaia por 2x1,

em 17 de junho de 1916. Teve importante participação na criação da F.R.G.D.

(hoje F.G.F.) em 1918, vindo a disputar o 1º estadual em 1919.

Nos anos 20, além do pentacampeonato metropolitano de 1919/20/21/22/23 e do bi

de 1925/26, o Grêmio venceu os Estaduais em 1921/22 e 1926. Na década de 30, o

tricolor conquistou o tetracampeonato de Porto Alegre de 1930/31/32/33 e o

bicampeonato do Rio Grande do Sul de 1931/32, quando então, passou a ser mais

conhecido ao derrotar o Atlético campeão paranaense por 7x2, o Santos campeão

paulista por 3x2, o Botafogo campeão carioca por 1x0, o Wanderers campeão

uruguaio e do Rio da Prata por 2x1 e o Independiente, bicampeão argentino e do

Rio da Prata por 2x1. Estas vitórias associadas aos títulos estaduais e

metropolitanos, em especial o título Farroupilha de Porto Alegre

em 1935, criaram uma mística no clube da Baixada, que passou a

receber o apelido de “derrubador de campeões”. De 1903 a 1935,

o Grêmio contou com vários craques de destaque como: Kallfelz,

Koch, Siebel, Jorge Black, Grunewald, Schuback, Mohrdieck,

Sisson, Mostardeiro I, Mostardeiro II, Kuntz, Scalco, Assunpção,

Lagarto, Luis Carvalho, Foguinho, Dario, Laci, Poroto, Nenê,

Artigas, Heitor, Jorge PY, Adão, os irmãos Sardinha (Eurídes e

Eurípedes), Laxixa (que junto com Adão, foram os primeiros

atletas afro-descendentes da história do clube) entre outros. Mas o

grande nome dessa época, foi o do lendário goleiro Eurico Lara, um símbolo da era

amadorista do futebol gaúcho e brasileiro.

O início da era profissional e o impacto da internacionalização do futebol

O amadorísmo correspondia a fase inicial do futebol e da criação dos clubes

brasileiros. De tradição elitista e européia, o amadorismo era uma forma de

distinção das elites com relação às camadas populares. Com a popularização do

futebol, aumentava nos clubes a participação de jogadores de origem humilde.

Em 1929, ocorre a queda da bolsa de valores de Nova Iorque, provocando uma

grande crise mundial em todos os setores da econômia, ocasionando o caos social.

Estes acontecimentos tiveram refléxos no futebol, provocando a quebra de vários

clubes obrigando os demais a se readaptarem as novas condições conjunturais.

Assim no começo dos anos 1930, o amadorismo foi colocado em xeque, quando

vários atletas sul-americanos foram contratados por times europeus. A econômia da

América do Sul era nessa época baseada na agricultura e pecuária, ainda que, já

existisse um ascendente surto industrial. No Brasil, os clubes viviam o que se

denominava por amadorismo marrom, isto é, não se adimitia o profissionalismo oficialmente mas se fazia vistas grossas as gratificações pelo bom desempenho dos

atletas das equipes. Por outro lado, o profissionalismo já era uma realidade na

Europa, e após as vitórias do Uruguai na Copa do Mundo de 1930 e nos

Campeonatos Olímpicos de 1924 e 1928, os europeus passaram a alíciar os atletas

sul-americanos.

Para evitar uma evasão ainda maior, foi oficializado o profissionalismo, primeiro

no Rio da Prata entre 1931 e 1932, depois no eixo Rio-São Paulo em 1933, ao

passo que o novo governo brasileiro, que emergiu da revolução de 1930 (era

Page 3: A história do grêmio

Vargas), enxergava a necessidade de se estabelecer uma política nacional de

integração e desenvolvimento socio-econônico (industrialização) com refléxios no

plano cultural e esportivo do país, forçando no futebol um entendimento geral das

entidades esportivas visando a profissionalização.

No Rio Grande do Sul o profissionalismo chegou inicialmente em 1937, através da

criação da Especializada um departamento profissional filiado à Federação

Brasileira de Futebol (FBF), que organizou um campeonato metropolitano em

separado ao da Federação Rio-Grandense de Desportos (atual Federação Gaúcha de

Futebol) filiada à Confederação Brasileira de Desportos (CBD, atual CBF) até

1939, quando um acordo pôs fim nas divergências entre as entidades futebolisticas

do estado e do país. Durante a vigência da Especializada o Grêmio sagrou-se

Tricampeão Metropolitano em 1937/38/39, mas não participou das finais do

Estadual. Os anos 40 representaram um período de transição por conta da

oficialização do profissionalismo no futebol em todo o pais a partir de 1941, com a

criação do CND (Conselho Nacional de Desportos) e das conquistas tricolores nos

campeonatos metropolitanos e dos Estaduais de 1946 e 1949.

Contudo, foi em 14/05/1949, em meio ao processo

de internacionalização do futebol, provocado em

parte por causa do avanço tecnológico da aviação

comercial do pós-guerra, que o Grêmio entra na

história do futebol mundial ao bater o poderoso

Nacional de Montevidéu, em pleno estádio

Centenário por 3x1 (durante os festejos dos 50

anos da equipe Uruguaia) e na vitoriosa excursão invicta à América Central no fim

daquele ano. Em 1953/54, o Grêmio realizou o que ficou conhecido como a

conquista das “três Américas” com outra excursão internacional, agora pelo

México (América do Norte), Ecuador e Colômbia (América do Sul).

Estes acontecimentos, associados as novas exigências do profissionalismo no

planeta, aceleraram as mudanças internas no clube, que necessitava de um estádio

maior, não só para acomodar seus torcedores e para recepcionar grandes times do

país e do exterior, mas também para adecuar-se a uma nova conjuntura esportiva.

Nesssa transição do amadorismo para o profissionalismo, brilharam no Grêmio

vários jogadores como: Joni, Touguinha, Clarel, Júlio Petersen, Sanguinetti, Hélio,

Prego, Noronha, Toneli, Beresi, Geada, Hermes, Danton, Hugo, Ário, Gita, Balejo,

Camacho, Bentevi entre tantos.

A inauguração do Olímpico e os 12 em 13.

Acompanhando o desenvolvimentismo industrial dos anos 50, o Brasil, se

transformava de um país agrícula para uma nação em desenvolvimento em especial

nos anos JK simbolizados pela inauguração de Brasília como nova capital do país e

a chegada da industria automobilística, descentralizando o eixo de investimentos

agora também para o interior. No futebol essa fase de integração nacional reflete-

se, na conquista dos Mundiais da Suécia e Chile pelo Brasil em 1958, 1962 e na

criação da Taça Brasil de clubes de 1959 (atual campeonato brasileiro), para escolher o representante do país na recêm criada Taça Libertadores da América

cuja primeira edição estava marcada para 1960. O clube gremista, atento a todas

estas mudanças, procurou se adaptar o mais rápido possivel as novas conjunturas

do futebol mundial.

Page 4: A história do grêmio

Em 1952, o Grêmio contatou Tesourinha, o primeiro atleta afro-descendente

tricolor de destaque na era profissional e dois anos depois, em 1954, foi inaugurado

o estádio Olímpico, que marcou o início de um período áureo, 12 campeonatos em

13 disputados: o Pentacampeonato Gaúcho e Metropolitano de futebol profissional

de 1956/57/58/59/60 e o Heptacampeonato Gaúcho de 1962/63/64/65/66/67/68,

tornanando-se o primeiro, no Rio Grande do Sul a obter este titulo .

Foi participante da Taça Brasil em quase todos

estes anos, tendo sido em três ocasiões

semifinalista (quando obteve o terceiro lugar) nos

anos de 1959, 1963 e em 1967, bem como,

posteriormente, da Taça de Prata – Torneio

Roberto Gomes Pedrosa (Robertão) em 1967,

quando, o tricolor foi um dos quatro finalistas e

que serviu de modelo para o atual Campeonato

Brasileiro, instituido em 1971; Campeão Sul-

Brasileiro invicto de 1962 (Taça da Legalidade); Campeão invicto da Copa Río de

La Plata de 1968 (Taça Confraternidad, primeiro titulo internacional oficial do

Grêmio antes da Libertadores de 1983) e finalmente, as grandes excursões à

Europa de 1961 e 62, que tornaram o Grêmio mundialmente conhecido.

Além das dessas participações, o Grêmio contribuiu com vários atletas na seleção

brasileira principalmente nas conquistas do Brasil no Campeonato Pan-Americano

de 1956 no México, na Taça O’Higgins no Chile em 1966 e no Vice-campeonato

pan-americano na Costa Rica em 1960, quando o Rio Grande do Sul representou o

país nestas competições. Em 1970, com a convocação de Everaldo para a seleção

brasileira, o Grêmio, mais uma vez contribuiu para uma grande conquista do

futebol nacional, o Tricampeonato Mundial no México. Por essa época gloriosa

passaram vários craques como: Airton, Elton, Milton, Ênio Rodrigues, Juarez,

Gessi, Vieira, Sérgio, Calvet, Joãozinho, Marino, Alberto, Arlindo, Aureo, Altemir,

Sérgio Lopes, Cléo, Babá, Alcindo, Ortunho, Everaldo, Volmir, Espinosa entre

tantos outros.

A era das grandes conquistas e o Campeonato Mundial Interclubes

Nos anos 70, o Grêmio virou uma grande

Sociedade, promoveu dois congressos de clubes

tricolores da América do Sul em 1971, reeditou e

conquistou, no mesmo ano, a antiga Taça do

Atlântico de Clubes (Torneio Sul-Americano

Tricolor) ao derrotar na sequência o Nacional

(URU) por 2x1 e o River Plate (ARG) por 2x0, e

reconquistou a hegemonia regional em 1977, 1979

e 1980.

Os anos 80, viram o clube passar por uma das fases mais vitoriosas de sua vida esportiva, em paralelo com a redemocratização do país, que vivera 20 anos de

regime militar (1964 a 1984), e as transformações político-econômicas ocorridas

com o advento da globalização, que no futebol se refletiu na inflação dos salários

dos jogadores bem como o aumento da publicidade nos esportes em todo mundo,

tornando o futebol em especial, num grande negócio a ser gerênciado com um

altíssimo nível profissional, sendo a FIFA, a entidade mundial mais importante

neste segmento, congregando mais países filiados que a própria ONU. Depois da

Page 5: A história do grêmio

reinauguração do Olímpico em 1980, o Grêmio foi Campeão Brasileiro em 1981;

Vice-campeão nacional em 1982; Campeão da Taça Libertadores da América de

1983, batendo ao Peñarol (URU) na soma dos dois jogos finais por 1x1 e 2x1 (nos

dias 22 e 28/07); CAMPEÃO MUNDIAL INTERCLUBES (vitória na final sobre o

Hamburgo da Alemanha, campeão da Copa dos Campeões da Europa por 2x1 em

11/12/1983); campeão da Copa Los Angeles (Taça Pan-Americana) ao derrotar o

América do México, campeão da Taça das Nações da América (empate em 2x2 e

vitória por 6x5 nos pênaltis em 13/12/1983); Hexacampeão Gaúcho de

1985/86/87/88/89/90.

O Grêmio ao derrotar o Sport Recife por 2x1 sagrou-se, campeão invicto da 1ª

Copa do Brasil em 1989 e no ano seguinte, tornou-se Supercampeão Brasileiro de

1990. O tricolor também venceu alguns dos mais prestigiados, torneios

internacionais, dos quais destacan-se a Copa El Salvador del Mundo em El

Salvador e o Troféu Ciudad de Valladolid em 1981, o Troféu Palma de Mallorca de

1985 (os dois ultimos na Espanha), a Copa Rotterdan na Holanda em 1985 e o

Bicampeonato da Copa Phillips em 1986/87 na Holanda e Suiça. Destacaram-se

nesse periodo grandes jogadores como: Ancheta, Tarciso, Iura, Oberdan, Eder,

Tadeu Ricci, Renato, André Catimba, Paulo Cesar Lima, Mário Sérgio, Leão, De

León, Paulo Roberto, Paulo Isidóro, China, Edinho, César, Mazaropi, Baltazar,

Osvaldo, Cuca, Valdo, Luis Eduardo, Paulo Egídio entre tantos.

A era Felipão e as conquistas mais recentes

De 1991 para cá, o clube, apesar da passar por alguns momentos dificeis, retomou

o caminho das vitórias, conquistando os Gauchões de 1993, 1995, 1996, 1999 e

2001; a Copa do Brasil em 1994, 1997 e 2001; venceu a Copa Sul-Brasileira de

1999 e, principalmente, em 1995, sob o comando técnico de Luis Felipe Scolari,

quando então, conquistou o Bicampeonato da Taça Libertadores da América (3x1 e

1x1 sobre o Atlético Nacional da Colômbia, nos dias 23 e 30/08/1995), a Copa

Sanwa e o Vice-campeonato mundial ambos no

Japão.

Em 1996, o tricolor venceu a Recopa Sul-

Americana (4x1 no Independiente da Argentina em

Kobe no Japão); o Bicampeonato Brasileiro e no

ano seguinte, conquistou na Espanha o Troféu

Colombino. Mas foi em 26/11/2005, com a heróica

conquista do Campeonato Brasileiro da Série B,

que mais uma vez manifestou-se o espírito de

indignação e a garra tricolor, ao superar todas as

adversidades dentro e fora do campo, suplantando o Naútico de Recife por 1x0,

com apenas sete jogadores, contra dez do adversário, numa reação jamais vista na

história do futebol mundial.

Em 2006, reconquistou o campeonato gaúcho, superando novamente o tradicional

adversário e em 2007, chegou ao bicampeonato após golear o Juventude por 4 x 1 na final. Como anteriormente o Grêmio continuou a apresentar para sua torcida um

verdadeiro desfile de atlétas do mais alto nivel com destaques para Pingo, Danrlei,

Rivarola, Arce, Adilson, Arilson, Dinho, Carlos Miguel, Goiano, Paulo Nunes,

Jardel, Roger, Emerson, Mauro Galvão, Zinho, Marcelinho Paraíba, Ronaldinho,

João Antônio, Anderson Luis, Lucas, Galato, Tcheco, Carlos Eduardo entre outros.

Page 6: A história do grêmio

Os esportes Amadores

No futebol amador, o clube conquistou em 1974 o primeiro Campeonato Brasileiro

Infantil, disputado em São Paulo. Em 1996 foi campeão do Internacional Youth

Soccer, em Shizuoca no Japão. Em 2004, foi campeão da Copa Brasil Sub-17, em

Macaé-RJ e, 2005, os juniores conquistaram o título de campeão invicto da 1ª Copa

da Amizade em Okayama, no Japão: os juvenis foram campeões sul-americanos

(Taça Romeu Goulart Jaques – Copa Santiago) em 1995/96/97/98 e 2000, alêm de

outras conquistas importantes. Todavia, o esporte bretão não foi a única atividade

esportiva do clube. Apesar do futebol figurar como a principal prática desportiva, o

Grêmio também se destacou em esportes ditos amadores, como o Tênis, que desde

1912 passou a ser praticado, vindo a ser introduzido efetivamente em 1916 e que

teve seu período áureo em 1926, quando se tornou Campeão da Cidade e do

Estado. No Basquete, o tricolor também brilhou, vencendo os campeonatos da

Cidade e do Estado de 1934, 55 e 56. No Vôlei, o Grêmio foi vitorioso em vários

anos, destacando-se as seqüências de títulos de 1929 a 35 e de 1954 a 60

(Heptacampeão nas duas ocasiões). No Ciclismo, foi vitorioso nos anos 50 e, no

Futebol de Salão, viveu seu grande momento nos anos 70, quando foi bicampeão

metropolitano em 1973/74 e campeão da Taça Vice-Governador do Estado em

1976, para na década seguinte conquistar a primeira Copa Atlântico Sul de Futsal

em 1987. O sucesso tricolor seguiu o mesmo caminho com o Remo e o Judô (que

vem se destacando dos anos 1970 até os dias atuais).

No entanto, foi com o Atletismo que o tricolor atingiu sua maior magnitude, com a

conquista do Bicampeonato do Troféu Brasil em 1958/59 e do

Triscedecacampeonato Gaúcho de 1956 a 1968. Merecem ser mencionados outros

esportes, como Tiro, Tênis de Mesa, Bolão, Columbofilia, Automobilismo, Xadrez,

Pugilismo, Escotismo, Pesca, Bridge, Pólo, Futebol Feminino, Futebol de Botão

entre outros.

Estrelas na camisa e na Bandeira do Grêmio

Em reunião do Conselho Deliberativo do Grêmio FBPA, realizado em 23.04.1985,

foi aprovada a proposição de inserir na camisa três estrelas, como símbolo das

maiores conquistas do clube em similitude à tradicional premiação da escala

olímpica: OURO, para representar o Campeonato Mundial Interclubes de 1983;

PRATA, para representar o titulo da Taça Libertadores da América; BRONZE,

para assinalar a conquista do Campeonato Brasileiro. Na bandeira, o Conselho

Deliberativo em sessão solene de 29.06.1970, perpetuou oficialmente a figura

lendária de Everaldo na história do clube, quando foi fixada no Pavilhão Tricolor

uma estrela de ouro, assinalando definitiva e perenemente a contribuição do clube,

através da participação deste atleta na conquista pelo Brasil do tricampeonato

mundial de futebol em 1970.

Calçada da Fama

O Grêmio é primeiro clube brasileiro a criar uma “Calçada da Fama”, para

homenagear jogadores que se destacaram na história do clube, alem dos capitães das maiores conquistas do Grêmio. Esta escolha, foi feita pela primeira vez, em

1996 com participação da Diretoria, Conselheiro Deliberativo e jornalistas. Apartir

de 1999, a cada dois anos, ocorre uma nova seleção de nomes que deverão ser

incluídos na “Calçada da Fama Tricolor”, escolhidos pela Diretoria e pelo

Page 7: A história do grêmio

Conselho Deliberativo. Até o momento os contemplados são os seguintes: Adilson,

Airton, Alcindo, Altemir, Ancheta, Áureo, André Catimba, Baltazar, Calvet, China,

De León, Dinho, Ênio Rodrigues, Edinho, Foguinho, Iura, Jardel, Jardel,

Joãozinho, Juarez, Leão, Marino, Mauro Galvão, Mazaropi, Milton, Ortunho,

Oberdan, Pingo, Renato, Sérgio Moacir, Tarciso, Espinosa , Zinho, Luiz Eduardo,

Valdo e Sandro Goiano.

Mascote e Patrimônio

Hoje, este estádio ocupa 83 mil metros quadrados, com

capacidade para 55 mil espectadores comodamente

sentados, porém, já couberam 98 mil pessoas em uma

época em que ainda não se observavam as atuais normas

de segurança e com a colocação de cadeiras em todo o anel

superior. Ainda completam o complexo do estádio, 45

camarotes de luxo, 26 cabinas de imprensa,

estacionamento interno, piscinas, gramado suplementar,

centro administrativo, quadro social, Memorial, lojas

Grêmiomania. Além disso, a geografia patrimonial do Grêmio inclui uma sede em

Eldorado do Sul, a poucos minutos de Porto Alegre e futuro Centro de

Treinamento, já com vários campos de futebol, uma sede recreativa para sócios na

Ilha Grande dos Marinheiros, o departamento de Remo e o Parque Cristal com 70

mil metros quadrados, onde funciona a Escolinha de Futebol, hoje com mais de

2000 alunos inscritos. O Ginásio David Gusmão, foi inaugurado em 17/11/1972, e

até agosto de 1974, quando teve sua cobertura destruida por um vendaval, foi

referencia esportiva, social e cultural da cidade, tanto nas atividades esportivas do

clube quanto nos vários espetáculos que patrocinou como: Festival de Ginástica

Olímpica, as olímpiadas militares, torneios de Tênis e shows de musica e patinação

entre outros.

Olímpico Monumental - A Casa do Grêmio

Page 8: A história do grêmio

Nome Oficial: Estádio Olímpico Monumental.

Endereço: Largo Patrono Fernando Kroeff nº 1 - CEP 90880-440 -

Bairro Azenha - Porto Alegre/RS - Fone: (51) 3218-2000.

Público Recorde: 98.421 (85.751 pagantes) - 26/04/81 Grêmio x Ponte

Preta - Campeonato Brasileiro.

Camarotes: 40 camarotes com 10 lugares cada. Cinco camarotes com

20 lugares cada.

Tribuna de Honra: 120 lugares especiais

Setores para Deficientes Físicos: Lugar para 28 cadeiras de rodas e 22

acompanhantes.

Salão Nobre do Conselho Deliberativo: auditório com 200 lugares

Vestiários: Seis vestiários profissionais mais um vestiário de arbitragem. Cinco

com saídas para o campo.

Dimensões do Gramado: 68 x 105m - Tamanho oficial exigido pela

Fifa.

Grama: Bermuda Green (o clube também utiliza a Raygrass

Americana no inverno)

Iluminação:

Seis postes de iluminação.

20 refletores de 1500 watts em cada poste.

Imprensa:

26 cabines duplas fixas mais 50 cabines provisórias.

Duas salas de imprensa

Duas salas para entrevistas coletivas.

Estacionamento: 700 vagas

Inauguração: O Estádio Olímpico foi inaugurado no dia 19 de

setembro de 1954 tendo completado seu cinqüentenário neste ano. O

jogo inaugural foi realizado entre Grêmio e Nacional de Montevideo,

vitória gremista por 2 a 0. Os gols foram anotados pelo atacante Vitor

que entrou para a história por ter marcado o primeiro gol do estádio

gremista.

Olímpico Monumental: Na metade do ano de 1980, o Estádio

Olímpico teve sua construção concluída por completo com o

fechamento da última parte do anel superior. Desde então, a casa

gremista passou a ser conhecida como Olímpico Monumental. Uma

obra grandiosa erguida por uma torcida apaixonada. No dia 21 de junho

de 1980, uma vitória de 1 a 0 sobre o Vasco da Gama em partida

amistosa, marcou a inauguração do Olímpico concluído.

Page 9: A história do grêmio

Conheça os Principais Títulos do Grêmio

CAMPEÃO DA CIDADE DE PORTO ALEGRE - 33 vezes (de 1904 até a sua

extinção em 1964). anos:1904, 1905, 1906, 1907, 1909 (Taça Wanderpress), 1911,

1912, 1913, 1914, 1915 (Metropolitanos organizados pelas Ligas e Associações),

1919, 1920, 1921, 1922, 1923, 1925, 1926, 1930, 1931, 1932, 1933, 1935

(Metropolitanos classificatórios para o Estadual),1937,1938, 1939 (Especializada),

1946, 1949, 1956, 1957, 1958, 1959, 1960 e 1964 (Metropolitanos classificatórios

para o estadual exceto 1964).

CAMPEÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - 35 vezes (em 81

participações) anos: 1921, 1922, 1926, 1931, 1932, 1946, 1949, 1956, 1957, 1958,

1959, 1960, 1962, 1963, 1964, 1965, 1966, 1967, 1968, 1977, 1979, 1980, 1985,

1986, 1987, 1988, 1989, 1990, 1993, 1995, 1996, 1999, 2001, 2006 e 2007.

CAMPEÃO DA 1ª COPA SUL-BRASILEIRA - 1999 - Vitória de 1 a 0 sobre o

Paraná Clube, em Curitiba.

CAMPEÃO SUL-BRASILEIRO / TAÇA LEGALIDADE - 1962 – Vitória de

2x1 sobre o Internacional, no Estádio dos Eucalíptos

Bicampeão do Brasil

1981 - Vitória de 1 a 0 sobre o São Paulo, no Estádio do Morumbi (SP)

1996 - Vitória de 2 a 0 sobre a Portuguesa, no Estádio Olímpico

Vice-campeão em 1982

Tetracampeão da Copa do Brasil

1989 - Vitória de 2 a 1 sobre o Sport Recife, no Estádio Olímpico

1994 - Vitória de 1 a 0 sobre o Ceará, no Estádio Olímpico

1997 - Empate em 2 a 2 com o Flamengo, no Estádio do Maracanã (RJ)

2001 - Vitória de 3 a 1 sobre o Corinthians, no Estádio do Morumbi (SP)

Vice-campeão em 1991, 1993 e 1995

Supercampeão do Brasil

Page 10: A história do grêmio

1990 - Disputa entre o Campeão da Copa do Brasil contra o Campeão Brasileiro de

1989 (GRÊMIO x VASCO) - Vitória de 2 a 0 no Olímpico e empate de 0 a 0 no

Estádio de São Januário (RJ)

Bicampeão da Copa Libertadores da América

1983 - Vitória de 2 a 1 sobre o Peñarol do Uruguai, no Estádio Olímpico

1995 - Empate em 1 a 1 com o Atlético Nacional de Medellín, na Colômbia

Vice-campeão em 1984

Vice-campeão em 2007

Campeão do Mundo

1983 - Vitória de 2 a 1 sobre o Hamburgo SV, da Alemanha, no Estádio Nacional

de Tóquio/Japão

Vice-campeão em 1995

Campeão da Recopa Sul-Americana

1996 - GRÊMIO - Campeão da Libertadores/95, 4x1 sobre o Independiente -

Campeão da Supercopa/95.

Título Mundial

por Márcio Neves da Silva

As origens do mundial

Capítulo 1

Page 11: A história do grêmio

Henri Delaunay

Primeiro secretário geral da UEFA e secretário do Comitê de Regras de Jogo da

FIFA, o francês Henri Delaunay talvez não pudesse dimensionar, no final da

década de 50, a importância e a grandiosidade que teriam suas criações. Delaunay

foi o idealizador da Eurocopa e do Mundial Interclubes.

Esta última competição tinha como objetivo determinar qual era o melhor clube do

mundo, pelo menos no que se refere aos continentes europeu e sul-americano, em

um confronto direto entre eles. A Europa já tinha a Copa dos Campeões, mas a

América ainda não possuía sua competição interclubes que nasceu em 1960, sob o

comando da Confederação Sul-Americana de Futebol, antecessora da

CONMEBOL. Em homenagem aos heróis da independência do continente, nasceu

a Copa Libertadores da América, que acabou viabilizando a realização do

Mundial.

Falecido dois anos antes, Henri Delaunay não conseguiu acompanhar a

concretização do seu sonho na disputa da primeira edição do Mundial Interclubes,

em 1960: Real Madrid da Espanha contra o Peñarol do Uruguai.

A partir dos anos 50 - e especialmente desde os 70 - muitos talentos do futebol sul-

americano cruzaram o Atlântico para ir jogar em times europeus, mais poderosos e

ricos. Talvez por isso os clubes sul-americanos passaram a dar mais importância à

Copa Intercontinental do que seus adversários. Era uma oportunidade única para

mostrar aos poderosos do Primeiro Mundo que os irmãos pobres da América do Sul

poderiam ser superiores, pelo menos no futebol.

Os capitães de Peñarol e Real Madrid se cumprimentam antes do início da

partida, em 1960

Real Madrid, da Espanha, e Peñarol, do Uruguai, disputaram a primeira final em

1960. As decisões se transformavam em verdadeiras guerras, principalmente

quando a segunda partida era disputada em solo americano. As equipes européias

freqüentemente sofriam com a hostilidade das torcidas e com a agressividade dos

jogadores dentro de campo.

Page 12: A história do grêmio

Uma final especialmente traumática ocorreu em 1969, entre Estudiantes de La Plata

(Argentina) e Milan (Itália), a qual resultou em várias expulsões de jogadores

argentinos. Com a desculpa de preservar a integridade dos atletas, somado à falta

de incentivo financeiro, diversos campeões europeus desistiram de participar da

decisão do Mundial; em todos os casos, eles acabaram substituídos pelos vice-

campeões.

As edições de 1975 e 1978 não foram disputadas e a competição começou a correr

o risco de ser extinta até que a empresa japonesa Toyota decidiu patrocinar o

evento, levando a decisão para o Japão e passando a disputa para um jogo único. A

iniciativa agradou aos clubes europeus, que nunca mais desistiram de participar.

De 1960 a 1979, a Copa Intercontinental foi jogada em ida e volta. Entre 1960 e

1968, foi decidida em pontos. Por causa deste formato, era necessário um terceiro

encontro quando as equipes terminavam empatadas. De 1969 a 1979, a competição

adotou o método do gol qualificado com vantagem para quem marcasse fora de

casa. Começando em 1980, a final transformou-se um jogo único.

Até 2000, os jogos foram disputados no Estádio Nacional de Tóquio. A partir de

2001, mudou para o Estádio Internacional de Yokohama, palco da final da Copa do

Mundo de 2002.

Libertadores: o caminho para o Japão

Capítulo 2

Em 1981, o Grêmio conquistou seu primeiro título do Campeonato Brasileiro, com

um gol histórico de Baltazar contra o São Paulo, em pleno Morumbi. A vitória

garantiu, também pela primeira vez, a presença do Clube na disputa pela Taça

Libertadores da América, maior competição entre clubes do continente americano.

Zico segura a taça de campeão do Flamengo, depois da vitória sobre os

ingleses do Liverpool

No mesmo ano, o Flamengo foi o primeiro time brasileiro a sagrar-se campeão do

continente americano e ir ao Japão disputar o Mundial com o Liverpool, da

Inglaterra. No dia 13 de dezembro, o time carioca venceu a disputa e levou a taça

para o Rio de Janeiro.

A repercussão mundial da conquista flamenguista levou outros times brasileiros a

pensarem com mais carinho em investir em bons desempenhos na Libertadores. O

Grêmio, no entanto, não soube aproveitar sua primeira participação no torneio e

Page 13: A história do grêmio

acabou sendo eliminado ainda na primeira fase, em um grupo com Defensor

Sporting (URU), Peñarol (URU) e São Paulo. Na época, apenas o primeiro do

grupo seguia na competição.

Segunda chance

Nunes discute com o goleiro gremista Leão, durante a finalíssima de 1982

O Grêmio disputou o Campeonato Brasileiro de 1982 com voracidade, na

esperança de conquistar o bicampeonato. No entanto, o time perdeu a finalíssima

contra o Flamengo, de Nunes, e teve que se contentar com a classificação para a

Copa Libertadores do ano seguinte, em sua segunda participação na competição

continental.

Já com alguma experiência internacional e com o comando do caudilho Hugo de

León dentro do campo, o Grêmio vislumbrou na Libertadores a possibilidade de

alcançar um título inédito para o Rio Grande do Sul. A equipe treinada por Valdir

Espinosa soube se adequar perfeitamente às características de garra, força e entrega

que normalmente têm aqueles times latino-americanos habituados a triunfarem

neste tipo de torneio.

A fórmula de disputa da Libertadores naquela época pode ser considerada muito

mais difícil do que a de hoje em dia. Na primeira fase, em um grupo com quatro

equipes, apenas o primeiro colocado passava para a fase semifinal. Esta fase, por

sua vez, era disputada entre três equipes, com a campeã do grupo se classificando

para a final. Por fim, a decisão era disputada numa melhor de três, ou seja, se cada

equipe ganhasse um jogo, o campeão sairia em uma terceira partida jogada em

campo neutro, normalmente em um país fronteiriço.

Com um planejamento organizado desde o final de 1982, o Grêmio montou uma

equipe que mesclava juventude e experiência, técnica e garra. Sem espaço no

Flamengo de Zico, o meia Tita foi contratado por empréstimo e se tornou uma das

principais figuras do time de Espinosa. Na defesa, De Leon era o xerife e, no

ataque, a experiência de Tarciso com a força e os dribles desconcertantes do jovem

Renato. A fórmula ideal que levou o Tricolor à conquista do título.

Primeira fase

Page 14: A história do grêmio

Mazarópi foi um importante reforço para a fase semifinal

Na primeira fase, o Grêmio enfrentou Bolívar e Blooming, respectivamente

campeão e vice-campeão da Bolívia, além do Flamengo, campeão brasileiro.

Graças às duas vitórias em território boliviano, o Tricolor comemorou a

classificação para a fase semifinal com uma rodada de antecipação.

Ainda invicto na competição, o Tricolor contou com um reforço importante para a

fase semifinal: o goleiro Geraldo Pereira de Matos Filho, ou Mazarópi, foi

contratado junto ao Vasco da Gama onde havia conquistado o título carioca de

1982. Sua experiência e a forma enérgica como participava das partidas serviu

como uma luva na equipe gremista. Remi, titular até então,mas que havia mostrado

insegurança em alguns jogos, teve que se contentar com a reserva.

Semifinal

O argentino Estudiantes de La Plata e o colombiano América de Cali foram os

adversários do Grêmio na fase semifinal. Depois de vencer o Estudiantes no

Olímpico por 2 a 1 na abertura da fase, o Grêmio conheceu sua primeira e única

derrota na competição: 0 a 1 contra o América, em Cali

Na partida de volta, o Grêmio deu o troco, vencendo por 2 a 1. Brilhou a estrela de

Mazarópi, que defendeu uma cobrança de pênalti na segunda etapa garantindo a

vitória.

O empate com os argentinos do Estudiantes entrou para a história como a

Batalha de La Plata

Na última partida, a histórica “Batalha de La Plata”, Grêmio e Estudiantes

ficaram no 3 a 3. O Tricolor vencia por 3 a 1 mas os donos da casa chegaram ao

empate mesmo com quatro jogadores expulsos. Uma verdadeira guerra, onde

jogadores, dirigentes e torcedores gremistas sofreram com a hostilidade dos

agressivos argentinos presentes no acanhado estádio de La Plata.

Page 15: A história do grêmio

Com este resultado, o Estudiantes enfrentou o eliminado América, em Cali,

precisando de uma vitória para garantir a vaga na final. Na iminência de ficar de

fora da decisão, o então presidente gremista, Fábio Koff, utilizou todo seu prestígio

junto aos dirigentes do clube colombiano para garantir a mobilização necessária

dos jogadores dentro de campo.

Deu certo, um empate sem gols garantiu o Grêmio na grande decisão da

Libertadores contra o tradicionalíssimo Peñarol do Uruguai, que defendia o título

de campeão do torneio e campeão mundial interclubes.

Final Sempre seguro de si e defensor da teoria de que fazer o primeiro jogo em casa é

melhor, a diretoria do Peñarol dispensou o sorteio que definiria o mando de campo

para a final preferindo que o segundo jogo fosse realizado em Porto Alegre. O

desejo dos uruguaios veio ao encontro do que queria a diretoria gremista.

No dia 22 de julho, em Montevidéu, as duas equipes entraram no gramado de um

místico Estádio Centenário lotado para dar início à decisão da 24º edição da

Libertadores. O Peñarol, querendo fazer escore, e o Grêmio tentando segurar o

ímpeto charrua.

Tita escora escanteio de Tarciso e faz o primeiro gol do Grêmio

Logo no início, o meia Tita abriu o marcador para o Tricolor depois de escanteio

cobrado por Tarciso da esquerda. Grêmio 1 a 0. Na base da raça, o Peñarol chegou

ao empate ainda na primeira etapa com Fernando Morena.

A pressão dos uruguaios em busca da vitória durou até o final mas o Grêmio foi

guerreiro e conseguiu assegurar um empate maiúsculo em território inimigo,

bastante comemorado por todos os gremistas. Bastava agora uma vitória simples no

Olímpico para que o título não saísse de Porto Alegre. O sonho de Tóquio estava

cada vez mais próximo.

Porto Alegre parou no dia 28 de julho de 1983 e voltou as atenções para o Estádio

Olímpico onde, à noite, Grêmio e Peñarol faziam o segundo jogo da final da Copa

Libertadores. Quem vencesse garantiria o título. Um novo empate levaria a decisão

para um terceiro jogo em campo neutro na cidade de Buenos Aires.

Desde o início, o Tricolor transformou o gigantesco apoio de sua torcida em

superioridade dentro de campo. O primeiro gol não demorou a sair: Osvaldo entrou

Page 16: A história do grêmio

pela esquerda e chutou cruzado. A bola passaria na frente do gol mas Caio

apareceu e empurrou para as redes

Atrás no marcador, os uruguaios não mediram esforços para chegar ao empate e,

apesar de grande atuação do setor defensivo gremista, marcaram no início da etapa

final. Fernando Morena, de cabeça depois de cobrança de falta da direita, fez 1 a 1.

Também de cabeça, o atacante César sela o resultado: Grêmio campeão da

América O gol abalou a equipe gremista que demorou um pouco até colocar a cabeça no

lugar e voltar a fazer prevalecer sua superioridade. Aos 32 minutos, Renato recebeu

ao lado da área, pela direita, e cruzou. O atacante César, que havia entrado no

lugar de Caio, mergulhou de cabeça e marcou o gol da vitória gremista. Loucura no

Estádio Olímpico!

O único vermelho de destaque em Porto Alegre, nos dias seguintes, era o sol

nascente representado na bandeira do Japão. O Grêmio estava garantido em Tóquio

para enfrentar o Hamburgo na decisão do Mundial Interclubes de 1983.

Como o Hamburgo chegou a Tóquio

Capítulo 3

Felix Magath, autor do gol da vitória, levanta a taça de campeão da Europa

Com uma grande torcida, mas com pouca tradição no futebol, o Hamburg Sport-

Verein, da cidade de Hamburgo, ainda podia ser considerado um clube emergente

dentro da Europa. Fundado em 1887 (o clube mais antigo da Alemanha), na

segunda maior cidade do país, possuía apenas seis títulos nacionais no currículo, o

último deles exatamente em 1982, quando garantiu vaga na Copa dos Campeões do

ano seguinte.

Neste ano, foi vice-campeão da Copa da Uefa, perdendo para o Gotemborg, da

Suécia. Em 1968 perdeu para o Milan a Recopa européia, chegando ao título em

1977, ao bater o Anderlecht belga.

Page 17: A história do grêmio

Ao contrário do que todos esperavam, o time alemão foi a grande zebra da mais

importante competição européia da temporada 82/83, deixando pelo caminho

adversários sem muita tradição. Talvez por isso tenham triunfado. Naquela época, a

fórmula de disputa era diferente da atual, com confrontos eliminatórios de ida e

volta que lembram a nossa Copa do Brasil.

Na grande decisão, realizada no dia 25 de maio de 1983, no Estádio Olímpico de

Atenas, na Grécia, o Hamburgo bateu por 1 a 0 a poderosa Juventus da Itália, de

Michel Platini e base da seleção italiana campeã mundial no ano anterior. O gol foi

marcado aos 9 minutos por Felix Magath (na foto levantando a taça do título), a

principal estrela da equipe.

O Hamburgo, treinado pelo austríaco Ernst Happel, jogou com Stein; Kaltz,

Jakobs, Hieronymus e Wehmeyer; Groh, Rolff, Bastrup (Heesen) e Magath;

Milewski e Hrubesch. A Juventus, do técnico Giovanni Trapattoni, atuou com Zoff;

Gentile, Brio, Scirea e Cabrini; Bonini, Platini, Tardelli e Boniek; Bettega e Paolo

Rossi (Marocchino).

Confira abaixo como foi a campanha do Hamburgo na Copa dos Campeões, que

garantiu a presença do clube em Tóquio para enfrentar o Grêmio:

Data Local Partida

Primeira fase

15/09/82 Berlim/ALE Dynamo 1 x 1 Hamburgo

29/09/82 Hamburgo Hamburgo 2 x 0 Dynamo

Oitavas-de-final

20/10/82 Hamburgo Hamburgo 1 x 0

Olympiakos

03/11/82 Pireus/GRE Olympiakos 0 x 4

Hamburgo

Quartas-de-final

02/03/83 Tbilisi/GEO* Dinamo Kiev 0 x 3

Hamburgo

16/03/83 Hamburgo Hamburgo 1 x 2 Dinamo

Kiev

Semi-final

06/04/83 San

Sebastian/ESP

Real Sociedad 1 x 1

Hamburgo

20/04/83 Hamburgo Hamburgo 2 x 1 Real

Sociedad

Final

25/05/83 Atenas/GRE Hamburgo 1 x 0 Juventus

*Mesmo sendo de Kiev, o Dinamo mandou seu jogo em Tbilisi, atual Georgia

Operação Tóquio: 136 dias de preparação

Capítulo 4

Page 18: A história do grêmio

Desde a conquista da Libertadores, no dia 28 de julho, até a final do Mundial, no

dia 11 de dezembro, o Grêmio teria exatos 136 dias para se preparar. Foi uma

verdadeira maratona, com 40 jogos neste período, mesclando a equipe titular e a

reserva.

Equipe titular que havia sofrido uma baixa importante. Nem mesmo a vaga

assegurada na grande decisão de Tóquio foi suficiente para que o meia Tita

desistisse da idéia de retornar ao Flamengo após a conquista da Libertadores.

Eterno reserva de Zico no time da Gávea antes de ser emprestado ao Grêmio,

Milton Queirós da Paixão, o “Tita”, viu na venda do Galinho de Quintino para a

Udinese da Itália a grande chance de assumir a camisa 10 do rubro-negro carioca,

um antigo sonho. A vontade do jogador aliada à pressão do Flamengo por seu

retorno tornou impossível manter o atleta no Olímpico.

Mário Sérgio e Paulo César Caju, as novas armas do Grêmio para a decisão

em Tóquio

Com a iminente perda de um dos seus principais jogadores na campanha da

Libertadores, o Grêmio tratou de buscar um substituto a altura. Acabou trazendo

não apenas um, mas dois substitutos: os experientes Mário Sérgio e Paulo César

Caju. Este último já havia atuado pelo Tricolor em 1979, vencendo o Estadual.

Mário Sérgio atuava pela Ponte Preta, e Paulo César foi trazido do Aix em

Provence, equipe do futebol francês. Estavam aí os dois reforços visando a final de

Tóquio que fizeram a torcida esquecer Tita.

Toquiomania Após a conquista da Libertadores, a palavra “Tóquio” passou a fazer parte do

cotidiano dos gremistas, e a conquista do Mundial, no final do ano, virou uma

verdadeira obsessão. Não só para os dirigentes e jogadores do Tricolor mas,

principalmente, para a torcida.

Torcedores começaram a se mobilizar para fazerem parte deste momento

inesquecível em solo japonês. Muitos trataram de vender bens pessoais para juntar

os quase 3 milhões de cruzeiros (3 mil dólares) em um pacote de sete dias e vôo

charter oferecido por diversas empresas de turismo da capital gaúcha.

Quem não tinha condições, tratava de se associar ao clube na esperança de ser

sorteado com uma das 80 passagens oferecidas em uma promoção de marketing

organizada pelo Grêmio com o objetivo de chegar aos 80 mil sócios no ano em que

completava 80 anos.

Page 19: A história do grêmio

O Sol nascente da enorme bandeira japonesa começou a chamar atenção entre

o azul da Super Raça Gremista

Nos jogos disputados após a conquista da América, uma gigantesca bandeira do

Japão destoava das demais no meio da torcida organizada Super Raça Gremista.

As coisas do Japão passaram a significar símbolo de status entre a coletividade

gremista. O consulado japonês em Porto Alegre, normalmente absorto em sua

tranqüilidade habitual, passou a receber diariamente a visita de dezenas de

torcedores em busca de informações sobre o país do sol nascente. Sair de lá com

um simples panfleto já era suficiente. Até mesmo o restaurante Sakae´s, na época o

único de culinária nipônica do estado, dobrou o número de clientes.

Tudo graças à “Toquiomania” que tomou conta dos gremistas. Um envolvimento

emocional impressionante visando a decisão do Mundial. Algo jamais visto na

história do Clube. Estava criado um quadro de otimismo e motivação que, somado

à indiferença dos alemães do Hamburgo, trazia a certeza da vitória.

Operação Tóquio

Em meio à disputa do Campeonato Estadual, a direção gremista resolveu instalar a

“Operação Tóquio”, dando completa atenção à partida com o Hamburgo.

Inevitavelmente, a competição estadual passou a ter um grau de importância bem

menor do que o habitual e o clube optou por utilizar uma equipe reserva na fase

decisiva da competição. A decisão acabou alijando com as possibilidades do

Tricolor de retomar a hegemonia estadual e o clube ficou na terceira colocação,

atrás de Inter e Brasil de Pelotas.

Para fugir do clima de euforia da capital, o Grêmio se refugiou na cidade de

Gramado, na Serra gaúcha

Entre as ações da direção gremista, houve um esquema de acompanhamento a

fundo da equipe alemã, com o apoio da imprensa gaúcha e de gremistas radicados

na Alemanha e uma excursão pela América Central. Com a proximidade da viagem

para Tóquio, a diretoria gremista decidiu afastar o grupo da euforia que tomava

Page 20: A história do grêmio

conta dos torcedores gremistas em Porto Alegre e concentrou a delegação na cidade

de Gramado, na Serra Gaúcha. Longe da agitação, o grupo trabalhou forte sob o

comando do preparador físico Ithon Fritzen.

Osvaldo, lesionado, era uma das dúvidas para Tóquio

Em um dos trabalhos, Mário Sérgio sofreu uma lesão na região glútea após uma

queda e passou a ser dúvida. Além da lesão, o jogador acabou atingido por uma

séria infecção intestinal responsável por uma debilitação física. Outro problema

era Osvaldo, sentindo dores na coxa.

Após o período em Gramado, o Grêmio desceu a serra para um último

compromisso antes do início da viagem marcada para a tarde de segunda-feira. No

sábado, a equipe reserva havia sido derrotada pelo Brasil de Pelotas, no Bento

Freitas, dando adeus ao campeonato gaúcho, e no domingo, no Olímpico, em um

amistoso de despedida, o time principal acabou derrotado pelo Novo Hamburgo

pelo placar de 1 a 0.

O resultado não abalou a confiança da torcida gremista que prometeu lotar o

aeroporto Salgado Filho antes do embarque.

O papel da imprensa na decisão

Capítulo 5

Com a grande mobilização no Estado e o interesse da torcida gremista em conhecer

um pouco mais sobre o Japão e o inimigo do dia 11 de dezembro, a imprensa

gaúcha teve papel importante no sentido de traze para o torcedor dados minuciosos

sobre o País do Sol Nascente e sobre a equipe alemã

Rádio Gaúcha e Rádio Guaíba, as duas principais emissoras do Estado na época,

destinaram correspondentes para acompanhar de perto o dia-a-dia do Hamburgo às

vésperas de decisão. No dia 07 de dezembro, as duas emissoras transmitiram ao

vivo a derrota do Hamburgo, em casa, por 2 a 0, contra o Stuttgart pelo campeonato

alemão. Foi o último jogo antes do embarque da delegação rumo à Tóquio.

Como não poderia deixar de ser, a repercussão foi muito grande entre a

coletividade gremista que acompanhou atentamente o relato de como jogava o

Page 21: A história do grêmio

inimigo do Grêmio. Por estes e outros acontecimentos, a imprensa esportiva do Rio

Grande do Sul é a melhor do país e uma das melhores do mundo.

Belmonte, repórter em Tóquio

Capítulo 6

A Caldas Júnior, empresa responsável pela rádio e TV Guaíba e pelo jornal Correio

do Povo, decidiu se antecipar aos fatos e enviou um repórter ao Japão 4 meses

antes da grande final. Em agosto, o jornalista João Carlos Belmonte, atualmente

na Bandeirantes de Porto Alegre, desembarcava em Tóquio com a missão de levar

aos gaúchos um pouco da cultura japonesa e da expectativa do povo local pela

partida.

Belmonte conversou com Grêmio.Net e contou como foi esta verdadeira aventura.

Belmonte: Realmente foi uma aventura, chegar em um país desconhecido. Não

tínhamos a mínima idéia do que iríamos encontrar, era uma novidade para todo

mundo, tanto para nós quando para o torcedor do Grêmio que queria saber de tudo.

Passei quase um mês como correspondente da Caldas Júnior com a missão de

enviar ao Brasil reportagens diárias, que eram publicadas no Correio do Povo.

Além disso, fizemos um acordo com uma TV japonesa e colhemos mais de 3 horas

de imagens que posteriormente viraram um programa de uma hora e meia,

apresentado na TV Guaíba, falando sobre a cidade, os costumes, o Estádio

Nacional, o hotel do Grêmio, etc. O sucesso foi tão grande que a Guaíba teve que

reapresentar a pedido dos torcedores gremistas.

Grêmio.Net: E como foi este intercâmbio com os japoneses?

Belmonte: Os japoneses também tinham muita curiosidade sobre nós. Quem eram

aqueles habitantes do Cone Sul que viriam jogar em Tóquio? Levei vários

presentes pra eles, como camisa do Grêmio, bandeiras, discos... Os japoneses

adoram presentes.

Entramos em um acordo para que eles nos ajudassem com a gravação de matérias

sobre Tóquio e, em troca, eles viriam a Porto Alegre e nós ajudaríamos com

matérias sobre nossa cidade.

Fiz uma recepção em minha casa, com um churrasco assado pelo Érico Sauer.

Eram jornalistas de uma TV contratados pela Toyota, patrocinadora do jogo.

Ficaram espantados com o tamanho do meu pátio e com a quantidade de carne que

comemos (risos). A Caldas Júnior conseguiu hospedagem de graça no Hotel

Page 22: A história do grêmio

Everest. Lá em Tóquio, em troca, ficamos de graça no mesmo hotel da delegação

gremista.

Grêmio.Net: Como foi a preparação da emissora para a transmissão do jogo?

Belmonte: Cheguei uma semana antes para preparar os detalhes da transmissão.

Alugamos, em segredo, um satélite 24 horas para a transmissão da partida pela

Rádio Gaúcha. Em troca da assistência técnica, liberamos o nosso áudio, com a

narração do Armindo Ranzolin, para que fosse reproduzido pela TV japonesa.

Grêmio.Net: Então o Japão acompanhou o jogo com a narração em português?

Belmonte: Exatamente. Provavelmente algum japonês deveria falar alguma coisa

em cima da voz do Ranzolin, mas a transmissão foi em português. Curioso é que a

TV japonesa não estava acostumada a transmitir futebol e colocou no ar só os 90

minutos. Deixaram a prorrogação de lado. Isso sem falar que colocavam

propagandas no meio do jogo (risos). Tenho um conhecido que, lá no Japão,

comprou um DVD deste jogo com a narração da Guaíba.

Grêmio.Net: Qual a importância de uma experiência como esta para um jornalista?

Belmonte: É uma experiência fantástica. Entra para o currículo. Tanto é que

sempre que apresento meu currículo, além de destacar as sete copas do mundo de

que participei, destaco também essa conquista do Grêmio. Foi uma coisa

inesquecível.

Banha, massagista do Mundial

Capítulo 7

Alvaci Silva de Almeida, conhecido no meio futebolístico como “Banha”, é

presença constante nos pôsteres das principais conquistas da história do Grêmio.

No Clube desde 1964, quando tinha 21 anos, Banha era o responsável pelo

relaxamento muscular dos atletas. Por motivos de saúde abandonou a função no

final da década de 90.

Conversando com os amigos nas dependências do Olímpico, Banha atendeu

o Grêmio.Net para falar um pouco sobre a histórica conquista de 1983.

Grêmio.Net: Qual o momento mais marcante daquele conquista no Japão?

Banha: Foi quando o juiz apitou o final de jogo e a festa começou no estádio.

Depois continuou no ônibus, no hotel. Tudo com muito champanhe.

Page 23: A história do grêmio

Grêmio.Net: Você conheceu quase o mundo todo com o Grêmio mas uma viagem

tão longa e cansativa como esta foi a primeira vez. Como foi o vôo até Tóquio?

Banha: Foi tranqüilo. Conversamos bastante, jogamos carta, tomamos chimarrão.

Na época eu pesava 143 Kg e o pessoal caiu na minha cabeça porque eu não

conseguia fechar o cinto de segurança. A aeromoça teve que trazer outro pedaço de

cinto para poder fechar. Era complicado ir ao banheiro também. Muito apertado

(risos).

Grêmio.Net: Você já foi quatro vezes com o Grêmio ao Japão mas em 1983 era a

primeira vez. Como foi esse primeiro contato com tão diferente cultura?

Banha: Parecia que eu estava em outro mundo. Era completamente diferente do

que eu estava acostumado. Uma tecnologia muito desenvolvida. Para atravessar a

rua, havia um aparelho sonoro para ajudar os cegos a atravessarem. Impressionante.

Grêmio.Net: Houve alguma dificuldade de comunicação no dia-a-dia com os

japoneses?

Banha: Não. Nenhum. O Grêmio pensou em tudo e, no hotel, haviam quatro ou

cinco intérpretes à disposição da delegação. Se a gente queria sair pra fazer

compras, sempre éramos acompanhados por um deles. Fiquei responsável por fazer

feijão para os jogadores e até mesmo na cozinha havia um intérprete pra me ajudar.

Grêmio.Net: Como foi a expectativa antes da partida?

Banha: Uma ansiedade muito grande. Trabalhei direto com o Osvaldo. Ele viajou

sentindo dores e fizemos um tratamento intensivo. De manhã, de tarde e de noite.

Só na véspera da partida que ele acordou sem dor e acabou sendo uma das grandes

figuras da conquista.

Grêmio.Net: No momento em que o Hamburgo empatou o jogo, você estava

atendendo o Renato, com câimbras, na beira do gramado. Como foi aquele

momento?

Banha: Quando o Hamburgo fez o gol, nós gelamos. O Renato se levantou

rapidamente e voltou para o campo dizendo “vamos ganhar, vamos ganhar”.

Graças a Deus ele conseguiu fazer o segundo gol na prorrogação. A equipe já

estava cansada física e mentalmente e o gol veio na hora certa.

Grêmio.Net: Você ainda mantém contato com o pessoal daquela época?

Banha: Claro. Tenho contato com o Hélio (roupeiro), meu companheiro de Grêmio

por 40 anos. O Tarciso, o Paulo Roberto. Até mesmo com o De Leon, na época em

que ele estava treinando o Clube. Todos que andam pela área a gente encontra e

pára para bater um papo.

Valdir Espinosa, aposta vitoriosa

Page 24: A história do grêmio

Capítulo 8

Valdir Ataualpa Ramirez Espinosa. Hoje em dia, o nome de um técnico

consagrado dentro do futebol brasileiro. Em 1983, com apenas 36 anos de idade,

um profissional em início de carreira em busca de oportunidade para mostrar sua

competência.

A oportunidade foi dada pelo Grêmio de Fábio Koff que, com sua visão futurista,

acreditou nas potencialidades daquele jovem treinador que, anos antes, havia

defendido o Grêmio como jogador. Com aval da direção, Espinosa assumiu no

início do ano, durante a pré-temporada em Gramado. Começava ali um dos

trabalhos de maior sucesso de um treinador no comando do Clube.

Por telefone, direto de Fortaleza, Espinosa atendeu a reportagem de Grêmio.Net e

falou sobre aquele inesquecível momento em Tóquio.

Grêmio.Net: Quando você assumiu o Grêmio, tinha alguma idéia de que poderia

chegar até onde chegou conquistando o Mundial Interclubes?

Espinosa: Eu tenho muito medo de avião e lembro que no dia da minha

apresentação, em Gramado, falei para os jogadores no vestiário: “Façam uma

sacanagem comigo. Me levem a Tóquio no fim do ano”. Não sei se eles tinham

essa real idéia mas a verdade é que chegamos lá.

Grêmio.Net: Mas quando você foi contratado, a direção gremista já tinha esse

objetivo de chegar ao Japão no final do ano?

Espinosa: Sim. Quando fui contratado, junto com outros companheiros, o Fábio

Koff foi bem claro e disse: “Estes são os contratados e nós temos um título mundial

para disputar no final do ano”.

Grêmio.Net: Qual a importância desta conquista para sua carreira que estava

começando?

Espinosa: Se até hoje são poucos os clubes que chegaram a esta conquista no

Brasil, também são poucos os treinadores. Valoriza muito o currículo de qualquer

profissional. Ele fica muito mais forte. E a importância aumenta quando você

conquista um título desta grandeza defendendo o time que você torce.

Page 25: A história do grêmio

Grêmio.Net: Como foi a preparação com relação ao Hamburgo? Como foi feito

para tomar informações sobre o adversário?

Espinosa: Naquela época não tínhamos a facilidade que temos hoje em dia.

Conseguimos apenas uma fita com a gravação de um jogo do Hamburgo trazida da

Alemanha por um comandante da Varig que era gremista. Eu e o Ithon Fritzen

fomos para Hamburgo ver uma partida contra o Werder Bremen. O

acompanhamento da imprensa gaúcha também foi importante. Houve uma

cumplicidade muito grande por parte de todo mundo. Não era só o Grêmio que

estava em jogo, era o futebol brasileiro.

Grêmio.Net: Qual a principal lembrança que você tem daquela conquista?

Espinosa: São duas lembranças: antes do início da prorrogação, o De Leon, que era

o capitão, chegou pra mim e disse: “Fica tranqüilo. Lá na área ninguém mais vai

cabecear”.Ouvindo isso, o Renato chegou pra mim e falou: “Se lá atrás a defesa

garante, pode deixar que lá na frente eu vou arrebentar”.

Grêmio.Net: Qual foi o momento mais difícil?

Espinosa: O gol do Hamburgo. O jogo já estava no final e isso levaria a decisão

para uma prorrogação. Mas depois do que escutei do De Leon e do Renato não

perdi a confiança.

Grêmio.Net: Quando você teve a certeza de que o título seria nosso?

Espinosa: A gente sempre acreditou. O grupo era extraordinário. Com uma grande

qualidade técnica, força e determinação. Talvez uma das maiores equipes que o

Grêmio já teve em sua história. Nós não fomos para Tóquio para apenas disputar

um jogo, fomos para buscar o título.

Grêmio.Net: Como era sua relação com os atletas?

Espinosa: Havia uma amizade muito grande e muito respeito. Evidente que a

experiência não é a mesma que tenho hoje mas sempre houve muito respeito. Tanto

por parte dos jogadores quanto por parte do Koff, dos médicos, do Verardi. Havia

uma cumplicidade muito grande e uma entrega por parte de todos.

Grêmio.Net: Você tem alguma história curiosa vivida neste período no Japão que

possa ser relembrada?

Espinosa: Logo após o final do jogo, eu, o De Leon e o Renato, que havia sido

eleito o melhor em campo, permanecemos no estádio para a entrevista coletiva

enquanto o resto do grupo ia para o hotel. Quando chegamos de volta ao hotel,

chamei todos os jogadores para o meu quarto e pedi três champanhas para

comemorar. Quando o japonês trouxe a conta eu me apavorei. Não tinha como

pagar. Chamei o Koff e disse: “Presidente, assina essa conta aqui pra mim”. Ele

disse: “Tá bom. Deixa comigo”. (Risos) Isso que foram só três champanhas.

Imagina se tivesse pedido mais?

Renato, o nome da decisão

Page 26: A história do grêmio

Capítulo 9

Jovem. Impetuoso. Ousado. Vencedor. Os adjetivos caracterizam Renato

Portaluppi, a principal figura do Grêmio na conquista do Mundial Interclubes de

1983. Com sua técnica, força e habilidade, deixou de queixo caído alemães e

japoneses que ainda não conheciam suas arrancadas e seus dribles desconcertantes

pela ponta direita.

Se aproveitando deste fator surpresa, Renato deitou e rolou em cima dos

truculentos zagueiros do Hamburgo e marcou os dois gols da vitória gremista. O

menino que trabalhava como padeiro deixou a pequena cidade de Bento Gonçalves,

na serra gaúcha, para se perpetuar na história como o jogador mais importante que

já vestiu o manto tricolor.

Por telefone, Grêmio.Net conversou com Renato e relembrou os principais

momentos daquela conquista inesquecível.

Grêmio.Net: Qual a principal lembrança que você tem daquela conquista no

Japão?

Renato: Sem dúvida foram os dois gols que eu fiz. Foi uma emoção muito grande

ver a alegria de todo mundo. É até difícil descrever e destacar um momento em

especial.

Grêmio.Net: Em qual momento do jogo que você sentiu que o Grêmio ganharia o

título?

Page 27: A história do grêmio

Renato: Foi no fim dos 90 minutos. Eu estava com câimbras, o China estava com o

tornozelo inchado, tinha mais alguém que estava sentindo também. Mesmo assim, a

galera tava afim de voltar para o jogo e voltar com tudo. Ali senti que levaríamos o

título.

Grêmio.Net: Quando o Hamburgo chegou ao empate, no final de jogo, você estava

com câimbras fora de campo. O que você sentiu naquele momento? Chegou a

temer que a vitória poderia escapar até porque o grupo estava sentindo bastante no

aspecto físico?

Renato: Foi um momento complicado. Cheguei a temer se eu não voltasse para o

gramado. Felizmente o Banha (massagista) fez uma massagem esperta e me deixou

na boa.

Grêmio.Net: Você foi escolhido o melhor em campo e recebeu um carro da

Toyota. O que foi feito com o carro?

Renato: Havíamos combinado que se alguém ganhasse o carro, pegaria o valor em

dinheiro e dividiria com o resto do grupo ou ficaria com o carro tirando o dinheiro

do bolso para dividir com o pessoal. Eu optei pela primeira: peguei o dinheiro e

dividi com o grupo.

Grêmio.Net: Você tem alguma história particular vivenciada durante esta estada

no Japão que possa dividir com o pessoal do site?

Renato: Foi um período muito legal. Os japoneses são gente finíssima e nós

sacaneávamos eles direto. Mas me lembro de uma história em particular: na manhã

de domingo, dia do jogo, antes da saída para o estádio, um dos intérpretes

fornecidos pela Toyota tentou reunir o Espinosa e o treinador do Hamburgo (Ernst

Happel) para uma foto no saguão do hotel. O técnico deles recusou o convite

dizendo que não conhecia ninguém do Grêmio e que estava com pressa de sair para

o estádio para ganhar o título e ir embora pra casa. Isso me irritou demais. Depois

que eu fiz o segundo gol, corri para frente dele e gritei: “agora você conhece o

Grêmio”. O interprete estava ao lado e traduziu na hora.

Fábio Koff, o presidente do Mundial

Capítulo 10

Page 28: A história do grêmio

Neste trabalho de pesquisa, com relatos emocionantes e exclusivos de quem

vivenciou aquela decisão de Tóquio, não poderia faltar a participação de uma das

pessoas mais importantes e decisivas. Fábio André Koff iniciou 1983 projetando o

final do ano com a conquista do Mundial. Pouca gente acreditava, mas Koff fez

prevalecer suas convicções e concretizou seu sonho maior de voltar ao Brasil

carregando a taça de campeão mundial.

Pelo telefone, Koff atendeu a reportagem de Grêmio.Net para compartilhar com

todos os gremistas um pouco desta experiência inesquecível.

Grêmio.Net: Quando o senhor acreditou que o Grêmio seria campeão do mundo?

Koff: No primeiro ano como presidente, em 1982, o Grêmio vinha de um vice-

campeonato brasileiro e de uma Libertadores com resultados ruins. No fim do ano

aceitei a reeleição porque eu tinha uma premonição, ou um palpite, de que seríamos

campeões do mundo. E não disse isso brincando. Eu estava apostando tudo nisso.

(pausa) Também não é difícil ter premonição desse tipo com um jogador como o

Renato no time (risos). Aceitei a reeleição e tivemos tempo e tranqüilidade para

montarmos uma equipe com características de um time valente para a disputa de

uma Libertadores e de um Mundial. Tudo com critério e convicção.

Grêmio.Net: A contratação do Espinosa no início de 1983 também fez parte desta

convicção?

Koff: Fez. No final de 1982 o Ênio Andrade decidiu por sair do Grêmio dizendo

que seu ciclo já havia terminado. Foi então que, juntamente com o Alberto Galia,

decidimos apostar no Espinosa para comandar um projeto que terminaria, dentro da

nossa expectativa, em dezembro, em Tóquio. Jamais deixamos de acreditar nisso.

O curioso é que, dez anos depois, assumi o Grêmio outra vez com essa mesma

convicção, esse mesmo palpite, e acabamos voltando a Tóquio em 1995.

Grêmio.Net: Como foi a preparação do grupo para aquele jogo de Tóquio?

Koff: Depois da conquista da Libertadores, ficamos focados apenas nesse jogo.

Mandei o Espinosa e o Ithon para a Alemanha onde eles acompanharam jogos do

Hamburgo. Na época, tínhamos muito pouco material então achamos importante

acompanhar de perto. O Espinosa é muito inteligente e pensou muito bem o jogo.

Grêmio.Net: O que vocês conheciam do Hamburgo?

Koff: Tudo que eu conhecia era pela literatura e algumas informações que

conseguíamos através de amigos. Depois o Espinosa foi lá ver. Ele sempre esteve

bem informado além de ser um estudioso.

Page 29: A história do grêmio

Koff exibe a taça do Mundial ao chegar no aeroporto, em Porto Alegre

Grêmio.Net: Qual foi o momento daquele jogo em que o senhor teve a certeza do

título?

Koff: Só fui ter certeza depois do segundo gol do Renato. Aí pensei: “agora nunca

mais”.

É bom registrar para que todo mundo saiba que agora a Fifa reconheceu o Grêmio

como campeão do mundo. Estamos lá na galeria dos melhores do mundo. Muita

gente dizia que havíamos ganhado uma competição não oficializada.

Grêmio.Net: O senhor tem alguma história curiosa, peculiar, desta viagem ao

Japão que possa ser relembrada?

Koff: O Alberto Galia sempre foi muito religioso, crente. Um dia fomos visitar o

templo de Buda, em Tóquio. No altar havia uma fumaça que ficava ali permanente.

O Galia começou a agarrar aquela fumaça com as mãos e a passar por todas as

partes do corpo. Todas mesmo. Meio que constrangido ele olhou pra mim e disse

que era para dar sorte. Mesmo com aquele jeito de brincalhão, a gente sabia que no

fundo o desejo era esse. E deu certo.

Grêmio.Net: Será que tem como descrever a sensação de ser um presidente

campeão do mundo e a emoção de chegar em Porto Alegre carregando a taça?

Koff: Não. Isso é indescritível. Quando a gente está no estádio, em um país

distante, com tudo muito diferente, a gente fica com a euforia um pouco contida,

sem poder extravasar. Só lamentávamos em não estar em Porto Alegre naquela

hora. Mas esse sentimento foi compensado quando chegamos no aeroporto. Ver

aquelas pessoas na rua, a cidade parada, o desfile da delegação, a recepção no

Palácio Piratini... Um momento indescritível. Fico feliz por ter contribuído com

isto e ter vivido este momento.

Viagem até o outro lado do Mundo

Capítulo 11

Dia 05 de dezembro de 1983, segunda-feira, 17h30, um vôo da Varig levando 170

passageiros, entre eles os atletas gremistas, decolava do aeroporto Salgado Filho,

em Porto Alegre, tendo como destino final o aeroporto de Narita, no Japão. Com

Page 30: A história do grêmio

eles, embarcava a esperança de milhares de torcedores ansiosos com a decisão do

Mundial Interclubes.

A despedida emocionada de centenas de gremistas no aeroporto da capital gaúcha

fez com que o início de viagem fosse marcado por um clima de alegria e confiança.

Ninguém demonstrava preocupação com o desgastante vôo.

Porto Alegre - Rio de Janeiro – Lima

A primeira parada foi no Rio de Janeiro, onde a delegação trocou para um avião

maior. No mesmo vôo, embarcaram os jogadores do time Estrelas da América, uma

equipe com atletas e ex-atletas da América do Sul que faria jogos amistosos nos

Estados Unidos.

As presenças de Rodolfo Rodriguez, Romerito, Rodrigues Neto, Carlos Alberto

Torres e Figueroa, entre outros, causou rebuliço no avião. O zagueiro chileno, ex-

Internacional, foi alvo das brincadeiras de gremistas e acabou tendo que vestir uma

camisa do Grêmio, para alegria dos fotógrafos.

O carteado foi o passatempo predileto dos gremistas e passageiros em geral

O carteado foi a principal distração encontrada pelos passageiros para ocupar o

longo tempo ocioso dentro da aeronave. Jogos animados entre atletas, torcedores e

diretoria ocupavam as atenções dos demais. Poucos permaneciam em seus lugares,

e a caminhada pelos corredores foi a alternativa para a bem-vinda esticada de

perna. Depois da janta e com a chegada da madrugada, as luzes foram apagadas e a

maioria, derrotada pelo cansaço, caiu no sono.

A chegada em Lima ocorreu por volta das 3h30 de terça-feira, com escala de uma

hora para reabastecimento. Alguns passageiros se aventuraram a descer do avião

para fazer compras no aeroporto, mas prontamente retornaram de mãos vazias

reclamando dos altos preços cobrados pelos comerciantes locais.

Lima - Los Angeles – Narita

Por volta das 10h de terça-feira, dia 6, já com o sol brilhando do lado de fora da

janela, foi servido o café da manhã. Muitos já estavam de volta ao carteado,

acompanhado do chimarrão. O avião se aproximava de Los Angeles, nos Estados

Unidos, local da última escala antes do trecho mais longo da viagem.

Com o aeroporto de Los Angeles em reforma, os passageiros tiveram que aguardar

em um local improvisado, dentro de um galpão inflável, até o anúncio da saída da

nova aeronave. Dali para o Japão seriam mais 11 horas de vôo.

Page 31: A história do grêmio

A constante mudança no fuso horário acabou confundindo todo mundo. A

discussão a respeito do horário durou um bom tempo. Uns tinham mudado o

relógio para o horário do Peru, outros para os Estados Unidos, mas a maioria optou

por não mexer. Na verdade, a discussão foi só mais um pretexto para passar o

tempo.

O técnico Valdir Espinosa, sabidamente temeroso quando entra num avião, já

deixara de ser o alvo das brincadeiras. Acostumado com os barulhos das turbinas e

com as turbulências, passou algumas horas na cabine de comando, onde recebeu

uma aula de pilotagem.

De León, Mazarópi, Caio, Tonho e o próprio Espinosa, contavam com a presença

de suas esposas no vôo. Uma concessão da diretoria gremista após apelo de

Margarita, esposa do capitão uruguaio.

Enfim, depois de intermináveis 36 horas de viagem, o avião levando a delegação

gremista (foto) aterrissou no aeroporto de Narita, no Japão. Eram 2h da manhã de

quarta-feira no Brasil, 14h no Japão.

Treinamentos em Tóquio

Feito todo o trâmite de entrada no país, a delegação gremista sofreu o primeiro

choque cultural tendo em vista o avanço tecnológico e as modernidades japonesas.

Isso sem falar no idioma. Nenhum letreiro que não tivesse a tradução para o inglês

poderia ser identificado.

Sensível a estes problemas, a Toyota, patrocinadora do Mundial, colocou cinco

tradutores à disposição da delegação 24 horas por dia. Com a ajuda deles, todos os

problemas de alfândega foram solucionados até a delegação embarcar em um

ônibus especial com destino ao local da concentração, no centro de Tóquio.

Page 32: A história do grêmio

Um grande contingente de brasileiros aguardava no saguão do Hotel Prince pela

chegada da delegação gremista. O trajeto de Narita até o hotel durou

aproximadamente duas horas, um sacrifício pequeno para quem já havia passado 36

horas em deslocamento. A recepção foi carinhosa, ao estilo japonês, e animada, ao

estilo brasileiro.

A grande maioria dos gremistas preferiu subir para os quartos para tomar banho e

descansar em uma cama de verdade. O delicioso jantar foi servido às 20h15,

horário local. Uma hora depois, a programação distribuída pelo clube anunciava

que os atletas deveriam se recolher aos aposentos. O principal objetivo agora era

adaptar o organismo dos jogadores ao fuso horário local

Depois de aproximadamente 11 horas de descanso, a delegação gremista despertou

às 9h da manhã de quinta-feira para o desjejum no restaurante do hotel. Uma

alimentação leve, para não interferir no treinamento marcado para o meio-dia em

um centro de treinamento próximo ao hotel.

O horário foi decidido pela comissão técnica por coincidir com o horário da partida

de domingo. O estádio Nacional, local do jogo, só seria disponibilizado no sábado

para um rápido reconhecimento do gramado

Valdir Espinosa e Ithon Fritzen comandaram um trabalho leve tanto na parte

técnica quanto física. Alguns jogadores demonstraram bastante desgaste depois da

viagem de 36 horas. A baixa temperatura, em torno de 6°C, também não ajudava. O

treinador gremista afirmou que manteria os trabalhos leves em todos os treinos até

a partida pois o trabalho mais forte já havia sido realizado em Gramado.

Tarciso sentiu dores musculares durante o vôo e foi observado pelo Departamento

Médico. China ainda se recuperava de uma entorse no tornozelo e Mário Sérgio

apresentava um quadro gripal. Porém, nenhum chegou a ser dúvida para o jogo. O

ponto positivo do dia foi que ninguém mostrou problema de adaptação ao fuso

horário.

Page 33: A história do grêmio

O Estádio Nacional

Inaugurado em 1958 para a disputa dos jogos asiáticos, o Estádio Nacional de

Tóquio, até a Copa do Mundo de 2002, era o maior orgulho do país em matéria de

futebol. Em 1964, foi palco dos Jogos Olímpicos e, três anos depois, sede da

Universíade. Atualmente, recebe partidas do FC Tokyo e do Verdy Tokyo.

Com capacidade oficial para 60.067 espectadores, o Estádio Nacional é um ponto

de referência para os esportistas japoneses por sua localização central e

privilegiada. Seu complexo esportivo, que conta com dois campos de baseball, fica

ao lado do prédio do Arquivo Nacional, dentro do Meiji Jingu Gaien Park, uma

área verde freqüentada por jovens em busca de lazer e exercícios físicos.

Sábado, meio-dia, faltando 24 horas para o início da decisão, a delegação gremista

desembarcou no local da partida para o reconhecimento do gramado. O mesmo

seria feito pela equipe do Hamburgo horas depois.

O gramado queimado pela neve do rigoroso inverno japonês deixou uma má

impressão, mas que foi prontamente desfeita quando os atletas começaram a fazer a

bola rolar. Apesar de duro, amarelado e desgastado pelo frio, o piso mantinha a

qualidade para a prática de um bom futebol. Os jogadores acabaram optando pelo

uso de travas de borracha nas chuteiras. Agora só restava ao Grêmio esperar as

últimas horas antes da maior decisão de sua história.

Em jogo, o Mundial Interclubes

Capítulo 12

Depois de mais de quatro meses de preparação, vivendo 24 horas por dia com o

pensamento voltado somente para uma partida, finalmente chegava a hora da

grande decisão. A maior partida da história dos 80 anos do Grêmio, um clube

surgido no início do século e que traçou seu caminho na base da garra, com a

participação de bravos homens que não temeram as adversidades para colocar em

prática o sonho de tornar o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense um dos maiores

clubes do planeta.

Chegava a hora de mostrar para o mundo a grandeza de um povo. Um povo que

veste azul, preto e branco e que jamais foge da batalha.

Depois de um leve café da manhã, a delegação gremista seguiu para o estádio

Nacional de Tóquio, chegando no vestiário aproximadamente duas horas antes do

início do jogo. A temperatura era de 5 graus e o estádio estava com seus mais de 60

mil lugares lotados.

Page 34: A história do grêmio

Em Porto Alegre, o relógio se aproximava da meia noite de sábado, dia 10. A

cidade estava completamente parada esperando o início da partida. Não havia uma

pessoa que não estivesse na companhia de um radinho de pilha ou na frente da

televisão esperando o início da transmissão ao vivo pela TV Gaúcha.

Faltando cinco minutos para o início da partida, as imagens entraram no ar, com

Grêmio e Hamburgo já no gramado fazendo aquecimento para espantar o frio. O

árbitro francês tomava as últimas medidas antes de apitar o início de jogo. No

banco, o técnico Valdir Espinosa fumava um cigarro atrás do outro.

Os telespectadores mais observadores notaram que o Grêmio usava calção branco e

meia azul, ao invés dos tradicionais calções pretos e meias brancas. A exigência

partiu da Toyota, que não permitia semelhanças nos uniformes das duas equipes

por causa das pessoas que recebiam as imagens em televisores em preto e branco.

Como o Grêmio não havia levado meias azuis na bagagem, o pessoal da rouparia

teve que correr para encontrar a peça do uniforme nas lojas de Tóquio.

Mais de 2 bilhões de pessoas recebiam as imagens da partida em todo o mundo.

Para todo o Brasil, a Rede Globo trasmitia ao vivo com a narração de Galvão

Bueno e comentários de Márcio Guedes. Para o Rio Grande do Sul, narração de

Celestino Valenzuela com João Nassif nos comentários.

1° tempo

Depois de um minuto de silêncio, o árbitro Michel Vautrot deu início ao jogo.

Saída de bola para o Hamburgo

O jogo começou com o Grêmio nervoso, errando muitos passes. O Hamburgo, por

sua vez, dominava o meio de campo mas não conseguia chegar ao gol gremista. O

primeiro lance com um certo perigo foi do Hamburgo, aos 20 minutos: Magath

tentou meter a bola para Hansen, que entrava pela área. De Leon se antecipou de

carrinho na meia lua da grande área. A bola rebatida pelo capitão gremista explodiu

no corpo de Hansen e ficou pingando na marca do pênalti. Mais esperto, Mazaropi

saiu para fazer a defesa antes que o alemão conseguisse chegar.

Quatro minutos depois, Hansen desceu com a bola dominada pela direita e foi

bloqueado pela zaga gremista quando tentava a conclusão, já dentro da área. A bola

sobrou no outro lado para Wuttke, que tentou o arremate de longe, chutando por

cima do gol, sem perigo para Mazaropi.

A primeira jogada de impacto do Grêmio ocorreu aos 31 minutos: Renato foi

lançado na direita, levou a bola até o fundo de campo e fez o cruzamento. A zaga

se antecipou, mandando para escanteio. Mário Sérgio cobrou o córner tentando o

Page 35: A história do grêmio

gol olímpico e quase surpreendeu o goleiro Stein, que deu um soco na bola

mandando outra vez pela linha de fundo.

Aos 36 minutos, Tarciso foi lançado pela esquerda e ganhou o escanteio quando

tentava cruzar para Osvaldo que entrava pela área. Paulo César Lima cobrou o

córner, que foi afastado pela zaga alemã para a entrada da área, onde Mário Sérgio

esperava o rebote. Ele pegou de primeira e quase surpreendeu Stein, mas a bola

saiu muito alta.

Dois minutos depois o Grêmio chegaria ao primeiro gol. O Hamburgo tentava

chegar com perigo na área gremista, mas parou em Paulo Roberto, que afastou a

bola de qualquer maneira para a intermediária. Paulo César Lima dominou no peito

e rapidamente lançou para Renato, na direita, puxando o contra-ataque.

Ele dominou a bola um pouco além da linha divisória do gramado e partiu em

direção ao fundo de campo, sempre acompanhado de perto por Schröder, seu

marcador. Em velocidade, já dentro da área, Renato ameaçou correr para fazer o

cruzamento. Ao invés disso, puxou a bola de volta para seu pé esquerdo enganando

o marcador. Ao ver o alemão voltar para tentar evitar o cruzamento com a

esquerda, Renato puxou outra vez com a direita. Já com o marcador vencido, mas

sem ângulo, ele preferiu chutar. Junto à trave, o goleiro Stein foi surpreendido pela

potência do chute e não conseguiu fazer a defesa. A bola passou entre ele e o poste

esquerdo. Grêmio 1 a 0!

O Hamburgo ainda teve a oportunidade de empatar nos minutos finais da primeira

etapa, com uma cobrança de falta de Rolf, na entrada da área. Magath cobrou

rasteiro, pelo lado da barreira, forçando Mazaropi a fazer uma grande defesa em

dois tempos.

2° tempo

Page 36: A história do grêmio

O Tricolor não perdeu tempo e, aos 2 minutos, já criou a oportunidade para ampliar

o marcador: Mário Sérgio fez um lançamento buscando Tarciso, na esquerda, que

entrava por trás da zaga. Antes dele apareceu Paulo César Magalhães

completamente livre, que dominou e chutou, mesmo sem ângulo. No último

momento apareceu o pé salvador de um zagueiro alemão para dividir o chute, e a

bola passou à direita da meta de Stein

O lance se repetiu cinco minutos depois: Osvaldo deu um balão afastando o perigo

da área gremista e acabou armando um contra-ataque com Tarciso pela direita. Ele

recebeu nas costas da zaga alemã, desceu com a bola dominada, entrou livre pela

área e só não marcou porque um zagueiro apareceu no momento certo para mandar

a escanteio.

Aos 12 minutos, uma jogada que poderia ter mudado a história da partida: Baidek

deu um chutão pra frente, afastando o perigo da área gremista e lançando Renato na

direita. O ponteiro gremista partiu pra cima do marcador, entrou na área, deu um

drible de corpo, colocou a bola na frente e foi derrubado por trás por Hieronymus

no momento em que poderia marcar o segundo gol. O árbitro Michel Vautrot, mau

colocado, nada marcou. Uma penalidade escandalosa a favor do Grêmio.

Três minutos depois, Paulo César Lima desceu com a bola dominada pela

intermediária de ataque. Com categoria, lançou Mário Sérgio que entrava pela

direita, livre, se aproveitando da confusão da defesa alemã. Ao invés de chutar, ele

preferiu tentar o cruzamento buscando o mesmo Paulo César que entrava pela

pequena área. Antes dele apareceu novamente o pé salvador de um defensor. Stein

já estava batido.

Neste momento, embora o Hamburgo dominasse o meio de campo, o Grêmio era

muito mais incisivo em seus ataques. Os alemães não sabiam transformar seu

domínio territorial em ataques e abusavam das bolas levantadas na área. O Grêmio,

por sua vez, bem postado atrás, se limitava a dar balões pra frente buscando a

velocidade de Renato ou Tarciso nos contra-ataques.

Aos 24 minutos, Espinosa tirou Paulo César Lima e colocou o atacante Caio. Dois

minutos depois um dos cruzamentos para a área do Grêmio levou perigo à meta de

Mazaropi. Magath cruzou da esquerda, encobrindo De Leon, e o zagueiro Jakobs

arrematou de cabeça. A bola foi no ângulo direito com pouca força, forçando o

goleiro Tricolor a grande defesa.

Page 37: A história do grêmio

Aos 30, Stein saiu da área para tentar jogar com os pés mas acabou errando em

bola e teve que fazer falta sobre Tarciso, que levava vantagem. O goleiro alemão

recebeu cartão amarelo. O mesmo cartão seria apresentado a Mazaropi no minuto

seguinte por retardar a cobrança de um tiro de meta

Aos 34, Bonamigo entrou no lugar de Osvaldo. Um minuto depois, Caio desceu

pela esquerda, sem marcação, e arriscou o chute, obrigando Stein a fazer grande

defesa. No lance seguinte, Paulo Roberto cruzou da direita e Caio mergulhou de

cabeça, mandando a bola no canto direito de Stein, que fez outra grande defesa.

Aos 40 minutos, o árbitro francês marcou um toque de mão de Bonamigo na

intermediária de defesa do Grêmio. Felix Magath fez a cobrança buscando o

segundo pau, onde Jakobs evitou o tiro de meta cabeçeando a bola de volta para a

pequena área. A zaga gremista não conseguiu afastar e Schröder dominou e

mandou para as redes, sem chance para Mazaropi. O Hamburgo chegava ao

empate no finalzinho do jogo.

No desespero, o Grêmio ainda tentou a vitória no tempo regulamentar. Aos 45,

Renato teve uma chance depois que De Leon ajeitou de cabeça, na entrada da

pequena área. O chute de esquerda saiu errado, por sobre o gol. Foi o último lance

dos 90 minutos. Ficaria tudo para a prorrogação.

Prorrogação O intervalo foi de muito trabalho para o massagista Banha, que teve que se

desdobrar para manter aquecidos os músculos de Renato e China, ambos

reclamando de dores musculares. Como o técnico Valdir Espinosa já havia feito as

duas substituições a que tinha direito, todos teriam que voltar para a prorrogação.

A definição da partida a favor do Tricolor não demorou para acontecer. Logo aos 3

minutos, brilhou mais uma vez a estrela do predestinado Renato. Num cruzamento

da esquerda de Caio, Tarciso apenas encostou, de cabeça, a bola para o ponteiro

gremista. Renato dominou de direita, cortou a marcação de Schröder e chutou

rasteiro, de canhota, no canto esquerdo de Stein, que ficou sem reação.

Grêmio 2 a 1! Festa gremista em Tóquio e em todo o Brasil.

O Hamburgo partiu pra cima e quase conseguiu o empate aos 5 minutos, num

escanteio cobrado por Magath. Renato tentou afastar de cabeça mas errou em bola,

ela acabou batendo na cabeça de China e quase entra no seu próprio gol. Para sorte

do Grêmio, ela passou por sobre a meta.

Page 38: A história do grêmio

Aos 9 minutos, Renato sofreu falta ao lado da área, pela direita. Mário Sérgio se

apresentou para a cobrança mas ao invés de fazer o cruzamento, como todos

esperavam, tentou surpreender Stein chutando direto a gol. A bola passou perto do

poste esquerdo saindo para tiro de meta. Se fosse em direção à meta, dificilmente o

goleiro alemão faria a defesa.

Já nos minutos finais da primeira etapa, Renato evitou um contra-ataque do

Hamburgo segurando a bola com as mãos. Recebeu cartão amarelo. Hartwig

discutiu com o bandeirinha depois de ter sua cobrança de lateral revertida e

também recebeu cartão amarelo.

Nos descontos, Hansen recebeu dentro da área, de costas para o gol. A marcação

evitou o primeiro arremate, mas a bola sobrou para Jakobs, junto à pequena área,

pela direita. Ele chutou forte, rasteiro, mas Mazaropi, bem colocado, defendeu com

as pernas e evitou o empate alemão. Acabava a primeira etapa da prorrogação.

O Hamburgo parecia abatido, sem forças para tentar chegar ao empate. Os alemães

faziam pressão de maneira desorganizada, no desespero, enquanto o time gaúcho

continuava levando perigo nos contra-ataques. Era questão de tempo para o Grêmio

comemorar.

O Tricolor ainda teve uma última chance de matar o jogo quando Caio recebeu

completamente livre, na frente de Stein. Com o gol aberto, ele não teve

tranqüilidade e mandou por cima. Mas o gol não fez falta.

Sem dar descontos, o árbitro Michel Vautrot apitou final de jogo em Tóquio.

Renato, ajoelhado, desabou em lágrimas. Assim fizeram todos os gremistas, em

todo o planeta. O Grêmio era Campeão do Mundo. O maior título que um time de

futebol poderia alcançar.

Festa no Japão.

Page 39: A história do grêmio

Festa no Brasil.

O planeta reverenciava o futebol do gaúcho. O capitão Hugo de Leon foi o

responsável por levantar a taça do campeonato. Renato foi eleito o melhor em

campo e recebeu um carro Toyota dos patrocinadores. Começava em Tóquio a

festa gremista que não tinha data para terminar.

Depois de receber o troféu e as medalhas, o capitão comandou a volta olímpica

pela pista atlética do estádio Nacional acompanhado pelos companheiros,

diriegntes, comissão técnica e alguns torcedores que conseguiram entrar no

gramado.

Os cerca de 200 torcedores brasileiros que estiveram presentes no jogo, iniciaram

uma peregrinação a pé até o hotel onde a delegação estava hospedada. A festa dos

jogadores continuou no vestiário, no ônibus e no saguão do hotel. De León e

Renato ficaram no estádio para a entrevista coletiva. A festa seguiu durante a tarde

e a noite do Japão. Em Porto Alegre, ninguém dormia mais.

O Rio Grande do Sul parou

Capítulo 13

O ponto de concentração da torcida gremista aconteceu na rua Érico Veríssimo, na

esquina com a avenida Ipiranga, ao lado do prédio do jornal Zero Hora. A empresa

disponibilizou um telão gigante para a transmissão da partida que reuniu

aproximadamente 8 mil pessoas.

Page 40: A história do grêmio

No Olímpico, centenas de conselheiros e familiares se reuniram no Salão Nobre do

Conselho Deliberativo, enquanto outro grupo de gremistas das torcidas organizadas

acompanhou em um pequeno televisor na sala do Departamento Eurico Lara.

Após o apito final, todos confraternizaram e seguiram a pé para o prédio da Zero

Hora. Milhares de gremistas em todo o Estado invadiram a madrugada de domingo

aos berros e buzinaços para comemorar a grande conquista.

A festa seguiu durante toda a semana até o retorno da delegação, que reuniu

milhares de pessoas nas ruas da capital para acompanharem de perto o desfile do

caminhão do corpo de bombeiro trazendo os campeões mundiais. Um momento

inesquecível para quem vivenciou e para quem só acompanhou as imagens anos

depois.

Grêmio Campeão do Mundo. Nada pode ser maior... Nem 22 anos depois.

Parabéns Grêmio.

Parabéns torcedor gremista.

FICHA DO JOGO

Page 41: A história do grêmio

MUNDIAL INTERCLUBES

Estádio: Nacional

Local: Tóquio/JAP

Data: 11/12/83 Horário: 12h (Japão) - 00h

(Brasil)

GRÊMIO

(2)

HAMBURGO

(1)

Mazaropi Stein

Paulo

Roberto Wehmeyer

Baidek Jakobs

De León Hieronymus

P.C.

Magalhães Schröder

China Groh

Osvaldo Rolff

P.C. Lima Hartwig

Renato Magath

Tarciso Hansen

Mário Sérgio Wuttke

TÉCNICO TÉCNICO

Valdir

Espinosa Ernst Happel

ÁRBITRO Michel Vautrot (FRA)

AUXILIARES Toshikazu Sano (JAP)

Shizuhasu Nakamichi (JAP)

GOLS Renato (GRE - 37 do 1ºT)

Schröder (HAM - 40 do 2ºT)

Renato (GRE - 03 do 1ºT - pror.)

SUBSTITUIÇÕES - GRÊMIO Entrou Caio, saiu Paulo César

Lima (25 do 2T)

Entrou Bonamigo, saiu Osvaldo

(33 do 2T)

SUBSTITUIÇÕES -

HAMBURGO Não houve

CARTÕES AMARELOS Mazaropi, Caio, Renato e De León

(GRE)

Stein (HAM)

CARTÕES VERMELHOS Não houve

PÚBLICO Público total: 62.000

O Grêmio é a uma das equipes brasileiras com maiores participações na Copa

Libertadores. Já disputou dez vezes este torneio continental. Uma competição com a

cara do Tricolor. Foram três decisões com dois títulos conquistados em 1983 e 1995.

LIBERTADORES DE 1983 (O Primeiro Título)

Page 42: A história do grêmio

Depois do fracasso na primeira Libertadores de sua história sendo eliminado na primeira

fase, a realidade da segunda participação foi o oposto.

Comandado pelo presidente Fábio Koff, o Clube priorizou a competição sul-americana

vislumbrando a possibilidade de entrar para a história do futebol vencendo a Copa pela

primeira vez e o Mundial Interclubes no Japão.

Quando assumiu a presidência, Fábio Koff afirmou que seu principal objetivo era levar

o Grêmio a Tóquio. A incredulidade inicial foi ficando para trás quando a equipe

começou a responder dentro de campo.

Capitaneada pelo uruguaio Hugo de Leon e sua experiência em Libertadores, o Grêmio

foi superando dificuldades típicas deste torneio até chegar ao título contra o Peñarol,

campeão do ano anterior.

A fase de classificação:

A estréia na Libertadores de 1983 foi contra o Flamengo, que havia vencido o título

brasileiro do ano anterior exatamente contra o Grêmio, em pleno estádio Olímpico. Um

confronto contra o rubro-negro carioca era tido como uma revanche.

Com o Olímpico lotado, o Tricolor ficou apenas no empate em 1 a 1.

O resultado não foi considerado bom já que, em um grupo onde apenas o campeão

garantia classificação para a fase seguinte, uma vitória dentro de casa era tida como

essencial.

Na obrigação de conquistar pontos fora de casa, o Grêmio partiu para dois jogos

decisivos na Bolívia contra os desconhecidos Blooming e Bolívar.

No primeiro deles, no dia 22 de março, uma ótima vitória de 2 a 0 em Santa Cruz de La

Sierra contra o Blooming.

Na segunda partida, além de ter que bater o Bolívar, que na estréia havia aplicado 6 a 0

no Blooming, o Tricolor teria que enfrentar a tão temível altitude de La Paz.

Apesar de todas adversidades, o Grêmio conseguiu uma vitórias fundamental por 2 a 1

com um histórico gol do volante China depois de um chute espetacular do meio de

campo. O ar rarefeito da altitude fez a bola voar e entrar no ângulo do goleiro

boliviano.

As duas vitórias fora de casa, em combinação com um empate e uma derrota do

Flamengo contra Blooming e Bolívar, respectivamente, encaminhou da melhor maneira

possível a classificação gremista já que os dois adversários bolivianos teriam que vir

jogar no Olímpico.

E não foi diferente: jogando em seus domínios, o Tricolor não teve dificuldade para

vencer o Blooming por 2 a 0 e o Bolívar por 2 a 1. Este último jogo garantiu a

classificação gremista de forma antecipada para o triangular semifinal.

Para fechar com chave de ouro a fase classificatória, o Grêmio ainda aplicou 3 a 1 no

Flamengo em pleno Maracanã em jogo para cumprir tabela.

A fase semifinal:

América de Cali e Estudiantes de La Plata foram os adversários gremistas no triangular

semifinal que classificava apenas o primeiro colocado para a grande decisão.

Page 43: A história do grêmio

A estréia na segunda fase foi contra os argentinos do Estudiantes, no Olímpico. Uma

verdadeira batalha que terminou com a vitória gremista por 2 a 1 com um gol salvador

de Tarciso a poucos minutos do final.

No dia 24 de junho, o Grêmio viajou para Cali onde sofreu sua primeira derrota. 1 a 0

contra o América no estádio Pascoal Guerrero.

Na rodada seguinte, o Estudiantes venceu o América em La Plata deixando as três

equipes empatadas no grupo com dois pontos.

No dia 06 de julho, o Grêmio se vingou da derrota em Cali e bateu o América no

Olímpico por 2 a 1. No jogo onde a grande figura acabou sendo o goleiro Mazarópi que

defendeu uma penalidade máxima nos minutos finais de jogo garantindo a vitória

tricolor e a possibilidade de chegar à final da competição.

Quarenta e oito horas depois, o Grêmio estava em La Plata, na Argentina, para um dos

mais dramáticos jogos de sua história. Um empate em 3 a 3 que ficou conhecido como a

“Batalha de La Plata”. Onde a rivalidade entre brasileiros e argentinos, acirrada pela

Guerra das Malvinas quando os argentinos acusaram os brasileiros de colaborarem com

os ingleses, extrapolou os limites do esporte. Jogadores, dirigentes e torcedores do

Grêmio foram agredidos do início ao fim e o time, dentro de campo, acabou cedendo às

pressões e possibilitou o empate em 3 a 3 depois de estar vencendo por 3 a 1 com três

jogadores a mais e campo.

O resultado acabou encaminhando a classificação, mas o Grêmio acabou dependendo do

último jogo entre América e Estudiantes, em Cali. Em caso de vitória dos argentinos, o

Grêmio acabaria eliminado da competição.

Já eliminado, o América jogou com dignidade, segurou o empate e garantiu a

classificação do Grêmio à grande final contra o Peñarol do Uruguai, embalado pela

vitória no clássico contra o Nacional que garantiu a equipe na decisão.

A final:

Por sorteio, o Grêmio acabou tendo a chance de decidir a Libertadores em seu estádio.

No dia 22 de julho, centenas de gremistas invadiram Montevideo para o primeiro jogo

da grande final

Tita, de cabeça, abriu o marcador para o Grêmio.

Fernando Morena empatou para os uruguaios.

O tricolor segurou o resultado apesar da pressão do Peñarol e o empate acabou sendo

comemorado como um grande resultado

No dia 28, o Grêmio entrou em campo para aquele que seria o maior jogo de sua

história até então.

Empurrado pela grande torcida, o Grêmio não demorou para abrir o marcador: Caio

empurrou para as redes um cruzamento de Osvaldo

Na etapa final, o artilheiro Morena empatou a partida deixando os minutos finais com

ares de dramaticidade. Um novo empate levaria a decisão para um jogo extra, em campo

neutro. Mas o Grêmio não poderia deixar passar essa oportunidade de levantar a taça na

frente de sua torcida: aos 32 minutos da etapa final, Renato cruzou da direita e César

Page 44: A história do grêmio

marcou de cabeça o gol do título

Uma festa que tomou conta de todo o país catapultando a equipe do bairro da Azenha

direto para o Japão, para a decisão do título mundial que seria conquistado em

dezembro.

FICHA DO JOGO > COPA LIBERTADORES Estádio: Olímpico

Local: Porto Alegre/RS

Data: 28/07/83

ÁRBITRO Édson Perez (PER)

AUXILIARES Carlos Montalván (PER)

Henrique Labo (PER)

GOLS Caio e César (Grêmio)

Morena (Penharol)

SUBSTITUIÇÕES - GRÊMIO Entrou César, saiu Caio.

SUBSTITUIÇÕES - PENHAROL

Entrou Peirano, saiu Silva.

CARTÕES AMARELOS Paulo Roberto, Tita e Renato (GRE)

Oliveira, Saralégui e Morena (PEN)

CARTÕES VERMELHOS Renato (GRE) e Ramos (PEN) aos 42' do 2°T

PÚBLICO

Público total: 80.000

GRÊMIO (2) PENHAROL (1)

Mazaropi Fernandez

Paulo Roberto Montelongo

Baidek Olivera

De León Gutierrez

Casemiro Diogo

China Bossio

Osvaldo Saralegui

Tita Salazar

Renato Silva

Caio Morena

Tarciso Ramos

TÉCNICO: Valdir Espinosa TÉCNICO: Hugo Bagnulo

CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Flávio Obino Vice-presidente: Irany Sant'anna

DIRETORIA E COMISSÃO TÉCNICA

Presidente: Fábio André Koff

Vice de futebol: Alberto Galia

Diretores: Túlio Macedo

Page 45: A história do grêmio

Rudy Armin Petry

Supervisor: Antônio Carlos Verardi

Preparador físico: Ithon Fritzen

Médico: Dirceu Colla

LIBERTADORES DE 1995 (O Bicampeonato)

Doze anos depois de conquistar a Copa Libertadores, e com o mesmo Fábio Koff na

presidência do clube, o Grêmio começava a trilhar o árduo caminho do bicampeonato da

competição.

Ao longo do torneio, a equipe foi mostrando sua força e determinação, principalmente

em partidas difíceis e históricas, como os 5 a 0 sobre o Palmeiras e o 3 a 0 no Olímpia

em pleno Defensores del Chaco, na capital paraguai de Assunción.

Na final, o Grêmio teve pela frente o habilidoso Nacional de Medellín. Ao contrário de

1983, desta vez a primeira partida foi disputada no Olímpico, e o Grêmio garantiu uma

boa vantagem: 3 a 1, com um gol contra de Marulanda, um de Jardel e outro de Paulo

Nunes.

O dia 30 de agosto de 1995 colocou o Grêmio no lugar mais alto da América do Sul. O

Nacional, empurrado por 50 mil fanáticos torcedores que superlotaram o estádio

colombiano, saiu na frente logo aos 12 minutos com um gol de Aristizábal.

A partir daí, a pressão do Nacional aumentou, mas o Grêmio estava determinado e

soube conter os colombianos. Foi assim até os 39 minutos do 2º tempo, quando Dinho,

símbolo da raça gremista, empatou a partida numa cobrança de pênalti. A festa já

tomava conta da pequena torcida gremista presente no estádio quando o árbitro encerrou

a partida: O Grêmio era bicampeão da América.

FICHA DO JOGO > COPA LIBERTADORES

Estádio: Atanasio Girardot

Local: Medellín (Colômbia)

Data: 30/08/95

ÁRBITRO

Salvador Imperatore (CHI)

AUXILIARES

Márcio Sandez (CHI)

Mário Maldonado (CHI)

GOLS

Dinho (GRE - 40' do 2° Tempo)

Aristizábal (NAC - 12' do 1° Tempo)

SUBSTITUIÇÕES - GRÊMIO

Entrou Luciano, saiu Adílson.

Entrou Alexandre, saiu Paulo Nunes.

Entrou Nildo, saiu Jardel.

SUBSTITUIÇÕES - NACIONAL

Entrou Herrera, saiu Santa.

Entrou Matamba, saiu Arangó.

CARTÕES VERMELHOS

Goiano (GRE)

Page 46: A história do grêmio

PÚBLICO

Público total: 50.000

GRÊMIO (3) (1) ATLÉTICO NACIONAL

Danrlei Higuita

Arce Santa

Rivarola Marulanda

Adílson Foronda

Roger Mosquera

Dinho Serna

Goiano Gutierrez

Arílson Arango

Carlos Miguel Alexis Garcia

Paulo Nunes Angel

Jardel Aristizábal

TÉCNICO: Luiz Felipe

Scolari

TÉCNICO: Juan José

Peláez

CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Flávio Obino Vice-presidente: Oly Fachin DIRETORIA E COMISSÃO TÉCNICA Presidente: Fábio André Koff Vice de futebol: Luiz Carlos P. Silveira Martins Diretor: Alceu César Pacheco Supervisor: Antônio Carlos Verardi Preparador físico: Paulo Paixão Médico: Paulo Rabaldo

Fotos das Conquistas

Equipe campeã da Copa Libertadores de 1983.

Page 47: A história do grêmio

Equipe campeã da Copa Libertadores de 1995.

Troféus

1904 -

Wanderpreis

1935 - Campeonato

Farroupilha

1981 - Campeonato

Brasileiro

1981 - Copa Punta

Del Este

1983 - Libertadores

da América

1983 - Mundial

Interclubes

1983 - Copa Toyota

1985 - Rotterdam

1985 - Torneio

Palma de Mallorca

1987 - Philips Cup

1989 - Copa do

Brasil

1994 - Copa do

Brasil

1995 - Libertadores

da América

1995 - Sanwa Bank

Cup

1996 - Campeonato

Brasileiro

1996 - Recopa Sul-

Americana

1997 - Copa do

Brasil

1999 - Copa Sul

Brasileira

2001 - Campeonato

Gaúcho

2001 - Copa do

Brasil