_A História Do Papado__ Uma Refutação a Um Programa de TV Adventista

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  • 7/25/2019 _A Histria Do Papado__ Uma Refutao a Um Programa de TV Adventista

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    Publicado em 23 Maio 2013 Escrito por Carlos Nabeto Acessos: 14860

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    Poucos dias aps a renncia de Bento XVI e a eleio do Papa Francisco, o seriado "Evidncias",produzidopela TVNovo Tempo (ligada igreja Adventista, contando com o apoio cultural da sua CasaPublicadora Brasileira [30:18]), dedicou todo um programa "Histria do Papado"[0], apresentado enarrado pelo "telogo e arquelogo" Rodrigo Silva [00:34 / 30:13] que, segundo afirmava, pretendia"contar um pouco da histria dos Papas" [01:27], expondo as coisas segundo "fatos histricos, bblicos e

    profticos" [27:27].

    Conforme este mesmo apresentador, o objetivo de "Evidncias" "a procura de fatos que comprovem averacidade da Bblia Sagrada" [00:36], e que neste programa da srie viriam a ser respondidas asseguintes questes [01:34]:

    Como surgiu o Papado? Pedro foi o primeiro dos Papas? O Papa a besta do Apocalipse?

    Muito embora os crditos apresentados no final do programa no digam quem foi o responsvel peloroteiro final, considerando-se o simples fato de o programa ser produzido para uma emissora

    protestante, no era difcil de "adivinhar" quais respostas seriam dadas para as perguntas acima - uma

    02 04 2016

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    vez que diversas igrejas protestantes no-adventistas tambm responderiam da mesma maneira ou deuma maneira muito semelhante...

    Na verdade, o programa acabou sendo um resumo de todo ensinamento antipapal promovido pelaprofetiza-fundadora do Adventismo do 7o Dia, sra. Ellen Gould White, detalhados nos livros da suaautoria ou nos de seus seguidores[1].

    Porm, o fato que, ao final do programa, o prprio apresentador - que se revelou "ex-catlico" [28:12]-, recomenda-nos a desconfiar de tudo o que foi dito ali: "No confiem prontamente no que estou

    dizendo. Isto mesmo! Essas informaes que voc recebeu foram dadas para que voc investigue por simesmo os fatos e conclua a respeito do que est por trs do maior sistema eclesistico do mundo"[27:40].

    Portanto, atendamos ao seu pedido e investiguemos cuidadosamente, apoiando-nos em fontes bblicas ehistricas, deixando de lado as pseudo-profecias e preconceitos anticatlicos da fundadora doAdventismo do 7o Dia[2] e dos lderes da denominao.

    1. ARGUMENTOS CORRETOS NO INCIO DO PROGRAMA

    Apesar de demonstrar uma posio nitidamente anticatlica no decorrer de todo programa (claramenteinspirada nas diretrizes do sectarismo adventista), o apresentador tem toda a razo ao fazer asafirmaes abaixo, com as quais ns, catlicos, certamente concordamos e reconhecemos como vlidas:

    1) "Nada mais infernal no mundo do que o dio entre os seres humanos e nada pior do queo dio em nome de Deus. E olha que os maus exemplos, infelizmente, podem ser vistos emtodos os lados. Ningum est excludo: vemos crentes desrespeitando imagens e conescatlicos s vezes procos impedindo reunies evanglicas no bairro de sua parquia. Enfim,

    qualquer desrespeito crena do outro algo abominvel" [01:50].

    Sim, o fundamentalismo religioso capaz de cegar e de promover atitudes ilegtimas como legtimas.No ao fundamentalismo!

    2) "Ns, que nos dizemos religiosos, devemos acima de tudo aprender a discordar com classee respeito e, juntamente com isso, ter claro se nossas convices religiosas so de fato

    baseadas em elementos concretos ou em crendice, tradio ou achismo" [02:19].

    verdade, mas devemos ainda basear as nossas discordncias em pontos slidos da Palavra de Deus, dahistria etc., e s no argumentar por argumentar...

    3) "Respeito no significa silncio ou a concrdia em tudo o que o outro diz (...) Investiguemos fatos e vejam a procedncia ou no daquilo que vamos dizer aqui" [02:24].

    Isto o ideal, mas na prtica nem todos podem faz-lo, infelizmente. Por isso os "formadores deopinio" devem ter um cuidado maior ao expor qualquer coisa a algum.

    4) "A verso Tradicional do Catolicismo afirma que o Apstolo Pedro teria sido o 1 Papa.Logo, a Histria do Papado (...) teria comeado no momento em que Cristo confere a Pedro aschaves do Reino, dizendo: 'Tu s Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja' - Mateus,

    captulo 16, verso 18" [03:04].

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    exatamente isso. Pedro foi o 1 Papa. Por consequncia, todos os demais Papas, legitimamente eleitos,foram, so e sempre sero sucessores de So Pedro, nico a quem Cristo confiou as chaves do Reino dosCus.

    Nestes pontos, o que cabe observar...

    2. ARGUMENTOS FALSOS OU EQUIVOCADOS

    Embora o programa tenha at comeado bem nos seus trs primeiros minutos, uma srie de erros epreconceitos tpicos do Adventismo do 7 Dia passaram ento a desfilar pela tela, os quais passaremos aabordar a partir de agora.

    Primeiramente, o apresentador disse: "Vou dar agora os argumentos comumente usados para dizer quePedro seria o 1 Papa e tambm por que discordo deles" [03:28]. Porm, ao apresentar os argumentoscatlicos, seguiu aqui uma ordem que no facilita a compreenso do telespectador e que nem de pertodemonstra a extenso do "problema":

    a) Pedro o mais citado nos Evangelhos [03:35]

    b) Cristo muda o nome de Simo para Pedro [04:37]

    c) Pedro citado em 1o lugar na lista dos Apstolos [05:20]

    d) A frase "Tu es Petrus" [06:09]

    Ora, se o programa pretendesse mesmo apresentar imparcialmente aos seus telespectadores (adventistas

    ou no) o que a Igreja Catlica realmente ensina acerca do Papado (passando depois a refutar essadoutrina, como do seu direito) deveria, ao menos, seguir aquela ordem lgica crescente daargumentao catlica ou, melhor ainda, deveria ao menos partir daquele ponto de origem que o prprioapresentador havia mencionado aos 03 minutos e 04 segundos de programa: Mateus 16,18!!!

    Deste modo, nesta refutao, abordaremos cada um dos contra-argumentos do programa vistos dentro daordem de argumentao catlica, o que facilitar a compreenso da legitimidade e autenticidade dainstituio do Papado e demonstrar a falta de consistncia da contra-argumentao adventista:

    a) Cristo muda o nome de Simo para Pedro

    Querendo apresentar a doutrina catlica sobre o Papado, o programa afirmou que o Catolicismo ensinaque a mudana do nome de Simo para Pedro feita por Jesus " um fato excepcionalmente importante

    para indicar que Pedro deveria ser o lder dos demais Apstolos" [04:49].

    ponto pacfico, portanto, que Jesus de fato alterou o nome de Simo, filho de Jonas, para Pedro.Apesar disso, o programa contra-argumentou que tal mudana no teria importncia, pois era algo quaseque corriqueiro e desprezvel. Isto porque:

    1) Jesus tambm alterara os nomes de Tiago e de Joo, os filhos de Zebedeu, aos quaischamou de "Boanerges" (cf. Marcos 3,17) [05:04].

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    "Boanerges" significa, em aramaico, "filhos do trovo". muito provavelmente uma referncia tcita aoepisdio narrado por Lucas 9,51-56, em que estes irmos, indignados pela falta de acolhida da parte dossamaritanos, perguntaram a Jesus: "Senhor, queres que digamos que o fogo caia do cu e os consuma?"(isto , o mesmo castigo que o profeta Elias infligira aos seus adversrios, cf. 2Reis 1,10-12).

    Pois bem. Aqui, no ocorre alterao de nomes, j que mesmo depois ambos continuam sendo chamadospelos seus respectivos nomes originais, ou seja: Tiago e Joo constitui mais um apelido do que umacrscimo ou substituio de prenomes. Simo, ao contrrio, teve o seu prenome alterado de fato. Umavez alterado, passa a ser chamado de "Pedro" ou "Simo Pedro" (na lngua grega do Novo Testamento)

    ou "Cefas" (na lngua aramaica original de Jesus). Em suma: o novo nome Pedro/Cefas acrescentado eat substitui o antigo nome "Simo".

    2) Mudar o nome de algum seria "apenas colocar um apelido carinhoso e no colocar algum frente do grupo" [05:14].

    Podemos dizer que o apelido "Boanerges" dado por Cristo a Tiago e Joo, filhos de Zebedeu, realmentepode se tratar de um "apelido carinhoso", eis que baseado em um "episdio interessante" protagonizadopor esses irmos (cf. Marcos 3,17), como dissemos acima.

    O mesmo, porm, no se aplica a Pedro... Com Pedro ocorre algo semelhante ao que ocorreu com Abroe Jac, que tiveram seus nome alterados respectivamente para Abrao e Israel, sendo identificados pelos

    judeus como seus primeiros patriarcas (e, portanto, lderes). Assim:

    Em Gnesis 17,15, Deus altera o nome de Abro para Abrao, tornando-o "Pai de uma multido denaes".

    Em Gnesis 32,29, o Anjo do Senhor, porta-voz de Deus, altera o nome de Jac para Israel, tornando-o"Pai da nao de Israel".

    certo, portanto, que na cultura hebraica, nomes e mudanas de nomes nos dizem algo permanente

    sobre o carter e a nova vocao do nomeado. Deste modo, bem escreve Steve Ray:- "A mudana do nome de Simo significativa. Porm, ainda mais importante aquilo que

    foi mudado. Um judeu perceberia imediatamente o que a maioria dos leitores [ocidentais] noconsegue notar. O nome 'Pedro' a verso portuguesa da palavra grega que significa 'pedra'.

    Jesus falava aramaico e a palavra empregada para atribuir o novo nome a Simo foi apalavra aramaica 'keffa', que tambm significa 'pedra'. por isso que Simo chamado de'Cefas' em certas passagens do Novo Testamento (p.ex. Joo 1,42 1Corntios 15,5 Glatas1,18). Ningum fra chamado 'pedra' anteriormente, a no ser Deus e... Abrao. Abrao referido como a pedra da qual os judeus saram (cf. Isaas 51,1). No entanto, Deus o nico a

    ser chamado 'pedra'. Pedro agora compartilha este nome. O que pensaria um judeu ao ver que outorgado semelhante nome a um simples homem? Na mesma passagem encontramos outroexemplo surpreendente da necessidade de se conhecer o esprito judaico da Bblia. Encontra-

    se na frase de Mateus 16,19, que menciona as 'chaves do Reino'. Em parte, devido falta deconhecimento da cultura judaica, esta passagem entendida frequentemente da formaincompleta, reduzindo-se o conceito das 'chaves do Reino' simplesmente pregao, por partede Pedro, durante o Pentecostes (outra palavra desconhecida fora da religio judaica),'abrindo com as chaves as portas dos cus'. Muitos protestantes cometem este erro ao tentarcompreender esta passagem sem contar com o benefcio de um 'antecedente judaico'. O querepresentavam as 'chaves' para os judeus que realmente ouviram a Palavra de Deus? Qualinterpretao daria um judeu da imagem das chaves que o Rei Jesus entregou a Pedro? Os

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    fariseus memorizavam grandes partes do Antigo Testamento, se que no memorizavam todoo 'Tanakh'. O judeu de conhecimento mdio conhecia profundamente as Escrituras. Quando

    Jesus disse a Pedro que ele receberia as 'chaves do Reino dos cus', os judeus imediatamenterecordariam Isaas 22 e o despacho monrquico do Mordomo Real que administrava a casado Rei"[3].

    No existe, assim, a mnima possibilidade de a mudana do nome de Pedro ser to somente "um apelidocurioso", como diz o programa: de fato a mudana de nome aponta o carter e a vocao de Pedro paraexercer a liderana mxima da Igreja, o que ocorre efetivamente quando Jesus lhe confere a tarefa de

    confirmar os seus irmos na f (cf. Lucas 22,31-32) e, aps a Sua ressurreio, confiar-lhe todo o seurebanho e no apenas uma parte (cf. Joo 21,15-17).

    b) "Tu es Petrus"

    Aps a leitura da passagem de Mateus 16,16-19, o programa explicou que, conforme adoutrina catlica, a pedra sobre a qual Jesus edificaria a Sua Igreja Pedro [06:18] e queocorre aqui um trocadilho entre as palavras gregas "Pedro (Petros)" e "pedra (petra)" [07:11].

    Isto correto: a Igreja Catlica ensina isso mesmo. Contudo, o programa contra-argumentou que:

    1) No possvel saber ao certo o jogo de palavras que foram usadas originalmente porCristo, j que Ele falava em aramaico [07:29].

    Pois bem: o programa reconhece que Jesus falava em aramaico e empregou aqui um "jogo de palavras"isto so dois pontos pacficos. Logo, devemos buscar no idioma aramaico a resposta para a questo do

    jogo de palavras usadas por Jesus, pois foi isto o que Ele fez de fato.

    Existe uma antiqussima verso aramaica da Bblia chamada Peshitta, adotada pelas grejas orientaiscatlicas e ortodoxas da Sria, onde podemos ler, na prpria lngua de Jesus, as palavras que Eleempregou nesse exato trecho de Mateus 16,18:

    Observe-se, na traduo para o ingls (oferecida pela imagem acima), a dupla ocorrncia da palavra"Keppa" e o fato de no haver qualquer diferena na grafia dessa palavra em aramaico. A primeiraocorrncia significa o nome prprio "Pedro" (Petros, em grego) a segunda, o objeto "pedra" (petra, emgrego). Como vemos, o jogo de palavras de Cristo usa o mesmo termo-base "Keppa", tornando o

    trocadilho perfeito na expresso: "Tu s Pedro (keppa) e sobre essa pedra (keppa) edificarei a minhaIgreja".

    Ento como facilmente percebemos, neste caso no h a mnima diferena no aramaico entre os gnerosmasculino ("Pedro") e feminino ("pedra") ambas as palavras so grafadas do mesmo modo: "keppa".

    2) Existiria uma "grande diferena etimolgica no Novo Testamento" entre as palavras gregas"petros" e "petra": "'petros' refere-se a um pedregulho, uma pedrinha qualquer" enquanto que"'petra' uma rocha slida" [07:43].

    A observao do programa at poderia ser relevante se no fossem trs fatos:

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    a) Como j foi dito e como bem reconheceu o programa na contra-argumentao anterior, Jesus falavaem aramaico. Com efeito, em sua lngua original Jesus empregou por duas vezes a palavra "keppa" parase referir a Pedro e pedra sobre a qual Ele edificaria a sua Igreja. Se Cristo quisesse mesmo chamarSimo de "pequena pedra" (="Pedrinho") em aramaico o teria feito usando a palavra aramaica "evna" eno "keppa"...

    b) H diversas notcias nos escritos dos primitivos Padres e Escritores da Igreja[4] que nos do notciade que o Evangelho de Mateus foi escrito originalmente na lngua falada pelos judeus (=aramaico) e noem grego, de modo que certamente foi empregada a palavra aramaica "keppa" e no as palavras gregas

    "petros/petra" estas duas palavras s foram usadas quando esse Evangelho foi traduzido para o gregoque, ao contrrio do aramaico, faz diferenciao entre os gneros masculino e feminino (como tambmocorre em outras lnguas, como no ingls, no espanhol e at mesmo no portugus) da, ento, anecessidade do grego empregar "petros" para "Pedro" e "petra" para "pedra", para que a ortografia nodemande em erro de gnero.

    c) "Como sabem os conhecedores de grego (mesmo os no catlicos), as palavras 'petros' e 'petra' eramsinnimos no grego do primeiro sculo. Elas significaram 'pequena pedra' e 'grande rocha' em umavelha poesia grega, sculos antes da vinda de Cristo, mas esta distino j havia desaparecido notempo em que o Evangelho de So Mateus foi traduzido para o grego. A diferena de significados existe

    apenas no grego tico, mas o Novo Testamento foi escrito em grego 'koin', um dialeto totalmentediferente. E, no grego koin, tanto 'petros' quanto 'petra' significam 'rocha'. Se Jesus quisesse chamarSimo de 'pedrinha', usaria o termo [grego] 'lithos'. (para a admisso deste fato por um estudioso

    protestante, veja-se D. Carson, "The expositors Bible Commentary". Grand Rapids: Zondervan, 1984,Frank E. Gaebelein, ed., 8: 368)"[5].

    3) Jesus no teria dito: "Sobre ti, Pedro, edificarei a minha Igreja", mas sim: "Sobre essa pedraedificarei a minha Igreja" [07:59].

    Repare-se, porm, que Jesus tambm no disse: "Sobre Mim mesmo, edificarei a minha Igreja" ou:"Pedro, sobre a tua confisso de f, edificarei a minha Igreja"... E por que no falou nada disso e nemmesmo "Sobre ti, Pedro, edificarei a minha Igreja"?

    Primeiro, porque seno seria perdido o trocadilho, o jogo de palavras.

    Segundo, porque era desnecessrio explicitar ainda mais o que por si s j estava to claro:

    a) Jesus se dirige a todos os seus Apstolos e pergunta-lhes: "Quem vs dizeis que Eu sou?"> Aqui Jesus aponta para si mesmo.

    b) Apenas Simo, filho de Jonas, responde: "Tu s o Cristo, o Filho do Deus vivo"> Aqui Pedro aponta para Jesus.

    c) A partir de ento, Jesus se dirigir sempre e somente para Pedro:1 frase) Bem-aventurado s TU, Simo, filho de Jonas (...)2 frase) Pois tambm eu TE digo:3 frase) TU s 'KEFFA' (='Pedro', 'pedra' e no: 'Evna', 'Pedrinho', 'pequena pedra')4 frase) e sobre ESSA 'KEFFA' (='pedra') edificarei a minha Igreja (...)5 frase) e eu TE darei as chaves do Reino dos Cus6 frase) e tudo o que TU ligares na terra ser ligado nos cus7 frase) e tudo o que TU desligares na terra ser desligado nos cus.

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    Deste modo, nestas 7 frases de Cristo dirigidas diretamente a Pedro, porque to somente a 4 frasedestoaria de todo o conjunto, para apontar para o prprio Cristo (como afirmam alguns protestantes) ou

    para fazer referncia confisso de f de Pedro (como afirmam outros protestantes)? No! Ela tambmdeve apontar para Pedro tal como as demais 6 frases desse conjunto!

    Terceiro, vemos nos Evangelhos que diversos outros personagens confessaram o mesmo que Pedro e,mesmo assim, Jesus no lhes atribuiu absolutamente nada em relao Sua Igreja: Natanael fez suaconfisso de f antes de Pedro (cf. Joo 1,49) os outros Onze discpulos tambm O confessaram antesde Pedro (cf. Mateus 14,33) o ladro crucificado com Jesus reconheceu que Ele era o Cristo (cf. Lucas

    23,42) Marta idem (Joo 11,27)... Logo, ao se dirigir a "KEFFA" e prometer "edificar sobre 'ESSAKEFFA'", Jesus s podia estar se referindo a Pedro, de modo que no pode haver nenhuma dvida:Pedro a pedra sobre a qual o prprio Jesus edificar a sua Igreja.

    Muito a propsito, assim traduz (e interpreta!) a Bblia protestante denominada "The Living Bible" apassagem de Joo 1,42:

    - "Mas tu sers chamado Pedro, a pedra" (="but you shall be called Peter, the rock").

    4) Posteriormente, o prprio Pedro (talvez recordando-se desse evento em Cesareia de Felipe),teria se referido aos crentes como sendo um edifcio de pedras que vive aliceradas sobre aPedra viva que Cristo Jesus e no ele, Pedro (cf. 1Pedro 2,1-10) e que Paulo seguiria omesmo caminho (cf. 1Corntios 3,11) [08:26].

    Isso uma "meia-verdade", pois lemos em 1Pedro 2,4-5:

    - "Tambm vs sois PEDRAS vivas, que entram na construo de um edifcio espiritual".

    Ocorre que aqui, Pedro est escrevendo diretamente em grego e emprega exatamente a palavra "lithos",ou seja, literalmente "pedras pequenas". Isto significa que cada crente como uma pequena pedra queentra numa obra e que, associados uns aos outros, constituem todo um edifcio (neste caso, o edifcio

    espiritual, que a Igreja). Aqui, Pedro no chama os crentes de "petras" em grego, porque as "petras",em grego, certamente so maiores, j que so empregadas para as fundaes da obra. Logo, Cristoconstituiu Pedro como primeira pedra da sua Igreja (Cristo ps a primeira Pedra, sobre a qual edificar asua Igreja, sendo Ele mesmo, Jesus, o Fundador e Pedra Angular que mantm tudo de p).

    No tocante a 1Corntios 3,11, diz que "ningum pode pr outro alicerce alm daquele que foi colocado:Jesus Cristo". Ocorre que quem resolveu empregar Pedro nas fundaes e edificar a Igreja sobre ele foio prprio Cristo e no outros homens, de modo que este versculo no pode ser aplicado contra Pedro.

    Na verdade, o grande problema da comunidade de Corinto era a sua frequente tendncia aodivisionismo: uns diziam que seguiam a Cristo, outros que seguiam Apolo, outros Paulo, outros Cefas

    como lemos nos versculos 3 e 4 desse mesmo captulo. Paulo ento est ensinando aqui que a doutrinada F, embora transmitida pessoalmente por ele e por outras lideranas da Igreja, s podem estarapoiadas em Cristo (isto : so cristocntricas), pois somente Este redimiu a todos (versculo 5).

    Basta ento ler os 15 primeiros captulos dos Atos dos Apstolos e as duas pequenas Cartas de Pedropara constatar que exatamente isto que este Apstolo (e os Papas, seus sucessores) faz: transmite adoutrina da salvao fundamentando-se sempre no prprio Cristo Jesus.

    5) Em nenhum momento Cristo teria dito aos demais Apstolos que Pedro seria o seu lderpelo contrrio, Cristo teria afirmado a igualdade hierrquica entre os Doze [08:58].

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    Com base em tudo o que dissemos acima, vemos que totalmente desnecessrio encontrarmos umareferncia expressa de Cristo aos demais Apstolos comunicando a supremacia de Pedro (e se existisseessa referncia, o que diriam os protestantes? Que estaria faltando o registro da autenticao e oreconhecimento da firma no Tabelionato de Ttulos e Documentos?).

    Ademais, no se confunde "igualdade pastoral" com "igualdade jurisdicional". Pastoralmente, todos osBispos do mundo tm os mesmos mnus do Papa (que o Bispo de Roma): ensinar, governar esantificar o seu rebanho. Porm, a jurisdio do Papa cobre Roma e toda a Igreja universal (j que Cristoconfiou-lhe as chaves do Reino e todo o Seu rebanho, tendo ele ainda o dever de confirmar todos os seus

    irmos na f), enquanto que a jurisdio dos demais Bispos restringe-se s suas respectivas dioceses.

    Ora, a liderana de Pedro sobre toda a Igreja notoriamente inquestionvel:

    Foi o nico Apstolo a ter o seu nome alterado para "pedra", conectando-o tambm a Abrao, "pedra"(cf. Isaas 51,1).

    Foi o nico Apstolo a receber de Jesus as chaves do Reino dos cus.

    Foi o nico Apstolo a receber o nus de confirmar os seus irmos na f.

    Foi o nico Apstolo a presidir a eleio de Matias para ocupar o lugar de Judas Iscariotes,determinando assim o incio da praxe da sucesso apostlica (Atos 1,15-26).

    Foi o Apstolo que proferiu a 1 pregao pblica da Doutrina Crist em ambiente fechado no dia dePentecostes (Atos 2,14-40).

    Foi o Apstolo que proferiu a 1 pregao pblica da Doutrina Crist em ambiente aberto junto aoPrtico de Salomo (Atos 3,12-26).

    Foi o Apstolo que conheceu a 1 causa jurdica da Igreja, julgando com a mxima autoridade eirrecorribilidade, a fraude de Ananias e sua esposa Safira (Atos 5,1-11).

    Foi o Apstolo que realizou a 1a visita apostlica fora do ambiente judaico (Atos 9,32-43).

    Foi o Apstolo que decidiu pela recepo dos gentios na Igreja (Atos 10,1-48).

    Foi o Apstolo que sozinho e por autoridade pessoal, definiu o 1o dogma da Igreja, permitindosolenemente o ingresso dos gentios na Igreja, sem a necessidade da circunciso (Atos 15,7-11).etc.

    Tanto Pedro possui uma posio mpar na Igreja, que os outros "grandes" Apstolos, que entram emrelao com ele, dispensam-lhe sempre uma posio de grande reverncia: Paulo (Glatas 1,8), Joo(Joo 21,15-17), Tiago (durante o Conclio de Jerusalm, Atos 15) etc.

    c) A lista dos Apstolos

    Afirmou o programa que os telogos catlicos ensinam que "sempre que os nomes dos Doze Apstolosso mencionados, o de Pedro vem em primeiro lugar" e que Pedro tambm chega a ser citado at emuma expresso coletiva: "Pedro e os que o acompanhavam" (cf. Marcos 1,36) [05:28].

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    Mas se por um lado o programa reconheceu que de fato Pedro exerceu certa liderana sobre ogrupo [05:47], por outro contra-argumentou apenas que tal liderana se teria dado por poucotempo, pois assim que a Igreja primitiva se organizou, o 1o lder efetivo dela foi Tiago e noPedro (cf. Atos 12,17 15,12 Glatas 1,18-19) [05:54].

    De fato, na lista dos Apstolos, Pedro sempre citado em primeiro lugar, em todos os casos. Em Mateus10,2, Pedro at mesmo qualificado como "o primeiro":

    - "Eis os nomes dos doze Apstolos: O PRIMEIRO, Simo, chamado Pedro".

    Isso por si s j capaz de demonstrar a sua liderana no grupo, at porque Pedro no foi o primeirodiscpulo a ser chamado por Jesus... Os dois primeiros a serem chamados foram Andr e, muito

    provavelmente, Joo Evangelista, ambos discpulos de Joo Batista (cf. Joo 1,37-40).

    Quanto liderana de Tiago, devemos observar, em 1o lugar, que a "futura" Igreja recebeu de Cristouma misso universal (da a sua catolicidade):

    - "Toda autoridade sobre o cu e sobre a terra me foi entregue. Ide, portanto, e fazei que todasas naes se tornem discpulos" (Mateus 28,18-19).

    - "Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura" (Mateus 16,15).

    - "Recebereis uma fora, a do Esprito Santo, que descer sobre vs e sereis minhastestemunhas em Jerusalm, em toda a Judeia e a Samaria, e at os confins da terra" (Atos1,8).

    No entanto, a totalidade do rebanho de Cristo foi por Ele mesmo confiado, aps a Sua ressurreio, tosomente a Pedro:

    - "Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simo Pedro: Simo, filho de Joo, amas-me mais doque estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta osmeus cordeiros. Perguntou-lhe outra vez: Simo, filho de Joo, amas-me? Respondeu-lhe:Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe pela terceira vez: Simo, filho de Joo, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe

    perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que teamo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas" (Joo 21,15-18).

    Com efeito, a igreja de Jerusalm, no constitui em sentido prprio a Igreja Universal, Catlica, masapenas uma frao dela (=Diocese), de modo que a liderana de Tiago apenas local - por bviaconcesso do lder universal, Pedro. Podemos observar isso claramente observando a conduo dochamado "Conclio de Jerusalm" (cf. Atos 15):

    Aps a apresentao do problema que dividia as comunidades crists fora de Jerusalm (versculos 1 a5), Pedro, mais uma vez manifesta a sua liderana DEFININDO este dogma (o 1o da Igreja Crist):"Cremos que seremos (=os judeus) salvos pela graa do Senhor Jesus Cristo [e no pela circunciso],como eles (=os gentios) tambm" (versculo 11). E o versculo 12 aponta categoricamente: "EntoTODA A MULTIDO SE CALOU".

    Portanto, Pedro DECIDIU o Conclio, permitindo o ingresso dos gentios na Igreja sem a necessidade decircunciso. O lder da igreja local, Tiago, s vai tomar a palavra APS Pedro ter procedido aDEFINIO, para meramente propor uma prtica pastoral que visava implementar a definio

    doutrinria de Pedro. Tiago, portanto, apenas explicita pastoralmente aquela definio de Pedro.

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    Note-se, ainda, que Pedro no precisou pedir a palavra aos demais participantes do Conclio: bastou selevantar e todos passaram a ouvi-lo diligentemente, sem interromp-lo (versculo 7) enquanto queTiago, ao contrrio, precisou pedir vnia para que fosse ouvido (versculo 13). Isto bem demonstra quemera o lder da Igreja universal, quem era o chefe do Colgio Apostlico...

    d) Pedro o mais citado nos Evangelhos

    O programa reconheceu tambm que Pedro o mais citado nos Evangelhos, sendo citado pelosevangelistas cerca de 171 vezes [03:40] e que "o temperamento expansivo e a energia de Pedro" o

    colocou em destaque, tendo sido com certeza um dos lderes da Igreja [04:10].

    Apesar disso, contra-argumentou que:

    1) Se for considerado todo o Novo Testamento, Paulo o Apstolo mais citado [03:46],querendo com isto afirmar implicitamente que se o argumento catlico fosse correto, Pauloteria sido o 1 Papa e no Pedro.

    O argumento catlico quer chamar a ateno para a liderana e importncia inequvoca de Pedro noperodo anterior Asceno do Senhor. Foi exatamente neste perodo, coberto apenas pelos Evangelhos,que Cristo:

    i) prometeu edificar a Sua Igreja sobre Pedro (Mateus 16,16-19)

    ii) ordenou que Pedro, aps sua efetiva converso, confirmasse os seus irmos na f (o que inclui,certamente, os demais Apstolos cf. Lucas 22,31-32).

    iii) confiou-lhe de direito e de fato todo o seu rebanho (Joo 21,15-17).

    Temos a ento, nesse pequeno perodo, as bases da Igreja, da qual So Paulo no participa. Da aimportncia da argumentao teolgica ser crescente e no desordenada como fez o programa, nesteepisdio contra o Papado.

    De outro modo, So Paulo (chamado por Cristo aps a sua Ascenso) age sempre reconhecendo aliderana de Pedro sobre a primitiva Igreja crist. Por isso, aps a sua converso, encerrado o seu retirode 3 (trs) anos na Arbia, dirigiu-se a Jerusalm fim de encontrar-se pessoalmente com Pedro, comquem ficou durante 15 dias (cf. Glatas 1,18), citando Tiago apenas de relance, secundariamente (cf.Glatas 1,19).

    Ora, se Paulo no reconhecesse a autoridade de Pedro porque teria "perdido tempo" passando 15 diascom Pedro e no com Tiago, que segundo o programa, seria o verdadeiro lder da Igreja universal? Noh dvidas, assim, de que Paulo tambm reconhecia a primazia e a autoridade de Pedro sobre toda a

    Igreja.

    2) Se a ocorrncia de nomes pode ser tido por sinal de hierarquia, dever-se-ia observar queJudas Iscariotes foi o 2 mais citado nos Evangelhos e que nem por isso se poderia dizer queele era o mentor dos demais [03:56].

    Judas nem de perto se aproxima de Pedro: citado to somente 20 vezes e quase sempre para apontar-lhe traos negativos!!!

    Por isso, esta contra-argumentao adventista totalmente absurda e desprovida sentido... o tpico usoda "metralhadora giratria" protestante: na falta de uma contra-argumentao lgica, "atira-se"

    rapidamente para todos os lados, s para no dar o brao a torcer.

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    3) Pedro "jamais foi o topo da lista ou Papa dos demais Apstolos. No h nada, nenhumaindicao histrica ou bblica que aponte para uma liderana, digamos, 'papal' de Pedro"[04:23]

    Ao contrrio, Pedro encontra-se sempre no topo das listas bblicas. Basta uma simples leitura paracomprov-lo documentalmente:

    - Mateus 10,2-4: "Eis os nomes dos doze apstolos: O PRIMEIRO, SIMO, CHAMADOPEDRO depois Andr, seu irmo. Tiago, filho de Zebedeu, e Joo, seu irmo. Filipe e

    Bartolomeu. Tom e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simo, o cananeu, eJudas Iscariotes, que foi o traidor".

    - Marcos 3,14-19: "Designou [Jesus] doze dentre eles para ficar em sua companhia. (...)Escolheu estes doze: SIMO, A QUEM PS O NOME DE PEDRO Tiago, filho de Zebedeu, eJoo, seu irmo, aos quais ps o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovo. Eleescolheu tambm Andr, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tom, Tiago, filho de Alfeu Tadeu,Simo, o Zelador e Judas Iscariotes, que o entregou".

    - Lucas 6,13-16: "Ao amanhecer, chamou os seus discpulos e escolheu doze dentre eles quechamou de apstolos: SIMO, A QUEM DEU O SOBRENOME DE PEDRO Andr, seuirmo Tiago, Joo, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tom, Tiago, filho de Alfeu Simo, chamado

    Zelador Judas, irmo de Tiago e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor".

    - Atos 1,13: "Tendo entrado no cenculo, subiram ao quarto de cima, onde costumavampermanecer. Eram eles: PEDRO e Joo, Tiago, Andr, Filipe, Tom, Bartolomeu, Mateus,Tiago, filho de Alfeu, Simo, o Zelador, e Judas, irmo de Tiago".

    Alm disso, h inmeros testemunhos histricos, bem do incio do Perodo Patrstico (que o programa,por pura convenincia, faz questo de ignorar), apontando Pedro como a pedra sobre a qual Cristofundou a Sua Igreja e como origem da instituio do Papado. Cito apenas duas:

    - "Foi ocultado algo a Pedro, que foi chamado 'pedra sobre a qual a Igreja seria edificada',que obteve as chaves do Reino dos Cus e o poder de desligar e ligar nos cus e na terra?"(Tertuliano de Cartago, +220 Da Prescrio dos Hereges 22,2-4).

    - "[Os hereges] se atrevem a atravessar o mar [Mediterrneo] para levar cartas de cismticose profanos ctedra de Pedro e Igreja principal, de onde provm a unidade do sacerdcio.

    Esquecem, porm, que so esses mesmos romanos que tiveram sua f louvada pelo Apstolo e[so] inacessveis perfdia" (Cipriano de Cartago, +258 Carta 59,14).

    Por isso conclua magistralmente o grande Doutor de Hipona, Santo Agostinho (+430):

    - "Quem ignora que o prncipe dos Apstolos o bem-aventurado Pedro? (...) A Igreja atuaem bendita esperana at nesta vida problemtica, e esta Igreja (...) foi personificada no

    Apstolo Pedro, por conta do primado que obteve dentre os Apstolos" (Tratado sobre Joo56,1 124,5).

    Quem disse ento que a primazia de Pedro no encontra eco na Bblia e na Histria???

    Para mais referncias do Perodo Patrstico, recomendamos a leitura do livro "A F Crist Primitiva -Coletnea de Sentenas Patrsticas", que pode ser adquirido no Clube de Autores[6].

    Finalmente, para concluir esta parte da refutao, devemos observar que a doutrina catlica sobre o

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    Papado no se fundamenta apenas nessas "4 razes" apontadas pelo programa adventista. Muito pelocontrrio, sustenta-se bblica e historicamente em dezenas e mais dezenas de argumentos. DaveArmstrong, por exemplo, cita 50 razes apoiando-se to somente na Bblia[7]!

    3. ACUSAES CONTRA A INSTITUIO DO PAPADO QUE DESPREZAM A DOUTRINACATLICA

    Aps tentar oferecer contra-argumentaes para s 4 argumentos catlicos que justificam a instituiodo Papado, o programa passou a apresentar contra-argumentos contra o "regime papal","fundamentando-se" na Bblia e, paradoxalmente, em diversas fontes extrabblicas.

    Sim, dizemos "paradoxalmente" porque sendo os Adventistas do 7 Dia uma denominao protestante(muito embora muitos protestantes neguem isto), deveriam contra-argumentar apelando "apenas para aBblia" (=doutrina da "Sola Scriptura"), como todos os demais protestantes[8]. Ora, socorrendo-se agorade fontes extrabblicas, em especial dos Padres da Igreja (sendo que todos eles eram catlicos!!!),verifica-se que na prtica a "Sola Scriptura" insuficiente para os Adventistas demonstrarem que a

    antiqussima instituio do Papado seria uma doutrina errnea.Deploravelmente, quando a maioria dos protestantes questionam os catlicos, exigem que apresentemosas nossas razes "usando apenas a Bblia" (sendo que a prpria Bblia no ensina nem exige isto!!!)

    porm, entre eles, internamente, tambm precisam apelar para o seu "magistrio" e para as suas"tradies" denominacionais, de modo que tambm no aplicam a "Sola Scriptura" que afirmamobservar...[9]

    Vamos aos contra-argumentos:

    a) "Fundamentados" na Bblia

    1) Jesus advertiu aos Apstolos que no se deixassem ser chamados de "pai", porque s Deus Pai (cf. Mateus 23,1-12) no entanto, curiosamente, o lder catlico se denomina "Papa", quequer dizer "Pai" em latim [09:17].

    Ok. Historicamente, convm lembrar que o termo latino "papa" provm do grego "papas", variao de"pappas", que quer dizer "pai". Nos primeiros sculos do Cristianismo, o ttulo era aplicado a todos os

    bispos, como expresso de afeto. Com o tempo, passou a ser empregado apenas para o Bispo de Roma,em virtude da sua peculiar posio como sucessor de So Pedro, pastor de toda a Igreja e Vigrio deCristo sobre a terra.

    A contra-argumentao apresentada to simplista que o que realmente faz, na verdade, isolar talafirmao de Cristo do seu contexto. Com efeito, quando Jesus diz que "no devemos chamar ningumde pai", est tratando de um assunto bem diferente: da hipocrisia dos fariseus e doutores da lei, que

    punham Deus de lado e se colocavam ilegitimamente no Seu lugar, como podemos facilmente observarpelos versculos 6 e 7. Estes eram totalmente obcecados pelo respeito e louvor humanos. O que Cristoquer para os seus lderes que sejam humildes: que se contemplem como realmente so, quecontemplem os outros como realmente so e que contemplem a Deus na verdade, como realmente Ele (cf. Santa Teresa d'vila).

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    Ora, se realmente no pudssemos chamar ningum de pai, teramos que riscar o Mandamento divinoque diz: "Honra teu PAI e tua me, para que teus dias se prolonguem sobre a terra que te d o Senhor,teu Deus" (xodo 20,12). Mas ser que os Adventistas - que nos acusam e se apegam tanto letra dosDez Mandamentos (a ponto de ignorar solenemente o esprito da Lei) - concordariam com isto?

    Estudando melhor o assunto, o Pe. Mitch Pacwa[10] apontou que "Existem cerca de 144 ocasies noNovo Testamento onde o ttulo "pai" empregado para algum que no seja Deus: para os patriarcas deIsrael, para os pais de famlia, para os lderes judeus e para os lderes cristos". No a toa, portanto, queo prprio So Paulo escreve aos fiis cristos, na condio de "pai espiritual":

    - "No vos escrevo isto para vos envergonhar, mas para admoestar-vos como a filhos queridos. Pois,embora tenhais como cristos dez mil instrutores, no tendes muitos pais. Anunciando a boa notcia, euvos gerei em Cristo" (1Corntios 4,14-15).

    - "A Timteo, meu verdadeiro filho na f: Graa, misericrdia e paz da parte de Deus nosso Pai, e dade Cristo Jesus, nosso Senhor" (1Timteo 1,2).

    - "A Tito, meu verdadeiro filho, segundo a f comum: graa, misericrdia, e paz da parte de Deus Pai, eda do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador" (Tito 1,4).

    - "Peo-te por meu filho Onsimo, que gerei nas minhas prises" (Filemon 1,10).

    E no s Paulo... O Apstolo Joo tambm se dirigia aos cristos chamando-os de "Filhinhos"(cf. 1Joo1,2).

    Ora, se os cristos no pudessem mesmo chamar ningum de pai, o primeiro Mrtir da Igreja, SantoEstvo, no teria cometido "erro to crasso":

    - "E ele disse: 'Homens, irmos e PAIS, ouvi: O Deus da glria apareceu a nosso PAI Abrao, estandona Mesopotmia, antes de habitar em Har" (Atos 7,2).

    ...nem, muito menos, o experimentadssimo So Paulo (pois, vindo de um Apstolo que instrui as igrejasna reta F, isso seria totalmente injustificvel):

    - "Homens, irmos e PAIS, ouvi agora a minha defesa perante vs" (Atos 22,1).

    - "Portanto, pela f, para que seja segundo a graa, a fim de que a promessa seja firme a toda aposteridade, no somente que da lei, mas tambm que da f que teve Abrao, o qual PAI detodos ns" (Romanos 4,16).

    Com efeito, considerando que os catlicos, ao se dirigirem ao Papa, no esto atribuindo a ele aquele

    significado que designa propriamente o Pai celeste, mas sim usando um termo que meramente indicarespeito, reverncia e afeto, de que realmente legtimo merecedor, mais do que bvio de que no hproblema nenhum nisto, caso contrrio os protestantes tambm no poderiam chamar seus lderes de"pastores" j que, pela Bblia, somente Cristo "o Bom Pastor" (cf. Joo 10,11.14).

    2) Quanto s chaves dadas por Jesus a Pedro, com o poder de ligar e desligar no cu e na terra,"esse mesmo elemento" foi conferido em outras passagens bblicas "a todos os discpulos deCristo e no apenas a um deles" (cf. Mateus 18,18 Joo 20,23 Apocalipse 1,18) [09:51].

    Reproduzamos, ento, as passagens bblicas citadas pelo programa:

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    - Mateus 18,18: "Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra ser ligado no cu, e tudo o quedesligardes na terra ser desligado no cu".

    - Joo 20,23: "Aqueles a quem perdoardes os pecados lhes so perdoados e queles a quem osretiverdes lhes so retidos".

    - Apocalipse 1,18: "Eis que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amm. Etenho as chaves da morte e do inferno"

    Em Mateus 18,18 e Joo 20,23, Jesus est se dirigindo aos Apstolos como um todo. No entanto, nestasduas passagens no se fala nada das "chaves do Reino dos Cus" fala apenas das funes de ligar/reter edesligar/no reter, tambm entregues a Pedro em Mateus 16,16-19.

    Apocalipse 1,18, por outro lado, fala das chaves da morte e do inferno. Portanto, estas NO so as"chaves do Reino dos Cus" e permanecem de posse plena do Senhor. Pretender que as chaves doInferno sejam as mesmas do Cu um verdadeiro estupro Palavra de Deus.

    Pois bem: como facilmente percebemos, SOMENTE Pedro recebeu as chaves do Reino nenhum outroApstolo as recebeu (nem mesmo Joo, o "discpulo amado" e, cronologicamente, o ltimo a falecer). Eo que seriam essas chaves? Representam justamente a primazia sobre toda a Igreja: Pedro, recebendo as

    chaves do Reino, torna-se o legtimo representante de Cristo-Rei sobre a terra, da mesma forma comolemos em Isaas 22,22, onde o Rei Ezequias remove de Sobna as chaves da casa de Davi e as entrega aoseu novo sucessor Eliacim, que passa a ser ento o novo mordomo ou vizir do reino de Israel e Jud,detendo todo o poder do Rei, exceto o seu prprio trono.

    3) No que diz respeito passagem em que Jesus pede a Pedro para que apascente as suasovelhas (cf. Joo 21,15), este pedido tambm , em outras passagens, "estendido a todos osmembros do grupo" (cf. 1Pedro 5,1-4) [10:19].

    Leiamos agora 1Pedro 5,1-4:

    - "Aos presbteros, que esto entre vs, admoesto eu, que sou tambm presbtero com eles, e testemunhadas aflies de Cristo, e participante da glria que se h de revelar: Apascentai o rebanho de Deus, queest entre vs, tendo cuidado dele, no por fora, mas voluntariamente nem por torpe ganncia, masde nimo pronto Nem como tendo domnio sobre a herana de Deus, mas servindo de exemplo aorebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcanareis a incorruptvel coroa da glria.Semelhantemente vs jovens, sede sujeitos aos ancios e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas d graa aos humildes".

    Quem escreve esta carta para os cristos do Ponto, Galcia, Capadcia, sia e Bitnia o prprio SoPedro, a partir da "Babilnia" (cf. 1Pedro 5,13), isto , Roma, como sempre afirmou a Igreja Catlica e

    como reconhecem a maioria dos protestantes e biblistas. Como facilmente podemos verificar, Pedro noest "doando" uma parte do Rebanho do Senhor para esses outros presbteros, mas est simplesmenteexortando a cada presbtero em particular dessas regies para que cuidem zelosamente dos seusrespectivos rebanhos locais. Pedro pode agir assim porque responsvel, perante o Senhor, por todo orebanho.

    No h, pois, que se falar em "pedido estendido", pois a totalidade do Rebanho de Jesus continua sob aguarda universal de Pedro (e dos Papas, seus sucessores), fiel vigrio de Cristo sobre a terra at queJesus retorne no fim dos tempos (cf. Mateus 28,20).

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    Mais uma vez: S pode exortar nesses termos quem tem a responsabilidade pelo todo. Logo, antes deenfraquecer, estes versculos manifestam fortemente a autoridade primacial de Pedro sobre toda a Igreja.

    b) "Fundamentados" em Fontes Extrabblicas

    Como vimos at aqui, a prpria Bblia aponta muito mais para a legitimidade do Papado do que oinverso. Contudo, como dissemos anteriormente, de forma muito paradoxal o programa esqueceu a"Sola Scriptura" protestante e passou a apelar tambm para fontes no-bblicas, para tentar refutar essa

    bimilenar instituio crist. Para que a nossa anlise seja ento completa, aceitamos o desafio de

    apreciar essas contra-argumentaes, para "ter claro se nossas convices religiosas so de fato baseadasem elementos concretos ou em crendice, tradio ou achismo", como declarou o apresentador.

    E para facilitar o nosso estudo, seguiremos aqui a ordem cronolgica de todos os "fatos" identificados eapontados, deixando novamente de lado aquela "ordem de convenincia" do programa, que desordenatudo para favorecer o ponto de vista adventista:

    1) Pedro nunca se considerou chefe supremo da Igreja ou Papa, nem em Roma nem emqualquer outra parte do Imprio "o mesmo pode-se dizer de Lino e de Clemente, seus doisimediatos substitutos na cidade de Roma" [10:38].

    Este contra-argumento desconsidera a interpretao sistemtica da Bblia e omite importantes eventospara o primado de Pedro. Contudo, a Bblia muito clara em como Pedro preparado por Jesus paratornar-se o Chefe da Igreja. Recordemos os principais:

    Mateus 16,16-19: Jesus quis entregar a Pedro e somente a Pedro, as chaves do Reino dos Cus. Taischaves, segundo a Bblia, significam autoridade, primazia (cf. Isaas 22,22 Apocalipse 1,28 3,7). Emnenhum outro ponto do Novo Testamento vemos Jesus entregar as chaves do Reino para qualquer outroApstolo ou discpulo seu.

    Lucas 22,31-32: Jesus confiou a Pedro e somente a Pedroa misso de confirmar na f os seus irmos

    (o que inclui at os demais Apstolos). Com efeito, o dom ou carisma da reta f entregue to somentea Pedro.

    Joo 21,15-17: Cristo constituiu Pedro e somente Pedrocomo Pastor do Seu nico rebanho (cf. Joo10,16). Observe-se que Jesus no legou apenas uma parte do Seu rebanho, mas todo o rebanho, demaneira indivisvel e originria. Deste modo, percebe-se claramente que Pedro, embora seja da mesmaordem dos demais Apstolos (=o Papa bispo assim como os demais bispos do mundo), possui ele uma

    jurisdio superior, apascentando (=exercendo autoridade) todo o rebanho cristo (ou seja, a somatriade todos os rebanhos parciais, confiados a cada bispo local).

    Por outro lado, citando nominalmente Lino e Clemente como "imediatos substitutos" de Pedro na cidadede Roma, bvio que o programa cai em contradio, pois reconhece que estes dois bispos de fatosucederam a Pedro em Roma, confirmando a antiguidade do instituto do Papado e, ao contrrio do quecostuma afirmar o Adventismo, demonstrando que tal instituio no teve origem com a "grandeapostasia da Igreja" na poca de Constantino.

    Com relao a Lino, conhecido de So Paulo Apstolo (cf. 2Timteo 4,21), bem verdade que poucosabemos acerca do seu pontificado e de seus "atos" sobre a Igreja Universal. O mesmo se diga deAnacleto, o sucessor de Lino, e que o programa esqueceu de mencionar...

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    No entanto, quanto a Clemente, o sucessor de Anacleto e tambm conhecido de So Paulo (cf.Filipenses 4,3), enviou este, no ano 95, uma carta comunidade de Corinto, em que ao mesmo tempoque exortava, impunha a sua autoridade. Isto porque o esprito divisionista existente na poca de Paulocontinuava a fazer estragos ali, a ponto de sua as autoridades eclesisticas terem sido "depostas" por umgrupo de descontentes. Clemente ento adverte:

    - "Vs, portanto, que fostes a causa da rebelio, sede submissos aos vossos presbteros e aceitai comcontrio a correo (...) Se, porm, alguns no obedecerem ao que, POR NOSSO INTERMDIO, Ele(=Cristo) fez, saibam que se envolvero em pecado e perigo no pequeno (...) Alegria e regozijo nos

    dareis se, obedientes ao que, pelo Esprito Santo, acabamos de escrever, cortardes pela raiz a clerainqua de vossa inveja, sendo conformes com a exortao paz e concrdia que nesta carta fazemos"(1a Carta aos Corntios 57 59 63).

    este o 1 testemunho patrstico da posio singular da Igreja de Roma e do ocupante de sua S, isto ,a S de Pedro (que o programa faz questo de omitir). Repare-se, ainda, que tendo sido escrita entre osanos 95 e 96, o Apstolo Joo ainda se encontrava vivo (e o Apocalipse muito provavelmente nemmesmo tinha sido ainda escrito[11]) entretanto, quem veio intervir em Corinto Clemente de Roma,sucessor de Pedro e certamente conhecedor do seu ofcio e autoridade como Papa (ainda que nessapoca talvez no fosse esse o ttulo empregado)[12].

    Observe-se ainda que essa carta foi levada a Corinto por 3 testemunhas que tinham tambm por missoobservar e relatar a Clemente o retorno paz naquela comunidade. Logo, no se tratava de uma simplescarta retrica ou exortatria, at porque tambm "recomendava" aos infratores que se exilassem,refletindo com certeza a prtica romana secular em que o exlio implica na fuga do julgamento.

    A carta de Clemente aos Corntios, por seus bons frutos para a comunidade, era to estimada, que foitida por cannica em diversas igrejas crists (antes de o cnon do Novo Testamento ter sido definido

    pela Igreja), constando, por exemplo no to celebrado manuscrito bblico conhecido como "CdiceAlexandrino". Quase um sculo depois, o bispo Dionsio de Corinto (+166) comunicou ao Papa Steroque sempre se alegravam quando liam nas igrejas locais a carta de Clemente[13].

    Por fim, cabvel recordar que os Santos Padres e escritores eclesisticos anteriores EraConstantiniana, j apontavam Lino, Anacleto e Clemente como sucessores diretos de So Pedro, como,

    p.ex., Santo Ireneu de Lio ("Contra as Heresias 3,3,3). Alis, a sucesso apostlica dos bispos de Romaa partir de Pedro era to conhecida e amplamente aceita pelas demais igrejas crists (inclusive peloscismticos e hereges e ainda que acidentalmente se omitisse algum nome na lista das sucesses[14]),que sempre era apontada pelos escritores eclesisticos para se verificar a ortodoxia dos diversos gruposque se identificavam como "cristos".

    2) J no final do sc. II, o bispo de Roma queria fazer valer a todo custo a sua supremacia,

    como no caso de Victor I, que ordenou s igrejas orientais a celebrar a Pscoa nos domingosno sendo atendido, excomungou os cristos desobedientes [16:57].

    Em princpio, devemos observar que a questo aqui era meramente litrgica (=disciplinar) e nodogmtica (=doutrinria), de modo que qualquer das partes envolvidas na controvrsia poderia adotaruma entre duas posies possveis:

    Celebrar a Pscoa em qualquer dia da semana (inclusive no domingo!), para preservar o dia 14 de Nis(dia da pscoa judaica)- OU -

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    Celebrar a Pscoa no domingo seguinte ao dia 14 de Nis, para preservar sempre o dia em que oSenhor ressuscitou (o domingo).

    Porm, ao contrrio do que afirma o programa, no eram todas as igrejas orientais que celebravam aPscoa no dia 14 de Nis, mas apenas uma pequena parcela, que correspondia s igrejas da sia Menor,evangelizadas por So Joo Evangelista. Considerando, porm, que a imensa maioria das igrejas(inclusive Roma, evangelizada por Pedro e Paulo) celebrava a Pscoa no domingo seguinte ao dia 14 de

    Nis, o Papa Vtor (189-199) quis padronizar a data da celebrao, para que todos os cristos do mundopudessem comemorar juntos a Pscoa do Senhor no mesmssimo dia, como um corpo bem unido (cf.

    1Corntios 1,10 Filipenses 2,2).

    O fato de Vtor ameaar as igrejas dissidentes com a excomunho UNIVERSAL (e no s com a Igrejade Roma) e, posteriormente, cumprir a ameaa, demonstra que o exerccio da jurisdio universal pelo

    bispo de Roma, o Papa, continuava sendo compreendido no sculo II como inerente funo, o quemais uma vez refora a autenticidade do instituto do Papado. Finalmente, para pr fim s hesitaesexistentes nos primeiros sculos e unificar a celebrao da Pscoa em toda a Igreja, o I ConclioEcumnico de Niceia, em 325, determinou consensualmente que a Pscoa seria sempre celebrada nodomingo seguinte primeira lua cheia aps o equincio da primavera no hemisfrio norte (=21 demaro), ou seja, no domingo seguinte ao dia 14 de Nis (o que bem demonstra que o desejo e

    sentimento de Vtor I eram legtimos e autnticos em toda a Igreja):

    - "Ns, por fim, vos anunciamos as boas novas dos acordos relativos Santa Pscoa, porque estepormenor tambm foi atravs de nossas preces corretamente firmado, de modo que todos os nossosirmos no Oriente, que anteriormente seguiam o costume dos judeus, doravante, celebraro a

    sacratssima festa da Pscoa simultaneamente com os romanos, convosco e com todos aqueles queobservam a Pscoa desde o incio [no domingo seguinte Pscoa judaica]" (Carta Conciliar Igrejade Alexandria).

    3) Se Pedro no foi o 1o Papa, ento "quem foi"? No sc. II, quando a Igreja estava maisorganizada, comeou-se a dar mais destaque para os lderes locais, geralmente ancios quecuidavam de uma pequena congregao de fiis. O respeito por esses lderes era proporcionalao tamanho da cidade onde sua congregao se encontrava. Criou-se ento uma hierarquia eesses ancios foram chamados de "epscopos", termo grego que significa "aquele que vigiasobre os demais" [12:49] (...) Considerando que a maior cidade daquela poca era Roma, entoo bispo que detinha maior prestgio e mais destaque era evidentemente o de Roma [13:54].

    Isto poderia ser verdade se no fosse um pequeno detalhe, que derruba todo esse castelo de areia de bl-bl-bls: o termo "epscopo", que significa "bispo".

    Ora, se o contra-argumento adventista diz que "criou-se ento [no sculo II] uma hierarquia" e os

    "ancios foram chamados de epscopos", logo o termo "epscopo" no pode absolutamente ocorrer noNovo Testamento, j que este foi escrito durante o sculo I... Correto? Porm, o termo aparece diversasvezes no NT, como em Atos 20,28 Filipenses 1,1 1Timteo 3,2 e Tito 1,7. Com efeito, oestabelecimento de uma hierarquia eclesistica e o cargo de bispo so de instituio apostlica e nouma inveno do sculo II.

    Por outro lado, o "prestgio" do bispo de Roma no est ligado ao "respeito" aos lderes ou tamanho dascidades do Imprio Romano, mas pelo simples fato de o Papa ser o legtimo sucessor de So Pedro: este,aps deixar a Palestina, passou por Antioquia e, por fim, estabeleceu-se em Roma, onde foi martirizadoem 64 d.C., como bem documentam os escritores do Perodo Patrstico (sc. II a VIII) e as escavaes

    arqueolgicas realizadas sob a baslica de So Pedro, no Vaticano, em meados do sculo XX.

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    4) O termo "epscopos" aparece "umas 5 vezes" no Novo Testamento, "mas com sentido bemdiferente daquele adquirido posteriormente. De 'epscopo' vem a palavra 'bispo', que usamosat hoje" [13:39].

    Como se observa neste ponto, o programa cai em clara contradio com o que afirmou no item anterior.

    E se por acaso o termo "epscopo" na Bblia tinha um "sentido bem diferente daquele adquiridoposteriormente", por que o programa no aproveitou o momento para apresentar esse "sentido bblicodiferente"? Ser que porque o sentido exatamente o mesmo, isto , o de superviso e vigilncia???

    Na verdade, estamos aqui, novamente, diante da ttica da "metralhadora giratria" protestante...

    5) As passagens dos Padres da Igreja citadas pela Igreja Catlica para fundamentar Pedrocomo 1 Papa "so geralmente controvertidas e fora de contexto" [11:11].

    Afirmao totalmente gratuita e que no cita exemplos concretos e nem as fontes patrsticas que em tesecontradiriam o ensino catlico (autor, livro, captulo). Ora, juridicamente falando, o nus da prova cabea quem acusa...

    Logo, temos aqui mais um contra-argumento destitudo de valor.

    6) Santo Agostinho de Hipona, um dos telogos mais respeitados da Igreja, "negouveementemente que Jesus se referia a Pedro quando disse 'sobre essa pedra edificarei a minhaIgreja'" (cf. Retractationes, livro 1, captulo 20 ou 21, verso 1 "dependendo da verso"). ParaAgostinho, "a pedra (...) era Cristo e nunca Pedro" "isto est claramente l", "pode serconferido inclusive no original latino da obra" [11:27].

    O que diz Santo Agostinho nessa obra? Diz literalmente o seguinte:

    - "Em certo passo, disse eu, do Apstolo So Pedro, que a Igreja fora fundada sobre, como sobre umapedra, sentido esse que celebra o mui espalhado hino do bem-aventurado Ambrsio, nestes versos do'Canto do Galo': 'Hoc ipsa petra ecclesiae canente culpam diluet...' Mas lembro-me que depois e pormuitas vezes tenho explicado esta sentena do Salvador: 'Tu s Pedro e sobre esta pedra edificarei aminha Igreja', neste sentido: que a pedra Aquele que Pedro tinha confessado quando disse: 'Tu s oCristo, o Filho do Deus vivo'. Assim foi que Pedro, derivando o seu nome desta pedra, figurava a

    pessoa da Igreja que sobre ela foi edificada e que recebeu as chaves do Reino dos Cus. Com efeito,no diz Ele: 'Tu s a pedra', mas: 'Tu s Pedro', porque a pedra era Cristo, e Simo, tendo-Oconfessado, como toda a Igreja o confessa, foi por isso chamado 'Pedro'. Que o leitor escolhadas duasinterpretaes aquela que lhe parea mais provvel".

    O que vemos aqui que Agostinho de Hipona humildemente reconhece a sua incapacidade para

    interpretar com exatido a passagem bblica de Mateus 16,16-19 e, por isso, deixa para os seus leitores aOPO de escolher entre uma interpretao ou outra, de modo que no descarta a validade nem de umanem de outra. Ora, tal incapacidade era diretamente derivada do fato de Agostinho desconhecer o gregoe o aramaico ele conhecia e manuseava muito bem a traduo bblica conhecida como "Vetus Latina"(anterior Vulgata de So Jernimo), mas que por ter sido traduzida por diversas pessoas annimas eem pocas bastante diferentes, possua muitas imprecises e atentava contra a sua unidade interna.

    Porm, ambas as interpretaes podem se auto-completar, como bem demonstra o Catecismo da IgrejaCatlica - ao que parece, totalmente desconhecido para o roteirista do programa, j que ele parte de umasuposio errada: a de que os catlicos no aceitam como possvel complementao a interpretao de

    que a pedra seja tambm a confisso de Pedro. Vejamos o que diz o Catecismo:

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    - "Movidos pela graa do Esprito Santo e atrados pelo Pai, ns cremos e confessamos acerca deJesus: 'Tu s o Cristo, o Filho do Deus vivo' (Mateus 16,16). Sobre a rocha desta f, confessada por SoPedro, Cristo tem construdo a sua Igreja (cf. Mateus 16,18 So Leo Magno, Sermo 4,3 51,1 62,283,3)" (CIC 424).

    - "No colgio dos Doze, Simo Pedro ocupa o primeiro lugar (cf. Marcos 3,16 9,2 Lucas 24,341Corntios 15,5). Jesus lhe confia uma misso nica. Graas uma revelao do Pai, Pedro confessou:'Tu s o Cristo, o Filho do Deus vivo'. Ento Nosso Senhor lhe declarou: 'Tu s Pedro e sobre esta

    pedra edificarei a minha Igreja e as portas do Hades no prevalecero contra ela' (Mateus 16,18).

    Cristo, 'Pedra viva' (1Pedro 2,4), assegura sua Igreja, edificada sobre Pedro, a vitria sobre ospoderes da morte. Pedro, em razo da f confessada por ele, ser a rocha inquebrantvel da Igreja.Ter a misso de custodiar esta f perante todo desfalecimento e de confirmar nela os seus irmos (cf.

    Lucas 22,32)" (CIC 552).

    - "Jesus confiou a Pedro uma autoridade especfica: 'A ti te darei as chaves do Reino dos cus e o queligares na terra ser ligado nos cus e o que desligares na terra ser desligado nos cus' (Mateus16,19). O poder das chaves designa a autoridade para governar a casa de Deus, que a Igreja. Jesus,'o Bom Pastor' (Joo 10,11) confirmou este encargo aps sua ressurreio: 'Apascenta as minhasovelhas' (Joo 21,15-17). O poder de 'ligar e desligar' significa a autoridade para absolver os pecados,

    pronunciar sentenas doutrinrias e tomar decises disciplinares na Igreja. Jesus confiou estaautoridade Igreja pelo ministrio dos Apstolos (cf. Mateus 18,18) e particularmente pelo de Pedro, onico a quem foi confiada explicitamente as chaves do Reino" (CIC 553).

    - "O Senhor fez de Simo, a quem deu o nome de Pedro, e somente a ele, a pedra de sua Igreja. Lheentregou as chaves dela (cf. Mateus 16,18-19) o instituiu pastor de todo o rebanho (cf. Joo 21,15-17).'Resta claro que tambm o Colgio dos Apstolos, unido sua Cabea, recebeu a funo de ligar edesligar dada a Pedro' (Lumen Gentium 22). Este ofcio pastoral de Pedro e dos demais Apstolos

    pertence aos fundamentos da Igreja. Continua pelos bispos sob o primado do Papa" (CIC 881).

    Como quer que seja, o que vemos aqui que Santo Agostinho acredita que as duas interpretaes eramplenamente possveis, de modo que isto est muito longe de ser o que afirmou erroneamente o programaadventista: que, para Agostinho, a pedra ***nunca*** poderia se referir a Pedro. Tanto poderia, que elemesmo deixou para os seus leitores essa alternativa como possvel interpretao, baseada sobretudo naautoridade de outro grande doutor da Igreja, Santo Ambrsio de Milo.

    Mas como So Jernimo interpretava essa passagem bblica, ele que era o maior biblista da poca deSanto Agostinho, profundo conhecedor de hebraico, aramaico, grego e latim, tradutor da VulgataLatina? Vejamos:

    - "Estou a falar com quem sucedeu ao Pescador (=So Pedro), com o Discpulo da Cruz. Nenhum

    Chefe Supremo reconheo seno a Cristo e por isso me ponho em comunho com Vossa Santidade, isto, com a Ctedra de Pedro (...) A nenhum outro quero seguir e estar em comunho, seno com Cristo ecom vossa beatitude (=papa Dmaso), isto , com a ctedra de Pedro. Eu sei que sobre esta pedra a

    Igreja foi construda e quem come o Cordeiro fora desta Casa profano. Quem no estiver na arca deNo, isto , em comunho com esta ctedra, perecer quando a inundao prevalecer" (So Jernimo,+420 Carta 15,2).

    - "A Igreja aqui est sendo rompida em trs partes, cada parte ansiosa por me agarrar em seu apoio(...) Estou em prantos, mas unido ctedra de Pedro (...) Imploro que vossa beatitude (=papa Dmaso)me fale, por carta, com quem posso entrar em comunho na Sria" (Carta 16,2).

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    evidente que So Jernimo, profundo conhecedor de latim, grego e hebraico, soube bem interpretarMateus 16,16-19... A pedra sobre a qual a Igreja foi edificada Pedro!

    7) No sc. IV, Constantino o Grande unificou a Igreja e o Estado Imperial, como parte de umagrandiosa estratgia poltica, afirmando-se convertido ao Cristianismo aps ver a cruz comosol no caminho para a batalha, tendo-lhe Jesus dado o sinal para a vitria: "In hoc signovinces" [15:01].

    Constantino, imperador romano do Ocidente, no unificou a Igreja e o Imprio o que ele fez foi

    (juntamente com Licnio, imperador romano do Oriente) conceder a liberdade religiosa aos cristosatravs do Edito de Milo:

    - "Eu, Constantino Augusto, e eu, Licnio Augusto, venturosamente reunidos em Milo para discutirsobre todos os problemas referentes segurana e ao bem pblico, entre outras disposies aassegurar, cremos dever regulamentar, primeiramente, o bem da maioria, que se refere ao respeito peladivindade, ou seja, garantir aos cristos, bem como a todos, a liberdade e a possibilidade de seguir areligio de sua escolha, a fim de que tudo o que existe de divino na morada celeste possa serbenevolente e favorvel a ns mesmos e a todos aqueles que se encontram sob a nossa autoridade. Este o motivo pelo qual cremos - num desgnio salutar e muito digno - dever tomar a deciso de no

    recusar essa possibilidade a quem quer que seja, tenha essa pessoa ligado a sua alma religio doscristos ou a qualquer outra: para que a divindade suprema - a quem prestamos uma homenagemespontnea -, em todas as coisas, possa nos testemunhar com o seu favor e a sua benevolnciacostumeiros. Assim, convm que Vossa Excelncia saiba que decidimos suprimir todas as restriescontra os cristos, encaminhadas a Vossa Excelncia nos escritos anteriores, e abolir as determinaesque nos parecem totalmente infelizes e estranhas nossa brandura, assim como permitir, a partir deagora, a todos os que pretenderem seguir a religio dos cristos, que o faam de modo livre e completo,

    sem serem aborrecidos ou molestados" (ano 313).

    E mesmo depois de converter-se ao Cristianismo e tornar-se nico Imperador sobre todo o Imprio(porque Licnio passou a perseguir novamente os cristos e Constantino saiu na defesa destes), eleJAMAIS unificou Igreja e Imprio, pois mesmo favorecendo o Cristianismo, permitiu que as religies

    pags continuassem a prestar culto aos seus respectivos deuses.

    Quanto a "ver a cruz como sol" no caminho de batalha (provavelmente para fazer-nos crer que a IgrejaCatlica idolatra o deus Sol pago (Mitra), tal como fazia Constantino antes da sua converso aoCristianismo), leiamos o que foi relatado por Constantino:

    - "Disse Constantino que nas horas meridianas do sol, quando o dia j comeava a declinar, viu com osseus prprios olhos, em pleno cu, um trofu em forma de cruz, sobreposto ao sol, feito base de luz,ao qual estava unida uma inscrio que dizia: 'Com este sinal, vencers'" (Eusbio de Cesareia, +320

    Vida de Constantino 1,28).

    Percebemos, ento, que Constantino no viu "a cruz como sol", mas "a cruz sobreposta ao sol" - eportanto, acima do sol ou na frente do sol, tanto faz -, o que bem nos demonstra que a cruz de Cristo (e,por consequncia, a F Crist) haveria de prevalecer sobre o deus Sol (e, por consequncia, sobre oPaganismo como um todo).

    8) A partir de Constantino, uma mescla de smbolos cristos e romanos comearam a aparecerem todas as partes do Imprio, e decretos e mais decretos favorecendo o Cristianismo foramexpedidos: a Igreja agora no era mais catlica universal, mas catlica romana, e o bispo deRoma era quem mais ganhava com esta situao [15:52].

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    No programa, o nico smbolo apresentado foi o conhecidssimo "Monograma de Cristo" (formado pelaletras gregas Chi () e R () sobrepostas) dentro de uma guirlanda de folhas, retirado de um sarcfagocristo do perodo constantiniano e exposto hoje no Museu Pio-Cristo, que os Adventistas interpretamcomo smbolo do deus Sol de Constantino.

    Tal acusao tambm absurda, at porque encontramos o Monograma de Cristo em sarcfagos ecatacumbas crists bem anteriores viso de Constantino, em 313, isto , anteriores ao sculo IV.

    Ademais, prova-se que o "Monograma de Cristo" sempre foi tido por smbolo especificamente cristo

    pelo simples fato de Juliano - imperador apstata de 361 a 363, que tentou restabelecer o Paganismo erevitalizar o culto dos deuses - t-lo removido do estandarte romano, to logo assumiu o Imprio,substituindo-o pela insgnia de Mitra, com a inscrio "Ao Sol invencvel". Isso o programa no disse...

    No tocante aos decretos expedidos, estes favoreciam o Cristianismo como um todo e no o Papa emespecfico. Constantino, alm de conceder a liberdade religiosa aos cristos, restituiu os bensconfiscados pelo Estado, ofereceu prdios para a realizao dos cultos, equiparou o domingo (diaconsagrado pelos cristos ao Senhor) aos dias festivos, promulgou leis contra o adultrio, tentousuprimir os espetculos sangrentos ou obscenos nos circos, ergueu igrejas e monumentos na Terra Santaetc.

    E tambm graas ao Cristianismo, Constantino proibiu o suplcio na cruz, proibiu a marcao do rostodos condenados com ferro fervente, limitou o poder do "pai de famlia" (que detinha o poder de vida emorte sobre os membros da sua famlia), mitigou as condies de trabalho dos escravos (e s nochegou a abolir a escravido por temer o colapso do Estado, h muito baseado nessa espcie deeconomia), tentou fixar a populao em suas prprias cidades de trabalho etc. Como podemos observar,em geral tudo coisas bastante positivas e condizentes com a moral crist, apesar das muitas limitaesda personalidade de Constantino, no poucas vezes violento contra a sua prpria famlia.

    Quanto s boas relaes entre os imperadores cristos e os Papas, bem escreveu D. Estvo Bettencourt(osb):

    - "O fato de terem cooperado entre si a Igreja e o Imprio no um mal em si no h por que rejeitarde antemo o bom entendimento entre aquela e este, a menos que se professe um Maniquesmo scio-

    poltico. Se um imperador se diz catlico e nada prova que no sincero, a Igreja tem o direito e odever de contar com ele como um filho seu, a quem compete proclamar o Evangelho a partir do tronoimperial"[15].

    Cabe observar que o Maniquesmo foi a heresia que ensinava a existncia, desde o princpio, de doisreinos divinos inconciliveis: o do bem e o do mal, havendo portanto duas espcies de seguidores: oseleitos (ou puros) e os condenados (ou impuros). o Adventismo professando uma heresia h muito

    condenada...9) Houve disputa acirrada entre os Patriarcas para saber quem teria a autoridade e ahegemonia sobre os demais. Venceu o bispo de Roma por diversos fatores, entre eles: seusucesso em resistir a vrias heresias e movimentos faces rivais que apelavam para o bispode Roma para resolver suas dissidncias teolgicas [16:17].

    No verdade que houve "disputa acirrada" entre os Patriarcas, pois desde os primeiros tempos doCristianismo estabeleceu-se naturalmente a seguinte ordem honorfica:

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    1) Roma (em razo de ser a ltima S de Pedro)2) Alexandria3) Antioquia

    A autoridade da Igreja de Roma vem, com efeito, desde os tempos de Pedro, como vimos mais acima(quando falamos de Clemente I e Vtor I), e era reconhecida por toda a Igreja, p.ex.:

    - "Incio, (...) para a Igreja que preside, na regio dos romanos, merecedora de Deus, de honra, debno, de elogio, de sucesso, de santificao, porque preside o amor. (...) Vs no invejastes ningum,

    mas a outros ensinastes. Eu s desejo que aquilo que foi ordenado nas tuas instrues possapermanecer em vigor" (Incio de Antioquia, +107 Carta aos Romanos 1,1 3,1).

    - "A S dos Apstolos [Pedro e Paulo] foi informada por vossos delegados [do Egito] que alguns denossos irmos bispos esto sendo expulsos de suas igrejas e ss, privados de seus bens, e chamados a

    juzo, sendo, ainda por cima, destitudos e maltratados. Isto um absurdo, j que as constituies dosApstolos e de seus sucessores, assim como os estatutos dos imperadores e a regulamentao das leis,assim como a autoridade da S dos Apstolos probem-no fazer" (Urbano I de Roma, +230 Carta aos

    Bispos do Egito 1,1).

    - "Atrevem-se estes (=cismticos) a dirigir-se ctedra de Pedro (=Roma), a esta Igreja principal deonde se origina o sacerdcio (...), esquecidos de que os romanos no podem errar na f" (Cipriano deCartago, +258 Carta 59).

    - "Sabemos que Cornlio foi eleito, por Deus Onipotente e por Cristo Nosso Senhor, Bispo (=Papa) daSanta Igreja Catlica confessamos o nosso erro: fomos vtimas de uma impostura (=a do antipapa

    Novaciano) fomos envolvidos por gente de fala perversa e sorrateira. Na verdade, ainda quando pareciaque tnhamos alguma ligao com o homem cismtico e herege (=Novaciano), nosso corao, noentanto, estava sempre na Igreja, porque no ignoramos que h um s Deus e um s Senhor Jesus Cristo,a quem confessamos um s Esprito Santo e que s deve haver um [nico] Bispo (=Papa) na IgrejaCatlica" (Fbio de Antioquia, +260 Carta "Quantam Sollicitudinem").

    Uma "tentativa de disputa", podemos assim dizer, surgiu quando o Imprio mudou a sua capital deRoma para Constantinopla. Como esta cidade nunca recebera a pregao de nenhum Apstolo, aventou-se entre as autoridades civis e religiosas locais a ideia de que, sendo ela "a nova Roma", deveria porconsequncia ser honrada tambm com um importante Patriarcado, o que foi obtido pelo cnon 3 doConclio Ecumnico de Constantinopla I (381):

    - "O bispo de Constantinopla ter o primado de honra depois do Bispo de Roma, porqueConstantinopla a Nova Roma" (cnon 3).

    Porm, seus patriarcas - estes sim -, por orgulho, no se contentaram com isto e quiseram obter aindamais poder, igualando-se S de Pedro (estabelecida na "antiga Roma") e, se possvel, at usurpar-lhe olugar.

    Assim, no Conclio Ecumnico de Calcednia (451), por intromisso do Imperador, o cnon 28estabelecia S de Constantinopla os mesmos privilgios da S da "antiga Roma" e previa ainda um

    primado sobre o Oriente, muito embora reconhecesse que continuaria na segunda posio, logo depoisda S de Roma. O Papa Leo I, porm, rejeitou o cnon, pois embora Constantinopla "se contentasse"com "o segundo lugar terico", na prtica isto lesava as prerrogativas das outras Ss patriarcais, alm de

    poder constituir, no futuro, um perigoso precedente que daria a Constantinopla autonomia eindependncia.

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    O que importa aqui que o cnon 28 nunca foi aprovado pelos Papas e, desta forma, jamais vigorou naIgreja.

    10) O Papa assumiu para si o ttulo pago de "Pontifex Maximus" ou "Sumo Pontfice",anteriormente adotado pelo imperadores como sacerdote do deus Mitras e que significa "o

    principal construtor de pontes entre os homens e o deus sol" [24:27].

    Os ttulos adotados pelos imperadores romanos eram:

    "Princeps Senatus", "Prncipe do Senado": lder poltico-parlamentar do Senado "Pontifex Maximus", "Pontfice Mximo": mxima autoridade religiosa do Imprio,independentemente do deus cultuado (no s o deus Sol!).

    Ora, qualquer lider ou representante supremo de uma religio pode legitimamente adotar para si ou serchamado por terceiros com o ttulo de "pontfice mximo", "sumo pontfice", "prncipe dos sacerdotes","sumo sacerdote" (como encontramos na Bblia!) ou qualquer outro ttulo que designe sua funosuprema de liderana. So expresses totalmente intercambiveis entre si. A sra. Ellen Gould White, porexemplo, poderia, indubitavelmente, ser chamada de "Pontfice Mxima" dos Adventistas do 7 Dia,dada a imensa importncia e influncia que exerceu (e continua exercendo) sobre eles, a ponto de suasfalsas profecias e informaes equivocadas continuarem a ser defendidas com unhas e dentes por estes.

    Quanto ao uso do ttulo de "Pontifex Maximus" pelos Papas (no sendo, porm, um ttulo oficial),inexiste qualquer prova documental de que o tenham feito antes do sculo XV, excluindo-se, portanto,qualquer ligao com o ttulo que foi usado oficialmente pelos imperadores romanos at o ano de 376d.C.

    11) Em 380, o imperador Teodsio proclamou o Catolicismo religio oficial do Imprio,dando tanta fora ao Papa que, ironicamente, acabou sendo excomungado por este e obrigado acurvar-se s suas exigncias [17:36].

    De fato, Teodsio tornou o Cristianismo (o Catolicismo, evidentemente, j que naquela poca oProtestantismo - inclusive o Adventismo - nem sonhava em existir!) a religio oficial do Imprio.

    Ironia, porm, o programa ter afirmado que vai "contar um pouco da histria dos Papas" [01:27] eexpor as coisas segundo "fatos histricos, bblicos e profticos" [27:27] e depois CRIAR um factide: aexcomunho do imperador Teodsio I pelo Papa!!!

    Teodsio governou o Imprio (ocidental e oriental) de 378 a 395 durante seu reinado, passaram pelotrono de Pedro os Papas Dmaso I (366-384) e Sircio (384-399). Contudo, NENHUM dos doisexcomungou o imperador!!!

    Na verdade, o roteirista do programa confundiu alhos com bugalhos e atribuiu erroneamente aos Papasuma excomunho que Teodsio sofreu de Ambrsio de Milo, seu bispo diocesano. Teria pelo menosessa excomunho sido injusta, para podermos dar "alguma razo" ao programa? Vejamos...

    Por volta do ano 388, Teodsio publicou um decreto que condenava morte os pecados contra anatureza (pederastia, sodomia etc.), at ento normalmente admitidos pelo mundo greco-romano.Aplicando a lei na Tessalnica, o chefe da infantaria, o godo Buterico, encarcerou um auriga de circoque gozava de grande popularidade e riqueza no local. Estourou ento uma revolta popular que,associada ao dio pelos soldados brbaros contratados pelo imperador, culminou com o assassinato deButerico. Em resposta, Teodsio ordenou que fossem mortos todos os tessalonicenses que se reunissem

    para os espetculos do circo, o que acabou resultando no massacre de 300 a 7.000 pessoas (os nmeros

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    variam conforme as fontes). Ao tomar conhecimento disso, Ambrsio excomungou o Imperador, o qual,para ser perdoado e readmitido comunho precisou passar por uma rigorosa penitncia que durou 8meses.

    No a toa, o prprio Teodsio confessou mais tarde: "Sem dvida, Ambrsio me fez compreender pelaprimeira vez como que deve ser um Bispo" e no leito de morte, ainda confiou a Ambrsio os seusfilhos... Sinal de que reconheceu o seu excesso.

    Ser que o Adventismo discorda dessa punio eclesistica ao imperador cristo que agiu

    desproporcionalmente, tal como um brbaro? Quem, afinal, est ao lado do poder ento? O Catolicismoou o Adventismo?

    12) Quando em 475 o Imprio Romano Ocidental caiu nas mos dos brbaros, alguns dessespovos invasores j eram convertidos ou ao menos simpatizantes do Cristianismo por isso,pouparam a instituio crist e lhe deram certa autonomia [14:16].

    Outra meia-verdade, pois os brbaros que invadiram o Imprio eram de duas espcies: brbaros pagos ebrbaros arianos (que no criam na Santssima Trindade). Lanou-se ento um desafio duplo para aIgreja Catlica, que cria (e cr) na Trindade (como boa parte dos Adventistas, alis!).

    Por que a Igreja, sob a unidade proporcionada pelos Papas, saiu vencedora nesse perodo difcil econturbado? Deixemos que o prprio Jesus responda:

    - "E eu te declaro: tu s Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja as portas do inferno noprevalecero contra ela. (...) Ide, pois, e ensinai a todas as naes batizai-as em nome do Pai, do Filhoe do Esprito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos osdias, at o fim do mundo" (Mateus 16,18 21,19-20).

    Seguir, confiante, a misso apontada pelo Divino Fundador... Simples assim.

    13) Em meados do sc. VIII, em meio a uma grande contenda poltica, o Papa apresentou umdocumento chamado "Constitutum Donatio Constantini" (=Doao de Constantino), em quesupostamente o imperador Constantino I doa ao Papa Silvestre I e seus sucessores, "os seusttulos, as suas heranas, as suas terras, tudo o que ele possua", de modo que "o Papado seriaento oficialmente herdeiro do imperador Constantino". Embora hoje a maioria doshistoriadores considerem falsa a Doao de Constantino, na poca convenceu e a Romacatlica passou a ser dona de grandes extenses de terra em toda a Itlia [18:26].

    O programa reconhece que o documento falso. Ponto pacfico, pois a Igreja Catlica tambm o afirma.

    Na verdade, o domnio da Igreja sobre os territrios cobertos pela "Doao de Constantino" era

    legtimo, mas por outras razes: quando os lombardos ameaaram invadir Roma e regio, o PapaEstvo II pediu socorro ao povo franco, governado por Pepino o Breve, sendo atendido por este.Posteriormente, o mesmo Pepino conferiu ao Papa o ttulo de "Soberano do Patrimnio de So Pedro", oque veio dar incio aos chamados "Estados Pontifcios", em 756 d.C.

    Portanto, a posse dessas terras pela Igreja no foi efeito de trapaa, at porque, alm da "Donatio" nuncater sido citada at o sculo VIII, j em pleno sculo IX sua autenticidade era afastada pelo imperadorOto III ademais, toda vez que era mencionada nos debates medievais, era quase sempre tida como falsa,sendo por isso mesmo rejeitada.

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    14) Parte dessas terras "doadas" por Constantino " hoje (...) o Estado do Vaticano", Estadoque foi devolvido por Mussolini S catlica em 1929, j que em 1798, o Papa Pio VI foi

    preso por ordem de Napoleo Bonaparte e a Igreja perdeu temporariamente os seus ttulos epropriedades [19:11].

    Mais erros histricos - frutos do simplismo do programa - no poderiam faltar para criticar oCatolicismo...

    1) No que cabe a Napoleo:

    a) Os Estados Pontifcios foram invadidos por ordem de Napoleo em 1793, mas foram devolvidos aoPapa logo aps este pagar uma altssima soma em dinheiro, alm de entregar diversos manuscritos eobras de arte de grande valor. Poucos anos depois, Napoleo invadiu novamente os Estados Pontifcios,em represlia aliana do Papa Pio VI com os reinos da ustria e Npoles apesar disso, devolveu osEstados ao Papa, aps ditar um tratado ainda mais duro que o anterior.

    b) O que ocorreu em 1798 foi a precria proclamao da repblica em Roma, ato este que deps o Papa.Mas como ele se negava a deixar Roma, foi conduzido preso pelos republicanos para Siena e da paraFlorena por fim, j doente, foi levado numa padiola para Grenoble e, a seguir, Valence (Frana), ondemorreu em 29.08.1799, como prisioneiro dos franceses.

    c) Com a morte de Pio VI, os cardeais-eleitores elegeram Pio VII em Veneza, a quem Napoleoreconheceu, por carta, que "a religio catlica a nica ncora" e, desta forma, assinou uma Concordatacom a Santa S em 15.07.1801. Posteriormente, exigindo Napoleo que o Papa nomeasse um Patriarca

    para os franceses, bem como que indicasse pelo menos 1/3 de franceses para o Colgio Cardinalcio,este no concordou e, em virtude disso, ocupou Roma em fevereiro e novamente em setembro de 1808.Em resposta, Pio VII excomungou Napoleo, chamando-o de "ladro do Patrimnio de So Pedro",motivo pelo qual acabou sendo detido pelas foras napolenicas e levado, por fim, para Savona e da

    para Fontainebleau. Porm, aps a derrota de Napoleo na Rssia, este resolveu se reconciliar com oPapa, assinando duas Concordatas benficas Igreja e permitindo o regresso do Papa a Roma em

    24.04.1814.

    d) Porm, pouco depois, Napoleo partiu para o exlio na ilha de Elba e um cunhado dele, o rei Murat deNpoles, forou o Papa a deixar Roma, em 22.03.1815. Mas em 09.06.1815, o Congresso da Vienaordenou a devoluo dos Estados Pontifcios ao Papa, de modo que Pio VII retornou em definitivo paraRoma em 07.07.1815.

    2) Quanto "devoluo do Vaticano" por Mussolini, em 1929:

    a) Como observamos pelo item "1.d" acima, o "Tratado de Latro" nada tem a ver com Napoleo, massim com a chamada "Questo Romana", um outro evento histrico: no pontificado de Pio IX (1846-1878), irromperam em toda a pennsula italiana (incluindo os Estados Pontifcios) movimentosrevolucionrios republicanos, de sorte que em 24.11.1848 o Papa e os Cardeais tiveram que deixarRoma, estabelecendo-se na Gaeta. Com a unificao do territrio pelos republicanos, foi ento

    proclamada a repblica italiana em 09.02.1849.

    b) Ocorre que, contando com o auxlio de tropas francesas, o Papa conseguiu retornar Roma, muitoembora as tropas republicanas ocupassem a maior parte do territrio dos Estados Pontifcios,desapropriados da Santa S. Como o Papa se recusava a deixar Roma, em 1871 o governo italiano, poriniciativa prpria, assegurou ao Papado soberania, imunidade, domnio sobre o Vaticano, Latro e a vila

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    de Castel Gandolfo, alm de uma renda anual mas em 15.05.1871, Pio IX condenou essa lei eautoproclamou-se "prisioneiro do Vaticano" (ttulo este que os Papas usaram at a assinatura do Tratadode Latro, em 11.02.1929, que ps fim "Questo Romana").

    c) Ento, no pontificado de Pio XI (1922-1939), o Estado italiano, ora representado por Mussolini,chegou a um acordo reputado justo por ambas as partes: o Vaticano (compreendendo tambm a Baslicade So Pedro, a praa de So Pedro e os jardins do entorno) foi reconhecido como Cidade-Estado,gozando de plena soberania e autonomia e ainda:

    Direito de extraterritorialidade em diversas edificaes espalhadas sobre Roma (p.ex.: Baslica de SoJoo do Latro, Baslica de So Paulo Extramuros, Baslica de Santa Maria Maior e Castel Gandolfo) Direito a indenizao pela desapropriao dos Estados Pontifcios Revogao de diversas leis anticlericais e Obrigatoriedade de instruo religiosa nas escolas (esta ltima parte foi revogada em 1985).

    Em contrapartida, a Santa S reconheceu - pela 1 vez - o reino da Itlia, com capital em Roma.

    d) Cumpre observar que o fato de a Santa S ter chegado a um acordo com o ditador Benito Mussolini(aps cerca de dois anos e meio de duras negociaes) no mancha em nada o Acordo, at porqueMussolini detinha legitimamente o poder segundo as leis do Estado Italiano (apesar deste Estado tersurgido de forma revolucionria, pelo derramento de sangue e ocupao de terras alheias). Como querque seja, as duas partes detinham o poder pleno e legtimo para solucionar o conflito.

    15) Durante o tempo em que o Papado dominou a Europa, "fez muitos estragos", estragosesses que coincidem com profecias bblicas que falam acerca da apostasia e da chegada de umcerto anticristo (=aquele que ope a Cristo, usurpando o lugar de Cristo). Assim: [19:35]

    Como constatamos at aqui, quem sofreu muitos estragos foi a Igreja Catlica: com a intensaperseguio aos cristos, antes de Constantino e com os caprichos e intrigas polticas dos "governantescristos", quer para influenciar, quer para dominar, quer para receber favores, quer at para lutar pelo

    orgulho prprio e egosmos desenfreados pelas razes mais mesquinhas.

    E ainda que tenham havido de fato maus Papas, lamentavelmente mais clebres pelo pecado do que pelasantidade de vida, o fato que NENHUM deles jamais errou ao proclamar solenemente dogmas de F,todos eles consistentes com a Escritura e a Tradio. Por isso mesmo, existem protestantes quereconhecem que a defesa da F catlica muitssimo mais consistente e slida que a protestanteencontramos isso inclusive em fontes adventistas:

    - "Apologeta que bom no d brecha para os polemistas, mas quando se trata dos sites apologticosbrasileiros [de vertente protestante], muito usados por pessoas sem muito conhecimento, sinceramenteinteressadas em aprender e defender o protestantismo contra sites [catlicos] como Montfort, VeritatisSplendor, Lepanto dentre outros, A REGRA A MEDIOCRIDADE. Me comovo com essas pessoas que

    procuram defender a f porque sou uma delas, que constantemente so atacadas por pessoas[catlicas] BEM FIRMADAS (ou no, mas nesse caso o pobre apologeta mirim no vai poderreconhecer) de sua f e quando procuram um brao forte que lhes d segurana, batem de frente comos PIORES sites [protestantes] que se pode imaginar"[16] (correes e grifos nossos).

    Passemos agora para as [falsas] profecias adventistas, conforme so indicadas pelo programa:

    a) O anticristo representado em Apocalipse 13 como uma besta fera que surge do mar seupoder seria revelado, segundo Paulo (2Tessalonicenses 2,3), juntamente com uma grande

    apostasia da Igreja, que quebraria o seu acordo com Deus (v.tb. 1Joo 2,18.22 4,3 2Joo 1,7,

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    que tambm falam da vinda e da obra do anticristo) [19:56].

    Vejamos, primeiro, os versculos bblicos citados neste trecho do programa:

    - 2Tessalonicentes 2,3: "Ningum de modo algum vos engane. Porque primeiro deve vir a apostasia, edeve manifestar-se o homem da iniqidade, o filho da perdio".

    - 1Joo 2,18.22: "Filhinhos, esta a ltima hora. Vs ouvistes dizer que o Anticristo vem. Eis que j hmuitos anticristos, por isto conhecemos que a ltima hora. Quem mentiroso seno aquele que nega

    que Jesus o Cristo? Esse o Anticristo, que nega o Pai e o Filho".- 1Joo 4,3: "Todo esprito que no proclama Jesus esse no de Deus, mas o esprito do Anticristode cuja vinda tendes ouvido, e j est agora no mundo".

    - 2Joo 1,7: "Muitos sedutores tm sado pelo mundo afora, os quais no proclamam Jesus Cristo quese encarnou. Quem assim proclama o sedutor e o Anticristo".

    Lamentavelmente, o programa citou apenas uma pequenina parte dos versculos, fora do contexto maisamplo. Reconstruamos o contexto inteiro, principalmente aquele aduzido por So Paulo:

    - 2Tessalonicentes 2,1-12.15: "No que diz respeito vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e nossareunio com ele, rogamo-vos, irmos, no vos deixeis facilmente perturbar o esprito e alarmar-vos,nem por alguma pretensa revelao nem por palavra ou carta tidas como procedentes de ns e que vosafirmassem estar iminente o dia do Senhor. Ningum de modo algum vos engane. Porque primeiro devevir a apostasia, e deve manifestar-se o homem da iniquidade, o filho da perdio, o adversrio, aqueleque se levanta contra tudo o que divin