45
CURSO DE DIREITO Francisco Wagner Rodrigues Diógenes A IMPORTÂNCIA DA LEGISLAÇÃO NO AMPARO A ESTABILIDADE LABORAL DOS MEMBROS DA CIPA Manaus 2017

A IMPORTÂNCIA DA LEGISLAÇÃO NO AMPARO A … · saciar suas necessidades básicas e todo trabalho tinha como finalidade a busca de melhorias voltadas para a atividade simples do

  • Upload
    phamdat

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

CURSO DE DIREITO

Francisco Wagner Rodrigues Diógenes

A IMPORTÂNCIA DA LEGISLAÇÃO NO AMPARO A ESTABILIDADE LABORAL DOS MEMBROS DA CIPA

Manaus

2017

Francisco Wagner Rodrigues Diógenes

A IMPORTÂNCIA DA LEGISLAÇÃO NO AMPARO A ESTABILIDADE LABORAL DOS MEMBROS DA CIPA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito do Centro Universitário Luterano de Manaus – CEULM / ULBRA. Orientador: Prof. Armando de Souza Negrão

Manaus

2017

FRANCISCO WAGNER RODRIGUES DIÓGENES

A IMPORTÂNCIA DA LEGISLAÇÃO NO AMPARO A ESTABILIDADE LABORAL DOS MEMBROS DA CIPA

TERMO DE APROVAÇÃO

Este Trabalho tem como objetivo a Conclusão de Curso, submetido a

julgamento e posterior aprovação para obtenção do título de Bacharel

no Curso de Direito do Centro Universitário Luterano de Manaus.

Banca Examinadora:

____________________________________ Orientador

CEULM

____________________________________ Prof. (a) CEULM

___________________________________ Prof. (a) CEULM

Manaus: _____/_____/_____.

“Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará.” (Sl 37:5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho durante esta

caminhada.

À minha esposa Emmille, a minha filha Esmmeralda.

Aos meus pais e irmãos, a todos os familiares que me deram forças para que eu

pudesse realizar o sonho de concluir a graduação do curso de direito.

Aos meus amigos e colegas pelo incentivo e apoio durante todos os semestres, a

todos os professores do curso, em especial ao professor Armando Negrão, pela

paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão desta

monografia.

RESUMO

Na atual configuração do mercado globalizado existe a figura do funcionário que divide o seu tempo de trabalho entre exercer a função para o qual foi contratado e exercer o trabalho voluntário de prevenção de acidentes, este é um membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Os membros da CIPA através de reuniões mensais debatem os problemas de segurança do trabalho que foram encontrados na empresa e buscam soluções diretamente com o empregador e com o setor de segurança do trabalho da empresa (se houver). Garantir os direitos e estabelecer critérios para a atuação nos diversos casos em que se fazem necessárias sua atuação e algo relevante para a empresa como um todo, mas para que isto aconteça são necessários que as normas e leis que regem a sua atuação e garantam a sua estabilidade sejam de conhecimento público, pois muitas das vezes esses profissionais são coagidos pelas grandes corporações a fazerem apenas aquilo para que foram contratados, renegando sua atuação como protetores da classe trabalhadora em geral no que concerne as normas de segurança e saúde dos trabalhadores, que a legislação lhes confere. Saber identificar sua missão e suas competências é algo primordial para que os trabalhadores de maneira geral se vejam revestidos pelo manto da segurança não somente de seus empregos, como também de sua atuação enquanto profissionais. Eis porque estes são revestidos de uma incumbência maior dentro da escala de trabalho, tendo direito inclusive a algumas “regalias” como o direito à estabilidade diante dos mais diversos critérios dentro do ordenamento jurídico. Saber se identificar dentro destes critérios e reivindicar seus direitos que por lei são outorgados, faz parte da temática deste trabalho.

Palavras-Chave: CIPA; estabilidade; legislação; direitos; trabalhadores.

ABSTRACT

In the current configuration of the globalized market there is the figure of the employee who divides his work time between performing the function for which he was hired and carrying out the voluntary work of accident prevention, this is a member of the Internal Commission for the Prevention of Accidents - CIPA. CIPA members through monthly meetings discuss workplace safety issues that have been encountered in the company and seek solutions directly with the employer and the company's workplace safety sector (if any). Guarantee the rights and establish criteria for action in the various cases in which their action is necessary and something relevant for the company as a whole, but for this to happen it is necessary that the norms and laws that govern their performance and ensure their workers are coerced by large corporations to do just what they were hired for, denying their role as protectors of the working class in general as far as workers' safety and health standards are concerned. legislation confers them. Knowing how to identify their mission and their competencies is essential so that the workers in general are covered by the security mantle not only of their jobs, but also of their performance as professionals. That is why they are faced with a greater responsibility within the scale of work, even entitled to some "perks" such as the right to stability in the face of the most diverse criteria within the legal system. Knowing whether to identify within these criteria and claim their rights that are granted by law, is part of the theme of this work.

Keywords: CIPA; stability; legislation; rights; workers

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

2 CONCEITO DE ESTABILIDADE. ........................................................................... 20

3 ESTABILIDADE E GARANTIA DE EMPREGO...................................................... 22

4 ESTABILIDADE RELATIVA DE EMPREGADO MEMBRO DA CIPA ..................... 28

5 ESTABILIDADE E CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO ............................ 29

6 ESTABILIDADE E AVISO PRÉVIO ........................................................................ 33

7 EXTINÇÃO DA ESTABILIDADE ............................................................................ 35

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 38

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 44

9

1 INTRODUÇÃO

Na descrição do contexto documental do qual emana a formação do Direito

do Trabalho, em sua forma mais organizada e sistematizada, insta refletirmos um

pouco sobre a própria história do trabalho, pois a espécie de “trabalho”, regulada

pelo direito do trabalho é um fenômeno relativamente recente, que tem seu

surgimento, somente, após a consolidação do modo de produção capitalista.

Entretanto, a história do trabalho pode ser contada, e normalmente o é,

como a própria história da humanidade. Visto que o animal-humano, em razão da

sua estrutura instintiva insuficiente especializada para viver num mundo natural,

constrói, a partir do trabalho, uma totalidade de produtos simbólicos e materiais, que

o permitem resolver suas dificuldades frente aos desafios da natureza.

Segundo as lições do sociólogo e fenomenólogo PETER BERGER (1985),

afirma que:

O animal não-humano ingressa no mundo com impulsos altamente especializados e firmemente dirigidos. Como resultado, vive num mundo mais ou menos completamente determinado pela estrutura dos seus instintos. Esse mundo é fechado em termos de suas possibilidades, programado, por assim dizer, pela própria constituição animal... Em contraste, a estrutura dos instintos do homem no nascimento é insuficiente especializada e não é dirigida a um ambiente que lhe seja especifico. Não há um mundo do homem no sentido acima. O mundo do homem é imperfeitamente programado pela sua própria constituição, é um mundo aberto. Ou seja, um mundo que deve ser modelado pela própria atividade do homem... o homem precisa fazer um mundo para si. A atividade que o homem desenvolve em construir um mundo não é, portanto, um fenômeno biológico estranho, e sim conseqüência direta de sua constituição biológica do homem. (BERGER, 1985)

Como é cediço, o Direito do Trabalho é regido por princípios peculiares,

dentre os quais o princípio da continuidade da relação de emprego.

É exatamente com base neste princípio que o normal seria a estabilidade do

vínculo empregatício, isto é, a relativa segurança jurídica do trabalhador no sentido

da manutenção de seu emprego, salvo motivo relevante. Era este o sentido do

antigo sistema celetista da indenização e da estabilidade.

10

Com efeito, dispunha o art. 478 da CLT, não expressamente revogado, mas

não recepcionado pela atual Carta Magna, que, em caso de dispensa imotivada do

empregado que contasse com mais de um ano de casa, caberia ao empregador

pagar indenização equivalente a um mês de remuneração por ano de serviço efetivo

ou fração igual ou superior a seis meses:

Art. 478 - A indenização devida pela rescisão de contrato por prazo

indeterminado será de 1 (um) mês de remuneração por ano de serviço efetivo, ou

por ano e fração igual ou superior a 6 (seis) meses.

§ 1º - O primeiro ano de duração do contrato por prazo indeterminado é

considerado como período de experiência, e, antes que se complete, nenhuma

indenização será devida.

§ 2º - Se o salário for pago por dia, o cálculo da indenização terá por base

25 (vinte e cinco) dias. (Vide Constituição Federal Art.7 inciso XIII)

§ 3º - Se pago por hora, a indenização apurar-se-á na base de 200

(duzentas) horas por mês. (Vide Constituição Federal Art.7 inciso XIII)

§ 4º - Para os empregados que trabalhem a comissão ou que tenham direito

a percentagens, a indenização será calculada pela média das comissões ou

percentagens percebidas nos últimos 12 (doze) meses de serviço. (Redação dada

pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

§ 5º - Para os empregados que trabalhem por tarefa ou serviço feito, a

indenização será calculada na base média do tempo costumeiramente gasto pelo

interessado para realização de seu serviço, calculando-se o valor do que seria feito

durante 30 (trinta) dias.

Ademais, o art. 492 da CLT previa a chamada estabilidade decenal, segundo

a qual o empregado que completasse dez anos de serviço na empresa não poderia

ser demitido, salvo por justa causa, comprovada em inquérito judicial:

Art. 492 - O empregado que contar mais de 10 (dez) anos de serviço na

mesma empresa não poderá ser despedido senão por motivo de falta grave ou

circunstância de força maior, devidamente comprovadas.

11

Parágrafo único - Considera-se como de serviço todo o tempo em que o

empregado esteja à disposição do empregador.

Este sistema aproximava a legislação trabalhista do espírito que originou o

princípio da continuidade da relação de emprego. Entretanto, foi abandonado pelo

legislador.

Em um primeiro momento surgiu, em 1966, o FGTS, à época facultativo,

com vistas a substituir o regime da indenização. Por conseguinte com o advento da

Constituição Federal de 1988, a qual tornou obrigatório o FGTS e, com isso,

sepultou de vez o regime celetista da indenização e da estabilidade. Assim, a partir

de 1988, deixou de existir a estabilidade decenal (salvo para quem já tinha adquirido

o direito, ou seja, já contava com dez anos no mesmo emprego em 1988). Desse

modo, hoje não existe mais estabilidade no serviço privado, ao menos não no

sentido próprio do termo.

Seguindo o manual de filosofia de ARANHA E MARTINS (1993), podemos

dividir a história do trabalho através do modo de produção que o homem

desenvolveu ao longo da história, a saber, os regimes de trabalho primitivo, escravo,

feudal, capitalista. Descreveremos algumas características de forma breve.

No modo de produção primitivo a sociedade organizava-se em clãs

familiares que trabalhavam para garantir seu próprio sustento. Nela o modo de

produção caracteriza-se, em linhas gerais, com o avanço das primeiras ferramentas

que eram construídas de pedra, espinhos, e pedaços de lascas de arvore, buscando

saciar suas necessidades básicas e todo trabalho tinha como finalidade a busca de

melhorias voltadas para a atividade simples do cotidiano como alimentar-se, e

abrigar-se combater seus inimigos. Neste contexto a divisão do trabalho mantinha

certa equidade, de forma que cada membro da comunidade desenvolvia uma

atividade complementar para todo o grupo. As relações de trabalho eram simples e

as alternativas de trabalho eram escassas.

No momento seguinte, o homem inova seu modo de vida e começa a plantar

e a poupar alimentos e riquezas. Desta forma surgem novas formas de organização

do trabalho e de interação social, e, com efeito, a hierarquia na divisão do trabalho.

12

Passaram, então a utilizar-se de mão-de-obra escrava. Este modo de trabalho

perdurou até o fim do período antigo quando perde sua força e legitimidade no

ocidente europeu, sendo a escravidão não mais viável economicamente como

também socialmente.

Com a Revolução Industrial alterou-se todos os modos de produção, bem

como a vida social e econômica das sociedades européias. Criou-se uma variedade

de máquinas para executar os mais diversos ofícios, fazendo com que muitas

famílias que desenvolviam o trabalho doméstico nas antigas corporações e

manufaturas dispusessem de seus antigos instrumentos de trabalho, e para

sobreviver vendiam sua força de trabalho em troca de salário. Embora não careça

de explicações longas, a extinção das corporações deve-se ao fato do elevado custo

e baixa produção quando comparado a produto fabricado em larga escala por uma

indústria. Outra mudança significativa causada pelo surgimento das indústrias,

implantadas pela classe burguesa, foi a concentração de indivíduos nas cidades em

busca de empregos, objetivando, por meio da venda da sua força de trabalho,

ganhar um salário que as permitissem garantir sua subsistência. Neste sentido, a

Revolução Industrial, somado ao aparecimento das grandes indústrias, das grandes

concentrações de capital, inaugurou no cenário da história o personagem do

assalariado. Este último consciente de sua insignificância como indivíduo, pois o

fruto do seu trabalho não mais lhe pertence e de sua realidade social como classe,

submetida a uma nova ordem, a da divisão do trabalho com ritmo e horários

preestabelecidos, não possui outra saída senão vender sua mão-de-obra em troca

de salário.

A partir deste novo paradigma do trabalho o indivíduo assalariado, ficou

entregue à própria sorte. Com o aparecimento aos borbulhes de indústrias e suas

máquinas de produção, abriu-se uma ampla liberdade de contratação, independente

da qualificação da mão-de-obra, uma vez que com as máquinas as pessoas

somente precisavam ser treinadas para o exercício do ofício. Esta novo modo de

produção somado ao declínio do sistema feudal, a extinção das corporações, do

desemprego crescente no campo, obrigou muitos trabalhadores a migrarem para as

13

cidades, esperançosos pelas ofertas de trabalho nas indústrias. Formou-se daí uma

grande massa de reserva-mão-de-obra a disposição do empregador.

Não existiam contratos escritos que garantissem os direitos dos

trabalhadores. Embora, em tese, com base na ideologia liberal, supunha-se que

todos os “contratos” eram contraídos pela autonomia da vontade, não era bem assim

que ocorria na prática. Os empregadores poderiam quebrar o contrato verbal a

qualquer tempo, demitindo o trabalhador quando bem entendesse. No caso de

doença ou acidente, durante o período em que se encontrava inativo o trabalhador

não recebia salário. Com isso, os trabalhadores só viam aumentar suas incertezas e

sentiam a instabilidade das relações trabalhistas estabelecidas.

Se, do ponto de vista jurídico-sociológico, foi o Direito das Relações

Coletivas do Trabalho o fator principal a mola propulsora do Direito do Trabalho,

contudo, o reconhecimento pelo Estado da existência deste Direito começou, como

é óbvio, pela Regulamentação do Direito Individual do Trabalho. A este propósito

dividirem em etapas a evolução histórica do Direito do Trabalho. Alguns autores

como DELGADO (2011) e ORLANDO GOMES (1995), defendem uma tipologia

bastante utilizada em manuais de Direito do Trabalho que consiste na existência de

quatro fases principais na evolução do Direito do Trabalho: formação, intensificação,

consolidação e autonomia.

De acordo com ORLANDO GOMES (1995), findado a Primeira Guerra

Mundial, e com o Tratado de Versalhes, inicia-se o quarto período, fase da

autonomia. Como já sabido, tal Tratado institui nove princípios gerais relativos à

regulamentação do trabalho, que se recomendavam a adoção pelos países que o

firmaram. Dentre outros direitos trabalhistas, abordava as questões referentes à

jornada de trabalho, período de repouso e direito de associação, prevendo também

a criação da OIT - Organização Internacional do Trabalho (GOMES, 1995).

Caracteriza-se, sobretudo, pela incorporação de medidas de caráter social

aos textos das Constituições em todos os países democráticos, e pela intensificação

da legislação ordinária em todas as nações civilizadas, abrangendo todos os

aspectos da regulamentação do trabalho. A extinta Sociedade das Nações havia

14

instituído como uma de suas agências de inter-relação dos povos a Organização

Internacional do Trabalho, destinada à execução dos nove princípios do Tratado.

Com o desaparecimento da Sociedade das Nações, sobreviveu-lhe a OlT

(Organização Internacional do Trabalho), o que bem demonstra a sua eminente

importância social e política. E mais tarde um documento de alta relevância, como o

é a Encíclica Mater et Magistra, põe em destaque a incomparável atuação, no

mundo, da OIT.

Na primeira Conferência Internacional do Trabalho, realizada em 1919, a

OIT adotou seis convenções. A primeira delas respondia a uma das principais

reivindicações do movimento sindical e operário do final do século XIX e começo do

século XX: a limitação da jornada de trabalho a 8 diárias e 48 semanais. As outras

convenções adotadas naquela ocasião referem-se à proteção à maternidade, à luta

contra o desemprego, à definição da idade mínima de 14 anos para o trabalho na

indústria e à proibição do trabalho noturno de mulheres e menores de 18 anos.

Albert Thomas tornou-se o primeiro Diretor-Geral da OIT.

Com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1948, juntamente

com a intervenção da Organização Internacional do Trabalho, garante-se o

reconhecimento para as entidades sindicais na representação dos trabalhadores,

que nos países mais desenvolvidos, chega até a substituir a intervenção do Estado

pela ação dos sindicatos em prol de seus associados.

Desta forma o Direito do Trabalho ampliou suas fronteiras no tempo e no

espaço, orientado por duas direções, tutelando determinados sujeitos ou

beneficiários e; tutelando certas profissões.

Assim, inicialmente vimos que, o Direito do Trabalho constitui-se por poucas

regras referentes ao trabalho da mulher e do menor. Eram eles os únicos

beneficiários, então, de uma legislação protetora do trabalho dependente. O Estado

Liberal, abstinente por princípio, entendeu que, quanto ao sexo e à idade, podia

interferir em nome de um tradicional “Poder de Polícia”, que não violava,

ostensivamente, os princípios filosóficos em que se inspirava. Era uma proteção

15

relativa ao labor nas precárias condições das indústrias da Revolução Industrial. Foi

este o primeiro grau de um intervencionismo estatal.

Em seguida, vagarosamente, o Estado Liberal, perdeu a cerimônia dos

invioláveis princípios, amparou também aos trabalhadores ou operários da indústria,

sem distinção de sexo ou idade. As primeiras leis que surgiram para os operários

adultos da indústria regulavam a duração do trabalho, a jornada. Não obstado aos

avanços já estabelecidos o Estado foi gradualmente ampliado suas intervenções

através de etapas sucessivas, delineando novas fronteiras e fases de evolução

deste Direito. Expandiu-se assim, no âmbito de outras profissões, que não as

compreendidas na vasta categoria dos trabalhadores da indústria. Leis protetoras,

com efeito, surgiram para regular o trabalho dos comerciários, dos trabalhadores

rurais, dos marítimos, dos atletas, dos profissionais liberais e, em muitos países, dos

trabalhadores domésticos, como no Brasil.

Neste momento, o Estado, consciente dos ganhos obtidos com método

empregado, isto é, a gradual experiência de regulamentar o trabalho dependente,

intensificou o seu intervencionismo. Passou então a classificar categorias

profissionais no interior das amplas categorias dos que trabalham na indústria e no

comércio. Recrudescendo, cada vez mais, o seu intervencionismo, chegou o Estado

à regulamentar subcategorias profissionais, assim como as particularidades do

trabalho dependente em certos setores da indústria ou do comércio, como por

exemplo: o caso dos bancários, dos representantes comerciais, agentes de seguros,

metalúrgicos, trabalhadores na construção civil, sociólogos,psicólogos, etc.

Por outro lado, o desenvolvimento do Direito do Trabalho também se

manifestou por meio da tendência de alargamento de suas fronteiras, quanto às

pessoas que deve reger. Esta tendência contemporânea se explica essencialmente

pelo fato de ser o Direito do Trabalho uma legislação de proteção aos

economicamente débeis. Assim, tende a aplicar-se a pessoas que não concluíram

um contrato de trabalho em sentido estrito, como ocorre, entre nós, com os

pequenos empreiteiros; a pessoas que não concluíram nem mesmo um contrato de

trabalho, como acontece no caso dos aprendizes e na imposição de mão-de-obra, e,

16

em certos casos, aos trabalhadores independentes, tais como os a domicílio; os

avulsos; os trabalhadores temporários; os parceiros rurais; os agentes de seguro; os

representantes de comércio, conforme a legislação de alguns países.

O expansionismo do Direito do Trabalho é uma realidade viva na legislação,

desde que esta se não queira divorciar da outra realidade dinâmica, que está na

infra-estrutura da vida econômica e social.

Enquanto no início do século XIX, a Inglaterra já se preocupava com a

proteção dos trabalhadores das indústrias têxteis, (ainda que com obrigações

absurdas para a nossa referência atual, porém aplicáveis à época), somente no final

daquele século, por volta de 1870 é que se tem notícia da instalação da primeira

indústria têxtil no Brasil, no estado de Minas Gerais.

E somente vinte anos depois é que surgiria no Brasil um dos primeiros

dispositivos legais relativos à proteção do trabalho, mais precisamente em 1891,

com a publicação do Decreto 1.313 que tratava da proteção do trabalho de menores.

Os trabalhadores adultos não eram abrangidos por este decreto. Eram os primeiros

anos da república velha e o Brasil começava a dar os primeiros passos, ainda

bastante tímidos, em direção à proteção do trabalho.

A temática da estabilidade na CIPA e a questão da segurança do trabalho e

a saúde do trabalhador vem ganhando destaque nos debates e discussões no

cenário nacional. Trata-se de uma questão relevante, seja pela necessidade de

atendimento às condicionantes legais, seja pelo fato de que condições adequadas

de higiene e segurança do trabalho contribuem para melhorias do clima

organizacional, com repercussões, inclusive, sobre a motivação e os índices de

produtividade.

Abordando como temática principal: A estabilidade relativa laboral dos

membros da CIPA, e restringindo-se aos aspectos que trata da “Importância da

Legislação no amparo a estabilidade laboral dos membros da CIPA”, objetiva-se

responder ao seguinte questionamento:

“Para o livre exercício de suas atribuições, que por vezes poderá colocar o

empregado em posição contrária ao interesse do empregador, perguntam-se nesse

17

contexto todos os membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes –

CIPA, conforme a legislação vigente terão direito a estabilidade relativa?”

É perceptível que o termo CIPA é um tema que não sai da pauta quando o

assunto é segurança do trabalho, incluindo seus direitos, deveres e garantias.

Se você domina bem o assunto CIPA, mas vez por outra tem alguma dúvida

quando o tema é estabilidade de seus membros, então, o nosso artigo de hoje é

perfeito para você.

Nele, preparamos um material objetivo, conciso e direto, que servirá como

uma fonte de referências para gerentes, gestores e demais membros da equipe,

ajudando a manter a empresa quites com as obrigações e requisitos da legislação.

A hipótese da pesquisa está embasada na condição da tão falada

estabilidade relativa, que é conferida ao empregado, desde o registro da candidatura

até um ano após o final do seu mandato, conforme art. 10, II, “a”, do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que é repetido pelo art. 165 da

CLT e item 5.8 da NR-5, que entrou em vigor em 24 de maio de 1999 e que

estabelece as regras para o funcionamento das Comissões Internas de Prevenção

de Acidentes de Trabalho – CIPA:

Art. 165 - Os titulares da representação dos empregados nas CIPA (s) não

poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em

motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. (Redação dada pela Lei nº

6.514, de 22.12.1977)

Parágrafo único - Ocorrendo a despedida, caberá ao empregador, em caso

de reclamação à Justiça do Trabalho, comprovar a existência de qualquer dos

motivos mencionados neste artigo, sob pena de ser condenado a reintegrar o

empregado. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)

NR5 item 5.8: É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do

empregado eleito para cargo de direção de Comissões Internas de Prevenção de

Acidentes desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu

mandato.

18

Os suplentes da CIPA gozam da mesma estabilidade, conforme Súmula

339, I do TST e Súmula 676 do STF. A estabilidade dos membros da CIPA não é

absoluta, pois podem ser dispensados por motivo disciplinar, técnico, econômico ou

financeiro, conforme art. 165 da CLT já visto anteriormente.

Súmula nº 339 do TST:

CIPA. SUPLENTE. GARANTIA DE EMPREGO. CF/1988 (incorporadas as

Orientações Jurisprudenciais nºs 25 e 329 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e

25.04.2005.

I - O suplente da CIPA goza da garantia de emprego prevista no art. 10, II,

"a", do ADCT a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988. (ex-Súmula

nº 339 - Res. 39/1994, DJ 22.12.1994 - e ex-OJ nº 25 da SBDI-1 - inserida em

29.03.1996).

II - A estabilidade provisória do cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas

garantia para as atividades dos membros da CIPA, que somente tem razão de ser

quando em atividade a empresa. Extinto o estabelecimento, não se verifica a

despedida arbitrária, sendo impossível a reintegração e indevida a indenização do

período estabilitário. (ex-OJ nº 329 da SBDI-1 - DJ 09.12.2003).

Súmula 676 do STF:

A garantia da estabilidade provisória prevista no art. 10, II, "a", do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias, também se aplica ao suplente do cargo de

direção de comissões internas de prevenção de acidentes (CIPA).

O presidente e os demais representantes do empregador na CIPA não estão

abrangidos pela estabilidade provisória no emprego, pelo fato dos mesmos não

serem eleitos e sim designados pelo empregador, conforme art. 164, § 1º da CLT:

Art. 164 - Cada CIPA será composta de representantes da empresa e dos

empregados, de acordo com os critérios que vierem a ser adotados na

regulamentação de que trata o parágrafo único do artigo anterior. (Redação dada

pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977).

§ 1º - Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por

eles designados. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977).

19

À Comissão Interna de Prevenção de Acidentes foi conferida, por força do

parágrafo único do art. 163 da CLT e NR-5 da portaria n. 3.214/78 do Ministério do

Trabalho e Emprego (MTE), a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do

trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a

preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. A estabilidade faz-se

necessária porque os membros da CIPA por vezes vão contra os interesses do

empregador, quando pedem para parar uma máquina quando está oferece riscos

aos empregados, quando pedem a emissão da Comunicação de Acidentes de

Trabalho (CAT).

Dentre as garantias que o membro da CIPA possui, a mais importante é a

estabilidade provisória, prevista no art. 10, II, “a”, do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias (ADCT), que é repetido pelo art. 165 da CLT e item 5.8

da NR-5, que protege o empregado de eventual dispensa arbitrária ou sem justa

causa do empregado eleito para o cargo de direção da CIPA, desde o registro de

sua candidatura até um ano após o final do mandato.

O empregado membro suplente da CIPA goza também da estabilidade

provisória conforme o entendimento do TST através da Súmula 339, e da Súmula

676 do STF.

É preciso deixar claro os objetivos deste trabalho, pois só assim poderemos

ter de uma maneira sucinta o que realmente deve ser abordado dentro do tema,

respeitando as limitações que foram definidas inicialmente. E para tal objetivamos de

maneira mais ampla analisar a estabilidade relativa laboral dos membros da

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Dentro desta ótica, temos que

esmiuçar as seguintes temáticas: Estudar a legislação vigente sobre os diferentes

tipos de estabilidade que são aplicáveis aos membros da CIPA; Diferenciar garantia

de emprego e estabilidade dos membros do CIPA e Analisar os diferentes tipos de

contrato de trabalho e especificar as relações com o tema em estudo.

A metodologia adotada no desenvolvimento deste consiste em uma

mediação em relação aos métodos lógicos e científicos. Inicialmente, a metodologia

era descrita como parte integrante da lógica que se focava nas diversas

20

modalidades de pensamento e a sua aplicação. Posteriormente, a noção que a

metodologia era algo exclusivo do campo da lógica foi abandonada, uma vez que os

métodos podem ser aplicados a várias áreas do saber.

Utilizando-se a classificação de MARCONDES e LAKATOS (ano 2003,

p.116) tem-se que o método de abordagem a ser adotado será o dedutivo, que tem

como definição clássica ser aquele que parte do geral para alcançar o particular, ou

seja, extrai o conhecimento a partir de premissas gerais aplicáveis às “hipóteses

concretas”.

Tomando ainda por referencia a classificação dos referidos autores, será

adotada a seguinte técnica de pesquisa neste projeto: documentação indireta – com

observação sistemática, abrangendo a pesquisa bibliográfica de fontes primárias e

secundárias (doutrinas em geral, artigos científicos, dissertação de mestrado, teses

de doutorado, etc.), além de documentação oficial (projetos de lei, mensagens, leis,

decretos, sumulas, acórdãos, decisões, etc.)

2 CONCEITO DE ESTABILIDADE.

Estabilidade é o direito do trabalhador de permanecer no emprego, mesmo

contra a vontade do empregador, enquanto existir uma causa relevante e expressa

em lei que permita sua dispensa (NASCIMENTO, 2005). Esse conceito repercute

benefícios para o trabalhador, que em determinadas situações se vê amparado pela

lei.

Sobre a estabilidade é o ensinamento de PINTO MARTINS (2004):

“Estabilidade é o direito do empregado de continuar no emprego, mesmo contra a vontade do empregador, desde que inexista uma causa objetiva a determinar sua despedida. Tem, assim, o empregado o direito ao emprego, de não ser despedido, salvo determinação de lei em sentido contrario”.

Para complementar o conceito trazido acima vale a descrição do

entendimento de Renato Saraiva: “A estabilidade é espécie do gênero garantia de

21

emprego, que se materializa quando o empregador será impedido, temporária ou

definitivamente de dispensar sem justo motivo o laborante.”

A Consolidação das Leis do Trabalho prevê, em seu artigo 543, parágrafo

3º, a proteção ao emprego para o dirigente de associação ou entidade sindical,

inclusive na condição de suplente:

Art. 543 - O empregado eleito para cargo de administração sindical ou

representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não

poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou

mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições

sindicais. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967).

§ 3º - Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a

partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou

representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano

após o final do seu mandato, caso seja eleito inclusive como suplente, salvo se

cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação. (Redação

dada pela Lei nº 7.543, de 2.10.1986).

O prazo de duração do obstáculo ao direito de dispensa imotivada de

empregado em referida situação estende-se desde sua candidatura e, se eleito, até

um ano após o final de seu mandato. No início de sua vigência, o preceito legal

mencionado não permitia pacífica interpretação quanto a esta figura de estabilidade

e seus beneficiários. A legislação que instituiu o regime do Fundo de Garantia do

Tempo de Serviço, que continha previsão expressa neste sentido em seu artigo 25,

dirimiu a polêmica.

Observa-se que há uma norma na constituição Federal de 1988 que

direciona para a responsabilidade subjetiva e uma norma infraconstitucional

direcionando para a responsabilidade objetiva.

No mais das vezes a questão fica para ser solucionada através do

entendimento jurisprudencial, onde, diante de cada caso concreto os magistrados

tomam decisões mediante as provas colocadas no processo.

22

Pode-se ou provar que houve culpa do empregador, que não observa as

normas de segurança do trabalho, ou obriga o empregado a trabalhar

constantemente em horas extras causando-lhe desgaste físico e mental,

proporcionando, assim, o acidente. Ou, ainda pode-se provar que houve culpa do

empregado no acidente de trabalho pela falta de cuidado ao executar seu ofício ou

manusear o equipamento, mesmo recebendo equipamentos e todas as orientações

e treinamentos necessários.

O conceito de estabilidade, portanto, tem implicação em muitos aspectos da

vida, como na economia, na política e, porque não mencionar, também na vida

espiritual. Ela é imprescindível no desenvolvimento da espiritualidade e da

consciência individual. A natureza humana parece clamar por ela.

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA possui estabilidade

oriunda do princípio trabalhista da continuidade da relação de emprego e do

princípio da proteção, impossibilitando a dispensa arbitrária ou abusiva, propiciando

assim ao empregado à segurança adequada para o seu desempenho como membro

da CIPA.

3 ESTABILIDADE E GARANTIA DE EMPREGO

Estas duas figuras não se identificam embora sejam muito próximas.

Garantia de emprego é um instituto mais amplo que a estabilidade. Compreende,

além da estabilidade, outras medidas destinadas a fazer com que o trabalhador

obtenha o primeiro emprego e a manutenção do emprego conseguido. Relaciona-se

com a política de emprego. São exemplos: o art. 429 da CLT, que impõe emprego a

menores aprendizes; o art. 513 da CLT, que prioriza a admissão de trabalhadores

sindicalizados, etc.:

Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a

empregar e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número

de aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no

máximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções

demandem formação profissional. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000).

23

§ 1o-A. O limite fixado neste artigo não se aplica quando o empregador for

entidade sem fins lucrativos, que tenha por objetivo a educação profissional.

(Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000)

§ 1º-B Os estabelecimentos a que se refere o caput poderão destinar o

equivalente a até 10% (dez por cento) de sua cota de aprendizes à formação

técnico-profissional metódica em áreas relacionadas a práticas de atividades

desportivas, à prestação de serviços relacionados à infra-estrutura, incluindo as

atividades de construção, ampliação, recuperação e manutenção de instalações

esportivas e à organização e promoção de eventos esportivos. (Redação dada pela

Lei nº 13.420, de 2017).

§ 1o As frações de unidade, no cálculo da percentagem de que trata o caput,

darão lugar à admissão de um aprendiz. (Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000).

§ 2o Os estabelecimentos de que trata o caput ofertarão vagas de

aprendizes a adolescentes usuários do Sistema Nacional de Atendimento

Socioeducativo (Sinase) nas condições a serem dispostas em instrumentos de

cooperação celebrados entre os estabelecimentos e os gestores dos Sistemas de

Atendimento Socioeducativo locais. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012).

Art. 513. São prerrogativas dos sindicatos:

a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias os

interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou interesses

individuais dos associados relativos á atividade ou profissão exercida;

b) celebrar contratos coletivos de trabalho;

c) eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou profissão

liberal;

d) colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, no estudo e

solução dos problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão

liberal;

e) impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias

econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas.

24

Parágrafo Único. Os sindicatos de empregados terão, igualmente, a

prerrogativa de fundar e manter agências de colocação.

A única estabilidade que realmente atingia o objetivo de manter o

trabalhador no emprego é aquela adquirida aos dez anos de serviço na mesma

empresa, prevista no art. 492 da CLT. Com a criação do FGTS (Lei 5.107/66) a

estabilidade decenal só atingia aos não-optantes do sistema do FGTS. A CF/88, por

sua vez, tornou o regime do FGTS obrigatório. Com isso só possuem estabilidade

decenal aqueles que adquiriram 10 anos de serviço até 04.10.88, não sendo

optantes do regime do FGTS.

Art. 492 - O empregado que contar mais de 10 (dez) anos de serviço na

mesma empresa não poderá ser despedido senão por motivo de falta grave ou

circunstância de força maior, devidamente comprovadas.

Parágrafo único - Considera-se como de serviço todo o tempo em que o

empregado esteja à disposição do empregador.

Desta forma a CF de 05.10.88 aboliu o regime da estabilidade definitiva, com

exceção dos servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios, da administração direta autárquica e das funções públicas, em

exercício na data da promulgação da constituição, há pelo menos cinco anos

continuados. Posteriormente, à vigência da Carta Magna, o provimento somente dar-

se-á mediante aprovação prévia em concurso público, na forma prevista no Art. 37

da Constituição.

Face ao exposto, alguns autores consideram a estabilidade decenal e a dos

servidores públicos como definitiva, sendo as demais estabilidades provisórias,

termo este criticado por alguns autores, tendo em vista que o termo estabilidade é

contrário ao termo provisório.

Classificação morfológica mais recente:

a) estabilidade definitiva: empregado decenal e empregado público.

25

b) estabilidade temporária (provisória): dirigente sindical, representante dos

trabalhadores no CNPS1, dirigente de associação profissional;

c) garantia de emprego (relativa): cipeiro e gestante;

d) garantias especiais (híbridas): acidentado, menor aprendiz matriculado no

SENAI ou no SENAC (DL 8.622/46), Lei 9.029/95 (art. 4) e NR-7, precedentes

normativos 80 (empregado alistando), 85 (empregado aposentando), 77 (empregado

transferido) e as garantias de emprego provenientes de Sentenças normativas,

acordos coletivos e convenções coletivas.

Diferença essencial entre estabilidade e garantia de emprego: o empregado

estável só pode ser despedido quando cometer falta grave devidamente apurada

através de inquérito judicial. O empregado detentor de garantia de emprego pode

ser despedido por justa causa, diretamente.

A legislação trabalhista possui alguns mecanismos para assegurar proteção

a quem sofre acidente de trabalho. Um deles é a concessão de estabilidade

provisória, também chamada de garantia de emprego.

A estabilidade acidentária é a estabilidade provisória por motivo de acidente

de trabalho, e está prevista no artigo 1182 da Lei 8.213/91:

Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo

prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na

empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de

percepção de auxílio-acidente.

Parágrafo único. O segurado reabilitado poderá ter remuneração menor do

que a da época do acidente, desde que compensada pelo valor do auxílio-acidente,

referido no § 1º do art. 86 desta lei.

Para diferenciar as hipóteses em que cabe ou não a estabilidade acidentária,

é fundamental esclarecer o conceito de acidente de trabalho. Segundo o artigo 19 da

Lei nº 8.213/91, acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a

serviço do empregador, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que

1 Conselho Nacional de Previdência Social 2 Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências.

26

cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade

para o trabalho:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a

serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos

segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou

perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou

temporária, da capacidade para o trabalho. (Redação dada pela Lei Complementar

nº 150, de 2015)

§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e

individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador.

§ 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de

cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho.

§ 3º É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os

riscos da operação a executar e do produto a manipular.

§ 4º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os

sindicatos e entidades representativas de classe acompanharão o fiel cumprimento

do disposto nos parágrafos anteriores, conforme dispuser o Regulamento.

A lei equipara ao acidente de trabalho outros incidentes, como por exemplo

doenças profissionais ou ocupacionais, catástrofes naturais, agressões no local de

trabalho e acidentes de percurso.

Entenda-se como doença profissional aquela desencadeada pelo exercício

de um trabalho específico, ligado a uma determinada atividade. A doença

profissional está ligada à atividade desenvolvida pelo empregado, ou seja, não

decorre do “ambiente de trabalho”, mas da função exercida pelo obreiro.

Como exemplo pode citar a LER e a DORT:

LER (lesões por esforços repetitivos) e DORT (distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho) são tratados como enfermidade única, apesar de a

doutrina médica apresentar diferenças, as quais fogem ao âmbito do nosso estudo.

27

A LER/DORT que acomete um digitador advém do exercício de um

movimento específico e contínuo (digitação). Trata-se, portanto, de uma doença

profissional.

Também é considerada como doença profissional aquela proveniente de

contaminação do empregado no exercício de sua atividade (enfermeiro contraiu HIV

ao injetar em si mesmo seringa contaminada).

Doença do trabalho é aquela adquirida em função de condições especiais

em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente.

Ela é fruto do meio ambiente do trabalho (O STF, inclusive, consagrou a

competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar ações decorrentes do

meio ambiente do trabalho– Súmula 736 STF):

Súmula 736 STF:

Compete à justiça do trabalho julgar as ações que tenham como causa de

pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e

saúde dos trabalhadores.

A perda, total ou parcial, da audição, desencadeada pelo intenso ruído no

ambiente de labor, pode atingir o operador de máquinas, assim como o seu chefe

imediato, apesar deste não operar o maquinário. A doença não deriva da “atividade”

ou da “função”. Decorre das condições em que o trabalho é realizado, ou seja, do

ambiente laboral.

Importante destacar que não são consideradas como doença do trabalho:

Doença degenerativa;

A inerente a grupo etário;

A que não produza incapacidade laborativa;

A doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em

que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de

exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

Conforme se pode concluir da redação do artigo 19, um incidente

envolvendo funcionários da empresa só será considerado acidente de trabalho para

fins previdenciários se causar a perda ou a redução da capacidade laborativa. Na

28

prática, embora a CAT deva ser emitida havendo afastamento ou não, o direito a

estabilidade somente se configura se o empregado permanecer afastado por mais

de 15 dias. Destaque-se uma exceção a essa regra: se após a demissão sem justa

causa foi diagnosticada uma doença ocupacional ou profissional comprovadamente

causada pelo emprego anterior, a estabilidade é conferida mesmo que o empregado

não tenha recebido auxílio doença acidentário na época. Nesse caso, a dispensa é

tornada nula, devendo o empregador reintegrar o ex-empregado ou indenizá-lo por

todo o período da estabilidade.

4 ESTABILIDADE RELATIVA DE EMPREGADO MEMBRO DA CIPA

Para analisarmos esta hipótese de estabilidade provisória, faz-se necessário

descrever dois dispositivos legais, senão vejamos:

Dispõe o caput do art. 165 da CLT (decreto-lei n.º 5.452 de 1º.05.1943):

Os titulares da representação dos empregados nas CIPA(s) não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.

Reza o inciso II, do art. 10 do ato das disposições constitucionais transitórias

que

Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição, fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato.

Lavra controvérsia sobre a extensão, ou não, dessa proteção aos suplentes

dos membros empregados da CIPA.

Predomina na jurisprudência atual o entendimento de que tal estabilidade

estende-se ao suplente da CIPA fundamentando-se, sobretudo porque se os

suplentes forem dispensados livremente pelo empregador, surgirá impossibilidade

de cumprir-se a lei no caso de um titular da CIPA ficar impedido de prosseguir no

29

desempenho de seu mandato. O Enunciado n.º 339 do TST, de 22.12.1994, da

guarida a este entendimento.

CIPA. SUPLENTE. GARANTIA DE EMPREGO. CF/1988 (incorporadas as

Orientações Jurisprudenciais nºs 25 e 329 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e

25.04.2005:

I - O suplente da CIPA goza da garantia de emprego prevista no art. 10, II, "a", do ADCT a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988. (ex-Súmula nº 339 - Res. 39/1994, DJ 22.12.1994 - e ex-OJ nº 25 da SBDI-1 - inserida em 29.03.1996) II - A estabilidade provisória do cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as atividades dos membros da CIPA, que somente tem razão de ser quando em atividade a empresa. Extinto o estabelecimento, não se verifica a despedida arbitrária, sendo impossível a reintegração e indevida a indenização do período estabilitário. (ex-OJ nº 329 da SBDI-1 - DJ 09.12.2003)

Destaca-se que essa garantia só favorece ao suplente do representante dos

empregados.

Outra questão acerca deste assunto que suscita dúvida de interpretação da

lei é em relação ao alcance da estabilidade a todos os membros titulares (art. 165 da

CLT) ou somente aos que exercem cargos de direção (art. 10, II, "a" do ADCT) na

CIPA. O entendimento predominante a esse respeito posiciona-se favorável ao

alcance limitado aos membros eleitos para cargos de direção da CIPA, baseado no

fato de não ter a CF/88 conferido expressamente alcance a outros membros.

5 ESTABILIDADE E CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO

A estabilidade decorrente de contrato de trabalho por prazo indeterminado

impede dispensa do empregado. Entretanto, no término normal de contrato por

prazo determinado, inclusive de experiência que é o mais comum, o desligamento

será possível no último dia do contrato, sem ônus para a empresa, porque a

hipótese não será de dispensa, mas de desligamento decorrente da extinção normal

do contrato, face à transitoriedade desta modalidade contratual.

30

A Constituição prevê a estabilidade provisória do dirigente sindical no art. 8º,

VIII. A CLT, no artigo 543, § 3º.

O dirigente sindical, titular ou suplente, adquire a estabilidade no “registro da

candidatura” às eleições sindicais. Se eleito, a estabilidade continua até um ano

após o final do mandato.

Se não eleito, a estabilidade finda quando da divulgação oficial do resultado

das eleições. A duração do mandato é definida no estatuto de cada sindicato.

Além da estabilidade, o dirigente sindical, titular ou suplente, também goza

da garantia da inamovibilidade, nos termos do art. 543, CLT:

O empregado eleito para o cargo de administração sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições sindicais.

Aqui o legislador visou combater a fraude à lei, proibindo que, por artifícios

como o da transferência, o empregador pudesse desvirtuar o instituto da

representação sindical, tornando-a inócua.

Se a transferência for solicitada pelo próprio dirigente sindical, ou se este a

aceitar voluntariamente, perderá o mandato, e, conseqüentemente, a estabilidade,

como dispõe o § 1º do art. 543 CLT.

O TST entende que a estabilidade também é afetada quando a atividade

empresarial for extinta na localidade – é o que diz a Súmula 369, IV, TST.

Segundo a doutrina tem lógica esta previsão, visto que a garantia do

dirigente sindical não é pessoal, mas coletiva. Sua estabilidade é uma garantia da

categoria que ele representa. Isto é, desaparecendo a categoria, em determinada

localidade, desaparecerá, naturalmente, a garantia.

O afastamento do empregado para o desempenho de suas atribuições junto

ao sindicato é considerado como licença não remunerada, salvo cláusula contratual

ou convencional em sentido contrário (individual ou coletiva), ou assentimento da

empresa – conforme reza o art. 543, § 2º, CLT.

31

O sindicato deverá comunicar, por qualquer meio (conforme item I da

Súmula 369 TST), a empregador, dentro de 24h, o registro da candidatura do

empregado. A ausência da comunicação sindical deixa o empregado desprotegido,

após o prazo de 24h.

Sendo assim, se o empregado quer for dispensado tiver como provar que o

empregador sabia de sua candidatura registrada, ele terá sucesso em eventual

reclamação trabalhista, na qual pleiteará a reintegração ao emprego e,

evidentemente, uma indenização por dano moral, ante a má-fé patronal.

Diante disso, mesmo passadas às 24h, caso o empregado não tenha sido

dispensado, o fato de o empregador tomar conhecimento, por qualquer meio, do

registro da candidatura, sanará o vício, fazendo retornar a estabilidade.

Vale destacar que os sindicatos podem ter quantos cargos de diretoria

quiser. Porém, o estatuto do sindicato deve prever quais os cargos que serão

contemplados pela estabilidade.

Neste sentido, em maio de 2012, o TST alterou a redação do item II da

Súmula 369, esclarecendo que a estabilidade fica limitada a “sete cargos de

diretoria”, ou seja, têm direito à estabilidade até “sete titulares” e até “sete

suplentes”, totalizando o número máximo de 14 empregados estáveis por sindicato.

O dirigente sindical não pode ser demitido, nem mesmo se cometer falta

grave.

Significa dizer que o dirigente sindical, titular ou suplente, além da

estabilidade e da inamovibilidade, possui uma terceira garantia: só pode perder o

emprego mediante decisão judicial, proferida no julgamento de uma ação chamada

Inquérito Judicial Para Apuração de Falta Grave.

Neste sentido, tem-se como redação da Súmula nº 379 do TST:

SÚMULA TST Nº 379 TST. DIRIGENTE SINDICAL. DESPEDIDA. FALTA

GRAVE. INQUÉRITO JUDICIAL. NECESSIDADE. O dirigente sindical somente

poderá ser dispensado por falta grave mediante a apuração em inquérito judicial,

inteligência dos arts. 494 e 543, § 3º, da CLT.

32

O empregado eleito para o cargo de direção de comissões internas de

prevenção de acidentes também detém estabilidade provisória, iniciando-se no ato

do registro da candidatura, perdurando, se eleito, até um ano após o final do

mandato – art. 10, II, a, ADCT.

Na compreensão do legislador, é destacável que a Comissão Interna de

Prevenção a Acidentes “desempenha importante papel para manter um ambiente de

trabalho saudável”.

O TST estende a garantia aos suplentes, esclarecendo que a estabilidade

cessa com o fechamento do estabelecimento e a transferência do “cipeiro”.

Súmula nº 339 do TST – CIPA. SUPLENTE. GARANTIA DE EMPREGO.

I - O suplente da CIPA goza da garantia de emprego prevista no art. 10, II, a,

do ADCT a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988.

II - A estabilidade provisória do cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas

garantia para as atividades dos membros da CIPA, que somente tem razão de ser

quando em atividade a empresa. Extinto o estabelecimento, não se verifica a

despedida arbitrária, sendo impossível a reintegração e indevida a indenização do

período estabilitário.

A CIPA tem composição paritária, ou seja, metade dos dirigentes representa

os empregados e a outra metade representa o empregador. Os representantes dos

empregados são eleitos. Os representantes do empregador são por ele indicados.

Essa informação é importante, já que a estabilidade abarca exclusivamente os

dirigentes eleitos.

Diante disso os representantes do empregador não têm estabilidade,

exatamente pelo fato de não participarem de qualquer eleição. Isto é, a estabilidade

é exclusiva dos representantes dos empregados.

Por oportuno, no art. 164 da CLT há uma previsão interessante: a

presidência da CIPA será ocupada por um representante do empregador, enquanto

que a vice-presidência será ocupada por um representante dos empregados.

Em outras palavras: O presidente da CIPA não tem estabilidade, mas o vice

tem.

33

6 ESTABILIDADE E AVISO PRÉVIO

Segundo o novo dicionário Aurélio de Língua Portuguesa (FERREIRA, 1996,

p. 208),

Aviso Prévio. 1. Comunicação do empregador ao empregado, ou vice versa, pela qual um faz saber ao outro a rescisão do respectivo contrato de trabalho dentro de determinado período. 2. Quantia que o empregador, quando ele é ele, a rescindir o contrato de trabalho, paga ao empregado.

Para RUSSOMANO (1978, p.142), “aviso prévio é, portanto, uma notificação

do empregado, ou do empregador, dando conta do seu propósito de rescindir o

contrato de trabalho”.

Destarte, o aviso prévio é a maneira de o empregado ou o empregador

avisarem um ao outro de que em data futura o próprio tem o desejo de que haja a

rescisão do contrato de trabalho pactuado. E esse direito, que na verdade é uma

obrigação legal, pois está elencado na nossa CF/88 (art. 7º, XXI), é um direito

potestativo, ou seja, a outra parte não pode se opor a ele.

É inadmissível a concessão de aviso prévio a empregado que goza de

garantia de emprego, considerada a diversidade da natureza jurídica de ambos os

institutos.

O aviso prévio objetiva a procura de um novo emprego e a estabilidade

propicia tranqüilidade ao empregado no sentido de que pode contar com o emprego

atual, sendo, assim suas finalidades diversas e anatômicas.

Assim, quando a empresa demiti-lo sem justa causa, deverá conceder-lhe o

aviso prévio após o último dia de estabilidade, para não suprimir 30 dias de tempo

de serviço do empregado.

Quando à ocorrência do fato gerador da estabilidade no curso do aviso

prévio, não é pacífico o entendimento no sentido de ser ou não devido o direito à

garantia de emprego, em face da inexistência de legislação específica a respeito.

Todavia o entendimento predominante é de que a estabilidade adquirida durante o

34

prazo de aviso prévio não impossibilita a rescisão do contrato de trabalho respectivo

eis que já sujeito a termo.

É possível catalogar o aviso prévio proporcional como medida compreendida

no sistema estabilitário, pois, ao ser proporcional ao tempo de serviço, ele empresta

ao trabalhador mais antigo um período mais longo para que procure outro emprego.

Isso é correto, em virtude das maiores dificuldades de um empregado com mais

tempo na empresa para conseguir novo posto de trabalho. Contudo, a medida

principal é a própria proteção da relação de emprego.

Não são necessárias maiores incursões doutrinárias e jurisprudenciais para

constatar que, uma vez mais, a constituição queda inerte diante da omissão do

legislador. Aqui, é pedida apenas uma lei, que sequer precisaria ser complementar.

Com a mora, hoje se emprega apenas os 30 dias, mínimo cominado pela

Constituição.

Assim, não importará há quantos anos o empregado vende sua força de

trabalho, o tempo que terá de aviso prévio será de 30 míseros dias. Alguém ousaria

dizer que a Constituição não está sendo descumprida? É simples: proporcional é o

contrário de algo que não leva em consideração o tamanho, a extensão. Se não está

havendo variação no período de aviso, é óbvio que o mesmo não é proporcional. Se

não é proporcional, a Carta Magna está sendo descumprida.

Se por um lado a flexibilização das normas trabalhistas afasta direitos e quer

ver o negociado se sobrepor ao legislado, por outro não permite a ampliação

protetiva dos trabalhadores. É o que se depreende do seguinte julgado do STF:

Dissídio coletivo. Recursos extraordinários providos, para excluir as cláusulas 2ª (piso correspondente ao salário mínimo acrescido de percentual) e 24 (estabilidade temporária), por contrariarem, respectivamente, o inciso IV (parte final) e I do art. 7º da Constituição, este último juntamente com o art. 10 do ADCT, bem como a cláusula 29 (aviso prévio de sessenta dias), por ser considerada invasiva da reserva legal específica, instituída no art. 7º, XXI, da Constituição.

35

“Invasiva da reserva legal específica”, é como o máximo órgão judiciário

nacional interpreta uma convenção coletiva que colocava em vigor aviso prévio

proporcional. Logo, os trabalhadores não terão direito à execução residual do

contrato por período proporcional enquanto não for editada a lei requisitada pelo inc.

XXI do art. 7º da CF. Mas, sabendo-se que o Congresso Nacional está em mora

legislativa, é possível acionar a responsabilidade extracontratual do Estado e pedir

indenização pela omissão de legislar.

7 EXTINÇÃO DA ESTABILIDADE

O direito de estabilidade no emprego visa a impedir, como já registramos,

que o empregador, quando lhe convier, denuncie o respectivo contrato de trabalho,

pagando, embora, ao empregado, a indenização proporcional ao tempo de serviço.

Daí dizer-se que o empregado estável tem direito ao emprego, não podendo dele ser

despedido senão nas hipóteses expressamente previstas em lei, na forma e nas

condições que ela estabelecer. Se o empregado estável praticar uma falta grave,

seu empregador poderá demiti-lo, mas terá de provar, perante a Justiça do Trabalho,

a prática dessa falta e dela obter a prévia autorização para resolver o contrato de

trabalho (arts. 494 e 652, letra "b", da CLT):

Art. 494 - O empregado acusado de falta grave poderá ser suspenso de

suas funções, mas a sua despedida só se tornará efetiva após o inquérito e que se

verifique a procedência da acusação.

Parágrafo único - A suspensão, no caso deste artigo, perdurará até a

decisão final do processo.

Art. 652 - Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento: (Vide

Constituição Federal de 1988):

b) processar e julgar os inquéritos para apuração de falta grave;

É importante ressaltar que se o empregador não suspender o empregado e

requerer o inquérito judicial no prazo de até trinta dias, contados da suspensão,

entende-se que há perdão tácito nos termos do art. 453 da CLT, decaindo tal direito.

36

Baseado no princípio fundamental do Direito do Trabalho da

Irrenunciabilidade de Direitos o empregado não pode renunciar direito de

estabilidade. Mesmo quando ocorrer extinção do estabelecimento em que o estável

trabalha e haverem outras filiais em funcionamento, o empregador só poderá

transferi-lo sem a sua anuência, se ocorrer motivo de força maior (acontecimento

extraordinário e imprevisível, que o empregador não der causa, ex.: incêndio,

enchente), nos termos do art. 498 da CLT. Caso contrário o empregador deverá

indenizá-lo em dobro (art. 497 da CLT):

Art. 497 - Extinguindo-se a empresa, sem a ocorrência de motivo de força

maior, ao empregado estável despedido é garantida a indenização por rescisão do

contrato por prazo indeterminado, paga em dobro.

Art. 498 - Em caso de fechamento do estabelecimento, filial ou agência, ou

supressão necessária de atividade, sem ocorrência de motivo de força maior, é

assegurado aos empregados estáveis, que ali exerçam suas funções, direito à

indenização, na forma do artigo anterior.

Desta forma, só é válida a rescisão contratual de empregado estável quando

o mesmo pede demissão sendo assistido por seu respectivo sindicato, ou se não

houver, perante autoridade local competente do Ministério do Trabalho (Delegacias

Regionais), ou pela Justiça do Trabalho, na forma do art. 500 da CLT:

Art. 500 - O pedido de demissão do empregado estável só será válido

quando feito com a assistência do respectivo Sindicato e, se não o houver, perante

autoridade local competente do Ministério do Trabalho e Previdência Social ou da

Justiça do Trabalho. (Revigorado com nova redação, pela Lei nº 5.584, de

26.6.1970)

É recomendável, na homologação final, fazer constar que o trabalhador tem

ciência de que está abrindo mão dos direitos decorrentes da estabilidade, de forma a

estar se demitindo conscientemente. Esta anotação, entretanto, não se faz

obrigatório, servindo apenas para evitar futura ação judicial com base em fraude.

37

Uma questão pertinente surgiu com as mudanças na legislação e cabe aqui

esclarecer esse ponto: O que fazer quando um empregado sofre acidente de

trabalho no aviso prévio?

Segundo o artigo 118 da Lei 8.213/91, quem sofre acidente de trabalho tem

direito à manutenção do seu contrato pelo período mínimo de 12 meses após a

cessação do benefício de auxílio doença:

Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo

prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na

empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de

percepção de auxílio-acidente.

No entanto, quando o acidente ocorre durante o aviso prévio, o empregador

fica em um impasse: dispensar o empregado após o término do aviso prévio ou adiar

a demissão?

A função social da estabilidade acidentária estabelece que o direito à

estabilidade provisória, também chamada de garantia de emprego, decorre de vários

princípios gerais do Direito e do Direito do Trabalho, entre eles o da dignidade da

pessoa humana e o da proteção ao trabalhador. Afinal, seria extremamente injusto

abandonar o empregado acidentado à sua própria sorte, sem a mínima expectativa

de conseguir ser contratado por outra empresa enquanto estivesse debilitado.

Por isso, a legislação previdenciária garante os 12 meses de estabilidade,

independente do recebimento de auxílio acidente. Vale lembrar que apenas o auxílio

doença acidentário gera estabilidade, o que não acontece com o auxílio doença

comum.

O período de estabilidade só se inicia quando o trabalhador retorna ao posto

após o final do auxílio doença acidentário. Caso a recuperação não exija

afastamento, ou o exija por menos de 15 dias, não há que se falar em estabilidade e

o aviso será cumprido normalmente. No entanto, se o acidente gerar afastamento

por mais de 15 dias, o segurado não poderá ser dispensado antes do curso dos 12

meses de estabilidade. Como a concessão do benefício previdenciário suspende o

38

contrato de trabalho, a contagem do aviso prévio é interrompida e retorna de onde

parou após o final da estabilidade.

Nesse sentido, podemos citar o acórdão SBDI1 3288/96 do TRT 3:

(…), observa-se que a figura da suspensão do contrato de trabalho durante o período em que se encontra o empregado em auxílio-doença, percebendo do órgão oficial de previdência seu salário, é considerada como licença não-remunerada, durante o prazo desse benefício, por força do artigo 476, consolidado, após os primeiros quinze dias. Ora, se no período do aviso prévio permanecem todos os efeitos do contrato de trabalho, inclusive, quanto aos direitos e obrigações dos contratantes, e, restando estipulado o direito do empregado à suspensão do contrato de trabalho, quando em auxílio-doença, mister é a ilação de que cabível , também, quando estiver o obreiro no período de aviso prévio estipulado em lei, tendo, como conseqüência, após o término do auxílio, o cumprimento restante do aviso prévio.

É perceptível que o aviso prévio pode ser cancelado a qualquer momento

pela parte que solicitou a rescisão. Logo, se após o período da estabilidade não

houver mais interesse no desligamento do funcionário, o contrato de trabalho pode

seguir normalmente sem problemas.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de um mercado globalizado e extremamente competitivo e das

inseguranças e riscos ao emprego, instauradas pela nova ordem da economia

moderna, e a precarização das relações de trabalho, a estabilidade no emprego é a

aspiração de todo trabalhador brasileiro, que busca da melhor forma possível,

proteger-se contra os efeitos devastadores do desemprego, da ociosidade forçada,

sobretudo escapar à impossibilidade de prover às necessidades básicas próprias e

do grupo familiar.

As várias propostas manifestadas em nosso ordenamento jurídico tendem a

concretizar aquele compreensível anseio de todo assalariado, a estabilidade

absoluta que assegura o emprego em qualquer emergência e a estabilidade relativa

que cuida dessa garantia, mas, admite a ruptura do vínculo empregatício devido a

questões econômicas ou financeiras, à retração do mercado consumidor, a

39

mudanças técnicas ou operacionais no sistema produtivo e falta grave imputada ao

empregado.

Não dá para negar, o assunto mais discutido hoje no mundo jurídico e em

nossa sociedade são as mudanças previdenciárias e a reforma trabalhista, que irão

ocorrer em 2017, e neste contexto citamos um ponto positivo em meio a tantas

críticas: o trabalhador que sofre acidente de trabalho terá seu benefício mantido e

garantido, ou seja, a proposta apresentada não irá restringir ou enrijecer os direitos

acidentários.

A Constituição de 1988 extirpou do nosso ordenamento jurídico a

estabilidade no emprego - como regra, mas aceitou umas poucas exceções em favor

do dirigente sindical, da empregada gestante, do cipeiro (foco de nosso estudo), do

membro de administração de cooperativa e da vítima do acidente do trabalho. Tais

modalidades de garantia do emprego tinham duração predeterminada e, por isso

qualificadas de provisórias.

No novo regime constitucional, a garantia do emprego é feita por uma

indenização equivalente a 40% dos depósitos realizados, obrigatoriamente, na conta

do assalariado, mas, vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.

A re-ratificação, pelo Brasil, da Convenções n.º 158 da Organização

Internacional do Trabalho, estão em discussão no Congresso Nacional. A

Convenção n.º 158, inclusive, já havia sido ratificada e foi denunciada pelo ex-

presidente Fernando Henrique Cardoso, em uma decisão que repercutiu muito

negativamente no campo internacional. Ela, em verdade, apenas está dando

efetividade ao conteúdo do art. 7 º, I, da Constituição Federal, que já assegurava,

em 1988, a garantia aos trabalhadores contra a dispensa imotivada.

Isso não significa que se está retirando do empregador o direito de dar termo

a contratos de trabalho, apenas lhe exige, em atenção a fundamentos jurídicos como

a função social do contrato, que esclareça os motivos desta despedida, o que

poderá se dar tanto em decorrência da situação econômica, justa causa por faltas do

empregado ou quaisquer argumentos válidos. Evitando, portanto, que o mero arbítrio

do empregador efetive uma despedida alheando o trabalhador e a sociedade dos

40

motivos, em uma atitude que não se coaduna com os fundamentos de um Estado de

Direito.

Demitir, com a evolução do Direito do trabalho deixou de ser direito

potestativo, passando a ser uma categoria de ato controlado. A demissão pura e

simples, sem qualquer motivo, começa a assumir conotação de abuso de direito,

encontrando pela frente a evolução do Institutos da Estabilidade Provisória, e quiçá

no futuro novas formas de estabilidade sem lapso temporal.

Em recente manifesto, a FENATEST argumentou que a reforma trabalhista

aprovada recente pelo Congresso Nacional altera as normas de segurança e saúde

no trabalho. Como instituição representativa da maior quantidade de profissionais

especializados atuando nas ações preventivas nos ambientes de trabalho, está

qualificada como uma das principais conhecedoras desta realidade dos acidentes de

trabalho no dia a dia, considerada, há muito tempo, como uma vergonhosa mazela

nas relações de trabalho, vitimando anualmente milhões de trabalhadores. As

estatísticas demonstram cerca de 700 mil acidentes graves com afastamento do

trabalho, 15 mil sequelados com afastamento definitivo do trabalho, 3 mil mortes e

R$ 70 bilhões de prejuízos econômicos a cada ano (dados atualizados – 2017).

Estes números acidentários indicam que segurança e saúde no trabalho não

podem ser tratadas como moeda de troca nas decisões políticas e nas relações de

trabalho. A solução desta situação deve passar por legislação objetiva, harmonizada

por atitudes integradas do governo, empregadores e trabalhadores, com

investimento, comprometimento e informação.

A instituição em seu manifesto questiona a priorização da anunciada reforma

trabalhista em um momento de grave crise econômica e de desemprego, neste

momento com a correlação de forças: de um lado a fragilidade por parte dos

trabalhadores, de outro as representações de empregadores e políticos, com clara

evidências de retrocesso dos direitos, piorando o que já estava ruim na qualidade de

vida no trabalho.

Nos discursos políticos, por ocasião dos debates para votação do projeto de

Lei 4.302/1998, que trata dos serviços temporários e terceirização, foi ressaltada

41

pelos políticos a dura realidade em que 8 de cada 10 acidentes de trabalho graves,

as vítimas são trabalhadores terceirizados – considerando que os trabalhadores

terceirizados atualmente representam ¼ dos trabalhares não terceirizados.

A estabilidade, que é a garantia no emprego, começa no ato da candidatura

(quando o trabalhador assina o Comprovante de Inscrição como candidato da CIPA)

e se estende até um ano após o término do mandato, num tempo superior a dois

anos.

Percebe-se que a estabilidade do membro eleito da CIPA é concedida em

função da atividade realizada no estabelecimento, ou seja, o direito assegurado ao

membro eleito da CIPA objetiva a segurança de todos os empregados do

estabelecimento ou empresa. Da mesma forma que não se pode exigir a

manutenção do contrato de trabalho por parte do empregador para o empregado,

pessoa física, que venha a falecer, também não se pode exigir a manutenção do

contrato do empregado por parte de pessoa jurídica que encerre as suas atividades.

A Súmula 339 do TST não se aplica no caso da empresa fechar apenas

parcialmente o estabelecimento, permanecendo ainda em funcionamento alguma

unidade da empresa, subsiste a necessidade de prevenção de acidentes no local de

trabalho que justifica a manutenção do empregado no estabelecimento. Percebe-se

que se não houver a extinção total do estabelecimento empresarial, mas somente o

fim da obra no setor em que o empregado trabalha, como por exemplo, finalização

dos serviços de eletricidade e manutenção apenas dos serviços de lavagem da

edificação, não se aplica a Súmula 339. Lembrando que a CIPA sendo da obra (e

não centralizada), extingue-se com o encerramento da obra (mas talvez haja algum

caso, que desconheço, de magistrado que entendeu que o trabalhador deveria ser

transferido para outra obra, mesmo a CIPA sendo da obra encerrada).

Vale ressaltar também o aspecto de que a CIPA tem composição paritária,

ou seja, metade dos dirigentes representa os empregados e a outra metade

representa o empregador. Os representantes dos empregados são eleitos. Os

representantes do empregador são por ele indicados. Essa informação é importante,

já que a estabilidade abarca exclusivamente os dirigentes eleitos. Diante disso os

42

representantes do empregador não têm estabilidade, exatamente pelo fato de não

participarem de qualquer eleição. Isto é, a estabilidade é exclusiva dos

representantes dos empregados. Por oportuno, no art. 164 CLT há uma previsão

interessante: a presidência da CIPA será ocupada por um representante do

empregador, enquanto que a vice-presidência será ocupada por um representante

dos empregados.

Deve ressaltado que a estabilidade do cipeiro não é absoluta, podendo

ocorrer sua dispensa por justa causa, nos casos previstos no artigo 482, da CLT.

O membro da CIPA poderá perder o mandato e a garantia de emprego

quando faltar mais de 04 reuniões ordinárias sem justificativa, devendo constatar em

ata as faltas. O Cipeiro também poderá perder a garantia de emprego quando

cessar as atividades da empresa, uma vez que a estabilidade só tem razão de existir

enquanto houver a empresa. Tanto é verdade que o Tribunal Superior do Trabalho

também consolidou o entendimento de que não será considerada dispensa arbitrária

quando ocorrer a extinção do estabelecimento, sendo impossível a reintegração ou

indenização do período estabilitário, nos termos da súmula 339, item II, do C. TST.

Portanto, o membro eleito da CIPA possui estabilidade total de 02 anos, sendo que a

garantia do emprego não é absoluta, podendo ocorrer a dispensa dos membros

quando figurar uma justa causa ou quando ocorrer a extinção do estabelecimento de

trabalho.

Este cenário evidencia que, com esta lei ampliando a terceirização, existe a

possibilidade de um aumento brutal dos acidentes de trabalho. A instituição

interpreta essa lei como uma incorporação de dispositivos que já estão consagrados

pelas jurisprudências judiciais e a Constituição Federal, o que configura

redundância.

Em suma, A reforma trabalhista e seus desmembramentos ainda é alvo de

muitas polêmicas sobre os possíveis desdobramentos das novas medidas que

entram em vigor em novembro de 2017. Embora haja consenso sobre a

necessidade de atualização das leis trabalhistas, que datam de 1943, especialistas

da área de saúde e segurança ocupacional alertam que o modelo proposto para

43

modernizar o País aponta para a precarização das condições laborais e podem

inclusive aumentar o número de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.

Alguns especialistas e até mesmo legisladores e estudiosos, afirmam que

vários tópicos do novo texto da reforma contrariam centenas de estudos científicos

já publicados sobre a saúde do trabalhador.

Existem muitas incertezas sobre a aplicação prática das medidas, entre elas,

o que poderá ocorrer com quem está exposto a substâncias químicas na atividade

laboral, por exemplo. Além da possibilidade de extensão da jornada diária para até

12 horas poder aumentar os riscos de contaminação do trabalhador, já que os

limites estabelecidos pelas normas que regulamentam a exposição ocupacional não

ultrapassam oito horas.

É possível que dentro de pouco tempo seja sentido que com o negociado

prevalecendo sobre o legislado, o funcionário, em geral, tenha poucas condições de

exigir melhores condições de trabalho.

O instituto da estabilidade foi criado de modo a proteger trabalhadores que

se encontrem em situações especificas que demandam a manutenção do contrato

de trabalho, sendo este um dos princípios norteadores do Direito do Trabalho.

44

REFERÊNCIAS

ABRAHÃO, Louise de Freitas. Segurança e medicina do trabalho e sua

contribuição na prevenção de acidentes. 2008. 113fl. Monografia (Bacharel em

Direito). Universidade do Vale do Itajaí – Univale. Itajaí-SC.

ARANHA, Maria L. A; MARTINS, Maria H. P. Filosofando: Introdução a filosofia.

2. Ed. rev. Atual. – São Paulo: Moderna, 1993.

ARAÚJO, Giovanni Moraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas. Local

de Publicação: Nome da Editora, 2007.

BASSO, Fábio. A função social da comissão interna de prevenção de acidentes

– CIPA. 2010. 81fl. Monografia (Bacharel em Direito). Universidade do Vale do Itajaí.

Itajaí, 2010.

BOSON, Luís Felipe Lopes. A discriminação na jurisprudência. In: RENAULT,

Luiz Otávio Linhares; VIANA, Márcio Túlio; CANTELLI, Paula Oliveira (coord.).

Discriminação. 2. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 268-278.

BUENO, Silveira. Minidicionário da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: FTD,

2007.

CAMISASSA, Mara Queiroga. Segurança e saúde no trabalho: NRs 1 a 36

comentadas e descomplicadas.São Paulo: Método, 2015, e-book.

DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 10. Ed. São Paulo:

LTR, 2011.

FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9 ed. rev.

amp. atual. Salvador: JusPODIVM, 2017.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo :

Atlas, 2010.

GOMES, Orlando. GOTTSCHALK, Elson. Curso do Direito do Trabalho. 4 ed. Rio

de Janeiro: Forense, 1995.

45

MACHADO, Costa. (Org). CHINELLATO, Silmara Juny (Coord.). Código Civil

Interpretado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. 10 ed. Barueri, São

Paulo: Manole, 2017.

_________. AZEVEDO, David Teixeira de. (Coord.). Código Civil Interpretado:

artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. 7 ed. Barueri, São Paulo: Manole,

2017.

MARTINS, Flávio. Curso de direito constitucional. 1 ed. São Paulo: Revista dos

Tribunais, 2017.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. 20. ed. São Paulo:

Saraiva, 2005.

PALMEIRA SOBRINHO, Zéu. Acidente do trabalho: crítica e tendências. São

Paulo: LTr, 2010.

PEREIRA, A. D.; Tratado de Segurança e Saúde Ocupacional Aspectos

Técnicos e Jurídicos NR-7 a NR-1, LTR: São Paulo, 2005, vol. II

PINTO MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 12. Ed. São Paulo: Atlas,

2008.

________. Direito do Trabalho. 20ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de direito do trabalho.Curitiba: Juruá, 1978.

SCHIAVI, Mauro. Manual de direito processual do trabalho. 12. ed. de acordo com Novo

CPC. São Paulo :LTr, 2017.

SUSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho. 22. ed. São Paulo:

LTr, 2005, vol. I.