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Adriana Lucas Louro
A importância da natação no desenvolvimento das estruturas cognitivas,
afetivas, sociais e psicomotoras das crianças e dos adolescentes do
Programa Segundo Tempo – Forças no Esporte.
Rio de Janeiro
2007
ii
ADRIANA LUCAS LOURO
A importância da natação no desenvolvimento das estruturas cognitivas,
afetivas, sociais e psicomotoras das crianças e dos adolescentes do
Programa Segundo Tempo – Forças no Esporte.
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador: Prof. Ms. Elzir Martins
Rio de Janeiro
2007
iii
Louro L., Adriana
A importância da natação no desenvolvimento das estruturas cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras das
crianças e dos adolescentes do Programa Segundo Tempo – Forças no Esporte. Rio de Janeiro, 2007.
39 p.
TCC (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007.
1. Programa Segundo Tempo 2. Natação 3. Inclusão social.
iv
Adriana Lucas Louro
A importância da natação no desenvolvimento das estruturas cognitivas,
afetivas, sociais e psicomotoras das crianças e dos adolescentes do
Programa Segundo Tempo – Forças no Esporte.
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:
Presidente: Professor Mestre Elzir Martins
Centro Universitário Augusto Motta
Membro: Professora Dr. Cláudia Maria Goulart dos Santos
Universidade de Brasília
Rio de Janeiro (RJ), 18 de Agosto de 2007.
v
A Deus, fonte de vida. A meus pais, pelo incentivo e carinho constantes. A todos com amor.
vi
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos aqueles que, direta ou indiretamente contribuíram para a elaboração desta monografia e, de modo especial ao professor Elzir e à professora Anita, pelo incentivo constante e pela orientação, e ao Ministério do Esporte pela oportunidade de participar de um curso de especialização à distância.
vii
“Não fiques embaixo Não subas muito alto O mundo é sempre mais belo Visto à meia altura”.
Nietzsche
viii
RESUMO
Este Trabalho foi construído sobre experiências práticas, no decorrer de um ano e
meio, no Programa Segundo Tempo – Forças no Esporte, que tem como principal objetivo à
inclusão social, e também procura mostrar a importância da natação durante o processo de
ensino e aprendizagem de crianças e adolescentes. Tal experiência foi fundamentada sobre os
referenciais teóricos dos Parâmetros Curriculares Nacionais, visando uma abordagem crítica
de superação e transformação dos alunos. As tendências pedagógicas as quais as aulas mais se
aproximaram, foram: Crítico- superadora, Construtivista, PCN, Psicomotora,
Desenvolvimentista, Crítico- emancipatória e Saúde Renovada.
Todo o processo pedagógico de ensino da natação foi relacionado aos elementos do
processo de ensino e aprendizagem do Ensino Fundamental, que são os seguintes:
Diversidade, Autonomia e Aprendizagem específica. Cada elemento está relacionado a uma
fase de aprendizagem da natação que são: Adaptação, Iniciação e Aperfeiçoamento, tendo
cada uma delas três meses de duração e cada fase possui seus próprios objetivos específicos e
conteúdos.
Neste Trabalho além dos aspectos pedagógicos, também podem ser encontrados outros
aspectos, como: os geográficos, os econômicos, os culturais, os sociais e os políticos, e mais
toda a parte relacionada à estrutura, organização e funcionamento do Programa Segundo
Tempo – Forças no Esporte.
PALAVRAS CHAVES: 1. Programa Segundo Tempo 2. Natação 3. Inclusão social
9
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ............................................................................................... 11
LISTA DE SIGLAS ............................................................................................................. 12
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13
1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 13
1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ................................................................................... 13
1.3 METODOLOGIA ............................................................................................... 14 2 LEITURA DA REALIDADE GERAL ...................................................................... 15
2.1 ASPECTOS GEOGRÁFICOS E ASPECTOS ECONÔMICOS ........................ 15 2.2 ASPECTOS CULTURAIS .................................................................................. 16
2.3 ASPECTOS SOCIAIS E POLÍTICOS ................................................................ 17
3 LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA ............................................................ 18
3.1 ESTRUTURA ...................................................................................................... 18 3.2 ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO ......................................................... 18
3.3 ASPECTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS ........................................................ 20
3.3.1 Adaptação ao meio líquido .............................................................. 25
3.3.2 Iniciação ............................................................................................ 28
3.3.3 Aperfeiçoamento .............................................................................. 32 4 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PST
NA LOCALIDADE ............................................................................................... 34
4.1 ASPECTOS POSITIVOS ....................................................................................34 4.2 ASPECTOS NEGATIVOS ................................................................................. 35
5 ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES ................................................................... 36
10
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS (OU CONCLUSÃO) ................................................. 37
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 38
11
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 – Programa Segundo Tempo – núcleo CDA/UNIFA: Estrutura ........................... 18
Quadro 2 – Organização: Turmas .......................................................................................... 19
Quadro 3 – Cronograma diário: Atividades ........................................................................... 19
Quadro 4 – Competições: Equipes mistas .............................................................................. 20
Quadro 5 – Rodízio: Atividade pique-pega ......................................................................... 23
Quadro 6 – Propulsão: Subdivisão ........................................................................................ 23
Quadro 7 – Respiração: Subdivisão ...................................................................................... 24
12
LISTA DE SIGLAS
BMERJ ------------------------------- Batalhão Marítimo do Estado do Rio de Janeiro
CDA --------------------------------- Comissão de Desportos da Aeronáutica
CENP --------------------------------- Coordenadoria de estudos e Normas Pedagógicas
CIEP --------------------------------- Centro Integral de Educação Pública
G-MAR ------------------------------ Guarda Marítima
PCN ---------------------------------- Parâmetros Curriculares Nacionais
PFE ---------------------------------- Programa Força no Esporte
PST ---------------------------------- Programa Segundo Tempo
SEF ---------------------------------- Secretaria de Educação Fundamental
UFRJ --------------------------------- Universidade Federal do Rio de Janeiro
UNIFA ------------------------------- Universidade de Força Aérea
UNISUAM -------------------------- Sociedade Universitária Augusto Motta
13
1 INTRODUÇÃO
A Corporeidade busca a totalidade do homem, pois o homem é movimento, é gesto, é
expressividade, é presença. E é através desta corporeidade que o homem se faz conhecer e ser,
dentro da sociedade.
O Programa Segundo Tempo (PST) tem como objetivo a inclusão social de crianças e de
adolescentes, de Escolas Públicas, na sociedade. Ocupando assim, o tempo ocioso das
crianças e dos adolescentes, com atividades esportivas.
Com este trabalho conjunto entre as Escolas Públicas e o Programa Segundo Tempo, os
alunos recebam orientações sobre higiene e saúde, alimentação adequada e outros, evitando
que estes alunos sejam corrompidos pela marginalidade, e também, que fiquem expostos às
situações de risco como: a exploração infanto-juvenil, a prostituição infantil, gravidez na
adolescência, o uso de drogas e a evasão escolar.
No Programa Segundo Tempo são oferecidas atividades esportivas prazerosas e de
interesse das crianças e dos adolescentes. Tais atividades visam o desenvolvimento integral do
ser humano em todos os aspectos (cognitivos, psicomotor, sócio-afetivo, moral e cultural).
Uma dessas atividades esportivas é a natação.
Neste trabalho serão apresentados os aspectos didático-pedagógicos da natação,
buscando a inclusão social de crianças e adolescentes de Escolas Públicas do Rio de Janeiro,
no Programa Segundo Tempo – Forças no Esporte.
1.1 OBJETIVO GERAL Apresentar a prática da natação como capaz de modificar valores, conceitos e atitudes,
dos alunos no Programa Segundo Tempo – Forças no Esporte, durante o processo de
aprendizagem.
1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO
Apresentar as influências no desenvolvimento das estruturas cognitivas, afetivas, sociais e
psicomotoras através da prática da natação.
14
1.3 METODOLOGIA
• Revisão de literatura
• Leitura da realidade praticada no Programa Forças no Esporte do núcleo da Comissão de Desportos da Aeronáutica/Universidade da Força Aérea (CDA/UNIFA).
15
2 LEITURA DA REALIDADE GERAL
2.1 ASPECTOS GEOGRÁFICOS E ASPECTOS ECONÔMICOS
“Ao identificar as características sociais, culturais e naturais do lugar onde
vive, o cidadão é capaz de conhecer a si mesmo, fazer comparações, distinguir
similaridades e contrariedades, buscar explicações e compreender as múltiplas
relações que diferentes sociedades em épocas variadas estabeleceram e
estabelecem com a natureza na construção do seu espaço geográfico”(PCN - Nova
Escola Edição Especial, 1999, p.22).
No Programa Segundo Tempo a ordem estrutural é militar, pois fica no Campo dos
Afonso, base da Força Aérea Brasileira no Rio de Janeiro. Neste núcleo da Comissão de
Desportos da Aeronáutica/ Universidade de Força Aérea (CDA/UNIFA) o Programa é
denominado Forças no Esporte, devido a esse conjunto, o local é amplo, limpo e organizado, e
as atividades são desenvolvidas no complexo desportivo, composto por campo de futebol,
pista de atletismo, piscinas e quadras poliesportivas. Os materiais disponíveis são variados,
agora que chegaram bolas de várias modalidades, cordas, bambolês cones, rede de vôlei,
roupas (uniformes e de banho), discos, bolas de medicineball, flutuadores, toucas, letrinhas e
bolas de borracha. Também dispomos de alojamentos para cento e cinqüenta crianças, sendo
cem meninos e cinqüenta meninas e de um refeitório exclusivo para as refeições diárias (café
da manhã e almoço). Já o aspecto de ordem humana é formado por um corpo docente de sete
professores graduados em Educação Física, quatorze estagiários de Educação Física e um
Guarda-vidas da Guarda Marítima (G-Mar) do Batalhão Marítimo do Estado do Rio de
Janeiro (BMERJ). O ambiente de trabalho é ótimo, pois os funcionários são atenciosos e
eficientes, os alunos são rebeldes, porém carinhosos, e os professores e coordenadores se
relacionam muito bem, formando assim um ambiente de amizade, companheirismo, união,
respeito, afinidade, e outros.
O Programa Segundo Tempo – Forças no esporte dá assistência à população carente
residente do bairro Sulacap, que se localiza na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, os
alunos do Programa Segundo Tempo são crianças com problemas (familiares, de
comportamento e de relacionamento), com disparidade idade/série, com baixa renda familiar
que levam aos índices característicos de pobreza e pais com baixa escolaridade.
16
2.2 ASPECTOS CULTURAIS
“No PCN o conceito de cultura é entendido, simultaneamente, como produto da
sociedade e como processo dinâmico que vai constituindo e transformando a coletividade à
qual os indivíduos pertencem, antecedendo-os e transcendendo-os” (PCN: Educação
Física/SEF,1998,p.27).
Nosso modelo de sociedade retrata o individualismo, o elitismo, o consumismo, a
massificação, a alienação, e valoriza a ascensão social com visão distorcida, ou seja, a pessoa
é valorizada pelo que ela tem bens, ou pelo seu estereotipo físico, descaracterizando certos
valores e conceitos morais de convívio em sociedade.
A mídia tem influenciado negativamente determinadas atitudes e comportamentos de
alunos nas aulas de Educação Física Escolar de maneira discriminatória, com relação ao
corpo, beleza física, materiais esportivos, e com relação às habilidades motoras e diferenças
de gênero.
No Programa Segundo Tempo à equipe pedagógica procura reverter este quadro
fazendo trabalhos e /ou dinâmicas durante as aulas, onde através de relacionamentos
saudáveis os alunos possam colocar em prática diversas características de amizade,
cooperação, respeito, conceitos, atitudes e outras, mostrando outro caminho a ser seguido por
eles, descaracterizando o perfil capitalista empregado pela mídia e transformando assim tanto
as relações dentro do Programa Segundo Tempo, quanto da comunidade em geral.
Com isso, procuro desenvolver em minhas aulas a capacidade crítica dos alunos e a
socialização, propondo conhecimentos que tragam benefícios à saúde, relacionando-os ao
desenvolvimento de suas capacidades cognitivas. Uma das capacidades a serem
desenvolvidas, é o reconhecimento de condições vividas que comprometam seus processos de
crescimento e desenvolvimento social, não as aceitando para si nem para os outros e
reivindicando condições de vida dignas, outra capacidade trata sobre o conhecimento da
diversidade de padrões de saúde, beleza e estética corporal que existe nos diferentes grupos
sociais, analisando criticamente os padrões divulgados pela mídia, evitando o consumismo e o
preconceito, aprendendo assim a não discriminar e respeitar o próximo como a si mesmo,
melhorando a sua atuação em sociedade, tanto no plano individual como no coletivo.
Corporeidade (capítulo 1) O corpo na vida cotidiana: “A cultura imprime suas marcas
no indivíduo, ditando normas e fixando ideais nas dimensões intelectual, afetiva, moral e
física, ideais esses que indicam à Educação o que deve ser alcançado no processo de
socialização”(Apostila UFRJ, 2000, p.13).
17
2.3 ASPECTOS SOCIAIS E POLÍTICOS
“O suporte legal ao Programa é fornecido no Artigo 217 da Constituição
Federal que em seu Título VIII, Capítulo III, Sessão III, preceitua ser” “dever do
Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada
um ...” (Ministério do Esporte - PST, 2002,p.04).
É através do trabalho que o homem cria, constrói, transforma e sobrevive no mundo. O
trabalho dignifica o homem, porque faz com que durante sua prática o homem cresça,
amadureça, se desenvolva e aprenda conhecimentos novos como regras sociais. Assim o
homem modifica não somente a sociedade como a si mesmo, porque para se modificar algo,
primeiro devemos mudar a nós mesmos, e possuir um objetivo em comum, pois o homem é
um ser sociável existente no mundo.
O ato educativo está ligado ao ato político, porque este visa o interesse social. O
professor é responsável pela formação cultural e científica dos alunos, preparando-os para a
cidadania como seres participativos e ativos nas diversas esferas da sociedade: família,
trabalho, associações de classe, vida cultural e política. A respeito da ética corporativista, a
nossa responsabilidade profissional deve ser com o verdadeiro usuário do nosso trabalho, o
aluno.
Temos o papel como professor de diminuir as diferenças, aumentando o respeito mútuo,
devendo aprender a lidar com as diferenças, abandonando conceitos de desigualdade que são
produzidos socialmente, classificando as pessoas em superiores e inferiores, seja por gênero,
raça, classe social, cognição, deficiência, habilidade motora e etc. A inclusão trabalhada no
Programa Segundo Tempo, deve ser estabelecida para modificar este conceito, pois como
seres humanos somos geneticamente sociáveis, ou seja, dependemos uns dos outros para
sobrevivermos, independente das diferenças sociais, culturais, raciais, econômicas e políticas,
porque fazemos parte de um todo, ou de uma mesma sociedade.
Temos de nos transformar por dentro e simultaneamente criar condições externas via
esporte e lazer para tornar possível à transformação social rumo ao mundo que queremos. Em
outras palavras, precisamos fazer a história acontecer.
“A prática educativa não é apenas uma exigência da vida em sociedade, mas
também o processo de prover os indivíduos dos conhecimentos e experiências
culturais que os tornam aptos a atuar no meio social e transformá-lo em função de
necessidades econômicas, sociais e políticas da coletividade” (Libâneo,1994, p.17).
18
3 LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA
3.1 ESTRUTURA
Quadro 1 - Programa Segundo Tempo - Forças no Esporte do núcleo CDA/UNIFA :
Coordenadores
Coordenador da
Aeronáutica
Coordenador do
Núcleo
Adjunto da
Coordenação
Professores Natação Voleibol Futebol Atletismo (corridas)
Atletismo (arremessos)
Estagiários
Castelo Branco (nove)
UNISUAM (um)
Instituições
Assistidas
E.M. Luis
Câmara
Cascudo
E. M. Campo
dos Afonso
E.M. Cel.
PM Flávio
Martins de
Albuquerque
E. M.
Visconde de
Porto
Seguro
CIEP Aracy
de Almeida
Fonte: Adaptado Sveiby, (apud Terra, 2000, p.46).
O Programa Forças no Esporte do Programa Segundo Tempo, é desenvolvido na
Universidade da Força Aérea sob a supervisão da Comissão de Desportos da Aeronáutica
(CDA/UNIFA). Nos oferecendo uma estrutura básica adequada a realização do Programa.
Segundo o caderno do Ministério do Esporte – PST, uma estrutura básica de projeto, significa
que, para uma determinada comunidade / unidade militar integrar o projeto, deve promover
inventários de infra-estrutura disponível de: Estruturas esportivas disponíveis por modalidade;
Recursos humanos; Acessos à comunidade – rede pública de ensino; Estruturas de
alimentação; Estruturas de vestiário; Estruturas de acompanhamento (cadastro); Estruturas de
saúde (Ministério do Esporte - PST, 2002, p.11).
3.2 ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
A prática das atividades no núcleo CDA/UNIFA é dividida da seguinte forma: três
turmas masculinas e duas femininas. Como temos cento e cinqüenta crianças, sendo cem
meninos e cinqüenta meninas, a coordenação dividiu as turmas por faixas etárias. Segundo o
caderno do Ministério do Esporte – PST, as faixas etárias seriam de 7 a 17 anos (Ministério
do Esporte – PST, 2002,p.11).
19
Quadro 2 – Organização das Turmas:
Meninos 10 a 12 anos Turma A
Meninos 13 a 14 anos Turma B
Meninos 15 a 17 anos Turma C
Meninas 10 a 12 anos Turma D
Meninas 14 a 17 anos Turma E
Fonte: Machado, 1978.
Durante a semana as crianças participam da pratica esportiva, seguindo um sistema de
revezamento das modalidades: futebol, voleibol, natação, atletismo (corrida e arremesso). De
acordo com caderno do Ministério do Esporte – PST, como Programa social, voltado a
comunidades carentes, realizado em unidades militares, não tem sentido se impor restrições
ou exigências quanto à adoção de modalidades esportivas a serem privilegiadas pelo
Programa (Ministério do Esporte – PST, 2002,p.10).
Quadro 3 - Cronograma diário de atividades:
08h30min / 09h00min Conceitos e regras da atividade que
praticará.
09h00min / 09h50min Atividade prática.
10h30min / 11h00min Horário reservado para área sócio
cultural (higiene, hábitos, alimentação,
cinema, etc.).
Fonte: Machado, 1978.
Uma vez por mês é realizado um passeio cultural (Museu, Corcovado, Pão-de-açúcar,
Bases aéreas, complexo esportivo do Maracanã, etc.).
O Programa Segundo Tempo núcleo CDA/UNIFA atende a crianças de dez a dezessete
anos, que são separadas por faixas etárias e sexo, onde todas participam de uma programação
semanal igual.
20
“A faixa etária de abrangência do projeto deve considerar a possibilidade
de adequação da criança ao ambiente militar e as necessidades adicionais de
recursos humanos e financeiros que se ampliam na medida que incorporamos
jovens de pouca idade a uma estrutura toda concebida e organizada para o jovem
pós- adolescência” (Ministério do Esporte – PST, 2002,p.11).
Em competições foi uma opção metodológica da coordenação, usar como estratégia
pedagógica, para que meninos e meninas atuassem juntos, a coordenação adotou um sistema
de equipes mistas, de voleibol, natação e atletismo (corrida), dentro das faixas etárias de 10 a
17 anos.
Quadro 4 – Competições:
Equipe mista 1 Meninos
Meninas
10 a 12 anos
10 a 13 anos
Equipe mista 2 Meninos
Meninas
13 e 14 anos
14 e 15 anos
Equipe mista 3 Meninos
Meninas
15 a 17 anos
16 e 17 anos
Fonte: Machado, 1978.
Os coordenadores são bem integrados com todos os componentes que constituem o
Programa Forças no Esporte, e também são bem atuantes com as crianças, apoiando os
professores. Eles e os diretores das escolas conveniadas ao projeto, agem conjuntamente em
benefício das crianças, sempre se comunicando por telefone e presencialmente, e os pais das
crianças estão sempre sendo informados sobre o desenvolvimento de seus filhos, e são
chamados quando há problemas de comportamento.
3.3 ASPECTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
LIBÂNEO (1994) Relata que a Didática e as metodologias específicas das disciplinas,
apoiando-se em conhecimentos pedagógicos e científicos-técnicos, são disciplinas que
orientam a ação docente partindo das situações concretas em que se realiza o ensino (p.33).
A Educação Física trabalha com o corpo, ou seja, aprendemos através de vivências
práticas, na formação de hábitos (alimentação, saúde e higiene) e atitudes para uma boa
atuação no dia-a-dia, e para resolução de problemas do cotidiano. Por exemplo: pegar o
21
ônibus, que requer equilíbrio e força muscular de membros superiores e inferiores (braços e
pernas); para dirigir, aquisição de noções espaciais (frente- trás / esquerda- direita),
coordenação motora e coordenação óculo-manual (visão e braços); para se orientar nas ruas,
adquirindo noções de direção; e outros. Esses aspectos são desenvolvidos através de
atividades físicas e esportivas, jogos e brincadeiras. Pois quando se aprende fazendo, de forma
orientada e prazerosa, aumenta o desempenho dos alunos, o grau de aprendizagem (raciocínio
lógico, cooperação, desenvoltura,...) e a fixação dos conteúdos. De acordo com Garoff &
Catteau motivação é aquilo que faz com que o indivíduo comece uma tarefa, continue com ela
e limite a isso sua atividade (p.100).
A Educação Física desenvolve o educando em vários aspectos, cognitivos,
psicomotores, afetivos, sociais e culturais, almeja a transformação e a democratização, em seu
papel formador, estando comprometida com a sociedade. Possibilita aos educandos uma
ampliação de seus conhecimentos, porque tais conhecimentos são adquiridos através do fazer,
do compreender e do sentir com o corpo, na construção de valores e atitudes, e na aquisição
de hábitos saudáveis e de higiene. Porque através do corpo interagimos uns com os outros,
expressamos emoções e atuamos no mundo, como cidadãos.
“A Educação Física é arte e ciência do movimento humano que através de
atividades específicas auxiliam no desenvolvimento integral dos seres humanos,
renovando-os e transformando-os no sentido de sua auto-realização e em
conformidade com a própria realização de uma sociedade mais justa e livre”
(Medina, 1983, p.81).
As práticas pedagógicas ao ensino do esporte, têm como foco principal o aluno, e uma
visão mais abrangente, global, do mesmo, estabelecendo métodos onde todos tenham
oportunidade de aprender igualmente, ampliando a variedade de conhecimentos aplicados,
com valor formativo. Para isso, os professores são responsáveis em criar desafios, táticos e
técnicos, objetivando a melhoria das habilidades motoras e a rapidez nas tomadas de decisões
para a solução de problemas pelos alunos. Cabendo assim ao professor ser criativo, porque “o
ato de criar requer a quebra de alguns sistemas impostos e repetitivos” (Lima, 1999, p.165).
Através de uma prática pedagógica bem estabelecida, o esporte venha a formar
cidadãos conscientes e representativos na sociedade. A função de ensinar esportes deve ser
designada ao professor, educador, de Educação Física. Pois ensinar não é apenas um ato de
passar ou transmitir informações, evidenciando a memorização e a desmotivação pelo
aprendizado. Ensinar é formar para a prática da cidadania, requer desenvolvimento das
22
estruturas cognitivas, afetivas, sociais, morais, culturais e físicas, visando o pensamento
crítico, a autonomia e a integração social.
Essa prática pedagógica deve ser direcionada para todos, objetivando independência,
autonomia, inteligência e criatividade, para o jogo e conseqüentemente, para o mundo. “Pois
só formaremos um cidadão independente, responsável e crítico, quando esse se entender
consciente e competente para agir, interagir e ressignificar a realidade em seu entorno”
(Scaglia e Souza, 2002).
O planejamento de aula foi baseado sobre uma abordagem crítica do processo de ensino
e aprendizagem, que trabalha sobre os aspectos de superação e transformação dos conteúdos,
objetivando a formação integral do ser humano, que está retratada em seus objetivos
específicos (cognitivo, psicomotor e sócio- afetivo). Palmer diz que no plano de aula, cada
objetivo deve ser direcionado no sentido de melhorar a locomoção da criança na água e suas
habilidades de natação (p.21). Esses levam em consideração os conhecimentos prévios
trazidos pelos alunos buscando a contextualização do conteúdo, que são desenvolvidos
através de atividades lúdicas e motivantes, visando mudanças de hábitos e atitudes dos alunos,
preparando-os para atuar na sociedade de forma digna e respeitável.
As tendências pedagógicas que as aulas mais se aproximaram, são as fundamentadas nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), visando uma abordagem crítica de superação e
transformação. São elas:
Crítico-Superadora: A concepção Crítico-Superadora busca respostas através da
interpretação da realidade, ou um juízo de valor. Todos os componentes da sociedade visam
um bem único, para todos.
Construtivista: Na abordagem construtivista a construção do conhecimento é abordada
pelo respeito ao universo cultural do aluno, e pelo desenvolvimento de atividades lúdicas
espontâneas, valorizando as experiências dos alunos na construção de seu conhecimento, a
partir da integração com o meio e na resolução de problemas. Essa proposta tem como
conteúdo o jogo, considerando-o o principal modo de ensinar, pois enquanto a criança joga ou
brinca, ela aprende. Esse aprendizado deve ocorrer num ambiente prazeroso.
“No construtivismo a intenção é a construção do conhecimento a partir da
interação do sujeito com o mundo, numa relação que extrapola o simples exercício
de ensinar e aprender... Conhecer é sempre uma ação que implica em esquemas de
assimilação e acomodação num processo de constante
reorganização”(CENP,1990,p.9).
23
PCN: “O PCN traz uma proposta que procura democratizar, humanizar e diversificar
a prática pedagógica da área, buscando ampliar de uma visão apenas biológica, para um
trabalho que incorpore as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos” (PCN:
Educação Física/SEF, 1998, p.27).
O PCN objetiva inserir o aluno na cultura corporal de movimento, ou seja, procura
desenvolver diversas possibilidades de uso do corpo com o intuito de solucionar as mais
variadas necessidades, viabilizando a autonomia para o desenvolvimento da prática pessoal e
da capacidade para interferir na comunidade, adquiridas na participação de atividades
culturais, como jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, visando o lazer ou através e
expressões de sentimentos, afetos e emoções, construindo assim, hábitos coletivos de
participação permanente e de responsabilidade com a sociedade.
Psicomotora: Na abordagem psicomotora aprende fazendo, relacionando ações
(atitudes) a reflexões (pensamentos), para uma melhor atuação em sociedade, ou seja, a
criança aprende a fazer praticando, atuando ou vivenciando, de forma consciente e correta,
gerando controle de suas ações no dia-a-dia.
Desenvolvimentista: “De acordo com Vygotsky, fatores socioculturais influenciam no
desenvolvimento, pois estimulam o organismo, visando o aprendizado”. (Apostila UFRJ,
2001, p.97).
A abordagem desenvolvimentista tem como foco principal o aprendizado do
movimento, ou seja, das habilidades motoras, e seus conteúdos são desenvolvidos a partir de
uma ordem de habilidades, que vão das mais simples para as mais complexas.
Crítico-emancipatório: Defende o ensino crítico, onde sua principal característica é
formar cidadãos politizados (críticos) e conscientes da realidade do mundo, buscando através
da linguagem contestar sobre suas práticas sociais atuais, de maneira participativa e integrante
na sociedade, onde o aprendizado se faz através da experimentação de novas situações
(vivências), que podem ser adquiridas pela linguagem ou por representações (atuação), ou
seja, pela expressão corporal e verbal.
Saúde Renovada: O estudo é voltado para o campo biológico, tendo como objetivo a
melhoria do desempenho, para a aquisição de uma boa saúde e qualidade de vida. Cultua o
bem estar físico, pela prática de atividades físicas, durante toda a vida.
24
“A cultura é um conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis pelo grupo,
e é por intermédio desses códigos que o indivíduo é formado desde o nascimento.
Durante a infância, por esses mesmos códigos, aprende os valores do grupo; por
eles é mais tarde introduzido nas obrigações da vida adulta, da maneira como
cada grupo social as concebe”(PCN: Educação Física/SEF, 1998, p.27).
Devido a isso, para se transformar, antes temos que superar criticamente os padrões pré-
estabelecidos da cultura vigente, e construir novos conceitos, valores e princípios éticos e
morais, durante todo um processo de desenvolvimento do aprendizado, combatendo a
massificação do senso comum, fazendo uma abordagem consciente da atualidade e futura dos
acontecimentos sociais, culturais, políticos e de qualidade de vida, que objetivam a aquisição
de hábitos e atitudes saudáveis.
Essa proposta de ensino foi baseada sobre os princípios e elementos do processo de
ensino e aprendizagem dos ciclos finais do Ensino Fundamental dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN). Estando estes abaixo relacionados da seguinte forma:
* Princípios do Ensino Fundamental:
- Princípios da inclusão “tem como meta à inclusão do aluno na cultura corporal de
movimento” (PCN: Educação Física/SEF, 1998, p.19). -------------- Objetivos (o porquê
ensinar).
- Princípios da diversidade “visa ampliar as relações entre os conhecimentos da cultura
corporal de movimento e o sujeito da aprendizagem” (PCN: Educação Física/SEF, 1998,
p.19). ---------- Métodos (como ensinar).
- Categorias de conteúdos “são apresentados através dos conteúdos segundo sua categoria
conceitual (fatos, conceitos e princípios), procedimental (ligados ao fazer) e atitudinal
(normas, valores e atitudes)” (PCN: Educação Física/SEF, 1998, p.19). ------------ Conteúdos
(o que ensinar).
* Elementos do processo de ensino e aprendizagem do Ensino Fundamental:
- Diversidade - “por meio da percepção da diversidade de estilos, dos diferentes tempos de
assimilação do conhecimento, dos também diferentes níveis motivacionais, o aluno poderá
construir uma atitude mais inclusiva do que seletiva durante as suas próprias aprendizagens,
bem como frente à aprendizagem do outro e do grupo” (PCN: Educação Física/SEF, 1998,
p.83). ----------- Fase I – Adaptação, “noções simplificadas da realidade” (Lima, William U.,
1999, p.30).
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- Autonomia - “busca em vez da reprodução ou memorização de conhecimentos, a sua
recriação pelo sujeito por meio da construção da autonomia para aprender” (PCN: Educação
Física/SEF, 1998, p.86). ------- Fase II – Iniciação, “noções mais próximas da realidade”
(Lima, William U., 1999, p.30).
- Aprendizagem específica - “é importante que o aluno sinta-se comprometido e capaz de dar
significado à aprendizagem” (PCN: Educação Física/SEF, 1998, p.86). -------- Fase III –
Aperfeiçoamento, “realizar e tentar ultrapassar a realidade” (Lima, William U., 1999, p.30).
O processo pedagógico deve levar em consideração a capacidade biotipológica, sócio-
ambiental, psíquica, técnica, tática e física da criança, durante o processo de ensino e
aprendizagem dos esportes, pois este processo visa à formação da personalidade do indivíduo
para a vida social e humana.
A seqüência pedagógica no ensino da natação se inicia de acordo com a tendência do
aluno e do objetivo do curso, sendo feita uma sondagem na aptidão do aluno. Esta foi dividida
em três fases de aprendizagem (adaptação, iniciação, aperfeiçoamento), tendo cada uma delas
três meses de duração. Com isso, foram seguidas algumas normas: atividades agradáveis;
processo gradativo em intensidade e complexidade; manter a segurança do aluno; adaptação
física e mental ao meio líquido; atividades coincidindo com o binômio interesse-lazer; utilizar
jogos e brincadeiras; e confiança no professor. De acordo com Palmer, através do jogo os
alunos aprenderão subconscientemente a necessidade de dominar e também usar a resistência
natural da água (p.65).
3.3.1) Fase I – Adaptação ao meio líquido
“Maturação é o estado de prontidão neurofisiológico do organismo em realizar
determinadas tarefas, independentes ou não dos fatores ambientais” (Lima, William U., 1999,
p.18).
1-Adaptação ao meio líquido:
“Representa a preparação para o aquecimento, ao mesmo tempo em que possibilita o
aquecimento” (Machado,1978,p.04).
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*Objetivos específicos:
Psicomotor: Formar estruturas de conhecimento sobre o corpo, de maneira mais variada
possível, com auxílio de um objeto fácil de ser encontrado no meio de convívio das crianças.
Cognitivo: Identificar as várias formas de construção corporal, utilizando um objeto, sendo
capaz de criar outras formas de movimento.
Sócio-afetivo: Colaborar com o outro, para que juntos superem medos e vençam desafios
exigidos durante as atividades.
* Conteúdo:
- Atividades Propostas:
EXERCÍCIO 1) Caminhada com variação de direção e velocidade:
- frente, lado direito, lado esquerdo e trás.
- lento e rápido.
EXERCÍCIO 2) Pique- pega:
Os alunos formados em duplas, cada um representando uma letra do alfabeto (a,b,c,d).
Ao sinal do professor os alunos se separarão, no segundo sinal, os alunos formarão duplas de
acordo com a especificação do professor. A brincadeira finalizará quando todos os alunos
tiverem formado duplas com todos os seus colegas. Exemplo:
Quadro 5 - Rodízio:
Fonte: Machado, 1978.
A e B B e C
A e C B e D
A e D C e D
EXERCÍCIO 3) Bobinho com deslocamento:
Os alunos formados em duas equipes. A equipe 1 (bobos) fica no centro, e se desloca
para todos os lados. Já a equipe 2 (alfa), em círculo, se desloca lateralmente, esquerda e
direita. Se um componente da equipe 1 pegar a bola, a equipe 1 ficará no lugar da equipe 2 e
vice-versa.
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EXERCÍCIO 4) Mergulho no bambolê:
Formados em uma coluna única. Os alunos executarão mergulhos dentro do bambolê,
passo a passo. Primeiro executarão o mergulho em pé, entrada na água com o pé, por segundo
o mergulho sentado, depois o mergulho agachado e finalizando com o mergulho em pé,
entrada na água de cabeça.
Observação: Sempre encaixar a cabeça entre os braços esticados a frente, para sua
proteção.
EXERCÍCIO 5) Passe dez:
Formados em duas equipes, os alunos deverão passar a bola para seus companheiros,
até completar dez passes. A outra equipe tentará interromper a contagem. Se um aluno da
equipe adversária fizer a interrupção, passa a contagem para a equipe dele. A equipe ganha
um ponto quando completam os dez passes sem interrupção. A saída de bola é feita igual a do
basquetebol.
EXERCÍCIO 6) Polinho aquático:
Formados em duas equipes, cada aluno com um macarrão, utilizando com suporte. Irão
tentar fazer gol em bambolês que estão nas extremidades da piscina. A saída de bola se faz
com lançamento no meio da piscina.
EXERCÍCIO 7) Meus pintinhos venham cá, com flutuadores.
EXERCÍCIO 8) Escravo de Jô, em roda de mãos dadas, dentro da água.
EXERCÍCIO 9) Caça submarina, com números.
EXERCÍCIO 10) Queimado.
- Dinâmica em grupo:
Ao final da aula serão abordados os seguintes questionamentos:
1) O que os alunos mais gostaram da aula, qual foi a atividade e por quê?
2) O que acharam mais interessante (novidade)?
3) Qual o material que mais gostaram e por quê?
4) O que eles aprenderam durante a aula?
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3.3.2) Fase II – Iniciação
“Na realidade o que a pedagogia do movimento mostra é a importância de
desenvolvermos exercícios que não tragam dificuldades à sua realização, mas sim
movimentos simples, de fácil execução e entendimento por parte do aluno” (Lima, William
U., 1999, p.49).
1 - Flutuação:
“É a capacidade que tem o corpo de se manter à superfície de um líquido, sem nenhum
auxílio” (Machado,1978, p.08).
*Objetivos específicos:
Psicomotor: Manter os músculos relaxados, e inspirar profundamente antes da realização da
flutuação.
Cognitivo: Compreender que o fator determinante para que o corpo flutue, é o ar nos
pulmões, que funcionam como uma bóia natural, e o relaxamento muscular.
Sócio-afetivo: Cooperar com o professor, facilitando o aprendizado da flutuação.
* Conteúdo:
- Atividades Propostas:
EXERCÍCIO 1) Cavalinho com palmateio, utilizando o macarrão.
EXERCÍCIO 2) Cadeirinha com palmateio, utilizando a prancha.
EXERCÍCIO 3) Cadeirinha em dupla, com prancha.
EXERCÍCIO 4) Cadeirinha em roda, com prancha.
EXERCÍCIO 5) Meduza.
EXERCÍCIO 6) Boiar com o macarrão em decúbito dorsal e vertical.
EXERCÍCIO 7) Boiar em decúbito dorsal e vertical, sem material.
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2 - Respiração:
“Combinação dos movimentos respiratórios, inspiração e expiração, com nossa
progressão na água” (Machado,1978, p.18).
Quadro 6 – Subdivisão:
Educação respiratória
Respiração frontal
Respiração lateral
Respiração bilateral
Fonte: Machado, 1978.
*Objetivos específicos:
Psicomotor: Desenvolver a capacidade respiratória, no meio líquido, através de
deslocamentos, na obtenção de equilíbrio e autonomia pelos alunos.
Cognitivo: Compreender que a cabeça funciona como um leme natural, desenvolvendo o
senso de orientação no meio líquido.
Sócio-afetivo: Conduzir o companheiro de forma adequada na realização das atividades,
gerando confiança entre os alunos.
* Conteúdo:
- Atividades Propostas:
EXERCÍCIO 1) Deslocar as bolinhas de ping pong com assopros, utilizando um canudo ou
apito.
EXERCÍCIO 2) Coelhinho na toca 1,2,3. Em trio com bambolê (horizontal), passando por
baixo.
EXERCÍCIO 3) Caça submarina, com letrinhas submersas.
EXERCÍCIO 4) Cabo de guerra, em dupla, com macarrão.
EXERCÍCIO 5) Pernada lateral, com macarrão na posição longitudinal do corpo.
EXERCÍCIO 6) Com as mãos apoiadas na borda e com os pés no chão. O aluno executará a
respiração bilateral, alternando o apoio das mãos.
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3 - Propulsão:
“É a capacidade que tem o corpo de se locomover dentro da água com os próprios
recursos” (Machado,1978, p.23).
Quadro 7 – Subdivisão:
Noção de propulsão
Propulsão das pernas
Propulsão dos braços
Fonte: Machado, 1978.
*Objetivos específicos:
Psicomotor: Realizar ludicamente os fundamentos de pernada e braçada, em todos os estilos.
Cognitivo: Entender que a pernada, conjuntamente com a braçada, não representa somente a
propulsão, mas também equilíbrio e sustentação (flutuação) do corpo.
Sócio-afetivo: Superar as dificuldades encontradas, utilizando estratégias propostas pelo
professor.
* Conteúdo:
- Atividades Propostas:
EXERCÍCIO 1) Deslize em decúbito ventral e dorsal, mais recuperação ventral e dorsal, com
prancha.
EXERCÍCIO 2) Motoca com macarrão, transportando um brinquedo (bola pequena ou
cubinho) dentro do macarrão, utilizando uma das quatro pernadas.
EXERCÍCIO 3) Motoca com macarrão, passando por dentro do bambolê (vertical), semi-
submerso.
EXERCÍCIO 4) Deslize e pernada em dupla com auxílio do macarrão.
EXERCÍCIO 5) Braçada de peito, com respiração frontal e pernada de crawl, usando como
auxílio o macarrão na altura do peito.
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EXERCÍCIO 6) Braçada de crawl, fase aquática ida e fase aérea volta, com respiração
frontal a cada ciclo de braçada, com prancha e pullboy.
4 - Coordenação:
“Exercícios que exigem esforços particularmente grandes, fazendo trabalhar os
músculos na sua capacidade máxima” (Mozenabatista/Arquivo/Dança, 2000).
*Objetivos específicos:
Psicomotor: Desenvolver a coordenação motora dos membros superiores conjuntamente com
os membros inferiores e a respiração de forma lúdica.
Cognitivo: Conscientizar os alunos de que sem perseverança não se conquista nada, mais
com muita dedicação se alcança o objetivo esperado.
Sócio-afetivo: Motivar os alunos para que derrotem as dificuldades encontradas, superando-as
com determinação e dedicação.
* Conteúdo:
- Atividades Propostas:
EXERCÍCIO 1) Pernada de costas com auxílio da prancha, abraçado.
EXERCÍCIO 2) Pernada de costas com palmateio, sem prancha.
EXERCÍCIO 3) Pernada e braçada unilateral de costas, segurando na raia, com prancha,
abraçado.
EXERCÍCIO 4) Pernada e braçada unilateral (fase aérea) de costas, com prancha, abraçado.
EXERCÍCIO 5) Pernada e braçada unilateral (fase aquática) de costas, com prancha,
abraçado.
EXERCÍCIO 6) Pernada e braçada bilateral (fase aérea e aquática) de costas, com prancha,
abraçado.
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3.3.3) Fase III - Aperfeiçoamento
“Quando o aluno aprende os movimentos dos estilos, como a coordenação dos
movimentos das pernas, braços e respiração específica, inicia-se o aperfeiçoamento da técnica
e a melhora do condicionamento físico” (Lima, William U., 1999, p.52).
“O aperfeiçoamento é um segundo aprendizado, pois se refere não apenas a
certas peculiaridades que não chegamos atingir perfeitamente na fase de
aprendizado, mas também a novos gestos e posições que não reportamos durante a
seqüência pedagógica do estilo” (Machado,1995,p.57).
1 - Nado completo:
*Objetivos específicos:
Psicomotor: Estimular os alunos à prática da natação, como uma atividade benéfica para o
corpo, mente e alma.
Cognitivo: Refletir sobre as condutas aceitas e as condutas não aceitas socialmente na prática
esportiva da modalidade natação.
Sócio-afetivo: Despertar no aluno, uma sensação de liberdade e prazer, no ato de nadar.
* Conteúdo:
- Atividades Propostas:
EXERCÍCIO 1) Nadar 100m crawl, num ritmo confortável, com intervalo de 10 respirações
a cada 25m.
EXERCÍCIO 2) Nadar 100m peito, num ritmo confortável, com intervalo de 10 respirações a
cada 25m.
EXERCÍCIO 3) Nadar 100m costas, num ritmo confortável, com intervalo de 10 respirações
a cada 25m.
EXERCÍCIO 4) Nadar 50m borboleta, num ritmo confortável, com intervalo de 10
respirações a cada 25m.
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EXERCÍCIO 5) Nadar 100m medley, num ritmo confortável, com intervalo de 10
respirações a cada 25m.
EXERCÍCIO 6) Nadar 25m de nado híbrido, da escolha do aluno.
2 - Saídas e viradas:
*Objetivos específicos:
Psicomotor: Realizar todas as atividades propostas de saída e virada, que serão executadas de
forma lúdica, partindo do mais simples para o mais complexo.
Cognitivo: Estimular rápidas respostas motoras a estímulos sensoriais e dar vivacidade nos
deslocamentos.
Sócio-afetivo: Superar medos e garantir o autocontrole e autoconfiança em si mesmo,
aumentando a auto-estima.
* Conteúdo:
- Atividades Propostas:
EXERCÍCIO 1: Mergulho no bambolê:
Formados em uma coluna única. Os alunos executarão mergulhos dentro do bambolê,
passo a passo. Primeiro executarão o mergulho em pé, entrada na água com o pé, por segundo
o mergulho sentado, depois o mergulho agachado e finalizando com o mergulho em pé,
entrada na água de cabeça.
Observação: Sempre encaixar a cabeça entre os braços esticados a frente, para sua
proteção.
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4 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PST NA
LOCALIDADE.
4.1) ASPECTOS POSITIVOS:
A dedicação e o comprometimento social dos coordenadores de capacitação de
convênio local, da Aeronáutica e do núcleo CDA/UNIFA (coordenadores e professores) com
o Programa Segundo Tempo, favoreceu a elaboração de novas idéias, para um melhor
desempenho e continuidade de todas as atividades, referentes ao Programa Segundo Tempo –
Forças no Esporte.
A permanente participação de todos do núcleo (coordenadores, professores e
estagiários), dos familiares (pais de alunos) e da comunidade escolar (diretores e professores),
foi o ponto inicial para a conquista de um trabalho eficiente.
O trabalho de todos do núcleo (coordenadores, professores e estagiários), buscou atingir
o objetivo de inclusão social, através de um ótimo relacionamento com as crianças e com os
adolescentes, de forma respeitável, participativa, amigável e integral.
A busca por vagas, a satisfação de pais e professores das escolas e visitas de ex-alunos,
tem nos mostrado o sucesso do Programa Segundo Tempo – Forças no Esporte.
Esse sucesso pode ser exemplificado a seguir:
1º) Caso – Violência x Amizade:
As crianças maiores estabeleciam a sua superioridade através do medo, que era gerado
por atitudes violentas. Durante as aulas de natação a sua superioridade física foi mantida, mas
de outra maneira, no sentido de amizade, ocorrendo uma troca de valores. Estas mesmas
crianças, devido as suas características físicas, passaram a ser consideradas e chamadas pelas
outras crianças de super-homem, porque ajudavam as outras crianças menores, e esta atitude
se propagou para fora da piscina, das aulas e do Programa.
Com isso, as crianças aprenderam que, não precisa impor a sua superioridade e sim
conquistá-la.
2o) Caso – Rejeição x Aceitação:
Outra característica observada foi que as crianças com biótipo (magro e alto) tinham
vergonha de seu corpo, eram rejeitadas pelas outras crianças, e com isso se escondiam. Mas
devido ao seu biótipo, na piscina levavam vantagem, aprendiam mais rápido e eram tomadas
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como exemplo, passavam a ser monitores da turma, e com isso conquistavam seu espaço
socialmente.
“Quando vejo uma criança, ela me inspira dois sentimentos: ternura pelo que ela é e
respeito pelo que pode ser” (Lima apud Piaget p.27).
4.2 – ASPECTOS NEGATIVOS:
As dificuldades encontradas para o re-início do Programa Segundo Tempo, são
referentes a problemas burocráticos e financeiros entre os Ministérios da Defesa e do Esporte.
A integração entre os núcleos do Programa Segundo Tempo não tem sido efetivada,
devido às dificuldades de comunicação, de transporte, a falta de apoio por parte dos órgãos
responsáveis e a distância entre os núcleos, dificultando a prática de atividades em conjunto.
A distribuição dos uniformes e materiais de higiene e esportivos (sungas e maiôs) não é
concretizada num prazo ideal para o início das atividades, gerando transtorno para todos.
A longa interrupção que chega até oito meses, afeta o trabalho didático-pedagógico,
causando a volta das crianças aos seus maus hábitos, que são provenientes do seu meio de
convívio.
“Não é possível refazer este país, democratiza-lo, humanizá-lo, torná-lo sério,
com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho,
inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem
ela tampouco a sociedade muda” (Freire,1979,p.56).
36
5 ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES.
“Poderíamos dizer que cuidar do educador é, muitas vezes, a melhor solução para o
problema da criança difícil”. (Freire, João Batista, 1989, p.79)
Neste item faço minas análises, críticas e sugestões sobre o Programa Segundo Tempo -
Forças no Esporte do núcleo CDA/UNIFA.
●Análises: Intervalo entre início e término do programa; Distribuição dos uniformes e
materiais esportivos; Firmar acordos com a companhia de transporte local; Autonomia para os
coordenadores do núcleo; Mais apoio aos professores; e Remuneração adequada aos
professores.
●Críticas: Intervalo de até 8 meses; Distribuição realizada após o início do programa; Atraso
no envio dos vales transportes; Atraso para o início do programa, devido a questões
burocráticas; Alto custo de passagem e vínculo empregatício; e A desvalorização da categoria
com salários inferiores a sua qualificação profissional.
●Sugestões: Intervalo de no máximo 2 meses, referentes às férias escolares; Que a
distribuição seja realizada antes do início das atividades do programa; Gratuidade para as
crianças do programa; Os coordenadores estão a par das dificuldades encontradas para o
desenvolvimento de um bom trabalho; Auxílio transporte aos professores e carteira
profissional assinada; e Salários dignos a nós profissionais que somos tão importantes para a
sociedade.
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6 CONCLUSÃO
Podemos concluir que, mesmo com um funcionamento deficiente do Programa
Segundo Tempo, com problemas da ordem de: atraso de verba, atraso na entrega dos
materiais (vestimentas e de higiene pessoal), pausa de até oito meses entre término e re-início
do programa, entre outros já citados. Com isso, ocorreu uma quebra no processo didático-
pedagógico do ensino da natação. Mesmo assim, conseguimos com muito esforço,
comprometimento e dedicação, resultados maravilhosos e às vezes até inesperados, por parte
das crianças e dos adolescentes.
Podemos dizer que a violência foi eliminada das aulas, tanto dentro quanto fora,
formando um ambiente de cooperação e amizade entre os alunos. Estes se adaptaram ao meio
líquido, conseguido criar um meio agradável e de conquista para todos.
Devido aos problemas todo o trabalho fica prejudicado, principalmente os alunos, que
voltam a sua rotina diária de massacre social, mais sem contar com o nosso apoio. Até que
ponto eles poderão agüentar sem nós, para apoiá-los, compreendê-los, conscientizar-lhes,
amá-los e acima de tudo respeitá-los, para que num futuro próximo possam fazer o mesmo
por seus semelhantes.
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REFERÊNCIAS
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