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JOSÉ CLAUDIO VOLPATO A IMPORTÂNCIA DE INSTRUIR A POPULAÇÃO DE COMO PORTAR SE EM UMA ABORDAGEM POLICIAL CURITIBA 2012

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JOSÉ CLAUDIO VOLPATO

A IMPORTÂNCIA DE INSTRUIR A POPULAÇÃO DE COMO PORTA R SE EM UMA ABORDAGEM POLICIAL

CURITIBA

2012

JOSÉ CLAUDIO VOLPATO

A IMPORTÂNCIA DE INSTRUIR A POPULAÇÃO DE COMO SE PORTAR EM UMA ABORDAGEM POLICIAL

Trabalho de Conclusão de Curso, em forma de artigo, apresentado como requisito parcial para Conclusão do Curso de Pós Graduação em Gestão Integrada de Segurança Pública, da Faculdade Tuiuti do Paraná, Núcleo de Pesquisa em Segurança Pública e Privada - NPSPP.

Orientador: Prof. Cel. QOPM César Alberto Souza

CURITIBA

2012

Dedico as minhas filhas Kamille

Adriane Volpato e Hellena Karollina

Volpato a minha esposa Isabel

Cristina R. Volpato e quero lembrar

aqui dos quase cem Policiais

Militares mortos em São Paulo nesse

fúnebre e triste mês de novembro de

2012

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que me deu força, ânimo e coragem para

continuar esta caminhada. O teu amor me inspirou, a tua sabedoria me

fez compreender e a tua presença me fortaleceu nos momentos mais

difíceis da minha vida, estendeu-me sua poderosa mão para que eu não

afundasse.

Aos meus pais José Vanil Volpato e Maria Josefina Volpato, pelo amor

e confiança em mim depositados. Imagino quantas privações e

provações vocês passaram para que alcançasse esta vitória. Ensinou-

me a não temer desafios e a superar obstáculos com perseverança e

humildade...

A minha esposa Isabel Cristina R. Volpato, saiba que no seu abraço

encontrei forças para continuar, na sua companhia me senti fortalecido.

As minhas filhas Kamille Adriane Volpato e Hellena Karollina Volpato

saibam que cada sorriso, cada piscar de olhos cada gesto cada palavra

foram dádivas de Deus. Vocês foram a maior fonte de inspiração.

Ao professor e orientador Prof. Cel. QOPM César Alberto Souza, pela

dedicação e sugestões dadas para a realização deste artigo.

E a todas as pessoas que contribuíram com meu aprendizado relatando

suas experiências e dificuldades durante abordagens policiais.

Graduado em História, Policial Militar, Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos, Curso de Polícia Judiciária Militar, Professor do Colégio da Polícia Militar do Paraná.

JOSÉ CLAUDIO VOLPATO

A IMPORTÂNCIA DE INSTRUIR A POPULAÇÃO DE COMO SE PORTAR EM UMA ABORDAGEM POLICIAL

Trabalho de Conclusão de Curso, em forma de artigo, apresentado como requisito parcial para Conclusão do Curso de Pós Graduação em Gestão Integrada de Segurança Pública, da Faculdade Tuiuti do Paraná, Núcleo de Pesquisa em Segurança Pública e Privada - NPSPP.

Orientador: Prof. Cel. QOPM César Alberto Souza

CURITIBA

2012

A IMPORTÂNCIA DE INSTRUIR A POPULAÇÃO DE COMO PORTA R SE EM UMA ABORDAGEM POLICIAL

RESUMO

Neste trabalho procurou-se avaliar e contribuir para a evoluçao das condições

de abordagens, procurando com o presente estudo minimizar os riscos

presentes durante a abordagem policial.

Apresentar-se-ão questões referente a legalidade das abordagens policiais,

tratando dos requisitos presentes no Código de Processo Penal, acerca da

fundada suspeita, abordando-se o tema do poder discricionário presente no ato

administrativo de polícia, sem deixar de citar alguns procedimentos que

deveriam ser adotados pelos abordados bem como seus direitos.

Ao tratar dos problemas presentes na abordagem procurou-se investigar

aqueles decorrentes da provocação ou de dificuldades criadas pelo próprio

abordado.

Apesar de nada afastar a responsábilidade do policial, que deverá estar

preparado para a abordagem e qualificado para resolver os inúmeros

problemas que possam advir deste ato policial, procurou-se demonstrar que

segurança pública é responsábilidade de todos e quanto mais conhecimento

sobre o serviço policial tiver a população mais colaboração os policiais terão, o

que permitirá minimizar os erros e falhas durante abordagens policiais.

Palavras-chaves: abordagem policial, direito do aborado, problemas da

abordagem, técnica policial.

THE IMPORTANCE OF THE POPULATION OF INSTRUCT how to port ON A POLICE APPROACH

ABSTRACT

In this study sought to evaluate and contribute to conditions evolução approaches, looking to the present study minimize the risks present during the police approach.

Presenting will be issues relating to police leg alidade approaches, dealing with the present requirements in the Code of Criminal Procedure, on the grounds for suspicion, approaching the theme of this discretion in an administrative police, while addressing some techniques approaches and rights addressed.

When dealing with problems in the present approach we sought to investigate those arising from provocation or difficulties created by himself addressed.

While nothing faster the responsibility of police who must be prepared to approach and qualified to solve the numerous problems that may arise from police approach, we sought to demonstrate that public safety is everyone's responsibility and the more knowledge you have about the police service population collaboration officers will have, which will minimize errors and failures daunted approaches police.

.

Keywords: police approach, right-abordado, problems of approach, technical officer.

SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................. V

ABSTRACT .............................................................................................. VI

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................... 08

1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................. 09

1.2 PROBLEMA ........................................................................................ 10

1.3 OBJETIVOS ........................................................................................ 10

1.3.1 Objetivo Geral .................................................................................. 10

1.3.2 Objetivo Específico .......................................................................... 10

1.4 METODOLOGIA ................................................................................. 10

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................... 12

2.1 ABORDAGEM .................................................................................... 12

2.2 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DA ABORDAGEM ................................ 12

2.3 ABORDAGEM -TÉCNICA POLICIAL - DIREITOS DO ABORDADO 14

2.4 PRINCIPAIS PROBLEMAS DA OBORDAGEM ............................................ 16

2.4.1 QUESTIONÁRIOS ..................................................................................... 16

2.4.1.1 QUESTIONÁRIO COMPARADO ................................................. 16

2.4.1.2 QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO .............. 19

2.4.1.3 QUESTIONÁRIO APLICADO AOS POLICIAIS MILITARES......... 21

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................... 24

4. CONCLUSÃO ....................................................................................... 27

Autor: José Claudio Volpato

Orientador: Prof. Cel. César Alberto Souza

1. INTRODUÇÃO

“Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer.” Mahatma Gandhi

Através deste trabalho gostaríamos de colocar em discussão a necessidade

de oferecer a população orientação acerca da forma correta de portar-se ante uma

abordagem policial, o desenvolvimento de uma sociedade está diretamente ligada a

sua educação, e não apenas a sua educação formal, acreditamos, que as

instituições governamentais também devem oferecer a população ensinamentos que

permitam o desenvolvimento de valores tornando possível a mudança de paradigma.

Para que a sociedade funcione sem graves conflitos, o ser humano tem que

ser socializado. Socialização é o processo pelo qual a sociedade, comunidade, organização formal ou grupo ensina seus costumes a seus membros. A família e a escola socializam a criança, as agremiações estudantis socializam os calouros nas faculdades, o time de futebol socializa seus jogadores, e a sociedade de muitos modos diretos e indiretos, socializa seus cidadãos. Uma pessoa socializada é aquela que, com êxito, tornou-se membro de seu grupo, organização formal, comunidade e/ou sociedade. Uma pessoa socializada controla-se, mas esse autocontrole provém de ter aprendido os controles da sociedade. (CHARON, Joel M, 2004, pág. 29)

A segurança pública se tornou um dos maiores focos da mídia, e hoje é uma

das principais reivindicações da população. Esta população desconhece que a

grande chave do sucesso para o funcionamento da segurança é a contribuição dela

própria, não se pode acreditar que o estado terá condições de atender toda a

demanda e todos os conflitos gerados pela sociedade. Precisamos ir muito além

criarmos mecanismos capazes de permitir a comunidades resolverem muitos dos

seus problemas a partir de seus próprios valores.

Ocorre que a escola não esta sendo competente na geração de valores

capazes de criar modelos positivos e o que passamos a assistir foi um brutal

aumento da criminalidade. Este clima de insegurança vem gerando uma grande

9

sensação de insegurança, pior esta insegurança já não é refletida somente na

população mas também nos agentes responsáveis pela aplicação da lei.

A sensação de insegurança torna o trabalho policial mais difícil, seja pelas

influências psicológicas, ou pelo próprio sentimento de impotências deste agentes

levando estes agentes da segurança pública inclusive a cometer erros, muitos

destes erros podem aparecer pelo desvio de conduta, pelo envolvimento com drogas

sejam elas licitas ou ilícitas e outras mazelas que podem atingir estes agentes

responsáveis pela segurança da comunidade

Principalmente a partir da última década, passamos a assistir através da mídia

várias reportagens que tratavam de policias que haviam cometido erros graves

durante abordagens policiais, as quais muitas vezes terminaram com a morte, tanto

do abordado quanto do policial, passamos a perceber que se aquelas vitimas

tivessem um mínimo de noção de como portar-se durante uma abordagem policial

muitas daquelas mortes poderiam ser evitadas, levando-nos a desenvolvermos o

atual estudo.

1.1 JUSTIFICATIVA

A finalidade do presente estudo volta-se para as dificuldades muitas vezes

encontradas quando da realização de abordagens, a grande maioria dessas

dificuldades quando prestávamos serviço no 12º BPM (Batalhão de Polícia Militar)

onde pudemos realizar diversas atividades de policiamento, entre eles: Guarda de

Estabelecimentos Bancários, Policiamento a Pé, Policiamento em Radio Patrulha,

fizemos parte ainda do Projeto POVO (Policiamento Volante) tivemos ainda a

chance de integrar a equipe TMA ( Tático Móvel Auto ) e o Pelotão de Motos

daquela unidade durante o período de 1991 até 2000, de onde adquirimos

experiência no Policiamento Ostensivo, é das dificuldades que enfrentamos durante

este período, em inúmeras abordagens, que ao refletir destas dificuldades

percebemos que muitos dos abordados, criavam dificuldades aos policiais em

virtude do desconhecimento de como se portar durante uma abordagem policial ou

por não entender o trabalho da polícia. Assim percebeu-se a necessidade de um

estudo mais profundo para saber da necessidade ou não de instruir a população de

10

como portar se frente uma abordagem policial, a fim de diminuir os riscos desta ação

para o policial como para o abordado.

Pretendemos muito mais do que afirmarmos da real necessidade de criar-se

mecanismos que permitam a educação da população em relação a abordagem

policial, a abertura de discussão do tema.

1.2 PROBLEMA

Como o cidadão, co responsável pela segurança pública pode contribuir para

aumentar o nível de segurança durante as abordagens policiais.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Permitir uma investigação sobre a importância de instruir a população sobre a

forma correta de portar-se em uma abordagem policial.

1.3.2 Objetivo Específico

Diminuir os acidentes no transcorrer de abordagens policiais.

1.4. METODOLOGIA:

Para o desenvolvimento deste estudo optou-se pela pesquisa exploratória

utilizando-se a pesquisa bibliográfica.

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A pesquisa bibliográfica, abrange fontes secundárias, toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisa, monografias, teses, material cartográfico, dentre outras, até mesmo meios de comunicação orais: rádio, gravações em fitas magnéticas e audiovisuais, filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas ou gravadas. (MARCONI & LAKATUS, 1999, pág 73)

A pesquisa bibliográfica “oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente, e tem por objetivo permitir ao cientista, o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de informação” . Desta forma, a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob um novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras. (MARCONI & LAKATOS, 1999 pág. 73).

Em virtude do pouco material bibliografico que se apresentou, e esteve ao

nosso alcance, optou-se pela utilização de pesquisa quantitativa através da através

da indicação em questionários, permitindo comparações com trabalhos de outros

autores.

12

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ABORDAGEM

Segundo o dicionário aurélio abordar é o ato de aproximar-se de alguém,

abarroar uma embarcação para toma-la de assalto. Contudo aqui nos interessa a

abordagem policial, para a equipe de instrutores de abordagem da Bahia , abordagem

é o ato de aproximar-se e interpelar uma pessoa a pé, motorizada ou montada com o intuito

de identificar, orientar, advertir, assistir, revistar, prender, etc.

Abordagem – Dizem nossos dicionários que abordar é “acometer e tomar”; “aproximar-se de”; “chegar”; “interpelar”. No nosso caso, poderíamos considerar como sendo uma técnica policial, isto é, ato de aproximar-se de uma pessoa, ou pessoas, a pé, motorizadas, e de que emanam indícios de suspeição de que tenham praticado ou estejam na iminência de praticar ilícitos penais, “com o intuito de investigar, orientar, advertir, prender, assistir, etc. (FELISBERTO, João Sylla macedo, 1989 pág. 64)

Abordagem conforme (FERRAZ, (,2008 pág.12) – é a ação empreendida para isolar

e conter a pessoa diante de evidências seguras ou em atitude suspeita, a fim de que

ela não possa causar dano à sociedade nem ao próprio policial.

2.2 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DA ABORDAGEM

Como vimos a abordagem pode ser realizada em pessoas a pé, ou uzuárias de

qualquer tipo de transporte mas também poderá ser realizada no decurso de busca

domicíliar, e a fundamentação legal para isso encontra-se no Art. 244 CPP (Código

de Processo Penal)

A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando

houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de

objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for

determinada no curso de busca domiciliar. Art. 244 CPP (Código de Processo Penal)

Contudo essa abordagem não pode ser realizada por qualquer motivo ou por

pura vontade do agente público, é preciso que o policial ao decidir realizar a

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abordagem policial, a faça amparado em fundadas suspeitas, vejamos decisão do

Supremo Tribunal Federal:

(...) A “fundada suspeita”, prevista no art. 244 do CPP, não pode fundar-se em parâmetros unicamente subjetivos, exigindo elementos concretos que indiquem a necessidade da revista, em face do constrangimento que causa. Ausência, no caso, de elementos dessa natureza, que não se pode ter por configurados na alegação de que trajava, o paciente, um “blusão” suscetível de esconder uma arma, sob risco de referendo a condutas arbitrárias ofensivas a direitos e garantias individuais e caracterizadoras de abuso de poder. Habeas corpus deferido para determinar-se o arquivamento do Termo.

(- HC 81305, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 13/11/2001, DJ 22-02-2002 PP-00035 EMENT VOL-02058-02 PP-00306 RTJ VOL-00182-01 PP-00284)

Ao análisarmos entendemos que o legislador quis oferecer ao operador da

segurança pública o direito de intervir, obordar e caso seja necessário revistar

pessoa ou coisas que estejam sob seu poder, bastando para isto a fundada

suspeita. Contudo o policial deverá sempre zelar para que seu trabalho esteja

ancorado na legalidade, pois ao abordar o cidadão sem uma fundada suspeita

podera estar cometendo o crime de abuso de autoridade.

Ao estudarmos a abordagem policial temos que lembrar que este é um ato

administrativo, portanto tem atributos como qualquer outro ato administrativo, bem

mais explícito pelo texto a seguir:

Como todo ato administrativo, a abordagem e a busca pessoal possuem os

atributos da imperatividade, coercibilidade e autoexecutoriedade, isto é, impõe-se de forma coercitiva, independentemente de concordância do cidadão, e são realizadas de ofício, a partir de circunstâncias determinantes, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário. Assim sendo, no momento da abordagem, cabe ao cidadão tão somente obedecer às ordens emanadas pelo policial, sob pena de incorrer no crime de desobediência, previsto no artigo 330 do Código Penal (CP). Se o cidadão se opor, mediante violência ou ameaça, a ser submetido a busca pessoal, ele pratica o crime de resistência, previsto no artigo 329 do CP. Nesse caso, o policial pode fazer uso da força para vencer a resistência ou defender-se, consoante artigo 292 do Código de Processo Penal (CPP).

Universo Policial Conhecimento cultura e entretenimento – Abordagem Policial e Busca Pessoal Questões Legais 2012 disponível em: http://www.universopolicial.com/2009/09/busca-pessoal-e-abordagem-policial.html acessado em 12 novembro de 2012

Também podemos nos reportar ao Poder Discricionário que o policial tem para

decidir realizar a abordagem ou até mesmo decidir não fazê-la Para o Poder Discricionário:

É o que o Direito concede à Administração, de modo explícito ou implícito, para a prática de atos administrativos com liberdade na escolha de sua conveniência e conteúdo; neste caso, da discricionariedade, apesar do ente da administração

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pública ter a liberdade na sua decisão (discricionariedade), esta intimamente ligada a preceitos legais preestabelecidos, contudo não vinculantes. A discricionariedade resulta da permissão da lei, posto que, contrariamente, ela procede da própria disciplina normativa, a dizer, da maneira pela qual se regula dada situação. Desta forma, tem-se o preceito que diz que a discricionariedade implica liberdade de atuação nos limites traçados pela lei; se a Administração ultrapassa esses limites, a sua decisão passa a ser arbitrária, ou seja, contrária a lei.( ROGÉRIO FERNANDES LIMA, 2008, pág. 28)

2.3 ABORDAGEM -TÉCNICA POLICIAL - DIREITOS DO ABORDADO

Uma abordagem policial não é uma receita de bolo, em que basta adicionar

sempre os mesmo ingredientes misturar e colocar para assar, a complexidade dessa

ação policial é tremenda, se fossemos realizar um estudo de caso, para cada

abordagem teríamos que realizar um estudo novo, já que o local não seria o mesmo,

o veículo seria outro as condições de luminosidade, o numero de pessoas

envolvidas além de outras variáveis, tudo isto deverá ser levado em consideração

para a realização de uma abordagem e que deverá ser planejada em segundos por

policiais que estão recebendo altas doses de adrenalina já que se trata de uma

situação de risco para ele policial e para o abordado.

Para Claudio Armando Ferraz:

A ação policial deve basear-se no respeito aos direitos humanos defendidos pela Constituição Federal, especialmente quando determina: “ todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito a vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade”. (FERRAZ, Claudio Armando,2008 pág.11)

O Policial ao iniciar uma abordagem deve deixar claro que se trata de uma

abordagem policial identificando-se como policial, a falta de identificação seria um

erro grave por parte do policial, já que o abordado poderia acreditar ser um assalto

ou outra situação de risco podendo inclusive reagir a abordagem acreditando estar

em perigo.

O uso da verbalização é o “ponta pé inicial” para grande parte das

abordagens realizadas durante as ações policiais. A utilização de verbalização pode minimizar, de forma significativa,

inúmeros problemas enfrentados no dia-a-dia do policial. Ao tratar a pessoa abordada de forma cordial, respeitosa, clara e

objetiva, o policial poderá obter sua cooperação, fazendo com que a situação possa ser solucionada com maior rapidez e eficácia.

O policial deve levar em consideração a importância do tom de sua voz ao lidar com a pessoa abordada.

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Num primeiro momento, o policial deve estabelecer com o abordado um diálogo, levando em consideração o respeito à dignidade do outro e a clareza de suas palavras.

Somente quando a pessoa abordada não cooperar com os comandos estabelecidos pelo policial, é que este deve dar um tom mais imperativo, embora não agressivo, a sua voz;

A verbalização realizada de forma respeitosa e branda com pessoa abordada poderá fazer com que ela se sinta mais segura, podendo assim, entender com mais rapidez os comandos ordenados pelo policial.

(FERRAZ, Claudio Armando,2008 pág.17)

Depois de verbalizar solicitando que o abordado assuma uma posição

de revista um dos policiais irá se aproximar do abordado, lembre-se para

o policial as mãos do abordado devem sempre estar a vista evite

movimentos bruscos com as mãos nesse momento, em seguida será

realizada a revista.

A Defensoria Pública de São Paulo tratou de explicar alguns direitos do

abordado:

É direito de toda pessoa quando abordada por policiais: Sempre ser tratada com educação e respeito; Ficar, sentar ou deitar ou reunir-se em local público, desde que

pacificamente; Não ser forçada a abaixar a cabeça ou alguma outra forma de

constrangimento desnecessário; Não ser obrigada a abandonar o local em que se encontre; Identificar claramente os policiais; Saber o motivo pelo qual está sendo abordado(a); Somente ser levado para uma delegacia de polícia caso seja procurado(a)

pela justiça ou no caso de flagrante de cometimento de delito. Universo Policial Conhecimento cultura e entretenimento – Abordagem

Policial e Busca Pessoal Questões Legais 2012 disponível em: http://www.universopolicial.com/2009/09/busca-pessoal-e-abordagem-policial.html acessado em 12 novembro de 2012

A apostila do Ministério da Justiça intitulada “A Polícia Me Parou e Agora”,

também traz algumas recomendações sobre como portar-se durante uma

abordagem e informa aos abordados seus direitos, vejamos:

1. O que fazer quando for abordado pela polícia De acordo com o Código de Processo Penal, a polícia pode abordar as

pessoas e revistá-las sempre que presenciar alguma atitude suspeita. Se você for parado pela polícia, alguns comportamentos podem ajudar a impedir que a situação se transforme em conflito:

Fique calmo e não corra; Deixe suas mãos visíveis e não faça nenhum movimento brusco; Não discuta com o policial nem toque nele; Obedeça estritamente o comando do policial; Não faça ameaças ou use palavras ofensivas.

2. Andar sem documentos é crime?

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Não é crime andar sem documentos, mas recusar-se a se identificar é contravenção penal. Se estiver sem documento, forneça ao policial dados que auxiliem a sua identificação. Vejam o que diz a Lei de Contravenções Penais:

Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justificadamente solicitados ou exigidos, dados ou indicações concernentes à própria identidade, estado, profissão, domicílio e residência:

Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de um a seis meses, e

multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, se o fato não constitui infração penal mais grave, quem, nas mesmas circunstâncias, faz declarações inverídicas a respeito de sua identidade pessoal, estado, profissão, domicílio e residência.

3. Ao ser abordado você tem o direito a ... Saber a identificação do policial; Ser revistado apenas por policiais do mesmo sexo que você; Acompanhar a revista de seu carro e pedir que uma pessoa que não seja

policial à testemunhe; Ser preso apenas por ordem do juiz ou em flagrante; Em caso de prisão: não falar nada além de sua identificação, e de avisar

sua família e seu advogado; Não ser algemado se não tiver sendo violento ou tentando fugir da

abordagem. (Universo Policial Conhecimento cultura e entretenimento – Abordagem

Policial e Busca Pessoal Questões Legais 2012 disponível em: http://www.universopolicial.com/2009/09/busca-pessoal-e-abordagem-policial.html acessado em 12 novembro de 2012

2.4 PRINCIPAIS PROBLEMAS DA ABORDAGEM

2.4.1 Questionários

Ao pesquisarmos este tópico tivemos muitas dificuldades para encontrarmos

autores que pudessem contribuir com nossa pesquisa o que nos remeteu à buscar

este conhecimento através da experiência de policiais que atuam diariamente na

resolução destes problemas, foram utilizados vinte questionários para estes

profissionais, ainda foram entrevistados vinte alunos do ensino médio.

Em um primeiro apresentamos o questionário apresentado aos alunos do

Ensino Médio para mais tarde tratar do questionário apresentado aos Policiais

Militares.

2.4.1.1 Questionário comparado

Junto a este questionário aproveitamos para inserir perguntas que foram

realizadas pelo Cap. QOPM Geraldo Moliani durante o desenvolvimento de sua

monografia apresentada no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, em 1999 na

Academia Policial Militar do Guatupê. Assim aproveitamos o trabalho realizado e

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tivemos a oportunidade de realizar algumas comparações para entender algumas

mudanças que vem ocorrendo.

O primeiro questionamento: Polícia esta diretamente ligado com ...

Quadro apresentado pelo Cap. Geraldo Moliani em 1999

25% Segurança e Proteção 9% Autoridade 3% Seg. Nacional/Estadual

0% Abuso de Autoridade 33% Lei/ Ord. Publica e Bem Estar

15% Combate ao Crime

12% Inst. Mat. p/ Governo 1% Gr. De pessoas Marginais.

2% outros

Polícia esta diretamente relacionado com...

(1999)

SEG E PROTEÇÃO

AUTORIDADE

SEG. NACIONAL/EST

ABUSO AUTORIDADE

LEI/ORD PUBL E BEM ESTAR

COMBATE AO CRIME

INST. MANT. P/ GOVERNO

GR. DE PESSOAS MARGIN.

OUTROS

Quadro pesquisa atual através de questionários 2012

44,1 Segurança e Proteção 2,9% Autoridade 5,9% Seg. Nacional/Estadual 0% Abuso de Autoridade 17,6% Lei/ Ord. Publica e Bem

Estar 29,4% Combate ao Crime

0% Inst. Mat. p/ Governo 0% Gr. De pessoas Marginais.

0% outros

Polícia esta diretamente relacionado com ... (2012)

Geraldo Moliani em 1999

18

SEG E PROTEÇÃO

AUTORIDADE

SEG. NACIONAL/EST

ABUSO AUTORIDADE

LEI/ORD PUBL E BEM ESTAR

COMBATE AO CRIME

INST. MANT. P/ GOVERNO

GR. DE PESSOAS MARGIN.

OUTROS

Pode-se perceber na pesquisa que alguns dados foram alterados

expressivamente como o aumento da percepção que, Polícia esta diretamente

relacionado com Segurança e Proteção Combate ao Crime, contudo um outro dado

chamou nossa atenção no que se refere a diminuição da associação entre Polícia e

autoridade, o que para nós indica que o cidadão deixou de ver na figura do Policial

uma Autoridade Pública capaz de resolver seus problemas.

Outra pergunta que aproveitamos do trabalho do Cap. Geraldo Moliani:

Conhece o significado do termo Polícia?

Quadro apresentado pelo Cap. Geraldo Moliani em 1999

85% Sim 5% Não 10% Não respondeu

Conhece o significado do termo Polícia? (1999)

Conhece o significado do termo Polícia? (2012)

SIM

NÃO

NÃO RESPONDEU

Fatia 4

Geraldo Moliani em 1999

Pesquisa atual através de questionários 2012

19

80% Sim 20% Não 0% Não respondeu

SIM

NÃO

NÃO RESPONDEU

Fatia 4

Pode-se observar que ainda muitas pessoas não conhecem o termo.

2.4.1.2 Questionário aplicado aos Alunos do Ensino Médio.

As perguntas a seguir foram realizadas procurando-se entender a reação do

abordado e as dificuldades que criaria para o policial.

Perguntas:

a) Caso estivesse caminhando pela rua e um policial o abordasse dizendo a seguinte frase: abordagem policial. Qual seria sua reação

0% Correr 66,7% Voltar-se-ia para o policial

4,8% Ignoraria

14,3% Colocaria as mãos sob a cabeça

14,3% Explicaria que você é estudante

Correr

Voltar-se-ia para o policial

Ignoraria

Colocaria as mãos sob a cabeça

Explicaria que você é estudante

b) Caso estivesse conduzindo veículo de seu genitor para o qual não seria habilitado, qual seria sua reação?

5% Procuraria fugir 0% Ignoraria a ordem de parada 35% Estacionária e logo em seguida desceria para conversar com os policiais 60% Estacionaria e aguardaria a abordagem no interior do veículo

Pesquisa atual através de questionários 2012

Pesquisa atual através de questionários 2012

20

Procuraria fugir

Ignoraria a ordem de parada

Estacionária e logo em seguida desceriapara conversar com os policiais

Estacionaria e aguardaria a abordagemno interior do veículo

c) Gostaria de receber instruções de comportar-se durante uma abordagem policial ?

75% Sim 25% Não

SIM

NÃO

d) Já foi abordado pela Polícia

Caso a resposta seja sim qual a sua avaliação da abordagem quanto ao tratamento dispensado pelos policiais? 20% Sim 80% Não 0% Excelente 50% Ótimo 25% Bom 25% ruim

Sim

Não

e) Acredita ser importante que a Polícia realize abordagens no bairro onde

reside

Pesquisa atual através de questionários 2012

Pesquisa atual através de questionários 2012

Pesquisa atual através de questionários 2012

21

f) Caso a resposta seja sim você concordaria com as revistas mesmo que

isso significasse que você também poderia ser abordado?

Figura 1 95% Sim 5% Não Figura 2 89,5% Sim 10,5% Não

Figura 1

SIM

NÃO

Figura 2

SIM

NÃO

2.4.1.3 Questionário aplicado aos Policiais Militares.

As perguntas a seguir foram realizadas procurando-se entender as principais

dificuldades dos Policiais Militares durante as abordagens, e ainda questionando-se

a validade de orientar a população da forma correta de comportar-se em uma

abordagem policial.

Perguntas:

a) Em sua opinião quais são os principais problemas enfrentados por policiais

durante as abordagens de rotina à pessoas à pé. (anote até duas alternativas)

20,6% Nervosismo do abordado 2,9% Fuga do abordado 26,5% A arrogância pessoas que acabam

alegando ser parente de alguma autoridade ou usando o termo sabe com quem está falando

32,4% Pessoas que se recusam serem revistadas pois alegam serem pessoas de bem

11,8% Falta de treinamento dos policiais 5,8% Outros

Pesquisa atual através de questionários 2012

Pesquisa atual através de questionários 2012

22

NERVOSISMO

FUGA

ARROGÂNCIA

RECUSA EM SER ABORDADO

FALTA DE TREINAMENTO

OUTROS

B) Quais seriam os principais problemas enfrentados na abordagem de veículos. (anote até duas alternativas) 28,1% A resistência do condutor em aceitar

ser abordado; 34,4% a fuga do veículo abordado

21,9% conseguir um local adequado para realizar a abordagem

15,6% falta de treinamento dos policiais

RESISTÊNCIA DO CONDUTOR

FUGA DO VEÍCULO

LOCAL ADEQUADO

FALTA DE TREINAMENTO

c) Em sua opinião seria interessante que a população conhecesse melhor o serviço policial e ainda soubesse se comportar durante uma revista policial.

100% Sim 0% Não

Pesquisa atual através de questionários 2012

Pesquisa atual através de questionários 2012

23

SIM

NÃO

d) Acredita ser importante que durante os cursos oferecidos pelas Auto

Escolas para a 1º habilitação fossem inseridas aulas de como atender uma

abordagem policial de seu veículo.

100% Sim 0% Não

SIM

NÃO

e) Oferecer aos adolescentes instruções de como portar-se durante a abordagem poderia ser uma forma de aproximar-se dos jovens explicando melhor o papel da Polícia.

100% Sim 0% Não

SIM

NÃO

Pesquisa atual através de questionários 2012

Pesquisa atual através de questionários 2012

Pesquisa atual através de questionários 2012

24

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste trabalho, percebemos certa sede de socialização do cidadão, como do

policial, nos parece que existe uma carência de ambas as partes, na relação social.

Para que um grupo possa aprender com o outro e assim possam compreender suas

necessidades e dificuldades, que possam chegar a um relacionamento que possa

propiciar um ambiente de bem estar.

A socialização cria as qualidades que nos tornam plenamente humanos. Temos potencial para ação humana ao nascer, mas adquirimos a linguagem, o “eu”, a mente a consciência quando nos tornamos socializados. Como seria o homem sem a socialização? Alguns adultos não são muito bem socializados. Apresentam pouco autocontrole, incapacidade de cooperar, tendência a impulsividade. Há pouquíssimos exemplos de homens que se desenvolveram totalmente isolados de outros, e quando tais indivíduos foram descobertos, todos pareciam muito estranhos. É quase impossível imaginar o ser humano sem socialização. (CHARON, Joel M, 2004, pág. 29)

É possível verificar este afastamento entre cidadões e policiais, uma vez que

a população passa a desvincular Polícia de autoridade como ficou demonstrado no

quadro quando se perguntou “Polícia esta diretamente ligado com ...”, assim nota-se

uma diminuição da relação entre polícia e autoridade na visão do cidadão, se a

relação entre polícia e cidadões fosse maior certamente a compreensão de que a

polícia é a representação do estado, de uma autoridade que regula a vida em

comunidade estaria mais presente.

A educação atinge todos, mas nunca em nosso país houve preocupação em

educar a população para o exercício da cidadania, exercício que só pode ter sua

plenitude com a democracia, olhando historicamente poderíamos dizer que nossa

democracia ainda está engatinhando, sabemos que as mudanças sociais são lentas,

temos uma grande jornada a frente.

Olhando para os resultados colhidos, percebemos que o relacionamento

polícia, cidadão, está longe do ideal, que um grande número de pessoas realmente

não sabe portar-se durante uma abordagem. Quando questionamos como seria o

comportamento diante de uma abordagem apenas 14,3% dos entrevistados deram a

resposta mais apropriada, que levantariam as mãos colocando sob suas cabeças,

para 4,8% dos entrevistados bastaria ignorar o policial e ainda para 66,7% voltar-se-

iam para o policial logo após a voz de abordagem. Quando o questionamento

procurou entender a abordagem em veículo percebeu-se que a grande maioria dos

25

entrevistados agiria da forma correta, ainda havia um índice grande de pessoas que

colocar-se-ia em risco ao desembarcar do veículo sem que o policial solicitasse, ou

ainda pior, 5% responderam que procurariam fugir, colocando em risco a sua

segurança e a de terceiros.

Quando se buscou descobrir se os adolescentes entrevistados estariam

dispostos a receber instruções de como portar-se diante de uma abordagem policial

tivemos um resultado que nos surpreendeu, pois 75% dos entrevistados gostariam

de receber tais instruções, também percebemos que apenas uma minoria já havia

sofrido revista policial e 75% deste consideraram a abordagem ótima ou boa,

enquanto 25% alegaram que a abordagem foi ruim, o que nos leva a considerar que

as técnicas e o treinamento de abordagem ainda não estão dentro do ideal havendo

muito a melhorar.

Ao questionarmos, se acreditava ser importante abordagem em seu bairro, a

grande maioria disse que sim, que não se incomodaria em também ser abordado,

este dado nos remete ao estudo do Cap. Geraldo Moliani, que nos permitiu certa

comparação com os resultados colhidos, assim nota-se aumento expressivo do

entendimento de que polícia está ligado a segurança e proteção, do combate ao

crime, observa-se ainda uma diminuição da autoridade policial.

As instituições policiais não darão conta sozinhas de oferecer a comunidade

segurança e proteção, já não se pode combater o crime através de uma única

instituição, o crime, evoluiu, só haverá resultados mais positivos através da

integração de forças e trocas de informações através das instituições.

Durante este estudo ao questionarmos os policiais sobre suas dificuldades,

durante as abordagens, em indivíduos a pé, acusaram os policias como seus

principais problemas, a recusa das pessoas em aceitarem serem abordadas e

revistadas com 32,4%, em segundo lugar, apareceram as pessoas que apresentam

certa arrogância e alegam ter parentesco com determinada autoridade, para impedir

a revista, com 26,5%, o que nos parece, é que nos dois casos o que as pessoas não

querem é serem revistadas, será que se o abordado conhecesse o trabalho policial e

a razão pela qual o policial realiza a revista não cooperaria? Já na abordagem de

veículos as principais preocupações dos policiais seriam: com 34,4% a fuga do

veículo abordado e com 28,1% a resistência do condutor em ser abordado,

novamente o desconhecido, o serviço policial, não é compreendido, somado há isso

a fragilidade cada vez mais fragrante da autoridade policial.

26

Aproveitamos a pesquisa para sabermos à opinião dos policiais sobre alguns

questionamentos. Ao perguntarmos aos entrevistados se seria interessante

aproximar-se da população com a finalidade de explicar melhor o serviço policial e

orientar este público, quanto a forma correta de comportar-se durante uma

abordagem policial, 100% dos policiais acreditaram ser importante ter esta

possibilidade. Também perguntamos a eles se acreditavam ser importante que

durante as aulas para a 1º habilitação as Auto-Escolas, fossem obrigadas a oferecer

aos seus alunos treinamento, de como portar-se diante de uma abordagem policial,

aqui igualmente 100% dos policiais aprovaram a medida. Também 100% dos

entrevistados acreditam ser importante oferecer aulas para adolescentes de como

portar-se durante uma abordagem.

Vemos a necessidade de estudos que possa complementar este, uma

pesquisa ainda mais aprimorada e que permita que o assunto seja mais amplamente

estudado e experimentado para sabermos se realmente valeria a pena treinar a

população sobre a forma correta de atender a uma abordagem policial.

27

4. CONCLUSÃO

Durante o desenvolvimento do trabalho percebemos que seria preciso um

estudo mais amplo sobre o tema, contudo foi possível verificarmos, que ainda não

conseguimos nos aproximarmos da comunidade adequadamente, há muito para

investirmos no policiamento comunitário, no resgate da autoridade policial, não

apenas na autoridade que nos é disposta por lei. Falo aqui daquela autoridade

moral, da confiança que sempre a população paranaense depositou em sua polícia,

não se admite que apenas naveguemos nos programas de governo, as instituições

policiais devem traçar um planejamento institucional de longo prazo.

Oferecermos instruções que permitam ao abordado agir corretamente

durante a abordagem policial, seria um meio a mais de aproximar-se da

comunidade, se o cidadão conseguir entender o serviço policial, ver novamente o

policial como uma autoridade e confiar nele, muitos erros de abordagens, muitos

atritos deixaram de existir, vamos além poderemos salvar muitas vidas apenas

orientado a população sob a forma correta de comportar-se durante a abordagem

policial.

O policial não pode descuidar de sua parte, é preciso investir em

treinamento, um policial mal treinado não terá autoconfiança, e sem autoconfiança

poderá exitar, não agir, ou agir na hora errada, fazer uso da força, muitas vezes sem

necessidade, quando apenas a mediação de conflitos seria capaz de dar solução a

ocorrência.

REFERÊNCIAS

CHARON, Joel M, Sociologia 2004, tradução da 5º edição, São Paulo 2004.

FELISBERTO João Sylla Macedo, Manual Técnico do Soldado , 2º edição, Belo

Horizonte 1989.

FERRAZ, Claudio Armando, Manual de Abordagem e Revista a Pessoas ,1º

edição,volume 1, Rio de Janeiro, Instituto de Segurança Pública, 2008.

MARCONI, A. e LAKATOS, E.M. Técnicas de Pesquisa 4º ed., São Paulo: Atlas

1999.

Moliani, Geraldo, Violência Policial Uma Abordagem Criminológica, APMG, São José dos Pinhais, 1999.

ROGÉRIO Fernandes Lima, ABORDAGEM POLICIAL E SUA (IN)FUNDADA

SUSPEITA, UFES - CENTRO DE CIÊNCIAS JURíDICAS E ECONÔMICAS,

VITÓRIA, 2008

HC 81305, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em

13/11/2001, DJ 22-02-2002 PP-00035 EMENT VOL-02058-02 PP-00306 RTJ VOL-

00182-01 PP-00284

http://www.universopolicial.com/2009/09/busca-pessoal-e-abordagem-policial.html 03

Nov 2012 16h20min