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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
CURSO ENGENHARIA CIVIL
RONALDO BRAZ FERREIRA
A IMPORTÂNCIA DO DETALHAMENTO DO
PROJETO ESTRUTURAL NA EXECUÇÃO DE UMA
OBRA RESIDENCIAL – ESTUDO DE CASO.
Itatiba – SP
2011
RONALDO BRAZ FERREIRA
A IMPORTÂNCIA DO DETALHAMENTO DO
PROJETO ESTRUTURAL NA EXECUÇÃO DE
UMA OBRA RESIDENCIAL – ESTUDO DE
CASO.
Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Engenharia Civil da Universidade São Francisco, sob a orientação do Prof. Dr. Adilson Franco Penteado como exigência parcial para conclusão do curso de graduação. Orientador: Prof. Dr. Adilson Franco Penteado.
ITATIBA
2011
RONALDO BRAZ FERREIRA
A IMPORTÂNCIA DO DETALHAMENTO DO PROJETO ESTRUTURAL NA
EXECUÇÃO DE UMA OBRA RESIDENCIAL – ESTUDO DE CASO.
Trabalho apresentado à Universidade São
Francisco como requisito para a conclusão do
Curso de Graduação em Engenharia Civil.
Aprovado com a nota: ____________
Data de aprovação: 05/12/2011
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
Prof. Dr. Adilson Franco Penteado
Universidade São Francisco
_____________________________________
Prof. Dr. André Bartholomeu
Universidade São Francisco
_____________________________________
Profª.Cristina das Graças Fassina
Universidade São Francisco
AGRADECIMENTOS
Este trabalho não poderia ser realizado sem a colaboração de diversas pessoas às quais
presto meus agradecimentos.
Agradeço acima de tudo a Deus, por me conduzir por essa caminhada que por muitas
vezes pensei em desistir, mas resisti e cheguei ao final.
Aos meus irmãos e demais familiares que por muitas vezes não me deixaram
desanimar dando força e sempre me incentivando.
Aos meus pais Rita e Elias que tanto queriam que seus filhos estudassem para se dar
bem na vida.
Aos meus sogros Benedito e Aparecida, ao meu cunha Marcos que sempre me
empurrava para estudar.
A sushi, uma japinha linda, que dispensou os passeios dos finais de semanas para que
eu pudesse estudar e, em especial, à minha esposa Márcia que me tolerou esse tempo todo e
me ajudou nos estudos de pesquisas deste trabalho, a quem devo muito.
Também não posso deixar de agradecer aos responsáveis pela minha graduação:
doutores, mestres e professores que passaram seus conhecimentos com tanta compreensão e
paciência, estes que levarei para toda a minha vida.
FERREIRA, Ronaldo Braz. A IMPORTÂNCIA DO DETALHAMENTO DO
PROJETO ESTRUTURAL NA EXECUÇÃO DE UMA OBRA
RESIDENCIAL – ESTUDO DE CASO. Curso Engenharia Civil,
Universidade São Francisco, Itatiba, 2011.
RESUMO
Este trabalho consiste em apresentar as falhas observadas na concepção do projeto, como também, pela sua ausência afetando o resultado final causando custos e desperdícios. Ressalta também a importância do tema, para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e estudo de casos em obras de um condomínio de Bragança Paulista - SP. De acordo com os autores estudados o projeto deverá ser racionalizado e sistematizado para garantir a eficiência, a alta qualidade e redução de custos. Além disso, deverá ocorrer a integração do projeto-execução. Os estudos de casos em obras são abordados comentando-se de uma forma geral, o diagnóstico, as falhas do projeto ou a sua ausência com alguns argumentos dos procedimentos executivos. E finalmente as conclusões objetivam contribuir para a compreensão do tema e no desenvolvimento de estudos de casos.
Palavras-chave: projeto, execução, racionalizado.
ABSTRACT
This work is to present the failures observed in the design, but also by it’s absence affects the
final result causing costs and waste. Also emphasizes the importance of the subject, for it was
conducted a literature review and case study of a condominium under construction in
Bragança Paulista – SP. According to the authors stidied the Project should be rationalized
and systematized to ensure efficiency, quality and cost reduction. In addition, there Will be
integration of design-implementation. The case studies are discussed in works cooenting is a
general, diagnosis, design flaws or lack of arguments with some of the procedures performed.
And finally the conclusions aim to contribute to the understanding of the subject and the
development of case studies.
Keywords: design, implementation, rationalized
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - Fluxograma de informações do desenvolvimento de um projeto.................... 15
Figura 2.1 - Pirâmides no Egito com o desmoronamento nas suas faces........................... 17
Figura 2.2 – Patologia......................................................................................................... 28
Figura 2.3 - Origem dos problemas patológicos com relação às etapas de produção ........30
Figura 4.1 - Fôrmas convencionais..................................................................................... 33
Figura 4.2 - Fôrmas convencionais..................................................................................... 34
Figura 4.3 - Canteiro de carpintaria com área suficiente.................................................... 35
Figura 4.4 - Área suficiente, mas sem estrutura de carpintaria........................................... 35
Figura 4.5 - Sistema de fôrmas mistas................................................................................ 36
Figura 4.6 - Sistema de fôrma mista e cimbramento metálico........................................... 37
Figura 4.7 - Gráfico da relação de custo.............................................................................. 38
Figura 4.8 - Pré-laje............................................................................................................ 40
Figura 4.9 - Detalhes de fôrma da viga............................................................................... 42
Figura 4.10 - Detalhes do escoramento...............................................................................42
Figura 4.11 - Detalhes dos paineis das fôrmas.................................................................. .43
Figura 4.12 - Detalhe da fôrma da viga............................................................................... 43
Figura 4.13 - Detalhe do escoramento................................................................................ 43
Figura 4.14 - Painéis laterais das v1 v2 v3 v4.................................................................... 44
Figura 4.15 - Detalhes executivos....................................................................................... 45
Figura 4.16 - Atuação favorável dos estribos...................................................................... 47
Figura 4.17 - Comprimento de ancoragem......................................................................... 48
Figura 5.1 - Terreno amplo, mas sem estrutura de carpintaria........................................... 51
Figura 5.2 - Alvenaria com aplicação de chapisco............................................................. 52
Figura 5.3 - Alvenaria sem aplicação de chapisco em contato com a fôrma..................... 52
Figura 5.4 - Fôrmas com detalhamento executivo............................................................. 53
Figura 5.5 - Fôrmas sobrepostas nas alvenarias e com os sarrafos de alinhamento ...........54
Figura 5.6 - Fôrma para apoio de laje.................................................................................. 55
Figura 5.7 - Fôrmas concretadas........................................................................................ 56
Figura 5.8 - Escoramento misto.......................................................................................... 56
Figura 5.9 - Método de travamento de pilares....................................................................57
Figura 5.10 - Pilares moldados corretamente...................................................................... 58
Figura 5.11 - Pilares simples, utilizaram materiais de menor custo.................................... 58
Figura 5.12 - Fôrmas de pilares e vigas............................................................................. 59
Figuras 5.13 - Demonstram o chapisco aplicado e a ondulação causada pelo material..... 60
Figuras 5.14 - Mostram a fôrma em contato direto com a alvenaria................................. 61
Figuras 5.15 - Mostram o concreto aparente.......................................................................62
Figura 5.16 - Inicio de montagem das fôrmas.................................................................... 62
Figura 5.17 - Junções dos compen.......................................................................................62
Figura 5.18 - Método de montagem do painel.................................................................... 63
Figura 5.19 - Esta foto indica uma fôrma correta............................................................... 64
Figura 5.20 - Organização para garantir a segurança.......................................................... 64
Figura 5.21 -Visão das fôrmas no interior do ambiente..................................................... 65
Figura 5.22 -Acesso ao interior do ambiente ......................................................................65
Figura 5.23 - Escoramento tubulares metálicos................................................................. 65
Figura 5.24 - Aglomerado de madeiras.............................................................................. 65
Figura 5.25 - Torres de cimbramento................................................................................. 66
Figura 5.26 - Sistema de fôrmas e escoramento por meio de cimbramento metálico ........67
Figura 5.27 - Vigas com excesso de travamento................................................................ 67
Figura 5.28 - Vigas sem excesso de madeiras.................................................................... 68
Figura 5.29 - Fôrmas de apoio para lajes pré ......................................................................69
Figura 5.30 - Vigas mal apoiadas nas fôrmas..................................................................... 69
Figura 5.31 - Lajes apoiadas sobre os sarrafos de alinhamento das fôrmas .......................70
Figura 5.32 - Vigas pré-moldadas painéis bw30cm H8...................................................... 70
Figura 5.33- Fôrma de um pilar cortina.............................................................................. 71
Figura 5.34 - Modelos de painéis........................................................................................ 72
Figura 5.35 - Viga estudada................................................................................................. 73
Figura 5.36 - Planta de forma do concreto.......................................................................... 76
Figura 5.37 - Fotos de armaduras com aço passando da fôrma........................................... 77
Figura 5.38 - As fotos mostram serviço sendo feito no local e concluido.......................... 78
Figura 5.39 - As fotos indicam as armaduras sem engaste por mudança de seção da viga 78
Figura 5.40 - Esquema de armação de degraus de escada................................................... 79
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 Requisitos ou desempenho das fôrmas.............................................................. 38
Tabela 4.2 - Vantagens para o concreto armado................................................................. 47
Tabela 5.1: Estudo de custos referente às fôrmas de uma viga de 0,22x0,66x3,5m........... 74
Tabela 5.2: Estudo de custos referente às fôrmas de viga de 0,22x0,66x3,5m...................75
Tabela 5.3: Estudo de custos referente às fôrmas de uma viga de 0,22x0,66x3,5m........... 75
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
bw – largura da seção
cm – centímetros
HH – horas-homens
Kgf – quilograma força
m – metro
m² - metro quadrado
mm – milimitro
MPa – Mega Pascoal
NBR – Normas Brasileiras Regionais
USP – Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 17 2.1 HISTÓRICO................................................................................................................. 17 2.2 CONCEITO................................................................................................................... 18 2.3 O PAPEL DO PROJETO NO PROCESSO DA CONSTRUÇÃO............................... 19 2.4 A IMPORTÂNCIA DO PROJETO NO PROCESSO DA CONSTRUÇÃO................ 20 2.5 ENGENHARIA SIMULTÂNEA (ES).......................................................................... 21 2.6 CONSTRUTIBILIDADE E O PROJETO.................................................................... 23 2.7 RACIONALIZAÇÃO................................................................................................... 24 2.8 PROJETO PARA EXECUÇÃO................................................................................... 24 2.9 PROJETO/PATOLOGIAS............................................................................................ 27 3. METODOLOGIA ......................................................................................................... 30 3.1 DESCRIÇÃO DO TRABALHO.................................................................................. 32
4. FÔRMAS E ARMADURAS: elementos do concreto armado.................................. 33 4.1 FÔRMAS...................................................................................................................... 33 4.1.1 Conceito: Fôrmas e Cimbramento............................................................................. 33 4.1.2 Sistema de Fôrma...................................................................................................... 34 4.1.3 Importância das Fôrmas............................................................................................ 37 4.1.4 Requisitos de Desempenho das Fôrmas..................................................................... 38 4.1.5 Características das Fôrmas de Laje............................................................................ 39 4.1.6 Projeto de Fôrmas...................................................................................................... 40 4.1.6.1 Processo de execução ..............................................................................................40 4.1.6.2 Projeto de execução................................................................................................. 41 4.1.6.2.1 Viga com escoramento metálico.......................................................................... 42 4.1.6.2.2 Viga com sarrafeado............................................................................................ 43 4.2 ARMADURA............................................................................................................... 46 4.2.1Definição......................................................................................................................46 4.2.2 Introdução.................................................................................................................. 46 4.2.3 Características do Concreto e do Aço........................................................................ 46 4.2.3.1 Vantagens para o concreto armado:........................................................................ 47 4.2.4 Ancoragem................................................................................................................. 47 4.2.4.1 Comprimento de ancoragem ..................................................................................48 4.2.5 Projeto de Armaduras................................................................................................ 49 4.2.5.1 Projeto de produção ..............................................................................................50
5. ESTUDO DE CASO...................................................................................................... 51 5.1 FÔRMAS...................................................................................................................... 51 5.1.1 Fôrma de Viga ..........................................................................................................53 5.1.1.1 Sarrafo de alinhamento........................................................................................... 54 5.1.1.2 Contraventamento................................................................................................... 56 5.1.2 Escoramento.............................................................................................................. 56 5.1.3 Travamento de Pilares................................................................................................57 5.1.3.1 Estrutura utilizada para travamento de pilares....................................................... 57
5.1.3.2 Utilização de madeiras de baixo custo.................................................................... 59 5.1.3.3 Padronização executiva........................................................................................... 59 5.1.4 Aplicação de Chapisco...............................................................................................60 5.1.4.1 Chapisco aplicado antes do fechamento das fôrmas............................................... 60 5.1.4.2 Sem aplicação de chapisco...................................................................................... 61 5.1.5 Início de Montagem das Fôrmas................................................................................ 62 5.1.5.1 Fôrmas sem estruturas............................................................................................ 62 5.1.5.2 Uma estrutura correta............................................................................................. 63 5.1.6 Segurança................................................................................................................... 64 5.1.6.1 Segurança do canteiro............................................................................................. 64 5.1.7 Complicação Devido ao Aglomerado de madeiras....................................................65 5.1.7.1 Escoramento comprometido....................................................................................65 5.1.7.2 Escoramento por meio de torres metálicas..............................................................66 5.1.8 Organização do Sistema.............................................................................................66 5.1.8.1 Facilidade no sistema..............................................................................................66 5.1.8.2 Material empregado e escoramento. .......................................................................67 5.1.8.3 Falta de organização no sistema............................................................................. 67 5.1.8.4 Facilidade na hora de conferir.................................................................................68 5.1.9 Fôrmas de Lajes......................................................................................................... 68 5.1.9.1 Apoios das vigas das lajes.......................................................................................68 5.1.9.2 Buraco deixado pela falta de apoio......................................................................... 69 5.1.9.3 Laje devidamente apoiada na fôrma....................................................................... 69 5.1.9.4 Foto de vigas pré-moldadas. ..................................................................................70 5.1.10 Pilar Cortina.............................................................................................................. 71 5.1.11 Apresentação e Análise de Dados............................................................................ 73 5.1.11.1 Análise dos resultados...........................................................................................76 5.1.12 Justificativas............................................................................................................ 76 5.2ARMADURAS..............................................................................................................77 5.2.1 Comprimento de Ancoragem e Engastamento...........................................................77 5.2.2 Detalhes da Escada..................................................................................................... 79 5.2.3 Espaçamento entre Barras......................................................................................... 79
6. CONCLUSÃO .........................................................................................................81 7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................83 8. ANEXO...........................................................................................................................87
12
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo geral abordar as principais falhas na concepção do
projeto, mostrando o quanto afetam no resultado final, além de causarem custos e
desperdícios, e dar ênfase na importância do projeto na construção de obras, devendo haver
compatibilização entre projeto e execução para que se obtenha o resultado esperado.
As crescentes exigências do mercado quanto à qualidade das edificações, bem como a
pressão pela redução de custos, têm exigido das empresas construtoras a adequação de suas
estratégias.
Na construção civil, é prioridade saber executar uma determinada obra em tempo
reduzido, custo baixo e alta qualidade para satisfação de todos, construtores, empreendedores,
proprietários entre outros.
Atualmente, a construção civil e a economia brasileira atravessam um período de
crescimento e diversos segmentos industriais buscam otimizar suas produções diminuindo
custos, dando destaque à qualidade e lançando no mercado novos produtos conforme Melo
(2006 apud COSTA e SILVA,2007).
Diante disso, um bom projeto de construção de uma obra, tornar-se indispensável
atualmente, quando custo, tempo e exploração de recursos são itens fundamentais ao
construir. Mas para isso, o projeto precisa ser bem planejado e executado para evitar surpresas
durante a execução, antecipar situações desfavoráveis e agilizar as decisões.
Para Picchi (1993) e Souza (1997), a qualidade de projeto é considerada um dos
componentes mais importantes da qualidade do empreendimento, pois através desta, são
definidas as características do produto que vão determinar o grau de satisfação das
expectativas dos clientes.
Na maioria das práticas de desenvolvimento de projetos, na construção de edifícios,
ocorre a falta de sistematização e racionalização decorrentes de problemas conhecidos como
falta de um projeto voltado à produção (execução), normas e critérios de coordenação.
13
Existe um alto índice de desperdício, que resulta em custos adicionais não desejados,
considerados como perdas, advindos de falhas do processo de projeto em decorrência de
problemas na qualidade do mesmo, segundo Cornick (1991 apud PERALTA,2002)
Para Cambiaghi (1992), a ausência de projetos adequados, ocasiona erros e falhas,
serviços desmanchados e refeitos, que geram entulho, desperdícios de mão de obra, materiais
e tempo.
O projeto na construção civil é uma das primeiras etapas do processo de construção,
portanto, tem um papel fundamental na obtenção da qualidade na produção de edifícios, pois
são, na etapa do projeto, definidas os conceitos de organização do espaço e a tecnologia a ser
utilizada na etapa de execução.
Define-se projeto, na construção civil, como a “atividade ou serviço integrante do
processo de construção, responsável pelo desenvolvimento, organização, registro e
transmissão das características físicas e tecnológicas especificadas para uma obra, a serem
consideradas na fase de execução” (MELHADO, 1994).
Embora os projetos existam desde a construção das grandes pirâmides, palácios e
aquedutos da Antiguidade, foi apenas no século XX que surgiu o tema, tornando-se mais
conhecido no começo da década de 60, na visão de muitos autores, a partir do programa
espacial da NASA (O homem na Lua). Mas foi durante a Segunda Guerra Mundial no
desenvolvimento do Projeto Manhattan, que começou a se estruturar, sendo a idéia
aprimorada em outros projetos de âmbito militar. (http://www.scribd.com.br/, jun, 2011)
Este site também menciona que mais tarde, as técnicas foram aplicadas nas grandes
obras no setor de engenharia civil e naval. Apenas no início dos anos 90 é que a gestão de
projeto ultrapassou os limites tradicionais dos grandes projetos de construção civil;
atualmente está presente em todas as áreas.
O processo de desenvolvimento de projetos de edificações pode acontecer de diversas
maneiras. Em alguns projetos, a equipe responsável pelo desenvolvimento do mesmo se
preocupa em resolver os detalhes executivos, havendo uma forte interação entre eles e uma
grande preocupação em solucionar as interferências entre a arquitetura, estrutura e instalações.
O resultado desse processo é um projeto bem elaborado e com um grande nível de
14
detalhamento das resoluções executivas. Esses são os chamados projetos racionalizados. Em
outros casos, o processo se desenvolve de maneira distinta, não havendo grande interação
entre os projetistas, nem preocupação em resolver as interferências entre os subsistemas,
deixando boa parte das soluções executivas para a própria obra.
Grande parte dos problemas originados pela falta de integração, ainda na fase de
projeto, se dá pelo isolamento dos profissionais que atuam na confecção destes. Almeida
(2002, p.85), relata: “ainda é muito comum observar-se na concepção dos principais projetos,
entre o arquiteto, o calculista e o projetista de instalações, uma interação acanhada, muito
menor do que o desejável”
Ainda segundo Almeida (2002), como conseqüência, o trabalho de suprir as falhas
originadas pela falta de comunicação, fica para a fase de execução.
Em Ohashi (2001), o fluxograma do processo de projeto de edificações é bem
detalhado. A figura 1.1 mostra informações de um estudo de caso analisado. È comum este
fluxograma se repetir na maioria dos projetos com pequenas variações.
16
Entre outros, os objetivos deste trabalho acadêmico são: mostrar a influência que um
projeto mal elaborado e com falta de informações acarretam dificuldades na fase de execução
da obra. E, evidenciando a necessidade de integração do projeto-execução.
Este trabalho é constituído pela introdução, revisão bibliográfica, metodologia e
conclusão.
17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Histórico
Os projetos existem desde antes da era das grandes pirâmides.
Figura 2.1 Pirâmides no Egito com o desmoronamento nas suas faces
Fonte:http://www.culturamix.com.br.
ImHotep foi o construtor da primeira pirâmide do Egito, a primeira edificação da
Antiguidade de grande porte. Esta matéria publicada na revista Metrópoli n° 12 do grêmio
Politécnico da USP conta os problemas e desafios da construção das pirâmides egípcias e
como há mais de dois mil anos antes de Cristo os engenheiros do Egito já se deparavam com
as questões que ainda preocupam os engenheiros modernos.
Iniciaram-se no Egito escolas de Engenharia de Pirâmides, onde os escribas aprendiam
as técnicas de construção com pedra. Os sucessores de ImHotep aprimoraram as técnicas e os
projetos, tornando-se mais ousados e monumentais. A pirâmide de degraus de Djoser evoluiu
para a pirâmide de face lisa e formada internamente por uma pirâmide de degraus revestida
por fora com a face inclinada.
Contudo, a revista conta que talvez pela inexperiência com o novo desenho, os
engenheiros erraram no método de colocação das pedras do revestimento externo, e nas bases
da sua estrutura. Em consequência destas deficiências de construção, a pirâmide cedeu e as
suas paredes lisas exteriores desmoronaram. (www.reocities.com/athens/acropolis/, jun, 2011)
18
2.2 Conceito
Para Melhado (1994), define projeto para produção (execução) como:
Detalhamento do projeto executivo, para utilização no âmbito das atividades
de produção da obra, contendo as definições de disposição e sequência das
atividades de obra e frentes de serviço: uso de equipamentos; arranjo e
evolução do canteiro; dentre outros itens vinculados as características e
recursos próprios da empresa construtora.
Esta definição mostra a simultaneidade entre projeto e execução, mostrando que são
inter-relacionados entre si, pois mudanças no projeto do produto normalmente acarretam
transformações profundas no processo de execução e limitar as soluções técnicas dos
projetistas do produto. A busca conjunta das necessidades relativas ao produto e produção
(execução) pode resultar em melhoria da qualidade e competitividade. (PERALTA, 2002)
Segundo Lawason (1980) apud Peralta (2002) o ato de projetar pode ser descrito como
a produção de uma solução (ênfase no produto) e, também, como a resolução de problemas
(ênfase de processo).
Para Dinsmore (1992), projeto é um empreendimento com começo e fim definidos,
dirigido por pessoas, para cumprir metas estabelecidas dentro de parâmetros de custo, tempo e
qualidade.
19
De acordo com Valeriano (1998), projeto de engenharia consiste na elaboração e
consolidação de informações destinadas à execução de uma obra ou a fabricação de um
produto ou ainda ao fornecimento de um serviço ou execução de um processo.
Melhado (1994), “a atividade ou serviço integrante do processo de construção,
responsável pelo desenvolvimento, organização, registro e transmissão das características
físicas e tecnológicas especificadas para uma obra, a serem consideradas na fase de
execução”.
A palavra projeto significa segundo NBR 5670 (ABNT, 1977):
Definição qualitativa e quantitativa dos atributos técnicos, econômicos e
financeiros de um serviço ou obra de engenharia e arquitetura, com base
em dados, elementos, informações, estudos, discriminações técnicas,
cálculos, desenhos, normas, projeções e disposições especiais.
A NBR 13531 (ABNT, 1995), define a elaboração de projeto de edificação como:
Determinação e representação prévias dos atributos funcionais, formais e
técnicos de elementos de edificação a construir, a pré-fabricar, a montar, a
ampliar, (...),abrangendo os ambientes exteriores e interiores e projetos de
elementos da edificação e das instalações prediais.
2.3 O papel do projeto no processo da construção
Atualmente, o projeto vem sofrendo uma significativa evolução conceitual.
Assim, vários pesquisadores vêm defendendo o papel estratégico do projeto como
elemento que impulsiona a racionalização do processo construtivo de edificações, melhorando
a eficiência na produção de edificações e sendo norteador de toda a atividade construtiva.
(www.eps.ufsc.br/disserta98/danielle/cap3.html/jun/2011)
A concepção do edifício pode induzir fortes ganhos de produtividade, passando o
projeto a incorporar o processo de trabalho enquanto, conhecimento técnico, o que exige uma
nova estrutura organizacional, segundo Leusin (1995).
20
2.4 A importância do projeto no processo da construção
É essencial a valorização da fase do projeto, para que haja eficiência e qualidade do
produto, desde que seja incorporado adequadamente ao processo construtivo e explorado o
seu caráter estratégico de indutor da racionalização do processo construtivo e redutor dos
custos dos empreendimentos. (www.eps.ufsc.br/disserta98/danielle/cap3.html/jun, 2011)
Segundo Hammarlund e Josephson (1992), é na fase do projeto quando se pode
alcançar maior redução na incidência de falhas e respectivos custos.
“Percebe-se uma freqüente dissociação entre as atividades de projeto e a de construção
(execução), sendo que o projeto geralmente é entendido como instrumento, comprimindo-se o
seu prazo e o seu custo, merecendo um mínimo de aprofundamento e assumindo um conteúdo
quase meramente legal, ao ponto de tomá-lo simplesmente indicativo e postergando-se grande
parte das decisões para a etapa da obra”, (Melhado e Violani, 1992 apud Melhado e Agopyan,
1995)
A etapa do projeto é importante para que se incorpore todas as questões inerentes à
fase de construção, minimizando improvisações em obra, como também, a incerteza na
execução. (http://www.simpep.feb.unesp.br/jun.2011).
Desta maneira, o projeto deve ser encarado como informação, que segundo Melhado
(1994), pode ser de natureza tecnológica (indicações de detalhes construtivos, locação de
equipamentos, nesse caso o produto projeto, é evidenciado) ou de cunho puramente gerencial
(servindo como suporte ao planejamento e programação da obra, aparecendo o seu caráter
processual).
Franco (1992) considera o projeto como a fase onde as decisões tomadas “trazem
maior repercussão nos custos, velocidade e qualidade dos empreendimentos”, além de ser
origem da maioria dos problemas patológicos dos edifícios.
Barros (1991), também ressalta a importância da tomada de decisões ainda na fase de
projeto. O projeto de qualquer subsistema do edifício permite a definição adequada da
produção ainda na fase de concepção do produto, facilitando e conduzindo a tomada de
21
decisões subjetivas durante a etapa de execução por pessoas não qualificadas e não
capacitadas para isso.
Dar importância a uma boa metodologia melhora o desempenho durante a execução do
projeto.
2.5 Engenharia Simultânea (ES)
A incorporação dos condicionantes da execução no projeto é a idéia básica da filosofia
da Engenharia Simultânea, e vem ganhando espaço dentro do setor da construção.
A engenharia simultânea (ES) pode ser definida como um modo sistemático para o
projeto simultâneo e integrado de produtos e de seus processos relacionados, segundo Werner
(1995).
Desta maneira, busca integrar na fase de concepção do empreendimento, todos os
intervenientes necessários à execução do mesmo, de modo a gerar nesta fase inicial decisões
acerca do projeto, respaldadas nas experiências de todos os integrantes da equipe,
considerando qualidade, custo, tempo e exigências dos clientes.
Alguns aspectos relativos à implantação da Engenharia Simultânea, conforme
mencionados pelo Kruglianskas (1993), requer a comunicação entre os diversos participantes
do processo produtivo e o trabalho em equipe, sem que haja omissão de informações; requer o
trabalho conjunto dos engenheiros de processo e de produto; além de permitir uma melhor
avaliação de custos.
No caso da construção de edificações, poderia conceber a ES como um retorno ao
processo antigo de construção ante-taylorismo, no qual o projetista e o construtor figuravam
uma mesma pessoa. Mas não se trata, simplesmente de fundir papéis, mas antes de
coordenação da equipe de projeto/construção e entre as outras áreas do processo construtivo.
(www.eps.ufsc.br/disserta98/danielle/cap3.html/jun, 2011)
Nesse sentido, Cardoso (1993), defende a idéia de “formar grupos de projeto na
construção civil segundo cortes transversais, reunindo diferentes profissionais além dos
projetistas, superpondo as fases de concepção e de projeto para produção”.
22
Outra evidência destacada pela ES é a participação dos projetos estendidos à etapa de
execução, visando o atendimento das necessidades requeridas com soluções efetivas.
Evidenciando o projeto não somente como o produto, mas como um serviço.
Essa caracterização dada ao projeto revela a exigência de que seja tratado como um
processo, necessitando de planejamento e controle, ou seja, o gerenciamento adequado de
suas etapas, a fim de disponibilizar informações úteis e completas acerca do processo de
execução, aos seus responsáveis, minimizando imprevistos, custos e riscos.
A mudança na estrutura do processo pode ser observada no ciclo de vida do projeto-
obra, provocando um acúmulo de esforços na fase de projeto, quando ocorre a transferência
de informações e documentação para a obra. (http://www.eps.ufsc.br/.html/jun,2011)
A implantação da ES nas empresas tem como diretrizes a capacitação dos engenheiros
para as novas tecnologias utilizadas e remanejamentos organizacionais visando reduzir
barreiras interdepartamentais, segundo Kruglianskas (1993).
As dificuldades em criar todo o conjunto de condições organizacionais e humanas
necessários à implantação das mudanças, especialmente em ambientes de tradição
conservadora como na construção de edifícios, são imensas.
Para Vargas (1993), devido ao forte tradicionalismo da indústria da construção civil,
“alterar essa cultura significa atuar em cada uma dessas dimensões e não simplesmente fazer
discursos de boas intenções. E o exemplo tem que começar no topo das organizações”.
Para Melhado (1994) uma das dificuldades para a mudança que precisam ser
implantadas nas empresas construtoras, no que diz respeito à qualidade, é a resistência às
mudanças dos profissionais envolvidos em vários níveis decisórios e que falta à empresa
“uma estrutura organizacional eficiente para contratação e coordenação da elaboração de
projetos; não se faz adequado registro das idéias e conclusões geradas com posterior análise
dos resultados em obra, ou seja, as empresas não possuem uma memória construtiva; além de
não de levar em consideração os fatores humanos e de relacionamento”.
Também Barros (1996) identifica obstáculos às mudanças que precisam ser realizadas
na Indústria da Construção:
23
- dificuldades de entrosamento entre os diversos setores da empresa, como por
exemplo, projetos e execução;
- o trabalho não sistematizado e descoordenado das diversas equipes de projeto
participantes de um empreendimento;
- a ausência de um projeto verdadeiramente voltado à produção;
- as falhas no fluxo de informações.
2.6 Construtibilidade e o Projeto
O conceito de construtibilidade nasceu no reino Unido e Estado Unidos nos primeiros
anos da década de 80. Para o Construction Industry Institute (1987, apud Melhado, 1994):
“O uso otimizado do conhecimento das técnicas construtivas e da
experiência nas áreas de planejamento, projeto e operação em campo para
se atingir os objetivos globais do empreendimento”
Para Oliveira (1995), “a construtibilidade pode ser entendida como a habilidade ou
facilidade deste em ser construído, com a integração do conhecimento e experiência
construtiva durante as fases de concepção, planejamento e execução da obra, com o objetivo
de simplificar as operações construtivas.
Segundo Melhado (1994), “o aumento da construtibilidade pode ser conseguido a
partir de uma reorganização dos procedimentos de projeto e de execução”.
O estudo da construtibilidade sugere que a separação entre as fases do projeto e da
execução são responsáveis pela menor eficiência do processo construtivo. A abordagem
tradicional do processo de projeto é a elaboração dos projetos pelos projetistas e depois
construídos pelos engenheiros.
A comunicação entre esses agentes geralmente não acontece antes da execução, apesar
do fato de que para maioria dos projetistas falta experiência adequada em execução das
construções. Nesse sentido, a construtibilidade procura fazer a integração entre o
conhecimento e experiência em execução das construções com a elaboração dos projetos.
(http://www.eps.ufsc.br/.html/jun,2011)
24
Percebe-se, no entanto, é que não é dada muita importância aos aspectos da
construtibilidade pela maioria dos profissionais de projeto. Para Franco (1992) muitos
projetistas, especialistas dos produtos, pouco aproveitam da experiência na execução de seus
projetos. Em muitos casos não existe uma realimentação de informações entre os executores e
projetistas dos edifícios, levando muitas vezes a repetição continuada em vários
empreendimentos de uma falha detectada durante a execução.
2.7 Racionalização
Segundo Melhado (1994), ela pode ser definida como “um princípio que pode ser
aplicado a qualquer método, processo ou sistema construtivo e, no caso do processo
construtivo tradicional, significa a implantação de medidas de padronização de componentes,
simplificação de operações e aumento de produtividade que podem trazer grandes reduções de
custos”
O projeto e a organização do seu processo de elaboração detêm assim um grande
potencial de racionalização do processo de execução e, portanto, de elevação da produtividade
global, a partir da simplificação de métodos e técnicas requeridas.
Como se pode observar a racionalização construtiva implica no desenvolvimento de
um projeto analisado sob a ótica da economicidade, eficiência e otimização.
2.8 Projeto para execução
Segundo Peralta (2002), em seu trabalho de mestrado, menciona que o objetivo deste
projeto é minimizar as incertezas na obra, pela antecipação das atividades de execução em
projeto, aplicada aos diversos subsistemas do edifício, proporcionando uma visão detalhada
em termos de soluções pré-estudadas e uma visão geral de todo o sequenciamento da
execução de suas partes.
Para Barros (1996), a realidade das práticas construtivas mostra que nem sempre o
projeto incorpora a tecnologia construtiva efetivamente empregada no canteiro de obras. Na
maioria das vezes, o projeto limita-se à definição do produto sem incorporar-lhe os métodos e
processos construtivos, os materiais e equipamentos.
25
A função básica do projeto para a produção é a transmissão de todos os condicionantes
que envolvem a tecnologia construtiva escolhida, de modo a subsidiar a etapa da execução da
obra da forma mais completa possível, evitando com isso improvisações, paralisações,
retrabalho e a implantação de uma solução não planejada, durante a execução. Além de, visar
à redução dos custos e buscar a otimização do processo de produção proporcionando melhor
produtividade e qualidade dos serviços. (http://www.eps.ufsc.br/.html/jun,2011)
Barros e Dorneles (1991) salientam também a necessidade de desenvolvimento do
projeto construtivo que “deve conter todos os aspectos essenciais à produção de edifício ou de
uma sua parte”. Citam o projeto construtivo, por exemplo, para a estrutura do edifício, que
deve contemplar, além do projeto estrutural (dimensionamento das peças), todos os detalhes
construtivos necessários à completa produção da estrutura, bem como a definição clara de
todos os métodos construtivos a serem empregados.
Para Melhado (1994), o projeto para execução é “um conjunto de elementos de projeto
elaborados de forma simultânea ao detalhamento do projeto executivo, para utilização no
âmbito das atividades de produção em obra, contendo as definições de disposição e sequência
de atividades de obra e frentes de serviço; uso de equipamentos arranjo e evolução do
canteiro”.
Alguns autores defendem que o projeto para a execução é uma ferramenta inicial para
a integração do projeto com a produção, definido previamente as fases da execução e todos os
recursos envolvidos, e disponibilizando informações para controle e auditoria da produção.
Martucci (1996), Franco (1992).
Melhado (1994) destaca que “no desenvolvimento de projetos de processo, a empresa
construtora poderá recorrer, como fonte de referência, a normas ou procedimentos que
orientem a execução dos serviços previstos, os quais tornarão esse projeto mais simples, claro
e bem definido”, fazendo parte de uma metodologia de implantação da inovação adequada às
características da empresa.
Para Melhado (1995), à maneira específica de se realizar os determinados serviços,
devem estar inseridos em manuais destinados ao treinamento e aperfeiçoamento dos técnicos
e da mão de obra da produção.
26
A apresentação do Projeto para produção, tomando como base a proposta feita por
Barros (1991), deve ser feita através de desenhos e informações sintetizados das
especificações dos procedimentos de execução. É importante ressaltar que esse projeto deve
apresentar uma linguagem clara e acessível não só aos engenheiros, mas também, às pessoas
que vão efetivamente utilizá-lo na frente de serviço, que são os mestres de obras,
encarregados e operários.
Barros (1991) menciona também, que todas as correções e alterações feitas
posteriormente, na fase de execução, devem ser devidamente registradas. Isso faz acontecer a
realimentação das informações entre as fases de projeto e de execução, trazendo resultados
positivos para a melhoria do processo de produção.
Para que possa pensar projeto-execução de forma integrada é necessário que todos os
profissionais envolvidos nesta fase interajam desde o inicio de concepção do produto com a
intensidade necessária a cada momento do processo.
Para que haja verificação e correção do realizado em projeto, é necessário o
acompanhamento dos projetistas em obra, com registro das decisões de projeto e posterior
registro das alterações verificadas, evitando reincidência no erro. Segundo Melhado (1994),
esses registros devem ser usados para a criação de um banco de tecnologia construtiva.
As fases do projeto e sua execução fornecem uma sólida visão sistêmica e reforçam a
constatação da necessidade de integração entre projeto e obra, entre os dados projetuais e a
prática do canteiro. (FEITOSA, 2009)
Feitosa (2009) ainda cita que a análise das práticas de proteção e execução contribui
no processo de apropriação de conhecimento e ainda possibilita que se possam propor
melhorias a partir de diretrizes que sejam resultado dos estudos realizados.
Tradicionalmente o processo de projeto de edifícios tem sido pobremente planejado e
gerenciado, e tem sido tratado como completamente separado do processo de construção. Para
integrar os processos de projeto e execução é importante desenvolver um programa que
represente um projeto aperfeiçoado para o período de execução. Uma maior compreensão
conduzirá a eliminação de perdas causadas pelos problemas de coordenação e gerenciamento
do processo. (PERALTA, 2002)
27
A programação do processo de projeto identifica a sucessão de tarefas para satisfazer o
desenvolvimento de uma solução ótima de projeto. Um conhecimento da ótima sucessão de
projeto, quando combinamos com uma visão de sucessão de construção ideal, provê um bom
ponto de partida para a integração do projeto no processo de execução. (http://eesc.usp.br/,
jun, 2011)
A identificação e melhoria dos processos de projeto e execução podem eliminar o
tempo desperdiçado e o esforço da equipe se esses processos forem controlados e integrados.
A integração entre o processo de projeto e execução está na tradução efetiva da comunicação
da informação do projeto com a informação da execução e, resumidamente ao fluxo dos
processos. (http://www.eesc.usp.br, jun, 2011)
2.9 Projeto/Patologias
As manifestações patológicas são também responsáveis por uma parcela importante da
manutenção, de modo que, grande parte das intervenções de manutenção nas edificações
poderia ser evitada se houvesse um melhor detalhamento do projeto e escolha apropriada dos
materiais e componentes da construção. (Costa e Silva, 2007)
Devido aos altos índices de manifestações patológicas, que vêm ocorrendo nas
edificações, busca-se cada vez mais, a garantia e o controle de qualidade em todo o processo
construtivo. Desta forma, a qualidade final do produto depende da qualidade do processo, da
interação entre as fases do processo produtivo e da intensa realimentação de informações, que
proporcionam a melhoria contínua. (http://www.metalica.com.br/,jun, 2011)
Segundo Costa e Silva (2007) “além da compatibilização de projetos, os próprios
detalhes executivos adquirem importância, pois, através destes, a leitura e interpretação do
projeto podem ser realizados com clareza, sendo fundamental que cada projeto seja
acompanhado de detalhes suficientes. A especificação de materiais, o conhecimento das
normas, a solução de interligação projeto-obra, o projeto para produção e a coordenação entre
vários projetos também são considerados fatores importantes dentro deste contexto”
São muito comuns problemas patológicos originados na falta de qualidade dos
materiais e componentes, tais como a durabilidade menor que o especificado e a baixa
resistência mecânica. Desta forma, a escolha destes materiais e a técnicas de construção
28
devem estar em concordância com o projeto a fim de atender às necessidades dos usuários e
garantir a manutenção de suas propriedades e características iniciais.
(http://www.metalica.com.br/, jun, 2011)
Figura 2.2 – Patologia. (fonte: http://www.consultoriaeanalise.com.br/,jun,2011)
Na fase de execução, a manutenção preventiva é muito dependente do controle de
qualidade da mão de obra assim como o cumprimento das especificações de projeto. Para
garantir o cumprimento de todas as prescrições referentes à execução, o controle deve
abranger operações em todos os estágios de execução. Cada um dos subsistemas das
edificações precisa ter procedimentos bem definidos e consolidados para o seu controle.
Pelo fato das patologias se originarem durante as etapas do processo construtivo, é
essencial a garantia do controle de qualidade em todas estas etapas, com um planejamento
bem detalhado, que permita uma visão clara do que será executado; um projeto que atenda os
requisitos mínimos de qualidade; a escolha correta dos materiais; uma execução obedecendo
ao projeto e as especificações.
É certo que todas as etapas do processo podem contribuir para o aparecimento de
manifestações patológicas na edificação ou podem ser a origem dessas patologias, porém
pode-se observar que não há um programa de manutenção preventiva ou corretiva na
29
construção civil. Desta forma, a falta de programas de manutenção dos sistemas construtivos
de edificações, é uma das causas mais importantes de deterioração precoce do ambiente
construído. (http://www.metalica.com.br/,jun, 2011)
30
3. METODOLOGIA
O presente trabalho será baseado em revisões bibliográficas e fatos observados na obra
objeto de estudo de caso visando coletar informações que possam subsidiar a constatação da
necessidade de integração entre projeto e execução.
Segundo Peralta (2002), “a integração entre o processo de projeto e execução está na
tradução efetiva da comunicação da informação do projeto com a informação da execução e,
resumidamente ao fluxo dos processos.”
Os principais objetivos serão demonstrar os seguintes tópicos:
- A influência da falta de informações nos projetos, acarretando em resultados
indesejáveis no produto final;
- Falhas de um projeto de execução, ocasionando custos e desperdícios;
- Detalhamento das dificuldades encontradas em projeto mal planejado,
- Comparativo entre serviços realizados com projeto, e outros sem.
Vários autores pesquisaram as origens dos problemas patológicos nos edifícios e, na
maioria dos casos, assim como em Grunau (1988 apud Endrighi,2010), as pesquisas
apontaram como principal causa as falhas ocorridas durante a fase de projeto, seguida por
problemas ocorridos durante a execução, mau uso e mau planejamento de materiais, como
mostra a Figura 4.
Figura 2.3 – Origem dos problemas patológicos com relação às etapas de produção e uso das
obras civis (fonte: GRUNAU, 1988 apud ENDRIGHI, 2010).
31
Patologias devido ao projeto são as falhas possíveis de ocorrer durante a etapa de
concepção da estrutura. Elas podem se originar durante o estudo preliminar, na execução do
anteprojeto, ou durante a elaboração do projeto de execução. As falhas originadas de um
estudo preliminar deficiente, ou de anteprojetos equivocados, são responsáveis,
principalmente, pelo custo alto do processo de construção, ou por transtornos relacionados à
utilização da obra, enquanto as falhas geradas durante a realização do projeto final de
engenharia, geralmente são as responsáveis pela implantação de problemas patológicos sérios
e podem ser tão diversas como: falta de compatibilização entre a estrutura e a arquitetura, bem
como com os demais projetos civis; especificação inadequada de materiais; detalhamento
insuficiente ou errado; detalhes construtivos que impossibilitam a execução, entre
outros.(ENDRIGHI,2010)
No mesmo foco, segundo Hammarlund e Josephson (1992), é na fase do projeto
quando se pode alcançar maior redução na incidência de falhas e respectivos custos.
Segundo Barros (1991),
o projeto deverá conter “especificações claras sobre o produto final, de
modo que se tenham mecanismos eficientes para que a produção ocorra de
maneira planejada e que suas atividades sejam devidamente
acompanhadas, permitindo verificar a adequação dos procedimentos de
execução ao projeto e a obtenção de um produto cuja qualidade seja
compatível com a especificada”.
E com isso, mostrar a importância da racionalização e compatibilização do projeto-
execução para que haja qualidade.
De acordo com Souza (1997), o projeto e a organização do seu processo de elaboração
detêm assim um grande potencial de racionalização do processo de execução e, portanto, de
elevação da produtividade global.
A construção civil tem buscado o aumento da qualidade das obras aliado à redução dos
custos de produção. Neste contexto, observa-se a maior valorização do projeto, que passa a
ser considerado um meio eficiente para se obter o desempenho esperado do produto, para
diminuir os custos de produção e a ocorrência de falhas no produto e no processo de execução
e ainda para introduzir decisões embasadas tecnologicamente, em substituição às empíricas,
32
desta maneira, otimizando as atividades de execução. Por isto, a importância de ser ter um
projeto que contemple o produto e o processo de produção.
Assim, este trabalho busca sistematizar o que se deseja de um projeto de execução de
fôrmas e de armaduras e também registrar algumas dificuldades encontradas devido ao
projeto mal elaborado ou mesmo, pela a sua ausência.
Para discussão dos tópicos haverá estudo de casos baseados em fotos que mostram o
processo de execução de fôrmas e armaduras, com seus devidos argumentos, desta maneira,
atingindo aos objetivos mencionados na introdução deste trabalho acadêmico.
3.1 Descrição do trabalho
O estudo de casos dar-se-á em uma obra localizada em um condomínio de alto padrão
situado no Município de Bragança Paulista, onde está sendo executada uma residência com
dois pavimentos com aproximadamente 1400m², além de duas outras obras para servirem de
comparativos. Os projetos estruturais das obras analisadas foram concebidos pelo método de
concreto armado.
As obras baseiam-se no projeto de forma dimensional do concreto, porém, não foi
realizado o projeto de modulação, montagem e escoramentos das fôrmas. Por este motivo,
usou-se de métodos empíricos nas atividades de execução, ocasionando um trabalho muito
desorganizado, propiciando excesso de perda de materiais, elevando com isso, o custo final
desses serviços.
Já os projetos de armaduras, que compõem a estrutura de concreto armado, quase
sempre obtêm falhas que dificultam na execução da armação, sendo os cálculos realizados por
softwares e, com isso, necessitando de adaptações no momento de sua montagem.
Para a abordagem do estudo de casos propriamente dito, há necessidade de mostrar
alguns conceitos essenciais a respeito de fôrmas e armaduras, conforme a seguir.
33
4. FÔRMAS E ARMADURAS: elementos do concreto armado
4.1 Fôrmas
4.1.1 Conceito: fôrmas e cimbramento
Segundo Assahi (1974), fôrma é um molde provisório que serve para dar ao concreto
fresco a geometria e textura desejada, e cimbramento são todos os elementos que servem para
sustentá-lo até que atinja resistência suficiente para auto suportar os esforços que lhe são
submetidos.
Além destas funções básicas, as fôrmas possuem outras importâncias que servem de:
• Proteção do concreto fresco na sua fase frágil, de cura, contra impactos, variações de
temperatura e, principalmente, de limitar a perda de água por evaporação, fundamental para
sua hidratação;
• Suporte para o posicionamento de outros elementos estruturais como a armação ou
cabos e acessórios de protensão, como também, elementos de outros subsistemas de
instalações elétricas e hidráulicas;
• Suporte de trabalho para a própria concretagem dos elementos estruturais.
Figura 4.1 – Fôrmas convencionais. (fonte: AUTOR, 2011)
34
Figura 4.2 – Fôrmas convencionais. (fonte: AUTOR, 2011)
4.1.2 Sistema de fôrma
Definição: De acordo com Assahi (1974), pode-se chamar de sistema de fôrma ao
conjunto dos elementos que o compõem, incluindo-se a própria fôrma, elementos de
cimbramento, de escoramento remanescente, equipamentos de transporte, de apoio e de
manutenção.
Para obtê-lo confecciona-se totalmente ou parte dele no canteiro de obra mediante um
projeto específico de produção de fôrma. Necessitam-se, neste caso, dos insumos básicos
como a chapa compensada, madeiras serradas e pregos, como também, dos equipamentos e
ferramentas de carpintaria tais como: serra circular de bancada, serra manual, furadeiras,
bancada de carpintaria, etc.
Para Nobuyoshi (1974), o ideal é que o espaço para instalação da carpintaria seja de no
mínimo 50m² sendo necessário outros 50m² para área de estoque dos insumos mencionados,
caso não haja este espaço, a alternativa é a locação do sistema.
35
Figura 4.3 – Canteiro de carpintaria com área suficiente. (fonte: AUTOR, 2011).
Figura 4.4 – Área suficiente, mas sem estrutura de carpintaria. (fonte: AUTOR,2011)
Existem vários sistemas de fôrmas, sendo diferenciados no material utilizado tanto nas
fôrmas como nos cimbramentos. Cada sistema possui particularidades que auxiliam na
36
escolha de sua utilização como a adequabilidade, praticidade, durabilidade e principalmente
preço.
De acordo com Nazar (2007), as fôrmas de madeira são as mais utilizadas em edifícios
e normalmente são constituídas de madeira serrada, tábuas e pontaletes de madeira serrada.
Em uma das obras analisadas no estudo de caso, foram empregadas madeiras serradas
e chapas compensadas plastificadas para confecção das fôrmas nas dimensões 2,44x1,22m e
espessura 18mm, e o escoramento foi o misto. Ambos, sem o devido planejamento quanto a
sua adequabilidade, durabilidade e custo.
Ao passo que, na outra obra, utilizaram-se madeiras serradas e chapas compensadas
resinadas nas dimensões 2,20x1,10m e espessura 12 e 14mm, visando o custo e única
utilização por se tratar de uma residência de pavimento térreo. Quanto ao escoramento,
empregou-se somente de madeira.
Figura 4.5 – Sistema de fôrmas mistas.
Fonte: Madeirit apud SOUZA,1996
37
Figura 4.6 – Sistema de fôrma mista e cimbramento metálico. (fonte: AUTOR,2011) 4.1.3 Importância das fôrmas
A fôrma exerce forte influência na qualidade, prazo e custo do empreendimento,
conforme citado por Assahi (1974).
• Quanto à qualidade: a fôrma é visivelmente importante, pois o desempenho dos
demais subsistemas dependerá diretamente do seu resultado. O prumo, nível, alinhamento e
esquadro das peças estruturais, que resultam da correta utilização da fôrma, são pré-requisitos
básicos necessários para todos os demais subsistemas;
• Quanto ao prazo de execução, na obra estudada: tratando-se de elementos estruturais
moldados “in loco”, a execução da estrutura faz parte do caminho crítico na composição do
cronograma físico. A execução da estrutura consome 50% do prazo total de execução, sendo
que a fôrma é responsável por 60% deste, concluindo-se que ela consome 30% do prazo total
do empreendimento.
Assim, as atividades de montagem da fôrma são responsáveis por 30% do caminho
crítico do cronograma físico, elegendo-se uma das atividades de maior influência no prazo de
execução de qualquer empreendimento civil com estrutura em concreto armado.
• Quanto ao custo, tratando-se de uma residência de alto padrão, e como foram
realizados os serviços de estrutura, pode-se dizer, conforme Bottura e Melhado (1998) que
38
uma fôrma para desempenhar adequadamente as suas funções, apresentará, de modo geral, o
seguinte percentual de custo com relação ao edifício:
- custo da fôrma = 50% do custo de produção do concreto armado;
- custo do concreto armado = 20% do custo da obra como um todo;
- custo da fôrma = 10% do custo global da obra.
Estes dados são apresentados no gráfico da figura 4.7.
Figura 4.7 – Gráfico da relação de custo.(fonte:FAJERSZTAJN apud BARROS e
MELHADO,1998)
4.1.3 Requisitos de desempenho das fôrmas
A tabela 4.1 apresenta as propriedades ou requisitos de desempenho para atender as
funções das fôrmas.
REQUISITOS OU DESEMPENHO DAS FÔRMAS
Propriedades Significado
Resistência mecânica à ruptura
Significa apresentar resistência suficiente para suportar os esforços provenientes do seu peso próprio, do empuxo do concreto, do adensamento e do tráfego de pessoas e equipamentos.
Resistência à deformação
Significa apresentar rigidez suficiente para manter as dimensões e formas previstas no projeto, ou seja, apresentar deformação adequada e controlada.
Estanqueidade Significa evitar a perda de água e de finos de cimento durante a concretagem.
39
Regularidade geométrica
Significa apresentar geometria compatível com as especificações do projeto. Observa-se que a redução de 10% na altura de uma viga interfere muito mais na resistência mecânica do elemento estrutural que uma variação de 10% na resistência do concreto.
Textura superficial adequada
Significa apresentar textura superficial compatível com as exigências do projeto, sobretudo nos casos de concreto aparente.
Estabilidade dimensional
Significa não alterar as suas dimensões durante o lançamento ou durante a fase de cura, a fim de que os elementos estruturais apresentem dimensões compatíveis com as definidas pelo projeto.
Possibilitar o correto posicionamento
Não deve apresentar detalhe de montagem que dificulte ou impeça a colocação da armadura no local especificado pelo projeto.
Baixa aderência ao concreto
A fim de facilitar os procedimentos de desforma, sem danificar a superfície do elemento de concreto.
Facilidade para o concreto
Proporcionar facilidade para o concreto lançamento e adensamento do concreto.
Não influenciar nas características do concreto
Não deve apresentar absorção d’água que comprometa a necessidade de água para a hidratação do cimento do concreto, além disso, o desmoldante, quando utilizado, não deve afetar a superfície do elemento de concreto que está sendo produzido.
Segurança Apresentar rigidez e estabilidade suficientes para não colocar em risco a segurança dos operários e da própria estrutura que está sendo construída.
Economia
Este aspecto está diretamente relacionado aos danos provocados durante a desforma, exigindo manutenção ou mesmo reposição de parte das fôrmas; á facilidade de montagem e desforma e ao reaproveitamento que o sistema pode proporcionar.
Tabela 4.1 de requisitos ou desempenho das fôrmas. (fonte: BOTTURA e MELHADO,1998)
4.1.5 Características das fôrmas de laje
Os elementos principais são: painéis, travessões, guias, pés-direitos, cunhas e calços.
40
É comum a substituição da laje de concreto moldada no local (maciça ou nervurada)
por componentes pré- fabricados, como por exemplo, por lajes mistas e pré-lajes. (BARROS e
MELHADO, 1998)
Figura 4.8 - Pré-laje. (fonte: AUTOR,2011)
4.1.6 Projeto de fôrmas
O projeto de fôrma é um projeto de produção, ou seja, destina-se para manuseio e
compreensão da equipe de campo. A sua apresentação, portanto, deve ser adequada, levando-
se em consideração as reais condições dos nossos canteiros de obra, onde, na maioria deles
não há condições ideais para uma leitura detalhada dos desenhos ou estudo mais minucioso. A
leitura deve ser clara, completa, objetiva, sem espaço para qualquer tipo de interpretação
subjetiva. (ASSAHI, 1974)
4.1.6.1 Processo de execução
1 - Procedimento de execução dos serviços (PES)
É a descrição, etapa por etapa, das atividades de produção do sistema, de confecção,
de montagem e de desforma. Define a sequência lógica operacional, pois, faz parte integrante
do raciocínio contido no projeto.
41
Os detalhes que caracterizam cada sistema são criados levando-se em consideração a
sequência construtiva. Devem, portanto, ser amplamente divulgada através deste documento
para obter o máximo desempenho da fôrma.
Quando o PES é ignorado, percebe-se que a produção se torna caótica, improdutiva e
inverificável durante a sua montagem. Como conseqüência, muitos erros estarão camuflados
ou, se descobertos, difícil de corrigi-lo conforme Nobuyoshi (1974).
2 - Procedimentos de inspeção dos serviços (PIS)
É a descrição, etapa por etapa, das atividades de inspeção dos serviços.
As inspeções são relativamente simples e rápidas, desde que feitas no momento
correto. Existem dois tipos de inspeção, uma feita pelo engenheiro e outra, pelo mestre de
obra. (ASSAHI, 1974)
4.1.6.2 Projeto de execução
O projeto executivo de fôrmas deve conter todos os detalhes e indicações de métodos
construtivos que permitam a sua perfeita compreensão e execução. Entre essas preocupações
principais, pode-se citar, segundo a Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria
Estrutural (NOBUYOSHI, 1974):
• Facilidade de interpretação dos desenhos de fôrmas;
• Construtibilidade a partir desses desenhos;
• Posição das juntas, conforme modelo estrutural adotado;
• Eixos de locação da obra posicionados em locais adequados;
• Indicações claras de pontos especiais da estrutura: rebaixos em lajes, furos e dentes
de vigas, etc.
• Especificação de materiais, cobrimentos e contra flechas;
• Especificação dos carregamentos adotados.
De acordo com a revista téchne (http://www.resvistatechne.com.br/,nov,2011), a
introdução das chapas compensadas de madeira, em substituição às antigas tábuas de pinho, e
sua posterior evolução técnica não foram capazes, até os anos 1960.
As primeiras tentativas de racionalização ocorridas a partir dos anos 1960 visavam à
elaboração de projetos específicos de fôrmas. Procurava-se, com este trabalho, substituir o
chamado sistema convencional, no qual o mestre da obra e o encarregado de carpintaria
42
incumbiam-se de quantificar, produzir e utilizar as fôrmas, baseados quase que
exclusivamente na experiência, por outro sistema, minimamente planejado.
Mas por não possuírem conhecimento técnico, os carpinteiros utilizavam a madeira,
principalmente de travamentos e escoramentos, em quantidades acima das necessárias, pois
essas peças eram instaladas de maneira intuitiva, conforme a segurança que o engenheiro
desejava. Então, na hora da desenforma, vinha o grande desperdício. As fôrmas eram retiradas
com pé de cabra e sem cuidados, provocando danos nos materiais e a necessidade de
substituir seções inteiras.
O projeto pré-elaborado veio possibilitar uma redução no custo das fôrmas, quer pelo
melhor aproveitamento dos materiais, quer pelo aumento de produtividade da mão de obra.
Cada peça passa a ser dimensionada, detalhada e codificada, e com isso o mestre de
obra, assessorado pelo projetista de fôrmas, transformou-se num controlador de tarefas,
dirigindo a montagem e acompanhando todas as atividades no cronograma de concretagem.
4.1.6.2.1 Viga com escoramento metálico
Figura 4.9 - Detalhes de fôrma da viga. Figura 4.10 – Detalhes do escoramento. Fonte: revista Téchne. Fonte: revista Téchne.
Segundo a revista Téchne, esses detalhes acima mostram a seção da viga, o tipo de
estruturação de viga, que nesse caso irá utilizar escoramento metálico, e a distribuição com a
numeração dos painéis. Nesse caso, ilustram-se as dimensões dos fundos e laterais de vigas e
as elevações das laterais de vigas onde, pela seção, consegue-se identificar qual painel é
externo (borda) e qual é o interno. Também se mostra a utilização de longarinas e barras de
43
ancoragem para travamento da viga. Nota-se que na parte inferior das vigas há um
equipamento chamado presilha, que junto com o sarrafo de pressão serve para travar as
laterais no fundo de viga.
Figura 4.11 – Detalhes dos paineis das fôrmas.(fonte: revista Téchne)
4.1.6.2.2 Viga com sarrafeado
Figura 4.12 - Detalhe da fôrma da viga. Figura 4.13 – Detalhe do escoramento. Fonte: revista Téchne. Fonte: revista Téchne.
De acordo com a revista Téchne essas figuras mostram a seção e o tipo de estruturação
de viga, que nesse caso é sarrafeado, para utilização de garfos de madeira. Na seção, pode-se
observar que há identificado um detalhe no garfo, chamado de suporte para guarda-corpo. A
numeração de identificação também aparece nesse caso.
45
Figura 4.15 – Detalhes executivos
Fonte: ASSAHI,1974
Uma fôrma bem executada depende diretamente de um projeto bem elaborado, sua
ausência ou mau dimensionamento devido a projetos confusos, transfere ao agente de
produção, seja o mestre de obras ou o carpinteiro de maior conhecimento, o compromisso de
executá-la. Para isso, estes profissionais necessitam de amplos conhecimentos no processo de
execução.
Às vezes, os mestres demonstram a confiança de que sabem como realizar as tarefas,
mas nem sempre isso acontece, pois utilizam de métodos empíricos, acarretando um trabalho
(produto) com uma aparência de má execução e os arranjos dos materiais utilizados não
atendem uma forma tradicional, ocasionando um serviço desorganizado. E quando os
carpinteiros não possuem vasta experiência no assunto, acabam se sujeitando ao método
imposto pelo mestre de obras.
Logo, este trabalho visa argumentar o método de execução utilizado para a confecção
e montagem de fôrmas em madeira composta por chapas compensadas, sarrafos e pontaletes,
além de escoramentos misto, metálico e madeira serrada, observados em obras.
46
4.2 Armadura
4.2.1 Definição:
É o conjunto de elementos de aço de uma estrutura de concreto armado ou protendido,
capaz de suportar os carregamentos preestabelecidos dentro dos limites de tensões e
deformações previstas. (SECRETARIA DOS TRANSPORTES/DEPARTAMENTO DE
ESTRADAS DE RODAGEM, 2006)
4.2.2 Introdução
Segundo Bottura e Melhado (1998) os aços para concreto armado, fornecidos em rolos
(fios) ou em barras com aproximadamente 12m de comprimento, são empregados como
armadura ou armação de componentes estruturais. Nesses componentes estruturais, tais como
blocos, sapatas, estacas, pilares, vigas, vergas e lajes, as armaduras têm como função absorver
as tensões de tração e cisalhamento e aumentar a capacidade resistente das peças ou
componente comprimidos.
4.2.3 Características do concreto e do aço
O concreto tem boa resistência à compressão, da ordem de 25 MPa, podendo chegar a
60 MPa ou mais, enquanto que o aço tem excelente resistência à tração e à compressão da
ordem de 500 MPa chegando, em aços especiais para concreto protendido, a cerca de 2000
MPa. No entanto, a resistência à tração dos concretos, muito baixa, cerca de 1/10 de sua
resistência à compressão, o que justifica seu emprego com o aço. O concreto armado é,
portanto conseqüência de uma aliança racional de materiais com características mecânicas
diferentes e complementares. (BARROS e MELHADO, 1998)
Além deste fator, os autores mencionam que, deve-se acrescentar a proteção oferecida
pelo meio alcalino resultante das reações de hidratação do cimento presente no concreto, que
apassivando o aço, aumenta a sua durabilidade.
Citam também que nas peças comprimidas, mesmo considerando a elevada resistência
à compressão dos aços para concreto armado (da ordem de 500 MPa), o concreto também,
necessário, pois além de protetor, atua como fator de elevação da rigidez da peça, impedindo
que esta perca estabilidade geométrica pela flambagem. Isto significa dizer que para suportar
uma dada carga de compressão, em função da possibilidade de flambagem da peça, seria
47
necessária uma seção de armadura exageradamente superior àquela suficiente para resistir
unicamente aos esforços de compressão, ou seja, seria preciso aumentar o momento de inércia
da seção transversal da peça.
4.2.3.1 Vantagens para o concreto armado:
A união racional do aço com o concreto com suas características próprias, traz as
seguintes vantagens para o concreto armado, conforme Barros e Melhado (1998).
Concreto Aço Concreto Armado Boa resistência à compressão Excelente resistência à tração Versatilidade
Meio Alcalino Necessita proteção Durabilidade Rigidez Esbeltez Economia
Tabela 4.2 - Vantagens para o concreto armado. (fonte: BARROS e MELHADO, 1998)
Desta maneira, o concreto armado é uma composição resultante do “trabalho solidário”
da armadura (aço) e do concreto. E esta solidariedade deve ser garantida pela aderência
completa entre os materiais, a fim de que as suas deformações sejam iguais ao longo da peça
de concreto.
4.2.4 Ancoragem
Segundo FUSCO apud Bastos (2006), o importante na ancoragem de barras
tracionadas é “garantir a manutenção da integridade das bielas diagonais comprimidas e
assegurar que os esforços transversais de tração possam ser adequadamente resistidos”.
Nas vigas há um efeito favorável proporcionado pelas bielas comprimidas de concreto,
devidas ao esforço cortante. Os estribos mais próximos entre si atuam como armadura de
“costura”, resistindo às tensões transversais de tração. (BASTOS, 2006)
Figura 4.16 – Atuação favorável dos estribos (fonte: BASTOS,2006)
48
4.2.4.1 Comprimento de ancoragem
Define a NBR 6118/2003 (item 9.4.1) que, todas as barras das armaduras devem ser
ancoradas de forma que os esforços a que estejam submetidas sejam integralmente
transmitidos ao concreto, seja por meio de aderência ou de dispositivos mecânicos ou
combinação de ambos.
Conforme a norma, o item 9.4.1.1 a ancoragem por aderência dá-se quando os
esforços são ancorados por meio de um comprimento reto ou com grande raio de curvatura,
seguido ou não de gancho.
Já no item 9.4.1.2, a norma prescreve que a ancoragem por meio de dispositivos
mecânicos acontece quando os esforços a ancorar são transmitidos ao concreto por meio de
dispositivos mecânicos acoplados à barra.
A NBR 6118/2003, item 9.4.2.5, comprimento de ancoragem necessária pode ser
calculada por:
Figura 4.17 – Comprimento de ancoragem (fonte: BASTOS,2006)
α = 1,0 para barras sem gancho;
α = 0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano normal ao do
gancho ≥ 3φ;
α = 0,7 quando houver barras transversais soldadas conforme 9.4.2.2;
α = 0,5 quando houver barras transversais soldadas conforme 9.4.2.2 e gancho, com
cobrimento no plano normal ao do gancho ≥ 3φ;
lb é calculado conforme 9.4.2.4;
lb min é o maior valor entre 0,3 , 10 φ e 100 mm.
49
Permite-se, em casos especiais, considerar outros fatores redutores do comprimento de
ancoragem necessário.
4.2.5 Projeto de Armaduras
De acordo com Renato Faria da Revista Techne
(http://www.revistatechne.com.br/,nov,2011), durante muito tempo, a execução das
armaduras foi quase artesanal. Mas os serviços de corte e dobras, antes maciçamente
presentes nos canteiros, foram gradualmente industrializados e hoje, nos grandes centros
urbanos, já se consolidam como alternativa economicamente viável e poupadora de mão-de-
obra. Treliças, estribos e vergalhões são entregues nas dimensões exatas e a obra vira apenas
uma linha de montagem de armaduras. Novos produtos e serviços continuam surgindo para
racionalizar ainda mais essa etapa da obra, mas projetistas, construtores e consultores são um
pouco mais céticos quanto à completa industrialização das armaduras.
No processo de elaboração do projeto estrutural, o detalhamento das armaduras é a
última etapa a ser realizada. Antes disso, os calculistas trabalham a pré-fôrma. Essa pré-fôrma
será depois discutida e negociada entre consultor, calculista e arquiteto. Nesse momento,
alterações são feitas de maneira a compatibilizar posições de elementos estruturais, portas,
janelas, instalações hidráulicas e elétricas, vagas de garagens, entre outros. Ajustes finos de
alturas de vigas e lajes também são definidos e, como conseqüências surgem números
bastante próximos do consumo final dos materiais que compõem a estrutura, inclusive do aço.
Com o pré-projeto aprovado, as armaduras já podem ser projetadas.
Ainda segundo Faria, somente após esse processo é que o construtor definirá se
utilizará na obra armaduras cortadas e dobradas no canteiro ou prontas, entregues já cortadas e
dobradas. Na prática, a cultura construtiva da empresa define de antemão qual sistema será
utilizado. No entanto, a região onde a obra está sendo executada pode ser um fator decisivo na
adoção do sistema de armaduras. A distância dos centros fornecedores pode encarecer o frete
do aço pronto, tornando-o inviável para certos empreendimentos.
Com uma cultura de uso de armaduras definida, projetistas e, sobretudo, construtores
podem trabalhar melhor o processo de racionalização dessa etapa. Sabendo previamente que o
aço será cortado e dobrado em fábrica, o calculista pode adequar o detalhamento do projeto ao
processo de produção do fornecedor.
50
Assim, caso o construtor opte pela utilização de aço cortado e dobrado no canteiro, o
papel do projetista é ainda mais importante. O detalhamento do projeto de armaduras pode
implicar diretamente a minimização de perdas de material, já que as matérias-primas são
barras padronizadas de 12m de comprimento, garantindo um projeto otimizado.
4.2.5.1 Projeto de Produção
De acordo com a Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural
(http://www.abece.com.br/,nov,2011), nessa fase, deverão ser realizadas verificações locais de
tensões e concentrações de armaduras, tais como: introdução de cargas concentradas em áreas
parcialmente solicitadas (protensão), concentração de armaduras nos encontros de vigas com
pilares, etc.
O detalhamento deve considerar armaduras para resistir a todos os esforços obtidos
nas análises estruturais consideradas.
Todas as regiões onde se observarem cruzamentos de armaduras, deverão ser
cuidadosamente estudadas e detalhadas de forma a permitir uma perfeita montagem e
concretagem.
Os projetos de detalhamento de armaduras deverão ainda prever os espaçamentos
mínimos entre barras nos diversos elementos estruturais além de detalhamento adequado de
emendas de barras.
51
5. ESTUDO DE CASO
5.1 Fôrmas
A obra analisada teve aproximadamente 651m² de fôrmas confeccionadas em madeira
na própria obra, a seguir, será abordada a maneira de como foram executadas as tarefas em
relação ao processo de execução das fôrmas, ressaltando que os carpinteiros e o mestre de
obras não possuíam conhecimento do assunto.
Iniciou-se o erro, quando não reservou um local próprio para a carpintaria, conforme
já mencionado no trabalho, o ideal é um espaço de no mínimo de 100m² no canteiro para
confecção dos painéis das fôrmas, nesta obra analisada, a residência possui 1400m² em uma
área de 6000m² existindo espaço suficiente para instalação de um canteiro.
Figura 5.1 – Terreno amplo, mas sem estrutura de carpintaria. (fonte,AUTOR,2001)
Para o mestre de obras, construir uma infra-estrutura para a carpintaria seria inviável,
pois este tempo poderia ser empregado diretamente na execução da obra.
Desta maneira, serão abordados os procedimentos adotados pela equipe para
confecção e montagem das fôrmas.
52
O preparo das paredes é primordial para a montagem dos painéis, pois as fôrmas
deverão estar em contato direto com a alvenaria isenta de resíduos provenientes do
assentamento, ou até mesmo de aplicação do chapisco.
A figura 5.2 a seguir, mostra as paredes todas chapiscadas, com isso, o alinhamento
entre os painéis das fôrmas e a alvenaria fica comprometido devido às ondulações deixadas
pelo material. Assim, ficando evidente a perda de finos de concreto.
Figura 5.2 – Alvenaria com aplicação de chapisco. (fonte: AUTOR,2011)
Seria correto que o chapisco não fosse aplicado principalmente onde a fôrma entra em
contato com a alvenaria assegurando a geometria do elemento estrutural, assim, evitando a
perda de propriedades do concreto.
Figura 5.3 – Alvenaria sem aplicação de chapisco em contato com a fôrma. (fonte: AUTOR, 2011)
53
Por se tratar de uma obra de alto padrão, não houve restrições quanto à compra de
materiais para confecção das fôrmas: chapas compensadas plastificadas de 18 mm,
sarrafos de 10 cm e pontaletes de 7x7 cm. A escolha dos materiais não foi incorreta,
mas, em relação a custo e reaproveitamento, tornou-se inviável. Poderia ter adquirido
materiais de menor custo, pois não serão reutilizadas.
Percebe-se que o método de execução escolhido pela equipe de campo, certamente não
foi descrito em projeto, cabendo aos profissionais (mestre e carpinteiro) executarem de forma
empírica.
5.1.1 Fôrma de viga
A figura 5.4 ilustra uma viga de altura H 1,08 e 1,37m, a qual utilizou sarrafo de
10x2.5cm para servir de alinhamento no topo da fôrma e também, sarrafos de 10x2.5cm como
gravatas. O compensado empregado é do tipo resinado (rosa) com dimensões 110x220x1,4cm
e com o espaçamento entre gravatas de 35cm.
Figura 5.4 – Fôrmas com detalhamento executivo. (fonte:AUTOR,2011)
54
Nesta foto, percebe-se além dos itens mencionados anteriormente, a presença de um
sarrafo de pressão que serve para evitar a ruptura nas emendas laterais do painel. Este
elemento é colocado para garantir a geometria esperada em projeto.
5.1.1.1 Sarrafo de alinhamento
O sarrafo de alinhamento superior da fôrma é um elemento colocado para alinhar e
facilitar na hora da concretagem, proporcionando o tráfego de pessoas que estejam realizando
o adensamento do concreto.
Possui quatro principais funções:
• Alinhamento: fazer com que o painel mantenha-se sempre alinhado com a dimensão
desejada, evitando que o mesmo venha sofrer uma deformação lateral que pode levar a
estrutura a sofrer variações nos acabamentos, acarretando maior consumo de insumos de
reboco, chapisco ou até mesmo ter que retirar parte deste material em excesso.
Esta retirada provoca na estrutura, uma vibração que pode causar danos ao elemento
estrutural.
Na figuras 5.5, a seguir, mostra duas fôrmas formadas por dois painéis, contendo estes
sarrafos.
Figura 5.5 – Fôrmas sobrepostas nas alvenarias e com os sarrafos de alinhamento. (fonte: AUTOR,2011)
• Apoio: proporciona melhor apoio das lajes, quando sendo uma estrutura pré-
fabricada, painéis treliçados por exemplo.
55
Figura 5.6 – Fôrma para apoio de laje. (fonte: AUTOR,2011)
Nesta figura 5.6 demonstra como o sistema é montado: um painel (externo) fica acima
do interno determinando a espessura da laje a ser construída.
• Segurança e economia: no caso de vigas, elementos aéreos, o sarrafo de
alinhamento traz maior segurança aos operários por estarem sobre o elemento estrutural a fim
de realizar o acabamento desejado, e também, impedir que parte do concreto lançado, não se
perca, por criar uma mesa lateral em cada painel da fôrma, assim, o material que cai sobre ele,
pode ser lançado para dentro da fôrma com auxílio de uma ferramenta, como por exemplo, a
colher de pedreiro.
Já se tratando de área que contêm lajes, o sarrafo de alinhamento serve também como
galgas para o acabamento superficial do concreto, uma vez que, os painéis estejam nivelados.
As fotos abaixo ilustram vigas aéreas e lajes concretadas, comprovando o que foi
citado anteriormente.
56
Figura 5.7 – Fôrmas concretadas. (fonte: AUTOR,2011)
5.1.1.2 Contraventamento
Também posso dizer que uma fôrma contendo elementos de alinhamento, estes
elementos constroem por si só uma estabilidade lateral, ficando desnecessário o travamento
lateral para o contraventamento da fôrma.
5.1.2 Escoramento
O escoramento pode ser metálico ou de madeiras. A figura abaixo mostra um
escoramento misto utilizando pontaletes em formato T e escoras tubulares metálicas
articuladas com cruzetas.
Figura 5.8 – Escoramento misto. (fonte: AUTOR,2011)
57
O escoramento metálico é de fácil instalação e requer menos mão-de-obra, minimiza o
uso de madeiras e evita desperdício de materiais. Por possibilitar seu ajuste, o componente
garante uma exatidão exigida em projeto. Quando de madeira, o sistema fica a desejar,
havendo necessidade de encunhamento e montagem de travessão.
5.1.3 Travamento de pilares
5.1.3.1 Estrutura utilizada para travamento de pilares
A figura 5.9 ilustra um esquema utilizado para travamento dos pilares externos da
residência em estudo, são dois pontaletes apoiados no solo do pavimento térreo e mais dois
dando seguimento até a cobertura, além de 8 pontaletes passando pela alvenaria servindo de
ancoragem dos painéis de compensados. Este método torna-se inviável, comparado com um
projeto contendo todos os dimensionamentos necessários e um modelo de montagem.
Figura 5.9 - Método de travamento de pilares. (fonte: AUTOR,2011)
O método correto seria produzir painéis com os materiais adequados, e posteriormente
colocá-los somente apoiados por gastalhos presos por pregos. Em seguida, travados através de
barras de ancoragem. Este sistema empregando materiais adequados, dimensionados e
executados corretamente, torna-se um trabalho economicamente viável.
58
Um modelo de fôrma para pilar será mostrado a seguir contendo todos os elementos
responsáveis para se obter um sistema correto.
Figura 5.10 - Pilares moldados corretamente. (fonte: AUTOR,2011)
As figuras abaixo mostram uma obra onde há profissionais capacitados para realizar
trabalhos mesmo sem auxilio de projetos. As fôrmas produzidas neste caso atendem um
esquema tradicional garantindo a qualidade e o menor custo para o sistema.
Figura 5.11 - Pilares simples utilizaram materiais de menor custo. (fonte: AUTOR,2011)
59
5.1.3.2: Utilização de Madeiras de baixo custo
Nas fotos acima, por se tratar de pilares simples, optou-se confeccionar as fôrmas
com materiais de baixo custo, visando sua única utilização, respeitando os dimensionamentos
e travamentos adequados. Com isso, assegurando um produto final com qualidade.
De outro modo, a figura 5.12 seguinte mostra que o material empregado, compensado
plastificado, é de custo mais elevado e mais resistente podendo ser reutilizado inúmeras vezes.
Este material dependendo da espessura pode ser até três vezes mais caro.
Por se tratar de uma obra onde não há projeto de modulação dos painéis e montagem,
tanto das fôrmas para vigas quanto para pilares, não houve problemas significativos que
poderiam trazer danos ao sistema como um todo, por haver uma equipe de campo e
responsáveis capacitados para a execução das tarefas.
Figura 5.12 - Fôrmas de pilares e vigas. (fonte: AUTOR,2011)
5.1.3.3: Padronização executiva
Quando existe projeto, os serviços podem ser previamente realizados no canteiro, as
peças dos painéis estando previstos em uma planta de fôrma, com suas respectivas dimensões,
trarão para o sistema uma sequência das tarefas. Os trabalhos poderão ser divididos em três
partes: fabricação, transporte e montagem, tornando o sistema em uma linha de produção,
assegurando as geometrias previstas no projeto.
60
5.1.4 Aplicação de chapisco
5.1.4.1 Chapisco aplicado antes do fechamento das fôrmas.
As próximas fotos mostram a alvenaria com chapisco aplicado antes da colocação dos
painéis das fôrmas, sendo que, este material tem o objetivo de aumentar o atrito entre os
tijolos e a massa de revestimento, mas deverá ser aplicado deixando uma pequena parte, onde
os painéis tenham contato com a alvenaria. Deste modo, não produzindo ondulações na
alvenaria, as fôrmas manterão alinhamento com os tijolos no momento do travamento,
garantindo o estancamento dos finos do concreto, assim, evitando as conhecidas bicheiras.
Mas a obra estudada demonstra que este serviço foi realizado sem nenhuma preocupação,
mesmo sabendo que vários problemas surgiriam no momento do acabamento.
Figuras 5.13 - Demonstram o chapisco aplicado e a ondulação causada pelo material. (fonte: AUTOR,2011)
Como dito anteriormente, o chapisco dificulta o fechamento das fôrmas, por esse
motivo, os finos do concreto escoam, deixando muitas vezes buracos comumente chamados
de bicheiras.
Quando o chapisco é aplicado antes do fechamento das fôrmas, a face da viga fica
alinhada com a da alvenaria chapiscada, sendo que a viga ainda receberá uma camada de
chapisco colante que atinge uma espessura de um centímetro aproximadamente, deste modo,
o material de revestimento terá que ter em toda obra uma espessura maior, significando um
custo adicional ao proprietário.
61
5.1.4.2 Sem aplicação de chapisco
O correto é fazer o que ilustra a figura 5.14, o chapisco parou na posição que
facilitasse a colocação dos painéis, garantindo o contato das fôrmas na parede de alvenaria,
estancando totalmente o concreto. Através disto, o revestimento terá uma única espessura,
podendo minimizar o consumo de argamassa.
Figuras 5.14 – Mostram a fôrma em contato direto com a alvenaria.
(fonte: AUTOR,2011)
Figuras 5.15 – Mostram o concreto aparente. (fonte, AUTOR,2011)
62
5.1.5 Início de montagem das fôrmas
Figura 5.16 - Inicio de montagem das fôrmas. Figura 5.17 - Junções dos compensados. (fonte: AUTOR,2011) (fonte, AUTOR,2011) 5.1.5.1 Fôrmas sem estruturas.
As figuras acima mostram o inicio de montagem da fôrma de uma viga de 0,22x0,66
m, como podem ver, trata-se de chapas plastificadas mas, não há estruturas que serviriam de
absorção de esforços ocasionados pelo concreto . Estes esforços são transmitidos à fôrma
através do peso próprio do concreto e pelo adensamento, produzindo vetores horizontais,
responsáveis pela ruptura lateral do elemento, causando danos muitas vezes irreversíveis à
estrutura. Deste modo, deveria ter tomado alguns cuidados, tratando-se de uma obra sem
projeto de dimensionamento, montagem e escoramento de fôrmas. Os elementos
responsáveis pela absorção dos esforços são:
• Sarrafos de alinhamento;
• Sarrafos de pressão;
• Gravatas transversais;
• Travamentos.
O sistema adotado pelo responsável da obra, não possui nenhum dos elementos citados
anteriormente, utilizando-os, produziriam painéis de fácil transporte e montagem, por esse
motivo, os painéis foram montados no próprio local, como mostram as figuras 5.16 e 5.17.
Nota-se que as chapas de compensados são colocadas sem ao menos dividir o
comprimento da viga em partes para facilitar as emendas dos painéis.
63
A figura 5.18 confirma o que foi mencionado anteriormente, não existe um painel mas,
uma chapa compensada de 18mm jogada e travada com vários pedaços de pontaletes com
comprimentos variados, como também, alguns sarrafos servindo de mão francesa, apoiados
em vários pontaletes e colocados paralelamente à parede, garantindo a prumada da fôrma. Se
houvesse uma padronização do sistema esta etapa da obra estaria organizada como mostra a
figura 5.19.
Figura 5.18 - Método de montagem do painel. (fonte: AUTOR,2011)
5.1.5.2 Uma estrutura correta.
A figura 5.19 apresenta os elementos utilizados para montagem dos painéis das
fôrmas e como se realizou os travamentos. Os sarrafos de alinhamento são de 10x2,5cm e as
gravatas de 10x2,5cm, mantendo a estabilidade do compensado de 14mm, com isso,
absorvendo os esforços provenientes do concreto através do travamento feito com o auxilio de
arames, nº 10. Portanto, a estrutura da fôrma se mantém alinhada, proporcionando uma
perfeita geometria da viga.
64
Figura 5.19 - Esta foto indica uma fôrma correta. (fonte: AUTOR,2011)
5.1.6 Segurança
5.1.6.1 Segurança do canteiro
A segurança do canteiro de obra está diretamente relacionada com a organização do
sistema, limpeza, destinação de locais próprios para cada material utilizado e a movimentação
dos mesmos, além do tráfego de operários da obra e visitantes.
Figura 5.20 - Organização para garantir a segurança. (fonte: AUTOR,2011)
Como é evidente nas figuras 5.21 e 5.22, o sistema empregado, torna-se complicado
em relação à segurança. As madeiras como foram colocadas comprometem todo o sistema,
deste modo, fica difícil os operários respeitarem as normas de segurança, pois é impossível a
montagem de andaimes metálicos proporcionando uma atividade segura a todos, além de,
dificultar a montagem de escoramentos e cimbramentos devido às madeiras estarem ocupando
65
o interior do ambiente. Desta maneira, todos os demais sistemas não poderão dar seguimento:
elétrica, hidráulica, automação, etc., enquanto não retirar os travamentos das fôrmas.
Figura 5.21 -Visão das fôrmas no interior do ambiente. Figura 5.22 -Acesso ao interior do ambiente. Fonte: AUTOR,2011. Fonte: AUTOR,2011.
5.1.7 Complicação devido ao aglomerado de madeiras.
5.1.7.1 Escoramento comprometido.
As figuras 5.23 e 5.24 mostram o quanto se tornou complicado a montagem do
escoramento, por haver um aglomerado de madeiras, por isso, utilizou-se de escoras
extensivas de metal, ao invés de torres metálicas que necessitam de espaços livres para sua
elevação.
Figura 5.23 - Escoramento tubulares metálicos. Figura 5.24 - Aglomerado de madeiras. Fonte: AUTOR,2011. Fonte: AUTOR,2011.
66
5.1.7.2 Escoramento por meio de torres metálicas.
Fôrmas confeccionadas corretamente, não interferem na montagem do escoramento
por não haver madeiras passantes na alvenaria e nem o seu acúmulo tornando o ambiente livre
para a realização da montagem das torres de cimbramento.
Figura 5.25 - Torres de cimbramento. (fonte: AUTOR,2011)
5.1.8 Organização do sistema
5.1.8.1 Facilidade no sistema
O que diferencia uma obra onde há projetos de fôrmas é a presença de todos os
elementos que compõem o sistema que não interferem nas funções dos demais subsistemas
tornando-se mais fácil para os carpinteiros e operários em geral, além de facilitar o tráfego
dos armadores que dependem diretamente das fôrmas estarem montadas e seguras, como
também, nota-se os espaços livres por onde passarão as armaduras.
A figura 5.26 a seguir, apresenta um sistema construído levando em conta os
subsistemas, permitindo que outras atividades possam ser realizadas ao mesmo tempo sem a
necessidade de esperar a retirada das fôrmas e escoramento.
67
Figura 5.26 - Sistema de fôrmas e escoramento por meio de cimbramento metálico. Fonte: AUTOR, 2011.
5.1.8.2 Material empregado e escoramento.
As fotos acima (figura 5.26) indicam que as vigas foram montadas com chapas
compensadas plastificadas e com elementos que dão suporte contra os esforços provocados
pelo concreto e cimbramento metálico, não havendo necessidade de excesso de madeiras para
seu travamento e escoramento, ficando assim, uma obra muito organizada.
5.1.8.3 Falta de organização no sistema.
Ao contrário que na obra estudada, uma simples tarefa de conferir as dimensões das
vigas torna-se difícil, veja a figura 5.27.
Figura 5.27 - Vigas com excesso de travamento. (fonte: AUTOR,2011)
68
Percebe-se na figura 5.27 a grande quantidade de peças de madeiras que foram
utilizadas para os travamentos de duas vigas. Se elas fossem confeccionadas corretamente
seria possível reduzir aproximadamente 80% do consumo de material e mão-de-obra,
evidenciando uma significativa redução de custo do sistema.
5.1.8.4 Facilidade na hora de conferir.
Um sistema simples pode ser observado na figura 5.28, quando o trabalho é realizado
pensando no custo e tempo, sem perder a qualidade do sistema, até para conferir as dimensões
das vigas pelo agente responsável não se torna difícil, pois não há acúmulo de madeiras.
Figura 5.28 - Vigas sem excesso de madeiras. (fonte: AUTOR,2011)
5.1.9 Fôrmas de lajes.
5.1.9.1 Apoios das vigas das lajes
As fotos abaixo deixam claro que não há projeto específico de fôrmas. As vigas pré-
moldadas que precisam ser apoiadas sobre as faces superiores dos painéis ficaram
comprometidas devido à falta de sarrafos de alinhamentos. Deste modo, por não haver este
elemento, as vigas pré-moldadas ficam sucessíveis a sofrer um cisalhamento na região da
fôrma, por haver somente um contato de 18mm da espessura do compensado.
69
Figura 5.29 - Fôrmas de apoio para lajes pré. (fonte: AUTOR,2011)
5.1.9.2 Buraco deixado pela falta de apoio.
A figura 5.30 demonstra que as vigas das lajes somente terão como apoio, a espessura
das chapas de compensado. Com isso, em algum momento, as vigas não irão apoiar sobre o
compensado, assim, somente as armaduras das vigas pré-moldadas estarão passando para o
lado de dentro da fôrma. Deste modo, mostra quando uma viga não apóia suficientemente na
fôrma.
Figura 5.30 - Vigas mal apoiadas nas fôrmas. (fonte: AUTOR,2011)
5.1.9.3 Laje devidamente apoiada na fôrma.
Através da figura 5.31 fica evidente que é indispensável à colocação de sarrafos de
alinhamentos para garantir a segurança das vigas pré-moldadas, evitando possíveis acidentes
no decorrer da execução.
70
Figura 5.31 - Lajes apoiadas sobre os sarrafos de alinhamento das fôrmas. Fonte: AUTOR,2011.
Se houvesse um painel montado corretamente haveria um sarrafo de alinhamento que
assegurasse um apoio perfeito para as vigas, sem ocorrer uma queda acidental dos elementos
pré-moldado, sendo que esta viga possui uma espessura de concreto pequena e assim fica
evidente que uma pequena força cortante pode romper a sua estrutura.
5.1.9.4 Foto de vigas pré-moldadas.
Estas vigas são de concreto e treliças metálicas com H 8cm e espessura de concreto de
3cm e bw de 30cm para compor uma laje semi-maçiça.
Figura 5.32 - Vigas pré-moldadas painéis bw30cm H8. (fonte: AUTOR,2011)
71
Quando se trata de fazer fôrmas, isso quer dizer, confeccionar painéis na dimensão
desejada utilizando de materiais necessários, em seguida, deve estudar como estes painéis
serão montados e posteriormente travados. Estes travamentos podem ser de várias maneiras.
Atualmente, o mais comum é com a barra de ancoragem, existindo tensores ou até mesmo
arames.
Barra de ancoragem tensores arames
A foto abaixo ilustra um serviço sendo executado, trata-se de um pilar cortina com
fôrmas sendo montadas. Este método é bastante trabalhoso, se ao menos fabricassem os
painéis para posteriormente montá-los, facilitaria a execução dos mesmos. Podem-se observar
na foto (fig.5.33) os procedimentos adotados pela equipe de obra.
5.1.10 Pilar cortina
Figura 5.33- Fôrma de um pilar cortina. (fonte: AUTOR,2011)
72
Este painel consiste em três camadas de travamento, chapas de compensado e o
escoramento metálico. Inicia-se com a chapa de compensado em seguida, pontaletes de
7x7cm na vertical e depois vigas de 5x11cm na horizontal e para finalizar outra sequência de
vigas novamente na vertical de 5x16cm.
Sabe-se que as madeiras são de origem vegetal e por isso não dispõem de um
alinhamento, cada peça de madeira possui uma característica própria (empenadas, tortas)
dificultando o alinhamento. Deste modo, elevando os custos em relação à mão-de-obra e
materiais.
O modelo adotado na foto abaixo figura 5.34 revela painéis com médio porte feitos
para uma piscina, mas, servindo de comparação ao modelo anterior citado. São feitos de
chapas de compensados resinados de 14mm e sarrafos de 10x2,5cm como elementos que
serviram para absorver os esforços ocasionados pelo concreto.
Figura 5.34 - Modelos de painéis. (fonte: AUTOR,2011)
Nota-se que estes painéis são simples, tanto na confecção quanto na montagem,
utilizando pontaletes de 7x7cm e sarrafos de 10x2,5cm. Os pontaletes servem de gravatas e os
sarrafos para alinhamento e pressão e ainda há dois sarrafos feitos sanduiches para que
possam ser utilizados tensores no travamento. Assim, é possível construir painéis de grande
porte sem a necessidade de usar modelos complicados.
73
5.1.11 Apresentação e análise de dados
A seguir será abordado um estudo sobre análise de custos, tomando como referência a
figura 5.35. Esta foto refere-se a uma viga de 0,22x0,66x3,5m apoiada sobre a alvenaria,
escolhida aleatoriamente tendo como média para obtenção de resultados dando sustento ao
estudo apresentado anteriormente.
Esta viga se fez de madeiras serradas e chapas de compensado plastificado e
travamento por meio de arames e travamento lateral de madeiras, e utilizou-se de uma
maneira nada convencional.
Figura 5.35 - Viga estudada. (fonte: AUTOR,2011)
Comparando o modelo de confecção das fôrmas adotadas pelos responsáveis
da obra, com um modelo convencional, pode se afirmar que o valor gasto para o
sistema ficou aproximadamente 48,6% maior que o previsto se tivesse um projeto de
produção e execução.
Para a análise foram considerados os dois lados da viga, os quais se utilizaram:
• 5,32m² de chapas compensadas plastificadas de 18mm
74
• 14,0m aproximadamente de sarrafos de 10x2.5cm
• 63,0m aproximadamente de pontaletes de 7x7cm
• 1,8kgf de pregos 18x27
• 2,2kgf de arame nº 10
• 32 Horas Homem (HH)
Os dados serão demonstrados em forma de tabelas.
Tabela 5.1: Estudo de custos referente às fôrmas de uma viga de 0,22x0,66x3,5m. Levantamento de custo referente a materiais utilizados para 5,32m² de fôrmas e serviços (mão-de-obra)
Material Quantidade Dimensão, numeração
Valores unitários
Valor total (R$)
Compensados 5,32 m² 1,8 cm 27,55 146,56
Sarrafos 14,00 m 10x2,5 cm 2,70 37,80 Pontaletes 63,00 m 7x7cm 3,50 220,00 Pregos 1,8 kgf 18x27 5,30 10,60 Arames 2,2 kgf N°10 4,90 9,80 Mão-de-obra 32,00 HH - 18,38 588,00 Total R$1012,76
Esta residência contém somente nas vigas de cobertura, 651m² de fôrmas a serem
confeccionadas e conforme o total mencionado na tabela 5.1, o custo será de:
= 190,37 reais/m²
190,37 x 651 = 123.930,87
Totalizando R$ 123.930,87.
De outro modo, se fosse utilizado um método dimensionado por projeto ficaria mais
econômico.
Na tabela 5.2, foram levantados valores obtidos por modelos tradicionais, utilizando o
mesmo compensado plastificado de 18 mm, e:
• 5,32m² de compensado plastificado de 18 mm
• 42,5 m de sarrafos.
• 1,2 kgf de prego 18x27.
• 1,8 kgf de arame n°10
75
• 16,00 Horas Homem (HH)
Os dados serão demonstrados em forma de tabela.
Tabela 5.2: Estudo de custos referente às fôrmas de viga de 0,22x0,66x3,5m. Levantamento de custos referente a materiais utilizado para 5.32m² de fôrmas e serviços (mão-de-obra)
Material Quantidade Dimensão, numeração
Valores unitários
Valor total (R$)
Compensados 5,32 m² 1,8 cm 27,55 146,56 Sarrafos 42,20 m 10x2,5cm 2,70 113,94 Pontaletes - 7x7cm 3,50 0,00 Pregos 1,2 kgf 18x27 5,30 6,36 Arames 1,8 kgf N °10 4,90 8,82 Mão-de-obra 16,00 HH - 18,38 294,00 Total R$ 569,68
De acordo, com o total mencionado na tabela 5.2, o custo será de:
= 107,08 reais/m²
107,08 x 651 = 69.710,84
Totalizando R$ 69.710,84.
Por se tratar de fôrmas de pouca utilização ou até mesmo de único uso, poderiam ser
empregados compensados resinados de menor custo, assim os valores seriam menores, como
mostra a tabela 5.3.
Tabela 5.3: Estudo de custos referente às fôrmas de uma viga de 0,22x0,66x3,5m. Levantamento de custo referente a materiais utilizado para 5,32m² de fôrmas e serviços (mão-de-obra)
Material Quantidade Dimensão, numeração
Valores unitários
Valor total (R$)
Compensados 5,32 m² 1,4 cm 13,00 69,16 Sarrafos 42,20 m 10x2,5cm 2,70 113,94 Pontaletes - 7x7cm 3,50 0,00 Pregos 1,2 kgf 18x27 5,30 6,36 Arames 1,8 kgf Nº 10 4,90 8,82 Mão-de-obra 16,00 HH - 18,38 294,00 Total R$ 492,28
Conforme o total mencionado na tabela 5.3, o custo será de:
76
= 92,53 reais/m²
92,53 x 651 = 60.239,53
Totalizando R$ 60.239,53. 5.1.11.1 Análise dos resultados
Os valores obtidos através das tabelas comprovaram que os métodos utilizados pelos
responsáveis da obra, ultrapassaram a marca de 100% dos valores previstos, por não haver
um projeto específico de modulação e montagem das fôrmas. Com isso, comprova o descrito
nas revisões bibliográficas que o resultado de um empreendimento, em todos os setores,
depende diretamente dos projetos, onde um projeto bem elaborado traz informações
suficientes capazes de minimizar os ocorridos nesta obra. Como a engenharia trata de dar a
melhor solução, se houvesse este controle a diferença gasta no sistema daria para comprar
aproximadamente 254m³ de concreto.
5.1.12 Justificativas.
Todos os serviços realizados nesta obra foram executados através de projeto de forma
do concreto, por meio de cálculo das armaduras obtidos por softwares que ao dimensionar as
armaduras constrói um modelo de forma geométrica para os elementos estruturais. A figura
5,36 traz uma planta de forma do concreto.
Figura 5.36 - Planta de forma do concreto. (fonte: AUTOR,2011)
77
5.2 Armaduras
5.2.1 Comprimento de ancoragem e engastamento
As armaduras desta obra foram calculadas através de softwares computacionais. Estes
aplicativos estudam a estrutura como um todo e determinam as dimensões e distribuição das
áreas dos aços encontradas, deste modo, há a necessidade de analisar todos os dados descritos.
É comum o software desenhar a distribuição das armaduras de maneira que se torna
quase impossível de ser executada, pois o aplicativo não entende quando uma viga sofre uma
mudança de seção, assim, as armaduras que sofrem estas mudanças ficam de fora da fôrma.
Estas são denominadas “comprimento de ancoragem” das barras e o sistema do aplicativo não
indica que estas barras terão que ser dobradas, deste modo, uma armadura pronta, montada
fora da fôrma torna-se difícil a sua identificação, por isso, o problema acaba aparecendo na
hora da montagem como mostra a figura a seguir.
Figura 5.37 – Fotos de armaduras com aço passando da fôrma. (fonte: AUTOR,2011)
Estas armações foram feitas nos cavaletes tendo como base o projeto estrutural
contendo as respectivas medidas. Quando as ferragens foram colocadas na fôrma percebeu-se
que partes das barras que compõem a armadura ficaram de fora da mesma, denominando
comprimento de ancoragem que deverão ser dobradas no local, onde se torna mais difícil.
A figura 5.38 apresenta os armadores realizando os serviços de dobra das barras no
local e em seguida, o serviço concluído.
78
Figura 5.38 - As fotos mostram serviço sendo feito no local e concluido. Fonte: AUTOR,2011.
Quando há uma mudança de seção em determinado ponto da viga, o calculista
responsável tem que estar ciente de que as armaduras não estarão sendo engastadas, com isso,
tomará algumas providencias já que os armadores não conhecem de cálculo e acabam
deixando as armaduras sem os devidos engastes, como ilustra a figura 5.39.
Figura 5.39 – As fotos indicam as armaduras sem engaste por mudança de seção da viga. (fonte: AUTOR,2011)
Os engastamentos de vigas em viga acontecem em todas as estruturas, sendo no meio
do vão ou nos apoios onde é sempre engastada. Mas o que acontece é que as dobras
calculadas pelo calculista se juntam impedindo que haja o engaste sem o corte das armaduras
de pele.
79
5.2.2 Detalhes da escada
As escadas feitas de concreto armado de modelo cascata, ilustrada na figura 5.40,
utilizou uma armadura bastante difícil de armar. Este modelo requer conhecimento em
armaduras devido o grau de dificuldade, pois dobrar aço de 10mm no formato de estribos com
10x30cm torna-se impossível garantir a geometria da peça, e a sua montagem tem que ser fora
da fôrma, além de sua colocação se tornar muito complicada.
Figura 5.40 - Esquema de armação de degraus de escada. (fonte: AUTOR,2011)
Os estribos, desta escada, tiveram que ser dobrados na obra e por não haver
ferramentas adequadas se tornou muito dificultoso por ser de aço 10mm na dimensão de
10x30 e 10x40cm. Na montagem, cada degrau utilizou 22 estribos, sendo 11 no espelho e 11
no patamar, presos uns aos outros e com aço de 6.3mm por dentro e junto aos cantos. Por
motivo de a fôrma conter 1,1m de largura e o aço de travamento dos degraus, 1,05m, se forem
montar estes degraus na própria fôrma, não haveria como colocar estas barras de aço devido
às laterais da fôrma, estas, fazem parte do escoramento, assim, não podem ser retiradas para a
montagem das armaduras. Este modelo faz com que haja elevado grau de dificuldade de
armação.
5.2.3 Espaçamento entre barras
Outro fator muito importante é o espaçamento entre barras quando é colocada na
posição de segunda ou até mesmo terceira camada. Os armadores não sabem se estas barras
deverão ter um espaçamento mínimo previsto em norma, deste modo, acabam deixando estas
barras em alturas variadas ou até mesmo, encostadas, pelo o fato da ausência de informações
80
adequadas no projeto para que os armadores possam colocar estas barras nas devidas
posições, propiciando segurança ao sistema.
Ao transportar as vigas do canteiro para o local de montagem, é comum acontecer
que, as barras de camadas superiores se desloquem da posição de amarração e venham
encostar-se ou afastar-se das barras principais, já que a norma NBR 6118/2003 prescreve que
o espaçamento mínimo entre barras é de:
• ≥ 30mm na armadura superior (pois o diâmetro do vibrador de imersão
geralmente é de 25mm);
• ≥ 20mm nos demais casos;
• ≥ diâmetro da barra,
• ≥ 1,2 x diâmetro máximo do agregado.
Os engastamentos de vigas em viga acontecem em todas as estruturas, sendo no meio
do vão ou nos apoios onde é sempre engastada. Mas o que acontece é que as dobras
calculadas pelo calculista se juntam impedindo que haja o engaste sem o corte das armaduras
de pele.
81
6. CONCLUSÃO
Este trabalho consistiu em abordar as principais falhas na concepção do projeto, como
também, a falta do mesmo, influenciando no resultado do produto. Apresentou através de
fotos de obras estudadas, as dificuldades encontradas na execução das fôrmas e armaduras,
argumentando os procedimentos adotados em determinados processos executivos.
Com base em revisões bibliográficas realizadas destaca-se que o projeto, uma das
primeiras etapas da construção, é essencial que seja bem elaborado, com isso, diminui-se as
improvisações ocorridas na execução minimizando custos e riscos.
No desenvolvimento deste trabalho constatou-se que não foi dada a devida
importância aos aspectos da construtibilidade pela maioria dos profissionais do projeto; não
houve um memorial executivo e nem detalhamento de processos de construção para a efetiva
execução, fazendo com que o mestre de obras agisse, muitas vezes, empiricamente e devido
às providências tomadas pela falta de projeto de execução, gerou certo custo e desperdício
tanto de materiais quanto de mão-de-obra.
Como citado por muitos autores, um projeto bem planejado e executado evita
surpresas durante a sua execução com decisões a serem providenciadas caso ocorra situações
desfavoráveis.
Convêm salientar que é visível observar que não houve integração entre projeto-
execução, com isso, os trabalhos não foram realizados de forma sistematizada, assim como,
foi descoordenado das equipes de projeto. Enfim, não havendo integração, não há uma
eficiência no processo de construtibilidade.
Nesta monografia nota-se que a execução das fôrmas e das armaduras pode provocar
problemas que se arrastam até o término da construção prejudicando os demais serviços
seqüenciais.
Contudo, o presente trabalho comprovou um acréscimo de custo no emprego dos
materiais e mão-de-obra. Conforme apresentado na análise dos resultados, esse acréscimo
chegou a aproximadamente a 100% dos valores previstos.
Por isso, é primordial a integração do projeto-execução com detalhes de
procedimentos e simplificação da sistematização, além de tecnologia para garantir a qualidade
do serviço e produto.
Conclui-se que os detalhes construtivos mencionados em um projeto racionalizado e
sistematizado, como também, compatibilizado com outros projetos ou subsistemas facilitam o
processo de construtibilidade proporcionando: redução do tempo de execução da obra e o
82
custo, além de, promover a alta qualidade, eficiência e otimização do processo de construção
satisfazendo as expectativas do cliente e dos construtores.
Em síntese, o projeto mal elaborado torna-se responsável pela má execução do produto
como um todo. E as falhas apresentadas no estudo de casos servem de alerta para que os
profissionais e envolvidos na área de projetos, concepção e execução de obras não incorram
nos mesmos erros.
83
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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