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Armando Castelar PA, 11 dez 2014 A Importância do Planejamento e da Estruturação de Projetos nas Obras Públicas Armando Castelar Pinheiro IBRE/FGV – IE/UFRJ Porto Alegre, 11 Dezembro 2014

A Importância do Planejamento e da Estruturação de ... 1 ARMANDO CASTELAR.pdf · • Concessões e PPPs em lugar de simples contratação • Exigência de financiamento privado

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PA, 11 dez 2014

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A Importância do Planejamento e da Estruturação de Projetos nas Obras

Públicas

Armando Castelar PinheiroIBRE/FGV – IE/UFRJ

Porto Alegre, 11 Dezembro 2014

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Estrutura

Déficit brasileiro de infraestrutura não está melhorando

Problema principal hoje em dia não é a falta de dinheiro,mas risco político-regulatório e gestão

Diagnóstico e propostas: macro gestão

Diagnóstico e propostas: micro gestão

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PA, 11 dez 2014Fonte: McKinsey Global Institute, Infrastructure productivity: How to save $ 1 trillion a year..

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Há três décadas se investe pouco mais de 2% do PIB em infraestrutura

Período 1971-1980

1981-1989

1990-2000

2001- 10

2011-13

Total (% PIB) 5,42 3,62 2,29 2,16 2,36

Eletricidade 2,13 1,47 0,76 0,64 0,74

Telecom 0,80 0,43 0,73 0,70 0,50

Transporte 2,03 1,48 0,63 0,64 0,93

Saneamento 0,46 0,24 0,15 0,18 0,20

Fontes: Giambiagi e Pinheiro (2012) e Frischtak (2013). (*)

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PA, 11 dez 2014Fonte: McKinsey Global Institute, Infrastructure productivity: How to save $ 1 trillion a year..

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PA, 11 dez 2014Fonte: McKinsey Global Institute, Infrastructure productivity: How to save $ 1 trillion a year..

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• Fórum empresarial B20 Austrália 2014: meta de investimento em infraestrutura de 3,5% do PIB

• Credit Suisse: Brasil investe apenas metade do necessário para crescer de forma sustentada 4% ao ano

Outras instituições também apontam necessidade de mais investimento em infraestrutura

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• Setor público é a grande barreira

• Não faltam recursos, falta transformar a infraestrutura em uma prioridade

• Falta reduzir o risco do investimento

• Falta capacidade gerencial no setor público

• Falta estratégia: soluções pontuais, sem visão ampla

Por que investimento em infraestrutura é baixo?

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Risco de investir em infraestrutura é alto

• Regulação econômica e ambiental é ruim e aumenta risco

– Modelos incompletos e instáveis

– Agências reguladoras enfraquecidas

• Atitude em relação ao setor privado é ambígua:

– Privatização saiu por falta de alternativas e viés estatista permanece

– Mudanças regulatórias penalizando incumbentes, algumas desnecessariamente abruptas

– Tentativa de compensar riscos com crédito subsidiado e incentivos e garantias governamentais esbarra em limitações fiscais e gera outros riscos

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Empréstimos Tesouro

BNDES/PIB

Limites à concessão de crédito barato

Empréstimos do BNDES e aportes do Tesouro no BNDES (% do PIB)

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“Assim, uma prioridade chave em muitas economias deveria ser aumentar a qualidade do investimento em infraestrutura melhorando o

processo de investimento do setor público. Isso poderia envolver, entre outras reformas, uma melhor avaliação e seleção de projetos, que

identificasse e atacasse gargalos, inclusive por meio de levantamentos centralizados, rigorosa análise custo-benefício, avaliação de riscos, e orçamentação de base zero, e uma execução

melhorada dos projetos.” (FMI, WEO Out 2014)

FMI: Só faz sentido investir com boa seleção e execução

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“"Quando se olha para países com nível de semelhante de PIB, seus ativos de infraestrutura e os investimentos são

significativamente maiores que os do Brasil. (...) O governo tem ampliado substancialmente os recursos, o que é um bom começo. No entanto, há uma limitação grande na capacidade de absorver

e executar projetos. Portanto, uma melhor preparação dos projetos técnicos e documentos de licitação ajudariam a

aumentar o ritmo de investimentos. (....) Em vários setores e estados é necessário maior capacidade para realizar investimentos anunciados pelo governo nacional.”

(“Dinheiro não é o único problema de infra, diz economista”, Exame, 21/10/2014)

Essa visão é compartilhada pelo Banco Mundial

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• PAC:– Transportes, dois em cada três projetos têm atraso de dois anos

ou mais.

– Energia: 13 em 50 projetos acompanhados com atraso de dois anos ou mais

– Saneamento: de 138 obras acompanhadas pelo Instituto Trata Brasil em 2012, apenas 28 tinham andamento normal, contra 18 não iniciadas no prazo, 25 atrasadas, e 47 paralisadas

• Dados da ANEEL: atraso em 40% dos 18 mil km de linhas de transmissão concessionadas a partir de 2006, com atraso médio de 12 meses (Valor).

Falta de capacidade gerencial leva a atrasos e sobrecustos

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• Obra de duplicação da Rodovia do Contorno, no Espírito Santo.

• Segundo superintendente do Dnit, falta de planejamento foi o principal complicador para o cumprimento do prazo.

"Esse projeto não previu todas as interferências e tivemos que ir resolvendo isso ao longo e no decorrer da obra. Isso acaba

gerando um atraso adicional que é motivado por essa falta de planejamento. No começo, tivemos um problema sério

envolvendo tubulação de gás, tivemos problemas com rede de distribuição de energia elétrica, desapropriação, e tudo isso foi

sendo resolvido ao longo da obra.”

(Entrevista ao G1, em 22 de abril de 2012)

Falta de planejamento adequado

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• INFRAERO investiu apenas 44% dos recursos alocados para investimento em 2003/10

• As Companhias Docas investem apenas 30% dos recursos disponíveis para esse fim. Segundo estudo da UFSC, situação gerencial dessas empresas é “catastrófica”.

Falta capacidade para gastar

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PA, 11 dez 2014

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• Má qualidade dos projetos básicos e dos estudos ambientais

• Inconsistências entre projeto básico e orçamento

• Projeto executivo e obra executada distintos do projeto básico que serviu para licitação

• Necessidade de aditivos superiores a 25% leva a re-licitações

• Contestações do TCU levam a paralisação devido a receio do gestor público de ser responsabilizado

• Paralisação eleva custos da obra, pois mesmo que nada seja feito, os custos indiretos e com a mobilização de pessoal e máquinas continuam se acumulando

Principais motivos para atrasos

Armando Castelar

PA, 11 dez 2014

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• Ênfase excessiva nos critérios de preço e de menos em qualidade

• Falta de boa fiscalização das obras

• Demora na obtenção de licenças ambientais

• Desapropriações

• Decisão política de avançar com projeto na ausência de preparativos suficientes

Principais motivos para atrasos (Cont.)

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• Ministro da Integração Nacional declara sobre as obras do PISF:

– As obras foram contratadas com um projeto básico antigo, de 2001, que, quando as obras começaram, em 2007, não foi revisado nem atualizado

– Os “projetos executivos foram desenvolvidos ao longo da obra”, gerando “uma grande discrepância entre o projeto básico e o projeto executivo da realidade encontrada em campo”.

• TCU: em 49% das obras fiscalizadas havia inconsistência entre o projeto e o orçamento

Problemas com projeto básico

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• Melhorar e ampliar equipes do setor público que concebem,

contratam, executam e fiscalizam projetos.

• Responsabilizar técnicos mais experientes por projetos mais

complexos

• Montar banco de projetos com projetos básicos de boa

qualidade

• Obter licenciamento ambiental previamente à licitação

• Criar incentivos e disponibilizar recursos para a preparação de

bons projetos de engenharia e ambientais

• Trabalhar com auditoria prévia pelo TCU para os maiores

projetos

O que está por trás desse quadro? Capacitação técnica: O que fazer?

Armando Castelar

PA, 11 dez 2014

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• Submeter projetos à apreciação de equipes externas de

profissionais de engenharia e controle ambiental.

• Ampliar e aperfeiçoar sistemas de preços de referência como o SINAPI e o SICRO.

• Montar banco de dados com estatísticas de prazo de execução e custos / quantitativos de fases padrão de projetos de infraestrutura

Excesso de otimismo: O que fazer?

Armando Castelar

PA, 11 dez 2014

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• Exigir que antes de licitar projeto conte com:

• Projeto básico detalhado

• Orçamento detalhado consistente com projeto básico

• Licenciamento ambiental prévio

• Análise custo-benefício

• Auditoria prévia do TCU

• Exigir maior exposição do setor privado aos riscos do projeto

• Concessões e PPPs em lugar de simples contratação

• Exigência de financiamento privado complementar ao do BNDES

• Exigência de seguros para riscos de sobre-custo e atrasos

Subestimação estratégica: O que fazer?

Armando Castelar

PA, 11 dez 2014

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Falta estratégia

• Soluções pontuais, sem visão ampla

• PAC não foca em gargalos, mas em novas obras

• Ênfase excessiva em modicidade tarifária inconsistente com necessidade de elevados investimentos

• Transparência comprometida por subsídios para compensar tarifas baixas e alto risco regulatório

Armando Castelar

PA, 11 dez 2014

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• Cada agência pública preocupada apenas com sua área

de atuação, seu mandato, e não com o resultado final do

processo

• Agências diferentes fazem requerimentos distintos sobre o

mesmo assunto

• Não há visão de custo benefício e a procura de instrumentos

alternativos de penalizações ou compensações

• O que fazer?

• Reduzir o custo de transação com mais concessões e parcerias

com setor privado, melhor planejamento e licenças prévias

• Aumentar coordenação entre agências

Institucionalidade errada

Armando Castelar

PA, 11 dez 2014

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• Falta de coordenação entre as diversas atividades desenvolvidas dentro de um projeto

• Por exemplo:– Iniciar projeto sem equacionar os pontos de interferência de

outras infraestruturas

– Falta de planejamento nas desapropriações, que podem ser feitas de forma não consistente com a execução da obra

– Insuficiência de sondagens

– Contratação da supervisão da execução bem antes do contrato de execução

– Conclusão de lotes não contíguos da obra (PISF)

– Falta de coordenação na execução: dormentes sem trilhos (FIOL)

Melhorar micro-planejamento

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• Limitam a participação pública ao hiato entre benefícios sociais e privados, permitindo alavancar os recursos públicos com a contrapartida privada

• Em infraestrutura, facilitam a cobrança de tarifas, aumentando a eficiência alocativa

• Deixam com o setor privado as atividades de implantação e operação dos projetos, em que setor privado é mais eficiente (eficiência técnica)

• Aumentam accountability do operador

• Melhor modelo em geral é com contrapartida pública de início, de preferência via leilão, evitando passivos contingentes (Linha Amarela)

• PPPs não eliminam necessidade de boa regulação e financiamento em condições adequadas

O Papel das PPPs

Armando Castelar

PA, 11 dez 2014

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Observações finais

• Déficit de investimento em infraestrutura de 2 a 3% do PIB:

Brasil precisa de mais R$ 140 bilhões de investimento ao ano

nessa área

• Elevar investimento público: conter despesas correntes

• É preciso estratégia para selecionar bem os projetos, melhorar

a gestão e uniformizar atitude frente ao setor privado.

• É preciso melhorar o planejamento e a governança dos projetos

• Recorrer mais a concessões e PPPs para destravar

investimentos privados

• Há capitais querendo entrar no setor: segurança jurídica e boa

regulação são essenciais para atrair investidores privados