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JAIME BIANCO JUNIOR A IMPORTÂNCIA DA MENSURAÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE NA PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS: UMA REFLEXÃO TEÓRICA Florianópolis 2003

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JAIME BIANCO JUNIOR

A IMPORTÂNCIA DA MENSURAÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE

NA PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS: UMA REFLEXÃO TEÓRICA

Florianópolis 2003

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JAIME BIANCO JUNIOR

A IMPORTÂNCIA DA MENSURAÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE

NA PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS: UMA REFLEXÃO TEÓRICA

Monografia submetida ao Departamento de Ciências Contábeis, do Centro Sócio-Econômico, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador: Luiz Alberton, Dr.

Florianópolis 2003

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JAIME BIANCO JUNIOR

A IMPORTÂNCIA DA MENSURAÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE

NA PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS: UMA REFLEXÃO TEÓRICA

Esta monografia foi apresentada como trabalho de conclusão do Curso de Ciências Contábeis

da Universidade Federal de Santa Catarina, obtendo a nota média _________, atribuída pela

banca constituída pelos professores abaixo mencionados.

Compuseram a banca:

Prof.º Luiz Alberton, Dr. – Presidente Departamento de Ciências Contábeis – UFSC

Nota atribuída: _________

Prof.ª Sandra Rolin Ensslin, Dra. – Membro Departamento de Ciências Contábeis – UFSC

Nota atribuída: _________

Prof.º Vladimir Arthur Fey, M.Sc – Membro Departamento de Ciências Contábeis – UFSC

Nota atribuída: _________

Florianópolis, 14 de novembro de 2003

Prof.º Luiz Felipe Ferreira, M.Sc Coordenador de Monografia do CCN

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho marca o término do meu curso de graduação. Dedico este espaço para

agradecer a todos que, de alguma forma, fizeram parte dessa etapa.

Primeiramente, como não poderia deixar de ser, agradeço aos meus pais, Jaime e

Neide, que em momento algum deixaram de me apoiar e que jamais tentaram me impedir de

buscar uma melhor formação, mesmo longe de casa.

Ao Prof.º Dauro Rodrigues Redaelli (in memorian) por todos os ensinamentos

transmitidos, seja em sala de aula ou nas conversas no departamento. Com ele tive a certeza

de ter escolhido a profissão certa e descobri que ensinar é uma arte.

À todos os colegas da turma 98-1, por todos os momentos de alegria e

companheirismo que passamos juntos, dentro e fora da sala de aula, em especial à Adeli,

Jeane, Marcos, Rodrigo e Taiza. Vocês, meus amigos e amigas, são inesquecíveis.

À todos os professores do Departamento de Ciências Contábeis, especialmente ao

meu orientador, Prof.º Luiz Alberton, e ao Coordenador de Monografias, Prof.º Luiz Felipe

Ferreira.

À Universidade Federal de Santa Catarina, minha querida UFSC, instituição pela

qual tenho um grande respeito, gratidão e orgulho por ser mais um dos seus alunos.

Aos colegas com quem convivi e convivo trabalhando na Unimed Florianópolis,

especialmente à Janine e ao Sr. Jaime, que me deram a oportunidade de trabalhar e,

principalmente, de aprender numa área pela qual tenho verdadeira paixão; à Carminha, à

Márcia, ao Marcelo e ao Rafael, pelo companheirismo, amizade e confiança depositados ao

longo destes anos.

Enfim, à esta cidade espetacular, Florianópolis, que me acolheu, assim como faz com

todos aqueles que vêm em busca de um ensino de qualidade ou de um futuro melhor.

Muito obrigado a todos!

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo geral apresentar os custos da qualidade como algo

mensurável pela Contabilidade para que a empresa possa gerir melhor seu sistema da

qualidade e, consequentemente, consiga reduzir desperdícios, satisfazer seus clientes e

manter-se competitiva.

Almejando alcançar esse objetivo geral, outros específicos são necessários, tais

como, apresentar uma síntese da evolução do conceito de qualidade e de controle da

qualidade, chegar a um moderno conceito de qualidade, definir custo e evidenciar a sua

relação com a Contabilidade, apresentar os objetivos e funções da Contabilidade de Custos,

conceituar custos da qualidade e apresentar os benefícios de sua mensuração.

Com o alcance desses objetivos, o trabalho pretende responder que contribuições a

mensuração, o controle e a análise dos custos da qualidade pode trazer para uma empresa?

Para tanto, vários autores das áreas da Qualidade e da Contabilidade foram

consultados, o que culminou numa proposta de classificação para os custos da qualidade,

proposta esta, que visa dar um enfoque contábil à classificação habitual apresentada pelos

autores.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Conceitos de qualidade versus abordagens de Garvin..........................................25

FIGURA 2: Esquematização da transformação do gasto em despesa na indústria ..................30

FIGURA 3: Conceito de custos da qualidade...........................................................................40

FIGURA 4: Proposta de classificação dos custos da qualidade ..............................................48

FIGURA 5: Composição dos custos objetivos da qualidade....................................................48

FIGURA 6: Roteiro para classificação dos custos da qualidade ..............................................51

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Número de certificados ISO 9000 no Brasil ......................................................12

QUADRO 2: Comparação entre a antiga e a nova qualidade ..................................................19

QUADRO 3: Principais fatos que marcaram a evolução da qualidade no mundo...................23

QUADRO 4: Normas série ISO 9000:2000 - finalidades e equivalentes na versão 1994 .......28

QUADRO 5: Segregações da Contabilidade e suas características .........................................33

QUADRO 6: Outros termos e conceitos importantes ..............................................................40

QUADRO 7: Objetivos da mensuração dos custos da qualidade.............................................41

QUADRO 8: Exemplos de custos do projeto...........................................................................43

QUADRO 9: Exemplos de custos de prevenção ......................................................................44

QUADRO 10: Exemplos de custos de avaliação .....................................................................45

QUADRO 11: Exemplos de custos da falha interna ................................................................46

QUADRO 12: Exemplos de custo da falha externa .................................................................47

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LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

CEQ – Controle Estatístico da Qualidade

CFC – Conselho Federal de Contabilidade

CNI – Confederação Nacional da Indústria

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

FIESC – Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina

IOB – Informações Objetivas

ISO – Organização Internacional de Normatização (International Organization for Standardi-

zation)

JUSE – União Japonesa de Cientistas e Engenheiros (Japanese Union of Scientists and

Engineers)

NBC – Norma Brasileira de Contabilidade

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas Empresas

TQC – Controle da Qualidade Total (Total Quality Control)

TQM – Gestão da Qualidade Total (Total Quality Management)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................10

1.1 APRESENTAÇÃO DO ASSUNTO ........................................................................................10

1.2 TEMA.............................................................................................................................11

1.3 PROBLEMA ....................................................................................................................11

1.4 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................11

1.5 OBJETIVO GERAL ...........................................................................................................12

1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................13

1.7 METODOLOGIA ..............................................................................................................13

2 NOÇÕES DE QUALIDADE ...........................................................................................15

2.1 HISTÓRICO DA QUALIDADE ............................................................................................15

2.1.1 Evolução do conceito de qualidade e do controle da qualidade .....................15

2.1.2 Estados Unidos versus Japão: qualidade e o surgimento de uma competição

em nível global ................................................................................................................19

2.2 MODERNO CONCEITO DE QUALIDADE ............................................................................22

2.3 SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE E NORMAS INTERNACIONAIS DE QUALIDADE ......25

2.4 A EUROPA E AS NORMAS DA SÉRIE ISO 9000 ................................................................27

3 OS CUSTOS E A CONTABILIDADE............................................................................29

3.1 CONCEITO DE CUSTO .....................................................................................................29

3.2 PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DE CUSTO .........................................................................31

3.3 RELAÇÃO ENTRE A CONTABILIDADE E OS CUSTOS .........................................................32

3.3.1 A Contabilidade ..................................................................................................32

3.3.2 Contabilidade de Custos: seu conceito e funções.............................................34

3.4 INFORMAÇÃO CONTÁBIL PARA GESTÃO DA QUALIDADE NA ORGANIZAÇÃO ...................36

4 OS CUSTOS DA QUALIDADE .....................................................................................38

4.1 MENSURAÇÃO DA QUALIDADE ......................................................................................38

4.2 CONCEITO DE CUSTOS DA QUALIDADE ...........................................................................39

4.3 OBJETIVOS DA MENSURAÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE ...........................................41

4.4 CLASSIFICAÇÃO HABITUAL DOS CUSTOS DA QUALIDADE ...............................................42

4.4.1 Custos do projeto ................................................................................................42

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4.4.2 Custos do controle ..............................................................................................44

4.4.2.1 Custos de prevenção.........................................................................................44

4.4.2.2 Custos de avaliação..........................................................................................44

4.4.3 Custos das falhas.................................................................................................45

4.4.3.1 Custos das falhas internas................................................................................46

4.4.3.2 Custos das falhas externas ...............................................................................47

4.5 PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE ..........................................47

4.5.1 Custos objetivos da qualidade ...........................................................................48

4.5.2 Custos estimados da qualidade..........................................................................49

4.6 OBSTÁCULOS E LIMITAÇÕES PARA A MENSURAÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE ..........51

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................................................53

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................56

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1 INTRODUÇÃO

Este capítulo introdutório tem por objetivo apresentar o assunto e o tema do trabalho,

definir o problema para o qual se está buscando uma resposta, justificar a sua realização e

delimitar a pesquisa por meio da definição dos objetivos, além de citar a metodologia aplicada

no seu desenvolvimento.

1.1 APRESENTAÇÃO DO ASSUNTO

Nas últimas décadas, alguns acontecimentos propiciaram o nascimento de um mundo

orientado por uma economia globalizada, onde ser competitiva é o principal desafio para uma

organização.

Nessa busca incessante pela competitividade, as empresas têm buscado novas formas

de gestão que conduzam-na à produtividade e à redução de custos. Um método que vem

ganhando cada vez mais adeptos no ambiente empresarial é a gestão guiada pelo conceito de

qualidade.

Seguindo uma moderna visão, o termo qualidade significa adequação ao uso, isto é,

um produto de qualidade é aquele livre de falhas, que atende as necessidades do cliente e pode

ser adquirido a um preço adequado.

Além dos benefícios ao cliente, a qualidade trás benefícios a própria empresa

produtora, uma vez que busca evitar defeitos nos bens e serviços produzidos, reduzido

desperdícios. Conforme Horngren, Foster e Datar (2000), a competição no mercado tem

forçado os administradores a se concentrarem no aumento da qualidade dos bens e serviços

que produzem, haja vista que uma taxa de defeitos que no passado era considerada normal,

hoje tornou-se inadmissível.

No entanto, de acordo com Paladini (1995), produzir e manter a qualidade na

produção de bens e serviços envolve um conjunto de ações que necessitam de recursos

monetários significativos para serem implementadas.

A soma desses recursos consumidos na produção e manutenção da qualidade e de

outros necessários para o conserto de falhas ocorridas na concepção ou produção do produto,

formam os custos da qualidade que, quando conhecidos, segundo Crosby (1985, p. 222), tiram

“a qualidade do abstrato, focalizando-a em termos de dinheiro concreto”.

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1.2 TEMA

Os custos da qualidade como uma forma de visualizar a situação do sistema de

qualidade da empresa, auxiliando-a na redução de desperdícios e na busca da satisfação de

seus cliente.

1.3 PROBLEMA

Em um mercado altamente competitivo, no qual estão inseridas as empresas na

atualidade, a qualidade virou premissa básica. Hoje, a empresa que não oferecer produtos de

qualidade a seus clientes, pode considerar-se fora do mercado ou, pelo menos, a tendência é

que tenha uma vida relativamente curta.

Assim, torna-se importante que a empresa tenha informações que a auxilie na gestão

do seu sistema da qualidade. No entanto, a Contabilidade, tida como a principal provedora de

informações dentro de uma organização, de acordo com o Boletim IOB (2002), não está

preparada para tanto.

Nesse cenário, que contribuições a mensuração, o controle e a análise dos custos da

qualidade pode trazer para uma empresa?

1.4 JUSTIFICATIVA

A qualidade, de acordo com o Boletim IOB (2002), é um fator que pode contribuir

para que uma empresa aumente sua participação no mercado, pois os clientes consideram esse

atributo, freqüentemente, mais importante que o fator preço no momento da escolha de um

produto para compra.

Talvez por isso, o que se tem visto é uma verdadeira corrida, por parte das empresas,

em busca da qualidade. Visando auxiliar as organizações na busca pela excelência, surgiram

pelo mundo alguns padrões de qualidade.

Segundo Atkinson et al. (2000), quando uma empresa é certificada em um desses

padrões, ela passa a indicar a seus clientes que possui uma administração empenhada em

seguir processos que asseguraram que os bens e serviços produzidos são de qualidade. Um

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desses padrões transformou-se em referência no mundo, a série de normas ISO 9000. O

Quadro 1, ilustra a corrida das empresas brasileiras pela qualidade, através do número de

empresas certificadas pela ISO 9000 no início e meados dos anos 1990 e no ano 2000.

1990 1995 2000

NÚMERO DE CERTIFICADOS

18 948 6.719

QUADRO 1: Número de certificados ISO 9000 no Brasil Fonte: CB-25 Notícias (2001, n. 27, p. 6 apud SZYSZKA, 2001, p. 29)

Os números não impressionam somente em nível de Brasil. Em Santa Catarina, uma

pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado (FIESC) e publicada pela Revista

Expressão (1997, n. 72, p. 72 apud WERNKE, 1998, p. 52), revelou que, já em 1996, de cada

dez empresas pesquisadas, oito estavam em processo ou iniciando a implantação de sistemas

de qualidade.

Além da corrida, os números demonstram que os empresários estão conscientes da

importância do assunto e que produzir com qualidade passou a ser, de certa forma, vital para a

organização.

Com tudo, se os sistemas da qualidade são importantes para uma empresa

contemporânea, consequentemente, importante serão as informações para a gestão desses

sistemas e, nesse sentido, acredita-se que os custos da qualidade podem desempenhar um

importante papel. Tanto, que a NBR ISO 9004 (2000), sugere que os custos da qualidade

sejam mensurados.

No entanto, apesar da relevância do tema no universo empresarial de hoje, a

bibliografia específica do assunto, principalmente no que tange a livros, é limitada. De acordo

com Wernke (1998, p. 52), “os custos da qualidade não têm recebido a atenção devida por

parte dos profissionais contábeis, se considerado o potencial informativo em termos de

evidenciar oportunidades de otimização de resultados”. Isso, de certa forma, se reflete nos

sistemas de custeio considerados tradicionais, fazendo com que estes, segundo o Boletim IOB

(2003), não estejam preparados para o futuro das fábricas.

1.5 OBJETIVO GERAL

Apresentar os custos da qualidade como algo mensurável pela Contabilidade para

que a empresa possa gerir melhor o seu sistema da qualidade e, consequentemente, consiga

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reduzir desperdícios, satisfazer seus clientes e manter-se competitiva.

1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Apresentar uma síntese da evolução do conceito de qualidade e de controle da

qualidade;

• Evidenciar o papel da qualidade na construção do mundo globalizado;

• Conceituar qualidade e tecer comentários acerca de sistemas de gestão da

qualidade e normas internacionais de qualidade;

• Definir custo e evidenciar a sua relação com a Contabilidade;

• Apresentar a Contabilidade como o principal canal informativo em uma empresa

e segmentá-la;

• Apresentar os objetivos e funções da Contabilidade de Custos;

• Conceituar os custos da qualidade, quais os benefícios de sua mensuração e,

também, suas limitações;

• Apresentar uma proposta de classificação dos custos da qualidade.

1.7 METODOLOGIA

Segundo Alves (2001, p. 101) “a ciência nasceu da desconfiança dos sentidos”. A

ciência é uma forma de obtenção do conhecimento e a pesquisa é peça fundamental nesse

processo. À forma documental escrita de uma pesquisa científica dá-se o nome de trabalho

científico que, para Salomon (1977, p. 136) é “a concreção da atividade científica [...]”

Conforme Lakatos e Marconi (1991, p. 237) “alguns autores, apesar de darem o

nome genérico de monografia a todos os trabalhos científicos, diferenciam uns dos outros de

acordo com o nível da pesquisa, a profundidade e a finalidade do estudo, a metodologia

utilizada e a originalidade do tema e das conclusões”.

Assim, de acordo com as mesmas autoras (1991), é possível diferenciar três tipos de

trabalhos acadêmicos: a monografia, a dissertação e a tese. Nos meios acadêmicos,

usualmente, se utiliza a monografia como trabalho de conclusão do curso de graduação ou de

pós-graduação em nível de especialização, ao passo que a dissertação é utilizada como

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trabalho necessário à obtenção do título de mestre e a tese como requisito ao doutoramento.

Este trabalho científico, por suas características, trata-se de uma monografia, que é

definida por Lakatos e Marconi (1991, p. 235) como sendo “um estudo sobre um tema

específico ou particular, com suficiente valor representativo e que obedece a rigorosa

metodologia”.

Buscando o alcance dos objetivos propostos, esta monografia foi constituída

valendo-se da pesquisa exploratória, já que esta, segundo Gil (1991, p. 45), tem “como

objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais

explícito ou a construir hipóteses”.

Além de classificar esta pesquisa com base em seus objetivos, é importante fazê-lo

também de acordo com o seu delineamento. Essa classificação, de acordo com Gil (1991, p.

48) “expressa em linhas gerais o desenvolvimento da pesquisa, com ênfase nos procedimentos

técnicos de coleta e análise de dados [...]”.

Nesse sentido, este trabalho visa a concreção de uma pesquisa bibliográfica, uma vez

que esta, segundo Fachin (1993, p. 102), “diz respeito ao conjunto de conhecimentos humanos

reunidos nas obras” e “tem como base fundamental conduzir o leitor a determinado assunto e

à produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações

coletadas para o desenvolvimento da pesquisa”, que, além da introdução, das conclusões e

recomendações, está estruturado como segue:

• Capítulo 2: Noções de qualidade – onde será apresentado o histórico da

qualidade, o moderno conceito de qualidade, os objetivos da implementação de

sistemas de gestão da qualidade e a finalidade das normas internacionais de

qualidade;

• Capítulo 3: Os custos e a Contabilidade – no qual será visto o conceito de custos,

suas principais classificações, a sua relação com a Contabilidade, o conceito e

objetivos de um sistema de custeio, além de fazer a ligação entre a informação

contábil e a qualidade numa organização;

• Capítulo 4: Os custos da qualidade – neste, será apresentado o conceito de custos

da qualidade, os objetivos de sua mensuraração, a classificação feita

habitualmente pelos autores da área e uma proposta de classificação.

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2 NOÇÕES DE QUALIDADE

Este capítulo tem o objetivo de encontrar uma definição contemporânea de qualidade

e evidenciar a sua importância para a competitividade de uma organização. Para tanto, será

apresentada uma evolução do conceito de qualidade e de outros que, de alguma forma

contribuíram para essa evolução; o papel dos Estados Unidos e do Japão na história da

qualidade; alguns fatos históricos importantes; além dos objetivos de se implementar um

sistema de gestão da qualidade ou seguir normas internacionais de qualidade.

2.1 HISTÓRICO DA QUALIDADE

De acordo com Paladini (1995, p. 32), já na antigüidade, alguns fatos denunciavam a

presença da qualidade nas mais diversas áreas do conhecimento, tais como, “a perfeição das

pirâmides [...], a precisão da arquitetura de vários povos, a beleza [...] da literatura grega, a

consistência das construções romanas, as contribuições diversas em matemática fundamental

[...], a construção de mapas geográficos e a estruturação do calendário [...]”. Para melhor

compreender o significado da palavra qualidade hoje, é conveniente que seja conhecida sua

evolução ao longo do tempo e a contribuição dos Estados Unidos e do Japão nessa evolução.

2.1.1 Evolução do conceito de qualidade e do controle da qualidade

Sem pretender de imediato conceituar qualidade de forma ampla e atual, mas

objetivando definir um ponto de partida para iniciar um raciocínio sobre o tema, deve-se ter

em mente que um produto de qualidade é aquele livre de falhas em sua versão final. Assim, o

controle da qualidade é realizado por atividades de inspeção no produto acabado ou em sua

fase final de elaboração. A palavra “produto”, quando utilizada neste trabalho, será em seu

sentido amplo, assim como definida por Juran e Gryna (1991, p. 11): “produto é o resultado

de qualquer processo. O produto é composto em diferentes graus por bens, software, e

serviços”.

De acordo com o Boletim IOB (2002, p. 1), no passado as inspeções nos produtos

eram informais, quando feitas, já que “quase tudo era fabricado por artesãos habilidosos ou

trabalhadores experientes sob a supervisão dos mestres” e “as quantidades produzidas de cada

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produto eram pequenas”. No entanto, o surgimento da produção em massa e a conseqüente

diversificação das fontes de suprimentos, passou a exigir uma melhor qualidade. “Do ponto de

vista do controle da qualidade, a principal conquista dessa época foi a criação de um sistema

racional de medidas, gabaritos e acessórios no início do século XIX”.

Ainda, de acordo com o referido boletim (2002, p. 1),

com o amadurecimento do sistema de produção em massa e as técnicas de “administração científica” introduzidas por Frederick W. Taylor, no início do século XX, as medições tornaram-se mais refinadas e a inspeção passou a ser mais importante ainda [...]

Segundo Paladini (1995), com o surgimento de organizações maiores e mais

complexas, veio a necessidade de se detectar e corrigir defeitos de forma mais satisfatória.

Dessa necessidade, surge os primeiros métodos de Controle Estatístico da Qualidade (CEQ),

como o desenvolvido por Walter Shewhart, em 1924, chamado de teoria dos Gráficos de

Controle. De acordo com Green (1995, p. 15), o CEQ nada mais é do que “a aplicação

rigorosa da estatística para ajudar na localização e análise dos problemas da qualidade na

linha de produção”, ou seja, na inspeção dos produtos.

Segundo a mesma autora (1995), Shewhart criou o CEQ a partir de conceitos

estatísticos empregados na pesquisa agrícola, desenvolvidos por R. A. Fisher nas duas

primeiras décadas do século XX, e tão importante quanto esse fato, foi a sua influência sobre

Walter Edwards Deming e Joseph M. Juran, os quais passaram a dedicar suas vidas ao estudo

da qualidade.

Deming, de acordo com Green (1995, p. 15-16), “foi o discípulo de Shewhart

responsável pela conversão dos japoneses ao CEQ” (mais detalhes sobre o significado disso

serão vistos no item 2.1.2), enquanto que Juran “é mais conhecido por ser o mais antigo

protagonista do controle total da qualidade (TQC), que amplia o CEQ, transformando-o numa

filosofia abrangente de negócios, que pode ser praticada em toda a empresa” (como será visto

mais a frente).

Para Moura (1993, p. 1), o “enfoque de qualidade sofreu profunda transformação,

por influência dos professores Deming e Juran e, posteriormente, de Philip Crosby,

considerados os gurus da moderna visão de qualidade”, todos norte-americanos. Crosby,

segundo o autor (1993, p. 3), foi o responsável pela introdução do “conceito de qualidade

voltada para a satisfação do cliente, por meio da eliminação de erros ou defeitos de ‘forma

preventiva’”.

Por influência desses gurus, ainda segundo o mesmo autor (1993), a qualidade

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deixou de ser voltada para a produção e passou a ser direcionada na satisfação do cliente. Sob

esse novo ponto de vista, um produto de qualidade é aquele que consegue atender às

necessidades do cliente.

Moura (1993, p. 3), explica que “por cliente, deve-se entender não somente o

consumidor final do produto [bem] ou serviço a ser fornecido, mas também os componentes

internos das organizações”.

Essa ampliação do conceito de cliente, parte do pressuposto que em uma

organização, tanto a produção quanto as áreas administrativas, são compostas por setores ou

departamentos, que desempenham processos distintos. Esses processos figuram como

produtos desses departamentos, de acordo com a definição de produto mencionada

anteriormente. Os vários setores da organização estão constantemente fornecendo seus

produtos uns aos outros e, dessa forma, sempre haverá um departamento fornecedor e um

departamento cliente.

Uma vez admitidos os processos internos de uma organização como produtos dos

seus diversos departamentos, abre-se margem para levar o conceito de qualidade para os

processos organizacionais, criando um ambiente propício para o desenvolvimento do que

Paladini (1995, p. 18) chama de gestão da qualidade no processo, o qual a define “como o

direcionamento de todas as ações do processo produtivo para o pleno atendimento do cliente”.

Para Juran e Gryna (1991, p. 16), todos os setores de uma organização têm funções

principais e devem desempenhá-las da forma mais correta possível. Para tanto, devem

executar uma outra função, a função qualidade.

Acredita-se que ao levar a qualidade aos processos da organização, o cliente interno

será satisfeito, o que, na visão de Moura (1993, p. 3), “repercutirá na satisfação do cliente

externo, pois à medida em que erros ou defeitos sejam evitados internamente, os produtos

[bens] ou serviços entregues ao cliente externo serão de melhor qualidade”.

Assim, a qualidade foi estendida para toda a organização, não restringindo-se mais às

áreas de produção exclusivamente, dando origem ao que hoje chama-se de qualidade total e,

consequentemente, originando o controle da qualidade total na organização, método que ficou

conhecido pela sigla TQC (Total Quality Control).

Para Feigenbaum (1986 apud ROBLES JR., 1996, p. 21), o TQC é

um sistema efetivo para a integração da qualidade de desenvolvimento, qualidade da manutenção, e qualidade da melhoria de esforços das várias funções em uma organização, a fim de tornar possível a produção e a prestação de serviços aos níveis mais econômicos, visando à mais completa satisfação dos clientes.

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18

O conceito de TQC de Feigenbaum aponta como um dos objetivos finais desse

método, a satisfação dos clientes, o que vem reforçar que estes passaram a ser o foco das

atenções no meio organizacional. Isso pode ser melhor elucidado pela citação de Moura

(1997, p. 10), quando afirma que

uma empresa vive de resultados, do faturamento decorrente das vendas, obtendo-se o tão desejado lucro. Só é possível vender se o mercado absorver os produtos da empresa. O mercado é constituído por clientes que compram o produto, porém, só o fazem se suas expectativas e desejos forem atendidos.

Diante do exposto, fica evidente que a evolução do controle da qualidade, do CEQ ao

TQC, só foi possível com a evolução e a ampliação de dois outros conceitos: o próprio

conceito de qualidade e o de cliente.

Segundo Moura (1993, p. XI), a partir do momento que percebeu-se que a qualidade

de um produto é traduzida pela satisfação dos requisitos ou expectativas do cliente e que esse

produto, antes de chegar às mãos do consumidor final, passa por todos os setores participantes

do processo produtivo na organização, estas “passaram a se preocupar com os custos

decorrentes do não-atendimento dos requerimentos de clientes internos e externos,

representados por retrabalhos ou refugos [...]”.

Assim, segundo o mesmo autor (1993, p. XII), “fazer certo da primeira vez passou a

ser uma vantagem competitiva, uma vez que qualidade e custo passaram a influir na decisão

dos clientes no momento da escolha de produtos [bens] ou de serviços” (grifo do autor).

No entanto, de acordo com Reis e Mañas (1994), apesar da qualidade ser um objetivo

que deve ser alcançado a qualquer custo, não se pode esquecer que isso repercutirá no preço e

este, quando elevado, pode inviabilizar o produto sob o ponto de vista do mercado.

Assim, a empresa deve ficar com as atenções voltadas ao mercado consumidor. No

passado, o custo funcionava como principal determinante do preço do produto. Hoje, salvo

algumas exceções, esse preço é determinado pelo próprio mercado, o que força as empresas a

adaptarem-se a ele. Diante disso, a qualidade na organização reveste-se de grande importância

já que, na visão de Green (1995, p. 3), “só vão sobreviver as empresas que fornecerem

produtos da melhor qualidade – e não só por causa da qualidade, mas também pelos seus dois

subprodutos: redução de custos e aumento da produtividade”.

Para melhor compreender a relevância da qualidade nos dias atuais e ter uma idéia da

sua evolução nas últimas décadas, é interessante fazer uma comparação entre as

características da qualidade no passado e no presente, como estruturado no Quadro 2.

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19

ANTIGA QUALIDADE NOVA QUALIDADE

Trabalho de um artesão Trabalho de um sistema

Obra de poucos para poucos Obra de muitos para o uso de muitos

Cara, em termos de trabalho e também de dinheiro Reduz os custos

Criada basicamente por mãos hábeis Criada por mentes inteligentes

Ainda é importante, pois produz coisas belas Pode orientar a economia tornando as empresas

competitivas, sendo útil a toda população, com um padrão geral de bens e serviços nunca antes alcançado

QUADRO 2: Comparação entre a antiga e a nova qualidade Fonte: o Autor, com base em Main (1994)

O Quadro 2 demonstra que as características de qualidade no mundo evoluíram em

conjunto com o modelo de produção. A qualidade que no passado era alcançada pela

habilidade do artesão na confecção de bens duráveis e belos, teve que adaptar-se à produção

em massa para criar produtos que sejam não apenas belos e duráveis, mas que atendam às

necessidades de seus consumidores e proporcionem à empresa produtora uma racionalização

no consumo de recursos que se reflita em ganho competitivo.

Uma vez abordada a evolução do conceito de qualidade e de controle da qualidade,

torna-se importante discorrer sobre a participação do Japão e dos Estados Unidos nessa

evolução e também sobre o papel da qualidade na construção da economia globalizada dos

dias atuais.

2.1.2 Estados Unidos versus Japão: qualidade e o surgimento de uma competição em nível global

De acordo com Juran (1993), durante a Segunda Guerra Mundial a indústria dos

Estados Unidos produziu quantidades enormes de produtos militares para atender a demanda

da guerra, chegando a interromper a produção de produtos civis.

Nesse período, de acordo com Moura (1993, p. 1), Deming desenvolveu boa parte de

suas teorias enquanto ensinava às indústrias bélicas norte-americanas “a usar métodos

estatísticos para melhorar o controle de qualidade dos seus produtos”.

Nos Estados Unidos, de acordo com Main (1994, p. 5), a Segunda Guerra Mundial

contribuiu muito para aceitação dos conceitos de controle estatístico da qualidade pois

tantas indústrias e operários inexperiente tiveram que executar tarefas de defesa que as agências de aquisição da Marinha e do Exército incluíram cláusulas de controle

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de qualidade em seus contratos e estimularam uma arrancada do treinamento e pesquisa em qualidade.

No entanto, segundo Juran (1993), a grande escassez de bens civis, ocasionada pela

estratégia de fabricação de bens militares para os confrontos, fez com que, ao final da guerra,

a indústria norte-americana, buscando atender à demanda, priorizasse o cumprimento dos

prazos de entrega em detrimento da qualidade do produto.

Após a guerra, conforme Main (1994, p. 6), “passeando pelos mercados mundiais

com pouca concorrência e livre da demanda militar de controle da qualidade, a indústria

norte-americana esqueceu-se rapidamente dos princípios [de qualidade] que haviam sido

desenvolvidos no país”.

Já o Japão pós-guerra, segundo o mesmo autor (1994), estava com sua economia

destruída e tinha por necessidade sobreviver da exportação de seus produtos. Essa realidade,

forçou o país a descobrir novas formas de trabalho e resultou num movimento pela qualidade,

uma vez que, segundo Juran (1993), a exportação de bens de má qualidade antes da Segunda

Guerra Mundial, criou um obstáculo para venda de seus produtos no mercado internacional.

De acordo com Moura (1993, p. 2), na tentativa de contornar os problemas de

qualidade e competitividade nas indústrias japonesas, foi criada a União Japonesa de

Cientistas e Engenheiros (JUSE - Japanese Union of Scientists and Engineers), um organismo

não-governamental que tinha por missão “contribuir para o desenvolvimento industrial e

tecnológico do país, através da estreita cooperação entre cientistas e engenheiros”.

Conforme Juran (1993), os japoneses buscaram em outros países a solução para seus

problemas. Para tanto, enviaram equipes ao exterior, traduziram literatura estrangeira e

convidaram conferencistas estrangeiros para treinar seus gerentes em gerenciamento da

qualidade.

Foi a partir dos anos 50 do século passado que, segundo o Boletim IOB (2002, p. 1),

“teve início a difusão da consciência de que, para sobreviver, o fator qualidade era

fundamental, criando-se, a partir daí, uma nova forma de competição: ‘a competição pela

qualidade’. Essa consciência, principalmente para o Japão, foi fundamental para sobreviver

[...].”

Para Juran (1993, p. 8), essa consciência japonesa da qualidade não foi percebida

pelos norte-americanos logo após a guerra, o que contribuiu para que a indústria nos Estados

Unidos considerasse “que a competição japonesa residia nos preços e não na qualidade”,

levando-as a buscarem redução nos custos de produção através da instalação de unidades

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fabris que demandassem por grande quantidade de mão-de-obra em áreas onde esta fosse mais

barata, nem que fosse fora do país.

Ainda de acordo com Juran (1993, p. 8-9), para surpresa das indústrias norte-

americanas, “à medida que os anos passaram, a competição de preços caiu, enquanto a

competição da qualidade subiu”. Com isso, houve um aumento da participação japonesa no

mercado americano, impulsionada pela sua superioridade em qualidade, causando um impacto

considerável na economia dos Estados Unidos. Nesse período, empresas de fabricação

perderam mercado, a exportação de empregos afetou a força de trabalho e os sindicatos, e a

balança comercial desfavorável trouxe prejuízos.

Assim, segundo o Boletim IOB (2002, p. 1) “o Oriente, com a sua crescente

participação no mercado mundial fez com que outros países começassem a sentir os efeitos da

busca incessante da qualidade, principalmente as indústrias norte-americanas, iniciando-se, aí,

a competição global, tendo como suporte a qualidade”.

De acordo com Barçante (1998), para a disseminação da qualidade no Japão foi

decisiva, além de outros fatores, a contribuição dos experts americanos, Deming e Juran.

Apesar de terem aprendido com americanos, os japoneses souberam agregar valor ao

aprendizado, o que resultou em abordagens como a participação dos funcionários de todos os

níveis da empresa, o foco no cliente e o aprimoramento contínuo (Kaizen). Talvez por esse

motivo, os norte-americanos, segundo Moura (1993), passaram a buscar no modelo japonês

de qualidade total uma saída para seus problemas.

A partir dos esforços de recuperação de mercado das empresas norte-americanas e,

segundo Barçante (1998), em meio à invasão de produtos japoneses de alta qualidade, inicia-

se no Ocidente uma nova era da qualidade, a era da gestão da qualidade total (TQM – Total

Quality Management).

De acordo com Cortada e Quintela (1994, p. 22), a TQM é estratégica e “consiste

num amplo conjunto de processos que aumenta as suas vantagens competitivas, leva a

melhorar constantemente os produtos [bens] e serviços e resulta em clientes fiéis que voltam

para adquirir mais bens e serviços”.

Dentro do conceito de TQM estão implícitos, segundo os mesmos autores (1994, p.

22), “várias idéias apresentadas pelos gurus da qualidade”, tais como a melhoria contínua, a

busca por zero defeitos, a premissa de se fazer certo da primeira vez e a necessidade de

envolver os empregados próximos da situação, acreditando que estes sabem mais sobre como

melhorar a qualidade.

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Diante do apresentado, é possível dizer que o TQM é composto por um universo de

conhecimentos sobre qualidade, adquiridos ao longo do século passado e que nasceu da

necessidade de uma reação Ocidental frente ao grande crescimento da participação japonesa

no mercado internacional, impulsionado pela qualidade de seus produtos, em decorrência da

utilização dos princípios de TQC. Cabe esclarecer, que o TQM é uma espécie de TQC

Ocidental, já que, de acordo com Barçante (1998), as técnicas básicas em ambos são as

mesmas.

A partir do que já foi apresentado é possível constatar que alguns fatos históricos

foram muito importantes para evolução do conceito e efetiva utilização dos princípios de

qualidade nas empresas. O Quadro 3, além de trazer alguns fatos já mencionados, traz de

forma sintética e ordenada outros que contribuíram para evolução da qualidade no mundo.

Após visto esse breve histórico da qualidade e constatada a sua importância na

formação da economia globalizada da atualidade, torna-se pertinente o conhecimento do

moderno conceito de qualidade.

2.2 MODERNO CONCEITO DE QUALIDADE

Os conceitos evoluem ao longo do tempo em virtude do progresso da humanidade.

Não fugindo à regra, o conceito de qualidade também evoluiu significativamente. Segundo

Paladini (1995, p. 32), esse conceito não é novo. “A preocupação com a questão remonta às

épocas antigas, embora não houvesse, neste período, uma noção muito clara do que fosse

qualidade”. De acordo com o Boletim IOB (2002), foi a partir da década de 80 do século

passado que a qualidade surgiu como uma função de gerência formal.

O termo qualidade hoje significa muito mais que no passado. Além de levar em

consideração a ausência de falhas, a qualidade de hoje volta-se também para a satisfação dos

clientes de uma organização.

Assim, de acordo com Juran e Gryna (1991, p. 21), “seria conveniente termos uma

frase curta, de aceitação geral, para definir de modo abrangente a qualidade, ou seja, que

inclua as características que levam à satisfação com o produto [adequação ao uso] e, além

disso, a ausência de falhas [conformidade]”. Na busca por essa definição, os autores

conceituaram qualidade como adequação ao uso, embora ressaltem que essa definição não

tem aceitação universal.

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PERÍODO/ ANO

FATOS REPERCUSSÕES

Século XIX Surgimento da produção em massa • Inicia-se a inspeção formal na produção e surgem sistemas de medidas, gabaritos e acessórios para controle da qualidade.

Início do Século XX

Amadurecimento da produção em massa e aparecimento das técnicas de administração de Frederick W. Taylor

• Medições mais refinadas e ampliação da importância das inspeções.

R. A. Fischer emprega conceitos estatísticos na pesquisa agrícola

• Walter Shewhart sofre influência e passa a utilizar estatística no controle da Qualidade.

1920 – 1940 Shewhart idealiza e divulga seus métodos de controle estatístico da qualidade

• Walter Edwards Deming e Joseph Juran são influenciados e passam a dedicarem-se à qualidade.

1939 – 1945 Segunda Guerra Mundial • A indústria norte-americana produz enorme quantidade de produtos militares enquanto parava com a produção artigos civis.

• O Exército norte-americano incluí cláusulas de controle da qualidade nos contratos com fornecedores, estimulando o treinamento e a pesquisa em qualidade.

• Deming desenvolve suas teorias enquanto ensina as indústrias bélicas dos Estados Unidos a utilizarem o CEQ para controle e melhoria da Qualidade de seus produtos.

• O Japão é destruído economicamente.

1946 Criação da União Japonesa de Cientistas e Engenheiros – JUSE

• Dentre outros, contribuiu para a explosão da qualidade no Japão.

1950 Armand V. Feigenbaum publica o livro Total Quality Control

• A qualidade passa a ser vista como responsabilidade de todos, não só do departamento de qualidade.

Deming profere palestra sobre controle estatístico de processos em solo japonês

• Inicia-se a influência de Deming sobre os japoneses.

• O Japão começa a encarar a qualidade de forma mais ampla e abrangente.

1951 Joseph Juran publica o livro Quality

Control Handbook • A obra é vista como um trabalho de consulta com poder de

convencimento.

1954 Juran lança no Japão a idéia de controle da qualidade total através de seminários (MAIN, 1994).

• Pela primeira vez a qualidade é abordada como uma ferramenta gerencial com vistas ao aumento da produtividade e competitividade.

1950 – 1980 Busca incessante por qualidade no Japão

• O Japão demonstra através de sua crescente participação no mercado mundial que o compromisso com a qualidade tem que ser constante apesar de extenuante.

• Os produtos Made in Japan, tidos como objeto de desdém no passado, passam a ser um diferencial.

Final dos anos 70

Inicia-se no Ocidente a Era da Gestão da Qualidade Total

• A qualidade passa a ser aplicada em todos os aspectos da organização, em tudo que se faz na empresa, em todos os níveis e áreas.

1980 aos dias de hoje

Sistema de comunicação mais globalizado e eficiente

• Intensifica-se o intercâmbio de conhecimentos sobre qualidade entre o Japão e o Ocidente, o que torna mais unificado o processo de evolução da qualidade no mundo.

Abertura das fronteiras entre alguns países europeus e a escolha das normas da série ISO 9000 como padrões para a área de qualidade.

• A Europa unificada transformou-se no maior mercado do mundo e projetou as normas da série ISO 9000 para todo o globo, tornando-as referência.

QUADRO 3: Principais fatos que marcaram a evolução da qualidade no mundo Fonte: o Autor, com base em Barçante (1998), Boletim IOB (2002), Green (1995), Juran (1993), Main (1994), Moura (1993), Paladini (1995) e Reis e Mañas (1994)

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De acordo com o Boletim IOB (2002, p. 2), “sob o ponto de vista da conformidade, a

qualidade é alcançada quando um produto se conforma com suas especificações. A adequação

ao uso (confiabilidade) é mais orientada para o consumidor, já que requer que o produto

atenda a expectativa do cliente”.

Segundo Paladini (1995, p. 29), “[...] a qualidade, apesar de uma variedade muito

ampla de conceitos com o qual é definida, entendida ou praticada, deve ser redefinida, para

orientar-se para o consumidor”.

Após ter analisado as várias faces da qualidade de David A. Garvin, Paladini (1995),

passa a compartilhar do mesmo ponto de vista de Juran e Gryna quando menciona que “a

‘adequação ao uso’ [...] pode ser considerada como o aspecto técnico da qualidade, seu

conceito mais preciso”.

Garvin (apud PALADINI, 1995), descobriu que o conceito de qualidade recebe

modificações simultâneas às atividades de concepção, projeto, fabricação e comercialização

do produto, e cria cinco abordagens para definir qualidade, tais como transcendental, centrada

no produto, no usuário, na fabricação e no valor do produto.

De acordo com Robles Jr. (1994), tais abordagens englobam o que segue:

• a transcendental, afirma que a qualidade é sinônimo de “excelência inata”;

• a centrada no produto, enxerga a qualidade como algo preciso e mensurável;

• a centrada no usuário, parte da premissa de que a qualidade está diante dos olhos

de quem observa;

• a centrada na fabricação, encara qualidade como conformidade às especificações;

• a centrada no valor, define qualidade em termos de custos e preços.

Os conceitos de qualidade de vários autores podem ser enquadrados nas abordagens

de qualidade formuladas por Garvin, conforme feito com alguns na Figura 1. Observando

esses enquadramentos, percebe-se que os conceitos dos três autores considerados os gurus da

moderna visão da qualidade – Deming, Juran e Crosby – enquadram-se na abordagem do

usuário, ou seja, para eles a qualidade está nos olhos de quem observa.

De acordo com a Norma ISO 8402 (apud REIS e MAÑAS, 1995, p. 68), “qualidade

é a totalidade dos aspectos e características de um produto [bem] ou serviço relacionada à sua

capacidade de satisfazer as necessidades declaradas ou implícitas”.

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TRANSCENDENTE

PRODUTO

USUÁRIO

PRODUÇÃO

VALOR

SHEWHART X X

DEMING X

JURAN X

ISHIKAWA X

CROSBY X

FEIGENBAUM X

FIGURA 1: Conceitos de qualidade versus abordagens de Garvin Fonte: Robles Jr. (1994)

A partir destas constatações e opiniões, fica definido que neste trabalho será utilizado

um conceito com abordagem voltada ao usuário, ou seja, qualidade é adequação ao uso.

Acredita-se ser esse o conceito mais abrangente, pois somente um produto livre de falhas e

que atenda às necessidade do cliente poderá adequar-se ao seu uso e, consequentemente,

satisfazê-lo.

Cabe ressaltar, que o fator preço é um grande responsável pela adequação de um

produto ao uso. Segundo Paladini (1995), o preço é um aspecto relevante a ser considerado

quando da concepção de um novo produto, já que, nem sempre, o mercado irá aceitar o preço

imposto pelo fabricante do bem ou prestador do serviço.

Após encontrada uma definição de qualidade, chega o momento de comentar os

sistemas de gestão e normas internacionais de qualidade.

2.3 SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE E NORMAS INTERNACIONAIS DE QUALIDADE

Para Mello et al. (2002, p. 15), “sistema de gestão refere-se a tudo o que a

organização faz para gerenciar seus processos ou atividades” (grifo do autor). Em pequenas

organizações não existe um sistema, há uma forma de se fazer as coisas e muitas vezes essa

forma não está documentada, ela está na cabeça do proprietário ou gerente do negócio.

Ainda segundo os mesmos autores (2002, p. 15-16), em organizações maiores, é

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mais comum haver registros, procedimentos, instruções e formulários documentados para que

haja um mínimo de ordem na condução de seu negócio, evitando que pessoas façam tudo a

seu jeito, garantindo “que nada importante seja esquecido e que todos estejam conscientes

sobre quem é responsável para fazer o que, quando, como, por que e onde”.

No entanto, o sistema de gestão de uma organização é formado por sistemas

menores, cada um atendo-se em algo especificamente, como financeiro, recursos humanos, e

outros, dentre os quais o sistema da qualidade.

Para a ABNT, CNI e SEBRAE (1997, p. 9-10), “sistemas da qualidade existem para

avaliar como e porque as coisas são feitas, documentar como as coisas são feitas e registrar os

resultados para mostrar que elas foram feitas” e assim contribuírem para:

• melhoria do desempenho, coordenação e produtividade;

• atingimento e manutenção da qualidade do produto, buscando atender às

necessidades dos clientes;

• demonstrar à administração que a qualidade almejada foi alcançada e está sendo

mantida;

• manter a empresa competitiva;

• buscar uma certificação.

Apesar de todas essas contribuições atribuídas aos sistemas de gestão da qualidade,

cabe ressaltar que, de acordo com as mesmas entidades (1997), num sistema desses, a

melhoria nos processos de trabalho, bem como, a melhoria da qualidade do produto, não será

automática. O sistema funciona como um meio para adoção de uma abordagem mais

sistemática do negócio. Logo, dizer que uma empresa possui um sistema de gestão da

qualidade não significa dizer que o seu produto é de qualidade.

No entanto, a manutenção de um sistema da qualidade por uma organização

demonstra a sua preocupação e interesse em manter procedimentos sendo realizados com

qualidade, o que, de certa forma, garantiria produtos de melhor qualidade.

Segundo Atkinson et al. (2000), o interesse por parte das empresas em fazer

transparecer a sua preocupação com a qualidade, fez surgir padrões internacionais de

qualidade (normas) como o Padrão Industrial Z8101-1981, no Japão; as Séries Q de Padrões

de Qualidade, nos Estados Unidos, e a Série de Padrões ISO 9000, na Europa, a qual será

abordada no próximo item.

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2.4 A EUROPA E AS NORMAS DA SÉRIE ISO 9000

Em janeiro de 1993, de acordo com Reis e Mañas (1994), alguns países europeus

abriram suas fronteiras internas e passaram a se aceitarem comercialmente, embora fossem,

culturalmente falando, bem distintos uns dos outros.

Antes disso se concretizar, objetivando superar suas diferenças e evitar, segundo os

mesmos autores (1994), uma invasão heterogênea de produtos, com uma conseqüente

desvalorização de seus centros produtores, esses países montaram uma comissão que ficou

encarregada de definir um único bloco padronizado de especificações. Como forma de

padronizar as normas de qualidade nesses países, a comissão elegeu como padrão as normas

ISO.

A ISO (International Organization for Standardization), segundo a Brazilian Quality

Index (1996 apud SZYSZKA, 2001), é uma organização não governamental, fundada em

1947, com sede em Genebra, na Suíça, cuja missão, de acordo com Szyszka (2001, p. 22), “é

promover o desenvolvimento da normalização e de atividades relacionadas no mundo inteiro,

com o propósito de facilitar a troca internacional de bens e serviços e o desenvolvimento da

cooperação nas esferas intelectual, científica, tecnológica e econômica”.

A série de normas ISO 9000, de acordo com Mello et al. (2002, p. 15), “é um

conjunto de normas e diretrizes internacionais para sistemas de gestão da qualidade”,

aplicáveis em qualquer tipo de organização. Segundo Reis e Mañas (1994), nascidas de uma

norma militar da Grã-Bretanha, editada em 1979, e de estudos comparativos de outras normas

européias e norte-americanas, vieram para suprir uma necessidade das empresas, a de terem

um sistema da qualidade que desse a seus clientes uma garantia de que seu produto era

fabricado de acordo com especificações previamente aceitas ou acordadas, além de proporem-

se, de acordo com Puri (1992 apud REIS e MAÑAS, 1994), a “encontrar um consenso

mundial que permitisse a padronização dos procedimentos [...]”.

Desde sua primeira publicação em 1987, segundo Mello et al. (2002), a série de

normas ISO 9000 passou por duas revisões, a primeira em 1994 e a segunda em 2000. Após a

última revisão, a série passou a ser composta por quatro normas principais e um número

reduzido de documentos de suporte. O Quadro 4 apresenta as normas da série ISO 9000

versão 2000, suas finalidades e normas equivalentes na versão 1994.

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NORMA VERSÃO 2000

FINALIDADE NORMA EQUIVALENTE

NA VERSÃO 1994

ISO 9000 Definição do vocabulário utilizado nas outras normas da série e descrição de fundamentos subjacentes.

ISO 9000

ISO 9001

Estabelecer os requisitos de sistema de gestão da qualidade para uma organização demonstrar sua capacidade de atingir os requisitos e aumentar a satisfação dos clientes.

ISO 9001, ISO 9002 e

ISO 9003

ISO 9004 Ir além da ISO 9001:2000 para aumentar a satisfação das parte interessadas.

ISO 9004

ISO 19011 Estabelece diretrizes para auditoria de sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental.

ISO 10011-1, ISO 10011-2 ISO 1011-3, ISO 14010 ISO 14011 e ISO 14012

QUADRO 4: Normas série ISO 9000:2000 - finalidades e equivalentes na versão 1994 Fonte: o Autor, com base em Mello et al. (2002)

Segundo Reis e Mañas (1994, p. 45), a Europa unificada transformou-se no maior

mercado do mundo e isso possibilitou a ela criar regras para comercialização e aceitação de

produtos estrangeiros em suas áreas de controle. Uma vez aceitas as normas da série ISO

9000 como padrão, produzir na Europa, significava ter de seguí-las e vender para a Europa

significava ter a posse de um certificado.

Ainda de acordo com os mesmos autores (1994, p. 45), a Europa descobriu que

detinha uma tecnologia a ser vendida e a vendeu”. Isso fez surgir o que Lamprecht (1995)

chamou de “efeito cascata”, ou seja, grandes empresas com negócios na Europa tiveram que

se adaptar às normas e passaram a exigir de seus fornecedores o mesmo e assim

sucessivamente, fazendo com que as normas ISO série 9000 se disseminassem pelo mundo.

Para Mello et al. (2002, p. 15), as normas têm “obtido reputação mundial como a

base para o estabelecimento de sistemas de gestão da qualidade” nas organizações e são, para

Reis e Mañas (1994), um caminho a ser seguido na busca da qualidade total.

Uma vez alcançados os objetivos propostos para este capítulo, abre-se espaço no

trabalho para as devidas colocações sobre custos e a contabilidade.

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3 OS CUSTOS E A CONTABILIDADE

Após conhecido um pouco sobre o mundo da qualidade, seu conceito, evolução ao

longo do tempo e outros aspectos relacionados, este capítulo tem o objetivo de definir custo e

qual a sua relação com a Contabilidade, colocando esta como o principal canal informativo

para fins de tomada de decisão em uma organização. Para tanto, serão apresentadas as

segmentações da Contabilidade; o conceito, os objetivos e as funções da Contabilidade de

Custos.

3.1 CONCEITO DE CUSTO

Ao iniciar-se qualquer discussão sobre custos, é importante que se faça a distinção

entre este e outros termos muitas vezes utilizados como sinônimos no cotidiano, tais como

gasto e despesa.

O gasto, de acordo com Martins (2000), é um sacrifício financeiro, representado pela

entrega ou promessa de entrega de ativos, pela obtenção de qualquer bem ou serviço, podendo

ser classificado, segundo Leone (1981), pelo seu aspecto econômico em gasto de investimento

e gasto de consumo, sendo que ambos podem dar origem a um custo e/ou a uma despesa, de

acordo com a sua destinação.

Para Martins (2000, p. 25-26), custo é um “gasto relativo a bem ou serviço utilizado

na produção de outros bens ou serviços” enquanto que despesa refere-se a um “bem ou

serviço consumidos direta ou indiretamente para obtenção de receitas”.

Nesse sentido, Atkinson et al. (2000) corroboram dizendo que as despesas são

relatadas na demonstração de resultados, ou seja, são gastos confrontados com receitas para a

obtenção de um resultado, lucro ou prejuízo, em um dado período. Assim, como nem todo

custo é levado à demonstração de resultado, um custo não será necessariamente uma despesa.

Em uma empresa industrial, os bens produzidos serão avaliados monetariamente pelo

montante equivalente aos recursos sacrificados em sua confecção, isto é, pelo seu custo de

produção. Assim, após um produto ser considerado acabado, seu custo passará a integrar o

patrimônio da organização e, por conseqüência, figurará no balanço patrimonial junto à conta

contábil de estoques, até que o produto seja vendido ao cliente. Após a venda, o custo

estocado transforma-se em custo do produto vendido e passa a integrar a demonstração de

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resultado, onde será confrontado com a receita do produto e será considerado uma despesa. A

Figura 2 traz em uma forma gráfica esse raciocínio.

FIGURA 2: Esquematização da transformação do gasto em despesa na indústria Fonte: o Autor, com base em Atkinson et al. (2000), Leone (1981) e Martins (2000)

Cabe ressaltar que em uma empresa prestadora de serviços o processo de

transformação do gasto em despesa é mais simples, pois não há a passagem de custo pelo

estoque, haja vista os serviços serem intangíveis e, portanto, não estocáveis. Nesse caso, todo

custo de produção transforma-se em despesa e figura na demonstração de resultado como

custo dos serviços prestados.

Dessa forma, sempre que mencionado o termo “custo” neste trabalho, será no sentido

de um gasto com vistas a produção de um bem ou serviço, enquanto que a palavra “despesa”

indicará gastos levados à demonstração do resultado de uma organização em determinado

período.

Uma vez entendido o significado do termo “custo”, torna-se importante conhecer

algumas de suas classificações, o que será abordado no próximo item.

Demonstração de Resultado

Balanço Patrimonial

DESPESA

Custo do Produto Vendido

Estoque Custo do Produto Vendido

Estoque

CUSTO CUSTO

Na Produção

Em Áreas de Apoio

Na Produção

Em Áreas de Apoio

INVESTIMENTO CONSUMO

GASTO

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31

3.2 PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DE CUSTO

De acordo com Leone (1981), muitos estudiosos apresentam variadas classificações

para os custos com o intuito de atender à finalidades didáticas. Com a intenção de tornar o

trabalho bem objetivo, optou-se por apresentar uma classificação que reflita a prática do que

acontece na maioria das empresas. Para tanto, será apresentada uma classificação de custos

que os define de acordo com a sua relação com o objeto alvo do custeio e em relação ao seu

comportamento frente ao nível de atividade da produção.

Com o intuito de guiar suas decisões, de acordo com Horngren, Foster e Datar (2000,

p. 19), os gestores de uma organização sempre procuram conhecer o quanto custa certas

coisas, ou seja, estão sempre encontrando algo para ser custeado, um objeto de custo. “A

maior questão com relação a custos é saber quando eles têm um relacionamento direto ou

indireto com um determinado objeto de custo”.

Um custo é considerado direto, segundo Leone (1981, p. 54), quando “é identificado

naturalmente ao objeto do custeio”, enquanto que um custo indireto “precisa de um parâmetro

para ser identificado e debitado ao produto ou objeto de custeio”.

Logo, de acordo com Martins (2000, p. 52-53), os custos diretos podem ser

diretamente apropriados, ou seja, relacionados aos produtos por intermédio de uma medida de

consumo, ao passo que os custos indiretos “não oferecem condições de uma medida objetiva e

qualquer tentativa de alocação tem de ser feita de maneira estimada e muitas vezes arbitrária”.

Os custos indiretos, segundo Atkinson et al. (2000, p. 128), “são incorridos para

fornecer os recursos necessários para realizar diversas atividades que dão apoio à produção de

diversos produtos”, o que torna a sua identificação com este ou aquele produto prejudicada.

Assim, evidenciam-se duas formas de condução dos custos aos seus objetos, a

apropriação direta, que, segundo Horngren, Foster e Datar (2000, p. 20), “é o processo de

transferência dos custos diretos a um objeto de custo desejado”, e o rateio, que consiste, no

“processo de transferência dos custos indiretos a um objeto de custo desejado”.

Outra classificação usual de custos, considerada por Martins (2000), a mais

importante que todas, é a que leva em consideração a relação entre os custos e o volume de

atividade da produção numa unidade de tempo.

Segundo Leone (1981), todo custo observa um comportamento definido em relação

às oscilações na produção, o que torna um custo fixo ou variável diante do aumento ou

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redução na atividade produtiva.

Os custos variáveis, de acordo com Atkinson et al. (2000, p. 183-184), “mudam em

proporção às mudanças no nível da produção [...]”, enquanto “os custos fixos não mudam

com as mudanças no nível da produção [...] durante curtos períodos de tempo”.

Apesar da nomenclatura vender a idéia de que os custos fixos são realmente fixos em

valor, Martins (2000) chama a atenção para o fato da existência de duas categorias de custos

fixos, os repetitivos, os quais fazem jus ao nome e se repetem em importância durante vários

períodos, e os não-repetitivos, cujo valor é diferente a cada período. No entanto, ambos são

considerados fixos, pois seus valores a cada período independem do volume de produção.

Ainda que a classificação dos custos seja complexa, conforme Martins (2000), todos

os custos podem ser classificados em diretos ou indiretos e em fixos ou variáveis

simultaneamente, isto é, pode existir custos diretos fixos ou variáveis e custos indiretos fixos

ou variáveis e vice-versa.

Outra ilusão quanto a classificação dos custos em fixos e variáveis é a aparente

simplicidade que norteia essa distinção. Segundo Maher (2001), podem existir aspectos

comportamentais que venham a complicar a tarefa de classificação dos custos em relação ao

nível de produção, tais como a existência de custos semivariáveis e semifixos ou, ainda, a

possibilidade da classificação ser válida somente dentro de um intervalo relevante no nível de

atividade.

Na seqüência, após conhecido um pouco mais sobre custos e suas principais

classificações, é aberto espaço neste trabalho para conhecimento das relações entre a

Contabilidade e os custos.

3.3 RELAÇÃO ENTRE A CONTABILIDADE E OS CUSTOS

Neste item, será apresentada a relação existente entre a Contabilidade e os custos.

Para tanto, é necessários conhecer o conceito e os objetivos da Contabilidade, as suas

segregações e evidenciar o conceito e objetivos específicos da Contabilidade de Custos.

3.3.1 A Contabilidade

De acordo com o CFC (1994, item 1.2), a Contabilidade é uma Ciência Social que

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33

tem por objeto o patrimônio das entidades e os estuda em seus aspectos quantitativos e

qualitativos, buscando, “primordialmente, apreender, no sentido mais amplo possível, e

entender” suas mutações.

A Contabilidade, conforme a Deliberação CVM n.º 29 (apud IUDÍCIBUS e

MARION, 1999, p. 57), “é, objetivamente, um sistema de informações e avaliação destinado

a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física

e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização”.

Para a IOB (1991), a Contabilidade nasceu gerencial, ou seja, voltada para o usuário

interno da organização. Veio da necessidade do empresário de ter um sistema rotineiro e

objetivo de informações que desse respostas às suas indagações quanto à mensuração do lucro

e ainda lhe permitisse controlar seu patrimônio.

Dada a sua utilidade gerencial, ainda segundo a IOB (1991), usuários externos, tais

como credores, Estado, acionistas, empregados e a sociedade em geral, começaram a ver

utilidade na informação contábil, passando a utilizá-la. No entanto, na medida em que

usuários poderosos como o Estado passaram a fazer uso dessas informações, foi aumentando

a necessidade de fixação de normas, o que acabou por limitar o uso pelos gerentes.

Nesse contexto, para atender necessidades específicas de usuários distintos, a

Contabilidade acabou sendo segregada em partes, cada uma das quais voltada a usuários

específicos e, consequentemente, com características próprias, conforme pode ser visto no

Quadro 5.

CONTABILIDADE FINANCEIRA

CONTABILIDADE DE CUSTOS

CONTABILIDADE GERENCIAL

Também chamada de Contabilidade Geral. Por fornecer informações básicas aos seus usuários e ser obrigatória para fins fiscais, ela é necessária a todas as empresas, fazendo com que originem dela várias outras classificações de acordo com a área ou atividade em que é aplicada, tais como, a Contabilidade Agrícola, a Comercial, a Bancária, a Industrial, a Pública, dentre outras.

É voltada ao cálculo e a interpretação dos custos dos bens fabricados ou dos serviços prestados pela empresa.

Destina-se ao suprimento de informações aos gerentes para que estes tomem suas decisões, não se fixa em regras.

QUADRO 5: Segregações da Contabilidade e suas características Fonte: o Autor, com base em Iudícibus e Marion (1999)

Cabe ressaltar que, apesar de consideradas separadamente, segundo a IOB (1991, p.

338), a Contabilidade Gerencial é formada em grande parte pela Contabilidade de Custos.

Porém, a Contabilidade Gerencial moderna significa muito mais que isso, ela “abrange a

Contabilidade de Custos, mas não se restringe, em absoluto, a ela”.

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Com tudo, pode-se dizer que a Contabilidade é segregada em dois grupos: aquela que

se destina a atender usuários externos e aquela que atende usuários internos à organização.

Num extremo tem-se a Contabilidade Financeira, no outro a Gerencial e no meio a

Contabilidade de Custos, que pode suprir de informações tanto uma quanto a outra.

No entanto, um ponto elas têm em comum, todas buscam mensurar monetariamente

as mutações patrimoniais de uma entidade, podendo se utilizar de critérios objetivos ou

subjetivos.

Conforme a NBC T 2.1 do CFC (1983, item 2.1.2, “e”), na Contabilidade Financeira

a escrituração deverá ser executada “com base em documentos de origem externa ou interna

ou, na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos e a prática de atos

administrativos”, ou seja, deve ser objetiva. Assim, um registro contábil que vá atender

usuários externos deve ser fundamentado. Não cabe, para fins de Contabilidade Financeira,

que o profissional contábil crie valores o os registre sem que haja nada que os comprovem.

De acordo com Hendriksen (apud IUDÍCIBUS, MARTINS e GELBCKE, 1995, p.

86), uma mensuração pode tornar-se objetiva quando apresentar uma destas características:

for de caráter impessoal, quando for baseada no consenso de experts, quando for baseada em

evidencia e documentação que possam ser verificadas e, quando proveniente de estudos

estatísticos efetuados por vários pesquisadores.

De forma diferente ocorre na Contabilidade voltada à usuários internos, onde,

segundo Iudícibus e Marion (1999), não há a necessidade de seguir sequer os Princípios

Fundamentais de Contabilidade.

Quando o usuário da informação for interno e a finalidade for a tomada de decisões,

verificando-se a necessidade de estimativas e outros meios de mensuração considerados

subjetivos, estas poderão ser feitas sem a preocupação de transgredir normas.

Após essas considerações acerca da Contabilidade e de suas segregações,

objetivando alcançar o objetivo geral desta monografia, faz-se necessário conhecer melhor a

Contabilidade de Custos, seu conceito e funções.

3.3.2 Contabilidade de Custos: seu conceito e funções

A relação da Contabilidade com os custos surgiu, segundo Martins (2000, p. 20),

com o advento das indústrias, quando o Contador, habituado às empresas comerciais da era

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35

mercantilista, deparou-se com o valor de ‘compras’ sendo “substituído por uma série de

valores pagos pelos fatores de produção utilizados” na confecção dos produtos.

Durante muito tempo, de acordo com Leone (1983), pensou-se que a Contabilidade

de Custos servia apenas para o custeamento dos produtos em empresas industriais. Hoje, esse

ramo da Contabilidade, constitui-se de técnicas aplicáveis, também, em outras atividades.

Segundo Martins (2000), inúmeras empresas de serviços passaram a se utilizar de

princípios e técnicas da Contabilidade de Custos por acreditarem na existência de uma

similaridade de situação com a indústria, já que essas entidades são produtoras de utilidades,

possuindo custos.

Leone (1981), vê a Contabilidade de Custos muito semelhante a um centro

processador de informações, haja vista que ela obtém dados e os acumula de forma

organizada para que, de sua análise e interpretação, possa produzir informações visando suprir

três necessidades dentro de uma organização:

• ajudar na determinação da rentabilidade e na avaliação do patrimônio;

• auxiliar no controle das operações e dos próprios custos;

• servir ao planejamento e ao processo decisório.

Assim, a Contabilidade de Custos tem a finalidade de produzir informações que

auxiliem tanto a Contabilidade Financeira quanto a Gerencial. Ao informar o custo dos

produtos vendidos ou dos serviços prestados, ela estará contribuindo com a Contabilidade

Financeira na construção da demonstração do resultado em um dado período, ao mesmo

tempo que ajuda na avaliação dos estoques na empresa industrial, que é um item integrante do

patrimônio desta. A função gerencial tem início na medida em que sua informação auxilia na

construção de orçamentos, por exemplo, já que este é peça fundamental no planejamento e

controle organizacional, ou ainda, quando auxilia os administradores na tomada de decisões

mais acertadas, sustentadas por informações confiáveis e precisas.

Conforme Leone (1981, p. 43-44), a Contabilidade de Custos é

o ramo da função financeira que coleta, acumula, organiza, analisa, interpreta e informa os custos dos produtos, dos serviços, dos estoques, dos componentes operacionais e administrativos, dos planos operacionais, dos programas, das atividades especiais e dos segmentos de distribuição para determinar a rentabilidade e avaliar o patrimônio da empresa, para controlar os próprios custos e as operações e para auxiliar o administrador no processo de planejamento e tomada de decisões. (grifo do autor)

Na conclusão de Leone (1981, p. 37), a Contabilidade de Custos evoluiu muito, já

que passou a envolver mais objetos, teve seu campo de aplicação alargado, assim como

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cresceram as suas finalidades. Martins (2000) corrobora ressaltando que nas últimas décadas,

a Contabilidade de Custos deixou de ser uma mera auxiliar de avaliação de estoques e lucros,

para transformar-se numa arma para controle e decisões gerenciais.

Com vistas a alcançar essas atribuições, a Contabilidade de Custos se utiliza de

sistemas de custeio que, segundo Leone (1981), são registros, fluxos, procedimentos e

critérios para coletar, acumular e organizar custos, tornado possível suas análises e

interpretações com vistas a gerar informações que irão auxiliar no gerenciamento da

organização e na avaliação patrimonial.

Feitas as devidas considerações sobre a Contabilidade e os custos, antes de entrar no

próximo capítulo, cabe verificar a relação entre a Contabilidade e a informação sobre

qualidade em uma organização.

3.4 INFORMAÇÃO CONTÁBIL PARA GESTÃO DA QUALIDADE NA ORGANIZAÇÃO

De acordo com o apresentado no Capítulo 2 deste trabalho, a crescente utilização por

parte das empresas de conceitos ligados à qualidade, contribuiu para o surgimento de uma

economia globalizada, tornando o ambiente empresarial altamente competitivo.

Num ambiente com tais características, de acordo com Atkinson et al. (2000), os

gerentes organizacionais necessitam de informações precisas e relevantes sobre seus custos.

Essas informações, dentre outros benefícios, subsidiarão os gestores em decisões sobre mix de

produtos, na escolha de fornecedores, na negociação com clientes e na detecção de problemas

relacionados à qualidade, eficiência e rapidez.

Todas essas informações, podem ser obtidas por intermédio de um sistema de custos.

Para Kaplan e Cooper (1998), “as principais empresas estão utilizando sistemas de custeio

aperfeiçoados” para alcançarem tais objetivos.

Sendo a qualidade, segundo Atkinson et al. (2000), um fator crítico de sucesso de

uma organização nos dias de hoje, torna-se importante que os gestores tenham em mãos um

sistema de informações que lhes dêem um feedback sobre o sistema da qualidade implantado

na empresa, como os custos da qualidade.

Para Crosby (1985, p. 221-222), “o custo da qualidade é o catalisador que leva a

equipe de melhoria da qualidade e o restante da gerência à plena percepção do que está

acontecendo”. A sua mensuração tem por finalidade “chamar atenção para os problemas e

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abrir caminho para a identificação das áreas que exigem ação corretiva”.

Os dados sobre custos da qualidade, devem, conforme Juran e Gryna (1991), ser

coletados pela Contabilidade, para assegurar que os mesmos sejam aceitos e, também,

segundo Crosby (1985), para que seja garantida a integridade da operação.

Com tudo, a Contabilidade tem condições plenas de, através de um sistema de

custeio, coletar dados e transformá-los em informações importantes para a gestão da

qualidade em uma organização, contribuindo, assim, para a integração das gestões de custos e

de qualidade, conduzindo a empresa para uma gestão estratégica de custos.

A gestão estratégica de custos, de acordo com Martins (2000, p. 315-316), designa a

integração entre o processo de gestão de custos e o processo de gestão da empresa no todo,

necessária para a sobrevivência num ambiente de negócios globalizado e competitivo, onde

devem ser alcançados “altos níveis de qualidade, eficiência e produtividade, eliminado

desperdícios e reduzindo custos”.

No entanto, conforme Atkinson et al. (2000), a redução de custos envolve muito mais

que o simples corte dos custos do produto. O desafio é reduzir custos enquanto mantém-se ou

melhora a qualidade dos bens e serviços produzidos. Nesse sentido, segundo Hunt (1993, p.

49), a mensuração dos custos da qualidade pode ser valiosa, já que tem por objetivo

“despender o capital de forma inteligente e evitar perdas”.

Mais sobre os custos da qualidade são apresentados no capítulo que segue.

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4 OS CUSTOS DA QUALIDADE

De acordo com Crosby (1985), os sistemas da qualidade são aplicáveis em qualquer

tipo de organização. Para entender a qualidade em termos mais práticos, é necessário que se

deixe de lado alguns pressupostos errôneos defendidos por muitos administradores.

Um desses pressupostos, afirma que a qualidade é impossível de ser mensurada, pois

ela é intangível. Na realidade, segundo o mesmo autor (1985), a qualidade é mensurável em

dinheiro concreto, a mais antiga e respeitada das medidas. Essa omissão, fez com muitos

administradores vissem a qualidade com algo de difícil manejo, já que não tinham como

tomar decisões com vista à alcançá-la.

Assim, neste capítulo, são apresentados os custos da qualidade como algo possível de

ser mensurado, objetivamente ou por estimativas, com vistas a propiciar o alcance de

objetivos diversos. Para tanto, o capítulo traz o conceito de custos da qualidade, os seus

objetivos, benefícios e limitações, além de uma proposta para sua classificação.

4.1 MENSURAÇÃO DA QUALIDADE

Segundo Harrington e Harrington (1997, p. 418-419), “o sistema de medição da

organização é uma medida daquilo que a organização considera importante”. A falta de boas

medições é um entrave à melhoria, já que sem elas, “decisões inteligentes não poderão ser

tomadas”. As medições são importantes para entender o que está acontecendo, avaliar

necessidades de mudança, avaliar o impacto da mudança, assegurar que os ganhos obtidos não

sejam perdidos, dentre outros objetivos. São ferramentas úteis que visam orientar a

organização.

Para Juran e Gryna (1991, p. 108), “existem duas línguas universais dentro da

companhia”. A linguagem dos dados físicos, concretos (medidas não-monetárias), na base, e a

linguagem do dinheiro (medidas monetárias), no topo. De acordo com Paladini (1995), a

utilização de unidades monetárias é vista como uma maneira universal de expressar a análise

de ações empresariais, além de ser de fácil acesso, compreensão e de inegável relevância, traz

consigo uma unicidade nas interpretações.

Ao longo dos anos 50 do século passado, conforme Juran e Gryna (1991), surgiram

dentro das empresas diversos departamentos que se voltavam a desenvolver atividades

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relacionadas com qualidade. Nesses departamentos, que tinham a necessidade de demonstrar

seus trabalhos aos gerentes da empresa, surgiu o conceito de custos da qualidade, um meio de

comunicação entre eles e os seus superiores (topo), uma vez que estes utilizam o dinheiro

como principal linguagem.

Portanto, os custos da qualidade são considerados a medida monetária da qualidade.

Segundo Paladini (1995, p. 150), a qualidade medida em termos monetários insere-se no

contexto global da organização e passa a ser mais uma das “preocupações usuais da

administração operacional da empresa, para quem o problema de custos é permanente”.

4.2 CONCEITO DE CUSTOS DA QUALIDADE

Conforme Brocka e Brocka (1994), foi Armand Feingenbaum quem deu origem ao

conceito de custos da qualidade ao publicar, em 1950, a obra Total Quality Control.

Para Juran e Gryna (1991), o termo custos da qualidade tem significados diferentes

para pessoas diferentes. Para alguns significa o custo para se atingir qualidade; outros

acreditam que ele seja composto pelos custos incorridos para encontrar e corrigir o trabalho

defeituoso, oriundo, portanto, de uma má qualidade; e, ainda, existem aqueles que afirmam

que os custos da qualidade devem contemplar, basicamente, os gastos de funcionamento do

departamento de qualidade.

Segundo Paladini (1995), os custos da qualidade são incorridos para produzir e,

principalmente, manter a qualidade dos produtos, enquanto que os custos incorridos como

conseqüência da produção de um bem ou serviço desconforme representam os custos da má

qualidade.

Outros autores, assim como fez Paladini, usam os termos ‘custo da qualidade’ e

‘custo da má qualidade’ de forma distinta. No entanto, com o intuito de evitar confusões,

neste trabalho será utilizada a expressão ‘custos da qualidade’ em sentido amplo, ou seja,

englobando, também, os ‘custos da má qualidade’, já que, segundo Juran e Gryna (1991), na

interpretação dos especialistas no assunto, as expressões são equiparáveis.

Seguindo essa concepção, fica definido, para este trabalho, que a expressão ‘custos

da qualidade’ representará um somatório de itens, conforme visto na Figura 3.

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FIGURA 3: Conceito de custos da qualidade Fonte: o Autor, com base em Harrington e Harrington (1997) e Paladini (1995)

De acordo com o conceito apresentado, a empresa pode incorrer em custos da

qualidade durante todo o ciclo de vida do produto. Segundo Horngren, Foster de Datar (2000),

o ciclo de vida do produto compreende o período que inicia-se no início da pesquisa e

desenvolvimento até o término de suporte ao cliente, podendo variar de cinco a dez anos, no

caso de um automóvel, e menos de um ano, para artigos de moda e vestuário. Portanto, esses

custos começam a ser incorridos já na concepção do produto.

Além do conceito de custos da qualidade, é importante conhecer o significado de

outros termos que podem ser necessários para a compreensão do restante do trabalho,

conforme apresentados no Quadro 8.

TERMO CONCEITO

Refugo É a produção que não satisfaz aos padrões dimensionais ou de qualidade sendo refugada e vendida pelo valor de disposição.

Unidades Defeituosas É a produção que não satisfaz aos padrões dimensionais ou de qualidade necessitando ser retrabalhada e vendida por vias normais como produto de primeira ou de segunda.

Desperdício É o material utilizado na produção que é perdido através da evaporação, encolhimento ou são resíduos invendáveis.

Sobras É o resíduo de materiais oriundo de operações fabris que podem ser vendidos a valores relativamente baixos.

QUADRO 6: Outros termos e conceitos importantes Fonte: o Autor, com base em Robles Jr. (1996)

Após apresentados os devidos conceitos, são conhecidos na seqüência os objetivos

que pretende-se alcançar com a mensuração dos custos da qualidade em uma organização.

O custo incorrido para concepção de um bem ou serviço de qualidade

O custo incorrido para ajudar o empregado a fazer seu trabalho corretamente desde a primeira vez

O custo para se determinar se o resultado é aceitável

O custo em que a organização incorre pelo produto não cumprir as especificações e/ou as

expectativas do cliente

+

+

+

Custos da Qualidade

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4.3 OBJETIVOS DA MENSURAÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE

Segundo Juran e Gryna (1991), no início os programas de custo de qualidade não

eram muito claros quanto aos seus objetivos. Com o passar do tempo e de uma forma gradual,

esses objetivos foram surgindo, limitando-se, inicialmente, em identificar necessidades de

aperfeiçoamento e incentivar os dirigentes da organização a agirem na redução dos custos.

Ainda de acordo com os autores (1991), o acúmulo de experiência após as primeiras

décadas, trouxe algumas lições úteis sobre o tema e levou à identificação dos objetivos que

incentivam uma organização implantar um sistema para mensuração dos custos da qualidade.

O Quadro 9, concentra esses objetivos.

OBJETIVO FINALIDADES

Mensuração Quantificar o tamanho do problema da qualidade em uma linguagem única e concisa que tenha impacto na administração superior, a linguagem do dinheiro.

Conhecer e agir para reduzir custos

Classificar os custos da Qualidade tornando possível identificar as oportunidades para a redução de custos e avaliar o resultado das medidas já implementadas, ajudando a equipe da qualidade a perceber o que está acontecendo na empresa.

Conhecer e agir para satisfazer clientes

Identificar e corrigir problemas que dão origem à produtos com falhas, evitando que estes cheguem às mãos dos clientes, diminuindo a sua insatisfação e respectivas ameaças à facilidade de venda.

Ampliar a base de dados para planejamento e controle

Contribuir para que a Contabilidade tenha conhecimento de todos os custos que norteiam a produção e, consequentemente, possibilitar uma expansão do planejamento e dos controles de custo na organização.

Conscientizar Possibilitar a divulgação de informações que chamem a atenção para o quanto pode ser cara a baixa qualidade, numa tentativa de estimular os gerentes a agirem em prol da redução dos custos e do aperfeiçoamento da qualidade na empresa.

Gerar indicadores Servir como base de dados para o cálculo de índices financeiros de desempenho que auxiliarão na comparação entre departamentos, fábricas e até organizações distintas, contribuindo para divulgar as vantagens econômicas da qualidade.

QUADRO 7: Objetivos da mensuração dos custos da qualidade Fonte: o Autor, com base em Brocka e Brocka (1994); Crosby (1985); Harrington e Harrington (1997); Horngren, Foster e Datar (2000); Juran e Gryna (1991) e Paladini (1995)

A Associação Brasileira de Controle da Qualidade (1993 apud REIS e MAÑAS

1995), destaca ainda que a mensuração dos custos da qualidade em uma organização contribui

na melhoria da gestão administrativa, na diminuição dos refugos, melhoria da produtividade e

no aumento do lucro.

Como é perceptível, são vários os objetivos que levam uma organização à mensurar

seus custos da qualidade. No entanto, conforme Juran e Gryna (1991), três são fundamentais:

• quantificar qualidade de forma que cause impacto na administração superior;

• identificar oportunidades para redução de custos;

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• identificar oportunidades para aumentar a satisfação do cliente;

Apesar de existirem outros específicos, de maneira geral, os objetivos da mensuração

dos custos da qualidade se confundem com os objetivos do próprio sistema da qualidade, uma

vez que, segundo Reis e Mañas (1995), a mensuração dos custos da qualidade auxiliam na

otimização da qualidade.

Todos os objetivos que se pretende alcançar com um sistema da qualidade são, de

maneira indireta, objetivos da mensuração dos custos da qualidade, já que isso pode auxiliar

na otimização do sistema.

Depois de conferidos os principais objetivos da mensuração dos custos da qualidade,

parte-se para as suas classificações.

4.4 CLASSIFICAÇÃO HABITUAL DOS CUSTOS DA QUALIDADE

Mais do que a simples medição dos custo da qualidade, reveste-se de grande

importância a sua classificação em categorias. Por uma questão de lógica, antes de tentar

medir algo é necessário saber exatamente o que medir, isso é fundamental para adaptação ou

criação de um sistema de custos. Conforme Rust, Zahorik e Keiningham (1994), a

classificação deve ser o primeiro objetivo da força tarefa para medição financeira da

qualidade.

Neste item do trabalho, é apresentada uma classificação dos custos da qualidade

resultante da visão habitual de diversos autores, sendo que as nomenclaturas utilizadas foram

embasadas em Paladini (1995) e Feigenbaum (1994 apud WERNKE, 1998). Na seqüência,

são descritas e exemplificadas as seguintes categorias de custos da qualidade: custos do

projeto, custos dos controles e custos das falhas.

4.4.1 Custos do projeto

Segundo Paladini (1995), é no projeto que é definido o nível de qualidade do

produto, isto é, que tipo de consumidores pretende-se alcançar, que nível de satisfação o

produto oferecerá e o preço que poderá ser cobrado pelo bem ou serviço.

Por uma conseqüência da definição do preço, no projeto poderá ser definido,

também, o custo ideal para produção de um bem ou serviço. Esse custo ideal, fará com que a

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43

empresa venha a utilizar uma técnica comum nos dias de hoje, o custo meta (target cost). O

custo meta, segundo Martins (2000), consiste em percorrer o caminho inverso daquele

percorrido no passado, ou seja, estipula-se um preço de venda, muitas vezes ditado pelo

mercado, e busca-se a adequação dos custos para conseguir o mínimo de rentabilidade.

Com tudo, o projeto tem o intuito de adequar o produto ao uso. Assim, a qualidade

do projeto repercutirá na qualidade do próprio produto. Um bem ou serviço nascidos de um

projeto bem feito tem maiores chances de sucesso no mercado.

É no projeto que ocorre o planejamento da qualidade. Segundo Juran e Gryna (1991),

p. 177), “o planejamento da qualidade é o processo para o estabelecimento dos objetivos da

qualidade e para o desenvolvimento dos meios (planos) para realizar esses objetivos”. O

processo estende-se da identificação dos clientes até o produto final, pronto para ser

produzido, passando pela descoberta da necessidade dos clientes, desenvolvimento do produto

e a criação do processo de produção.

Ainda de acordo com os autores (1991, p. 188), é no processo de desenvolvimento do

produto que “as inúmeras necessidades do cliente exigem inúmeras respostas na forma de

inúmeras características de produto”, ou seja, são definidos os requisitos dos produtos.

Alguns autores consideram o custo do projeto como um custo de prevenção, que será

visto a seguir, por entenderem que um projeto bem feito previne o aparecimento de problemas

futuros. No entanto, embora se concorde com esses autores, preferiu-se mantê-lo em um

grupo à parte, fora dos custos de controle, justamente pela importância do projeto para o

sucesso de um novo produto e, também, pela ênfase dada à satisfação do cliente no moderno

conceito de qualidade. O Quadro 10 traz alguns exemplos de custo do projeto.

AUTOR EXEMPLOS

Brocka e Brocka (1994) • Mão-de-obra do designe

• Mão-de-obra de revisão do projeto

Robles Jr. (1996) • Pesquisa de identificação das necessidades dos clientes

• Mão-de-obra de confecção do projeto

QUADRO 8: Exemplos de custos do projeto Fonte: o Autor

Em síntese, os custos da qualidade do projeto referem-se a todos os gastos com a

criação do produto com vistas a torná-lo adequado ao uso.

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44

4.4.2 Custos do controle

Falar que um produto tem qualidade equivale a dizer que o produto, dentre outras

coisas, está livre de falhas. Entende-se por um produto livre de falhas àquele que cumpre a

todos os requisitos impostos por seu projeto.

Para que uma organização consiga que seus produtos saiam de produção cumprindo

a todos os requisitos, ela necessita que a qualidade seja controlada. Isso leva-a a incorrer em

custos de controle, que representarão o consumo de recursos em atividades ligadas à

prevenção de falhas (custos de prevenção) e a avaliação dos produtos para atestar que eles

estão em conformidade com os requisitos (custos de avaliação).

4.4.2.1 Custos de prevenção

De acordo com Robles Jr. (1996), os custos de prevenção são resultantes de gastos

com as atividades que visam impedir a produção de bens com defeito ou serviços

insatisfatórios. Para Horngren, Foster e Datar (2000), incorre-se em custos de prevenção para

evitar que produtos em desacordo com as especificações sejam fabricados. O Quadro 11, traz

exemplos de custos considerados preventivos.

AUTOR EXEMPLOS

Atkinson et al. (2000) • Mão-de-obra e materiais usados para atestar a qualidade do fornecedor

Robles Jr. (1996) • Treinamento dos funcionários

• Mão-de-obra do pessoal da engenharia da qualidade

• Manutenção preventiva de equipamentos

• Mão-de-obra de inspeção e controle dos moldes e ferramentas

QUADRO 9: Exemplos de custos de prevenção Fonte: o Autor

Os custos de prevenção, conforme Juran e Gryna (1991), têm como uma de suas

funções manter em níveis mínimos outras categorias de custos da qualidade, como os custos

de avaliação e das falhas, que são vistos na seqüência.

4.4.2.2 Custos de avaliação

Para Horngren, Foster e Datar (2000, p. 485), os custo de avaliação são “incorridos

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45

na detecção das unidades em desacordo com as especificações” e para Juran e Gryna (1991, p.

91), esses custos são “incorridos na determinação do grau de conformidade aos requisitos de

qualidade”. O Quadro 12, traz exemplos desses custos.

AUTOR EXEMPLOS

Atkinson et al. (2000) • Mão-de-obra e materiais usados na inspeção das matérias-primas na entrada

Juran e Gryna (1991) • Mão-de-obra e materiais usados na inspeção do produto durante e ao final da produção

• Depreciação dos equipamentos de teste

• Mão-de-obra do pessoal da auditoria da qualidade

Reis e Mañas (1995) • Manutenção dos equipamento de avaliação

Robles Jr. (1996) • Mão-de-obra e materiais utilizados em inspeções e testes e na avaliação de protótipos

• Verificações efetuadas por laboratórios ou empresas externas

QUADRO 10: Exemplos de custos de avaliação Fonte: o Autor

Assim, conforme Robles Jr. (1996), podem ser considerados custos de avaliação

todos os gastos com atividades ligadas a identificação de unidades ou componentes com

defeito, antes que o produto seja enviado ao cliente.

4.4.3 Custos das falhas

O ato de fazer as coisas erradas num processo produtivo implica no surgimento dos

custos das falhas. Segundo Juran e Gryna (1991), os custos das falhas são as principais fontes

de perda na produção e para que a organização atinja um dos objetivos da qualidade, a

redução de custos, é necessário que se invista no ataque à elas. Conforme Atkinson et al.

(2000), experiências apontam para o fato de que é mais barato para a empresa prevenir

defeitos do que procurá-los e concertá-los a posteriori.

De acordo com Crosby (1985), os custos das falhas são compostos por materiais e

mão-de-obra utilizados para sanar problemas de não conformidade em produtos, ou seja, para

reparar um produto que tenha sido produzido com falhas, sendo essas falhas encontradas

dentro do ambiente de produção, por avaliações, ou num ambiente fora do processo

produtivo, quando da utilização do produto pelo cliente.

Nessa concepção, custo elevado com falhas, sejam elas detectadas internamente ou

externamente, pode significar que a empresa necessita de uma melhor avaliação de seus

produtos ou, principalmente, que ela precisa investir mais na prevenção de problemas, já que,

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de acordo com Rust, Zahorik e Keiningham (1994), aumentar a inspeção, pode não resolver o

problema, pois a causa não é tratada. É natural que as empresas optem por realizarem mais

avaliações ou inspeções à investirem em prevenção, pois esta implica em mudanças no

processo enquanto aquela é apenas mais uma atividade adicionada ao final do processo. No

entanto, é mais eficaz concentrar-se na prevenção de erros, do ponto de vista do custo.

4.4.3.1 Custos das falhas internas

Conforme Atkinson et al. (2000, p. 690), os custos por falhas internas ocorrem

“quando o processo de fabricação produz um componente ou produto com defeito e detecta

esse fato internamente”, tendo como uma de suas características o aumento de magnitude a

cada estágio que o defeito não for detectado.

Num sistema produtivo, em cada atividade ou processo no qual o produto é

submetido, são agregados valores a este. No caso da ocorrência de uma falha incorrigível no

início da produção, quanto antes ela for descoberta menos valores serão agregados ao produto

e, consequentemente, menor será o custo da falha. O Quadro 13 traz exemplos para esse tipo

de custo da qualidade.

AUTOR EXEMPLOS

Atkinson et al. (2000) • Mão-de-obra e materiais usados no reprocessamento do produto

• Paradas na produção

Brocka e Brocka (1994) • Mão-de-obra usada na investigação da falha

Horngren, Foster e Datar (2000) • Perdas na produção e sucatas

Juran e Gryna (1991) • Desvalorização do produto

Robles Jr. (1996) • Inspeção de produtos retrabalhados

• Horas extra para recuperação de atrasos na produção

• Penalidades e multas por entregas com atraso

QUADRO 11: Exemplos de custos da falha interna Fonte: o Autor

Conforme pode ser conferido nos exemplos, os custos das falhas internas são,

basicamente, representadas por gastos necessários ao reprocessamento do produto, por

refugos e perdas na produção, frutos de uma falha no processo de criação ou de produção.

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47

4.4.3.2 Custos das falhas externas

Para Atkinson et al. (2000), os custos das falhas externas são incorridos para resolver

problemas na qualidade do produto detectados pelo cliente ao recebê-lo, sendo, para muitas

empresas, o custo da qualidade crítica que mais deve ser evitado.

Segundo Brocka e Brocka (1994, p. 288), o custo das falhas externas são compostos

por retrabalhos de garantias, reparos, serviços no cliente, bens retornados, investigação de

defeitos e eventuais processos judiciais movidos por clientes insatisfeitos, como os exemplos

apresentados no Quadro 14.

AUTOR EXEMPLOS

Brocka e Brocka (1994) • Indenização à cliente por decisão judicial

Horngren, Foster e Datar (2000) • Fretes e transportes dos produtos com falhas

Juran e Gryna (1991) • Mão-de-obra e materiais da assistência técnica em produtos em garantia

Robles Jr. (1996) • Reposição de produtos

QUADRO 12: Exemplos de custo da falha externa Fonte: o Autor

Para Atkinson et al. (2000), além dos custos de curto prazo, como esses apresentados

acima, a empresa, por conseqüência de uma falha descoberta pelo cliente, pode vir a incorrer

em custos de longo prazo relacionados com a satisfação do cliente e, consequentemente, com

a reputação (imagem) da empresa, que são considerados de difícil mensuração.

Após apresentada a classificação na visão de alguns autores da área da qualidade, na

sua maioria, segue uma proposta que tem o objetivo de dar uma óptica contábil à classificação

habitual dos custos da qualidade.

4.5 PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE

Segundo Juran e Gryna (1991), existem duas maneiras de se obter os dados de custos

da qualidade: ampliando o sistema contábil ou fazendo estimativas.

Diante disso, um modelo de classificação de custos da qualidade deve ser capaz de

separar aquilo que pode ser apurado por um sistema contábil daquilo que é estimado, já que,

conforme visto no capítulo anterior, a Contabilidade de Custos, quando utilizada para suprir

de informações o usuário externo, deve apurar valores de forma objetiva.

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Com o objetivo de adaptar a classificação à essa necessidade, optou-se por fugir um

pouco da classificação dos custos da qualidade que normalmente é feita pelos autores,

fazendo com que, antes de mais nada, os custos sejam categorizados em objetivos e

estimados, conforme pode ser visualizado na Figura 4.

FIGURA 4: Proposta de classificação dos custos da qualidade Fonte: o Autor

Após visualizada a proposta de classificação, cabe na seqüência apresentar o

significado de custos objetivos e estimados da qualidade.

4.5.1 Custos objetivos da qualidade

Serão chamados de custos objetivos da qualidade, neste trabalho, todos aqueles que,

de alguma forma e sem se utilizar de critérios subjetivos, podem ser medidos pelo sistema de

custos da organização. Esta categoria maior de custos da qualidade será subdividida em três

grupos – custo do projeto, custo do controle e custo das falhas – conforme exposto na Figura

5 e já descritos no item 4.4.

FIGURA 5: Composição dos custos objetivos da qualidade Fonte: o Autor, com base em Paladini (1995), Reis e Mañas (1995) e Robles Jr. (1996)

+

Custo das Falhas do Controle

Custo de fazer errado

Custo das falhas interna e externa

=

Custo do Controle

Custo de prevenção de falhas

Custo de avaliação do produto

+

Custo do Projeto Custo para adequar o

produto ao uso +

Custos Objetivos da Qualidade

Custos da Qualidade

Custos Estimados da Qualidade

Custos Objetivos da Qualidade

Custos do Controle

Custos de Prevenção

Custos de Avaliação

Custos das Falhas dos Controles

Custos das Falhas Internas

Custos das Falhas Externas

Custos do Projeto

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Logo, para fazer parte deste grupo, o custo da qualidade deverá ser mensurável de

forma objetiva pelo sistema de custeio, fazendo com que possa ser utilizado para fins internos

ou externos, diferentemente do que acontece com os custos estimados, que serão abordados a

seguir.

4.5.2 Custos estimados da qualidade

Deve ser entendido por custos estimados da qualidade, todos os custos que não

podem ser mensurados objetivamente, mas que podem ser estimados através de estudos,

pesquisas e critérios subjetivos.

Esses custos nada mais são do que custos das falhas externas de difícil mensuração.

Os custos das falhas externas são a categoria de custos da qualidade que mais merece a

atenção dos administradores, justamente por estarem, muitas vezes, associados à reputação da

empresa junto à sociedade.

Segundo Robles Jr. (1996), é preciso tomar cuidado para que o sistema de custos da

qualidade não deixe de fora custos importantes referentes a perdas de oportunidades

ocasionadas pelas vendas perdidas ou pela perda da imagem junto aos clientes.

Esta categoria dos custos da qualidade é a mais onerosa em termos monetários e não-

monetários. A empresa tem em seu patrimônio um bem de muito valor, a sua imagem. O

custo da falha externa, pode significar muito mais que o reparo do produto. A insatisfação do

cliente com a falha pode causar danos à reputação da empresa, gerando custos de difícil

mensuração, mas que podem ser estimados com o auxílio de pesquisas como a realizada pelo

Instituto Tarp do Canadá (apud MOURA 1993, p. 11), em que fica evidente que a grande

maioria dos clientes insatisfeitos com a empresa não manifestam-se. A pesquisa revelou os

seguintes dados:

• 96% dos clientes insatisfeitos com o produto ou serviço nunca reclamam;

• os clientes que reclamam são mais propensos a voltar a fazer negócios com a

companhia do que aqueles não-reclamantes;

• 62% dos clientes que reclamam voltarão a fazer negócios se a reclamação for

resolvida. Esta porcentagem sobe, surpreendentemente, para 82% se o cliente

sente que a reclamação foi rapidamente resolvida;

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• cliente que teve um problema com uma companhia conta o fato para outras 10

pessoas;

• clientes que tiveram as suas reclamações resolvidas contam o fato para 5 outras

pessoas.

Isso leva a crer que a existência de alguns clientes insatisfeitos pode significar uma

perda de reputação considerável. Neste caso, a estimativa partiria de um eventual

departamento de ouvidoria, mais especificamente, do número de clientes que se manifestaram

pelo produto conter falhas.

Assim, o mínimo sinal de insatisfação por parte dos clientes pode significar muitos

mais insatisfeitos que, ao invés de reclamarem diretamente à empresa fornecedora do bem ou

serviço, comentam com outras pessoas, fazendo com que estas fiquem com uma má

impressão do produto, prejudicando vendas futuras. A expectativa de vendas perdidas em

função da baixa qualidade do produto é que representa, nesse caso, um custo estimado da

qualidade.

É importante ressaltar que estimativas como essas não são feitas por sistemas de

custeio nem registradas na Contabilidade Financeira. Esses cálculos devem ser de

competência da Contabilidade Gerencial utilizando-se de diversos dados e informações.

Após a medição e a classificação dos custos da qualidade, reveste-se de grande

importância a forma com que serão apresentados e, acima de tudo, a uniformidade dos dados

ao longo do tempo.

Para poderem agir, os dirigentes necessitam que as informações de custos da

qualidade cheguem de uma maneira clara e objetiva. Conforme Atkinson et al. (2000), um

relatório de custos da qualidade servirá para apontar as áreas de problema em todo o ciclo de

vida de um produto, possibilitando atacar suas causas. Segundo Juran e Gryna (1991), a

análise dos custos da qualidade por um período de tempo, pode auxiliar no direcionamento do

sistema da qualidade.

Para que os relatórios de custo da qualidade sejam comparáveis ao longo do tempo, é

importante que os mesmos sejam uniformes e, para tanto, a classificação deve ser feita com

base em critérios bem definidos. Visando auxiliar a correta classificação dos custos da

qualidade, recomenda-se o uso de um roteiro conforme exposto na Figura 6.

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FIGURA 6: Roteiro para classificação dos custos da qualidade Fonte: adaptado de Campanella (1990 apud RUST, ZAHORIK E KEININGHAM; 1994)

Uma vez vista a classificação dos custos da qualidade e feitas as considerações

pertinentes, parte-se para conhecer alguns obstáculos e limitações de sua mensuração.

4.6 OBSTÁCULOS E LIMITAÇÕES PARA A MENSURAÇÃO DOS CUSTOS DA QUALIDADE

Para Crosby (1985, p. 136), os custos da qualidade, quando usados como instrumento

da gerência com vistas a focar a atenção sobre o assunto qualidade, tornam-se “uma benção”.

No entanto, quando passam a ser usados como uma mera medida da Contabilidade,

Custo Estimado SIM O custo é de difícil medição sendo o valor apurado por estimativa?

NÃO

O custo está relacionado ao projeto de bens ou serviços e às definições de padrões de qualidade?

Custo do Projeto SIM

NÃO

O custo está relacionado à prevenção da baixa qualidade na produção de bens ou serviços?

Custo de Prevenção

NÃO

SIM

O custo está relacionado à avaliação da conformidade dos bens ou serviços aos padrões de qualidade e aos requisitos de desempenho?

Custo de Avaliação

Não é um custo da qualidade.

O custo está relacionado à não conformidade dos bens ou ser-viços produzidos?

SIM

NÃO

SIM

NÃO

Custo da Falha Interna

Encontrado antes da remessa do bem ou da prestação do serviço?

Custo da Falha Externa

Encontrado após a remessa do bem ou da prestação do serviço?

SIM

NÃO

SIM

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52

transformam-se em “dor inútil”.

Adaptar um sistema de custos com vistas a medir custos da qualidade apenas para

que seja mais uma linha componente da demonstração de resultados não resolve os problemas

de qualidade de nenhuma empresa. A mensuração objetiva dos custos da qualidade, segundo

Juran e Gryna (1991), demanda tempo e esforço, o que, muitas vezes, justifica o uso exclusivo

de estimativas.

Apesar de haver uma expectativa de que os números publicados estimulem os

gerentes a agirem na redução dos custos, conseguir essa redução somente por meio da

divulgação é ilusório. Números publicados, via de regra, não estimulam ações efetivas.

É necessário mais que isso para que a qualidade surta resultados. É importante que os

números, sejam eles publicados em meios oficiais ou simplesmente em relatórios gerenciais,

ajudem a encontrar um norte, estimulem a administração da empresa a realizar ações efetivas

em prol da redução de custos, aumento da produtividade e satisfação dos clientes.

Com tudo, existem alguns obstáculos ou limitações para a mensuração dos custos da

qualidade, como estas citadas por Rust, Zahorik e Keiningham (1994):

• geralmente sistemas de custo da qualidade não têm muito êxito em medir o custo

das falhas externas, que representam 70% do custo das falhas, segundo

estimativas;

• é sabido que a informação custa caro para as empresas. Pode haver casos em que

o custo da informação precisa sobre custos da qualidade pode superar seus

benefícios, podendo ser mais viável trabalhar apenas com estimativas;

• haverá casos em que as medidas monetárias isoladamente não serão muito úteis,

havendo a necessidade de utilização de medidas não-monetárias;

• a medição do custo da qualidade por si só não resolverá os problemas nem

garantirá a melhoria da qualidade, é preciso ações administrativas;

• os custos da qualidade apurados serão sempre subestimados, pois é muito difícil,

se não impossível, medir certos custos como a má vontade de clientes e

paralisações da fábrica;

• não existe uma distribuição considerada ótima entre as categorias de custo da

qualidade, embora acredita-se que os custos de prevenção sejam os mais eficazes.

Com a apresentação desses obstáculos e limitações, chega ao fim o último capítulo

deste trabalho, restando as conclusões e recomendações desta pesquisa.

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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Apesar da importância informativa atribuída aos custos da qualidade, pelos autores

da área, é fato que os Contadores ainda não perceberam isso. Fatos como esse acabam por

tornar os sistemas de custeio tradicionais em ferramentas obsoletas e sem preparo para o

futuro das organizações.

O presente trabalho, em momento algum, teve a pretensão de criar um sistema de

custeio para mensurar os custos da qualidade. A intenção maior foi, exatamente, chamar a

atenção de estudiosos ou profissionais da Contabilidade, principalmente das áreas Gerencial e

de Custos, que estudam ou trabalham em empresas industriais ou de prestação de serviços,

para a importância da mensuração desses custos em uma organização inserida num mercado

altamente competitivo, onde o grande diferencial de um produto é a sua qualidade.

A qualidade no meio organizacional, significa hoje muito mais que no passado, por

conseqüência, principalmente, da evolução do seu conceito. Ela, que antes objetivava apenas

a produção de um bem ou serviço livre de falhas, passou a orientar-se para o consumidor do

produto, passando a ser imprescindível conhecer e, de certa forma, prever as suas

necessidades.

A maior prova de que seguir o moderno conceito de qualidade, produzindo com

racionalidade bens e serviços adequados ao uso de seus clientes funciona, foi dada pelos

japoneses, após a Segunda Guerra Mundial, quando conseguiram introduzir seus produtos de

alta qualidade no ocidente com preços competitivos, fruto de uma produção orientada pelos

princípios de TQC, o que veio a contribuir na construção de um mercado globalizado.

No entanto, produzir com qualidade significa incorrer em custos específicos ao longo

de todo ciclo de vida do produto. É preciso tornar o produto adequado ao uso antes de

produzi-lo (custos do projeto), prevenir as falhas (custos de prevenção) e certificar-se de que o

produto está livre delas (custos de avaliação) e, se necessário, corrigi-las, antes ou depois do

produto estar nas mãos do cliente (custos das falhas internas ou externas).

Daí surge a importância da informação classificada dos custos da qualidade. Embora

acredite-se que a qualidade agregue valor ao produto e que, portanto, pode ser considerada um

investimento, isso somente será verdadeiro quando os recursos para produção da qualidade

forem aplicados no projeto e na prevenção de falhas. O conserto da falha é sempre mais

oneroso, seja qual for o ambiente onde a falha é detectada, principalmente quando pelo cliente

pois, nesse caso, além dos custos de correção do produto, a imagem da organização poderá ser

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prejudicada em proporções impossíveis de serem mensuradas objetivamente.

A mensuração dos custos da qualidade pode auxiliar a empresa na busca pelos

benefícios da qualidade, ajudando os dirigentes de uma organização a enxergarem onde estão

concentrados os problemas do sistema da qualidade ou a visualizarem as contribuições

trazidas pelo sistema implantado. Isso tudo, numa linguagem familiar aos dirigentes, a

linguagem do dinheiro. Muitos deles não serão convencidos de que o investimento em

qualidade trará benefícios à sua empresa até que lhes seja provado que a falta de qualidade na

sua produção está lhes custando caro.

A Contabilidade de Custos que, na atualidade, transformou-se em um centro

processador de informações monetárias, e muitas vezes não-monetárias, passou a ocupar um

lugar de destaque no fornecimento de informações para tomada de decisões, além de

continuar suprindo a Contabilidade Financeira com informações para alimentar suas contas de

estoque ou de resultado.

Com o alargamento de suas funções gerenciais, a Contabilidade de Custos começa a

se deparar com desafios que vão além da definição de critérios de rateio para distribuição dos

custos indiretos aos produtos, ela passou a ter a necessidade de adaptar-se às novas técnicas

de gestão do negócio. Deve ser capaz de moldar o sistema de custeio com vistas a fornecer ao

usuário da informação gerencial contábil (cliente) o que ele necessita, ou seja, uma

informação de qualidade. Um desses desafios, é a mensuração dos custos da qualidade, seja

de forma objetiva ou por estimativas.

No entanto, estimativas são válidas, até certo ponto, para fins gerenciais, não para dar

sustentação para registros oficiais, destinados aos usuários externos. Estimativas não se

prestam à impressionar dirigentes que só acreditam em números publicados. Para tanto, a

diferenciação, no que se refere a custos da qualidade, entre custos objetivos e estimados pode

ser feita. Números que são fruto de uma medição objetiva, com método e, se possível,

sustentada documentalmente, são aptos a serem utilizados pela Contabilidade Financeira e,

consequentemente, comporem números de custo evidenciados em demonstrações contábeis

destinadas à usuários externos, embora isso não possa ocorrer com boa parte dos custos da

falha externa, já que o fator subjetivo está presente em boa parte da mensuração deles.

Apesar de todos os benefícios da mensuração dos custos da qualidade, ela têm

obstáculos e limitações, dentre as quais, o seu custo benefício. É sabido que, embora sejam

imprescindíveis, a informação precisa dentro de uma organização custa caro e, no caso dos

custos da qualidade, não é diferente.

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Com tudo, acredita-se que tenham sido alcançados os objetivos propostos para esta

monografia, haja vista que no Capítulo 2 foi apresentada evolução do conceito de qualidade e

de controle da qualidade, foi evidenciado o papel da qualidade na construção do mundo

globalizado, foi conceituado qualidade e tecido os comentários sobre sistemas de gestão da

qualidade e normas internacionais de qualidade; no Capítulo 3, foi definido o significado do

termo ‘custo’, foi evidenciada a sua relação com a Contabilidade, esta foi caracterizada como

o principal canal informativo em uma empresa, foi apresentada as suas segmentações, foram

apresentados os objetivos e funções da Contabilidade de Custos em uma organização, e, no

Capítulo 4, foi conceituado custos da qualidade, foi apresentado os benefícios e limitações de

sua mensuração, e, por fim, foi proposta uma classificação para os custos da qualidade.

No entanto, existe a consciência de que o tema não está esgotado, pelo contrário, o

tema custos da qualidade tem mais por ser explorado. Neste trabalho, não foram abordadas

questões específicas. O que se tentou fazer foi algo genérico que pudesse ser visualizado em

qualquer empresa fabril ou de prestação de serviços. Portanto, abre-se margem para que em

outros trabalhos o tema possa ser explorado de forma específica, através de estudos de caso

que venham, por exemplo, propor adaptações em sistemas de custeio já implantados para

passem a medir custos da qualidade ou criar sistemas de custeio específicos para esse fim,

com o objetivo de beneficiar empresas ou ramos de atividade.

Além disso, outras pesquisas bibliográficas poderiam explorar as formas de

evidenciação dos custos da qualidade ou utilizá-los para criar indicadores de desempenho que

possibilite fazer avaliações do sistema da qualidade e fazer comparações entre departamentos,

unidades ou, até mesmo, entre empresas.

Enfim, o esperado é que este trabalho desperte o interesse pelo aprofundamento do

assunto e sirva de base para criação de sistemas de custeio, ou adaptação de outros já

existentes, que sejam capazes de medir, registrar e informar dados sobre custos da qualidade

nas empresas, contribuindo para evolução da Contabilidade e para a qualidade da informação

contábil destinada à tomada de decisões.

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REFERÊNCIAS

ALVES, Rubem. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 5 ed. São Paulo: Loyola, 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS; CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE INDÚSTRIA (Brasil); SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS PEQUENAS EMPRESAS. Manual ISO 9000 para micro e pequenas empresas. Rio de Janeiro: ABNT, 1997.

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