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1 A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E AMBIENTAL DO SEGMENTO CATADORES SUCATEIROS NA PROPOSTA DE RECICLAGEM DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU) Área temática: Gestão Ambiental & Sustentabilidade Antonio Barros [email protected] Resumo: A geração de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) tem superado a taxa de crescimento populacional (ABRELPE, 2012) ameaçando ar, solo e água. Estima-se que, ao menos, 30% do RSU sejam recicláveis. Castro e Neves (2012) observam que apesar de a Coleta Seletiva (CS) estar presente em 60% dos municípios brasileiros, sua abrangência, não raro, limita-se aos bairros centrais. Paradoxalmente, enquanto é baixa a recuperação pela coleta seletiva, são altas as margens de reciclagem, como demonstram a ABRELPE (2012) e CEMPRE (2012).Isto mostra a existência de um caminho de recuperação de recicláveis que não passa pelo sistema de limpeza urbana e que precisa ser convenientemente estudado. O procedimento metodológico adotado na pesquisa é o estudo de caso, sendo a abordagem qualiquantitativa. Fez-se uma pesquisa piloto em Campo e entrevistas com questões semiestruturadas junto a comerciantes de materiais recicláveis. Contrapostos os resultados encontrados, ver-se que o setor privado recupera 20 vezes mais materiais recicláveis que o programa de Coleta Seletiva da Prefeitura de Campos dos Goytacazes, através da concessionária de limpeza urbana. Conclui-se que é interessante rever a concepção do serviço de coleta seletiva e criar estímulos à organização e sustentação do segmento catador/comerciante de recicláveis, cujo desempenho na recuperação é superior Palavras-chaves: ISSN 1984-9354

A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E AMBIENTAL DO SEGMENTO … · Resumo: A geração de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) tem superado a taxa de crescimento populacional (ABRELPE, 2012) ameaçando

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A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E AMBIENTAL DO

SEGMENTO CATADORES SUCATEIROS NA PROPOSTA DE RECICLAGEM DOS RESÍDUOS

SÓLIDOS URBANOS (RSU)

Área temática: Gestão Ambiental & Sustentabilidade

Antonio Barros

[email protected]

Resumo: A geração de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) tem superado a taxa de crescimento populacional

(ABRELPE, 2012) ameaçando ar, solo e água. Estima-se que, ao menos, 30% do RSU sejam recicláveis.

Castro e Neves (2012) observam que apesar de a Coleta Seletiva (CS) estar presente em 60% dos municípios

brasileiros, sua abrangência, não raro, limita-se aos bairros centrais. Paradoxalmente, enquanto é baixa a

recuperação pela coleta seletiva, são altas as margens de reciclagem, como demonstram a ABRELPE (2012)

e CEMPRE (2012).Isto mostra a existência de um caminho de recuperação de recicláveis que não passa pelo

sistema de limpeza urbana e que precisa ser convenientemente estudado. O procedimento metodológico

adotado na pesquisa é o estudo de caso, sendo a abordagem qualiquantitativa. Fez-se uma pesquisa piloto em

Campo e entrevistas com questões semiestruturadas junto a comerciantes de materiais recicláveis.

Contrapostos os resultados encontrados, ver-se que o setor privado recupera 20 vezes mais materiais

recicláveis que o programa de Coleta Seletiva da Prefeitura de Campos dos Goytacazes, através da

concessionária de limpeza urbana. Conclui-se que é interessante rever a concepção do serviço de coleta

seletiva e criar estímulos à organização e sustentação do segmento catador/comerciante de recicláveis, cujo

desempenho na recuperação é superior

Palavras-chaves:

ISSN 1984-9354

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1. INTRODUÇÃO

O fenômeno da urbanização trouxe para a gestão dos serviços grandes desafios. No caso da

limpeza urbana, a coleta e o destino a ser dado aos Resíduos Sólidos Domésticos (RDO),

presentes nos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) demandam expressivos recursos financeiros e

participação da população. De acordo com Castro e Neves (2012), a destinação inadequada do

RSU gera problemas sociais e de saúde afetando, no plano ambiental, o solo e os mananciais

de água.

A coleta seletiva de resíduos recicláveis é apontada como boa alternativa econômica e

ambiental. No Brasil, a compostagem é muito pouco utilizada na área de resíduos e a coleta

seletiva de materiais recicláveis não é ainda significativa e enfrenta grandes desafios para sua

disseminação. No entanto, os índices de reciclagem do país colocam-se entre os melhores do

mundo, sendo que as latinhas de alumínio são recicladas no Brasil com índice muito próximo

dos 100% (ABRELPE, 2012).

A reciclagem dessa embalagem é recente no país, como nota Layrargues (2004): “Em

1991, inicia-se no Brasil, a reciclagem da lata de alumínio, de modo sistematizado, com a

criação do Programa Permanente para Reciclagem da Lata de Alumínio pela Reynolds

Latasa”.

No caso do papel/papelão, o desempenho na reciclagem no Brasil tem sido crescente

também. De acordo com a Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA, 2014) a

taxa de recuperação de papéis recicláveis era em 1990 de 36,1%; em 2012 foi de 45,7% e, em

2005, 46,9%. No caso do plástico, as embalagens de PET detêm os melhores resultados na

reciclagem saltando de 16,2% em 1997 para o 58,9% em 2012 (ABIPET, 2014). São

significativos também, os recursos financeiros empregados na limpeza urbana no Brasil

chegando em 2012 a R$ 23 bilhões (ABRELPE, 2012).

Naquele ano foram gerados no país 62.730.096 toneladas de RSU sendo que 42%

tiveram destinação final inadequada (ABRELPE, 2012), como mostra o gráfico a seguir.

Considerando-se o potencial reciclável do RSU brasileiro, estimado em 30%, deduz-se que

potencialmente, cerca de 19 milhões de toneladas poderiam ser recuperados e destinados à

reciclagem.

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FIGURA 01 - Quantidade de RSU gerado no Brasil em 2011 e seu destino final. Fonte: ABRELPE, 2012.

A coleta seletiva estava presente em 2012 em 60% dos municípios, mas sua extensão é

problemática, vez que “muitas vezes estas atividades resumem-se à disponibilização de

pontos de entrega voluntária ou convênios com cooperativas de catadores, que não abrangem

a totalidade do território ou da população do município” (ABRELPE, 2012). Apesar de o

número de cidades com o serviço estar aumentado, tendo sido registrado sua extensão a cerca

de 22 milhões de brasileiros em 2010, naquele ano a coleta, no entanto, não cobria, na maioria

dos casos, mais que 10% da população local (CEMPRE, 2010).

O Fundo Mundial para a Vida Selvagem e Natureza (WWF, 2014) afirma, como

resultado de pesquisa, que 85% da população brasileira que não conta com o serviço de coleta

seletiva mostra disposição para separar resíduos sólidos domésticos recicláveis. O custo da

coleta seletiva é ainda elevado. Em seu levantamento anual, o Compromisso Empresarial para

a Reciclagem (CEMPRE) constatou que em 2012, a coleta regular custou aos municípios

pesquisados em média R$ 95,00 contra R$ 424,00 da coleta seletiva (CEMPRE, 2012).

Por essas razões, e ainda considerando haver pouca informação sobre a qualidade do

serviço praticado, presume-se que tanto no montante destinado inadequadamente a lixões e

aterros controlados, quanto aos sanitários, há expressiva quantidade de RSU reciclável ou

compostável. O universo de desperdício possivelmente não é mais amplo dado o circuito

formal/informal representado por catadores/comerciantes.

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2 Formulação da situação problema

A questão que o presente artigo busca evidenciar é que há no país um paradoxo em relação às

soluções para a limpeza urbana: a recuperação de materiais recicláveis através da coleta seletiva

recomendada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) - Lei 12.305/2010 - é precária,

enquanto são bons os índices de reciclagem no país. Isto mostra a existência de um caminho de

recuperação de recicláveis que não passa pelo sistema de limpeza urbana e que precisa ser

convenientemente estudado.

2.1 Objetivo

Tendo Campos dos Goytacazes como estudo de caso, mostrar a extensão e importância do

comércio privado de RSU reciclável no território municipal, seu potencial ambiental e econômico

confrontando seu desempenho ao do programa de coleta seletiva municipal.

3 Método

O método de investigação adotado foi o estudo de caso tendo-se o município de Campos dos

Goytacazes, no Norte Fluminense, como referência micro regional para um comportamento que

acredita-se ser macro regional, ou seja, os municípios apresentam uma escala reduzida da maneira

como o sistema está a funcionar nacionalmente. Neste estudo de caso, trabalhou-se com as pesquisas

bibliográfica e exploratória. Para Yin (2010), o estudo de caso não é um método de pesquisa

necessariamente identificado com estudos qualitativos, podendo flexibilizar seu campo de

considerações incluindo formas qualiquantitativas. Minayo (1993) pondera que “o conjunto de dados

quantitativos e qualitativos, porém, não se opõem. Ao contrário, se complementam pois a realidade

abrangida por eles interage dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia”. Em relação aos objetivos

propostos e tratamento de dados, seguiu-se uma abordagem qualiquantitativa em que o tratamento dos

dados é descritivo e estatístico, com representações gráficas.

Ainda na fase da pesquisa bibliográfica viu-se necessidade de um momento prévio com

pesquisa exploratória dada a carência de informações sobre o circuito produtivo representado por

catadores de materiais recicláveis e os comerciantes do setor. Assim, optou-se pela pesquisa piloto e

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um pré-teste vistos por Lakatos e Marconi (2008) como oportunidades de “testar o instrumento de

coleta de dados” e ainda “verificar a adequação do tipo de amostragem escolhido

Por esse motivo foi realizada uma abordagem a munícipes residentes nos distritos de Campos

dos Goytacazes, a catadores individuais de resíduos sólidos recicláveis e a comerciantes de materiais

recicláveis com atuação em bairros centrais e semiperiféricos do município, a fim de constituir um

breve diagnóstico inicial para ajudar a definir elementos metodológicos.

Como o resultado desta abordagem indicou uma hierarquização do segmento produtivo com

especialização por materiais e que o setor é dominado por três comerciantes maiores, optou-se pela

realização de entrevistas com estes comerciantes com aplicação de questionário aberto e questões

semiestruturadas (Apêndice).

Na pesquisa teste foram visitados quatro pontos comerciais e, de forma complementar,

abordados catadores de rua que atuam nos bairros do Centro e Jardim Carioca, respectivamente nas

margens direita e esquerda do Rio Paraíba do Sul. Nessa etapa de observação e interação inicial

procurou-se saber quantos seriam os sucateiros, se atuariam em todo o território municipal, quais

seriam as conexões estabelecidas em seu comércio, dentro e fora do município.

Esse levantamento inicial contribuiu posteriormente para a elaboração de questionário utilizado

na abordagem aos três comerciantes líderes do segmento. Composto de 15 perguntas, o questionário

visou estabelecer os seguintes pontos: histórico, perfil do negócio, quantitativos adquiridos e

revendidos, parceiros e extensão geográfica do segmento.

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4 Resultados

Campos dos Goytacazes é o maior município fluminense em extensão territorial e quinta maior

população do estado. Atualmente possui um satisfatório sistema de limpeza urbana que conta com

aterro sanitário, unidade de tratamento dos resíduos hospitalares, unidade de triagem e compostagem,

coleta regular em praticamente todo o seu território e, de forma complementar, um serviço de coleta

seletiva (JUNIOR, SILVA, 2013).

Este último serviço, no entanto, enfrenta o desafio de estender-se a um universo maior de

localidades. Em 2013 estava implantada em 28 bairros da área central do município, mas sem alcançar

sequer a semi-periferia. Barros (2013) ressalta que, no entanto, pode-se observar pelo território

municipal um expressivo comércio de materiais recicláveis.

O comércio e beneficiamento, embora antigos no Brasil, ganham maior evidência a partir da

década de 1990. Esse histórico confirma-se também em Campos dos Goytacazes, onde comerciantes

com maior tempo de atuação no segmento relatam terem iniciado suas atividades por essa época. É

quando a coleta seletiva tem também seu marco inicial.

O circuito produtivo dos resíduos sólidos urbanos recicláveis está presente em quase todo

território brasileiro, integrando atores como catadores informais e cooperativados, comerciantes e

recicladores (JOIA, SILVA, SILVA, 2010). É uma atividade de grande importância ambiental e

econômica: “o processo de reciclagem do lixo, além de diminuir parte do destino final dos resíduos no

meio ambiente, pode gerar novos postos de trabalho para mão-de-obra com baixa qualificação e gerar

lucro” (CORTEZ, LEITE, 2001).

Exemplo atual da importância do segmento é o plano para ampliar os índices de recuperação de

recicláveis integrando iniciativa privada e prefeituras apresentado ao governo federal por uma coalizão

de 22 empresas da indústria e varejo. De acordo com reportagem (VALOR, 2014), “o mercado de

coleta e triagem de resíduos urbanos para retorno à indústria como matéria-prima poderá atingir R$ 3,3

bilhões em 2014”. Os investimentos visam aumentar a reciclagem em 20% no Brasil.

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4.1 A limpeza urbana no município

Os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2013) sobre a limpeza

urbana no município de Campos dos Goytacazes indicam um conjunto satisfatório de serviços. Para

uma população total de 468.087 habitantes, sendo a urbana formada por 422.658 habitantes, a

população atendida pela coleta residencial regular foi de 457.889 habitantes, o que parece conferir ao

caso local, a tendência nacional de universalização do serviço cuja abrangência é apontada pela

ABRELPE (2012) em 90,17%.

De acordo com Junior e Silva (2013) o município tem procurado ajustar-se aos parâmetros

nacionais de melhora nos serviços da limpeza urbana tendo criado leis que corroboram para esse

princípio, como a Lei da Coleta Seletiva (8.202/2011) e a da Política Municipal dos Resíduos Sólidos

(8.232/2011). A Lei da Coleta Seletiva prevê a obrigatoriedade dessa prática em condomínios

residenciais, shopping centers e órgãos da administração direta e indireta no município, de acordo com

o número mínimo de unidades.

A lei da Política Municipal de Resíduos Sólidos corrobora com a PNRS ao responsabilizar

pessoas jurídicas e físicas, de direito público ou privado, pela geração direta ou indireta de resíduos e

rejeitos e ainda as que desenvolvam qualquer ação ligada a qualquer etapa do gerenciamento de

resíduos e rejeitos (CAMPOS DOS GOYTACAZES, 2011).

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4.2 Dimensionamento e presença da coleta seletiva no território

Os bairros abrangidos pela coleta seletiva são situados no entorno do subdistrito sede e do

subdistrito de Guarus, respectivamente nas margens direita e esquerda do Rio Paraíba do Sul.

Ressalva-se que o universo de adesão dos munícipes ao serviço de coleta seletiva não foi informado. O

segmento catador/comerciante, objeto do estudo, é tomado como um sistema paralelo.

FIGURA 02 – Presença da Coleta Seletiva e do Comércio de Materiais Recicláveis nos 20 distritos de Campos dos

Goytacazes. Fonte: pesquisa de campo do autor. Adaptação de mapa do Plano Diretor do município.

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4.3 A capacidade recuperadora do município em números

O Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos (SNIS, 2013) foi a base de dados

utilizada para estimar a taxa de recuperação de recicláveis presentes no RSU de Campos. A fim de

comparar a capacidade recuperadora dos setores público e privado, no caso local, emprega-se o

cálculo do Índice de Recuperação de Recicláveis I031 = Taxa de recuperação de materiais recicláveis

em relação à quantidade total (RDO + RPU) coletada.

Os dados do SNIS (2013) indicam uma coleta de RSU municipal em 2012 de 130.000

toneladas e coleta seletiva com 960 toneladas, obtendo-se a seguinte proporção em porcentagem:

I031 = Taxa de recuperação de materiais recicláveis / Quantidade total (RDO + RPU) x 100%

I031 = 960 / 130.000 x 100%

I031 = 0,74%

Onde:

Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) total = 130 mil toneladas

Resíduos Sólidos Domésticos = 115 mil toneladas

Resíduos Públicos = 15 mil toneladas

Coleta Seletiva = 960 toneladas

RSU = RDO + RPU

Portanto, o índice de recuperação de resíduos recicláveis através do sistema municipal de

limpeza urbana em Campos dos Goytacazes seria de 0,74%, bastante abaixo do nacional estimado em

6% pelo SNIS (2012). O universo de recicláveis presentes no RSU brasileiro é estimado 30%. Os

cálculos em ambos os casos abrangem resíduos que o SNIS classifica como “materiais recicláveis

secos: papel, plástico, metal, vidro e outros recicláveis com exceção da matéria orgânica” (SNIS,

2012).

Ressalve-se que embora os dados da ABRELPE sejam mencionados como mais atualizados por

alguns autores, optou-se no trabalho por informações do SNIS visto que este apresenta quantitativos

detalhados sobre a limpeza urbana em Campos dos Goytacazes, além de apontar em seus diagnósticos

indicadores que permitem avaliar a capacidade recuperadora de recicláveis presentes no RSU dos

municípios, a recuperação per capta e outros.

A estrutura da coleta seletiva do município não sofreu alterações no período 2010/2011 sendo o

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serviço disponibilizado a residentes em 28 bairros da cidade, todos geograficamente situados no

subdistrito sede do município. Ainda assim, houve incremento de 260 toneladas de recicláveis (0,15%)

sugerindo alguma melhora no serviço.

4.4 Números da recuperação de recicláveis pelo setor privado

Para oferecer uma dimensão quantitativa em um paralelo da capacidade recuperadora de

recicláveis entre setor público e setor privado no município, emprega-se a seguir a fórmula do cálculo

do Índice de Recuperação da massa de recicláveis I031 do SNIS. Sendo RSU = 130 mil toneladas

recolhidas pela concessionário dos serviços (SNIS, 2013) e comercialização pelo setor privado em

19.200 toneladas/ano. Assim:

I031 = (Massa Reciclável Recuperada / RSU total) x 100%

I031 = 19.200 / 130.000 x 100%

I031 = 14,8%

O índice I031 resultante do cálculo com base nas informações dos comerciantes é 20 vezes

superior ao I031 da massa de resíduos recicláveis obtido com dados da coleta seletiva do município

informada ao SNIS (2013). Entende-se que o percentual de 14,8% evidencia a força recuperadora dos

recicláveis do setor privado. A tabela 01 a seguir projeta quantidades de recicláveis, por tipo,

trabalhados pelos setores público e privado em Campos dos Goytacazes. Os cálculos reproduzem

parcialmente o método empregado por Junior e Silva (2013) e trazem dados do SNIS (2013),

CEMPRE (2013), ABRELPE (2013) e os comerciantes 1, 2 e 3 entrevistados pelo autor.

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TABELA 01 - Quantitativos de recicláveis, por tipo, presentes na coleta seletiva e sistema catador/comerciante. Não foram

considerados nos cálculos os resíduos orgânicos (51,04%) e outros materiais (16,07%) presentes na gravimetria nacional.

Resíduos Composição

Gravimétrica

(%)

Projeção sobre RSU

municipal

(t/ano)

Coleta

seletiva

t/ano)

Catador

comerciante

(t/ano)

Material

reciclável

31,9% 41.470 960 19.200

Aço 2,3 2.990 22,08 441,60

Alumínio 0,6 780 5,76 115,2

Papel/Papelão 13,1 17.030 125,76 2.515,20

Plástico (total) 13,5 17.550 129,6 2.592,00

Vidro 2,4 3.120 23,04 460,80

Fonte: SNIS (2013), CEMPRE (2013), ABRELPE (2013); comerciantes.

Associando-se os quantitativos dos resíduos recicláveis apresentados na tabela 01, aos valores

do CEMPRE (2013) para os materiais recicláveis, mostrados na tabela 02, faz-se uma projeção de

ganhos financeiros do setor privado. Embora as prefeituras, em geral, não visem ganhos financeiros

com seus programas ou serviços de coleta seletiva, e sim contrapartida ambiental, apenas como

exercício comparativo, propõe-se um paralelo de modo, mais uma vez, a evidenciar a dinâmica do

setor privado em relação à recuperação de resíduos recicláveis presentes no RSU.

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TABELA 02 - Quantidades trabalhadas pela coleta seletiva e pelo setor privado multiplicadas pelo valor de referência do

CEMPRE (2013)

Resíduos R$/t (Cempre) Coleta Seletiva (R$) Catadores

Comerciantes (R$)

Aço (latas) 370,00

(370,00 x 22,08)

8.169,60

(370 x 441,60)

163.392,00

Alumínio 2.600,00

(2600,00 x 5,76)

14.976,00

2600,00 x 115,20)

299.520,00

Papel/Papelão 320,00

(320,00 x 125,76)

40.243,20

(320,00 x 2.515,20)

804.864,00

Plástico (total) 750,00

(750,00 x 129,6)

97.200,00

(750,00 x 2.592,00)

1.944.000,00

Vidro (incolor) 180,00

(180,00 x 23,04)

4.147,20

(180,00 x 460,80)

82.944,00

Total ______ 164.736,00 3.294.720,00

Fonte: IPEA (2012); JUNIOR, SILVA (2013)

Algumas considerações acerca dos dados da tabela acima: o sistema catador/comerciante

praticamente não trabalha, no caso local, com o vidro. O comerciante 1 movimenta algum quantitativo

desse material, visto recebê-lo da unidade de triagem do município e da coleta seletiva, em função de

uma parceria. Há no município um comerciante de pequeno porte que comercializa especificamente o

vidro. Porém não foi possível obter dados sobre sua empresa.

No caso do plástico, considerou-se a referência plástico total (que engloba os tipos duro, PET e

filme). O comerciante 3 tem no plástico seu diferencial, o que implica trabalhar com os diversos tipos

de material, como constatado nas visitas feitas a seu estabelecimento.

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No caso do papel e papelão optou-se por trabalhar com o valor da tonelada de papelão por dois

motivos: esse material foi mencionado na entrevista com o comerciante 2 como o de seu maior

interesse; nas abordagens a catadores notou-se o papelão como material abundante nas carrocinhas, em

detrimento de pouco ou nenhum papel.

Na simulação, o segmento privado movimentaria, com base nos dados trabalhados nas tabelas

01 e 02, um total de R$ 3.294.720,00 contra R$ 164.736,00 da coleta seletiva. Ou seja, a

movimentação financeira do segmento privado é 20 vezes superior ao projetado para a coleta seletiva

empreendida pela concessionária da limpeza urbana em Campos. O sistema

catadores/comerciantes/recicladores apresenta no município o fluxo representado a seguir:

FIGURA 03 - Conexões do sistema geração de resíduos/catadores/comerciantes/indústria recicladora a partir de Campos

dos Goytacazes. Fonte: JOIA, SILVA, SILVA, 2010 e pesquisa do autor

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5 Conclusões

Mesmo considerando as limitações dos dados disponíveis, conclui-se que é o segmento privado

o maior recuperador de resíduos sólidos recicláveis presentes no RSU de Campos. Os três maiores

comerciantes formam um circuito de captação de recicláveis que se estende por todo o município, e

mesmo por vizinhos, envolvendo pequenos comerciantes e catadores (e ainda porteiros, garçons, donas

de casa, entre outros) Este circuito, além de gerar recursos para o município através de impostos e

postos de trabalho, não traz ônus e desafoga o sistema de limpeza urbana.

Viu-se que o serviço de coleta seletiva oferecido aos munícipes apresenta baixos resultados e

sua expansão e aprimoramento acarretará ainda mais custos para a Prefeitura. Dados informados ao

SNIS revelam que o custo da limpeza urbana em Campos é desproporcional à receita, ou seja,

desembolso de cerca de R$ 68 milhões/ano para uma arrecadação via IPTU de aproximadamente R$

3,1 milhões.

Considerando apenas os quantitativos trabalhados por cada frente de recuperação de recicláveis

no município, a pública e a privada, vemos que em 2012, a coleta seletiva retirou do RSU de Campos

960 toneladas de materiais recicláveis enquanto o segmento catador/comerciante atendeu à indústria

recicladora com a entrega de 19.200 toneladas. O segmento privado da recuperação de recicláveis, pela

sua eficácia, deveria receber maior atenção, através de estímulos fiscais e de outras medidas.

O segmento catador/comerciante de materiais recicláveis precisa ser melhor estudado para que

sejam gerados dados que possibilitem um melhor direcionamento da coleta seletiva no país. Estudos

relativos às necessidades e capacidade da indústria nacional de reciclagem dariam também subsídios

para se avaliar as possibilidades e limitações deste comércio.

Tendo em vista o percentual de quase 50% de matéria orgânica no RSU brasileiro, sugere-se

que a coleta seletiva dê maior atenção a esse aspecto em detrimento dos materiais recicláveis

trabalhados com eficiência pelo segmento catador/comerciante. Igualmente relevante é ampliar ações

de educação ambiental, em especial em escolas, promovendo-se uma cultura de participação efetiva do

cidadão nos destinos dos resíduos que gera com seu consumo.

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