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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA UNIR NÚCLEO DE SÁUDE NUSAU DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - DEF LUCIANA FERREIRA DE OLIVEIRA A INFLUÊNCIA DA MOTIVACÃO NA EFICIÊNCIA TÉCNICA E NO COMPORTAMENTO EMOCIONAL DE ATLETAS DE TAEKWONDO DO SESC-RO. PORTO VELHO - RO JULHO/2007

a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

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Page 1: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR

NÚCLEO DE SÁUDE – NUSAU

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - DEF

LUCIANA FERREIRA DE OLIVEIRA

A INFLUÊNCIA DA MOTIVACÃO NA EFICIÊNCIA TÉCNICA E NO

COMPORTAMENTO EMOCIONAL DE ATLETAS DE TAEKWONDO DO

SESC-RO.

PORTO VELHO - RO

JULHO/2007

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LUCIANA FERREIRA DE OLIVEIRA

A INFLUÊNCIA DA MOTIVACÃO NA EFICIÊNCIA TÉCNICA E NO

COMPORTAMENTO EMOCIONAL DE ATLETAS DE TAEKWONDO DO

SESC-RO.

Monografia apresentada para a apreciação da

Universidade Federal de Rondônia, como

requisito avaliativo para obtenção do título de

Licenciatura Plena em Educação Física.

ORIENTADOR: PROF. MS. RAMÓN NÚNEZ CÁRDENAS

COORIENTADOR: PROF. ESP. ROBSON ALMEIDA DE OLIVEIRA

PORTO VELHO - RO

JULHO/2007

Page 3: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

LUCIANA FERREIRA DE OLIVEIRA

A INFLUÊNCIA DA MOTIVACÃO NA EFICIÊNCIA TÉCNICA E NO

COMPORTAMENTO EMOCIONAL DE ATLETAS DE TAEKWONDO DO

SESC-RO.

BANCA EXAMINADORA:

PROF. MS. RAMÓN NÚNEZ CÁRDENAS

PROF. Ms. RICARDO FARIA SANTOS CANTO

PROF. Esp. JOÃO BERNARDINO DE OLIVEIRA NETO

Page 4: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, José e Adélia, por me

incentivarem a sonhar.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus Pais, José Gonçalves de Oliveira e Adélia Moreira Ferreira, pelo o amor,

dedicação e dignidade com que me educaram, por todos os ensinamentos que me

proporcinaram com suas histórias de vida e por me inspirarem a acreditar e respeitar a

grandiosidade e benevolência da vida.

Ao meu Padrinho, Valter Custódio Jorge, e a sua esposa, Alda Palheta de Medeiros

(minha madrinha de coração), pela amizade, por acreditarem em minhas capacidades e

patrocinarem os meus estudos, o que foi de fundamental importância em minha formação.

As minhas irmãs, Eva Moreira Barbosa, Maria de Lurdes Moreira Barbosa e Joana

Darque Moreira Ferreira, e aos meus irmãos, Adão Moreira Barbosa, Liomar Moreira

Barbosa e Ednei Moreira Gonçalves, por me ensinarem sobre fraternidade.

Aos Amigos com que a vida me presenteou meu carinho, estarão sempre em minhas

alegres lembranças. A Sara Patrícia Machado e a Eloia Duarte, pelo apoio, torcida e amizade

incondicional. Às amizades sinceras que se fizeram ao longo do curso de graduação, em

especial a Elizangêla Matias, por me receber tão cedo em sua casa para me auxiliar neste

trabalho e por nossas tardes no quintal.

Aos Profissionais que conheci no SESC, durante o estágio, pela contribuição em

minha formação profissional. Ao Armando Trajano dos Santos, pela partilha de saberes.

Aos Professores que ao longo de minha vivência escolar me ensinaram que emoção é

conteúdo essencial na aprendizagem. Aos Professores do Curso de Educação Física, pela

contribuição em meu saber e na minha formação profissional. Ao meu orientador, Professor

Ramón Núnes Cardénaz, pelo incentivo na escolha do tema desta pesquisa.

Ao meu coorientador, Robson Almeida de Oliveira, pela orientação e auxílio nesta

pesquisa, e ainda pela gentileza e generosidade com que me apresenta um mundo de

possibilidades em nossas intermináveis conversas.

A todos que torcem por minhas conquitas.

E a magnitude da vida, gratidão!

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Classificação dos tipos de motivos ..................................................................... 38

Gráfico 2 - Motivos Direto Pessoal ...................................................................................... 40

Gráfico 3 - Motivos Direto Social ........................................................................................ 40

Gráfico 4 - Comparação dos motivos diretos e motivos indiretos.......................................... 41

Gráfico 5 - Analise do desempenho pelas fases do movimento técnico ................................. 43

Gráfico 6 - Média Percentual da Eficiência Técnica/Motivos ............................................... 44

Gráfico 7 - Comportamento Emocional x Motivos Diretos ................................................... 46

Gráfico 8 - Comportamento Emocional x Motivos Indiretos................................................. 46

Page 7: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Modelo de necessidade para o rendimento ........................................................... 21

Tabela 2 - Diferentes estados pré-competitivos e suas correspondentes características

psicofisiológicas em atletas .................................................................................................. 31

Tabela 3 - Correlação dos Motivos Diretos e Indiretos com a Eficiência Técnica ................. 42

Tabela 4 - Correlação do Comportamento Emocional com os Motivos Diretos e Indiretos ... 45

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Movimento analisado - bandal tchagui ................................................................. 36

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LISTA DE SIGLAS

COI - Comitê Olímpico Internacional

ISPS - Internacional of Sport Psichology / Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte.

ISSP - Internacional Society of Sport Psychology - Sociedade Internacional de Psicologia do

Esporte.

SESC- Serviço Social do Comércio

SOBRADE - Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte da Atividade Física e Recreação

SOSUPE - Sociedade Sul americana de Psicologia da Atividade Física e Recreação.

WTF - Word Taekwondo Federation – Confederação Mundial de Taekwondo

Page 10: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

SUMÁRIO

LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................................... 5

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... 6

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ 7

LISTA DE SIGLAS ............................................................................................................... 8

RESUMO ............................................................................................................................ 11

ABSTRACT ........................................................................................................................ 12

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13

2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 14

3. OBJETIVOS .................................................................................................................... 16

3.1. Objetivo Geral ........................................................................................................... 16

3.2. Objetivos específicos ................................................................................................. 16

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 17

4.1 - Teorias sobre motivação no esporte .......................................................................... 17

a) Teoria de Motivação para o Rendimento de Heckhausen.................................... 18

b) Teoria de Necessidade para o Rendimento (Need Achievement Theory) ............ 20 c) Teoria de Atribuição (Attribution Theory) ......................................................... 22

d) Teoria das Metas para o Rendimento (Achievement Goal Theory) ..................... 22 e) Teoria da Motivação para a Competência (Competence Motivational Theory) ... 22

4.2 - Classificações de Motivos no Esporte....................................................................... 23

a) Motivos Pessoais ............................................................................................... 23 b) Motivos Sociais ................................................................................................. 23

c) Motivos Diretos ................................................................................................. 23 d) Motivos Indiretos ............................................................................................... 23

4.3 - Medidas e técnicas de motivação no esporte ............................................................. 24

a) Técnicas Básicas de Motivação .......................................................................... 24 b) Medidas de Ativação Básica .............................................................................. 25

c) Técnica de Relativação ...................................................................................... 25 4.4 - Medidas de Automatização ...................................................................................... 26

a) Técnicas Cognitivas ........................................................................................... 26 b) Técnica de Auto-afirmação ................................................................................ 26

c) Técnicas Motoras ............................................................................................... 27 d) Técnicas Emocionais ......................................................................................... 27

4.5 - Emoções no Esporte ................................................................................................. 28

a) Emoção na Fase Pré-competitiva ....................................................................... 30 b) Emoções Durantes as Competições .................................................................... 32

c) Emoções Negativas ............................................................................................ 32 d) Emoções Após a Competição ............................................................................. 33

4.6 - Taekwondo – Esporte escolhido para pesquisa ......................................................... 34

5. METODOLOGIA ............................................................................................................ 37

Page 11: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS........................................................................ 38

6.1 - Classificação dos Tipos de Motivos apresentados pelos atletas para a prática do

Taekwondo. ..................................................................................................................... 38

6.2. Análise da Eficiência Técnica em Relação aos Motivos Apresentados pelos Atletas. . 42

6.3. Análise do Comportamento Emocional em Competições em Relação aos Motivos

Apresentados.................................................................................................................... 44

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 51

ANEXO ............................................................................................................................... 52

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RESUMO

A motivação é um componente de grande relevância dentro do Sistema de

Regulação Psicológica das Ações Motrizes, muitos autores (Samulski, 2002, Cárdenas, 2006,

Puni, 1974, Singer,1977), afirmam que isso se deve ao fato da mesma ser ativadora de

processos de aprendizagem dos movimentos esportivos. Essa pesquisa tem por objetivo,

conhecer a influência da motivação na eficiência técnica e no comportamento emocional dos

atletas de taekwondo do SESC-RO, da unidade de Porto Velho. Para isso, investigaram-se os

tipos de motivações apresentadas para a prática de taekwondo, a eficiência técnica do

movimento e o comportamento emocional dos atletas. Foi realizada uma pesquisa de campo,

com abordagem quantitativa, de cunho qualitativo, que utilizou questionários abertos: o Teste

dos Dez Desejos, para identificar os tipos de motivos, o Teste de Comportamento Emocional

em Competições, para verificar como se comportam os atletas em competições e o Teste de

Representação Motora, para conhecer a eficiência técnica dos atletas. Analisou-se a população

de atletas da escolinha de taekwondo do SESC-RO, entre homens e mulheres, iniciantes e

veteranos na modalidade. Em relação aos resultados, conclui-se que a intervenção de um

planejamento de treinamento psicológico em função da motivação, da eficiência técnica e do

comportamento emocional dos atletas, poderia apresentar grande significância no

aprimoramento do rendimento esportivo dos atletas analisados.

Unitermos: Atletas; Eficiência Técnica; Emoções; Motivação.

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ABSTRACT

The Motivation is a very important component inside the Psychological

Regulation of Actions Driving System, many authors (Samulski, 2002, Cárdenas, 2006, Puni,

1974, Singer, 1977), claim that this is due to fact that it is the activator of learning process of

sports movements. This research aims, to know the influence of motivation in technical

efficiency and emotional behavior of taekwondo athletes SESC-RO, unit of Porto Velho. For

this, we investigated the kinds of motivations submitted for the practice of taekwondo, the

technical efficiency of the movement and the emotional behavior of athletes. A field survey

was performed with quantitative approach, of imprint qualitative, which used open

questionnaires: the Test of Ten Desires, to identify the types of reasons, the Test of Emotional

Behavior in competitions to see how they behave athletes in competitions and the Test of

Motor representation, to know the technical efficiency of athletes. We analyzed the population

of the school for taekwondo athletes SESC-RO, between men and women, beginners and

veterans in the sport. In relation to results, it was concluded that the intervention of a

planning training in psychological function of motivation, technical efficiency and the

emotional behavior of athletes, could present major significance in improving the sports

performance of athletes analyzed.

Uniterms – Key words: athletes; Technical Efficiency; motivations; reasons

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1. INTRODUÇÃO

O conceituado Doutor em psicologia do esporte pela Universidade de Colonia

(Alemanha) consultor das equipes brasileiras nas competições paraolímpicas de Sidney e

Athenas, Dietmar Martin Samulski afirma que a motivação será sempre de dentro para fora,

porém os fatores internos serão subsidiados pelos fatores externos, porque mesmo sendo um

sentimento intrínseco, relaciona-se com fatores ambientais, dependendo diretamente dessa

inter-relação entre os agentes internos (motivos, desejos, metas e interesses), e os externos

(ambiente social, temperatura, condições fisiológicas e emocionais) para sua existência.

Desta forma e partindo do tema motivação, o presente trabalho tem como um de

seus objetivos fornecerem informações adicionais para os profissionais de Educação Física

que trabalham diretamente com atletas de rendimento ou na iniciação, no tocante a motivação

desses alunos/atletas em seus planejamentos. Pretendemos refletir a ação da motivação e,

necessariamente, compreender os resultados aferidos na pesquisa, para a partir daí, propor

intervenções, não só pontuais na melhora do rendimento e motivação dos indivíduos

envolvidos, mas também na visão macro da abrangência que o tema, motivação, possui nessa

formação.

Para isso, três perguntas nortearão este Trabalho de Conclusão de Curso: Quais

são os motivos que levam os atletas a praticar a modalidade? Como se relaciona os motivos

em função da eficiência técnica do atleta nesse esporte? Qual o comportamento emocional

apresentado pelos atletas nas competições em relação aos seus motivos?

Page 15: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

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2. JUSTIFICATIVA

A presente pesquisa se justifica na imperiosa necessidade de se estudar e

compreender os mecanismos que levam atletas a se motivarem para ações específicas de suas

modalidades, ou seja, o que os transforma para a ação do treino e todas as nuances que lhes

movimentam para essas finalidades, assim, sabedores que somos que o homem é um ser que

necessita mover suas ações dando sentido ao que se faz, por meio de um impulso energético

que cada indivíduo possui para agir em direção a um objetivo, seja em suas necessidades mais

primitivas relacionadas à sobrevivência (alimentar-se, mover-se, conviver em grupo, lutar,

dançar...), bem como as mais sutis, como as que se referem às suas escolhas pessoais como,

por exemplo: o interesse por determinados assuntos ou áreas, desejo por uma profissão,

familia, torcer por um determinado time e não outro, escolher praticar um esporte, manter-se

nele, ao até mesmo desistir de praticá-lo.

O homem é capaz de grandes feitos quando motivado. Coisas extraordinárias

podem ser realizadas, como por exemplo: as pesquisas e descobertas, que foram frutos de

pesquisadores motivados e determinados, a viajem do homem a lua, as conquistas genéticas,

as canções e poesias mais belas, os grandes escritores de livros que compuseram e ainda

compõem a formação de milhares de pessoas ao redor do mundo, os atletas campeões

olímpicos e até mesmo os atletas que nunca chegaram a uma competição, mas que foram

motivados por fatores de saúde, familiares ou por puro prazer.

São muitos os estudos realizados sobre motivação, por este ser considerado um

fator de grande relevância não só no âmbito esportivo como também em todas as ações

humanas. Bergamini (1984, p. 36) refere-se ao assunto, afirmando que “numa larga acepção,

o termo motivação denota os fatores e processos que levam as pessoas a uma ação ou inércia

em diversas situações”. “Fazendo-se, então, uma boa questão para investigação”.

Samulski (2002, p. 104), conceituado estudioso na temática, caracteriza a

motivação como “um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende de

fatores pessoais (intrínseco) e ambientais (extrínsecos)”. Afirma também, que neste modelo

de motivação, haverá uma determinante de direção do comportamento (que remete a

intenções, metas e interesses) e uma determinante energética.

A relação entre os fatores internos e externos, assim como a motivação

propriamente dita, apresenta-se de maneira subjetiva, pois cada pessoa é um indivíduo com

Page 16: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

15

experiências de vida, comportamento, desejos, expectativas, metas, necessidades, em fim, um

conjunto de características que compõem personalidades distintas, por conseguinte, a

motivação dar-se-á, diferentemente de pessoa para pessoa, de acordo com a personalidade de

cada sujeito, que será influenciada por fatores variados, a partir de seus interesses,

concepções, meio social, estado emocional, ou seja, uma série de condições únicas, tanto

internas como ambientais.

A motivação por interferência de fatores pessoais e situacionais, facilmente

mutáveis, poderá sofrer alterações. A motivação corresponde à influência direta dos fatores

intrínsecos e extrínsecos do sujeito, por tanto se esses fatores sofrerem alguma mudança como

conseqüência, poderá mudar também a motivação do indivíduo. Como Samulski (2002), diz,

as pessoas ao passar do tempo, dependendo das necessidades e oportunidades, podem alterar a

importância que têm sobre os fatores pessoais e situacionais. E essa alteração de valores,

poderá afetar a intensidade da motivação que possuem.

Cratty (1984, p. 37) sobre este aspecto, menciona que no esporte a opção de um

esportista por uma modalidade, também dependerá de sua experiência e expectativa de vida

quando afirma que “os motivos para se desempenhar um determinado esporte são formados,

muitas vezes, pela combinação de acontecimentos passados e próximos, ambos atuando sobre

a consciência do atleta”. Esse sentimento é variável, complexo e subjetivo, o que torna difícil

uma mensuração precisa, quanto a sua intensidade e variação.

O estudo da motivação para a prática esportiva é um tema de importância

fundamental, principalmente na iniciação esportiva, pois as atividades planejadas pelo

professor/treinador são de singular relevância, proporciondo subsídios (intrínsicos e/ou

extrínsicos) no incentivo motivacional ao aluno/atleta. Da mesma forma quando revertemos

este planejamento para atletas de alto rendimento, os resultados tentem a êxito positivo no

alcance das metas planejadas, mantendo o atleta contantemente motivado para a prática

esportiva. Por tal motivo considera-se que o tema escolhido para esta monografia é de grande

relevância para toda população que se encaminha para a prática do esporte, principalmente de

competição.

Page 17: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

16

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Estudar a motivação, componente de relevância nos Sistema de Regulação

Psicológica das Ações Motrizes, e sua influência na eficiência técnica e no comportamento

emocional de atletas de taekwondo.

3.2. Objetivos específicos

Identificar os tipos de motivos que apresentam os atletas para a prática do

taekwondo;

Analisar a relação dos motivos com a eficiência na realização técnica dos

movimentos neste esporte;

Analisar o comportamento emocional dos atletas durante as competições

considerando a classificação dos motivos

Page 18: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

17

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Motivação será conceituada nesse trabalho, segundo as definições dos autores

mencionados (Cratty, 1984; Bergamini, 1999; Samulski, 2002), como um sentimento interno,

pessoal e intransferível, que interage com fatores externos, para a escolha e execução de uma

atividade, podendo variar, de acordo com determinantes pessoais e ambientais, sua

intensidade, sendo também complexa e subjetiva.

Este fator psicológico, de grande relevância no Sistema de Regulação Psicológica

das Ações Motrizes, é trabalhado por meio de teorias e técnica de treinamento psicológico. Os

subsídios teóricos utilizados na preparação psicológica de esportistas serão apresentados a

baixo. A motivação é considerada por muitos autores (Cárdenas, 2006; Samulski, 2002;

Puni,1974; etc.) como o componente psicológico mais importante dentro do Sistema de

Regulação Psicológica das ações Motrizes, devido o mesmo ser o ativador dos componentes

indutores (necessidades, aspirações e ideais) e orientadores (concentração, memória, atenção,

pensamento, linguagem, percepção especializada e sensações proprioceptivas), os quais são

fundamentais no processo de aprendizagem de movimentos esportivos.

Por tanto dividimos o presente capítulo em três tópicos especifícos, que tratam

respectivamente: a) Teorias sobre a motivação no esporte; b) Classificação de Motivos no

Esporte e c) Medidas e Técnicas de Motivação.

4.1 - Teorias sobre motivação no esporte

A Psicologia do Esporte trabalha, segundo Samulski apud Cárdenas (2006), com

análise de processos básicos e com a realização de práticas do diagnóstico e da intervenção.

Por tanto, serão aqui apresentadas às teorias que são utilizadas como base, na preparação

psicológica da motivação de atletas, na pespectiva de conquistar um melhor rendimento, de

acordo com os princípios de análise e diagnóstico, como também da intervenção no

treinamento psicológico de atletas.

Para começar, é interessante tomar conhecimento de duas tendências de

rendimento, que são consideradas por diversos autores em suas teorias. E serão referenciadas

neste capítulo.

Page 19: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

18

Considerando essas tendências temos Puni apud Cárdenas (2006), que preconiza

que toda pessoa possui duas tendências para o rendimento, a de buscar o êxito a de evitar o

fracasso. E dessa forma são atribuídas características aos atletas segundo essas tendências:

Atleta motivado pelo êxito:

Planificam e trabalham durante um longo período de tempo;

Não necessitam de estímulos permanentes;

Têm um nível de aspirações realistas e otimistas;

Atleta motivado a evitar o fracasso:

Têm medo e são pessimistas na obtenção de seus objetivos;

Necessitam de estímulos permanentes;

Possuem um nível de aspirações pouco realistas.

Heckhausen apud Samulski (2002) também utiliza essas duas tendências como

referência para o rendimento, distinguindo-as como tendência de procurar o êxito e de evitar o

fracasso. Diferenciando os atletas conforme as características de dominância das mesmas. De

acordo com os motivos de êxito ou de fracasso, denomina os atletas como: do tipo vencedor

e o do tipo perdedor.

Samulski (2002) define essas tendências como, tendência de procurar o sucesso: a

capacidade de vivenciar orgulho e satisfação na realização de tarefas. E a tendência de evitar

o fracasso: a capacidade de experimentar vergonha e humilhação em conseqüência do

fracasso.

Como se observa essas duas tendências é citado pelos autores, que atribuem a elas

considerações muito semelhantes. Seguem as mesmas concepções, buscam estabelecer um

comportamento, por meio de características que identifiquem os atletas, em relação às

tendências de êxito ou de fracasso. Podendo ser diferidas somente pala nomenclatura, já que

possuem as mesmas definições e relevância.

a) Teoria de Motivação para o Rendimento de Heckhausen

A motivação do rendimento é entendida como “o desejo de melhorar, aperfeiçoar

e manter seu alto nível” (Samulski, 2006, p.107). Heckhausen apud Samulski (2002)

caracteriza a motivação em duas tendências, como citadas anteriormente, a de procurar o êxito

e de evitar o fracasso, denominando os atletas como do tipo vencedor e perdedor.

Page 20: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

19

Dentro desta teoria para o rendimento, ainda é relevante, segundo Rheiber apud

Samulski (2002), as normas de referência para o rendimento, que podem ser diferenciadas em

normas individuais e normas sociais de referência:

Norma Individual: é a comparação que o atleta faz de seus resultados

obtidos tendo como referencias seus resultados anteriores;

Norma Social: é a comparação que o atleta faz de seus resultados tendo

como referência os resultados de outros atletas.

Considerando a motivação atual, Samulski (2002), ressalta a interação entre

fatores pessoais e situacionais, e faz a incitação entre os determinantes internos e os externos

tendo-os como:

Determinantes externos:

Incentivo: é a antecipação de prêmios como presentes, elogios,

reconhecimento social e dinheiro, relacionados com o resultado de uma

ação.

Dificuldades e Problemas: a dificuldade de uma tarefa determina

decisivamente o nível de motivação, quando são muito difíceis tornam-se

desmotivadoras.

Os problemas se relacionam aos acontecimentos, que está a quem do atleta, como

chuva durante as competições, altitude do local, influência da torcida, etc.

Os fatores internos são determinados por:

Nível de expectativa: difere entre um estado atual e um estado futuro. O

nível de aspiração define-se como uma expectativa subjetiva no próprio

rendimento futuro. Havendo pessoas que apresentam um nível de

aspiração muito baixo ou muito alto, tendo outras que possuem um nível

médio de aspirações.

Hierarquia dos motivos: são tidos como motivos primários (importantes)

e motivos secundários (subordinados). São subdivididos em quatro níveis:

o Primeiro nível motivos fisiológicos ou vitais, aos quais

pertencem os motivos de saúde ou de capacidades efetivas, físicas

ou psíquicas;

o Segundo nível estão os motivos pessoais, principalmente os

motivos de êxito, de rendimento ou de auto-realização;

Page 21: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

20

o Terceiro nível estão os motivos sociais, pertencem os motivos

de reconhecimento social e os de poder;

o Quarto nível são os motivos que se relacionam com a ética e a

estética.

Motivação do rendimento: é caracterizada por duas tendências, a de

procurar o êxito e evitar o fracasso, classificando os atletas de acordo com

as de perdedor ou de vencedor. Como já foi explicado anteriormente.

Atribuição causal: são atribuições feitas às causas responsáveis pelo êxito

ou pelo fracasso, e dividem-se em:

Atribuição causal interna: o resultado de uma ação é atribuído a

capacidade ou aos próprios esforços;

Atribuição causal externa: o resultado de uma ação é atribuído a

dificuldade da tarefa ou a causalidade.

b) Teoria de Necessidade para o Rendimento (Need Achievement Theory)

É uma teoria clássica de Atkinson (1974) e McClelland (1961) apud Samulski

(2002), que determinam motivação para o rendimento como sendo o resultado da interação de

fatores pessoais e situacionais.

Fatores pessoais: o comportamento de uma pessoa é influenciado pela motivação.

Considerando as duas tendências motivacionais, existem em cada pessoa: a tendência de

procurar o sucesso e evitar o fracasso. Samulski (2002), sobre essa tendência afirma que as

pessoas orientadas para o sucesso, demonstram alto nível de motivação para o sucesso e um

baixo nível para o fracasso, preocupam-se com a demonstração de suas capacidades e não se

preocupam com os resultados negativos. Enquanto as orientadas para o fracasso demonstram

baixo nível de motivação para o sucesso e alto nível para o fracasso, e preocupa-se com os

resultados e as conseqüências negativas.

Fatores situacionais: são considerados aqui dois fatores situacionais. A

probabilidade e o valor de incentivo.

Probabilidade: a probabilidade de sucesso no esporte depende da dificuldade da

tarefa e a da competência do adversário;

Valor do incentivo: o valor do sucesso no esporte é maior quando um atleta vence

um adversário excelente do que um amador ou muito superior a ele. Competições que

oferecem uma chance de 40% a 50% para um atleta orientado para o sucesso são mais

Page 22: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

21

estimulantes para o desempenho máximo, do que uma competição em que as chances reais de

vencer fossem de a partir de 80% ou abaixo de 30%, nesses casos seria menor o desempenho

do competidor.

Tendências resultantes: essas tendências caracterizam pessoas de acordo

com sua orientação. As pessoas orientadas para o sucesso (High

Achievers) procuram situações de desafio e preferem competir com

adversários fortes com capacidades iguais. As pessoas orientadas para o

fracasso (Low Achievers) tendem a evitar situações de desafios ou

procuram tarefas excessivamente fáceis de realizar.

Reações emocionais: são influenciadas pelas tendências motivacionais,

como o orgulho e a satisfação. A maioria das pessoas que procuram

vivenciar estas emoções, e evitar ou minimizar sensações de vergonha, são

os atletas orientados para o sucesso, que tendem a experimentar as

sensações de orgulho e satisfação em sua carreira esportiva, mais que os

orientados para o fracasso.

Comportamento de performance (Achievement Behavior): resulta da

interação dos quatro fatores mencionados, é o comportamento de

rendimento, em que os “High Achievers” selecionam tarefas mais

exigentes, com risco intermediário e mostram bons rendimentos em

situações de avaliação. E os “Low Achievers” preferem evitar tarefas

exigentes e situações de risco, não apresentando bons resultados.

Tabela 1 - Modelo de necessidade para o rendimento

FATORES

PESSOAIS

FATORES

SITUACIONA

IS

TENDÊNCIA

RESULTANTE

REAÇÕES

EMOCIONAIS

COMPORTAMENTOS

MOTIVOS DE

PROCURAR

SUCESSO

Probabilidade

de sucesso.

Procurar sucesso.

Orgulho na

presença de

sucesso.

- Procurar

situações de

desempenho;

- Procurar

desafios;

- Alto nível de

desempenho;

MOTIVOS

DE EVITRAR

FRACASSO

Valor de

incentivo para o

fracasso.

Evitar fracasso.

Vergonha na

presença de

fracasso.

- Evitar situações

de desempenho;

- Evitar riscos de

desafios;

- Baixo nível de

desempenho; Fonte: Weinberg. R. & Gold, D. (1999).

Page 23: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

22

c) Teoria de Atribuição (Attribution Theory)

A teoria de atribuição consiste na explicação de como as pessoas interpretam as

causas de sucesso e de fracasso. Weiner apud Samulski (2002), em 1985 atribui um modelo

de diferentes categorias de atribuição básica para essa teoria.

Nessa teoria há uma relação entre formas diferentes de atribuições à motivação.

Uma inter-relação entre a atribuição de um resultado e as expectativas de sucesso com as

reações emocionais resultantes (Samulski, 2002).

d) Teoria das Metas para o Rendimento (Achievement Goal Theory)

Por estudos realizados, segundo Samulski (2002), três fatores foram considerados

na analise das metas que interagem determinando o nível de motivação para o rendimento.

São eles: as metas para o rendimento, a percepção subjetiva das próprias capacidades e o

comportamento.

O foco desta teoria é a meta para o rendimento. Havendo uma relação entre meta e

motivação. As metas de um atleta são consideradas como um fator intrínseco, e nesse sentido,

os psicólogos do esporte desenvolvem uma pesquisa, a fim de entender melhor o processo de

motivação para o rendimento (Samulski, 2002).

São mencionadas na teoria para o rendimento:

Metas orientadas para o resultado final (Outcome Oriented Goals): o atleta tem

como meta um bom resultado em vencer os outros atletas. Pois possui uma

permanente comparação com os outros competidores.

Metas orientadas para a tarefa (Task Oriented Goals): a orientação do atleta é

tida por referênciais individuais. Esforçando-se para obter o melhor

rendimento próprio, aperfeiçoando seu nível técnico (Mastery Orient) não

considerando o rendimento dos outros atletas.

e) Teoria da Motivação para a Competência (Competence Motivational Theory)

Essa teoria define-se considerando três componentes como influentes ao nível

motivacional: autoestima, percepção da própria competência e percepção do controle. Esses

Page 24: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

23

componentes afetarão a motivação, entre tanto, a alteração será de forma indireta, por estados

emocionais produzidos pela auto-percepção como: de alegria, de felicidade, de ansiedade, etc.

São considerados influentes nas sensações da autoestima, competência e

autocontrole, processo de feedback, orientações para a tarefa ou para o resultado e o nível de

ansiedade. Assim é que a teoria explica o processo da interação entre percepção de

competência e controle de uma pessoa, e o estado atual de motivação. Resume a teoria que, as

pessoas que se sentem valorizadas e competentes para a execução de determinadas tarefas,

são consideradas com alto nível de motivação. Em objeção, as pessoas com um baixo nível

motivacional, não se sentirão valorizadas ou capazes de executar as tarefas determinadas.

(SAMULSKI, 2002)

4.2 - Classificações de Motivos no Esporte

Segundo Cárdenas (2006), são muitos os motivos que impulsionam o atleta a

praticar uma modalidade esportiva de forma sistemática. A pesquisa realizada neste trabalho

considera esta classificação a partir de Puni (1974) que a apresenta com os seguintes motivos:

a) Motivos Pessoais

Que se relacionam com a amplitude dos objetivos na prática esportiva;

b) Motivos Sociais

Relaciona-se ao interesse do atleta em ter bons resultados no intuito de beneficiar

seu pai, equipe, estado, etc;

c) Motivos Diretos

Relaciona-se ao papel que ocupa o esporte dentro da estrutura de motivação, é o

interesse correspondente pela prática esportiva em si;

d) Motivos Indiretos

Relaciona-se aos interesses que serão alcançados através da modalidade esportiva.

Sendo a modalidade entendida como um meio para um objetivo alheio à mesma.

Os motivos nessa classificação serão identificados com: pessoais ou sociais,

diretos ou indiretos. O motivo sempre será classificado como direto ou indireto, sendo e se

relacionará com o motivo social ou pessoal do sujeito. Por exemplo: um atleta que tem seus

Page 25: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

24

motivos classificados como sociais, poderá tê-los de forma direta ou indireta. Considerando o

interesse desse atleta em representar seu Estado por meio da modalidade praticada, esse

motivo além de social seria também direto, e seria classificado como: social direto. Uma

pessoa que pratica uma modalidade, com o interesse de emagrecer, ou adquirir uma melhor

qualidade de vida, teria seus motivos classificados como indireto, por não ter o esporte em si

como interesse, e pessoal por ter seu objetivo como uma realização e representação pessoal,

seus motivos seriam então classificados neste caso como: indireto pessoal.

Cárdenas (2006) diz que todos os motivos podem ajudar a alcançar bons

resultados, pois todos ativam as energias e as disposições do atleta para obter melhores

resultados na prática esportiva. Eis a necessidade do responsável (técnico, professor, mestre,

orientador) pelo treino conhecê-los.

4.3 - Medidas e técnicas de motivação no esporte

As técnicas utilizadas no treino de um atleta ao que se refere à motivação, objetiva

desenvolver o comportamento positivo esperado para o treinamento. Segundo Samulski

(2002), são por meio das técnicas de motivações, que as formas desejadas de comportamentos

são promovidas e as não desejadas evitadas.

Para melhor compreensão das técnicas de motivações em treinamentos

psicológicos de atletas, abaixo estão mencionadas as mais utilizadas e suas principais

características que possuem: a) Técnicas Básicas de Motivação; b) Medidas de Ativação

Básica; c) Medidas de Ativação Básica;

a) Técnicas Básicas de Motivação

O objetivo nesta técnica motivacional é o de desenvolver formas positivas e

estabilizar formas adequadas de comportamentos.

Samulski (2002:118), diz que, “na relação pessoa – situação pode-se modificar

condutas, aplicando-se medidas orientadas a pessoa e/ou a situação. As medidas orientadas à

pessoa são representadas por medidas psicológicas, na busca da modificação de condições

individuais da ação”.

O foco será o indivíduo, nessa técnica orienta a pessoa por meio do ensino, do

exercício, do treinamento e de medindas terapêuticas, destinados a auxiliar o sujeito, em

Page 26: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

25

relação aos seus conflitos sociais e problemas psíquicos, tendo como meta a superação dos

fatores que possam ser negativos. Visando melhor estabilizar as capacidades pessoais,

incentivando a transformação da motivação de extrínseca em uma motivação intrínseca, a

orientação ao fracasso em uma orientação ao sucesso, e a atribuição causal externa ao fracasso

em uma atribuição causal interna.

As medidas orientadas a situação atuam por meio da modificação da estrutura da

tarefa, ou da situação da ação, influenciando as pessoas através da modificação, das condições

de situações, como também do nível da dificuldade da tarefa e de incentivos externos, a

alcançar o nível ótimo de motivação.

Essas medidas de orientação à pessoa e a situação, tem o objetivo de desenvolver

no aluno/atleta a capacidade de automotivação, autocontrole, de autoenfrentamento e a de

assumir suas responsabilidades em situações de fracasso.

b) Medidas de Ativação Básica

As medidas de ativação básica buscam a ativação e a manutenção da motivação.

As medidas que tem por objetivo, a mudança do nível básico de motivação, denominam-se

como medidas de controle da energia. Conforme o grau de intensidade da ativação básica, as

medidas podem seguir duas direções de influência:

Aumento do nível energético resulta em um comportamento mais

dinâmico;

Redução do nível energético resulta em um comportamento mais

relaxado.

As medidas têm como objetivo a manutenção das intenções frente aos problemas

e os obstáculos, que são denominados de medidas de controle das intenções. Ela se utiliza de

algumas técnicas que possibilitam a influência na força de vontade.

Técnica de acentuação tem o objetivo de influenciar à percepção subjetiva

por meio da acentuação positiva da própria pessoa e a da situação.

Técnica de direcionamento da atenção tem como objetivo possibilitar o

atleta a desviar sua atenção das situações de problemas e dirigi-las às tarefas

importantes.

c) Técnica de Relativação

Visa à mudança do sistema de referência, para avaliar as condições pessoais e

ambientais. Um de seus objetivos é o de comprovar o seu próprio estado psicológico, com o

estado psicológico de outros sujeitos.

Page 27: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

26

4.4 - Medidas de Automatização

Essas medidas são entendidas por todas as vezes que alguém aplica, assumindo o

controle sobre o seu próprio comportamento, para regular seu nível de motivação. São

classificadas nessas medidas as seguintes técnicas por Samulski, 2002: a) Técnicas

Cognitivas; b) Técnica de Auto-afirmação; c) Técnicas Motoras;d) Técnicas Emocionais.

a) Técnicas Cognitivas

A técnica cognitiva de regulação tem seu ponto de partida nas funções psíquicas

como o processo da percepção, imaginação e memória. Nitsck e Hackfort apud Samulski

(2002, p.120), afirma que “o ponto central de toda técnica de regulação cognitiva baseia-se na

auto-influência da avaliação subjetiva do problema”, sendo decisiva a avaliação subjetiva da

importância da situação, e não o estado da situação real.

Os esportistas, utilizando as técnicas de automotivação, buscam por meio dos

processos de auto-avaliação, determinação de metas pessoais, atribuição de causas à

autoafirmação, compor o seu estado de motivação atual. São utilizados por atletas, geralmente

os de alto rendimento as seguintes técnicas:

Mentalização de metas: os atletas motivam-se em situações-problema,

mentalizando as suas capacidades positivas. Por exemplo: Eu consigo fazer isso,

pois confio nos meus treinos;

Mentalização de metas concretas: os atletas motivam-se por meio de

processos cognitivos, consistentes em mentalizar determinadas situações

concretas, de treinamento e competição. Por exemplo: Eu quero melhorar meu

condicionamento físico;

Estabelecer e modificar metas: estabelece metas concretas ou as modificam

(variação de metas, troca de metas), para manter sua motivação de treinamento e

competição. Há também outras formas utilizadas como: as metas gerais,

estipular metas parciais e concretas (eu desejo melhorar tal técnica), determinar

metas em curto prazo (hoje eu quero ganhar), e em longo prazo (quero subir ao

podium no próximo campeonato).

b) Técnica de Auto-afirmação

São entendidas como técnicas de automotivação, os tipos de comportamentos que

trabalham a manifestação interna do autoelogio e o reforço material. A autoafirmação

negativa, também esta presente, pois por meio da autocrítica, auto-repressão muitos atletas

conseguem elevar sua motivação e mantê-la.

Page 28: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

27

O auto-reforço e o reforço externo são os estímulos para uma determinada ação de

forma antecipada. Os atletas podem, em situações problemáticas, antecipar mentalmente seu

auto-reforço. Essa técnica é conhecida como autoafirmação antecipada.

O reforço externo, mentalmente antecipado, difere do auto-reforço, pelo fato do

atleta mentalizar, suas motivações de incentivo, como recompensas. Na autoafirmação

antecipada, a mentalização das motivações, é parte das motivações intrínsecas.

c) Técnicas Motoras

Esta técnica é caracterizada, pela utilização de processos de movimentos. Muitos

atletas sentem-se mais tranqüilos e animados quando se movimentam, não somente nos

treinos, em que normalmente observa-se uma maior movimentação, mas também antes da

competição. Sejam eles relacionados à prática esportiva, como execução de fundamentos

técnicos, ou simples movimentos como caminhar, correr, saltitar, são utilizados pelos atletas,

como uma forma de relaxamento e de concentração.

d) Técnicas Emocionais

São os estímulos realizados por meio de sensações e emoções positivas, durante a

execução do movimento, como: sentido de prazer, a fluidez do movimento (flow feeling),

sensação de sucesso (winning-feeling) e a identificação emocional com o grupo (group-

feeling).

“O Flow é uma sensação de alegria durante as atividades, a total e absoluta

identificação e concentração no que se está realizando, esquecendo-se de si mesmo”,

Samulski (2002 p. 124). Os elementos diferenciados por Csikszentmihalyi e Jackson (1999)

quando pesquisaram o “Flow” foram os seguintes:

Harmonia entre ação e consciência;

Concentração entre estímulo específico;

Inconsciência de si mesmo;

Controle sobre suas ações e a situação;

Retro-informação imediata sobre suas ações;

Motivação intrínseca.

O Winning-feeling (sensação de vitória) é a sensação de sucesso durante a

atividade, em que o atleta sente-se envolvido e concentrado na atividade e em seus objetivos.

Tem as seguintes características:

Page 29: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

28

Amnésia;

Aumento da tolerância;

Concentração;

Mudanças na percepção.

O group-feeling (sensação de união de grupo), é um sentimento de identificação

emocional positiva e união de grupo, em prol de um objetivo comum e da satisfação dos

integrantes do mesmo. (SAMULSKI, 2002).

4.5 - Emoções no Esporte

De acordo com Hackfort apud Samulski (2002), as emoções devem ser entendidas

como a interação entre os processos psicológicos e os psicosociais, em que a análise das ações

esportivas deve considerar o contexto situacional da interação entre pessoa, tarefa e meio

ambiente, para que as funções fundamentais das ações sejam entendidas.

Há duas funções básicas exercidas pelas ações: a função de organizar e controlar

as ações (a tendência ao sucesso ou ao fracasso do atleta, influenciará na ação sendo diferida

uma da outra), e a função energética e de ativação (a influência da motivação afeta a ativação

do atleta, os motivados participarão mais ativamente nos treinos do que os desmotivados),

ainda o mesmo autor, distingui duas fundamentais funções no contexto esportivo, sendo elas:

a auto-regulação e a regulação de relações sociais, e também considera as funções positivas e

negativas, que através de pesquisas realizadas sobre o comportamento de atletas, foram

definidas como:

Emoções negativas - sinal de perigo/ansiedade

Emoções positivas - realização de motivos.

A emoção e o rendimento de um atleta não possuem uma relação simplória, a

análise deve ser realizada a um nível mais profundo, Nitsch apud Samulski (2002) identificou

os seguintes aspectos:

Que emoção produz (qualidade, intensidade, forma);

Em que situação (pessoa, meio ambiente, tarefa);

Que efeito (positivo ou negativo);

No rendimento (qualidade ou quantidade, gasto ou efeito).

A emoção no esporte é considerada em três fases: emoção na fase pré-

competitiva, emoção durante as competições e emoção após a competição.

São emoções comuns no esporte, segundo Samulski (2002):

Page 30: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

29

Autoconfiança - atribuição do êxito às próprias capacidades;

Alegria - apresenta-se diante das condições estimulantes, é

provocada pelo transcurso de uma ação positiva, que foi considerada

negativa, apresenta-se repentina e inesperadamente;

Alívio - apresenta-se quando um resultado é ameaçador e pode ser

evitado com o êxito;

Abatimento - é observado em pessoas que não tenham alcançado

um resultado esperado;

Decepção - é difícil diferenciá-la da raiva, ela aparece se o esportista

não alcançou uma meta, quando existe também denominado como

frustração;

Desamparo - apresenta-se quando uma expectativa negativa é

confirmada por um resultado negativo;

Interesses/Esperança - são emoções que resultam de uma retro-

alimentação sobre o transcurso das ações esportistas, não apresenta

uma segurança de que a meta será alcançada;

Indiferença - é apresentada quando uma expectativa negativa diante

de estimulo se confirma por meio de um resultado negativo;

Satisfação - é experimentada se uma expectativa positiva se

confirma no decorrer do transcurso e do resultado de uma ação;

Raiva - aparece quando uma meta desejada, que se pensou ser

atingida, não foi alcançada. Também denominada como irritação

Surpresa - independente do resultado do rendimento apresenta-se

quando se atribui um efeito a boa ou a má sorte;

Orgulho - quando se atribui a um resultado causas internas, ou seja,

as capacidades ou esforços próprios;

Resignação e agressão - quando depois de uma expectativa insegura

ou negativa, diante de condições ameaçadoras, o atleta se der conta

de que uma conseqüência ameaçadora parece inevitável de ser

controlada apesar do esforço para evitá-la podem surgir efeitos de

agressão e resignação;

Page 31: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

30

Tranqüilidade - apresenta-se quando a expectativa de evitar uma

conseqüência negativa é confirmada no decorrer da ação, bem como

o resultado;

Tristeza - aparece com as experiências de perda, as quais deverão

ser suportadas;

Vergonha - como conseqüência de culpa é a reação que se apresenta

depois de conseqüências negativas decorrentes da violação de uma

norma;

Medo - apresenta-se quando a expectativa permanece insegura

também durante o transcurso da superação de exigências. Quanto

mais inseguro for o desenvolvimento da ação e mais negativo for o

valor subjetivo que se atribuiu às conseqüências, mais medo resulta

da antecipação destas.

a) Emoção na Fase Pré-competitiva

Antes da competição é comum o esportista apresentar-se nervoso, com medo,

ansioso, em um estado de carga psíquica (estresse psíquico) elevado. Samulski (2002)

menciona que para alguns autores esse estado é denominado como estado pré-competitivo, e

caracterizando-se, segundo o ponto de vista psicológico, pela antecipação da competição,

logo, pela antecipação das oportunidades, riscos e conseqüências que poderão ocorrer. O

autor, ainda considera que os sentimentos que geralmente se manifestam nessa fase, são os de

medo e temor, e poderão contribuir na produção de efeitos vegetativos, motores e emocionais.

Puni (1974), atribui à fase pré-competitiva a três diferentes estados, que são

identificados de acordo com suas as reações psicológicas, fisiológicas e motoras. Os estados

são caracterizados, como:

Estado de febre: apresentam reações como nervosismo,

incapacidade de concentração, instabilidade emocional, inquietude,

falta de controle psicomotor, medo do adversário;

Estado de apatia: caracterizado por reações de apatia mental,

estado de mau-humor, aversão à competição, descontentamento e

intensidade diminuída de percepção, pensamento e concentração;

Estado ótimo de ativação: apresenta reações como o nível ótimo de

ativação, motivação positiva para a competição, autoconfiança,

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31

otimismo, orientação ao êxito, concentração ótima e alta capacidade

de controle psicológico e motor.

Tabela 2 - Diferentes estados pré-competitivos e suas correspondentes características psicofisiológicas em

atletas

___________ CARACTER ISTICAS

FÍSIOLOGICAS

CARACTERÍSTICAS

PSICOLOGICAS

CONDUTA

COMPETITIVA

ESTADO

FEBRIL

-Intensa irradiação de

processos centrais de

excitação;

-Mudanças vegetativas:

-taquicardia; -tremores corporais;

-sensações de debilidade.

- Nervosismo;

- Incapacidade de

concentração;

- Falta de controle psicomotor;

- Medo do adversário.

-Perder a direção

tática;

-Perder o ritmo e a

velocidade;

-Perder a direção de

controle sobre os

movimentos.

ESTADO

DE APATIA

- Irradiação interna de

processos centrais de

inibição;

- Excitabilidade diminuída;

- Mudanças vegetativas:

-fadiga;

- sensação de debilidade

corporal.

- Intensidade diminuída da

percepção e concentração;

- Apatia mental;

- Estado de mau humor;

- Aversão à competição.

- Não pode mobilizar

toda a energia;

- Falta de motivação

para competir;

- Reação lenta, se

cansa muito rápido;

- Não se esforça bem.

ESTADO

ÓTIMO DE

ATIVAÇÃO

- Equilíbrio entre os

processos centrais de exercício e inibição;

- Ótima intensidade dos

processos fisiológicos.

- Nível ótimo de motivação;

- Disposição ótima para competição;

- Orientação ao êxito;

- Autoconfiança;

- Concentração ótima; - Alta

capacidade de controle

psicomotor.

- Se compete, em base

a um plano tático; - Se controla a

situação;

- Alcança as

expectativas;

- Ótima conduta

técnica-tática.

Fonte: Eberspäecher apud Samulski (2002)

Entre os estados pré-competitivos apresentados, tem-se o estado ótimo de ativação

como o ideal, pois apresenta as características mais propicias ao atleta, a uma melhor

qualidade no seu desempenho. Enquanto os estados de febre e de apatia apresentam reações

que podem ocasionar uma qualidade inferior ao seu desempenho, por serem, negativas as

reações ocorridas nestes estados.

Conforme Samulski (2002, p. 139), os fatores de influência na qualidade e

intensidade dos estados pré-competitivos, como uma “importância subjetiva da competição e

seqüências correspondentes, a realização atleta-técnico, o nível de rendimento do adversário,

as experiências competitivas e o nível de autoconfiança”. O estado em que o atleta se encontra

será determinante, se ele não se sentir física e psiquicamente preparado de maneira adequada,

Page 33: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

32

um estado emocional negativo será estabelecido antes da competição. Esses estados de

motivação, não se estabelecem somente na fase pré-competitiva, nas fases seguintes eles

também são passíveis de identificação, e ainda poderão interferir no rendimento do atleta,

pelos efeitos que causam como pode ser verificado na figura 1.

b) Emoções Durantes as Competições

São considerados durante as competições, dois fatores que podem influenciar o

rendimento do esportista, as emoções positivas e as emoções negativas. Tendo cada uma suas

características, e estando diretamente relacionadas ao estado psicológico do atleta.

Emoções Positivas - Quanto ao estado emocional positivo que um atleta apresenta

durante a competição, há dois conceitos interessantes no contexto competitivo, que são

o conceito de flow-feeling (sensação de fluidez) análise do winning-feeling (sensação

de ganhar) Samulski (2002), que foram abordados também no capítulo anterior.

São atribuídos ao flow-feeling os seguintes elementos:

Equilíbrio entre habilidade e desafio;

Absorção total na atividade;

União entre consciência e ação;

Concentração total;

Perda da autoconsciência;

Sensação de controle total;

Motivação intrínseca;

Movimentos saltos e fluidos.

O winning-feeling possui as seguintes características:

Amnésia;

Concentração;

Aumento de tolerância a dor;

Mudança na percepção.

c) Emoções Negativas

Durante a competição podem surgir no atleta emoções que causam efeitos

negativos, de maneira que prejudiquem o seu rendimento.

São sentimentos negativos comuns: a irritação, alto nível de estresse, o

nervosismo, como ainda a desmotivação, a autoconfiança exagerada, entre outros, que podem

também ser negativos a performance do esportista na competição.

Page 34: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

33

As emoções que um indivíduo possui em uma competição, sendo elas positivas ou

negativas, se apresentarão sempre de forma subjetiva. Dependendo do seu nível, uma emoção

positiva, poderá tornar-se negativa ou vice-versa. Portanto o equilíbrio ou sentimento de

controle das emoções é determinante para o rendimento ótimo do esportista.

d) Emoções Após a Competição

As experiências de êxito e de fracasso, em uma competição são subjetivas. O

fracasso nem sempre estará relacionado à derrota, assim como a vitória não significará

obrigatoriamente um êxito. Tanto o êxito como o fracasso, será considerado uma experiência

positiva ou negativa, de acordo com a expectativa do resultado e rendimento obtido, pelo

atleta na competição, As experiências de fracasso darão pela diferença negativa entre o

resultado que se esperava e o resultado que se alcançou e a experiência de êxito, na diferença

positiva entre o que se esperava e o resultado que se obteve.

Dessa forma as experiências de fracasso, quando repetitivas, poderão conduzir,

primeiramente, a modificações negativas na expectativa do rendimento, depois poderão ser

responsáveis pela modificação na personalidade do indivíduo.

Enquanto as experiências de êxito atuaram como um catalisador para estimular os

processos mentais e emocionais positivos. Influente ao rendimento, sendo o maior efeito

psicológico o estímulo que causa ao atleta para que continue treinando. O êxito em alguns

casos poderá, também, ocasionar no atleta arrogância, auto-satisfação, autoestima exagerada.

O que seria prejudicial ao seu desenvolvimento. (SAMULSKI, 2002).

São experiências negativas na maioria dos casos relacionados ao fracasso os

sentimentos como: descontentamento, resignação, pessimismo, sensação de inferioridade,

perda da confiança. As experiências positivas são: a autocrítica construtiva, o aumento de

esforço e auto-avaliação realista (CÁRDENAS, 2002).

As experiências positivas relacionadas ao êxito destacam-se comumente: a

satisfação, alegria, tranqüilidade, orgulho, motivação e interesse. Como já mencionado o que

primeiramente deve ser considerado como fator positivo ao rendimento, é o equilíbrio das

emoções. O nível que se estabelece de um sentimento, será determinante para o fracasso ou

sucesso do atleta, portanto o controle emocional é primordial no esporte.

São por meios de técnicas de controle, que o equilíbrio emocional, é trabalhado,

as técnicas mais utilizadas segundo Samulski (2002) são:

Page 35: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

34

Técnicas de controle de condição - tratam-se das medidas que controlam

as condições que causam emoções não desejadas para os treinamentos;

Técnica de controle de sintomas são utilizados exercícios em que o

atleta poderá diminuir os sintomas de uma emoção negativa, para obter

também a diminuição de suas tensões. Esse controle poderá ser realizado

pelo atleta (auto-regulação) ou ainda pelo treinador (controle externo), em

que será criado um clima emocional positivo durante o treino e a

competição.

Todas as técnicas de controle podem ser variadas e combinadas, de maneira

preventiva e compensatória, de acordo com as necessidades individuais do sujeito, da

estrutura da tarefa, da complexidade e da importância da situação.

4.6 - Taekwondo – Esporte escolhido para pesquisa

A origem do taekwondo remota o ano de 670 a. c, onde foram identificadas

pinturas em um túmulo real da dinastia Koguryo, que registrava a prática de um combate sem

armas, utilizando somente os pés e as mãos. A arte marcial coreana secular era utilizada como

autodefesa em tempos primitivos e foi tomando novos oformatos com o passar dos anos.

No passado três reinos dividiam a Coréia: Silla, Koguryo e Baekche. Silla dentre

esses reinos foi o primeiro a ser fundado, porém permaneceu pequeno e pouco civilizado. Em

sua costa, havia invasão de piratas japoneses constantemente. O reino de vizinho, a dinastia

Koguryo, prestou ajuda a Silla, junto a sua guarda militar, ensinando algumas técnicas com

treinos secretos a alguns de seus guerreiros. Essas técnicas eram do tae kyon, que significa

“chute pulando”. Posteriormente, sendo fundada, em Silla uma academia militar para a jovem

nobreza, onde guerreiros conhecedores do tae kyon que eram conhecidos como Hwarang,

passavam seus ensinamentos, aos seus membros.

Os participantes do Hwarang-do, assim chamada a sociedade, e que significa “o

caminho do guerreiro”, eram jovens nobres que estudavam diversas disciplinas: História,

Filosofia, Ética, Budismo Corrida, e treinavam tiro ao alvo, esgrima, tática militares, e tae

kyon. Em suas funções estava a de servir a comunidade em tempos de paz, e protegê-la com a

própria vida se necessário quando houvesse guerra.

O tae kyon foi difundido na Coréia pelos Hwarang. Que possuíam cinco códigos

como base de seus princípios: obediência ao rei, respeito aos pais, lealdade aos amigos,

nunca recuar ante o inimigo e matar somente quando necessário. (Goulart, 2004)

Page 36: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

35

O taekyon ficou conhecido como soobak, passando de um sistema de melhoria de

atividade física, a uma arte de combate. Porém perdeu sua popularidade na segunda metade de

reinado da dinastia Yi, pelas mudanças ocorridas sobre os pensamentos políticos e questões

militares. Graças a algumas famílias coreanas, que passou seus os ensinamentos da arte

coreana, por suas gerações, o soobak sobreviveu.

Com a ocupação do Japão na Coréia, foi proibida a prática de qualquer

modalidade marcial coreana, passando a ser praticada clandestinamente. Somente com a

libertação do país, a arte marcial voltou a ser desenvolvida. Foram fundadas as primeiras

kwans (escolas), que ensinavam à modalidade marcial nativa. Entre tanto, cada kwan,

enfatizava um aspecto diferente, do tae kyon, tendo cada uma, adotado seu próprio estilo e

técnicas distintas. Somente em 1955, houve a união dessas escolas, organizada pelo General

Choi Hong Hi. Foi então definido um estilo e as técnicas para a modalidade, passando a ser

chamada de taekwondo. (Goulart, 2004)

Em 1964, fundou-se a Associação Coreana de Taekwondo. Durante a década de

60, foram realizadas apresentações, dessa arte marcial coreana, por vários países. Nos anos 70

o taekwondo já havia se desenvolvido no âmbito internacional. Com a fundação da

organização mundial a Word Taekwondo Federation (WTF), em 28 de maio de 1973, o

taekwondo adotou regulamentos, se afirmando como esporte e engrandecendo-se

internacionalmente. O 1º Campeonato Mundial ocorreu no mesmo mês, e é realizado a cada

dois anos desde então. (Goulart, 2004; Barros e Osvaldo, 2000)

A modalidade foi reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), em

julho de 1980, sendo realizadas demonstrações nos Jogos Olímpicos de Seul (1988),

Barcelona (1992) e Atenas (1996), sendo oficialmente reconhecido como esporte olímpico

nos jogos de 2000 em Sidney. (Goulart, 2002; Barros e Osvaldo, 2000)

A luta acontece, oficialmente, em um quadrado medindo 12m por 12m, sendo

delimitado por uma faixa de segurança de 2m de largura. Se o competidor sair da zona de

combate, é punido por meio ponto, e se sair da área de competição é penalizado com um

ponto. Cada golpe permitido, com umas das técnicas da modalide, dá um ponto ao lutador.

(Barros e Osvaldo, 2000)

São quatro árbitros, sendo três laterais e um central, que fiscalizam a luta, e conta

com um mesário, responsável pelo controle do placar de pontuação. Há três assaltos de três

minutos, com e intervalo a cada assalto. Para proteção é utilizado: dobok (traje de

competição), peitilho (protege o tórax, contém faixa azul ou vermelha), capacete (protege o

rosto e a cabeça), braçadeiras (reduz o impacto do golpe), caneleira (protege a tíbia) e

Page 37: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

36

coquilha (protege os orgãos genitais). Quanto as categorias, nas competições olímpicas foram

divididas em quatro femininas (49kg, 57kg, 67kg, e acima de 67kg), e quatro categorias

masculinas (58kg, 68kg, 80kg e acima de 80kg). (Barros e Osvaldo, 2000)

O taekwondo é uma modalidade que usa 90% de golpes com as pernas e 10% com

as mãos. Os chutes são as técnicas mais utilizadas. Para análise da eficiência do movimento

dos atletas, para esse trabalho, foi utilizado como referência a técnica Bandal-tchagui, uma

das técnicas mais usada no taekwondo. Goulart (2004), o descreve da seguinte forma:

“É um chute lateral com o peito do pé na altura do abdômen, pela facilidade de execução e objetividade de pontuação. Os ataques com a perna que está na frente são

utilizados, geralmente, com deslocamento à frente utilizando-se de um deslizamento

do pé de apoio para que o atleta possa entrar no raio de ação do adversário. Podemos

chamar esse deslocamento de sobressalto”. (GOULART, 2004, P. 48)

Para o teste de eficiência técnica (Teste de Representação Motora), o movimento

Bandal-tchagui foi dividido em três fases (inicial, principal e final). Sendo cada uma dessas

fases subdivididas, de acordo com a seqüência de movimentos que é realizado para a

execução da técnica. A cada movimento executado corretamente somava-se um ponto ao

atleta, e quando não era executado corretamente ou fora da seqüência, não se atribuía

pontuação.

Esperava-se que o movimento fosse executado na seguinte seqüência:

Fase inicial: pernas afastadas lateralmente e joelhos semi-flexicionados;

Fase principal: rotação do calcanhar da perna de apoio; rotação do quadril;

flexão do joelho e extensão do joelho a frente.

Fase final: flexão do joelho, rotação do calcanhar do calcanhar do pé de apoio,

e retomada de base.

Figura 1 - Movimento analisado - bandal tchagui

Imagem: Professor Robson Almeida de Oliveira

Page 38: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

37

5. METODOLOGIA

Foi feita uma pesquisa de campo, com uma abordagem quantitativa de cunho

qualitativo, utilizou-se de um questionário aberto, juntamente com o Teste dos Dez Desejos

de Jacosom (1998), para a obtenção da identificação dos motivos, analisados de acordo com a

Classificação dos Motivos no Esporte de Puni (1974). Os testes de Representação Motora e

Mental, para a avaliação da eficiência técnica do treino, e o teste de Comportamento

Emocional em Competições, para conhecer o comportamento dos atletas nas competições,

ambos de Norma Zains (1990).

A população analisada corresponde à faixa etária de 14 a 33 anos, entre homens e

mulheres iniciantes e veteranos na modalidade, totalizando uma amostra de 15 pessoas, que

autorizaram a utilização dos dados coletados por meio de documento especifico.

Page 39: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

38

6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

A análise da pesquisa seguiu os critérios estabelecidos na metodologia,

respondendo aos objetivos propostos do projeto, como dispostos a seguir:

6.1 - Classificação dos Tipos de Motivos apresentados pelos atletas para a prática do

Taekwondo.

De acordo com a análise dos dados obtidos na pesquisa, respondendo a um dos

objetivos propostos, o de identificar os tipos de motivos que são apresentados pelos atletas

para a prática de taekwondo constatou-se o decorrente:

Gráfico 1 - Classificação dos tipos de motivos

Fonte: Dados da pesquisa

Como se verifica no gráfico à cima, os motivos identificados no grupo investigado

foram os motivos do tipo direto pessoal, direto social e indireto pessoal. Não foi identificado

nenhum motivo do tipo indireto social.

Quanto ao percentual da classificação dos motivos, 58% dos motivos foram

identificados como motivos do tipo direto pessoal, 24% dos motivos do tipo direto social e

18% do tipo indireto pessoal.

Como mencionado no referencial teórico, os motivos diretos estão diretamente

ligados ao interesse pela prática esportiva, tornando se um indicativo de forte motivação no

atleta. Lembrando Cratty (1984), que diz que a motivação é a responsável pela escolha de

uma modalidade e não de outra, esse tipo de motivo é um indicativo de pré-disposição a desse

Page 40: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

39

esporte. Por tanto, geralmente, os atletas demonstram melhor concentração, dedicação,

vontade, desempenho, assimilação das técnicas dos movimentos.

Os motivos indiretos relacionam se ao esporte, como sendo um meio de se

conquistar os objetivos almejados, não possuindo um interesse direto na modalidade

esportiva. O treinador deve manter atenção nesse caso, para conseguir conservar a motivação

em esportitas com esse tipo de motivação, afim de que não desistam da modalidade.

Os motivos pessoais estão relacionados à amplitude dos interesses para a prática

esportiva, com os objetivos mais variados, como ser um excelente atleta competitivo desde a

diminuir o peso corporal, por exemplo.

Os motivos sociais são atribuídos, àqueles que se referem à representatividade

social, o atleta tem interesse de atingir bons resultados representando o país, o estado, clube,

escola em competições, esportistas com essa motivação demonstram forte interesse em

competições esportivas.

Em relação aos motivos do tipo direto (pessoal e social), foi possível identifica-

los, ainda, como motivos: forte ou moderado segundo classificação de Norma Zains (1990).

Foram considerados como motivos do tipo forte, aqueles que se relacionaram ao taekwondo

de forma direta, no Teste dos Dez Desejos (questionário utilizado para a coleta de dados),

apresentando se de forma primária na seqüência das respostas (da 1ª a 4ª) descritas pelos

atletas, e os do tipo moderado foram considerados os motivos relacionados posteriormente (a

partir da 5ª resposta).

Mesmo não sendo solicitadas que as respostas seguissem uma ordem de

importância, algumas pessoas citaram seus desejos em relação ao taekwondo, no questionário,

inicialmente, demonstrando uma prioridade em seus objetivos. Isso normalmente ocorre,

quando há um forte interesse pela modalidade, pois é comum que sejam expostos, em

situações que se apresentam os interesses pessoais, o que é considerado mais importante,

como forma de realização pessoal. Porém algumas pessoas, apesar de ter motivos diretamente

ligados ao taekwondo, não citaram inicialmente os seus desejos sobre a modalidade,

demonstrando-os posteriormente. Significando, assim, que mesmo tendo o esporte dentro de

seus interesses, este não é considerado como prioridade.

Quanto aos resultados obtidos nesta análise, dos motivos do tipo direto pessoal

25% dos motivos foram classificados como fortes, e 75% como moderados. Dos motivos

classificados como do tipo direto social, 50% dos motivos foram classificados como sendo

fortes e os outros 50% como moderados.

Page 41: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

40

Gráfico 2 - Motivos Direto Pessoal

Fonte: Dados da pesquisa

Gráfico 3 - Motivos Direto Social

Fonte: Dados da pesquisa

Os motivos do tipo direto, que são os que correspondem ao interesse da prática do

esporte em si, atribuem, um forte significado na aprendizagem de uma modalidade esportiva.

Pois, por está realizando algo que desperta o seu interesse, a atenção, concentração,

desempenho, dedicação, tenderão a ser maior, e assim, quanto mais forte for o motivo de um

atleta, melhor condição apresentará em sua aprendizagem.

Seqüenciado à análise dos dados, foram comparados os motivos diretos aos

motivos indiretos. Como não houve a ocorrência de motivos do tipo indireto social, somaram

se os motivos do tipo direto pessoal com o direto social, permitindo assim a comparação

distinta dos motivos diretos e motivos indiretos. Respeitando, então, esse critério, os motivos

diretos somaram um total de 79% e os motivos indiretos 21%.

Page 42: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

41

Gráfico 4 - Comparação dos motivos diretos e motivos indiretos

Fonte: Dados da pesquisa

Nas análises seguintes, os motivos a serem considerados serão somente esses dois

tipos (diretos e indiretos), e que seja entendido, que os motivos diretos, correspondem aos

motivos diretos tanto pessoais como sociais e os motivos do tipo indireto, sendo que ninguém

apresentou motivos do tipo indireto social, corresponderam somente aos motivos indiretos

pessoais, apresentados pela população investigada.

De acordo com a análise, observa se que os atletas apresentam, tanto da população

quanto dos motivos investigados, um percentual maior de motivo do tipo direto, o que pode

ser considerado positivo. Como mencionado, esse tipo de motivo é tido como o mais propício

para a aquisição de um bom rendimento esportivo, pela motivação que o atleta terá no que

faz. Fatores importantes para um bom desempenho como concentração, vontade,

desempenho, determinação, disciplina, poderão mais facilmente ser alcançados. Quem possui

motivos do tipo indireto, também poderá atingir esses fatores, o que é até necessário para um

bom rendimento, mas o que provavelmente acontecerá é que por não ter um motivo

fortemente ligado a modalidade, o atleta também não se entregue totalmente a ela,

dificultando, assim, o desenvolvimento de fatores importantes na pratica esportiva.

Mas nesse contexto, o mais preocupante é como está o nível de motivação que o

atleta possui como está sendo trabalhada a motivação nos treinos e competições, e como é

realizado o treinamento psicológico do esportista. Pois havendo um planejamento psicológico

de acordo com as necessidades individuais dos atletas, independente da motivação que eles

atribuírem à atividade esportiva praticada, o treinador conseguirá incentivar suas motivações,

para que de indireta ela passe a ser direta. E mesmo que essa mudança não ocorra, já será

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42

possível com o planejamento melhorar os resultados do atleta com motivos do tipo indireto,

independentemente de seus motivos o esportista poderá apresentar bons resultados.

6.2. Análise da Eficiência Técnica em Relação aos Motivos Apresentados pelos Atletas.

Respondendo o mais um objetivo do trabalho, o de analisar a relação dos motivos

com a eficiência técnica na realização dos movimentos do taekwondo, destacou se o

conseguinte:

Tabela 3 - Correlação dos Motivos Diretos e Indiretos com a Eficiência Técnica

ATLETA MOTIVO DIRETO EFICIÊNCIA TÉCNICA MOTIVOS INDIRETOS

A 100% 100% 0%

B 80% 44% 20%

C 100% 67% 0%

D 100% 92% 0%

E 0% 100% 100%

F 0% 92% 100%

G 100% 72% 0%

H 0% 100% 100%

I 100% 100% 0%

J 0% 89% 100%

L 100% 92% 0%

M 100% 64% 0%

N 100% 69% 0%

O 0% 100% 100%

P 100% 81% 0%

Média 65% 84% 35%

Fonte: Dados da pesquisa

Para a averiguação da eficiência técnica do movimento técnico dos atletas foi

utilizado um movimento específico do taekwondo, o Bandal-tchagui, técnica comumente

aplicada no combate. Essa técnica foi escolhida por ser um fundamento básico da modalidade,

que todos os colaboradores da pesquisa tinham conhecimento e capacidade de executá-lo. O

movimento foi dividido em três fases: fase inicial, principal e final. E a cada fase, foi atribuída

uma seqüência de movimentos, o esportista deveria executar corretamente todos os

Page 44: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

43

movimentos, demonstrando uma eficiência total na realização da técnica, tendo sua eficiência

diminuída a cada erro cometido.

Do desempenho demonstrado nessa técnica, foi observado que a eficiência técnica

de modo geral apresenta-se com um percentual médio 84,13% de eficiência. Analisando o

desempenho pelas fases do movimento, a média de eficiência técnica obtida foi maior na fase

inicial com 90%, seguida da fase final que teve 82,26%, e na fase principal foi apresentada

80%. Com esses resultados, pode ser verificado o desempenho técnico dos atletas

possibilitando, ao treinador, conhecer o desempenho dos mesmos, com a finalidade de

identificar e corrigir as dificuldades dos taekwondistas.

Gráfico 5 - Analise do desempenho pelas fases do movimento técnico

Fonte: Dados da pesquisa

Relacionando a eficiência técnica aos motivos apresentados, observou-se que a

população que apresentou motivos do tipo direto teve um desempenho médio de 65% em sua

eficiência, e com motivos do tipo indireto, se destacou com uma média de 35%.

Page 45: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

44

Gráfico 6 - Média Percentual da Eficiência Técnica/Motivos

Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com o descrito, os atletas, que apresentaram um melhor rendimento na

eficiência técnica do movimento analisado, foram os que possuiam motivos do tipo direto.

Normalmente quem possui motivos diretos, como mencionado anteriormente,

possui também uma maior facilidade de desenvolver suas habilidades, pois os fatores que

orientam o atleta a um melhor rendimento estão ativados. Entretanto, a eficiência técnica não

depende diretamente da motivação, havendo outras situações relevantes, das quais essas

dependem, como: a metodologia aplicada nos treinos, o processo pedagógico utilizado, o

tempo de prática na modalidade, a experiência motora do atleta, a carga psíquica no momento

da aprendizagem ou até mesmo no momento que foi executado o movimento, para o teste.

6.3. Análise do Comportamento Emocional em Competições em Relação aos Motivos

Apresentados

Respondendo ao último objetivo específico proposto: analisar o comportamento

emocional dos atletas em competições considerando a classificação dos motivos. Foi

analisado o comportamento emocional dos atletas em competições, identificando o estado

ótimo de ativação, estado febril e o estado apático.

Page 46: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

45

Tabela 4 - Correlação do Comportamento Emocional com os Motivos Diretos e Indiretos

Atleta Motivo

Direto

Estado

Ótimo

Estado

Febril

Estado

Apático

Motivos

Indiretos

A 100% 91% 9% 0% 0%

B 80% 100% 0% 0% 20%

C 100% 55% 45% 0% 0%

D 100% 73% 27% 0% 0%

E 0% 73% 27% 0% 100%

F 0% 100% 0% 0% 100%

G 100% 73% 27% 0% 0%

H 0% 27% 55% 18% 100%

I 100% 82% 18% 0% 0%

J 0% 73% 27% 0% 100%

L 100% 73% 27% 0% 0%

M 100% 45% 55% 0% 0%

N 100% 55% 45% 0% 0%

O 0% 18% 45% 36% 100%

P 100% 55% 45% 0% 0%

%

médio 66% 30% 4%

Fonte: Dados da pesquisa

O resultado obtido demonstrou que no total os atletas apresentaram um estado

ótimo de motivação mais elevado que os outros estados. Mantendo um percentual médio de

66% no estado ótimo, no estado febril em 30% e no estado apático 4%. Desse modo,

considerando que essa população, não tem nenhum treinamento psicológico sistematizado,

apresenta um bom nível de controle emocional, o que é excelente para atingir bons resultados

em competições.

Com relação aos motivos, os atletas com motivos do tipo direto, demonstram

uma média de 70% de estado ótimo de motivação e 30% de estado febril.

Page 47: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

46

Gráfico 7 - Comportamento Emocional x Motivos Diretos

Fonte: Dados da pesquisa

Os atletas com motivos do tipo indireto apresentaram um percentual de 65% de

estado ótimo de motivação, 26% de estado febril e 09% de estado apático.

Gráfico 8 - Comportamento Emocional x Motivos Indiretos

Fonte: Dados da pesquisa

Entende se que o estado apático de motivação é o estado em que o esportista

apresenta uma ativação diminuída à competição, estando desanimado, alheio ao que está ao

seu redor, uma tranqüilidade aparente que pode até ser confundido, com o estado ótimo de

ativação. De acordo com a análise, esse estado só foi apresentado por atletas que possuem

motivos indiretos, podendo significar duas situações distintas: uma que por possuírem esse

tipo de motivo, que tem uma ralação de interesse indireto com o esporte em si, logo não seria

a competição um objetivo desses atletas, por tanto o sentimento de “indiferença” presente.

Page 48: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

47

Outra situação se explicaria respeitando o estado febril que esses atletas

apresentaram. O estado febril de motivação, caracterizado pelo contrário do apático, como um

estado de alto nível de excitação, muitas vezes gerado por um elevado grau de motivação,

principalmente, quando o esportista não possui um autocontrole emocional. Esse estado febril

causa sintomas como inquietude, desconcentração, instabilidade emocional, afetando também

o sistema psicomotor, como tremor, sensação de fadiga, diminuição da percepção motora. Tal

estado, pelos sintomas apresentados, altera o nervosismo, o medo, a preocupação, formando

uma altiva carga psíquica, podendo resultar numa “fuga do atleta” à competição, como um

modo de sanar o que ele está sentindo, passando para um estado de apatia motivacional, não

se importando mais em ganhar ou perder, pensando somente em “se livrar da responsabilidade

de lutar”. Tendo em vista que os atletas que tiveram esse estado apático estavam em um

estado emocional febril, um percentual bem mais relevante, o estado de apatia poderia ter se

originado em decorrência do primeiro estado, em resultado do despreparo psicológico dos

atletas para eventos competitivos.

É comum em competições que esportistas tenham alterações emocionais, como

ansiedade, expectativas, agitação. Porém, o nível em que esses sentimentos ocorrem, é que

fazem diferença, e podem causar preocupação. Uma ansiedade, por exemplo, poderá aparecer

por uma expectativa do inicio da competição, e tornar-se uma forte tensão que afetará o

sistema motor do esportista, a ponto de causar lhe sensações vegetativas.

O estresse não é de um todo ruim acontecer, uma vez que é importante a

existência do estresse, desde que em nível adequado, para um bom funcionamento das

funções orgânicas. No resultado da pesquisa, quem tem motivos diretos, demonstrou um

maior percentual no estado febril, que os com motivos indiretos. Mesmo tendo apresentado,

também, um melhor nível quanto ao estado ótimo de motivação.

Nessa situação o que pode ter ocorrido, no caso das pessoas que apresentaram

essa oscilação, entre os estados, febril e ótimo de ativação, foi justamente uma instabilidade

emocional em função do despreparo psicológico. São muitos os componentes que influenciam

no rendimento esportivo. Mas um dos fatores de maior relevância é certamente o estado

emocional em que se encontra o atleta no momento da competição. O seu comportamento

emocional dependerá de uma série de outros fatores como: preparo físico, personalidade,

tendência ao rendimento, motivação, situações ambientais e ainda fatores externos, poderão

interferir em sua condição psicológica. Mas quando não há um preparo psicológico adequado

às necessidades do atleta, o desequilíbrio emocional atingirá um nível mais alterado, podendo

levar o atleta, a um prejuízo em ocorrência dessa interferência. Então, independente da

Page 49: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

48

motivação que o atleta possua, poderá existir dificuldade no autocontrole emocional, sendo

portanto, necessário o treinamento psicológico, para construir uma estabilidade emocional,

afim de não prejudicar o rendimento esportivo do atleta.

De acordo com os dados analisados, quem atingiu um estado ótimo de motivação

mais elevado, foram os atletas com motivos diretos. Sendo esse o estado ideal, independente

da motivação que se possua, para a conquista de bons resultados. O ideal é que se elabore um

treinamento psicológico, em função do comportamento emocional do atleta.

É provável que quem possua motivos diretos, por se dedicar, desejar obter bons

resultados no esporte, ter disponibilidade para participar de eventos esportivos, acabe sentindo

se mais confortável com situações competitivas, mas como já mencionado, muita coisa poderá

interferir. O temperamento, nesse contexto, é um forte fator de influência. Como exemplo:

atletas sanguíneos que mesmo com cargas elevadas de estresse conseguem manter uma

excelente eficiência. O atleta colérico por possuir um temperamento mais explosivo, tende a

desconcentrar-se com facilidade, porém por “ter um jeito brigão”, apresenta um bom nível

motivacional. Já atletas flemático, apesar apresentar um ritmo mais lento, em geral ser uma

pessoa calada, aparentemente mais calma, também matém um bom desempenho.

Esses três tipos de atletas poderiam ser considerados como atletas orientados ao

sucesso. Há também o atleta melancólico, quando em situações de estresse chora com

facilidade, tem tendência à desmotivação, poderia facilmente ser um atleta orientado a evitar o

fracasso.

Por serem tão diversos os componentes, a ser considerados para o preparo

psicológico do esportista, é primordial que seja de conhecimento do responsável pelo

treinamento do atleta, a motivação existente para a prática da modalidade, assim como suas

características individuais de personalidade, orientação ao sucesso, tendência ao rendimento,

como todos os fatores que poderão ser influentes no comportamento emocional. A fim de

realizar um trabalho psicológico com ele de acordo com seus objetivos e particularidades,

almejando o melhor estado emocional, para que o atleta aperfeiçoe sua eficiência para obter

melhores resultados, incentivando sua motivação pela modalidade praticada, pretendendo

estabelecer um interesse direto do atleta no esporte.

Page 50: a influência da motivacão na eficiência técnica e no comportamento

49

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizar a presente pesquisa, chegamos a conclusões, que em razão da

inovação e da complexidade que envolve questões subjetivas relacionadas ao inconsciente do

ser humano e as suas mais diversificadas possibilidades, minha motivação se valeu da

provocação e do pioneirismo do assunto em nossa faculdade, que ainda não possui uma

cadeira específica que trate exclusivamente da psicológica esportiva, tanto na graduação de

Educação Física como também na de Psicologia, ficando a sugestão para que esses

departamentos, através do Núcleo de saúde, busquem profissionais para nos subsidiar em

futuras aproximações acadêmicas na temática.

Nosso objetivo de estudar a motivação dos atletas de taekwondo do SESC foi

explorado usando as possibilidades apresentadas pelos teóricos descritos em nosso referencial

teórico nos ajudaram a responder quais sãos os motivos que levam os atletas a praticar a

modalidade: Motivo direto pessoal com 58%, motivo direto social com 24%, e indireto

pessoal com 18%. Como se relaciona os motivos em função da eficiência técnica do aluno

nesse esporte: 84,13% de eficiência (atletas com motivos do tipo direto, média de 65% e com

motivos do tipo indireto, média de 35%) e qual o comportamento emocional apresentado

pelos alunos nas competições em relação aos seus motivos: os atletas com motivos do tipo

direto obtiveram uma média de 70% de estado ótimo de motivação, em quanto os atletas com

motivos indiretos apresentaram um percentual médio de 65%. De acordo o descrito, observa-

se a necessidade, em todos os resultados, da intervenção do treinamento psicológico.

Obedecendo aos critérios da estruturação desse tipo de planejamento, que deve seguir seu

processo de acordo com as metas estabelecidas e a metodologia selecionada, para a

transformação dos processos psíquicos, em relação às ações esportivas, por meios de tarefas

aplicadas, que objetivarão: a melhoria, através do planejamento sistemático, das capacidades e

habilidades psíquicas individuais do rendimento. Assim como a estabilização e otimização do

comportamento emocional na competição, buscando então, contribuir na planificação de

treinamento (macrociclo), para a aquisição do melhor rendimento do atleta.

Por tanto, considera-se importante a elaboração de um trabalho psicológico em

função da eficiência técnica, com a finalidade, de manter um bom rendimento dos atletas, para

que não haja uma queda no nível motivacional da equipe. E seja também incentivando nos

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50

atletas com motivos indiretos, a transformarem seus motivos para o tipo direto, modificando

as condições do treinamento de acordo com as necessidades pessoais do taekwondista, para

melhorar o grau da eficiência técnica apresentado nesta pesquisa.

Espera-se que esse estudo possa contribuir para a estruturação do planejamento

psicológico da equipe de taekwondo do SESC-RO, como também dar subsídios a posteriores

projetos.

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51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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WHINBERG.R. & GOLD. D. Foundations of Sport and Exercise Pychology. Champaingn:

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ANEXO