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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR
NÚCLEO DE SÁUDE – NUSAU
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - DEF
LUCIANA FERREIRA DE OLIVEIRA
A INFLUÊNCIA DA MOTIVACÃO NA EFICIÊNCIA TÉCNICA E NO
COMPORTAMENTO EMOCIONAL DE ATLETAS DE TAEKWONDO DO
SESC-RO.
PORTO VELHO - RO
JULHO/2007
LUCIANA FERREIRA DE OLIVEIRA
A INFLUÊNCIA DA MOTIVACÃO NA EFICIÊNCIA TÉCNICA E NO
COMPORTAMENTO EMOCIONAL DE ATLETAS DE TAEKWONDO DO
SESC-RO.
Monografia apresentada para a apreciação da
Universidade Federal de Rondônia, como
requisito avaliativo para obtenção do título de
Licenciatura Plena em Educação Física.
ORIENTADOR: PROF. MS. RAMÓN NÚNEZ CÁRDENAS
COORIENTADOR: PROF. ESP. ROBSON ALMEIDA DE OLIVEIRA
PORTO VELHO - RO
JULHO/2007
LUCIANA FERREIRA DE OLIVEIRA
A INFLUÊNCIA DA MOTIVACÃO NA EFICIÊNCIA TÉCNICA E NO
COMPORTAMENTO EMOCIONAL DE ATLETAS DE TAEKWONDO DO
SESC-RO.
BANCA EXAMINADORA:
PROF. MS. RAMÓN NÚNEZ CÁRDENAS
PROF. Ms. RICARDO FARIA SANTOS CANTO
PROF. Esp. JOÃO BERNARDINO DE OLIVEIRA NETO
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, José e Adélia, por me
incentivarem a sonhar.
AGRADECIMENTOS
Aos meus Pais, José Gonçalves de Oliveira e Adélia Moreira Ferreira, pelo o amor,
dedicação e dignidade com que me educaram, por todos os ensinamentos que me
proporcinaram com suas histórias de vida e por me inspirarem a acreditar e respeitar a
grandiosidade e benevolência da vida.
Ao meu Padrinho, Valter Custódio Jorge, e a sua esposa, Alda Palheta de Medeiros
(minha madrinha de coração), pela amizade, por acreditarem em minhas capacidades e
patrocinarem os meus estudos, o que foi de fundamental importância em minha formação.
As minhas irmãs, Eva Moreira Barbosa, Maria de Lurdes Moreira Barbosa e Joana
Darque Moreira Ferreira, e aos meus irmãos, Adão Moreira Barbosa, Liomar Moreira
Barbosa e Ednei Moreira Gonçalves, por me ensinarem sobre fraternidade.
Aos Amigos com que a vida me presenteou meu carinho, estarão sempre em minhas
alegres lembranças. A Sara Patrícia Machado e a Eloia Duarte, pelo apoio, torcida e amizade
incondicional. Às amizades sinceras que se fizeram ao longo do curso de graduação, em
especial a Elizangêla Matias, por me receber tão cedo em sua casa para me auxiliar neste
trabalho e por nossas tardes no quintal.
Aos Profissionais que conheci no SESC, durante o estágio, pela contribuição em
minha formação profissional. Ao Armando Trajano dos Santos, pela partilha de saberes.
Aos Professores que ao longo de minha vivência escolar me ensinaram que emoção é
conteúdo essencial na aprendizagem. Aos Professores do Curso de Educação Física, pela
contribuição em meu saber e na minha formação profissional. Ao meu orientador, Professor
Ramón Núnes Cardénaz, pelo incentivo na escolha do tema desta pesquisa.
Ao meu coorientador, Robson Almeida de Oliveira, pela orientação e auxílio nesta
pesquisa, e ainda pela gentileza e generosidade com que me apresenta um mundo de
possibilidades em nossas intermináveis conversas.
A todos que torcem por minhas conquitas.
E a magnitude da vida, gratidão!
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Classificação dos tipos de motivos ..................................................................... 38
Gráfico 2 - Motivos Direto Pessoal ...................................................................................... 40
Gráfico 3 - Motivos Direto Social ........................................................................................ 40
Gráfico 4 - Comparação dos motivos diretos e motivos indiretos.......................................... 41
Gráfico 5 - Analise do desempenho pelas fases do movimento técnico ................................. 43
Gráfico 6 - Média Percentual da Eficiência Técnica/Motivos ............................................... 44
Gráfico 7 - Comportamento Emocional x Motivos Diretos ................................................... 46
Gráfico 8 - Comportamento Emocional x Motivos Indiretos................................................. 46
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Modelo de necessidade para o rendimento ........................................................... 21
Tabela 2 - Diferentes estados pré-competitivos e suas correspondentes características
psicofisiológicas em atletas .................................................................................................. 31
Tabela 3 - Correlação dos Motivos Diretos e Indiretos com a Eficiência Técnica ................. 42
Tabela 4 - Correlação do Comportamento Emocional com os Motivos Diretos e Indiretos ... 45
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Movimento analisado - bandal tchagui ................................................................. 36
LISTA DE SIGLAS
COI - Comitê Olímpico Internacional
ISPS - Internacional of Sport Psichology / Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte.
ISSP - Internacional Society of Sport Psychology - Sociedade Internacional de Psicologia do
Esporte.
SESC- Serviço Social do Comércio
SOBRADE - Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte da Atividade Física e Recreação
SOSUPE - Sociedade Sul americana de Psicologia da Atividade Física e Recreação.
WTF - Word Taekwondo Federation – Confederação Mundial de Taekwondo
SUMÁRIO
LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................................... 5
LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... 6
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ 7
LISTA DE SIGLAS ............................................................................................................... 8
RESUMO ............................................................................................................................ 11
ABSTRACT ........................................................................................................................ 12
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13
2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 14
3. OBJETIVOS .................................................................................................................... 16
3.1. Objetivo Geral ........................................................................................................... 16
3.2. Objetivos específicos ................................................................................................. 16
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 17
4.1 - Teorias sobre motivação no esporte .......................................................................... 17
a) Teoria de Motivação para o Rendimento de Heckhausen.................................... 18
b) Teoria de Necessidade para o Rendimento (Need Achievement Theory) ............ 20 c) Teoria de Atribuição (Attribution Theory) ......................................................... 22
d) Teoria das Metas para o Rendimento (Achievement Goal Theory) ..................... 22 e) Teoria da Motivação para a Competência (Competence Motivational Theory) ... 22
4.2 - Classificações de Motivos no Esporte....................................................................... 23
a) Motivos Pessoais ............................................................................................... 23 b) Motivos Sociais ................................................................................................. 23
c) Motivos Diretos ................................................................................................. 23 d) Motivos Indiretos ............................................................................................... 23
4.3 - Medidas e técnicas de motivação no esporte ............................................................. 24
a) Técnicas Básicas de Motivação .......................................................................... 24 b) Medidas de Ativação Básica .............................................................................. 25
c) Técnica de Relativação ...................................................................................... 25 4.4 - Medidas de Automatização ...................................................................................... 26
a) Técnicas Cognitivas ........................................................................................... 26 b) Técnica de Auto-afirmação ................................................................................ 26
c) Técnicas Motoras ............................................................................................... 27 d) Técnicas Emocionais ......................................................................................... 27
4.5 - Emoções no Esporte ................................................................................................. 28
a) Emoção na Fase Pré-competitiva ....................................................................... 30 b) Emoções Durantes as Competições .................................................................... 32
c) Emoções Negativas ............................................................................................ 32 d) Emoções Após a Competição ............................................................................. 33
4.6 - Taekwondo – Esporte escolhido para pesquisa ......................................................... 34
5. METODOLOGIA ............................................................................................................ 37
6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS........................................................................ 38
6.1 - Classificação dos Tipos de Motivos apresentados pelos atletas para a prática do
Taekwondo. ..................................................................................................................... 38
6.2. Análise da Eficiência Técnica em Relação aos Motivos Apresentados pelos Atletas. . 42
6.3. Análise do Comportamento Emocional em Competições em Relação aos Motivos
Apresentados.................................................................................................................... 44
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 51
ANEXO ............................................................................................................................... 52
RESUMO
A motivação é um componente de grande relevância dentro do Sistema de
Regulação Psicológica das Ações Motrizes, muitos autores (Samulski, 2002, Cárdenas, 2006,
Puni, 1974, Singer,1977), afirmam que isso se deve ao fato da mesma ser ativadora de
processos de aprendizagem dos movimentos esportivos. Essa pesquisa tem por objetivo,
conhecer a influência da motivação na eficiência técnica e no comportamento emocional dos
atletas de taekwondo do SESC-RO, da unidade de Porto Velho. Para isso, investigaram-se os
tipos de motivações apresentadas para a prática de taekwondo, a eficiência técnica do
movimento e o comportamento emocional dos atletas. Foi realizada uma pesquisa de campo,
com abordagem quantitativa, de cunho qualitativo, que utilizou questionários abertos: o Teste
dos Dez Desejos, para identificar os tipos de motivos, o Teste de Comportamento Emocional
em Competições, para verificar como se comportam os atletas em competições e o Teste de
Representação Motora, para conhecer a eficiência técnica dos atletas. Analisou-se a população
de atletas da escolinha de taekwondo do SESC-RO, entre homens e mulheres, iniciantes e
veteranos na modalidade. Em relação aos resultados, conclui-se que a intervenção de um
planejamento de treinamento psicológico em função da motivação, da eficiência técnica e do
comportamento emocional dos atletas, poderia apresentar grande significância no
aprimoramento do rendimento esportivo dos atletas analisados.
Unitermos: Atletas; Eficiência Técnica; Emoções; Motivação.
ABSTRACT
The Motivation is a very important component inside the Psychological
Regulation of Actions Driving System, many authors (Samulski, 2002, Cárdenas, 2006, Puni,
1974, Singer, 1977), claim that this is due to fact that it is the activator of learning process of
sports movements. This research aims, to know the influence of motivation in technical
efficiency and emotional behavior of taekwondo athletes SESC-RO, unit of Porto Velho. For
this, we investigated the kinds of motivations submitted for the practice of taekwondo, the
technical efficiency of the movement and the emotional behavior of athletes. A field survey
was performed with quantitative approach, of imprint qualitative, which used open
questionnaires: the Test of Ten Desires, to identify the types of reasons, the Test of Emotional
Behavior in competitions to see how they behave athletes in competitions and the Test of
Motor representation, to know the technical efficiency of athletes. We analyzed the population
of the school for taekwondo athletes SESC-RO, between men and women, beginners and
veterans in the sport. In relation to results, it was concluded that the intervention of a
planning training in psychological function of motivation, technical efficiency and the
emotional behavior of athletes, could present major significance in improving the sports
performance of athletes analyzed.
Uniterms – Key words: athletes; Technical Efficiency; motivations; reasons
13
1. INTRODUÇÃO
O conceituado Doutor em psicologia do esporte pela Universidade de Colonia
(Alemanha) consultor das equipes brasileiras nas competições paraolímpicas de Sidney e
Athenas, Dietmar Martin Samulski afirma que a motivação será sempre de dentro para fora,
porém os fatores internos serão subsidiados pelos fatores externos, porque mesmo sendo um
sentimento intrínseco, relaciona-se com fatores ambientais, dependendo diretamente dessa
inter-relação entre os agentes internos (motivos, desejos, metas e interesses), e os externos
(ambiente social, temperatura, condições fisiológicas e emocionais) para sua existência.
Desta forma e partindo do tema motivação, o presente trabalho tem como um de
seus objetivos fornecerem informações adicionais para os profissionais de Educação Física
que trabalham diretamente com atletas de rendimento ou na iniciação, no tocante a motivação
desses alunos/atletas em seus planejamentos. Pretendemos refletir a ação da motivação e,
necessariamente, compreender os resultados aferidos na pesquisa, para a partir daí, propor
intervenções, não só pontuais na melhora do rendimento e motivação dos indivíduos
envolvidos, mas também na visão macro da abrangência que o tema, motivação, possui nessa
formação.
Para isso, três perguntas nortearão este Trabalho de Conclusão de Curso: Quais
são os motivos que levam os atletas a praticar a modalidade? Como se relaciona os motivos
em função da eficiência técnica do atleta nesse esporte? Qual o comportamento emocional
apresentado pelos atletas nas competições em relação aos seus motivos?
14
2. JUSTIFICATIVA
A presente pesquisa se justifica na imperiosa necessidade de se estudar e
compreender os mecanismos que levam atletas a se motivarem para ações específicas de suas
modalidades, ou seja, o que os transforma para a ação do treino e todas as nuances que lhes
movimentam para essas finalidades, assim, sabedores que somos que o homem é um ser que
necessita mover suas ações dando sentido ao que se faz, por meio de um impulso energético
que cada indivíduo possui para agir em direção a um objetivo, seja em suas necessidades mais
primitivas relacionadas à sobrevivência (alimentar-se, mover-se, conviver em grupo, lutar,
dançar...), bem como as mais sutis, como as que se referem às suas escolhas pessoais como,
por exemplo: o interesse por determinados assuntos ou áreas, desejo por uma profissão,
familia, torcer por um determinado time e não outro, escolher praticar um esporte, manter-se
nele, ao até mesmo desistir de praticá-lo.
O homem é capaz de grandes feitos quando motivado. Coisas extraordinárias
podem ser realizadas, como por exemplo: as pesquisas e descobertas, que foram frutos de
pesquisadores motivados e determinados, a viajem do homem a lua, as conquistas genéticas,
as canções e poesias mais belas, os grandes escritores de livros que compuseram e ainda
compõem a formação de milhares de pessoas ao redor do mundo, os atletas campeões
olímpicos e até mesmo os atletas que nunca chegaram a uma competição, mas que foram
motivados por fatores de saúde, familiares ou por puro prazer.
São muitos os estudos realizados sobre motivação, por este ser considerado um
fator de grande relevância não só no âmbito esportivo como também em todas as ações
humanas. Bergamini (1984, p. 36) refere-se ao assunto, afirmando que “numa larga acepção,
o termo motivação denota os fatores e processos que levam as pessoas a uma ação ou inércia
em diversas situações”. “Fazendo-se, então, uma boa questão para investigação”.
Samulski (2002, p. 104), conceituado estudioso na temática, caracteriza a
motivação como “um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende de
fatores pessoais (intrínseco) e ambientais (extrínsecos)”. Afirma também, que neste modelo
de motivação, haverá uma determinante de direção do comportamento (que remete a
intenções, metas e interesses) e uma determinante energética.
A relação entre os fatores internos e externos, assim como a motivação
propriamente dita, apresenta-se de maneira subjetiva, pois cada pessoa é um indivíduo com
15
experiências de vida, comportamento, desejos, expectativas, metas, necessidades, em fim, um
conjunto de características que compõem personalidades distintas, por conseguinte, a
motivação dar-se-á, diferentemente de pessoa para pessoa, de acordo com a personalidade de
cada sujeito, que será influenciada por fatores variados, a partir de seus interesses,
concepções, meio social, estado emocional, ou seja, uma série de condições únicas, tanto
internas como ambientais.
A motivação por interferência de fatores pessoais e situacionais, facilmente
mutáveis, poderá sofrer alterações. A motivação corresponde à influência direta dos fatores
intrínsecos e extrínsecos do sujeito, por tanto se esses fatores sofrerem alguma mudança como
conseqüência, poderá mudar também a motivação do indivíduo. Como Samulski (2002), diz,
as pessoas ao passar do tempo, dependendo das necessidades e oportunidades, podem alterar a
importância que têm sobre os fatores pessoais e situacionais. E essa alteração de valores,
poderá afetar a intensidade da motivação que possuem.
Cratty (1984, p. 37) sobre este aspecto, menciona que no esporte a opção de um
esportista por uma modalidade, também dependerá de sua experiência e expectativa de vida
quando afirma que “os motivos para se desempenhar um determinado esporte são formados,
muitas vezes, pela combinação de acontecimentos passados e próximos, ambos atuando sobre
a consciência do atleta”. Esse sentimento é variável, complexo e subjetivo, o que torna difícil
uma mensuração precisa, quanto a sua intensidade e variação.
O estudo da motivação para a prática esportiva é um tema de importância
fundamental, principalmente na iniciação esportiva, pois as atividades planejadas pelo
professor/treinador são de singular relevância, proporciondo subsídios (intrínsicos e/ou
extrínsicos) no incentivo motivacional ao aluno/atleta. Da mesma forma quando revertemos
este planejamento para atletas de alto rendimento, os resultados tentem a êxito positivo no
alcance das metas planejadas, mantendo o atleta contantemente motivado para a prática
esportiva. Por tal motivo considera-se que o tema escolhido para esta monografia é de grande
relevância para toda população que se encaminha para a prática do esporte, principalmente de
competição.
16
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral
Estudar a motivação, componente de relevância nos Sistema de Regulação
Psicológica das Ações Motrizes, e sua influência na eficiência técnica e no comportamento
emocional de atletas de taekwondo.
3.2. Objetivos específicos
Identificar os tipos de motivos que apresentam os atletas para a prática do
taekwondo;
Analisar a relação dos motivos com a eficiência na realização técnica dos
movimentos neste esporte;
Analisar o comportamento emocional dos atletas durante as competições
considerando a classificação dos motivos
17
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Motivação será conceituada nesse trabalho, segundo as definições dos autores
mencionados (Cratty, 1984; Bergamini, 1999; Samulski, 2002), como um sentimento interno,
pessoal e intransferível, que interage com fatores externos, para a escolha e execução de uma
atividade, podendo variar, de acordo com determinantes pessoais e ambientais, sua
intensidade, sendo também complexa e subjetiva.
Este fator psicológico, de grande relevância no Sistema de Regulação Psicológica
das Ações Motrizes, é trabalhado por meio de teorias e técnica de treinamento psicológico. Os
subsídios teóricos utilizados na preparação psicológica de esportistas serão apresentados a
baixo. A motivação é considerada por muitos autores (Cárdenas, 2006; Samulski, 2002;
Puni,1974; etc.) como o componente psicológico mais importante dentro do Sistema de
Regulação Psicológica das ações Motrizes, devido o mesmo ser o ativador dos componentes
indutores (necessidades, aspirações e ideais) e orientadores (concentração, memória, atenção,
pensamento, linguagem, percepção especializada e sensações proprioceptivas), os quais são
fundamentais no processo de aprendizagem de movimentos esportivos.
Por tanto dividimos o presente capítulo em três tópicos especifícos, que tratam
respectivamente: a) Teorias sobre a motivação no esporte; b) Classificação de Motivos no
Esporte e c) Medidas e Técnicas de Motivação.
4.1 - Teorias sobre motivação no esporte
A Psicologia do Esporte trabalha, segundo Samulski apud Cárdenas (2006), com
análise de processos básicos e com a realização de práticas do diagnóstico e da intervenção.
Por tanto, serão aqui apresentadas às teorias que são utilizadas como base, na preparação
psicológica da motivação de atletas, na pespectiva de conquistar um melhor rendimento, de
acordo com os princípios de análise e diagnóstico, como também da intervenção no
treinamento psicológico de atletas.
Para começar, é interessante tomar conhecimento de duas tendências de
rendimento, que são consideradas por diversos autores em suas teorias. E serão referenciadas
neste capítulo.
18
Considerando essas tendências temos Puni apud Cárdenas (2006), que preconiza
que toda pessoa possui duas tendências para o rendimento, a de buscar o êxito a de evitar o
fracasso. E dessa forma são atribuídas características aos atletas segundo essas tendências:
Atleta motivado pelo êxito:
Planificam e trabalham durante um longo período de tempo;
Não necessitam de estímulos permanentes;
Têm um nível de aspirações realistas e otimistas;
Atleta motivado a evitar o fracasso:
Têm medo e são pessimistas na obtenção de seus objetivos;
Necessitam de estímulos permanentes;
Possuem um nível de aspirações pouco realistas.
Heckhausen apud Samulski (2002) também utiliza essas duas tendências como
referência para o rendimento, distinguindo-as como tendência de procurar o êxito e de evitar o
fracasso. Diferenciando os atletas conforme as características de dominância das mesmas. De
acordo com os motivos de êxito ou de fracasso, denomina os atletas como: do tipo vencedor
e o do tipo perdedor.
Samulski (2002) define essas tendências como, tendência de procurar o sucesso: a
capacidade de vivenciar orgulho e satisfação na realização de tarefas. E a tendência de evitar
o fracasso: a capacidade de experimentar vergonha e humilhação em conseqüência do
fracasso.
Como se observa essas duas tendências é citado pelos autores, que atribuem a elas
considerações muito semelhantes. Seguem as mesmas concepções, buscam estabelecer um
comportamento, por meio de características que identifiquem os atletas, em relação às
tendências de êxito ou de fracasso. Podendo ser diferidas somente pala nomenclatura, já que
possuem as mesmas definições e relevância.
a) Teoria de Motivação para o Rendimento de Heckhausen
A motivação do rendimento é entendida como “o desejo de melhorar, aperfeiçoar
e manter seu alto nível” (Samulski, 2006, p.107). Heckhausen apud Samulski (2002)
caracteriza a motivação em duas tendências, como citadas anteriormente, a de procurar o êxito
e de evitar o fracasso, denominando os atletas como do tipo vencedor e perdedor.
19
Dentro desta teoria para o rendimento, ainda é relevante, segundo Rheiber apud
Samulski (2002), as normas de referência para o rendimento, que podem ser diferenciadas em
normas individuais e normas sociais de referência:
Norma Individual: é a comparação que o atleta faz de seus resultados
obtidos tendo como referencias seus resultados anteriores;
Norma Social: é a comparação que o atleta faz de seus resultados tendo
como referência os resultados de outros atletas.
Considerando a motivação atual, Samulski (2002), ressalta a interação entre
fatores pessoais e situacionais, e faz a incitação entre os determinantes internos e os externos
tendo-os como:
Determinantes externos:
Incentivo: é a antecipação de prêmios como presentes, elogios,
reconhecimento social e dinheiro, relacionados com o resultado de uma
ação.
Dificuldades e Problemas: a dificuldade de uma tarefa determina
decisivamente o nível de motivação, quando são muito difíceis tornam-se
desmotivadoras.
Os problemas se relacionam aos acontecimentos, que está a quem do atleta, como
chuva durante as competições, altitude do local, influência da torcida, etc.
Os fatores internos são determinados por:
Nível de expectativa: difere entre um estado atual e um estado futuro. O
nível de aspiração define-se como uma expectativa subjetiva no próprio
rendimento futuro. Havendo pessoas que apresentam um nível de
aspiração muito baixo ou muito alto, tendo outras que possuem um nível
médio de aspirações.
Hierarquia dos motivos: são tidos como motivos primários (importantes)
e motivos secundários (subordinados). São subdivididos em quatro níveis:
o Primeiro nível motivos fisiológicos ou vitais, aos quais
pertencem os motivos de saúde ou de capacidades efetivas, físicas
ou psíquicas;
o Segundo nível estão os motivos pessoais, principalmente os
motivos de êxito, de rendimento ou de auto-realização;
20
o Terceiro nível estão os motivos sociais, pertencem os motivos
de reconhecimento social e os de poder;
o Quarto nível são os motivos que se relacionam com a ética e a
estética.
Motivação do rendimento: é caracterizada por duas tendências, a de
procurar o êxito e evitar o fracasso, classificando os atletas de acordo com
as de perdedor ou de vencedor. Como já foi explicado anteriormente.
Atribuição causal: são atribuições feitas às causas responsáveis pelo êxito
ou pelo fracasso, e dividem-se em:
Atribuição causal interna: o resultado de uma ação é atribuído a
capacidade ou aos próprios esforços;
Atribuição causal externa: o resultado de uma ação é atribuído a
dificuldade da tarefa ou a causalidade.
b) Teoria de Necessidade para o Rendimento (Need Achievement Theory)
É uma teoria clássica de Atkinson (1974) e McClelland (1961) apud Samulski
(2002), que determinam motivação para o rendimento como sendo o resultado da interação de
fatores pessoais e situacionais.
Fatores pessoais: o comportamento de uma pessoa é influenciado pela motivação.
Considerando as duas tendências motivacionais, existem em cada pessoa: a tendência de
procurar o sucesso e evitar o fracasso. Samulski (2002), sobre essa tendência afirma que as
pessoas orientadas para o sucesso, demonstram alto nível de motivação para o sucesso e um
baixo nível para o fracasso, preocupam-se com a demonstração de suas capacidades e não se
preocupam com os resultados negativos. Enquanto as orientadas para o fracasso demonstram
baixo nível de motivação para o sucesso e alto nível para o fracasso, e preocupa-se com os
resultados e as conseqüências negativas.
Fatores situacionais: são considerados aqui dois fatores situacionais. A
probabilidade e o valor de incentivo.
Probabilidade: a probabilidade de sucesso no esporte depende da dificuldade da
tarefa e a da competência do adversário;
Valor do incentivo: o valor do sucesso no esporte é maior quando um atleta vence
um adversário excelente do que um amador ou muito superior a ele. Competições que
oferecem uma chance de 40% a 50% para um atleta orientado para o sucesso são mais
21
estimulantes para o desempenho máximo, do que uma competição em que as chances reais de
vencer fossem de a partir de 80% ou abaixo de 30%, nesses casos seria menor o desempenho
do competidor.
Tendências resultantes: essas tendências caracterizam pessoas de acordo
com sua orientação. As pessoas orientadas para o sucesso (High
Achievers) procuram situações de desafio e preferem competir com
adversários fortes com capacidades iguais. As pessoas orientadas para o
fracasso (Low Achievers) tendem a evitar situações de desafios ou
procuram tarefas excessivamente fáceis de realizar.
Reações emocionais: são influenciadas pelas tendências motivacionais,
como o orgulho e a satisfação. A maioria das pessoas que procuram
vivenciar estas emoções, e evitar ou minimizar sensações de vergonha, são
os atletas orientados para o sucesso, que tendem a experimentar as
sensações de orgulho e satisfação em sua carreira esportiva, mais que os
orientados para o fracasso.
Comportamento de performance (Achievement Behavior): resulta da
interação dos quatro fatores mencionados, é o comportamento de
rendimento, em que os “High Achievers” selecionam tarefas mais
exigentes, com risco intermediário e mostram bons rendimentos em
situações de avaliação. E os “Low Achievers” preferem evitar tarefas
exigentes e situações de risco, não apresentando bons resultados.
Tabela 1 - Modelo de necessidade para o rendimento
FATORES
PESSOAIS
FATORES
SITUACIONA
IS
TENDÊNCIA
RESULTANTE
REAÇÕES
EMOCIONAIS
COMPORTAMENTOS
MOTIVOS DE
PROCURAR
SUCESSO
Probabilidade
de sucesso.
Procurar sucesso.
Orgulho na
presença de
sucesso.
- Procurar
situações de
desempenho;
- Procurar
desafios;
- Alto nível de
desempenho;
MOTIVOS
DE EVITRAR
FRACASSO
Valor de
incentivo para o
fracasso.
Evitar fracasso.
Vergonha na
presença de
fracasso.
- Evitar situações
de desempenho;
- Evitar riscos de
desafios;
- Baixo nível de
desempenho; Fonte: Weinberg. R. & Gold, D. (1999).
22
c) Teoria de Atribuição (Attribution Theory)
A teoria de atribuição consiste na explicação de como as pessoas interpretam as
causas de sucesso e de fracasso. Weiner apud Samulski (2002), em 1985 atribui um modelo
de diferentes categorias de atribuição básica para essa teoria.
Nessa teoria há uma relação entre formas diferentes de atribuições à motivação.
Uma inter-relação entre a atribuição de um resultado e as expectativas de sucesso com as
reações emocionais resultantes (Samulski, 2002).
d) Teoria das Metas para o Rendimento (Achievement Goal Theory)
Por estudos realizados, segundo Samulski (2002), três fatores foram considerados
na analise das metas que interagem determinando o nível de motivação para o rendimento.
São eles: as metas para o rendimento, a percepção subjetiva das próprias capacidades e o
comportamento.
O foco desta teoria é a meta para o rendimento. Havendo uma relação entre meta e
motivação. As metas de um atleta são consideradas como um fator intrínseco, e nesse sentido,
os psicólogos do esporte desenvolvem uma pesquisa, a fim de entender melhor o processo de
motivação para o rendimento (Samulski, 2002).
São mencionadas na teoria para o rendimento:
Metas orientadas para o resultado final (Outcome Oriented Goals): o atleta tem
como meta um bom resultado em vencer os outros atletas. Pois possui uma
permanente comparação com os outros competidores.
Metas orientadas para a tarefa (Task Oriented Goals): a orientação do atleta é
tida por referênciais individuais. Esforçando-se para obter o melhor
rendimento próprio, aperfeiçoando seu nível técnico (Mastery Orient) não
considerando o rendimento dos outros atletas.
e) Teoria da Motivação para a Competência (Competence Motivational Theory)
Essa teoria define-se considerando três componentes como influentes ao nível
motivacional: autoestima, percepção da própria competência e percepção do controle. Esses
23
componentes afetarão a motivação, entre tanto, a alteração será de forma indireta, por estados
emocionais produzidos pela auto-percepção como: de alegria, de felicidade, de ansiedade, etc.
São considerados influentes nas sensações da autoestima, competência e
autocontrole, processo de feedback, orientações para a tarefa ou para o resultado e o nível de
ansiedade. Assim é que a teoria explica o processo da interação entre percepção de
competência e controle de uma pessoa, e o estado atual de motivação. Resume a teoria que, as
pessoas que se sentem valorizadas e competentes para a execução de determinadas tarefas,
são consideradas com alto nível de motivação. Em objeção, as pessoas com um baixo nível
motivacional, não se sentirão valorizadas ou capazes de executar as tarefas determinadas.
(SAMULSKI, 2002)
4.2 - Classificações de Motivos no Esporte
Segundo Cárdenas (2006), são muitos os motivos que impulsionam o atleta a
praticar uma modalidade esportiva de forma sistemática. A pesquisa realizada neste trabalho
considera esta classificação a partir de Puni (1974) que a apresenta com os seguintes motivos:
a) Motivos Pessoais
Que se relacionam com a amplitude dos objetivos na prática esportiva;
b) Motivos Sociais
Relaciona-se ao interesse do atleta em ter bons resultados no intuito de beneficiar
seu pai, equipe, estado, etc;
c) Motivos Diretos
Relaciona-se ao papel que ocupa o esporte dentro da estrutura de motivação, é o
interesse correspondente pela prática esportiva em si;
d) Motivos Indiretos
Relaciona-se aos interesses que serão alcançados através da modalidade esportiva.
Sendo a modalidade entendida como um meio para um objetivo alheio à mesma.
Os motivos nessa classificação serão identificados com: pessoais ou sociais,
diretos ou indiretos. O motivo sempre será classificado como direto ou indireto, sendo e se
relacionará com o motivo social ou pessoal do sujeito. Por exemplo: um atleta que tem seus
24
motivos classificados como sociais, poderá tê-los de forma direta ou indireta. Considerando o
interesse desse atleta em representar seu Estado por meio da modalidade praticada, esse
motivo além de social seria também direto, e seria classificado como: social direto. Uma
pessoa que pratica uma modalidade, com o interesse de emagrecer, ou adquirir uma melhor
qualidade de vida, teria seus motivos classificados como indireto, por não ter o esporte em si
como interesse, e pessoal por ter seu objetivo como uma realização e representação pessoal,
seus motivos seriam então classificados neste caso como: indireto pessoal.
Cárdenas (2006) diz que todos os motivos podem ajudar a alcançar bons
resultados, pois todos ativam as energias e as disposições do atleta para obter melhores
resultados na prática esportiva. Eis a necessidade do responsável (técnico, professor, mestre,
orientador) pelo treino conhecê-los.
4.3 - Medidas e técnicas de motivação no esporte
As técnicas utilizadas no treino de um atleta ao que se refere à motivação, objetiva
desenvolver o comportamento positivo esperado para o treinamento. Segundo Samulski
(2002), são por meio das técnicas de motivações, que as formas desejadas de comportamentos
são promovidas e as não desejadas evitadas.
Para melhor compreensão das técnicas de motivações em treinamentos
psicológicos de atletas, abaixo estão mencionadas as mais utilizadas e suas principais
características que possuem: a) Técnicas Básicas de Motivação; b) Medidas de Ativação
Básica; c) Medidas de Ativação Básica;
a) Técnicas Básicas de Motivação
O objetivo nesta técnica motivacional é o de desenvolver formas positivas e
estabilizar formas adequadas de comportamentos.
Samulski (2002:118), diz que, “na relação pessoa – situação pode-se modificar
condutas, aplicando-se medidas orientadas a pessoa e/ou a situação. As medidas orientadas à
pessoa são representadas por medidas psicológicas, na busca da modificação de condições
individuais da ação”.
O foco será o indivíduo, nessa técnica orienta a pessoa por meio do ensino, do
exercício, do treinamento e de medindas terapêuticas, destinados a auxiliar o sujeito, em
25
relação aos seus conflitos sociais e problemas psíquicos, tendo como meta a superação dos
fatores que possam ser negativos. Visando melhor estabilizar as capacidades pessoais,
incentivando a transformação da motivação de extrínseca em uma motivação intrínseca, a
orientação ao fracasso em uma orientação ao sucesso, e a atribuição causal externa ao fracasso
em uma atribuição causal interna.
As medidas orientadas a situação atuam por meio da modificação da estrutura da
tarefa, ou da situação da ação, influenciando as pessoas através da modificação, das condições
de situações, como também do nível da dificuldade da tarefa e de incentivos externos, a
alcançar o nível ótimo de motivação.
Essas medidas de orientação à pessoa e a situação, tem o objetivo de desenvolver
no aluno/atleta a capacidade de automotivação, autocontrole, de autoenfrentamento e a de
assumir suas responsabilidades em situações de fracasso.
b) Medidas de Ativação Básica
As medidas de ativação básica buscam a ativação e a manutenção da motivação.
As medidas que tem por objetivo, a mudança do nível básico de motivação, denominam-se
como medidas de controle da energia. Conforme o grau de intensidade da ativação básica, as
medidas podem seguir duas direções de influência:
Aumento do nível energético resulta em um comportamento mais
dinâmico;
Redução do nível energético resulta em um comportamento mais
relaxado.
As medidas têm como objetivo a manutenção das intenções frente aos problemas
e os obstáculos, que são denominados de medidas de controle das intenções. Ela se utiliza de
algumas técnicas que possibilitam a influência na força de vontade.
Técnica de acentuação tem o objetivo de influenciar à percepção subjetiva
por meio da acentuação positiva da própria pessoa e a da situação.
Técnica de direcionamento da atenção tem como objetivo possibilitar o
atleta a desviar sua atenção das situações de problemas e dirigi-las às tarefas
importantes.
c) Técnica de Relativação
Visa à mudança do sistema de referência, para avaliar as condições pessoais e
ambientais. Um de seus objetivos é o de comprovar o seu próprio estado psicológico, com o
estado psicológico de outros sujeitos.
26
4.4 - Medidas de Automatização
Essas medidas são entendidas por todas as vezes que alguém aplica, assumindo o
controle sobre o seu próprio comportamento, para regular seu nível de motivação. São
classificadas nessas medidas as seguintes técnicas por Samulski, 2002: a) Técnicas
Cognitivas; b) Técnica de Auto-afirmação; c) Técnicas Motoras;d) Técnicas Emocionais.
a) Técnicas Cognitivas
A técnica cognitiva de regulação tem seu ponto de partida nas funções psíquicas
como o processo da percepção, imaginação e memória. Nitsck e Hackfort apud Samulski
(2002, p.120), afirma que “o ponto central de toda técnica de regulação cognitiva baseia-se na
auto-influência da avaliação subjetiva do problema”, sendo decisiva a avaliação subjetiva da
importância da situação, e não o estado da situação real.
Os esportistas, utilizando as técnicas de automotivação, buscam por meio dos
processos de auto-avaliação, determinação de metas pessoais, atribuição de causas à
autoafirmação, compor o seu estado de motivação atual. São utilizados por atletas, geralmente
os de alto rendimento as seguintes técnicas:
Mentalização de metas: os atletas motivam-se em situações-problema,
mentalizando as suas capacidades positivas. Por exemplo: Eu consigo fazer isso,
pois confio nos meus treinos;
Mentalização de metas concretas: os atletas motivam-se por meio de
processos cognitivos, consistentes em mentalizar determinadas situações
concretas, de treinamento e competição. Por exemplo: Eu quero melhorar meu
condicionamento físico;
Estabelecer e modificar metas: estabelece metas concretas ou as modificam
(variação de metas, troca de metas), para manter sua motivação de treinamento e
competição. Há também outras formas utilizadas como: as metas gerais,
estipular metas parciais e concretas (eu desejo melhorar tal técnica), determinar
metas em curto prazo (hoje eu quero ganhar), e em longo prazo (quero subir ao
podium no próximo campeonato).
b) Técnica de Auto-afirmação
São entendidas como técnicas de automotivação, os tipos de comportamentos que
trabalham a manifestação interna do autoelogio e o reforço material. A autoafirmação
negativa, também esta presente, pois por meio da autocrítica, auto-repressão muitos atletas
conseguem elevar sua motivação e mantê-la.
27
O auto-reforço e o reforço externo são os estímulos para uma determinada ação de
forma antecipada. Os atletas podem, em situações problemáticas, antecipar mentalmente seu
auto-reforço. Essa técnica é conhecida como autoafirmação antecipada.
O reforço externo, mentalmente antecipado, difere do auto-reforço, pelo fato do
atleta mentalizar, suas motivações de incentivo, como recompensas. Na autoafirmação
antecipada, a mentalização das motivações, é parte das motivações intrínsecas.
c) Técnicas Motoras
Esta técnica é caracterizada, pela utilização de processos de movimentos. Muitos
atletas sentem-se mais tranqüilos e animados quando se movimentam, não somente nos
treinos, em que normalmente observa-se uma maior movimentação, mas também antes da
competição. Sejam eles relacionados à prática esportiva, como execução de fundamentos
técnicos, ou simples movimentos como caminhar, correr, saltitar, são utilizados pelos atletas,
como uma forma de relaxamento e de concentração.
d) Técnicas Emocionais
São os estímulos realizados por meio de sensações e emoções positivas, durante a
execução do movimento, como: sentido de prazer, a fluidez do movimento (flow feeling),
sensação de sucesso (winning-feeling) e a identificação emocional com o grupo (group-
feeling).
“O Flow é uma sensação de alegria durante as atividades, a total e absoluta
identificação e concentração no que se está realizando, esquecendo-se de si mesmo”,
Samulski (2002 p. 124). Os elementos diferenciados por Csikszentmihalyi e Jackson (1999)
quando pesquisaram o “Flow” foram os seguintes:
Harmonia entre ação e consciência;
Concentração entre estímulo específico;
Inconsciência de si mesmo;
Controle sobre suas ações e a situação;
Retro-informação imediata sobre suas ações;
Motivação intrínseca.
O Winning-feeling (sensação de vitória) é a sensação de sucesso durante a
atividade, em que o atleta sente-se envolvido e concentrado na atividade e em seus objetivos.
Tem as seguintes características:
28
Amnésia;
Aumento da tolerância;
Concentração;
Mudanças na percepção.
O group-feeling (sensação de união de grupo), é um sentimento de identificação
emocional positiva e união de grupo, em prol de um objetivo comum e da satisfação dos
integrantes do mesmo. (SAMULSKI, 2002).
4.5 - Emoções no Esporte
De acordo com Hackfort apud Samulski (2002), as emoções devem ser entendidas
como a interação entre os processos psicológicos e os psicosociais, em que a análise das ações
esportivas deve considerar o contexto situacional da interação entre pessoa, tarefa e meio
ambiente, para que as funções fundamentais das ações sejam entendidas.
Há duas funções básicas exercidas pelas ações: a função de organizar e controlar
as ações (a tendência ao sucesso ou ao fracasso do atleta, influenciará na ação sendo diferida
uma da outra), e a função energética e de ativação (a influência da motivação afeta a ativação
do atleta, os motivados participarão mais ativamente nos treinos do que os desmotivados),
ainda o mesmo autor, distingui duas fundamentais funções no contexto esportivo, sendo elas:
a auto-regulação e a regulação de relações sociais, e também considera as funções positivas e
negativas, que através de pesquisas realizadas sobre o comportamento de atletas, foram
definidas como:
Emoções negativas - sinal de perigo/ansiedade
Emoções positivas - realização de motivos.
A emoção e o rendimento de um atleta não possuem uma relação simplória, a
análise deve ser realizada a um nível mais profundo, Nitsch apud Samulski (2002) identificou
os seguintes aspectos:
Que emoção produz (qualidade, intensidade, forma);
Em que situação (pessoa, meio ambiente, tarefa);
Que efeito (positivo ou negativo);
No rendimento (qualidade ou quantidade, gasto ou efeito).
A emoção no esporte é considerada em três fases: emoção na fase pré-
competitiva, emoção durante as competições e emoção após a competição.
São emoções comuns no esporte, segundo Samulski (2002):
29
Autoconfiança - atribuição do êxito às próprias capacidades;
Alegria - apresenta-se diante das condições estimulantes, é
provocada pelo transcurso de uma ação positiva, que foi considerada
negativa, apresenta-se repentina e inesperadamente;
Alívio - apresenta-se quando um resultado é ameaçador e pode ser
evitado com o êxito;
Abatimento - é observado em pessoas que não tenham alcançado
um resultado esperado;
Decepção - é difícil diferenciá-la da raiva, ela aparece se o esportista
não alcançou uma meta, quando existe também denominado como
frustração;
Desamparo - apresenta-se quando uma expectativa negativa é
confirmada por um resultado negativo;
Interesses/Esperança - são emoções que resultam de uma retro-
alimentação sobre o transcurso das ações esportistas, não apresenta
uma segurança de que a meta será alcançada;
Indiferença - é apresentada quando uma expectativa negativa diante
de estimulo se confirma por meio de um resultado negativo;
Satisfação - é experimentada se uma expectativa positiva se
confirma no decorrer do transcurso e do resultado de uma ação;
Raiva - aparece quando uma meta desejada, que se pensou ser
atingida, não foi alcançada. Também denominada como irritação
Surpresa - independente do resultado do rendimento apresenta-se
quando se atribui um efeito a boa ou a má sorte;
Orgulho - quando se atribui a um resultado causas internas, ou seja,
as capacidades ou esforços próprios;
Resignação e agressão - quando depois de uma expectativa insegura
ou negativa, diante de condições ameaçadoras, o atleta se der conta
de que uma conseqüência ameaçadora parece inevitável de ser
controlada apesar do esforço para evitá-la podem surgir efeitos de
agressão e resignação;
30
Tranqüilidade - apresenta-se quando a expectativa de evitar uma
conseqüência negativa é confirmada no decorrer da ação, bem como
o resultado;
Tristeza - aparece com as experiências de perda, as quais deverão
ser suportadas;
Vergonha - como conseqüência de culpa é a reação que se apresenta
depois de conseqüências negativas decorrentes da violação de uma
norma;
Medo - apresenta-se quando a expectativa permanece insegura
também durante o transcurso da superação de exigências. Quanto
mais inseguro for o desenvolvimento da ação e mais negativo for o
valor subjetivo que se atribuiu às conseqüências, mais medo resulta
da antecipação destas.
a) Emoção na Fase Pré-competitiva
Antes da competição é comum o esportista apresentar-se nervoso, com medo,
ansioso, em um estado de carga psíquica (estresse psíquico) elevado. Samulski (2002)
menciona que para alguns autores esse estado é denominado como estado pré-competitivo, e
caracterizando-se, segundo o ponto de vista psicológico, pela antecipação da competição,
logo, pela antecipação das oportunidades, riscos e conseqüências que poderão ocorrer. O
autor, ainda considera que os sentimentos que geralmente se manifestam nessa fase, são os de
medo e temor, e poderão contribuir na produção de efeitos vegetativos, motores e emocionais.
Puni (1974), atribui à fase pré-competitiva a três diferentes estados, que são
identificados de acordo com suas as reações psicológicas, fisiológicas e motoras. Os estados
são caracterizados, como:
Estado de febre: apresentam reações como nervosismo,
incapacidade de concentração, instabilidade emocional, inquietude,
falta de controle psicomotor, medo do adversário;
Estado de apatia: caracterizado por reações de apatia mental,
estado de mau-humor, aversão à competição, descontentamento e
intensidade diminuída de percepção, pensamento e concentração;
Estado ótimo de ativação: apresenta reações como o nível ótimo de
ativação, motivação positiva para a competição, autoconfiança,
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otimismo, orientação ao êxito, concentração ótima e alta capacidade
de controle psicológico e motor.
Tabela 2 - Diferentes estados pré-competitivos e suas correspondentes características psicofisiológicas em
atletas
___________ CARACTER ISTICAS
FÍSIOLOGICAS
CARACTERÍSTICAS
PSICOLOGICAS
CONDUTA
COMPETITIVA
ESTADO
FEBRIL
-Intensa irradiação de
processos centrais de
excitação;
-Mudanças vegetativas:
-taquicardia; -tremores corporais;
-sensações de debilidade.
- Nervosismo;
- Incapacidade de
concentração;
- Falta de controle psicomotor;
- Medo do adversário.
-Perder a direção
tática;
-Perder o ritmo e a
velocidade;
-Perder a direção de
controle sobre os
movimentos.
ESTADO
DE APATIA
- Irradiação interna de
processos centrais de
inibição;
- Excitabilidade diminuída;
- Mudanças vegetativas:
-fadiga;
- sensação de debilidade
corporal.
- Intensidade diminuída da
percepção e concentração;
- Apatia mental;
- Estado de mau humor;
- Aversão à competição.
- Não pode mobilizar
toda a energia;
- Falta de motivação
para competir;
- Reação lenta, se
cansa muito rápido;
- Não se esforça bem.
ESTADO
ÓTIMO DE
ATIVAÇÃO
- Equilíbrio entre os
processos centrais de exercício e inibição;
- Ótima intensidade dos
processos fisiológicos.
- Nível ótimo de motivação;
- Disposição ótima para competição;
- Orientação ao êxito;
- Autoconfiança;
- Concentração ótima; - Alta
capacidade de controle
psicomotor.
- Se compete, em base
a um plano tático; - Se controla a
situação;
- Alcança as
expectativas;
- Ótima conduta
técnica-tática.
Fonte: Eberspäecher apud Samulski (2002)
Entre os estados pré-competitivos apresentados, tem-se o estado ótimo de ativação
como o ideal, pois apresenta as características mais propicias ao atleta, a uma melhor
qualidade no seu desempenho. Enquanto os estados de febre e de apatia apresentam reações
que podem ocasionar uma qualidade inferior ao seu desempenho, por serem, negativas as
reações ocorridas nestes estados.
Conforme Samulski (2002, p. 139), os fatores de influência na qualidade e
intensidade dos estados pré-competitivos, como uma “importância subjetiva da competição e
seqüências correspondentes, a realização atleta-técnico, o nível de rendimento do adversário,
as experiências competitivas e o nível de autoconfiança”. O estado em que o atleta se encontra
será determinante, se ele não se sentir física e psiquicamente preparado de maneira adequada,
32
um estado emocional negativo será estabelecido antes da competição. Esses estados de
motivação, não se estabelecem somente na fase pré-competitiva, nas fases seguintes eles
também são passíveis de identificação, e ainda poderão interferir no rendimento do atleta,
pelos efeitos que causam como pode ser verificado na figura 1.
b) Emoções Durantes as Competições
São considerados durante as competições, dois fatores que podem influenciar o
rendimento do esportista, as emoções positivas e as emoções negativas. Tendo cada uma suas
características, e estando diretamente relacionadas ao estado psicológico do atleta.
Emoções Positivas - Quanto ao estado emocional positivo que um atleta apresenta
durante a competição, há dois conceitos interessantes no contexto competitivo, que são
o conceito de flow-feeling (sensação de fluidez) análise do winning-feeling (sensação
de ganhar) Samulski (2002), que foram abordados também no capítulo anterior.
São atribuídos ao flow-feeling os seguintes elementos:
Equilíbrio entre habilidade e desafio;
Absorção total na atividade;
União entre consciência e ação;
Concentração total;
Perda da autoconsciência;
Sensação de controle total;
Motivação intrínseca;
Movimentos saltos e fluidos.
O winning-feeling possui as seguintes características:
Amnésia;
Concentração;
Aumento de tolerância a dor;
Mudança na percepção.
c) Emoções Negativas
Durante a competição podem surgir no atleta emoções que causam efeitos
negativos, de maneira que prejudiquem o seu rendimento.
São sentimentos negativos comuns: a irritação, alto nível de estresse, o
nervosismo, como ainda a desmotivação, a autoconfiança exagerada, entre outros, que podem
também ser negativos a performance do esportista na competição.
33
As emoções que um indivíduo possui em uma competição, sendo elas positivas ou
negativas, se apresentarão sempre de forma subjetiva. Dependendo do seu nível, uma emoção
positiva, poderá tornar-se negativa ou vice-versa. Portanto o equilíbrio ou sentimento de
controle das emoções é determinante para o rendimento ótimo do esportista.
d) Emoções Após a Competição
As experiências de êxito e de fracasso, em uma competição são subjetivas. O
fracasso nem sempre estará relacionado à derrota, assim como a vitória não significará
obrigatoriamente um êxito. Tanto o êxito como o fracasso, será considerado uma experiência
positiva ou negativa, de acordo com a expectativa do resultado e rendimento obtido, pelo
atleta na competição, As experiências de fracasso darão pela diferença negativa entre o
resultado que se esperava e o resultado que se alcançou e a experiência de êxito, na diferença
positiva entre o que se esperava e o resultado que se obteve.
Dessa forma as experiências de fracasso, quando repetitivas, poderão conduzir,
primeiramente, a modificações negativas na expectativa do rendimento, depois poderão ser
responsáveis pela modificação na personalidade do indivíduo.
Enquanto as experiências de êxito atuaram como um catalisador para estimular os
processos mentais e emocionais positivos. Influente ao rendimento, sendo o maior efeito
psicológico o estímulo que causa ao atleta para que continue treinando. O êxito em alguns
casos poderá, também, ocasionar no atleta arrogância, auto-satisfação, autoestima exagerada.
O que seria prejudicial ao seu desenvolvimento. (SAMULSKI, 2002).
São experiências negativas na maioria dos casos relacionados ao fracasso os
sentimentos como: descontentamento, resignação, pessimismo, sensação de inferioridade,
perda da confiança. As experiências positivas são: a autocrítica construtiva, o aumento de
esforço e auto-avaliação realista (CÁRDENAS, 2002).
As experiências positivas relacionadas ao êxito destacam-se comumente: a
satisfação, alegria, tranqüilidade, orgulho, motivação e interesse. Como já mencionado o que
primeiramente deve ser considerado como fator positivo ao rendimento, é o equilíbrio das
emoções. O nível que se estabelece de um sentimento, será determinante para o fracasso ou
sucesso do atleta, portanto o controle emocional é primordial no esporte.
São por meios de técnicas de controle, que o equilíbrio emocional, é trabalhado,
as técnicas mais utilizadas segundo Samulski (2002) são:
34
Técnicas de controle de condição - tratam-se das medidas que controlam
as condições que causam emoções não desejadas para os treinamentos;
Técnica de controle de sintomas são utilizados exercícios em que o
atleta poderá diminuir os sintomas de uma emoção negativa, para obter
também a diminuição de suas tensões. Esse controle poderá ser realizado
pelo atleta (auto-regulação) ou ainda pelo treinador (controle externo), em
que será criado um clima emocional positivo durante o treino e a
competição.
Todas as técnicas de controle podem ser variadas e combinadas, de maneira
preventiva e compensatória, de acordo com as necessidades individuais do sujeito, da
estrutura da tarefa, da complexidade e da importância da situação.
4.6 - Taekwondo – Esporte escolhido para pesquisa
A origem do taekwondo remota o ano de 670 a. c, onde foram identificadas
pinturas em um túmulo real da dinastia Koguryo, que registrava a prática de um combate sem
armas, utilizando somente os pés e as mãos. A arte marcial coreana secular era utilizada como
autodefesa em tempos primitivos e foi tomando novos oformatos com o passar dos anos.
No passado três reinos dividiam a Coréia: Silla, Koguryo e Baekche. Silla dentre
esses reinos foi o primeiro a ser fundado, porém permaneceu pequeno e pouco civilizado. Em
sua costa, havia invasão de piratas japoneses constantemente. O reino de vizinho, a dinastia
Koguryo, prestou ajuda a Silla, junto a sua guarda militar, ensinando algumas técnicas com
treinos secretos a alguns de seus guerreiros. Essas técnicas eram do tae kyon, que significa
“chute pulando”. Posteriormente, sendo fundada, em Silla uma academia militar para a jovem
nobreza, onde guerreiros conhecedores do tae kyon que eram conhecidos como Hwarang,
passavam seus ensinamentos, aos seus membros.
Os participantes do Hwarang-do, assim chamada a sociedade, e que significa “o
caminho do guerreiro”, eram jovens nobres que estudavam diversas disciplinas: História,
Filosofia, Ética, Budismo Corrida, e treinavam tiro ao alvo, esgrima, tática militares, e tae
kyon. Em suas funções estava a de servir a comunidade em tempos de paz, e protegê-la com a
própria vida se necessário quando houvesse guerra.
O tae kyon foi difundido na Coréia pelos Hwarang. Que possuíam cinco códigos
como base de seus princípios: obediência ao rei, respeito aos pais, lealdade aos amigos,
nunca recuar ante o inimigo e matar somente quando necessário. (Goulart, 2004)
35
O taekyon ficou conhecido como soobak, passando de um sistema de melhoria de
atividade física, a uma arte de combate. Porém perdeu sua popularidade na segunda metade de
reinado da dinastia Yi, pelas mudanças ocorridas sobre os pensamentos políticos e questões
militares. Graças a algumas famílias coreanas, que passou seus os ensinamentos da arte
coreana, por suas gerações, o soobak sobreviveu.
Com a ocupação do Japão na Coréia, foi proibida a prática de qualquer
modalidade marcial coreana, passando a ser praticada clandestinamente. Somente com a
libertação do país, a arte marcial voltou a ser desenvolvida. Foram fundadas as primeiras
kwans (escolas), que ensinavam à modalidade marcial nativa. Entre tanto, cada kwan,
enfatizava um aspecto diferente, do tae kyon, tendo cada uma, adotado seu próprio estilo e
técnicas distintas. Somente em 1955, houve a união dessas escolas, organizada pelo General
Choi Hong Hi. Foi então definido um estilo e as técnicas para a modalidade, passando a ser
chamada de taekwondo. (Goulart, 2004)
Em 1964, fundou-se a Associação Coreana de Taekwondo. Durante a década de
60, foram realizadas apresentações, dessa arte marcial coreana, por vários países. Nos anos 70
o taekwondo já havia se desenvolvido no âmbito internacional. Com a fundação da
organização mundial a Word Taekwondo Federation (WTF), em 28 de maio de 1973, o
taekwondo adotou regulamentos, se afirmando como esporte e engrandecendo-se
internacionalmente. O 1º Campeonato Mundial ocorreu no mesmo mês, e é realizado a cada
dois anos desde então. (Goulart, 2004; Barros e Osvaldo, 2000)
A modalidade foi reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), em
julho de 1980, sendo realizadas demonstrações nos Jogos Olímpicos de Seul (1988),
Barcelona (1992) e Atenas (1996), sendo oficialmente reconhecido como esporte olímpico
nos jogos de 2000 em Sidney. (Goulart, 2002; Barros e Osvaldo, 2000)
A luta acontece, oficialmente, em um quadrado medindo 12m por 12m, sendo
delimitado por uma faixa de segurança de 2m de largura. Se o competidor sair da zona de
combate, é punido por meio ponto, e se sair da área de competição é penalizado com um
ponto. Cada golpe permitido, com umas das técnicas da modalide, dá um ponto ao lutador.
(Barros e Osvaldo, 2000)
São quatro árbitros, sendo três laterais e um central, que fiscalizam a luta, e conta
com um mesário, responsável pelo controle do placar de pontuação. Há três assaltos de três
minutos, com e intervalo a cada assalto. Para proteção é utilizado: dobok (traje de
competição), peitilho (protege o tórax, contém faixa azul ou vermelha), capacete (protege o
rosto e a cabeça), braçadeiras (reduz o impacto do golpe), caneleira (protege a tíbia) e
36
coquilha (protege os orgãos genitais). Quanto as categorias, nas competições olímpicas foram
divididas em quatro femininas (49kg, 57kg, 67kg, e acima de 67kg), e quatro categorias
masculinas (58kg, 68kg, 80kg e acima de 80kg). (Barros e Osvaldo, 2000)
O taekwondo é uma modalidade que usa 90% de golpes com as pernas e 10% com
as mãos. Os chutes são as técnicas mais utilizadas. Para análise da eficiência do movimento
dos atletas, para esse trabalho, foi utilizado como referência a técnica Bandal-tchagui, uma
das técnicas mais usada no taekwondo. Goulart (2004), o descreve da seguinte forma:
“É um chute lateral com o peito do pé na altura do abdômen, pela facilidade de execução e objetividade de pontuação. Os ataques com a perna que está na frente são
utilizados, geralmente, com deslocamento à frente utilizando-se de um deslizamento
do pé de apoio para que o atleta possa entrar no raio de ação do adversário. Podemos
chamar esse deslocamento de sobressalto”. (GOULART, 2004, P. 48)
Para o teste de eficiência técnica (Teste de Representação Motora), o movimento
Bandal-tchagui foi dividido em três fases (inicial, principal e final). Sendo cada uma dessas
fases subdivididas, de acordo com a seqüência de movimentos que é realizado para a
execução da técnica. A cada movimento executado corretamente somava-se um ponto ao
atleta, e quando não era executado corretamente ou fora da seqüência, não se atribuía
pontuação.
Esperava-se que o movimento fosse executado na seguinte seqüência:
Fase inicial: pernas afastadas lateralmente e joelhos semi-flexicionados;
Fase principal: rotação do calcanhar da perna de apoio; rotação do quadril;
flexão do joelho e extensão do joelho a frente.
Fase final: flexão do joelho, rotação do calcanhar do calcanhar do pé de apoio,
e retomada de base.
Figura 1 - Movimento analisado - bandal tchagui
Imagem: Professor Robson Almeida de Oliveira
37
5. METODOLOGIA
Foi feita uma pesquisa de campo, com uma abordagem quantitativa de cunho
qualitativo, utilizou-se de um questionário aberto, juntamente com o Teste dos Dez Desejos
de Jacosom (1998), para a obtenção da identificação dos motivos, analisados de acordo com a
Classificação dos Motivos no Esporte de Puni (1974). Os testes de Representação Motora e
Mental, para a avaliação da eficiência técnica do treino, e o teste de Comportamento
Emocional em Competições, para conhecer o comportamento dos atletas nas competições,
ambos de Norma Zains (1990).
A população analisada corresponde à faixa etária de 14 a 33 anos, entre homens e
mulheres iniciantes e veteranos na modalidade, totalizando uma amostra de 15 pessoas, que
autorizaram a utilização dos dados coletados por meio de documento especifico.
38
6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
A análise da pesquisa seguiu os critérios estabelecidos na metodologia,
respondendo aos objetivos propostos do projeto, como dispostos a seguir:
6.1 - Classificação dos Tipos de Motivos apresentados pelos atletas para a prática do
Taekwondo.
De acordo com a análise dos dados obtidos na pesquisa, respondendo a um dos
objetivos propostos, o de identificar os tipos de motivos que são apresentados pelos atletas
para a prática de taekwondo constatou-se o decorrente:
Gráfico 1 - Classificação dos tipos de motivos
Fonte: Dados da pesquisa
Como se verifica no gráfico à cima, os motivos identificados no grupo investigado
foram os motivos do tipo direto pessoal, direto social e indireto pessoal. Não foi identificado
nenhum motivo do tipo indireto social.
Quanto ao percentual da classificação dos motivos, 58% dos motivos foram
identificados como motivos do tipo direto pessoal, 24% dos motivos do tipo direto social e
18% do tipo indireto pessoal.
Como mencionado no referencial teórico, os motivos diretos estão diretamente
ligados ao interesse pela prática esportiva, tornando se um indicativo de forte motivação no
atleta. Lembrando Cratty (1984), que diz que a motivação é a responsável pela escolha de
uma modalidade e não de outra, esse tipo de motivo é um indicativo de pré-disposição a desse
39
esporte. Por tanto, geralmente, os atletas demonstram melhor concentração, dedicação,
vontade, desempenho, assimilação das técnicas dos movimentos.
Os motivos indiretos relacionam se ao esporte, como sendo um meio de se
conquistar os objetivos almejados, não possuindo um interesse direto na modalidade
esportiva. O treinador deve manter atenção nesse caso, para conseguir conservar a motivação
em esportitas com esse tipo de motivação, afim de que não desistam da modalidade.
Os motivos pessoais estão relacionados à amplitude dos interesses para a prática
esportiva, com os objetivos mais variados, como ser um excelente atleta competitivo desde a
diminuir o peso corporal, por exemplo.
Os motivos sociais são atribuídos, àqueles que se referem à representatividade
social, o atleta tem interesse de atingir bons resultados representando o país, o estado, clube,
escola em competições, esportistas com essa motivação demonstram forte interesse em
competições esportivas.
Em relação aos motivos do tipo direto (pessoal e social), foi possível identifica-
los, ainda, como motivos: forte ou moderado segundo classificação de Norma Zains (1990).
Foram considerados como motivos do tipo forte, aqueles que se relacionaram ao taekwondo
de forma direta, no Teste dos Dez Desejos (questionário utilizado para a coleta de dados),
apresentando se de forma primária na seqüência das respostas (da 1ª a 4ª) descritas pelos
atletas, e os do tipo moderado foram considerados os motivos relacionados posteriormente (a
partir da 5ª resposta).
Mesmo não sendo solicitadas que as respostas seguissem uma ordem de
importância, algumas pessoas citaram seus desejos em relação ao taekwondo, no questionário,
inicialmente, demonstrando uma prioridade em seus objetivos. Isso normalmente ocorre,
quando há um forte interesse pela modalidade, pois é comum que sejam expostos, em
situações que se apresentam os interesses pessoais, o que é considerado mais importante,
como forma de realização pessoal. Porém algumas pessoas, apesar de ter motivos diretamente
ligados ao taekwondo, não citaram inicialmente os seus desejos sobre a modalidade,
demonstrando-os posteriormente. Significando, assim, que mesmo tendo o esporte dentro de
seus interesses, este não é considerado como prioridade.
Quanto aos resultados obtidos nesta análise, dos motivos do tipo direto pessoal
25% dos motivos foram classificados como fortes, e 75% como moderados. Dos motivos
classificados como do tipo direto social, 50% dos motivos foram classificados como sendo
fortes e os outros 50% como moderados.
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Gráfico 2 - Motivos Direto Pessoal
Fonte: Dados da pesquisa
Gráfico 3 - Motivos Direto Social
Fonte: Dados da pesquisa
Os motivos do tipo direto, que são os que correspondem ao interesse da prática do
esporte em si, atribuem, um forte significado na aprendizagem de uma modalidade esportiva.
Pois, por está realizando algo que desperta o seu interesse, a atenção, concentração,
desempenho, dedicação, tenderão a ser maior, e assim, quanto mais forte for o motivo de um
atleta, melhor condição apresentará em sua aprendizagem.
Seqüenciado à análise dos dados, foram comparados os motivos diretos aos
motivos indiretos. Como não houve a ocorrência de motivos do tipo indireto social, somaram
se os motivos do tipo direto pessoal com o direto social, permitindo assim a comparação
distinta dos motivos diretos e motivos indiretos. Respeitando, então, esse critério, os motivos
diretos somaram um total de 79% e os motivos indiretos 21%.
41
Gráfico 4 - Comparação dos motivos diretos e motivos indiretos
Fonte: Dados da pesquisa
Nas análises seguintes, os motivos a serem considerados serão somente esses dois
tipos (diretos e indiretos), e que seja entendido, que os motivos diretos, correspondem aos
motivos diretos tanto pessoais como sociais e os motivos do tipo indireto, sendo que ninguém
apresentou motivos do tipo indireto social, corresponderam somente aos motivos indiretos
pessoais, apresentados pela população investigada.
De acordo com a análise, observa se que os atletas apresentam, tanto da população
quanto dos motivos investigados, um percentual maior de motivo do tipo direto, o que pode
ser considerado positivo. Como mencionado, esse tipo de motivo é tido como o mais propício
para a aquisição de um bom rendimento esportivo, pela motivação que o atleta terá no que
faz. Fatores importantes para um bom desempenho como concentração, vontade,
desempenho, determinação, disciplina, poderão mais facilmente ser alcançados. Quem possui
motivos do tipo indireto, também poderá atingir esses fatores, o que é até necessário para um
bom rendimento, mas o que provavelmente acontecerá é que por não ter um motivo
fortemente ligado a modalidade, o atleta também não se entregue totalmente a ela,
dificultando, assim, o desenvolvimento de fatores importantes na pratica esportiva.
Mas nesse contexto, o mais preocupante é como está o nível de motivação que o
atleta possui como está sendo trabalhada a motivação nos treinos e competições, e como é
realizado o treinamento psicológico do esportista. Pois havendo um planejamento psicológico
de acordo com as necessidades individuais dos atletas, independente da motivação que eles
atribuírem à atividade esportiva praticada, o treinador conseguirá incentivar suas motivações,
para que de indireta ela passe a ser direta. E mesmo que essa mudança não ocorra, já será
42
possível com o planejamento melhorar os resultados do atleta com motivos do tipo indireto,
independentemente de seus motivos o esportista poderá apresentar bons resultados.
6.2. Análise da Eficiência Técnica em Relação aos Motivos Apresentados pelos Atletas.
Respondendo o mais um objetivo do trabalho, o de analisar a relação dos motivos
com a eficiência técnica na realização dos movimentos do taekwondo, destacou se o
conseguinte:
Tabela 3 - Correlação dos Motivos Diretos e Indiretos com a Eficiência Técnica
ATLETA MOTIVO DIRETO EFICIÊNCIA TÉCNICA MOTIVOS INDIRETOS
A 100% 100% 0%
B 80% 44% 20%
C 100% 67% 0%
D 100% 92% 0%
E 0% 100% 100%
F 0% 92% 100%
G 100% 72% 0%
H 0% 100% 100%
I 100% 100% 0%
J 0% 89% 100%
L 100% 92% 0%
M 100% 64% 0%
N 100% 69% 0%
O 0% 100% 100%
P 100% 81% 0%
Média 65% 84% 35%
Fonte: Dados da pesquisa
Para a averiguação da eficiência técnica do movimento técnico dos atletas foi
utilizado um movimento específico do taekwondo, o Bandal-tchagui, técnica comumente
aplicada no combate. Essa técnica foi escolhida por ser um fundamento básico da modalidade,
que todos os colaboradores da pesquisa tinham conhecimento e capacidade de executá-lo. O
movimento foi dividido em três fases: fase inicial, principal e final. E a cada fase, foi atribuída
uma seqüência de movimentos, o esportista deveria executar corretamente todos os
43
movimentos, demonstrando uma eficiência total na realização da técnica, tendo sua eficiência
diminuída a cada erro cometido.
Do desempenho demonstrado nessa técnica, foi observado que a eficiência técnica
de modo geral apresenta-se com um percentual médio 84,13% de eficiência. Analisando o
desempenho pelas fases do movimento, a média de eficiência técnica obtida foi maior na fase
inicial com 90%, seguida da fase final que teve 82,26%, e na fase principal foi apresentada
80%. Com esses resultados, pode ser verificado o desempenho técnico dos atletas
possibilitando, ao treinador, conhecer o desempenho dos mesmos, com a finalidade de
identificar e corrigir as dificuldades dos taekwondistas.
Gráfico 5 - Analise do desempenho pelas fases do movimento técnico
Fonte: Dados da pesquisa
Relacionando a eficiência técnica aos motivos apresentados, observou-se que a
população que apresentou motivos do tipo direto teve um desempenho médio de 65% em sua
eficiência, e com motivos do tipo indireto, se destacou com uma média de 35%.
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Gráfico 6 - Média Percentual da Eficiência Técnica/Motivos
Fonte: Dados da pesquisa
De acordo com o descrito, os atletas, que apresentaram um melhor rendimento na
eficiência técnica do movimento analisado, foram os que possuiam motivos do tipo direto.
Normalmente quem possui motivos diretos, como mencionado anteriormente,
possui também uma maior facilidade de desenvolver suas habilidades, pois os fatores que
orientam o atleta a um melhor rendimento estão ativados. Entretanto, a eficiência técnica não
depende diretamente da motivação, havendo outras situações relevantes, das quais essas
dependem, como: a metodologia aplicada nos treinos, o processo pedagógico utilizado, o
tempo de prática na modalidade, a experiência motora do atleta, a carga psíquica no momento
da aprendizagem ou até mesmo no momento que foi executado o movimento, para o teste.
6.3. Análise do Comportamento Emocional em Competições em Relação aos Motivos
Apresentados
Respondendo ao último objetivo específico proposto: analisar o comportamento
emocional dos atletas em competições considerando a classificação dos motivos. Foi
analisado o comportamento emocional dos atletas em competições, identificando o estado
ótimo de ativação, estado febril e o estado apático.
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Tabela 4 - Correlação do Comportamento Emocional com os Motivos Diretos e Indiretos
Atleta Motivo
Direto
Estado
Ótimo
Estado
Febril
Estado
Apático
Motivos
Indiretos
A 100% 91% 9% 0% 0%
B 80% 100% 0% 0% 20%
C 100% 55% 45% 0% 0%
D 100% 73% 27% 0% 0%
E 0% 73% 27% 0% 100%
F 0% 100% 0% 0% 100%
G 100% 73% 27% 0% 0%
H 0% 27% 55% 18% 100%
I 100% 82% 18% 0% 0%
J 0% 73% 27% 0% 100%
L 100% 73% 27% 0% 0%
M 100% 45% 55% 0% 0%
N 100% 55% 45% 0% 0%
O 0% 18% 45% 36% 100%
P 100% 55% 45% 0% 0%
%
médio 66% 30% 4%
Fonte: Dados da pesquisa
O resultado obtido demonstrou que no total os atletas apresentaram um estado
ótimo de motivação mais elevado que os outros estados. Mantendo um percentual médio de
66% no estado ótimo, no estado febril em 30% e no estado apático 4%. Desse modo,
considerando que essa população, não tem nenhum treinamento psicológico sistematizado,
apresenta um bom nível de controle emocional, o que é excelente para atingir bons resultados
em competições.
Com relação aos motivos, os atletas com motivos do tipo direto, demonstram
uma média de 70% de estado ótimo de motivação e 30% de estado febril.
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Gráfico 7 - Comportamento Emocional x Motivos Diretos
Fonte: Dados da pesquisa
Os atletas com motivos do tipo indireto apresentaram um percentual de 65% de
estado ótimo de motivação, 26% de estado febril e 09% de estado apático.
Gráfico 8 - Comportamento Emocional x Motivos Indiretos
Fonte: Dados da pesquisa
Entende se que o estado apático de motivação é o estado em que o esportista
apresenta uma ativação diminuída à competição, estando desanimado, alheio ao que está ao
seu redor, uma tranqüilidade aparente que pode até ser confundido, com o estado ótimo de
ativação. De acordo com a análise, esse estado só foi apresentado por atletas que possuem
motivos indiretos, podendo significar duas situações distintas: uma que por possuírem esse
tipo de motivo, que tem uma ralação de interesse indireto com o esporte em si, logo não seria
a competição um objetivo desses atletas, por tanto o sentimento de “indiferença” presente.
47
Outra situação se explicaria respeitando o estado febril que esses atletas
apresentaram. O estado febril de motivação, caracterizado pelo contrário do apático, como um
estado de alto nível de excitação, muitas vezes gerado por um elevado grau de motivação,
principalmente, quando o esportista não possui um autocontrole emocional. Esse estado febril
causa sintomas como inquietude, desconcentração, instabilidade emocional, afetando também
o sistema psicomotor, como tremor, sensação de fadiga, diminuição da percepção motora. Tal
estado, pelos sintomas apresentados, altera o nervosismo, o medo, a preocupação, formando
uma altiva carga psíquica, podendo resultar numa “fuga do atleta” à competição, como um
modo de sanar o que ele está sentindo, passando para um estado de apatia motivacional, não
se importando mais em ganhar ou perder, pensando somente em “se livrar da responsabilidade
de lutar”. Tendo em vista que os atletas que tiveram esse estado apático estavam em um
estado emocional febril, um percentual bem mais relevante, o estado de apatia poderia ter se
originado em decorrência do primeiro estado, em resultado do despreparo psicológico dos
atletas para eventos competitivos.
É comum em competições que esportistas tenham alterações emocionais, como
ansiedade, expectativas, agitação. Porém, o nível em que esses sentimentos ocorrem, é que
fazem diferença, e podem causar preocupação. Uma ansiedade, por exemplo, poderá aparecer
por uma expectativa do inicio da competição, e tornar-se uma forte tensão que afetará o
sistema motor do esportista, a ponto de causar lhe sensações vegetativas.
O estresse não é de um todo ruim acontecer, uma vez que é importante a
existência do estresse, desde que em nível adequado, para um bom funcionamento das
funções orgânicas. No resultado da pesquisa, quem tem motivos diretos, demonstrou um
maior percentual no estado febril, que os com motivos indiretos. Mesmo tendo apresentado,
também, um melhor nível quanto ao estado ótimo de motivação.
Nessa situação o que pode ter ocorrido, no caso das pessoas que apresentaram
essa oscilação, entre os estados, febril e ótimo de ativação, foi justamente uma instabilidade
emocional em função do despreparo psicológico. São muitos os componentes que influenciam
no rendimento esportivo. Mas um dos fatores de maior relevância é certamente o estado
emocional em que se encontra o atleta no momento da competição. O seu comportamento
emocional dependerá de uma série de outros fatores como: preparo físico, personalidade,
tendência ao rendimento, motivação, situações ambientais e ainda fatores externos, poderão
interferir em sua condição psicológica. Mas quando não há um preparo psicológico adequado
às necessidades do atleta, o desequilíbrio emocional atingirá um nível mais alterado, podendo
levar o atleta, a um prejuízo em ocorrência dessa interferência. Então, independente da
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motivação que o atleta possua, poderá existir dificuldade no autocontrole emocional, sendo
portanto, necessário o treinamento psicológico, para construir uma estabilidade emocional,
afim de não prejudicar o rendimento esportivo do atleta.
De acordo com os dados analisados, quem atingiu um estado ótimo de motivação
mais elevado, foram os atletas com motivos diretos. Sendo esse o estado ideal, independente
da motivação que se possua, para a conquista de bons resultados. O ideal é que se elabore um
treinamento psicológico, em função do comportamento emocional do atleta.
É provável que quem possua motivos diretos, por se dedicar, desejar obter bons
resultados no esporte, ter disponibilidade para participar de eventos esportivos, acabe sentindo
se mais confortável com situações competitivas, mas como já mencionado, muita coisa poderá
interferir. O temperamento, nesse contexto, é um forte fator de influência. Como exemplo:
atletas sanguíneos que mesmo com cargas elevadas de estresse conseguem manter uma
excelente eficiência. O atleta colérico por possuir um temperamento mais explosivo, tende a
desconcentrar-se com facilidade, porém por “ter um jeito brigão”, apresenta um bom nível
motivacional. Já atletas flemático, apesar apresentar um ritmo mais lento, em geral ser uma
pessoa calada, aparentemente mais calma, também matém um bom desempenho.
Esses três tipos de atletas poderiam ser considerados como atletas orientados ao
sucesso. Há também o atleta melancólico, quando em situações de estresse chora com
facilidade, tem tendência à desmotivação, poderia facilmente ser um atleta orientado a evitar o
fracasso.
Por serem tão diversos os componentes, a ser considerados para o preparo
psicológico do esportista, é primordial que seja de conhecimento do responsável pelo
treinamento do atleta, a motivação existente para a prática da modalidade, assim como suas
características individuais de personalidade, orientação ao sucesso, tendência ao rendimento,
como todos os fatores que poderão ser influentes no comportamento emocional. A fim de
realizar um trabalho psicológico com ele de acordo com seus objetivos e particularidades,
almejando o melhor estado emocional, para que o atleta aperfeiçoe sua eficiência para obter
melhores resultados, incentivando sua motivação pela modalidade praticada, pretendendo
estabelecer um interesse direto do atleta no esporte.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar a presente pesquisa, chegamos a conclusões, que em razão da
inovação e da complexidade que envolve questões subjetivas relacionadas ao inconsciente do
ser humano e as suas mais diversificadas possibilidades, minha motivação se valeu da
provocação e do pioneirismo do assunto em nossa faculdade, que ainda não possui uma
cadeira específica que trate exclusivamente da psicológica esportiva, tanto na graduação de
Educação Física como também na de Psicologia, ficando a sugestão para que esses
departamentos, através do Núcleo de saúde, busquem profissionais para nos subsidiar em
futuras aproximações acadêmicas na temática.
Nosso objetivo de estudar a motivação dos atletas de taekwondo do SESC foi
explorado usando as possibilidades apresentadas pelos teóricos descritos em nosso referencial
teórico nos ajudaram a responder quais sãos os motivos que levam os atletas a praticar a
modalidade: Motivo direto pessoal com 58%, motivo direto social com 24%, e indireto
pessoal com 18%. Como se relaciona os motivos em função da eficiência técnica do aluno
nesse esporte: 84,13% de eficiência (atletas com motivos do tipo direto, média de 65% e com
motivos do tipo indireto, média de 35%) e qual o comportamento emocional apresentado
pelos alunos nas competições em relação aos seus motivos: os atletas com motivos do tipo
direto obtiveram uma média de 70% de estado ótimo de motivação, em quanto os atletas com
motivos indiretos apresentaram um percentual médio de 65%. De acordo o descrito, observa-
se a necessidade, em todos os resultados, da intervenção do treinamento psicológico.
Obedecendo aos critérios da estruturação desse tipo de planejamento, que deve seguir seu
processo de acordo com as metas estabelecidas e a metodologia selecionada, para a
transformação dos processos psíquicos, em relação às ações esportivas, por meios de tarefas
aplicadas, que objetivarão: a melhoria, através do planejamento sistemático, das capacidades e
habilidades psíquicas individuais do rendimento. Assim como a estabilização e otimização do
comportamento emocional na competição, buscando então, contribuir na planificação de
treinamento (macrociclo), para a aquisição do melhor rendimento do atleta.
Por tanto, considera-se importante a elaboração de um trabalho psicológico em
função da eficiência técnica, com a finalidade, de manter um bom rendimento dos atletas, para
que não haja uma queda no nível motivacional da equipe. E seja também incentivando nos
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atletas com motivos indiretos, a transformarem seus motivos para o tipo direto, modificando
as condições do treinamento de acordo com as necessidades pessoais do taekwondista, para
melhorar o grau da eficiência técnica apresentado nesta pesquisa.
Espera-se que esse estudo possa contribuir para a estruturação do planejamento
psicológico da equipe de taekwondo do SESC-RO, como também dar subsídios a posteriores
projetos.
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WHINBERG.R. & GOLD. D. Foundations of Sport and Exercise Pychology. Champaingn:
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ANEXO