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UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Ciências Contábeis
Alexsandro Luciano Trindade
Laura Fabiana Real Taconi
Natália Takayama Tokuno
Renata Angélica de Freitas
A INFLUÊNCIA DO ÍNDICE DE VALOR AGREGADO (IVA) NO CUSTO FINAL DO
PRODUTO
Amigãolins Supermercados Ltda
Lins – SP
LINS – SP
2010
ALEXSANDRO LUCIANO TRINDADE
LAURA FABIANA REAL TACONI
NATÁLIA TAKAYAMA TOKUNO
RENATA ANGÉLICA DE FREITAS
A INFLUÊNCIA DO ÍNDICE DE VALOR AGREGADO (IVA) NO CUSTO FINAL DO PRODUTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Ciências Contábeis, sob a orientação do Prof. M.Sc. Ricardo Yoshio Horita e orientação técnica da Profª M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva
LINS – SP
2010
Trindade, Alexsandro Luciano; Taconi, Laura Fabiana Real, Tokuno, Natália Takayama, Freitas, Renata Angélica de.
A influência do índice de valor agregado (IVA) no custo final do produto: Amigãolins Supermercados Ltda / Alexsandro Luciano Trindade; Laura Fabiana Real Taconi, Natália Takayama Tokuno, Renata Angélica de Freitas. – – Lins, 2010.
54p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Ciências Contábeis, 2010
Orientadores: Ricardo Yoshio Horita; Heloisa Helena Rovery da Silva
1. Planejamento Tributário. 2. Substituição Tributária. 3. Índice de Valor Agregado. 4.Processo de Aquisição. I Título.
CDU 657
T753i
ALEXSANDRO LUCIANO TRINDADE
LAURA FABIANA REAL TACONI
NATÁLIA TAKAYAMA TOKUNO
RENATA ANGÉLICA DE FREITAS
A INFLUÊNCIA DO ÍNDICE DE VALOR AGREGADO (IVA) NO CUSTO FINAL
DO PRODUTO
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Aprovado em: ______/______/_______
Banca Examinadora:
Prof. Orientador: Ricardo Yoshio Horita
Titulação: Mestre em Ciência da Computação pela Universidade Federal de
São Carlos - UFSCAR
Assinatura: ____________________________________
1º Prof(a):_______________________________________________________
Titulação:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura:_____________________________________
2º Prof(a):_______________________________________________________
Titulação:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura:_____________________________________
Aos pais e companheiros, que em todos os momentos estiveram ao nosso
lado, nos apoiando e incentivando na busca das realizações e sucesso. Sabemos que
se não fosse por esse apoio, não chegaríamos até aqui. Sabemos também, que isso é
somente o começo de uma nova realidade, uma trajetória árdua que exigirá muito
mais de todos nós. Independentemente de qualquer coisa que possa acontecer a
partir desse momento eles estarão conosco, como sempre estiveram nos
acompanhando em todo o caminho e nos impulsionando para superar os obstáculos
na vida.
“É impossível avaliar a força que possuímos sem medir o tamanho do
obstáculo que podemos vencer, nem o valor de uma ação sem sabermos o sacrifício
que ela comporta.” (H. W. Beecher)
Alexsandro, Laura, Natália e Renata
AGRADECIMENTOS
A Deus: simplesmente por me conceder a benção da vida e da saúde, que com certeza sem elas não poderia chegar até aqui. A minha Avó: que com todas as dificuldades, sempre esteve ao meu lado me apoiando em tudo. Ao meu Companheiro: que sempre me apoiou e me encorajou, e em alguns momentos até brigou para que eu persistisse no meu propósito. Sem ele, com certeza não estaria vivendo este momento. Muito Obrigado por acreditar em mim. Ao meu Orientador: O senhor foi peça fundamental para que eu aqui chegasse, obrigado pela paciência e apoio. Ao Grupo: Amigas, que foram o alicerce para este momento, sem vocês não teria graça nenhuma. Obrigado pelo apoio e dedicação.
Alexsandro Luciano Trindade A Deus, somente Ele sabe o quanto sonhei, lutei e me sacrifiquei em busca dos meus sonhos e objetivos, mas pedir ou implorar por ajuda divina, nada adianta sem arregaçar as mangas e lutar incansavelmente. E quando com muito esforço, trabalho e determinação, conseguimos atingir certos objetivos em nossas vidas, é importante levantar as mãos ao céu e agradecer pela conquista, pois com toda certeza Deus estava e está do meu lado, sendo sempre justo, me ajudando durante esse caminho, que muitas vezes é cheio de obstáculos, pedras e espinhos e você pensa em desistir, mas respira fundo e segue em frente. Sendo assim, tenho tantos motivos maravilhosos para agradecer. Obrigada por todas as conquistas que Ele já ajudou e nas futuras que com toda certeza viram. Aos pais, pelo apoio, compreensão e por todo ensinamento, pois com todo carinho retribuo essa dedicação. Ao noivo Eudenir, pelo companheirismo, carinho e por sempre estar junto nas conquistas e nas dificuldades. Ao orientador Ricardo Horita, que sempre se dedicou a ajudar o grupo, presente e compreensível. O meu muito obrigado por tudo, e principalmente pela paciência. Aos meus amigos do grupo de monografia Alex, Nati e Re, que se dedicaram muito e unidos em todas as etapas não medirão esforços para a conclusão do trabalho. Obrigada pela oportunidade de desenvolver esse trabalho tão importante em minha vida com vocês. Aos amigos de trabalho, Rodrigo Cupari e Eliane Schimidtt que com muita paciência me ensinaram e sempre atenderam o grupo. Dedico a vocês que foram muito importantes para o desenvolvimento do trabalho. A Flavia Furtado, o meu muito obrigada por tudo, pois você foi a pessoa principal pela conclusão do meu curso, pelo apoio e por acreditar em mim.
Laura Fabiana Real Taconi Agradeço primeiramente a Deus, pela dádiva da vida e tudo o que me proporcionou, estando sempre ao meu lado, abençoando, cuidando de mim e atendendo as minhas preces. À minha amiga, guerreira, maravilhosa, sábia, justa, fiel, imponente, humilde, grandiosa e batalhadora mãe. Que sempre esta ao meu lado, dia e noite, me apoiando, dando forças, conselhos, garra e firmeza para eu continuar minha luta até o final. A mãe de ferro, que nunca se mostrou derrotada quando ela mesma bem não estava. Edna, meu alicerce, minha vida, meu presente, passado e futuro, sem ti não vivo e por ti morrerei! Um exemplo de vida, minha mãe querida!! AMO, simplesmente.
À minha família, à tia Inês, tia Celina, tia Sônia, tia Lu, tio Akio, tia Lie, tio Lincoln, tio Minoru, tia Yó, tio Ary, às minhas primas e primos, que cuidaram de mim, quando minha mãe esteve ausente, me apoiaram e insistiram na minha graduação, quando eu pensava em ser uma simples vendedora ou balconista de loja. Hoje sou uma contadora! Eles acreditaram no meu potencial. Simplesmente GRATA. A Meus amigos, ao Alex principalmente, meu tudo, sempre me aguentando, dando altos conselhos, me apoiando e sempre se preocupando comigo. Segurou minha mão em todos os momentos, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Não tenho palavras suficientes para agradecê-lo. AMIGO eterno. A Laura, pelo pouco que nos conhecemos, tornamo-nos grandes amigas, suportou meus chiliques e acalmou-me quando eu não acreditava mais. OBRIGADA por tudo. A Renata, nossa companheira, Ligia, Ju, Paty, Claudia e todo o pessoal do serviço que me ajudaram e apoiaram no desenvolvimento desse resultado. Claro, ao nosso mestre Prof. Orientador Horita pelo empenho total para conosco. O Sr Henrique por nos tirar dos enroscos que tivemos ao longo do caminho.
Natália Takayama Tokuno Aos meus pais, Minha mãe querida que sempre me apoiou em tudo e mesmo nas horas difíceis me deu coragem para continuar e ao meu querido pai que mesmo estando ausente sei que sempre está ao meu lado. Ao meu namorado, Que me incentivou e me acompanhou em todos os momentos dessa etapa, me ajudando para que eu continuasse em meu propósito. Aos meus irmãos, cunhadas e sobrinhos, Vocês conseguiram me impulsionar e encorajar me apoiando sempre em tudo que eu precisasse. Aos meus amigos de grupo, Que me ajudaram nesta conquista com paciência e dedicação. Obrigada pelo apoio e incentivo e que todos nós possamos conquistar cada vez mais vitórias como esta. Ao orientador Ricardo Horita, Que esteve ao nosso lado e se dedicou ao máximo para nos ajudar e indicar a melhor maneira de conduzirmos o nosso trabalho.
Renata Angélica de Freitas
RESUMO
O Brasil possui uma elevada carga tributária e com isso, muitos contribuintes e empresários tem se preocupado por não encontrar uma alternativa eficaz para a redução desse ônus fiscal. Com a inclusão de muitos setores sujeitos ao regime de substituição tributária, contribuintes que desconheciam na prática como aplicarem o regime, tiveram que se adaptar às novas regras em curto espaço de tempo. A substituição tributária é o regime pelo qual a responsabilidade do recolhimento do imposto em relação às operações/prestações é atribuída a contribuintes que não praticam diretamente o fato gerador. Por meio do planejamento tributário tem se buscado alternativas oferecidas dentro da lei para encontrarem benefícios que levam à economia de impostos. O planejamento tributário é uma importante ferramenta no processo de aquisição, pois através das informações obtidas na lei, podem conduzir a um menor custo. Os aspectos tributários relativos às alíquotas e o Índice de Valor Agregado (IVA) fazem parte do regime da substituição tributária. Para o cálculo da substituição é utilizado o IVA/MVA que é um índice ou margem de valor adicionado que o governo estima tal que, ao multiplicar este índice pelo valor do produto adquirido, o resultado seja a estimativa do valor final do produto comercializado. Para que as aquisições provenientes de outras UFs tenham o mesmo resultado econômico dos bens adquiridos em São Paulo foi implantado o IVA-ST ajustado, visando ajustar o preço da mercadoria adquirida de fora do estado. Uma análise bem elaborada no processo de aquisição do produto comprado dentro e fora do estado, demonstra qual melhor opção de compra, por meio do IVA que altera diretamente o custo do produto. Vale ressaltar que o processo de aquisição tem grande influência na rentabilidade da empresa, e utilizar os meios lícitos oferecidos na lei proporciona um menor custo. É o que será demonstrado no decorrer deste trabalho. Palavras-Chave: Planejamento Tributário. Substituição Tributária. Índice de Valor Adicionado. Processo de Aquisição
ABSTRACT Brazil has a heavy tax burden and thus many taxpayers and
businessmen have been concerned by not find an effective alternative for reducing this fiscal burden. With the inclusion of many sectors subject to the tax substitution, taxpayers who do not know in practice how to implement the tax scheme had to adapt to new rules in a short period of time. The replacement tax is the scheme whereby responsibility of paying the tax in respect of operations/services is given to taxpayers who are not directly involved in the generator factor. Through tax planning alternatives, businesses have been seeking within the law ways to find benefits that will lead to tax savings. The tax planning is an important tool in the acquisition process of a company, because information obtained through the legal ways may decrease the acquisition cost. The tax aspects relating to rates and the Index of Value Added Tax (VAT) are part of the tax replacement scheme. For calculation of substitution is used for VAT / MVA is a index or margin of added value that the government estimates such that, by multiplying this rate by the value of the product acquired, the result is the estimated final value product marketed. For acquisitions from other FUs to have the same economic result found in São Paulo, they implemented the adjusted VAT-ST in order to adjust the price of goods acquired from outside the state. An elaborate analysis of the process of acquisition of product purchased within and outside of the state, demonstrates the better option of product purchased, through the VAT which directly alter the cost of product. It is important to note that the acquisition process has great influence on the profitability of the company, and to find means to lower tax burden provided by the law provides a way to lower the cost of product purchase. This is what will be shown throughout this work. Keywords: Tax planning, tax replaciment, index or margin of added value, acquisition process
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Foto da entrada da Matriz do Amigãolins Supermercados.......... 16
Figura 2: Foto da entrada do Amigãolins Supermercados da Floriano....... 17
Figura 3: Foto da entrada do Amigãolins Supermercados de Assis........... 18
Figura 4: Foto da entrada do Amigãolins Supermercados de Birigui.......... 18
Figura 5: Foto da entrada do Amigãolins Supermercados de Araçatuba.... 19
Figura 6: Foto da entrada do Amigãolins Supermercados de Promissão... 20
Figura 7: Foto da entrada do Amigãolins Supermercados de Lins, da Av.
São Paulo.................................................................................................... 20
Figura 8: Foto da entrada do Amigãolins Supermercados de Birigui, da
rua Silvares................................................................................................. 21
Figura 9: Foto do depósito central do Amigãolins Supermercados.......... 21
Figura 10: Foto do Escritório Central do Amigãolins Supermercados........ 22
Figura 11: Organograma da Empresa......................................................... 25
Figura 12: Guia de ICMS............................................................................. 52
Figura 13: Guia de informação e apuração do ICMS (Gia)......................... 53
Figura 14: Guia-ST...................................................................................... 60
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Demonstração do lançamento da compra de mercadoria do
produto tributado normalmente sem substituição tributária......................... 51
Quadro 2: Demonstração do lançamento da venda de mercadoria do
produto tributado normal............................................................................. 51
Quadro 3: Demonstração do Resultado do Exercício................................. 52
Quadro 4: Demonstração do lançamento da compra de mercadoria com
ST dentro do Estado de São Paulo............................................................ 54
Quadro 5: Demonstração do lançamento da venda de mercadoria com
ST................................................................................................................ 54
Quadro 6: Demonstração do Resultado do Exercício................................. 55
Quadro 7: Demonstração do lançamento da compra de mercadoria com 57
ST fora do Estado de São Paulo possuindo inscrição estadual em S.P.....
Quadro 8: Demonstração do lançamento da venda de mercadoria com
ST................................................................................................................ 57
Quadro 9: Demonstração do Resultado do Exercício................................. 57
Quadro 10: Demonstração do lançamento da compra de mercadoria com
ST fora do Estado de São Paulo não recolhido pelo fornecedor................ 58
Quadro 11: Demonstração do cálculo da ST sem o recolhimento feito
pelo fornecedor de fora do Estado.............................................................. 59
Quadro 12: Demonstração do lançamento da venda de mercadoria com
ST................................................................................................................ 59
Quadro 13: Demonstração do Resultado do Exercício............................... 59
Quadro 14: Demonstração da compra de mercadoria com ST fora do
Estado, com frete incluso no total da nota fiscal......................................... 63
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Tabela de alíquotas, IVA e IVA-Ajustado.................................... 62
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APAS: Associação Paulista de Supermercados
CAT: Contencioso Administrativo Tributário
CF: Constituição Federal
CMV: Custo da Mercadoria Vendida
CONFAZ: Conselho Nacional de Política Fazendária
CTN: Código Tributário Nacional
DF: Distrito Federal
DRE: Demonstração do Resultado do Exercício
GIA: Guia de Informação e Apuração do ICMS
GNRE: Guia Nacional de Recolhimento de Tributos Estaduais
ICM: Imposto sobre Circulação de Mercadoria
ICMS: Imposto sobre Operações relativas a Circulação de Mercadorias e
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal
IE: Imposto sobre Exportação
II: Imposto sobre Importação
IOF: Imposto sobre Operações Financeiras
IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados
IR: Imposto de Renda
ITR: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural
IVA: Índice de Valor Agregado
IVA-ST: Índice de Valor Agregado Setorial
ISSQN: Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza
LC: Lei Complementar
MVA: Margem de Valor Agregado
NF: Nota Fiscal
RICMS = Regulamento do Imposto sobre operações relativas a circulação de
mercadorias e serviços de transporte interestadual e intermunicipal
SEFAZ: Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo
SP: São Paulo
STN: Sistema Tributário Nacional
ST: Substituição Tributária
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................... 13
CAPÍTULO I – AMIGÃOLINS SUPERMERCADO LTDA.............................. 151 DADOS E COMPOSIÇÃO DA EMPRESA.......................................... 151.1 Sócios................................................................................................... 15
1.2 Primeira planta – Matriz........................................................................ 16
1.3 Expansão do negócio........................................................................... 16
1.4 Atuação social e ambiental................................................................... 22
1.5 Maiores fornecedores........................................................................... 23
1.6 Missão.................................................................................................. 23
1.7 Propósito.............................................................................................. 23
1.8 Valores................................................................................................. 23
1.9 Visão.................................................................................................... 24
1.10 Objetivo................................................................................................ 24
1.11 Meta..................................................................................................... 24
1.12 Organograma....................................................................................... 24
CAPÍTULO II – CONTEXTO E NOÇÕES TRIBUTÁRIAS............................. 262 HISTÓRIA, CONCEITO E DEFINIÇÃO........................................... 262.1 Direito tributário................................................................................ 26
2.2 Direito financeiro.............................................................................. 27
2.3 Planejamento tributário.................................................................... 28
2.4 Tributos............................................................................................ 28
2.4.1 Sujeito ativo da obrigação tributária................................................. 29
2.4.2 Sujeito passivo da obrigação tributária............................................ 30
2.4.3 Tributos diretos................................................................................ 30
2.4.4 Tributos indiretos.............................................................................. 31
2.5 Impostos........................................................................................... 31
2.5.1 Impostos cumulativos e não cumulativos........................................ 32
2.6 Conceito de ICMS............................................................................ 32
2.6.1 Base de calculo do ICMS................................................................. 35
2.6.2 Alíquotas.......................................................................................... 36
2.6.3 Redução da base de cálculo........................................................... 37
2.6.4 Regulamento do ICMS.................................................................... 37
2.6.5 Crédito de ICMS.............................................................................. 37
2.6.5.1 Créditos relativos a devolução, troca e retorno de mercadorias..... 39
2.6.5.2 Estorno do crédito do ICMS............................................................. 39
2.6.5.3 Crédito acumulado........................................................................... 39
2.6.6 Forma de contabilização do ICMS................................................... 39
2.6.7 Pauta................................................................................................ 40
2.7 Substituição tributária...................................................................... 41
2.7.1 Base legal........................................................................................ 41
2.7.2 Espécie de substituição................................................................... 41
2.7.3 Substituto......................................................................................... 42
2.7.4 Substituído....................................................................................... 43
2.7.5 Convênios........................................................................................ 44
2.7.6 Protocolos........................................................................................ 44
2.7.7 Substituição tributária nas operações internas................................ 44
2.7.8 Substituição tributária nas operações interestaduais...................... 45
2.7.9 Responsável.................................................................................... 45
2.7.10 Base de cálculo da substituição tributária........................................ 47
2.7.11 Redução da base de cálculo da substituição tributária.................... 47
2.7.12 Margem de valor agregado (MVA)................................................... 48
CAPÍTULO III – UM ESTUDO DE CASO - A INFLUÊNCIA DO ÍNDICE DE VALOR AGREDADO NO CUSTO FINAL DO PRODUTO............................ 503 PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE PRODUTOS PELO AMIGÃOLINS SUPERMERCADOS...................................................................................... 503.1 Apuração do custo do produto considerando o efeito do ICMS quando
adquirido dentro do Estado de São Paulo na operação sem ST.................... 51
3.2 Apuração do ICMS/ST do produto adquirido dentro do Estado de São
Paulo considerando a condição de ST........................................................... 53
3.3 Apuração do ICMS/ST do produto adquirido fora do Estado de São
Paulo............................................................................................................... 55
3.3.1 Fornecedor interestadual possuindo inscrição Estadual em São
Paulo............................................................................................................... 55
3.3.2 Fornecedor interestadual não possuindo inscrição Estadual em São
Paulo............................................................................................................... 58
3.4 Processo de devolução....................................................................... 60
3.5 O que muda na apuração do produto tributado normal e no produto
tributado com substituição tributária .............................................................. 61
3.6 Observações do IVA e IVA ajustado................................................... 61
3.7 Análise de compra com base nas demonstrações do ICMS/ST......... 62
3.8 Demonstração da situação de aquisição fora do Estado com frete.... 63
3.9 Parecer final......................................................................................... 63
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO................................................................... 65CONCLUSÃO................................................................................................. 66REFERÊNCIAS............................................................................................... 67APÊNDICES.................................................................................................... 69
INTRODUÇÃO
Devido a carga tributária no Brasil ser bastante elevada e possuir um
complexo sistema de tributação, as empresas em geral, sejam elas de
pequeno, médio ou grande porte, fabricante, varejista ou distribuidora ficam,
praticamente, obrigadas a possuir um rigoroso sistema de planejamento
tributário.
As empresas devem acompanhar constantemente à legislação tributária,
buscando superar os desafios do regime tributário utilizando ferramentas,
conhecimentos na legislação e experiência profissional, para minimizar o custo
de seu produto.
Um processo de cálculo do ICMS-ST que, pode ser determinante para
análise da compra, é a utilização do índice de valor agregado (IVA) imposto
pelo Estado.
Os objetivos da pesquisa foram demonstrar a importância do
conhecimento dos aspectos tributários relativos às alíquotas e à substituição
tributária do ICMS no momento da aquisição, pelo fato de a mesma influenciar
no custo final do produto.
Devido a tais situações, surgiu a seguinte pergunta problema: Através
do estudo do processo de aquisição do produto com substituição tributária
dentro e fora do Estado, focando o IVA/MVA é possível identificar a melhor
forma de aquisição?
Foi proposta, a hipótese de que a adequada utilização do cálculo do
IVA/MVA na substituição tributária e a sua aplicação nos produtos comprados
dentro e fora do Estado permitem identificar a melhor opção no momento da
compra para que o custo do produto seja o menor possível, promovendo
redução no custo operacional, através da redução de sua carga tributária.
Os métodos e técnicas utilizados para a realização da pesquisa estão
descritos no capítulo III.
O presente trabalho está estruturado em três capítulos:
Capítulo I: apresenta o Amigãolins supermercado, seu histórico, sua
estrutura organizacional e suas conquistas.
Capítulo II: expõe a origem, os conceitos e as definições dos impostos,
tributos existentes e da substituição tributária conceituando através do
embasamento teórico.
Capítulo III: descreve o estudo de caso realizado relatando a teoria e a
prática.
Por fim, apresentam-se a proposta de intervenção e as conclusões.
CAPÍTULO I
AMIGÃOLINS SUPERMERCADOS
1 DADOS E COMPOSIÇÃO DA EMPRESA
1.1 Sócios
A Empresa foi fundada pelos sócios Jorge Ignácio dos Santos Junior
(Junior) e Valdir da Silva Bressan (Sr. Bressan) que sempre foram
empreendedores, além da vasta experiência profissional. Isso tudo colaborou
para que eles se unissem com objetivo de criar um empreendimento moderno e
diferenciado de tudo que a região oferecia no seguimento supermercadista.
O Sr. Junior como é conhecido, iniciou no ramo supermercadista como
administrador numa rede de supermercados chamada Supermercados
Luzitana de Lins S/A, cujos proprietários são seu pai e seu tio.
Acreditando no potencial de crescimento da cidade e do seu próprio
negócio, o Sr. Junior tinha o desejo de construir um supermercado que
possuísse espaço físico suficiente para disponibilizar aos clientes a opção de
encontrar em um mesmo lugar, além do supermercado, lojas, casa lotérica,
restaurante, sorveteria, livraria, entre outras. Em Maio de 2003, contratou uma
empresa especializada para realizar uma pesquisa que determinasse o local e
as necessidades da população. Uma vez realizada e concluída a pesquisa,
pode iniciar na prática o desejo que tinha, então em parceria com seu amigo o
Sr. Bressan deu início ao processo de abertura do seu empreendimento.
O Sr. Valdir da Silva Bressan tem 20 anos de experiência nos bancos,
Bradesco, Garavelo e Santander. Após a saída do banco Santander, foi
contratado pela empresa Supermercados Luzitana de Lins S/A, iniciando na
área financeira. Exerceu o cargo de gerente geral em todas as filiais da
empresa, participando ativamente em todas as decisões do negócio. Participou
também como tesoureiro da Associação Comercial de Lins, entre outros.
1.2 Primeira Planta – Matriz
A primeira planta foi inaugurada em 23 de dezembro de 2003, na Rua
Olavo Bilac, 62, em Lins, interior de São Paulo, instalada em uma área de
8.250 m², conta com um amplo estacionamento que comporta 128 veículos,
farmácia, cinema, casa lotérica, lanchonete, loja de artigos diversos, sapataria,
sorveteria, caixas eletrônicos dos bancos Santander, Brasil, Nossa Caixa e
atualmente conta com uma agência do Banco Bradesco, onde se realiza
aberturas de contas entre outras operações e transações. Conta também com
uma área de vendas de 1.780 m², muito bem organizada, composta por 23
check-outs e pelos setores de frios, padaria, açougue, hortifruti, adega,
perfumaria, higiene e limpeza e uma diversificada linha de produtos e marcas
que começam desde os itens de primeira necessidade. Além disso, gera 220
vagas de trabalho somente nesta planta e possui capital social de R$
3.000.000,00 (três milhões de reais).
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010.
Figura 1: Foto da entrada da Matriz do Amigaolins Supermercados.
1.3 Expansão do negócio
Depois do sucesso da primeira planta, os sócios decidiram expandir o
negócio, inaugurando em 06 de setembro de 2006 uma filial também em Lins,
na Rua Paulo Aparecido Giraldi, 02, que conta com uma área total de 1.100 m²,
área de vendas de 1.030 m². Esta loja possui 09 check-outs e é dividida da
mesma forma que a matriz, contando com um total de 110 colaboradores.
Atualmente, está em execução o projeto que transforma o prédio onde,
antigamente estava instalado o cinema Cinelins, que se encontra em frente à
filial, em uma ampla área de estacionamento coberto no piso inferior e uma
galeria com diversas lojas no piso superior.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010.
Figura 2: Foto da entrada do Amigaolins Supermercados da Floriano.
No dia 30 de abril de 2007 foi inaugurada uma nova planta, a maior da
rede, agora na cidade de Assis, situada na Avenida Walter Antônio Fontana,
1.300, Vila Claudia, também interior de São Paulo que possui uma área total de
12.000 m², sendo 2.380 m² de área de vendas composta por 20 check-outs.
Nesta área ainda estão instalados os diversos departamentos. Além disso,
disponibiliza 206 vagas de estacionamento e conta com a colaboração de 215
funcionários.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010.
Figura 3: Foto da entrada do Amigãolins Supermercados de Assis.
Em 15 de novembro de 2007 é inaugurada uma planta em Birigui,
estado de São Paulo, na Avenida Euclides Miragaia, 1.836, Jardim Pérola.
Esta planta possui 3.996 m² de área total, sendo estacionamento com
102 vagas e área de venda de 1700 m² composta por 16 check-outs, além dos
diversos departamentos. Esta unidade é geradora de 175 empregos diretos.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010.
Figura 4: Foto da entrada do Amigaolins Supermercados de Birigui.
A inauguração da planta de Araçatuba foi em 28 de fevereiro de 2009,
sito na Avenida Waldemar Alves, 1.646 B, Jardim Brasil. Com a nova loja,
foram geradas 180 vagas de trabalho na cidade e disponibilizada para a
população uma área total de 4.530 m², composta por 2.132 m² de área de
vendas, que conta com 20 check-outs e diversos setores, seguindo o mesmo
padrão das demais filiais e, 206 vagas de estacionamento para clientes.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010.
Figura 5: Foto da entrada do Amigaolins Supermercados de Araçatuba.
Promissão, cidade localizada também no interior de São Paulo, foi
contemplada com uma planta inaugurada no dia 05 de novembro de 2009,
localizada na Rua Sassaichi Massaki, 663. Esta loja possui 1.550 m² de área
total, sendo 50 vagas de estacionamento para os clientes e 1.230 m² de área
de vendas composta por 10 check-outs e demais setores como frios, padaria,
açougue, hortifruti, adega, perfumaria, higiene e limpeza, entre outros que
acompanham o padrão da rede. Além desses benefícios, gerou para a cidade
104 vagas de trabalho o que aqueceu a economia local e proporcionou aos
clientes e colaboradores mais uma opção para realização das suas compras
mensais e esporádicas.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010.
Figura 6: Foto da entrada do Amigaolins Supermercados de Promissão.
A penúltima planta inaugurada foi em Lins, na Avenida São Paulo, 441,
Vila Guararapes no dia 01 de maio de 2010, depois da aquisição do prédio
onde funcionava uma das filiais do Supermercado Amália. Esta planta conta
com estacionamento para 90 veículos, casa lotérica, restaurante por quilo,
setor hotifruti, açougue, padaria, higiene e limpeza e demais setores de
conveniência, totalizando 1.500 m², sendo 1.250 m² de área de venda. Com
esta inauguração foram gerados mais 90 vagas de trabalho, somando somente
em Lins, 420 novos empregos.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010.
Figura 7: Foto da entrada do Amigaolins Supermercados de Lins, loja da
Avenida São Paulo.
A última planta foi inaugurada depois da aquisição de mais uma loja
pertencente ao supermercado Amália na cidade de Birigui, situada na rua
Silvares, 103. Esta loja também conta com ampla área de venda, dividida em
diversos departamentos como nas demais e estacionamento para os clientes.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010.
Figura 8: Foto da entrada do Amigaolins Supermercados de Birigui, loja
da rua Silvares.
A empresa também possui um escritório central e um depósito fechado
localizado na Rua Goiás, 92, Vila Guararapes, em Lins onde funcionam os
setores de compra, contabilidade, fiscal, estoque entre outros.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010.
Figura 9: Foto do depósito central do Amigãolins Supermercados.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010.
Figura 10: Foto do escritório central do Amigãolins Supermercados.
1.4 Atuação Social e Ambiental
Na cidade de Lins a planta da Rua Olavo Bilac, é vista pelos clientes e
cidadãos como uma espécie de shopping, pois conta com a maior estrutura
física que abriga, além do supermercado, lojas, banco, farmácia, sorveteria,
caixas eletrônicos de diversos bancos, casa lotérica, revistaria e um cinema.
Além disso, é uma forte geradora de empregos na cidade, que hoje conta com
três grandes lojas.
A Empresa é ativa colaboradora em projetos sociais e ambientais.
Atualmente desenvolveu uma campanha onde troca quatro litros de óleo usado
por uma lata de óleo novo, além de um convênio com a operadora de cartão de
crédito Visa, que trocava tickets de compra no cartão somando determinado
valor por uma sacola ecologicamente correta. Também é uma forte
patrocinadora do Clube Atlético Linense que foi campeão da série A2 do futebol
paulista no ano de 2010.
1.5 Maiores Fornecedores
Dentre os diversos fornecedores, relacionam-se com principais:
a) Bertin Ltda com 6% do total das compras;
b) Nestlé Brasil Ltda com 4% do total das compras;
c) Unilever Brasil Ltda com 3% do total das compras.
1.6 Missão
Comercializar produtos e serviços no ramo mercadista, gerando
empregos, impostos, lucros e desenvolvimento pessoal ou “oferecer a
população de Lins e região comodidade e qualidade buscando sempre adaptar-
se às expectativas dos clientes garantindo-lhes satisfação, valorizar essa
relação com os clientes, parceiros e colaboradores preservando sua
longevidade”.
1.7 Propósito
“Trazer nosso cliente a nossa casa, e que ele faça dela a sua casa,
oferecendo variedades e produtos, higiene e limpeza, e atendimento com
qualidade, comodidade, buscando realizar sua satisfação.“
1.8 Valores
Trabalho, transparência, humildade, responsabilidade,
comprometimento, profissionalismo e amor.
1.9 Visão
Ser empresa amiga da cidade e região, procurando sempre aprimorar
conceitos e serviços.
1.10 Objetivo
Negociar com ética e agilidade produtos e serviços, para que cheguem
ao consumidor no melhor preço possível, atendendo a sua necessidade, e
gerar uma relação de confiança e credibilidade, onde todos ganham.
1.11 Meta
Cultivar o relacionamento saudável e eficiente com seus fornecedores e
colaboradores, para atender as exigências dos clientes, que são considerados
as pessoas mais importante do sucesso da empresa.
1.12 Organograma
O organograma foi desenvolvido a partir da diretoria que é composta
pelos sócios e depois ramificada entre os demais setores que compreendem o
Jurídico, Auditoria Externa, as demais Filiais e Administração que é subdividida
em Contabilidade, Informática, Compras e Vendas. No setor contábil existem
dois departamentos, o RH e a Tesouraria. No setor de Vendas apresentam os
Atendentes, Operadores de Caixa e Empacotadores. E por fim, o Setor de
compras que é dividido em Auditoria Interna, Repositores e Recebimento de
mercadorias. As Filiais são compostas pelos setores Administrativos, exceto o
setor Contábil.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010.
Figura 11: Organograma da Empresa.
Diretoria
Jurídico Administração Auditoria Externa
Contabilidade vendas
Compras
R.H Tesouraria Atendentes Operadores de Caixa
Empacotador
Auditoria Interna Repositores
Recebimento
Filiais
CAPÍTULO II
CONTEXTO E NOÇÕES TRIBUTÁRIAS
2 HISTÓRIA, CONCEITO E DEFINIÇÃO
O Brasil, a princípio, não era considerado por Portugal como algo
valioso, pois embora o território adquirido pela Coroa portuguesa fosse imenso,
não trouxe a inesperada sorte econômica obtida pelos espanhóis em suas
conquistas do Peru e México. Após muito tempo a terra recém-apontada pelos
portugueses possibilitou algum retorno financeiro à Metrópole, com a
exploração do pau-brasil. Com isso, parte da riqueza produzida pela população
seria transferida para um soberano ou agente público. Surge, então, um
modelo de tributação, porém não necessário, pois antes do aparecimento das
Cidades-Estado, não havia a concepção de propriedade privada, sendo que os
bens eram praticamente coletivos e a riqueza advinda do trabalho. (TORRES,
2000)
Ao longo dos tempos, muitas tentativas foram feitas com o objetivo de
tornar a matéria tributária mais clara e profícua. No decreto 2.416, de
17/07/1940, adotaram-se rubricas mais exatas relativas aos tributos. A emenda
constitucional n 3, de 18/09/1940, vedou que Estados, DF e Municípios
tributassem direta ou indiretamente a produção e comércio, inclusive a
distribuição e exportação do carvão mineral e dos combustíveis e lubrificantes
líquidos de qualquer origem. (AMED, 2000)
A problemática envolvida na questão dos tributos no Brasil vai além do
simples fato de seus custos causados às empresas. Os tributos, sejam eles
quais forem, refletem na vida das empresas como um limitador ao
desenvolvimento; são entraves aos novos investimentos, principalmente
oriundos do exterior. (OLIVEIRA, 2006)
2.1 Direito tributário
Direito tributário é a disciplina da relação entre fisco e contribuinte,
resultante da imposição, arrecadação e fiscalização dos impostos, taxas e
contribuições. (NOGUEIRA, 1999)
É o ramo didaticamente autônomo do direito, integrado pelo conjunto
das proposições jurídico normativas que correspondam, direta ou
indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos.
(CARVALHO, 2002)
Na concepção Ichihara (2003), Direito tributário é definido como um
conjunto de normas jurídicas que regulam a ação estatal de tributar, ou seja, de
exigir tributos. Analisa a normas jurídicas postas, correlacionada com a
tributação devida, quando, a quem e como, criando e disciplinando as relações
jurídicas entre o Estado, na sua qualidade de fisco e as pessoas que
juridicamente estão a ele sujeitas e denominam-se contribuintes. O direito tributário é definido como ramo autônomo do direito público, por conter princípios e institutos próprios, relacionando-se com os demais ramos do direito, dado sua unicidade, pois estuda e normatiza as relações entre Estado e contribuinte. Relações essas relativas à criação, fiscalização e arrecadação da receita pública derivada especifica dos tributos. (OLIVEIRA, 2005, p.50)
2.2 Direito financeiro
Nas palavras de Nogueira (1999), direito financeiro abrange tudo na vida
financeira do Estado seja suscetível de consideração jurídica. É, pois, o
ordenamento jurídico total das atividades financeiras do Estado, as quais
compreendem a receita, a despesa, o orçamento e o crédito públicos.
Devido a tais definições entende-se que o direito tributário encontra-se
dentro do campo de normas relacionadas com a administração financeira ou
administração das finanças públicas. Direito financeiro é o ramo do direito público que disciplina atividade do Estado nos três setores em que se desenvolve aquela atividade: 1º - receita pública, isto é, obtenção de recursos financeiros; 2º - gestão patrimonial, ou seja, administração dos bens do Estado; 3º - despesa pública, isto é, dispêndio ou emprego dos recursos financeiros do Estado. (BERNARDES, 1967, p. 30)
2.3 Planejamento Tributário
A gestão tributária leva em consideração, a capacidade de promover
melhorias significativas no custo operacional da empresa e,
consequentemente, reduzir a sua carga tributária. Planejamento tributário não se confunde com sonegação fiscal, planejar é escolher, entre duas ou mais opções lícitas, a que resulte no menor imposto a pagar. Sonegar por sua vez, é utilizar meios ilegais, como fraude, simulação, dissimulação, etc., para deixar de recolher o tributo devido. (OLIVEIRA et al., 2006. p. 37).
Costuma-se, então denominar de planejamento tributário a atividade
empresarial que, desenvolvendo-se de forma estritamente preventiva, projeta
os atos e fatos administrativos com o objetivo de informar quais os ônus
tributários em cada uma das opções legais disponíveis. O objeto do
planejamento tributário é, em última análise, a economia tributária.
(LATORRACA, 2000)
O planejamento tributário hoje é indispensável para a sobrevivência de
uma empresa, pois no Brasil encontra-se uma elevada carga tributária. A carga tributária no Brasil é extremamente elevada, tanto sobre a pessoa jurídica como sobre a pessoa física. O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário estima que a carga tributária em nosso país, representa, na média dos últimos cinco anos, mais de 32% do Produto Interno Bruto. (OLIVEIRA et al. 2006, p. 34).
2.4 Tributos
O ordenamento jurídico define no Código Tributário Nacional em seu
artigos 3º que:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada.
No que se refere as espécies de tributos, o Sistema Tributário Nacional
(STN) está estruturado de forma permitir ao Estado a cobrança de impostos,
taxas e contribuições de melhoria. (OLIVEIRA et al. 2006)
Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. (LEI
nº 5.172, 1966)
Além das subdivisões conceituadas no CTN de acordo com a natureza
jurídica é importante salientar que outros aspectos devem ser considerados.
Para Oliveira (2005), no Brasil, o sistema tributário possui vários
exemplos, nos quais o tributo é usado não só para fomentar atividades
econômicas, mas também para reduzir as desigualdades sociais existentes de
regiões menos desenvolvidas. Assim, os tributos podem ser classificados em
função de suas finalidades, sendo divididos em:
a) Tributos fiscais: possuem função meramente arrecadatória, visando o
financiamento das atividades do Estado para garantir o aporte de
recursos necessários ao exercício de suas atividades. Exemplo: IR;
b) Tributos parafiscais: possuem função meramente arrecadatória,
contudo a receita arrecadada destina-se ao cumprimento de funções
paralelas às funções típicas do Estado. Exemplo: as contribuições
previdenciárias; e
c) Tributos extrafiscais: não são instituídos com função arrecadatória,
mas para que o Estado cumpra a função de controle de economia.
Exemplo: II, IE, IPI, IOF, ITR.
Define Machado (2007) tributo como um instrumento do qual se vale o
Estado para a obtenção de recursos financeiros indispensáveis ao
desempenho de suas atividades. É obtido com o exercício do poder de tributar,
que pode estar, ou não, adequadamente limitado por normas jurídicas. Sua
finalidade é a obtenção de recursos que o governante considera necessários.
2.4.1 Sujeito Ativo da Obrigação Tributária
Para os autores Mariano, Werneck e Bezerra (2009), o sujeito ativo da
obrigação tributária encontra-se no pólo ativo obrigacional, como o titular de
direito de exigir o cumprimento da obrigação, conforme explicitado do CTN:
“Artigo 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito
público, titular da competência para exigir o seu cumprimento”.
Sua determinação se faz mediante a identificação da pessoa que detém
ou competência (aptidão para instituir o tributo), ou capacidade tributária
(aptidão para se titular do pólo ativo da obrigação) para ser credor da obrigação
tributária, completam os autores.
Em suma, sujeito ativo é, na relação jurídica obrigacional tributária, o
titular do pólo credor, a que se contrapõe o sujeito passivo, no pólo devedor.
2.4.2 Sujeito Passivo da Obrigação Tributária
Ainda na concepção dos mesmos autores, o sujeito passivo encontra-se
no pólo devedor da obrigação tributária, posto que é a pessoa que tem o dever
de prestar, ao credor ou sujeito ativo o objeto da obrigação.
O sujeito passivo da obrigação tributária é aquele a quem compete a
responsabilidade de cumpri-la: se a obrigação for principal é aquela a quem
cabe pagar o montante do crédito tributário; se a obrigação for acessória será
aquele a quem couber a realização dos devedores acessórios.
Artigo 121. Sujeito da obrigação principal é a pessoa
obrigada ao pagamento do tributo ou penalidade
pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal
diz-se:
I – contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta
com a situação que constitua o respectivo fato gerador;
II – responsável, quando, sem revestir a condição de
contribuinte, sua obrigação decorra de disposição
expressa de lei. (OLIVEIRA, 2005)
2.4.3 Tributos diretos
São os tributos cujo dever de pagar é atribuído pela lei àquela pessoa
que se supõe ter capacidade contributiva. Para Machado (2007), são diretos os
tributos quando o contribuinte, pessoa a quem a lei atribui o dever de pagar o
tributo, é aquele que suporta o respectivo ônus financeiro.
Resumidamente, para os irmãos Führer e Führer (2003), os tributos
diretos são os relativos apenas ao contribuinte, sem possibilidade de
transferência do encargo a outrem.
2.4.4 Tributos indiretos
Machado (2007) enfatiza que, os tributos indiretos são os tributos nos
quais o dever de pagar é atribuído pela lei a pessoa que está em relação
jurídica com outras, supostamente possuidoras de capacidade contributiva, às
quais transfere o ônus financeiro do tributo.
Os tributos indiretos são os impostos que incidem sobre um ato, um fato
ou um objeto, e são cobrados sem que sejam levadas em linha de conta as
condições das pessoas às quais toca pagá-los. Esses impostos recaem sobre
o consumo ou a circulação da riqueza, e por serem capazes de proporcionar
vultosas rendas, constituem a base dos orçamentos modernos. Exemplo dessa
espécie de tributo é o imposto sobre vendas e consignações. (BERNARDES,
1967).
Conforme Oliveira (2005), os tributos indiretos são representados pelos
impostos sobre o consumo, os contribuintes de fato e de direito por pessoas
distintas. Assim o contribuinte de direito, normalmente constituído pelo
varejista, tem a responsabilidade legal de recolher o imposto, cujo ônus
financeiro é repassado por esse ao contribuinte de fato, que é representado
pelo adquirente - consumidor, ou seja, são os impostos que incidem sobre a
produção, a venda, circulação ou consumo de bens e serviços.
2.5 Impostos
Conforme definição do Código tributário nacional - CTN, o imposto é
pago pelo contribuinte que não recebe nenhuma contraprestação direta e
imediata do Estado. Assim o imposto é uma obrigação que só pode ser exigido
da sociedade pelos entes que tiveram a competência atribuída pela
Constituição Federal, visando ao financiamento das despesas de interesse
geral, a cargo desses entes.
“Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”.
Art. 16 do CTN.
Ichihara (2003) cita que, imposto é a materialidade do fato gerador que
fornece os elementos para a classificação da espécie tributária. A materialidade
do fato gerador é exatamente a descrição hipotética do fato ou conjunto de
fatos na lei, que, em ocorrendo tal hipótese no mundo concreto, gera a
obrigação de pagar determinado tributo; por exemplo, alguém realizar
operações relativas à circulação de mercadorias e serviços é o fato gerador do
ICMS, prestar serviços no âmbito municipal é fato gerador do Imposto Sobre
Serviços de qualquer Natureza (ISSQN).
2.5.1 Impostos cumulativos e não cumulativos
Cumulativo é o imposto que incide em cada etapa da circulação,
acumulando-se sempre, sem qualquer preocupação com o número maior ou
menor de operações pelas quais passe o produto. (MACHADO, 2007)
Não cumulativo é o imposto que incide em todas as operações mas em
cada uma delas deduz-se do valor do imposto devido o valor daquele que
incidiu nas operações anteriores. O IPI e o ICMS são exemplos dessa espécie
de imposto em nosso sistema tributário. (MACHADO, 2007)
2.6 Conceito de ICMS – Imposto sobre Operações relativas a Circulação de
Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação.
O ICMS, por força de disposição constitucional (artigo 155, §2º, I da
CF/1988), está sujeito ao princípio da não cumulatividade, compensando-se o
que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou
prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou
por outro Estado ou pelo DF. (OLIVEIRA, 2005).
Oliveira et al. (2006), define o ICMS como sendo um imposto que possui
muitas particularidades no que diz respeito ao fato gerador que envolve a
circulação de mercadorias. Para que as empresas possam controlar o ICMS
incidente nas diversas compras e nas diversas vendas, a legislação
estabeleceu a obrigatoriedade da escrituração dos livros fiscais, com a estrita
observância das normas específicas independentemente da obrigatoriedade da
escrituração dos livros e documentos contábeis. Assim, todas as empresas que
transacionam com mercadorias sujeitas à incidência do ICMS terão um gasto
com esse tributo, que corresponderá à diferença entre o ICMS pago a seus
fornecedores, nas compras de mercadorias, e o ICMS cobrado de seus
clientes, nas vendas de mercadorias.
Com o advento da Carta Magna de 1988, em seu artigo 155, inciso II,
atribuiu-se competência aos Estados e ao Distrito Federal instituir imposto
sobre operações relativas a circulação de mercadorias:
“Artigo 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos
sobre:
[...]
II – operações relativas à circulação de mercadorias e prestações
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação ainda
que, as operações e prestações se iniciem no exterior.”
Cabe ainda a LC outras definições desse imposto conforme estabelecido
no §2º inciso XII do artigo 155 da CF/88:
XII - cabe à lei complementar:
a) definir seus contribuintes;
b) dispor sobre substituição tributária;
c) disciplinar o regime de compensação do imposto;
d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento
responsável, o local das operações relativas à circulação de
mercadorias e das prestações de serviços;
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior,
serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, a;
f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa
para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços e de
mercadorias;
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do
Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão
concedidos e revogados.
h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto
incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese
em que não se aplicará o disposto no inciso X, b;
i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a
integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou
serviço.
De acordo com Mariano, Werneck e Bezerra (2009), a expressão
hipótese de incidência designa com a maior propriedade a descrição, contida
na lei, da situação necessária e suficiente ao nascimento da obrigação
tributária, enquanto a expressão fato gerador, diz da ocorrência, no mundo dos
fatos, daquilo que está descrito na lei. A hipótese de incidência é a simples
descrição, enquanto o fato gerador é a concretização da hipótese, é o
acontecimento do que fora previsto. De forma abstrata, a lei prevê as hipóteses
de incidência dos diversos tributos. Enquanto não se verificar a ocorrência
concreta da hipótese legalmente prevista, não há que se falar em obrigação
tributária. A simples previsão legal não tem o condão de fazer nascer a
obrigação tributária. Faz-se necessário que o fato concreto ocorra, em toda sua
extensão, de forma coincidente com a hipótese de incidência criada pelo
legislador.
O ICMS é um imposto regulamentado, em suas normas gerais, pela Lei
Complementar nº 86/96 e pelos convênios firmados entre os Estados. Cada
Estado possui uma regulamentação específica, seguindo os termos das
normas gerais.
A Lei Ordinária nº 6374 no estado de São Paulo, que criou o ICMS com
determinação do fato gerador.
O fato gerador do ICMS corresponde a circulação de mercadorias ou a
prestação de determinados que, segundo o RICMS compreende:
a) saída de mercadorias, a qualquer título, de estabelecimento de
contribuinte, comercial, industrial ou produtor, ainda que para outro
estabelecimento do mesmo titular;
b) prestações de serviços de transporte interestadual ou intermunicipal
e de comunicações e telecomunicações;
c) entradas de mercadorias importadas no estabelecimento de
contribuinte, comercial, industrial ou produtor, e ainda que se trate de
mercadoria para consumo ou bem do ativo imobilizado; e
d) fornecedores de alimentação, bebidas e outras mercadorias em
restaurantes, bares, cafés e estabelecimentos similares.
2.6.1 Base de cálculo
É o valor sobre o qual se aplica o percentual (ou alíquota) com a
finalidade de apurar o montante a ser recolhido. A base de calculo, conforme a
Constituição Federal deve ser definida em lei complementar, estando sua
alteração sujeita aos princípios constitucionais da legalidade (mudança
somente por outra lei), da anterioridade (a lei deve estar vigente antes de
iniciada a ocorrência do fato gerador) e da irretroatividade (a norma não pode
atingir fatos passados). A base de calculo de modo geral é o valor da operação com mercadorias, incluindo as importâncias acessórias, tais como seguros e fretes pagos pelo comprador, excluídos os descontos incondicionais. (OLIVEIRA et al. 2006 p. 79)
A base de cálculo do ICMS, é o valor da operação relativa à circulação
da mercadoria ou preço do serviço respectivo. Todavia, a Lei Complementar nº
87/96 estabelece várias normas para situações específicas.
Art 53. diz que a base de cálculo do imposto é:
I – o valor da operação de que decorre a saída da
mercadoria;
II – na falta do valor a que se refere o inciso anterior, o
preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado
atacadista da praça do remetente. (MACHADO, 2007)
Incluem-se na base de cálculo: a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas,
descontos concedidos sob condição, bem como o valor de
mercadorias dadas em bonificação.
b) frete, se cobrado em separado, relativo ao transporte intramunicipal,
intermunicipal ou interestadual, realizado pelo próprio remetente ou
por sua conta e ordem.
c) o montante do IPI, salvo quando a operação, realizada entre
contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à
comercialização, configurar fato gerador de ambos os impostos
2.6.2 Alíquota
Alíquota é o percentual definido em lei que, aplicado sobre a base de
cálculo, determina o montante do tributo a ser recolhido. Assim como a base de
cálculo, a alteração da alíquota também está sujeita aos princípios
constitucionais da legalidade, da anterioridade e da irretroatividade. (OLIVEIRA
et al. 2006)
Oliveira (2005), informa que, fica a cargo do Senado Federal fixar as
alíquotas interestaduais (para as operações em que a mercadoria vá de um
ponto situado dentro do Estado-membro a outro ponto fora dos limites desse
mesmo Estado) e de exportação do ICMS, além de poder estabelecer alíquotas
internas mínimas e máximas. Essas alíquotas são diferenciadas entre os
Estados, prevalecendo as seguintes:
a) 7,0% em operações ou prestações interestaduais com o Estado do
Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Estado do Espírito Santo e 12,0%
para as demais regiões;
b) 18,0% nas operações internas e importações em São Paulo, Minas
Gerais e Rio de Janeiro, e 17,0% nos demais estados;
c) 7,0% nas operações com produtos da cesta básica; e
d) 25,0% em operações internas, interestaduais e impostações de
perfumes, cosméticos, cigarros, armas e munições, bebidas
alcoólicas etc.
2.6.3 Redução de base de cálculo
A redução da base de cálculo, também chamada de isenção parcial, é
um beneficio fiscal do ICMS, que visa reduzir a carga tributária do imposto
incidente em determinadas operações/prestações.
As reduções da base de cálculo podem ser concedidas por prazo
determinado ou indeterminado e dependem da celebração de acordos entre os
Estados, denominados Convênios.
2.6.4 Regulamento do imposto sobre operações relativas a circulação de
mercadorias e serviços de transporte interestadual e intermunicipal – RICMS
Regulamenta a obrigação principal instituída pela lei e institui as
obrigações acessórias, definidas pelos artigos 99 e 113 do Código Tributário
Nacional – CTN. O regulamento foi aprovado pelo Decreto 45490 de 30 de
novembro de 2000.
A alíquota é individualmente determinada em cada Estado pela sua
legislação vigente. Porém, o estado de São Paulo utiliza-se da alíquota de
18%. Com o objetivo de evitar exageros por partes dos governantes, podem
ser fixadas pelo Senado Federal alíquotas máximas nas operações internas,
todavia, atualmente não há limite definido, segundo Oliveira et al. (2006).
2.6.5 Crédito do ICMS
Para a apuração do crédito, é necessário que se faça a
operacionalização de acordo com os métodos contábeis de compensação de
débitos e créditos, possibilitando ao contribuinte maior controle da apuração do
ICMS. O imposto é apurado sobre o valor incidente sobre as vendas,
deduzidos sobre as compras; se houver mais débito do que crédito resultará
em um saldo devedor que deve ser recolhido no mês seguinte.
De acordo com Oliveira et al. (2006), as empresas que adquirem
mercadorias para revender ou para industrializar, ou ainda integrar seu ativo
imobilizado. Podem escriturar o ICMS pago nessas aquisições, ou seja, o
crédito do imposto por ocasião da entrada desses itens em seus
estabelecimentos. Quando essas empresas efetuarem as saídas de tais
estoques em posteriores vendas tributadas, o imposto será cobrado do novo
adquirente e escriturado em livro próprio, o chamado débito do imposto. A
empresa estará proibida de escriturar o crédito, ou dispensada de registrar o
débito somente por meio de previsões expressas em lei.
Ainda de acordo com o autor acima citado, para se creditar do ICMS é
preciso que:
a) o ICMS esteja corretamente destacado em documento fiscal hábil,
com o atendimento de todas as exigências da legislação pertinente;
b) o documento fiscal hábil seja emitido por contribuinte em situação
regular perante o fisco, ou seja, esteja inscrito na repartição
competente, encontre-se em atividade no local indicado e possibilite
a comprovação dos demais dados cadastrais impressos no
documento fiscal;
c) o documento fiscal hábil seja escriturado no respectivo livro Registro
de Entradas.
O direito ao crédito se extinguirá no prazo de cinco anos a partir da data
da emissão pelo fornecedor do documento fiscal hábil. Assim, conforme já
exposto, nas empresas comerciais, o ICMS pago nas compras das
mercadorias para posterior revenda é recuperável e deve ser segregado do
preço das mercadorias e lançado contabilmente no grupo do Ativo Circulante,
na conta Impostos a Recuperar – ICMS.
2.6.5.1 Créditos relativos à devolução, troca e retorno de mercadorias.
No caso de devolução, o destinatário emitirá a nota fiscal de devolução,
e não o fazendo o estabelecimento que receber a mercadoria em situação de
devolução ou troca, emitirá nota fiscal na entrada relativamente à mercadoria
devolvida, da qual constarão o número, a série e data do documento fiscal
emitido por ocasião de saída.
2.6.5.2 Estorno do crédito do ICMS
O contribuinte deverá efetuar o estorno do imposto sempre que o serviço
tomado ou a mercadoria entrada no estabelecimento vier a ser: objeto de
operação subseqüente não tributada ou isenta; utilizado a fim alheio à atividade
do estabelecimento; utilizado em seu próprio estabelecimento e objeto de
perecimento, deterioração, inutilização, roubo ou perda.
2.6.5.3 Crédito acumulado
O crédito do ICMS acumula-se principalmente nos casos de empresas
exportadoras por não terem débitos de imposto em suas saídas e nos casos de
alíquota diversificada que é devido à diferença das alíquotas entre estados que
não são totalmente utilizadas no período de apuração, sendo transportado esse
saldo credor para o período subseqüente.
2.6.6 Forma de contabilização do ICMS
O ICMS é apurado mensalmente por ser um imposto sobre o valor
agregado, isto é, o valor a ser pago é a diferença entre os débitos e créditos do
ICMS, ou seja, a soma dos valores do ICMS devidos pelas saídas no mês e a
soma dos valores do ICMS creditados pelas compras do mesmo período.
Uma forma de contabilizar os impostos recuperáveis pagos na aquisição
de mercadorias e insumos da produção é o registro, por ocasião da aquisição
desses bens, em contas próprias, classificáveis no ativo circulante, intitulada
ICMS a recuperar.
Exemplo:
Aquisição dentro do estado de São Paulo, sendo alíquota de 18% de ICMS de
R$ 100.000,00 de materiais para a produção, sendo recuperáveis R$ 18.000,00
de ICMS:
D - Estoque de matérias-primas (Ativo Circulante) R$ 82.000,00
D - ICMS a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 18.000,00
C - Fornecedores (Passivo Circulante) R$ 100.000,00
Lançamento por ocasião do término do período de apuração do ICMS,
transferindo-se o saldo das contas respectivas para a conta do passivo:
D - ICMS a Recolher (Passivo Circulante)
C - ICMS a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 18.000,00
2.6.7 Pauta
É o valor estabelecido pelo governo de cada unidade de federação. O
valor estipulado serve de base de cálculo para a cobrança do ICMS na venda
de determinados produtos ou mercadorias comercializadas em operações
internas e interestaduais.
2.7 Substituição tributária
Segundo Mariano, Werneck e Bezerra (2008), a substituição tributária
pode ser conceituada como sendo o regime pelo qual a responsabilidade pelo
ICMS devido em relação às operações/prestações é atribuída a outro
contribuinte, ou se seja, a lei altera a responsabilidade pelo cumprimento da
obrigação tributária, conferindo a terceiro, que não aquele que praticou o fato
gerador diretamente, mas, que possui vinculação indireta com aquele que deu
causa ao fato. Objetivando facilitar o controle da arrecadação e fiscalização do tributo, os Estados, logo nos primeiros anos de vigência do ICMS, na década de 70, já começaram a pensar na substituição tributária como forma de facilitar a operacionalização do imposto. A maior polêmica surgiu com a retenção do ICMS na fonte, onde o fabricante, ao vender para o comerciante, já deveria reter o ICMS que incidiria na venda futura, portanto, antes da ocorrência do fato gerador. (ROSA, 2008, p. 7)
2.7.1 Base legal
A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição
de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador
deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição
da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. (ART. 150, § 7º
da CF/88 e EC nº 3/93)
2.7.2 Espécies de substituição
A ST se subdivide em três espécies e seus efeitos podem cair sobre
mercadorias ou sobre serviços de transporte como mostra Mariano, Werneck e
Bezerra (2009), são elas:
a) Operações Anteriores
Esta hipótese é também conhecida como substituição tributária para
trás ou regressiva. O legislador atribui a um determinado contribuinte
a responsabilidade pelo pagamento do ICMS em relação as
operações anteriores. Sendo assim, mesmo ocorrendo a ST do
sujeito passivo, não ocorre o problema da antecipação do fato
gerador, visto que ocorre apenas a postergação do pagamento,
denominada diferimento do lançamento do imposto. Produtor rural vende frutas para indústria de sucos, batatas para indústria de salgadinhos, café para indústria torrefadora, etc. Como para o Estado é bem mais interessante esperar a circulação da mercadoria afunilar na indústria para aí controlar o tributo e como o produtor rural está dispensado de escrituração, inclusive, a maioria dos Estados prefere conceder o diferimento, ou seja – o momento do pagamento do imposto fica diferido para momento futuro e a responsabilidade do imposto fica transferida para o destinatário, desde que seja contribuinte do mesmo Estado. (ROSA, 2008, p. 08)
b) Operações Concomitantes
A substituição tributária nas operações concomitantes caracteriza-se
pela atribuição da responsabilidade pelo pagamento do imposto a
outro contribuinte, e não aquele que esteja realizando a
operação/prestação, concomitante à ocorrência do fato gerador,
encontrando-se nesta espécie a substituição tributária dos serviços
de transporte.
c) Operações Subseqüentes
O sujeito passivo recolhe dois impostos, um pelas operações
próprias, e o outro, pelas operações subseqüentes anteriores à
ocorrência do fato gerador. O que significa que a responsabilidade
do imposto recairá sobre terceiro que antecipadamente paga o
tributo, tendo em vista a provável ocorrência do fato gerador futuro e
caracteriza-se pela atribuição a um determinado contribuinte, que
geralmente é o fabricante, pelo pagamento do valor do ICMS
incidente nas posteriores operações com as mercadorias até a
chegada ao consumidor final.
2.7.3 Substituto
A legislação instituiu a figura do substituto tributário, que é aquele
obrigado a calcular, cobrar e recolher o imposto que será devido nas operações
seguintes. A intenção foi simplificar a forma prática de tributar operações de
pequeno valor e grande movimentação, proporcionando um controle mais
efetivo na arrecadação do tributo, evitando maior emprego de recursos na
fiscalização dessas operações. (OLIVEIRA, et. al., 2006)
É o responsável pela retenção e recolhimento do imposto incidente em
operações ou prestações antecedentes, concomitantes ou subseqüentes,
inclusive do valor decorrente da diferença entre as alíquotas interna e
interestadual nas operações e prestações que destinam mercadorias e serviços
ao consumidor final, ou seja, é a pessoa a quem a legislação atribui a
responsabilidade pelo pagamento do imposto. Em regra geral será o fabricante
ou importador no que se refere às operações subseqüentes.
Em outras palavras, o contribuinte substituto substitui os demais
contribuintes na obrigatoriedade de recolhimento do imposto por ocasião da
saída da mercadoria mediante a retenção e recolhimento do imposto
antecipadamente, razão pela qual aquele que recebe a mercadoria com
imposto retido é denominado substituído. (BARRETO e ALMEIDA, 2008)
2.7.4 Substituído
Contribuinte Substituído é aquele que está ligado diretamente com o fato
gerador, que dá causa à hipótese de incidência do imposto; mas, a legislação
dispensa da responsabilidade do recolhimento, pois esta é atribuída a outrem.
Cabe salientar, que o contribuinte substituído passará à condição de substituto
quando realizar operações interestaduais com contribuinte de outro Estado, já
que caberá a ele a responsabilidade pelo recolhimento do imposto em favor do
Estado destinatário. (MARIANO, WERNECK e BEZERRA, 2009)
É o contribuinte que sofrer a retenção do imposto, ou seja, que adquirir
mercadorias com o imposto já retido pelo substituto e promove subseqüentes
operações com a mesma mercadoria. (BARRETO e ALMEIDA, 2008)
2.7.5 Convênios
O nascimento de um convênio surge nas reuniões periódicas que são
realizadas entre os Estados e o Distrito Federal, onde participam um
representante de cada Unidade de Federação e do Governo Federal. É esse
grupo de representantes que forma o Conselho Nacional de Política Fazendária
(Confaz).
Portanto, os convênios são atos praticados no âmbito do Confaz,
assinados por todos os representantes de cada um dos Estados e Distrito
Federal, que deliberam sobre a concessão de benefícios, incentivos fiscais e
regimes de tributação que terão aplicação no âmbito interno de cada ente
federativo e também no âmbito interestadual.
2.7.6 Protocolos
O Confaz dispõe que nos protocolos não se incluirão normas que
aumentem ou reduzam a extensão de benefícios fiscais vigentes, que os
estabeleçam ou revoguem. Portanto, os acordos estabelecidos em protocolos
são de natureza fiscalizatória, procedimental e não podem estabelecer normas
relativas ao aumento, diminuição, instituição ou revogação de benefícios fiscais
e favores fiscais concedidos pelos Estados.
Assim, os protocolos são atos celebrados no âmbito do Confaz,
assinados apenas por alguns dos Estados, para determinar a aplicação de
benefícios, incentivos fiscais e regimes de tributação nas operações e
prestações internas e interestaduais (BARRETO e ALMEIDA, 2008).
2.7.7 Substituição Tributária nas operações internas
A Lei Estadual pode atribuir, a contribuinte do ICMS ou a depositário a
qualquer título, a responsabilidade pela retenção e seu recolhimento por
antecipação, hipótese em que esse contribuinte assumirá a condição de
substituto tributário (BARRETO e ALMEIDA, 2008). A responsabilidade
tributária poderá ser atribuída em relação ao imposto incidente sobre uma ou
mais operações subsequentes, inclusive ao valor decorrente da diferença entre
alíquotas internas e interestaduais nas operações que destinem bens e
serviços ao consumidor final, localizado em outro Estado, e que seja
contribuinte do imposto.
O Estado de São Paulo disciplina a regra básica de aplicação da
substituição tributária de acordo com o determinado na Lei nº 6.374/89, no
Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº 45.490/00 por meio dos arts.
40-A a 44, 260 a 283, além dos diversos artigos, com tratamento específico
para determinados produtos e prestações, bem como na legislação
complementar, como é o caso das Portarias CAT.
2.7.8 Substituição tributária nas operações interestaduais
Barreto e Almeida (2008), ressaltam a importância de mencionar que o
art. 9º da Lei Complementar n° 87/96 dispõe que a adoção do regime de
substituição tributária em operações interestaduais dependerá de acordo
específico celebrado pelos Estados interessados. Esses acordos são
chamados Convênios e Protocolos.
A celebração do Convênio ou Protocolo é feito no âmbito do Confaz,
determinando as regras para atribuição de responsabilidade, procedimentos e
demais aspectos relacionados ao referido regime.
2.7.9 Responsável
É o contribuinte que receber, de dentro ou de fora do Estado, mercadoria
sujeita à ST, sem que tenha sido feita a retenção total na operação anterior,
fica solidariamente responsável pelo recolhimento do imposto que deveria ter
sido retido. Na hipótese de responsabilidade tributária em relação às operações
ou prestações antecedentes, o imposto devido pelas referidas operações ou
prestações será pago pelo responsável quando:
a) da entrada ou recebimento da mercadoria ou serviço;
b) da saída subsequente por ele promovida, ainda que isenta ou não-
tributada;
c) ocorrer qualquer saída ou evento que impossibilite a ocorrência do
fato determinante do pagamento do imposto.
Artigo 58. [...]
§ 2º A lei pode atribuir a condição de responsável:
I – ao comerciante ou industrial, quanto ao imposto
devido por produtor pela saída de mercadoria a eles
destinadas;
II – ao industrial ou comerciante atacadista, quanto ao
imposto devido por comerciante varejista, mediante
acréscimo, ao preço da mercadoria a ele remetida, de
percentagem não excedente de 30% (trinta por cento)
que a lei estadual fixar; [...]
No caso da responsabilidade, Mariano, Werneck e Bezerra (2009), a
sujeição passiva dá-se por meio de uma relação de vinculação com o fato
gerador. O responsável tributário não deu causa diretamente ao surgimento da
obrigação tributária; porém a lei o elegeu para satisfazer o crédito tributário.
Corroborando a definição dada pelo inciso II do artigo 121 do CTN, encontra-se
no artigo 128 do mesmo diploma legal a idéia de que o responsável deva ser
alguém ligado diretamente ao fato gerador:
Art. 128... a lei pode atribuir de modo expresso a
responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa,
vinculada do fato gerador da respectiva obrigação,
excluindo a responsabilidade do contribuinte ou
atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento
total ou parcial da referida obrigação.
2.7.10 Base de cálculo – substituição tributária
Em relação a algumas hipóteses previstas no Regulamento do ICMS, há
percentuais diferenciados de MVA para obtenção da base de cálculo relativo ao
imposto devido por substituição tributária, que variam de acordo com o tipo da
mercadoria.
A base de cálculo do imposto devido por ST, inclusive por retenção
antecipada, poderá ser determinada por autoridade competente, sugerida pelo
fabricante ou importador, ou ainda na falta dessas hipóteses, atender a regra
específica para sua formação. (BARRETO e ALMEIDA, 2008)
A base de cálculo para apuração do ICMS/ST nas operações
subseqüentes, observada a ordem, será:
a) o preço tabelado, se houver, ou tarifa pública;
b) na ausência de preço tabelado: o preço sugerido pelo fabricante, o
preço médio ponderado ao consumidor, o preço praticado pelo
remetente acrescido de despesas e da Margem de Valor Agregado
(MVA).
2.7.11 Redução da base de cálculo da substituição tributária
Ainda na concepção de Barreto e Almeida (2008), alguns produtos
sujeitos à substituição tributária são beneficiados por redução de base de
cálculo. As reduções de base de cálculo podem ser objetivas ou subjetivas.
As objetivas visam favorecer ou atingir a coisa tributada. As subjetivas
visam favorecer ou atingir determinada pessoa ou operação.
Na hipótese de redução de base de cálculo objetiva, a referida redução
será aplicada tanto na base de cálculo relativa à operação própria quanto na
base de cálculo relativa à substituição tributária, visto que o benefício alcança o
produto.
Barreto e Almeida, 2008, consideram a hipótese de redução de base de
cálculo subjetiva, a redução aplica-se apenas à operação própria do
contribuinte visto que visa favorecer determinada pessoa.
Exemplo:
a) base de cálculo objetiva – pode-se criar as operações internas com
leite em pó. O produto está sujeito à ST prevista no art. 313-W do
RICMS-SP e paralelamente está beneficiado nas operações internas
pela redução de base de cálculo de forma que a carga tributária
resulte no percentual de 7% previsto no art. 3º, inciso II, do Anexo II
do RICMS-SP visto que o benefício alcança o produto;
b) base de cálculo subjetiva – pode-se citar nos néctares de frutas e
outras bebidas não alcoólicas prontas para beber classificados na
posição 2202.90.00 que também estão sujeitos à ST prevista no art.
313-W do RICMS-SP e, paralelamente, alguns deles estão
beneficiados por redução de base de cálculo de forma que a carga
tributária resulte no percentual equivalente a 12% nas saídas internas
realizadas por estabelecimento fabricante ou atacadista previsto no
art. 39, inciso XVI, do Anexo II do RICMS-SP. Neste caso, a redução
da base de cálculo somente poderá ser aplicada na base de cálculo
relativa à operação própria visto que o benefício favorece apenas o
fabricante e o atacadista ficando excluído o varejista.
2.7.12 Margem de valor agregado (MVA) ou índice de valor adicionado setorial
(IVA)
A margem de valor agregado será determinada com base em preços
usualmente praticados no mercado, obtidos por levantamento, ainda que por
amostragem ou através de informações e outros elementos fornecidos por
entidades representativas dos setores, adotando-se a média ponderada dos
produtos coletados. A mercadoria submetida ao regime de substituição
tributária em operação interestadual terá a margem de valor agregado
estabelecida em Convênio ou Protocolo. (GALHARDO, 2010)
É aplicado aos produtos constantes nos arts. 313-A a 313-Z do RICMS-
SP.
No caso de entrada de mercadoria oriunda de outra Unidade da
Federação cuja base de cálculo da substituição tributária seja determinada por
Índice de Valor Adicionado Setorial, aplica-se a seguinte fórmula:
IA = VA x (1+ IVA- ST) x ALQ – IC
Observando que:
IA – É o imposto a ser recolhido por antecipação
VA – É o valor constante no documento fiscal relativo à entrada,
acrescido dos valores correspondentes a frete, carreto, seguro, impostos e
outros encargos suportados pelo contribuinte
IVA-ST – É o índice de valor adicionado
ALQ – É a alíquota interna aplicável
IC – É o imposto cobrado na operação anterior
Já o IVA-ST ajustado que no caso de aquisição interestadual de
produtos cuja alíquota interna seja superior a 12%, o valor do imposto a pagar
antecipadamente por substituição tributária será obtido mediante a utilização do
IVA-ST Ajustado, conforme determinam as Portarias CAT que disciplinam a
formação da base de cálculo do imposto, cuja fórmula a seguir:
IVA-ST Ajustado = [(1+IVA-ST Original) x (1-ALQ inter) / (1-ALQ intra)-1]
Observa-se que:
IVA-ST - Original É o IVA-ST aplicável na operação interna cujos
percentuais estão indicados em Portaria CAT
ALQ inter – É a alíquota interestadual aplicada pelo remetente na
operação interestadual
ALQ intra – É a alíquota interna do produto.
CAPÍTULO III A INFLUÊNCIA DO ÍNDICE DE VALOR AGREGADO NO CUSTO FINAL DO
PRODUTO – UM ESTUDO DE CASO
3 PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE PRODUTOS PELO AMIGÃOLINS SUPERMERCADO Foi realizado um estudo de caso, na empresa Amigãolins, analisando o
processo de cálculo considerando o IVA na compra de um produto com
substituição tributária no ICMS e como este fato pode influenciar no custo do
produto.
Hoje, o processo de compras no Amigãolins Supermercado funciona a
partir de uma análise, através de pesquisa de preços entre os fornecedores e
dos dados históricos de compras anteriores. Cada comprador é responsável
por um departamento, que através das informações obtidas nos relatórios
fornecidos pelo sistema de informação, procuram a melhor opção de compra.
Com a visão de melhorar seu processo de aquisição, o Amigãolins criou
um departamento de compras, localizado na Av. São Paulo na cidade de Lins,
com o intuito de centralizar esta atividade buscando melhor eficiência. Há,
porém, uma independência de cada loja para fazer suas aquisições através da
figura do gerente, pois na falta de mercadoria, para reposição imediata, o
gerente acaba exercendo a função do comprador. Com isso, dificulta a
eficiência dos resultados deste departamento, que tem grande influência na
rentabilidade da empresa. A busca pela melhor aquisição vem sempre com a
idéia de que o preço menor deve ser o mais vantajoso, independente se essa
aquisição for realizada dentro ou fora do estado. Porém, existe a questão
tributária que pode interferir no custo final do produto. Para o desenvolvimento
do modelo de aquisição, foi analisado o impacto relativo ao conhecimento
específico da substituição tributária e do IVA no custo do produto, quando
comprado dentro e fora do estado, buscando verificar a melhor opção de
compra, levando-se em conta as diferenças de alíquotas em vigor.
3.1 Apuração do custo do produto considerando o efeito do ICMS quando
adquirido dentro do Estado de São Paulo na operação sem substituição
tributária
Na operação do produto tributado normalmente, sem o regime de
substituição tributária do ICMS, há a compensação do imposto pago em
operação anterior. Desta forma, o recolhimento do ICMS devido é feito através
da diferença entre o valor do tributo devido pela venda da mercadoria,
compensando-se o valor do crédito proveniente da aquisição destes bens.
Segue uma análise do custo da mercadoria do produto comprado dentro
do Estado de São Paulo sem substituição tributária, considerando a alíquota
interna de ICMS de 18%:
Pela compra Lançamento Contábil
Mercadoria R$ 100,00 D- Compra de mercadorias R$ 82,00
ICMS destacado R$ 18,00 D- ICMS a recuperar R$ 18,00
Custo da mercadoria R$ 82,00 C- Fornecedores R$ 100,00
Valor total da nota fiscal R$ 100,00
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010
Quadro 1 – Demonstração do lançamento da compra de mercadoria do produto
tributado normalmente sem substituição tributária
Supondo que a mercadoria seja vendida ao consumidor por R$ 133,00
tem-se:
Pela venda ao consumidor Lançamento Contábil
Preço de venda R$ 133,00 D- Clientes
Margem definida pelo contribuinte 33% C- Venda de mercadorias R$ 133,00
ICMS 18% x R$ 133,00 = R$ 23,94 D- ICMS s/ vendas
C- ICMS a recolher R$ 23,94
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010
Quadro 2 – Demonstração do lançamento da venda de mercadoria do produto
tributado normal
DRE – Demonstração do Resultado do Exercício
Vendas Brutas R$ 133,00
Impostos R$ 23,94
Vendas Líquidas R$ 109,06
CMV R$ 82,00
Lucro Bruto R$ 27,06
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010
Quadro 3 – Demonstração do resultado do exercício
A compra realizada no valor de R$ 100,00 gerou um crédito de ICMS no
valor de R$ 18,00, considerando a alíquota base do Estado de São Paulo de
18%. Utilizando uma margem de 33% definida pelo contribuinte, a venda gerou
um débito de ICMS de R$ 23,94, proveniente da mesma alíquota. Como há
recuperação do imposto, o recolhimento foi calculado pela diferença entre a
compra e a venda do produto o que gerou um recolhimento de R$ 5,94 e um
custo de R$ 82,00 pela mercadoria comprada. Conforme o recolhimento do
ICMS segue modelo da GIA e guia de apuração estadual.
Fonte: Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo - Sefaz, 2010
Figura 12 – Guia de ICMS
Fonte: Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo - Sefaz, 2010
Figura 13 – Guia de Informação e Apuração do ICMS - GIA
3.2 Apuração do ICMS -ST do produto adquirido dentro do Estado de São
Paulo considerando a condição de substituição tributária
Como forma de facilitar a operacionalização e fiscalização pelo governo
estadual, criou-se a substituição tributária. Esse regime complexo e polêmico
foi um meio criado pelo Estado, para que o imposto devido seja recolhido
antecipadamente.
A aquisição de produto com substituição tributária deve ser calculada de
acordo com o IVA/MVA de cada produto.
O IVA/MVA é um índice ou margem que o governo estima tal que, ao
multiplicar este índice pelo valor do produto vendido pelo fabricante ou
equiparado, o resultado seja a estimativa do valor final do produto
comercializado, sendo este valor tabelado pelo governo estadual para cada
produto. A substituição tributária no Estado de São Paulo é regulamentada
conforme artigo 313 - RICMS/2000 e complementada pelas Portarias CAT.
Será demonstrado um exemplo de cálculo da apuração do ICMS-ST,
dentro do Estado de São Paulo.
Neste exemplo, será considerado o produto cujo IVA/MVA seja de 33%.
Pela compra Lançamento Contábil
Mercadoria R$ 100,00 D- Compra de mercadorias
IVA/MVA 33% R$ 33,00 C- Fornecedores R$ 105,94
O produto supostamente será vendido ao consumidor final por R$ 133,00
ICMS Total= 18% x (R$ 100,00 + R$ 33,00) = (+) R$ 23,94
ICMS destacado (-) R$ 18,00
ICMS-ST (=) R$ 5,94
Valor total da nota fiscal R$ 105,94
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010
Quadro 4 – Demonstração do lançamento da compra de mercadoria com ST
dentro do Estado de São Paulo
Pela venda ao consumidor Lançamento Contábil
Preço de venda R$ 133,00 D-Clientes
IVA/MVA 33% C- Vendas brutas R$ 133,00
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010
Quadro 5 – Demonstração do lançamento da venda de mercadoria com ST
DRE – Demonstração do Resultado do Exercício
Vendas Brutas R$ 133,00
CMV R$ 105,94
Lucro Bruto R$ 27,06
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010
Quadro 6 – Demonstração do resultado do exercício
Quando o fornecedor (indústria) se encontra dentro do Estado, o cálculo
da ST deve ser feito com o IVA, sendo destacado e cobrado dentro da nota
fiscal o valor da ST. Quando for fornecedor (distribuidora) também de dentro do
estado, não se destaca a ST na nota fiscal, porém o valor já estará incluso no
custo do produto.
3.3 Apuração do ICMS-ST do produto adquirido de fora do Estado de São
Paulo
O fornecedor de fora do Estado de São Paulo precisa utilizar o cálculo
da substituição tributária com IVA-ST ajustado. Observa-se que alguns
produtos possuem benefícios fiscais que a lei autoriza o cálculo da substituição
utilizando o IVA-ST normal.
3.3.1 Fornecedor interestadual possuindo inscrição estadual em São Paulo
Para evitar favorecimento as aquisições de fora do Estado, criou-se o
IVA-ST ajustado que, tem por finalidade manter a base de cálculo para fins de
retenção e pagamento do ICMS-ST na aquisição interestadual. Comparado
com a aquisição interna, cuja alíquota normal é de 18%, presume-se que o
valor da mercadoria adquirida fora do Estado seja menor em razão da alíquota
incidente na operação interestadual em regra, seja de 12%.
Ao adquirir mercadorias de outro Estado, para revenda em São Paulo
deve-se aplicar o IVA-ST ajustado no valor de aquisição mais valores inclusos
no total da nota fiscal, como frete e despesa acessória, aplicando a alíquota
interna da mercadoria, reduzindo o ICMS destacado pelo remetente.
Quando o fornecedor do outro Estado possuir inscrição estadual no
Estado de São Paulo ou houver acordo entre eles, o fornecedor daquele estado
será substituto tributário e, neste caso, deverá reter o ICMS-ST na nota fiscal.
Neste exemplo, será demonstrado o cálculo da substituição de um
produto A considerando um IVA/MVA de 33%, sendo um fornecedor de Minas
Gerais que possui inscrição estadual em São Paulo.
Para que o custo da mercadoria seja o mesmo aplicado ao preço do
produto comprado dentro do Estado de São Paulo sem ST no valor de R$
82,00, foi utilizado a fórmula para calcular quanto deve ser o valor da nota fiscal
do produto comprado fora do Estado.
O valor da nota fiscal de compra, caso não houvesse substituição
tributária seria R$ 93,18, como demonstra o cálculo, considerando a alíquota
interestadual de 12%:
Valor da mercadoria = R$ 82,00/(1-0,12) = R$ 93,18
Como pode-se observar:
Valor da NF R$ 93,18
ICMS 12% R$ 93,18 R$ 11,18(-)
Custo da mercadoria R$ 82,00
Considerando a ST, para o IVA de 33%, a alíquota interestadual de 12%
e a alíquota interna de 18%, o IVA-ajustado será:
IVA-ST ajustado = [(1+IVA-ST original) x (1-alq inter) / (1-alq intra)]-1
IVA-ST ajustado = [(1+0,33) x (1-0,12) / (1-0,18)]-1
IVA-ST ajustado = 0,4273x100 = 42,73%
Portanto, para o IVA-ajustado de 42,73%, a operação de aquisição fora
do estado com substituição tributária será:
Pela Compra Lançamento Contábil
Valor da mercadoria R$ 93,18 D- Compra de mercadorias
ICMS destacado 12% (-)R$ 11,18 C- Fornecedores R$ 105,94
ICMS Total= 18% x [R$ 93,18 + (42,73% x R$ 93,18)]
ICMS Total= 18% x [R$ 93,18 + R$ 39,82] = (+)R$ 23,94
ICMS-ST (R$ 23,94 - R$ 11,18) (=)R$ 12,76
Valor total da nota fiscal (R$ 93,18 + R$ 12,76) R$ 105,94
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010
Quadro 7 – Demonstração do lançamento da compra de mercadoria com ST
fora do Estado de São Paulo possuindo inscrição estadual em São Paulo
Para o cálculo da substituição tributária será aplicado o IVA-ST ajustado
por se tratar de mercadoria proveniente de outra unidade da federação, em
virtude do produto possuir carga tributária interna superior à interestadual.
Neste exemplo utilizou-se o mesmo produto da operação anterior, porém
aplicando o IVA-ST ajustado do produto, que se refere a 42,73%.
Custo da mercadoria R$ 93,18 x 42,73%= R$ 133,00
Pela venda ao consumidor Lançamento Contábil
Preço de venda R$ 133,00 D – Clientes
IVA/MVA 42,73% C - Vendas Brutas R$ 133,00
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010
Quadro 8 – Demonstração do lançamento da venda de mercadoria com ST
DRE – Demonstração do Resultado do Exercício
Vendas Brutas R$ 133,00
CMV R$ 105,94
Lucro Bruto R$ 27,06
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010
Quadro 9 – Demonstração do resultado do exercício
Observando o IVA-ST ajustado que foi calculado, pode-se chegar à
mesma base de cálculo que seria atribuída à operação interna para fins de
retenção e pagamento do ICMS-ST na hipótese de entrada de mercadoria
interestadual.
Nesta situação o IVA-ST ajustado equipara a diferença entre as
alíquotas interna e interestadual, não interferindo no resultado final da
operação de venda, comparando com a compra efetuada dentro ou fora do
estado. O que influenciaria no resultado final na compra deste produto sendo
dentro do Estado ou interestadual, seria realmente o preço estabelecido pelo
fornecedor.
3.3.2 Fornecedor interestadual não possuindo inscrição estadual no Estado de
São Paulo
Na aquisição de mercadoria sujeita ao Regime de Substituição Tributária
de outro Estado que não tenha Protocolo ICMS firmado com São Paulo, o
fornecedor deve recolher a guia de ICMS (GNRE) em nome da empresa do
destinatário (comprador) pelo valor do ICMS-ST. A legislação diz que o imposto
deve ser recolhido na entrada no território deste Estado por meio de Guia
Nacional de Recolhimento de Tributos Estaduais – GNRE-ICMS, com a
indicação do código de receita 063-2 (outros recolhimentos especiais).
Caso o fornecedor não faça o recolhimento da guia, o destinatário terá a
obrigação do recolhimento da GNRE na entrada da nota fiscal, conforme artigo
426 – A RICMS/2000.
Segue o mesmo cálculo utilizado na demonstração anterior do produto
com ST, porém com IVA-ST ajustado.
Pela Compra Lançamento Contábil
Vr. Total da NF R$ 93,18 D- Compra de mercadorias
ICMS destacado R$ 11,18 C- Fornecedores R$ 93,18
OBS.: Nesta situação o ICMS destacado gera custo direto na mercadoria, pois o mesmo é
mercadoria de ST. Assim, o valor total do custo da NF será a base de cálculo para o
recolhimento da guia da ST.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010
Quadro 10 – Demonstração do lançamento da compra de mercadoria com ST
fora do Estado de São Paulo não recolhido pelo fornecedor
Observando que nesta situação, considerando o fato de o fornecedor
não ter efetuado o recolhimento da substituição tributária, o cálculo será feito
separadamente e recolhido através da guia pelo substituído.
Apuração do ICMS-ST Lançamento Contábil
Valor da mercadoria R$ 93,18 D- ICMS-ST
ICMS destacado (-)R$ 11,18 C- ICMS-ST a recolher R$ 12,76
ICMS Total= 18% x [R$ 93,18 + (42,73% x R$ 93,18)]
ICMS Total= 18% x [R$ 93,18 + R$ 39,82] = (+)R$ 23,94
ICMS-ST (valor acrescido no custo) (=)R$ 12,76
Valor do custo da mercadoria R$ 105,94
Quadro 11 – Demonstração do cálculo da ST sem o recolhimento feito pelo
fornecedor de fora do Estado
Pela venda ao consumidor Lançamento Contábil
Preço de venda [R$ 93,18+(R$ 93,18x42,73%)]=R$ 133,00 D- Clientes
IVA/MVA 42,73% C- Vendas Brutas R$ 133,00
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010
Quadro 12 – Demonstração do lançamento da venda de mercadoria com ST
DRE – Demonstração do Resultado do Exercício
Vendas Brutas R$ 133,00
CMV (Compras + ICMS-ST) R$ 105,94
Lucro Bruto R$ 27,06
Fonte: Elaborado pelos autores, 2010
Quadro 13 – Demonstração do resultado do exercício
Quando a mercadoria vem de fora do Estado independente de ser
indústria ou distribuidora é obrigatório o recolhimento do ICMS-ST.
Segue um modelo de guia de recolhimento.
Fonte: Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, 2010
Figura 14 – Guia - ST
Ressalta-se que, nesta situação o fornecedor não fez o recolhimento da
guia-ICMS-ST, porém o que foi observado é que a guia, sendo recolhida
separadamente pelo adquirente, o custo da mercadoria representa o valor da
nota fiscal acrescida do recolhimento da guia ICMS-ST.
Deve-se atentar para cada produto, analisando caso a caso conforme
legislação específica.
3.4 Processo de devolução
As devoluções dos produtos com ST para outro Estado são sempre com
o valor acrescido de imposto no total do produto. Este fato será demonstrado
nos dados adicionais da nota fiscal, identificado no canto final à esquerda.
Repassa-se o valor da ST no custo do produto, sendo que o imposto já foi
recolhido anteriormente. Será necessário destacar na nota fiscal caso a
empresa seja indústria.
3.5 O que muda na apuração do produto tributado normal e no produto
tributado com substituição tributária
Na apuração do produto tributado normal sem a ST o recolhimento do
ICMS devido deve ser feito na saída da mercadoria do estabelecimento
vendedor. A margem definida para a venda é estabelecida pelo próprio
contribuinte, observando que desta forma, o comerciante tem maior autonomia
para estabelecer seu preço de venda.
O produto tributado com ST passa a ter o ICMS recolhido na entrada da
mercadoria, ou seja, o imposto é recolhido antecipadamente, independente da
venda, sendo que a margem utilizada é o IVA/MVA determinado pelo governo.
Esse meio criado faz com que o comerciante perca um pouco da sua
autonomia para estabelecer o preço final, pois se usar uma margem acima da
determinada pelo IVA/MVA pode perder a competitividade, além da
necessidade de recolher a diferença do que exceder o valor previsto pelo
Estado. Isto tudo acaba forçando os empresários a terem uma margem
equiparada aos demais.
3.6 Observações IVA e IVA ajustado
Não haverá aplicação do IVA-ST ajustado, e sim IVA-ST normal, quando
a carga tributária dentro do Estado de São Paulo, aplicável ao fabricante-
substituto, for igual ou menor que a alíquota interestadual. Isso porque o IVA-
ST ajustado existe para compensar o reflexo da alíquota interestadual menor
na composição do preço-varejo, base de cálculo da ST. Nos casos em que a
alíquota interna ou a carga tributária reduzida fruto de benefício de redução de
base de cálculo seja igual ou menor que a alíquota interestadual, não há motivo
para aplicação de IVA ajustado, conforme a Decisão Normativa CAT-1/2008.
Pode-se verificar que os produtos com substituição tributária precisam
ser analisados individualmente. Cada um possui um enquadramento, alguns
com benefícios concedidos pelo governo. O enquadramento incorreto do IVA
ou IVA ajustado pode afetar diretamente no custo final do produto.
Mesmo utilizando o IVA ou IVA ajustado nos produtos com substituição
tributária, pode ser acrescida qualquer outra margem que a empresa tiver para
seu preço de venda, porém se o valor final de venda for maior que o previsto
pelo Estado deverá recolher a diferença do tributo, se for menor não é possível
recuperar o valor pago a mais, exceto nos casos previstos em lei.
Item Produtos NBM/SH Alq %
IVA %
IVA-AJ %
Leite em pó 0402.1 0402.2
7 14,00 14,00 Nota A
3.1
Leite em blocos ou grânulos, exceto creme de leite 0402.1 0402.2 0402.9
18 14,00 22,34
3.2 Preparação em pó para elaboração de bebidas instantâneas, em embalagens de conteúdo inferior a 1 kilo
1702.90.00 18 34,00 43,80
3.3 Farinha láctea 1901.10.20 18 27,00 36,29 3.4 Leite modificado para alimentação de lactantes 1901.10.10 18 39,00 49,17 3.5 Preparação para alimentação infantil a base de
farinhas, grumos, sêmolas ou amidos e outros 1901.10.90 1901.10.30
18 35,00 44,88
Leite longa vida (UHT – Ultra High Temperature), em recipiente de conteúdo inferior ou igual a 2 litros Obs: Produzido em território paulista
0401.10.10 0401.20.10
7 15,00 15,00 Nota A
3.6
Leite longa vida (UHT - Ultra High Temperature), em recipiente de conteúdo inferior ou igual a 2 litros Obs: Produzido outros estados
0401.10.10 0401.20.10
18 15,00 23,41
3.7 Creme de leite, em recipiente de conteúdo inferior ou igual a 1 kilo
0402 18 22,00 30,93
3.7.1 Leite condensado, em recipiente de conteúdo inferior ou igual a 1 kilo
0402 18 20,00 28,78
3.8 Iogurte e leite fermentado, em recipiente de conteúdo inferior ou igual a 2 litros
0403 7 22,00 22,00 Nota A
3.9
Requeijão e similares, em recipiente de conteúdo inferior ou igual a 1 kilo
0404 0406
18 33,00 42,73
3.10 Manteiga, em embalagem de conteúdo inferior ou igual a 1 kilo
0405 7 34,00 34,00 Nota A
3.11 Margarina, em recipiente de conteúdo inferior ou igual 1 kilo
15.17 7 26,00 26,00 Nota A
Nota A: Como a alíquota interna é 12% ou menor, o IVA-AJ é igual ao IVA, conforme a Decisão Normativa CAT1 de 15/04/2008. Fonte: Associação Paulista de Supermercados (APAS), 2010
Tabela 1 – Tabela de alíquotas, IVA e IVA-Ajustado
3.7 Análise de compra com base nas demonstrações do ICMS-ST
Hoje a função do comprador na empresa é extremamente importante.
Além de toda pesquisa voltada ao melhor preço e qualidade, existem vários
outros fatores que envolvem um processo de compra eficaz, como a atenção
às questões oriundas da legislação tributária.
De acordo com análise feita, alguns vendedores, quando oferecem seus
produtos, informam o valor do produto sem contar com o recolhimento do
imposto.
Vale ressaltar que o comprador deve conhecer os aspectos tributários,
devido ao fato de que, a aplicação correta da lei em cada produto afeta o custo
da mercadoria vendida.
3.8 Demonstração da situação de aquisição fora do Estado com frete.
Situação de aquisição com ST fora do Estado com frete incluso da nota
fiscal
Considerando o valor do frete de R$ 18,00.
Base de cálculo do ICMS-Tot = (93,18 + 18,00) + 42,73%x (93,18 + 18,00)
Base de cálculo do ICMS-Tot = (111,18) + 42,73%x(111,18) = R$ 158,68
Pela Compra
Valor da mercadoria R$ 93,18
ICMS destacado (-)R$ 11,18
O cálculo da substituição será recolhido por guia utilizando o IVA-ST ajustado 42,73%
ICMS Total= 18%x R$ 158,68 (+)R$ 28,56
ICMS-ST (=)R$ 17,38
Valor total da nota fiscal R$ 110,56
Quadro 14 – Demonstração da compra de mercadoria com ST fora do Estado,
com frete incluso no total da nota fiscal
3.9 Parecer final
A pesquisa mostra a importância do conhecimento dos aspectos
tributários relativas às alíquotas e à substituição tributária com foco no
IVA/MVA no momento da aquisição.
Enfatizou-se o custo da mercadoria quando comprada dentro e fora do
Estado, buscando alertar o fato de se verificar a melhor opção de compra,
levando-se em conta as diferenças de alíquotas e os efeitos do IVA/MVA.
Deve-se analisar o CMV do produto adquirido dentro e fora do Estado,
pois para que a aquisição fora do Estado seja mais vantajosa, é necessário
levar em conta, além do preço, os demais valores inclusos como: frete, seguro,
despesa acessória, IPI, que interfere diretamente no custo do produto, além do
valor do ICMS-ST que por vezes não é devidamente recolhido pelo fornecedor,
como foi demonstrado no estudo de caso, para a análise do produto adquirido
fora do Estado,
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
O Amigãolins Supermercado vem crescendo no ramo varejista,
aumentando a concorrência nas cidades onde o empreendimento se
estabelece, proporcionando mais qualidade, confiança e melhores preços aos
seus clientes.
Para que cada vez mais esses requisitos sejam atendidos, propomos à
empresa criar um departamento de planejamento tributário junto com o
departamento de compras, onde os analistas estarão atentos a todas as
mudanças que constantemente ocorrem na legislação.
Todo o processo de compras será realizado no depósito central em Lins,
onde o planejamento tributário auxiliará o departamento de compras através
das informações por ele emitidas, possibilitando uma melhor aquisição de
todos os produtos.
Deve-se observar com muita atenção as situações onde a compra é
realizada fora do estado e o fornecedor não recolhe a ST, pois esse processo
acarreta a necessidade do recolhimento de uma guia do imposto devido por
parte do comprador, além do frete que acaba aumentando o custo do produto.
CONCLUSÃO
A busca da melhor aquisição vem sempre com a idéia de que o preço
menor ou intermediário deve ser o mais vantajoso, independentemente se essa
aquisição for dentro ou fora do estado, porém existe a legislação tributária que
interfere no custo de cada produto.
Hoje a função do comprador na empresa é extremamente importante,
além de toda pesquisa de preço e qualidade, existem vários fatores que
envolvem um processo de aquisição eficaz.
O processo de aquisição tem grande influência na rentabilidade da
empresa. O planejamento e suporte dos demais departamentos envolvidos
auxiliam com informações rápidas e eficazes, que afetam diretamente no
departamento de compras.
O Brasil possui uma elevada carga tributária e com isso, muitos
contribuintes e empresários tem se preocupado por não encontrar uma
alternativa eficaz para a redução desse ônus fiscal. Com a inclusão de muitos
setores sujeitos ao regime de substituição tributária, contribuintes que
desconheciam na prática como aplicarem este regime, tiveram que se adaptar
às novas regras em curto espaço de tempo.
Vale ressaltar que a legislação tributária é complexa no Brasil e utilizar
os benefícios fiscais previstos em lei pode proporcionar um melhor custo do
produto.
Diante disso, conclui-se através da pesquisa que a importância do
conhecimento específico da substituição tributária, quando aplicado
adequadamente o cálculo do IVA nos produtos adquiridos dentro e fora do
estado permite determinar o custo real do produto vendido auxiliando no setor
de compras a escolher a melhor opção no momento da compra.
Por fim, ao lado dos conceitos teóricos e práticos, principalmente o
analista fiscal precisa estar atento às alterações da legislação tributária, para
obter melhores resultados.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, J.B.F; BERNARDES, C.A. Direito Financeiro e Finanças. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1967. AMED, F. J; NEGREIROS, P. J. L. C. História dos tributos no Brasil. São Paulo: Sinafresp, 2000.
BARRETO, N. L. C; ALMEIDA, R. J. Manual prático da substituição tributária. São Paulo: Cenofisco, 2008. BERNARDES, C. A; FILHO, J. B. A. Direito financeiro e finanças. São Paulo: Atlas, 1967. BRASIL. Código Tributário Nacional de 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5172.htm> Acesso em: 10 mai. 10. ______. Constituição Federal de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituição/Constituição.htm> Acesso em: 11 mai. 10. ______. Regulamento do ICMS – RICMS2000 de 2000. Disponível em: <http://info.fazenda.sp.gov.br/NXT/gateway.dll?f=templates&fn=defaut.htm&vid=sefaz_tributaria:vtribut> Acesso em: 20 jun. 10. CARVALHO, P. B. Curso de Direito Tributário. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. CHAVES,C.F. Planejamento Tributário na Prática. São Paulo: Atlas, 2008. FÜHRER, M. C. A; FÜHRER, M. R. E. Resumo de direito tributário. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 2003. GALHARDO, A. Esclarecimentos gerais sobre o regime da substituição tributária do ICMS. Disponível em: <http://www.portaltributário.com.br/noticias/substituicao_tributaria.htm> Acesso em: 12 fev. 2010.
HARADA, K. Direito Financeiro e Tributário. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2002. ICHIHARA, Y. Direito tributário. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2003. LATORRACA, N. Direito Tributário: imposto de renda das empresas. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2000. MARIANO, P. A; WERNECK, R; BEZERRA, S. R. A, Substituição tributária no ICMS, 2. ed. São Paulo: IOB, 2008. ______. Substituição tributária no ICMS. 3. ed. São Paulo: IOB, 2009. MACHADO, H. B. Comentários ao código tributário nacional. Volume I. São Paulo: Atlas, 2007. NOGUEIRA, R. B. Curso de direito tributário, 15. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. NOGUEIRA, P. H. G. S. ICMS substituição tributária. IVA ajustado. Um desajuste tributário para os estabelecimentos varejistas. Revista Jus Vigilantibus, 23 fev, 2010. Disponível em <http://jusvi.com/artigos/35353> Acesso em: 23 fev. 2010. OLIVEIRA, G. P, Contabilidade Tributária, São Paulo: Saraiva, 2005. OLIVEIRA, L. M, et al. Manual de contabilidade tributária. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2006. ROSA, J. R. Substituição Tributária no ICMS: manual explicativo. São Paulo: Ottoni, 2008. SANTOS, A. R. P. Laboratório de gestão tributária. 2010, 4p. Apostila da disciplina de Ciências Contábeis. Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins. TORRES, D. In: AMED, F. J; NEGREIROS, P. J. L. C. História dos tributos do Brasil. São Paulo: Sinafresp, 2000. P. 11.
APÊNDICES
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ESTUDO DE CASO
1 INTRODUÇÃO
Descrição e análise do processo de substituição tributária e do cálculo
do IVA e a importância do conhecimento abrangente sobre o assunto dentro
do departamento de compras da empresa.
1 RELATO DO TRABALHO REALIZADO REFERENTE AO ASSUNTO
ESTUDADO
a) Descrição do processo de substituição tributária sobre um
determinado produto e do cálculo do IVA.
b) Vantagens e desvantagens em aquisições realizadas fora do estado.
c) Depoimentos do analista responsável pelo departamento de compras
e fiscal da empresa e demais profissionais envolvidos.
2 DISCUSSÃO
Análise entre teoria e prática do processo de substituição tributária com
foco no IVA utilizada pela empresa na diminuição do custo do produto para
que a empresa não perca espaço no mercado devido o elevado custo da
tributação.
3 PARECER FINAL SOBRE O CASO E SUGESTÕES SOBRE
MODIFICAÇÕES DE PROCEDIMENTOS
APÊNDICE B – ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA
I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Empresa: .........................................................................................................
Localização: .....................................................................................................
Cidade: ...........................................................Estado......................................
Atividade Econômica: ......................................................................................
Porte: ...............................................................................................................
II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS
1 Histórico da empresa
2 Importância do planejamento tributário
3 Conceito da substituição tributária e IVA
4 Cálculo do IVA
5 Comparações entre aquisições realizadas dentro e fora do estado
APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA ANALISTA DE COMPRAS
I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Cargo/Função: ......................................................................................................
Tempo de empresa: ..............................................................................................
Escolaridade: ........................................................................................................
Especialidade: .......................................................................................................
Experiências profissionais anteriores: ..................................................................
Experiências profissionais atuais: .........................................................................
Residência/Cidade: ....................................... Estado: ..........................................
II PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1 Qual a importância para a empresa, do comprador ter noção básica da
substituição tributária?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
2 De que forma o setor de compras dos supermercados Amigãolins
influenciam na margem do produto?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
3 Qual o fator a ser analisado pelo Amigão para optar por uma aquisição
de compra fora do estado?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
4 Qual a importância do conhecimento da substituição tributária e do IVA
na hora da aquisição do produto?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
APÊNDICE D – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA PROFISSIONAIS DA
ÁREA FISCAL E CONTÁBIL
I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Cargo/Função: ......................................................................................................
Tempo de empresa: ..............................................................................................
Escolaridade: ........................................................................................................
Especialidade: .......................................................................................................
Experiências profissionais anteriores: ..................................................................
Experiências profissionais atuais: .........................................................................
Residência/Cidade: ....................................... Estado: ..........................................
II PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1 Qual a relação do conhecimento da substituição tributária e do custo
do produto?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
2 Qual a importância de um planejamento tributário?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
3 Qual a ligação entre o setor fiscal e o setor de compras?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
4 Como a substituição tributária e o IVA influenciam positiva ou
negativamente na escolha adequada de uma compra fora do estado?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________