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A INFLUÊNCIA DOS NOVOS EMPREENDIMENTOS DA METRÓPOLE DO RIO DE JANEIRO NA BACIA DO RIO IMBOAÇU (SG) Beatriz Oliveira Cruz Graduanda em Geografia – UERJ-FFP Bolsista de Iniciação Científica – PIBIC/UERJ [email protected] INTRODUÇÃO Iniciou-se no Brasil, desde a década de 2000, um amplo plano energético, reestruturando todo parque produtivo industrial do estado do Rio de Janeiro. Assim, através das parcerias público-privadas são criadas novas estruturas físicas que possibilitam o escoamento de Petróleo e Gás natural produzido na bacia de Campos, passando por diversos terminais, até a chegada às refinarias de Duque de Caxias e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. Este novo processo de modernização gera uma série de modificações estruturais no território aquático da Baía de Guanabara e nos municípios no entorno. As instalações feitas pelo setor energético com o apoio do poder público atraem outros setores da economia, que reorganizam os territórios por uma maior fluidez do capital. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro é um dos maiores investimentos da PETROBRÁS. Mesmo não estando finalizado, já podem ser observadas as modificações no território. Dentre os impactos do COMPERJ, podemos destacar a destruição de áreas de mangues e matas ciliares de bacias de drenagens. Somado a isso, podemos destacar a proibição das embarcações de pescadores e pequenos barcos de circularem num raio de 500 metros de distância dos grandes navios e dos dutos submarinos presentes na Baía de Guanabara. Assim, importantes áreas de pesca não podem ser utilizadas, desta forma, os pescadores artesanais precisam ir para locais mais distantes dos atracadouros e de suas moradias, em busca de uma quantidade significativa de pescado, aumentando o seu tempo de trabalho.

A INFLUÊNCIA DOS NOVOS EMPREENDIMENTOS DA …€¦ · aparência ou comportamento, transformando a vida da população que a constituem . Entretanto, em boa parte, uma minoria é

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A INFLUÊNCIA DOS NOVOS EMPREENDIMENTOS DA METRÓPOLE DO

RIO DE JANEIRO NA BACIA DO RIO IMBOAÇU (SG)

Beatriz Oliveira Cruz

Graduanda em Geografia – UERJ-FFP

Bolsista de Iniciação Científica – PIBIC/UERJ

[email protected]

INTRODUÇÃO

Iniciou-se no Brasil, desde a década de 2000, um amplo plano energético,

reestruturando todo parque produtivo industrial do estado do Rio de Janeiro. Assim,

através das parcerias público-privadas são criadas novas estruturas físicas que

possibilitam o escoamento de Petróleo e Gás natural produzido na bacia de Campos,

passando por diversos terminais, até a chegada às refinarias de Duque de Caxias e no

Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.

Este novo processo de modernização gera uma série de modificações estruturais

no território aquático da Baía de Guanabara e nos municípios no entorno. As instalações

feitas pelo setor energético com o apoio do poder público atraem outros setores da

economia, que reorganizam os territórios por uma maior fluidez do capital.

O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro é um dos maiores investimentos da

PETROBRÁS. Mesmo não estando finalizado, já podem ser observadas as

modificações no território. Dentre os impactos do COMPERJ, podemos destacar a

destruição de áreas de mangues e matas ciliares de bacias de drenagens.

Somado a isso, podemos destacar a proibição das embarcações de pescadores e

pequenos barcos de circularem num raio de 500 metros de distância dos grandes navios

e dos dutos submarinos presentes na Baía de Guanabara. Assim, importantes áreas de

pesca não podem ser utilizadas, desta forma, os pescadores artesanais precisam ir para

locais mais distantes dos atracadouros e de suas moradias, em busca de uma quantidade

significativa de pescado, aumentando o seu tempo de trabalho.

Page 2: A INFLUÊNCIA DOS NOVOS EMPREENDIMENTOS DA …€¦ · aparência ou comportamento, transformando a vida da população que a constituem . Entretanto, em boa parte, uma minoria é

A partir do processo intenso de modernização que vem se passando na Baía de

Guanabara, pode-se observar a influência direta com a bacia do rio Imboaçu (SG), que

corresponde a menos de 1% do total da Baía. A partir da modernização e do atual

projeto de drenagem, recuperação ambiental e saneamento do rio, em que as obras

fazem parte do Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC), relacionadas à

construção do COMPERJ, haverá a remoção várias famílias. E não deixando para trás

os pescadores artesanais presentes nessa área.

Assim, busca-se analisar como os empreendimentos presentes na Baía de

Guanabara interferem na dinâmica de rios que deságuam nesta, tendo como foco

principal o rio Imboaçu. Em que a bacia deste se encontra totalmente dentro do

município de São Gonçalo, atravessando uma área de grande densidade urbana.

A BAÍA DE GUANABARA INSERIDA NO CONTEXTO DA MODERNIZAÇÃO

Atualmente diversos projetos estão presentes nos arredores da Baía de

Guanabara, a partir do discurso da modernização e melhoria dos lugares.

Um dos principais projetos é o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro –

COMPERJ, que é a construção de um novo polo petroquímico em Itaboraí. Caracteriza-

se como um complexo industrial, onde serão produzidos derivados de petróleo e

produtos petroquímicos de primeira e segunda geração. Configura como o maior

empreendimento da Petrobrás e um dos maiores do mundo neste setor. Outros

municípios estão relacionados à sua área de influência, de formas diretas ou indiretas,

em seus impactos e benefícios. Definidos pelo alcance geográfico do meio ambiente em

relação à situação anterior ao projeto.

A Região de influência direta reúne 7 municípios – Cachoeiras de

Macacu, Guapimirim, Itaboraí, Magé, Rio Bonito, São Gonçalo e Tanguá – e a região

de influência ampliada é formada pelos sete municípios da região de influência direta

mais os municípios de Casimiro de Abreu, Duque de Caxias, Maricá, Niterói, Nova

Friburgo, Petrópolis, Rio de Janeiro, Saquarema, Silva Jardim, Teresópolis, Belford

Roxo, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados e São João de Meriti. Além de

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alguns dos municípios da chamada região de baixadas litorâneas, como Araruama,

Arraial do Cabo, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia.

O circuito produtivo do petróleo é extremamente abrangente e impactante.

Desde a extração até as petroquímicas, tem ação no território de forma extensiva, em

que transforma o espaço, desapropria moradores, polui os rios e o ar, entre outros.

Assim, pode-se observar que os impactos não ocorrem só quando há derramamento de

óleo ou gases poluentes de um duto. Inicia-se desde a obra de construção e implantação

da estrutura de produção e distribuição. Entretanto, esta matriz energética está longe de

perder a predominância no setor mundial, devido à descoberta do pré-sal, ou seja, novas

reservas, e à tecnologia está cada vez mais avançada, permitindo que estas novas

explorações sejam realizadas.

A modernização é sempre apresentada como melhoria, ou seja, evolução

sociocultural. Sendo caracterizada por um processo pelo qual uma sociedade, através

da industrialização, urbanização e outras mudanças sociais se torna moderna por sua

aparência ou comportamento, transformando a vida da população que a constituem.

Entretanto, em boa parte, uma minoria é atendida por esta, ou seja, os grupos

minoritários, representados pela população com menor renda, apesar de serem a maioria

da população, são excluídos deste processo.

O projeto do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro está em estudo desde a

década de 70. Desde então, o projeto sofreu diversas modificações, sendo considerado

um importante fator no desenvolvimento da estrutura rodoviária do Rio de Janeiro.

Através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Governo Federal,

classificou a obra como prioritária para o desenvolvimento do Estado. Tem como

principal finalidade de fazer a conexão rodoviária entre a BR-101/NORTE e a BR-

101/SUL, para não sobrecarregar ainda mais o trânsito pelas vias urbanas da Região

Metropolitana, como a Avenida Brasil, ampliando a acessibilidade aos Portos de Itaguaí

e Rio de Janeiro. Atravessando os municípios de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri,

Seropédica, Itaguaí, Magé, Guapimirim e Itaboraí.

A Reduc - Refinaria Duque de Caxias - é uma das maiores do Brasil em

capacidade para o refino de petróleo, responsável por cerca de 80% da produção de

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lubrificantes e pelo maior processamento de gás natural do Brasil. Está ampliando sua

planta de gás natural, construindo novas unidades para atender à demanda por gás

natural na região Sudeste do Brasil.

O vazamento de óleo na Baía de Guanabara que ocorreu em janeiro de 2000, foi

em virtude de um problema originado em uma das tubulações da Reduc. A mancha de

óleo se espalhou por mais de 50 quilômetros quadrados, atingindo o manguezal da APA

de Guapimirim e praias que são banhadas pela Baía de Guanabara, assim, inúmeras

espécies da fauna e flora foram impactadas, além dos danos de ordem social e

econômica à população local. Muitos pescadores foram obrigados a sair das áreas

contaminadas, e alguns ficaram sem receber a indenização que deveriam ter recebido.

Além da inviabilização do turismo local pela poluição do ambiente.

Também há a criação do terminal de gás liquefeito, que é destinada ao transporte

de gás. Possui trechos submarinos que partem das proximidades da Praia de Mauá –

Magé/RJ seguindo paralelamente sob as águas da Baía de Guanabara, pelas Ilhas

Redonda e Comprida, atingindo, portanto, o mesmo ambiente ecológico. O sistema de

atracação dos navios ocorre em um píer e o GNL é transferido do navio supridor para o

navio regaseificador. Com capacidade de regaseificação de 14 milhões m³/dia.

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Mapa dos empreendimentos presentes no estado do Rio de Janeiro. Fonte: O Estado do

Ambiente - Indicadores Ambientais do Rio de Janeiro – 2010 – INEA

Segundo Harvey, “No Manifesto Comunista, Marx e Engels afirmam que a

burguesia criou um novo internacionalismo através do mercado mundial, ao lado da

“sujeição das forças da natureza ao homem, do maquinário, da aplicação da química à

agricultura e à indústria, da navegação a vapor, das estradas de ferro, do telégrafo, da

devastação de continentes inteiros para cultivo, da canalização de rios, do surgimento de

populações inteiras como por encanto”. Fê-lo a um alto custo: violência, destruição de

tradições, opressão, redução da avaliação de toda atividade ao frio cálculo do dinheiro e

do lucro.” (Harvey, 1996: 97). Assim, Marx quer ir além do fetichismo, entender, então,

as relações sociais que estão por trás desta modernização.

Em que a inovação desvaloriza investimentos e habilidades de trabalhos

passados. “A destruição criativa está embutida na própria circulação do capital. A

inovação exacerba a instabilidade e a insegurança, tornando-se, no final, a principal

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força que leva o capitalismo a periódicos paroxismos de crise.” (Harvey, 1996: 102).

Havendo a busca de locais lucrativos, pela influência de quem possui capital, a partir do

capital fictício em busca de lucro.

Assim, pode-se observar que a modernização, como afirma Gelsom Rozentino

Almeida (2011), está presente no capitalismo desde o processo de consolidação deste

com a Revolução Industrial, sendo diretamente relacionado com o processo material.

Não alterando a estrutura de desigualdade econômica e social.

A BACIA DO RIO IMBOAÇU (SG) INSERIDA NA REGIÃO METROPOLITANA

A partir das influências diretas e indiretas dos grandes empreendimentos

anteriormente explicados, pode-se analisar a situação atual do rio Imboaçu, no

município de São Gonçalo.

A bacia do rio Imboaçu corresponde a menos de 1% do total da Baía de

Guanabara. Sua nascente se localiza em São Gonçalo, sendo esta bacia encontrada

totalmente dentro da área do município e atravessa uma área de grande densidade

urbana. Converge com outros rios e deságuam na Baía de Guanabara. Entretanto, este

rio se encontra retificado, assoreado e canalizado em diversos trechos. Os rios do

município, em geral, estão assoreados e têm suas margens bastante alteradas, e muitas

vezes, ocupadas por habitações.

A partir da expansão urbana nas margens do rio, tornou-se canalizado e

assoreado em algumas partes, como já dito anteriormente, havendo também o

lançamento de esgoto e lixo doméstico, devido à falta de saneamento básico em grande

parte do município. Nas suas margens também podem ser encontradas áreas de

embarque e desembarque de pescadores artesanais, principalmente na área de encontro

do rio com a Baía de Guanabara, que utilizam esta para pescar.

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Rio Imboaçu desaguando na Baía de Guanabara e a urbanização ao redor – Fonte: Google maps

– Acessado em junho de 2014.

Atualmente há o Projeto de Recuperação e Controle de Cheias da Bacia do Rio

Imboaçu (PAC Imboaçu), tratando-se de obras que fazem parte do Programa de

Aceleração ao Crescimento (PAC), relacionadas à construção do COMPERJ, em

Itaboraí. As obras estão sendo realizadas pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA).

Objetivando conter as cheias, realizando a drenagem, desassoreamento, desobstrução e

alargamentorecuperação ambiental e saneamento do rio.

No projeto consta a construção de um parque fluvial, com ciclovia e áreas de

lazer para as crianças, um vertedouro para reservatório das chuvas será construído e

servirá de ancoradouro para as embarcações dos pescadores locais durante o período de

estiagem, medidas tomadas para que a área não volte a ser ocupada irregularmente.

Além de um trabalho de educação ambiental para a sociedade de conservação e

manutenção do espaço, e modificações no paisagismo das comunidades por onde este

passa.

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Para a realização deste projeto de drenagem do Rio Imboaçu haverá a remoção

de cerca de 600 famílias. E não deixando para trás os pescadores artesanais presentes

nessa área, que sofrem diretamente esses impactos. Há o discurso que esses moradores

serão retirados, devido a viverem em uma área de risco, por haver enchentes em

períodos de chuva. A negociação do valor do imóvel é feita juntamente ao INEA, em

um escritório montado no bairro Boaçu - SG. Entretanto, os moradores de casas

alugadas receberão apenas um aluguel social durante três meses. O prazo de saída dos

moradores é outro assunto que vem sendo questionado, em que o cheque tem no

máximo três meses para chegar, entretanto, a partir da chegada deste, o morador tem até

10 dias para a retirada dos seus pertences.

Galpão de obras do Projeto: Implantações de obras de controle de inundações e recuperação

ambiental da bacia do rio Imboaçu – Fonte: Própria – Foto retirada em agosto de 2013

Desta forma, afirmam que haverá diversos benefícios que serão gerados para a

população, como a contratação da mão-de-obra local, gerando mais empregos;

conscientização ambiental; minimização das cheias; menos desabrigados; melhora na

qualidade de vida; e valorização imobiliária dos imóveis localizados fora das áreas

Page 9: A INFLUÊNCIA DOS NOVOS EMPREENDIMENTOS DA …€¦ · aparência ou comportamento, transformando a vida da população que a constituem . Entretanto, em boa parte, uma minoria é

alagáveis. Estas obras já estavam previstas no Plano Diretor da cidade que é do ano de

2006. Ou seja, é um projeto que vem a longo tempo sendo discutido.

Entretanto, desde o início do ano de 2014, estas obras estão paradas por motivo

da greve dos funcionários. Assim, as negociações com os moradores também pararam.

Os primeiros que acertaram o acordo já receberem suas indenizações e já deixaram suas

casas, todavia, estas acabam ficando abandonadas, e vizinhos que ainda não saíram e

outros que não terão a necessidade de sair reclamam desta situação, pois estas casas

acabam ficando mais vulneráveis a invasão de outras pessoas.

Trecho do rio Imboaçu em que as obras já iniciaram. – Fonte: Própria – Foto retirada em

fevereiro de 2014.

Segundo Milton Santos (2000), o território usado seria o modo de analisar a

realidade social total a partir de sua dinâmica territorial, ou seja, é tanto o resultado do

processo histórico quanto a base material e social das novas ações humanas. É

considerado ainda como espaço banal, espaço comum a todos os homens independente

de sua força, é a dimensão do acontecer. Pode-se relacionar a história dos lugares que

são construídas ao longo do tempo pela sociedade e suas vivências, que a partir da

modernização é destruída.

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Destarte, pode-se observar que o processo histórico de urbanização do município

de São Gonçalo gerou diversas alterações na sua estrutura, influenciado pela população

que contribuiu para o agravamento da poluição. No entanto, a dinâmica de

modernização presente na Baía de Guanabara afeta e transforma a bacia dos rios,

principalmente na região metropolitana. Ocasionando o rompimento do cotidiano dos

moradores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O discurso muitas vezes utilizado pelos agentes da modernização é o de

melhoria para os moradores e pescadores locais, mostrando que estes são os principais

causadores dos impactos nas suas áreas de atuação ou estarem em áreas de riscos por

ocupações irregulares. Em que suas vivências, conhecimentos e costumes são muitas

vezes afetados e descartados. Entretanto, grande parte das vezes, as suas obras são em

busca de seus próprios interesses, principalmente econômico e político. Além dos

impactos gerados ao meio ambiente por estas ações, como pode ser observado nos

vários Relatórios de Impactos Ambientais – RIMA, que estas empresas mesmas

divulgam e o governo aprova.

Todavia, as áreas costeiras sempre tiveram uma maior atenção ao longo dos

anos, e principalmente pela localização numa área metropolitana – no caso a Baía de

Guanabara, por interesses geográficos e estratégicos de atuação. Atualmente, a

localização dos portos, a construção do COMPERJ e dos gasodutos são de interesses

privados e estatais, presentes nesta.

Enfim, pode-se observar que o problema não é o processo de modernização, mas

sim, como este é imposto à população, que estão sendo retirados rapidamente, e os

pescadores artesanais, que muitas vezes são excluídos, e tendo que mudar suas áreas de

pescas, devido a grandes embarcações ou a mesmo por resíduos poluentes que são

jogados nos rios e mares. Não ocorrendo a preocupação com a destruição da história dos

lugares, em busca do beneficiamento de um grupo. Desta forma, pode ser observado o

lado negativo da modernização.

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Diante de toda a problemática que foi apresentada, a discussão sobre a

modernização em curso não se esgota neste presente trabalho. Logo, a presente área

ainda se encontra em estudo para que possa melhor ser compreendida as dinâmicas

atuantes, e devido também aos projetos modernizantes ainda estarem em atuação e sua

complexidade.

PALAVRAS-CHAVE: Modernização; Baía de Guanabara; Rio Imboaçu; Grandes

empreendimentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Gelsom Rozentino. A cidade pacificada: modernização, controle e

hegemonia. In: Catia Antonia da Silva (org.) Território e ação social: sentidos da

apropriação urbana. Rio de Janeiro: Lamparina, 2011, p. 67

SANTOS, Milton. O PAPEL ATIVO DA GEOGRAFIA: UM MANIFESTO -

Apresentado pelo grupo Estudos Territorais Brasileiros, do Laboplan (Laboratório de

Geografia Política e Planejamento Territorial e Ambiental) do Departamento de

Geografia - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São

Paulo (USP) no XI Encontro Nacional de Geógrafos. Florianópolis, Brasil, Julho de

2000.

HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1996.

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Panfleto distribuído pelo INEA em uma das reuniões com os moradores - 2013.

SITES:

http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/principais-

operacoes/refinarias/refinaria-duque-de-caxias-reduc.htm

http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/principais-

operacoes/refinarias/complexo-petroquimico-do-rio-de-janeiro.htm

http://www.dnit.gov.br/meio-ambiente/acoes-e-atividades/estudos-ambientais/br-493-

rj/br-493-rj.pdf

http://www.comperj.com.br/Util/pdf/rima.pdf

http://www.pmsg.rj.gov.br/urbanismo/plano_diretor/leitura_tecnica/

https://maps.google.com.br/