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Flávia Fragoso Ferreira A INTERVENÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA EM ATIVIDADES LÚDICAS COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM Rio de Janeiro 2004

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Flávia Fragoso Ferreira

A INTERVENÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA EM ATIVIDADES

LÚDICAS COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROCESSO

ENSINO APRENDIZAGEM

Rio de Janeiro

2004

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

A INTERVENÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA EM ATIVIDADES

LÚDICAS COMO PRÁTICA PEDAGOGICA DO PROCESSO

ENSINO APRENDIZAGEM

OBJETIVOS:

INVESTIGAR AS

CONTRIBUIÇÕES DO

BRINCAR PARA O

TRABALHO

PSICOPEDAGÓGICO

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AGRADECIMENTOS

Eu agradeço primeiramente a Deus, por toda a força que tem me dado para a

realização desse trabalho.

Também aos meus pais que deram apoio, carinho e incentivo todo momento.

Aos irmãos, Rodrigo e Rafael, que de uma certa forma, estiveram sempre

presentes durante a realização desse trabalho.

A professora e amiga Andréa Miguel que com o seu olhar crítico, coerente e

diretivo, norteou a finalização da introdução desse trabalho.

Enfim por todos aqueles que estiveram de alguma forma incentivando e

direcionando o meu caminho para que o trabalho ficasse significativo. A participação de

todos foi reconhecida em todos os momentos delicados, na elaboração e na finalização

deste trabalho.

Obrigada!

4

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia à minha família

que tanto esteve ao meu lado, tanto nos

momentos felizes, tristes me apoiando e

me dando forças a todo momento.

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RESUMO

A pedagogia estuda o processo de aprendizagem a partir de uma contextualização

teórico- prática.

A práxis pedagógica apresenta propostas educacionais que convidam a criança a

participar ativamente de seu processo de aprendizagem, o que configura a necessidade

de uma mudança qualitativa no ensinar e no aprender . O aprender vivido de forma mais

integrada propõe um conhecimento experienciado na totalidade das relações intrínsecas

e extrínsecas à aquisição do conhecimento.

A práxis pedagógica reconhece que a criança deve desenvolver-se por meio de

um processo de aprendizagem junto à família ou ao grupo social, ou então a escola onde

o aprender é intencional e sistemático.

Quando ocorre há dificuldade em aprendizagem, e o aluno se depara com a

necessidade de restruturar a própria maneira de aprender, novos caminhos e

experiências, que se tornam fundamentais para que seja possível redescobrir o valor, a

importância e o sentido do conhecimento não apenas para que haja um desempenho

escolar qualitativamente bom, mais também para que viva melhor.

O Psicopedagogo tem a função, nesse momento, de antecipar situações que

possam gerar uma aprendizagem frustrante e orientando o trabalho do educador para que

este desempenho, seu papel com segurança e afeto.

Quando ocorre um entrava no processo de aprendizagem da criança, o

psicopedagogo atua no sentido de reintegrar o aprendiz no contexto escolar,

possibilitando o resgate do poder de simbolizar, criar e reagir ativamente na construção

do conhecimento.

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O psicopedagogo atua também na esfera institucional, interferindo na vida do

educando, promovendo uma prática que desenvolve um conteúdo significativo.

Fagalli(1993) criou a pedagogia dos conteúdos na sala de aula, que revoluciona a

inter-relação professor-aluno.

Sua visão aponta que o trabalho pedagógico atua no aluno sensibilizando-o e

estimulando para a construção dos conteúdos a nível interno, mas elícita

fundamentalmente uma transformação na postura do professor.

Diante desse processo de trabalho psicopedagógico o brincar tem uma função

especial: de ser um papel decisivo na evolução dos processos de desenvolvimento

humano, como maturação e aprendizagem, embora com enfoques diferentes.

Brincar desenvolve as habilidades da criança de forma natural, pois brincando

aprende a socializar-se com outras crianças, desenvolve motricidade, a mente, a

criatividade, sem cobrança ou medo, mas sem com prazer.

Coutinho (20002) constata que atualmente as crianças não tem um pátio para

brincar.

Superfamiliarizadas com videogames, televisão e computador ,não reconhecem o

prazer de criar brinquedos com caixinhas e latas, botões e madeirinhas. Nem mesmo

jogos de montar.

Esses brinquedos oportunizam e favorecem a brincadeira livre e fantasia. A

criança coloca no objeto com que está brincando o significado que ela deseja no

momento. Enfim, na pressa do dia-a-dia, os pais e professores tentam simplificar suas

rotinas e tarefas, oferecem brinquedos já prontos e que não requeiram montagem, pois

não fazem sujeira, nada que precise de limpar e arrumar.

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Sendo assim, a criança desenvolve-se num meio distante do lúdico, são tratadas

como adultos em miniaturas onde o que é mais importante é estudar, aprender, adquirir

conhecimentos, desenvolver habilidades, estimular as inteligências, visando aos

objetivos alheios aos seus interesses.

A brincadeira não é um, mero passatempo, ela ajuda no desenvolvimento das

crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo.

É possível superar os problemas existentes e oferecer melhores condições de

desenvolvimento às crianças, ampliando e valorizando o espaço e as oportunidades de

brincadeira.

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METODOLOGIA

A escola tem de refletir e enriquecer o ambiente fora da escola e relacionar-se, de

forma pedagógica, com o comportamento diário nos lares, nas ruas, na comunidade e no

mundo.

Não se trata só de buscar uma educação que transmita as gerações que virão as

iniqüidades e distorções que hoje presenciamos, mas sim de procurar um novo caminho

orientado para o mundo, no sentido da preservação e da melhoria da civilização.

Durante o processo pedagógico, desenvolvido por meios de jogos, trabalha-se

com a linguagem verbal, assim como a não verbal, na perspectiva de redimensionar a

aprendizagem daqueles que não obtêm sucesso na escola.

Muitas vezes, a escola não trabalha com essa visão, por dar uma ênfase a uma

educação verbalista. O nosso objetivo é que o indivíduo que experimente um processo

de jogos, restabeleça sua conexão com a aquisição do conhecimento.

Durante os jogos escolhemos os materiais que serão utilizados no decorrer do

processo de modo a permitir que o indivíduo tinha oportunidade de vivenciar uma

relação diferenciada com a experiência.

O agir por meio de uma experiência de jogos permanece enquanto memória

durante a atuação da criança dentro do mundo, no âmbito social.

Acredito que dessa maneira a ação do educador e do pensar, concretizam-se em

uma aquisição do conhecimento significativa e próxima da realidade de vida do

educando, habilitando-o nas capacidades necessárias para a aprendizagem.

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O tema será abordado através de uma pesquisa bibliográfica. Isto significa que

ela será desenvolvida através de livros e textos científicos com autores específicos do

tema escolhido para a pesquisa.

A pesquisa bibliográfica também se torna importante porque permite que o

investigador possa ter várias idéias de outros autores de livros.

Também é importante porque o investigador tem todas as informações nas mãos,

sem ter que sair para fazer uma busca de dados.

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SUMÁRIO

1 – CONCEITO E HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA..........................15

2 – PAPEL DO BRINCAR ( ASPECTOS RELEVANTES A CONSIDERAR

NO TRABALHO LÚDICO)..........................................................................................18

3 – A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO NAS ATIVIDADES

LÚDICAS COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA NO PROCESSO ENSINO

APRENDIZAGEM.........................................................................................................26

4 – BIBLIOGRAFIA..........................................................................................36

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INTRODUÇÃO

A educação enfrenta hoje seu maior desafio: educar para a construção e

transformação, em um mundo capitalista, tecnológico, pragmático e cada vez mais

competitivo.

A maior questão que envolve o processo educativo hoje é que nunca se falou

tanto na necessidade de redimensionar a ação pedagógica, os papéis e a forma de

apropriação do conhecimento.

A proposta da pesquisa é investigar o papel do psicopedagogo na intervenção em

atividades lúdicas inseridas no contexto social, fazendo com que as crianças pensem,

experimentem, vivenciem as emoções e saibam lidar com as situações problemas,

principalmente as de sua vida.

A pesquisa vem afirmar a importância de inovar, as estruturas educacionais

existentes, porque de certa forma, estamos presos ao modelo social que ainda é

excludente arbitrário e competitivo.

É preciso reformular a prática pedagógica nas escolas atendendo as necessidades

individuais, respeitando as diferenças, as diferentes formas de apropriação do

conhecimento e ainda investir na formação de um sujeito capaz de pensar, resolver

problemas e agir socialmente de forma diferenciada. As prioridades são a reflexão, o

resgate de valores ético-humanos e a transformação.

A escola precisa investir na formação do cidadão, com consciência crítica, ao

invés de simplesmente abolir as competições e se furtar ao papel de problematiza-los. As

escolas precisam discutir essas questões de forma reflexiva, redimensionando assim o

papel, essa adaptação às necessidades da sociedade globalizada altamente competitiva.

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A psicopedagogia tem como função investigar estas discussões, refletir sobre

questões ligadas ao processo educativo, orientar e subsidiar novas práticas. Para tanto se

faz necessário um constante investimento na leitura e na atualização, sempre de forma

dialógica, relacionando teoria e prática, ideal e real.

Cabe a equipe educacional definir a concepção da educação que vai notar a

prática pedagógica. Se essa opção é por uma educação que não pretende ajustar o

indivíduo mas que faz dele sujeito cognoscente, co-responsável pela criação e

construção capaz de investir no social, a prática de atividades lúdicas pode ser uma

grande alavanca nesse processo educacional.

Esta prática de atividades lúdica tem como pressupostos o prazer, a

experimentação, o envolvimento com a tarefa, a importância da individualidade como

contribuinte do sucesso ou fracasso do coletivo e ainda nos dá a oportunidade de lidar

com emoções e soluções de problemas.

No jogo, a criança tem a possibilidade de um envolvimento de forma

descontraída, não sistemática e desafiadora.

Nesse processo instigante, o pensamento é elaborado de forma prazerosa. O

raciocínio lógico é estimulado através de etapas para a solução de problemas,

levantamento de possíveis soluções, tentativas ousadas de avançar na tarefa e ganhar o

jogo.

Habilidades ligadas à observação, concentrações, percepções e raciocínio são

constantemente estimuladas e desenvolvidas através do jogo.

A totalidade de aprendizagem será estruturada em sistemas que permitam uma

assimilação e uma acomodação recíproca entre os esquemas. Professor e aluno atuam

ligados intimamente enquanto participantes ativos e construtores do processo. Para que

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esta relação se processe de forma integral é importante que o educador amplie e

aprofunde seus conhecimentos sobre os quais aprendemos, desenvolvemos e

amadurecemos.

Propostas de atividades lúdicas articulam as habilidades de criatividade, cognição

e aprendizagem, buscando o fortalecimento interno da criança e dando a ela a

possibilidade de contato comum a imagem interna de modo que a aprendizagem se

apresente de forma agradável e significativa.

O ato de aprender transcorre de forma diferenciada quando o processo de

aprendizagem é intermediado pelo uso de materiais concretos e, principalmente pela

atividade lúdica.

O objetivo dessa pesquisa é discutir o papel do psicopedagagogo escolar para

intervir no processo ensino aprendizagem utilizando as atividades lúdicas como uma

importante estratégia na solução de problemas e distúrbios de aprendizagem.

O psicopedagogo escolar, junto com os professores, devem planejar, orientar e

garantir a introdução de atividades lúdicas, porque são necessárias para inovar e

dinamizar o processo ensino aprendizagem das crianças.

De acordo com a autora Alessandrini (1999), o processo de aprendizagem, assim

como os processos artísticos, envolvem e lidam com vários componentes pessoais,

sensações, percepções, afeto e habilidades motoras e visuo espaciais, cognição,

mobilização de energia, iniciativa e expressão. Se a criança tem dificuldades em uma

dessas áreas, pode-se bloquear e travar seu desenvolvimento global. Tomamos com

referencial a compreensão holística de que tais componentes estão interligados e

influenciam-se entre si, bem como que a criança aprende melhor quando tem prazer no

que faz, não se sentindo tensa, criticada ou sob pressão.

14

A participação efetiva da criança no processo educativo apresenta-se como um

desafio, um trabalho a ser construído, dia após dia. Isto pressupõe a idéia do aprendizado

também como vivência.

Macedo(1994) nos aponta a inserção dos jogos na prática escolar:. “Por mais que

um professor e psicopedagogo façam cursos e fundamentem sua prática pedagógica, a

tendência é ficar dominado pelos problemas práticos e pelo dia a dia, difícil e

envolvente, da sala de aula”. Pág 40. A supervisão dessa tendência pelo professor é

importante e não é fácil porque supõe a tematização de seu cotidiano, o que implica

torná-lo público, sistematizar a metodologia, compartilhar com os colegas os problemas

que enfrenta, discutir temas recorrentes em educação como avaliação e seriação escolar.

O trabalho de educador pode ser revisto na medida em que, ao tematizar sua

ação, pode ampliar a dimensão da sua proposta para com seus alunos.

O educador poderá ser multiplicador desse pensar, intuir, sentir e fazer

expressivo compreendendo e internalizando, o que é desenvolver uma atividade criativa

e artística na perspectiva da totalidade do outro, ou seja como aprendiz.

O compromisso da aprendizagem se estabelece em vários níveis comprometendo

a participação de cada ser humano neste processo de transformação contínua e constante.

15

CAPÍTULO I

Conceito e histórico da Psicopedagogia

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CONCEITO E HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA

O termo da Psicopedagogia tem traduzido em algumas pessoas uma reação

bastante curiosa, criticam-no, rejeitam-no imediatamente. O interessante ´q que se trata

de uma palavra registrada por exemplo no Aurélio como uma aplicação da psicologia

experimental à pedagogia.

O termo já foi inventado e assinala de forma simples e direta uma das mais

profundas e importantes razões da produção de um conhecimento científico para uma

perspectiva teórica ou aplicada. Por exemplo, mal uma criança aprende a escrever, já

utiliza como forma de se comunicar com seu colega ou professora. Esta dialética entre

fins e meios é, e foi isto o que quis lembrar, a razão maior do nosso desenvolvimento, se

no plano coletivo ou individual.

Segundo Beatriz(1992), quando se nomeia um encontro por Psicopedagogia:

Identidade, formação e atuação profissional, assume-se vários propósitos, insisto, está no

próprio título do Encontro: Psicopedagogia é uma nova atuação profissional que tem

uma identidade e requer uma formação de nível interdisciplinar, como já sugerido no

termo psicopedagogia.

A identidade da psicopedagogia está ou deve ser buscada ou encontrada no seu

próprio nome. Neste sentido, toda vez que um profissional de pedagogia realiza esta

ação levando em conta aspectos psicológicos, comporta-se como psicopedagogo. Por

outro lado, toda vez que um profissional da psicologia realiza esta ação levando em

conta aspectos pedagógicos, comporta-se também como um psicopedagogo.

A psicologia, é uma descoberta como área do conhecimento, que alcançou sua

especificidade apenas neste século. Ela reuniu e deu estatuto científico e profissional a

conhecimentos antes produzidos e disseminados em muitas e muitas outras áreas. É uma

ciência jovem, séria e consciente de sua importância para todos nós. Comparece,

17

descreve e explica, intervém em todas as ações do ser humano e mesmo de outros seres.

Em algum nível, todos nós, hoje somos independentes dela e por isso a buscamos e a

escutamos sobre muitas áreas.

A pedagogia igualmente, é uma descoberta que tem uma especificidade e que

sintetiza uma necessidade do ser humano de transmitir aos seus descendentes um

conjunto de informações ou técnicas sem a nossa vida ou uma melhor qualidade dela,

estará constantemente ameaçada. A escola foi a principal instituição encarregada para

isso.

Matemática, Ciências, Artes, são objetos de conhecimento coletivamente

produzidos de preferência por um conjunto de procedimentos e técnicas científicas, que

os tornam, no contexto um provisório a ser melhorado, verdadeiros, demostráveis e se

possível universais.

Ao materiais e textos didáticos, os professores e todos os outros profissionais que

atuam na escola, são responsáveis por esta transmissão aqueles que não possuem,

qualquer que seja seu nível. Ora, a psicopedagogia sensível a importância coletiva e

individual destas duas áreas busca, legitimamente uma articulação entre estas duas áreas,

mas que para isso há de pagar um preço muito caro: o de criar uma nova área.

Quando os dois todos atuando independentemente, no espaço ou no tempo, ainda

que sobre um mesmo objeto assimilam-se, acomodam-se reciprocamente, só podem

faze-lo na medida em que se transformam em partes de um novo e outro todo.

Este obviamente não exclui nem impede que os anteriores continuem com sua

vida e desenvolvimentos próprios.

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CAPÍTULO II

Papel do brincar

(Aspectos relevantes a considerar no trabalho lúdico)

19

CAPÍTULO 2 PAPEL DO BRINCAR

(ASPECTOS RELEVANTES CONSIDERAR NO TRABALHO LÚDICO)

De um modo geral, os educadores infantis reconhecem a importância do jogo no

desenvolvimento infantil, percebendo seu papel na construção do Eu e das relações

interpessoais. Convencê-los da importância para a aprendizagem, no entanto, é mais

difícil, pois, por muito tempo, a definição de sua identidade profissional baseou-se na

oposição brincar x estudar: a escolinha e a creche são lugares de brincar, enquanto a

escola (nas séries iniciais) é lugar de estudar. Sem reconhecer sua responsabilidade

pedagógica, muitos educadores infantis simplesmente deixam de brincar. Outros

educadores, preocupados em dar serventia ao tempo passado na escola infantil e infundir

respeitabilidade as suas funções, tomam tão a sério a associação aprendizagem-

brincadeira que acabam por descaracterizar esta última, transformando-a em ensino

dirigido, onde tudo acontece menos o brincar. As atividades propostas são restritivas nas

instruções e na condução, e os brinquedos, limitados em sua exploração, inibindo a ação

de brincar.

Esta divisão entre a brincadeira e a atividade dita séria, atravessa nossa cultura

ocidental contemporânea, mas não foi sempre assim; houve um tempo em que as

crianças não eram separadas dos adultos no convívio social, no trabalho e mesmo na

aprendizagem, e assim também no lazer. Após a revolução industrial, devido à divisão

do trabalho e à conseqüente necessidade de especialização, estas cisões foram

aprofundadas e vêm gerando diversas estratificações em nossa vida social e produtiva. A

infância e a ludicidade não poderiam ficar fora disso: experimentam de forma acentuada

os efeitos desta organização social, o que interfere até mesmo na concepção de criança e

de escola que temos. Como diz Mrech, o brinquedo não é um objeto neutro, ele

condensa a história da criança com outros objetos.

20

Qual é, afinal, o melhor lugar que a brincadeira pode ocupar na educação

infantil?.

Nem tão largada que dispense o educador, nem tão dirigida que deixe de ser

brincadeira. Como se faz isso? Qual é o papel do educador em relação ao brincar na

educação infantil?. Para responder a estas questões será preciso fazer uma rápida revisão

dos conceitos de brincar, brincadeira e jogos e clarear a função do brincar.

2.1-JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA- CONCEITOS E FUNÇÕES.

Brincadeira é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo,

ao mergulhar na ação lúdica, é o lúdico em ação. Já o brinquedo supõe uma relação

íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, portanto, sem regras fixas;

sendo suporte da brincadeira, pode ser entendido segundo a dimensão material, cultural

ou técnica. O jogo, por sua vez, inclui uma intenção lúdica do jogador e caracteriza-se

pela não literalidade (por exemplo, o urso não é literalmente, o filho, mas é como se

fosse), efeito positivo (alegria, prazer), flexibilidade, prioridade do processo, livre

escolha e controle interno. Apesar de não dizermos brincar de cartas ou xadrez,

tampouco falarmos jogar de pegar ou de boneca, e sim brincar de pegar ou de boneca,

esta caracterização do jogo bem pode ser atribuída à brincadeira, pois em ambas as

situações percebemos uma ação livre, improdutiva, imprevisível, simbólica,

regulamentada e bem definida em termos de espaço e tempo de realização.

A forte determinação cultural do brincar pode ser mais uma vez comprovada na

evolução dos próprios termos para designar esta atividade humana, em diferentes povos

e momentos dos processos civilizatórios.. Algumas línguas não se preocupam em marcar

tão definitivamente a diferença entre brincar e jogar como outras, convivendo

tranqüilamente com esta indeterminação conceitual e, mais do que isto, aproveitando-se

dela. De qualquer forma, mais importante do que diferenciar estes conceitos é conhecer

o que tem em comum: brincamos\jogamos para dominar angústias e controlar impulsos,

assimilando emoções e sensações, para as provas do Eu, estabelecer contatos sociais,

21

compreender o meio, satisfazer desejos, desenvolver habilidades, conhecimento e

criatividade. Experimentamos jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais e\ou antigas

porque isto nos dá um senso de continuidade, permanência e pertencimento,

mergulhando-nos na História e reportando-nos aos nossos antepassados e sua cultura.

Brincamos\jogamos porque estas atividades geram um espaço para pensar, onde fazemos

avançar o raciocínio desenvolvendo o pensamento, já que a atividade lúdica, justamente

por pressupor ação,

provoca a cooperação e articulação de pontas de vista, estimulando a representação e

engrenando a operatividade. As interações que oportuniza favorecem a superação do

egocentrismo, desenvolvendo a solidariedade e a empatia e introduzem, espacialmente

no compartilhamento de jogos e brinquedos, novos sentidos para a posse e o consumo.

2.2- LUGAR DO BRINCAR NA EDUCACÃO INFANTIL

Cobrindo rapidamente a sala de aula com nosso olhar, podemos estimar o papel

que desempenha o brincar neste lugar.

A própria arrumação da sala da possibilidade de exercício da atividade lúdica,

mas da atividade em geral permitida: salas muito arrumadas indicam que as crianças não

agem, não brincam, salas muito desarrumadas sinalizam que seus alunos não estão

responsabilizados para arrumar e limpar.

De outra parte, do ponto de vista topológico, o arranjo espacial da sala de aula é,

em si mesmo, favorável ou não ao desenvolvimento da atividade lúdica e diferentes

atividades lúdicas, a partir de diversas modalidades de interação. A organização da sala

de aula dão conta de que os arranjos espaciais abertos (sem zonas circunscritas, isto é,

áreas espaciais claramente delimitadas, pelo menos em três lados, por barreiras formadas

por mobiliário, parede, desnível do solo, etc, cuja característica principal é a

circunscrição ou fechamento), com espaço central vazio, produzem raras interações

entre as crianças, que tendem a permanecer em volta do adulto ou deslocando-se

continuamente pela sala. Móveis encostados na parede e centro vazio evidenciam

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valorização de atividades corporais e diminuição da chance das crianças se machucarem,

mas revelam, também, o modelo de organização espacial centrado no adulto. O

educador, neste espaço tudo vê e controla e é a quem a criança, quase exclusivamente, se

reportam. Os arranjos espaciais fechados definem-se pela presença de barreiras físicas

móvel alto impedindo uma visão completa da sala, por exemplo.

Nesta disposição as crianças também tendem a permanecer em volta do adulto,

evitando áreas onde a visão do mesmo não é possível e, novamente, ocorrem poucas

interações entre elas. Já os arranjos semi-abertos contam com a presença de zonas

circunscritas sem que a visão fácil de todo o campo de ação seja prejudicada, incluindo a

localização do adulto e das crianças. Percebe-se a formação de subgrupos ocupando as

zonas circunscritas, mesmo quando afastados dos adultos. As aproximações do adulto

são menos freqüentes, embora evoquem mais suas respostas.

O que estas pesquisas nos ensinam?. Que ocorre maior concentração de crianças

em torno do educador em arranjos com menor ou plena estruturação espacial e que em

zonas circunscritas há maior atividade de faz-de-conta, já que fornecem proteção e

privacidade e favorecem a focalização no parceiro e na atividade. Assim, se desejamos

abrigar, na sala de aula, o brincar, devemos organiza-la de modo a propiciar sua

ocorrência, com zonas circunscritas em arranjos espaciais semi-abertos.

O problema é que mesmo nas classes de educação infantil o brincar costuma

estar ausente, ainda que quanto maiores as crianças, menos brinquedos, espaço e

horários para brincar existam nas escolas. Quando aparece, é no pátio ou em sítios bem

definidos da sala de aula, não se misturando com as atividades denominadas escolares.

Na verdade, os adultos parecem sentir-se ameaçados pelo jogo devido a sua

aleatoriedade e aos novos possíveis que constantemente abrem. Seu papel no brincar

foge à habitual centralização onipotente e o professor não sabe o que fazer enquanto

seus alunos brincam. Alguns, bem intencionados, entendem o brincar como atividade

espontânea que cumpre seus fins por si mesma. Isto, mais a tensão decorrente da

23

atividade lúdica, com toda a pujança de significados que vimos anteriormente, talvez

explique por que não se envolvem com o brincar, deixando as crianças sozinhas

enquanto brincam.

Por outro lado, os brinquedos e jogos podem experimentar uma existência

perversa na sala de aula, isto é, ao mesmo tempo muito perto e muito longe. É o que se

vê na sala de aula cuja visualidade lúdica é excessiva, chegando à ponta de ser evasiva,

distanciando as crianças do brincar.

Com tantas ofertas de brinquedos e situações lúdicas as crianças não conseguem

assimilar as propostas aí contidas e acabam não interagindo com este material.

Quem não recorda a caixa de papelão ou embalagem do brinquedo que fez mais

sucesso que o próprio objeto que continha?. Há também um outro perto\longe que é

aquele dos brinquedos inacessíveis, só para enfeite e contemplação. Muitos quartos

infantis optam por esta visualidade, atribuindo aos brinquedos um papel meramente

decorativo. Não são brinquedos para brincar, são de “ver”. A vigor, são brinquedos para

adultos que se contentam em colecioná-los, fazendo disto um modo de conservar uma

dimensão de infância. As crianças, devido a sua capacidade simbólica e as

características de sua inteligência, precisam interagir fisicamente com os objetos para

transformá-los em brinquedos.

Essa interação, aliás, implica, como já sublinhamos antes, ação livre, o que é

francamente colidente com as instruções restritivas presentes em muitos brinquedos e

jogos, tais como: só pode brincar desse jeito, ou então é desse jeito que se brinca.

Entrementes, os educadores infantis consideram estar cumprindo seu papel educativo

com esta interferência no brincar. Muitos percebem o apelo que as crianças fazem a sua

participação no brincar e respondem-lhes dirigindo sua brincadeira.

A questão inicialmente formulada- Qual é o papel do educador em relação ao

brincar na educação infantil?.

24

2.3- AÇÃO DO EDUCADOR SOBRE O BRINCAR INFANTIL

Em linhas gerais, é necessário que o educador insira o brincar em um projeto

educativo, o que supõe intencionalidade, ou seja, ter objetivos e consciência da

importância de sua ação em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem infantil.

Contudo, é preciso renunciar ao controle e à centralização e à onisciência do que ocorre

com as crianças m sala de aula. De um lado, o professor deve desejar de ter objetivos- e

ao, mesmo tempo, deve abdicar de seus desejos, no sentido de permitir que as crianças,

tais como são na realidade, advenham, reconhecendo que elas são elas mesmas e não

aquilo que ele, educador, deseja que elas sejam.

A simples oferta de certos brinquedos já é o começo. O guia dos brinquedos e do

brincar, da Abrinq, sugere brinquedos em função dos aspectos do desenvolvimento e da

aprendizagem estimulados.

Porém a disponibilidade de brinquedos não é suficiente. O educador infantil que

realiza seu trabalho pedagógico na perspectiva lúdica observa as crianças brincando e

faz disto ocasião para reelaborar suas hipóteses e definir novas propostas de trabalho.

Percebe que o melhor jogo é aquele que dá espaço para a ação de quem brinca e instiga

mistérios. Intervém no brincar, não para apartar brigas ou para decidir quem fica com o

quê, ou quem começa, e sim para estimular a atividade mental e psicomotora dos alunos,

com questionamentos e sugestões de encaminhamentos. Para fazer tudo isto o educador

não pode aproveitar a hora do brinquedo para realizar outras atividades, conversar com

os colegas, merendar, etc. Ao contrário: em nenhum momento da rotina na escola

infantil deve o educador estar tão inteiro e tão rigoroso- no sentido de atento às crianças

e aos seus próprios conhecimentos e sentimentos- quanto nessa hora. Afinal, quando

alguém brinca, brinca para laguem. O que move o brincar e auxilia o desenvolvimento

infantil, é o desejo de ser grande e adulto, o que pressupõe um adulto como par direito

ou indireto da brincadeira.

25

Mas rigor e a alegria do brincar combinam?

O educador infantil não pode dar critério á infelicidade, daí deve inspirar

ludicamente sua atuação.

26

CAPÍTULO III

A importância do psicopedagogo nas atividades lúdicas como

prática pedagógica no processo ensino e aprendizagem.

27

A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO NAS ATIVIDADES LÚDICAS COMO

PRÁTICA PEDAGÓGICA NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM.

Tendo como princípio a atuação ímpar do professor na formação do cidadão

freqüentador de uma unidade de aprendizagem, a escola, a questão da aprendizagem

pode passar pela questão de entender a relação professor-aluno e a representação que o

primeiro tem em relação ao segundo.

Este procura contribuir com reflexões para que seja possível uma revisão e

reciclagem de práticas e metodologias que indique um caminho inverso ao universo da

mídia: a afetividade e a atuação de um jovem a canalizar energias para sua autonomia e

construção de uma identidade cidadã saudável.

Tomando como base que a Psicopedagogia tem como objetivo de estudo o

APRENDER, preocupando-se no sue surgimento com as questões relacionadas aos

déficits de aprendizagem, torna-se um suporte rico de contribuição neste trabalho. A

preocupação principal da Psicopedagogia é o aprendizado do ser humano, integrando o

cognitivo e o afetivo para realizar o processo como um todo.

A psicopedagogia dos conteúdos na sala de aula revoluciona a inter relação

professor-aluno. Se de um lado é visto de um modo integrativo e participa da construção

do conhecimento, de outro é indispensável uma transformação na postura do professor.

É importante que o educador tenha os cuidados necessários para permitir que a

autonomia do educando avance sem que ele, educador, se sinta ameaçado e não exija

mais que o aluno pode dar. Ao facilitar e organizar o processo produtivo de

aprendizagem o educador deve assegurar a todos a prática e vivência, a possibilidade de

observar e construir o conhecimento.

O trabalho psicopedagógico atua não só no interior do aluno ao sensibilizar para

construção do conhecimento, levando em consideração os desejos do aluno, mas requer

28

uma transformação interna do professor. Para que ele, o professor, se torne um elemento

facilitador que leve o educando ao desenvolvimento da auto percepção, percepção do

mundo e do outro, integrando as três dimensões, deve estar aberto e atento para lidar

com questões referentes ao respeito mútuo, relações de poder, limites e autoridade.

Quando se fala da profissão professor, não se pode deixar de enfatizar a “influência do

professor e do ambiente escolar” na vivência dos alunos .

Assim o psicopedagogo voltado para o aprimoramento da ação educativa pode

fazer o uso do conhecimento desenvolvido a partir da prática e de algumas reflexões.

O psicopedagogo realiza inicialmente uma avaliação psicopedagógica,

procurando compreender como é a relação que a criança estabelece com a sua

aprendizagem. A intenção subjacente a este diagnóstico direciona a escolha das

atividades e testagens utilizadas.

Nessa fase, procura detectar que fatores que fatores são facilitadores para que ela

aprenda, e/ou quais paralisações ocorreram, qual o limite na utilização de suas

capacidades pessoais, como ela lida com o bloqueio de simbolização e com construções

cognitivas dissociadas.

Depois ele´o psicopedagogo, realiza uma análise e uma reflexão sobre os

aspectos que pode observar dessa criança, estabelecendo uma proposta de intervenções

terapêuticas que tem como maior objetivo de conhecimento a aprendizagem, sempre

levando em conta seus recursos, bloqueios ou dificuldades.

A psicopedagogia surgiu como necessidade de compreender os problemas na

aprendizagem, refletindo sobre questões relacionadas ao desenvolvimento cognitivo

psicomotor e afetivo implícitos nas situações de aprendizagem.

29

Quando o psicopedagogo se, depara com a importância de interferir nos

mecanismos de aprendizagem que a criança desenvolveu, e que ele permitem

internalizar as informações escolares, o que muitas vezes ocorreu de forma inadequada e

não facilitadora, ele, profissional da aprendizagem, compreende a abrangência do

processo educacional, assim como a necessidade de pesquisar o conhecimento

acumulado a partir de outras áreas afins, podendo chegar a uma compreensão desses

mecanismos.

Durante o processo de intervenção, o psicopedagogo atua com objetivo de

diminuir a defasagem cognitiva e inter-relacional.

É de grande importância ampliar a compreensão e o tratamento de problemas

ligados à aprendizagem, quando indivíduo se relaciona com o mundo utilizando todo o

seu potencial cognitivo, afetivo, criativo e psicomotor.

Se diante de um problema o sujeito reage por meio de um mecanismo de

incorporação, reunindo o novo conhecimento àqueles que já possui,e elaborando uma

resposta, ou explicação dos fatos, ele experiência o que Piaget chamou de mecanismo de

assimilação. Se os conhecimentos do sujeito não são satisfatórios para resolver o

problema, ele é impedido a criar novos recursos, ou seja, novos esquemas, quando essas

situações o exigem.

O ideal do aprender significativo, deve ser traduzido em ações quase rituais, de

modo a possibilitar uma eficiência em aprendizagem. Como chegar a esse aprender

significativo?. De que maneira é possível desencadear no outro a ampliação de seus

canais sensoriais?. Como permitir o desenvolvimento de habilidades cognitivas?. Como

desenvolver uma proposta de trabalho que integre o fazer, o sentir e o pensar?. Porque

faze-lo de forma criativa, prazerosa e mobilizadora?.

30

O profissional em educação identifica-se com a criança que apresenta problemas

de aprendizagem quando ele próprio vivencia e experiencia do aprender mais

consciente, ou seja, quando desenvolve uma gestão mental que lhe permite gerar novas

ações educativas em seus alunos.

Gestão mental é a capacidade que o indivíduo tem para organizar seu

conhecimento e habilidades para resolução de um problema. É saber utilizar suas

próprias estratégias pra realizar uma escolha consciente e voluntária para alcançar uma

meta.

Ao propor um trabalho psicopedagógico, é preciso sempre utilizar recursos

criativos e dinâmicos de modo a ressignificar os conteúdos e ações

Os educadores junto com os psicopedagogos podem encontrar nas artes inúmeras

maneiras de desencadear em seu aluno à vontade de saber mais, de fazer e de ser. A

dinâmica do aprender do aprender significativo e afetivo concretiza-se também no

desenvolvimento de uma gestão mental que permite a autonomia e a consciência nos

caminhos da aprendizagem.

A práxis pedagógica trabalha com a totalidade do ser, possibilitando ao educando

o seu integral.

Consideramos que é também uma forma de ele construir seu conhecimento e seu

processo de aprendizagem ao longo da vida.

A aprendizagem mobiliza todo um processo psíquico global que gera uma

energia utilizada a partir das experiências armazenadas.

Podemos considerar importante o favorecimento da fluência dessa capacidade, de

acordo com os limites e condicionamentos pessoais, permitindo que a liberdade interna

31

para criar direcione o fazer construído passo a passo, o qual pressupõe um “novo

velho”- porque tem relação com o que está sendo inaugurado como esquema de ação, a

partir do que já internalizado- emergindo dentro de limites que podem se apresentar

flexíveis e procedurais.

O indivíduo pode ser criativo, colocar-se disponível à emergência do criar, deixar

emergir essa ação procedural de um potencial criador na qualidade do ser- sentir- fazer e

aprender. Pode ser original, dando uma resposta adequada a uma situação nova ou

resposta nova a uma situação antiga.

“A aprendizagem é um processo não-linear: há necessidade de uma

reorganização para depois haver outra”. “Todo sistema evolui dentro de uma

compreensão das estruturas dissipativas que envolvem em direção a um caos, e que

explodem permitindo assim que nova organização se estabeleça”. (ALESSANDRINI

PÁG 48).

Por isso o universo do educador construtivista, mobilizado por uma ação

significativa que torne significante o conhecimento adquirido por seu aluno ou aprendiz

está intrinsicamente ligado à idéia de coerência: “O aparecimento dessa atividade

coerente da matéria as estruturas dissipativas impõe-nos um novo olhar, uma nova

maneira de nos situar com a relação ao sistema que definimos e manipulamos”

(PRIGOGINE-PÁG-62).

A criatividade visa preencher o desejo- consciente ou não de um novo objeto ou

estado experencial que não seja facilmente encontrado ou atingido, e que seja

perceptível tanto no processo quanto no produto criativo.

A criança possui um pensamento original ao inventar nomes para as coisa, por

exemplo. Esse fator relaciona-se à originalidade e a espontaneidade que, em contato com

32

as disciplinas educativas do meio social, podem distanciá-la da criatividade e aproxima-

la dos clichês comuns.

A criatividade não é atributo de pessoas especiais. Do ponto de vista social, a

criatividade comum também é fundamental, pois ela possibilita um sentimento de

satisfação, provendo o homem comum de uma atitude positiva sobre seu auto conceito e

sobre sua própria vida. Já a criatividade presente nos grandes gênios é uma criatividade

diferenciada e responsável por grandes descobertas e pelo progresso social.

O processo criativo possibilita ao homem realizar uma nova combinação daquilo

que já existe, sem que esta seja apenas uma reorganização do velho, mas que possibilite

efetivamente a emergência de uma nova estrutura mental.

A estrutura a atividade cognitiva não permanece estática e o indivíduo opera

apoiado em sua percepção, imagina, deduz, generaliza situações, raciocina, cria e

transforma, inter-relacionando forma e conteúdo.

Com isso pode ocorre uma mudança no “fazer criativo”.

Intimamente associadas à nossa assimilação de novas experiências, ocorrem

mudanças na natureza da atividade cognitiva e na estrutura dos processos mentais. A

concretude do representar a realidade amplia-se. A percepção começa ultrapassar a

experiência gráfica dirigida a objetos e a incorporar processos mais complexos que

combinam aquilo que é percebido com elementos de um sistema de categorias abstratas,

lingüísticas.

Desvendar os caminhos da cognição é um meio de promover um aprendizado de

melhor qualidade. Isso está presente na teoria piagetiana construtivista, onde o sujeito é

pressionado pela situação-problema e sente-se incomodado, o que lhe causa um

desequilíbrio momentâneo. Esse desiquilíbrio gera os conteúdos das ações do sujeito,

33

que passa a utilizar seus esquemas presentativos os quais pressupõe simbolização e

representação e realizam a didática do fazer e compreender.

O conhecimento está em constante transformação no processar contínuo diante

de inúmeras possibilidades que demandam a necessidade de escolher e articular um

caminho a seguir. A representação não-verbal nos permite imaginar como essas teias

formam e se inter-relacionam, na busca complexa do significante.

A memória de um aprendizado significativo instala-se no indivíduo e novos

conteúdos são adquiridos. O conhecimento apresenta-se como uma rede de significados,

semelhante a feixes de relações em permanente metamorfose. O transporte de relações

significativas de um contexto para outro garante a aprendizagem global.

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Conclusão

Podemos concluir que, mesmo com o desafio de transformar a educação,

respeitando as diferenças, partindo da necessidade de formar cidadãos críticos e

conscientes, capaz de pensar e resolver problemas socialmente, a escola e a equipe

educacional tem que pensar em um tipo de alavanca para nortear essa nova forma de

educar.

Essa alavanca seria a prática de atividades lúdicas porque elas tem como

objetivos o prazer e a experimentação pelo brincar, o sentido envolvente com a

atividade, ou seja a tarefa proposta, e também pode nos dar subsídios claros para lidar

com a emoção e resolução de problemas do dia-a-dia.

Com as brincadeiras as crianças aprendem de uma forma descontraída e ao

mesmo tempo desafiadora.

Ligadas a essas atividades podem também ser desenvolvidas algumas habilidades

como, o raciocínio lógico, a psicomotricidade, observação, concentração e levantamento

de hipóteses.

Com todas essas habilidades sendo desenvolvidas de uma maneira lúdica para a

apropriação do conhecimento, o ato de aprender se dá de forma construtiva e muito

significativa.

Essas atividades exigem tanto do aluno, professor e equipe educacional um

aprofundamento no conhecimento.

Cabe ao psicopedagogo, orientar o educador para a consciente introdução dessa

nova forma de educar, fazendo com que os educadores possam dinamizar o processo-

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ensino-aprendizagem, e ser o dinamizador do pensar e fazer da criança, fazendo com que

os mesmos internalizem a proposta de uma maneira fácil e criativa.

Acredito que dessa maneira, a prática do educador, possa se desenvolver a partir

da vivência do educando para que o mesmo possa internalizar os conteúdos de uma

forma lúdica e prazerosa.

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Bibliografia

GOLEMAM, Daniel. Inteligência Emocional da Criança. 2º edição. Rio de

Janeiro, editora Campus, 1999

GOLEMAM, D., KAUFMAM, P., e RAY, M.O Espírito Criativo. 4º edição. São

Paulo, editora Cultrix, 1992

FORDHAM, Michael . A criança como indivíduo. 1º edição, editora Cultrix,

2001.

MIRANDA,Nicanor. 200 jogos infantis e sua importância. Belo Horizonte,

editora Limitada, 1996.

ALESSANDRINI, Cristina Dias. Oficina Criativa e Psicopedagogia. 1º edição.

São Paulo, editora Casa do Psicólogo, 1999

SANTOS, Santa Marli (org). Brinquedoteca o lúdico em diferentes contextos. 2º

edição, Rio de Janeiro, editora Vozes, 2000.

RANGEL, Marly. Supervisão Pedagógica (princípios e Práticas). 1º edição. São

Paulo, editora Papirus, 2001

CHAPMAM, D, WESTON, Mark. Aprender Brincando. São Paulo, editora

Paulinas, 2000

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 11

CAPÍTULO I 15

CONCEITO E HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA 16

CAPÍTULO II 18

PAPEL DE BRINCAR 19

2.1 – Jogo, Brinquedo e Brincadeira – conceitos e funções 20

2.2 – Lugar de brincar na educação infantil 21

2.3 – Ação do educador sobre o brincar infantil 24

CAPÍTULO III 26

A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO NAS ATIVIDADES

LÚDICAS COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA NO PROCESSO

E APRENDIZAGEM 26

CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA 36

ÍNDICE 37