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A LlNGUAGEM DOS IDOSOS: SUBS'mOS PARA A COMPREENSAo DO TEXTO FAUDO DlNO PREll (VSP • PROJETO NVRC/SP) Eu queria agradecer inicialmente a diretoria do GEL esta oponunidade de falar aqui em Jau no 400 encontro e, ao mesmo tempo agradecer a Funda~o Educacional Dr. Raul Bauab pela maneira assim tAoacolhedora com que nos recebe mais uma vez. Queria dizer tam~m que, depois desta sessAode abenura muito agradavel com esses numeros de canlo, lalvez fosse mais interessante a gente, se pudesse, se fosse posslvel. distribuir a conferencia, 0 texlO, sobre urn assunto assim tAo pugente da vida que 6 a velhice. Distribuir a conferencia e ir para 0 pAtio, guardando ainda esses momentos agradaveis do canto, para refletir urn pouco sobre a vida. Eu fiquei muito emocionado e achei a id6ia de trazer 0 canto aqui para este audit6rio excelente. Pude. por exemplo, ouvir novaniente "Fascina\;io", uma das musicas mais bonitas da minha gera\;aO, muito bem cantada pela jovem. Bem, mas isso nao 6 possivel, nao 6? Eu tenho de falar e you ser 0 quanto posslvel sucinto para nao apagar dos colegas e dos alunos a boa impressao que ficou deste inicio. o tema nosso - Unguagem dos idosos . eu queria esclarecer inicialmente, 6 uma pesquisa estamos desenvolvendo desde 89 e que jl1gerou urn Iivro, na sua primeira fase. A Iinguagem dos idoS05, publicado em 91, e que vem continuando e, possivelmente, na pane referente as grava\;OCsdeve terminar este ano, maisou menos com urn total de 80 grava\;OCs. Por que Iinguagem dos idosos? lnicialmente eu queria dizer que 0 aumento de popula\;AOidosa no Brasil e urn fato jl1muito comentado pela imprensa. Ha atualmente 10,5 milhOCsde idosos no Brasil. Segundo calculOsdo SEADE, que euma entidade de

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A LlNGUAGEM DOS IDOSOS: SUBS'mOS PARA A

COMPREENSAo DO TEXTO FAUDO

DlNO PREll (VSP • PROJETO NVRC/SP)

Eu queria agradecer inicialmente a diretoria do GEL esta oponunidade de falar

aqui em Jau no 400 encontro e, ao mesmo tempo agradecer a Funda~o Educacional

Dr. Raul Bauab pela maneira assim tAoacolhedora com que nos recebe mais uma vez.

Queria dizer tam~m que, depois desta sessAode abenura muito agradavel com esses

numeros de canlo, lalvez fosse mais interessante a gente, se pudesse, se fosse posslvel.

distribuir a conferencia, 0 texlO, sobre urn assunto assim tAo pugente da vida que 6 a

velhice. Distribuir a conferencia e ir para 0 pAtio, guardando ainda esses momentos

agradaveis do canto, para refletir urn pouco sobre a vida. Eu fiquei muito emocionado e

achei a id6ia de trazer 0 canto aqui para este audit6rio excelente. Pude. por exemplo,

ouvir novaniente "Fascina\;io", uma das musicas mais bonitas da minha gera\;aO, muito

bem cantada pela jovem. Bem, mas isso nao 6 possivel, nao 6? Eu tenho de falar e you

ser 0 quanto posslvel sucinto para nao apagar dos colegas e dos alunos a boa impressao

que ficou deste inicio.

o tema nosso - Unguagem dos idosos . eu queria esclarecer inicialmente, 6 uma

pesquisa estamos desenvolvendo desde 89 e que jl1gerou urn Iivro, na sua primeira fase.

A Iinguagem dos idoS05, publicado em 91, e que vem continuando e, possivelmente, na

pane referente as grava\;OCsdeve terminar este ano, mais ou menos com urn total de 80

grava\;OCs.

Por que Iinguagem dos idosos? lnicialmente eu queria dizer que 0 aumento de

popula\;AOidosa no Brasil e urn fato jl1muito comentado pela imprensa. Ha atualmente

10,5 milhOCsde idosos no Brasil. Segundo calculOsdo SEADE, que euma entidade de

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estatfstica do Estado de S40 ~aulo. no ano 2000 haver' .14 millWesde velhos; isso quer

dizer que 0 Brasil est' deixando de ser um pars de jovellS.

Quando se fala em Iinguagem de idosos • gente pode ter v4rias perspectivas

para estudar 0 assunto, porque 0 conc:eito de idoso ou velho- como quiserem - 6 um

pouco diffcil de IIClrcaraeterizado perfeitamente. De qualquer maneira, haveria tr~5

perspectivas iniciais para. gente abordar este conc:eito.Eu estou tentando come~'por

ar, porque 0 tema que YOU abordar aqui 6 urn pequeno aspecto do problema, porque itht muit05 OUtr05trabalh05 que eu fiz sobre esse assunto. No Iivro sAo dnco estudos,

mais dois feitos, quer dizer. este 6 0 oitavo ensaio. Entlo hA muitas perspectivas. You

tomar uma perspectiva que me parece mais interessante e mais f'dl. particularmente

em homenagem aos alunos aqui da Faculdade que talvez nAGtenhamainda ouvido

falar desse assunto. Para os colegas, evidentemente. os text05, os assunt05, que you

tratar sAo j' conhecidos, mas eu you tomar uma perspectiva nova desses ultimos

assuntos. que 6 a Sociolingiiistica Interacional que tern como grandes nomes

LEVINSON. BROWN. e est' ancorada has teorias de GOFFMAN, um antrop6l0g0

que imaginou a vida social como uma representa~lo no palco. Entlo. escorado nesta

alegoria, de GOFFMAN, eu you procurar falaralguma coisa a respeito de como 0

id050 representaria 0 seu papel na conversa~ao. uma vez que nAosou antrop6logo nem

sociologo.Na conversa~o. como urn dos aspectos da sua atua~o social. Eu ia dizendo.

de infcio, que hAtras perspectivas para analisar os id05OS.prindpalmente se peosarmos

neles como urn pupo social.

A primeira seri. uma perspectiva cultural. quer dizer. 0 id05O. e 0 papel

especffico dele. na sociedade em que vive. papel para 0 qual ele est' designado. Por

exemplo•• perspeetiva que se tern do idoso. na sociedade brasileira (eu lalo da

sociedade urbana, que me interessa mais, pois sou urn pesquisador essencialmente

urbano. nunca sa{ da cidade grande). EnlAo, minhas perspel:tivas sAGsempre urbanas,

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mas de cidade grande como SAoPaulo. Enlio. '" uma perspectiva wltural de vida do

ido50 hoje aqui na ~ de SAoPaulo. mais ou mel105bem delineada. Trqica. E hA

uma perspeetiva da vida do idoso em outras cidadel, em outras culturas. Se pell$arm05

na wltura japonesa - pell$armo5 num exemplo muito interessante trazido por aquele

filme A balada de Narayama " filme muito bonito. em que se mostra um aspeeto

cultural da vida japonesa naquela regiAo. onde os idosos. quando atingem lima

detenninada idade. acima de 80 anos, mais ou menos, fazem a sua malinha e

tranquilamente vAGao alto de urn morro nevado e I' eles se sentam e esperam a mone.

E 0 filme trata justamente do seguime ponto: da viol!ncia que isto representa para 0

jovem, para 0 filho, que nao admite essa saida da mlie e briga com a mlie e ~

esbofeteado por ela. A mAe ~ que nAopode admitir que ele nAoentenda que ela saia

porque ~ urn costume absolulamente natural para ela. Ela cumpriu a sua tarefa e VllI

esperar a morte tranquilamente.

Os indigenas tam outra perspectiva cultural para 0 idoso. Por exemplo, 0 idoso

~ urn conselheiro. 0 homem que enfun atua dentro destas pequenas sociedades com

uma for~ fruto da experi!ncia. No Bra.,il. na sociedade urbana 0 ido50 ~ urn ser

marginalizado, complelamente impedido de competir e destinado "ao descanso". Entao.

criaram-se as casas de repouso. que nAo foram uma invenc;;Aobrasileira. nAo ~? As

casas de massagens. os mot~is veio tudo dos Estados Unidos. Incorporamos isto aqui.

adaptamos. Em sao Paulo cada bairro tern 4, 5 casas de repouso . Sao - como eu chama

no liveo - dep6sitos de velhos, porque as pessoas que tomam conta dos velhos nao tern

condifiaO para tal. Hoje em dia se admile na cultura brasileira urbana coisas assim.

NAosAo.pols, os pais que vAG1momanha de Narayama - sAoos filhos que brigam para

levar os pais 1casa de repouso. porque nAo ~m condic;;Aode tratA·los. SAo coisas

diferentes, Opostas. nAo ~ verdade? EntAo as casas de repouso figuram como urn

simbolo cultural. porque 0 homem mais jovem pensa hoje que 0 idoso jll viveu sua

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vida... "n viveu sua vida" f uma frase multo tr'Jica, M? "J4 viveu sua vida, eu n40 yjyj a

minIta, eo precito viver ~m, nIo t? Ele.it viveu a dele". E est8$ frases que do

tdjpc:as, de repenle COftIe9IID a $er aceitas e a gente as ouve assim naturalmenle.

Como se fosse a c:ofsamai$ naturW do mundo que um ser que viveu com a genie a vida

inteira, de repente, $e separe e fique jopdo DUmacasa de repouso. nas mIos de

enfermeiras que DeJDsompre do eofermeiras. Endo ~ um aspee:tocultural, n40 ~?

Agora, poderiamos tamb6m ver 0 problema de um lado puramente social. Quer

dizer, as re~ dos ldosos com os outros grupos sociais os grupos jovens por exemplo.

Nesta rase da miDha pesqulsa, eu estou tnltanto degrava¢es feitas com idosos e

jovens • jovens de vinle, viote e poucos anos • com ldosoi acima de 80 • sempre acima

de80.

Um tercelro aspecto, 0 psicol6gico, envolve um problema muito I6rio. Mas 0

que ~ um Id05O,afinal de conlaS? 0 que ~ um velho? &iste um problema pslcol6gico,

individual. porque aflnal de· contas, uma pessoa ~ tlo velha quanto imagina ser. nlo ~?

A consci~ncia da velhice, em muitos c:asOs,6 multo pessoal, e, a16m disso nIo 6 um

fenc\meno total: 0 indivfduo 6 velho para cert8$ coisas e nlo ~ velho para outras. Por

exemplo: uma pesqulsadora me traz da revista Nova Escola urna ootlcia publicada de

que um indivfduo cbamado Luis Monteiro. de 84 anos e a sua esposa Maria Rosa, de nanos resolveram· atudar. Eram analfabetos e resoIveram estudar. Vio fazer 0

Supletivo. E lendo as suas dedara~ a genie ~ que um quer set engenheiro e a outra

pslCl6Ioga.Ouer dl2l=r,sIQ ~nbos, mas evidenlemente. oeste .lI1OIDCDto. n40 110 idosos,

eles eslAoesnidando. Como diz Cedlia Mcnles "reiventaram a vida", A vidatem que

ser reinventada de vez em quando. nIo 6? cles allo tentando refl.zer a sua vida . N40

sel Ie cheprlo 14.Mas de qualquer maneira do indivfduos que nIo do velhos. Est40

reagindo contra. velblce e alto tentando prolongar • sua juventucie. No campo

edueativo a genie tem exemplos como este. No campo econe\mico.h4 colsas curiosas.

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Urn colep da USP - companheiro que aqui se enc:onua • me informava que a sua lOp'a

com 80 e tantos lU105 participa de urna feira semanal de anc:sanato. realilada IJO bairro

do Bexip. em SAo Paulo, onde ela vende quinquilharias, objetos de ane. vende

coisas,pulsciras, ete. E ela sai toda semana eam a lUa malinha, au melhor. com urn

carrinho desses que se usa em aeropono. com 0 leU pac:otinho e vai vender. E ele me

diz:"Nlo vende quase nada, nAopnha quase nada". Mas nlo tem lmponAncia, ela vai

14.,criou 0 seu JfUpo, nAo~ verdade? Ela mou sua atividade e ela est! reallzando uma

vida cc:onbmica que nAo~ uma vida tfpica de urn velbo, mas ela est! reagindo contra a

velhiee.

Neste sentido n6s podemos dizer que ela esta realizando urn trabalho tlpiea

ainda da juvenrude. Agora 0 mais curiosa para vocts seria 0 exemplo da vida afetiva.

"Ii velhos que se renovam na vida afetiva no momento em que jl1nAoera mais tempo

de renovar. E eu yOU dizer porque que nAoh4 mals teJllPO.Porque a sociedlade nAo

permite • eu yOU mostrar. logo mais . Mas h4 momentos entao, ha exemplos

curioslssimos que a sociedade v~ assim com ceno desprezo. de velhos que se renovam,

separam-se , casam-se outra vez. Eu, outro dia, estive Duma reuniAo na casa de uns

amigos. ex-alunos. alunos, e vi que ali havia urn ambiente agitado porque a dona da

casa que tiobasido minha aluna, estava contando 0 caso do pai que tioba 75 anos, urn

militar. urn bomem forte, que se havia separado da rolle, para casar, ou juntar-se, nio

sei. a uma m~ de 25. E havia urn elima assim de hostilidade e todas falavam que era

{nenvel, e que isto DAopodia ser: "E mioba mae? n6s dramos todos os bens dele". Fiz

uma pergunta: "G05taria que voea me desse algumas infonna¢es sobre 0 seu paj".lsto

eriou urn ceno ma.l-estar. "Ouero saber que homem ~ esse que aos 70 lU105 resolve

mudar a sua vida ~etiva. Voc~ nAoaeba que isso ~ uma coisa eXlraordinaria, apesar de

todas os problemas enados na sua famflia? E extraordinario que urn homem de 75

anos resolva reeriar, reinventar a lUa vida, nio ~?" Oaro que eles nAogostaram muito

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cia minha obse~. Bern, voItando ao conceito de vethice: Qual 0 paradigma que se

tomeu nasa pesquisa·para COIISiderarum homem velho? Quando .~que um bomem 6

vetho? Acontece 0 legUinte: Os estudos de Psicologia Social, os estudos de Oeriatria

mostram que. is vezes.. ~ possfvel considerar 0 que eles chamam de idosos novos e

idosos vethos, nlO 6? 0 que sIo kloso&velhos? Sedam aqueles com mais de 80 &nOS. E

o que serfam os idQIoijo¥ellS? Serlam aqueIes que estAoeompreeDdidos numa failla de

6S a~ 80 anos. Por que essa dlvisAo?Pelo seguinte: porque a partir de uma cena idade

nAo 6 maia possfvel ao homem esconder a velhice. Existem marcas ffslcas e existem

problemas s6rios como. por exemplo, a perda da mem6ria, a perda da audl¢o

principalmente na conversa, 0 problema da aculdade auditiva. 0 menor nfvel de

rece~ que causa lapsos na audl~ e 0 conseqiiente nfvel de c:ompreens40 mais

baixo. EntAo a partir de uma cena /dade. 80 anos. a gente v6 que comumente 0

indlvfduo come~ a Ie conscientlzar de que ele 6 um velho. EntAo a rea~ torna-se

mals diffcil. 0 homem at6 os 65 &nOS pode perfeitamente. aincla,disfar~r a sua velhice

e ainda reter mais facilmente com ele Os restos cia sua juventude. Por isso 6 que

escolhemos 0 iclosode 80 aDOS.Porque quando 0 ldoso chega 80S80 anos. em geral, de

se v6, na c:ldade grande, estiiJDlltizado. 061 t 0 estigma cia velbice. Como dlz

GOfFMAN (embora ele nAo fate propriamente de ldosos). ele passa aoIi ~

.grupOs dos desacredltados ou, ainda citando OOFFMAN, ele pesa a ser uma "010-

~. Que 6 uma aIo-peSlIoa Da teona do GOFFMAN? t a que IIiO tem papel social

eo _ pIIIlet muhD 1IeQHIdIlrio. Par aemplo, ftIIlOlI a uma casa de fUdia fuer uma

--. •••• _ -. elltlO. " OIl101101 IdIfitri6es lIOIreeeber tWIll ••• aiada

Ju$o •••• trazer al&Um&QO/sa. PusamoI peIa criada Ctl1'IlO se pass6uomosporuma

cade!R, OIl UIIIa ••••• HID aisle. Se esta crlada ousasse nos fa1ar alauma • seria

uma sltu~ ins6lita. 0 papel soda1 seu 6 de aiada. Ela 040 tern esse direito de falar

com uma vislta. Vamos a um resturante, b4 um g~lo que nos atenck e se ele viesse

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conversar a1£l11Ncoila da vida dele nail poderfamos aceicar. "Que 6 _1 Eu ostou

aqui para a11111:l9U'.eu quem que vod ~ ~ 0 carcl4pio-." quer dUer. 6 uma oao-

pessoa. NAil 6 pClSSlvelconversar comele • nlQ ser .dClsassuntCll que, the sIo

penioentes. 0 veloo 6 uma nio-pelSCla.t6 00 seio familiar. Com~ uma conversa

e um velhll e5t4 presente. Algu6m diz: "Cuidado, ele at4 QUvindCl'""NAG. ele 6 velho,

n4Clentende nada, n4Clentende nada". Ele entende. IIIlI5 n4Cltem direito de opilli40.

EntAo. essa situ.~ gera, do ponto de vista soc:iaI (ainda falando do ponto de vista

social) um retraimento dll veloo ou uma rea~u agressiva. Quer dizer. de qualquer

maneira ele tem uma rea\j40 contra esse estigma da velhic:e.

A conversa~o. que 6 0 que nos interessa &qui,porque eo nAosou um sociOlogo.

a conversa\jao 6 um meio de se perceber na inter8\j4o a situa~o dll idoso e como os

fatores sociais atuam quando ele 6 convidado a falar. porque oem sempre 6 convidado

a falar. muito comumente 6 convidado a ficar 00 sil~ncio. Quando tem a

possibilidade de se pronunciar. ele procura evidentemente marcar, fazer valer 0 seu

papel social.

GOFFMAN, em linhas gerais, mostra que, quando entabulamos uma

conversa~o. procuramos oos apresentar. Apresentar n4Clquer dizer "Eu sou fulano de

tar, mlo. E come\jar a falar e dar mais ou menos uma vis40 do que n6li somos. Quando

queremos melhorar a imagem, afivelamos uma mascara para deroonstrar que tudo est4

bem. Mas existem momentos em que oem 6 possfvel manter a fachada, porque na

sociedade, l$ vezes, queremos participar de outros pap6is sociai$, de que n4Cl

panicipamos normalmente, e que refletem muho mais a nossa personalidade. A

sociedade, pon!m, nAonos permite essa mudan\jll,porque at4 construfda de maneira a

que cada indivfduo esteja direitinoo emseu papel social: 0 criado 6 0 ~do, 0

professor 6 0 professor. 0 veloo 6 0 velho, 0 gar~o 6 0 gar~o. Essa siJua~o do papel

social marcado 6 uma situa\j4o das mais terrfveis contra a liberdade do homem. Ele

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quer fup do seu papel1OdaI. quer IDMU'IIroutros aspectos de sua ptl$OnaJidade.nuis

a sodedade impede. ftIo 61·Sartre, 0 fiI6sofo do exlstetlcialismo, mima das $uM obru

refere-se 1Iuta do bomem eon"'- a falta de Ilberdade de escolber 0 lieUpapel social

. EIe diz:

"IU realmentemuita preoc:u~ no lIentido de aprisionar ° homem uaquilo

que ele 6"

~ interessante· esse "aprisionar °bomem naqullo que ele 6"•. como Ie vMsemos

com ceno receio de que possa eppar do que 6 e possa flip e de repente ver-se livre

cia pr6pria oondi¢o. ~ 0 CUO do velbo que escapa ciavelhice. is a sociedade: "Como?

com 7S anos resolve refazer a vidll afetiva? Ear' Iouco? 80 artos V1U 1 feira vender

objetos? EstAdoido! podeser atropelador A ~ Dlo quer. porque 0 velbo deve

ficar no lieUcanto vendo televislo. ~ 0 esquema dos casas de repGllSO.Todos devem

ficar It naquele sallo. em sil~o. televislo Ilg.cIa 0 dia imeiro. "A gente trata bem, a

gente dt 0 al~ paraele nahora cena, estAtudo bem, 0 lIenhor nio lie preocupe com

ele Dio."

Ht uma pesquisa americ:ana • eu Dlo posso me referir com muitos pormenores,

porque nio tenhO tempo-· mas hAuma. pesquisa muito interessante de um lingiiista

americ:aoo c:bamadoSlOMAN que esleve numa casa gerilhri<:ae Ii ficou tr!s meses,

freq\ientaftdo todo dia, visitando os pacientes e percebeu 0 lIeguinle: os indivfduos que

14 ~ 56 podlam r.tar sabre 0 dia a. dia. Os enfermeiros nlo permitiam que

faIassem sobre 0 pusado. OuandoaJaum COQlC9V8 a falar sobre a sua vida eles clizjam:

"Othe, isso af 6 passado. issoit passou, vamos Calar&qui56 do usuntO nosso". Eataohavia um desejo lmensa de faIar.de conversar e ele fez um levantamenlO estatfstico e

mostrou que os paderites falavam par dia uma Gl6diade 20 minutos e era reaImente

UIIIa"SU&WI violtftcia do sOhcio", como me retiri no mou Ilvro. UDla vloI4nda iDcrMl

contra 0 ser trumano: deixt·1o falar &penas 20 minulOs par dia. slOMAN tcve

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oportunidade de falar muito com essa &Cnte e scntiu a vontade que tinham de

comunicar-sc.

As nossas pcsquisas rcvelam tamb6m que os velhos t~m uma vontade incrfvel

de falar. HAuma pcsquisa aqui de 80 minutos em que. quando ter/nina, um dos velhos

diz: "Mas eu n40 falei nadal" "Mas como nAofaIou?" "Eu nto falei Dada que prestassc".

E essa 5ubcstima, esse scntimento de que nAovale mais Dada, nio fala mais Dada -estA

muito ligado ao discurso do idoso. porque a sociedade assim cstabcleceu 0 papcl dele.

GOFFMAN que v~ a vida como uma represcnta~o e a conversa~o como um aspccto

dessa represcnta~ao. mostra como os interlocutores tentam preservar a sua imagem

social. Para preserva-IA, nao raro.invadem a imagem social do ouvinte que tamb6m

quer preservar a sua imagem. Uma conversa hem conduzida seria aquela em que sc

estabcleccsse um modus vivendi. 0 respcito mutuo da imagem social dos interlocutores.

Assim. eu com a minha mAscara ou com a minha fachada represcnto 0 mcu papcl e

aceito. em termos. 0 papcl representado pclo meu interlocutor. Quando sc trata de

velhos e jovens hA uma ccrta tentativa de acornoda~ao. mas muitas vezes 0 jovem

invade 0 terreno do velho. Veja-sc. por exemplo. estes dois interlocutores. um falante

de 24 anos e um idoso de 84 anos. Estao falando de moda. A idosa mostra-se

entusiasmada com a sua epoca (porque 0 idoso estA sempre centrado no passado).

coloca 0 problema da sua ideologia, dos seus valores, centradosno passado. De certa

maneira a vida do idoso e a conversa~ e uma visao. uma anAlise do prescnte. tendo

por base 0 passado. 0 jovem n40. 0 jovem nAotern passado. 0 jovern 56 tem prescnte.

EntAo e diferente. porque defende 0 prescnte, acba que e 0 valor ceno.

o idoso tem duas posi¢es: ou ele sc aferra ao passado e, neste caso. ele pOc em

perigo a sua face. a sua imagem, porque a1guem pode atacA-Io e mostrar-Ihc que estA

fora de epoca; ou entao ele sc acomoda e diz: "No meu tempo era assilll. mas era igual

ao que e hoje. a mesrna coisa",

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Diz uma idosa, numa entrev\sta de nouo CtNpW:

" Eu .it tive um valido assim eu jA tive urn vestido deslumbrante quando cia

minha mocidade viu?"

A outra, a jovem querendo entrar. atingir a face da idosa:

"Mas a roupa era assim justlnba como a gente usa hoje ou era assim aquela saia

REDONDONA"

A idosa percebe que 0 seu territ6rio foi lnvadido que sua imagern social est4 em

perigo. 0 REDONDONA 6 uma c:rfticaa urn tempo J4 superado.

"Nio nAono meu tempo no meu tempo erajustinhaera bem modeminha como

hoje sabe?"

"~6 sim"

NOs temos aqui. nesta' conversa~o a id6ia de uma luta que se proceSS8 entre

dois valores. A idosa tenta se agarrar ao passado. mas. ao mesmo tempo. tamb6m faz

uma conc:ess4o:ele nio quer perder a sua imagem social.

A minba equipe de pesquisa t~m·se deparado com cenas comoventes ao

observar a luta do idoso em c:enos momentos. -que. U vezes. revelam urn estado de

absoluta entrega da face. Vemos aqui. por exemplo. urn diaJogo com uma senhora de

89anos.

Dizojovem:

"0 que que a senhora acha dessas alitudes de seu neto?"

(a atitude do neto fora sair de casa para viver com umamulber. Nio quls se casar. &so

6 comum, nlo 6? Mas denlro dos valores antigos nAoera).

"Eu me conformo que que eu ia fazer? Eu agora nAotenho mais nAotenho mais

o que falar 0 tempo que eu falava se foi cu agora nlo tcnho mais 0 que falar sIo os pais

quefalam"

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Esta 6 uma situa~ de completa entrega da sua face. Agora, em vez de

relraimento. pode ocorrer uma atilude agressiva, demonstrando certa habilidade em

confundir 0 discurso, visando a impor a sua "face positiva", como diz LEVINSON. 0

que seria essa face. positiva? seria exalamente uma face em que 0 individuo mostraria

vaJores que ele tem que seriam desej4veis pelo interlocutor. Todos n6s temos vaJores

que desejarfamos que os outros admirassem, e1ogiassem. Ent40 projetamos esses

valores e sentimos se a pessoa admira ou 040, valorizando essas coisas.

Um exemplo interessante 6 desla arava~o, feita com tr!s idosas. sendo que uma

de 82 anos, oulra de 80, outra de 100 anos. E h4 uma falante m~ de 22 anos. 0

assunto 6 uma fesla, mas a idosa habilmente, como aeonIeee em muitas arav~s,

eneaminha 0 assunlo para eoisas que the inleressam disculir: "Naquele lempo lamb6m

tinha festa, nos fazlamos ludo nas festas". "Nos faziamos tudo nas festas". E a outra

idosa:

'Tavam todos todos os irmaos tudo a moda antiga agora nao a mUlher nao gosta

de eozinhar". E a falante jovem:

"E...(um 6 j4 muito eheio de culpa). A falante idosa:

"E 6 pior de que (e inlerrompe) voc! gosta?" A OUlra:

"Nao...".E a falante idosa:

"Voc! nao entende nada de cozinha?" (Jli estli tomando a face da outra que eslli

perdendo a imagem social ne?). Ajovem:

"Eu enlendo eu sou casada" (al piorou muito ne?). A idosa:

"VO<:!6 casada?". E ajovem;

"Eu sou casada eu tenho um filhinho (J4 come~u a justificativa ne?) e eu fa~

alguma coisa mas se eu comparar com a minha mae (aI se perdeu completamente foi

comparar com a mae • passado nao e?) se eu comparar com a minha mae nao sei fazer

nada".

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A falante idosa toma 0 tumo dela antes que lermine e em 5ObrepOSi~o diz:

"Sua mie eslAviva?". E a jovcm:

"EslAeslA".E a idosa:

"Nlo tem c:ontpar~o eu quando casei j4 sabia cozinhar <ataque dmto, .1) ji

sabia cozinhar e meu marido me escolbeu porque eu sabia cozinhar"

Entia, temos a( 3 exemplos. NAoquero me estender muito em •• ~

porque 0 interessante f que voc!s pudessem acompanhar aqui no texto. Mas temos 3

exemplos que mostram este problema do papel social jogado na conve~ RIo ~1a

nfvel discursivo percebe-se bem esta atitude do falanle, um jogo - a conversa~_ 6 urn

jogo. GOFFMAN fala na representa~o dos papeis efala de UIDI maneiramuito

curiosa dos papeis de fachada e dos papeis de baslidores. 0 que f isso que aparece

muilo na conversa~o do idoso. 0 papel de facbada 6 0 papel que n6s COftScientemente

preparamos para nossa "representa~ao" na conversa~ao. Vamos supor urn exemplo

assim hem comum: um casal OlIose dA bem em casa e vai receber uma visita de um

outro casal: "Olha vamos combinar direito heinJ Vamos combinar direito. Por favor,

yoU nao fale isso, nlio me responda nAo me contrarie". Tudo vai, entlio, ocorrendo

bem: "Benzinbo... e tal... nlio sei que ...• Fica a represenla~lio de fachada para os

visitantes: "Oh, mas que casal maravilhoso!" De repente 0 marido, vamos supor, diz

assim: "Sabe voc~s desculpem esses bolinhos aqui... porque minha mulber nao sabe

cozinhar, ela nao gosta deslas coisas". "Como nlio go~\()? voc! 6 que nao me dA

condi~oes e tal. .• Ai b4 0 silencio nf? Entrou a conversa de bastidores. Os visitantes

saem e oomentam: "Voc! viu como estl a situa~lio 14?a situa~ Rio est! lIIIJiIo boa".

o-r diZer, na repr~ apareceu "a ClItnversa• butidores". 0 ven. _••• na conve~. Quer diur «Ie prcpara sua atnvena de fadlada, IDU, • w.. -'«Ie trai, deixa-se envolver, deixa 05leUS~aIores escaparem e 05seus .es sIo 0&vaIores do passado, combatidos pelo jovem. E nesse mumento que 0 jovem lbe cai em

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cima e proc:ura £aur com que 0 idoso perea a $UII face. Num ClI50 como esse fiea diffcil

salvar a face. 0 velho se ellcolhe (porque II lIatural condi~o do velho nao ~ II

agressividade). Urn grande numero da$ grava~ mostra que bA urn discuno assIm

retrafdo "born eu nao penso assim rnas_."Como diz aqui Urlla idosa de 89 anos:

"Porque as coisas t!m que Ie modificar [esta ~ uma fala de entrega da face n~?l

e as coisas t!m que se modilic:ar n6s que somos de outra ~poc:a estranbamos muito

estranhamos cenas coisas n~? e a gellte nio ... nio quer dizer ... a gente tern que aceitar

porque a gente •• no mundo e nao somos n6s que vamos modiliear as coisas". E a

entrega total da face da imagem n~? Ajovem:"e verdade". A idosa para tentar salvar a

face: "A gente aceita mas a gente nlio nlio se acostuma compreende? a geme nao se

acostuma".

Entao a conversa~o ~ urn born exemplo. na sociedade. desse jogo do

relacionamento social. como diz GOFFMAN, e dessa representa~lio para a qual 0

idoso, evidentemente, nem sempre estl preparado.

E interessante mostrar que. acima de tudo, 0 velho procura afivelar mascaras.

Muitas vezes ele concorda com coisas que a gente sabe que nlio silo assim, mas a moral

dele p6e a mascara para representar 0 sentimento. E a mlsc:ara como diz PARK "c 0

papel que n6s nos esfor~mos para chegar a viver". A mascara e 0 nosso verdadeiro

EU, aquilo que gostarfamos de ser. 0 que 0 velho gostaria de ser? gostaria de ser

jovem. E. impossivel, porque a sociedade nao deixa que eles rompam com suas

limita~Oes entAo, ele tenta aproximar-se do jovem, compartilhar de suas ideias.

Estabelecer urn modus vivendi conversacional.

HI urn texto aqui, por exemplo. em que uma idosa diz assim:

"Voc!s (referindo vocfs aos jovens) silo livres se eu tivesse na idade de vods eu

olio casava voc!s silo livres para fazer sua vida (quer dizer. eu nlio pude £aur) voc!s

sAoIivres para viver (quer dizer, ela entrega a face, mas no sentido de mostrar que eh:.

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concorda, porque concordando com a jovem, de cena maneira, est4 rnantendo a

conve~o).

HAcasos em que esse modus vivendi ~ Asvezes falso, mas acaba encaminhando a

conversa¢o para uma forma agrad'vel. Perc:ebe-se que 0 idoso abre 11140de seus

valores, mas ele, de certa maneira. controla, e argumenta quando pode argumentar. HA

um caso curioso, dentro da teoria de LEVINSON. em que ambos 05 interlocutores

preservam a sua face. Diz uma idosa de 84 aoos:

"Eu namorei com 0 meu namorado 5.4 an05 e meio depois eu casei mas 010

permili nunca que de me desse um beijo porque os homens sao atrevid05 n~? (e espera

a resposta) nAosao alrevidos?". Ajovem:

"Slo".

As duas faces est40 preservadas ~? a couversa estAtranqiiila: concordou-se que

os homens SaG atrevidos. E um valor do passado que permaneceu no presente.

Haveria rnuita coila mais para falar sobre essa pesquisa. ESIOU Asordens para

qualquer qucslio. Agrade~ a aten\;40 de voc!s, desejo-Ihes um born congresso. uma

boa tarde e... uma boa velhice.