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Ensino Da Compreensao Leitora

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O Ensino da Compreensão Leitora. Da Teoria à Prática PedagógicaUm Programa de Intervenção para o 1.º Ciclo do Ensino Básico

Fernanda Leopoldina VianaIolanda da Silva Ribeiro

Ilda FernandesAlbertina Ferreira

Catarina LeitãoSusana Gomes

Soraia MendonçaLúcia Pereira

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Ficha técnica

Título

Autores

Capa

Imagens da Família Compreensão

Arranjo gráfico

Editor

O Ensino da Compreensão Leitora. Da Teoria à Prática Pedagógica.Um Programa de Intervenção para o 1.º Ciclo do Ensino Básico

Fernanda Leopoldina Viana, Iolanda da Silva Ribeiro, Ilda Fernandes, Albertina Ferreira, Catarina Leitão, Susana Gomes, Soraia Mendonça e Lúcia Pereira

Régine Smal – Inforef (Bélgica) – Projecto Signes@sens

miew - creative agency.www.miew.com.pt / [email protected]

EDIÇÕES ALMEDINA S.A.Av. Fernão de Magalhães, n.º 584, 5.º Andar3000-174 CoimbraTel.: 239851904 Fax: 239851901www.almedina.net

PRÉ-IMPRESSÃO | IMPRESSÃO | ACABAMENTOG.C. GRÁFICA DE COIMBRA, LDA.Palheira – Assafarge3001-453 [email protected]

SETEMBRO 2010

Eduarda Coquet

ISBN - 978-972-40-4362-3

I – VIANA, Fernanda Leopoldina, 1955-

CDU 811.134.3

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Agradecimentos

Correndo o enorme risco de deixar alguém de fora – tantas foras as pessoas e as instituições que contribu-íram para que a publicação desta obra fosse possível – não podemos deixar de agradecer, de forma explícita, à Didáxis Cooperativa de Ensino que acreditou (e acredita) que só com um trabalho de intervenção sistemático se atingem níveis de excelência. Este agradecimento é extensivo também à Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão que, reconhecendo as potencialidades do projecto, financiou a sua extensão ao 1.º Ciclo do En-sino Básico.

Como crer não chega – é preciso querer – foram sendo activados os meios e as vontades. Centros de Inves-tigação da Universidade do Minho (CIPSI e CESC), ex-Centro de Formação Camilo Castelo Branco e Centro de Formação de Professores Associação de Escolas de Vila Nova de Famalicão foram apoios imprescindíveis. Estes últimos foram responsáveis pela organização de acções de formação de professores que fomentaram um trabalho articulado de investigação-acção e uma reflexão crítica sobre os conteúdos e actividades das primei-ras versões do programa. Aos professores, alunos e ex-alunos da Didáxis e dos Agrupamentos Verticais de Escolas de Vale do Este, D. Maria II, Ribeirão e Pedome, deixamos também expresso o nosso reconhecimento.

Quando se decidiu partilhar o trabalho desenvolvido no âmbito do Projecto Litteratus, publicando-o, foi necessário obter o aval de todas os autores e/ou editores das obras utilizadas. Neste campo não podemos deixar de endereçar uma palavra de agradecimento às Editoras e aos Autores que autorizaram a inclusão dos seus textos. Sem bons textos não fazemos bons leitores. Este agradecimento é extensivo ao GAVE – Gabi-nete de Avaliação Educacional, pela possibilidade de inclusão de parte significativa das provas de Aferição de Língua Portuguesa.

Não podemos deixar de expressar também o nosso agradecimento à equipa do Projecto Signes@Sens com quem partilhámos saber e que em retorno nos brindou com a concepção das imagens da Família Com-preensão, elaboradas por Régine Smal (de Inforef - Bélgica); à Professora Eduarda Coquet, colega, amiga e autora das capas; à Dr.ª Maria José Matos Frias pelas sugestões recebidas e pela leitura atenta e crítica de várias versões deste programa; à MIEW, empresa cuja juventude não impediu uma atitude de verdadeiro me-cenas relativamente ao arranjo gráfico; à Drª. Isabel Alçada, ex-comissária do Plano Nacional de Leitura, cujo incentivo e sugestões foram determinantes numa fase intermédia do projecto; ao Plano Nacional de Leitura, na pessoa do Professor Fernando Pinto do Amaral, por acreditar que a partilha deste trabalho, a nível nacio-nal, poderá ser (mais um) contributo para aumentar os níveis de leitura dos portugueses.

Para a Irene Cadime e para a Sandra Santos um enorme OBRIGADA, necessariamente em maiúsculas, pela cumplicidade.

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Este programa foi financiado por:

Didáxis - Cooperativa de Ensino, C.R.L.Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão

CIPSI - Centro de Investigação em Psicologia da Universidade do MinhoCESC - Centro de Estudos da Criança da Universidade do Minho

Os textos incluídos neste programa estão protegidos por direitos autorais e não podem ser reproduzidos sem a permissão do autor ou do seu representante.

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Prefácio

Prefaciar um livro é uma experiência fascinante. Primeiro, por tornar aquele que o prefacia seu primeiro leitor; aquele que, depois dos autores, foi o primeiro a mergulhar nas ideias por eles veiculadas. Segundo, por-que prefaciar um livro é atender a um convite feito pelos autores, os quais acreditam que aquele que prefacia a sua obra é digno de apreciá-la e de comentar sobre ela. Prefaciar é, portanto, um privilégio.

Prefaciar este livro, em particular, foi uma experiência fascinante. Primeiro, porque o convite me foi feito no mesmo período em que escrevo um livro que, por feliz coincidência, trata também da compreensão de tex-tos. Assim, ler esta obra para prefaciá-la tornou-se, também, uma fonte de informações a serem inseridas no livro que ora escrevo. Segundo, porque não foi difícil encontrar na obra o seu mérito, como será pontuado na sequência desta apresentação. Terceiro, porque o livro responde à necessidade de trazer aos professores um material que tanto tem implicações e aplicações práticas, como também é impregnado por questões teóricas que fornecem subsídios que são mais duradouros do que um simples manual que descreve procedimentos didácticos a serem colocados em prática sem qualquer compromisso teórico ou empírico.

O título do livro deixa claro, desde o início, sua natureza híbrida, de maneira que o leitor transita facil-mente da teoria para a prática de ensino. Em seguida, é feita uma pergunta crucial que norteia toda a obra: “É possível ensinar a compreender?” Antes mesmo da conclusão do livro, o leitor chega, inevitavelmente, à res-posta: “Sim”. Havendo respondido de forma afirmativa a esta pergunta, resta agora saber se o livro responde a uma outra questão: “Como?” Ao longo da obra, especialmente na segunda parte, são apresentadas e ricamente discutidas diversas situações voltadas para o ensino da compreensão de textos. Um dos pontos que merece destaque é a criação didáctica denominada Família Compreensão. Um misto de lúdico e de académico, a Família Compreensão, a partir de suas personagens, dá vida aos processos cognitivos e instâncias linguísticas envolvi-das na compreensão de textos; fazendo conceitos teóricos desembocarem harmonicamente na sala de aula. De facto, não é fácil estabelecer uma relação apropriada entre teoria e prática; pois se corre o risco de teorizar em excesso as práticas de ensino ou se corre o risco de simplificar em excesso questões teóricas complexas. Este livro consegue equilibrar esses dois pólos de forma apropriada.

Em consequência deste equilíbrio, o professor tem em mãos um material que não apenas fornece acti-vidades a serem realizadas em sala de aula, mas que também contribui para a sua formação e actualização teórica. Essa preocupação com a formação do professor é claramente identificada na primeira parte quando são discutidos os factores envolvidos na compreensão, sejam eles derivados das características do texto, das situações contextuais em que a leitura ocorre ou derivados das características do próprio leitor. Neste cenário, o estabelecimento de inferências a partir das informações textuais e extra-textuais (conhecimento prévio do leitor) assume papel de destaque no processo de compreensão e na proposta de ensino apresentada. É impor-tante comentar que raramente a questão das inferências é trazida para o foco educacional, sendo este tema tradicionalmente discutido no âmbito teórico e investigado especialmente em pesquisas psicológicas. Isso é um avanço em termos educacionais.

Além das inferências, outros temas relacionados com a compreensão de textos, mas raramente tratados numa perspectiva educacional, estão presentes neste livro, como é o caso da monitorização e da tomada de consciência do próprio processo de compreensão pelo aluno. Perguntas simples como “O que é que precisas de saber para compreender a frase?” ou “O que é que te permitiu prever o que aconteceu?” ou, ainda, “O que te pode ajudar a encontrar o sentido da palavra?” levam o aluno a monitorizar a leitura, identificando as suas dificuldades e propondo formas de superá-las. Além disso, a verbalização das formas de raciocinar sobre o texto tem reper-cussões positivas para o ensino. Uma é que esta explicitação permite que o aluno tome seu pensamento como objecto de reflexão e análise (metacognição); a outra é que esta explicitação permite que o professor saiba o

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VIVI

modo de pensar do aluno.Em alguns momentos, como mencionado pelas autoras, o livro pode ser considerado complexo para o

nível de escolaridade a que se propõe. No entanto, isso é mais um desafio para o aluno do que um obstáculo intransponível, como aparentemente possa parecer. De facto, há actividades que se caracterizam como situ-ações de aprendizagem que se antecipam ao nível de conhecimento que o aluno já apresenta; porém essas situações são passíveis de serem entendidas pelos alunos, sobretudo quando mediadas pela acção do professor. Fica claro, portanto, que este livro não é, em absoluto, um manual de procedimentos a serem seguidos ou um roteiro de actividades a serem mecanicamente aplicadas em sala de aula. Pelo contrário, esta obra pressupõe um professor activo que é sistematicamente requisitado a entender o que faz e a mediar as interacções entre os alunos e as actividades propostas. Pressupõe, também, um aluno intelectualmente desafiado a compreender textos cada vez melhor.

Em suma, este livro ensina professores a ensinar os seus alunos a compreenderem textos. Ao aprender a compreender, os alunos, por sua vez, serão capazes de compreender para aprender, no sentido de entenderem os conteúdos das mais diversas áreas do conhecimento; pois, como dito pelas autoras: aprender a compreender torna mais fácil o saber.

Mais do que um prefácio, que estas primeiras páginas sejam um convite à leitura de um livro que, sem dúvida, é de grande relevância para educadores que desejam desenvolver nos seus alunos a habilidade de compreender textos.

Alina Galvão Spinillo

Universidade Federal de PernambucoRecife, 2 Setembro de 2010

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COM A FAMÍLIA COMPREENSÃO: ACTIVIDADES E GUIA DE IMPLEMENTAÇÃO

VII

Nota Introdutória I - O QUE A TEORIA NOS ENSINA SOBRE COMO

Factores derivados do texto Factores derivados do contexto Factores derivados do leitor Metacompreensão e compreensão leitora Processos e estratégias

II - DESCRIÇÃO DO PROGRAMA “APRENDER A

Temática e aplicação Conteúdo Destinatários Objectivos Sequencialização das actividades Implementação do programa Avaliação Materiais

III.1 – Avaliação Inicial

III.2 – A Família Compreensão

III.2.1 – Ler com a Família Compreensão

O Pastor Ambicioso A Borboleta Chinesa

Índice

COMPREENDER TORNA MAIS FÁCIL O SABER”

ENSINAR A COMPREENDER

III - APRENDER A COMPREENDER…

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Índice

III.3 – Perguntas de compreensão leitora: Uma abordagem estratégica.

Sem título Loto Animais Bebés A Borboleta Chinesa

III.4 – Ensinar a compreender

Férias de Verão História do Pedro A Aranha e o Bichinho-da-Seda O que provoca pele de galinha? A Mão da Princesa Antes de entrar na cozinha Bolo de Batata Pode saber-se a idade de uma tartaruga pela carapaça? Golfinho no rio O que faz soprar o vento? Os Dez Mandamentos da Prudência Na Quinta das Cerejeiras O Caçador de Borboletas Mapa do Jardim Zoológico Ria de Aveiro Peixe no Aquário D. Afonso Henriques, uma figura fascinante Os Ovos Firmino, o Amigo dos Pássaros Bisavó Eglantina Dioralyte, pó para solução oral Poema da Beira da Foz Suricata Noite Oceanário de Lisboa Pintarolas Egas Moniz Estrelinhas baptiza o Fidalgo Mistérios da Escrita Johann Gutenberg Referências Bibliográficas

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IV - AVALIAÇÃO DE PROGRESSO

Avaliação Inicial (1) – Prova de Aferição de Língua Portuguesa do 1.º Ciclo de 2005 Avaliação 2 – Prova de Aferição de Língua Portuguesa do 1.º Ciclo de 2008 Avaliação 3 – Prova de Aferição de Língua Portuguesa do 1.º Ciclo de 2006 Avaliação 4 – Prova de Aferição de Língua Portuguesa do 1.º Ciclo de 2003 Avaliação 5 – Prova de Aferição de Língua Portuguesa do 1.º Ciclo de 2007 Avaliação 6 – Prova de Aferição de Língua Portuguesa do 1.º Ciclo de 2004 Avaliação Final (7) – Prova de Aferição de Língua Portuguesa do 1.º Ciclo de 2005

Anexo 1 – Bases de dados

Prova de Aferição 2005 – 4.º ano Prova de Aferição 2008 – 4.º ano Prova de Aferição 2006 – 4.º ano Prova de Aferição 2003 – 4.º ano Prova de Aferição 2007 – 4.º ano Prova de Aferição 2004 – 4.º ano Instruções de utilização

Anexo 2 – Materiais de apoio ao programa

Grelhas de correcção A Família Compreensão Anexo 3 – Tabelas

Classificação e quantificação dos processos e das perguntas/tarefas Classificação e quantificação das propostas de operacionalização

Índice

V - ANEXOS

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Nota Introdutória

“O ensino da compreensão leitora: Da teoria à prática pedagógica” é o resultado de três anos de investigação-acção associada ao projecto Litteratus , que visa a promoção da leitura e da literacia. De entre as várias acções desenvolvidas no âmbito do mesmo destacaram-se quatro programas: dois de promoção da compreensão em leitura – “Aprender a compreender torna mais fácil o saber” (1.º Ciclo do E. B.) e “Aprender a compreender. Do saber… ao saber fazer” (2.º Ciclo do E. B.) - e dois de desenvolvimento da produção textual (1.º e 2.º Ciclos do E. B.). Esta publicação diz respeito ao primeiro programa.

Ao longo destes três anos foram criadas e operacionalizadas diversas propostas de trabalho, tendo-se procedido a vários reajustamentos, pelo que esta versão se distancia substancialmente da primeira dispo-nibilizada aos participantes no projecto. A apreciação efectuada pelos professores que colaboraram na sua implementação leva-nos a antecipar que numa primeira leitura este programa possa ser considerado: a) “de-masiado difícil” para a maioria dos alunos; b) adequado apenas para bons alunos, habituados a ler e com um conhecimento cultural alargado; c) diferente, pelas propostas de exploração que apresenta, incluindo a Famí-lia Compreensão que surge no início.

Antecipando estas apreciações, avançaremos já algumas respostas. Entretanto, podemos dizer que os re-sultados obtidos ao nível das competências de compreensão leitora dos alunos superaram as expectativas e que esse facto está na base desta publicação, colocando, assim, ao dispor de um maior número de professores, propostas de trabalho que se mostraram motivadoras e eficazes.

Demasiado difícil?Não, mas as propostas de trabalho foram seleccionadas para estarem um pouco além daquilo que os alunos

conseguem fazer sozinhos, já que o programa assenta no conceito de Zona de Desenvolvimento Próximo (ZDP – Vygotsky, 2007). Esta zona reporta-se à diferença de desempenho entre o que o aluno consegue fazer sozinho e o sucesso que alcança com um pequeno apoio externo.

Para melhor compreendemos este conceito de zona de desenvolvimento próximo, consideremos o seguin-te exemplo. Ao nascerem, os bebés são incapazes de segurar a cabeça. Por isso, as primeiras semanas de vida exigem um cuidado especial. Todos os adultos mantêm os bebés preferencialmente numa posição horizontal. Nos momentos em que o bebé é colocado na posição vertical, a cabeça é amparada pela mão do adulto. Pro-gressivamente, graças à maturação neurológica, a criança alcança uma etapa importante do desenvolvimento motor e é capaz de segurar a cabeça.

Após esta aquisição segue-se uma outra: ficar sentado. Mais uma vez, o adulto tem um papel importantís-simo. Os pais passam a sentar a criança no colo e amparam-na com os braços. Embora sentada, o que a segura são os braços dos adultos. Outras estratégias incluem sentar a criança no chão, tendo brinquedos e almofadas a ampará-la. Com o tempo, a criança faz uma segunda conquista: consegue manter-se sentada de forma autó-noma. Para o adulto significa que uma terceira meta se avizinha. É o momento de desafiar a criança a começar a fazer força nas pernas e a manter-se de pé. Nesta fase, é comum os pais colocarem as mãos debaixo das axilas dos bebés ou segurarem-lhes docemente o tronco, incentivando-os a manter-se de pé.

Os primeiros ensaios são típicos: a criança dobra os joelhos e os pais asseguram que ela não caia. Outras vezes, os seus pés nem tocam o solo, mas ao permanecer de pé, a criança descobre uma nova visão do mundo, o que é uma motivação acrescida para conquistar esta posição. Aos poucos, a criança consegue manter-se de pé sozinha. A quarta fase está para chegar – a aquisição da marcha. Mais uma vez os adultos amparam, apoiam e incentivam a criança nos seus ensaios para andar.

Mais informação sobre este projecto, que se destina a alunos do 1.º e do 2.º Ciclos do Ensino Básico, poderá ser consultada em www.casadaleitura.org.

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Sempre que o adulto segura a cabeça da criança, a senta no colo, coloca almofadas e lhe segura o corpo, está a educar na Zona de Desenvolvimento Próximo.

Embora o exemplo se refira a uma aquisição marcadamente pautada pela evolução neurológica e psico-motora, ele evidencia bem o papel do adulto, que não fica passivamente à espera de aquisições, mas que es-timula e apoia. Como sabemos, este procedimento não provoca dependência e conduz à autonomia e a níveis superiores de desenvolvimento.

Este programa está para além daquilo que os alunos conseguem fazer sozinhos?Sim. As tarefas propostas situam-se numa zona de desenvolvimento próximo, na qual os alunos precisam

de apoio (de professores, pais ou outros técnicos) para ultrapassar os desafios das tarefas. São estes que os fazem crescer.

Diferente?Sim. Como alguns dos professores que participaram na aplicação das versões experimentais nos disse-

ram, “no início estranha-se, mas depois… entranha-se!”. Seja pelos desafios que propõe, seja pela originalidade das personagens da Família Compreensão, seja pelo apoio fornecido em cada etapa ou por uma interacção de todos estes factores, verificou-se que os resultados ultrapassaram o esperado. Os alunos reagem muito bem às personagens da Família Compreensão (e ao que cada uma representa) e às propostas de trabalho, progredindo imenso na compreensão da leitura. Os professores têm enfatizado ainda o envolvimento generalizado dos alu-nos no programa e o interesse manifestado em relação ao mesmo. Deve salientar-se ainda que as estratégias de compreensão explicitamente trabalhadas têm vindo a ser generalizadas ao estudo de outras áreas curricu-lares, nomeadamente ao estudo da Matemática e do Estudo do Meio.

Como está organizado este livro?O livro compreende três partes articuladas entre si. A primeira inclui a fundamentação teórica que serviu

de suporte à construção do programa “Aprender a compreender torna mais fácil o saber”. A segunda é dedicada à apresentação do programa. A terceira parte inclui o programa, propriamente dito: os materiais do programa, tal como constam da versão do aluno, a apreciação dos textos seleccionados, considerando a sua dificulda-de, tipo e número de palavras, as propostas de operacionalização e a justificação de algumas das actividades sugeridas. Os anexos incluem: bases de dados relativas às Provas de Aferição inseridas no programa, que permitem o cálculo automático dos resultados individuais e de grupo; grelhas de correcção das respostas; slides para apresentação da Família Compreensão; tabelas com a quantificação dos processos, perguntas, tarefas e propostas de operacionalização.

Cada aprendizagem é uma viagem e cada viagem é sempre vivida de modo diferente por cada um de nós. Convida-mo-lo a entrar na enriquecedora viagem do ensino dos níveis superiores de compreensão da leitura.

As autoras

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I - O QUE A TEORIA NOS ENSINA SOBRE COMO ENSINAR A COMPREENDER

Ler é, por definição, extrair sentido do que é lido, pelo que não se pode falar em leitura se não houver com-preensão. Para aprender a ler é preciso aprender um código e dominá-lo a um nível que permita a decifração automática do que está escrito. Mas não chega dominar o código. A leitura é o produto da interacção de vários factores e implica a activação de um conjunto de sub-processos. Alguns destes processos são básicos, como reconhecer as letras e as palavras, mas outros são bem mais complexos. Embora pareça paradoxal, no ensino da leitura dedica-se uma grande atenção aos processos mais básicos considerando-se que, uma vez dominado o código escrito, a compreensão virá por acréscimo. A pergunta “É possível ensinar a compreender?” fica, fre-quentemente, sem resposta. Considera-se que a compreensão é algo que deriva de factores de ordem genética, como a inteligência, factores sobre os quais não poderemos agir de forma deliberada. Ora a investigação tem mostrado que não só é possível ensinar a compreender o que é lido, mas que é desejável (e urgente) fazê-lo. Para tal, é imprescindível que se conheçam os factores que interferem na compreensão da leitura.

É actualmente consensual que ler é compreender e que a leitura eficiente é o produto de, pelo menos, três tipos de factores:

- derivados do texto;- derivados do contexto;- derivados do leitor. De uma forma necessariamente breve, apresentaremos, de seguida, as principais variáveis incluídas nestes

factores, já que elas enformam o racional teórico do programa “Aprender a compreender torna mas fácil o saber” e ditam algumas das opções tomadas.

Factores derivados do texto A investigação tem mostrado que os textos são um factor que influencia substancialmente a compreensão

da leitura (Curto, Morillo, & Teixidó, 2000; Giasson, 2005; Irwin, 1986). Também os resultados do PISA (2000-2006) têm mostrado que os níveis de compreensão são diferentes em função dos tipos de textos usados. No que diz respeito aos alunos portugueses, é perante textos narrativos que o desempenho é superior, supe-rioridade talvez explicada pela frequência com que são abordados no contexto escolar. Dentro dos factores derivados do texto incluem-se variáveis como a estrutura, o conteúdo, a sintaxe e o vocabulário.

A estrutura do texto diz respeito ao modo como as ideias se inter-relacionam e como são organizadas com vista à transmissão das mensagens. Por sua vez, a forma como o texto está estruturado decorre directamente da intenção do autor. Se a sua intenção for a de informar, ele privilegiará, por exemplo, a clareza das descri-ções, usando termos muito mais objectivos do que os que seleccionaria para elaborar uma descrição poética de uma paisagem. Ao nível da estrutura textual poderemos considerar dois níveis: global e local (Lencastre, 2003). O nível global diz respeito às regularidades internas de cada tipo de texto, incluindo unidades princi-pais de informação e ligações semânticas. O nível local refere-se aos pormenores estruturais, como a forma de ligação das frases e das proposições. A organização do texto e o conhecimento que o leitor possui sobre a

Para aprofundamento desta temática poderá consultar: Giasson, J. (2000). A compreensão na leitura. Porto: Asa.Sim-Sim, I., Duarte, C., & Micaelo, M. (2007). O ensino da leitura: A compreensão de textos. Lisboa: Ministério da Educação, Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular. PISA – Program for International Students Assessment. O estudo PISA foi lançado pela OCDE (Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Económica), em 1997. Os resultados obtidos nesse estudo permitem monitorizar, de uma forma regular, os sistemas educativos em termos do desempenho dos alunos, no contexto de um enquadramento conceptual aceite internacionalmente.

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estrutura do mesmo interferem na compreensão, pois permitem discriminar a informação relevante da aces-sória e, também, a sua posterior evocação.

Para que um texto seja compreendido é necessário que o seu conteúdo seja adequadamente processado e integrado nos conhecimentos possuídos pelo leitor. Considera-se conteúdo a informação contida no texto e as relações de coesão. Integrar os conteúdos e compreender os conceitos, as mensagens e as imagens contidas num texto exige conhecimentos e vivências prévias. Antes da leitura é, por vezes, imprescindível uma abor-dagem aos conhecimentos considerados indispensáveis para a compreensão do texto a ser lido. A antecipação de conteúdos a partir do título ou de ilustrações pode ser uma estratégia para rever e activar estes conheci-mentos ou para conduzir os alunos à sua apropriação.

O texto pode ter um vocabulário acessível, mas uma organização frásica complexa ou menos canónica. Por outro lado, a linguagem metafórica da poesia, usando recursos estilísticos não acessíveis ao leitor constitui, com frequência, o principal obstáculo à compreensão deste tipo de texto. A paráfrase é uma das estratégias utilizadas para explicitar estruturas frásicas mais complexas. A análise das diferentes proposições de uma frase extensa é outra das estratégias que pode ser utilizada.

O vocabulário utilizado pode ser um dos primeiros obstáculos à compreensão do que é lido. Assim sendo, quando se pretende ensinar a compreender, há que prestar uma atenção especial à análise do vocabulário, an-tecipando os vocábulos que podem não ser conhecidos. Antes de fornecer o significado de uma palavra ou de aconselhar a sua pesquisa no dicionário, há que pedir aos alunos que tentem, através das pistas contextuais que o texto fornece, antecipar significados, analisando, por exemplo, a raiz da palavra ou os seus afixos. O recurso a esta estratégia, para além da promoção do desenvolvimento do conhecimento da língua, activa a procura e selecção de elementos conducentes à activação de significados plausíveis.

O facto de a opacidade do vocabulário ser um dos primeiros obstáculos à extracção de sentido do que é lido, implica que os textos a usar no ensino da leitura sejam expurgados dos vocábulos ou das expressões que se antecipa serem desconhecidos. Bem pelo contrário, as adaptações introduzidas em alguns dos textos que constituem material de leitura, além de coarctarem as potencialidades dos mesmos para a expansão do léxico, ferem a sua estrutura organizativa e afectam a sua coesão. A leitura é a via mais eficaz para a expansão do vocabulário, pelo que não é retirando ou simplificando vocábulos, considerados mais difíceis ou que entraram em desuso, que se promove o desenvolvimento do léxico.

Outro tipo de variáveis como a legibilidade (tipo e corpo de letra, entrelinhamento, parágrafos, interrup-ções de linha…) os indicadores tipográficos (como títulos, subtítulos, sublinhados, negros, itálicos…) ou as aju-das (como assinalamentos , comentários, notas de rodapé, ilustrações, sumários, quadros, tabelas, perguntas auxiliares ou organizadores prévios), podem desempenhar um importante papel na facilitação do processo de compreensão na medida em que ajudam o leitor a focar a atenção na informação relevante (Lencastre, 2003).Relativamente aos seleccionados para integrar este programa procurámos atender a estas diferentes variá-veis. De acordo com as propostas de Sim-Sim e Viana (2007) o programa integra textos de tipos e extensão diversos. Embora o programa “Aprender a compreender torna mais fácil o saber” tenha sido desenvolvido antes da publicação do Programa de Língua Portuguesa para o 1.º Ciclo do Ensino Básico (Ministério da Educação, 2009), as suas propostas são compatíveis com as deste documento legal e com as do documento “Orientações para actividades de leitura” (www.planonacionaldeleitura.gov.pt).

Este programa teve também como referência os descritores de desempenho propostos por Sim-Sim e Viana (2007) que se encontram transcritos no Quadro 1.

4 Há autores que incluem os indicadores tipográficos na categoria assinalamentos tipográficos. Assinalamentos - “consistem em informação textual que não acrescenta conteúdos novos, dando apenas ênfase a certos aspectos do conteúdo semântico e da estrutura textual. Essa informação ajuda o leitor a identificar os pontos principais do texto, clarificando as relações hierárquicas e as relações semânticas do texto” (p. 147). Por exemplo, a presença de conectivas causais (do tipo «porque») melhora a compreensão do texto (Millis & Just, 1994, citados por Lencastre, 2003, p. 149).

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Quadro 1 – Descritores de desempenho de leitura expectáveis por etapas de escolaridade (Sim-Sim & Viana, 2007, p. 49)

Etapas de escolaridade

2.º ano E. Básico

4.º ano E. Básico

Apreender o sentido global de um texto de extensão reduzida (70 a 120 palavras) e com vocabulário de uso corrente.Identificar detalhes relevantes (personagens e acontecimentos).Localizar peças de informação salientes.Compreender inferências simples, baseadas no contexto.

Descritores de desempenho de leitura de textos

Apreender o sentido global de um texto, identificar o tema central e aspectos acessórios.Distinguir entre ficção/não ficção; causa/efeito; facto/opinião.Localizar peças de informação salientes e usá-las para cumprir instru-ções.Sintetizar partes do texto.Reconhecer os objectivos de quem escreve.Compreender inferências, mobilizando informações textuais implícitas e explícitas e conhecimentos exteriores ao texto.Relacionar a informação lida com conhecimentos exteriores ao texto.Extrair conclusões do que foi lido.Seguir instruções escritas para realizar uma acção.Inferir o significado de uma palavra desconhecida com base na estrutura interna e no contexto.Utilizar estratégias de monitorização da compreensão.Ler autonomamente pequenas obras integrais adequadas ao interesse da faixa etária em questão.

Nota: Os descritores elencados em cada etapa incluem os da etapa anterior.

Factores derivados do contexto

As condições psicológicas, sociais e físicas do leitor afectam a compreensão do que é lido (Giasson, 2005). O interesse do leitor pelo tema, a motivação para a leitura e os objectivos de leitura são variáveis a ter em conta no processo de ensino.

Curto e colaboradores (2000) consideram fundamental estabelecer objectivos para a leitura. Para quê ler? O que procura o leitor quando lê? Informação? Conhecimento? Resposta a dúvidas? Orientações? Ou simplesmente fruir e encantar-se com as palavras lidas? Não importa qual o objectivo, o importante é que ele exista e que tenha significado para o leitor. Motivar para a leitura passa também por criar objectivos de leitura.

Como referem Gibson e Levin (1985), a leitura constitui um processo adaptativo e flexível que varia de acordo com os tipos de texto e os objectivos do leitor. Dado que não existe apenas um processo de leitura, não pode existir também apenas um modelo de leitura.

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A motivação para ler é uma variável importantíssima. Se a motivação para ler um determinado texto pré-existe à leitura, ela ditará uma maior atenção e um maior envolvimento do leitor. Mas o texto, em si mesmo, poderá também constituir-se como motivador. É no 1.º Ciclo do Ensino Básico que são lançadas muitas das sementes de leitura. Deverá, por isso, haver um especial cuidado nos textos que são seleccionados para ensinar a ler, pois espera-se que eles – geralmente excertos de textos longos – sejam, não um ponto de chegada, mas um ponto de partida para a leitura de obras integrais, nomeadamente daquelas de onde foram extraídos. Conhecer os interesses das crianças é um passo importante para uma boa selecção de textos. A obra Um fidalgo de pernas curtas, de onde foram extraídos dois dos excertos incluídos neste programa, foi lida com avidez por praticamente todos os alunos de uma escola onde, um dia, apareceu um epagneul breton que, na hora do recreio, encontrava sempre maneira de entrar na escola à espera de um pedaço de pão ou de lamber o leite sobrante num pacote que abria de forma surpreendente.

Na selecção de textos efectuada para este programa esteve presente a preocupação relativa ao potencial que cada um deles apresentava para promover o desejo de ler mais. Foi também preocupação das autoras não adaptar qualquer texto ou efectuar quaisquer supressões para além das ditadas pela própria selecção de excertos.

As condições físicas e psicológicas do leitor influenciam também o tipo de leitura que é feito. Quando se declara que nas férias só leremos revistas e jornais, ou livros “leves”, ou “só romance”,… tal opção pode revelar que a nossa condição física ou psicológica não permite integrar conteúdos que exijam uma leitura mais aprofundada.

As condições ambientais em que a leitura se processa têm também interferência no modo como lemos. Factores como o conforto, o tempo disponível, a hora do dia, a temperatura ou o espaço (Biblioteca, escola, estação de caminho de ferro, sofá, banco de jardim…) ditam uma maior ou menor disponibilidade mental para a leitura. Pode ler-se em voz alta ou em silêncio, pode ler-se sozinho ou para um público representado, no contexto escolar, quer pelos colegas, quer pelo professor. Factores como o ruído e a luminosidade podem, igualmente, interferir na leitura (Silva, 2007). Mosenthal (1989) inclui no factor contexto variáveis que de-nomina situacionais, tais como o organizador de situações (ex: o professor), a tarefa (conjunto de instruções, perguntas ou actividades) e o cenário (individual, pequeno grupo...). Estas variáveis de contexto não têm sido suficientemente valorizadas no âmbito do ensino da leitura. Como organizador de situações e como proponen-te de tarefas o professor desempenha um papel fundamental. A maneira como organiza as situações de leitura (incluindo a motivação, a activação dos conhecimentos prévios, a selecção de textos, as actividades propostas durante e após a leitura) serão determinantes, quer para o ensino da leitura, quer para a formação de leitores. O professor tem de proporcionar momentos de leitura orientada, pois esta orientação modelará nos alunos es-tratégias possíveis para abordar o texto. É frequente os alunos declararem, após a leitura rápida de um texto: “não percebi nada…”. Quando lhes perguntamos, concretamente, o que não perceberam, têm, com frequência, dificuldades em identificar onde perderam o fio condutor do texto ou as palavras cujo significado, apesar de desconhecido, não foi procurado antes, durante ou depois da leitura. Ajudar os alunos a aprender a interrogar os textos à medida que os vão lendo é um dos objectivos das propostas de trabalho incluídas neste programa.

Na exploração dos diferentes textos seleccionados incluíram-se perguntas com resposta de escolha múlti-pla, com ou sem pedido de justificação; transcrição de palavras, frases ou expressões; elaboração de respostas curtas; selecção de opções entre várias fornecidas; perguntas de verdadeiro/falso; completamento de frases, ordenação de frases e associação de frases através de conectores; esquemas; tabelas, resumos e a elaboração de perguntas pelos próprios alunos. Com o objectivo de contrariar um comportamento habitual dos alunos, que consiste em ler um texto apenas uma vez, respondendo em função da informação que conseguiram reter, sem

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voltar a consultar o texto, as propostas de exploração apresentadas foram planeadas de modo a exigir dos alunos re-leitura(s) do texto, adequando-as a objectivos de natureza distinta. É nossa preocupação ajudar os alunos a compreender que o retorno ao texto é uma estratégia importante, em alguns casos imprescindível, e não uma estratégia menor.

Na elaboração das várias tarefas que integram o programa tivemos como principal preocupação o pro-cesso de ensino, pelo que com as mesmas se pretende fazer evoluir o aluno nas suas competências de compre-ensão da leitura e não avaliar desempenhos. No que concerne à compreensão da leitura, assistimos a alguns equívocos, talvez pelo facto de as perguntas constituírem as estratégias mais usadas quer para o ensino quer para a avaliação. Um deles é o de considerar que as perguntas, por si só, ensinam a compreender. O outro é o de considerar que o acerto na resposta a uma determinada pergunta é sinónimo de compreensão do que foi lido. A distinção clássica entre tarefas de ensino e tarefas de avaliação reside principalmente no que acontece depois de o aluno responder. Se a acção do professor se limitar à correcção e à classificação de respostas, este procedimento não é suficiente para promover o desenvolvimento da compreensão em leitura, já que a tarefa é essencialmente de avaliação e não assegura que o aluno melhore em termos de competências (Giasson, 2000).

Neste programa, as perguntas propostas situam-se, repetimos, numa perspectiva de ensino. Para além de apresentarmos tarefas variadas, que requerem abordagens de natureza distinta, elas têm sempre como objectivo ajudar os alunos a construir conhecimento e, tão ou mais importante, a explicitar a forma como o conseguiram. Assim sendo, o aluno é frequentemente solicitado a justificar as suas respostas, explicitando o seu raciocínio. Este procedimento é particularmente útil em contexto de sala de aula, pois permite a partilha e a ampliação, por modelagem, das estratégias metacognitivas usadas pelos diferentes alunos para a resolução dos problemas (Ex: “Muito bem, é essa a resposta correcta. Queres dizer-nos como pensaste para a obteres?”). As perguntas orientadas para o processo mereceram uma atenção especial, dado que um dos seus objectivos é a promoção do desenvolvimento de estratégias de metacompreensão. No quadro 2 reproduzimos exemplos que ilustram os dois tipos de perguntas.

Quadro 2 – Processo versus produto na formulação de perguntas de compreensão leitora (baseado em Giasson, 2000, p. 300).

Perguntas orientadas para o produto

• Neste parágrafo o que significa…?

• Em que lugar decorre a história?

• Como é que o herói resolveu o problema?

• Porque é que o título foi bem escolhido?

• O que podemos concluir sobre a personagem…?

• Como se sentia o…?

• Resume o parágrafo…

• O que te faz dizer que…?

• O que precisas de saber para compreender

a frase?

• O que te permitiu prever o que aconteceu?

• O que te pode ajudar a encontrar o sentido

da palavra?

• Há palavras novas, para ti, no texto?

• O que contribuiu para que gostasses da

história?

• O que te levou a dizer que a personagem é

imaginária?

Perguntas orientadas para o processo

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A título ilustrativo, após a leitura do texto “Na Quinta das Cerejeiras” foi apresentada a seguinte situação: “Onde morava o Luís?” A esta pergunta, Margarida, uma aluna, respondeu: “O Luís morava no campo, numa casa.” De seguida, foi perguntado aos alunos: - A resposta estará correcta e completa? Que informação do texto terá usado a Margarida para responder

a esta pergunta?”

Alguns dos formatos de tarefa propostos exigem ao aluno competências de escrita. Se é certo que dificul-dades específicas de escrita podem comprometer a produção de respostas e resultar num pior desempenho, não é menos certo que a boa compreensão do texto facilita a produção de respostas organizadas e coerentes. Às sugestões de Sim-Sim e Viana (2007) sobre tipos de perguntas, adicionámos a proposta da sua elaboração por parte dos alunos, e outras tarefas como a construção de esquemas e de tabelas bem como as respostas orais.Ao longo do programa são apresentadas várias sugestões que remetem para o que chamamos diálogo recíproco. Esta expressão tem um significado específico que importa esclarecer. O padrão de exploração oral de um texto reproduz, com frequência, o modo escolar e tradicional de abordagem escrita, ou seja, o professor faz perguntas às quais os alunos devem responder, um de cada vez, valorizando-se a correcção da resposta. O diálogo recíproco vai além deste padrão de interacção pergunta-resposta. Reporta-se a um contexto de comu-nicação no qual é estimulada a interacção entre alunos e dos alunos com o professor, permitindo não apenas a produção de uma resposta, mas também a reflexão sobre o modo como a mesma foi descoberta/construída e a explicitação da argumentação que a sustenta. A justificação para solicitar a produção de perguntas está associada ao contributo destas para o desenvolvimento da compreensão. A conversão de títulos em perguntas e a elaboração de perguntas explícitas sobre aspectos centrais focalizam a atenção do leitor e permitem uma abordagem activa à leitura.

Tratando-se de um programa que visa promover o desenvolvimento da compreensão, mais importante do que as respostas é a discussão sobre os raciocínios e sobre as razões que levaram os alunos a responder de determinado modo, quer este seja correcto quer seja incorrecto. Neste sentido, ao longo do programa sugere-se que as respostas sejam trabalhadas em grande grupo e por pares de alunos. Quando se opta pela situação de resposta individual, sugere-se que se recorra à auto-correcção, seguida de justificação e de discussão das opções, em particular quando se trata de perguntas com resposta de escolha múltipla, verdadeiro/falso, or-denação, selecção de várias alternativas ou de completamento. Nos anexos que acompanham este livro está disponível um ficheiro (cf. Grelha de correcção) que inclui as propostas de correcção.

A operacionalização das estratégias através dos diferentes membros da Família Compreensão visa modelar, no leitor, estas mesmas estratégias, munindo-o de instrumentos para regular a sua compreensão, colmatar lacunas e dificuldades que surjam para decifrar o código escrito, extrair o significado de vários tipos de textos e planificar a sua compreensão, tornando-se um leitor cada vez mais autónomo e crítico.

Factores derivados do leitor

Considerar factores derivados do leitor não significa admitir qualquer programação de tipo biológico ou genético de cariz relativamente imutável. Nos factores derivados do leitor são incluídas variáveis como as estruturas cognitivas e afectivas do sujeito e os processos de leitura que este activa. Quando lê, o leitor trans-porta e activa um conjunto de conhecimentos, interesses e expectativas, que, por sua vez, activa os processos e estratégias disponíveis. Estes processos e estratégias, que vão sendo aprendidos ao longo da experiência como leitores, nem sempre se mostram os mais adequados. Esta inadequação deriva, principalmente, da inexistência de um ensino explícito dos mesmos. Os conhecimentos que o leitor possui acerca do mundo e da língua estão

Como é óbvio, não nos referimos aos problemas de ortografia. Uma resposta com vários erros de ortografia não impede que ela evi-dencie uma boa compreensão do lido, sendo o inverso também frequente.

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em constante evolução.As estruturas cognitivas integram a enciclopédia pessoal de cada leitor, o que ele conhece acerca da língua

e do mundo, fruto de leituras anteriores ou de experiências de vida. Muito antes de aprender a ler a criança aprendeu a falar, desenvolvendo, de forma natural, conhecimentos sobre a língua, conhecimentos fonológicos, morfológicos, sintácticos, semânticos e pragmáticos. Muito cedo a criança discrimina os sons da sua língua materna e palavras que diferem ao nível de pares mínimos (ex: fumo/sumo). Também, bem cedo, a linguagem das crianças demonstra conhecimentos implícitos de índole morfológica, quando, por exemplo, dizem “dois caracoles”. Com esta ilocução as crianças mostram que conhecem a regra mais frequente de formação do plural dos nomes em português. Do mesmo modo, sem terem tido lições de gramática, as crianças extraem, da língua usada na sua comunidade linguística, as regras de combinação das palavras para formar frases cor-rectas do ponto de vista sintáctico. Extraem, igualmente, regras de adequação do discurso ao interlocutor, usando, por exemplo, um registo linguístico mais infantil quando se dirigem a um bebé, o que permite con-cluir que desenvolvem competências metalinguísticas desde tenra idade.

À entrada no 1.º Ciclo do Ensino Básico, os 6 anos de vida das crianças proporcionaram-lhes já experi-ências muito diversificadas que ditaram também aquisições linguísticas muito diferentes. O maior ou menor domínio da linguagem oral vai ter uma influência determinante na aprendizagem da leitura. A criança que conhece muitas palavras tem de dar mais um passo – saber como elas se escrevem. A criança que conhece poucas palavras terá um trabalho acrescido, pois terá de dar dois passos, isto é, aprender a palavra nas duas vertentes – oral e escrita. A aquisição de novo vocabulário faz-se pelo contacto com diferentes meios e na inte-racção com os outros. Contudo, a partir do 3.º ano, a maioria das palavras novas que são aprendidas resulta da actividade de leitura. Este facto explica a disparidade que se observa na aquisição de vocabulário novo (entre 300 a 5000 palavras novas por aluno entre os 9 e os 12 anos).

Se o vocabulário se pode constituir como conhecimento prévio à leitura, o ensino explícito do vocabulário é uma estratégia importante para o aumento da compreensão leitora (Duarte, no prelo; McGuiness, 2006). São três as principais estratégias/procedimentos para promover o alargamento do vocabulário: a leitura pes-soal, o ensino de estratégias que permitam aos alunos extrair o significado de uma palavra a partir do contex-to em que a mesma aparece escrita e, por último, o ensino directo de vocabulário específico.

Quando a criança conhece e entende um número alargado de estruturas sintácticas, normalmente adqui-ridas através do contacto com textos de qualidade (que, numa primeira fase, ouviu ler e, numa fase posterior, ela própria leu) –, ela terá também mais facilidade em entender o que lê.

No que concerne aos conhecimentos prévios possuídos pelos leitores, Rumelhart (1980) considera que estes podem ser a causa de problemas de compreensão leitora em três situações: se o leitor não tiver os conhe-cimentos adequados; se os sinais do texto não forem suficientes para activar esses conhecimentos; se o leitor interpretar a situação de modo diferente do autor. A quantidade de conhecimentos partilhados entre o autor do texto e o leitor constitui factor essencial para a compreensão (Solé, 1992).

Algumas questões devem guiar a reflexão do professor sobre esta variável:a) os alunos têm conhecimentos prévios que utilizam na leitura?b) os alunos têm conhecimentos prévios mas não os utilizam?c) os alunos têm um conhecimento cultural alargado, mas não dispõem dos conhecimentos específicos

requeridos por um determinado texto?d) os alunos possuem conhecimentos errados que interferem na compreensão?e) os alunos têm conhecimentos reduzidos (ou nulos)?

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Respostas afirmativas às quatro últimas questões requerem uma acção específica por parte do professor. Em função da natureza do problema é sugerido: que se ajudem os alunos a articular os seus conhecimentos com os requeridos pelo texto; que se escolham textos adequados ao nível de conhecimentos dos alunos, sig-nificando que devem ser ligeiramente superiores mas não devem ser demasiado distantes dos seus conheci-mentos; que se comparem os conhecimentos errados com os conhecimentos presentes nos textos; por último, que se alargue o conhecimento dos alunos, lembrando que esta ampliação é fundamental para aumentar a capacidade de compreensão dos textos.

No programa “Aprender a compreender torna mais fácil o saber”, quando consideramos que os textos seleccio-nados remetem ou requerem conhecimentos que podem não fazer parte do repertório dos alunos, optámos por propor, previamente, actividades relacionadas com o conteúdo específico do texto e centradas nos conceitos específicos necessários à compreensão do mesmo.

Quando nos referimos a estruturas afectivas, incluímos nesta denominação variáveis como as percepções de auto-eficácia que o sujeito possui, as quais podem levá-lo a arriscar ou a inibir-se de ler e que dizem respeito à atitude geral face à leitura e aos interesses específicos do leitor, afectando profundamente a compreensão (Anderson, Reynolds, Schallert, & Goetz, 1977; Giasson, 2000). As atitudes dos pares, pais e professores para com a leitura nos diferentes contextos (família, escola) desempenham um importante papel no progresso da compreensão leitora. Aprender a ler é uma actividade que implica esforço e muitas crianças precisam de obter um reforço positivo por essa actividade. A atitude dos mediadores de leitura deverá ser a de valorizar os pequenos progressos, ajudando os aprendizes de leitores a investirem no sentido da eficácia pessoal. Se a aprendizagem da leitura for associada a desprazer, dificilmente serão desenvolvidas relações de cumplicidade com os textos.

Metacompreensão e compreensão leitora

Ler é compreender. Ao ler, o sujeito constrói sentidos, mobilizando diferentes competências. De uma for-ma simplificada, podemos falar em dois grandes grupos de competências: i) competências básicas, ao nível do reconhecimento de letras e de palavras (decifração) e ii) competências de ordem superior, ao nível da constru-ção de significado (dentro da frase, entre sequências de frases, e no texto como um todo).

Uma das condições que influencia a compreensão do texto é o domínio da tarefa de decifração por parte do sujeito que lê. Quando não há automatismo na decifração, o leitor dirige a sua atenção e os seus recursos cognitivos para a identificação das letras e das palavras, em detrimento da compreensão. A decifração rápida e automática das palavras escritas não garante, por si só, a compreensão do que é lido, embora constitua um factor determinante para a compreensão.

Neste programa centramos a nossa atenção no segundo tipo de competências. O desenvolvimento destas competências exige a mobilização de diferentes processos. Há processos orientados para a compreensão dos elementos da frase, outros para a procura de coerência entre as frases, outros ainda têm como função construir um modelo mental do texto ou uma visão de conjunto que permitirá ao leitor captar os elementos essenciais, levantar hipóteses e integrar a informação nos conhecimentos anteriores.

O complexo acto de ler necessita ainda de um trabalho de gestão da compreensão (Gaté, Géninet, Gi-roul, & La Garanderie, 2009) assegurado pelos processos metacognitivos. Estes permitem ao sujeito pensar acerca dos seus próprios processos cognitivos, monitorizando qualquer falha na compreensão e ajustando as estratégias para corrigir interpretações não aceitáveis, controlando a compreensão e a evocação a longo-prazo (Giasson, 2005; Irwin, 1986; Miguel, 2006).

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No estudo da metacompreensão encontram-se duas correntes. A primeira (Flavell, 1981) reflecte sobre os conhecimentos que um leitor possui acerca das habilidades, das estratégias e dos recursos necessários para ter sucesso numa actividade de leitura. Este conhecimento subdivide-se habitualmente em três vertentes:

a) O conhecimento do leitor acerca dos seus recursos e dos seus limites cognitivos, dos seus interesses e da sua motivação;

b) O conhecimento sobre a actividade de leitura, em que o leitor está consciente das exigências da acti-vidade;

c) O conhecimento sobre as estratégias disponíveis, em que o leitor está consciente das estratégias úteis para resolver um problema de leitura ou para dar resposta a uma actividade (Giasson, 2000).

A segunda incide sobre a aptidão de utilizar processos de auto-regulação (Paris, Wask, & Van Der Wes-thuizen, 1987). Através deste processo, o leitor verifica se a compreensão ocorre. Quando detecta um proble-ma, utiliza estratégias que lhe permitem resolvê-lo (Palmer, Stowe, & Knowker 1986). Segundo Brown (1980) estes processos de gestão podem assumir diferentes aspectos:

a) Saber quando compreendemos ou não compreendemos;b) Saber o que compreendemos e o que não compreendemos; c) Saber do que precisamos para compreender;d) Saber que podemos fazer alguma coisa quando não compreendemos.Os leitores eficientes utilizam diferentes estratégias para lidar com as dificuldades encontradas, nomea-

damente:a) Subestimar a incoerência: o leitor opta por ignorar o erro, desvalorizando o elemento não considerado

como imprescindível para a compreensão do texto; b) Suspender o juízo se o texto contém informação que permita reorientar o texto;c) Procurar explicações alternativas, abandonando as hipóteses formuladas anteriormente;d) Retroceder na leitura ou explorar partes do texto num esforço para situar o elemento discordante. Este

pode incluir a releitura de uma palavra, o contexto imediato, uma informação anterior, as marcas organizati-vas como o título, o início do parágrafo;

e) Procurar a solução no exterior do texto, a partir da consulta a diversas pessoas, ao dicionário e a outros livros (Giasson, 2000).

Antes de dar início à leitura o leitor eficaz fixa um objectivo e planifica estratégias de abordagem do texto. Faz uma previsão do que irá ler, formulando questões e hipóteses. Ao longo da leitura, ele verifica as hipó-teses formuladas e configura outras novas, caso necessite (Giasson, 2000). Pode, também, ter consciência de algumas dificuldades de compreensão, mas considerar que não precisa de nenhuma estratégia específica, con-tinuando a leitura e esperando que o texto restante lhe permita encontrar a linha narrativa ou as informações que concedam o acesso a significados ainda não extraídos.

Os processos de controlo da compreensão ajudam o leitor a assegurar-se de que atingiu eficazmente o objectivo a que se propôs. Estes processos estão relacionados com a definição do objectivo da leitura, com a selecção de estratégias, com a verificação da extensão em que os objectivos são atingidos e com a articulação de medidas correctivas se for caso disso.

Alguns destes processos são anteriores ao acto de ler, como é o caso do estabelecimento dos objectivos da leitura a atingir; outros ocorrem durante a leitura, como a selecção de estratégias. Outros, ainda, só ocorrem no final da leitura. Durante a leitura, o leitor eficiente monitoriza a compreensão, desencadeando as estra-tégias correctivas que considera adequadas (Álvarez, 1993). Por exemplo, pode continuar a ler para ver se a informação seguinte soluciona a dificuldade ou pode reler o parágrafo; pode também utilizar estratégias externas como o uso do dicionário para esclarecer o sentido de vocabulário complexo importante para a com-

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preensão do que está a ler. Os maus leitores e os leitores principiantes são, no geral, leitores não estratégicos. Assim sendo, é neces-

sário que o processo de ensino da compreensão da leitura integre o desenvolvimento de estratégias metacog-nitivas. Dada a heterogeneidade que, normalmente, regista, o grupo/turma é o contexto ideal para a sua pro-moção, convidando os alunos a explicitarem as estratégias usadas, discutindo a sua utilidade e identificando as ocasiões em que devem ser usadas.

Como refere Bronson (2000), mesmo em alunos muito jovens é importante trabalhar a auto-regulação para avançar para estádios superiores. Com os mecanismos de auto-regulação o aluno melhora os seus meca-nismos de compreensão. Os alunos que não conhecem a existência ou o valor relativo das diferentes estraté-gias dificilmente as utilizarão com eficácia para resolverem problemas de compreensão. Do mesmo modo, se os alunos souberem como aprendem, as probabilidades de sucesso na leitura aumentarão.

O ensino explícito da compreensão da leitura requer que o aluno seja capaz de identificar o processo que está subjacente à pergunta ou à tarefa proposta. A fim de facilitar esta identificação foram criadas seis per-sonagens que remetem para os diferentes processos de compreensão abordados e que constituem a Família Compreensão: Vicente Inteligente, Juvenal Literal, Durval Inferencial, Conceição Reorganização, Francisca Crítica e Gustavo Significado que correspondem, respectivamente, aos processos de metacompreensão, com-preensão literal, compreensão inferencial, reorganização da informação e compreensão crítica, e aos processos lexicais (vocabulário).

Estas personagens, cuja apresentação e caracterização detalhadas serão efectuadas na segunda e na tercei-ra partes desta obra, têm papéis diferenciados, mas todas acabam por constituir-se em “egos suplementares” a que os alunos podem recorrer em diferentes etapas e que promovem o uso de estratégias metacognitivas. No programa alterna-se entre a identificação prévia das personagens a convocar e a sua selecção por parte dos alunos. Em algumas situações podem ocorrer dúvidas sobre qual a personagem a quem pedir ajuda (e respec-tivo processo). Nestas circunstâncias, devem analisar-se com os alunos as razões das divergências.

No programa procurou-se incluir tarefas que permitam ensinar aos alunos estratégias de aprendizagem a usar no processamento semântico do texto, bem como estratégias de monitorização da compreensão. O exemplo abaixo, retirado do texto “A bisavó Eglantina”, ilustra a abordagem adoptada.

Recorrendo à personagem Vicente Inteligente, após a leitura do texto modelam-se as estratégias a que o aluno poderá recorrer para seleccionar a informação necessária para realizar a tarefa proposta.

Que imaginação! E que confusão também! Acho que a primeira dúvida a es-clarecer é se a menina da história teria tido mesmo uma bisavó chamada Eglan-tina. Sim ou não? Sublinha no texto as frases ou expressões que permitem res-ponder SIM e as que permitem responder NÃO e depois escreve-as numa tabela como a que vem a seguir. Eu costumo usar esta estratégia para organizar a informação e também para poder argumentar.

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1 – Segue o conselho do Vicente Inteligente e sublinha no texto as frases e expressões que apon-tam para NÃO e as que apontam para SIM. Transcreve-as para a tabela que encontras abaixo. Observa o primeiro exemplo.

Frases que indicam que a bisavó Eglantina poderá ter existido

“Há um retrato da bisavó Eglantina na montra da Papelaria Celeste.”

A menina não parecia ter dúvidas de que era a foto-grafia da bisavó Eglantina que estava na montra da papelaria, pelo que a deve ter conhecido

“A tua bisavó chamava-se Maria das Dores…”

A mãe sabia o nome da bisavó e este não era Eglantina.

Frases que indicam que a bisavó é uma per-sonagem imaginária

“Fiquei muito tempo a olhar para ela, pensando por que razão não estava o meu bisavô a seu lado, no postal.”

Se a menina estranhava o facto de o avô não estar também no retrato, é porque ela estava a habituada a ver sempre os dois juntos.

“Apaixonei-me pela minha bisavó na montra de uma papelaria do meu bairro.”

É estranho que nos apaixonemos por uma pessoa que só vimos numa foto na montra da papelaria do bairro.

“Bisavó que se preza não anda neste mundo a piscar o olho à primeira bisneta que lhe aparece pela frente.”

A expressão “primeira bisneta que lhe aparece pela frente” sugere que a bisavó não a conhecia. Geral-mente as bisavós conhecem todos os bisnetos e bis-netas. ouA expressão “primeira bisneta que lhe aparece pela frente” é parecida com outra que costumamos usar. Quando dizemos “a primeira pessoa que nos apare-ceu pela frente” queremos dizer que escolhemos ao acaso. Só uma personagem imaginária é que esco-lhe uma bisneta ao acaso.

“Para que quererás tu uma bisavó, não me dizes?”

O pai está a dizer que ela não tem bisavó nem preci-sa de nenhuma. Provavelmente percebe que a filha está a inventar uma bisavó imaginária e pergunta-lhe porque tem necessidade de inventar uma bisa-vó.

“Ainda tens pouca tralha no teu quarto…”

Se a fotografia fosse da bisavó, a mãe não a classifi-caria como tralha.

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Ao organizar esta tabela, os alunos têm de explicitar as razões subjacentes às suas opções de resposta e, simultaneamente, estão a monitorizar a sua compreensão do lido:

Concluída a tarefa, pede-se ainda aos alunos que preencham a tabela abaixo de acordo com a instrução: “Com base na informação fornecida pelo texto, é provavelmente verdadeiro que:”

Frases que indicam que a bisavó Eglantina poderá ter existido

No bairro onde a menina vive com os pais, exista uma papelaria onde se vendem molduras para retratos.

V

x

A menina viva com os pais e os avós.

A menina tenha o seu quarto cheio de brinquedos e outros objectos que não sabemos quais são.

O pai seja uma pessoa que fala muito.

A menina sinta necessidade de ter uma bisavó real.

x

x

x

Processos e estratégias

Na compreensão leitora têm sido identificados vários processos, encontrando-se, na literatura da espe-cialidade, diferentes classificações (Barrett, 1976 ; Català, Català, Molina & Monclús, 2001; Giasson, 2005). Neste programa, optámos por efectuar uma síntese das propostas de Barrett (1976) e Català e colaboradores (2001) por considerarmos que aliam simplicidade a uma diferenciação clara do que está na base de cada pro-cesso e, simultaneamente, permitem o estabelecimento de relações visíveis com objectivos de aprendizagem.

Na construção das provas, o G.A.V.E. contemplou um conjunto de processos, que, de algum modo, são paralelos às propostas daqueles autores. Nos relatórios nacionais de 2003 e de 2004 (Ministério da Educação, 2003, 2004) são apresentadas as definições subjacentes às diferentes componentes da compreensão leitora, a saber:

- Reconhecer e identificar a informação solicitada com as palavras do texto; compreender a informação explícita no texto e responder por palavras diferentes (paráfrase);

- Compreender e ordenar sequencialmente os acontecimentos narrados (sistematização, esquematização ou resumo da informação);

- Compreender a informação não explícita no texto (activação do conhecimento prévio do leitor, formula-ção de antecipações ou suposições sobre o conteúdo do texto, a partir dos indícios que a leitura proporciona);

- Expressar opiniões pessoais fundamentadas (formação de juízos próprios/interpretações pessoais, ou seja, deduzir, exprimir opiniões e emitir juízos).

Català e colaboradores (2001) propõem uma taxonomia que segue a mesma linha da classificação proposta por Barrett, diferenciando-se dela apenas pela designação e pela explicitação das componentes cognitivas en-volvidas na compreensão leitora. No quadro 3, apresentamos os vários tipos de compreensão leitora contem-plados por Català e colaboradores (2001): a compreensão literal, a compreensão inferencial, a reorganização e a compreensão crítica.

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Compreensão Literal

Reorganização

CompreensãoInferencial

Reconhecimento de toda a informação explicitamente incluída num texto:• Reconhecimento de ideias principais• Reconhecimento de uma sequência• Reconhecimento de detalhes• Reconhecimento de comparações• Reconhecimento de relações de causa-efeito• Reconhecimento de traços de carácter de personagens

Sistematização, esquematização ou resumo da informação, consolidando ou reor-denando as ideias a partir da informação que se vai obtendo de forma a conseguir uma síntese compreensiva da mesma:

• Classificar• Esquematizar• Resumir• Sintetizar

Activação do conhecimento prévio do leitor e formulação de antecipações ou su-posições sobre o conteúdo do texto a partir dos indícios que proporciona a leitura:

• Dedução da ideia principal• Dedução de uma sequência• Dedução de detalhes• Dedução de comparações• Dedução de relações de causa-efeito• Dedução de traços de carácter de personagens• Dedução de características e aplicação a uma situação nova• Predição de resultados• Hipóteses de continuidade de uma narrativa• Interpretação de linguagem figurativa.

TIPO DEFINIÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO

CompreensãoCrítica

Formação de juízos próprios, com respostas de carácter subjectivo (identificação com as personagens da narrativa e com os sujeitos poéticos, com a linguagem do autor, interpretação pessoal a partir das reacções criadas baseando-se em imagens literárias):

• Juízos de actos e de opiniões• Juízos de suficiências e de validade• Juízos de propriedade• Juízos de valor, de conveniência e de aceitação

Quadro 3 - Síntese da Taxonomia da Compreensão Leitora (Català et al., 2001)

O estudo recente de Regina Rocha (2007), sobre as propostas de trabalho inseridas nos manuais escolares do 4.º ano de escolaridade mostra que, ao nível da compreensão dos textos, se recorre maioritariamente a perguntas orientadas para a recuperação de informação neles explícita, isto é, a perguntas visando a compre-ensão literal dos mesmos. Este tipo de perguntas, necessário e importante, não é, no entanto, suficiente para promover a compreensão integral de um texto, dado que muita da informação nele contida só será acessível mediante o recurso a outras estratégias como a reorganização da informação ou a realização de inferências.

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O programa “Aprender a compreender torna mais fácil o saber” inclui um total de 360 tarefas de compreen-são, distribuídas pelos seguintes processos: compreensão literal – 114, extracção de significado – 24; compre-ensão inferencial – 145, reorganização – 46, compreensão crítica – 25 e metacompreensão – 6. O número de tarefas de extracção de significado apresenta-se subestimado, uma vez que em cada uma das propostas são sempre apresentadas várias palavras e não se quantificou a exploração efectuada antes da leitura do texto. Para este cálculo também não foram efectuadas estimativas das perguntas que os alunos devem elaborar (cf. Classificação e quantificação dos processos e das perguntas/tarefas, no anexo 3).

Na elaboração do programa procurámos assegurar uma heterogeneidade de estratégias. No quadro 4, apresenta-se a sua sistematização, tendo por base os três momentos geralmente considerados na investigação: antes, durante e após a leitura (Giasson, 2005). Esta sistematização serviu de base para a elaboração das várias tarefas, bem como das sugestões e dos comentários que acompanham as actividades do programa “Aprender a compreender torna mais fácil o saber”. Esta sistematização foi elaborada a partir da revisão de vários documentos (Giasson, 2000; Irwin, 1986; Sim-Sim, Duarte & Micaelo, 2007).

• Dar informações sobre o texto.• Formular perguntas sobre o texto.• Explorar o título do texto, usando-o como pista para os alunos efectuarem previsões sobre o mesmo.• Explorar as ilustrações e utilizá-las de modo a levar os alunos a efectuarem previsões sobre o texto.• Identificar e explorar vocabulário/expressões que possam surgir no texto e que se prevê poderem não ser do conhecimento dos alunos. • Activar (geralmente através de debate oral) os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema abordado no texto.• Explicar palavras ou aspectos-chaves do texto.• Relacionar o tema do texto com conhecimentos que os alunos já possuem.• Suscitar a apresentação de dúvidas/comentários dos alunos sobre o texto.• Incentivar os alunos a folhearem os livros antes de iniciarem a sua leitura e debater com eles os dados que recolheram. • Incentivar os alunos a analisarem títulos, imagens, palavras, frases destacadas ou outras marcas que apareçam e debater com eles o seu objectivo. • Dialogar com os alunos sobre os autores dos textos, relembrando, por exemplo, outros textos já lidos do mesmo autor. • Ajudar os alunos a definir os objectivos de leitura.• Fornecer instruções detalhadas sobre como ler um texto em função das suas características e finalidades da leitura.• Outros (por exemplo, orientar a atenção do aluno para a localização de um determinado tipo de informação fornecida pelo texto).

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Esta é a designação do programa no “livro do aluno”, o qual se encontra detalhado na segunda e na terceira partes desta edição.

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Quadro 4 - Classificação de estratégias dirigidas para o ensino da compreensão em função dos momentos de leitura.

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• Promover o debate sobre a coincidência entre as previsões efectuadas e o texto lido.• Explorar e fazer atribuir significados a palavras e expressões sinalizadas previamente.• Propor aos alunos a construção de frases que permitam usar de modo adequado as palavras/ex-pressões novas encontradas no texto.• Propor aos alunos a definição dos conceitos, a apresentação de sinónimos ou antónimos para pa-lavras/expressões sinalizadas.• Debater com os alunos trechos do texto que suscitaram maiores dificuldades de compreensão.• Propor aos alunos a elaboração de esquemas que incluam as ideias/tópicos-chaves do texto.• Incentivar os alunos a procurarem informação que permita a expansão de conhecimentos decor-rentes do texto.• Formular perguntas ou promover outro tipo de tarefas, cuja realização exija a releitura do texto.• Propor perguntas/tarefas de compreensão que impliquem:

- Identificar detalhes que integram, de forma explícita, o texto.- Identificar ideias principais que aparecem, de modo explícito, no texto.- Identificar a ordem/sequência de acções que aparecem de modo explícito no texto.- Identificar relações de causa e efeito que aparecem de modo explícito no texto. - Identificar características de personagens que aparecem de modo explícito no texto.- Identificar detalhes que não aparecem de modo explícito no texto e que, por consequência,

devem ser inferidos.- Identificar ideias que não aparecem de modo explícito no texto e que devem ser inferidas.- Definir relações de causalidade que não aparecem de modo explícito no texto e que devem ser

inferidas.- Definir características de personagens que não aparecem de modo explícito no texto e que

devem ser inferidas.- Construir quadros - sínteses da informação fornecida.- Elaborar esquemas que incluam as ideias/tópicos-chaves do texto.- Completar esquemas.

• Orientar os alunos para destacarem palavras/expressões eventualmente difíceis de compreender. • Orientar os alunos para destacaram trechos do texto que não compreendem.• Incentivar os alunos a efectuarem previsões sobre a continuação do tema/narrativa, após a con-clusão de um trecho pré-definido.• Instruir os alunos para elaborarem perguntas a que poderá ser dada resposta num momento posterior.• Incentivar os alunos a confrontarem previsões efectuadas antes de iniciarem a leitura com a infor-mação recolhida à medida que lêem o texto.• Interromper a leitura em parágrafos ou palavras predeterminadas e formular perguntas a que os alunos devem responder de imediato.• Fornecer cópias do texto com anotações na margem, chamando a atenção para os aspectos mais relevantes que devem ser lembrados em momentos posteriores.• Interromper a leitura em momentos estratégicos e convidar os alunos a reagirem ao que leram.• Incentivar os alunos a recorrerem ao contexto para descobrirem o significado de palavras e ex-pressões não conhecidas.• Incentivar o confronto entre texto e ilustração à medida que os alunos lêem o texto.

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As actividades de pós-leitura aqui enumeradas apresentam algumas sobreposições com a classificação apresentada no Quadro 3. De referir que a lógica classificatória é diferente nos dois quadros. Num, a classifi-cação das tarefas é efectuada em função do processo e, no outro, em função dos momentos de leitura. Ao longo do programa, referir-nos-emos a tarefas e não a perguntas. Esta opção resulta do facto de várias das tarefas propostas não serem formuladas como perguntas, mas solicitarem outros comportamentos verbais ou não verbais (ex: sublinhar, transcrever, resumir…).

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O- Resumir o texto.- Atribuir um título ao texto.- Formular juízos de valor sobre o conteúdo do texto.- Emitir juízos de realidade ou de fantasia sobre o texto.- Avaliar o texto lido, considerando o estilo do mesmo.- Apreciar o texto, em termos do impacto que o mesmo produziu no leitor. - Continuar ou finalizar uma história/texto.- Fazer um desenho que traduza as ideias ou imagens suscitadas pela leitura.

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II - DESCRIÇÃO DO PROGRAMA “APRENDER A COMPREENDER TORNA MAIS FÁCIL O SABER”

O programa “Aprender a compreender torna mais fácil o saber” foi pensado tendo em vista a sua implemen-tação num contexto de sala de aula e mediado pela acção de um professor. Esta acção é entendida como fun-damental para conseguir o desenvolvimento das competências que permitam a progressiva autonomia dos alunos e a utilização das estratégias mais adequadas ao texto a ler. Durante os três anos em que foi desenvol-vido, foi sempre naquele âmbito que o mesmo foi concretizado. O acesso dos alunos ao programa era restrito, estando apenas disponível nas escolas que participavam no projecto Litteratus.

Com a presente publicação o programa do aluno passará a estar disponível para todos os alunos e respec-tivas famílias que podem optar pela sua aquisição. A eventual ausência de um mediador teria, por isso, de ser colmatada. Assim, a personagem Vicente Inteligente passou a assumir parte do papel de tutor atribuído ao professor, cabendo-lhe ir instruindo o aluno na concretização do programa. Este facto explica que exista, em alguns casos, alguma discrepância entre as propostas encontradas no livro dirigido aos professores relativa-mente ao livro destinado ao aluno.

No livro do aluno, a solução para a selecção da personagem da Família Compreensão é disponibilizada no final da exploração de cada texto, em rodapé. As soluções de cada tarefa são, no entanto, remetidas para uma grelha de correcção disponibilizada em anexo. No livro do professor, a proposta de correcção é fornecida junto de cada pergunta.

Temática e aplicação

O programa “Aprender a compreender torna mais fácil o saber” foi desenhado para responder à necessidade de organizar um conjunto de actividades que permitisse o ensino explícito da compreensão leitora. É um programa de cariz marcadamente desenvolvimental, tendo como finalidade última elevar os níveis de com-preensão dos alunos, meta que não se circunscreve a alunos com dificuldades de aprendizagem, com talentos excepcionais, ou outras classificações que possam ser consideradas.

Este programa foi desenvolvido para aplicação colectiva em grupo/turma. No entanto, é possível a sua aplicação individual. Neste caso, o professor precisará de compensar a ausência enriquecedora dos pares.

Na aplicação da versão experimental, alguns dos professores optaram por organizar os alunos aos pares. A composição dos pares variou no tempo e reflectiu níveis diferentes de mestria: pares de alunos com desem-penho elevado; pares de alunos com desempenho médio; pares de alunos com níveis diferenciados de desem-penho. Esta organização em pares mostrou-se muito eficaz, pelo que a sugerimos na exploração de alguns textos.

Conteúdo

O desenvolvimento da compreensão leitora pressupõe um ensino metódico, sistemático, reflexivo, desa-fiante, explícito e alargado no tempo. Ao elaborar o presente programa procurou-se contemplar estas dimen-sões.

Tendo por referência a distinção entre programas que visam a educação, no sentido em que incluem uma sequência estruturada de actividades orientadas para a mudança a nível de comportamentos, competências ou atitudes e programas orientados para a sensibilização, cuja finalidade é sobretudo a de motivar os participan-

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tes para a mudança, o programa “Aprender a compreender torna mais fácil o saber” enquadra-se no primeiro tipo.

Destinatários

O programa “Aprender a compreender torna mais fácil o saber” aqui apresentado, é destinado a alunos do 4.º ano do Ensino Básico. A análise dos resultados da aplicação da versão experimental do programa (Brandão & Ribeiro, 2009) mostrou que, em turmas de alunos do 3.º ano, se observaram os mesmos efeitos que os relata-dos para os alunos do 4.º ano. Em função dos respectivos grupos/turma, a implementação do programa pode ser antecipada para o último período lectivo do 3.º ano de escolaridade.

Objectivos

Constituem objectivos gerais do programa: a) o ensino explícito da compreensão leitora;b) o desenvolvimento das competências de compreensão leitora; c) o desenvolvimento de estratégias de metacompreensão.Definiram-se como objectivos específicos do programa os que contemplam os descritores de desempenho

propostos por Sim-Sim e Viana (2007), em articulação com as orientações da investigação sobre o ensino ex-plícito da compreensão leitora e as do Plano Nacional de Leitura:

a) Ao nível do vocabulário e do conhecimento do mundo:• Inferir o significado de uma palavra desconhecida com base na estrutura interna e no contexto;• Alargar o repertório de palavras conhecidas;• Alargar o conhecimento sobre o mundo.

b) Ao nível da compreensão literal:• Identificar detalhes relevantes (personagens e acontecimentos);• Localizar partes de informação salientes.

c) Ao nível da compreensão inferencial:• Reconhecer os objectivos do autor;• Compreender inferências simples, baseadas no contexto;• Relacionar a informação lida com conhecimentos exteriores ao texto;• Compreender inferências, mobilizando informações textuais implícitas e explícitas e conhecimentos exteriores ao texto;• Extrair conclusões do que foi lido.

d) Ao nível da reorganização:• Apreender o sentido global de um texto;• Apreender o sentido global de um texto, identificar o tema central e aspectos acessórios;• Sintetizar partes do texto.

e) Ao nível da compreensão crítica:• Distinguir entre ficção/não ficção; causa/efeito; facto/opinião.

f) Ao nível do processo de compreensão e metacompreensão:• Utilizar estratégias de monitorização da compreensão;• Identificar os vários tipos textuais e associar os mesmos a diferentes objectivos;• Identificar os vários processos que estão em jogo em tarefas de compreensão leitora;• Caracterizar os diferentes tipos de tarefas e conhecer as exigências que as mesmas colocam;• Realizar tarefas de aprendizagem e de avaliação com formatos diversificados;• Conhecer as suas potencialidades e dificuldades enquanto leitor;• Analisar as mudanças ocorridas nas competências pessoais de compreensão leitora.

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g) Ao nível da motivação para a leitura:• Aumentar o gosto pela leitura;• Aumentar a curiosidade e o interesse pela leitura integral de obras literárias;• Aumentar o gosto pela leitura de diferentes tipos de textos.

Sequencialização das actividades

Os primeiros materiais a trabalhar com os alunos incluem a apresentação de formatos comuns de tarefas que permitirão explicitar as estratégias e os procedimentos que são requeridos, bem como as dificuldades que lhes estão mais comummente associadas.

A Família Compreensão é o segundo aspecto que é objecto de apresentação e de análise conjunta, seguindo-se a exploração metódica de vários textos. Tal como referido na introdução, estes distribuem-se por três gran-des grupos: textos literários, informativos e instrucionais (receitas, mapas, jogos, construções, experiências). A sequência de textos alterna os diferentes tipos ao longo do programa. Cada tarefa é sempre associada a uma personagem da Família Compreensão, associação que nem sempre é explicitada, dado que se pretende que a mesma seja também identificada pelos alunos.

Cada uma das sessões do programa foi desenhada tendo por base a sequência ilustrada na Figura 1. Antes da leitura do texto, propõem-se diferentes actividades que deverão permitir a activação de conhecimentos prévios e remeter para as actividades de pré-leitura elencadas no quadro 4 e nas “Orientações para actividades de leitura” (www.planonacionaldeleitura.gov.pt). Neste primeiro momento são também apresentadas propos-tas de pesquisa de informação que podem incluir, quer a procura da definição de palavras assinaladas, quer a procura de informação online.

Sugere-se o uso de diferentes modalidades de leitura do texto, diversidade que pode constituir-se como factor de incremento à motivação. Neste sentido, aponta-se, como possibilidade, o recurso aos procedimentos contemplados nas orientações do Plano Nacional de Leitura e que incluem: a leitura silenciosa pelo aluno; a leitura em voz alta pelo professor; a leitura em voz alta feita rotativamente pelo professor e pelos alunos (cf. Classificação e quantificação das propostas de operacionalização da leitura, no anexo 3).

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Após a leitura, segue-se a análise do tipo de texto e a sua exploração, a qual inclui a classificação do pro-cesso, por parte do aluno - traduzido na identificação da personagem da Família Compreensão. Esta classifica-ção pode também ser efectuada recorrendo a várias modalidades de participação. Na terceira parte, em cada um dos textos do programa é disponibilizada informação sobre estas etapas. Para uma visão global pode ser consultada a informação disponibilizada na tabela Classificação e quantificação das propostas de operacionalização (anexo 3).

A realização de tarefas é frequentemente acompanhada de uma justificação, pois pretende-se a explicita-ção dos passos efectuados para efectuar cada uma delas, quer estejam certas ou erradas.

As tarefas podem ser efectuadas em grande grupo, em pequeno grupo, aos pares ou individualmente. As correcções podem ser efectuadas pelo professor ou através da auto e hetero-correcção. Para este efeito foram disponibilizadas grelhas de correcção (cf. grelhas de correcção, no anexo 2).

Algumas das propostas de trabalho incluem pesquisa de informação adicional que se considera relevante para a compreensão do texto.

Nas primeiras actividades a desenvolver com os alunos incluem-se a realização de uma Prova de Aferição e a análise dos vários tipos de perguntas, que deverá permitir uma reflexão sobre as estratégias de resposta mais adequadas de forma a assegurar a sua correcção e a apresentação da Família Compreensão.

Foram incluídas no programa várias das Provas de Aferição que, desde 2001, têm vindo a ser aplicadas

Activação dos conhecimentos prévios

Leitura do texto

Exploração do texto

Processo

Tipo ou pergunta, tarefa ou instrução

Tipo de Resposta

Realização Argumentação

Pesquisa de informação

Figura 1 – Sequência básica de exploração do texto

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pelo G.A.V.E., com o objectivo de funcionarem como medida de evolução das competências de compreensão e, simultaneamente, para fornecerem informação sobre os resultados individuais e do grupo. Nos anexos que acompanham esta edição estão disponíveis bases de dados em Excel que permitem o tratamento rápido dos resultados de cada aluno e do grupo turma, gerando gráficos individuais e de grupo (anexo 1).

Implementação do programa

O programa foi concebido para ser desenvolvido na íntegra. Embora possam ser usados apenas alguns dos textos apresentados, a sua utilização aleatória não permite cumprir os princípios que acabámos de enu-merar. Dada a necessidade de apropriação progressiva e de integração das várias competências que vão sendo desenvolvidas, é aconselhável a sua implementação ao longo de todo o ano lectivo e não uma implementação concentrada num curto espaço de tempo. A implementação das versões experimentais sugere haver vanta-gens em iniciar o programa no último período do 3.º ano de escolaridade, dando-lhe continuidade de forma sistemática ao longo do 4.º ano.

Nas escolas do 1.º Ciclo em que decorreu o desenvolvimento experimental do projecto , a sua aplicação decorreu nas aulas de Língua Portuguesa e no âmbito das actividades curriculares de “Apoio ao Estudo”. A implementação foi articulada com os Conselhos Executivos, tendo participado a quase totalidade dos profes-sores a leccionarem o 4.º ano, e alguns o 3.º ano de escolaridade. Os pais foram informados dos objectivos do projecto e manifestaram a sua concordância.

Estes procedimentos revelaram-se particularmente úteis. Não se tratou de uma acção de um professor que, individualmente, decidiu aderir ao projecto, mas de um trabalho articulado entre todos os professores, as comissões executivas e os encarregados de educação.

Embora muitas das competências a desenvolver se insiram nos resultados de aprendizagem preconizados no programa de Língua Portuguesa para este nível de ensino, esta publicação não constitui um manual esco-lar, mas um guia de ensino.

Não é definido um tempo específico para a exploração de cada um dos textos propostos, pois tal dependerá da dinâmica e do ritmo de cada grupo/turma. Os textos seleccionados são de tipo e complexidade variados, pelo que os tempos de exploração de cada um deles serão também muito variáveis. Algumas das actividades propostas podem, se o professor assim o entender, ser realizadas em casa, como trabalho autónomo dos alu-nos.

A selecção do número de textos foi pensada tendo por referência o número aproximado de semanas de um ano lectivo, com exclusão das semanas de interrupção de aulas. Ponderando a exploração de um texto por se-mana, é possível completar o programa durante um ano lectivo. Embora algumas das actividades possam ser realizadas em casa (por exemplo, a formulação de perguntas pelos alunos), o ensino da compreensão leitora pressupõe um processo de reflexão que precisa da mediação do professor, pelo que a maioria das actividades propostas deverá ser feita em sala de aula sob a sua orientação.

Avaliação

De acordo com a investigação efectuada por Sim-Sim & Viana (2007), não estão disponíveis no nosso país provas validadas para a avaliação da compreensão em leitura. Dado que o programa “Aprender a compreender torna mais fácil o saber” previa uma comparação de desempenhos através de uma avaliação prévia e posterior ao seu desenvolvimento, foi solicitada autorização ao G.A.V.E. para utilizar as Provas de Aferição como instru-mento de avaliação. Dados os objectivos específicos do programa, as provas não são utilizadas na sua totalida-

Estas escolas pertenciam aos Agrupamentos Verticais de Escolas D. Maria II, Vale do Este, Ribeirão e Pedome do concelho de Vila Nova de Famalicão.

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de, mas apenas os itens que avaliam a compreensão da leitura. A Prova de Aferição de Língua Portuguesa de 2005 foi utilizada como instrumento de avaliação pré e pós-

programa. Ao longo do programa são incluídos vários momentos de avaliação, com recurso também às Pro-vas de Aferição utilizadas ao longo dos últimos anos (2001 a 2008). Todavia, como a estrutura, o tipo de texto, as perguntas e o grau de dificuldade das provas são muito diferentes, os resultados em cada prova devem, por isso, ser apreciados de modo isolado. Cada uma das perguntas incluídas nas várias Provas de Aferição foi classificada de acordo com os processos que são ensinados de modo explícito ao longo do programa. Esta classificação foi efectuada por três observadores independentes de modo a assegurar a fidelidade da mesma.

A fim de facilitar o cálculo do desempenho de cada aluno e do grupo turma, é disponibilizada, em anexo, uma folha de cálculo Excel e respectivas instruções (anexo 1) preparada para o lançamento das notas de cada aluno e que permite a geração de gráficos de desempenho (individual e de grupo). Como esta folha de cálculo inclui o número da instrução e o processo avaliado pela mesma, podem ser calculados valores parciais para cada um dos processos. Para cada prova é disponibilizada uma folha de cálculo, devidamente identificada.

Como a prova de 2005 foi incluída no início e no final do programa, de modo a permitir uma comparação entre o desempenho pré e pós-programa, depois do lançamento dos resultados na folha de cálculo disponibi-lizada, podem ser gerados os gráficos que revelam as mudanças observadas entre estes dois momentos. Uma vez que se pretende comparar o desempenho final com o inicial, os resultados desta sua primeira aplicação não devem ser discutidos com os alunos.

Nos momentos de avaliação com recurso às Provas de Aferição devem seguir-se escrupulosamente as instruções gerais que acompanham a realização das mesmas. Para facilitar a correcção, foi efectuada a trans-crição, sem alterações, dos critérios de cotação, para cada uma das tarefas.

Materiais

O programa inclui:a) Uma versão para alunos: - “Aprender a compreender torna mais fácil o saber - 3.º e 4.º anos E.B.”.A versão dos alunos inclui todo o material necessário à concretização do programa: Provas de Aferição,

enumeração de perguntas de compreensão, a Família Compreensão, textos e respectiva proposta de exploração, cartões destacáveis com as personagens da Família Compreensão.

b) Uma versão para professores: - “Compreensão da leitura: Dos modelos teóricos ao ensino explícito. Um programa de intervenção para alunos do

3.º e 4.º anos E.B.”.A versão para os professores inclui todos os materiais da versão do aluno, a que se acrescentou o racional

teórico que fundamenta a construção do programa, a descrição genérica do mesmo, a classificação e a aprecia-ção dos textos seleccionados, sugestões para a implementação do programa e cotação das Provas de Aferição.Na versão do aluno, junto a cada pergunta aparece ou a imagem da Família Compreensão a quem deve pedir ajuda ou um espaço destinado à sua nomeação. Na versão destinada ao professor em cada pergunta/tarefa estão identificados os processos e não as personagens.

Estas escolas pertenciam aos Agrupamentos Verticais de Escolas D. Maria II, Vale do Este, Ribeirão e Pedome do concelho de Vila Nova de Famalicão.

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- Anexos

I) Anexo 1: Bases de dados. Na versão disponibilizada na internet estão sete bases de dados em Excel que permitem o cálculo automático dos resultados (do grupo e individuais) em cada uma das Provas de Aferição. É, igualmente, facultado um guião de utilização das bases de dados.

Prova de Aferição 2005 – 4.º ano Prova de Aferição 2008 – 4.º ano Prova de Aferição 2006 – 4.º ano Prova de Aferição 2003 – 4.º ano Prova de Aferição 2007 – 4.º ano Prova de Aferição 2004 – 4.º ano

II) Anexo 2: Materiais de apoio ao programa. Grelhas de correcção. A Família Compreensão.

III) Anexo 3: Conjunto de tabelas com a quantificação dos processos, perguntas/ tarefas e propostas de operacionalização.

Classificação e quantificação dos processos e das perguntas/ tarefas. Classificação e quantificação das propostas de operacionalização.

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III - APRENDER A COMPREENDER… COM A FAMÍLIA COMPREENSÃO: ACTIVIDADES E GUIA DE IMPLEMENTAÇÃO

A terceira parte desta obra é essencialmente dedicada à apresentação das propostas de trabalho que inte-gram o programa “Aprender a compreender torna mais fácil o fazer”. Encontra-se estruturada em quatro pontos.

Num primeiro ponto lembramos a necessidade de proceder a uma avaliação prévia dos alunos, a fim de estabelecer o nível de desempenho no início do programa. Ao longo do programa são propostos diversos momentos de avaliação. As provas a usar encontram-se na quarta parte deste livro. Num segundo ponto, pro-pomos a apresentação detalhada da Família Compreensão, bem como sugestões acerca da forma como a mesma poderá ser utilizada enquanto recurso pedagógico-didáctico. O terceiro ponto é dedicado à ánalise do tipo de tarefas e das respectivas instruções. Finalmente no quarto ponto, serão descritas as propostas de trabalho que integram o programa, tendo por base a selecção de textos efectuada.

A versão do aluno inclui um texto explicativo acerca da organização do programa.

Professor

III.1 - AVALIAÇÃO INICIAL

Antes de dar início ao programa, o professor deve avaliar as competências dos alunos. Como dissemos na segunda parte desta obra, o programa prevê uma comparação de desempenhos prévio e posterior ao seu de-senvolvimento, comparação esta efectuada com o recurso à Prova de Aferição de Língua Portuguesa de 2005 (ver quarta parte). Esta prova aparece, por isso, duas vezes no programa. Na versão do aluno todas as provas usadas na avaliação são, também, disponibilizadas no final do mesmo. Cada uma aparece enquadrada numa caixa de texto que pode incluir as informações “Avaliação inicial”, “Avaliação dos progressos”, numeradas de 1 a 6 e “Avaliação final”. Na versão do aluno, a instrução para a realização das Provas de Aferição é dada pela personagem Vicente Inteligente, que indica a página do livro onde se encontra a avaliação a efectuar.

Os resultados obtidos pelos alunos nesta avaliação inicial serão comparados com o seu desempenho no fi-nal do programa. Assim sendo, não devem ser dadas informações aos alunos sobre os resultados obtidos nesta primeira aplicação da prova. Nas restantes, deverão ser os alunos a efectuar a correcção, com o apoio do pro-fessor, procedendo também ao registo dos resultados. No final do livro do aluno apresenta-se uma proposta de correcção. Dado que o número de tarefas não é idêntico em todas as provas, a comparação de desempenhos só é possível através do cálculo de uma percentagem. Assim sendo, é apresentada a fórmula de cálculo para o aluno proceder à determinação da taxa de sucesso. Mais importante do que este cálculo é a identificação das razões pelas quais não foi alcançada a pontuação máxima. Para tal é disponibilizado um questionário onde se enumeram potenciais explicações. Esta actividade foi pensada de modo a tornar o aluno consciente dos factores que explicam o seu padrão de respostas. Para os alunos que obtêm a pontuação máxima, constitui uma forma de desenvolvimento do conhecimento de si próprio e de tomada de consciência das estratégias que utiliza,bem como da eficácia das mesmas. Sugere-se o registo do tempo de realização de cada aluno, a fim de ajudar os alunos a conseguirem uma progressiva gestão do tempo. Este registo deve ser supervisionado pelo professor.

Antes de passar à apresentação da Família Compreensão, deverá efectuar-se a avaliação inicial, com recurso à Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 2005. No livro do aluno é dada uma instrução a explicar qual é o objectivo da prova e a indicação da página onde a poderá encontrar.

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III.2 - A FAMÍLIA COMPREENSÃO

Cabe ao professor a importante tarefa de apresentar a Família Compreensão. Além de a mesma estar dispo-nível no programa, nos anexos incluídos neste livro está disponível um ficheiro com a mesma informação, de modo a facilitar a sua projecção com recurso a meios multimedia.

Ser capaz de identificar o membro da Família Compreensão a quem pedir ajuda exige, em primeiro lu-gar, atenção ao tipo de instrução e de tarefa. Como é óbvio, o objectivo principal deste programa não é o de “treinar” os alunos nas respostas a perguntas, mas de os tornar leitores autónomos na monitorização da sua compreensão. No entanto, como a formulação de perguntas é uma das estratégias mais eficazes para orientar os alunos na extracção de sentido, demos-lhe especial relevo no ponto anterior.

Na apresentação das diferentes personagens poderão ser usados os slides disponibilizados.

Avaliação InicialProva de Aferição de Língua Portuguesa, 2005

Para te ajudar a identificar o que é preciso ter em conta para dar resposta a cada pergunta, vamos conhe-cer as simpáticas personagens da Família Compreensão: O Vicente Inteligente, o Juvenal Literal, a Conceição Reorganização, o Durval Inferencial, a Francisca Crítica e o Gustavo Significado.

Vamos ver o que caracteriza cada uma delas e como te podem ajudar a compreender bem o que lês. Depois de as conhecermos vamos experimentar pedir-lhes ajuda para compreender melhor alguns textos.

Deve proceder-se à apresentação da Família Compreensão com o auxílio das imagens de cada uma das per-sonagens que se encontram anexadas no final deste livro, no verso das quais poderá também ser encontrada a respectiva caracterização. Estas imagens aparecem, no livro do aluno, associadas a algumas das actividades propostas. A mesma informação está também disponível em anexo, permitindo a sua projecção em quadros interactivos ou através de outros suportes informáticos. Sugere-se que os alunos recortem as imagens, tam-bém anexadas nos respectivos livros, de modo a disporem das suas próprias imagens da Família Compreensão.

A experiência com a versão experimental do programa mostrou que os alunos aderem com facilidade às personagens criadas e que identificam com grande facilidade as suas características e funções. Esta apropria-ção traduziu-se em mudanças de atitude significativas, nomeadamente numa maior ponderação e no aumento da frequência de retorno ao texto, quer para identificação de informação necessária, quer para confirmação da mesma. A identificação da personagem da Família Compreensão a quem solicitar ajuda facilitou a resolução de tarefas que, à partida, se apresentavam difíceis. Alguns dos professores envolvidos efectuaram a apresentação dramatizada das diferentes personagens, outros procederam à afixação das imagens nas paredes da sala e ou-tros ainda criaram fantoches. Todas estas estratégias se revelaram altamente motivadoras.

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Olá! Eu sou o VICENTE INTELIGENTE. Chamam-me inteligente por-que sei responder a tudo o que me perguntam e, quando não sei, nunca desisto. Digo a mim mesmo “se existe uma pergunta tem de haver uma resposta e vou encontrá-la!”.

Como consigo? Em primeiro lugar não me precipito! Penso… digo de mim para mim “Calma Vicente! Lê com atenção o que te estão a perguntar…” e questiono-me: “O que é que me faz dizer que…?”, “Neste parágrafo o que signi-ficará…?”, “O que me leva a achar que o título foi bem escolhido?”,“O que sei?”. Não tenho a mania de que sou o melhor e não tenho vergonha de pedir ajuda a todos os membros da Família Compreensão. Lembro-me das palavras da minha avó que me dizia: “A união faz a força”.

Fico vaidoso quando me chamam “inteligente”, mas fico ainda mais vaidoso quando dizem que sou altruísta. AL-TRU-ÍS-TA… é uma palavra com perso-nalidade. Foi o Gustavo Significado que me começou a chamar assim porque ajudo todos desinteressadamente e não guardo a sabedoria só para mim. Ajudo a pensar, lembro o que têm de fazer, faço perguntas para ver se estão no caminho certo… e às vezes digo ao ouvido o que é preciso fazer…

Olá! O meu nome é JUVENAL LITERAL. A minha família diz que eu sou do clube do “menor esforço”, o que não é verdade. Eu acho que sou do “clube dos coleccionadores”. Leio os textos com atenção e guardo a informação que lá encontro: nomes de personagens, incidentes, factos, datas, locais, características das pessoas… Se eu não vejo logo a informação, é porque ela não deve estar lá muito visível! O que está escondido não me interessa. Isso são enigmas para o Durval Inferencial. Por isso, depois de ler, a primeira coisa a fazer é veres se achas que a resposta ao que te é perguntado está visível no texto. Se estiver… chama por mim que eu entro logo ao serviço. São muito injustos quando dizem que eu sou do clube do “menor esforço”, pois a maior parte das vezes sou o pri-meiro a trabalhar. Às vezes até sou o único! Presta atenção, pois as aparências, por vezes, enganam.

Como disse, guardo as informações, mas gosto muito de ser original. Digo o que encontro se bem que por palavras minhas, pois sou coleccionador e não papagaio. Confesso que fico vaidoso quando respondo com palavras diferentes das do texto! Peço muitas vezes ajuda ao Gustavo Significado para descobrir palavras diferentes, mas isso é um segredo entre nós…

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Olá! O meu nome é GUSTAVO SIGNIFICADO e sou o mais jovem da Fa-mília Compreensão! Talvez por isso existem muitas coisas que não conheço. Sou muito curioso e estou sempre a perguntar “porquê?”, “para quê?”, “o que é?”… Eu não tenho culpa de ser curioso, de querer saber o significado de tudo e de perguntar para que é que as coisas servem. Como estou sempre a fazer pergun-tas, dizem-me que estou outra vez na “idade dos porquês”. Se calhar em vez de Gustavo Significado deveria chamar-me… Antenor Perguntador… Não! Acho que não. Gustavo é um nome bem mais bonito.

Nasci perguntador. Corro atrás de palavras que não conheço e não desisto à primeira. Gostava muito de ter uma lupa, mas o meu tio Durval não a larga. Não tenho vergonha de fazer perguntas e detesto ficar com dúvidas. Estou sempre a aprender coisas novas e a cada dia que passa cresço em tamanho e inteligência.

Olá! O meu nome é DURVAL INFERENCIAL. A minha família chama-me detective, porque adoro enigmas. O meu trabalho é muito minucioso, com várias etapas que têm de ser seguidas com rigor… e sem pressas. Primeiro, há que pensar muito bem no problema que tenho de desvendar. Só depois procuro as pistas que o texto me pode dar. Como qualquer detective, preciso de ajudas. O Gustavo Significado e a Conceição Reorganização são os meus “ajudantes de campo”. Junto pistas e ajudas, penso, estabeleço relações e conexões e outros ões e… eureka!… encontro as soluções. Parece fácil? Parece, mas não é. Muitas vezes as pistas que estão no texto não são suficientes e eu tenho de as juntar a outros conhecimentos anteriores. Outras vezes ainda preciso de recorrer a “especialistas” para encontrar a tal informação de que necessito para resolver os mistérios. O meu lema é: -“Pensar e saber é o truque para tudo resolver!”

Olá! O meu nome é CONCEIÇÃO REORGANIZAÇÃO. Pelo meu nome percebem a razão da minha família me chamar a “eficiente?” Pois é… sou mui-to prática e organizada. Gosto de ter tudo arrumado para encontrar depressa o que quero. Quando as coisas estão desorganizadas, gosto de as classificar, reordenar… Além disso, gosto também de fazer esquemas para saber onde as coisas estão e o que me falta. O Juvenal é um coleccionador. Eu deito fora o que acho estar a mais. Por isso, resumo e sintetizo tudo. Fico só com o essencial, mas tenho muito cuidado, pois, com este feitio, posso arriscar-me a deitar fora coisas importantes que depois me poderão fazer falta. Um dos meus passatem-pos favoritos é imaginar títulos que, com poucas palavras, dêem o máximo de informação. Como o Juvenal, eu também sou criativa, mas só às vezes… Nessas alturas dá-me para inventar títulos, cujo significado, para ser descoberto, preci-sa da ajuda do Durval Inferencial.

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Olá! O meu nome é FRANCISCA CRÍTICA. A minha família chama-me “a questionadora” pois gosto de questionar tudo. Não consigo ler e ficar calada. Tenho sempre de perguntar “Verdade ou mentira?”, “Real ou fantasia?”, “Bem ou mal?”, “Certo ou errado?”. E não me contento com respostas de “Sim” ou “Não”. Quero sempre saber os porquês. Por isso, acho que não me deviam cha-mar “questionadora” mas “juíza” já que quero provas para tudo. O meu trabalho não é tarefa simples! Não se pode julgar à toa. É uma grande responsabilidade! As pessoas consideram-me muito inteligente, mas eu, que sou muito crítica, sei que sem a ajuda dos outros membros da família não conseguiria fazer bem o meu trabalho. Tenho de perceber tudo muito bem. Não hesito em pedir ajuda ao Juvenal Literal, ao Gustavo Significado, ao Durval Inferencial e à Conceição Reorganização.

No final deste livro tens as fotografias e a caracterização de cada uma das personagens da Família Com-preensão. Recorta-as e dobra-as pelo sítio indicado. Guarda-as numa bolsa plástica para que não se estraguem.

Ao longo do programa, para responderes a cada uma das perguntas, vais precisar de as usar, pois elas serão uma ajuda preciosa.

Em algumas tarefas, as personagens estão identificadas, facilitando-te o trabalho. Noutras, és tu que terás de o fazer. Conseguir identificar a quem podes pedir ajuda é sinal de que já percebeste as exigências da tarefa. O objectivo da Família Compreensão é também o de te ajudar a identificar o que fazes bem, o que precisas de melhorar e, além disto, a controlar a correcção das tuas respostas.

JuvenalLiteral

VicenteInteligente

GustavoSignificado

DurvalInferencial

ConceiçãoReorganização

FranciscaCrítica

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III.2.1 - LER COM A FAMÍLIA COMPREENSÃO

Após a apresentação, deve modelar-se o recurso às diferentes personagens numa situação concreta de lei-tura, usando os textos “O pastor ambicioso” e “Borboleta Chinesa”. Para cada um dos textos são apresentadas várias perguntas e um diálogo entre um hipotético aluno e diversas personagens da Família Compreensão. Esta actividade deve ser realizada em grande grupo e devem ser analisadas com os alunos as estratégias que as personagens da Família Compreensão vão facultando e os “pensamentos” que o aluno vai exprimindo.

Então, vou sublinhar “Posso comprar uma casa e um burro” e a resposta é: O pastor queria comprar uma casa e um burro.

Sublinha a resposta, pois ela está mesmo à vista; depois transcreve-a.

Se quiseres aprender a compre-ender com as personagens da minha família, segue-me. Preparado?

O PASTOR AMBICIOSO

Um pastor foi vender ovelhas no mercado e por elas de-ram-lhe uma bolsa de moedas. No regresso a casa vinha a cantarolar de alegria: “Estou rico! Posso comprar uma casa e um burro.”

Um ladrão que o seguia disse-lhe:- Olá rapaz. Estás muito contente mas eu posso ajudar-te

a ficar ainda mais contente fazendo crescer o teu dinheiro. É muito fácil. Enterras o dinheiro ao lado dessa árvore, tapa-o bem tapado e rega-o bem. Amanhã verás que as moedas du-plicaram.

- O pastor assim fez. Luís, 4.º ano de escolaridade, Escola 1.º Ciclo do E.B. - Maia

1 – O que queria o pastor fazer com o dinheiro?

Não respondas já à pergunta. Lê com atenção o diálogo que se segue.

Peço ajuda a quem?

«O que queria o pastor fazer com o dinheiro?»

Sim.

Qual é a pergunta?

A resposta está no texto?

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2 – O que encontrou o pastor no dia seguinte?

Antes de escolheres a alternativa, lê o diálogo seguinte.

1) O buraco com o dobro do dinheiro.2) O buraco vazio.3) Uma árvore com moedas.4) Moedas ferrugentas.

Antes de escolheres a alternativa, lê o diálogo seguinte.

Peço ajuda a quem?

«O que encontrou o pastor no dia seguinte?»

Não, tenho de pensar.

O texto indica que foi um ladrão que mandou o pastor colocar as moedas num buraco. Pela minha experiência, sei que os ladrões não são sérios e que não é possível fa-zer crescer moedas.

Qual é a pergunta?

A resposta está escrita no texto?

Quais as pistas que podes usar para responder à pergunta?

É a 2 (o buraco vazio).

Então qual é a alternativa correc-ta?

3 – Como era o pastor?1) Tonto2) Esperto3) Egoísta4) Despachado

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É possível fazer voar uma borboleta com a ajuda de um leque? Porque não? Basta abaná-lo! Aqui está a adaptação de um velho truque vindo do Extremo Oriente. A sua apresentação deve ser feita contra um fundo escuro.

A BORBOLETA CHINESA

x x

1 2 3

y y

FABRICAÇÃO

Recortar a borboleta num bocado de papel de seda e decorá-la (fig. 2). Para o leque, usar uma folha de cartolina com cerca de 30 cm × 20 cm, de cor escura, a menos que se queira enfeitá-lo. Dobra-se depois a folha em acordeão (fig. 1) e agrafa-se ou cola-se X a Y (fig. 3).

Por fim, liga-se a borboleta ao leque por meio de um pequeno fio ou linha preta.

Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 2002, 1.º Ciclo, www.gave.min-edu.pt

Peço ajuda a quem?

«Como era o pastor?»

Não, tenho de dar a minha opinião.

O texto indica que foi um ladrão que o mandou plantar as moedas. Eu sei que não é possível fazer nascer moedas, mas parece que o pastor acreditou que era possível.

A alternativa correcta é a 1 (Tonto).

Qual é a pergunta?

A resposta está no texto?

Qual a informação que está disponível no texto e que te pode ajudar a formar uma opinião?

Então qual é a alternativa correcta?

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1 – Numera de 1 a 5 as tarefas necessárias à fabricação do material para o truque, de acordo com as instruções do texto e da figura.

1 deve corresponder à primeira tarefa, 2 à segunda, e assim sucessivamente.

Recorta-se a borboleta num bocado de papel de seda. Liga-se a borboleta ao leque. Agrafa-se ou cola-se uma das pontas do leque à outra, do mesmo lado. Dobra-se a folha de cartolina em acordeão. Decora-se a borboleta.

Mais uma vez te sugiro que antes de fazeres a ordenação leias o diálogo seguinte.

Peço ajuda a quem?

O que é pedido?

«Numera de 1 a 5 as tarefas neces-sárias à fabricação do material para o truque.»

Coloco as frases por ordem.

Ordeno.

O que tens de fazer?

Depois de leres as frases, volta a ler o texto, identifica a sequência e ordena com muito cuidado.

Recorta-se a borboleta num bocado de papel de seda. Liga-se a borboleta ao leque. Agrafa-se ou cola-se uma das pontas do leque à outra, do mesmo lado. Dobra-se a folha de cartolina em acordeão. Decora-se a borboleta.

1

54

3

2

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Já percebeste como tens de usar a Família Compreensão? Nesta Família nin-guém é mais importante do que outro. Todos precisamos de estar presentes para que consigas compreender bem um texto. Vais contar com a nossa ajuda em todos os textos deste programa, mas queremos acompanhar-te sempre que tens de ler um texto, qualquer que ele seja.

Daqui para a frente precisas sempre de ter contigo as imagens da Família Compreensão que encontrarás no final do livro. Antes de começarmos a ler os textos com a companhia da Família Compreensão, vou analisar contigo vários tipos de perguntas ou tarefas e ajudar-te a encontrar as estratégias a usar. Para quê, perguntarás tu? Para seres um leitor estratégico e para teres a certeza de que as tuas respostas estão correctas e completas.

Que pense num título alterna-tivo para o texto a “Borboleta Chinesa”.

Identifico o assunto principal do texto e penso num título que o resuma.

Podia ser: “Como dar vida a uma borboleta de papel”.

O que tens de fazer?

Então qual é a resposta?

2 – Lê o texto atentamente e pensa num título alternativo a «Borboleta Chinesa» que se adeque ao conteúdo do texto.

Já adivinhas o que te vou dizer! Antes de responderes lê sempre os diálogos que se seguem a cada pergunta.

Peço ajuda a quem?

Depois de apresentadas as várias personagens e de terem sido analisados com os alunos os textos propos-tos para apoiar esta apresentação, deve ser-lhes transmitido que este recurso – a Família Compreensão – estará disponível para os ajudar na abordagem de qualquer texto, e não apenas dos que constam do programa. É também importante analisar com os alunos as razões que terão levado as autoras a criar as personagens e a chamar-lhes uma família. Espera-se que os alunos assimilem aspectos como: numa família todas as pessoas são importantes; as pessoas têm diferentes papéis que lhes permitem ajudar-se mutuamente.

O que é pedido?

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III.3 – PERGUNTAS DE COMPREENSÃO LEITORA: UMA ABORDAGEM ESTRATÉGICA.

Na realização de cada tarefa é necessário que o aluno:a) Compreenda o que é solicitado; b) Identifique a estratégia a usar para produzir respostas correctas, incluindo a selecção adequada da

personagem da Família Compreensão a quem pedir ajuda; c) Controle as suas realizações, desenvolvendo estratégias de verificação.As actividades a desenvolver em torno dos textos devem ser integradas em propostas didácticas que per-

mitam promover o desenvolvimento de competências. No livro do aluno a primeira actividade proposta (Per-guntas de Compreensão) deverá permitir a criação de uma situação de aprendizagem que possibilite reflectir e sistematizar os aspectos anteriores.

Nas versões experimentais era pedido aos alunos que classificassem todas as instruções. Verificámos tra-tar-se de uma tarefa excessivamente repetitiva, pelo que foi retirada. Sugere-se, no entanto, que na exploração dos vários textos que integram este programa os alunos sejam, relativamente a alguns deles, convidados a classificar as instruções em função do tipo de tarefa solicitado. Este procedimento é particularmente impor-tante para as tarefas perante as quais se antevêem dificuldades (ex: resumir o texto). Esta tarefa de classifica-ção pode ser realizada oralmente. Sugerimos uma abordagem como a que é apresentada abaixo.

Talvez estejas a pensar “Para que serve analisar as perguntas? Estão escritas... não é sufi-ciente lê-las?” Para responder bem ao que nos é pedido, não chega ter compreendido bem o texto. É preciso, também, analisar as perguntas ou instruções.

Analisar as perguntas?

Sim. É preciso analisar as perguntas ou as instruções dadas. Isso implica lê-las com atenção para atender ao que é pedido. Muitos dos alunos da tua idade (e até mais velhos) lêem só uma parte da pergunta. Claro que depois as respostas são incompletas (ou erradas).

Provavelmente não usaste as estratégias adequadas.

As estratégias são os caminhos a usar para realizar bem uma tarefa. Para além de escolher o melhor caminho, também temos de escolher os sapatos adequados (ninguém vai para uma caminhada na montanha de tacão alto!). Nesta caminhada para aprender a compreender, vou ajudar-te a dar os passos certos. Cada tarefa exige raciocínios diferentes, trabalhos di-ferentes, ajudas diferentes... Assim sendo, também terás de usar procedimentos diferentes. E não podes esquecer-te nunca de verificar o trabalho feito.

Já me aconteceu isso! Até fiquei irritado, pois podia ter tirado uma boa nota. Sabia tudo… mas não dei respostas completas.

Ups! Estratégias????

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Vladimir recebeu muitas prendas no Natal, entre livros, discos, jogos de computador, mas gostou sobretudo do equipamento para caçar borboletas. O equipamento incluía uma rede, um frasco de vidro, algodão, éter, uma caixa de madeira com fundo de cortiça, e muitos alfinetes coloridos.

Aquilo deixou-o entusiasmado. Ele gostava de insectos mas não sabia que era possível coleccioná-los, como quem colecciona selos, conchas ou postais, talvez até trocar exemplares repetidos com os amigos. Nessa mesma tarde saiu para caçar borboletas. Foi para o matagal, junto ao rio, atrás de casa, um lugar onde se juntavam insectos de todo o tipo. Já tinha apanhado cinco borboletas, que guardara dentro do frasco de vidro, quando ouviu alguém cantar numa voz de algodão doce – uma voz tão doce e tão macia que ele julgou que sonhava. Espreitou e viu, pousada numa flor, uma borbo-leta linda como um arco-íris, mas ainda mais colorida e luminosa. Sentiu o que deve sentir em momentos assim todo o caçador: sentiu que o ar lhe faltava, sentiu que as mãos lhe tremiam, sentiu uma espécie de alegria muito grande. Lançou a rede e viu a borboleta soltar-se da flor num voo curto e depois debater-se, já presa, nas malhas de nylon. Passou-a para o frasco e ficou um longo momento a olhar para ela.

(texto com supressões)José Eduardo Agualusa, “Estranhões e Bizarrocos”, Lisboa, Dom Quixote, 2000.Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 2002, 1.º Ciclo, www.gave.min-edu.pt

Esta é uma pergunta com uma resposta de “escolha múltipla”. Com esta expressão quere-mos dizer que te são dadas várias alternativas, de entre as quais terás de escolher uma ou mais do que uma. A instrução pede que assinales a resposta correcta. Isto quer dizer que deverás escolher apenas uma alternativa, porque só uma é a correcta. Como deves respon-der a estas perguntas?

1 – Assinala com X a resposta correcta. Por que razão julgou Vladimir que estava a sonhar?

1) A voz que falava era doce e macia. 2) Sentia os olhos a fecharem-se. 3) Sabia que as borboletas não falam. 4) Tinha acordado há muito pouco tempo.

Eu encarrego-me de te lembrar os cuidados a ter. Serei repetitivo? Talvez, mas sou um repetitivo AL-TRU-ÍS-TA. Penso, essencialmente, em ti!

Memória... não é o meu forte!

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Para responderes a este tipo de perguntas, de forma correcta e completa, deves: - Verificar o que é pedido na pergunta (selecção de uma alternativa, de mais do que uma, da(s) alternativa(s) certa(s) ou errada(s)); - Ler todas as alternativas e, relativamente a cada uma, decidir se é verdadeira ou falsa e porquê; - Não te precipitares na escolha de uma alternativa; - Não confiar demasiado na memória. Retornar ao texto para verificar se a opção seleccio-nada está correcta.

???

Nas perguntas com resposta de escolha múltipla pede-se, geralmente, a selecção da alternativa correcta. Existem outros formatos com resposta de escolha múltipla em que pode ser pedido que seja identificada a res-posta errada, ou ainda seleccionada mais do que uma alternativa. Assim sendo, deverá ser explicado aos alu-nos que a leitura atenta da instrução é o primeiro passo para responder adequadamente. O uso do singular “a alternativa” indica que há apenas uma. O uso do plural indica que há mais do que uma, mas não indica quantas.

As estratégias a usar deverão contemplar, entre outros, os seguintes aspectos:- Verificar o que é pedido na pergunta (selecção de uma alternativa, de mais do que uma, da(s) alternativa(s)

certa(s) ou errada(s));- Ler todas as alternativas e, relativamente a cada uma, decidir se é verdadeira ou falsa e porquê;- Não se precipitar na escolha de uma alternativa; - Não confiar na memória. Retornar ao texto para verificar se a opção seleccionada está correcta. No livro do aluno estas instruções são dadas através do Vicente Inteligente.

2 – Quais foram as prendas que Vladimir recebeu no Natal?

Esta é uma pergunta que requer uma resposta curta. Para responderes a este tipo de perguntas deves:

- Verificar o que é pedido na pergunta, em particular se são pedidas uma ou várias informações; Nesta pergunta, o uso de um plural – “quais” – indica-te que poderá haver mais do que uma prenda.

- Não confiar demasiado na memória e reler o texto para confirmar se identificaste toda a informação necessária. Presta bem atenção! Por vezes a informação de que necessitas para uma resposta completa está em várias par-tes do texto.

- Organizar uma resposta que, em poucas palavras, inclua toda a informa-ção. Tenta também escrever com letra legível, com frases correctas e… sem erros de ortografia.

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Neste tipo de perguntas pede-se que o aluno produza uma resposta que, em poucas palavras, inclua toda a informação. Espera-se que escreva sem erros de ortografia, com letra legível e com frases sintacticamente correctas.

As estratégias a usar deverão contemplar, entre outros, os seguintes aspectos:- Verificar o que é pedido na pergunta. Em particular se são pedidas uma ou várias informações. Na per-

gunta que serve de exemplo, o uso de um plural – “quais” – fornece indicadores fiáveis de que poderá haver mais do que um(a) prenda, pelo que o aluno deverá confirmar se selecciona toda a informação necessária de modo a evitar respostas incompletas;

- Não confiar na memória e regressar ao texto para confirmar a informação;- Recolher e integrar a informação necessária que pode não ser explícita e encontrar-se dispersa ao longo

do texto. No livro do aluno estas instruções são dadas através do Vicente Inteligente.

3 – Completa:

Esta é uma actividade de completamento. Para a realizares tens de localizar a informação no texto e, depois, transcrevê-la.

Esta tarefa é muito fácil, mas nem sempre isto acontece. Muitas vezes é necessário reler o texto para encontrares a informação pedida. Nesses ca-sos, terás de o reler e, se vires que ajuda, sublinhar a informação que é necessária.

Esta história tem o título e foi escrita por

A maior parte das instruções deste tipo exige a localização de informação e a transcrição da mesma. Esta transcrição pode ser literal (sic), mas deve valorizar-se o uso de palavras próprias.

As estratégias a usar deverão contemplar, entre outros, os seguintes aspectos:- Reler o texto e localizar a informação;- Transcrever de modo exacto a informação do texto para a resposta. No livro do aluno estas instruções são dadas através do Vicente Inteligente.

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1

Afirmações V F

2

3

4

Lê as instruções do jogo Loto Animais Bebés e realiza as actividades.

4 – De acordo com as informações do texto que leste, assinala com X, em cada uma das respectivas colunas, se as afirmações são Verdadeiras (coluna V) ou Falsas (coluna F).

LotoRegras

Cada jogador recebe um cartão. Os cartões que sobrarem e as suas fichas são postos de lado. É escolhido um director de jogo que também pode participar. O director de jogo baralha as fichas e coloca-as com a face para baixo. De seguida, vira uma ficha de cada vez, para que todos os jogadores a vejam bem. À medida que cada ficha é voltada, o director de jogo deverá dizer o nome do animal bebé representado nessa ficha. Aquele que encontrar o mesmo animal no seu cartão pedirá a ficha e colocá-la-á por cima da figura correspondente no seu cartão. O primeiro jogador a cobrir todas as figuras do seu cartão com as fichas correctas será o ven-cedor.

Quem pede uma ficha tem de dizer o nome do animal bebé.

As fichas são postas em cima da mesa, baralhadas.

Só podem jogar duas equipas, cada uma com quatro crianças.

Mariana, de cinco anos, e Pedro, de sete, já têm idade para jogar o Loto Animais Bebés.

Extraído de Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 2006, 1.º Ciclo, www.gave.min-edu.pt

Esta é uma actividade em que te é pedida uma decisão sobre se as afirma-ções são verdadeiras ou falsas. Esta informação pode estar explícita no texto - e é o Juvenal Literal que trabalha -, ou podes ter de a descobrir. Neste caso, terás de pedir ajuda ao Durval Inferencial.

Qualquer que seja a personagem da Família Compreensão a dar-te aju-da, não te precipites. Antes de marcares a tua resposta, faz uma classifica-ção provisória, a lápis. Justifica, para ti próprio, porque a escolheste, mesmo quando não te pedem que o faças. Relê o texto, confirma se a tua resposta provisória estava correcta ou faz as correcções necessárias.

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O aluno deve classificar cada uma das afirmações como verdadeira ou falsa. A informação a usar pode es-tar presente de modo explícito (compreensão literal) ou poderá ter de ser deduzida pelo aluno (compreensão inferencial).

As estratégias a usar deverão contemplar, entre outros, os seguintes aspectos:- Não se precipitar na classificação de cada afirmação. Fazer uma classificação provisória;- Procurar justificar a classificação (mesmo quando não é solicitada justificação); - Não confiar na memória. Reler o texto para verificar se a resposta (V ou F) está correcta.No livro do aluno estas instruções são dadas através do Vicente Inteligente.

“Quando no dia seguinte lá chegámos, a mãe e o pai, e nós três muito bem arranjadas, de luvas e cha-péu, com os ouvidos cheios de «Não façam isto, não façam aquilo»… «Portem-se bem»… «Não batam os pés»… «Não mexam em nada»…”

5 – Lê com atenção a seguinte passagem do texto:

Na coluna A estão listadas quatro expressões de que fazem parte a palavra «ouvidos». Rela-ciona cada uma delas com o significado correspondente, escrevendo 1, 2, 3 e 4 nas alternati-vas adequadas na coluna B.

Na coluna A estão apresentadas algumas expressões idiomáticas, isto é, expres-sões que não são entendidas se atendermos ao significado de cada uma das palavras que a compõem. Por exemplo, quando usamos a expressão “fugir a sete pés”, que-remos dizer que fugimos muito rapidamente e não que usamos sete pés para fugir. O que te é pedido é que descubras o verdadeiro sentido destas expressões, seleccio-nando, na coluna B, a alternativa que corresponde a cada uma delas. Sugiro-te as seguintes estratégias:

- Lê todas as frases da 1.ª coluna;- Lê todas as frases da 2.ª coluna;- Identifica qual a possível relação entre as afirmações da 1.ª e as da 2.ª coluna

(no exemplo é o significado de cada expressão); - Relê as afirmações da 2.ª coluna e começa por fazer as associações sobre as

quais não tens dúvidas;- Justifica sempre para ti próprio as associações e confirma as respostas.

Ter os ouvidos cheios… Ouvir com muita atenção…

A B

Fazer ouvidos de mercador… Não ouvir absolutamente nada…

Fingir que não se ouve…

Ouvir com dificuldade…

Estar farto de ouvir o mesmo…

Ser todo ouvidos… Esquecer logo o que se ouve…

4

3

2

1

Entrar por um ouvido e sair pelo outro…

In Banco de Itens, http://bi.gave.min-edu.pt

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A BORBOLETA CHINESA

É possível fazer voar uma borboleta com a ajuda de um leque? Porque não? Basta abaná-lo! Aqui está a adaptação de um velho truque vindo do Extremo Oriente. A sua apresentação deve ser feita contra um fundo escuro.

Para realizar actividades deste tipo é necessário associar as afirmações da primeira coluna com as da segunda coluna. Esta associação pode implicar diferentes tipos de relação entre as duas afirmações (um si-nónimo, uma paráfrase, uma definição, uma explicação, um antónimo). Neste exemplo, aparecem expressões idiomáticas. Resolver esta associação implica que os alunos conheçam o significado das expressões. Sugere-se a consulta online de expressões idiomáticas.

As estratégias a usar deverão contemplar, entre outros, os seguintes aspectos:- Ler todas as frases da 1.ª coluna;- Ler todas as frases da 2.ª coluna;- Identificar qual a relação entre as afirmações da 1.ª e as da 2.ª coluna (no exemplo é o significado de cada

expressão); - Reler as afirmações da 2.ª coluna e começar por fazer as associações sobre as quais não tem dúvidas;- Justificar, para si, as associações e confirmar a resposta. No livro do aluno estas instruções são dadas através do Vicente Inteligente.

Lê o texto abaixo e realiza a actividade que te propomos a seguir.

x x

1 2 3

y y

FABRICAÇÃO

Recortar a borboleta num bocado de papel de seda e decorá-la (fig. 2). Para o leque, usar uma folha de cartolina com cerca de 30 cm × 20 cm, de cor escura, a menos que se queira enfeitá-lo. Dobra-se depois a folha em acordeão (fig. 1) e agrafa-se ou cola-se X a Y (fig. 3).

Por fim, liga-se a borboleta ao leque por meio de um pequeno fio ou linha preta.

Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 2002, 1.º Ciclo, www.gave.min-edu.pt

A BORBOLETA CHINESA

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6 – Numera de 1 a 5 as tarefas necessárias à fabricação do material para o truque, de acordo com as instruções do texto e das figuras. O 1 deve corresponder à primeira tare-fa, o 2 à segunda e assim sucessivamente.

Recorta-se a borboleta num bocado de papel de seda. Liga-se a borboleta ao leque. Agrafa-se ou cola-se uma das pontas do leque à outra, do mesmo lado. Dobra-se a folha de cartolina em acordeão. Decora-se a borboleta.

Esta é uma tarefa de ordenação. Para a realizares tens de ser… estratégico! Segue estes passos:

- Localiza no texto as frases ou expressões que remetam para as afirmações apre-sentadas e sublinha-as;

- Faz a uma ordenação provisória;- Relê esta ordenação e verifica se tem lógica;- Relê o texto para confirmar as tuas opções e, se for preciso, faz as correcções

necessárias.

Para realizar esta actividade é necessário ordenar as frases de modo a que reflictam a sequência da infor-mação fornecida pelo texto. Em alguns casos, a sequência de acções pode estar menos explícita (por exemplo, dobra-se metade de uma folha de cartolina… pode indiciar uma acção prévia – a de ter cortado uma folha de cartolina ao meio).

As estratégias a usar para realizar a actividade deverão contemplar, entre outros, os seguintes aspectos:- Localizar no texto as frases ou expressões que remetam para as afirmações apresentadas e sublinhá-las;- Analisar palavras que indiquem sequência (ex: antes de adicionar as claras ao restante preparado, batê-

las em castelo). Fazer notar aos alunos que o acto de adicionar claras é posterior ao acto de as bater em castelo. A palavra “antes” indica que a sequência correcta é: bater as claras em castelo, adicioná-las ao preparado;

- Proceder a uma ordenação provisória tendo em atenção as palavras que indicam sequência; - Reler a ordenação analisando a sua lógica;- Reler o texto para confirmar as suas opções;- Confirmar a ordenação.No livro do aluno estas instruções são dadas através do Vicente Inteligente.

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44

Neste ponto reproduz-se a versão do aluno, complementada com um conjunto de orientações e de suges-tões para a sua operacionalização que integra a reflexão produzida ao longo das versões anteriores do mesmo. O programa inclui trinta textos seleccionados e organizados contemplando critérios de dificuldade, de diver-sidade e de extensão. Visando a monitorização da evolução do aluno, disponibiliza-se no final da apresentação dos textos seis Provas de Aferição. Ao longo do programa são dadas sugestões relativas aos momentos em que as mesmas devem ser efectuadas.

De forma a diferenciar o que são actividades dirigidas aos alunos e as sugestões aos professores, estas foram enquadradas em caixas de texto devidamente assinaladas, procedimento já usado aquando da análise das instruções As propostas e sugestões contemplam os seguintes tópicos:

a) Apresentação da Família Compreensão;b) Tipo de perguntas e de estratégias para a realização de tarefas e seu controlo;c) Análise dos textos, contemplando o grau de dificuldade e extensão e propostas de actividades a realizar

antes da leitura do texto;d) Propostas de operacionalização sobre a organização do grupo, sobre as modalidades de leitura do texto,

das perguntas, das respostas e das correcções. No quadro 5 apresenta-se uma sistematização das alternativas consideradas. No ficheiro “Classificação e quantificação das propostas de operacionalização” (cf. Anexo 3) está dis-ponível a organização proposta para todos os textos, permitindo uma visão global das propostas de trabalho contempladas no programa;

e) Instruções, cotação e devolução, aos alunos, dos resultados obtidos nas Provas de Aferição.

III.4 – ENSINAR A COMPREENDER

Organização do grupo de alunos

Modalidades de leitura do texto

Modalidades de leitura

das instruções

Identificação das personagens da

Família Compreensão

Realização das Actividades Correcção

Grupo turma

Pequenos grupos

Pares

Trabalho individual

Professor

Alunos

Rotativamente professor e alunos

Pelos alunos, que preparam o texto em casa

Alunos

Professor

Alunos

Rotativamente professor e alunos

Alunos

Discussão sobre as características das personagens sinalizadas no programa

Indicação do professor

Identificação a efectuar pelos alunos

Grupo turma

Pequenos grupos

Pares

Pequenos grupos

Pares

Individual

Professor

Auto-correcção

Hetero-correcção

Em

voz

alt

a

Em

voz

alt

a

Sil

enci

osam

ente

Sil

enci

osam

ente

Ora

lE

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Quadro 5 - Operacionalização das diferentes modalidades de organização das actividades

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Os primeiros textos do programa foram escolhidos de modo a serem curtos e a terem um vocabulário acessível. O principal objectivo da utilização dos mesmos é ajudar os alunos a apropriarem-se das caracterís-ticas das personagens da Família Compreensão e a aprenderem a identificar os processos que estão presentes nas várias tarefas que são propostas.

A experiência de aplicação do programa mostrou que, através da sinalização das diferentes personagens, os alunos se apropriam sem qualquer dificuldade dos processos de compreensão subjacentes às tarefas.

A versão do aluno inclui a referência às personagens associadas a cada instrução. Esta referência pode ser explicitada através da inclusão da imagem da personagem a quem deve pedir ajuda ou pode ser explicitada através da nomeação do aluno.

Classificação e extensão do texto: Narrativo, 57 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Grupo turma. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelo professor. - Modalidade de leitura das instruções: Em voz alta pelos alunos, de modo alternado. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Discussão sobre as características das persona-

gens sinalizadas no programa. - Realização das actividades: Oral pelo grupo turma, seguida do registo individual no livro do aluno. - Correcção: Professor.

Tens contigo os cartões da Família Compreensão? Observa as personagens que estão dese-nhadas ao lado de cada uma das perguntas. Pensa: “Porque serão estas?” Relê a caracterização de cada personagem e tenta encon-trar uma justificação.

As férias de Verão tinham finalmente chegado e, para se diver-tirem, as crianças pensaram organizar um lanche. Quem levasse a melhor merenda teria um prémio: seria o rei ou a rainha da tarde.

Começaram a chegar bolos enormes, grandes taças de gelatina, sacos de batatas fritas. Para espanto de todos, o João só trazia con-sigo um pequeno pacote de milho pois tinha pouco dinheiro mas muitas ideias.

Pedro Silva, aluno do 4.º ano - Escola do 1.º Ciclo E. Básico – Maia

(excerto).

Depois de leres o texto responde às perguntas que se seguem.

FÉRIAS DE VERÃO

Repara nas perguntas. Não te esqueças do que leste anteriormente sobre as estratégias a usar para teres a certeza de que a resposta que dás está correcta.

FÉRIAS DE VERÃO

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1) O aniversário do João.2) As férias de Natal.3) As férias de Verão. 4) O dia da criança.

1) Bolos, sumo, gelatina e milho.2) Bolos, gelatina, pão e batatas fritas.3) Bolos, gelatina, geleia e sumos.4) Bolos, gelatina, milho e batatas fritas.

1 – Selecciona a alternativa que consideras correcta para responderes à pergunta. Qual foi o motivo da festa? (Compreensão Literal)

2 – O que significa a palavra “animar”? (Extracção de Significado)

3 – Selecciona a alternativa que consideras correcta para responder à pergunta. O que levaram as crianças para a festa? (Compreensão Literal)

1) Dar milho às galinhas.2) Fazer pipocas.3) Fazer um bolo com o milho.4) Fazer pão com o milho.

1) Tonto.2) Criativo.3) Invejoso.4) Preguiçoso.

4 – Selecciona a alternativa que consideras correcta para responder à pergunta.Qual seria a ideia do João? (Compreensão Inferencial)

5 – Selecciona a alternativa que consideras correcta para responder à pergunta. Como era o João? (Reorganização)

6 – Qual o título mais indicado para o texto? (Reorganização)

Aceitar como correctas respostas que indiquem: a) as férias; b) a surpresa do João.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a) divertir; b) entreter; c) alegrar.

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7 – Como terá sido o lanche dos amigos? (Compreensão Crítica)

Sugestões/Comentários:Tratando-se de uma avaliação pessoal, as respostas dos alunos podem divergir da proposta efectuada.

Podem, por exemplo, considerar que foi diferente por terem tido oportunidade de fazer pipocas.

Percebeste o que tens de fazer? Nunca te precipites a responder.Lê a pergunta e pensa “Qual será a personagem?” Lembra-te das suas carac-

terísticas (podes sempre reler cada uma das descrições). Vai perguntando a ti pró-prio: “A informação para responder está no texto? (JL) Se não está, como a posso descobrir? (DI). Tenho de dar um significado? (GS) Preciso de atender a mais do que a uma parte do texto? (CR) Devo dar uma opinião? (FC)”

Dá atenção ao tipo de pergunta. Pensa nas estratégias que deves usar para teres a certeza de que a resposta é completa e correcta. Se tiveres dúvidas, relê as primei-ras páginas deste livro onde encontrarás algumas das estratégias que podes usar.

Não estás habituado a pensar assim? Não te preocupes. Muitos colegas do teu ano sentiram o mesmo. Porém, à medida que foram avançando neste programa conseguiram o que era pretendido: MELHORARAM A SUA COMPREENSÃO!

Para corrigires as tuas respostas podes consultar, no final deste livro, a grelha de correcção. Mas atenção! Não vale fazer batota! Consulta-a, apenas, depois de terminares a realização das actividades.

Sugestões/Comentários:Ao longo do programa, a personagem Vicente Inteligente aparece a sugerir estratégias ou a lembrar al-

gumas regras. Estas intervenções devem ser lidas e analisadas com os alunos.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a) divertido; b) delicioso.

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O texto que se segue, muito simples, permite continuar a identificação das personagens da Família Com-preensão. O livro do aluno inclui as personagens em todas as instruções.

Classificação e extensão do texto: Narrativo, 62 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Grupo turma. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelos alunos. - Modalidade de leitura das instruções: Em voz alta pelos alunos, de modo alternado. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Discussão sobre as características das persona-

gens sinalizadas no programa. - Realização das actividades: Oral pelo grupo turma, seguida do registo individual no caderno do alu-

no.- Correcção: Professor.

O Pedro era um rapaz infeliz. O dedo mindinho do seu pé não parava de crescer. Foi a vários médicos e farmacêuticos, mas ninguém lhe valeu porque o dedo crescia continuamente. Um dia, por conselho de um amigo, decidiu ir a um curandeiro. Quando chegou ao curandeiro, este olhou para ele e disse-lhe:

- Sou especialista nestes casos. Tenho o remédio certo para ti.

Pedro Silva, aluno do 4.º ano - Escola do 1º Ciclo E.B. - Maia (excerto).

HISTÓRIA DO PEDRO

Lembras-te das regras? 1.º - Ler a pergunta; 2.º - Identificar a personagem; 3.º - Atender ao tipo de pergunta; 4.º - Responder.

Depois de leres este pequeno texto, responde às perguntas que se seguem.

1 – Como se sentiria o Pedro? Selecciona a alternativa correcta. (Compreensão Literal)

1) Alegre.2) Crescido.3) Infeliz.4) Preocupado.

HISTÓRIA DO PEDRO

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2 – Selecciona a alternativa correcta. Pedro estava preocupado porque: (Compreensão Lite-ral)

3 – O que é um curandeiro? (Extracção de Significado)

4 – Que título escolherias para esta história? Selecciona a alternativa adequada. (Reorga-nização)

1) O Curandeiro.2) O Pedro.3) O Remédio Mágico.4) Pedro e o seu Mindinho.

4.1 – O que te levou a escolher o título que seleccionaste?

Sugestões/Comentários:Em algumas das perguntas com respostas de escolha múltipla incluídas no programa é pedido aos alunos

que justifiquem as suas respostas. A justificação pode ser discutida oralmente com o grupo turma. Sugere-se que a resposta seja efectuada oralmente de modo colectivo e, posteriormente, escrita no caderno do aluno.

Esta actividade contribui também para o desenvolvimento de competências de escrita.

5 – Qual achas que seria a solução do curandeiro? Selecciona a alternativa correcta. (Compreensão Inferencial)

1) Fazer desaparecer o dedo mindinho.2) Cortar o dedo do Pedro.3) Pôr uma pomada milagrosa.4) Não tinha nenhuma solução.

1) o dedo grande do pé esquerdo não parava de crescer.2) tinha dores nos pés.3) o dedo mindinho do pé esquerdo não parava de crescer.4) lhe doíam os pés.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a) pessoa que trata de doenças sem habilita-ção para o efeito ou que recorre a remédios caseiros; b) charlatão ou impostor.

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Não existe no texto nenhuma informação para responder a esta pergunta. Como fazer? Pensa na tua experiência e no que sabes. São esses conhecimentos que te aju-darão a encontrar a resposta. Compreender um texto exige, muitas vezes, que uses os teus conhecimentos anteriores.

6 – Completa as seguintes frases descrevendo o que o médico, o farmacêutico e o curandeiro terão feito ao Pedro. (Compreensão Inferencial)

7 – Na tua opinião, o Pedro ficará curado com o remédio do curandeiro? (Compreensão Crí- tica)

O Médico

O Farmacêutico

O Curandeiro

mandou fazer exames para descobrir a causa.

aconselhou o Pedro a ir ao médico.

escolheu um dos seus remédios e deu-o ao Pedro.

Aceitar como correcta uma resposta que indique: não, porque é pouco provável que o curandeiro fosse especialista num problema raro e que tivesse um medicamento para o efeito.

Sugestões/Comentários:Alguns alunos poderão responder de modo afirmativo à pergunta número 7. Estas respostas podem advir

de convicções sobre a eficácia de remédios naturais ou de medicinas alternativas. Caberá ao professor decidir, com base na argumentação proposta, se pode ou não ser aceite a resposta do aluno.

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A fábula seleccionada não está incluída nas fábulas de Esopo, muitas das quais são conhecidas dos alunos. Esta foi uma das razões que conduziu à escolha na obra Fábulas do Mundo.

O texto é muito curto e o vocabulário acessível. No livro do aluno o texto não está sublinhado.Neste texto, pela primeira vez, os alunos devem proceder à classificação dos processos de compreensão.

Na abordagem a este texto aparece pela primeira vez o Vicente Inteligente.

Classificação e extensão do texto: Fábula, 99 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Pares. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelos alunos. - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita em trabalho de pares. - Correcção: Professor.

Sobre a folha da amoreira, um bichinho-da-seda fabricava o seu casulo, quando uma aranha, que o observava, lhe ralhou:

- Como podes ser tão lento? Até me pões nervosa!No tempo que demoraste a fazer metade do teu casulo, eu teria fabricado uma teia completa.- É verdade - respondeu o bichinho da seda -, mas as tuas teias partem-se com o vento e ninguém

gosta delas. Ao contrário, os meus casulos são elogiados e apreciados, além de durarem séculos e sé-culos.

O trabalho bem feito é duradouro e apreciado por todos, enquanto o trabalho apressado não tem qualquer valor.

Le Baylli, A aranha e o bichinho-da-seda, in “Fábulas do Mundo”, p. 58.

Lisboa: Editora Estampa, 2002.

A partir deste texto vais começar a ser tu a identificar as personagens que te poderão ajudar. Escreve o seu nome no local indicado.

Tens os cartões contigo? Lê as perguntas e pensa nas características das personagens. Depois decide qual a mais adequada. No final da página estão as personagens associadas a cada pergunta. Não faças batota. Tenta identificá-las e só depois vai confirmar se a escolha foi a correcta. Se não foi, tenta explicar o que te levou a fazer uma escolha diferente.

A ARANHA E O BICHINHO-DA-SEDA

A ARANHA E O BICHINHO-DA-SEDA

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1 – Selecciona a alternativa correcta para completar a frase. A aranha ralhou com o bichinho-da-seda porque… (Compreensão Literal)

1) ele fez uma teia completa.2) tinha inveja dos casulos que ele fazia.3) ele estava sobre a folha da amoreira.4) ele estava a demorar muito tempo a fazer o casulo.

Escreve aqui o nome da persona-gem da Família Compreensão

1) as teias da aranha são frágeis.

2) o vento não gosta de aranhas e parte-lhes as teias.

3) as teias estragam-se com facilidade.

4) as teias não servem para nada porque são frágeis.

3 – Assinala Verdadeiro (V) ou Falso (F). “… As tuas teias partem-se ao vento...”, significa que: (Compreensão Inferencial)

VAfirmações F

2 – Qual o significado da palavra sublinhada na frase: “Sobre a folha da amoreira”? ”? (Extracção de Significado)

Aceitar como correctas respostas que indiquem: “por cima de”.

Sugestões/Comentários:As duas alternativas falsas podem suscitar dúvidas porque contêm alguns elementos verdadeiros. A ex-

ploração destas alternativas possibilitará ensinar os alunos a utilizarem estratégias que lhes permitam discri-minar os elementos incluídos nas afirmações e que os podem confundir.

Na alternativa “o vento não gosta de aranhas e parte-lhes as teias”, é verdade que o vento parte as teias, mas não existe nenhum elemento no texto que indique que o vento é dotado de sentimentos em relação à aranha e que tenha uma intenção deliberada de partir as teias. Esta é uma inferência que classificamos de “não autorizada”, um vez que não existem dados que nos permitem aceitar como verdadeira essa possibilidade.

Na alternativa “as teias não servem para nada porque são frágeis”, a segunda parte - “são frágeis” - é ver-dadeira, porém, nada no texto sugere que, por serem frágeis, são inúteis. Pode ser explorada, com os alunos, a utilidade das teias. Estas permitem às aranhas capturar os insectos de que se alimentam. Como actividade complementar à exploração deste texto, pode ser proposta a pesquisa na internet das características dos arac-nídeos e do bicho-da-seda.

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Fazer resumos não é tarefa fácil. O resumo tem de ser mais curto do que o texto a resumir, mas tem de incluir as informações mais importantes. Podes usar as seguintes estratégias:

1) Contorna as palavras/expressões que caracterizam o casulo e subli-nha as palavras que caracterizam a teia de aranha;

2) Constrói uma tabela como a que está abaixo para registares a infor-mação mais importante sobre a aranha e sobre o bicho-da-seda;

3) Escreve o resumo.

“- É verdade – respondeu o bichinho-da-seda –, mas as tuas teias partem-se com o vento e nin-guém gosta delas. Ao contrário, os meus casulos são elogiados e apreciados, além de durarem séculos e séculos”.

4 – Resume as ideias principais do parágrafo: (Reorganização)

Aceitar como correctas respostas que incluam os seguintes elementos: apreciação positiva, duração e utilidade dos casulos que originam a seda.

Sugestões/Comentários:A elaboração de resumos é uma tarefa complexa de reorganização e de síntese. Além de requerer que o

aluno identifique a informação mais relevante, exige, dado que normalmente é feita por escrito, competências de escrita específicas. O parágrafo em análise contém 33 palavras, pelo que o seu resumo deve recorrer, neces-sariamente, a um número bastante inferior de palavras, mas mantendo a equivalência de informação.

Para ajudar os alunos a elaborar o resumo, pode ser proposta a seguinte sequência de tarefas:1 - Sublinhar, com um lápis de cor verde, as palavras que caracterizam o casulo e, com um lápis de cor azul,

as palavras que caracterizam a teia de aranha.2 - Construir uma tabela no quadro para sistematizar as características dos dois animais. Esta tabela pode

ser proposta pelo professor, recorrendo à modelagem, em voz alta, ou pedindo aos alunos que sugiram como podem organizar a informação.

Teia de aranha

Dura muitos anos. Parte-se com facilidade, deduzindo-se que dura pouco.

É muito apreciado. Não é apreciada.

1 – Juvenal Literal; 2 – Gustavo Significado; 3 – Durval Inferencial; 4 – Conceição Reorganização.

3 - Escrever o resumo em conjunto com os alunos. Contar o número de palavras do parágrafo a resumir e do resumo efectuado. Reformular, se for necessário.

Duração

Casulo do bicho-da-seda Teia de aranha

Valor

Duração

Casulo do bicho-da-seda

Valor

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O texto que se segue é o primeiro texto informativo proposto no programa, razão pela qual se optou por um texto curto e de vocabulário acessível. A palavra “Grânulos” aparece assinalada com um asterisco, que re-mete para a consulta de um glossário, recurso que é, pela primeira vez, introduzido no programa. Recomenda--se que os alunos sejam ensinados a verificar, antes de iniciarem a leitura, se esta informação está disponível. Caso esteja, é aconselhável que a leiam, antes de procederem à leitura do texto.

Em alguns casos, as definições presentes nos glossários e nos dicionários incluem mais do que um sentido, pelo que, ao lerem o texto, os alunos deverão ser incentivados a procurar qual é o mais adequado.

Classificação e extensão do texto: Informativo, 97 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Trabalho individual. - Modalidade de leitura do texto: Leitura silenciosa. - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita; registo individual no caderno do aluno. - Correcção: Auto-correcção.

O QUE PROVOCA A «PELE DE GALINHA»?

A «pele de galinha» é formada por uma espécie de pequenos grânulos* que surgem na pele quando se tem frio ou medo. Se observares estes grânulos, verás que no meio de cada um deles está um pêlo. Ligado a cada um destes pêlos, há um pequeno músculo no interior da pele. Quando temos medo ou frio, todos estes pequenos músculos se contraem e encolhem, puxando o pêlo, que se levan-ta; simultaneamente, em volta de cada pêlo, a pele eleva-se e é isso que forma os pequenos grânulos. Chama-se a este fenómeno «pele de galinha», porque então a pele se assemelha à de uma galinha depenada.

O Grande Livro das Perguntas e Respostas de Charlie Brown, 1, p. 121. Lisboa: Bertrand Editora, 1990.

*Glossário:Grânulo s. m. 1. Pequeno grão; 2. Glóbulo; 3. Pequena pílula; 4. Cada uma das pequenas saliências de uma superfície áspera.

Fonte: http://www.priberam.pt/dlpo

Este texto tem um glossário. Sabes o que é? E para que serve?Vou dar-te uma ajuda. Alguns textos têm palavras que poderás não conhecer. Essas palavras

são marcadas com o sinal * (que se chama asterisco) e o significado de cada uma delas aparece a seguir ao texto. Como nem sempre temos dicionários à mão, os glossários dão um jeitão. Não precisamos de ir ao dicionário… ele é que vem ao nosso encontro.

Vou ensinar-te um “truque”. Lê o glossário antes de leres o texto. Vais ver que ajuda. Vê sem-pre se aparecem os tais asteriscos.

O QUE PROVOCA A «PELE DE GALINHA»?

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Transcreve do texto a informação que podes usar para justificar a tua resposta. (Compreensão Literal)

1 – Quando as pessoas têm medo ou frio ficam mesmo com pele de galinha?

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a) negação da afirmação, referindo que a pele fica pare-cida com pele de galinha. A informação a transcrever está presente em “porque então a pele se assemelha à de uma galinha depenada”.

2 – Na frase «chama-se a este fenómeno pele de galinha», a palavra “fenómeno” poderá ser substituída por uma das palavras que encontras abaixo. Selecciona-a. (Extracção de Signifi-cado)

3 – Ordena as frases para encontrares a resposta. Como se formam os grânulos? (Reorganização)

4 – Em que circunstâncias é que as pessoas ficam com pele de galinha? (Compreensão Literal)

1) Doença.2) Conflito.3) Desastre.4) Reacção.

a) Levantamento do pêlo.b) Contracção dos músculos ligados aos pêlos.c) Sensação de medo ou frio.d) Elevação da pele.

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Aceitar como correctas as respostas que indiquem: medo ou frio.

Lembra-te que tens de identificar as personagens da Família Compreensão.

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Sugestões/Comentários:A formulação da pergunta, nomeadamente o uso do vocábulo “circunstâncias”, tem por objectivo introdu-

zir uma progressiva complexificação na formulação das perguntas, visando promover o contacto com formas mais elaboradas de questionamento. Note-se que se a pergunta fosse: “Quando é que as pessoas ficam com pele de galinha?”, a tarefa seria muito mais elementar. Se os alunos revelarem dificuldade em perceber o significado da palavra “circunstâncias”, sugere-se que se façam algumas perguntas que os ajudem a interpretar a palavra, por exemplo, “Em que situações têm calor?”; “Em que momentos queres beber água?”.

1 – Juvenal Literal; 2 – Gustavo Significado; 3 – Conceição Reorganização; 4 – Juvenal Literal.

Avaliação do Progresso 2Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 2008

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A MÃO DA PRINCESA

O texto que se apresenta tem um vocabulário acessível. O conhecimento extra-textual invocado reflecte tradições culturais associadas ao casamento e à educação das mulheres.

No início do texto pode ler-se que “…quando a princesa Preciosa fez treze anos, reuniu na sala do trono os pretendentes e anunciou…”. Na exploração do texto não é proposta nenhuma actividade explícita sobre esta temática, mas é importante uma conversa prévia com os alunos sobre a idade da princesa, informando-os de que, em algumas sociedades e culturas, os jovens casam muito cedo e a escolha da noiva é uma prerrogativa dos pais, sendo que alguns dos casamentos são mesmo nego-ciados na altura do seu nascimento. Deve discutir-se com os alunos as desvantagens da precocidade do casamento.

A compreensão do texto pressupõe que os alunos saibam que “dar a mão” tem o significado de aceitar um pedido de casamento, pelo que, antes da leitura do texto, deve ser explicitado o signifi-cado desta expressão. Os namorados pediam ao pai da noiva para casar com a filha (pedir a mão) e o pai aceitava (dar a mão).

A seguir ao texto, apresenta-se um glossário que poderá ser consultado antes de se iniciar a leitura. No glossário aparece uma expressão idiomática – “dar a mão” – a qual pode servir de ponto de partida para a exploração de outras expressões.

Classificação e extensão do texto: Narrativo, 280 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Pares. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelos alunos que preparam o texto em casa. - Modalidade de leitura das instruções: Silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita em trabalho de pares. - Correcção: Professor.

Ups! Este texto tem 6 asteriscos. Não é obrigatório… mas é capaz de ser melhor ler em primeiro lugar o glossário.

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A MÃO DA PRINCESA

Era uma vez um rei que, como os reis de antigamente, tinha o hábito de escolher os noivos para as suas filhas.

Assim, quando a princesa Preciosa fez treze anos, reuniu na sala do trono os pretendentes* e anun-ciou:

- Dou a mão* da minha filha a quem mais depressa consiga encher este salão.- Eu encho-o rapidamente – disse o primeiro. – Despejo aqui todos os fardos* de palha da cavalariça*,

que pouco pesam e perto estão.- Pois eu faço o serviço mais depressa e melhor – disse o segundo. – Basta-me abrir as torneiras e,

sem carregamentos, encho a sala de água.- Pois eu, – disse o terceiro – encho-o já, sem precisar de ir buscar seja o que for.E, para espanto dos presentes, pôs-se a acender as velas do candeeiro, até a luz alcançar todos os

recantos.Ficou o rei encantado com o jovem, chamando logo a princesa para lhe dar a sua mão.Só que a princesa não estava interessada em dar mão ou o pé a quem quer que fosse. Queria brincar,

estudar, correr mundo.- Meu pai, – replicou ela – o senhor prometeu que daria a minha mão a quem ganhasse este concurso.

Também quero experimentar.Dito isto, pegou na guitarra. Num instante a mais bela música encheu a sala, espalhou-se pelos cor-

redores e até na rua as pessoas paravam para a ouvir tocar.- Ganhaste – concordou o rei, embaraçado*, mas orgulhoso da filha que tinha.- Portanto a minha mão é minha e só minha. Dou-a a quem me apetecer, no dia em que eu quiser.Os velhos daquela corte ficaram a cochichar*:- Que mania da independência! Como serão as raparigas no século vinte?

Luísa Ducla Soares, in “Histórias nunca lidas”, Boletim Cultural, Série VII, N.º 5, p. 30.

Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1991.

© Luísa Ducla Soares/SPA 2010

Fonte: http://www.infopedia.pt

Dar a mão exp. 1. Prometer em casamento; 2. Autorizar o casamento.

Fonte: Neves, O. (1999). Dicionário de expressões correntes (p. 108).

Lisboa: Editorial Notícias.

*Glossário:Pretendente adj. 2 gén. s. 2 gén. 1. Que pretende ou solicita alguma coisa; 2. Designativo de um príncipe que pretende ter direitos a um trono vago ou ocupado por outrem; 3. Pessoa que pretende ou solicita alguma coisa; 4. Candidato; 5. Solicitador; 6. Pessoa que aspira a ter uma relação amorosa ou a casar com alguém.Cochichar v. intr. 1. Falar em voz baixa; 2. Dizer segredos.Fardo s. m. 1. Objecto ou conjunto de objectos embrulhados para transportar; 2. Embrulho; Pacote; 3. Carga; Figurado: 4. Peso; Que incomoda ou custa a suportar.Cavalariça s. f. 1. Construção destinada a alojar cavalos e/ou outros equídeos; 2. Estrebaria; 3 Cocheira.Embaraçado sing. part. pass. de embaraçar v. tr. 1. Fazer sentir pouco à vontade; 2. Perturbar; 3. Estorvar; Obstruir; 4. Complicar; Dificultar; 5. Pôr a baraça ou o baraço a pião; v. pron. 1. Sentir embaraço; 2. Atrapa-lhar-se; Popular: 3. Engravidar.

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Sugestões/Comentários:Se os alunos tiverem dificuldade em encontrar a resposta, devem formular-se perguntas que orientem o

pensamento e a inferência. Ex.: - Exemplos de “coisas” que sejam preciosas? (Ouro, prata, diamantes…) - Por que razão são estas coisas consideradas preciosas? (São caras, raras, especiais, bonitas…) - Então porque terá o Rei chamado Preciosa à sua filha? Deve notar-se que este modelo de apresentar perguntas sucessivas, que vão aproximando o aluno da

resposta, constitui uma forma de ensinar a pensar e a resolver situações problemáticas.

1 – Por que razão terá o rei dado o nome de Preciosa à sua filha? (Compreensão Inferencial)Aceitar como correctas as respostas que refiram um elemento associado ao carácter metafó-

rico de preciosidade (Ex.: a filha era “especial”, “importante”, “única”, “valiosa”…).

2 – A princesa não queria casar e, por isso, fez um pedido:

Em termos psicológicos, como caracterizarias a princesa? (Compreensão Inferencial)

- Meu pai, - replicou ela – o senhor prometeu que daria a minha mão a quem ganhasse este concurso. Também quero experimentar.

Dito isto, pegou na guitarra. Num instante a mais bela música encheu a sala, espalhou-se pelos corredores e até na rua as pessoas paravam para a ouvir tocar.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a princesa é inteligente, criativa, capaz de resolver problemas, capaz de inventar estratégias para conseguir o que quer.

Sugestões/Comentários:As características psicológicas da princesa não são explícitas no texto, pelo que os alunos terão de orga-

nizar indicadores dispersos e proceder a uma inferência. Haverá, decerto, alunos que indicarão alguma das características acima listadas, sendo importante, neste caso, que verbalizem como procederam para inferir, por exemplo, que ela era inteligente.

Levar os alunos a identificar as características psicológicas da princesa pode revelar-se difícil. No caso de nenhum aluno avançar com uma característica psicológica, o professor pode, por exemplo, facilitar, dizendo algo do género: “- Na minha opinião, Preciosa tinha muita imaginação. Concordam comigo? O que acham que me leva a dizer que ela tinha muita imaginação?”

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Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a) o título alternativo é adequado, pois reflecte a ideia principal do texto; b) a princesa conseguiu escapar à tradição segundo a qual seria o pai a escolher-lhe o marido e a determinar a idade em que casaria, sendo, portanto, ela a escolher o noivo e o momento em que queria casar.

4 – Escolhe a alternativa que se adequa para completar a afirmação: (Compreensão Inferen-cial)

3 – Um título alternativo ao escolhido pela autora – “A mão da princesa” – poderia ser “Pre-ciosa, a princesa que conquistou o direito a escolher a sua vida”. Porquê? (Compreensão Crítica)

Os velhos da corte… 1) ficaram tristes, pois queriam organizar o casamento.2) não concordaram com a decisão do rei.3) não gostaram da resposta da princesa.4) ficaram encantados com a música.

Sugestões/Comentários:A primeira alternativa não é errada mas não abarca o pleno sentido. Esta opção, apesar de lícita, não revela

compreensão completa do sentido do texto. Os alunos terão tendência a fornecer a sua própria avaliação da atitude da princesa, inferindo um comportamento inteligente. Todavia, a pergunta exige que se coloquem no ponto de vista dos “velhos da corte”, o que é bastante mais difícil.

1 – Durval Inferencial; 2 – Durval Inferencial; 3 – Francisca Crítica; 4 – Durval Inferencial.

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ANTES DE ENTRAR NA COZINHA

O texto que se segue é curto, simples e tem vocabulário acessível. Contudo, as tarefas propostas obrigam a efectuar inferências, a descobrir intenções ocultas da autora (ex: “É preciso um lenço bonito”). As perguntas formuladas permitem aduzir várias razões. A sua inclusão visou contrariar a tendência habitual de muitos alunos considerarem apenas uma única resposta. Trata-se de um exercício de descentração.

Dada a novidade da tarefa, sugere-se que a resposta a cada pergunta seja discutida oralmente, escrita no quadro e depois copiada pelos alunos para os respectivos cadernos.

Classificação e extensão do texto: Instrucional, 33 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Grupo turma. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelos alunos. - Modalidade de leitura das instruções: Em voz alta pelo professor. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Oral pelo grupo turma, seguida do registo individual no livro do aluno. - Correcção: Professor.

ANTES DE ENTRAR NA COZINHA

Ponha o avental.Lave as mãos.Se vai fazer um assado ou fritar qualquer coisa,proteja os cabeloscom um lenço bonito.Feche a porta… assim os cheiros não se espalharãopela casa!

Maria de Lurdes Modesto, in “A Colher de Pau”, p. 5.

Lisboa: Editorial Verbo, 1965.

1 – Lê cada uma das frases. Responde a cada uma das perguntas.

Lembras-te do texto “Pedro e o curandeiro”? Apareceu lá uma pergunta cuja resposta não estava no texto e em que foi necessário usares os teus conhecimentos (e a tua imaginação). Para preencheres este quadro tens de fazer o mesmo. Para entenderes bem o texto precisas de pensar e usar o teu conhecimento. Lê com cuidado a primeira pergunta e a resposta que foi dada como exemplo.

Page 73: Ensino Da Compreensao Leitora

62

1. Ponha o avental.

Pergunta

Porquê? CI Para proteger a roupa; por razões de higiene.

Porquê?

Para quê?

É preciso um lenço bo-nito para cozinhar?Porque terá feito a au-tora esta sugestão?

Por que razão devemos evitar que os cheiros se espalhem pela casa?

Exemplo de RespostaProcesso

2. Lave as mãos.

3. Se vai fazer um assado

ou fritar qualquer coisa,

proteja os cabelos

4. com um lenço bonito.

5. Feche a porta… assim

os cheiros não se espalha-

rão pela casa!

1 – Durval Inferencial; 2 – Durval Inferencial; 3 – Durval Inferencial; 4 – Francisca Crítica; 5 – Durval Inferencial.

CI

CC

CI

CI Por razões de higiene.

Para evitar que os cabelos fiquem sujos (de gordura). Para impedir que possam cair cabelos na comida.

É preciso assegurar que não caem cabelos na comida. A sugestão de um lenço bonito indica que mesmo a cozinhar as pessoas podem estar bem arranjadas.

Os cheiros da cozinha nem sempre são agradáveis.

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63

O “Bolo de Batata” é um texto curto com um vocabulário simples, mas com informações relevantes nos três parágrafos que o constituem. As perguntas exigem reorganização da informação fornecida, o que pode constituir uma dificuldade acrescida para os alunos menos familiarizados com este tipo de texto.

Classificação e extensão do texto: Instrucional, 70 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Trabalho individual. - Modalidade de leitura do texto: Leitura silenciosa. - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita em trabalho individual. - Correcção: Hetero-correcção.

BOLO DE BATATA

BOLO DE BATATA

Bata muito bem 1 chávena (cheia) de açúcar com 4 gemas de ovo. Junte a pouco e pouco meia chá-vena de farinha de batata, mexendo muito bem entre cada adição. Adicione as 4 claras, previamente batidas em castelo.

Coloque a massa numa forma untada com manteiga e polvilhada com farinha. Leve ao forno a cozer.

Cubra o bolo com um creme feito com 2 gemas bem batidas com meia chávena de açúcar.

Sílvia Silva, aluna do 4.º ano da Escola do 1º. Ciclo do E.B. Maia.

Do livro de receitas da Avó.

Page 75: Ensino Da Compreensao Leitora

64

1 – Quantos ovos são necessários para fazer este bolo? (Reorganização)

2 – Quantas chávenas de açúcar são precisas para fazer este bolo? (Reorganização)

3 – Qual é o último ingrediente que deves adicionar antes de colocares o bolo no forno?(Reorganização)

Depois de teres lido com atenção esta receita, responde às perguntas que se seguem.

A receita é simples, mas se não respeitarmos a quantidade dos ingredientes e o modo de preparação pode ser um fracasso.

Vou ensinar-te uma estratégia para que possas ter sucesso! 1 – Lê todas as perguntas, MAS NÃO TENTES LOGO RESPONDER.2 – Numa folha de rascunho escreve o que é pedido em cada uma. Repara no meu

exemplo: Pergunta 1 - ovos Pergunta 2 - chávenas de açúcar Pergunta 3 - último ingrediente antes de meter o bolo no forno3 – Relê o texto e vai transcrevendo as quantidades. Vê como faço. Pergunta 1 – ovos: 4 gemas + 2 gemas (repara que depois são usadas as 4

claras e que para a cobertura do bolo só usamos as gemas, mas mesmo assim são precisos os dois ovos. Vão sobrar 2 claras).

Pergunta 2 – chávenas de açúcar: Uma chávena mais meia chávena. Pergunta 3 - último ingrediente antes de meter o bolo no forno: Claras.4 – Responde agora às perguntas.

1 – Conceição Reorganização; 2 – Conceição Reorganização; 3 – Conceição Reorganização.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: seis ovos.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: uma chávena e meia.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: cla-ras em castelo.

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65

PODE-SE SABER A IDADE DE UMA TARTARUGA PELA CARAPAÇA?

O texto é curto e contém vocabulário acessível.

Classificação e extensão do texto: Informativo, 83 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Pares. - Modalidade de leitura do texto: Leitura silenciosa. - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita em trabalho de pares. - Correcção: Professor.

PODE-SE SABER A IDADE DE UMA TARTARUGA PELA CARAPAÇA?

Examinando a sua carapaça, podemos saber a idade de uma tartaruga jovem, mas não de uma tar-taruga velha. A parte superior da carapaça está dividida em compartimentos ou escudos. Em cada um destes escudos distinguem-se círculos. Numa tartaruga jovem, cada círculo representa um ano de vida. Por exemplo, uma tartaruga com dois anos tem dois círculos em cada escudo. Ao fim de cinco ou dez anos, já não é possível vê-los pois os círculos já estão muito juntos e até apagados.

O Grande Livro das Perguntas e Respostas de Charlie Brown, 1, p. 70.

Lisboa: Bertrand Editora, 1990 (adaptado).

1 – O título deste texto tem a forma de uma pergunta (Pode saber-se a idade de uma tartaru-ga pela carapaça?). Na tua opinião por que razão terá o autor escrito o título desta maneira? (Compreensão Crítica)

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a) é uma for-ma de aumentar a curiosidade; b) para motivar os alunos para ler; c) facilita a compreensão; d) o texto vai responder a uma pergunta

Sugestões/Comentários:A pergunta procura ajudar os alunos a identificar elementos paratextuais que contribuem para melhorar

a compreensão de textos. Como tal, é um procedimento que promove o desenvolvimento de estratégias de compreensão.

Page 77: Ensino Da Compreensao Leitora

66

2 – De acordo com o texto é ou não possível saber a idade de uma tartaruga pela carapaça?(Reorganização)

Presta atenção. Não te deixes enganar. A uma pergunta como esta existem pelo menos três possibilidades de resposta: sim, não, e umas vezes sim e outras vezes não.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: apenas é pos-sível saber, pela carapaça, a idade das tartarugas jovens.

Sugestões/Comentários:Esta pergunta pode suscitar algumas dificuldades, porque a resposta a dar pode ser afirmativa sob certas

condições e negativa sob outras. Este aspecto pode ser discutido oralmente com os alunos.

As tarefas em que é preciso ordenar frases às vezes atrapalham-nos. Lembras-te dos passos que descrevemos no início deste livro? Vou relembrá-los.

1 – Localizar no texto as frases ou expressões que remetam para as afirmações apre-sentadas e sublinhá-las;

2 – Analisar palavras que indiquem sequência;3 – Proceder a uma ordenação provisória tendo em atenção as palavras que indicam

sequência; 4 – Reler a ordenação analisando a sua lógica;5 – Reler o texto para confirmar as tuas opções;6 – Confirmar a ordenação.

3 – Quais os passos que devem ser seguidos para saber se é possível calcular a idade de uma tartaruga? Ordena as frases para obteres uma resposta à pergunta. (Reorganização)

a) Contar o número de círculos em cada escudo.b) Verificar se é possível contar o número de círculos.c) Observar os compartimentos ou escudos da carapaça.

321

Sugestões/Comentários:A ordenação dos procedimentos necessários para calcular a idade de uma tartaruga é exigente porque

apenas no final do texto o leitor é alertado para o procedimento a adoptar. Apenas no final do texto é revelado o primeiro procedimento a adoptar.

Repete-se a enumeração das estratégias a usar nas tarefas que implicam ordenação a fim de ajudar os alunos a relembrar qual a abordagem sistemática que deve ser adoptada.

4 – Uma tartaruga que tenha cinco círculos, que idade terá? (Reorganização)

1 – Francisca Crítica; 2 – Conceição Reorganização; 3 – Conceição Reorganização; 4 – Conceição Reorganização.

A resposta correcta é: 5 anos.

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GOLFINHO NO RIO

O texto que se apresenta tem um vocabulário acessível. Antes da leitura do texto sugere-se a explicação das palavras: “suplementar”, “apurou-se”, “cardumes”, “cais” e “estuário”, bem como a activação do conheci-mento dos alunos sobre golfinhos, onde podem ser encontrados em Portugal e a localização do rio Douro.

Classificação e extensão do texto: Informativo, 108 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Pequeno grupo. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelo professor. - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita em pequenos grupos. - Correcção: Professor.

GOLFINHO NO RIO

Dia 6 de Julho, domingo, um golfinho nadou entre os barcos de recreio, no Cais de Gaia.A Polícia Marítima, presente no local, demonstrou uma competência suplementar impedindo que

curiosos continuassem a perseguir, fazer festas e tentar mergulhar com um animal selvagem.À conversa com os agentes da autoridade, apurou-se que se tratava de “um solitário roaz, de cerca

de três metros, vindo de Espanha, onde lhe puseram o nome de Gaspar”, e que “já esteve em Mira, Figueira da Foz, Leça e agora está no estuário do Douro. Bastante amigável, aparece junto dos barcos e persegue cardumes de tainhas”.

Não seria bom voltar a ter golfinhos no Douro?

Jorge Gomes, in Revista “Parques e vida selvagem” Ano VIII, n.º 24, p. 20.

21 de Junho a 21 de Setembro de 2008.

1 – Selecciona, de entre as afirmações abaixo, aquela que consideras correcta para responder à pergunta.Na tua opinião por que razão o aparecimento de um golfinho no Cais de Gaia deu origem a uma notícia numa revista? (Compreensão Inferencial)

1) Porque o autor do texto gosta muito de golfinhos.2) Porque o golfinho era bonito e amigável.3) Porque era um golfinho solitário.4) Porque constitui um acontecimento raro.

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O golfinho apareceu um animal selvagem.

O golfinho é no Cais de Gaia.

Algumas pessoas mergulharam apareceu um golfinho.

No dia 6 de Julho para nadar e fazer festas ao golfinho.

2 – Transcreve do texto uma frase que mostre que a Polícia Marítima esteve presente no Cais de Gaia para proteger o golfinho. (Compreensão Inferencial)

1 A2 B3 C4 D

3 – Liga as expressões. (Compreensão Literal)

Aceitar como correcta a transcrição: “Impedindo que curiosos con-tinuassem a perseguir, fazer festas e tentar mergulhar com um animal sel-vagem”.

4 – No rio Douro já existiram golfinhos. Transcreve uma frase que indique que estes animais já lá viveram. Justifica a tua escolha. (Compreensão Inferencial)

Presta atenção! Pedem-te para transcreveres uma frase que justifique a afirmação “No rio Douro já existiram golfinhos”. Tens de procurar uma frase que mostre que no rio Douro já existiram golfinhos.

Aceitar como correcta a transcrição: “Não seria bom voltar a ter golfinhos no Douro?”. Pode, também, aceitar-se uma explicação apoiada na expressão “voltar a ter”, que indica que já terão existido antes.

Sugestões/Comentários:Para realizar esta tarefa é necessário que os alunos façam uma inferência, em que a expressão “voltar a

ter” desempenha um papel-chave.Se os alunos tiverem dificuldade, sugere-se o recurso às seguintes actividades:1. Ler o texto parágrafo a parágrafo. No final de cada leitura verificar se existe alguma informação rele-

vante para realizar o que é solicitado. Este procedimento permite ensinar aos alunos uma estratégia a usar quando se confrontam com dificuldades deste tipo.

2. Quando for lido o último parágrafo “Não seria bom voltar a ter golfinhos no Douro?”, explorar o sig-nificado de “voltar a ter”.

Ao efectuar a divisão em tarefas mais simples está também a ensinar-se aos alunos uma abordagem que promove o desenvolvimento de estratégias de monitorização da compreensão.

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5 – Para cada afirmação, indica as que são Verdadeiras (escreve V) e as que são Falsas (escreve F).

1 - O golfinho, a quem chamaram Gaspar, foi visto em Mira, na Figueira da Foz e em Leça.2 - A Polícia Marítima mostrou uma competência suplementar porque habitualmente não tem de proteger golfinhos.

3 - Embora no texto se afirme que o golfinho é um animal selvagem, o autor está enganado, porque os golfinhos não gostam das pessoas.

4 - O Cais de Gaia fica no estuário do rio Douro.

5 - O golfinho come tainhas.

6 - O golfinho da notícia mede aproximadamente três metros.

Resposta AfirmaçõesProcesso

CL

CI

CI

R

CI

CL

V

V

F

V

V

V

1 – Durval Inferencial; 2 – Durval Inferencial; 3 – Juvenal Literal; 4 – Durval Inferencial; 5.1 – Juvenal Literal; 5.2 – Durval Inferencial; 5.3 – Durval

Inferencial; 5.4 – Conceição Reorganização; 5.5 – Durval Inferencial; 5.6 – Juvenal Literal.

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O QUE FAZ SOPRAR O VENTO?

O texto que se segue é curto e tem um vocabulário acessível.

Classificação e extensão do texto: Informativo, 148 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Trabalho individual. - Modalidade de leitura do texto: Leitura silenciosa. - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita em trabalho individual. - Correcção: Hetero-correcção.

1 – Classifica cada afirmação como Verdadeira (V) ou Falsa (F). Justifica a tua resposta, trans-crevendo do texto a informação que usaste para responder.

Repara que são dois os pedidos: a) classificar como verdadeiro ou falso e b) transcrever fra-ses/expressões que justificam a tua escolha.

O QUE FAZ SOPRAR O VENTO?

O ar que nos rodeia está sempre em movimento; desloca-se porque a sua temperatura não é a mesma em todos os locais. Quando o ar é aquecido pelo Sol, torna-se mais leve, e então, sobe até um lugar onde está mais frio.

O ar mais frio desce até às zonas quentes, movimento que constitui o vento.Há duas espécies de ventos. Um sopra em zonas limitadas. Por exemplo, num local com muitas

nuvens o ar é mais frio do que num local com muito sol. A diferença de temperatura faz deslocar o ar; o vento sopra.

À segunda espécie de vento chama-se ventos planetários; sopram continuamente em grandes extensões da Terra. Deslocam-se entre as zonas frias das proximidades dos pólos e as zonas quentes próximas do equador. Estes ventos planetários impelem as nuvens e as tempestades de um ponto para outro do planeta.

O Grande Livro das Perguntas e Respostas de Charlie Brown, 2, p. 63 (adaptado).

Lisboa: Bertrand Editora, 1989.

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2 – Assinala com Verdadeiro ou Falso as respostas à pergunta seguinte.O que significa a palavra “impelem” na frase: “Estes ventos planetários impelem as nuvens e as tempestades de um ponto para o outro do planeta.”?

Afirmações V FProcesso

2.1

2.2

2.3

Empurram.

Impedem.

Põem em movimento.

ES

ES

ES

3 – Completa, seleccionando a alternativa correcta.O nome “Ventos planetários” foi escolhido provavelmente porque… (Compreensão Inferen-cial)

1) sopram em zonas muito limitadas do planeta.2) é um nome bonito.3) sopram em grandes extensões da Terra.4) deslocam ar.

1.1 – Conceição Reorganização; 1.2 – Conceição Reorganização; 1.3 – Juvenal Literal; 2.1 – Gustavo Significado; 2.2 – Gustavo Significado;

2.3 – Gustavo Significado; 3 – Durval Inferencial.

Avaliação de Progresso 3Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 2006

1.1 - O vento é explicado pelo movimento do ar.

1.2 - O ar frio é mais pesado do que o ar aquecido.

1.3 - Existem dois tipos de ventos: os localizados e os planetários.

Afirmações V FProcesso

Aceitar como correcta a selecção de informação: “O ar aquecido sobe… o ar frio desce…”; “movi-mento que constitui o vento”.

Aceitar como correcta a selecção de informação: “O ar aquecido pelo sol torna-se mais leve” e “o ar mais frio desce”

Aceitar como correcta a selecção de informação: “Há duas espécies de ventos… um so-pra em zonas localizadas… a segunda espécie de vento é a que se chama dos ventos planetá-rios.”

R

R

CL

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72

O texto que se segue tem um vocabulário acessível. A opção por elaborar perguntas que remetem para a compreensão inferencial extra-textual poderá, contudo, suscitar algumas dificuldades. Como são pedidas inferências de causalidade que requerem conhecimentos extra-textuais, este texto é particularmente útil para envolver os alunos na pesquisa de informação, permitindo, ao mesmo tempo uma reflexão sobre regras básicas de segurança na cozinha, local onde ocorre um grande número de acidentes domésticos.

Classificação e extensão do texto: Instrucional, 95 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Grupo turma. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelos alunos. - Modalidade de leitura das instruções: Em voz alta pelos alunos. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Discussão sobre as personagens sinalizadas no

programa. - Realização das actividades: Oral pelo grupo turma, seguida do registo individual no livro do aluno. - Correcção: Professor.

OS DEZ MANDAMENTOS DA PRUDÊNCIA

Neste texto vais ficar a conhecer algumas das regras básicas de segurança que devem ser cumpridas na cozinha. Para cada uma vais tentar descobrir as razões da sua existência. Para isso, tens de pensar sobre as consequências de alguns comportamentos. Confesso que não sei muito sobre este assunto, mas pergunta aos teus pais ou professores e eles dar-te-ão uma ajuda.

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Nas tomadas só tocarás com as mãos secas; olha a corrente!

O fogão de gás não acenderás sem que o conheças previamente.

Do abre-latas te serviráscom muito jeito, fica ciente.

Ao lume, os cabos voltaráspara a parede – é mais prudente.

A manteiga não deixarásescurecer excessivamente.

Água fria não deitarás- é um perigo! – no azeite quente!

Tachos, panelas, encherás- mas até ¾ somente…

Se a sopa ferve, evitarásque vá por fora e haja acidente!

Gás, luz e água fecharásno fim, imediatamente.

E em tudo te comportaráscomo pessoa inteligente.

Maria de Lurdes Modesto, in “A colher de pau”, p. 6. Lisboa: Editorial Verbo, 1965.

1 – Lê com atenção o primeiro mandamento:Nas tomadas só tocarás com as mãos secas; olha a corrente!

1.1 – Porque se diz que “nas tomadas só tocarás com as mãos secas”? (Compreensão Inferencial)

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: as mãos húmidas são condutoras da electricidade, o que pode provocar um choque eléctrico.

OS DEZ MANDAMENTOS DA PRUDÊNCIA

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2.1 – Porque é preciso conhecer previamente o fogão? (Compreensão Inferencial)

2 – Lê agora o segundo mandamento:O fogão de gás não acenderás sem que o conheças previamente.

Aceitar como correctas as respostas que se refiram a questões de se-gurança.

3.1 – Porque é que o abre-latas deve ser usado com muito jeito? (Compreensão Inferencial)

3 – Vejamos agora o terceiro mandamento:Do abre-latas te serviráscom muito jeito, fica ciente.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a tampa das latas pode cortar a mão..

4.1 – A que cabos se refere esta frase? (Extracção de Significado)

4 – O quarto mandamento diz-nos o seguinte:

Ao lume, os cabos voltaráspara a parede – é mais prudente.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: “pegas”, “asas” das panelas, dos fervedores, das frigideiras…

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a) razões de segu-rança; b) se estiverem virados para fora há uma maior probabilidade de, sem querer, ao passarmos ou aproximarmo-nos do fogão lhes tocarmos e os tachos ou as frigideiras se virarem (podendo queimar-nos ou provocar incêndios).

5 – Por que razão devem estar os cabos virados para a parede? (Compreensão Inferencial)

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a manteiga, quan-do fica “escurecida: a) “altera o sabor”; b) “é prejudicial à saúde”.

6 – No quinto mandamento a autora lembra-nos:

6.1 – Porque é que não se deve deixar escurecer a manteiga? (Compreensão Inferencial)

A manteiga não deixarásescurecer excessivamente.

Sugestões/Comentários:Esta pergunta remete para conhecimento extra-textual não acessível a um número elevado de alunos.

Para os ajudar pode recorrer-se a dois procedimentos alternativos:1.º Explorar experiências pessoais de alunos, ajudá-los a adiantar as razões de a manteiga ficar escura.2.º Pesquisar na internet para explicar as razões deste escurecimento.

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7 – O sexto mandamento recomenda:

7.1 – O que acontece quando se deita água fria em azeite ou óleo quentes? (Compreensão Inferencial)

Água fria não deitarás- é um perigo! – no azeite quente!

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a água fria, quando adicionada ao óleo ou ao azeite a ferver, evapora-se instantaneamente e provoca pequenas explosões que podem causar queimaduras graves.

Sugestões/Comentários:O efeito observado pode ser usado para incentivar os alunos a procurarem informação que explique o

fenómeno.Os alunos podem, igualmente, ser questionados sobre o que acontece quando se acrescenta azeite/óleo

frio a óleo quente ou sobre o que fazer quando o azeite fica demasiado tempo no fogão. Estas sugestões estão orientadas para a expansão de conhecimentos.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: ao começarem a ferver, os líquidos movimentam-se e sobem, podendo transbordar.

Sugestões/Comentários:A partir desta resposta, pode explorar-se a razão de o transbordamento do líquido constituir um proble-

ma. A esta questão os alunos devem ser capazes de responder que esta situação pode provocar algum proble-ma de segurança, antecipando as razões que serão convocadas na resposta à pergunta 10. Os alunos poderão também avançar com explicações do tipo “sujar o fogão”, que podem ser aceites, mas enfatizando as razões de segurança.

8 – O sétimo mandamento avança com mais uma recomendação:

8.1 – Porque não se devem encher completamente panelas e tachos? (Compreensão Inferen-cial)

Tachos, panelas, encherás- Mas até ¾ somente…

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: “apenas” ou qual-quer outro sinónimo.

Sugestões/Comentários:Propor aos alunos que reescrevam o parágrafo, substituindo a palavra “somente” por outra que permita

manter o significado da frase.Ex.: Tachos, panelas, encherás - Mas apenas até ¾.

9 – O que significa “somente”? (Extracção de Significado)

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Aceitar como correctas as respostas que indiquem: se a sopa (ou outro qualquer líquido) transbordar pode apagar o bico do fogão, mas que o gás continua a sair, sem haver chama que o consuma. Nos fogões eléctricos o problema não se coloca de maneira tão perigosa.

10.1 – Por que razão a sopa, se “for por fora”, pode provocar um acidente? (Compreensão Inferencial)

10 – O oitavo mandamento completa o sétimo. Lê-o.Se a sopa ferve, evitarásQue vá por fora e haja acidente!

Sugestões/Comentários:A procura de justificação para esta pergunta permite explorar e aprofundar os cuidados a ter e como pro-

ceder em caso de haver emissão de gás num ambiente fechado (o que se deverá fazer no caso de a chama se apagar e ter continuado a haver saída de gás). Esta informação pode ser procurada na internet.

11.1 – Por que razão devemos desligar a água, a luz e o gás? (Compreensão Inferencial)

11 – O nono mandamento lembra-nos mais um cuidado:Gás, luz e água fecharásNo fim, imediatamente.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: segurança e/ou poupança de energia.

Sugestões/Comentários:Tal como as perguntas anteriores, esta permite, também, explorar a importância de evitar desperdícios.

Permite, igualmente, articular aspectos de educação ecológica e ambiental.

12 – Responde à pergunta e justifica.A autora escreveu este texto para adultos ou para crianças? (Compreensão Crítica)

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: o livro é para crianças.

Razões para justificar que se trata de um livro para crianças: - Os adultos já têm experiência de cozinha, pelo que já saberão estas

regras.- Pela forma como o livro está escrito (ex: é um texto com rimas).

Sugestões/Comentários:A última pergunta exige a compreensão crítica. Este tipo de questões é, no geral, difícil, exigindo discus-

são e argumentação. É importante que os alunos explicitem os indicadores que estiveram na base das suas respostas. Esta reflexão contribui para a modelagem de estratégias de metacompreensão.

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13 – Teresa, uma aluna de 4.º ano, fez o seguinte comentário: “O título deste texto não é adequado. Deveria ser: Os Nove Mandamentos da Prudência”. O que terá levado a Teresa a fazer aquele comentário? (Compreensão Crítica)

1.1 – Durval Inferencial; 2.1 – Durval Inferencial; 3.1 – Durval Inferencial; 4.1 – Gustavo Significado; 5 – Durval Inferencial; 6.1 – Durval Inferen-cial; 7.1 – Durval Inferencial; 8.1 – Durval Inferencial; 9 – Gustavo Significado; 10.1 – Durval Inferencial; 11.1 – Durval Inferencial; 12 – Francisca Crítica; 13 – Francisca Crítica.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: o último manda-mento é uma síntese e não uma orientação.

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O texto apresentado tem um vocabulário acessível e não requer conhecimentos extra-textuais particu-lares para ser compreendido. A sua abordagem exige, contudo, uma reflexão detalhada. No texto aparecem destacadas palavras e expressões, as quais não estão presentes no livro do aluno. Antes da leitura do texto sugere-se a exploração das palavras seleccionadas no glossário. Os algarismos no texto estão associados à pergunta número 6.

Classificação e extensão do texto: Narrativo, 302 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Grupo turma. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelos alunos que preparam o texto em casa. - Modalidade de leitura das instruções: Em voz alta, rotativamente pelo professor e pelos alunos. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Discussão sobre as características das persona-

gens sinalizadas no programa. - Realização das actividades: Oral pelo grupo turma, seguida do registo individual no livro do aluno. - Correcção: Professor

NA QUINTA DAS CEREJEIRAS

NA QUINTA DAS CEREJEIRAS

É sempre difícil abandonar a casa em que se nasceu e a que se estava habituado, tão habituado como à luz do dia ou à escuridão da noite. Mas para Luís, difícil, difícil, foi separar-se do Bigodes, no seu entender o rafeiro* mais bonito e mais esperto do que qualquer cão de raça com o nome pomposo de algum herói da História.

Um dia antes da partida, entregou-o à viúva do ourives*, a Dona Amélia, que sempre tinha achado graça ao seu focinho peludo e aos seus olhos malandros. Embora soubesse que ela o iria tratar bem, Luís teve a sensação de deixar ficar para trás um pedaço do seu coração que lhe iria fazer falta e que, um dia, teria de ir buscar para o repor no sítio. Um coração quer-se inteiro, ou não será assim?

Claro que é. Há momentos na vida das pessoas que se cravam na carne como pregos e que alicate nenhum de lá consegue tirar. Um momento assim foi aquele em que Luís entregou Bigodes à Dona Amélia e falou deste jeito:

- Cá está o Bigodes, Dona Amélia. Seja amiga dele, sim? E dê-lhe um bom osso todos os dias. O senhor Felisberto do talho não leva nada por isso. Trago-lhe aqui a escova de arame. O Bigodes está habituado a ser escovado aí umas duas vezes por semana…

Nisto o Bigodes levantou o focinho para Luís com um trejeito de surpresa e depois ergueu-se nas patas traseiras para, com as dianteiras, lhe arranhar a camisola, no sítio do peito. De um modo seme-lhante costumava arranhar a porta de casa para pedir que lha abrissem. Luís ainda conseguiu dizer-lhe:

- Tem paciência, Bigodes. Estou farto de te explicar que lá na cidade, no prédio onde vou morar, não deixam a gente ter cão.

Depois afastou-se a correr.Ilse Losa, in “Na Quinta das Cerejeiras”, 9.ª Ed., pp. 10-11. Porto: Asa, 2003.

© Ilse Losa/SPA 2010

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Sugestões/Comentários:Se necessário, deve chamar-se a atenção dos alunos para a expressão “Lá na cidade”, que leva a inferir que

o Luís não vive na cidade.

Sugestões/Comentários:Esta tarefa pode ser objecto de discussão por parte do grupo/turma, registando-se no quadro da sala as

razões apresentadas pelos alunos ou as suas experiências pessoais, enquanto moradores, pois podem ser avan-çadas outras razões que não apenas o barulho que os cães farão (menor espaço, transmissão de doenças…). No final, os alunos podem transcrever as conclusões para os respectivos cadernos.

*Glossário:

Ourives s. m. fabricante ou vendedor de objectos de ourivesaria (p. 640).Rafeiro I adj. 1. que pertence a uma raça própria para guarda; 2. que não tem raça definida, sendo re-sultado do cruzamento de diversas raças; 3. Coloq. Pej., má língua; 4. Coloq. Pej., que anda sempre atrás de outra pessoa aborrecendo-a e adulando-a; 5 Coloq. Pej., que não presta; que tem mau aspecto; II s. m. 1 cão que pertence a uma raça própria para guarda; 2. que não tem raça definida, sendo resulta-do do cruzamento de diversas raças; 3. Coloq. Pej., pessoa mal dizente; 4. Coloq. Pej., que anda sempre atrás de outra pessoa aborrecendo-a e adulando-a (p. 732).

Fonte: Dicionário Ilustrado da Língua Portuguesa (2001). Porto: Porto Editora.

1 – Onde morava o Luís? A esta pergunta, Margarida, uma aluna, respondeu: “O Luís mo-rava numa casa”. A resposta estará correcta e completa? (Metacompreensão)

Para responderes, pergunta a ti próprio: “Que informação do texto terá a Margarida usado para res-ponder à pergunta?”. Relê o texto e sublinha as informações que aches que a Margarida usou.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a resposta da Margarida está correcta mas não com-pleta. Ele morava numa casa (moradia, casa com quintal ou jardim) onde devia ter espaço ao ar livre para o cão e agora vai morar num prédio.

2 – Em muitos prédios de apartamentos não é autorizado que os moradores tenham cães. Assinala a alternativa que consideras justificar esta afirmação. (Compreensão Inferencial)

1) A lei não permite.2) As pessoas que moram em apartamentos não gostam de animais.3) Os cães ladram e o seu barulho pode incomodar os outros moradores.4) Os cães são animais muito perigosos.

2.1 - Explica porque não estão correctas as alternativas que não escolheste. (Metacompreensão)

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1) Existem acontecimentos na vida que são difíceis de esquecer.2) As pessoas espetam-se com pregos que são difíceis de tirar.3) Não se consegue tirar pregos com alicates.

3 – “Há momentos na vida das pessoas que se cravam na carne como pregos e que alicate nenhum de lá con-segue tirar”.Selecciona o que achas que a autora pretende dizer com esta frase: (Compreensão Inferencial)

4 – Jogo “Coleccionar frases especiais”.Vamos agora fazer um jogo. Vamos descobrir no texto frases ou expressões que descrevam sentimentos ou atitudes de forma pouco habitual. (Compreensão Inferencial)

Procura agora mais frases deste tipo. Transcreve-as e explica o que quereria a autora expri-mir quando as escreveu.

Vê o exemplo que escolhemos:

Pensa comigo. O que quereria a autora transmitir?Provavelmente que o Luís ficou triste e amargurado. Deixar o Bigodes era

como deixar ficar um bocado de si próprio… E porque não escreveu “deixar ficar para trás um pedaço de uma per-

na…”?Porque o coração é a parte do corpo identificada com os afectos, com os sen-

timentos…

Luís teve a sensação de deixar ficar para trás um pedaço do seu coração, que lhe iria fazer falta e que, um dia, teria de ir buscar para o repor no sítio.

Repara que são três os pedidos: a) identificar frases e/ou expressões; b) transcrevê-las; e c) explicá-las.

Muitos colegas teus não têm as respostas completamente correctas porque se esque-cem de responder a tudo o que é pedido. Presta muita atenção às perguntas. Não te preci-pites NUNCA!

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Frases especiais O que quereria a autora transmitir?

Sugestões/Comentários:Com esta actividade pretende-se levar os alunos a identificar recursos estilísticos. Embora a abordagem

deste conteúdo, em termos explícitos, não faça parte do programa do 4.º ano de escolaridade, a sua abordagem implícita está perfeitamente ao alcance dos alunos.

“…tão habituado como à luz do dia ou à escuridão da noite.”

“Um coração quer-se inteiro, ou não será assim?”

“De um modo semelhante costumava arranhar a porta de casa para pedir que lha abrissem.”

“…com um trejeito de surpresa…”

O Bigodes estava muito habituado a viver naquela casa, conhecia-a muito bem.

Um coração partido está associado a senti-mentos negativos como a tristeza ou a solidão, e o Luís não quer ter o coração assim, mas inteiro, preenchido de emoções positivas.

Para o Bigodes, o Luís era a sua casa; o seu gesto mostrava a vontade que tinha de ficar com o Luís.

O Bigodes mostrou-se surpreendido com as palavras do Luís.

Atenção! Umas vezes tens de pedir ajuda ao Juvenal Literal e outras ao Durval Infe-rencial.

Para te certificares de que transcreves todas as características do Bigodes, volta a ler o texto e sublinha todas as palavras e expressões que forneçam informações sobre ele.

Faz o teu registo num quadro como o que podes ver a seguir.

5 – Como era o Bigodes? Transcreve do texto palavras ou frases que permitam caracterizá-lo.

Processo Características Físicas*

Bonito

Focinho peludo

Bigodes compridos (focinho peludo e nome de Bigodes)

CL

CL

CI

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Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a intenção da autora era mostrar que o Bigodes era um cão especial, excepcional, e que o Luís tinha muito orgulho nele. O Bigodes era um rafeiro, mas mais bonito e esperto do que outros cães de raça muito distintos e com nomes estranhos

Processo Características Psicológicas**

CL

CI

Esperto

Brincalhão

Sugestões/Comentários:É de sugerir aos alunos que recorram a cores distintas para sublinhar as características físicas e psico-

lógicas. “Bigodes compridos” e “brincalhão” são duas características que os alunos têm de inferir. Pode ser necessário ajudar os alunos a identificá-las e a formularem hipóteses sobre as expressões assinaladas. A título de exemplo: “Por que razão se chamaria Bigodes?”; “A expressão << olhos malandros>> o que quererá dizer-nos?”. No livro do aluno, as instruções estão associadas à personagem Vicente Inteligente.

* Sublinhadas a azul.** Sublinhadas a vermelho.

6 – Depois de ter ouvido ler o primeiro parágrafo, Margarida perguntou à professora: “Por que razão a autora escreveu que ele era mais bonito e mais esperto do que qualquer cão de raça com nome pomposo de algum herói da História?”Se fosses professor(a), que resposta lhe darias? (Metacompreensão)

Sugestões/Comentários:A questão proposta deve ser analisada e discutida em grande grupo. Se os alunos tiverem dificuldade em

avançar com razões, devem propor-se questões que os ajudem a pensar:Exemplos: “Será que quer dizer que o Bigodes era especial?”“Será que quer dizer que o Bigodes era excepcional?”“Será que quer dizer que o Bigodes, apesar de não ter raça nenhuma, era mais bonito e mais esperto do

que qualquer cão de raça?”“Será que quer dizer que o Luís tinha muito orgulho no seu cão e que o achava melhor que todos os ou-

tros?”“Será que quer dizer que, apesar de ter um nome simples – Bigodes, era um cão muito especial?”

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1) O Bigodes gosta de ser escovado.2) O Luís quer manter os hábitos do Bigodes para ele se sentir bem.3) A Dona Amélia não sabe tratar de cães.4) O Bigodes é um cão muito exigente.

7 – “Cá está o Bigodes, Dona Amélia. Seja amiga dele, sim? E dê-lhe um bom osso todos os dias. O senhor Felisberto do talho não leva nada por isso. Trago-lhe aqui a escova de arame. O Bigodes está habituado a ser escovado aí umas duas vezes por semana…”.

Selecciona as alternativas correctas para responder à pergunta que se segue. Face a esta descrição, o que podemos concluir? (Compreensão Inferencial)

Reparaste que na pergunta pedia “as alternativas”? Isto significa que haverá mais do que uma alternativa correcta. Quantas seleccio-naste?

8 – Já estás habituado a organizar conjuntos de palavras. O que vais fazer agora constitui o conjunto de sentimentos expressos no texto. Completa este esquema e, se precisares, acres-centa outros rectângulos. (Compreensão Inferencial)

Sentimentos expressos no

texto:Tristeza

AngústiaMágoa

Saudade

Solidão

Sugestões/Comentários:A identificação de sentimentos é uma tarefa complexa. Com frequência os alunos referem “triste”, “conten-

te”, “alegre”, “feliz”, “infeliz”, “zangado”, “irritado”, revelando um repertório lexical limitado no que concerne à nomeação de sentimentos. Este exercício constitui uma oportunidade não só de avaliar a capacidade para in-ferir sentimentos, mas também de expandir o vocabulário específico nesta área. No sítio http://pt.wikiquote.org/wiki/Categoria: Sentimentos, é disponibilizada uma lista de sentimentos, organizada por ordem alfabé-tica. A sua consulta pode ser facilitadora para ajudar os alunos a identificarem e nomearem alguns dos sen-timentos expressos no texto. Como expansão desta actividade pode, também sugerir-se a identificação dos sentimentos despertados pela leitura deste mesmo texto. O(s) esquema(s) apresentado(s) com o conjunto de sentimentos deve(m) ser construído(s) no quadro da sala de aula, com a colaboração de todos os alunos, que poderão, posteriormente, transcrever a informação para o seu caderno.

Possíveis referências: tristeza, desolação, saudade, amargura, angústia, infelicidade, desgosto, desconsolo, mágoa, solidão, desamparo, pesar, desapontamento, incómodo, dor, tormento…

Os alunos podem ser incentivados a procurar outros sentimentos, para além dos identificados, e relaciona-dos com estes. Este processo pode ser efectuado com recurso ao dicionário tradicional ou recorrendo à lista de sinónimos que está disponível no Microsoft Word e ao qual têm acesso nos respectivos portáteis (Magalhães). Devem escolher os sinónimos que considerarem ajustados.

Como actividade complementar, os alunos podem identificar sentimentos opostos e também descrever sentimentos associados a felicidade e a bem-estar.

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Sempre que não percebo alguma coisa, olho para o texto e imagino-o como alguém que me está a dizer algo que eu não estou a perceber. Por isso, interrogo-o. É im-pressionante como usando esta estratégia melhoro a mi-nha compreensão! A partir daqui, vais ter de fazer, várias vezes, perguntas ao texto.

9 – O texto termina com a frase: “Depois afastou-se a correr”.Faz uma pergunta sobre esta frase e elabora a respectiva resposta. Não te esqueças de indicar quem é a personagem da Família Compreensão.

Pergunta:

Resposta:

Personagem da Família Compreensão:

Neste texto, e também nos anteriores, sugiro-te várias vezes que o releias. Sabes porquê? Porque a nossa memória nem sempre consegue reter toda a infor-mação e uma só leitura geralmente não chega para que consigamos responder. Resultado – respostas incompletas.

Por isso, nada de confiar exclusivamente na memória para responder. Relê o texto para confirmares e corrigires as tuas respostas.

Sugestões/Comentários:Ao longo do programa sugerimos, para alguns textos, que sejam os alunos a elaborar as perguntas e a

classificar o processo subjacente, dado que este procedimento contribui para o desenvolvimento da compreen-são leitora e de estratégias de aprendizagem.

Depois de os alunos terem elaborado as respectivas perguntas, estas deverão ser respondidas pelo grupo.

1 – Vicente Inteligente; 2 – Durval Inferencial; 2.1 – Vicente Inteligente; 3 – Durval Inferencial; 4 – Durval Inferencial; 5 – Durval Inferencial e

Juvenal Literal; 6 – Vicente Inteligente; 7 – Durval Inferencial; 8 – Durval Inferencial.

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O CAÇADOR DE BORBOLETAS

A selecção de poemas que efectuámos para integrar este programa teve como principal preocupação o seu potencial para ajudar os alunos a “… passar gradualmente do jogo à reflexão, da leitura como fruição elementar à análise reflectida” (Cabral, 2002, p. 15). Para que a relação lúdico-afectiva com a língua possa ser incrementada, não podemos “…infantilizar a acção pedagógica pela simples reintrodução nela de práticas infantis como as canti-lenas ou as histórias da carochinha, ou os pseudopoemas ingénuos que a criança produz espontaneamente. Preservar e fomentar uma relação lúdico-afectiva com a linguagem é encontrar-lhe outras formas de satisfação, progressivamente adequadas ao nível etário dos alunos. Formas de satisfação que, em vez do prazer imediato e epidérmico da brincadeira inconsequente, lhes possam proporcionar, no convívio com a língua, o prazer retardado e profundo da fruição estética e da experimentação imaginativa, actividades lúdicas pluridimensionais dotadas de uma inequívoca função heurística.” (Fonseca, 1994, pp. 174-175).

O poema “Caçador de Borboletas” é o primeiro a ser incluído neste programa. É difícil ensinar a compre-ender a poesia. Explicar poesia é “dar a ver” a sua linguagem poética, sem correr o risco de retirar o valor estético de cada palavra usada.

Classificação e extensão do texto: Poesia, 109 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Grupo turma. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelo professor e silenciosa pelos alunos - Modalidade de leitura das instruções: Em voz alta pelos alunos. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Discussão sobre as características das persona-

gens sinalizadas no programa. - Realização das actividades: Oral pelo grupo turma, seguida do registo individual no livro do aluno. - Correcção: Professor.

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Eu gosto muito de poesia. Sei que é difícil de compreender e que exige reflexão. O Durval Inferencial diz que sem ele não conseguimos compreender, pois precisamos de ir além do que é evidente e procurar os significados ocultos. Tenho aprendido muito com ele e, por isso, vou explicar-te como podes melhorar:

1) Lê silenciosamente a poesia. Desta forma, compreendes o sentido geral. 2) De seguida, imagina que a vais ler em voz alta para uma plateia ou para o

teu grupo de amigos. Esta leitura tem de ser bem feita. Relê pedacinho a pedacinho e decide que sentimentos a tua voz e o teu corpo podem exprimir.

3) Lê de novo o poema, em voz alta.Agora segue-me. Vou reproduzir, bocadinho a bocadinho, o poema e vamos res-

ponder às perguntas.

O CAÇADOR DE BORBOLETAS

Sorridente, ao nascer do dia,ele sai de casa com a sua rede.Vai caçar borboletas, mas fica presoà frescura do rio que lhe mata a sedeou ao encanto das flores do prado.Vê tanta beleza à sua voltaque se esquece da rede em qualquer ladoe antes de caçar já foi caçado.À noite, regressa a casa cansadoe estranhamente felizporque a sua caixa está vazia,mas diz sempre, suspirando:Que grande caçada e que belo dia!Antes de entrar, limpa as botasnum tapete de compridos pêlose sacode, distraído,as muitas borboletas de mil coresque lhe pousaram nos ombros, nos cabelos.

Álvaro Magalhães, in “O Reino Perdido”, s/p.

Porto: Edições ASA, 1986.

Depois de teres efectuado uma leitura, em silêncio, do poema, responde à pergunta 1.

1 – Achas que o título deste poema “Caçador de Borboletas” foi bem escolhido? Porquê? (Compreensão Crítica)

Aceitar como correctas respostas que indiquem: a) Sim, porque de facto fala de um caçador de borboletas; b) Sim, porque afinal as borboletas foram “caçadas” mas não no sentido real (com redes); c) Não, porque não houve nenhuma caçada.

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Lê agora cada pedacinho do poema. Repara que ao dividir o po-ema nem sempre temos o mesmo número de versos em cada parte. Devemos dividi-lo por “unidades de sentido”, isto é, cada pedacinho tem de despertar sentimentos, levar-nos a pensar em alguma coi-sa… Vê como fiz e responde às perguntas.

2.1 – A quem se refere este “ele”? (Compreensão Inferencial)

2 – Sorridente, ao nascer do dia / ele sai de casa com a sua rede.

Aceitar como correcta a resposta: “caçador de borboletas”.

3.1 – O que acontece ao caçador? (Compreensão Inferencial)

3 – Vai caçar borboletas, mas fica preso / à frescura do rio que lhe mata a sede / ou ao encanto das flores do prado.

Aceitar como correctas respostas que incluam: “ Fica perto do rio a desfrutar a frescura e a beleza do lugar, a beleza das flores …”

4.1 – O que exprimem estes três versos? (Reorganização)

4 – Vê tanta beleza à sua volta / que se esquece da rede em qualquer lado /e antes de caçar já foi caçado.

Aceitar como correctas respostas que indiquem: foi apanhado/preso/conquistado/seduzido pela beleza do lugar. Fica a olhar a paisagem (e tal-vez também as borboletas a voar, livres e felizes) e esquece-se de caçar…

5.1 – Parece estranho o caçador estar feliz quando, afinal, a caixa está vazia. Qual será então a razão desta felicidade? (Compreensão Crítica)

5 – À noite, regressa a casa cansado / e estranhamente feliz / porque a sua caixa está vazia, / mas diz sempre, suspirando: / Que grande caçada e que belo dia!

Aceitar como correctas respostas que indiquem: ele “caçou” com os olhos. Traz a imagem da beleza que viu e sente-se bem por ter deixado as borboletas em liberdade.

5.2 – Selecciona a resposta correcta para responder à pergunta. Que motivo tinha o caçador para achar que aquele tinha sido um belo dia? (Compreensão Crítica)

1) Tinha apanhado muitas borboletas.2) Afinal não tinha perdido a rede.3) Tinha estado um belo dia de sol.4) Tinha visto coisas muito belas.

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6.1 – O caçador acabou por trazer borboletas para casa. Como é que elas vieram? (Compreensão Inferencial)

6 – Antes de entrar, limpa as botas / Num tapete de compridos pêlos / E sacode, distraído, / As muitas bor-boletas de mil cores / Que lhe pousaram nos ombros, nos cabelos.

6.2 – Não te parece, também, estranha a atitude das borboletas? O que as terá levado a acom-panhar o caçador? (Compreensão Crítica)

7 – O caçador apanhou muitas borboletas? Retira do texto a expressão que justifica a tua resposta. (Compreensão Inferencial)

8 – O que quer dizer a expressão “estranhamente feliz”? (Compreensão Crítica)

Aceitar como correctas respostas que indiquem: Agradecimento das borboletas por não as ter privado de liberdade… Vieram mostrar-lhe que, em liberdade, conseguem ainda ser mais bonitas… Afinal, deixá-las em liberdade é poder vê-las sem sair de casa.

Aceitar como correcta a resposta: “Não” e a expressão “a sua caixa está vazia”.

Aceitar como correctas respostas que indiquem: elas vieram nos olhos e no coração do caçador e também vieram livremente com ele, pousadas nos seus ombros e nos seus cabelos.

Aceitar como correctas respostas que indiquem: Sendo um caçador de borboletas, deveria estar triste por não ter apanhado nenhuma. No entanto, apesar disso, ele está feliz porque a caixa está vazia mas ele tem os olhos cheios da beleza de tudo o que viu.

1 – Francisca Crítica; 2.1 – Durval Inferencial; 3.1 – Durval Inferencial; 4.1 – Conceição Reorganização; 5.1 – Francisca Crítica; 5.2 – Francisca Crítica; 6.1 – Durval Inferencial; 6.2 – Francisca Crítica; 7 – Durval Inferencial; 8 – Francisca Crítica.

Avaliação de Progresso 4Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 2003

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O Mapa do Jardim Zoológico de Lisboa apresenta uma listagem dos animais e das atracções, bem como uma referência sumária ao número de espécies que podem ser observadas. A utilização de estratégias de procura de informação adequadas poderá constituir dificuldade para os alunos que não estejam habituados a “ler” este tipo de informação. Antes de se iniciar a leitura, pode ser analisada com os alunos a finalidade da informação incluída, a sua organização, imagem, animais, ícones, atracções e nota relativa à descrição do mapa.

Classificação e extensão do texto: Informativo, 157 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Pequeno grupo. - Modalidade de leitura do texto: Leitura silenciosa. - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita em pequeno grupo. - Correcção: Auto-correcção.

MAPA DO JARDIM ZOOLÓGICO

Já alguma vez utilizaste um mapa para te orientares numa visita? Nem sempre é fácil porque, cá para nós, alguns mapas não são muito legíveis. Não é o caso deste. Para além da planta do Jardim Zoológico de Lisboa, na parte inferior está uma legenda que te ajuda a identificar onde estão localizados os animais, as atracções e outras informa-ções.

Para responderes às perguntas vais ter de analisar em simultâneo a imagem da planta e a informação escrita.

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Observa com atenção este mapa do Jardim Zoológico de Lisboa para que possas responder às perguntas que se seguem. Não te esqueças de ler também as respectivas legendas. Selecciona as opções correctas para responder às perguntas 1, 2, 3 e 4.

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1 – Se começarmos o itinerário pela entrada, que atracções encontraremos em primeiro lu-gar? (Compreensão Literal)

2 – A que tipo de espectáculo poderás assistir no bosque encantado? (Compreensão Literal)

3 – Queres assistir à alimentação dos leões-marinhos. Estes encontram-se: (Compreensão Literal)

4 – Queres comprar uma lembrança do Zoo para ofereceres à tua mãe. Onde poderás fazê-lo?(Compreensão Literal)

5 – Qual o número aproximado de espécies animais que podemos encontrar no Zoo de Lis-boa? (Compreensão Literal)

1) A Baía dos Golfinhos.2) A Quintinha.3) O Bosque Encantado.4) O Reptilário.5) O Parque Arco-íris.

1) Alimentação de leões-marinhos.2) Apresentação de aves em voo livre.3) Alimentação de pelicanos.4) Macacos a fazer malabarismo.5) Elefantes a andar em duas patas.

1) Numa zona central perto da Aldeia dos Macacos.2) Perto da saída.3) Perto do Cemitério dos Cães.4) No mesmo sítio da Baía dos Golfinhos.5) Ao lado do Reptilário.

1) Numa zona central perto da Aldeia dos Macacos.2) Entre a Baía dos Golfinhos e a Quintinha.3) Perto dos leões-marinhos.4) Ao lado dos elefantes.5) Ao lado do Reptilário.

Sugestões/Comentários:A resposta a esta questão obriga a que os alunos analisem em simultâneo a imagem e a informação escrita.

Uma vez que, para alguns, esta tarefa poderá ser muito exigente, sugere-se que os alunos que conseguirem responder adequadamente expliquem aos seus colegas o processo/as estratégias que usaram para encontrar a resposta correcta.

Aceitar como correcta a resposta: 350.

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6 – Indica 4 atracções que poderás visitar no Jardim Zoológico de Lisboa. (Compreensão Literal)

Aceitar quatro das seguintes possibilidades: Baía dos Golfi-nhos, Quintinha, Parque Arco-íris, Teleférico, Comboio, Repti-lário, Alimentação de Leões-marinhos, Bosque Encantado, Co-bras e Lagartos, Alimentação de Pelicanos.

1 – Juvenal Literal; 2 – Juvenal Literal; 3 – Juvenal Literal; 4 – Juvenal Literal; 5 – Juvenal Literal; 6 – Juvenal Literal.

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RIA DE AVEIRO

O texto Ria de Aveiro, embora curto, inclui um vocabulário específico e remete para conhecimentos extra-textuais que lhe conferem algum grau de complexidade.

Assim sendo, antes da sua leitura, sugere-se que o vocabulário que está sinalizado com asterisco seja analisado com os alunos.

Classificação e extensão do texto: Informativo, 98 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Trabalho individual. - Modalidade de leitura do texto: Leitura silenciosa. - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita em trabalho individual. - Correcção: Professor.

A Ria de Aveiro é uma das zonas húmidas mais impor-tantes de Portugal. A transição entre os ecossistemas maríti-mo, fluvial e terrestre proporciona uma grande diversidade de biótipos*, tornando-a, no entanto, um ecossistema* extrema-mente vulnerável. A sua riqueza paisagística única, o número e variedade de espécies, incluindo algumas protegidas, as ame-aças que sobre ela recaem e o potencial turístico justificam a necessidade de conservação, mas também uma visita atenta a esta laguna* costeira de beleza incomparável.

In Mapa oferecido na Revista Fórum Ambiente, n.º 59, 2006.

*Glossário

Ecossistema s. m. conjunto formado por um meio ambiente e os seres vivos que, em relacionamento mú-tuo normal, ocupam esse meio; sistema ecológico. (p. 577)Laguna s. f. 1. bacia litoral de águas quietas, separada do mar apenas por um ª de areia e com a qual mantém comunicação intermitente; 2. canal entre bancos de areia ou ilhotas, na foz de um rio; 3. pequena lagoa; 4. ria. (p. 992)ªrestinga = Língua Biótipo s. m. conjunto das propriedades vitais, características e diferenciais, dos indivíduos encarados na sua unidade. (p. 232)

Fonte: “Dicionário da Língua Portuguesa” (2003). Porto: Porto Editora.

LOCALIZAÇÃO: Região CentroProvíncia Beira LitoralDistrito: AveiroConcelhos: Aveiro, Ovar, Estarreja, Murtosa, Albergaria-a-Velha, Ílhavo, Vagos, Mira, Águeda e Oliveira do Bairro.

RIA DE AVEIRO

Atenção! Este texto tem um glossário. Que tal lê-lo em primeiro lugar? Pode ajudar!

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As definições que encontro no dicionário nem sempre me ajudam a perceber o significado das palavras. Por isso, às vezes procuro na internet as imagens que corres-pondem às palavras que não conheço. Vê as imagens que encontrei para as palavras “laguna” e “restinga”:

Fonte: http://www.arhcentro.pt/website/Portals/0/ria/imagens/a%20restinga%20de%20aveiro.jpgFonte: http://gallery.photo.net/photo/6807797-lg.jpg

Transição Torna possível

Proporciona PorémNo entanto MudançaJustificam IgualmentePotencial Possibilidade (Vigor, Poder)Mas também Explicam

1 A

2 B3 C4 D5 E6 F

O que podes fazer quando não conheces uma palavra ou uma expressão? São várias as estratégias a que podes recorrer: a) procurar descobrir o significado a partir do contexto, isto é, usar as pistas que o texto dá para inferir o que querem dizer; b) procurar num dicionário. Atenção! Depois de leres no dicionário vários significados terás de seleccionar o ou os que se adequam ao texto, isto é, analisar o contexto em que a palavra aparece. Podes usar um dicionário tradicional, em papel, ou consultar um dos disponíveis na internet. Aqui ficam alguns endereços a que podes aceder: http://www.priberam.pt/DLPO/; http://www.infopedia.pt/.

1 – Sublinha no texto as seguintes palavras ou expressões: “transição”, “proporciona”, “po-tencial”, “mas também”, “no entanto”, “justificam”. Liga as palavras (coluna da esquerda) ao respectivo significado (coluna da direita).(Extracção de Significado)

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Não te deixes enganar com esta pergunta! Atenção: não te pedem a tua opinião pesso-al! Lembras-te do que disse sobre prestar muita atenção às perguntas? Volta a ler a per-gunta. Repara que deves explicar, a partir da informação que está no texto, a necessidade de a Ria de Aveiro ser conservada. A tua opinião até podia ser diferente (não acredito!), mas não é a tua opinião pessoal que está a ser pedida.

Não te esqueças de confirmar se identificaste todas as razões, sem esquecer nenhuma. Ao releres o texto vai sublinhando a informação necessária para responderes de forma correcta e completa à pergunta.

3 – Porque estarão já algumas espécies protegidas? (Compreensão Inferencial)

4 – Em que distrito se localiza a Ria de Aveiro? (Compreensão Literal)

Aceitar como correctas as respostas que indiquem que se trata de espécies que podem estar ameaçadas e/ou em vias de extinção.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: Aveiro.

1 – Gustavo Significado; 2 – Conceição Reorganização; 3 – Durval Inferencial; 4 – Juvenal Literal.

Sugestões/Comentários:Nesta actividade pode-se sugerir que os alunos sublinhem, com um lápis de cor, as partes do texto com a

informação necessária para responder à pergunta. Este procedimento contraria a tendência que muitos alunos evidenciam que é a de, ao encontrarem uma primeira justificação, considerarem não ter de procurar outras. Assim, após efectuarem um sublinhado, devem ser incentivados a continuar a ler o texto, procurando mais informação. Esta tarefa contribui para o treino de estratégias de aprendizagem (selecção de informação) e para o controlo da tarefa.

Sugestões/Comentários:Esta tarefa destina-se a promover a inferência do significado de palavras com o recurso à análise contex-

tual. Deve dar-se aos alunos a oportunidade de responderem individualmente. A correcção pode ser feita, pos-teriormente, pelo professor. Os erros devem ser analisados, relendo o texto e compreendendo o seu sentido.

A língua portuguesa é extremamente polissémica, pelo que o recurso ao dicionário é limitado. Mesmo com este é forçoso recorrer ao contexto para uma escolha adequada do significado a seleccionar.

2 – O autor do artigo defende que a Ria de Aveiro deve ser conservada. Concordas com esta afirmação? Justifica a tua resposta a partir da informação que te é dada no texto. (Reorganização)

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: deve ser conservada devido à riqueza da paisagem, ao número e variedade de espécies, às ameaças a que está sujeita e ao potencial turístico (a enumeração das razões deve ser exaustiva).

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PEIXE NO AQUÁRIO

PEIXE NO AQUÁRIOQue saudades do vento!Que saudades do mar!Que saudades do sol,da água a cantar.

Que tristeza a vida, na casa fechada,com búzios fingidos,com areia pintada.

Que raiva ser peixeEm sala de gente:Tudo o que é igualdeixa-me doente.

Era melhor um anzol!Era melhor uma rede!Os dias sem aventuranão matam fome nem sede.

Partam a caixa de vidro!Tirem a postiça paisagem!Deixem-me ao menos espaçopara a última viagem.

Maria Rosa Colaço, in “Versos Diversos Para Meninos Travessos”, p. 24.

Odivelas: Europress, 1994.

Antes da leitura, explora-se o título do poema. Em seguida analisa-se, com os alunos, o conhecimento que possuem sobre os aquários, as suas finalidades e os artefactos que normalmente são usados como elementos decorativos.

Classificação e extensão do texto: Poema, 78 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Grupo turma. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelo professor. - Modalidade de leitura das instruções: Em voz alta pelo professor e silenciosa pelos alunos. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Indicação pelo professor. - Realização das actividades: Oral pelo grupo turma, seguida do registo individual no livro do aluno. - Correcção: Professor.

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1 – Que saudades do vento! / Que saudades do mar! / Que saudades do sol, / da água a cantar.

1.1 – Depois de leres esta primeira quadra responde à pergunta que se segue, seleccionando a alternativa correcta.De que tinha saudades o peixe? (Compreensão Inferencial)

2 – Relê agora a segunda quadra e diz o que significa a expressão “búzios fingidos”. (Com-preensão Inferencial)Que tristeza a vida, / na casa fechada, / com búzios fingidos, / com areia pintada.

1) Do mar e do sol.2) De ser livre.3) De cantar.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: no aquário existem imitações de búzios verdadeiros.

Lembras-te do que já te disse sobre a leitura da poesia? Volta a aplicar-se aqui! Lê, em silêncio, quadra a quadra, saboreando as palavras.

Sugestões/Comentários:Depois desta primeira leitura, deve solicitar-se aos alunos que se coloquem no papel de um peixe num

aquário e que imaginem como se sentiriam. Esta abordagem global prepara a abordagem analítica que a seguir é solicitada. Poderá haver alunos que considerem haver vantagens em viver num aquário, a salvo dos predadores, possibilitando uma discussão sobre as vantagens e desvantagens da vida em cativeiro.

Sugestões/Comentários:O professor deve explorar com os alunos o que exprime esta primeira quadra. Após a identificação dos

elementos de que o peixe tem saudades – vento, sol, mar e água a cantar –, o professor deve solicitar aos alunos que discutam os motivos deste sentimento – saudade – por parte do peixe. Haverá, decerto, alguns alunos que optarão pela segunda alternativa. Se algum aluno tiver optado pela terceira alternativa deverá ser convidado a partilhar com os colegas as razões subjacentes a esta opção, ajudando os restantes a reconhecer a associação entre saudade e desejo de liberdade. Esta estratégia ajudará também à modelagem metacognitiva. Espera-se que sejam capazes de reconhecer que o sentimento que está ligado à saudade é o desejo de liberdade. Se ne-nhum aluno efectuar a opção pela alternativa “Ser livre”, caberá ao professor indicar que ele escolheria essa opção explicando porquê. A alternativa “Do mar, do vento e do sol” (compreensão literal) embora não esteja completamente errada, deve ser preterida, dado não abarcar todo o sentido da quadra.

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3 – Na terceira quadra o aquário é comparado a uma “casa fechada”. Que tristeza a vida, / na casa fechada, / com búzios fingidos, / com areia pintada.Achas que é uma boa comparação? Justifica. (Compreensão Crítica)

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a compa-ração é adequada uma vez que, à semelhança das pessoas em casas fechadas, o peixe não pode sair do aquário.

Sugestões/Comentários:Esta quadra dá-nos a ver o aquário como uma prisão, enquanto o mar representa a liberdade. Sugere-se

que, a partir da resposta a esta pergunta, se analise a oposição entre prisão e liberdade.

Esta quadra dá-me que pensar! Um peixe a desejar um anzol! A de-sejar uma rede! É mesmo preciso “entrar na cabeça” do peixe! Se conse-guires descobrir o que ele pensa, darás a resposta certa.

4 – Relê agora a quadra seguinte:Que raiva ser peixe / em sala de gente: / Tudo o que é igual / deixa-me doente.

4.1 – Para se exprimir deste modo, como achas que o peixe se sentia? Assinala a resposta correcta. (Compreensão Inferencial)

5 – Era melhor um anzol! / Era melhor uma rede! / Os dias sem aventura / não matam fome nem sede.

1) Doente.2) Cansado dos dias sempre iguais.3) Cansado de ser peixe.4) Irritado por ver muitas pessoas.

5.1 – Esta quadra é uma espécie de “grito de revolta” por parte do peixe. Este “grito de re-volta”, o que quererá dizer? Selecciona a alternativa que pensas corresponder ao que o peixe quer transmitir. (Compreen-são Inferencial)

1) Que o peixe tinha fome e sede.2) Que o peixe não queria ser pescado.3) Que o peixe preferia correr o risco de ser pescado a estar fechado no aquário.4) Que o peixe é um alimento importante.

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7 – Existem algumas razões para o peixe se sentir triste. Enumera-as. (Reorganização)

Não te esqueças de prestar atenção ao que é pedido. A realização desta tarefa exige que releias cuidadosamente todo o poema para encontrares todas as razões.

6 – Partam a caixa de vidro! / Tirem a postiça paisagem! / Deixem-me ao menos espaço / para a última viagem.6.1 – O que achas que exprime esta última quadra? Selecciona a alternativa correcta. (Com-preensão Inferencial)

1) O peixe queria destruir o aquário para poder ser livre.2) A paisagem que ele via era artificial, por isso ele estava triste.3) Sair do aquário significava a morte, mas ele preferia morrer a continuar privado de liberdade.4) O peixe já não tinha espaço no aquário e queria viajar.

Sugestões/Comentários:Espera-se que, a partir da leitura desta quadra, os alunos compreendam que o peixe era tão infeliz que se

sentia verdadeiramente angustiado e que um sentimento mórbido o assaltava de vez em quando. Além da res-posta à pergunta que aparece no livro do aluno, o professor pode apresentar perguntas adicionais para serem discutidas oralmente. Entre outras propõem-se as seguintes (que se reproduzem no livro do aluno, associadas à personagem Vicente):

- Neste contexto de tristeza e mágoa, o que representam o anzol e a rede? - Por que motivo o anzol e a rede estão ligados à expressão “última viagem”? - Que razões levam o peixe a desejar morrer?

1 – Durval Inferencial; 2 – Durval Inferencial; 3 – Francisca Crítica; 4.1 – Durval Inferencial; 5.1 – Durval Inferencial; 6.1 – Durval Inferencial; 7 – Conceição Reorganização.

Aceitar como correctas as enumerações que indiquem: a) vive numa casa fechada rodeado de coisas inúteis: luzes artificiais, areia pintada, pessoas indiferentes que vagueiam à sua volta; b) os seus dias são sempre iguais; c) não tem contacto com os elementos da natureza a que estava habituado: vento, sol, água do mar...; d) tem falta de liber-dade e desejo de viver no seu ambiente natural.

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D. AFONSO HENRIQUES, UMA FIGURA FASCINANTE

O fascínio* que D. Afonso Henriques exerce sobre os portugueses não é novo. Despertou há mais de oitocentos anos entre os que o conheceram pessoalmente. Os testemunhos escritos são vários e apresentaram-no de três maneiras distintas.

Para os monges de Santa Cruz, era um homem belo, inteligente, prudentíssimo. Um guerreiro que lhes merecia o nome de Gigante ou de Leão Rugidor. Mas mais do que tudo isso, era um verdadeiro instrumento de Deus, escolhido para desempenhar a missão sagrada de criar um reino independente e vencer os inimigos da fé cristã.

Para os seus companheiros de armas, o rei nada tinha de sobrenatural. Era o homem audaz*, vio-lento, irreverente*, capaz de grandes cóleras*, de grandes feitos. O camarada que na hora do ataque dizia alto e bom som: «Eu estarei convosco e serei o primeiro, ninguém poderá separar-me da vossa companhia, quer na vida quer na morte.» O chefe militar que seguiam sem hesitações.

Menos entusiastas são os textos dos livros de linhagens* escritos para relatar a história das gran-des famílias do Norte, que nem sempre o viram com bons olhos. Aí surgem peripécias, inventadas ou não, em que o rei não consegue impor a sua vontade a alguns dos senhores nobres com quem convivia. Estas peripécias traduzem afinal rivalidades da época e o retrato que pretendiam transmitir não ga-nhou força, desvaneceu-se*.

O que ficou foi o mito*.A figura de Afonso Henriques rompeu os contornos da pessoa real e transformou-se numa espécie

de herói de conto de fadas. Embora se saiba que foi um homem de carne e osso, embora se conheçam muitos pormenores da sua vida, basta dizer-lhe o nome e surge uma imagem fantástica. É o guerreiro invencível, sempre a cavalo, de espada em punho para conquistar terras aos mouros. Um rei. O primei-ro. A afirmação de um país.

José Mattoso, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, in “Os primeiros reis”, pp. 104-105. Lisboa: Caminho, 1993.

* Glossário Fascínio s. m. 1. O mesmo que fascinado; 2. Mau-olhado; encantamento.Audaz adj. 2 gén. 1. Que tem audácia; 2. Audacioso; 3. Atrevido.Irreverente adj. 2 gén. Não reverente; desrespeitoso.Cólera s. f. 1. Violenta irritação contra o que nos contraria; 2. Fig. Força, violência, fúria; 3. Indignação; 4. Bílis; 5. Doença epidémica manifestada por cãibras, vómitos, dejecções, etc.Desvaneceu-se 3ª pess. sing. pret. perf. ind. de desvanecer v. tr. 1. Inspirar desvanecimento a, causar orgu-lho; 2. Frustrar, baldar; 3. Dissipar; 4. Apagar, fazer desaparecer; v. intr. 5. Esmorecer, desmaiar, perder os sentidos; v. pron. 6. Vangloriar-se.Mito s. m. 1. Personagem, facto ou particularidade que, não tendo sido real, simboliza não obstante uma generalidade que devemos admitir; 2. Coisa ou pessoa que não existe, mas que se supõe real; 3. Coisa só possível por hipótese; quimera.

Fonte: http://www.priberam.pt/dlpo

Livro de linhagens Compilações genealógicas registadas nos séculos XIII e XIV e motivadas pela necessidade prática de conhecer, para efeitos de matrimónio, sucessão e direitos patrimoniais, a linha genealógica dos ascendentes.

Fonte: http://www.infopedia.pt/livro-de-linhagens

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1 – A partir da leitura do texto, descreve como era D. Afonso Henriques. Para tal completa o esquema seguinte: (Reorganização)

Não te esqueceste de ler o glossário, pois não? Para não me tornar aborrecido, a partir daqui não te tornarei a lembrar que uses esta estratégia! Confio em ti!

Posso lembrar-te o que deves fazer? 1) Reler o texto;2) Sublinhar as palavras ou expressões; 3) Identificar a personagem da Família Compreensão que te pode

ajudar. Lembro-te que algumas das características estão descritas no texto, pelo que será Juvenal Literal a trabalhar, mas outras têm de ser descobertas por ti, com a preciosa ajuda do Durval Inferencial;

4) Transcrever as palavras ou expressões para o esquema.

Características

Físicas

Psicológicas

Sugestões/Comentários:O formato proposto é o modelo de esquema. Embora, graficamente, apresente características específicas,

implica, tal como no registo em tabelas, a localização de informação e a sua classificação em função de catego-rias previamente definidas.

Na concretização da tarefa pode ser, novamente, recomendado o uso de lápis de cores diferentes para lo-calizar e diferenciar os dois tipos de características.

Belo, grande (inferência de gigante)

Inteligente, prudentíssimo, audaz, violento, irreverente, capaz de grandes cóleras e heróico.Não consegue impor a sua vontade.

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2 – Para cada uma das transcrições do texto é proposta uma interpretação. Classifica cada uma delas como Verdadeira (V) ou Falsa (F).

Processo

2.1

2.2

2.3

V FAfirmação e interpretação

“O fascínio que D. Afonso Henriques exerce sobre os portugueses não é novo. Despertou há mais de oitocentos anos entre os que o conheceram pessoalmente.” Com esta afirmação os autores querem dizer que no tempo em que D. Afonso Henriques era vivo, já era admirado pelas outras pessoas.“Os testemunhos escritos são vários e apresentam-no de três maneiras distin-tas.”Com esta afirmação, os autores querem dizer que todas as pessoas estão de acordo sobre a personalidade D. Afonso Henriques.“Um guerreiro que lhes merecia o nome de gigante ou de leão rugidor.” Com a expressão “leão rugidor”, os autores querem dizer que D. Afonso Henriques era um rei destemido.

CI

CI

CI

3 – O camarada que na hora do ataque dizia alto e bom som: “Eu estarei convosco e serei o primeiro, ninguém poderá separar-me da vossa companhia, quer na vida quer na morte. O chefe militar que seguiam sem hesitações”.

O que sugere esta descrição de D. Afonso Henriques? Selecciona as alternativas que consideras correctas, assinalando Verdadeira (V) ou Falsa (F).(Compreensão Inferencial)

VAfirmações F1) Era um chefe em quem os militares acreditavam.

2) Era um homem corajoso.

3) Era um homem que tinha medo de morrer.

4) Era um homem que lutava lado a lado com os seus soldados.

Sugestões/Comentários:Como se antecipam dificuldades relativamente às perguntas 1 a 5, propomos a análise de frases que in-

tegram alguns parágrafos e que se analisem os seus significados com os alunos. Apresentam-se, de seguida, exemplos de perguntas que podem guiar a identificação das alternativas que estão correctas.

- A escolha da expressão “O camarada” o que sugere?”- “Serei o primeiro” o que sugere? Seria o primeiro a fazer o quê?- “Ninguém poderá separar-me da vossa companhia” o que sugere?- “O chefe que seguiam sem hesitações” o que sugere?Este procedimento de fazer perguntas ao texto é uma estratégia facilitadora da compreensão. Decompor

uma frase em várias unidades de sentido e analisar cada uma delas promove o desenvolvimento de estratégias de compreensão leitora e de monitorização da compreensão.

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4 – Qual foi o retrato de D. Afonso Henriques que se manteve através dos tempos? O dos companheiros de armas ou o descrito nos livros de linhagens? Transcreve do texto uma frase que justifique a tua escolha. (Reorganização)

5 – Elabora uma pergunta sobre o parágrafo seguinte. Indica qual a personagem da Família Compreensão que escolheste e o tipo de pergunta (de resposta de escolha múltipla, de resposta Verdadeiro ou Falso…).

“A figura de Afonso Henriques rompeu os contornos da pessoa real e transformou-se numa espécie de herói de conto de fadas. Embora se saiba que foi um homem de carne e osso, uma vez que se conhecem muitos pormenores da sua vida, basta dizer-lhe o nome e surge uma imagem fantástica. É o guerreiro invencível, sempre a cavalo, de espada em punho para conquistar terras aos mouros. Um rei. O primeiro. A afirmação de um país.”

Pergunta:

Personagem da Família Compreensão:

Resposta:

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: o retrato dos companheiros de armas.

“Estas peripécias traduzem afinal rivalidades da época e o retrato que pretendiam transmitir não ganhou força, desvaneceu-se.”

1 – Conceição Reorganização; 2.1 – Durval Inferencial; 2.2 – Durval Inferencial; 2.3 – Durval Inferencial; 3 – Durval Inferencial; 4 – Conceição Reorganização.

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OS OVOS

A escolha das várias receitas para cozinhar ovos foi efectuada de modo a permitir a comparação entre textos. O vocabulário é acessível e a descrição de cada receita é simples. À semelhança do que temos vindo a sugerir para outros textos, devem alertar-se os alunos para a consulta do glossário disponibilizado.

Classificação e extensão do texto: Instrucional, 611 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Pequeno grupo. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelo professor. - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Discussão sobre as características das persona-

gens sinalizadas no programa. - Realização das actividades: Escrita em pequenos grupos. - Correcção: Professor.

Há seis maneiras clássicas de cozinhar os ovos. Sabendo prepará-los na perfeição, pode fazer-se bastantes pratos, pois a utilização dos ovos é muito frequente na cozinha.

Ovos cozidos Coza durante onze minutos na própria casca em água a ferver em cachão*. Para os descascar, espere que arrefeçam. Se estiver com muita pressa, mergulhe-os em água fria e mude a água.

Ovos quentes Coza durante 3 minutos, na própria casca, em água a ferver brandamente. Para que a casca dos ovos não se parta, antes de serem mergulhados na água a ferver devem mergulhar-se previamente em água fria.

Ovos estrelado Derreta em lume brando uma colher de café de manteiga ou margarina por cada ovo. Deixe aquecer até que a manteiga ferva. Parta os ovos um a um para uma tigela e deixe-os escorregar para a frigideira. Reduza o lume e frite durante 5 minutos em lume brando. Adicione uma pitada de sal e outra de pimenta para cada ovo.

Ovos escalfados Deite num tacho água com vinagre na proporção de 1 colher de sopa de vinagre para uma chávena de água. Deixe levantar fervura. Reduza o gás de modo que a fer- vura fique no mínimo. Parta o ovo para uma tigela, aproxime-a do nível da água a ferver e deixe cair o ovo rapidamente. A clara coagula imediatamente e torna-se leitosa. Deixe cozer 3 minu- tos. Retire o ovo com uma escumadeira e coloque-o num prato em sítio aquecido. Proce- da do mesmo modo para o número de ovos desejado.

OS OVOS

Já te disse que culinária não é o meu forte… talvez por isso acho este texto desafiador! Não calculas a quantidade de coisas que podemos aprender à custa de uns simples ovos!

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Ovos em omeleta Parta os ovos para dentro duma tigela. Bata-os com um garfo (15 vezes, até a clara e a gema ficarem bem misturadas). Junte 4 pitadas de sal e 2 de pimenta. Acenda o gás (chama forte). Deite na frigideira 2 colheres de sopa de manteiga ou margarina. Deixe derreter e aquecer até a manteiga fazer espuma. Quando a manteiga deixar de fazer barulho, deite os ovos na frigideira. Misture rapidamente a manteiga e os ovos, mexendo sempre com o garfo. Deixe fritar 5 minutos, sacudindo continuamente a frigideira com a mão esquerda para a omeleta não se pegar. De vez em quando, levante os bordos da omeleta para deixar escorregar os ovos ainda líquidos. Quando a omeleta estiver bem presa, deixe-a escorregar para o prato de serviço, dobrando-a ao mesmo tempo. Treine-se bastante!

Ovos mexidos Bata os ovos como para uma omeleta, juntando sal (4 pitadas) e pimenta (2 pitadas).Acenda o gás (chama fraca). Numa frigideira derreta uma colher de sopa de man-teiga ou margarina. Quando a manteiga estiver derretida, junte os ovos e mexa-os, sem parar, com o garfo, enquanto estiverem ao lume. Os ovos transformam-se num creme que engrossa. Retire do lume quando os ovos tiverem a consistência deseja-da: os ovos continuam a engrossar em virtude do calor acumulado. Sirva em prato aquecido. Os ovos mexidos podem levar queijo ralado, ervas finas, cogumelos cortados em fatias e salteados com manteiga, fígado de aves cozido e picado, etc., que se lhes adi-cionam antes de irem ao lume.

(6 ovos)

Maria de Lurdes Modesto, in “A colher de pau”, pp. 30-31.

Lisboa: Editorial Verbo, 1965.

Omeleta com ervas finas

*Glossário:Em cachão loc. adv. formando bolhas, borbulhas.

Fonte: “Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa” (2001).

Lisboa: Editorial Verbo, p. 615.

Proceda como para a omeleta ao natural, juntando aos ovos, antes de fazer a ome-leta, 2 colheres de sopa de ervas finas (salsa, cebolinho, cerefólio, etc.).Podem rechear-se as omeletas com quaisquer legumes, toucinho, fiambre, etc. O processo é o mesmo… A necessidade é mestra de engenho…

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Depois de leres este texto sobre as diferentes maneiras de cozinhar ovos, realiza as activida-des 1 e 2, seleccionando as alternativas correctas.

1 – Quais são os modos de confeccionar ovos que demoram o mesmo tempo? (Compreensão Literal)

2 – A receita de ovos cozidos é diferente da receita de ovos quentes: (Compreensão Literal)

3 – Na receita “ovos em omeleta”, por que razão a autora terá escrito “treine-se bastante”? (Compreensão Inferencial)

1) Ovos quentes.2) Ovos estrelados.3) Ovos escalfados.4) Ovos cozidos.

1) Porque demora mais tempo a ser confeccionada.2) Porque os ovos são cozinhados com a casca.3) Porque são mergulhados em água a ferver lentamente.4) Porque só podem ser cozinhados depois de frios.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: “enrolar os ovos” é uma tarefa difícil/exige precisão.

4 – Lê a instrução seguinte:

“Proceda como para a omeleta ao natural, juntando aos ovos, antes de fazer a omeleta, 2 colheres de sopa de ervas finas (salsa, cebolinho, cerefólio, etc.)

Podem rechear-se as omeletas com quaisquer legumes, toucinho, fiambre, etc. O processo é o mesmo… A necessidade é mestra de engenho…”

Explica o que quer a autora dizer com a expressão “A necessidade é mestra de engenho…”. (Compreensão Inferencial)

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a) a necessidade leva-nos a inventar; b) quando não temos um ingrediente podemos tentar substituí-lo por outro.

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Tempo de cozedura Ingredientes Tipo de preparação

Ovos cozidos 11 min Água e ovos Cozido Ovos quentes 3 min Água e ovos Cozido Ovos estrelados 5 minutos Frito Ovos escalfados 3 minutos Água, vinagre e ovos Cozido Omeleta Mais de 5 minutos Frito

Ovos mexidos Sem tempo Frito

Sugestões/Comentários:Esta expressão é similar ao ditado popular português “A necessidade aguça o engenho”.A extracção do significado de provérbios, máximas ou ditados não é uma tarefa fácil para crianças do 1.º

Ciclo do Ensino Básico, dado exigir um certo grau de abstracção e/ou de descodificação pelo que, na maioria dos casos, é necessário fornecer algumas pistas que ajudem a resolver a tarefa.

No caso do parágrafo em análise, pode ser explorado com os alunos o significado de cada palavra. No qua-dro, pode ser escrita a frase e debaixo de cada palavra o significado que cada uma tem. A palavra “engenho” pode ser desconhecida, pelo que o seu significado deve ser procurado num dicionário. Ao fazer corresponder vários significados a cada palavra, não só está a ser expandido o vocabulário, como também as estratégias de metacompreensão.

5 – Preenche a tabela seguinte: (Reorganização)

Manteiga ou margarina, ovos, sal e pimenta

Ovos, sal, pimenta, manteiga ou margarina

Ovos, sal, pimenta, manteiga ou margarina

e outros ingredientes à es-colha de quem cozinha

Sugestões/Comentários:Para a localização da informação necessária ao preenchimento da tabela pode-se sugerir aos alunos que

sublinhem com lápis de três cores diferentes a informação relacionada com cada um dos pedidos efectuados (tempo de cozedura, ingredientes, tipo de cozedura). Este procedimento contribui para o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem

A tarefa não é nova. Já preencheste outras tabelas e esquemas, mas, se já não te lembrares, consulta o que fizeste em tarefas idênticas e escreve aqui os diferentes passos.

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6 – Nesta como noutras receitas é sugerido que se partam os ovos para uma tigela e só depois se deixem escorregar os mesmos para a frigideira. Por que razão não se poderão partir directamente para a frigideira? (Compreensão Inferen-cial)

Se pensas que vais encontrar a resposta no texto, estás enganado! Costumo dizer que estas perguntas são “inteligentes” porque nos obrigam a pensar naquilo que não está escrito no texto e a usar o que já sabemos.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a) para ver se não estão estragados; b) para não misturar; c) para não “esborracharem”. No entanto, a principal razão é a de verificar se não estão estragados, pois antes de os partir não é possível sabê-lo.

7 – Formula duas perguntas a partir do texto. As perguntas devem solicitar tipos de resposta diferentes (resposta de escolha múltipla, res-posta aberta, resposta do tipo Verdadeiro ou Falso...) e devem também requerer a ajuda de duas personagens diferentes da Família Compreensão.

Ovos mexidos

“Bata os ovos como para uma omeleta, juntando sal (4 pitadas) e pimenta (2 pitadas).Acenda o gás (chama fraca). Numa frigideira derreta uma colher de sopa de manteiga ou margarina. Quan-

do a manteiga estiver derretida, junte os ovos e mexa-os sem parar com o garfo, enquanto estiverem ao lume. Os ovos transformam-se num creme que engrossa. Retire do lume quando os ovos tiverem a consistência desejada: os ovos continuam a engrossar em virtude do calor acumulado. Sirva em prato aquecido.

Os ovos mexidos podem levar queijo ralado, ervas finas, cogumelos cortados em fatias e salteados com man-teiga, fígado de aves cozido e picado, etc., que se lhes adicionam antes de irem ao lume.”

Maria de Lurdes Modesto, in “A Colher de Pau”, p. 31.

Lisboa: Editorial Verbo, 1965.

Vou contar-te um segredo! Quando estudo, gosto de me imaginar professor e faço perguntas sobre o texto. Sabes uma coisa? Às vezes, as perguntas que faço são iguais às que os professores fazem. Quando é assim… respondo num instante.

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Pergunta 1:

Personagem da Família Compreensão:

Resposta:

Pergunta 2:

Personagem da Família Compreensão:Resposta:

Sugestões/Comentários:Esta actividade adopta um formato lúdico. Cada aluno faz duas perguntas a outro colega. Se este respon-

der correctamente, fará ele as suas perguntas a outro, e assim sucessivamente. Dada a reduzida extensão do texto é provável que haja perguntas com formulações diferentes mas que requerem uma mesma resposta. Esta estratégia permite aos alunos contactarem com formas diferentes de fazer perguntas, mas que conduzem a uma mesma resposta.

Se um aluno não responder correctamente, caberá ao que elaborou as perguntas fornecer pistas que aju-dem o colega a descobrir a resposta correcta.

Avaliação de Progresso 5Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 2007

1 - Juvenal Literal; 2 - Juvenal Literal; 3 - Durval Inferencial; 4 - Durval Inferencial; 5 - Conceição Reorganização; 6 - Durval Inferencial.

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O texto que se segue é relativamente extenso, mas com um vocabulário acessível. A figura do espantalho, mesmo para crianças de meio urbano, é conhecida, quer em termos de descrição, quer de função. A proposta de exploração efectuada é complexa, tendo-se privilegiado o desenvolvimento de processos de reorganização e de compreensão crítica. O texto destacado está associado às perguntas 3 e 8. Os algarismos estão relacionados com a pergunta 3. Estas informações não estão disponíveis no livro do aluno.

Classificação e extensão do texto: Narrativo, 540 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Grupo turma. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta, rotativamente pelo professor e pelos alunos. - Modalidade de leitura das instruções: Em voz alta, rotativamente pelo professor e pelos alunos. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Discussão sobre as características das persona-

gens sinalizadas no programa. - Realização das actividades: Oral pelo grupo turma, seguida do registo individual no livro do aluno. - Correcção: Professor.

FIRMINO, O AMIGO DOS PÁSSAROS

FIRMINO, O AMIGO DOS PÁSSAROS

«Porque não gostam os pássaros de mim, se os pássaros são a coisa de que eu mais gosto na vida?» - lamentava-se, choroso, o espantalho Firmino, vendo bandos de pardais, tentilhões e pintassilgos a voar muito distantes, a caminho de terras quentes.

Tinham-no colocado no meio de uma grande seara para afugentar a passarada. Estava ali de pé firme, com um ar muito triste, roupas esfarrapadas e lágrimas secas ao canto dos olhos pequeninos.

Quando chegava a Primavera e os pássaros chegavam de muito longe, com as suas penas coloridas e chilreios alegres, tentava acenar-lhes com as mãos de pano, mas não conseguia fazer sequer um mo-vimento porque estava preso a grossas estacas de madeira.

Por mais que tentasse, por maiores que fossem os seus esforços, não conseguia deixar de assustar os pássaros. Gostava de ser amigo deles, de os ajudar, de os abrigar, cansados da longa viagem, debaixo dos seus grandes braços de pano, madeira e arame.

O dono das terras queria-o ali, carrancudo e ameaçador, para evitar que os pássaros estragassem as culturas. Mas Firmino, embora compreendesse o que se esperava dele, não conseguia estar de acordo. Não podiam fazer dele um espantalho mau à força. Ele gostava de flores, de rios de água azul, do riso das crianças, de estrelas, de fios de luar e palavras doces.

Ano após ano chegavam bandos de pássaros de muito longe, mas com nenhum conseguiu fazer amizade. Mal o viam lá de cima mudavam de rota.

Firmino ainda se tentou embelezar. Encheu de lindas papoilas vermelhas o grande chapéu preto, sujo e esburacado. Mas nem assim conseguiu melhores resultados.

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Que podia ele fazer numa situação daquelas? Fugir? Deixar de ser espantalho? Explicar aos pás-saros que não queria nem podia fazer-lhes mal? Foram ideias que teve, mas nenhuma podia tornar-se realidade, porque cada vez se sentia mais enterrado no chão mole da seara, incapaz de se mexer, de fazer um gesto sequer.

Ia já adiantada a Primavera, quando viu desenhar-se no grande céu azul um bando de pássaros co-loridos. Foi então que tudo se tornou cinzento e frio e Abril, de súbito, se transformou num Dezembro de tempestade. Era a primeira vez que via uma coisa assim.

Empurrados pela forte ventania, os pássaros afastaram-se da rota e foram cada um para seu lado, muitos aflitos. Alguns caíram exaustos no meio da seara.

Só lhes restava um caminho e foi esse precisamente que escolheram: num esforço final juntaram-se todos e poisaram no chapéu e nos braços de Firmino que, feliz, os protegeu para evitar que fossem arrastados pela tempestade. Enfiou uns debaixo do casaco, outros debaixo do chapéu, outros ainda dentro das mangas largas e cheias de palha macia.

Quando o temporal amainou, os pássaros agradeceram-lhe e prepararam-se para seguir de novo a sua rota. A rota tranquila da Primavera.

«Levem-me convosco. Porque gosto muito de pássaros e estou farto de ser espantalho» – pediu Firmino, cheio de timidez. Ainda não tinha acabado de falar e já os pássaros o elevavam no ar, a grande altura. Tão alto que nunca mais ninguém o viu.

E agora, sempre que chega o mês de Abril e as árvores se cobrem de folhas muito verdes e os cam-pos de erva fresca e macia, Firmino voa alegre sobre as searas, suspenso nos bicos dos seus maiores amigos.

José Jorge Letria, in “Histórias do Arco-Íris”, pp. 24-27.

Lisboa: Livros Horizonte, 1983.

© José Jorge Letria/SPA 2010

1 – À frente de cada uma das afirmações que encontras no quadro abaixo assinala Verdadeiro (V) ou Falso (F) para completar a frase que se segue. A roupa do Firmino era esfarrapada porque… (Compreensão Inferencial)

VAfirmações F1) ele não tinha dinheiro para comprar roupa nova.2) assim espantava melhor os pássaros.3) o tinham vestido com as roupas usadas do dono da seara.4) os espantalhos têm sempre roupas velhas.

Olha que às vezes as coisas parecem muito fáceis mas não o são!

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112

2 – Como tens a certeza de que realizaste correctamente a actividade anterior? (Meta-compreensão)

Se estás lembrado, no início falámos sobre estratégias para verificar a correc-ção das respostas. Uma delas consiste em fazer o que aqui te é pedido, ou seja, procurar no texto informações que te ajudem a confirmar as tuas decisões.

Ora diz lá que não mereço o nome de “Inteligente”! Aqui, nesta pergunta, pe-dem-te que faças o que, afinal, já te ensinei a fazer. Mesmo quando não te pedem que confirmes, mostra o que vales e fá-lo tu, sempre!

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a) Como estão muito tempo expostas ao sol, ao vento e à chuva, as roupas estragam-se rapidamente, por isso aproveitam-se as já usadas; b) Os espantalhos são bo-necos de palha, feitos pelos agricultores para espantar os pássaros, e são sempre vestidos com roupas que já não se usam e que ficaram velhas.

Podem ainda ser aceites outras respostas alternativas desde que fundamentadas.

3 – Ordena as frases, de acordo com a sequência do texto. (Reorganização)

4 – Resume o seguinte excerto do texto: (Reorganização)

Disse que não iria repetir-me, mas não resisto a dizer-te:Lembra-te da estratégia para responder a tarefas em que te pedem uma ordena-

ção. Procura ser metódico.

a) Os pássaros fugiram de Firmino.b) O dono das searas colocou Firmino no meio da seara.c) Todas as Primaveras, Firmino voa nos céus azuis.d) Firmino sentia-se triste e infeliz.e) Firmino tornou-se amigo dos pássaros.f) Firmino é feliz.

“Ia já adiantada a Primavera, quando viu desenhar-se no grande céu azul um bando de pássaros coloridos. Foi então que tudo se tornou cinzento e frio e Abril, de súbito, se transformou num Dezembro de tempestade. Era a primeira vez que via uma coisa assim.

Empurrados pela forte ventania, os pássaros afastaram-se da rota e foram cada um para seu lado, muito aflitos. Alguns caíram exaustos no meio da seara.

Só lhes restava um caminho e foi esse precisamente que escolheram: num esforço final juntaram-se todos e poi-saram no chapéu e nos braços de Firmino que, feliz, os protegeu para evitar que fossem arrastados pela tempestade. Enfiou uns debaixo do casaco, outros debaixo do chapéu, outros ainda dentro das mangas largas e cheias de palha macia.” (126 palavras)

1.º

2.º

3.º

4.º

5.º

6.º

Sugestões/Comentários:As afirmações não são transcrições do texto, devendo ser inferidas. Se a tarefa se apresentar muito difícil,

o professor pode ajudar a localizar a informação no texto. Depois da ordenação, pode ser criado um texto que integre estas frases na sequência encontrada.

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Antes de começares a fazer o que te é pedido, “faz perguntas” a cada um dos parágrafos. Es-creve o resumo, respondendo às tuas perguntas.

Como já te disse, não é fácil fazer resumos. Por isso, esforço-me por encontrar boas estratégias. Vou ensinar-te. Imita o professor. Lê cada um dos parágrafos e imagina tu as perguntas que poderias fazer em cada um. Atenção tens de fazer per-guntas e dar as respostas.

Vê como eu faço:“Ia já adiantada a Primavera, quando viu desenhar-se no grande céu azul um

bando de pássaros coloridos. Foi então que tudo se tornou cinzento e frio e Abril, de súbito, se transformou num Dezembro de tempestade. Era a primeira vez que via uma coisa assim.”

Pergunta: – “A que altura da Primavera se está a referir o autor”?Resposta: – “Ao final da Primavera.”Pergunta: – “O que aconteceu”?Resposta: – “Uma tempestade.”Escrevo no resumo: “No final da Primavera ocorreu uma tempestade” ou “Uma

forte tempestade aconteceu no final da Primavera”.Agora continua tu.

Aceitar como correctas respostas que indiquem: a) Firmino não de-veria ter partido porque a sua obrigação era a ficar na seara a afugentar os pássaros; b) Firmino não deveria ter partido porque o lavrador preci-sava dele na seara; c) Firmino fez bem em partir porque tinha o direito de escolher uma nova vida.

Sugestões/Comentários:Associadas ao pedido de resumo, são sugeridas estratégias facilitadoras de extracção das categorias prin-

cipais da narrativa: acção, tempo, espaço, personagens …Com o pedido de que os alunos identifiquem a intenção das autoras, pretende-se que os mesmos tomem

consciência (através da verbalização) de que ao fazer perguntas se torna mais fácil identificar aquelas cate-gorias. Este procedimento (fazer perguntas ao texto) é uma estratégia que é generalizável a outros textos, embora a natureza das perguntas seja diferente.

Esta abordagem representa uma fase transitória, até os alunos serem capazes de sintetizar as ideias prin-cipais sem terem necessidade de recorrer à estratégia Pergunta – Resposta – Síntese (PRS) .

5 – Achas que Firmino deveria ter partido com os pássaros? Justifica a tua resposta. (Com-preensão Crítica)

Para aprofundamento desta estratégia pode consultar-se:Cottrell, S. (2008). The study skills handbook. Basingstoke: Palgrave MacMillan.James, E., & Barkin, C. (1998). How to be school smart: a school survival guide. New York: Lothrop, Lee & Shepard Books.

11

11

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Sugestões/Comentários:São admitidas várias possibilidades de resposta, eventualmente antagónicas, sendo que a sua adequação

depende da argumentação utilizada. As crianças da faixa etária a que o programa se destina optarão, provavel-mente, por justificações abrangidas pelas duas primeiras alternativas. O professor, poderá, no entanto, avançar com uma justificação orientada para a terceira alternativa, introduzindo um debate sobre a obediência e o direito de opção. Assim sendo, não se incluiu esta pergunta no livro do aluno.

Sugestões/Comentários: Depois de os alunos sublinharem os “factos” narrados no texto, sugere-se que o professor proceda à

correcção da actividade.

6 – O jogo da verdadeNo texto “Firmino, o amigo dos pássaros”, José Jorge Letria, o seu autor, mistura realidade e ficção. Procura no texto tudo o que pode ser verdade. Sublinha essa informação.(Compreensão Crítica)

7 – Lê o texto novamente. Escolhe 5 frases (as que quiseres), altera a ordem e pede a um colega que as ordene, de acordo com os acontecimentos relatados no texto. (Reorganização)

1 – Durval Inferencial; 2 – Vicente Inteligente; 3 – Conceição Reorganização; 4 – Conceição Reorganização; 5 – Francisca Crítica; 6 – Francisca Crítica; 7 – Conceição Reorganização.

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BISAVÓ EGLANTINA

O texto “Bisavó Eglantina” apresenta um vocabulário acessível que não gerará, por si só, dificuldades de compreensão. Para crianças de zonas urbanas as palavras “rédeas” e “ceifa” poderão ser menos conhecidas, mas não comprometem a compreensão global do texto.

A dificuldade deste texto está associada ao facto da bisavó Eglantina ser uma personagem imaginária, criada a partir de uma foto reproduzida num postal. O desafio de compreensão reside, precisamente, neste facto. A criança anima a imagem, provavelmente porque ela é muito expressiva e, a partir da mesma, cria um cenário onde tudo passou a ser possível. O retrato permitiu-lhe imaginar um passado, verosímil, onde ela pró-pria é, também, personagem. Imaginada a bisavó, ela trata-a como se fosse uma bisavó de verdade, enchendo-a de pormenores e trazendo-a para a sua família. Passando a ser a bisavó, era natural que sentisse saudades dela, era natural que lhe piscasse o olho num gesto de cumplicidade que só as bisavós têm, era natural que o seu retrato fizesse parte da infinidade de objectos de que nos rodeamos e que constroem as nossas memórias.

O processo de compreensão que será trabalhado é o de compreensão crítica, que implicará distinguir a realidade da fantasia, mas esta distinção convoca o mundo imagético da representação mental. Esta represen-tação é, em algumas descrições, tão congruente, que se torna credível. É a atenção a algumas subtilezas de linguagem que permite inferir a separação entre o real e o imaginário.

Classificação e extensão do texto: Narrativo, 370 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização de grupo de alunos: Pares. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelos alunos que preparam o texto em casa. - Modalidade de leitura das instruções: Silenciosa - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita em trabalho de pares. - Correcção: Professor.

BISAVÓ EGLANTINA

Apaixonei-me pela minha bisavó na montra de uma papelaria do meu bairro. Celeste, acho que era o nome. Da papelaria, claro. A minha bisavó chamava-se Eglantina, estava de pé, muito direita, metida num longo vestido preto com gola branca, segurando as rédeas* de uma carrocinha castanha, diante de um campo de trigo, com ar de quem acabou de dizer para o meu bisavô: - São horas da ceifa, Januário.

Fiquei muito tempo a olhar para ela, pensando por que razão não estava o meu bisavô a seu lado, no postal. Afazeres, decerto: os bisavôs são gente de muito trabalho. De repente pareceu-me vê-la piscar-me o olho, mas rapidamente me dei conta do engano: bisavó que se preza não anda neste mundo a piscar o olho à primeira bisneta que lhe aparece pela frente.

Em casa, disse à minha mãe:- Há um retrato da bisavó Eglantina na montra da Papelaria Celeste. Está diante de um campo de

trigo, cheia de saudades minhas.

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A minha mãe engasgou-se, tossiu, recompôs-se e disse:- A tua bisavó chamava-se Maria das Dores, e o único campo que conheceu era o quintal onde

estendia a roupa.O meu pai, sempre económico com as palavras, disse:- A tua bisavó morreu há tantos anos que nem me lembro do nome.Bisneta honrada não tem ouvidos. Trinquei um gomo de laranja e disse:- A minha bisavó chama-se Eglantina, e vai ficar em cima da minha mesa-de-cabeceira. O meu

quarto é grande, e uma bisavó ocupa pouco espaço. Além de que uma bisavó faz sempre muito jeito numa casa.

Ainda tens pouca tralha no teu quarto… – disse a minha mãe. - Mania das grandezas… Para que quererás tu uma bisavó, não me dizes? – resmungou o meu pai.Bisneta honrada não tem ouvidos. No dia seguinte a minha bisavó Eglantina, no seu vestido preto

de gola branca, guiou a carrocinha pelo campo de trigo fora, em direcção à moldura da minha mesa-de-cabeceira. Quando o sono custa a chegar, olho para ela e ela lá está, muito direita, com ar de quem acabou de dizer: “são horas da ceifa*, Januário”.

E enquanto espero que o meu bisavô se resolva finalmente a entrar para dentro do retrato, sorrio-lhe e adormeço.

Alice Vieira, in “Histórias nunca lidas”. Boletim Cultural, Série VII, N.º 5, p. 9.

Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1991.

© Alice Vieira/SPA 2010

*Glossário

Rédeas s. f. 1. Correia que se liga ao freio ou ao bridão das cavalgaduras e que serve para as guiar ou conduzir. 2. Fig. Governo, direcção, domínio, sujeição. Freio s. m. 1. Peça metálica presa às rédeas das cavalgaduras e que lhes atravessa a boca, servindo para as con-duzir; 2. Aparelho que regula ou faz cessar o movimento das máquinas, travão; 3. Cada uma das queixadas do torno do serralheiro; 4. Anatomia: Estrutura em forma de prega membranosa que reduz ou evita o movimento de um órgão; 5. Militar: Dispositivo mecânico, pneumático ou hidráulico, destinado a amortecer o recuo das bocas de fogo no momento da explosão da carga propulsora; 6. Figurado: Obstáculo, impedimento; tudo o que reprime, contém ou modera; sujeição, domínio. Ceifa s. f. 1. Acto de ceifar; colheita dos cereais, segada; 2. Época do ano em que se faz a colheita dos cerais; 4. Figurado: Grande desbaste, mortandade.

Fonte: http://www.infopedia.pt

Que imaginação! E que confusão também! Acho que a primeira dúvida a esclarecer é se a menina da história teria tido mesmo uma bisavó chamada Eglantina. Sim ou não? Sublinha no texto as frases ou expressões que permi-tem responder SIM e as que permitem responder NÃO e depois escreve-as numa tabela como a que vem a seguir. Eu costumo usar esta estratégia para organizar a informação e também para poder argumentar.

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1 – Segue o conselho do Vicente Inteligente e sublinha no texto as frases e expressões que apontam para NÃO e as que apontam para SIM. Transcreve-as para a tabela que encontras abaixo. Observa o primeiro exemplo. (Compreensão Crítica)

Frases que indicam que a bisavó Eglantina poderá ter existido

“Há um retrato da bisavó Eglantina na montra da Pape-laria Celeste.”

“A tua bisavó chamava-se Maria das Dores…”

Frases que indicam que a bisavó é uma persona-gem imaginária

“Fiquei muito tempo a olhar para ela, pensando por que razão não estava o meu bisavô a seu lado, no postal.”

“Apaixonei-me pela minha bisavó na montra de uma pape-laria do meu bairro.”

“Bisavó que se preza não anda neste mundo a piscar o olho à primeira bisneta que lhe aparece pela frente.”

“Para que quererás tu uma bisavó, não me dizes?”

“Ainda tens pouca tralha no teu quarto …”

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2 – O que te levou a colocar as frases na coluna da esquerda (personagem real) ou da direita (personagem imaginária)? (Compreensão Inferencial)

Frases que indicam que a bisavó Eglantina poderá ter existido

“Há um retrato da bisavó Eglantina na montra da Pape-laria Celeste.”A menina não parecia ter dúvidas de que era a foto-grafia da bisavó Eglantina que estava na montra da papelaria, pelo que a deve ter conhecido.

A mãe sabia o nome da bisavó e este não era Eglanti-na.

“A tua bisavó chamava-se Maria das Dores…”

Frases que indicam que a bisavó é uma persona-gem imaginária

É estranho que nos apaixonemos por uma pessoa de que só vimos uma foto na montra de uma papelaria.

“Apaixonei-me pela minha bisavó na montra de uma pape-laria do meu bairro”.

A expressão “primeira bisneta que lhe aparece pela frente” sugere que a bisavó não a conhecia. Geralmen-te as bisavós conhecem todos os bisnetos e bisnetas. ouA expressão “primeira bisneta que lhe aparece pela frente” é parecida com outra que costumamos usar. Quando dizemos “a primeira pessoa que nos apareceu pela frente” queremos dizer que escolhemos ao acaso. Só uma personagem imaginária é que escolhe uma bisneta ao acaso.

“Bisavó que se preza não anda neste mundo a piscar o olho à primeira bisneta que lhe aparece pela frente”.

O pai está a dizer que ela não tem bisavó nem precisa de nenhuma. Provavelmente percebe que a filha está a inventar uma bisavó imaginária e pergunta-lhe por-que tem necessidade de inventar uma bisavó.

“Para que quererás tu uma bisavó, não me dizes?”

“Ainda tens pouca tralha no teu quarto …”

Se a fotografia fosse da Bisavó, a mãe não a classificaria como tralha.

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Sugestões/Comentários:O texto “Bisavó Eglantina” inclui algumas frases ou expressões cujo sentido poderá considerar-se ambí-

guo. A título ilustrativo, veja-se a seguinte frase: “Apaixonei-me pela minha bisavó na montra de uma papelaria do meu bairro”.É pouco provável que existisse uma fotografia da bisavó na papelaria. Estaria lá um postal com uma fi-

gura, cuja expressividade fascinou a menina a ponto de ela desejar que fosse a sua bisavó, a qual não deve ter conhecido.

“… com ar de quem acabou de dizer para o meu bisavô: - São horas da ceifa, Januário.”“… cheia de saudade minhas.”“… pareceu-me vê-la piscar-me o olho.”“… guiou a carrocinha pelo campo de trigo fora, em direcção à moldura da minha mesa de cabeceira.”Os retratos não têm saudades mas os retratados podem ter. Um retrato fotográfico pode ser tão expressi-

vo que é possível, a partir dele, inferir se uma pessoa estaria triste, alegre, espantada... Em alguns casos, atri-buímos sentimentos e intenções às pessoas que estão nas fotografias. Neste caso, tudo parece indicar que, logo à primeira vista, aquela personagem do retrato exerceu um tal fascínio sobre a menina que esta se apaixonou por ela e a trouxe para a família e para a sua casa. Os retratos não falam, mas as pessoas retratadas podem agir e falar. A vida da bisavó Eglantina é construída pela imaginação da criança que, inclusivamente, convoca para o retrato outras personagens, como o avô, cuja ausência justifica com afazeres.

3 – Agora que preencheste a tabela, és capaz de dizer se a senhora do retrato era ou não bi-savó da menina? (Reorganização)

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a bisavó é uma personagem imaginária.

4 – Por que razão terá a menina desta história inventado uma bisavó imaginária?(Compreensão Inferencial)

5 – Completa o quadro abaixo, seleccionando V (verdadeiro) ou F (falso). Com base na informação fornecida pelo texto é, provavelmente, verdadeiro que: (Compreen-são Crítica)

Afirmações V F1) No bairro onde a menina vive com os pais, exista uma papelaria onde se vendem molduras para retratos.2) A menina viva com os pais e com os avós. 3) A menina tenha o seu quarto cheio de brinquedos e outros objectos que não sabemos quais são.4) O pai seja uma pessoa que fala muito.5) A menina sinta necessidade de ter uma bisavó real.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a) a menina gostaria de ter conhecido uma bisavó; b) gostaria de uma bisavó que ficasse à sua beira quando adormecesse; c) tinha muita imaginação.

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1 – Francisca Crítica; 2 – Durval Inferencial; 3 – Conceição Reorganização; 4 – Durval Inferencial; 5 – Francisca Crítica.

Sugestões/Comentários:Ao incluir na instrução a palavra “provavelmente”, cria-se a oportunidade para trabalhar com os alunos o

conceito de probabilidade associado à interpretação dos textos. Muito embora os alunos estejam habituados a pensar em termos de correcto e de incorrecto, esta visão dicotómica é limitadora, uma vez que, em muitos casos, nomeadamente quando há que efectuar inferências, podem ser deduzidas várias alternativas de res-posta. Esta divergência não significa que se possa aceitar qualquer resposta, sendo sempre necessário ter em consideração o próprio texto e os conhecimentos extra-textuais.

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DIORALYTE, PÓ PARA SOLUÇÃO ORAL (saquetas)

É muito provável que o folheto informativo sobre o Dioralyte confronte os alunos com um tipo de texto muito diferente daqueles com que está familiarizado, nomeadamente pelo vocabulário específico que inclui. Este texto, pelas dificuldades que apresenta, é particularmente útil para ensinar aos alunos estratégias espe-cíficas que respondam aos desafios por ele colocados. O texto sublinhado aparece igualmente no caderno do aluno.

Classificação e extensão do texto: Informativo, 391 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Pares. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelo professor. - Modalidade de leitura das instruções: Em voz alta pelo professor. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Indicação do professor. - Realização das actividades: Escrita em trabalho de pares. - Correcção: Professor.

DIORALYTE, PÓ PARA SOLUÇÃO ORAL (saquetas)

ComposiçãoCada saqueta de Dioralyte contém:Glicose 3,56 gCloreto de sódio 0,47 gCloreto de potássio 0,30 gCitrato dissódico 0,53 gA solução já preparada (1 saqueta em 200 ml) contém: 60 mmol/l de sódio (Na+), 20 mmol/l depotássio (K+), 60 mmol/l de cloretos (Cl-), 10 mmol/l de citrato e 90 mmol/l de glicose.

Forma farmacêutica e apresentaçãoPó para solução oral.Embalagens com 20 saquetas de pó.

Classe terapêuticaXIII-2) Correctivos das alterações hidroelectroliticas

Titular da Autorização de Introdução no MercadoKORANGI – Produtos Farmacêuticos, S.AParque Empresarial Primóvel, Edifício A-1, r/cAlbarraque2635-595 Rio de Mouro

APROVADO EM18-01-2004INFARMED

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Indicações terapêuticasO Dioralyte, depois de dissolvido em água, é uma solução que está indicada na correcção da perda de água e sais em lactentes, crianças e adultos em caso de diarreia e/ou vómitos.

Contra-indicaçõesExistem algumas situações em que o tratamento com Dioralyte não é aconselhado, como por exemplo, em casos de obstrução abdominal, vómitos persistentes e desidratação grave ou diarreia infantil grave em que será necessária uma terapêutica por via intravenosa.

Efeitos secundáriosPodem ocorrer náuseas ou vómitos após a administração da solução, em particular quando esta é in-gerida com demasiada rapidez. Estão também descritos casos isolados de desconforto abdominal e de obstipação.

Advertências e precauções especiais de utilizaçãoApenas para administração oral.Não se deve adicionar sal ou açúcar ao Dioralyte.

O Dioralyte só deve ser dissolvido em água e nunca em outras bebidas, nem mesmo sumos de fruta. Cada saqueta deve ser sempre dissolvida em 200 ml de água. Uma solução mais fraca do que a reco-mendada não contém a concentração óptima de glicose e electrólitos, e uma solução mais forte do que a recomendada pode originar um desequilíbrio electrolitico. A administração de Dioralyte a lactentes com menos de 12 meses só deverá ser feita por indicação médica. Deve consultar-se o médico no caso da diarreia persistir 24 horas após o início da administração de Dioralyte em lactentes com menos de 12 meses e 36 horas em crianças ou adultos.Deve tomar-se um cuidado especial na administração de soluções de glicose/electrólitos, como é o caso do Dioralyte, em doentes com insuficiência renal ou hepática grave ou noutras situações em que o equi-líbrio electrolitico se encontra alterado. Uma vez que a solução contém glicose, poderá ser necessário ajustar a dose em doentes diabéticos.

Efeitos sobre a capacidade de condução de veículos e utilização de máquinasO Dioralyte não afecta a capacidade de condução ou de utilização de máquinas.

Utilização em caso de gravidez ou aleitamentoA administração de Dioralyte não está contra-indicada durante a gravidez e o aleitamento.

Posologia e modo de administraçãoA quantidade da solução de Dioralyte que deve ser tomada é decidida pelo médico, tendo em conta o peso do doente e o estado e grau de desidratação.Um princípio básico do tratamento da diarreia é a rápida substituição dos líquidos perdidos, seguindo-se a manutenção de uma ingestão suficiente de líquidos para compensar a perda contínua nas fezes..

APROVADO EM18-01-2004INFARMED

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Recomenda-se a ingestão de 150 ml/Kg de peso no caso dos lactentes e 20-40 ml/Kg de peso em crianças e adultos.Lactentes: Deverá administrar-se Dioralyte em quantidades equivalentes a 1 - 1,5 vezes o volume alimentar habitual diário.Crianças (1-12 anos): 1 saqueta após cada dejecção (200 ml)Adultos (incluindo doentes idosos): 1 ou 2 saquetas após cada dejecção (200 - 400 ml)No início poderão ser necessárias quantidades superiores para compensar rapidamente os líquidos per-didos.No início do tratamento da diarreia todos os alimentos, incluindo o leite de vaca, devem ser interrompi-dos. No entanto, não se deve interromper o aleitamento materno. Nas crianças que amamentam sugere-se que se dê à criança o volume adequado de Dioralyte deixando, em seguida, a criança mamar até ficar satisfeita. Depois do desaparecimento dos sintomas (geralmente 24-48 horas) pode reintroduzir-se a dieta normal, gradualmente para evitar o reaparecimento agravado dos sintomas.Quando há náuseas ou vómitos, sugere-se a ingestão frequente de pequenas quantidades de Dioralyte. No entanto, é importante que seja tomado o volume total necessário de Dioralyte.

Reconstituição da solução:O conteúdo de cada saqueta deve ser dissolvido em 200 ml de água potável. Utilizar água potável para adultos e crianças. Nos lactentes, a água deve ser fervida e arrefecida. A solução deve ser preparada ime-diatamente antes da sua utilização. Se guardada no frigorífico a solução pode ser conservada durante 24 horas, senão deve ser rejeitada uma hora após a reconstituição. A solução não deve ser fervida.

Sobredosagem e intoxicaçãoNo caso de ocorrer uma sobredosagem significativa, devem monitorizar-se, logo que possível, os elec-trólitos séricos para que possam ser tomadas as medidas adequadas ao retorno dos níveis normais. Tal é particularmente importante nas crianças e nos doentes com insuficiência hepática ou renal grave.

ExcipientesSabor neutro: Dióxido de sílica, sacarina sódicaSabor a limão: Dióxido de sílica, sacarina sódica, aroma de limãoSabor a groselha: Dióxido de sílica, sacarina sódica, aroma de groselha preta.

Condições especiais de conservaçãoNão conservar acima de 25º C.As saquetas de Dioralyte devem ser guardadas em local seco e fresco.

• Comunique ao seu médico ou farmacêutico qualquer efeito indesejável que ocorradurante o tratamento e que não conste deste folheto.• Verifique o prazo de validade na embalagem

Data de revisão deste Folheto Informativo: Dezembro de 2003

APROVADO EM18-01-2004INFARMED

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1 – No texto estão sublinhadas várias palavras e expressões, que se encontram transcritas para a tabela abaixo. À frente de cada uma escreve o seu significado. Quando não souberes al-gum deles, coloca um ponto de interrogação na coluna da direita. (Extracção de Significado)

E agora? O que fazer com as pa-lavras?! Eu também costumo usar as interrogações quando estou a ler. É uma espécie de “auto-controlo”. O ponto de interrogação diz-me: “Vi-cente, precisas de ajuda!”. “Que aju-da?” – pergunto eu. Lembras-te das estratégias que eu costumo usar?

Palavra e/ou expressão Significado

Dissolvido

Na correcção da perda de água e sais

Lactentes

Náuseas

Administração da solução

Ingerida

Desconforto abdominal e de obstipação

Apenas para administração oral

Adicionar

Persistir

Diluído.

Na compensação da perda de água e de sais.

Crianças que ainda mamam.

Vontade de vomitar, enjoos.

Tomar o medicamento.

Engolida.

Dor ou mal-estar na zona do abdómen e prisão de ventre.

Só pode ser bebido, mastigado ou engolido.

Acrescentar.

Continuar.

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Palavra e/ou expressão Significado

Pode-se tomar durante a gravidez.

Perda grave de líquidos.

Repor.

Aconselha-se a bebida de 150 ml por cada quilograma de peso.

Evacuação de matéria fecal.

Alimentação dos bebés com o leite da mãe.

Voltar aos poucos à alimentação habitual.

Voltarem a aparecer os mesmos sintomas com mais gravidade.

Água própria para consumo.

No caso de ter sido tomado o medicamento numa dose excessiva.

Não está contra-indicada na gravidez

Desidratação

Compensar

Recomenda-se a ingestão de 150ml/Kg

Dejecção

Aleitamento materno

Reintroduzir a dieta normal gradualmente

Reaparecimento agravado dos sintomas

Água potável

No caso de ocorrer uma sobredosagem significativa

Devem monitorizar-se

Excipientes

Devem medir-se e controlar-se.

Substâncias que existem nos medicamentos e que apenas servem para lhe dar cor, um sabor agradável, e o tornar mais líquido ou fácil de tomar.

Como deve ser guardado o medicamento.

Consequência ou efeito não esperado.

Condições especiais de conservação

Efeito indesejável

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Sugestões/Comentários:Sugerindo aos alunos que escrevam os significados do texto, estamos não só a estimular o alargamento

do seu vocabulário, mas também a promover o treino de estratégias de compreensão de leitura. A indicação de colocar o ponto de interrogação inscreve-se nesta mesma lógica: controlo das palavras/expressões cujo significado se desconhece. Os leitores competentes, quando confrontados com situações similares, activam estratégias que lhes permitem ultrapassarem dificuldades decorrentes da especificidade do vocabulário, no-meadamente o uso de pistas contextuais ou a raiz da palavra. O primeiro passo é tomar consciência das difi-culdades decorrentes do desconhecimento de vocabulário específico.

Depois de os alunos completarem esta primeira tarefa, deve ser efectuada a correcção da mesma.Concluída a tarefa, sugere-se que o professor ou um aluno volte a ler o texto e procure descrever como é

apresentado o medicamento, para que serve, quais são os efeitos secundários, que cuidados devem ser tidos, quem não deve tomá-lo, como se toma…

Esta actividade pode ser complementada com um trabalho de casa, no qual se pede que os alunos tragam folhetos de medicamentos que já tomaram ou existentes em casa e que podem apresentar aos colegas. Ao sugerir este trabalho, o professor pode propor medicamentos que se apresentem sob diferentes formas (como xaropes, pastilhas, cápsulas, pomadas, etc.) e que sirvam fins diversos (ex: anti-tússicos, de controlo de tempe-ratura, anti-inflamatórios, em formato de xarope, pastilhas, cápsulas, pomadas, etc.)

A exploração de folhetos de medicamentos pode igualmente ser útil para analisar com os alunos regras básicas de segurança na utilização e toma de medicação.

Sugere-se ainda a exploração de informação disponível no sítio da Associação para a Promoção da Segu-rança Infantil (www.apsi.org.pt), em particular a parte relativa à “Campanha de Prevenção das Intoxicações em Crianças”. Além de disponibilizar informação sobre dados de intoxicação e cuidados, este sítio apresenta ainda textos rimados que podem ser motivadores para as crianças. Disponibilizamos abaixo um exemplo:

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127

Eu, Gustavo Significado, sou a personagem da Família Com-preensão que vai estar contigo agora. O texto sobre o Dioralyte está cheiiinho de palavras e expressões que eu não conheço e que estou ansioso por aprender.

2 – Completa a tabela abaixo escrevendo na coluna da direita o significado de cada uma das expressões da coluna da esquerda. (Extracção de Significado)

O que está escrito… Significado

1) Forma farmacêuti-ca e apresentação

5) Utilização em caso de gravidez ou aleitamento

2) Indicações tera-pêuticas

6) Posologia e modo de administração

3) Efeitos secundá-rios

Modo como o medicamento é vendi-do.

4) Advertências e precauções especiais de utilização

Informação sobre as doenças que trata.

Problemas na toma do medicamen-to.Outros efeitos que a toma do medi-camento pode provocar.

Indicação sobre se as grávidas ou quem está a amamentar pode tomar o medicamento.

Cuidados a ter (ex.: não se deve adicionar sal ou açúcar).Efeitos se tomado em conjunto com outros medicamentos.Atenção a alguns sintomas que o medicamento pode produzir.

Quantidade de medicamento que deve ser tomada e como.

Explorar com os alunos como são apresentados os medica-mentos: supositórios, pastilhas, cápsulas, cremes…

Ler aos alunos o texto que está por baixo do subtítulo.

Indicar aos alunos que con-vertam o título em pergunta (“O que são efeitos secundá-rios?”).

Sugestões/Comentários

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128

Sugestões/Comentários:Deve explorar-se com os alunos o uso da expressão “efeitos secundários”. Para haver efeitos secundários

tem de haver efeitos principais. Por exemplo, o efeito principal de um anti-histamínico (medicamento para combater as alergias aos pólenes, aos ácaros) é eliminar os sintomas (nariz a fungar, olhos a lacrimejar). O efeito secundário pode ser “dar sono”. No caso de um medicamento para baixar a temperatura (antipirético), os efeitos secundários podem ser problemas no estômago. Deve também relacionar-se a informação com ex-periências pessoais dos alunos.

1 – Gustavo Significado; 2 – Gustavo Significado.

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129

O texto em verso que se segue inclui um vocabulário acessível. Propõe-se a análise do título com os alu-nos, questionando: “De que nos falará este poema?”, “O que é a foz de um rio?”, e inquirindo os alunos sobre o conhecimento de localidades que contenham no seu nome a palavra “Foz” (ex: Figueira da Foz, Foz do Arelho ou Foz do Sousa).

Sugerir aos alunos a construção da área vocabular da palavra “rio” (margens, nascente, leito, barcos, pei-xes, pesca…). Caso os alunos não proponham a palavra “estuário”, poderá ser o professor a propô-la, expli-cando a que se refere.

Classificação e extensão do texto: Poema, 137 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Pares. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelo professor e silenciosa pelos alunos. - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita em trabalho de pares. - Correcção: Professor.

POEMA DA BEIRA DA FOZ

POEMA DA BEIRA DA FOZ

À beira do rioà beira do marpertinho da fozé que eu vou morar

Onde o mar e o riode mãos estendidasmisturam as águasmisturam as vidas

Chegarão naviosdo azul profundofalando em viagensdas voltas do mundo

Barquinhos à velapassarão a fiotransportando históriasda beira do rio

Quem quer afastartudo o que é nocivodo belo estuáriotão rico e tão vivo?

Juntos como as águasvamos dar a mãoe evitar alarmesde poluição.

Ao doce estuáriovirão desovarpeixinhos chegadosdos fundos do mar

Patos e alfaiatesmolhados de azulpensarão na idapara os mares do sul

À beira do rioÀ beira do marpertinho da fozé que é bom morar

Onde as águas vivasunidas e presasestendem os braçosoferecem riquezas

Maria Natália Miranda, in “Emanuel Coração de Mel”, pp. 37-39.

Lisboa: Livraria Popular de Francisco Franco, 1978

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130

Lembras-te do que eu te disse sobre como ler e compreender po-esia? Usa a mesma estratégia!

Relê a primeira quadra.Consegues imaginar este local? Tenta fazer como eu… Fecha os

olhos e imagina o cenário de um filme. Faz o mesmo para as sete quadras seguintes.

Depois de “veres” as imagens do poema na tua cabeça, vamos re-ler cada uma das quadras e responder às perguntas que foram elabo-radas.

1 – À beira do rio / à beira do mar / pertinho da foz / é que eu vou morar

1.1 – Completa a frase: Alguém nos diz que vai morar à beira rio, mas também à beira do mar. Numa palavra, vai morar na… (Compreensão Inferencial)

Aceitar como correctas formulações que indiquem: foz (do rio).

2 – A segunda quadra explica-nos, de uma forma muito bela e cheia de imagens, o que é a foz de um rio: “onde o mar e o rio / de mãos estendidas / misturam as águas / misturam as vidas”.

2.1 – O mar e o rio na realidade não têm mãos. Que imagem nos quer transmitir a expressão “mãos estendidas”? (Compreensão Inferencial)

Lembra-te que em muitas poesias as palavras são usadas com senti-dos diferentes do habitual.

Aceitar como correctas respostas que indiquem: prontas para se encontrarem num abraço, como fazemos quando abrimos os braços para abraçar alguém de quem estávamos à espera.

2.2 – Qual o significado da expressão “misturam as vidas”? (Compreensão Inferencial)

Para perceberes o sentido desta expressão terás de usar conhecimentos anteriores. Sabes o que é a foz de um rio? O que acontece na foz de um rio?

Aceitar como correctas respostas que indiquem: a) o rio entra no mar e as suas águas misturam-se; b) no rio e no mar há vida (plantas, peixes e outros animais) que se encontram e passam a viver juntos. Podem, ainda, aceitar-se respostas que remetam para uma outra vida, não biológica, como as marés ou as correntes.

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131

Aceitar como correctas respostas que indiquem: do mar (azul e fundo) vêm grandes barcos.

Aceitar como correctas respostas que indiquem: falando com pessoas que vêm de outras terras e que falarão de experiências e de lugares diferentes.

Aceitar como correctas respostas que indiquem: a) Ao longe vêem-se velas de barcos, que parecem mi-núsculos, alinhados no horizonte; b) Barcos pequeninos que, uns a seguir aos outros, levam as histórias das pessoas que moram nas margens do rio.

3 – Chegarão navios / do azul profundo / falando em viagens / das voltas do mundo

3.1 – “Chegarão navios / do azul profundo”, o que significa? (Compreensão Inferencial)

Sugestões/Comentários:A identificação do “mar” pressupõe que os alunos infiram que o “azul profundo” se refere à cor que lhe

advém da enorme quantidade de água e do reflexo do azul do céu.

3.2 – O que significa a expressão “Falando em viagens / das voltas do mundo”? (Compreensão In-ferencial)

Atenção! Será que a palavra “falando” que aqui aparece quererá dizer que há alguém realmente a falar?

4 – Barquinhos à vela / passarão a fio / transportando histórias / da beira do rio 4.1 – “Barquinhos à vela / passarão a fio”, o que significa? (Metacompreensão)

Pedro, um aluno do 4.º ano, fez as seguintes interpretações: “Ao longe vêem-se velas de barcos, que parecem minúsculos, alinhados no horizonte” e “Barcos pequeninos que, uns a seguir aos outros, levam as histórias das pessoas que moram nas margens do rio.” Estás de acordo com ele? Em que se terá baseado para fazer aquelas interpretações?

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Aceitar como correctas respostas que indiquem: pássaros migradores, isto é, pássaros que voam para zonas mais quentes quando o inverno se aproxima.

Aceitar como correctas respostas que indiquem: azul é a cor do mar onde se banham estas aves… molhadas de água (azul) do mar…”.

Aceitar como correctas respostas que indiquem: vivas porque se mo-vem, porque alimentam ser vivos; unidas porque se juntaram de tal forma que já não é mais possível separá-las… estão presas uma à outra.

Aceitar como correctas respostas que indiquem: água, indispensável à vida; peixe; paisagens bonitas; possibilidades de lazer (desportos aquáti-cos) e via de transporte.

Sugestões/Comentários:Sugere-se ler a quadra na totalidade e ajudar os alunos a usar o contexto e a morfologia da palavra “deso-

var” para aceder ao seu significado.

6 – Patos e alfaiates / molhados de azul / pensarão na ida / para os mares do sul 6.1 – Patos e alfaiates que pensam na ida para os mares do sul. Que tipo de animais serão estes? (Compreensão Inferencial)

6.2 – Que imagem sugere a expressão “molhados de azul”? (Compreensão Inferencial)

7 – Onde as águas vivas / unidas e presas / estendem os braços / oferecem riquezas 7.1 – A autora diz-nos que as águas são vivas, unidas e presas… Que quererá transmitir? (Compreensão Inferencial)

7.2 – “Estendem os braços/oferecem riquezas”. Que riquezas nos oferecem as águas do mar e do rio? (Compreensão Inferencial)

Aceitar como correctas respostas que indiquem: Os estuários são zonas mais calmas do que o mar, com “bancos” de areia, com água doce, onde os peixes podem depositar os seus ovos sem o perigo de serem atira-dos pelas ondas até locais pouco apropriados para os peixinhos nascerem.

5 – Ao doce estuário / virão desovar / peixinhos chegados / dos fundos do mar 5.1 – Por que razão vêm peixes desovar ao estuário? (Compreensão Inferencial)

Usa a cabeça… e o que sabes sobre a reprodução de peixes.

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Aceitar como correctas respostas que indiquem: informações, avisos, mas também acontecimentos que mostrem os perigos da po-luição.

Sugestões/Comentários:A resposta à pergunta anterior obriga a que o aluno faça a inferência do significado associado a “dar a

mão”, retomando esta expressão e os significados a ela associados aquando da análise do texto “Bisavó Eglan-tina”.

Associar a inferência à máxima “A união faz a força” e analisar o significado da mesma.

9.2 – “Evitar alarmes de poluição”. Explica o que são “alarmes de poluição”. (Compreensão Inferencial)

Pensa comigo: - “Já vi alarmes de poluição? Aonde? O que diziam”?

Reparaste que não te dei nenhuma ajuda neste poema. Conseguiste lem-brar-te de todas as estratégias?

1.1 a 9.2 – Durval Inferencial.

Sugestões/Comentários:Pode partir-se desta tarefa para analisar diferentes tipos de alarmes de poluição: árvores que começam a

morrer, peixes que aparecem mortos, as chuvas ácidas, avisos sobre a proibição de tomar banho em água im-própria, fontes com a indicação “água contaminada”.

Avaliação de Progresso 6Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 2004

9.1 – Qual é a mensagem presente nesta quadra? (Compreensão Inferencial)

Aceitar como correctas respostas que indiquem: faz uma per-gunta, um convite tendo em vista encontrar ajuda para preservar o estuário (e a natureza em geral).

Aceitar como correctas respostas que indiquem: temos de nos unir, como a água do mar e do rio fizeram, para não poluir as águas (e a natureza em geral).

8.1 - Com esta quadra a autora introduz um novo tópico no poema. Até aqui descrevia a foz do rio. Agora o que faz? (Compreensão Inferencial)

8 – Quem quer afastar / tudo o que é nocivo / do belo estuário / tão rico e tão vivo?

9 – Juntos como as águas / vamos dar a mão / e evitar alarmes / de poluição.

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SURICATA

O texto que se segue é extenso e apresenta vocabulário específico, pelo que, no final do mesmo, é apresen-tado um glossário. Na abordagem aos textos anteriores, já propusemos a análise do glossário, antes da leitura do texto. De modo a tornar os alunos autónomos e a integrarem esta estratégia antes da leitura do texto, sugere-se que se opte por uma leitura silenciosa individual deste texto, dando a indicação de que devem veri-ficar se existe um glossário, mas sem que o mesmo seja analisado em conjunto no grupo turma.

Algumas partes do texto estão escritas com tipos de letra diferentes e uma delas apresenta-se sublinhada. Este destaque serve de apoio às sugestões presentes nas instruções para as actividades 2 e 5. Estas indicações não aparecem no texto do livro do aluno.

Como o Suricata é uma das personagens principais do filme “O Rei Leão”, do conhecimento de muitas das crianças, podem questionar-se os alunos sobre o filme e sobre a personagem do Suricata naquele filme.

Classificação e extensão do texto: Informativo, 544 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Trabalho individual. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelos alunos. - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Discussão das características das personagens

sinalizadas no programa. - Realização das actividades: Escrita em trabalho individual. - Correcção: Professor.

SURICATA

Se conheces a história “O rei Leão”, uma das persona-gens principais é Timon, um suricata. Se não conheces, não desanimes, porque mesmo quem leu o livro e viu o filme vai encontrar, neste texto, informações muito interessantes sobre este simpático animal. Abri o apetite para a leitura?

Encontram-se no Sul de África, em estepes* semiáridas*, e o seu nome significa «gato-das-pedras» em suaíli. Estes animais têm cerca de meio metro de comprimento e pesam, em média, um quilo.

O corpo é esguio, o focinho pontiagudo e possuem manchas negras em torno dos olhos. A pelagem é castanha e apresenta riscas negras na parte terminal do dorso; a extremidade da cauda é negra. Pos-suem ainda longas garras nas patas dianteiras. São diurnos e muito sociáveis. Saem dos abrigos assim que o dia começa a aquecer e procuram alimento na sua proximidade, sob pequenas rochas ou escavando junto de raízes. É, também, frequente serem vistos a apanhar sol junto à entrada das tocas ou erguidos sobre as patas traseiras a farejar o ar. Têm sempre sentinelas que avisam os restantes elementos do grupo da aproximação de um predador terrestre ou aéreo. Vivem geralmente em colónias familiares de 10 a 15 indivíduos (embora possam atingir as três dezenas). Os suricatas vivem em colónias de até 40 indivíduos, que constroem um complicado sistema de túneis no subsolo (com o auxílio das fortes garras das patas dianteiras), onde permanecem durante a noite. Os abrigos subterrâneos dos suricatas medem, normalmente, cinco metros de diâmetro, possuem 15 orifícios de entrada e consistem em dois ou três

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níveis de túneis, que descem até cerca de 1,5 metros de profundidade e se interligam por câmaras com perto de 30 cm de diâmetro; em zonas rochosas, os animais aproveitam os orifícios naturais. Cada coló-nia pode possuir cinco abrigos subterrâneos e mais de uma centena de pequenos refúgios, distribuídos por uma área de 15 quilómetros quadrados. Os grupos podem deslocar-se seis quilómetros por dia, usando diferentes abrigos subterrâneos para dormir.

Os contactos entre diferentes grupos podem ser bastante conflituosos. Pelo contrário, os elementos de cada grupo são muito amistosos: «abraçam-se» e cuidam mutuamente da pelagem com frequência. Apesar de existir alguma especialização dos elementos de cada grupo nas várias áreas, tais como a segu-rança, a defesa, a marcação de território, o baby-sitting* e a liderança, existe também uma enorme en-treajuda e uma regular rotatividade de tarefas, que os indivíduos aceitam tranquilamente. Os suricatas estão em comunicação constante entre si e possuem várias vocalizações, inclusive sons diferentes para predadores aéreos e terrestres. São relativamente dóceis para com o homem, sendo muitas vezes manti-dos em quintas, na África do Sul, como caçadores de roedores. Alimentam-se principalmente de insectos (na sua maioria larvas* de escaravelhos e de borboletas); também ingerem milípedes, aranhas, escor-piões, pequenos vertebrados (répteis, anfíbios* e aves), ovos e matéria vegetal. São relativamente imunes ao veneno das najas* e dos escorpiões, sendo estes, inclusive, um dos alimentos que mais apreciam.

As crias nascem no interior do abrigo subterrâneo e aí permanecem durante as primeiras sema-nas de vida, ao cuidado de um adulto (nunca a mãe, que tem de procurar alimentar-se para conseguir amamentar). Só abrem os olhos aos 10 a 14 dias de idade e o período de amamentação dura sete a nove semanas.

Quando as crias saem do abrigo mantêm-se muito juntas e para esse fim emitem constantes «voca-lizações de contacto». A mãe ensina-as a comer incitando-as a morder os alimentos que ela segura com os dentes. No entanto, todos os elementos do grupo participam na nutrição das crias, trazendo-lhes os alimentos mais «macios» que conseguem encontrar.

Se tiveres curiosidade em conhecer melhor este animal, podes encontrá-lo no Jardim Zoológico junto das girafas.

Revista Terra do Nunca, 30 de Novembro de 2008, p. 16.

De Lisboa1

1

*GlossárioAnfíbio adj. 1. Que tanto vive na terra como na água; 2. Que pode circular em terra e na água; 3. Fig. Que se efectua na terra e no mar. s. m. 4. Vertebrado de larva aquática munida de brânquias, de pele nua e tempe-ratura variável. (Os anfíbios formam uma classe que inclui os urodelos, os anuros e os ápodes.)Árido adj. 1. Estéril (por falta de humidade); 2. Pobre de imagens ou ideias; 3. Fig. Avaro, mesquinho; 4. Ríspido.Estepe s. f. Formação descontínua de vegetais xerófilos, com frequência herbáceos, das regiões tropicais e das de clima continental relativamente áridas.Larva s. f. 1. Primeiro estado do insecto quando sai do ovo; 2. Fase inicial dos metazoários que sofrem meta-morfoses; lagarta; 3. Alma do outro mundo; 4. Laroz.Naja s. f. O mesmo que cobra-capelo. Cobra-capelo s. f. Serpente venenosa, do género Naja.

Fonte: http://www.priberam.pt/dlpo

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Lembra-te que às vezes uma imagem vale por mil palavras. Quando não perce-beres uma definição, procura uma imagem na internet. Vê o que encontrei para as palavras “estepe”, “larvas” e “naja”:

Baby-sitting Forma verbal da língua inglesa utilizada para designar o acto de tomar conta de uma criança durante um curto período de tempo, enquanto os pais se encontram ausentes.

Fonte (adap.): Crowther, J. (1995, Ed.) Oxford Advanced Learners Dictionary of Current English, p. 77.

Oxford: Oxford University Press.

a) Estepe b) Larvas c) Naja

a) Fonte: http://www.prof2000.pt/users/maceira/saber_estudar/geografia/conteudos/climas/temp_continental.htmb) Fonte: http://passarosecia.com/eshop.admin/imagens/passarosecia/larvas_tenebrio-molitor.jpgc) Fonte: http://www.reptilesdumonde.ch/gecapo_images/Naja_kaouthia_blanc.jpg

1 – No texto encontras a palavra “suaíli”. Selecciona a alternativa que explica a que se refere esta palavra. (Compreensão Inferencial)

1) Um local. 2) Uma língua.3) Um povo. 4) Um tipo de suricata.

Então? Descobriste, decerto, coisas muito interessantes sobre os suricatas e que nem imagi-navas. Com tanta coisa nova, a única maneira de não errares nesta tarefa e teres a certeza de que identificas TODAS as características dos suricatas é seguir “à risca” os passos seguintes:

– Lê novamente e delimita, a lápis, as partes do texto que referem características dos suricatas;– Relê as partes delimitadas e sublinha as palavras ou expressões que caracterizam os suricatas;– A partir do que sublinhaste, selecciona a informação a colocar em cada uma das colunas;– Relê o que escreveste na tabela e confirma se não trocaste características físicas com hábitos

e comportamentos.

2 – A partir da leitura dos parágrafos 1, 2 e 3, preenche a tabela abaixo. (Reorganização)

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Características dos suricatas

Relativas a hábitos e comportamentosFísicas

Meio metro de comprimento; pesam um quilo; corpo esguio; focinho pontiagudo; manchas negras em torno dos olhos; pela-gem castanha; riscas negras; cauda negra; longas garras nas patas dianteiras.

Diurnos; sociáveis; procuram alimento na proximidade; apanham sol junto à entrada das tocas; erguidos sobre as patas trasei-ras a farejar o ar; vivem em colónias fami-liares; constroem túneis no subsolo onde permanecem durante a noite.

Sugestões/Comentários:As características estão destacadas no texto com as cores azul e vermelho. Esta tarefa, que activa o processo de reorganização da informação, é operacionalizada através do preen-

chimento de uma tabela.Propõem-se os seguintes passos (os quais aparecem na versão do aluno):1. Delimitação, com o lápis, das partes do texto nas quais é pedido que localizem a informação (primeiro,

segundo e terceiro parágrafos).2. Escolha, pelos alunos, de dois lápis de cor, por exemplo, verde e vermelho.3. Leitura de cada parágrafo, pelo professor, a seguir à qual os alunos sublinharão a verde a informação

sobre as características físicas (no texto do professor escritas a cor de laranja) e a vermelho os dados relativos a hábitos e comportamentos (no texto do professor escritos a cor de rosa).

4. Preenchimento da tabela no quadro da sala, com a colaboração dos alunos e posteriormente copiada para os respectivos cadernos ou livros.

3 – Como são os abrigos subterrâneos dos suricatas? Para responderes, resume o parágrafo que se segue. (Reorganização)

“Os abrigos subterrâneos dos suricatas medem, normalmente, cinco metros de diâmetro, possuem 15 orifícios de entrada e consistem em dois ou três níveis de túneis, que descem até cerca de 1,5 metros de profundidade e se interligam por câmaras com perto de 30 cm de diâmetro; em zonas rochosas, os animais aproveitam os orifícios naturais. Cada colónia pode possuir cinco abrigos subterrâneos e mais de uma centena de pequenos refúgios, distribuídos por uma área de 15 quilómetros quadrados.”

Lembras-te das estratégias que partilhámos sobre a elaboração de resu-mos? Se não te lembrares, procura-as no texto “A aranha e o bichinho-da-seda”.

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Sugestões/Comentários:Esta actividade é similar à proposta n.º 4 do texto “A aranha e o bichinho-da-seda”. Deve recordar-se com os alunos a estratégia usada e sugerir que a repitam. No final, devem contar o nú-

mero de palavras e compará-lo com o do texto sublinhado.Exemplo de resposta:Os túneis dos suricatas são largos (dedução de 5 metros de diâmetro) com várias entradas (15 oríficios) com

vários níveis (2 ou 3 níveis de túneis), profundos (1,5 metros de profundidade) e ligados entre si (interligam por câmaras com perto de 30 cm de diâmetro). - 15 Palavras

Este modelo pode ser usado como exemplo para os alunos.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: trata-se de um grupo grande de indivíduos unidos por laços familiares.

4 – O que é uma colónia familiar? (Extracção de Significado)

5 – Transcreve do texto, uma frase que indique que na colónia de suricatas existe uma distri-buição justa de tarefas entre os seus membros. (Reorganização)

Aceitar como correcta a transcrição do período: “Apesar de existir alguma especialização dos elementos de cada grupo nas várias áreas, tais como a segurança, a defesa, a marcação de território, o baby-sitting e a liderança, existe também uma enorme entreajuda e uma regular rotatividade de tarefas, que os indivíduos aceitam tranquilamente.”

6 – Preenche os espaços com palavras tendo em conta o sentido do texto. (Compreensão Li-teral)

Os suricatas comunicam entre si e usam vocalizações diferentes para a presença de predadores aé-reos e terrestres.Alimentam-se principalmente de insectos. Os alimentos que mais apreciam são as najas e os escor-piões sendo imunes ao seu veneno.

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7 – Formula duas perguntas que possam ser feitas a partir do excerto do texto que encontras abaixo. Uma das perguntas deve ser pensada de modo a que seja precisa a ajuda do Juvenal Literal. A outra deve ser feita de modo a que seja outra personagem da Família Compreensão a ser cha-mada para ajudar. Para além de colocares as perguntas, não te esqueças também de: a) Propor a resposta correcta;b) Classificar o formato da resposta, que deve ser diferente para cada uma das perguntas.

“As crias nascem no interior do abrigo subterrâneo e aí permanecem durante as primeiras semanas de vida, ao cuidado de um adulto (nunca a mãe, que tem de procurar alimentar-se para conseguir amamentar). Só abrem os olhos aos 10 a 14 dias de idade e o período de amamentação dura sete a nove semanas. Quando as crias saem do abrigo mantêm-se muito juntas e para esse fim emitem constantes «vocalizações de contacto». A mãe ensina-as a comer incitando-as a morder os alimentos que ela segura com os dentes. No entanto, todos os elementos do grupo participam na nutrição das crias, trazendo-lhes os alimentos mais «macios» que con-seguem encontrar.”

Pergunta 1:Personagem da Família Compreensão:Resposta:

Pergunta 2:

Personagem da Família Compreensão:

Resposta:

Sugestões/Comentários:Esta actividade pode ser apresentada como um jogo. Depois de ter escrito as suas perguntas, cada um dos

alunos poderá indicar o colega que vai responder. Pode, igualmente, ser proposta como trabalho de casa.

1 – Durval Inferencial; 2 – Conceição Reorganização; 3 – Conceição Reorganização; 4 – Gustavo Significado; 5 – Conceição Reorganização; 6 – Juvenal Literal.

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NOITE

Apesar de ser constituído por um vocabulário acessível, o texto que se segue não é fácil. A dificuldade resulta dos “não ditos” do poema, o dilema do adormecer, de “deixar a vida”. O texto é construído em diálogo pelo que nele se exprimem dois sujeitos poéticos em alternância.

Classificação e extensão do texto: Poema, 251 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Grupo turma. - Modalidade de leitura do texto: Leitura silenciosa e leitura em voz alta com alternância de vozes (mãe/

filho). - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita em trabalho individual. - Correcção: Hetero-correcção.

NOITE

Filho,meu filho, vem-te deitar.Já sobre o maro sol se deitou.

Mãe,e a luase levantou.Se tenho mãosé para mexer,nunca mais queroadormecer.

Filho, meu filho,vem-te deitar.Já sobre o maro sol se deitou.

Filho,meu filho,vem-te deitar.Já sobre o maro sol se deitou.

Mãe,e a luase levantou.Se tenho olhos é para ver,nunca mais quero adormecer.

Pôs-se a contarestrelas no céu;chegou a vinte,adormeceu.

Mãe,e a luase levantou. Se tenho pernasÉ para correr,nunca mais queroadormecer.

Luísa Ducla Soares, in “Poemas da Mentira e da Verdade”, p. 24. Lisboa: Livros Horizonte, 1983.

© Luísa Ducla Soares/SPA 2010

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Relativamente a poemas anteriores sugeri-te que, depois de os teres lido ou ouvido ler, lesses também pedacinho a pedacinho. Umas vezes verso a verso, outras vezes estrofe a estrofe, outras vezes 2 ou 3 versos de cada vez…

No entanto, também é importante olhar para o texto no seu todo, pois, se não o fizermos, o poema perde o encanto ou o mistério. Até a “música” do poema se perde!

É o caso deste.

1 – Classifica como Verdadeiras (V) ou Falsas (F) as afirmações que se encontram mais abaixo e justifica a tua resposta: (Reorganização)

Podes estar a pensar: “Não seria suficiente marcar se as afirmações são verdadeiras ou fal-sas?”. Desta vez pedem-te novamente que justifiques mas, mesmo que não o peçam, fá-lo sem-pre para ti mesmo. É assim que consegues certificar-te de que respondeste correctamente.

A) A mãe é uma pessoa impaciente.

Afirmações JustificaçõesV F

B) O filho, apesar de não querer dormir, estava cheio de sono.

2 – Selecciona a alternativa correcta para responderes à pergunta.Quando a mãe dizia “Já sobre o mar / o sol se deitou!”, o que lembrava ao menino? (Compreensão Inferencial)

Vês o que queria dizer? Só podias responder às perguntas anteriores se relacio-nasses os vários pontos. A Conceição Reorganização gosta destes desafios.

1) Que eram horas de dormir.2) Que eram horas de jantar.3) Que eram horas de acordar.4) Que o sol foi dormir.

Ouviu sempre os argumentos do filho e não se irritou

Depois de ter dito que nunca mais queria ador-mecer, adormeceu quase imediatamente. (Pôs-se a contar / estrelas no céu; / chegou a vinte / ador-meceu).

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142

4 – Completa com a opção correcta.Quando o menino diz “nunca mais quero / adormecer” isso significa, provavelmente… (Compre-ensão Inferencial)

1) que quer ficar acordado para sempre.2) que não quer perder nada que possa ver.3) que quer que a mãe fique acordada.

5 – Diz o menino: “Mãe, /e a lua / se levantou”. Na tua opinião, o que quer o menino dizer com isto? (Compreensão Inferencial)

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: a) o menino está de acordo com a mãe porque a lua já está no céu, já é noite, em-bora persista a vontade de ficar acordado; b) o menino identifica-se com a lua, daí o querer manter-se acordado (o sol deitou-se mas a lua levantou-se; uns vão dormir mas outros ficam acordados).

Sugestões/Comentários:A resposta à pergunta anterior é de dificuldade intermédia, podendo ser necessário que o professor apre-

sente as duas hipóteses e as discuta com os alunos.

1 – Conceição Reorganização; 2 – Durval Inferencial; 3 – Juvenal Literal; 4 – Durval Inferencial; 5 – Durval Inferencial.

3 – De que gostava o menino?(Compreensão Literal)

Lembra-te da estratégia! Procura em todo o texto.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: o menino gos-tava de brincar, de correr e de estar acordado.

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143

OCEANÁRIO DE LISBOA

A exploração de horários, preçários ou a consulta de folhetos similares aos do Oceanário de Lisboa não constituem actividades habituais de leitura para um considerável número de crianças. As dificuldades que normalmente surgem resultam da inexperiência no contacto com este tipo de textos, já que as deslocações/reservas normalmente são efectuadas pelos adultos. Os textos que se seguem não provêm de suporte escrito, mas de suporte electrónico, pois este tipo de informação é, cada vez mais, acessível apenas por esta via.

Como actividade de pré-leitura, sugere-se que se dialogue com os alunos sobre: o que é o Oceanário de Lisboa; quem já o visitou; o que viram. Caso já tenham consultado o seu sítio na internet, deve relembrar-se o tipo de informação que lá estava disponível. Casos não tenham efectuado esta consulta, propõe-se a antecipa-ção sobre a eventual informação que lá poderão encontrar. Este diálogo deve ser conduzido no sentido de levar os alunos a deduzir que obterão informação sobre os preços de entrada, os descontos que podem ser obtidos, os dias em que pode ser visitado, os horários, etc. Pode, também, caso haja ligação à internet, confirmar-se se os preços e horários do Oceanário se mantêm à data da exploração deste texto.

Classificação e extensão do texto: Informativo, 279 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Pequeno grupo. - Modalidade de leitura do texto: Leitura silenciosa. - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita em pequenos grupos. - Correcção: Hetero-correcção.

Os horários de Verão e Inverno alternam nos dias de mudança de hora oficial. O Oceanário está aberto no dia 25 de Dezembro das 13h00 às 18h00. No dia de Ano Novo das 12h00 às 18h00.

OCEANÁRIO DE LISBOA

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1) Desligue o telemóvel; 2) Não é permitido tirar fotografias com flash ou com qualquer outro tipo de luz artificial; 3) Não é permitido fumar; 4) Não é permitido comer ou levar quaisquer alimentos; 5) Não é permitido levar animais ou plantas; 6) Não é permitido tocar e mexer nos animais e plantas; 7) Não é permitido levar balões, trotinetas, bicicletas ou outros brinquedos que possam perturbar o ambiente do recinto do Oceanário;8) Existe um bengaleiro no Átrio do Oceanário onde poderão ser guardados volumes ou outros objec-tos; 9) Caso seja necessário, é possível solicitar uma cadeira de rodas; 10) O percurso da visita obedece às Normas Europeias de Acessibilidades; para o efeito existem rampas, pisos inclinados e elevadores; 11) Existem diversas instalações sanitárias de apoio, ao longo do percurso da visita.

Informações úteis para a visita:

BILHETEIRA

• * Família: 2 pais + crianças até 12 anos (inclui desconto de 10% em compras na Loja do Oceanário). • Grupo: grupo de 15 ou mais pessoas. • Entrada gratuita para pessoas com incapacidade física ou mental.

Retirado do sítio www.oceanario.pt a 26 de Maio de 2009.

1 – No sítio do Oceanário encontramos um conjunto de informações sobre como as pessoas se devem comportar durante a visita. Explica a razão de cada uma. (Compreensão Inferencial)

Hum! Queres uma pista? Vais encontrar perguntas em que tens de usar a cabeça e tudo o que sabes. Concentra-te! Parece difícil mas não é.

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Informações úteis para a visita

A. Desligue o telemóvel.

Aceitar como correctas formulações que indiquem: a) incomoda as outras pessoas; b) os guias do Oceaná-rio vão dando explicações aos grupos e o telemóvel pode impedir que as pessoas ouçam adequadamente o que os guias estão a explicar; c) podem interferir com o comportamento dos animais.

Aceitar como correctas formulações que indiquem: a) pode incomodar ou assustar os animais; b) pode alterar o seu comportamento.

Aceitar como correctas formulações que indiquem: a) é proibido pela lei portuguesa; b) é nocivo para a saúde dos visitantes, incluindo os não fumadores; c) é prejudicial para os animais.

Aceitar como correctas formulações que indiquem: a) para evitar que as pessoas alimentem os animais com alimentos que lhes possam fazer mal; b) para evitar sujar o espaço; c) para evitar a contaminação do es-paço.

Aceitar como correctas formulações que indiquem: a) para assegurar, mais uma vez, que não existem possibilidades de contaminação; b) no caso dos animais, nem sempre os donos conseguem assegurar o seu controlo e poderiam atacar ou ser atacados por animais do Oceanário.

B. Não é permitido tirar fotografias com flash ou com qualquer outro tipo de luz artificial.

C. Não é permitido fumar.

D. Não é permitido comer ou levar quaisquer alimentos.

E. Não é permitido levar animais ou plantas.

F. Não é permitido tocar e mexer nos animais e plantas.

Aceitar formulações que indiquem: a) para preservar a saúde destes e das pessoas; b) para controlar even-tuais roubos.

Aceitar como correctas formulações que indiquem: a) para assegurar a qualidade do ambiente dentro do Oceanário; b) podem ser perigosos para os visitantes (trotineta e bicicleta).

Aceitar como correctas formulações que indiquem: a) para tornar mais confortável a visita, permitindo que as pessoas não precisem de transportar objectos pesados e desnecessários; b) para prevenir o roubo de plantas ou outros objectos que seriam mais facilmente escondidos; c) para que as pessoas possam lá colocar os objectos que não é permitido levar na visita.

G. Não é permitido levar balões, trotinetas, bicicletas ou outros brinquedos que possam perturbar o ambiente do recinto do Oceanário.

H. Existe um bengaleiro no Átrio do Oceanário onde poderão ser guardados volumes ou outros objectos.

I. Caso seja necessário, é possível solicitar uma cadeira de rodas.

Aceitar como correctas formulações que indiquem: alguns visitantes têm dificuldades em andar e a visita pode ser demorada.

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J. O percurso da visita obedece às Normas Europeias de Acessibilidades; para o efeito existem rampas, pisos inclinados e elevadores.

K. Existem diversas instalações sanitárias de apoio, ao longo do percurso da visita.

Aceitar como correctas formulações que indiquem: a) independentemente dos seus problemas físicos, to-das as pessoas têm possibilidades de visitar o Oceanário; b) o edifício do Oceanário cumpre as leis em vigor na Europa, não apresentando barreiras para pessoas que têm dificuldades em movimentar-se

Aceitar como correctas formulações que indiquem: as pessoas que precisarem de ir ao quarto de banho encontrarão vários e não precisarão de sair do Oceanário.

Sugestões/Comentários:Este conjunto de tarefas, para além de mobilizar um grande número de conhecimentos extra-textuais,

dependentes da experiência anterior com visitas a locais deste género, orienta a atenção dos alunos para a explicitação das razões subjacentes a determinados normativos. Promove, também, a compreensão e interiori-zação destas razões e o desenvolvimento de atitudes adequadas a este tipo de contextos. Para muitas crianças pode ser uma tarefa difícil encontrar a justificação subjacente a algumas informações ou proibições. Por esta razão, sugere-se que a actividade seja efectuada em pequeno grupo.

2 – Supondo que uma professora quer levar os alunos do 4.º ano a visitar o Oceanário, o que ficaria mais económico? Selecciona a alternativa correcta e justifica a tua resposta. (Reorga-nização)

1) Mandar cada aluno comprar o seu bilhete. 2) Fazer a marcação para um grupo.

Aceitar como correctas as justificações que indiquem: nos grupos pré-marcados, cada bilhete custa menos 50 cêntimos por pessoa.

3 – A turma do João, que vai toda ao Oceanário, escreveu, no caderno, um recado para os pais. Preenche o espaço com o preço do bilhete. (Compreensão Literal)

4 – O João falou com tanto entusiasmo da visita ao Oceanário que os seus avós decidiram visitá-lo no dia de Ano Novo. O João ofereceu-se para saber as informações de que os avós necessitavam: a) se estava aberto nesse dia e qual o horário; b) quanto custaria a entrada para os dois, sabendo que um deles tem 66 anos e outro 68.

Responde às perguntas.

Até sexta-feira levar 5 euros para o bilhete de entrada no Oceanário.

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147

4.1 O Oceanário está aberto no dia de Ano Novo? (Compreensão Literal)

4.2 Qual é o horário? (Compreensão Literal)

4.3 Quanto custam os dois bilhetes de entrada? (Compreensão Literal)

Sim.

Aceitar como correcta a resposta: aberto das 12h00 às 18h00.

Aceitar como correcta a resposta: 12 euros.

1 – Durval Inferencial; 2 – Conceição Reorganização; 3 – Juvenal Literal; 4 – Juvenal Literal.

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148

PINTAROLAS

O texto que se segue pode ser difícil para alguns alunos, devido não só à extensão e aos conhecimentos extra-textuais a que faz apelo, mas também porque o autor utiliza recursos expressivos que obrigam à reali-zação de inferências.

Classificação e extensão do texto: Informativo, 308 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Grupo turma. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelo professor e silenciosa pelos alunos. - Modalidade de leitura das instruções: Em voz alta pelos alunos. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Discussão sobre as personagens sinalizadas no

programa. - Realização das actividades: Oral pelo grupo turma, seguida do registo individual no livro do aluno. - Correcção: Professor.

Se imaginares uma raia, aposto que será castanha ou preta, verdade? Agora imagina que um pintor mais distraído entorna uma lata de tinta azul e salpica tudo à sua volta. Se lá estiver uma raia, fica tal e qual como a que vais conhecer hoje. Esta raia de tom amarelado está coberta de pintas azul-vivas. Pertence à família das raias, mas tem um nome curioso: uge-de-manchas-azuis! A sua casa é junto aos recifes de coral, onde num mar de cores consegue esconder-se na perfeição, sem precisar de se enterrar na areia. Como é bastante tímida, é fácil não dar pela sua presença, e mesmo quando a incomodam pre-fere nadar para longe, em vez de arranjar problemas com a vizinhança. No entanto, esconde uma arma bem escondida: a sua cauda, com um ou dois espigões fortes e venenosos, funciona como um chicote! Apesar de esta uge ser solitária, move-se em pequenos grupos para se alimentar.

Quando a maré enche, os grupos nadam para zonas menos profundas e alimentam-se de vermes, camarões, caranguejos e pequenos peixes. Quando a maré vaza voltam para as zonas mais profundas onde se escondem entre os recifes de coral. O maior predador desta espécie é o homem, que não só a pesca em excesso como também destrói os recifes de coral onde vive. Sem sítio para viver, esta e outras espécies podem desaparecer para sempre. Por estas razões, actualmente, a uge-de-manchas-azuis está ameaçada. Recuperar da pesca excessiva também não é fácil, pois para nascerem novas uges são preci-sos 12 meses, e só nascem sete de cada vez. Sabias que, enquanto estão na barriga da mãe, as pequenas uges estão dentro de um ovo, que as alimenta?

Este modo de reprodução tem um nome muito estranho: ovoviviparidade. Para conheceres esta magnífica uge-de-manchas azuis podes visitar o Oceanário e procurá-la junto a um recife de coral.

Oceanário de Lisboa, “Revista Terra do Nunca”, de 1 de Fevereiro de 2009, p. 16.

1

PINTAROLAS

1 Oceanário de Lisboa

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1 – Selecciona a alternativa correcta. A uge-de-manchas-azuis não precisa de se enterrar na areia para se esconder. Porquê? (Com-preensão Inferencial)1) As suas cores coloridas fazem com que se confunda com as da zona onde habita.2) Tem uma casa nos recifes de coral.3) Os outros peixes têm medo dela porque tem dois poderosos espigões na cauda.4) É tão linda que ninguém a ataca.

2 – A sua casa é junto aos recifes de coral. Explica, por palavras tuas, o significado desta fra-se. (Compreensão Inferencial)

Aceitar como correctas as formulações que indiquem: vive/habita junto aos recifes do coral; b) vive nos recifes de co-ral.

Sugestões/Comentários:Ao explorar as propostas dos alunos, chamar a atenção para o sentido metafórico de “casa”. Embora o

autor use palavras conhecidas, a sua utilização remete para significados diferentes dos habituais.

3 – “... Consegue esconder-se na perfeição...”. Explica, por palavras tuas, o significado da expres-são sublinhada. (Compreensão Inferencial)

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: muito bem.

4 – As raias são todas da mesma cor? (Reorganização)

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: não, pois podem ser castanhas, pretas, amarelas ou de outras co-res.

5 – Por que razão deram à raia o nome uge-de-manchas-azuis? (Compreensão Inferencial)Aceitar como correctas as respostas que indiquem: devido à sua

cor e às pintas azuis que tem.

Sugestões/Comentários:A pergunta anterior pode ser usada para explicar aos alunos que, na Zoologia (Ciência que estuda os

animais), cada exemplar é classificado com um nome corrente, um nome científico (habitualmente escrito em latim), o grupo e a classe a que pertence (também geralmente escritos em latim). A uge-de-manchas azuis é classificada do seguinte modo:

Nome: uge-de-manchas azuisNome científico: Taeniura lymmaFamília: DasyatidaeGrupo: tubarões, raias e quimerasClasse: PeixesToda esta informação está disponível no sítio do Oceanário de Lisboa (www.oceanario.pt/cms/438/). A

procura pode também ser efectuada pesquisando no Google “uge-de-manchas-azuis”. Não é esperado que os alunos memorizem este conhecimento, esperando-se, sim, que constitua um estímulo à curiosidade.

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6 – Para responderes à pergunta que se segue, completa a tabela que se encontra mais abaixo. A partir da informação disponível no texto, o que sabemos sobre a uge-de-manchas-azuis? (Reorganização)

Mais um quadro para preenchermos. Já sabes o que fazer para te assegurares de que as tuas respostas são correctas e completas? Já tens o lápis na mão? Vamos então reler o texto e sublinhar a informação que é necessária. Depois… é só colocá-la nas colunas certas.

Habitat Característicasfísicas

Características psicológicas

Hábitos e comportamentos

Fundo do mar(não precisa de se en-terrar na areia).Recifes de coral.

Amarela com pintas azuis.Cauda com espigões fortes e venenosos.Ovovivípara.

Tímida.Prefere estar só.Evita o confronto com outras espécies.

Solitária.Caça em grupo para se alimentar.Alimenta-se de ver-mes, camarões, ca-ranguejos e pequenos peixes.

Sugestões/Comentários:Dada a extensão dos parágrafos, poderá ser necessário dividi-los em unidades de sentido, a serem lidas

em voz alta. No fim, devem identificar-se as informações que podem ser extraídas e em que coluna da tabela podem ser incluídas. Sugere-se que a tabela seja reproduzida no quadro da sala e que o seu preenchimento seja efectuado pelo professor em interacção com os alunos. Depois de preenchido o quadro, o mesmo pode ser transcrito para os respectivos cadernos. A sugestão de procurar parágrafo a parágrafo introduz uma aborda-gem metódica à tarefa de localização de informação e modela o treino de estratégias de aprendizagem.

7 – O que não sabemos sobre a uge-de-manchas-azuis?

Pensa e escreve algumas perguntas sobre este peixe para as quais não existe informação no texto. (Reorganização)

Esta pergunta surpreendeu-me! Não é uma pergunta sobre o que está no texto mas sobre o que não está! Estranho… mas desafiante!

Sabes o que te sugiro? Em primeiro lugar, faz uma lista do que gostarias de saber sobre este animal e que não está descrito no texto. Só depois é que deves fazer as perguntas.

Possíveis perguntas a formular pelos alunos:- Qual o tamanho?- Qual a longevidade?- Em que oceanos pode ser encontrada?- Qual a mortalidade das pequenas uges?- Além do homem, quais são os outros predadores?

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Sugestões/Comentários:Os leitores competentes antecipam o conteúdo do texto a partir de pistas como o título, o tipo de publica-

ção, as ilustrações… Os leitores mais jovens e com dificuldades de compreensão leitora têm mais dificuldades em efectuar previsões sobre o conteúdo provável de um texto, precisando de ser mais apoiados nesta tarefa.

Ao pedir aos alunos que efectuem perguntas visando obter informações não fornecidas no texto, estamos a estimular a sua curiosidade, a desenvolver atitudes de pesquisa e a promover a leitura em vários suportes (livros, computador…). Pode, também, se o professor assim o entender, originar uma tarefa de escrita, dando continuidade ao texto fornecido. As sugestões que são apresentadas são-no apenas a título ilustrativo. Dada a dificuldade da tarefa, disponibilizamos um exemplo, mas o mesmo poderá, eventualmente, não ser suficiente. Nesse caso, o professor deverá ajudar os alunos a partir da releitura do texto e da criação de perguntas.

Exemplo: O maior predador é o homem, que não só a pesca em excesso como também destrói os recifes de coral onde vive.

O que sabemos sobre os predadores?Sabem quais são os outros predadores?A sua “casa” é junto aos recifes de coral. A uge-de-manchas-azuis só pode ser encontrada junto a recifes

ou pode viver noutros locais?Esta raia de tom amarelado está coberta de pintas azul vivo. Pertence à família das raias, mas tem um

nome curioso: uge-de-manchas-azuis. Existem outras raias? Quais as suas características?

8 – Preenche os espaços, de acordo com o sentido do texto. (Compreensão Literal)

A uge-de-manchas-azuis está em perigo de extinção/em risco.As principais causas são a pesca excessiva e a destruição dos recifes de coral. Além disso, o tempo de gestação é muito longo, cerca de 12 meses e o número máximo de uges que podem nascer de cada vez é de sete.

1) Na reprodução por ovoviviparidade, os ovos crescem na barriga da mãe.

2) Na reprodução por ovoviviparidade, os ovos são colocados nos recifes de coral.

9 – De acordo com o texto que leste, classifica as afirmações que se seguem seleccionando V (verdadeiro) ou F (falso). (Compreensão Literal)

VAfirmações F

1 – Durval Inferencial; 2 – Durval Inferencial; 3 – Durval Inferencial; 4 – Conceição Reorganização; 5 – Juvenal Literal; 6 – Conceição Reorganização; 7 – Conceição Reorganização; 8 – Juvenal Literal; 9 – Juvenal Literal.

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Para traçarem a biografia de Egas Moniz, as autoras recorrem a um vocabulário específico que pressupõe conhecimento extra-textual, o que pode comprometer a compreensão do texto.

Antes da leitura do texto pode ser efectuada uma actividade de pesquisa sobre o que é o Prémio Nobel, em que áreas é atribuído, em que país é entregue, qual foi a intenção que presidiu à sua criação, o que recebem os galardoados ou em que ano foi instituído.

Esta informação é importante para que os alunos possam perceber que o prémio Nobel corresponde à mais alta distinção que é atribuída a nível internacional.

Dada a complexidade do vocabulário usado, a primeira tarefa de exploração é orientada para este domínio. A biografia aqui apresentada num texto informativo e dialógico é anterior à atribuição do prémio Nobel

da Literatura a José Saramago, por isso o penúltimo parágrafo do texto está desactualizado (“- Estou admira-do! Acho que vou trabalhar muito para ser o segundo português a receber um Prémio Nobel – disse o Quico, muito convicto.”). Assim sendo, é importante que o professor, no diálogo que anteceder a leitura do texto analise elementos paratextuais como o título, a autoria ou a data de publicação da obra de onde foi extraída esta biografia.

No final da exploração, a última tarefa proposta foi planeada para permitir aos alunos comentarem cri-ticamente e concluírem que Quico poderá trabalhar muito, mas para ser o “3.º português a receber o prémio Nobel”.

Classificação e extensão do texto: Informativo, 518 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Pares. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelos alunos, com preparação prévia em casa. - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita em trabalho de pares. - Correcção: Professor.

Sabes o que é o Prémio Nobel? Sabes quantos portugueses foram laureados (isto é, foram premiados)? Sabes em que áreas? E em que anos? Antes de leres o texto sobre Egas Moniz, procura as respostas a estas perguntas na internet ou numa enciclopédia.

EGAS MONIZ

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Quem se lembra de Egas Moniz, o fiel aio do rei D. Afonso Henriques? – perguntou o Sabidinho que trazia na mão alguns apontamentos para apresentar ao grupo.

- Eu! Eu! Eu!... – responderam todos mais ou menos ao mesmo tempo.- Pois hoje trago-vos a biografia de um seu e nosso compatriota com o mesmo nome. Chamou-se

António Caetano Egas Moniz. Alguém sabe quem foi? O Nuno levantou a mão, respondendo: - Foi um médico português que recebeu um Prémio Nobel…- Ó Sabidinho, eu não sabia que houve em Portugal… – admirou-se o Quico.- Mas é verdade. Este médico foi um fiel servidor da humanidade ao criar a Angiografia Cerebral.- O que é isso? – perguntou o Carlitos.- Bom, é um sistema que permite obter, nas radiografias, a imagem dos vasos sanguíneos intracra-

nianos. Esta descoberta constituiu o maior progresso da cirurgia cerebral dos últimos anos – informou o narrador.

- E por que razão foi assim tão importante? – quis saber a Luísa. - Porque, a partir dessa altura, foi possível fazer-se cirurgia vascular do encéfalo e diagnosticar

tumores cerebrais, assim como conhecer a sua localização e natureza. No caso dos traumatismos crania-nos, o seu método permitiu salvar muitas vidas, pois indica, com segurança, a presença dos hematomas – elucidou, com muito conhecimento de causa, o estudioso do grupo.

- Ó Sabidinho, fala-nos um pouco mais da biografia deste cientista – pediu o Carlitos.Então, ele pegou nos seus apontamentos e leu:«Nasceu em 1874, em Avanca, perto de Aveiro. Formou-se em Medicina na Universidade de Coim-

bra, onde também foi professor. Mais tarde, em Lisboa, regeu a cadeira de Neurologia. Pela sua mão pas-saram trinta e três cursos de médicos. Alargou ainda os seus conhecimentos em faculdades europeias.

Dedicou-se também à política, tendo sido Ministro dos Negócios Estrangeiros. Foi notável escritor, orador e coleccionador. As suas colecções estão patentes ao público na casa onde nasceu – a casa do Marinheiro, em Avanca, hoje transformada em Museu.

A sua vida também foi marcada por alguns acidentes. Uns, próprios da vida política – duelos e pri-sões; outros, da vida profissional – agressão a tiro de pistola por um doente.

Mas aquilo a que mais se dedicou foi, sem dúvida, à sua carreira de professor e investigador. Ele pretendia tornar visíveis as artérias do cérebro para poder localizar os problemas. Foi nessa altura que teve a colaboração incansável de um médico chamado Almeida Lima. Fizeram experiências em cérebros de cadáveres, depois em cães e finalmente em seres humanos doentes. Injectavam-lhes um líquido com o qual conseguiam atingir os seus objectivos, sem prejudicar o organismo.

Interessou-se também pela psiquiatria. Até aí os médicos limitavam-se a prescrever calmantes, re-pouso e isolamento. Egas Moniz descobriu a Leucotomia, um novo tratamento para certas psicoses (doenças mentais).

O êxito deste tratamento passou ao estrangeiro, onde os médicos recomendaram o seu nome para o Prémio Nobel da Medicina, que ele recebeu em 1949.

Morreu em 1955, depois de ter sido grandemente homenageado».- Estou admirado! Acho que vou trabalhar muito para ser o segundo português a receber um Prémio

Nobel – disse o Quico, muito convicto.Todos sorriram para ele, pensando: “Quem sabe?”

Maria Augusta Lopes, Dália Mateus, in “Amigos célebres”, pp. 56-59.

Sacavém: Publicadora Atlântico, 1995.

EGAS MONIZ

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1 – Jogo “Vamos à pesca das palavras”.

Vais ler sozinho o texto “Egas Moniz”, mas seguindo uma ordem diferente da habitual. Vais começar pelo fim até ao princípio (da última palavra até à primeira). Sublinha cada pala-vra cujo significado não conheças. Transcreve todas as palavras para uma tabela como a que se segue, colocando-as na coluna com o título “Palavras pescadas”.

Quando acabares de “pescar” todas as palavras, situa cada uma delas numa das seguintes categorias:

A) Nunca vi esta palavra. B) Já a vi/ouvi, mas não sei o que é.

Vê o primeiro exemplo na tabela. Repara que a palavra “convicto” está sublinhada e tem o número 1 porque foi a primeira que encontrámos e que não sabíamos o que queria dizer. (Extracção de Significado)

Provavelmente achas estranha esta instrução. Sabias que nos tempos anteriores à era da infor-mática era assim que se fazia a correcção dos erros? Este texto não tem erros ortográficos, mas tem palavras cujo significado desconheces. Ao leres do fim para o princípio vais identificá-las todas.

PALAVRAS PESCADAS A B

1 Convicto X Com muita certeza

2

3

4

5

6

7

...

O QUE SIGNIFICAM?

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155

Agora que já “pescaste as palavras”, lê o texto, desta vez, normalmente, do princípio até ao fim. Depois desta leitura, decerto conseguiste descobrir o significado de muitas delas. Escreve-as na coluna “O que significam” da tabela anterior. Se isso aconteceu, é porque usaste a cabeça e inferiste o seu sentido, ou não tenhas aprendido já muitas estratégias com o Durval Inferencial.

O objectivo desta tarefa é, precisamente, ajudar-te a usar as pistas que o texto dá para a descoberta do significado das palavras.

Para as palavras cujo significado não conseguiste encontrar, tenta usar algumas destas estratégias:

1) Conheço uma palavra parecida? E o que significa?2) Esta palavra tem um sufixo ou um prefixo? Qual é a raiz?3) Leio de novo a frase onde a palavra se encontra e tento encontrar

pistas para descobrir o significado.4) Procuro no dicionário (impresso ou electrónico).5) Introduzo a palavra num motor de busca da internet e procuro na

secção “Imagens”.

Nesta leitura, podes encontrar outras palavras que agora verifiques que embora as conheças, estão utilizadas com outro sentido.

Repara na frase: “Regeu a cadeira de neurologia”. A palavra cadeira, que conheces como uma peça de mobiliário, nesta frase tem outro significado: é um nome que se dá às disciplinas que os alunos têm na Universidade. Se usássemos este nome no 4.º ano, diríamos que tens várias cadeiras: Língua Portuguesa, Estudo do Meio, Matemática…

Sugestões/Comentários:Dado o vocabulário técnico que o texto inclui, a primeira tarefa proposta é dirigida para esta dimensão.

Sugere-se o recurso a um procedimento pouco convencional de leitura: começar pelo fim até ao início do texto. Na época que precedeu a era da informática em que vivemos, este procedimento era usado pelos revisores de jornais/revistas responsáveis pela verificação da correcção ortográfica das palavras. Na leitura corrente so-mos frequentemente induzidos pelo contexto e a identificação do erro ortográfico é mais difícil do que quando nos socorremos da outra abordagem em que a verificação obriga à análise palavra a palavra. Na presente tarefa não se trata de identificar erros, mas de ajudar os alunos a sinalizar palavras e a classificar as mesmas numa das categorias propostas. Este procedimento contribui para o desenvolvimento de estratégias de meta-compreensão e, em simultâneo, ensina procedimentos a adoptar na verificação dos erros ortográficos. O seu recurso não dispensa a leitura do texto no sentido habitual.

O número de “palavras pescadas” depende dos conhecimentos prévios dos alunos. Quaisquer que sejam as palavras, sugere-se o mesmo procedimento: o professor lê o texto e os alunos indicam as palavras identifica-das e seus possíveis significados. Para as palavras cujo significado não é possível extrair a partir do contexto, sugere-se o recurso sucessivo às estratégias elencadas previamente.

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PERGUNTA TRANSCRIÇÃO

Quem foi António Caetano Egas Moniz?

Qual era a sua naturalidade?

Qual era a sua nacionalidade?

Qual foi o ano do seu nascimento?

Qual foi o ano em que faleceu?

Médico português que recebeu o Prémio Nobel.

2 – Preenche o quadro seguinte, transcrevendo do texto a informação necessária. Vê o pri-meiro exemplo. (Compreensão Literal)

Quais foram as suas descobertas?

Em que ano recebeu o prémio Nobel da Me-dicina?Em que universidade tirou o curso de medi-cina?

Qual é a importância das suas descobertas?

Que funções o distinguiram?

Egas Moniz desenvolveu outras actividades. Quais foram?

Avanca – Aveiro

Portuguesa

1874

1955

Angiografia cerebralLeucotomia

1949

Coimbra

A angiografia cerebral permitiu salvar muitas vidas e a leucotomia foi importante no tratamento dos do-entes mentais.

Professor na UniversidadeInvestigador

Ministro dos Negócios EstrangeirosEscritorOradorColeccionador

Já vimos em conjunto várias estratégias para encontrar o significado de palavras que não conhecemos. Pensa no que acabaste de fazer e completa o questionário seguinte:

Estratégias que usei para descobrir o significado das palavras que assinalei: Sim Não

Perguntei a mim mesmo: “Esta palavra tem um sufixo ou um prefixo? Qual é a sua raiz?”

Procurei lembrar-me de uma palavra parecida e do seu significado?

Li de novo a frase e tentei encontrar pistas para descobrir o seu significado?

Procurei no dicionário?

Introduzi a palavra num motor de busca da internet e procurei em imagens?

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157

Sugestões/Comentários:A organização sequencial das duas tarefas visa, mais uma vez, proporcionar aos alunos modelos de or-

ganização da informação que lhes permitam o desenvolvimento de estratégias de abordagem a uma tarefa complexa, como a que está presente na organização de resumos.

Tratando-se de uma tarefa de escrita com alguma dificuldade, sugere-se que a mesma seja elaborada co-lectivamente e escrita no quadro. Nas salas de aula em que os professores dispõem de computador e projector multimedia, o recurso a estes meios é particularmente útil, uma vez que permite a introdução ou eliminação de informação, a revisão e a correcção do texto, sem exigir a sua reescrita total. Permite, ainda, uma comparação do texto inicial com o texto revisto, mostrando aos alunos a necessidade de revisão textual.

A resposta às várias perguntas e a sua transformação em texto integra dois elementos habitualmente associados ao desenvolvimento da escrita: a planificação e a textualização.

A proposta de resumo apresentada é relativamente exigente para alunos de 4.º ano. O modelo mais sim-ples é o de integrar parte das perguntas e das respostas pela ordem em que foram colocadas. Os resumos efectuados podem, também, ser comparados com o resumo que propomos acima, modelando esta importante estratégia de síntese.

1) Num local onde estão reunidos vários amigos.

2) Numa sala de aula.

4 – Para responder à pergunta que se segue, de acordo com o texto que leste, classifica as afirmações abaixo, seleccionando Verdadeiro (V) ou Falso (F). Onde achas que decorreu esta discussão sobre a biografia de Egas Moniz? (Compreensão Inferencial)

V

Afirmações

F

3 – Lê as tuas respostas à pergunta número 2. A partir delas, faz o resumo da biografia de Egas Moniz. No final, conta o número de palavras e compara-o com o número de palavras do texto. (Reorganização)

Já sabes o que fazer para escrever os resumos. Se precisares podes reler as estratégias sugeridas nas páginas 22 e 60.

Proposta de resumo:António Caetano Egas Moniz nasceu em Avanca – Aveiro, Portugal, em 1874, tendo falecido em 1955.

Fez o curso de Medicina na Universidade de Coimbra. A descoberta da angiografia cerebral e da leucotomia, que permitiram salvar muitas vidas e tratar doentes mentais, valeram-lhe a atribuição do Prémio Nobel da Medicina, em 1949. Foi professor na Universidade de Coimbra, Ministro dos Negócios Estrangeiros, escritor, orador, coleccionador e investigador.

Quando é fornecida, neste manual, a indicação da página para consulta, esta é relativa ao exemplar do aluno (“Aprender a com-preender torna mais fácil o saber”).

*

*

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Sugestões/Comentários:Mais uma vez, os alunos devem justificar as suas respostas. Para responder à segunda pergunta é ne-

cessário atender à data em que foi atribuído o prémio Nobel a José Saramago e à data de publicação do livro de onde foi retirada esta biografia. A análise de elementos paratextuais no momento antes de ler ajudará os alunos na realização desta inferência.

4.1 – O que te levou a classificar as afirmações como Verdadeiras (V) ou Falsas (F)? Onde achas que decorreu esta discussão sobre a biografia de Egas Moniz? (Meta-compreensão)

Sugestões/Comentários:As duas afirmações podem ser consideradas correctas, importando, neste caso, mais a justificação de que

a resposta propriamente dita.Na segunda linha está escrito “Sabidinho que trazia na mão alguns apontamentos para apresentar ao

grupo”. O local, porém, é indefinido, pelo que a primeira alternativa pode ser considerada correcta.Em relação à segunda possibilidade, não existe nenhuma informação explícita no texto sugerindo que a

discussão entre as personagens tenha tido lugar numa sala de aula. A natureza do conteúdo (a biografia de um cientista e a existência de apontamentos para apresentar ao grupo) induz, todavia, a inferência de que terá ocorrido em contexto escolar.

1) Porque é pequenino.2) Porque é o mais novo.3) Porque sabe muito e gosta de aprender.

5 – Selecciona a opção correcta, para responderes à pergunta.Sabidinho é uma das personagens deste texto. Será este o seu verdadeiro nome? Por que lhe chamarão assim? (Compreensão Inferencial)

1) Não sabia que José Saramago também tinha ganhado um prémio Nobel.

2) O livro de onde foi retirado este texto sobre a biografia de Egas Moniz foi escrito antes de ter sido atribuído a José Saramago o prémio Nobel da Litera-tura.

6 – SeleccionaVerdadeiro (V) ou Falso (F) para responderes à pergunta.Egas Moniz recebeu o Prémio Nobel da Medicina em 1949. No dia 8 de Outubro de 1998, José Saramago, escritor português, recebeu o prémio Nobel da Literatura. Por que razão o Quico diz que vai trabalhar muito para ser o segundo português a receber um prémio Nobel? (Compreensão Inferencial)

VAfirmações F

1 – Gustavo Significado; 2 – Juvenal Literal; 3 – Conceição Reorganização; 4 – Durval Inferencial; 4.1. – Vicente Inteligente; 5 – Durval Inferencial; 6 – Durval Inferencial.

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159

ESTRELINHAS BAPTIZA O FIDALGO

O texto que se apresenta a seguir, aparentemente simples no que concerne ao seu conteúdo – o apareci-mento de um cão e a sua “adopção” por uma criança – é, na realidade, complexo, pelos recursos estilísticos usa-dos e pelos conhecimentos extra-textuais que requer. A exploração sugerida é também de dificuldade elevada.

As palavras escritas a vermelho remetem para a tarefa 1 e as expressões sublinhadas a cinzento para a tarefa 2. Estas indicações não estão disponíveis no livro do aluno.

A primeira tarefa proposta aos alunos requer a sinalização (sublinhando) de palavras novas ou de ex-pressões que recorrem à utilização de recursos estilísticos. No texto do professor estão destacadas algumas palavras/expressões. A selecção a efectuar pode, todavia, ser diferente da apresentada. Devem ser sempre anotadas as identificações efectuadas pelos alunos, cabendo ao professor propor outras que julgue pertinentes.

Relativamente a palavras ou expressões cujo sentido não seja identificado, podem ser propostas outras frases que remetam para situações do quotidiano e que ajudem o aluno a extrair o significado. Depois de se apresentarem alguns exemplos, os alunos podem ser incentivados a propor frases alternativas.

À semelhança de outras propostas, sugere-se que a interpretação seja discutida em grupo, que a tabela seja transcrita para o quadro da sala de aula e que as respostas sejam escritas no mesmo, pelo professor ou pelos alunos.

Classificação e extensão do texto: Narrativo, 496 palavras.

Proposta de operacionalização:- Organização do grupo de alunos: Grupo turma.- Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelos alunos, com preparação prévia em casa.- Modalidade de leitura das instruções: Em voz alta pelo professor.- Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos.- Realização das actividades: Oral pelo grupo turma, seguida do registo individual no livro do aluno.- Correcção: Professor.

ESTRELINHAS BAPTIZA O FIDALGO

Vivia na «ilha» um rapazinho que se chamava Fernando, mas que era para toda a gente o Estre-linhas. E isto pelo seguinte: quando ainda pequenino, o seu maior prazer era quedar-se em frente da porta da casa, a fitar o céu. Perguntavam-lhe:

- Fernando, o que estás a procurar lá em cima?- «Têlinhas» respondia.E assim as pessoas acabaram por chamar-lhe Estrelinhas.Estrelinhas gostava de ir ao pé do cãozinho, tão inesperadamente surgido no bairro. Admirava-lhe

os olhos grandes e tristes.

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O cão tem olhos como um filósofo, disse um dia à mãe.A mãe riu:- E tu sabes o que é um filósofo?- Sei sim senhora, é uma pessoa que cisma na vida.- Com que então aquele pobre bicho cisma na vida? Ah! Ah! Ah! Essa só tu, Estrelinhas. Sempre

me estás a sair um poeta!Para a mãe de Estrelinhas um poeta era uma pessoa com a cabeça fora do sítio, um homem que não

dizia coisa com coisa. Pois que ela não sabia o que era um poema, nem sequer conhecia uma letra do tamanho duma casa.

Apesar da troça da mãe, Estrelinhas não conseguia afastar de si a ideia de que o cão cismava na vida. Quando o via de olhar tão triste, ajoelhava-se ao lado dele, afagava-lhe a cabeça e falava-lhe como uma pessoa:

- Meu amigo, em que estás a cismar?O cão erguia para ele, com tal expressão de angústia, os lindos olhos castanhos de pupilas azuis,

que Estrelinhas lhe dizia:Vamos, não estejas tão triste, meu amigo. Assim não vale! Olha que ele também há coisas boas na

vida.Até ali a gente da «ilha» chamava ao cão o «animalzinho» ou o «bicho» ou o «baixote» ou simples-

mente o cão que não era propriamente um nome.- Temos de lhe pôr um nome, disse a senhora Ermelinda.- Herodes!, gritou logo alguém.Ninguém gostou. Herodes era o nome de um matador de meninos. E que tinha que ver um cãozito

tão pachorrento com matadores de meninos?- Pinóquio!Também não gostavam. Pinóquio chamava-se qualquer cão vulgar. Mas este não era um cão vul-

gar. Surgiram outras propostas: Négus, Lisboa, Argentina, Tirone, Don Manuel, Tejo… Não havia

maneira de se chegar a um acordo.- Eu por mim gostava de lhe dar o nome de um filósofo, disse Estrelinhas.- Então vê lá se sabes algum.Estrelinhas mordeu o polegar. Não sabia. Desanimado disse:- Talvez alguém de vocês saiba…Todos abanavam a cabeça. Não, ninguém sabia. De repente o Estrelinhas teve uma ideia:- E se lhe chamassem Tristão, por ter os olhos tristes?Está bem: concordaram, não porque achassem grande graça ao nome, mas porque gostavam do

Estrelinhas, franzino e de olhos tão negros e tão brilhantes como se estrelas negras fossem.Assim, o herói da nossa história passou a chamar-se Tristão. Ele próprio gostou, pelo menos mais

do que de Antony, o seu nome até esta data. Mas, depois, falaremos nisso.Ilse Losa, in “Um fidalgo de pernas curtas”, pp. 11-14.

Porto: Edições Marânus, 1958.© Ilse Losa/SPA 2010

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Tem uns olhos observadores, que pare- cem indicar que está a pensar.

De repente, sem ninguém contar, sem ninguém o prever.

Que não sabe do que fala. O que diz não faz sentido.

9) Nem sequer conhecia uma letra do tamanho de uma casa CI

Não sabia ler nem escrever.A exploração do significado permitirá explicar aos alunos que, em Portugal, só recentemente a escolaridade é obri-gatória. Quando este livro foi escrito (1958 – ver referência), muitos adultos não tinham aprendido a ler/escrever e havia mais mulheres analfabetas do que homens.

10) Troça ES “Fazer pouco” (popular), desdém, cha-cota…

11) Afagava-lhe ES Fazia-lhe festas, acariciava-lhe.

12) Expressão de angústia ES Expressão de sofrimento ou tristeza.

13) Também há coisas boas na vida CI Na vida não existem só coisas más.

14) Pachorrento ES Calmo, sossegado, que não faz mal a ninguém.

15) Matador ES Alguém que mata.Assassino.

16) Desanimado ES Sem saber o que fazer, sem ânimo.

17) Como se estrelas negras fossem CI Bonitos, reforça a ideia de que eram negros e brilhantes como estrelas.

1) Quedar-se ES Ficar parado.

O que Ilse Losa escreveu O que Ilse Losa queria dizer quando escreveu

Processo

2) A fitar ES A olhar.

5) Cisma ES Ideia persistente.

Sonhador, dizia coisas em que mais nin- guém pensava.

7) Com a cabeça fora do sítio CI Que não é realista. Idealista.

8) Que não dizia coisa com coisa CI

3) Inesperadamente ES

4) Tem olhos como um filósofo CI

6) Estás a sair um poeta CI

1 – Caça às palavras. Lê o texto. Sempre que encontrares uma palavra ou expressão que não conheças, que habi-tualmente não usamos no dia-a-dia, ou que usamos de forma diferente, sublinha-a com um lápis. Quando acabares, transcreve-as para o quadro abaixo e escreve o significado das que soube-res.

Mais uma vez tens de encontrar o significado de palavras e de expressões. Lembra-te das estratégias que podes usar quando tiveres dúvidas.

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Sugestões/Comentários:As palavras e expressões colocadas no quadro são apenas exemplos. Os alunos e o professor podem assi-

nalar outras.

2 – Jogo dos detectives.Neste texto, muitas das características e sentimentos das personagens estão “escondidos” e têm de ser descobertos. Vais ligar as frases do texto que estão na coluna da esquerda aos prováveis sentimentos nelas escondidas e que estão referidos na coluna da direita. Antes de começares, lê novamente o texto e, quando aparecerem as expressões assinaladas, fá-las cor-responder ao significado que achares mais adequado. (Compreensão Inferencial)

O seu maior prazer era quedar-se em frente da porta, a fitar o céu.

Quando o via de olhar tão triste, ajoelhava-se ao lado dele, afagava-lhe a cabeça e fala-va-lhe como a uma pessoa.

O cão erguia para ele, com grande expres-são de angústia, os lindos olhos castanhos de pupilas azuis.

A

B

C

1

2

3

Fernando tinha pena do cão e queria aliviar a sua tristeza.

Provavelmente o cão sentia-se triste e in-feliz.

Fernando era provavelmente sonhador e gostava de apreciar a natureza.

Ilse Losa escreveu... Deduzimos que…

Sugestões/Comentários:É necessário ajudar os alunos a localizar e a sintetizar a informação do texto. Pode-se analisar com eles a

primeira frase e, de seguida, deixar que completem sozinhos a tarefa.O emparelhamento dos sentimentos e comportamentos com as frases do texto pode não ser tarefa fácil.

Por conseguinte, sugere-se que os alunos procurem responder sozinhos e, posteriormente, que se peça para explicarem como fizeram as suas escolhas. Deve-se analisar a razão pela qual se utiliza a palavra “provavel-mente”. Este procedimento permitirá que os alunos percebam que as respostas dadas são inferências “autori-zadas”, mas que outras interpretações poderão também ser possíveis. Por exemplo, não temos a certeza de que as pessoas gostem de animais, pois podem gostar apenas daquele cão em particular.

3 – Depois da senhora Ermelinda ter dito que era preciso pôr um nome ao cão, as pessoas da ilha sugeriram vários nomes, acabando por aceitar o nome de Tristão. Por que razão aceita-ram este nome? (Compreensão Literal)

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: aceitaram o nome porque gostavam muito do Estrelinhas.

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Pergunta 2:

Personagem da Família Compreensão:

Resposta:

Sugestões/Comentários:O texto pode proporcionar outras oportunidades de exploração que aqui não foram contempladas, dado

que as actividades sugeridas requerem já um trabalho aprofundado. A formulação de perguntas por parte dos alunos, em particular perguntas que não sejam de compreensão

literal, é uma tarefa difícil. A fim de contornar esta dificuldade, uma das propostas consiste em distribuir a cada aluno uma parte do texto (pode ser adoptado um modelo de divisão, escrevendo em cada papel uma frase) e pedir-lhes que escrevam uma pergunta sobre a frase atribuída a cada um. Apresentamos alguns exemplos de possíveis perguntas a formular, a partir de frases do texto:

Fernando, o que estás a procurar lá em cima?Pergunta: Estaria o Fernando a procurar alguma coisa?“Têlinhas” respondia.Pergunta: Por que razão dizia “Têlinhas” e não estrelinhas?E assim as pessoas acabaram por chamar-lhe Estrelinhas.Pergunta: Se ele dizia “têlinhas” porque lhe terão chamado Estrelinhas e não “Têlinhas”?Pergunta: Quais são as palavras que a escritora usa e que são características de pessoas e não de animais?“Essa só tu, Estrelinhas.”Pergunta O que pensa a mãe acerca do filho?“Estrelinhas mordeu o polegar.”Pergunta: Porque terá Estrelinhas mordido o polegar?“Estrelinhas baptiza o fidalgo.”Pergunta: Quem é o fidalgo?Pergunta: Achas que este título foi bem escolhido? Porquê?

1: 1, 2, 3, 5, 10, 11, 12, 14, 15, 16 – Gustavo Significado; 4, 6, 7, 8, 9, 13, 17 – Durval Inferencial; 2 – Durval Inferencial; 3 – Juvenal Literal.

4 – Vamos fazer perguntas. Escreve duas perguntas a partir do texto. Escolhe duas personagens diferentes da Família Compreensão e usa dois tipos de resposta distintos.

Pergunta 1:

Personagem da Família Compreensão:

Resposta:

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Perante o texto que se segue, são esperadas dificuldades inerentes à interpretação da linguagem metafó-rica do texto poético.

Conhecendo as dificuldades que os alunos têm na compreensão deste tipo de texto, sugere-se que a sua exploração e a selecção de alternativas de resposta seja efectuada oralmente, envolvendo todo o grupo turma.

Depois de uma primeira leitura, a efectuar pelo professor, deverão ser sintetizados os conhecimentos dos alunos sobre o Girassol. Se a planta for desconhecida, pode ser procurada uma imagem na internet. É neces-sário que desta exploração resulte a identificação das principais características do Girassol (conhecimento necessário para a compreensão do poema):

- Cor: amarelo;- Caule: alto e direito;- Pétalas: longas;- Orientação: em direcção ao sol.De seguida, deverá proceder-se a uma análise global do poema, através de uma exploração oral orientada

por perguntas como as que a seguir se propõem: - Que palavra é escrita no papel?- Que desenho se lhe segue?- Porque se considera a folha de papel um deserto?- Que partes compunham o girassol?- O que fez o Girassol com cada uma delas?

Classificação e extensão do texto: Poesia, 58 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Grupo turma. - Modalidade de leitura do texto: Em voz alta pelo professor e em silêncio pelos alunos - Modalidade de leitura das instruções: Em voz alta pelo professor. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Oral pelo grupo turma, seguida do registo individual no livro do aluno. - Correcção: Professor.

MISTÉRIOS DA ESCRITA

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Vamos explorar um novo texto poético. Lembras-te das estratégias que usámos?

1) Que ele criou um deserto em imaginação.2) Que ele desenhou um girassol na folha em branco.3) Que os grãos de pólen deram origem a um girassol.4) Que os girassóis gostam de sítios com muito sol, como os desertos.

1 – Escrevi a palavra flor. / Um girassol nasceu / No deserto de papel.1.1 – Selecciona a opção correcta para responder à pergunta.O que achas que o autor quer dizer quando escreve os versos “Um girassol nasceu / No deserto de papel”? (Compreensão Inferencial)

2 – Era um girassol / Como é um girassol.2.1 – O que significam estes versos? Selecciona a alternativa que consideras correcta para responderes à pergunta. (Compreensão Inferencial)

1) Era um girassol bem desenhado.2) Era um girassol misterioso.3) Era um girassol com todas as características de um girassol.4) Era um girassol seco pelo sol.

MISTÉRIOS DA ESCRITAEscrevi a palavra flor.Um girassol nasceuno deserto de papel.Era um girassolcomo é um girassol.Endireitou o caule,sacudiu as pétalase perfumou o ar.Voltou a cabeçaà procura do sole deixou cair dois grãos de pólensobre a mesa.Depois cresceu até ficarcom a ponta de uma pétalafora da Natureza.

Álvaro Magalhães, in “O Limpa-Palavras e Outros Poemas”, 2.ª Ed., p. 23. Porto: Edições Asa, 2001.

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3 – Endireitou o caule, / Sacudiu as pétalas / E perfurou o ar. / Voltou a cabeça / À procura do sol3.1 – Esta descrição caracteriza bem a flor que é o girassol? Responde à pergunta e justifica a tua resposta. (Compreensão Crítica)

Não te esqueças que, em muitos casos, para compreenderes um texto tens de pensar naquilo que sabes. Lembra-te também que na poesia as palavras são muitas vezes usadas com um sentido diferente do habitual. Se reparares, muitas das respostas requerem a ajuda do Durval Inferencial.

Sugestões/Comentários:As expressões “era” e “como é” são os elementos a considerar para identificar a alternativa correcta. Su-

gere-se que os alunos comecem por indicar oralmente qual lhes parece ser a alternativa correcta. Se existirem dificuldades, pode chamar-se a atenção para os elementos apontados previamente.

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: sim, dado que no verso estão presentes as características do girassol (caule alto, flor orien-tada para o sol).

4 – A Luísa, aluna do 4.º ano, disse que o girassol parecia estar a espreguiçar-se. Concordas com ela? (Compreensão Inferencial)

Aceitar como correctas as respostas que indiquem: sim, pois quando nos levantamos endireitamo-nos, esticamos os braços e as pernas.

Sugestões/Comentários:Os alunos poderão precisar de ajuda. Neste caso, sugere-se que o professor dê a resposta e analise com eles

as razões da sua resposta.

5 – E deixou cair dois grãos de pólen / Sobre a mesa.

5.1 – Achas que o girassol deixou cair mesmo dois grãos de pólen sobre a mesa? (Compreen-são Crítica)

Aceitar como correctas respostas que indiquem: a) não, porque era um desenho; b) não, porque além de ser um desenho, não é possível contar só dois grãos de pólen (são demasiado pequenos).

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6.1 – Faz uma pergunta sobre esta parte do poema.

6 – Depois cresceu até ficar / Com a ponta de uma pétala / Fora da Natureza.

Pergunta:

Personagem da Família Compreensão:

Resposta:

Sugestões/Comentários:A formulação de perguntas sobre textos poéticos, e sobre este em particular, poderá ser uma tarefa difícil.

Sugere-se que o trabalho seja realizado aos pares.

1.1 – Durval Inferencial; 2.1 – Durval Inferencial; 3.1 – Francisca Crítica; 4 – Durval Inferencial; 5.1 – Francisca Crítica.

Chegamos ao fim do programa. Vais fazer agora a última Prova de Aferição. Surpresa! Já respondeste a esta prova, mas vais repeti-la. Porquê? Para verifica-res o que mudou antes de teres feito comigo o programa “Aprender a compreender torna mais fácil o saber”.

Nesta prova já não vão aparecer as personagens da Família Compreensão nem te é pedido que as identifiques. Na prova que vais fazer no final do 4.º ano não poderás escrever o nome das personagens na folha de prova. Agora elas devem estar apenas na tua cabeça.

Avaliação FinalProva de Aferição de Língua Portuguesa, 2005

Como foi necessário pensares para conseguires compreender o poema?

Sugestões/Comentários:A pergunta feita pelo “Vicente Inteligente” deve ser tratada apenas em discussão oral. Não podemos aqui

fazer referência a um processo, uma vez que se trata de reflectir sobre o processo de resolução das perguntas anteriores.

Poderão ser referidos aspectos como:a) Lembrar como é um girassol;b) Questionar se as palavras/expressões têm um significado habitual ou se são usadas de modo diferente;c) Analisar sucessivamente várias unidades de sentido;d) Fazer perguntas sobre o que o autor quererá dizer.

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JOHANN GUTENBERG (1394-1468)

O texto seguinte – com dados biográficos sobre Johann Gutenberg – foi incluído para permitir aos alunos procederem à exploração do mesmo, constituindo uma oportunidade para apreciar em que medida são capazes de reconhecer as dificuldades associadas à linguagem do texto e mobilizar estratégias para a sua resolução.

“Johann Gutenberg” é o terceiro texto com informação biográfica cuja leitura é proposta aos alunos. Na actividade são dadas sugestões para recorrerem a estratégias que têm sido trabalhadas ao longo do progra-ma: identificar o que não sabem, quer em termos de conceitos quer de vocabulário e assinalar/destacar essa informação.

A exploração desta informação será posterior à concretização do “concurso”. Neste, é pedido aos alunos que façam “perguntas difíceis” sobre o texto. Com este procedimento, recorre-se a uma estratégia usada de modo recorrente ao longo do programa: incentivar os alunos a formularem perguntas e respostas. Esta estra-tégia, além de ser mais desafiante do que a resposta a perguntas formuladas pelo professor, introduz um novo tipo de objectivos para a leitura.

Para a concretização desta actividade são necessários alguns preparativos por parte do professor:1) Organizar os alunos em pequenos grupos;2) Organizar uma tabela com o nome dos grupos de alunos;3) Providenciar uma caixa onde serão colocadas as perguntas (e respectivas respostas) formuladas pelos

alunos.

Classificação e extensão do texto: Informativo, 622 palavras.

Proposta de operacionalização: - Organização do grupo de alunos: Grupo turma. - Modalidade de leitura do texto: Leitura silenciosa. - Modalidade de leitura das instruções: Leitura silenciosa. - Identificação das personagens da Família Compreensão: Identificação a efectuar pelos alunos. - Realização das actividades: Escrita em pequenos grupos. - Correcção: Professor.

Concurso

O texto “Johann Gutenberg” contém informação biográfica. Vais ler o texto. Se não percebe-res alguma coisa, escreve um ponto de interrogação com um lápis de cor. Se encontrares al-guma palavra nova, sublinha com um lápis de outra cor. O texto foi dividido em cinco partes, pelo que deves fazer uma pergunta para cada uma delas. Segue os seguintes passos:

a) Divide uma folha branca em cinco partes. Em cada uma escreve uma pergunta e a respectiva resposta. Procura usar várias personagens da Família Compreensão e fazer perguntas difíceis.

b) Escreve o nome ou o número do teu grupo. c) Entrega as cinco perguntas com as respectivas respostas à tua professora.

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Sugestões/Comentários:Ao receber as tiras de papel com as perguntas e as respostas de cada grupo o professor deverá numerá-las. Depois de todas recolhidas, serão retiradas, uma a uma, aleatoriamente, procedendo-se à leitura das per-

guntas nelas inseridas, identificando-as previamente pelo respectivo número. Cada grupo deve responder a todas as perguntas, identificando-as previamente através do número, e as

respostas serão colocadas numa caixa. As respostas deverão ser corrigidas oralmente e confrontadas com as fornecidas pelos grupos que propu-

seram as correspondentes perguntas. Ganha o concurso o grupo que conseguir responder correctamente ao maior número de perguntas.Poderá haver perguntas que remetem para uma mesma resposta, embora a sua formulação possa ser dife-

rente. Este tipo de pergunta não deverá ser eliminada. No entanto, depois do concurso, deverão ser analisadas a fim de as comparar em termos de clareza, rigor de linguagem, etc...

Que bom ter um livro para ler!...- Ó Luísa, vais dizer uma poesia? – Perguntou o Carlitos, intrigado.- Não, estou apenas a exprimir esta realidade. É que «desde o desenho rupestre, inscrito nas pa-

redes das cavernas, até à tábua encerada dos escribas romanos; desde o frágil papiro preenchido com enigmáticos hieróglifos, até ao pesado pergaminho coberto de caracteres góticos, o sinal gráfico tem servido ao homem para falar, mesmo quando está ausente» - respondeu a Luísa, já quase sem fôlego, por ter dito este lindo parágrafo que decorara.

- É verdade… num livro temos leis, hábitos e costumes, versos, histórias… - acrescentou, pensa-tivo, o Nuno.

- Ora, tudo isto se deve à Imprensa, inventada por Johann Gutenberg que viveu numa cidade alemã chamada Mogúncia, no século XV – acrescentou a Luísa.

- Gutenberg? – perguntou o Quico, para ter a certeza. – Eu já ouvi a minha professora falar dele… Conta, conta, Luísa!

- Quando ele nasceu, na Idade Média, os livros eram copiados à mão pelos frades dos conventos – explicou a menina.

- Eram os copistas – interrompeu, a propósito, o Sabidinho. - Quando ainda jovem, saiu da sua cidade natal e foi para Estrasburgo, onde se tornou ourives e

casou, em 1437, com a sua querida Ana – continuou a Luísa a informar os amigos.- Era frequente ele pensar, enquanto trabalhava os metais e pedras preciosas: “Gostava tanto de

ter um livro para ler … se não fosse tão difícil copiá-los, eles não seriam tão caros” Foi então que… - e a Luísa começou a ler:

«Ao observar um anel com um sinete em relevo, teve a ideia de tentar imprimir o desenho, o que conseguiu. Foi o despertar de uma descoberta. Moldou letras primeiro em madeira e depois em me-tal. Teve que ordenar as letras, estudar o tipo de tinta… mas havia um problema… Como conseguir aderência? Era preciso conceber uma máquina. Como as invenções são muitas vezes fruto de uma observação casual seguida de raciocínio, Gutenberg inspirou-se numa prensa de esmagar uvas.

JOHANN GUTENBERG (1394-1468)

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Com a ajuda de um artesão, construiu a “prensa gutenberguiana”, a primeira máquina de imprimir. Este invento foi, mais tarde, aperfeiçoado e serviu durante três séculos para difundir o pensamento humano.»

- Ó Luísa, esqueceste-te de falar na Bíblia … - interrompeu, um pouco aflito, o Nuno. - Não poderia esquecer-me, Nuno, porque essa obra foi a excelência da sua invenção! A obra-

prima que confirmou o êxito do seu trabalho. Ouçam, agora!«Em 1454, Gutenberg começou a fazer os tipos para a primeira edição impressa da Bíblia. Havia

1282 páginas de …»- Deixa-me dizer, Luísa! – pediu o Carlitos – 42 linhas cada, por isso se chamou a Bíblia de Gu-

tenberg ou das 42 linhas. - Muito bem! – e continuou olhando para os seus apontamentos: «Existem, hoje muito poucos

exemplares desta Bíblia que, aliás, são valiosíssimos. Um encontra-se no museu dedicado a Guten-berg, em Mogúncia. Esta Bíblia está guardada num cofre blindado e é exposta aos visitantes apenas durante uma hora por dia».

- Curioso! – achou o Sabidinho.

- Ouçam agora a conclusão – pediu a Luísa: «A contribuição simples, mas genial, deste homem, tornou possível que cópias de manuscritos,

até aí acessíveis só a uma escassa minoria, fossem reproduzidas com rapidez e em número quase ili-mitado. Dessa maneira, tornou-se possível a divulgação da cultura, influenciando a vida intelectual da época.»

Assim que a Luísa terminou, o Quico, mostrando o seu caderno, chamou a atenção: - Olhem só as palavras difíceis que a Luísa empregou na sua exposição e que eu tenho de ir ver

ao dicionário!- Ainda bem – respondeu o Nuno – que a Luísa também contribuiu para a divulgação da cultura

entre o grupo.E separaram-se para suas casas, entusiasmados e curiosos com os próximos amigos célebres a

conhecer.Maria Augusta Lopes e Dália Martins, in “Amigos Célebres”, pp.7-9.

Lisboa: Edições Nosso Amiguinho, Publicadora Atlântico, 1995.

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Sugestões/Comentários:Os textos propostos neste programa resultaram de uma selecção prévia orientada pelos critérios que

explanámos na introdução. Com a actividade final pretende-se dar aos alunos a oportunidade de serem eles próprios a procurarem textos sobre os quais irão elaborar uma proposta de exploração. Para seleccionarem textos têm de ler várias obras ou tentarem localizá-los em leituras prévias. Esta procura ajuda os alunos a definirem objectivos de leitura.

A selecção pode ser orientada pelo professor, apresentando alguns dos critérios que devem usar. Por exemplo: textos que pensem ser interessantes para os colegas (ex: textos sobre invenções, sobre dinossauros, sobre astronautas); textos nem excessivamente curtos nem excessivamente longos (entre 250 e 700 palavras). No entanto, a escolha deve ser sempre deixada ao critério dos alunos. Aconselha-se também que os textos tenham um formato possível de ser projectado em projector multimedia ou no quadro interactivo (escritos em word ou em qualquer outro programa de texto, ou digitalizados mediante a utilização de um scanner).

A elaboração das actividades poderá ser efectuada aos pares ou em pequenos grupos. Cada par/grupo pode atribuir a si mesmo um nome ou um número, que será usado para se identificar no concurso. O concurso deverá incluir as seguintes regras:

1. Cada grupo/par selecciona um texto.2. Cada grupo/par elabora as respectivas actividades.3. Um elemento do grupo lê o texto.4. O(s) elemento(s) do grupo/par lêem as instruções.5. Cada grupo (incluindo o que está a fazer a apresentação) responde por escrito às perguntas.

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IV - AVALIAÇÃO DE PROGRESSO

Apresentam-se, nesta quarta parte desta obra, as Provas de Aferição a usar bem como as propostas de análise e interpretação dos resultados. Em anexo encontram-se as bases de dados a usar para lançar a pon-tuação obtida pelos alunos nas diferentes provas.

AVALIAÇÃO INICIAL 1

Aplicar a prova seguindo as instruções das Provas de Aferição fornecidas pelo GAVE e disponibilizadas no respectivo sítio da internet. Os resultados obtidos nesta primeira avaliação devem, posteriormente, ser comparados com os obtidos no final do programa, aquando da repetição desta mesma prova. Estes primeiros resultados não devem, por isso, ser transmitidos aos alunos.

Vais fazer uma prova para testar a tua compreensão leitora. Lê com atenção as instruções e trabalha com cuidado.

PROVA DE AFERIÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA,1.º CICLO DO ENSINO BÁSICO (PARCIAL) - 2005

INSTRUÇÕES GERAIS SOBRE A PROVA

1ª PARTEVais responder a questões sobre cada um dos textos que te são apresentados para leitura.

Dispões de 45 minutos para realizares a prova.

Deves respeitar as instruções que a seguir te são dadas.

• Responde na folha da prova, a caneta ou a esferográfica, de tinta azul ou preta.• Não uses corrector.• Numas questões, terás de escolher e assinalar a(s) resposta(s) correcta(s).• Nas questões em que apenas tens de assinalar a(s) resposta(s) correcta(s), se te enganares e puseres X no quadrado errado, risca esse quadrado e coloca o sinal no lugar que consideres certo.• Nas outras questões, se precisares de alterar alguma resposta, risca-a e escreve à frente a nova resposta.

Extraído da Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 1.º Ciclo do Ensino Básico, 2005 http://www.gave.min-edu.pt. 1

1

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1ª PARTELê o texto com muita atenção.

A NOITE EM QUE A NOITE NÃO CHEGOU

1 Um dia, mal acordou, a noite foi espreitar pela janela e reparou que já era quase noite. «Estou atrasada!», pensou ela ao ver que o Sol já tinha desaparecido e os candeeiros começavam a acender-se. Mas, nesse dia, ou nessa tarde, ou nessa noite, a noite sentia-se muito5 preguiçosa. Gostava muito de estar ali, no quentinho dos lençóis, mas à noite não podia. Tinha sempre que fazer. Contrariada, deu uma volta e outra volta, desenroscou-se, enroscou-se e pensou lá para consigo: «Estou farta!» Havia muitas, muitas noites desde o início dos tempos que a noite 10 chegava à hora certa sem faltar um só dia. «E tudo isto para quê?», perguntou ela de si para si, «Só para que o vaidoso do Sol possa ir mostrar a sua linda cabeleira dourada ao outro lado do mundo… Hoje, não saio daqui… O Sol que se amanhe!» Olhando para o seu antiquíssimo fato de trabalho, metade feito de15 estrelas, metade de escuros trapos, a noite resolveu por uma vez ficar na cama. «O pôr-do-sol que se aguente aí, a pairar no meio do céu, até que nasça o dia! Está resolvido. Hoje, ninguém me tira daqui!» Assim, sem querer saber de mais nada, a noite deixou-se ficar na cama20 toda satisfeita, com uma chávena de chá numa mão e um livro de histórias na outra. Quando perceberam que a noite não chegava, as pessoas, os bichos, os candeeiros e as flores começaram a juntar-se às portas da noite. Os autocarros e os girassóis queriam ir dormir. Os mochos, as corujas e os 25 guardas-nocturnos queriam sair para o trabalho. Por isso se puseram todos a gritar: «Venha a noite! Venha a noite! Então, nunca mais chega?! É preciso fazer cair a noite!» Mas era tão alta a casa onde a noite morava que ninguém se atrevia sequer a tentar chegar lá acima.30 Foi então que apareceu um menino rabino que pediu «Com licença…» a toda a gente e se pôs a trepar pelos últimos raios de sol. Num equilíbrio despachado, pôs um pé numa nuvem, outro num cometa e, em menos de nada, chegou junto da noite. De tão entretida com o seu livro de histórias, a noite nem deu por nada.35 E mesmo que desse nem podia adivinhar. Não estava habituada a meninos e aos seus doces passos de algodão. De mansinho, o menino rabino pôs-se a fazer-lhe cócegas nos pés. A noite desatou a rir às gargalhadas. «Ah,Ah,Ah! – Ah,Ah,Ah!» Tanto se riu

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a noite que caiu da cama abaixo. E, caindo, passou por estrelas, luas e40 sóis. Todas as luzes se apagaram à sua passagem e um manto muito grande, negro, de cetim, foi cobrindo a pouco e pouco o mundo inteiro. O menino rabino, do esforço que fez, ficou tão cansado e com tanto sono que nem perdeu tempo. Deitou-se logo na cama da noite e, antes de adormecer, voltou-se para ela que lá em baixo já tomara conta do mundo45 inteiro e disse-lhe baixinho: «Adeus, noite… Até amanhã… Boa noite…»

Responde ao que te é pedido sobre o texto que acabaste de ler, de acordo com as orientações que te são dadas.

1. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.Um dia, mal acordou, a noite foi espreitar pela janela e pensou: «Estou atrasada!» (linha 2)Ela percebeu que estava atrasada, porque

ouviu as horas no relógio da igreja. viu que o Sol já se tinha ido embora. começou a ouvir o cri-cri dos grilos. viu o guarda-nocturno no posto dele.

3. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.A noite resolveu então ficar na cama. dar um passeio. ir brincar. pôr-se a trabalhar.

José Fanha, A Noite em que a Noite não Chegou,

Porto, Campo das Letras, 2001.

x

x

Assinala apenas: viu que o Sol já se tinha ido embora. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

2. Transcreve do texto uma frase que mostre que a noite estava mesmo sem vontade nenhuma de ir cumprir o seu dever.

Transcreve uma frase que mostre que a noite não tinha vontade de ir cumprir o seu dever.Por exemplo:«Mas, nesse dia, ou nessa tarde, ou nessa noite, a noite sentia-se muito preguiçosa.»OU«Contrariada, deu uma volta e outra volta, desenroscou-se, enroscou-se e pensou lá para consigo:“Estou farta!”»OU«Está resolvido. Hoje, ninguém me tira daqui!». (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

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muito distraída. egoísta. preguiçosa. pouco responsável. bastante atarefada. furiosa. bisbilhoteira. preocupada.

4. Assinala com X as três opções correctas, de acordo com o sentido da frase seguinte. Quan-do diz «Hoje, não saio daqui... O Sol que se amanhe!» (linhas 12-13), a noite mostra-se

x

xx

Assinala apenas: ficar na cama. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

Assinala apenas as seguintes características: preguiçosa; egoísta; pouco responsável. (cotação: 2 pontos).Assinala duas das características acima mencionadas. Erra ou omite a restante. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

5. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.As pessoas, os animais, as plantas e os objectos começaram a gritar «É preciso fazer cair a noite!» (linhas 26-27), porque

desejavam pregar uma partida à noite. queriam castigar a noite pelo seu atraso. pretendiam ouvir as explicações da noite. queriam fazer o que faziam todas as noites.x

Assinala apenas: queriam fazer o que faziam todas as noites. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

6. Assinala com X as afirmações Verdadeiras (V) e as Falsas (F), de acordo com o sentido do texto. Quem conseguiu fazer cair a noite foi um menino rabino. De que modo?

VAfirmações FContou histórias à noite para ela não adormecer.Equilibrou-se numa nuvem e num cometa.Pregou um susto à noite.Prometeu ler-lhe um livro.Subiu pelos últimos raios solares.Fez cócegas nos pés da noite.Trepou por um poste de electricidade.

Assinala correctamente todas as afirmações. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

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rápidos. largos. leves. saltitantes.

7. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.

«Não estava habituada a meninos e aos seus doces passos de algodão.» (linhas 35-36)

Nesta frase, a expressão «doces passos de algodão» significa que os passos dos meninos eram

x

Assinala apenas: leves. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

A noite começou a rir. A noite caiu da cama abaixo. A noite tomou conta do mundo inteiro. A noite sentiu cócegas nos pés. A noite passou por estrelas e sóis.

8. Ordena o que aconteceu à noite, numerando as afirmações de 1 a 5, de acordo com o final do texto.

Ordena correctamente os seguintes acontecimentos:2. A noite começou a rir.3. A noite caiu da cama abaixo.5. A noite tomou conta do mundo inteiro.1. A noite sentiu cócegas nos pés.4. A noite passou por estrelas e sóis. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Reorganização

9. Na tua opinião, a noite conseguiu, ou não, levar por diante a sua intenção inicial?Justifica a tua resposta.

Emite uma opinião, apresentando uma justificação plausível e coerente com o sentido do texto.(cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Crítica

Lê, agora, o seguinte texto

O SOL

O Sol pesa 333 000 vezes mais que a Terra e é tão grande que poderia acolher 1 300 000 Terras. Se a Terra tivesse o tamanho de uma bola de ténis, o Sol teria o tamanho de uma casa.

O Sol é uma enorme bola de gás quente, que se formou a partir de uma nuvem de gás e de pó que flutuava no espaço. Começou a brilhar há cerca de 5000 milhões de anos.

O Sol parece mover-se no céu, do amanhecer até ao anoitecer, mas essa ilusão é causada pela ro-

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tação da Terra. Na verdade, somos nós que nos movemos. No entanto, o Sol move-se de outra forma: gira como a Terra, mas muito mais lentamente.

A temperatura da superfície do Sol é de cerca de 5500 graus centígrados, o suficiente para eva-porar tudo o que existe sobre a Terra. No centro, a sua temperatura é muito mais alta, rondando os 15 milhões de graus centígrados.

1000 Perguntas e Respostas, Sintra, Girassol Edições, Lda., s.d. (adaptado).

10. Completa o Bilhete de Identidade do Sol, com base nas informações transmitidas no texto que acabaste de ler.

BILHETE DE IDENTIDADE

Preenche o quadro com cinco ou seis dados correctos, transcrevendo ou parafraseando as informações do tex-to. Erra ou omite um dos dados.Nome: Sol.O que é: É uma enorme bola de gás quente.Idade: 5000 milhões de anos.Peso: 333 000 vezes mais que a Terra.Temperatura à superfície: 5500 graus.Origem: Nuvem de gás e de pó (que flutuava no espaço).Como se move: Gira como a Terra, mas mais lentamente. (cotação: 2 pontos).Preenche o quadro com três ou quatro dados correctos, transcrevendo ou parafraseando as informações do texto. Erra ou omite os restantes (cotação: 1 ponto)Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

Os irmãos Joana, André e Pedro vão com os pais à Festa da Primavera, no Centro Cultural de Belém.

Consulta o texto informativo sobre a Festa, publicado numa revista, e responde às perguntas que se seguem.

Nome: Sola) b) c) d) e) f)

O que é:Idade:

Temperatura à superfície: Origem:Como se move:

Peso:

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Visão, n.º 576, de 18 a 24 de Março de 2004 (adaptado).

11. O que é que esta família teve de fazer para poder assistir a um espectáculo?Assinala com X a opção correcta.

Comprar os bilhetes até uma hora antes da Festa. Reservar os bilhetes pelo telefone, um dia antes. Apresentar os convites à entrada de cada espectáculo. Levantar as entradas uma hora antes do espectáculo.x

Assinala apenas: Levantar as entradas uma hora antes do espectáculo. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

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12. Assinala com X, na lista seguinte, cinco espectáculos diferentes oferecidos na Festa da Primavera.

Música Corrida de touros Futebol Dança. Balé Ginástica Teatro Cinema. Circo Marionetas

xx

xxx

Assinala apenas as cinco variedades de espectáculos seguintes: Música; Teatro; Circo; Dança; Marionetas. (cotação: 2 pontos).Assinala correctamente três ou quatro variedades de espectáculos. Omite as restantes ou erra uma ou duas variedades de espectáculos. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

13. No dia da Festa, a partir das 16 horas, a que espectáculos ainda se podia assistir?Assinala com X as opções correctas.

A Asa e a Casa Tocárufar Banda dos Bombeiros Charanga Histórias para Assustar e Rir Caravela Amarelaxx

x

Assinala apenas os três espectáculos seguintes: Tocárufar; Charanga; Histórias para Assustar e Rir. (cotação: 2 pontos).Assinala correctamente dois espectáculos. Omite os restantes ou erra um espectáculo. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

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PROVA DE AFERIÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA,1.º CICLO DO ENSINO BÁSICO (PARCIAL) - 2008 2

AVALIAÇÃO 2

A aplicação da prova deve seguir as instruções constantes no guião de aplicação das Provas de Aferição, incluindo o tempo máximo para a realização da mesma (45 minutos). Os procedimentos e critérios de cotação devem também seguir as orientações do GAVE, que se encontram transcritas após cada questão.

De modo a integrar na resposta às Provas de Aferição a Família Compreensão, sugere-se que sejam dadas aos alunos as seguintes indicações:

a) Iniciarem a leitura pelas perguntas e não pelo texto e lembrarem os cuidados a ter na resposta a cada tipo de pergunta;

b) Verificarem se o texto é acompanhado de algum glossário e lerem o mesmo; c) Lerem o texto; d) Antes de responderem a cada pergunta, devem analisar qual é a personagem da Família Compreensão

a que deverão recorrer. Esta informação aparece na Prova de Aferição dos alunos como sugestão do Vicente Inteligente.

Os procedimentos sugeridos nas duas primeiras alíneas não são uma prática habitual. A sua inclusão é justificada pelo facto de remeterem para estratégias que permitem a activação dos conhecimentos prévios, contribuindo para uma leitura orientada. Ao longo do programa não usamos este procedimento, uma vez que para cada texto são sugeridas outras actividades de pré-leitura que, em nosso entender, se adequam melhor à exploração do texto e aos objectivos visados. Esta explicação é dada aos alunos pelo Vicente Inteligente.

Após a resposta à prova, caberá ao professor decidir se faz ele próprio a correcção, ou se propõe uma auto-correcção guiada por uma exploração detalhada do texto. Este último procedimento, embora mais demorado, poderá contribuir de forma mais eficaz para a tomada de consciência dos erros cometidos.

No final do livro do aluno apresentam-se as soluções para as perguntas das Provas de Aferição.A introdução dos resultados na folha de cálculo pode ser efectuada presencialmente na sala de aula com

cada aluno a “ditar” os seus valores. Deve ser fornecido, a cada aluno, o seu gráfico de desempenho. Este grá-fico deverá ser colado no caderno do aluno.

Após a análise dos resultados de cada aluno, é importante incentivá-los a identificarem as estratégias de aprendizagem mais adequadas na produção e no controlo das respostas. Esta actividade pode ser efectuada em grande grupo, registando em tabela, no quadro da sala, as razões apontadas pelos alunos.

Ao longo do programa, como referimos previamente, propõe-se aos alunos que realizem algumas das Pro-vas de Aferição. A indicação para a sua realização é dada pela personagem Vicente Inteligente. Na secção onde estão incluídas as provas apresentam-se algumas estratégias para a introdução das mesmas. A versão do aluno inclui nas últimas páginas as respectivas correcções de acordo com as orientações de classificação do GAVE. Deverão ser os alunos a efectuar a auto-correcção, proceder à classificação e obter a sua nota. Os resultados deverão ser alvo de discussão no grupo-turma, salientando os resultados positivos e os aspectos que devem ser melhorados e aos quais os alunos deverão prestar atenção ao longo dos textos que irão ser trabalhados até à próxima Prova de Aferição. A introdução das cotações na base de dados em Excel poderá facilitar a análise dos desempenhos individuais e do grupo e a geração de gráficos de desempenho personalizados.

Extraído da Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 1.º Ciclo do Ensino Básico, 2008 http://www.gave.min-edu.pt. 2

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O objectivo desta avaliação é o de verificar se melhoraste desde a última avaliação até agora. Para quem tem medo de avaliações é uma boa maneira de perdê-lo, pois só se perde o medo enfrentando-o.

Antes de começares a responder respira fundo, fecha os olhos e tenta lembrar-te de todas as estratégias que já aprendeste.

Anota o tempo que gastares a fazer a prova. Se o tempo concedido não chegar terás de fazer um esforço para pensares um pouco mais depressa. MANTÉM A CALMA E USA A CABEÇA. CONSELHO DE VICENTE INTELIGENTE.

Estamos todos contigo!

JuvenalLiteral

VicenteInteligente

GustavoSignificado

DurvalInferencial

ConceiçãoReorganização

FranciscaCrítica

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Para te assegurares de que compreendes bem o texto e de que as tuas respostas estão correctas e completas podes usar as seguintes estratégias:

1) Ler o texto com atenção.2) Quando começares a ler as perguntas lembra-te das estratégias a usar

para responder a cada tipo de pergunta.3) Verifica se o texto é acompanhado de um glossário. Lê-o. Porquê? Por-

que sabendo o que querem dizer estas palavras compreenderás mais facil-mente o texto.

4) Experimenta começar por ler as perguntas antes de leres o texto. Por-quê? A resposta é simples. As perguntas dão-te pistas sobre o tema tratado. Quando começares a ler já terás alguma informação que te pode ajudar a compreender melhor o que vais ler. À medida que vais lendo vais encontran-do as respostas para algumas das perguntas. Quando isso acontecer sublinha-as, mas não pares a leitura. Se paras, terás mais dificuldade em compreender o texto.

5) Não confies demasiado na memória. Relê o texto as vezes que forem precisas para te certificares de que estás a dar respostas certas e completas.

6) Repara nas personagens da Família Compreensão que te podem ajudar. E pensa bem antes de responder.

São muitas instruções? Talvez. Mas à medida que fores avançando vais ver que consegues usar estas estratégias automaticamente. Depois de bem aprendidas, é como andar de bicicleta – NÃO SE ESQUECE!

INSTRUÇÕES GERAIS SOBRE A PROVA

1ª PARTEVais responder a questões sobre cada um dos textos que te são apresentados para leitura.

Dispões de 45 minutos para realizares a prova.

Deves respeitar as instruções que a seguir te são dadas.

• Responde na folha da prova, a caneta ou a esferográfica, de tinta azul ou preta.• Não uses corrector.• Numas questões, terás de escolher e assinalar a(s) resposta(s) correcta(s).• Nas questões em que apenas tens de assinalar a(s) resposta(s) correcta(s), se te enganares e puseres X no quadrado errado, risca esse quadrado e coloca o sinal no lugar que consideres certo.• Nas outras questões, se precisares de alterar alguma resposta, risca-a e escreve à frente a nova resposta.

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Lê o texto com muita atenção.

A escrita, tal como a conhecemos hoje, é o resultado de uma incrível evolução. Os primeiros escritos eram gravados em argila, em pedra, em madeira, em bambu e em osso. Os egípcios foram os primeiros a utilizar um material flexível e prático, obtido a partir de caules de papiro, uma planta que cresce nas margens do rio Nilo.5 Cerca de 100 anos após o início da nossa era, os chineses inventaram uma técnica para fazer papel a partir das árvores. Essa técnica, prática e eficaz, depressa passou a ser usada por vários povos. O alemão Johannes Gutenberg inventou a imprensa, em 1450. Antes dessa invenção, cada livro era copiado à mão pelos monges, ao ritmo de três ou quatro10 páginas por dia. Com a imprensa, imprimiam-se 300 páginas por dia! O saber tornou- -se acessível a todos e as novas ideias expandiram-se rapidamente. A primeira máquina de escrever foi posta a funcionar pelo americano Christopher Sholes, em 1867. Activada por uma alavanca, cada tecla batia numa fita com tinta, que imprimia uma letra numa folha de papel. 15 O computador substituiu as máquinas de escrever, porque tornou possível produzir documentos escritos muito mais rapidamente. Além disso, é o grande responsável pela revolução no domínio das comunicações. E tu sabes porquê? Porque estas pequenas maravilhas podem comunicar entre si! A primeira comunicação, ou ligação, entre dois computadores foi efectuada na20 cidade norte-americana de Los Angeles, em 1969. Actualmente, a música, o texto e as imagens circulam pelos quatro cantos do globo graças à internet, uma gigantesca rede que liga milhões de utilizadores pelo mundo fora.

QA Internacional, O Meu Álbum das Descobertas e Invenções, Lisboa,

Impala Editores, 2006 (adaptado).

Responde ao que te é pedido sobre o texto que acabaste de ler, seguindo as orientações que te são dadas.

1. Assinala com X a opção que completa a frase, de acordo com o sentido do texto. Este texto foi escrito para explicar como

se escreve à máquina. a escrita foi mudando. se inventou a internet. funciona um computador.

x

Assinala apenas: a escrita foi mudando. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Reorganização

Page 197: Ensino Da Compreensao Leitora

186

2. O texto indica-nos algumas datas de acontecimentos importantes. Segue o exemplo e completa a correspondência entre cada acontecimento e a respectiva data.

O alemão Johannes Gutenberg inventou a imprensa. Fez-se a primeira ligação entre dois computadores. Os chineses inventaram uma técnica para fazer papel.A primeira máquina de escrever foi posta a funcionar.

ANO100

1

1

2 3 4

ANO1450

ANO1867

ANO1969

Faz a correspondência correcta entre os três acontecimentos e a respectiva data. (cotação: 2 pontos).Faz a correspondência correcta entre os três acontecimentos e as respectivas datas, mas sem seguir o exemplo dado, registando as datas e não a numeração indicada. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

24

3

3. De acordo com as informações do texto, assinala com X as afirmações Verdadeiras (V) e as Falsas (F).

VAfirmações Fa) Há muito tempo, escrevia-se sobre argila, pedra, madeira, bambu e osso.b) Os egípcios utilizaram o papiro para escrever.c) O papel, inventado pelos chineses, teve grande aceitação.d) Antes da imprensa não havia livros.e) A imprensa tornou a produção de livros rápida e fácil.f) A primeira máquina de escrever foi inventada por Gutenberg.g) A internet é uma rede que liga os computadores entre si.

Assinala correctamente as sete afirmações (cotação: 3 pontos).Assinala correctamente cinco ou seis afirmações. (cotação: 2 pontos).Assinala correctamente três ou quatro afirmações. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

Page 198: Ensino Da Compreensao Leitora

187

4. No texto, diz-se que os computadores são pequenas maravilhas. Explica, por palavras tuas, a afirmação sublinhada.

Apresenta uma explicação coerente com o sentido do texto. Por exemplo: (…) porque podem comunicar entre si/ mudaram a maneira como as pessoas comunicam… (cotação: 3 pontos).Apresenta uma explicação coerente com o sentido do texto, mas baseando-te apenas em exemplos da sua experiência pessoal.Por exemplo: (…) porque podemos guardar ficheiros, fazer pesquisas, ouvir música, falar com outras pessoas… (cotação: 2 pontos).Apresenta uma explicação decorrente de uma interpretação literal da expressão «pequenas maravi-lhas».Por exemplo: (…) porque os computadores fazem muitas coisas mas são pequenos… (cotação: 1 ponto).Dá uma resposta incoerente, irrelevante ou ambígua. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

5. Pensa num título adequado ao texto que leste. Escreve o título em que pensaste.

Propõe um título coerente com o sentido e a funcionalidade do texto.Por exemplo: A evolução da escrita; Para saber mais sobre a escrita; A escrita através dos tempos. (cotação: 3 pontos).Propõe um título coerente com o sentido do texto. Por exemplo: A escrita; Maneiras de escrever; A Comunicação. (cotação: 2 pontos).Propõe um título que contemple um aspecto parcial do texto, centrando-se num dos seus parágra-fos.Por exemplo: Os chineses; A escrita antigamente (cotação: 1 ponto).Propõe um título inconsistente com o sentido global do texto. (cotação: 0 pontos).Processo: Reorganização

6. Um texto, como o que leste, só pode encontrar-se em algumas publicações.

Assinala com X, no quadro seguinte, as quatro publicações onde poderias encontrar esse tipo de texto.

Publicações

Jornal Livro de poesia Revista Manual escolar Livro de contos Enciclopédia Livro de receitas Dicionário

Assinala exclusivamente: jornal; revista; manual escolar; enciclopédia. (cotação: 2 pontos).Assinala exclusivamente dois ou três dos quatro suportes de escrita acima referidos. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

x

xx

x

Page 199: Ensino Da Compreensao Leitora

188

Lê o poema que se segue para descobrires como os objectos mais simples são importantes. A Lapiseira

1 Eu posso viver sem sol, sem ninguém à minha beira. Mas só não posso viver sem a minha lapiseira.

5 Rodo com ela nos dedos, é varinha de condão, breve fósforo que acende lumes de imaginação.

Pássaro de bico negro, de negro, 10 negro carvão, me leva com suas asas a minha voz e canção.

Chamo o sol e os amigos, assim, à minha maneira, 15 viajando no papel só com uma lapiseira.

Luísa Ducla Soares, A Cavalo no Tempo,

Lisboa, Editora Civilização, 2003.

7. No poema, a autora associa a sua lapiseira a dois objectos e a um animal. Completa o quadro. Segue o exemplo.

Objectos varinha de condão linha 6

Animal

fósforo linha 7

pássaro linha 9

Preenche correctamente o quadro. (cotação: 2 pontos).Indica apenas o objecto e o animal, sem registar as linhas em que se encontram. Ou indica as linhas cor-rectas, sem referir o objectivo e o animal. Ou indica correctamente apenas umas das associações pedidas. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

8. Assinala com X a opção que completa a frase, de acordo com o sentido do poema. A autora chama varinha de condão à sua lapiseira, porque ela

é tão fina como uma vara. transforma tudo em que toca. anda a rodar entre os dedos. passa os sonhos para o papel.x

Page 200: Ensino Da Compreensao Leitora

189

Assinala apenas passa os sonhos para o papel. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

9. Assinala com X a opção que completa a frase, de acordo com o sentido do poema. Neste poema, a autora dá-nos a entender que gosta muito de ter

asas de papel para voar. ideias luminosas para escrever. voz melodiosa para encantar. espaço amplo para viver.

x

Assinala apenas: ideias luminosas para escrever. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

10. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do poema. O que significa a expressão «à minha maneira» (linha 14)?

com boas maneiras. de qualquer modo. a meu gosto. de toda a maneira e feitio.

x

Assinala apenas: a meu gosto (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

11. A autora deste poema, quando escreve, não se sente só. Ao escreveres, também sentes o mesmo? Justifica a tua resposta.

Dá uma resposta, justificando-a de forma coerente.Por exemplo: Concordo, porque quando escrevo até me esqueço que estou só. (cotação: 3 pontos).Não concordo, porque escrever não é o mesmo que estar com amigos. (cotação: 3 pontos).

Dá uma resposta, justificando-a de forma incompleta. Por exemplo: Concordo porque também gosto de escrever. (cotação: 2 pontos).Não concordo, porque não gosto de escrever. (cotação: 2 pontos).

Dá uma resposta clara, mas resultante da não distinção entre «sentir-se só» e «estar só»Por exemplo: Sim, eu penso como ela, porque estou com os meus colegas, o meu professor e o meu material… (cotação: 1 ponto).Não, porque quando escrevo, eu estou sozinho. (cotação: 1 ponto).Dá uma resposta incoerente, irrelevante ou ambígua. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Crítica

Page 201: Ensino Da Compreensao Leitora

190

A pontuação máxima era de 22 pontos. Se a obtiveste… PARABÉNS. Se não a obtiveste… nada de desanimar. Devagar se vai ao longe, como diz o ditado! O importante é não desistir.Escreve aqui a nota que obtiveste ____________ . Calcula a percentagem de sucesso. Multiplica a nota que obtiveste por 100 e, de seguida, divide o resultado por 22.

Será que usaste as estratégias que aprendeste para confirmar se as respostas estavam correctas e completas. Não queres confirmar?

Verifica o tempo que demoraste. Escreve-o aqui _________ .

Na página 151 estão as respostas. Podes corrigir a tua prova.

A página indicada é relativa ao livro do aluno “Aprender a compreender torna mais fácil o saber”.*

*

Page 202: Ensino Da Compreensao Leitora

191

AVALIAÇÃO 3

Antes de iniciar a realização da Prova de Aferição, relembrar os erros mais típicos que foram identificados aquando da realização da prova de 2008. Lembrar igualmente as estratégias adequadas de modo a facilitar o controlo da realização.

A partir desta prova, os alunos deverão identificar a personagem da Família Compreensão que está associa-da a cada pergunta da Prova de Aferição.

No final da mesma propõe-se que os alunos respondam a um pequeno questionário, incluído com o ob-jectivo de os fazer reflectir sobre as eventuais razões que explicam o seu afastamento em relação à pontuação máxima possível. A verbalização das estratégias utilizadas por parte dos alunos que obtiveram resultados próximos do máximo poderá contribuir para a sua modelagem junto daqueles que obtiveram resultados mais distanciados.

PROVA DE AFERIÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA,1.º CICLO DO ENSINO BÁSICO (PARCIAL) - 2006

INSTRUÇÕES GERAIS SOBRE A PROVA

1ª PARTEVais responder a questões sobre cada um dos textos que te são apresentados para leitura.

Dispões de 45 minutos para realizares a prova.

Deves respeitar as instruções que a seguir te são dadas.

• Responde na folha da prova, a caneta ou a esferográfica, de tinta azul ou preta.• Não uses corrector.• Numas questões, terás de escolher e assinalar a(s) resposta(s) correcta(s).• Nas questões em que apenas tens de assinalar a(s) resposta(s) correcta(s), se te enganares e puseres X no quadrado errado, risca esse quadrado e coloca o sinal no lugar que consideres certo.• Nas outras questões, se precisares de alterar alguma resposta, risca-a e escreve à frente a nova resposta.

Extraído da Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 1.º Ciclo do Ensino Básico, 2006 http://www.gave.min-edu.pt.3

3

Page 203: Ensino Da Compreensao Leitora

192

Nesta prova, além de responderes às perguntas, tens de indicar quem são as personagens da Família Compreensão que lhes estão as-sociadas. Lembra-te das estratégias que temos aprendido. Atenção às perguntas. Lê-as com cuidado e, se necessário, sublinha o que é pedido.

Não confies demasiado na memória. RELÊ o texto sempre que for necessário, a fim de confirmares se estás no bom caminho.

1ª PARTE

Lê o texto com muita atenção.

1 É uma casa linda 21 É cãozinho de brinquedo, Que ternura quando a vejo! Um tesouro de amizade: Lembra-me o senhor Joaquim É um cão que não tem vida Meu amigo do Alentejo. Mas diz-me tanta verdade! 5 Carpinteiro tão velhinho 25 O senhor Joaquim olhou-me A trabalhar a madeira: Com seus olhos cheios de vida: Eu olhava-o encantada - Vou fazer-lhe uma casinha, Sentadinha à sua beira. Uma perfeição florida… Conheci-o quando fui E uma perfeição florida10 Para o Alentejo ensinar. 30 Foi feita por suas mãos, Professora de meninos Mãos ásperas de pobreza Meninos do meu amar. Tão doces de perfeição. Um dia que o visitei, Eis a história da casinha Confessei-lhe, quase a medo: Feita pelo senhor Joaquim:15 Eu tenho um cão pequenino, 35 Tenho amigos e saudade, Um cãozinho de brinquedo. Não tenham pena de mim! Senhor Joaquim, tenho um cão Que me deram os meus amigos, Quando parti de Lisboa 20 Para sempre o ter comigo.

Matilde Rosa Araújo, Segredos e Brinquedos,

Lisboa, Editorial Caminho, 1999.

Page 204: Ensino Da Compreensao Leitora

193

Responde ao que te é pedido sobre o texto que acabaste de ler, de acordo com as orientações que te são dadas.

Volta a ler o texto sempre que precisares de procurar informação para responderes às per-guntas.

1. Neste poema, a autora fala de uma casinha feita pelo senhor Joaquim.Como era essa casinha? Completa de acordo com o texto.

A casinha era __________________ , ____________________ e feita de ___________________ .

Completa correctamente todos os espaços, escrevendo três das seguintes características. Por exemplo: linda / perfeita / florida / (feita de) madeira. (cotação: 2 pontos).Completa correctamente apenas dois espaços. Erra ou omite uma das características. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

2. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.Repara nos versos 9 e 10.

«Conheci-o quando fuiPara o Alentejo ensinar.»

A palavra sublinhada refere-se ao cão. a um aluno. ao senhor Joaquim. ao Alentejo.

Assinala apenas: ao senhor Joaquim. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

x

3. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.Um dia, a autora contou ao senhor Joaquim que tinha um cãozinho.Esse cãozinho era

um animal de raça. uma jóia valiosa. um animal vadio. um brinquedo pequeno.

Assinala apenas: um brinquedo pequeno. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

x

Page 205: Ensino Da Compreensao Leitora

194

4. Na tua opinião, por que motivo foi «quase a medo» (verso 14) que a autora confessou ao se-nhor Joaquim que tinha um cãozinho?

Dá uma resposta coerente e plausível com o sentido do texto. Por exemplo: A autora tinha receio de ser criticada pelo senhor Joaquim por já ser adulta e ter um cãozinho de brinquedo. (cotação: 1 ponto).Dá uma resposta incoerente, implausível ou ambígua.(cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

5. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.Para a autora, aquele cãozinho era um tesouro, porque

lhe tinha custado muito dinheiro. tinha ganho várias medalhas de ouro. lhe tinha sido oferecido por amigos. era o seu único amigo no Alentejo.

Assinala apenas: lhe tinha sido oferecido por amigos. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

x

6. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.Repara, agora, nos versos 31 e 32.

«Mãos ásperas de pobrezaTão doces de perfeição.»

fortes, mas macias. rudes, mas habilidosas. grandes, mas cuidadosas. velhas, mas bonitas.

Esses versos significam que as mãos do senhor Joaquim eram

Assinala apenas: rudes, mas habilidosas. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

x

7. Achas que a autora conhecia o senhor Joaquim desde pequena? Justifica a tua resposta.

Dá uma resposta coerente com o sentido do texto, justificando-a. Por exemplo: Não, porque a autora afirma que só conheceu o senhor Joaquim quando foi para o Alentejo ensinar. (cotação: 1 ponto).Dá uma resposta incoerente, implausível ou ambígua, ou não justi-fica a resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

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195

8. Explica o que pode a autora querer transmitir ao terminar o poema dizendo «Não tenham pena de mim!» (verso 36).

Dá uma resposta coerente e plausível com o sentido do texto. Por exemplo: A autora sente-se bem, porque tem amigos e os recorda com saudade. (cotação: 1 ponto).Dá uma resposta incoerente, implausível ou ambígua. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

9. Completa:

O título do livro de onde o poema foi retirado é

Quem o escreveu foi

Completa correctamente todos os espaços, escrevendo: O título do livro de onde o poema foi retirado é Segredos e Brinquedos.Quem o escreveu foi Matilde Rosa Araújo. (cotação: 2 pontos).Completa correctamente apenas uma das frases. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

Regras

Loto

Cada jogador recebe um cartão. Os cartões que sobrarem e as suas fichas são postos de lado. É escolhido um director de jogo que também pode participar.O director de jogo baralha as fichas e coloca-as com a face para baixo. De seguida, vira uma ficha de cada vez, para que todos os jogadores a vejam bem. À medida que cada ficha é voltada, o director de jogo deverá dizer o nome do animal bebé representado nessa ficha. Aquele que encontrar o mesmo animal no seu cartão pedirá a ficha e colocá-la-á por cima da figura correspondente no seu cartão.O primeiro jogador a cobrir todas as figuras do seu cartão com as fichas correctas será o vencedor.

Um maravilhoso jogo ilustrado para os mais jovens

IntroduçãoCada um dos cartões deste jogo é ilustrado com nove lindas fotografias de animais bebés.Combinar as fichas com as diferentes fotografias dos cartões leva-nos a conhecer 36 animais diferentes.

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196

10. Assinala com X as afirmações Verdadeiras (V) e as Falsas (F), de acordo com o sentido do texto.

Afirmações V F

A Mariana, de cinco anos, e o Pedro, de sete, já têm idade para jogar o Loto Animais Bebés.

Só podem jogar duas equipas, cada uma com quatro crianças.

O director de jogo está proibido de jogar.

Se jogarem quatro jogadores, distribuem-se todos os cartões.

Cada jogador vira uma ficha, para ver se a fotografia está no seu cartão.

Quem pede uma ficha tem de dizer o nome do animal bebé.

As fichas são postas em cima da mesa, baralhadas.

Os jogadores só devem pedir as fichas que tenham figuras iguais às do seu cartão.

Ganha o jogo quem cobrir mais depressa o seu cartão com nove fotografias de ani-mais bebés.

Assinala correctamente oito ou nove afirmações. Erra ou omite uma delas. (cotação: 3 pontos).Assinala correctamente seis ou sete afirmações. Erra ou omite as restantes. (cotação: 2 pontos).Assinala correctamente quatro ou cinco afirmações. Erra ou omite as restantes. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

11. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.Este jogo da Majora pretende dar a conhecer às crianças

a alimentação de trinta e seis animais bebés. os nomes de todos os animais domésticos. os filhotes de trinta e seis animais e os seus nomes. os cuidados a ter com os animais selvagens.

Assinala apenas: os filhotes de trinta e seis animais e os seus nomes. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

x

Page 208: Ensino Da Compreensao Leitora

197

12. Qual destes anúncios foi afixado primeiro?

Nome: ToaIdade: 3 anos Sexo: FêmeaCaracterísticas: Cadela meiga e com muita saúde.História: Os donos vão mudar de casa e o espaço não permite as melhores con-dições para a Toa.Contacto: Rua das Águas Mansas, 17 – 10023-047 Aldeia-do-MontinhoAfixado em: 2005.09.31

Nome: Goofy Idade: 1 ano Sexo: MachoCaracterísticas: Está desparasitado e vacinado.História: O Goofy foi abandonado há cerca de 3 meses. Adora brincar e dá--se muito bem com os outros cães.Contacto: 909 223 165Afixado em: 12 de Dezembro de 2005

In Sítio da Liga Portuguesa dos Direitos do Animal (adaptado).

Lê, agora, estes anúncios de animais para adopção, afixados num supermercado.

Nome: ?Idade: 7/8 mesesSexo: MachoCaracterísticas: Animal muito dócil e amoroso.História: Este pequenino já fez uma visita ao veterinário e está de boa saúde.Precisa de um dono que lhe dê muitos mimos.Contacto: 901 243 549Afixado em: 24.10.2005

Responde, por exemplo: O anúncio da cadela Toa. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

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198

13. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.O Goofy está «desparasitado». Isto quer dizer que

o trataram contra pulgas e carraças. o ensinaram a ser asseado. lhe puseram um açaimo. lhe raparam o pêlo.

Assinala apenas: o trataram contra pulgas e carraças. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

x

14. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.Volta a ler as informações sobre os três animais.Repara que, nos anúncios, só são referidas características positivas. Por que razão?

Porque os animais jovens são bons e bonitos. Porque ninguém gosta de animais pouco asseados. Porque os cães abandonados tornam-se mais obedientes. Porque essas características ajudam a convencer as pessoas.

Assinala apenas: Porque essas características ajudam a convencer as pessoas. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

Se deixaste alguma tarefa ou pergunta por fazer, talvez seja me-lhor voltar de novo a ela. Confirma se as tuas respostas estão correc-tas e completas. Na página 152 encontrarás as soluções.

A pontuação máxima era de 18 pontos. Qual foi a tua pontuação? _______ pontos.Calcula agora a percentagem de sucesso. Multiplica a nota que obtiveste por 100 e, de seguida, divide o re-sultado por 18.Se não tiveste a pontuação máxima, como explicas o teu resultado? Responde ao questionário abaixo. Marca com “x” as razões abaixo descritas que explicam o que aconteceu contigo. Podes acrescentar outras razões. Por exemplo, se achaste que o texto era muito difícil, deves escrever: “o texto era muito difícil”.

x

A página indicada é relativa ao livro do aluno “Aprender a compreender torna mais fácil o saber”.*

*

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199

Sim

Não respondi a todas as perguntas.

Não sabia responder.

Não percebi a pergunta.

Enganei-me a responder. Queria dar uma resposta e dei outra.

As respostas estavam erradas.

As respostas estavam incompletas.

Page 211: Ensino Da Compreensao Leitora

200

AVALIAÇÃO 4

Antes de iniciar a realização da Prova de Aferição, relembrar os erros mais típicos que foram identificados aquando da realização da prova anterior. Lembrar igualmente as estratégias adequadas.

As condições de realização, a classificação das respostas e a exploração dos resultados, deverão ser idênti-cas às descritas para a prova de 2008.

PROVA DE AFERIÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA,1.º CICLO DO ENSINO BÁSICO (PARCIAL) - 2003

INSTRUÇÕES GERAIS SOBRE A PROVA

1ª PARTEVais responder a questões sobre cada um dos textos que te são apresentados para leitura.

Dispões de 45 minutos para realizares a prova.

Deves respeitar as instruções que a seguir te são dadas.

• Responde na folha da prova, a caneta ou a esferográfica, de tinta azul ou preta.• Não uses corrector.• Numas questões, terás de escolher e assinalar a(s) resposta(s) correcta(s).• Nas questões em que apenas tens de assinalar a(s) resposta(s) correcta(s), se te enganares e puseres X no quadrado errado, risca esse quadrado e coloca o sinal no lugar que consideres certo.• Nas outras questões, se precisares de alterar alguma resposta, risca-a e escreve à frente a nova resposta.

Extraído da Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 1.º Ciclo do Ensino Básico, 2003 http://www.gave.min-edu.pt.A folha de cálculo para lançamento das respostas está disponível no ficheiro “Prova de Aferição 2003 – 4.º ano”.

4

4

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201

Lê o texto com muita atenção.

1 Há muitos anos viveu na Pérsia um grão-vizir – nome dado naquela época aos chefes dos governos -, que gostava imenso de ler. Sempre que tinha de viajar ele levava consigo quatrocentos camelos, carregados de livros, e treinados para caminhar em ordem alfabética. O primeiro camelo chamava-se Aba, o segundo Baal, e assim por5 diante, até ao último, que atendia pelo nome de Zuzá. Era uma verdadeira biblioteca sobre patas. Quando lhe apetecia ler um livro o grão-vizir mandava parar a caravana e ia de camelo em camelo, não descansando antes de encontrar o título certo. Um dia a caravana perdeu-se no deserto. Os quatrocentos camelos caminhavam em fila, uns atrás dos outros, como um carreirinho de formigas. À frente da cáfila, que10 é como se chama uma fila de camelos, seguiam o grão-vizir e os seus ministros. Subitamente o céu escureceu, e um vento áspero começou a soprar de leste, cada vez mais forte. A areia entrava pela roupa, enfiava-se pelos cabelos, e as pessoas tinham de tapar os olhos para não ficarem cegas. Aquilo durou a tarde inteira. Veio a noite e quando o Sol nasceu o grão-vizir olhou em redor e não foi capaz de descobrir um único15 dos quatrocentos camelos. Pensou, com horror, que talvez eles tivessem ficado enterrados na areia. Não conseguia imaginar como seria a vida, dali para a frente, sem um só livro para ler. Regressou muito triste ao seu palácio. Quem lhe contaria histórias? Os camelos, porém, não tinham morrido. Presos uns aos outros por cordas, e conduzidos por um jovem pastor, haviam sido arrastados pela tempestade de areia até20 uma região remota do deserto. Ao fim de quinze dias, vendo que os camelos iam morrer de fome, o jovem pastor deu-lhes alguns livros a comer. Comeram primeiro os livros transportados por Aba. No dia seguinte comeram os livros de Baal. Trezentos e noventa e oito dias depois, quando tinham terminado de comer os livros de Zuzá, viram avançar ao seu encontro um grupo25 de homens. Eram as tropas do grão-vizir. Conduzido à presença do grão-vizir o jovem guardador de camelos explicou-lhe, chorando, o que tinha acontecido. Mas este não se comoveu: - Eras tu o responsável pelos livros – disse -, assim, por cada livro destruído passarás um dia na prisão.30 O guardador de camelos fez contas de cabeça, rapidamente, e percebeu que seriam muitos dias. Cada camelo carregava quatrocentos livros, então quatrocentos camelos transportavam cento e sessenta mil! Cento e sessenta mil dias são quatrocentos e quarenta e quatro anos. Muito antes disso morreria de velhice na cadeia. Dois soldados amarram-lhe os braços atrás das costas. Já se preparavam para35 o levar preso, quando Aba, o camelo se adiantou uns passos e pediu licença para falar. - Não façais isso, meu senhor – disse Aba dirigindo-se ao grão-vizir -, esse homem salvou-nos a vida. O grão-vizir olhou para ele espantado: - Meu Deus! O camelo fala!...40 - Falo sim, meu senhor – confirmou Aba, divertido com o incrédulo silêncio dos homens. – Os livros deram-nos a nós, camelos, a ciência da fala. Explicou que, tendo comido os livros, os camelos haviam adquirido não apenas a

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202

capacidade de falar, mas também o conhecimento que estava em cada livro. Lentamente enumerou de A a Z os títulos que ele, Aba, sabia de cor. Cada camelo45 conhecia de memória quatrocentos títulos. - Liberta esse homem – disse Aba -, e sempre que assim o desejares nós viremos até ao vosso palácio para contar histórias. O grão-vizir concordou. Assim, a partir daquele dia, todas as tardes, um camelo subia até ao seu quarto para lhe contar uma história.

José Eduardo Agualusa, Estranhões e Bizarrocos,

Lisboa, Dom Quixote, 2000 (texto com supressões).

Responde ao que te é pedido sobre o texto que acabaste de ler.

1. Assinala com X a resposta correcta, de acordo com o sentido do texto.Sempre que ia viajar, o grão-vizir levava quatrocentos camelos, porque

ia acompanhado de muitas pessoas. pretendia transportar quatrocentos livros. gostava de ter consigo a sua biblioteca. queria que os camelos lhe contassem histórias.

Assinala apenas: gostava de ter consigo a sua biblioteca. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

2. Assinala com X a resposta correcta, de acordo com o sentido do texto.

«Quando lhe apetecia ler um livro o grão-vizir mandava parar a caravana e ia de camelo em camelo, não descansando antes de encontrar o título certo.» (linhas 6 e 7)

Nesta frase, a expressão «encontrar o título certo» significa

encontrar um livro com o título correctamente escrito. um livro com o título bem escolhido. o livro que tinha arrumado no sítio certo. o livro que desejava ler naquele momento.

x

Assinala apenas: o livro que desejava ler naquele momento. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

x

3. Assinala com X a resposta correcta, de acordo com o sentido do texto.Quando os camelos desapareceram, o grão-vizir ficou preocupado, sobretudo, com o enorme sofrimento dos camelos. a perda de animais que sabiam falar. a falta que os livros lhe iriam fazer. a necessidade de comprar novos livros.x

Page 214: Ensino Da Compreensao Leitora

203

Assinala apenas: a falta que os livros lhe iriam fazer. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

4. Assinala com X a resposta correcta, de acordo com o sentido do texto.Os camelos e o jovem pastor estiveram perdidos durante quinze dias. trinta dias. trezentos e noventa e oito dias. mais de trezentos e noventa e oito dias.

Assinala apenas: mais de trezentos e noventa e oito dias. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

x

5. Os camelos, afinal, salvaram-se todos. De que modo?

Dá uma resposta que refere estes dois factos: 1) o pastor conduziu os camelos; 2) alimentou-os com os livros. (cotação: 2 pontos).Dá uma resposta que refere apenas um dos seguintes factos: 1) o pastor conduziu os camelos; 2) alimentou-os com os livros. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

6. Que razões apresentou o camelo Aba ao grão-vizir, para o convencer a libertar o jovem pastor?

Dá uma resposta que refere estas três razões: 1) o pastor salvou a vida aos camelos; 2) os camelos adquiriram a capacidade de falar; 3) os camelos memorizaram as histórias dos livros. (cotação: 2 pontos).Dá uma resposta que refere apenas duas das seguintes razões: 1) o pastor salvou a vida aos camelos; 2) os camelos adquiriram a capacidade de falar; 3) os camelos memorizaram as histórias dos livros. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Reorganização

7. As frases a seguir apresentadas contam-te resumidamente a história que leste.Segue o exemplo e numera-as, de acordo com a ordem dos acontecimentos narrados.O 1 corresponde ao primeiro acontecimento, o 2 deve corresponder ao segundo e assim su-cessivamente.

Page 215: Ensino Da Compreensao Leitora

204

Ao fim de quinze dias, numa região remota, sem comida, os camelos começaram a comer os livros.

Um grão-vizir da Pérsia viajava sempre com os seus livros transportados em camelos, mas, um dia, durante uma tempestade, a caravana perdeu-se no deserto.

Para salvar o pastor, o camelo Aba explicou o grão-vizir que os camelos tinham aprendido de cor os livros e que podiam contar-lhe as histórias.

Quando descobriu que os camelos tinham comido os livros, o grão-vizir mandou prender o guardador dos camelos.

Os camelos foram salvos pelo jovem pastor.

Passado mais de um ano, os camelos acabaram por comer todos os livros.

1

Ordena a seguinte sequência de acções:3. Ao fim de quinze dias, numa região remota, sem comida, os camelos começaram a comer os livros.6. Para salvar o pastor, o camelo Aba explicou ao grão-vizir que os camelos tinham aprendido de cor os livros e que podiam contar-lhe as histórias.1. Um grão-vizir da Pérsia viajava sempre com os seus livros transportados em camelos, mas, um dia, durante uma tempestade, a caravana perdeu-se no deserto.5. Quando descobriu que os camelos tinham comido os livros, o grão-vizir mandou prender o guardador de camelos.2. Os camelos foram salvos pelo jovem pastor.4. Passado mais de um ano, os camelos acabaram por comer todos os livros. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Reorganização

3

6

5

2

4

8. Na tua opinião, esta história acaba bem ou acaba mal?Justifica a tua resposta.

Emite uma opinião com base em argumento(s) válido(s). Produz um discurso correcto nos planos lexical, morfológico e sintáctico. (cotação: 2 pontos).Emite uma opinião com base em argumento(s) válido(s). Produz um discurso com insuficiências nos planos lexical, morfológico e sintáctico. (cotação: 1 ponto).Dá uma resposta vaga, implausível ou irrelevante OU Dá uma res-posta incompreensível ou ilegível. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Crítica

Page 216: Ensino Da Compreensao Leitora

205

9. Assinala com X, de acordo com a informação do texto que acabaste de ler, as afirmações Verdadeiras (V) e as Falsas (F).Segue o exemplo.

Lê, agora, o seguinte texto com muita atenção.

Os DESERTOS são grandes zonas terrestres com muito pouca água. Cobrem um quinto da su-perfície do Mundo. Alguns desertos têm dunas, outros, colinas ou montanhas rochosas. Em alguns, existem oásis (áreas férteis, com água); noutros, não.

Porque falta a água nos desertos? Alguns ficam demasiado longe do mar para que as nuvens os atinjam. Outros estão perto do oceano, mas as montanhas interpõem-se, recebendo as chuvas antes de estas chegarem lá. Há ainda desertos em áreas costeiras, mas os ventos predominantes de terra não os deixam receber a humidade do mar.

Quase todos os continentes têm desertos: a África tem o Sara; a Ásia, o Gobi e o Deserto da Ará-bia; a América, o Mojave e o Atacama; a Austrália, o Grande Deserto de Areia.

Joe Käufman, Nós e o Universo – Os Montes e as Planícies, os Rios e os Mares, Lisboa, Verbo, 1978 (texto com supressões).

Afirmações V

X

F

O deserto do Sara situa-se no continente africano.

Os desertos são grandes zonas terrestres planas.

Falta a água em alguns desertos próximos do mar, porque os ventos de terra desviam a humidade do mar.

Em todos os desertos há oásis.

As chuvas não atingem alguns desertos, por causa das montanhas.

Há desertos na Ásia, na América e na Europa.

O Mojave é um deserto australiano.

Assinala correctamente seis frases com V ou F. (cotação: 3 pontos). Assinala correctamente cinco frases com V ou F. (cotação: 2 pontos).Assinala correctamente três ou quatro frases com V ou F. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

Page 217: Ensino Da Compreensao Leitora

206

10. Se quisesses aprender alguma coisa sobre camelos, qual seria o programa de televisão que escolherias para ver na programação que te apresentamos?

Escreve em baixo o nome do programa escolhido e a hora a que é transmitido.

8.30 No País dos Dragões

9.10 Histórias Clássicas

(A Bela e o Monstro)10.00 Praça da Alegria12.30 Animais das Regiões Desérticas13.00 Jornal da Tarde14.00 Mundo de Aventuras (Uma Aventura na Serra da Estrela)16.10 Graúdos e Miúdos17.40 Caderno Diário

Terça, 6 PROGRAMAÇÃO TV

11. Por que razão escolheste esse programa?

NOME DO PROGRAMA HORA

Indica o programa: Animais das Regiões Desérticas 12:30 (cotação:1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

Apresenta uma das seguintes justificações: os camelos são animais de regiões desérticas; nenhum dos outros programas se relaciona explicitamente com came-los. (cotação: 1 ponto).Apresenta uma justificação implausível ou irrelevante. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

Desculpa se sou um “chato”! Confirmaste se as tuas respostas es-tavam correctas e completas? Respondeste a todas as perguntas? Na página 152 encontrarás as soluções.

A pontuação máxima era de 16 pontos. Escreve aqui a nota que obtiveste ____________ Calcula agora a percentagem de sucesso. Multiplica a nota que obtiveste por 100 e, de seguida, divide o re-sultado por 16.

Se não tiveste a pontuação máxima, como explicas o teu resultado? Responde ao questionário abaixo. Marca com “x” as razões abaixo descritas que explicam o que aconteceu contigo. Podes acrescentar outras razões. Por exemplo, se achaste que o texto era muito difícil, deves escrever: “o texto era muito difícil”.

A página indicada é relativa ao livro do aluno “Aprender a compreender torna mais fácil o saber”.*

*

Page 218: Ensino Da Compreensao Leitora

207

Sim

Não respondi a todas as perguntas.

Não sabia responder.

Não percebi a pergunta.

Enganei-me a responder. Queria dar uma resposta e dei outra.

As respostas estavam erradas.

As respostas estavam incompletas.

Page 219: Ensino Da Compreensao Leitora

208

AVALIAÇÃO 5

Antes de iniciar a realização da Prova de Aferição, relembrar os erros mais típicos e as estratégias ade-quadas para responder com sucesso, identificadas previamente. As condições de realização, a classificação das respostas e a exploração dos resultados, deverão ser idênticas às descritas para a prova de 2008.

PROVA DE AFERIÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA,1.º CICLO DO ENSINO BÁSICO (PARCIAL) - 2007

INSTRUÇÕES GERAIS SOBRE A PROVA

1ª PARTEVais responder a questões sobre cada um dos textos que te são apresentados para leitura.

Dispões de 45 minutos para realizares a prova.

Deves respeitar as instruções que a seguir te são dadas.

• Responde na folha da prova, a caneta ou a esferográfica, de tinta azul ou preta.• Não uses corrector.• Numas questões, terás de escolher e assinalar a(s) resposta(s) correcta(s).• Nas questões em que apenas tens de assinalar a(s) resposta(s) correcta(s), se te enganares e puseres X no quadrado errado, risca esse quadrado e coloca o sinal no lugar que consideres certo.• Nas outras questões, se precisares de alterar alguma resposta, risca-a e escreve à frente a nova resposta.

Extraído da Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 1.º Ciclo do Ensino Básico, 2007 http://www.gave.min-edu.pt.5

5

Page 220: Ensino Da Compreensao Leitora

209

1ª PARTE

Vais ler um excerto de uma das cenas da peça de teatro Enquanto a Cidade Dorme, de Álvaro Magalhães.

1 Ana – Mãe, mãe! Voz da Mãe – Dorme, Ana. Está toda a gente a dormir Ana – Anda aqui alguém… Procura debaixo da cama e nos recantos sombrios do quarto.5 Ana – Pareceu-me ver uma criatura pequena. Era negra como uma sombra. Ou terei sonhado? Voz da Mãe – Sonhaste. Ana – Era um gnomo. Não, era um duende. Ou seria um anão? Voz da Mãe – Viste-o?10 O anão estremece. Ana – Só lhe vi a sombra. O anão limpa o suor da testa, aliviado. Afasta-se, incomodado, a tentar sacudir a própria sombra. Anão – Xô! Xô! Maldita sombra que só me atrapalha. Para que serve isto? Repete tudo 15 o que eu faço, nunca me deixa só e quando me escondo fico com ela de fora. Xô! Xô! Vai-te embora! Larga-me! Ana vai à janela e o anão esconde-se, mas a sua sombra fica à vista. Ana nada consegue ver e volta ao interior do quarto. O anão volta a colocar-se sobre o parapeito da janela, onde pode ouvir Ana e falar com 20 ela, como se fosse a pedra a fazê-lo. Ana – Mais um bocadinho e tinha-o visto. Deve ser um anão. Voz da Mãe – Nunca ninguém viu anões. Se existissem já alguém os tinha visto. Dorme. Dorme e deixa-me dormir… Anão (incapaz de se conter) – Se não vistes nenhum de nós e por isso não existimos, 25 também não existis vós, porque também não vos vimos. Ana – Quem é que falou? O anão põe a mão na boca, aflito. Mas logo lhe ocorre que pode tirar partido da situação e comunicar com Ana sem que ela o veja. Anão – Fui eu, a pedra que está à frente dos teus olhos. Não me vês?

O texto apresenta a cena em que a Ana se prepara para dormir quando é surpreendida por uma sombra que desliza silenciosa-mente até à janela do quarto. A Ana ainda não sabe que é o anão Martim.O anão pousa uma pequena pedra no parapeito da janela e escon-de-se, porque não quer ser visto.Ana levanta-se, inquieta…

Page 221: Ensino Da Compreensao Leitora

210

30 Ana analisa a pequena pedra. Ana – Como é que esta pedra veio aqui parar? Anão – Pára de me abanar e pousa-me em qualquer lado. As pedras gostam de estar pousadas. Ana larga a pedra, assustada.35 Ana – Mãe! Mãe! Anão – Chiu! Não chames ninguém, isto é só entre nós. Ana – Uma pedra que fala… Custa-me a acreditar. Anão – Vá lá, não é difícil. Se acreditas na «gente boa»… Ana – Quem é a «gente boa»?40 Anão – É como se chama às criaturas que vivem no outro lado do mundo. Fadas, gnomos, ondinas, sílfides, duendes… Ana – Anões. (agita-se) Eu vi um anão. Anão – Não digas isso. Se vires algum, não olhes para ele… Ana – Se não olhar, não o posso ver…45 Anão (atrapalhado) – A ideia é essa. Se por acaso esta noite andar por aqui algum, é porque tem uma missão a cumprir e não pode ser visto por ninguém.

Álvaro Magalhães, Enquanto a Cidade Dorme,

Lisboa, Campo das Letras, 2000.

Responde ao que te é pedido sobre o texto que acabaste de ler, seguindo as orientações que te são dadas.

1. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.Esta cena passa-se no quarto da Ana, à meia-noite. mãe, de manhã, ao acordar. Ana, à noite, ao deitar. mãe, a meio da noite.Assinala apenas: Ana, à noite, ao deitar. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

2. Ana ficou inquieta, porque lhe pareceu ver algo estranho. O que foi?

Dá uma resposta coerente e plausível com o sentido do texto. Por exemplo: A Ana pensou que tinha visto um anão. Ou A Ana julgou ver uma criatura pequena e negra como uma sombra. (cotação: 1 ponto).Dá uma resposta incoerente, implausível ou ambígua. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

x

Page 222: Ensino Da Compreensao Leitora

211

3. A sombra atrapalhava o anão.Indica em que linhas do texto se encontra a fala do anão que permite fazer esta afirmação.Indica as linhas 14 a 16. (cotação: 2 pontos).Indica apenas uma ou duas das três linhas referidas ou transcreve a fala do anão. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

4. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.Para falar com a Ana, sem que ela o visse, o anão escondeu-se debaixo da cama. fingiu que era uma pedra que falava. imitou muito bem a voz da mãe dela. transformou-se numa pedra.

Assinala apenas: Fingiu que era uma pedra que falava. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

5. O anão falou de criaturas fantásticas que vivem no outro lado do mundo, o mundo da ima-ginação. Assinala com X, no quadro seguinte, as palavras que são nomes de criaturas fantás-ticas.

GnomoMãeAnaFada

OndinaDuendeMenina

Assinala exclusivamente os quatro nomes de criaturas fantásticas: gnomo; fada; ondi-na; duende. (cotação: 2 pontos).Assinala exclusivamente dois ou três nomes de criaturas fantásticas. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

6. Pensas que a mãe da Ana acreditava em criaturas fantásticas? Justifica a tua resposta.

Dá uma resposta coerente com o sentido do texto, justificando-a. Por exemplo: Não, porque a mãe da Ana não acreditava em anões, que são criaturas fantásticas. (cotação: 2 pontos).Dá uma resposta coerente com o sentido do texto, mas apresen-tando justificação incompleta. Por exemplo: Não, porque a mãe da Ana disse: «Sonhaste.» OU Não, porque a mãe da Ana disse que nunca ninguém viu anões. (cotação: 1 ponto).Dá uma resposta incoerente, implausível ou ambígua. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

x

Page 223: Ensino Da Compreensao Leitora

212

7. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.A afirmação “Ana larga a pedra, assustada.” (linha 34), indica o que

a Ana disse baixinho. o anão estava a pensar. a Ana fez ao ouvir a voz. o anão gritou lá da janela.

Assinala apenas: a Ana fez ao ouvir a voz. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

x

8. Completa.

Esta peça de teatro tem o título e foi escrita por

Completa correctamente os dois espaços, escrevendo: Esta peça de teatro tem o título Enquanto a Cidade Dorme e foi escrita por Álvaro Magalhães. (cotação: 2 pontos).Completa correctamente apenas um dos espaços (título ou autor). (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

No nosso mundo, também há muito a descobrir. Lê o texto que se segue para ficares a conhe-cer três das crianças que se apresentam no livro “Meninos Iguais a Mim”.

DAISUKE

Daisuke Tashita tem dez anos e vive numa vila perto de Tóquio, capital do Japão. Este país da Ásia é composto por quatro ilhas grandes e mais de mil ilhas pequenas. Tóquio é uma grande cidade, que o Daisuke adora visitar.

Vou para a escola seis dias por semana, só tenho um sábado de folga em cada mês. Gosto mais de estudar Ciências.Quando for crescido, quero ser cientista e estudar fósseis de dinossauros.

Page 224: Ensino Da Compreensao Leitora

213

BAKANG

Bakang Gabankalafe tem oito anos. Vive numa aldeia do Botswana, país do Sul da África. Trata-se de uma região remota, no limite do deserto do Ka-lahari, onde os dias são quentes, secos e poeirentos e as noites podem ser muito frias.

ARI

Ari Laiti, de onze anos, é da Finlândia, país do Norte da Europa. A aldeia de Ari fica 500 Km para norte do Círcu-lo Polar Árctico. Ele pertence ao povo Saame, que possui uma língua própria.

Gosto muito de ir à escola. As aulas são dadas em setswana, a principal língua do Botswana, mas em casa falo sengolo-ga, que é a língua da minha tribo.Quando crescer, quero ser enfermeira.

Na minha escola, as aulas são dadas em saame, em vez de finlandês. Sei falar ambas as línguas e gosto de todas as disciplinas.Quando for grande, quero ser veteriná-rio.

Barnabas e Anabel Kindersley, Meninos Iguais a Mim, Porto, Civilização, 1996 (adaptado)

9. De acordo com as informações do texto que leste, assinala com X as afirmações Verdadei-ras (V) e as Falsas (F).

Afirmações V

X

F

Estas três crianças moram em aldeias.

O Ari vive numa região fria.

O Daisuke vive numa ilha.

Tanto a Bakang como o Ari falam duas línguas.

O Daisuke tem sempre aulas ao sábado.

A Bakang quer ajudar a tratar de doentes.

O Daisuke e o Ari interessam-se por animais.

Na região onde a Bakang vive, os dias e as noites são muito frios.

Page 225: Ensino Da Compreensao Leitora

214

Assinala correctamente sete ou oito afirmações. (cotação: 3 pontos).Assinala correctamente cinco ou seis afirmações. (cotação: 2 pontos).Assinala correctamente três ou quatro afirmações. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

Já acabaste? Confirma se as tuas respostas estão correctas e comple-tas e se respondeste a todas as perguntas. Na página 153 encontrarás as soluções.

A pontuação máxima era de 15 pontos. Escreve aqui a nota que obtiveste ____________ Calcula agora a percentagem de sucesso. Multiplica a nota que obtiveste por 100 e, de seguida, divide o re-sultado por 15.

Se não tiveste a pontuação máxima, como explicas o teu resultado? Responde ao questionário abaixo. Marca com “x” as razões abaixo descritas que explicam o que aconteceu contigo. Podes acrescentar outras razões.

Sim

Não respondi a todas as perguntas.

Não sabia responder.

Não percebi a pergunta.

Enganei-me a responder. Queria dar uma resposta e dei outra.

As respostas estavam erradas.

As respostas estavam incompletas.

A página indicada é relativa ao livro do aluno “Aprender a compreender torna mais fácil o saber”.*

*

Page 226: Ensino Da Compreensao Leitora

215

PROVA DE AFERIÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA,1.º CICLO DO ENSINO BÁSICO (PARCIAL) - 2004

INSTRUÇÕES GERAIS SOBRE A PROVA

1ª PARTEVais responder a questões sobre cada um dos textos que te são apresentados para leitura.

Dispões de 45 minutos para realizares a prova.

Deves respeitar as instruções que a seguir te são dadas.

• Responde na folha da prova, a caneta ou a esferográfica, de tinta azul ou preta.• Não uses corrector.• Numas questões, terás de escolher e assinalar a(s) resposta(s) correcta(s).• Nas questões em que apenas tens de assinalar a(s) resposta(s) correcta(s), se te enganares e puseres X no quadrado errado, risca esse quadrado e coloca o sinal no lugar que consideres certo.• Nas outras questões, se precisares de alterar alguma resposta, risca-a e escreve à frente a nova resposta.

6

Extraído da Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 1.º Ciclo do Ensino Básico, 2004 http://www.gave.min-edu.pt.6

AVALIAÇÃO 6

Antes de iniciar a realização da Prova de Aferição, relembrar os erros mais típicos e as estratégias ade-quadas para responder com sucesso, identificadas previamente. As condições de realização, a classificação das respostas e a exploração dos resultados, deverão ser idênticas às descritas para a prova de 2008.

Page 227: Ensino Da Compreensao Leitora

216

Lê o texto com muita atenção.

QUE BOM!

1 Era uma vez um rapaz Tão pequenino, tão pequenino que parecia um gafanhoto sempre a saltitar, 5 parecia um bicharoco, uma pedrinha tonta, e ao cair da noite um bichinho-de-conta.

Encontrou uma metade de noz e pensou:10 - Que bela cama! Vou dormir!

E se bem o pensou, melhor o fez.

Ora passou por ali o gigante gigantão. Cansado, sentou-se junto da velha nogueira. E que havia ele de descobrir?!15 Pois foi: o nosso amigo pequenino, bem ferrado no sono! - Mas que vem a ser isto?! – resmungou na sua voz de trovão.

Veio uma borboleta da noite, com suas20 asas estreladas e brilhantes e disse: - Não faças barulho! Quem sabe se estará a sonhar?!

E veio um pirilampo e disse: - Não faças barulho, gigante!25 Ele vai sonhando, não sabe até quando.

Então o gigante perguntou-lhes se, quando ele estava a dormir, também velavam assim pelo seu sono. E a 30 borboleta respondeu:

- Ainda ontem passei por ti, quando dormias no pinhal. Com as minhas asas afastei uma nuvem negra que se ia rasgar mesmo em cima do teu nariz!

35 - Obrigado, borboleta. Não sabia… - murmurou o gigante.

E o pirilampo disse: - Ainda ontem, quando dormias no pinhal, iluminei o caminho dos teus sonhos.40 - Obrigado, pirilampo. Nunca pensei… - murmurou o gigante.

E foi-se embora a cantarolar baixinho: Que bom ter alguém que gosta de nós45 sem se preocupar com o nosso tamanho. Eu sou um gigante, vivo num castelo; ele é pequenino,50 vive numa noz!

Maria Alberta Menéres, Histórias de Tempo

Vai Tempo Vem, Porto, Asa Editores, 2002.

Page 228: Ensino Da Compreensao Leitora

217

Responde ao que te é pedido sobre o texto que acabaste de ler, de acordo com as orientações que te são dadas.

1. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto. O rapaz da história que acabaste de ler é

magrinho e preguiçoso. minúsculo e irrequieto. baixo e mandrião. pequeno e distraído.

Assinala apenas: minúsculo e irrequieto. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

x

2. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.Quando o gigantão descobriu o rapaz, este estava «bem ferrado de sono». (linha 16)A expressão «bem ferrado de sono» significa que o rapaz estava a

cair de sono.pegar no sono.dormir profundamente.fingir que dormia.

Assinala apenas: dormir profundamente. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

x

3. O gigante não ficou nada satisfeito quando encontrou o rapaz junto da nogueira.Transcreve do texto uma frase que mostre o seu descontentamento.

Transcreve: «- Mas que vem a ser isto?!» OU «- resmungou na sua voz de trovão» OU «- Mas que vem a ser isto?! – resmungou na sua voz de trovão.» (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

voz lenta, pausada.voz fina, esganiçada.voz fanhosa, rouca.voz forte, estrondosa.

4. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.A expressão «voz de trovão» (linha 18) significa

Assinala apenas: voz forte, estrondosa. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

x

Page 229: Ensino Da Compreensao Leitora

218

5. Assinala com X a opção correcta de acordo com o sentido do texto.Quando pediram ao gigante que não fizesse barulho, a borboleta e o pirilampo mostraram-se

zangados com o gigante.espantados com o seu mau humor.cuidadosos com o rapaz.incomodados com a gritaria.

Assinala apenas: cuidadosos com o rapaz. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

x

6. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.Quando o gigante percebeu que a borboleta e o pirilampo também velavam pelo sono dele, mostrou-se

surpreendido e desconfiado.agradecido e admirado.envergonhado e receoso.irritado e confuso.

Assinala apenas: agradecido e admirado. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

x

A borboleta

O pirilampo

7. Afinal, o que tinham feito, durante o sono do gigante, a borboleta e o pirilampo?Completa os espaços em branco, de acordo com o sentido do texto.

Completa os espaços, transcrevendo ou parafraseando as informações do texto relativas às personagens borbo-leta e pirilampo. Por exemplo: A borboleta afastou uma nuvem negra que se ia rasgar em cima do gigante. O pirilam-po iluminou o caminho dos sonhos do gigante. (cotação: 2 pontos).Completa apenas uma das frases, transcrevendo ou parafraseando as informações do texto. Erra ou omite a outra. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

8. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.Relê a canção do gigante, no fim da história. Ela canta, satisfeito e feliz, porque

vive num grande castelo e o rapaz vive numa casca de noz.compreendeu que não se deve incomodar os mais pequenos. é um gigante gigantão, enquanto o rapaz é muito pequenino.percebeu que a amizade não depende do tamanho das pessoas.

Assinala apenas: percebeu que a amizade não depende do tamanho das pessoas. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

x

Page 230: Ensino Da Compreensao Leitora

219

Lê, agora, o seguinte texto com muita atenção.

9. Assinala com um X, de acordo com a informação do texto que acabaste de ler, as afirma-ções Verdadeiras (V) e as Falsas (F)

A IMPORTÂNCIA DOS SERES VIVOS

Qualquer criança em idade escolar (mesmo na pré-primária) entende que precisa de comer para viver e crescer e que a comida é constituída por matéria viva (vegetal e animal). É fácil mostrar-lhe que os outros seres vivos são muito importantes para a vida humana.

As crianças podem pensar que os animais e as plantas só são importantes na nossa alimenta-ção e que só é necessário proteger os que utilizamos como alimento. Por isso, devemos mostrar-lhes que também dependemos dos outros seres vivos, em muitas mais situações.

Os outros seres vivos não são apenas a base da nossa alimentação.Fornecem-nos muito mais do que isso como, por exemplo: substâncias saudáveis, boas para

o nosso organismo (mais de 70 por cento dos medicamentos são retirados de plantas), vestuário (praticamente tudo o que vestimos é de origem animal ou vegetal), energia (lenha, petróleo, cera, resinas) ou materiais de construção (madeiras).

Sem os outros seres vivos, não comíamos, não nos vestíamos, não tínhamos medicamentos, energia, etc.

Jorge Paiva, «Como Educar as Crianças para a Sobrevivência»

In Fórum Ambiente, n.º 88, Junho de 2003 (texto adaptado)

Afirmações V F

Só no quarto ano de escolaridade uma criança entende que nos alimentamos de outros seres vivos.Devemos proteger principalmente os seres vivos que utiliza-mos como alimento.

Os animais e as plantas fornecem-nos muito mais do que ali-mentos.

A maior parte dos medicamentos é retirada das plantas.

O nosso vestuário é todo de origem animal.

Assinala correctamente cinco frases. (cotação: 2 pontos).Assinala correctamente três ou quatro frases. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

Page 231: Ensino Da Compreensao Leitora

220

10. Segue o exemplo e completa o quadro, indicando quatro aspectos em que, de acordo com o texto, os outros seres vivos são importantes para os seres humanos.

1.

2. medicamentos

3.

4.

5.

Indica de modo legível os seguintes aspectos ou formulações equivalentes: 1. alimentação; 2. medicamentos; 3. vestuário; 4. energia; 5. materiais de construção. (cotação: 2 pontos).Indica de modo legível dois ou três dos aspectos acima mencionados ou formulações equivalentes. Erra ou omite o(s) restante(s). (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Reorganização

11. Com base no texto, escreve uma frase, chamando a atenção dos teus amigos e familiares para a importância de protegermos os outros seres vivos.Escreve uma frase em que se alerta para a importância de proteger-mos os outros seres vivos, utilizando informação fornecida no texto “A importância dos seres vivos”. (cotação: 2 pontos).Escreve uma frase em que se alerta para a importância de prote-germos os outros seres vivos, sem utilizar informação fornecida no texto “A importância dos seres vivos”. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Reorganização

Page 232: Ensino Da Compreensao Leitora

221

Responde: (Começa) às 14h00. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

Responde: 22 78 78 120. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

12. Imagina que, numa revista, encontravas este anúncio em que se faz publicidade ao Parque Biológico de Gaia. Lê, com muita atenção, as informações acerca do Programa Regular.

12.1 Se quiseres participar no percurso botânico guiado, em que dia do mês po-derás fazê-lo?Responde: Segundo sábado do mês.OU2.º Sábado do mês. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

12.2 À quarta-feira, a que horas começa a visita guiada às exposições?

12.3 Indica o número de telefone para o qual deves ligar se quiseres obter mais informações sobre o Parque Biológico de Gaia.

Vais dizer… “Já sei o que vais dizer… relê, confirma, verifica!” Ok, não digo mais nada!

Na página 153 encontras as soluções.

A pontuação máxima era de 18 pontos. Obtiveste ____________ pontos.Calcula agora a tua percentagem de sucesso. Lembras-te de como se faz? Se não tiveste a pontuação máxima como explicas o teu resultado? Responde ao questionário seguinte:

7

7Multiplica a nota que obtiveste por 100 e, de seguida, divide o resultado por 18.

A página indicada é relativa ao livro do aluno “Aprender a compreender torna mais fácil o saber”.*

*

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222

Sim

Não respondi a todas as perguntas.

Não sabia responder.

Não percebi a pergunta.

Enganei-me a responder. Queria dar uma resposta e dei outra.

As respostas estavam erradas.

As respostas estavam incompletas.

Page 234: Ensino Da Compreensao Leitora

223

Prova de Aferição DE LÍNGUA PORTUGUESA,1.º CICLO DO ENSINO BÁSICO (PARCIAL) - 2005

INSTRUÇÕES GERAIS SOBRE A PROVA

1ª PARTEVais responder a questões sobre cada um dos textos que te são apresentados para leitura.

Dispões de 45 minutos para realizares a prova.

Deves respeitar as instruções que a seguir te são dadas.

• Responde na folha da prova, a caneta ou a esferográfica, de tinta azul ou preta.• Não uses corrector.• Numas questões, terás de escolher e assinalar a(s) resposta(s) correcta(s).• Nas questões em que apenas tens de assinalar a(s) resposta(s) correcta(s), se te enganares e puseres X no quadrado errado, risca esse quadrado e coloca o sinal no lugar que consideres certo.• Nas outras questões, se precisares de alterar alguma resposta, risca-a e escreve à frente a nova resposta.

7

Extraído da Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 1.º Ciclo do Ensino Básico, 2005 http://www.gave.min-edu.pt.7

AVALIAÇÃO FINAL 7

A repetição, no final do programa, da Prova de Aferição de Língua Portuguesa de 2005, permite uma comparação entre o desempenho dos alunos nos momentos iniciais e finais do programa. Para tal, deverá assegurar-se que os alunos não têm acesso às respostas dadas aquando da primeira aplicação, revelando que também o objectivo desta repetição.

Nesta última avaliação deverá recomendar-se aos alunos que terão de ter presentes as personagens da Família Compreensão mas que não podem escrever os seus nomes na prova, isto é, elas terão de estar apenas no seu pensamento.

Depois de concluída a prova, cada aluno deverá calcular a sua nota e compará-la com a obtida com antes do início do programa, explicando as diferenças que tiver encontrado. Muitos alunos poderão obter a mesma nota nas duas situações. Nestes casos devem ser questionados sobre o que aprenderam e o que mudou no modo como abordam a leitura de um texto, como lêem as perguntas e ao nível das estratégias utilizadas.

Page 235: Ensino Da Compreensao Leitora

224

1ª PARTELê o texto com muita atenção.

A NOITE EM QUE A NOITE NÃO CHEGOU

1 Um dia, mal acordou, a noite foi espreitar pela janela e reparou que já era quase noite. «Estou atrasada!», pensou ela ao ver que o Sol já tinha desaparecido e os candeeiros começavam a acender-se. Mas, nesse dia, ou nessa tarde, ou nessa noite, a noite sentia-se muito5 preguiçosa.

Gostava muito de estar ali, no quentinho dos lençóis, mas à noite não podia. Tinha sempre que fazer. Contrariada, deu uma volta e outra volta, desenroscou-se, enroscou-se e pensou lá para consigo: «Estou farta!» Havia muitas, muitas noites desde o início dos tempos que a noite 10 chegava à hora certa sem faltar um só dia. «E tudo isto para quê?», perguntou ela de si para si, «Só para que o vaidoso do Sol possa ir mostrar a sua linda cabeleira dourada ao outro lado do mundo… Hoje, não saio daqui… O Sol que se amanhe!» Olhando para o seu antiquíssimo fato de trabalho, metade feito de15 estrelas, metade de escuros trapos, a noite resolveu por uma vez ficar na cama. «O pôr-do-sol que se aguente aí, a pairar no meio do céu, até que nasça o dia! Está resolvido. Hoje, ninguém me tira daqui!» Assim, sem querer saber de mais nada, a noite deixou-se ficar na cama20 toda satisfeita, com uma chávena de chá numa mão e um livro de histórias na outra. Quando perceberam que a noite não chegava, as pessoas, os bichos, os candeeiros e as flores começaram a juntar-se às portas da noite. Os autocarros e os girassóis queriam ir dormir. Os mochos, as corujas e os 25 guardas-nocturnos queriam sair para o trabalho. Por isso se puseram todos a gritar: «Venha a noite! Venha a noite! Então, nunca mais chega?! É preciso fazer cair a noite!» Mas era tão alta a casa onde a noite morava que ninguém se atrevia sequer a tentar chegar lá acima.30 Foi então que apareceu um menino rabino que pediu «Com licença…» a toda a gente e se pôs a trepar pelos últimos raios de sol. Num equilíbrio despachado, pôs um pé numa nuvem, outro num cometa e, em menos de nada, chegou junto da noite. De tão entretida com o seu livro de histórias, a noite nem deu por nada.35 E mesmo que desse nem podia adivinhar. Não estava habituada a meninos e aos seus doces passos de algodão. De mansinho, o menino rabino pôs-se a fazer-lhe cócegas nos pés. A noite desatou a rir às gargalhadas. «Ah,Ah,Ah! – Ah,Ah,Ah!» Tanto se riu

Page 236: Ensino Da Compreensao Leitora

225

a noite que caiu da cama abaixo. E, caindo, passou por estrelas, luas e40 sóis. Todas as luzes se apagaram à sua passagem e um manto muito grande, negro, de cetim, foi cobrindo a pouco e pouco o mundo inteiro. O menino rabino, do esforço que fez, ficou tão cansado e com tanto sono que nem perdeu tempo. Deitou-se logo na cama da noite e, antes de adormecer, voltou-se para ela que lá em baixo já tomara conta do mundo45 inteiro e disse-lhe baixinho: «Adeus, noite… Até amanhã… Boa noite…»

Responde ao que te é pedido sobre o texto que acabaste de ler, de acordo com as orientações que te são dadas.

1. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.Um dia, mal acordou, a noite foi espreitar pela janela e pensou: «Estou atrasada!» (linha 2)Ela percebeu que estava atrasada, porque

ouviu as horas no relógio da igreja. viu que o Sol já se tinha ido embora. começou a ouvir o cri-cri dos grilos. viu o guarda-nocturno no posto dele.

José Fanha, A Noite em que a Noite não Chegou,

Porto, Campo das Letras, 2001.

x

Responde: viu que o Sol já se tinha ido embora. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

2. Transcreve do texto uma frase que mostre que a noite estava mesmo sem vontade nenhuma de ir cumprir o seu dever.

3. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.A noite resolveu então

ficar na cama. dar um passeio. ir brincar. pôr-se a trabalhar.

Transcreve uma frase que mostre que a noite não tinha vontade de ir cumprir o seu dever.Por exemplo:«Mas, nesse dia, ou nessa tarde, ou nessa noite, a noite sentia-se muito preguiçosa.»OU«Contrariada, deu uma volta e outra volta, desenroscou-se, enroscou-se e pensou lá para consigo:“Estou farta!”»OU«Está resolvido. Hoje, ninguém me tira daqui!» (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos). Processo: Compreensão Literal

x

Page 237: Ensino Da Compreensao Leitora

226

muito distraída. egoísta. preguiçosa. pouco responsável. bastante atarefada. furiosa. bisbilhoteira. preocupada.

Quando diz «Hoje, não saio daqui... O Sol que se amanhe!» (linhas 12-13), a noite mostra-se4. Assinala com X as três opções correctas, de acordo com o sentido da frase seguinte.

Responde: ficar na cama. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

Assinala apenas as seguintes características: preguiçosa; egoísta; pouco responsável. (cotação: 2 pontos).Assinala duas das características acima mencionadas. Erra ou omite a restante. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Inferencial

xxx

5. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.As pessoas, os animais, as plantas e os objectos começaram a gritar «É preciso fazer cair a noite!» (linhas 26-27), porque

desejavam pregar uma partida à noite. queriam castigar a noite pelo seu atraso. pretendiam ouvir as explicações da noite. queriam fazer o que faziam todas as noites.

Assinala apenas: queriam fazer o que faziam todas as noites. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

x

6. Assinala com X as afirmações Verdadeiras (V) e as Falsas (F), de acordo com o sentido do texto. Quem conseguiu fazer cair a noite foi um menino rabino. De que modo?

VAfirmações FContou histórias à noite para ela não adormecer.Equilibrou-se numa nuvem e num cometa.Pregou um susto à noite.Prometeu ler-lhe um livro.Subiu pelos últimos raios solares.Fez cócegas nos pés da noite.Trepou por um poste de electricidade.

Assinala correctamente todas as afirmações. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

Page 238: Ensino Da Compreensao Leitora

227

rápidos. largos. leves. saltitantes.

7. Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.

«Não estava habituada a meninos e aos seus doces passos de algodão.» (linhas 35-36)

Nesta frase, a expressão «doces passos de algodão» significa que os passos dos meninos eram

Assinala apenas: leves. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

x

A noite começou a rir. A noite caiu da cama abaixo. A noite tomou conta do mundo inteiro. A noite sentiu cócegas nos pés. A noite passou por estrelas e sóis.

8. Ordena o que aconteceu à noite, numerando as afirmações de 1 a 5, de acordo com o final do texto.

Ordena correctamente os seguintes acontecimentos:2. A noite começou a rir.3. A noite caiu da cama abaixo.5. A noite tomou conta do mundo inteiro.1. A noite sentiu cócegas nos pés.4. A noite passou por estrelas e sóis. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Reorganização

9. Na tua opinião, a noite conseguiu, ou não, levar por diante a sua intenção inicial?Justifica a tua resposta.

Emite uma opinião, apresentando uma justificação plausível e coerente com o sentido do texto. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Crítica

Page 239: Ensino Da Compreensao Leitora

228

Lê, agora, o seguinte texto

O SOL

O Sol pesa 333 000 vezes mais que a Terra e é tão grande que poderia acolher 1 300 000 Terras. Se a Terra tivesse o tamanho de uma bola de ténis, o Sol teria o tamanho de uma casa.

O Sol é uma enorme bola de gás quente, que se formou a partir de uma nuvem de gás e de pó que flutuava no espaço. Começou a brilhar há cerca de 5000 milhões de anos.

O Sol parece mover-se no céu, do amanhecer até ao anoitecer, mas essa ilusão é causada pela ro-tação da Terra. Na verdade, somos nós que nos movemos. No entanto, o Sol move-se de outra forma: gira como a Terra, mas muito mais lentamente.

A temperatura da superfície do Sol é de cerca de 5500 graus centígrados, o suficiente para eva-porar tudo o que existe sobre a Terra. No centro, a sua temperatura é muito mais alta, rondando os 15 milhões de graus centígrados.

1000 Perguntas e Respostas, Sintra, Girassol Edições, Lda., s.d. (adaptado).

10. Completa o Bilhete de Identidade do Sol, com base nas informações transmitidas no texto que acabaste de ler.

BILHETE DE IDENTIDADE

Preenche o quadro com cinco ou seis dados correctos, transcrevendo ou parafraseando as informações do tex-to. Erra ou omite um dos dados.Nome: Sol.O que é: É uma enorme bola de gás quente.Idade: 5000 milhões de anos.Peso: 333 000 vezes mais que a Terra.Temperatura à superfície: 5500 graus.Origem: Nuvem de gás e de pó (que flutuava no espaço).Como se move: Gira como a Terra, mas mais lentamente. (cotação: 2 pontos).Preenche o quadro com três ou quatro dados correctos, transcrevendo ou parafraseando as informações do texto. Erra ou omite os restantes. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

Nome: Sola) b) c) d) e) f)

O que é:Idade:

Temperatura à superfície: Origem:Como se move:

Peso:

Page 240: Ensino Da Compreensao Leitora

229

Os irmãos Joana, André e Pedro vão com os pais à Festa da Primavera, no Centro Cultural de Belém.

Consulta o texto informativo sobre a Festa, publicado numa revista, e responde às perguntas que se seguem.

In Visão, n.º 576, de 18 a 24 de Março de 2004 (adaptado).

Page 241: Ensino Da Compreensao Leitora

230

11. O que é que esta família teve de fazer para poder assistir a um espectáculo?Assinala com X a opção correcta.

Comprar os bilhetes até uma hora antes da Festa. Reservar os bilhetes pelo telefone, um dia antes. Apresentar os convites à entrada de cada espectáculo. Levantar as entradas uma hora antes do espectáculo.

Assinala apenas: Levantar as entradas uma hora antes do espectáculo. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

x

12. Assinala com X, na lista seguinte, cinco espectáculos diferentes oferecidos na Festa da Primavera.

Música Corrida de touros Futebol Dança. Balé Ginástica Teatro Cinema. Circo Marionetas

Assinala apenas as cinco variedades de espectáculos seguintes: Música; Teatro; Circo; Dança; Marionetas. (cota-ção: 2 pontos).Assinala correctamente três ou quatro variedades de espectáculos. Omite as restantes ou erra uma ou duas variedades de espectáculos. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

13. No dia da Festa, a partir das 16 horas, a que espectáculos ainda se podia assistir?Assinala com X as opções correctas.

A Asa e a Casa Tocárufar Banda dos Bombeiros Charanga Histórias para Assustar e Rir Caravela Amarela

Assinala apenas os três espectáculos seguintes: Tocárufar; Charanga; Histórias para Assustar e Rir. (cotação: 2 pontos).Assinala correctamente dois espectáculos. Omite os restantes ou erra um espectáculo. (cotação: 1 ponto).Dá outra resposta. (cotação: 0 pontos).Processo: Compreensão Literal

x

xx

x

x

x

xx

Vamos corrigir a prova. A grelha de correcção está na página 153. A pontuação máxima é de 17 pontos. Qual é a tua percentagem de sucesso?Há diferenças em relação aos resultados que obtiveste quando realizaste

esta prova no início do programa?

A página indicada é relativa ao livro do aluno “Aprender a compreender torna mais fácil o saber”.*

*

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231

V - ANEXOS

Anexo 1 – Bases de dados

Prova de Aferição 2005 – 4.º anoProva de Aferição 2008 – 4.º anoProva de Aferição 2006 – 4.º anoProva de Aferição 2003 – 4.º anoProva de Aferição 2007 – 4.º anoProva de Aferição 2004 – 4.º ano Instruções de utilização

As bases de dados encontram-se disponíveis na página:http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/escolas/suborientacoes.php?idSubtopicoOrientacao=20

*

*

Page 243: Ensino Da Compreensao Leitora

232

Anexo 2 – Materiais de apoio ao programa

Grelhas de correcção

Pergunta

1 As férias de Verão.

2 Divertir/entreter/alegrar.

3 Bolos, gelatina, milho e batatas fritas.

4 Fazer pipocas.

5 Criativo.

6 As férias/ A surpresa do João.

7 Divertido/delicioso.

Pergunta

1 Infeliz.

2 O dedo mindinho do pé esquerdo não parava de crescer.

3 Pensa que trata doenças sem habilitação para o efeito ou que recorre a remédios caseiros; ou Charlatão ou impostor.

4 O remédio mágico.

5 Pôr uma pomada milagrosa.

6 Médico: mandou fazer exames para descobrir a causa.

Farmacêutico: aconselhou o Pedro a ir ao médico.

Curandeiro: escolheu um dos seus remédios e deu-o ao Pedro.

7 Não, pois é pouco provável que o curandeiro fosse especialista num problema raro e que tivesse um medicamento para o

efeito.

Pergunta

1 Ele estava a demorar muito tempo a fazer o casulo.

2 Por cima de.

3 V / F / V / F.

4 Resumo deve incluir os seguintes elementos: apreciação positiva, duração e utilidade dos casulos que originam a seda.

Pergunta

1 Não, a pele fica parecida com pele de galinha (“… porque então a pele se assemelha à de uma galinha depenada…”).

2 Reacção.

3 3 – Levantamento do pêlo;

2 – Contracção dos músculos ligados aos pêlos;

1 – Sensação de medo ou frio;

4 – Elevação da pele.

4 Quando as pessoas estão com medo ou têm frio.

FÉRIAS DE VERÃO

HISTÓRIA DO PEDRO

A ARANHA E O BICHINHO DA SEDA

O QUE PROVOCA A “PELE DE GALINHA”?

Resposta

Resposta

Resposta

Resposta

Page 244: Ensino Da Compreensao Leitora

233

Pergunta Resposta

1 A filha era “especial”, “importante”, “única”, “valiosa”… 2 A princesa é inteligente, criativa, capaz de resolver problemas, capaz de inventar estratégias para conse- guir o que quer. 3 O título é adequado pois: reflecte a ideia principal do texto; ou a princesa conseguiu escapar à tradição que ditava que fosse o pai a escolher-lhe o marido e a determinar a idade em que casaria, sendo, portanto, ela a escolher o noivo e o momento em que queria casar. 4 Não gostaram da resposta da princesa.

Pergunta Resposta

1 Seis ovos. 2 Uma chávena e meia. 3 Claras em castelo.

Pergunta Resposta

1 É uma forma de aumentar a curiosidade; ou Para motivar os alunos para ler; ou Porque facilita a compre ensão; ou Porque o texto vai responder a uma pergunta. 2 Apenas é possível saber, pela carapaça, a idade das tartarugas jovens. 3 3 - Contar o número círculos em cada escudo; 2 - Verificar se é possível contar o número de círculos; 1 - Observar os compartimentos ou escudos da carapaça. 4 5 anos.

Pergunta Resposta

1 - Para proteger a roupa, por razões de higiene; - Por razões de higiene; - Para evitar que os cabelos fiquem sujos (de gordura) e impedir que possam cair cabelos na comida; - Mesmo a cozinhar, as pessoas podem estar bem arranjadas; - Os cheiros da cozinha nem sempre são agradáveis.

A MÃO DA PRINCESA

PODE-SE SABER A IDADE DE UMA TARTARUGA PELA CARAPAÇA?

BOLO DE BATATA

ANTES DE ENTRAR NA COZINHA

Pergunta Resposta

1 Porque constitui um acontecimento raro. 2 “… impedindo que curiosos continuassem a perseguir, fazer festas e tentar mergulhar com um animal selvagem.” 3 O golfinho apareceu – no Cais de Gaia. O golfinho é – um animal selvagem. Algumas pessoas mergulharam – para nadar e fazer festas ao golfinho. No dia 6 de Julho – apareceu um golfinho. 4 “Não seria bom voltar a ter golfinhos no Douro?” Explicação também apoiada nas palavras “voltar a ter” as quais indicam que já terão existido. 5 V / V / F / V / V / V.

GOLFINHO NO RIO

Page 245: Ensino Da Compreensao Leitora

234

10 Se a sopa (ou outro qualquer líquido) transbordar pode apagar o bico do fogão, mas o gás continua a sair, sem haver

chama que o consuma. Nos fogões eléctricos o problema não se coloca de maneira tão perigosa.

11 Por questões de segurança e/ou de poupança de energia.

12 Para crianças. Justificação: Os adultos já têm experiência de cozinha, pelo que já saberão estas regras; ou Pela forma

como o livro está escrito (ex: é um texto escrito com rimas).

13 O último mandamento é uma síntese e não uma orientação.

Pergunta Resposta

1 1.1 V – “O ar aquecido sobe… o ar frio desce”; “movimento que constitui o vento”. 1.2 V – “… ar é aquecido pelo sol torna-se mais leve…” e “O ar mais frio desce…”. 1.3 V – “Há duas espécies de ventos… um sopra em zonas localizadas… a segunda espécie de vento é a que se chama dos ventos planetários.” 2 V / F / V. 3 Sopram em grandes extensões da Terra.

O QUE FAZ SOPRAR O VENTO

Pergunta Resposta

1 As mãos húmidas são condutoras da electricidade, podendo provocar um choque eléctrico.

2 Referências a questões de segurança.

3 A tampa das latas pode cortar a mão.

4 A frase refere-se às pegas ou asas das panelas, fervedores, frigideiras…

5 Razões de segurança; ou Se estiverem viradas para fora há uma maior probabilidade de, sem querer, ao passarmos ou

aproximarmo-nos do fogão lhes tocarmos e os tachos ou as frigideiras se virarem (podendo queimar-nos ou provocar

incêndios).

6 A manteiga, quando fica escurecida, fica com o sabor alterado e/ou é prejudicial à saúde.

7 A água fria, quando adicionada ao óleo ou azeite a ferver, evapora-se instantaneamente e provoca

pequenas explosões que podem causar queimaduras graves.

8 Ao começarem a ferver, os líquidos movimentam-se e sobem, podendo transbordar.

9 Apenas (ou outro sinónimo).

OS DEZ MANDAMENTOS DA PRUDÊNCIA

Pergunta Resposta

1 A resposta está correcta mas não completa. O Luís morava numa casa (moradia, casa com quintal ou jardim) onde devia

ter espaço ao ar livre para o cão e agora vai morar num prédio.

2 Os cães ladram e o seu barulho pode incomodar os outros moradores.

3 Existem acontecimentos na vida que são difíceis de esquecer.

4 “…tão habituado como à luz do dia ou à escuridão da noite” – O Bigodes estava muito habituado a viver naquela casa,

conhecia-a muito bem.

“Um coração quer-se inteiro, ou não será assim?” – Um coração partido está associado sentimentos negativos como a

tristeza ou a solidão, e o Luís não quer ter o coração assim, mas inteiro, preenchido de emoções positivas.

“…com um trejeito de surpresa…” – O Bigodes mostrou-se surpreendido com as palavras do Luís.

“…casa para pedir que lha abrissem” – Para o Bigodes, o Luís era a sua casa; o seu gesto mostrava a vontade que tinha de

ficar com o Luís.

5 Físicas: Bonito, focinho peludo, bigodes compridos. (focinho peludo e nome de Bigodes).

Psicológicas: Esperto, brincalhão (olhos malandros).

6 A intenção da autora era mostrar que o Bigodes era um cão especial, excepcional, e que o Luís tinha muito orgulho

nele. O Bigodes era um rafeiro, mas mais bonito e esperto do que outros cães de raça muito distintos e com nomes

estranhos.

7 O Bigodes gosta de ser escovado.

O Luís quer manter os hábitos do Bigodes para ele se sentir bem.

NA QUINTA DAS CEREJEIRAS

Page 246: Ensino Da Compreensao Leitora

235

8 Possíveis referências: tristeza, desolação, saudade, amargura, angústia, infelicidade, desgosto, mágoa, desconsolo, soli

dão, desamparo, pesar, desapontamento, nostalgia, incómodo, dor, tormento, mortificação, confrangimento…

9

Pergunta Resposta

1 Sim, porque de facto fala de um caçador de borboletas; ou Sim, porque afinal as borboletas foram “caçadas” mas não

no sentido real (com redes); ou Não, porque não houve nenhuma caçada.

2 Caçador de borboletas.

3 “Fica perto do rio a desfrutar a frescura e a beleza do lugar, a beleza das flores…”

4 Foi apanhado/preso/conquistado/seduzido pela beleza do lugar. Fica a olhar a paisagem (e talvez também as borbole-

tas a voar, livres e felizes) e esquece-se de caçar…

5 5.1 - Ele “caçou” com os olhos. Traz a imagem da beleza que viu e sente-se bem por ter deixado as borboletas em liber-

dade.

5.2 – Tinha visto coisas muito belas.

6 6.1 – Elas vieram nos olhos e no coração do caçador e também vieram livremente com ele, pousadas nos seus ombros

e nos seus cabelos.

6.2 – Agradecimento das borboletas por não as ter privado de liberdade… Vieram mostrar-lhe que, em liberdade, con-

seguem ainda ser mais bonitas… Afinal, deixá-las em liberdade é poder vê-las sem sair de casa.

7 Não, pois no texto diz-se “a sua caixa está vazia”.

8 Sendo um caçador de borboletas, deveria estar triste por não ter apanhado nenhuma. No entanto, apesar disso, ele está

feliz porque a caixa está vazia mas ele tem os olhos cheios da beleza de tudo o que viu.

O CAÇADOR DE BORBOLETAS

Pergunta Resposta

1 A Baía dos Golfinhos.

2 Apresentação de aves em voo livre.

3 Numa zona central perto da Aldeia dos Macacos.

4 Entre a Baía dos Golfinhos e a Quintinha.

5 350.

6 Quatro das seguintes possibilidades: Baía dos Golfinhos, Quintinha, Parque Arco-íris, Teleférico, Comboio, Reptilário,

Alimentação de Leões-marinhos, Bosque Encantado, Cobras e Lagartos, Alimentação de Pelicanos.

MAPA DO JARDIM ZOOLÓGICO

Pergunta Resposta

1 Transição – Mudança.

Proporciona – Torna possível.

No entanto – Porém.

Justificam – Explicam.

Potencial – Possibilidade (Vigor, Poder).

Mas também – Igualmente.

2 A Ria deve ser conservada devido à riqueza da paisagem, ao número e a variedade de espécies, às ameaças a que está

sujeita e ao potencial turístico (a enumeração das razões deve ser exaustiva).

3 Porque estas espécies podem estar ameaçadas e/ou em vias de extinção.

4 Aveiro.

RIA DE AVEIRO

NA QUINTA DAS CEREJEIRAS

Page 247: Ensino Da Compreensao Leitora

236

Pergunta Resposta

1 De ser livre.

2 Imitações de búzios verdadeiros.

3 A comparação é adequada uma vez que, à semelhança das pessoas em casas fechadas, o peixe não pode sair do aquário.

4 Cansado dos dias sempre iguais.

5 Que o peixe preferia correr o risco de ser pescado a estar fechado no aquário.

PEIXE NO AQUÁRIO

6 Sair do aquário significava a morte, mas ele preferia morrer a continuar privado de liberdade.

7 Vive numa casa fechada rodeado de coisas inúteis: búzios artificiais, areia pintada, pessoas indiferentes que vagueiam

à sua volta; ou Os seus dias são sempre iguais; ou Não tem contacto com os elementos da natureza a que estava

habituado: vento, sol, água do mar… ou Tem falta de liberdade e o desejo de viver no seu ambiente natural.

Pergunta Resposta

1 Físicas: Belo, grande (inferência a partir de “gigante”);

Psicológicas: Inteligente, prudentíssimo, audaz, violento, irreverente, capaz de grandes cóleras e heróico. Não

consegue impor a sua vontade.

2 2.1 Verdadeiro.

2.2 Falso.

2.3 Verdadeiro.

3 V / V / F / V.

4 O retrato dos companheiros de armas (“Estas peripécias traduzem afinal rivalidades da época e o retrato que

pretendiam transmitir não ganhou força, desvaneceu-se”).

5

D. AFONSO HENRIQUES, UMA FIGURA FASCINANTE

Pergunta Resposta

1 Ovos quentes.

Ovos escalfados.

2 Porque demora mais tempo a ser confeccionada.

3 Porque “enrolar os ovos” é uma tarefa difícil / exige precisão.

4 A necessidade leva-nos a inventar; ou Quando não temos um ingrediente podemos tentar substituí-lo por outro.

5 Ovos cozidos – 11 minutos; água e ovos; cozido.

Ovos quentes – 3 minutos; água e ovos; cozido.

Ovos estrelados – 5 minutos; manteiga ou margarina, ovos, sal e pimenta; frito.

Ovos escalfados – 3 minutos; água, vinagre e ovos; cozido.

Omeleta – Mais de 5 minutos; ovos, sal, pimenta, manteiga ou margarina; frito.

Ovos mexidos – Sem tempo; ovos, sal, pimenta, manteiga ou margarina e outros ingredientes à escolha; frito.

6 Para ver se não estão estragados; ou Para não misturar; ou Para não “esborracharem”.

7

OS OVOS

Pergunta Resposta

1 F / F / V / V.

2 Como estão muito tempo expostas ao sol, ao vento e à chuva, as roupas estragam-se rapidamente, por isso aproveitam-

-se as já usadas; ou Os espantalhos são bonecos de palha, feitos pelos agricultores para espantar os pássaros, e são sem

pre vestidos com roupas que já não se usam e que ficaram velhas.

FIRMINO, O AMIGOS DOS PÁSSAROS

Page 248: Ensino Da Compreensao Leitora

237

Pergunta Resposta

3 3.º Os pássaros fogem de Firmino.

1.º O dono das searas colocou Firmino no meio da seara.

5.º Todas as Primaveras, Firmino voa nos céus azuis.

2.º Firmino sentia-se triste e infeliz.

4.º Firmino tornou-se amigo dos pássaros.

6.º Firmino é feliz.

4

5 Firmino não deveria ter partido porque a sua obrigação era ficar na seara a afugentar os pássaros; ou Firmino não

deveria ter partido porque o lavrador precisava dele na seara; ou Firmino fez bem em partir porque tinha o direito de

escolher uma nova vida.

6 Exemplos: “… bandos de pardais, tentilhões e pintassilgos a voar muito distantes, a caminho de terras quentes.”; “…

tinham-no colocado no meio de uma grande seara para afugentar a passarada…”; “… roupas esfarrapadas …”; “…

estava preso a grossas estacas de madeira…”

7

FIRMINO, O AMIGOS DOS PÁSSAROS

1 Existiu: a) “Há um retrato da bisavó Eglantina na montra da Papelaria Celeste”; b) “Fiquei muito tempo a olhar para

ela, pensando por que razão não estava o meu bisavô a seu lado, no postal.”

É uma personagem imaginária: c) “A tua bisavó chamava-se Maria das Dores…”; d) “Apaixonei-me pela minha bisavó

na montra de uma papelaria domeu bairro”; e) “…bisavó que se preza não anda neste mundo a piscar o olho à primeira

bisneta que lhe aparece pela frente”; f) “Para que quererás tu uma bisavó, não me dizes?”; g) “Ainda tens pouca tralha

no teu quarto…”.

2 a) A menina não parecia ter dúvidas de que era a fotografia da bisavó Eglantina que estava na montra da papelaria,

pelo que a deve ter conhecido; b) Se a menina estranhava o facto de o avô não estar também no retrato, é porque ela

estava habituada a ver sempre os dois juntos; c) A mãe sabia o nome da bisavó e este não era Eglantina; d) É estranho

que nos apaixonemos por uma pessoa que só vimos uma foto na montra de uma papelaria; e) A expressão “primeira

bisneta que lhe aparece pela frente” sugere que a bisavó não a conhecia. Geralmente as bisavós conhecem todos os

bisnetos e bisnetas; ou A expressão “primeira bisneta que lhe aparece pela frente” é parecida com outra que costumamos

usar. Quando dizemos “a primeira pessoa que nos apareceu pela frente” queremos dizer que escolhemos ao acaso. Só

uma personagem imaginária é que escolhe uma bisneta ao acaso; f) O pai está a dizer que ela não tem bisavó nem

precisa de nenhuma. Provavelmente percebe que a filha está a inventar uma bisavó imaginária e pergunta-lhe porque

tem necessidade de inventar uma bisavó; g) Se a fotografia fosse da Bisavó, a mãe não a classificaria como tralha.

3 Pode concluir-se que a bisavó é uma personagem imaginária.

4 Porque a menina gostava de ter conhecido uma bisavó; ou Porque gostava de uma bisavó que ficasse à sua beira quando

adormecesse; ou Porque tinha muita imaginação.

5 V/F/V/F/V.

BISAVÓ EGLANTINA

Page 249: Ensino Da Compreensao Leitora

238

Pergunta Resposta

1 Dissolvido – diluído.

Na correcção da perda de água e sais – na compensação da perda de água e de sais.

Lactentes – crianças que ainda mamam.

Náuseas – vontade de vomitar, enjoos.

Administração da solução – tomar o medicamento.

Ingerida – engolida.

Desconforto abdominal e obstipação – dor ou mal estar na zona do abdómen e prisão de ventre.

Apenas para administração oral – só pode ser bebido, mastigado ou engolido.

Adicionar – acrescentar.

Persistir – continuar.

Não está contra-indicado na gravidez – pode-se tomar durante a gravidez.

Desidratação – perda grave de líquidos.

Compensar – repor.

Recomenda-se a ingestão de 150 ml/Kg – aconselha-se a bebida de 150 ml por cada quilograma de peso.

Dejecção – evacuação de matéria fecal.

DIORALYTE, PÓ PARA SOLUÇÃO ORAL

Aleitamento materno – alimentação dos bebés com o leite da mãe.

Reintroduzir a dieta normal gradualmente – voltar aos poucos à alimentação habitual.

Reaparecimento agravado dos sintomas – voltarem a aparecer os mesmos sintomas com mais gravidade.

Água potável – água própria para consumo.

No caso de ocorrer uma sobredosagem significativa – no caso de ter sido tomado o medicamento numa dose excessiva.

Devem monitorizar-se – devem medir-se e controlar-se.

Excipientes – substâncias que existem nos medicamentos e que apenas servem para lhes dar cor, um sabor agradável, e

os tornarem mais líquidos ou fáceis de tomar.

Condições especiais de conservação – como deve ser guardado o medicamento.

Efeito indesejável – consequência ou efeito não esperado.

2 1. Forma farmacêutica e apresentação – Modo como o medicamento é vendido.

2. Indicações terapêuticas – Informação sobre as doenças que trata.

3. Efeitos secundários – Problemas na toma do medicamento. Outros efeitos que a toma do medicamento pode provocar.

4. Advertências e precauções especiais de utilização – Cuidados a ter (ex.: não se deve adicionar sal ou açúcar). Efeitos

se tomado em conjunto com outros medicamentos. Atenção a alguns sintomas que o medicamento pode produzir.

5. Utilização em caso de gravidez ou aleitamento – Indicação sobre se as grávidas, ou quem está a amamentar, podem

tomar o medicamento.

6. Posologia e modo de administração – Quantidade de medicamento que deve ser tomada e como.

Pergunta Resposta

1 Foz (do rio).

2 2.1 O mar e o rio estão prontos para se encontrarem num abraço, como fazemos quando abrimos os braços para abraçar

alguém de quem estávamos à espera.

2.2 O rio entra no mar e as suas águas misturam-se; ou No rio e no mar há vida (peixes outros animais) que se

encontram e passam a viver juntos; ou Respostas que remetam para uma outra vida, não biológica como as marés ou

as correntes.

3 3.1 Do mar (que é azul e fundo) vêm grandes barcos.

3.2 Falando com pessoas que vêm de outras terras e que falarão de experiências e lugares diferentes.

4 4.1 Ao longe vêem-se velas de barcos, que parecem minúsculos, alinhados no horizonte; ou Barcos pequeninos que,

uns a seguir aos outros, levam as histórias das pessoas que moram nas margens do rio.

POEMA DA BEIRA DA FOZ

Page 250: Ensino Da Compreensao Leitora

239

Pergunta Resposta

1 Uma língua.

2 Físicas: meio metro de comprimento; pesam um quilo; corpo esguio; focinho pontiagudo; manchas negras em torno

dos olhos; pelagem castanha; riscas negras; cauda negra; longas garras nas patas dianteiras. Hábitos e comportamentos:

diurnos; sociáveis; procuram alimento na proximidade; apanham sol junto à entrada das tocas; erguidos sobre as patas

traseiras a farejar o ar; vivem em colónias familiares; constroem túneis no subsolo, onde permanecem durante a noite.

3 Ex.: Os túneis dos suricatas são largos (dedução de 5 metros de diâmetro) com várias entradas (15 oríficios) com vários

níveis (2 ou 3 níveis de túneis), profundos (1,5 metros de profundidade) e ligados entre si (interligam por câmaras com

perto de 30 cm de diâmetro). - 15 Palavras

4 Trata-se de um grupo grande de indivíduos unidos por laços familiares.

5 “Apesar de existir alguma especialização dos elementos de cada grupo nas várias áreas, tais como a segurança, a defesa,

a marcação de território, o baby-sitting e a liderança, existe também uma enorme entreajuda e uma regular rotatividade

de tarefas, que os indivíduos aceitam tranquilamente.”

6 Os suricatas comunicam entre si e usam vocalizações diferentes para a presença de predadores aéreos e terrestres.

Alimentam-se principalmente de insectos. Os alimentos que mais apreciam são as najas e os escorpiões, sendo imunes

ao seu veneno.

7

Pergunta Resposta

1 A) Falso – ouviu sempre os argumentos do filho e não se irritou;

B) Verdadeiro – depois de ter dito que nunca mais queria adormecer, adormeceu quase imediatamente (“Pôs-se a contar

/ estrelas no céu; / chegou a vinte, / adormeceu.”).

2 Que eram horas de dormir.

3 O menino gostava de brincar, de correr e de estar acordado.

4 Que não quer perder nada que possa ver.

5 O menino está de acordo com a mãe porque a lua já está no céu, já é noite, embora persista a vontade de ficar acorda-

do; ou O menino identifica-se com a lua, daí o querer manter-se acordado (“o sol deitou-se mas a lua levantou-se; uns

vão dormir mas outros ficam acordados”).

SURICATA

NOITE

5 5.1 Os estuários são zonas mais calmas do que o mar, com “bancos” de areia, com água doce, onde os peixes podem de-

positar os seus ovos sem o perigo de serem atirados pelas ondas até locais pouco apropriados para os peixinhos nasce-

rem.

6 6.1 Pássaros migradores, isto é, pássaros que voam para zonas mais quentes quando o inverno se aproxima.

6.2 Azul é a cor do mar onde se banham estas aves… molhadas de água (azul) do mar…

7 7.1 Vivas porque se movem, porque alimentam ser vivos; unidas porque se juntaram de tal forma que já não é mais pos-

sível separá-las… estão presas uma à outra.

7.2 Água, indispensável à vida; peixe; paisagens bonitas; possibilidades de lazer (desportos aquáticos) e via de transporte.

8 8.1 Faz uma pergunta, um convite para encontrar ajuda tendo em vista preservar o estuário (e a natureza em geral).

9 9.1 Temos de nos unir, como a água do mar e do rio fizeram, para não poluir as águas (e a natureza em geral).

9.2 Informações, avisos, mas também acontecimentos que mostrem os perigos da poluição.

POEMA DA BEIRA DA FOZ

Page 251: Ensino Da Compreensao Leitora

240

Pergunta Resposta

A. Desligue o telemóvel: a) incomoda as outras pessoas; b) os guias do Oceanário vão dando explicações aos grupos e o

telemóvel pode impedir que as pessoas ouçam adequadamente o que os guias estão a explicar; c) podem interferir com o

comportamento dos animais.

B. Não é permitido tirar fotografias com flash ou com qualquer outro tipo de luz artificial: a) pode incomodar ou assustar

os animais; b) pode alterar o seu comportamento.

C. Não é permitido fumar: a) é proibido pela lei portuguesa; b) é nocivo para a saúde dos visitantes, incluindo os não

fumadores; c) é prejudicial para os animais.

D. Não é permitido comer ou levar quaisquer alimentos: a) para evitar que as pessoas deêm aos animais alimentos que lhes

possam fazer mal; b) para evitar sujar o espaço; c) para evitar a contaminação do espaço.

E. Não é permitido levar animais ou plantas: a) para assegurar, mais uma vez, que não existem possibilidades de

contaminação; b) no caso dos animais, nem sempre os donos conseguem assegurar o seu controlo e poderiam atacar ou

ser atacados por animais do Oceanário.

F. Não é permitido tocar e mexer nos animais e plantas: a) para preservar a saúde destes e das pessoas; b) para controlar

eventuais roubos.

G. Não é permitido levar balões, trotinetas, bicicletas ou outros brinquedos que possam perturbar o ambiente do recinto

do Oceanário: a) para assegurar a qualidade do ambiente dentro do Oceanário; b) podem ser perigosos para os visitan-

tes (trotineta e bicicleta).

H. Existe um bengaleiro no Átrio do Oceanário onde poderão ser guardados volumes ou outros objectos: a) para tornar

mais confortável a visita, permitindo que as pessoas não precisem de transportar objectos pesados e desnecessários; b)

para prevenir o roubo de plantas ou outros objectos que seriam mais facilmente escondidos; c) para que as pessoas possam

lá colocar os objectos que não é permitido levar na visita.

I. Caso seja necessário, é possível solicitar uma cadeira de rodas: a) alguns visitantes têm dificuldades em andar e a visita

pode ser demorada.

J. O percurso da visita obedece às Normas Europeias de Acessibilidades; para o efeito existem rampas, pisos inclinados

e elevadores: a) independentemente dos seus problemas físicos, todas as pessoas têm possibilidades de visitar o Oceaná-

rio; b) o edifício do Oceanário cumpre as leis em vigor na Europa não apresentando barreiras para pessoas que têm difi-

culdades em movimentar-se.

K. Existem diversas instalações sanitárias de apoio, ao longo do percurso da visita: a) as pessoas que precisarem de ir ao

quarto de banho encontrarão vários e não precisarão de sair do Oceanário.

Fazer a marcação para um grupo, pois, nos grupos pré-marcados, cada bilhete custa menos 50 cêntimos por pessoa.

Até sexta-feira levar 5 euros para o bilhete de entrada no Oceanário.

4.1 Sim. 4.2 Aberto das 12h00 às 18h00. 4.3 12 euros.

OCEANÁRIO DE LISBOA

Pergunta Resposta

1 As suas cores coloridas fazem com que se confunda com as da zona onde habita.

2 Vive/habita junto aos recifes de coral; ou Vive nos recifes de coral.

3 Muito bem.

4 Não, pois podem ser castanhas, pretas, amarelas ou de outras cores.

5 Devido à sua cor e às pintas azuis que tem.

Habitat: fundo do mar; recifes de coral.

6 Características físicas: amarela com pintas azuis; cauda com espigões fortes e venenosos; ovovivípara.

Características psicológicas: tímida; prefere estar só; evita o confronto com outras espécies.

Hábitos e comportamentos: solitária; caça em grupo para se alimentar; alimenta-se de vermes, camarões, caranguejos e

pequenos peixes.

PINTAROLAS

1

2

3

4

Page 252: Ensino Da Compreensao Leitora

241

7 - Qual o tamanho?

- Qual a longevidade?

- Em que oceanos pode ser encontrada?

- Qual a mortalidade das pequenas uges?

- Além do homem, quais são os outros predadores?

8 A uge-de-manchas-azuis está em perigo de extinção/em risco.

As principais causas são a pesca excessiva e a destruição dos recifes de coral. Além disso, o tempo de gestação é muito

longo, cerca de 12 meses e o número máximo de uges que podem nascer de cada vez é de sete.

9 V / F.

Pergunta Resposta

1

2 Quem foi António Caetano Egas Moniz? – Médico português que recebeu o Prémio Nobel.

Naturalidade? – Avanca, Aveiro.

Nacionalidade? – Portuguesa.

Ano de nascimento? – 1874.

Ano em que faleceu? – 1955.

Quais foram as suas descobertas? – Angiografia cerebral; leucotomia.

Em que ano recebeu o prémio Nobel da Medicina? – 1949.

Em que universidade tirou o curso de medicina? – Coimbra.

Qual a importância das suas descobertas? – A angiografia cerebral permitiu salvar muitas vidas e a leucotomia foi

importante no tratamento dos doentes mentais.

Que funções o distinguiram? – Professor na universidade; investigador.

Egas Moniz desenvolveu outras actividades. Quais foram? – Ministro dos Negócios Estrangeiros; escritor; orador;

coleccionador.

3 Exemplo: António Caetano Egas Moniz nasceu em Avanca – Aveiro, Portugal, em 1874, tendo falecido em 1955.

Fez o curso de Medicina na Universidade de Coimbra. A descoberta da angiografia cerebral e da leucotomia, que

permitiram salvar muitas vidas e tratar doentes mentais, valeram-lhe a atribuição do Prémio Nobel da Medicina, em

1949. Foi professor na Universidade de Coimbra, Ministro dos Negócios Estrangeiros, escritor, orador, coleccionador

e investigador.

4 V / V ou F (dependendo da justificação apresentada).

5 Porque sabe muito e gosta de aprender.

6 F/V.

PINTAROLAS

EGAS MONIZ

Page 253: Ensino Da Compreensao Leitora

242

1 1. Quedar-se – Ficar parado.

2. A fitar – A olhar.

3. Inesperadamente – De repente, sem ninguém contar, sem ninguém o prever.

4. Tem olhos como um filósofo - Tem uns olhos observadores, que parecem indicar que está a pensar.

5. Cisma – Ideia persistente.

6. Estás a sair um poeta – Sonhador, dizia coisas em que mais ninguém pensava.

7. Pessoa com a cabeça fora do sítio – Equivalente à expressão “fora do lugar”. Que não é realista, idealista.

8. Que não dizia coisa com coisa – Que não sabe do que fala; o que diz não faz sentido.

9. Nem sequer conhecia uma letra do tamanho de uma casa – Não sabia ler nem escrever.

10. Troça – “Fazer pouco” (popular), desdém, chacota…

11. Afagava-lhe – Fazia-lhe festas, acariciava-lhe.

12. Expressão de angústia – Expressão de sofrimento ou tristeza.

13. Também há coisas boas na vida – Na vida não existem só coisas más.

14. Pachorrento – Calmo, sossegado, que não faz mal a ninguém.

15. Matador – Alguém que mata, assassino.

16. Desanimado – Sem saber o que fazer, sem ânimo.

17. Como se estrelas negras fossem – Bonitos, reforça a ideia de que eram negros e brilhantes como estrelas.

2 1. O seu maior prazer era quedar-se em frente da porta, a fitar o céu. – Fernando era provavelmente sonhador e

gostava de apreciar a natureza.

2. Quando o via de olhar tão triste, ajoelhava-se ao lado dele, afagava-lhe a cabeça e falava-lhe como a uma pessoa. –

Fernando tinha pena do cão e queria aliviar a sua tristeza.

3. O cão erguia para ele, com grande expressão de angústia, os lindos olhos castanhos de pupilas azuis. – Provavel-

mente o cão sentia-se triste e infeliz.

3 Aceitaram o nome porque gostavam muito do Estrelinhas.

4

ESTRELINHAS BAPTIZA O FIDALGO

Pergunta Resposta

1 1.1 Que ele desenhou um girassol na folha em branco.

2 2.1 Era um girassol com todas as características de um girassol.

3 3.1 Sim, dado que no verso estão presentes as características do girassol: caule alto, flor orientada para o sol.

4 Sim, pois quando nos levantamos endireitamo-nos, esticamos os braços e as pernas, etc.

5 Não, porque era um desenho; ou Não, porque além de ser um desenho, não é possível contar só dois grãos de pólen

(são demasiado pequenos).

6

MISTÉRIOS DA ESCRITA

Page 254: Ensino Da Compreensao Leitora

243

Pergunta Resposta

1 Viu que o sol já se tinha ido embora.

2 “Mas, nesse dia, ou nessa tarde, ou nessa noite, a noite sentia-se muito preguiçosa.”

ou “Contrariada, deu uma volta e outra volta, desenroscou-se, enroscou-se e pensou

lá para consigo: «Estou farta!»” ou “Está resolvido. Hoje, ninguém me tira daqui!”

3 Ficar na cama.

4 Preguiçosa; Egoísta; Pouco responsável.

5 Queriam fazer o que faziam todas as noites.

6 F/ V/ F/ F/ V/ V/ F.

7 Leves.

8 2. A noite começou a rir.

3. A noite caiu da cama abaixo.

5. A noite tomou conta do mundo inteiro.

1. A noite sentiu cócegas nos pés.

4. A noite passou por estrelas e sóis.

9 Qualquer resposta plausível e coerente com o sentido do texto.

10 O que é: É uma enorme bola de gás quente.

Idade: 5000 milhões de anos.

Peso: 333 000 vezes mais que a Terra.

Temperatura à superfície: 5500 graus.

Origem: Nuvem de gás e de pó (que flutuava no espaço).

Como se move: Gira como a Terra, mas mais lentamente.

11 Levantar as entradas uma hora antes do espectáculo.

12 Música; Teatro; Circo; Dança; Marionetas.

13 Tocárufar; Charanga; Histórias para Assustar e Rir.

Personagem Família Compreensão

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Juvenal Literal

Durval Inferencial

Conceição

Reorganização

Francisca Crítica

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

AVALIAÇÃO 1 – Prova de Aferição de Língua Portuguesa de 2005

Pergunta Resposta

1 A escrita foi mudando.

2 2 - O alemão Johannes Gutenberg inventou a imprensa.

4 - Fez-se a primeira ligação entre dois computadores.

1 - Os chineses inventaram uma técnica para fazer papel.

3 - A primeira máquina de escrever foi posta a funcionar.

3 V/ V/ V/ F/ V/ F/ V.

4 Porque podem comunicar entre si; ou Porque mudaram a maneira como as pessoas

comunicam.

5 Exs.: A evolução da escrita; ou Para saber mais sobre a escrita: ou A escrita através dos

tempos.

6 Jornal; Revista; Manual Escolar; Enciclopédia.

7 Fósforo – Linha 7

Pássaro – Linha 9

8 Passa os sonhos para o papel.

9 Ideias luminosas para escrever.

10 A meu gosto.

11 Ex.: Concordo, porque quando escrevo até me esqueço que estou só; ou Não concordo,

porque escrever não é o mesmo que estar com amigos.

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Francisca Crítica

Conceição Reorganização

Conceição Reorganização

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Personagem Família Compreensão

AVALIAÇÃO 2 – Prova de Aferição de Língua Portuguesa de 2008

Durval Inferencial

Page 255: Ensino Da Compreensao Leitora

244

Pergunta Resposta

1 Linda / perfeita / florida / (feita de) madeira.

2 Ao senhor Joaquim.

3 Um brinquedo pequeno.

4 Ex.: A autora tinha receio de ser criticada pelo senhor Joaquim por já ser adulta e ter

um cãozinho de brinquedo.

5 Lhe tinha sido oferecido por amigos.

6 Rudes mas habilidosas.

7 Ex.: Não, porque a autora afirma que só conheceu o senhor Joaquim quando foi para o

Alentejo ensinar.

8 Ex.: A autora sente-se bem, porque tem amigos e os recorda com saudade.

9 O título do livro de onde o poema foi retirado é Segredos e Brinquedos.

Quem o escreveu foi Matilde Rosa Araújo.

10 V/ F/ F/ V/ V/ F/ V/ F/ V.

11 Os filhotes de trinta e seis animais e os seus nomes.

12 O anúncio da cadela Toa.

13 O trataram contra pulgas e carraças.

14 Porque essas características ajudam a convencer as pessoas.

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Personagem Família Compreensão

AVALIAÇÃO 3 – Prova de Aferição de Língua Portuguesa de 2006

Pergunta Resposta

1 Gostava de ter consigo a sua biblioteca.

2 O livro que desejava ler naquele momento.

3 A falta que os livros lhe iriam fazer.

4 Mais de trezentos e noventa e oito dias.

5 O pastor conduziu os camelos e alimentou-os com os livros.

6 O pastor salvou a vida aos camelos e os camelos adquiriram a capacidade de falar e

memorizaram as histórias dos livros.

7 3. Ao fim de quinze dias, numa região remota, sem comida, os camelos começaram a

comer os livros.

6. Para salvar o pastor, o camelo Aba explicou ao grão-vizir que os camelos tinham

aprendido de cor os livros e que podiam contar-lhe as histórias.

1. Um grão-vizir da Pérsia viajava sempre com os seus livros transportados em came-

los, mas, um dia, durante uma tempestade, a caravana perdeu-se no deserto.

5. Quando descobriu que os camelos tinham comido os livros, o grão-vizir mandou

prender o guardador de camelos.

2. Os camelos foram salvos pelo jovem pastor.

4. Passado mais de um ano, os camelos acabaram por comer todos os livros.

8 Qualquer resposta, desde que baseada em argumentos válidos.

9 V / F / V / F / F / V / F.

10 Animais das Regiões Desérticas. 12:30.

11 Porque os camelos são animais de regiões desérticas; nenhum dos outros programas se

relaciona explicitamente com camelos.

Juvenal Literal

Durval Inferencial

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Conceição Reorganização

Conceição Reorganização

Francisca Crítica

Juvenal Literal

Durval Inferencial

Durval Inferencial

AVALIAÇÃO 4 – Prova de Aferição de Língua Portuguesa de 2003 Personagem

Família Compreensão

Page 256: Ensino Da Compreensao Leitora

245

Pergunta Resposta

1 Ana, à noite, ao deitar.

2 A Ana pensou que tinha visto um anão; ou A Ana julgou ver uma criatura pequena

e negra como uma sombra.

3 Linhas 14 a 16.

4 Fingiu que era uma pedra que falava.

5 Gnomo, fada, ondina, duende.

6 Não, porque a mãe não acreditava em anões, que são criaturas fantásticas.

7 A Ana fez ao ouvir a voz.

8 Esta peça de teatro tem o título Enquanto a Cidade Dorme e foi escrita por Álvaro

Magalhães.

9 F/ F/ V/ V/ V/ F/ V/ V.

AVALIAÇÃO 5 – Prova de Aferição de Língua Portuguesa de 2007

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Pergunta Resposta

1 Minúsculo e irrequieto.

2 Dormir profundamente.

3 “- Mas que vem a ser isto?!”; ou “- resmungou na sua voz de trovão”; ou “- Mas

que vem a ser isto?! – resmungou na sua voz de trovão.”

4 Voz forte, estrondosa.

5 Cuidadosos com o rapaz.

6 Agradecido e admirado.

7 Ex.: A borboleta afastou uma nuvem negra que se ia rasgar em cima do gigante. O

pirilampo iluminou o caminho dos sonhos do gigante.

8 Percebeu que a amizade não depende do tamanho das pessoas.

9 F/ F/ V/ V/ F.

10 1. alimentação; 2. medicamentos; 3. vestuário; 4. energia; 5. materiais de construção.

11 Uma frase em que alerte para a importância de protegermos os outros seres vivos, com

base no texto.

12 12.1 Segundo sábado do mês.

12.2 Começa às 14h00.

12.3 22 78 78 120

Pergunta Resposta

1 Viu que o sol já se tinha ido embora.

2 “Mas, nesse dia, ou nessa tarde, ou nessa noite, a noite sentia-se muito preguiçosa.”

ou “Contrariada, deu uma volta e outra volta,desenroscou-se, enroscou-se e pensou lá

para consigo: «Estou farta!»” ou “Está resolvido. Hoje, ninguém me tira daqui!”

3 Ficar na cama.

4 Preguiçosa; Egoísta; Pouco responsável.

5 Queriam fazer o que faziam todas as noites.

6 F/ V/ F/ F/ V/ V/ F.

7 Leves.

AVALIAÇÃO 6 – Prova de Aferição de Língua Portuguesa de 2004

AVALIAÇÃO 7 – Prova de Aferição de Língua Portuguesa de 2005

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Conceição Reorganização

Conceição Reorganização

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Durval Inferencial

Personagem Família Compreensão

Personagem Família Compreensão

Personagem Família Compreensão

Page 257: Ensino Da Compreensao Leitora

246

8 2. A noite começou a rir.

3. A noite caiu da cama abaixo.

5. A noite tomou conta do mundo inteiro.

1. A noite sentiu cócegas nos pés.

4. A noite passou por estrelas e sóis.

9 Qualquer resposta plausível e coerente com o sentido do texto.

10 O que é: É uma enorme bola de gás quente.

Idade: 5000 milhões de anos.

Peso: 333 000 vezes mais que a Terra.

Temperatura à superfície: 5500 graus.

Origem: Nuvem de gás e de pó (que flutuava no espaço).

Como se move: Gira como a Terra, mas mais lentamente.

11 Levantar as entradas uma hora antes do espectáculo.

12 Música; Teatro; Circo; Dança; Marionetas.

13 Tocárufar; Charanga; Histórias para Assustar e Rir.

AVALIAÇÃO 7 – Prova de Aferição de Língua Portuguesa de 2005

Juvenal Literal

Conceição Reorganização

Francisca Crítica

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Juvenal Literal

Page 258: Ensino Da Compreensao Leitora

247

V - ANEXOS

Anexo 2 - Materiais de apoio ao programa

A Família Compreensão

Fam

ília

Com

pree

nsão

Page 259: Ensino Da Compreensao Leitora

248

Fam

ília

Com

pree

nsão

Ao

long

o do

pro

gram

a, p

ara

resp

onde

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.

Page 260: Ensino Da Compreensao Leitora

249

Vic

ente

Inte

lige

nte

Juve

nal

Lit

eral

Page 261: Ensino Da Compreensao Leitora

250

Vicente

Inteligente

Olá! E

u sou o Vicente Inteligente. C

hamam

-me inteligente

porque sei responder a tudo o que me perguntam

e, quando

não sei, nunca desisto. Digo a m

im m

esmo “se existe um

a per-

gunta tem de haver um

a resposta e vou encontrá-la!”.

Com

o consigo? Em

primeiro lugar não m

e precipito! Penso…

digo de mim

para mim

“Calm

a Vicente! L

ê com atenção o que

te estão a perguntar…” e questiono-m

e: “O que é que m

e faz

dizer que…?”, “N

este parágrafo o que significará…?”, “O

que

me leva a achar que o título foi bem

escolhido?”, “O que sei?”.

Não tenho a m

ania de que sou o melhor e não tenho vergonha

de pedir ajuda a todos os mem

bros da Família C

ompreensão.

Lem

bro-me das palavras da m

inha avó que me dizia: “A

união

faz a força”.

Fico vaidoso quando m

e chamam

“inteligente”, mas fico ainda

mais vaidoso quando dizem

que sou altruísta. AL

-TR

U-IS-

TA

… é um

a palavra com personalidade. Foi o G

ustavo Sig-

nificado que me com

eçou a chamar assim

porque ajudo todos

desinteressadamente e não guardo a sabedoria só para m

im.

Ajudo a pensar, lem

bro o que têm de fazer, faço perguntas

para ver se estão no caminho certo…

e às vezes digo ao ouvi-

do o que é preciso fazer…

JuvenalL

iteral

Olá! O

meu nom

e é Juvenal Literal. A

minha fam

ília diz que

eu sou do clube do “menor esforço”, o que não é verdade. E

u

acho que sou do “clube dos coleccionadores”. Leio os textos

com atenção e guardo a inform

ação que lá encontro: nomes

de personagens, incidentes, factos, datas, locais, característi-

cas das pessoas… Se eu não vejo logo a inform

ação, é porque

ela não deve estar lá muito visível! O

que está escondido não

me interessa. Isso são enigm

as para o Durval Inferencial. Por

isso, depois de ler, a primeira coisa a fazer é veres se achas que

a resposta ao que te é perguntado está visível no texto. Se esti-

ver… cham

a por mim

que eu entro logo ao serviço. São muito

injustos quando dizem que eu sou do clube do “m

enor esfor-

ço”, pois a maior parte das vezes sou o prim

eiro a trabalhar.

Às vezes até sou o único! P

resta atenção, pois as aparências,

por vezes, enganam.

Com

o disse, guardo as informações, m

as gosto muito de ser

original. Digo o que encontro se bem

que por palavras mi-

nhas, pois sou coleccionador e não papagaio. Confesso que fico

vaidoso quando respondo com palavras diferentes das do tex-

to! Peço muitas vezes ajuda ao G

ustavo Significado para des-

cobrir palavras diferentes, mas isso é um

segredo entre nós…

Page 262: Ensino Da Compreensao Leitora

251

Gus

tavo

Sign

ific

ado

Dur

val

Infe

renc

ial

Page 263: Ensino Da Compreensao Leitora

252

Gustavo

Significado

Olá! O

meu nom

e é Gustavo Significado e sou o m

ais jovem

da Família C

ompreensão! T

alvez por isso existem

muitas coisas que não conheço. Sou m

uito curioso e es-tou sem

pre a perguntar “porquê?”, “para quê?”, “o que é?”…

Eu não tenho culpa de ser curioso, de querer sa-

ber o significado de tudo e de perguntar para que é que as coisas servem

. Com

o estou sempre a fazer perguntas,

dizem-m

e que estou outra vez na “idade dos porquês”. Se calhar em

vez de Gustavo Significado deveria cha-

mar-m

e… A

ntenor Perguntador… N

ão! Acho que não.

Gustavo é um

nome bem

mais bonito.

Nasci perguntador. C

orro atrás de palavras que não co-nheço e não desisto à prim

eira. Gostava m

uito de ter um

a lupa, mas o m

eu tio Durval não a larga. N

ão tenho vergonha de fazer perguntas e detesto ficar com

dúvi-das. E

stou sempre a aprender coisas novas e a cada dia

que passa cresço em tam

anho e inteligência.

Durval

Inferencial

Olá! O

meu nom

e é Durval Inferencial. A

minha fam

í-lia cham

a-me detective, porque adoro enigm

as. O m

eu trabalho é m

uito minucioso, com

várias etapas que têm

de ser seguidas com rigor…

e sem pressas. P

rimeiro,

há que pensar muito bem

no problema que tenho de

desvendar. Só depois procuro as pistas que o texto me

pode dar. Com

o qualquer detective, preciso de ajudas. O

Gustavo Significado e a C

onceição Reorganização são

os meus “ajudantes de cam

po”. Junto pistas e ajudas, penso, estabeleço relações e conexões e outros ões e…

eureka!…

encontro as soluções. Parece fácil? Parece, m

as não é. Muitas vezes as pistas que estão no texto não

são suficientes e eu tenho de as juntar a outros conheci-m

entos anteriores. Outras vezes ainda preciso de recor-

rer a “especialistas” para encontrar a tal informação de

que necessito para resolver os mistérios. O

meu lem

a é: -“P

ensar e saber é o truque para tudo resolver!”

Page 264: Ensino Da Compreensao Leitora

253

Fran

cisc

a C

ríti

caC

once

ição

Reo

rgan

izaç

ão

Page 265: Ensino Da Compreensao Leitora

254

FranciscaC

rítica

Olá! O

meu nom

e é Francisca C

rítica. A m

inha família

chama-m

e “a questionadora” pois gosto de questionar tudo. N

ão consigo ler e ficar calada. Tenho sem

pre de perguntar “V

erdade ou mentira?”, “R

eal ou fantasia?”, “B

em ou m

al?” ,“Certo ou errado?”. E

não me contento

com respostas de “Sim

” ou “Não”. Q

uero sempre saber

os porquês. Por isso, acho que não me deviam

chamar

“questionadora” mas “juíza” já que quero provas para

tudo. O m

eu trabalho não é tarefa simples! N

ão se pode julgar à toa. É

uma grande responsabilidade! A

s pessoas consideram

-me m

uito inteligente, mas eu, que sou m

ui-to crítica, sei que sem

a ajuda dos outros mem

bros da fa-m

ília não conseguiria fazer bem o m

eu trabalho. Tenho

de perceber tudo muito bem

. Não hesito em

pedir ajuda ao Juvenal L

iteral, ao Gustavo Significado, ao D

urval Inferencial e à C

onceição Reorganização.

Conceição

Reorganização

Olá! O

meu nom

e é Conceição R

eorganização. Pelo meu

nome percebem

a razão da minha fam

ília me cham

ar a “eficiente?” Pois é…

sou muito prática e organizada.

Gosto de ter tudo arrum

ado para encontrar depressa o que quero. Q

uando as coisas estão desorganizadas, gosto de as classificar, reordenar…

Além

disso, gosto também

de fazer esquem

as para saber onde as coisas estão e o que m

e falta. O Juvenal é um

coleccionador. Eu deito

fora o que acho estar a mais. Por isso, resum

o e sintetizo tudo. F

ico só com o essencial, m

as tenho muito cuida-

do, pois, com este feitio, posso arriscar-m

e a deitar fora coisas im

portantes que depois me poderão fazer falta.

Um

dos meus passatem

pos favoritos é imaginar títulos

que, com poucas palavras, dêem

o máxim

o de informa-

ção. Com

o o Juvenal, eu também

sou criativa, mas só

às vezes... Nessas alturas dá-m

e para inventar títulos, cujo significado, para ser descoberto, precisa da ajuda do D

urval Inferencial.

Page 266: Ensino Da Compreensao Leitora

255

V - ANEXOS

Anexo 3 - Tabelas

Classificação e quantificação dos processos e das perguntas / tarefas

Classificação e quantificação das propostas de operacionalização

Page 267: Ensino Da Compreensao Leitora

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Anexo 3 Classificação e quantificação dos processos e das perguntas / tarefas

Page 268: Ensino Da Compreensao Leitora

257

Classificação e quantificação das propostas de operacionalização

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