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Ano XXXII | ed. 365 | Ago | 2015 CFM apresenta panorama das escolas médicas no país Página 4 Seminário ONA: Segurança do paciente é tendência global Páginas 10 e 11 Para Eduardo Perillo, o setor deveria funcionar como uma linha de produção industrial. Confira, em entrevista exclu- siva, o que ele pensa sobre este e outros temas Páginas centrais A LÓGICA DA SAÚDE PRECISA MUDAR Ilustração: ©Felipe Bit Colorização: ©Felipe Hergovic

A LÓGICA DA SAÚDE PRECISA MUDAR - sindhosp.com.br · Por outro lado, médicos pressionados pelo escasso tempo de ... como a criação de empregos toda semana por meio de ... abordou

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Ano XXXII | ed. 365 | Ago | 2015

CFM apresenta panorama das escolas médicas no país

Página 4

Seminário ONA: Segurança do paciente é tendência globalPáginas 10 e 11

Para Eduardo Perillo, o setor deveria funcionar como uma linha de produção industrial. Confira, em entrevista exclu-siva, o que ele pensa sobre este e outros temasPáginas centrais

A LÓGICA DA SAÚDEPRECISA MUDAR

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Editorial

| Jornal do SINDHOSP | Ago 20152

SINDHOSP - Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas e demais Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo • Diretoria

| Efetivos • Yussif Ali Mere Jr (presidente) • Luiz Fernando Ferrari Neto (1o vice-presidente) • George Schahin (2o vice-presidente) • José Carlos Barbério (1o tesoureiro) • Antonio Carlos de Carvalho (2o tesoureiro)

• Luiza Watanabe Dal Ben (1a secretária) • Ricardo Nascimento Teixeira Mendes (2o secretário) / Suplentes • Sergio Paes de Melo • Carlos Henrique Assef • Danilo Ther Vieira das Neves • Simão Raskin

• Irineu Francisco Debastiani • Conselho Fiscal | Efetivos • Roberto Nascimento Teixeira Mendes • Gilberto Ulson Pizarro • Marina do Nascimento Teixeira Mendes / Suplentes

• Maria Jandira Loconto • Paulo Roberto Rogich • Lucinda do Rosário Trigo • Delegados representantes | Efetivos • Yussif Ali Mere Jr • Luiz Fernando Ferrari Neto | Suplentes • José Carlos Barbério

• Antonio Carlos de Carvalho • Escritórios regionais • BAURU (14) 3223-4747, [email protected] | CAMPINAS (19) 3233-2655, [email protected]

RIBEIRÃO PRETO (16) 3610-6529, [email protected] | SANTO ANDRÉ (11) 4427-7047, [email protected] | SANTOS (13) 3233-3218, [email protected]

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO (17) 3232-3030, [email protected] | SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (12) 3922-5777, [email protected] | SOROCABA (15) 3211-6660, [email protected]

JORNAL DO SINDHOSP | Editora – Ana Paula Barbulho (MTB 22170) | Editora interina: Aline Moura (MTB 42946) | Reportagens – Aline Moura • Fabiane de Sá • Rebeca Salgado

Produção gráfica – Ergon Art (11) 2676-3211 | Periodicidade Mensal | Tiragem 15.300 exemplares | Circulação entre diretores e administradores hospitalares, estabelecimentos de saúde, órgãos de imprensa

e autoridades. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal | Correspondência para Assessoria de Imprensa SINDHOSP R. 24 de Maio, 208, 9o andar, São Paulo, SP, CEP 01041-000

Fone (11) 3224-7171, ramais 255 e 214 • www.sindhosp.com.br • e-mail: [email protected]

Muito se fala em inovação na saúde, há muitos anos. No entanto, estamos sempre dando a volta em torno dos mesmos assuntos, como se o tempo e as mudanças não impactassem a assistência. Os problemas são os de sempre, as soluções são paliativas, e permanecemos no estado de sítio permanente.

A inovação a que me refiro não tem nada a ver com tecnologia. É muito comum as pessoas ouvirem a palavra inovação e remeterem aos desafios tecnológicos, aos dispositivos médicos, à robótica. Mas esses são apenas instru-mentos que podem nos auxiliar na transformação que tanto precisamos.

Tenho disseminado, por onde ando e falo, a ideia de que a saúde suplementar, embora conte com muito mais financiamento do que o SUS, não possui um modelo eficaz. Enquanto que o SUS, embora padeça de dinheiro, tem um modelo que estabelece portas de entrada e hierarquia de atendimento. Se houvesse fôlego financeiro para o sistema público – e menos corrupção – ele poderia ser, sim, um dos melhores do mundo.

Levanto em conta este raciocínio, acredito que a genuína inovação da saúde suplementar está em se reinventar. Isto implica em mudar completamente o modelo existente. Um cidadão que tenha plano de saúde, hoje, age con-forme a sua própria vontade. Sente um mal-estar estomacal e procura logo um pronto-socorro. Há mulheres que procuram unidades emergenciais para tratar de cólicas menstruais, mas não vão ao ginecologista periodicamente para fazer exames preventivos. Dores de cabeça são motivo para consultas com neurologistas e pedidos de exames caríssimos, como ressonância magnética. Por outro lado, médicos pressionados pelo escasso tempo de consulta – além de vitimados pela má formação profissional – pedem toda a sorte de exames após uma primeira consulta de dez minutos a fim de se precaverem de erros no diagnóstico. A verdade é que a maioria deles não faz a menor ideia da hipótese diagnóstica, e atira no escuro pra ver se acerta no alvo.

Mudar a lógica deste sistema ineficaz e perdulário é a saída para nos-sa sobrevivência, e para que possamos prestar serviços de qualidade. Daí a necessidade de inovar. De olharmos para o lado. De sairmos da caixa e observarmos o que é diferente, e o que funciona em outras esferas da eco-nomia, por exemplo. Mais do que qualquer outro setor, nós precisamos ter cuidado redobrado com o que gastamos e como gastamos os recursos disponíveis. Lidamos com vida. E vidas não têm preço. Mas a conta chega sempre, e ela precisa ser paga.

presidente

Yussif Ali Mere Jr

PRECISAMOS INOVAR, DE FATO

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INVESTE SP DEBATE INOVAÇÕES NA SAÚDEDepois de lançar o programa Investe SP Saúde, a Investe São Paulo realizou, em 12 de

agosto, na sede da Agência, o primeiro seminário “Propostas do Estado de São Paulo para Ino-var a Saúde no Brasil”. Mais de 400 pessoas, entre autoridades governamentais, empresários, especialistas e representantes diplomáticos participaram do evento discutin-do soluções e propostas para o setor.

Realizado em parceria com as secretarias de Estado da Saúde e de Gover-no e com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o fórum contou com cinco painéis de temáticas distintas.

O presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr, e o vi-ce-presidente do sindicato e diretor da federação, Luiz Fernando Ferrari Neto, estiveram presentes. O governador Geraldo Alckmin e o secretário estadual da Saúde, David Uip, não puderam comparecer ao seminário, mas enviaram representantes.

“Faz parte de nossa função fomentar o desenvolvimento do Estado, principalmente em áreas complexas como a da saúde. Nossa infraestrutura e a qualidade das nossas universidades abrem um potencial enorme para ser explorado nos próximos anos em diversos aspectos”, afirmou o presidente da Investe SP, Juan Quirós. “So-mente este ano já atraímos oito empresas do setor de saúde, que representam um aporte de R$ 1,5 bilhão”, arrematou.

“O seminário criou um espaço único onde podemos juntar diversos atores diferentes de um setor que gera não só emprego e renda, mas também inovação e qualidade de vida. Tenho certeza de que será um sucesso”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação e vice-governador Márcio França, em seguida. Ele ressaltou também os bons resultados do Estado, como a criação de empregos toda semana por meio de empresas que são registradas na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), que superou, este ano, o número de abertura de empresas do ano passado.

Para o coordenador titular da BioBrasil –Comitê da Bioindústria da Fiesp, Ruy Baumer, a saúde é um dos setores mais inovadores do mercado global e que cria empregos qualificados.

“Nosso objetivo é fazer do Estado de São Paulo o maior centro de inovação da Amé-rica do Sul com investimen-tos de todos os portes e pre-dominância das pequenas e médias empresas. Parabenizo pela iniciativa e por tratarem bem nosso setor, que saberá responder à altura com mais empregos, inovação e bom atendimento aos pacientes privados e do SUS”.

O evento foi composto por cinco painéis. O primeiro, com o tema “As novas oportunidades na área da saúde – cadeia de fornecedores para o Estado”, abordou ideias e soluções possíveis para otimizar e incre-mentar o complexo industrial que atende os hospitais públicos. O painel foi moderado por Geraldo Reple Sobrinho, coordenador de Serviços da Secretaria de Estado da Saúde, e teve apresentações feitas por Adhemar Dizioli, diretor técnico da mesma pasta da Secretaria de

Saúde, Ricardo Banana, diretor de Operações do Centro Saneamento e Serviços Avançados e Juliana Donha, ges-tora de Negócios da empresa Atmosfera.

De acordo com Sobrinho, a bu-rocracia tem sido um dos grandes desafios dos prestadores de serviços na saúde. “Somos cobrados para fazer mais com menos recursos, por isso a importância da inovação. A quantida-de de papel a ser preenchida e todos os trâmites enfrentados hoje na saúde não são fáceis”.

Já o segundo painel, “Os desafios para transformar o Estado de São Pau-lo em um polo inovador em saúde, o

Vale do Silício da Inovação em saúde e as ações de em-preendedorismo (startups) como solução para o setor”, foi moderado por Ruy Baumer. O quadro foi composto por Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da Abimo, Eduardo Giacomazzi, coordenador adjunto do BioBrasil – Comitê da Bioindústria da Fiesp, e Sylvio Gomide, dire-tor do Comitê Acelera Fiesp (CAF).

No terceiro painel, o diretor Científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique de Brito Cruz, e o diretor Financeiro e de Negó-cios da Desenvolve SP, Álvaro Sedlacek, explicaram como funcionam e de que forma as empresas podem ter acesso às linhas de financiamento que o Estado de São Paulo ofe-rece para inovação e projetos relacionados à saúde.

Também expositivo, o quarto painel trouxe duas experiências internacionais sobre gestão da saúde pú-blica. Michel Korstee, consultor para inovação e saúde do Consulado Geral da Holanda em São Paulo, falou sobre projetos e iniciativas de sucesso nos Países Baixos. E para falar sobre o sistema público de saúde em Israel palestrou o cônsul econômico do Consulado daquele país no Rio de Janeiro, Daniel Kolbar.

O evento foi finalizado pelo painel que discutiu os modelos de parcerias público-privadas disponíveis no Estado de São Paulo para projetos relacionados à ges-tão da saúde pública. Novamente moderado por Ruy Baumer, contou com a participação de Marcelo Allain, coordenador de Parcerias do Governo do Estado de São Paulo, Rita Ragazzi, gerente de Pesquisa em Saúde para a América Latina da Frost & Sullivan, e Eliane Kiha-ra, sócia-líder de Pharma & Life Sciences e sócia-líder de consultoria em Saúde da PWC.

Geraldo Reple Sobrinho, da Secretaria Estadual de Saúde

Juan Quirós, presidente da Investe SP, comanda evento

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CFM APRESENTA PANORAMA DAS ESCOLAS MÉDICAS NO PAÍS

Do início de 2003 a 2015, a quantidade de cursos particulares de Medicina no Brasil mais do que dobrou em relação ao ritmo de abertura de estabelecimentos públicos. O número de escolas privadas passou de 64 para 154, enquanto no mesmo período as unidades de gestão estatal subiram de 62 para 103. Os dados integram o levantamento Ra-diografia das Escolas Médicas do Brasil, organizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Para elaborar o levantamento, o CFM levou em consideração os núme-ros mais recentes (disponíveis de maio a julho de 2015) das seguintes bases: Ca-dastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), Sala de Apoio à Ges-tão Estratégica (Sage) do Ministério da Saúde, Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também foram analisadas como fontes: Diário Oficial da União, documentos do Ministério da Educação (MEC) e sites especializados, como o Escolas Médicas do Brasil.

Em números totais, o volume de escolas médicas no Brasil também mais que dobrou. O volume saltou de 126 cursos (públicos e privados, grupo no qual estão inseri-das instituições classificadas como municipais, mas que cobram mensalidades de seus alunos) para os atuais 257, que respondem pelo preparo de 23 mil novos médicos to-dos os anos. No entanto, esta realidade pode mudar nos próximos meses, pois 36 municípios já foram autorizados a receber novos cursos de medicina após um processo de seleção coordenado pelo Governo. Se todos passarem efe-tivamente a funcionar, o país contará com 293 escolas até o fim de 2016. Além desses, existe outro edital em aberto com chamamento para outros 22 municípios, o que pode elevar o número de escolas médicas para 315.

Do total de 257 cursos em atividade no país, 69% estão nas regiões Sudeste e Nordeste. As escolas es-tão distribuídas em 157 cidades brasileiras, sendo que a

maioria (55%) dos cursos tem sede em apenas 45 municípios. Os estados de São Paulo e Minas Gerais concentram um terço das instituições. Entre as particulares, as mensalidades chegam a R$ 11.706,15, com uma média de R$ 5.406,91.

São 44 escolas distribuídas em São Paulo, sendo que dez destas estão na capital paulista. São oferecidas 4.380 vagas no estado – 3.600 privadas e com mensalidades que cobram, em

média, R$ 5.833,66 de cada aluno. Já em Minas Gerais existem 39 escolas, com 3.437 vagas de primeiro ano. Do total, 26 escolas são particulares, ao custo, médio, de R$ 5.352,02 por mês.

O Rio de Janeiro segue em terceiro lugar no ranking dos estados com maior número de escolas: são 19 unidades e 2.260 vagas (valor médio das mensalidades fica em R$ 5.699,99). Em seguida, aparecem os seguintes es-tados: Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul, com 15 escolas cada um. Nestes locais, os valores das mensalidades vão de R$ 3.185,00 a R$ 6.649,00. Nas últimas posições estão Amapá e Roraima, com apenas uma escola cada um, sendo as duas públicas.

O crescimento das escolas se acentuou muito nos anos da gestão da presidente Dilma Rousseff, considerando o início de 2011 até julho de 2015,

conforme mostra o levantamento do CFM. Em menos de cinco anos, houve 79 autorizações para aberturas de escolas – uma soma de 6.190 novas vagas.

No entanto, o pacote aprovado pela presidente Dilma não significou uma melhor dis-tribuição geográfica das escolas pelo país. Do total autorizado, metade se concentra nas regiões Sul e Sudeste. Das 10 abertas este ano (2015), 50% também estão distribuídas entre Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Também não se percebe uma política que estimule a criação de estabelecimentos públicos, pois sete dos cursos cobram mensalidades de até R$ 7.605,00.

Para o CFM, a maioria desses novos projetos não atende às necessidades atuais, às dire-trizes curriculares e aos pressupostos mínimos para a formação dos médi-cos. “Infelizmente, o que temos visto são faculdades desqualificadas, com corpo docente despreparado, algumas não possuem nem hospital-escola. Isso resultará em médicos mal formados, o que compromete a qualidade do atendimento”, denuncia o presidente do CFM, Carlos Vital Tavares Cor-rêa Lima.

Para o presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, Yussif Ali Mere Jr, da boa formação do médico depende muito a sustentabilidade do sistema de saúde. “Um bom médico faz uma anamnese eficaz e pede menos exames, comete menos erros e gera melhores resultados, combatendo o desperdí-cio. Precisamos de bons médicos, e não de mais médicos”.

Outros especialistas em educação médica destacam a necessidade de se priorizar a qualidade na formação dos alunos, uma vez que as vagas atuais

já garantem uma expansão de médicos que ultrapassa padrões europeus. “Não há mais ne-cessidade de nenhum curso de medicina novo no Brasil. Já houve uma expansão tão grande no número de cursos, que a falta de médicos vai ser resolvida com as escolas que já existem. O que o Brasil precisa é de médicos com formação de qualidade”, defende o professor titular de Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Milton de Arruda Martins.

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CURSOS PARTICULARES MAIS DO QUE DOBRARAM NOS ÚLTIMOS ANOS

Precisamos de bons médicos, e não de mais médicos, diz Yussif

Muitas faculdades são desqualificadas, segundo Vital

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ENTIDADES REPUDIAM UNIFICAÇÃO DO PIS/COFINS

Representantes de diversas entidades se reuniram na Associação Comercial de São Paulo (ACSP) em seminário para discutir a proposta do Governo Federal de alterar a sistemática de cálculo do Programa de Integração Social (PIS) e da Contri-buição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). No entendimento ge-ral dos presentes, a medida elevará ainda mais a já pesada carga tributária brasileira.

Ao todo, mais de 20 entidades, entre elas o SINDHOSP e a FEHOESP, as-sinaram documento de repúdio à proposta – que será encaminhado aos pre-sidentes da Câmara e do Senado com cópia para todos os parlamentares. De acordo com Roberto Mateus Ordine, vice-presidente da ACSP, o objetivo do encontro foi unir esforços entre os diversos setores da economia e órgãos re-presentativos de classes.

Segundo o vice-presidente do SINDHOSP e diretor da FEHOESP, Luiz Fer-nando Ferrari Neto, o setor de saúde é um dos mais tributados do país, embora preste um serviço essencial à sociedade. “Somos um setor altamente regulado, altamente fiscalizado e que possui uma das mais altas cargas tributárias, em torno de 36% de acordo com levantamento feito em 2010. De lá para cá esse índice só cresceu. Não temos como suportar mais aumentos”, enfatizou, durante sua participação no evento.

Ficou a cargo do tributarista Gilberto Luiz do Amaral, presidente do Instituto Brasileiro de Pla-nejamento e Tributação (IBPT), apresentar os dados da palestra “PIS/Cofins para serviços – simpli-ficação ou aumento?”. Para ele, o governo peca ao pensar em aumentar a arrecadação. “Vemos governos atrás de governos utilizando subterfúgios e apresentando propostas de que essas me-didas vêm para simplificar”, criticou. “Apenas nesse ano, houve mais de dez aumentos de tributo.”

Segundo Amaral, a proposta do governo vai impactar substancialmente a carga tributária das empresas de serviços, o que, por sua vez, criará um efeito dominó nos outros setores da economia. Uma empresa de serviços que hoje paga 3,65% passaria a pagar 9,25%. “Não tem almoço de graça”, disse o tributarista. Segundo cálculos do IBPT, a medida pode gerar um aumento de até 3% no preço final dos produtos ao consumidor.

“Essa proposta de unificação (do PIS e da Cofins) tem endereço certo: 1,5 milhão de empresas do lucro presumido. É, no mínimo, não pensar com seriedade nos destinos desse país”, afirmou Amaral, que resume: “Se a proposta for posta em prática, haverá um aumento de um ponto per-centual na carga tributária. O que hoje é 36% vai para 37%”.

Segundo o Planalto, o projeto que altera a cobrança do PIS e da COFINS traria benefícios ao contribuinte. Basicamente, a ideia é criar um sistema de imposto sobre imposto, como o ICMS. Na visão do governo, isso aumentaria, por exemplo, a competitividade dos produtos nacionais em relação aos importados. “Isso é tão estapafúrdio. É tão mentiroso o que o governo está escrevendo, que ele aumentou Confins-Importação sem dar o direito a crédito para compensar a desoneração da folha”, disse Amaral, fazendo questão de reforçar que a medida não resulta em facilitação.

Em nota divulgada em 25 de agosto, a Receita Federal se pronunciou sobre o assunto. O órgão informou que a fusão do PIS/Cofins não resultará em alta de tributos. No texto, a Receita criti-cou estimativas que apontam aumento expressivo da carga tributária provocado pela unificação. “Tais afirmações estão completamente equivocadas, até porque a proposta de reformulação do PIS/Cofins sequer foi concluída, sequer foi definida a alíquota e base do novo tributo.” Segundo a Receita, a proposta está sendo elaborada com o objetivo de simplificar o sistema tributário e resultar na manutenção da arrecadação desses tributos nos níveis atuais. De acordo com o órgão, a formulação leva em conta quatro princípios debatidos com vários setores econômicos, entidades representativas e parlamentares: simplificação, neutralidade econômica, ajustamento de regimes

diferenciados (reduzir ou eliminar incen-tivos a determinados setores) e isonomia no tratamento a pequenas empresas.

As entidades que participam, junta-mente com a ACSP, desta mobilização con-tra a alteração da sistemática de cálculo da PIS e da COFINS são: Facesp; AESCON-SP (Associação das Empresas de Serviços Con-tábeis); SESCON-SP (Sindicato das Empre-sas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de SP); Fecomercio-SP

(Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Esta-do de SP), OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil - Seção de São Paulo); FESESP (Federação de Serviços do Estado de SP); IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação); AMB (Associação Médica Brasileira); SINDHOSP (Sindicato dos Hospitais do Estado de SP); FEHOESP (Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de SP); Fórum Permanente em Defesa do Empreendedor; SINSTAL (Sindica-to Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços e Instalado-ras de Sistemas de Redes de TV por Assinatura); SECOVI-SP (Sindicato da Habitação do Estado de SP); Febratel (Federação Brasileira de Telecomunicações); SINDEPRESTEM (Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão de Obra e de Trabalho Temporário no Estado de São Paulo); FENASERHTT (Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de Recursos Humanos, Trabalho Temporário e Terceirizado); Fenavist (Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores); SESVE SP (Sindicato das Empresas de Segurança Privada, Segurança Ele-trônica e Cursos de Formação do Estado de São Paulo).

Para Ferrari, saúde não suportaria aumento de impostos

Setor de serviços se reuniu na sede da Associação Comercial

6 | Jornal do SINDHOSP | Ago 2015

Entrevista

O grande desafio da saúde suplementar

é manter a porta aberta atualmente,

é não quebrar

No coração cidade, em plena Avenida Paulista, a reportagem do Jornal do

SINDHOSP foi ao encontro de Eduardo Bueno da Fonseca Perillo, doutor em His-tória Econômica pela USP, mestre em Administração pela PUC/SP, médico pela FMUSP e Coordenador Adjunto do BioBrasil – Comitê da Bioindústria da FIESP. A conversa abordou um pouco de tudo: de velhice à corrupção, passando por planos de saúde, pagamento por performance e até pelo modelo Habib́s de se gerenciar um negócio. Eduardo Perillo é mesmo assim: traduz com facilidade a difícil linguagem da administração para que todos entendam. É jocoso, faz piadas, mas não brinca em serviço. E não sorri nem um pouco quando o assunto é a situa-ção econômica do país. Para ele, o governo se esforçou e conseguiu acabar com a indústria brasileira, que agora vive um momento muito delicado, de crise severa. Em sua visão, precisaremos de pelo menos cinco anos para voltar ao estágio que estávamos há três anos, com o real valorizado, o emprego em alta e a inflação controlada. Para que o setor de saúde não arrefeça na crise – nem depois –, Perillo vê apenas um remédio: é preciso colocar a assistência à saúde numa linha de produção. Tal qual numa indústria: estabelecendo processos, com menor custo, preço justo e qualidade. É o que ele chama de administração baseada em evi-dências. Confira os principais trechos da conversa, realizada em meados de agosto, na sede da FIESP.

Jornal do SINDHOSP: A questão do financiamento da Saúde no Brasil é um problema que bate à porta

não somente do SUS. No âmbito privado também enfrentamos problemas, já que a capacidade da população

em financiar o sistema não acompanha a alta demanda por serviços médicos. Qual o grande desafio da saúde

suplementar na questão do financiamento?

Eduardo Perillo: O grande desafio basicamente é o seguin-te: tem uma série de autores que escrevem a respeito e que di-zem que plano de saúde é uma pirâmide. Um dia vai quebrar, ou seja, precisa entrar muita gente com dinheiro, com financiamento na base para que os de cima possam receber. Chega um momen-to que não entra mais gente na base e aí a corrente quebra, que é outro nome que se dá a este esquema. Porque precisa ter uma entrada constante de pessoas que não gastam pra que as pessoas que consomem possam ser atendidas. O negócio quebra quando para de entrar gente na base. Teve um momento muito forte de consolidação de empresas, de medicina de grupo, nos últimos anos. Por quê? Para aumentar a base. Ou seja, essas consolidações foram feitas pra aumentar o número de beneficiários para que a base da pirâmide se mantivesse. Paralelamente a isso, foram introduzidos alguns sistemas de ge-renciamento, ainda muito primitivos, mas numa tentativa de limitar o gasto. Porque antigamente a limitação do gasto, antes da Lei dos Planos de Saúde, era criar condições de exclusão, de jogar pra frente no tempo o desembolso, o gasto. Com a lei eles tiveram que arrumar outro sistema.

Jornal do SINDHOSP: Mas nos últimos anos a saúde suplementar registrou aumento de usuários...

Perillo: Nós tivemos aumento no número de usuários e um baita aumento da população também. Tem mais gente no Brasil, então é relativamente proporcional. Na copa de 70 nós éra-

A LÓGICA DA SAÚDE PRECISA MUDAR

mos 90 milhões. Hoje nós somos 210. A população cresce e tem mais gente elegível. Também teve uma imensa dimi-nuição dos planos individuais, que foram trocados pelo ingresso patrocinado pelo empresário, pela empresa, pelo emprego. No momento em que a indústria, que é um dos grandes empregadores, entra em recessão, vai acontecer um esgotamen-to daquele pedaço da população que é elegível pra ter plano de saúde, que são o sujeito que tem emprego ou aquele que

tem alguma renda capaz de pagar o plano individual - se en-contrar algum, porque é cada vez mais difícil de achar.

O grande desafio da saúde suplementar é manter a porta aberta atualmente, é não quebrar, porque nós vamos ter esse momento da curva. Depende do tempo que essa recessão se mantiver. Se nós tivermos uma recessão de cinco anos, com certeza vai haver quebradeira. Inclusive do inter-mediário, aquele que compra planos em grande quantidade para vender no varejo. Tudo depende de como a economia

vai se comportar. Não foi por caso que grandes operadoras de planos de saúde saíram das mãos dos fundadores e passaram para as mãos de alguém que quisesse comprar. Os caras que venderam são muito espertos. Sabiam que o modelo de financia-mento do plano de saúde depende basicamente de entrar mais gente com

saúde. E tem as autogestões, que são diferentes. Elas são um grupo geralmente fechado.

Jornal do SINDHOSP: Mas as autogestões têm um alto índice

de idosos. Qual a fórmula mágica então?

Perillo: É cobrar mais caro. É gastar mais, não tem outro jeito, a fórmula mágica é que vai ficar mais caro. Por outro lado, vai ficar mais caro até quando? Sabe por que eu não

Eduardo Perillo, médico, historiador e administrador

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Entrevista

Ago 2015 | Jornal do SINDHOSP |

Saúde nunca teve um modelo

industrial no Brasil, com padrões e procedimentos

me preocupo muito com o envelhecimento da população? Porque o número de idosos vai crescendo, a população vai envelhecendo, envelhecendo, e qual o limite, o que acon-tece? Morre todo mundo. As pessoas têm um limite de envelhecimento. É verdade que o gasto cresce? É, mas tem um limite. Tem um período de transição, mas depois morre todo mundo, e morre rá-pido. Isso não é infinito, e ninguém fala isso. Portan-to, o envelhecimento é um problema hoje, mas que vai se resolver, porque vai chegar um momento que a taxa de mortalidade vai crescer e portanto aquela pirâmide populacional vai mudar de formato outra vez. É verdade que até 2050 a coisa vai ficar brava, quando teremos uma popula-ção jovem menor sustentando uma população idosa maior. Depois de 2050, talvez a coisa melhore.

Jornal do SINDHOSP: E como ficam os hospitais neste período?

Perillo: Vai ter uma tentativa do calote, ou do crédi-to, de empurrar essas despesas para o prestador, ou seja, mesmo que o prestador não seja banco, ele vai ter que dar prazo, mesmo que este prazo não tenha a devida correção monetária. Se o hospital depender fortemente do SUS ou de convênio – e hoje a maioria dos hospitais depende – ele vai sofrer restrições orçamentárias importantes.

Jornal do SINDHOSP: O setor suplementar fala muito em

mudar a lógica do seu modelo assistencial. Há muito desperdício

por conta da má gestão, em todos os sentidos.

Perillo: Não é só desperdício, na verdade o bu-raco é muito mais embaixo. Saúde nunca teve um modelo industrial no Brasil, com padrões e procedi-mentos. Numa indústria, não tem dez jeitos de fa-zer uma coisa, tem um processo que foi estudado, identificado como o melhor naquele momento. Se houver uma evidência que comprove que há um processo melhor, mais barato e mais eficiente, muda-se aquele processo, esquece-se aquele velho, que nunca mais é usado. Na saúde não tem isso. Vem um processo novo, que se junta àqueles vinte que já existem, e eles vão se somando. A despesa fica des-se tamanho! As tecnologias novas não su-cateiam as velhas, e isto é um fator de encare-cimento. Na indústria, quando a tecnologia nova chega, a velha vai para o lixo. Quando chegou a tela de LED, o tubo de imagem foi para o lixo, ninguém mais fabricou. Na

saúde ninguém sucateia. Trata-se de um fator de desindustrialização. Não tem um padrão industrial de produção dos serviços, é um desprocesso, não tem processo produtivo afinado.

Jornal do SINDHOSP: As evidências científicas não podem ser consideradas como processo?

Perillo: Não, estou falando de processo mesmo. No trabalho de consultoria, vê-se algumas coisas muito engraçadas, parecem anedota. Por exemplo, fizemos um projeto de viabilidade eco-

nômica pra um hospital novo aqui dentro de São Paulo. Me de-ram as plantas que já haviam sido encomendados por uma em-presa, tudo bonito. E nós usamos engenheiro de produção pra fazer o projeto. Quando vimos as plantas e os processos - porque eles já tinham identificado os processos - descobrimos que as pessoas iam ficar se trombando, se batendo, os fluxos não davam conta, porque o paciente faria um procedimento aqui e depois teria que atravessar o prédio todo para dar continuidade. Não tinha sequência. Na indústria tem um fluxo, isso é que é um pro-cesso, e os processos vão sendo feitos com proximidade e lógica. E nenhum hospital tem isso. Mesmo nos mais modernos, você bota o paciente no elevador pra fazer exame no outro prédio. O

processo é ruim, não é só a parte técnica. A parte técnica, a que você se referiu da evidência científi-ca, seria o óbvio elementar – mas nem isso a gente tem. Agora, o processo de organização, de lógica de trabalho... a começar pelos horários de trabalho. Por que na saúde têm esses horários malucos de 12 X 36? Em tudo quanto é lugar tem três turnos de oito horas de trabalho. Uma indústria que funciona 24 horas tem três turnos: manhã, tarde e noite. Na saúde é uma bagunça.

Jornal do SINDHOSP: Mas é que a lei trabalhista prevê o descanso...

Perillo: Mas a lei trabalhista é a mesma para a fábrica. E o enfermeiro não descansa, ele vai pra outro trabalho. Eles têm três, quatro empregos. É uma mentira isso. Se ele trabalhasse oito horas, ele descansaria. Nós já estudamos isso. Esse turno 12 X 36 começou por causa da conveniência do mé-dico. Temos que botar uma produção industrial nesse negócio. Isso faz o serviço ser descontínuo. E se a lei está errada, troca a lei. Na boutique, na relação do consumidor com o artista, o artista cobra o quanto ele quiser. Mas nós estamos falando de uma produção industrial com dois financia-dores fundamentais: o SUS e a medicina privada. Não pode ter artista, porque fica muito

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Entrevista

caro. Você tem que fazer o melhor possível pelo menor custo. Algumas coisas tem que verticalizar. Vamos pegar como exemplo o modelo Habib´s: não é a mesma coisa que comer no Arábia ou no Almanara, mas é limpo, não te deixa doente, é muito razoável e muito barato. O Saraiva, que é médico e dono do Habib´s, entendeu que esse é o único jeito de fazer o processo andar. Acho que ele é um modelo muito interessante: corta custo, não tem luxo, mas é decente. É um formato de negócio. A mesma coisa no Doutor Consulta, do Thomas Srougi. Ele quer fazer um serviço de boa qualidade, mas que tenha pro-cesso. Ele vem da Ambev, não entende de medicina, e não inter-fere no ato médico, mas interfere na maneira como o processo se dá, racionalizando. Ele não diz para o médico como é que se deve tratar, porque ele não é médico, e sim administrador. Mas ele usa a administração baseada em evidências.

Jornal do SINDHOSP: Fala-se em um novo desenho, em que o pa-

gamento por performance seria o ideal. Mas numa atividade como a saúde,

em que os desfechos clínicos podem ser surpreendentes, acredita que a per-

formance pode ser a medida?

Perillo: Escrevi um artigo sobre isso. Foram várias as situações em que o pagamento por desempenho foi utilizado para inflar os resultados e produzir o resultado que se pagava por ele, resultando em um desastre. Resumidamente, o pagamento por performan-ce produz resultados muito rápidos, e não se mantém por muito tempo. Sem contar que é preciso aumentar progressivamente o incentivo para produzir um resulta-do progressivamente menor. Ao dar um incentivo, a resposta é muita rápida. Mas, depois de um cer-to tempo, o incentivo vira salário. E se o gestor tira, é punição. A psicologia precisa ser entendida nesse processo. Teve gente que estudou isso à exaustão, e existem evidências que mostram como é que isso se desenrola no tempo. É isso que eu estou chamando de administração baseada em evidências. O sistema de saúde inglês lançou, em 2004, um programa de incentivo. Os médicos rapidamente perceberam o jeito de chegar nos resultados, e fizeram os resultados para ganhar o bônus. Melhorou para os pacientes? Não melhorou nada. Eles cortaram o programa.

Jornal do SINDHOSP: Após um ano de Copa do Mundo e eleições, 2015 começou turbulento e já se espe-

rava um momento de recessão. Qual a sua perspectiva econômica, de maneira global, para o país sair desta crise?

Perillo: Nós perdemos mais de 100 mil vagas na indústria, somente no Estado de São Paulo. É uma montanha de gente desempregada. E eram empregos de qualidade. Claro que algumas pessoas conseguem se recolocar, mas é uma parcela pequena, porque está havendo uma pesada desindustrialização no país. Temos dados de mês a mês em relação ao que foi sendo perdido, e

por setor industrial. Onde estamos perdendo mais é na metal-me-cânica, indústria automobilística, elétrica. A construção civil também está sofrendo desaquecimento pesado. As emprei-teiras não estão construindo, estão com estoque elevado e

com devoluções em crescimento. São Paulo é a locomotiva da indústria, e quando a indústria para, para o comércio, porque as pessoas

deixam de comprar. É só passar pelos bairros e ver a quantidade de pequenos negócios fechados. Não tem emprego.

É cíclico. Vamos ter um 2015 muito ruim e um 2016 provavelmente pior. Existem seto-res da economia trabalhando com margem

de 1%, 2%. E se esses setores perderem a de-soneração, eles simplesmente vão pagar pra

trabalhar, portanto vão fechar as portas. E isso não é um chororô.

Jornal do SINDHOSP: E na saúde? Uma das reivindicações do

setor da saúde era a desoneração da folha de pagamento. No entanto,

ela não veio. Pior: o governo voltou atrás na decisão de desonerar diversos

segmentos. Como superar este gargalo? Acredita que a aprovação da lei

da terceirização ajudará os empresários, sem prejuízo ao trabalhador?

Perillo: A saúde ainda não está em crise, é um setor que demora mais tempo para desaquecer, até porque há um aumen-to do consumo. Aquelas pessoas que perderem o emprego ou que correm o risco de perder vão ao mé-dico pra fazer tudo aquilo que elas deixaram de fazer, porque ficam preocupa-das em ficar sem plano de saúde. Há um estímulo ao consumo, que é tudo que os planos não querem, mas para os hospitais é bom.

Mas este cenário pode não se manter, porque haverá um decréscimo quando acabar esse estoque de gente desem-pregada. Sem contar que os hospitais podem não aguentar financiar os planos de saúde, em termos de preços e prazos.

A terceirização, ou a falta de regulamentação da ter-ceirização, é uma ameaça pesada para o setor de saúde. Os laboratórios, por exemplo, têm sofrido pressão dos tribunais para contratar os médicos que emitem laudos. Se isso acon-tecer, vai ser uma quebradeira.

No esquema de produção já existe uma coisa que é o condomínio industrial, e uma coisa que é o consórcio produ-tivo. Num condomínio industrial existem, dentro do mesmo território, várias empresas que vão produzir coisas para uma linha de montagem. Na linha de produção da Mercedez, em Juiz de Fora, por exemplo, ela monta o carro. A empresa que monta o painel de instrumentos tem uma fábrica dentro do mesmo terreno, mas não é a Mercedez, é uma outra empre-sa. É isso que a gente quer na terceirização. Esse é o modelo que a gente está defendendo. Os partidos contrários ao projeto fazem uma propaganda dizendo que o trabalhador vai perder direitos. Pelo contrário, ele vai ganhar. Na saúde, também será assim. Por exemplo, vender o exame e o laudo dentro do processo produtivo. Quando a saúde estiver mais madura, quando processo produtivo na saúde estiver mais avançado, vai ficar mais fácil. Sem falar que o processo pro-dutivo é auditável e traz transparência.

Jornal do SINDHOSP: Acredita que a entrada do capital es-

trangeiro para o setor, permitida recentemente em lei, irá ajudar nesta

mudança de cultura, neste amadurecimento?

Resumidamente, o pagamento por

performance produz resultados muito rápidos, e não se

mantém por muito tempo

9Ago 2015 | Jornal do SINDHOSP |

Entrevista

Perillo: Há uma euforia inicial, porque está difícil buscar investimento aqui dentro. Primeiro, porque a saúde é um mercado ainda não profissionalizado, e visto como um mer-cado de retorno não muito seguro por quem não é do ramo. Então o mercado fica muito restrito a quem já o conhece. Não tem capital em bolsa, não tem como comprar ação, é difícil. Eu não entendo absolutamente nada de siderurgia, por exemplo, mas poderia comprar ações de uma siderúrgica se fosse orientado. Na saúde, o capital estrangeiro é bem-vindo porque não tem outro, porque não tem nacional. Finalmente está chegando dinheiro para investir, crescer, expandir. Mas não é só investimento, trata-se de controle. Controle não é uma coisa xenófoba. De repente não vai ter mais empresa brasileira de empreendedor nacional tocando negócios na saúde. Isso é bom ou é ruim? De um lado eu acho que é bom porque vai trazer aquela visão de empresa, de indústria, que nós não temos na saúde. E quem está vindo tem a visão de indústria, enxerga que aquilo é um produto, e que deve ter controles aplicáveis a qualquer setor. Isso eu acho positivo. Por outro lado, não vai sobrar nada nacional que não sejam as Unimeds e as autogestões. Talvez o Hapvida, que vai abrir capital mas não vai perder o controle, a princípio.

Jornal do SINDHOSP: Historicamente, o Brasil é o país das

commodities, mas não investe em capacidade produtiva nas áreas

da saúde, da ciência, da inovação. Pelo menos não em grande escala,

para estar entre os melhores do mundo. Qual a sua avaliação do setor

de saúde brasileiro como setor produtivo?

Perillo: Acredito que o governo fez um esforço para desindustrializar o Brasil. Não consigo achar que aquilo que fizeram com a indústria foi só incompetência. Acho que teve um esforço pesado, que continua, para o Brasil não crescer industrialmente. Me dá a impressão que isso foi pensado: ‘vocês só vão vender soja, café, açúcar’. Estamos voltando àquilo que nunca deixamos de ser: um ciclo agroexportador que se fecha no exterior. Produzo aqui e vendo lá fora. E isso tem a ver com a incapaci-dade que a gente tem de não acreditar que somos capazes de ter inovação de pesquisa local. Acabamos copiando tudo que é mo-dismo lá fora.

Jornal do SINDHOSP:

Na área da saúde, não acre-

dita que temos potencial? No

campo das pesquisas, por exemplo...

Perillo: Faz quinhentos anos que a gente vai ser o país do futuro. Financiamento é uma das coisas que emperra nosso desenvolvimento, e a dissociação entre empresa e pesquisa, porque no Brasil empresa não pesquisa. E pesqui-

sador na universidade também não pesquisa, escreve paper. Porque o salário do pesquisador está atrelado ao que ele produz, a uma produção científica, e a CAPES o obriga a escrever e publicar. Se não tiver uma pontuação que é obtida a partir da publicação dos trabalhos em periódicos que são indexados, a pontuação cai e o pesquisador pode perder o emprego. Então o pesquisador fica só escrevendo e a pesquisa não se torna aplicada. E isso não necessariamente vira produto, vira patente, vira inovação. Do lado da indústria, ela acha mais negócio comprar alguma coisa que já está desenvolvida lá fora do que arriscar o capital em investimento em pesquisa. É aversão ao risco. E se desmonta a indústria, o que sobra? Agricultura? Nós até temos pesquisa, na Embrapa. Mas não temos uma Emprapa na saúde. Não temos um ITA na saúde. O que seria da Embraer se não tivesse ITA? Quem que pesquisa na saúde no Brasil? Ninguém.

Jornal do SINDHOSP: Nem Butantan, Fundação Oswaldo Cruz?

Perillo: Elas são muito focadas na área de vacina. São instituições importantes, mas o que fa-zem não vira dinheiro, não vira patente importante, não fatura, não projeta o Brasil lá fora.

Jornal do SINDHOSP: Os escândalos de corrupção abalaram a na-

ção, e permanecem no noticiário. Embora não estejam diretamente ligados

ao setor produtivo da saúde, em que medida eles impactam a economia

deste segmento?

Perillo: O empresário não quer botar dinheiro num país que não sabe se vai ou não vai. A resposta honesta é que acho que no nosso nível de conhecimento, mesmo achando que somos bem informados, temos uma leitura muito parcial do que é a realidade de fato. Isso que saí na mídia, na imprensa, é uma realidade coada, mas muito coada, mas é a realidade que nos apresenta. Eu tenho que trabalhar com essa porque não tenho intimidade com os

meandros para saber o que de fato está rolando. Partindo desta premissa, dá pra dizer, sim, que as prisões e as investigações são pedagógicas. Se isso for realidade, supondo que é a realidade, talvez tenha uma mensagem. Mas eu vou ficar feliz mesmo quando começarem a colocar senador na ca-deia, deputado na cadeia, governador. E que a cadeia seja cadeia mesmo. Mostrar que existe crime e castigo acho que é uma coisa boa.

Faz quinhentos anos que a gente

vai ser o país do futuro

10 | Jornal do SINDHOSP | Ago 2015

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O PACIENTE NO CENTRO DO CUIDADOEVENTO DA ONA MOSTRA QUE ATENÇÃO FOCADA NO DOENTE FAZ A DIFERENÇA NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE

A melhoria da segurança do paciente e da qua-lidade da assistência à saúde tem recebido atenção especial em âmbito global. No campo relacionado com a atenção à saúde, a definição de qualidade passa pela obtenção dos maiores benefícios com os menores riscos ao paciente e ao menor custo, focando no tripé: gestão, processo e resultado. Na teoria, não há problemas, mas na prática existem os eventos adversos, os erros e os incidentes que até a algum tempo eram considerados inevitáveis ou reconhecidos como um ato realizado por pro-fissionais mal treinados. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que esses danos ocorram em dezenas de milhares de pessoas todos os anos em diversos países. Dados do Instituto de Medici-na/EUA, de 2011, indicam que erros associados à assistência à saúde causam até 98 mil disfunções a cada ano nos hospitais americanos. Na Europa, os estudos realizados em 2008 sobre a qualidade da atenção hospitalar mostraram que um a cada dez pacientes nos hospitais europeus sofriam danos evitáveis e eventos adversos ocasionados durante a assistência recebida.

Atualmente, o movimento para a segurança do paciente substitui “a culpa e a vergonha” por uma nova abordagem, a de repensar os processos assistenciais, com o intuito de antecipar a ocor-rência dos erros antes que causem danos aos pacientes em serviços de saúde, com comunicação e o cuidado centrado no doente.

Este foi o mote do Seminá-rio Internacional de Segurança do Paciente e Acreditação em Saúde, promovido pela Organi-zação Nacional de Acreditação (ONA), nos dias 7 e 8 de agosto, no Centro de Convenções Re-bouças, na capital paulista, que reuniu mais de 500 profissionais de saúde de todo o país. O evento teve o apoio da FEHOESP e contou com a presença do gestor do IEPAS, Marcelo Gratão.

Discutir boas práticas no setor e dividir expe-riências, para a superintendente da ONA, Maria Carolina Moreno, é sempre importante e foi um

dos objetivos do encontro. “São temas funda-mentais para a qualidade dos serviços na saúde no Brasil e no mundo. Todos que estão participando têm conhecimento destes assuntos e sabem da importância deles. Mas queremos é ir além, saber como melhorar e implementar as práticas de se-gurança do paciente.”

Ela também falou sobre o papel da entidade no setor. “Com este evento, a ONA reafirma o papel

que lhe cabe desde sua fundação, há 16 anos: o de parceira de cada profissional e instituição de saú-de. Juntos continuaremos a pro-mover a acreditação e a melhoria contínua do atendimento, com o paciente no centro do cuidado e a segurança em primeiro lugar.”

Arlindo Almeida, que assu-miu recentemente a presidência da entidade, destacou a relevân-cia do debate para os players do

setor. “Estou há pouco tempo como presidente da ONA, mas sei da importância da segurança do paciente para operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços. Hoje, no mundo todo há uma preocupação com a qualificação dos presta-dores e é preciso que no Brasil também se atente

para essa questão. Este seminário nos dá a oportu-nidade de enriquecer o nosso conhecimento com tanto know-how.”

E experiência foi o que não faltou no seminá-rio. A vice-presidente do Institute Healthcare Improve-

ment (IHI), Patricia Rutherford, dos Estados Unidos, abordou o tema “Always Events”, que diz que ques-tionar o que importa para o paciente é genuíno e o começo de uma conversa muito importante para a assistência. Com sua vivência na área da saúde e tendo enfrentado um câncer há dois anos, ela falou sobre as novas estratégias de comunicação e cola-boração dos pacientes e familiares na promoção do cuidado. “A satisfação do paciente com o cuidador de sua saúde vem da relação de parceria com ele estabelecida e, a partir daí, será construída sua ex-periência. Primeiro, com o conhecimento sobre sua doença, e, depois, com o atendimento que lhe é prestado. Precisamos, no sistema de saúde, pensar ao que queremos responder: fazer de, para ou com. A resposta tem de ser sempre fazer com o paciente. Ele precisa sentir que faz parte de todo o processo de cuidado.”

A constituição de uma rede de assistência à saú-de bem estruturada, que funcione de maneira ade-quada, garantindo o acesso da população ao sistema de saúde e permitindo um cuidado humanizado e

Luiza Dal Ben, diretora da FEHOESP e do SINDHOSP

Mais de 500 profissionais de saúde participaram do evento internacional

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Ago 2015 | Jornal do SINDHOSP |

de qualidade, é um dos desafios a serem enfrenta-dos. Para conseguir isso, o português, professor na Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP-UNL), Paulo Souza, mostrou sua experiência na implantação em seu país das me-tas internacionais de segurança do paciente.

Metas são importantes, mas o fortalecimento da atenção pri-mária é fundamental e tem o pa-pel de coordenação dessa rede. Para o coordenador do Núcleo Técnico Científico de Cuidados Paliativos do Hospital das Clíni-cas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), Ricardo Tavares de Car-valho, é essencial que se realizem ações de prevenção e promoção da saúde. “Além disso, é necessária a organização da rede hospitalar, com o estabelecimento de unida-des preparadas para lidar com as condições crôni-cas por meio do desenvolvimento de estratégias que permitam o melhor aproveitamento dos leitos, o cuidado prestado por equipe multiprofissional, a ampliação da discussão sobre os cuidados paliativos e o serviço de atendimento domiciliar, buscando uma desospitalização segura, quando possível”, jus-tificou Tavares, que emocionou o público ao mos-trar relatos de pacientes terminais e como os cui-dados devem ser organizados e controlados com processos, critérios e indicadores. “Humanização e dignidade são palavras fundamentais nesse proces-so final e cabe aos profissionais de saúde ofertar paz e sossego ao paciente para morrer.”

E no quesito emoção e experiência de vida, a diretora de Engajamento do Paciente do Outcomes

Reserarch Insitutite Patient-Centered (PCORI), a america-na Susan E. Sheridan, superou com um impressio-nante testemunho de força e poder de mudança. Ela falou sobre o papel do paciente na segurança do cuidado a partir da história que viveu com a doença de seu filho e de seu marido. “As experiên-cias que eu vivi com a minha família me mostra-ram que é fundamental que os médicos e todos os profissionais de saúde ouçam o paciente e sua família. O doente precisa ter voz no seu cuidado, e é preciso que se pense em qualidade de vida, sim.” Para Sheridan, o envolvimento precisa ser maior, ir além do relatório médico. “É preciso vivência e comprometimento com cada enfermo e sua famí-lia. Entender a realidade deles faz a diferença, com toda certeza.”

Opinião compartilhada pelo publicitário e presidente da organização não governamental Associação Viva e Deixe Viver, Valdir Cimino. “A saúde passa pelo processo de desumanização e a participação do paciente está cada vez mais de-sassociada de tudo, o que não pode acontecer. O

paciente precisa ter consciência do processo do cuidado para ter o compromisso constante do envolvimento e a colabora-ção no seu tratamento. Nesse processo a mídia pode ajudar, não mostrando somente o lado ruim do que acontece nos es-tabelecimentos de saúde. Toda instituição também oferta algo de bom”, ressaltou.

A comunicação despertou o interesse dos participantes, e Ney Pereira, espe-cialista em Marketing e Neurociência Pedagógica, destacou que os profissionais de saúde precisam ter cuidado redobrado com o que e como se co-municam. “Muitas vezes, eles têm o papel de trazer uma notícia ruim e isso deve ser feito com muito cuidado. São notícias que mexem com o emocional de quem as recebe.”

As falhas nesse processo são os principais cau-sadores de erros médicos dentro das instituições de saúde, garantiu o médico americano da Cleveland

Clinic, Timothy Giligan. “Nenhum gerenciamento de risco assistencial é eficaz se a instituição não for capaz de olhar suas falhas com clareza e isenção, sem juízo de valor, entendendo que, em sua maioria, as falhas e os erros não são por culpa isolada de uma pessoa, mas sim um problema sistêmico que envolve os processos sobre os quais a instituição se apoia.”

Para a mestre em Comuni-cação Empresarial com ênfase em Gestão de Crises, Tatiana Jordão, é preciso planejamento e comunicação para os momentos de crise. “Nessa hora a instituição precisa mostrar que está pronta para enfrentar a emergência, que está em absoluto controle da si-tuação e que está empenhada em fazer tudo o que for necessário para um desfecho satisfatório para os envolvidos”, explicou.

Esta ideia também é compartilhada pela diretora da FEHOESP e do SINDHOSP, Luiza Watanabe Dal Ben, que participou do seminário

Susan Sheridan emocionou o público com suas experiências

Maria Carolina Moreno, superintendente da ONA

internacional. Para ela, saber comunicar é valorizar e entender o paciente e sua linguagem. “Comuni-cação é olhar o paciente olho no olho. Eu preciso atingir a cultura deste paciente, não só na lingua-gem do entendimento, mas evitar palavras técni-cas com o doente e sua família. Para isso, é preciso se preparar para essa questão. É uma conscienti-zação de que eu, enquanto profissional, considero vital para o paciente.”

Luiza ainda comentou o que falta para o Brasil avançar na questão da segurança do paciente. “Pri-meiramente, a sensibilização da alta liderança de que investir em segurança do paciente consiste em redução de custo, porque, aparentemente, parece que há um aumento, mas é o contrário. Quando você tem diminuição de eventos adversos, quali-dade da assistência ao paciente, investimento na qualificação das pessoas, todos ganham na cadeia da saúde. É atenção primária, secundária, terciária e, principalmente, na a área hospitalar. Eu entendo que a continuidade do tratamento hospitalar com se-gurança é de fundamental importância.” Confira a entrevista completa com a diretora do SINDHOSP na versão digital do Jornal do SINDHOSP.

PRÊMIO

Encerrando o evento, foram anunciados os vencedores do Prêmio Melhores Práticas em Des-taque, em parceria com a revista Melhores Práticas. O primeiro lugar foi para o trabalho Criação de Instrumento de Registro e Controle de Eventos Ad-versos em Anestesiologia, do Hospital Regional de Cotia, em São Paulo.

O segundo lugar ficou com os Hospitais Mãe de Deus, Giovanni Battista e Pronto Socorro de Canoas, do Rio Grande do Sul, pelo trabalho Índice de Desempenho Assis-tencial como Instrumento para Alinhar Processos de Segurança em Rede.

E o terceiro foi para o tra-balho Diretriz para Encefalopatia Hepática: um Projeto Multidisci-plinar, do Hospital Quinta D’Or, do Rio de Janeiro.

O objetivo do prêmio era reconhecer trabalhos voltados para a segurança do paciente e a qualidade da assistência nas instituições acreditadas. Os premia-dos foram selecionados entre mais de cem trabalhos inscritos. A comissão avaliadora foi formada por pro-fissionais da ONA e da revista Melhores Práticas.

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| Jornal do SINDHOSP | Ago 2015

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PRESIDENTE DO SINDHOSP FALA EM CPI

Prorrogada em maio para funcionar até 12 de dezembro, a CPI dos Planos de Saúde, instalada no âmbito da Câmara Municipal de São Paulo, convi-dou o presidente do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr, a prestar esclarecimentos em sessão realizada em 25 de agosto. Na ocasião, Yussif descreveu a relação um tanto “conflituosa” entre operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços. Também defendeu a necessidade de se construir um modelo de acesso para a saúde suplementar, que privilegie a sustenta-bilidade do sistema. “Hoje, a saúde suplementar não tem um modelo. O usuário vai ao médico que esco-lher, ou bate à porta da emergência do hospital para resolver problemas nem tão urgentes”, disse.

PROJETO BÚSSOLA 2015 DÁ INÍCIO A FASE DE CAPACITAÇÃO

Teve início no dia 21 de agosto, no Espaço Ellu Brasil, na capital paulista, a terceira etapa do Projeto Bússola 2015, chamada de capacitação. Promovido pela FEHOESP e pelo SINDHOSP e organizado pelo IEPAS, o Bússola é um projeto em parceria com a Organização Nacional de Acreditação (ONA), que este ano conta com 17 clinicas de serviços de saúde e laboratórios de diagnóstico por imagem, que estão participando do processo de acreditação da qualidade. O gestor do IEPAS, Marcelo Gratão, abriu o encontrou falando da importância do pro-jeto para as clínicas e laboratórios de pequeno e médio portes. “O Bússola viabiliza para estas insti-tuições a possibilidade de desenvolver a segurança do paciente, estabelecer estratégias, medir desem-penho e identificar oportunidades de melhoria.” Na oportunidade, Gratão leu uma mensagem do presidente do IEPAS, José Carlos Barbério, que não pode estar presente. “O processo de certificação

da qualidade é, na verdade, um projeto educacional. E vivemos um constante desafio na área da saúde por várias razões, dentre as quais a de que preci-samos sempre vigiar os nossos procedimentos. O nosso propósito e o da ONA é o de assegurar, cada vez mais, a qualidade necessária para certificar as instituições que nos acolhem em sua qualidade e melhoria de processos.”

Nesta fase, constituída por cinco módulos, que serão discutidos em sete encontros até o fim de no-vembro, os representantes das 17 instituições pré-selecionadas foram divididos em duas turmas: uma formada por laboratórios e clínicas de diagnóstico por imagem (nove estabelecimentos), que come-çou a capacitação no dia 21; e outra por clínicas de especialidades (oito instituições) que se reuniram pela primeira vez no dia 28 de agosto.

No primeiro módulo, o tema discutido foi ges-tão e liderança, e as aulas foram ministradas pelas enfermeiras Audrey Rippel, especialista com MBA Executivo em Saúde pela Fundação Getúlio Var-gas, e Thaiana Santiago, avaliadora da metodologia ONA e mestre pela Escola de Enfermagem da USP.

DIRETORA DO SINDHOSP FALA SOBRE REDUÇÃO DE CUSTOS EM HOME CARE

Uma projeção do Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE) mostra que em 2050 trinta em cada cem pessoas terão mais de 65 anos. Pen-sando nisso, o Health Costs Summit reuniu, entre os dias 19 e 20 de agosto, os principais nomes da saúde para debater a excelência na apuração e redução de custos para melhoria da rentabilidade no setor.

“O conceito de desospitalização do paciente tem de aparecer como uma extensão do tratamen-to hospitalar do doente crônico, sendo na verdade um elo para união do pensamento dos médicos, familiares e planos de saúde, sabendo que o aten-dimento em home care tem começo, meio e fim”, afirmou Luiza Dal Ben, diretora do SINDHOSP e da FEHOESP, durante a palestra “Desospitalização: Uma forma de humanizar a recuperação do paciente e re-duzir custos” .

“Hoje em dia vemos uma evolução muito grande quando o assunto é atenção domiciliar, mas ainda é preciso evoluir mais, principalmente quan-do o assunto é a falta de legislação vigente para essa área. Precisamos de algo específico”, completou.

Para Luiza, a desospitalização traz benefícios

como a humanização da atenção, maior conforto para o usuário e sua família, minimização de inter-corrências clínicas e autonomia através da capaci-tação de familiares, cuidadores e o próprio usuário para o cuidado dentro de seu próprio ambiente. Para o hospital, a disponibilização de leitos para os usuários que realmente necessitam de internação hospitalar é apenas um dos pontos de destaque. “O paciente fará um menor uso de exames e me-dicamentos de forma desnecessária, poderemos aumentar os leitos de retaguarda às urgências e emergências e assim otimizar recursos”, finalizou.

COQUETEL ENCERRA ATIVIDADES DOS CONGRESSOS IEPAS

Mantendo sua tradição anual, o IEPAS ofere-ceu, em 18 de agosto, um coquetel entre amigos para celebrar o encerramento das atividades dos Congressos de Gestão 2015. O evento aconteceu no restaurante Praça São Lourenço, em São Paulo.

Entre os convidados, estiveram os membros das Comissões Científicas, que participam ativa-mente, durante todo o período pré-congresso, na elaboração do conteúdo programático dos even-tos. Também compareceram o gestor do Instituto, Marcelo Gratão, o presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr, o diretor da fede-ração e do sindicato, Luiz Fernando Ferrari Neto.

Realizados em 20 de maio, durante a Feira Hos-pitalar, os congressos reuniram cerca de 300 pes-soas, para o debate de temas fundamentais para a sustentabilidade do setor de clínicas, laboratórios e hospitais. Foram organizados e realizados pela Con-federação Nacional de Saúde (CNS), a Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saú-de (FENAESS), o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SINDHOSP), a Hospitalar Feira + Fórum e o Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde (IEPAS).