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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE MONOGRAFIA DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” LOGÍSTICA EMPRESARIAL A LOGÍSTICA NO E-COMMERCE: DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO BRASIL MARCUS VINÍCIUS PERES PAZELLO RIO DE JANEIRO 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MONOGRAFIA DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

LOGÍSTICA EMPRESARIAL

A LOGÍSTICA NO E-COMMERCE: DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO BRASIL

MARCUS VINÍCIUS PERES PAZELLO

RIO DE JANEIRO

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MONOGRAFIA DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

LOGÍSTICA EMPRESARIAL

A LOGÍSTICA NO E-COMMERCE: DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO BRASIL

MARCUS VINÍCIUS PERES PAZELLO Matrícula: T206531 / Turma: T074

[email protected]

Monografia apresentada ao Instituto a Vez do

Mestre da Universidade Candido Mendes,

campus Tijuca, como parte dos requisitos

necessários para a conclusão do curso de Pós-

Graduação “lato sensu” em Logística

Empresarial.

Área de Concentração: Administração

Economia / Engenharia de Produção / Logística

Empresarial

Orientador: Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço

RIO DE JANEIRO

2011

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AGRADECIMENTO

A todo o Departamento do corpo docente do Instituto “A Vez do Mestre”

UCAM – Campus Tijuca, por proporcionar um curso de excelente qualidade na

pós-graduação, essencial para a minha formação acadêmica.

Aos meus colegas de pós-graduação do AVM UCAM – Campus Tijuca,

que ofereceram comentários tão valiosos e críticos para melhorar a qualidade

final deste trabalho.

A todos (as) os (as) meus amigos (as) pela motivação e entusiasmo que

de maneira direta e indireta contribuíram para a conclusão desta monografia.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres

B2B Business-to-Business

B2C Business-to-Consumer

C2B Consumer-to-Business

C2C Consumer-to-Consumer

CNT Confederação Nacional do Transporte

CRM Customer Relationship Management

CTRC Conhecimento de Transporte Rodoviário de Carga

EDI Electronic Data Interchange

ERP Enterprise Resource PLanning

JIT Just in Time

MRP Material Requirements Plannig

SAC Serviço de Atendimento ao Cliente

SGE Sistema de Gestão Empresarial

TEF Transferência Eletrônica de Fundos

TMS Transportation Management System

WMS Warehouse Management System

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RESUMO

A aceleração do comércio eletrônico está gerando diversas

oportunidades substantivas de crescimento e prosperidade, mudando não só a

maneira de comercialização como também a forma que se entrega o produto

e/ou serviço. Entretanto, as empresas demandam maior eficiência nas suas

cadeias de suprimentos sendo necessário identificar quais as características

estratégicas, áreas de expansões e gargalos operacionais que podem a partir

de uma cadeia de suprimento ineficiente em sua logística integrada limitar o

desenvolvimento do e-commerce no Brasil. A eficiência logística será o

elemento principal para alcançar a liderança, apoiado no aprimoramento da

arte de combinar competência operacional e comprometimento, em relação às

expectativas dos clientes. Esse comprometimento com o mercado, em uma

estrutura de baixo custo, constitui os desafios e as oportunidades de novos

negócios para uma proposta de geração de valor agregado. Embora

consolidado no mercado nacional, o e-commerce ainda possui diversos

gargalos operacionais que precisam ser vencidos. Entre estes, destaca-se a

logística integrada em transportes como um dos fatores críticos de seu

sucesso. Na realização das análises bibliográficas, foi constatado que a

integração logística na cadeia de suprimentos viabiliza o desenvolvimento do e-

commerce no mercado brasileiro. Pois, onde os custos são muito elevados, a

logística pode não garantir o avanço do comércio eletrônico. No âmbito geral, a

logística não se altera, o que muda é a sua dinâmica e estrutura para atender

as novas demandas. As exigências estão voltadas para uma logística integrada

cada vez mais intensiva em tecnologia, informação em tempo real e

equipamentos de alto desempenho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 06

CAPÍTULO I

A EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA INTEGRADA NA CADEIA DE SUPRIMENTOS 09

CAPÍTULO II

A LOGÍSTICA INTEGRADA E O E-COMMERCE NO BRASIL 19

CAPÍTULO III

ENTRAVES E BOAS PRÁTICAS DO E-COMMERCE NO BRASIL 29

CONCLUSÃO 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36

ÍNDICE 38

ÍNDICE DE FIGURAS 39

ÍNDICE DE TABELAS 40

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INTRODUÇÃO

O fim da Segunda Guerra Mundial é o ponto de partida para as análises

e estudos estratégicos em logística. Nesta guerra, a movimentação de material

bélico é considerada a maior operação logística sem precedentes de nossa

história. Essa eficiência logística contribuiu de maneira decisiva para o

desenvolvimento das melhores práticas nas grandes empresas no pós

Segunda Guerra Mundial. Deste momento em diante, a atividade logística inicia

seu processo de evolução, e somente nos anos de 1990, são consolidados os

procedimentos logísticos do momento atual. Assim um novo horizonte de

oportunidades torna-se visível para as atividades logísticas no mercado

mundial. Nessa busca em desenvolver as melhores práticas comerciais os

avanços tecnológicos possuem papel fundamental nessa evolução, onde a

logística integrada encontra sua tendência natural para aperfeiçoar resultados.

As empresas deste setor buscam a eficiência logística, em toda sua

cadeia de suprimentos, como o principal elemento. A fim de aumentar sua

lucratividade, apoiado no aprimoramento da arte de combinar competência

operacional e comprometimento, em relação às expectativas e necessidades

dos clientes. Para desta forma, atender as necessidades e preferências dos

consumidores finais. Portanto, para conseguir maximização de resultados é

necessário que as empresas brasileiras desenvolvam competência logística em

suas vantagens comparativas, para ofertarem serviços superiores a uma

parcela maior de clientes neste mercado tão competitivo.

O e-commerce trouxe relevante dinamismo e impactou, de maneira

decisiva, a cadeia de suprimentos. A evolução do comércio eletrônico possui

um potencial de revolucionar a maneira de executar as operações nas

empresas. Diversos setores da economia estão atuando neste tipo de comércio

e os mais eficientes e eficazes competem com menos restrições e melhores

condições. Neste panorama, o desenvolvimento na gestão da cadeia de

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suprimentos e a sua integração logística proporcionam ganhos significativos de

produtividade, re-engenharia de processos, redução de custos operacionais e a

eliminação de funções que não agregam valor.

As empresas que atuam com logística integrada na cadeia de

suprimentos têm percebido a necessidade de rápidas adaptações frente a

esses novos mercados. As cadeias de suprimentos eficientes darão suporte a

níveis mais profundos de satisfação do cliente. Para isto, as empresas serão

forçadas a inovar constantemente e a se transformar regularmente para

acompanhar o alto grau de concorrência. Portanto, a busca pela integração,

visando agregar valor aos produtos e/ou serviços conforme a demanda do

cliente é extremamente necessária, para manter a competitividade.

Desta maneira, para os próximos capítulos, o estudo apresenta a

seguinte estrutura. No primeiro capítulo, é sintetizada a importância estratégica

da logística integrada, sua evolução histórica do momento inicial ao atual e

quais as evoluções tecnológicas foram fundamentais para uma melhor

integração dentro da cadeia de suprimentos. A logística integrada possui papel

estratégico dentro de uma proposta de gestão e serve para relacionar e

sincronizar a cadeia de suprimentos de maneira geral enquanto fluxo contínuo,

sendo essencial para a sua completa integração.

No segundo capítulo, é apresentada a importância da sincronização

logística na integração da cadeia de suprimentos e quais as classificações

dentro do comércio eletrônico. Posteriormente, são mencionados os aspectos

entre logística tradicional e a logística na „era digital‟; e como a logística em

transportes, principalmente o modal rodoviário, é relevante no Brasil.

No terceiro capítulo, são apresentados os entraves e as boas práticas do

e-commerce no Brasil. Para isto, a estratégia principal é saber como alavancar

o nível de serviço logístico num mercado onde existem grandes desafios e

oportunidades de negócios.

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Na conclusão desta monografia, são apresentados os comentários

finais, sobre os aspectos logísticos estratégicos, a partir das pesquisas

bibliográficas utilizadas. Desta forma, desenvolver expertise específica em

logística aplicada às áreas de administração, economia, engenharia de

produção e logística gerencial.

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CAPÍTULO I

A Evolução da Logística Integrada na Cadeia de Suprimentos.

O objetivo deste capítulo é apresentar a evolução histórica da logística

integrada e a sua pertinência para esta análise, assim, não será apresentada

uma revisão exaustiva da literatura sobre este tema. A importância da evolução

da logística integrada até sua atuação no momento atual é o elemento mais

importante. Portanto, é relevante verificar quais as evoluções tecnológicas

foram fundamentais para uma melhor integração da logística dentro da cadeia

de suprimentos.

Neste momento, serão apresentados os elementos necessários para

compreensão mais adiante da análise proposta e como as boas práticas

empresariais e a eficiência logística serão os elementos principais para garantir

maior competitividade e competência operacional.

1.1 Da Arte da Guerra à Logística Integrada – A Herança

Militar

Com o final da Segunda Guerra Mundial, as operações de

movimentação de material bélico – tropas, armamentos, munições,

medicamentos, alimentos e material de comunicação – foram analisadas e

identificadas como fatores decisivos para o sucesso das batalhas realizadas no

front. O desembarque das Tropas Aliadas na Normandia1 é considerado a

maior operação logística2, sem precedentes de nossa história. Essa eficiência

logística de suprimento e re-suprimento contribuiu de maneira decisiva para o

1 O desembarque, realizado no dia 06 de Junho de 1944, no sul da França, na Normandia, é conhecido Iラマラ さO Dキ; Dざく 2 Num esforço de apenas um dia, as Tropas Aliadas desembarcaram cerca de 300.000 soldados, movimentando aproximadamente 20.000 veículos dos tipos terrestres, marítimos e aéreos. Sendo que cada soldado possuía, em média, carga de 30kg, totalizando 9.000 Toneladas de material.

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desenvolvimento das práticas logísticas nas empresas no pós Segunda Guerra

Mundial.

As práticas logísticas sempre tiveram associadas às atividades militares,

mas em razão do novo modelo de produção e de consumo em massa surgidos

após o final da guerra, em 1945, a eficiência militar conseguiu influenciar as

atividades logísticas para serem adotadas, também, pelas grandes companhias

e empresas comerciais.

Após este momento, um novo horizonte de oportunidades torna-se

visível para as atividades logísticas no mercado mundial. É com o surgimento

de oportunidades para agregar valor – redução de custos, redução de prazos

de entrega, maior disponibilidade de produtos, melhora no processamento dos

pedidos – que a logística encontra sua vocação para otimizar resultados.

Porém, mesmo proporcionando aumentos significativos tanto na

eficiência quanto na eficácia, até os anos de 1940 a literatura sobre o tema não

contemplava muitos estudos e/ou publicações. Somente a partir dos anos de

1950, que as empresas na busca por parcelas mais significativas do mercado,

focam suas atenções para a satisfação dos seus clientes. Nos anos de 1960, a

indústria atuando nos processos produtivos, dá início a utilização dos conceitos

logísticos para também racionalizar e aproveitar os espaços físicos e desta

forma, melhorar seus ganhos e sua eficiência operacional. Em 1970, os

estudos avançam no sentido de melhorar o desempenho da armazenagem e

da distribuição física, consolidando-se, os avanços nas análises e composições

para o custo de lote econômico.

A logística, durante os anos de 1980, atinge nova condição de

importância nas grandes empresas, passando do nível operacional para o nível

mais estratégico na gestão empresarial. Esta mudança de condição foi

ocasionada por alterações na dinâmica da economia mundial – maior demanda

em novos mercados com o início da globalização. Deve-se destacar, neste

momento, que ocorre um melhor aproveitamento dos avanços tecnológicos,

promovidos pelas mudanças de paradigmas, ocorridos na revolução

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tecnológica dá década anterior. Além disso, diversas ferramentas – MRP3,

ERP4, JIT5, Kanban6 – são desenvolvidas e utilizadas, dentro de uma nova

perspectiva, para fazer a integração logística entre os setores (produção,

financeiro, armazenamento, marketing, vendas) da cadeia de suprimentos.

Nos anos de 1990 são consolidadas as definições do padrão do

momento atual. As transformações comerciais em todo o mundo sofrem o

impacto irrevogável dos avanços da informática, da Internet e de uma série de

possibilidades tecnológicas inovadoras (BOWERSOX; CLOSS; COOPER,

2006). Esta alavancagem na transmissão da informação, para criar uma

integração mais próxima das cadeias de suprimento e das redes operacionais,

favorece o acesso global tanto a mercados quanto a fornecedores. Desta

forma, o avanço tecnológico permitiu que as empresas atendessem seus

clientes em todo o mundo. Nessa nova dinâmica logística o processamento do

pedido até a sua entrega para o cliente (sendo produto e/ou serviço) pode ser

executado em questão de horas.

A repetição sistemática de falhas de serviço que caracterizava os

processos logísticos do passado foi trocada pela busca crescente de taxas de

eficiência próximas a zero. A noção do pedido perfeito – ou a entrega do tipo

certo, na quantidade desejada, no local e prazo corretos, sem avarias e com

ausência de falhas no seu processamento – antes considerado exceção, está

no momento atendendo as novas demandas comercias. Além disso, é

importante ressaltar que a manutenção do alto nível operacional tem seu

desempenho garantindo com uma estrutura de custo total baixo e

comprometimento de recursos financeiros menores que os caracterizados

anteriormente.

3 MRP に Material Requirements Planning, com o apoio de sistemas de informação computadorizados, permite que as empresas gerenciem os insumos necessários nos seus processos produtivos, na quantidade certa e em qual momento serão necessários. 4 ERP に Enterprise Resource Planning, plataforma de software desenvolvida para integrar os diversos departamentos de uma empresa possibilitando a automação e armazenamento de todas as informações numa base de dados única. 5 JIT に Just in Time, Planejamento de produção de bens e/ou serviços exatamente no momento que são demandados. 6 Kanban に Cartão de sinalização que controla os fluxos e/ou transporte numa linha de produção.

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A logística integrada tem papel estratégico dentro da proposta de gestão

na cadeia de suprimentos. Segundo Bowersox; Closs e Cooper (2006) para

cada empresa envolvida, o relacionamento na cadeia de suprimentos reflete

uma escolha estratégica. Já as operações desta cadeia demandam o

gerenciamento dos processos – em cada empresa, fornecedor e cliente – que

ultrapassam os limites físicos das áreas funcionais das empresas envolvidas.

Nesta mesma sincronia, a logística é a atividade exigida para abastecer e

posicionar o inventário nessa cadeia. Assim a logística integrada serve para

relacionar e sincronizar a cadeia de suprimentos de maneira geral enquanto um

processo de fluxo contínuo, sendo essencial para a sua completa integração.

Corrobora para tal análise a observação de Novaes (2003) onde a

logística moderna procura coligar todos os elementos do processo – prazos,

integração de setores da empresa e formação de parcerias comerciais com

fornecedores e clientes – para desta forma, atender as necessidades e

preferências dos consumidores finais.

1.2 Sistemas de Gestão Empresarial (SGE)

Os avanços tecnológicos desenvolvidos nas últimas cinco décadas

(iniciados em 1960) são extremamente significativos, pois, o Sistema de

Gestão Empresarial (SGE) apresenta uma vasta gama de informações que dão

suporte a integração logística. Conforme Bowersox; Closs e Cooper (2006) os

SGE‟s da cadeia de suprimentos dão início a atividade e acompanham a

informação referente aos processos, facilitando o compartilhamento de

informações tanto dentro da empresa quanto entre os parceiros da cadeia de

suprimentos, ao mesmo tempo em que auxiliam no processo de tomada de

decisões gerenciais.

A área mais procurada para utilização dos Sistemas de Gestão

Empresariais é a cadeia de suprimentos. A implementação de um sistema

deste tipo é importante, pois, permite a integração, coordenação e agilidade

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nas transações da cadeia de suprimentos entre as corporações, visto que este

setor apresenta alternativas para redução de custo e diferenciação de produtos

e serviços (MAZUTTI; MAÇADA; RIOS, 2005). Portanto, a cooperação entre os

participantes da cadeia reduzirá os riscos individuais e poderá, potencialmente,

melhorar a eficiência do processo logístico integrado, eliminando perdas e

esforços desnecessários.

1.2.1 Enterprise Resource Planning (ERP)

Os ERP‟s surgiram a partir dos sistemas desenvolvidos na década de

1960, com objetivo de gerenciar a produção, através do controle do estoque,

compras e gestão da produção (TURBAN; RAIBER JR.; POTTER, 2003). O

ERP, em termos gerais, é utilizado para automatizar processos e integrar

informações de áreas que dão suporte ao negócio – como Financeiro, RH,

Comercial e Compras – numa única base de dados, a Figura 1.1 demonstra

esta integração na organização empresarial.

Figura 1.1 – O ERP integra a informação de todos os departamentos. Fonte: (Extraído de DAVENPORT, 1998, p. 1).

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Este sistema de gestão empresarial foi fundamental para solucionar um

problema antigo dentro das grandes corporações, que era a falta de integração

entre os departamentos. A idéia de sistemas de informações integradas existe

desde o início dos anos de 1960. Entretanto, devido ao alto custo tecnológico e

dificuldades práticas não era possível esta iniciativa na maioria das empresas.

Na Tabela 1.1 encontramos a evolução dos Sistemas de Gestão Empresarial.

Tabela 1.1 – Evolução dos Sistemas de Gestão Empresarial (SGE)

Década Processos Sistema Objetivo 1960 Compra + Estoque +

Programação da Produção MRP Gestão da

Produção 1970 MRP + Finanças e RH MRP II Gestão da

Produção Ampliada

1980 MRP II + Departamentos Internos

ERP Unificação das Bases de Dados

1990 ERP + Fornecedores e Consumidores Internos

Cadeia de Suprimentos

Interna

ERP e Cadeia de Suprimentos Interna

2000 ERP + Cadeia de Suprimentos Interna + Fornecedores e Consumidores Externos

Cadeia de Suprimentos Ampliada – Gestão da Cadeia de

Suprimentos

Gestão da Cadeia de Suprimentos Ampliada

Fonte: (Adaptado a partir de MAZUTTI; MAÇADA e RIOS, 2005, p. 5).

A observação apresentada por Slack; Chambers e Johnston (2003) o

ERP é o último e, provavelmente, o mais significativo desenvolvimento da

filosofia básica do MRP, iniciada nos anos de 1960. A “inteligência” do MRP

revela o fato de poder explorar as conseqüências de quaisquer mudanças que

uma operação fosse solicitada a realizar. Assim, se a demanda mudasse, o

sistema MRP poderia calcular todos os efeitos e estabelecer instruções de

contenção.

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Os sistemas de ERP permitem que as decisões e a base de dados de

todos os departamentos da empresa sejam integradas, de modo que as

conseqüências das decisões de uma parte da organização sejam refletidas nos

sistemas de planejamento e controle do restante da organização.

Adicionalmente aos sistemas de integração, o ERP em geral inclui outras

características que o transformam em uma ferramenta poderosa de

planejamento e controle:

a. É baseado na arquitetura cliente/servidor, quer dizer, o acesso aos

sistemas de informação é aberto a qualquer pessoa cujo computador

esteja ligado aos computadores centrais (servidores);

b. Pode incluir facilidades de apoio à decisão, que permitem aos que

participam do processo decisório sobre a produção considerar as

informações mais recentes;

c. É geralmente ligado aos sistemas extranet7, como sistemas de

intercâmbio de dados, que se ligam aos parceiros da cadeia de

suprimento da empresa;

d. Adoção de melhores práticas de negócio, suportadas pelas

funcionalidades do sistema, que resultam em ganhos de produtividade,

maior competitividade e melhor velocidade de resposta da organização;

e. Não há necessidades de o ERP ficar limitado à planta da empresa.

Existem benefícios ainda maiores quando a empresa amplia seu ERP e

utilizá-o como ferramenta de integração mais sólida com vendedores,

fornecedores, produtores, distribuidores, varejistas e outros parceiros

comerciais;

f. Suporte a vários idiomas. Interesse particular para empresas que

possuem operações em diferentes regiões do globo. Desta forma,

utilizando o mesmo sistema ERP em todas as suas unidades; e

g. Em cada módulo, suporte aos relatórios exigidos legalmente nos países

para o qual o ERP está homologado.

7 A rede de computadores de uma empresa que faz uso da internet para compartilhar com segurança parte do seu sistema de informação.

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O ERP é possivelmente o desenvolvimento mais significativo derivado

do MRP. Atualmente, utilizado por tipos muito diferentes de empresas, integra

as atividades de planejamento, vendas e marketing, finanças e recursos

humanos. Os ERP‟s substituem estoques por informações, visto que o

tratamento delas pode traduzir giros mais rápidos de estoques, que resultam

em maior capacidade de armazenagem. Além disso, uma gestão melhorada da

cadeia de suprimentos mantém os recursos da empresa trabalhando em

conjunto afinado para satisfazer as exigências dos clientes com o máximo de

eficiência.

1.2.2 Customer Relationship Management8 (CRM)

Projetado para ampliar a funcionalidade do ERP, pois, as empresas

estão utilizando a ferramenta CRM para tratar os clientes como fonte de

faturamento estratégica. O CRM atualmente analisa informações do setor de

vendas, call center, help desk e sites de relacionamento, para que o cliente

seja entendido, e a partir daí desenvolver estratégias de mercado. Com essa

gestão do relacionamento com o cliente é possível obter informações

detalhadas sobre os itens mais consumidos. Desta forma, são feitas

campanhas direcionadas a determinado público, local e momento certo para

promoção de vendas.

1.2.3 Transportation Management System9 (TMS)

Desenvolvido para identificar e avaliar proativamente as estratégias e

táticas de transportes, para determinar os melhores métodos de movimentação

dos pedidos dentro das restrições existentes. Entretanto as principais

8 CRM に Customer Relationship Management, ferramenta que automatiza as funções de contato com os clientes. O sistema cruza informações a fim de produzir conhecimentos estratégicos para o negócio. 9 TMS に Transportation Management System, software para melhoria da qualidade de todo o processo de distribuição.

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aplicações do TMS são a economia de custos e a funcionalidade elevada para

oferecer dados confiáveis. Este sistema de gerenciamento de transporte é,

também, utilizado sobre uma base única de dados (ERP) e com a função de

fornecer suporte às operações de planejamento e consolidação de cargas,

utilização do melhor custo/modal, roteirização de veículos e otimização de

equipamentos de transportes.

1.2.4 Warehouse Management System10 (WMS)

Este sistema de gerenciamento de armazéns possui a função de

otimizar o uso dos espaços do armazém para estocagem e retirada de

produtos com o objetivo de minimizar tempos e movimentação. O WMS inicia e

controla as atividades de armazenagem, além de possuir as seguintes

funcionalidades:

a. Agendamento: informa qual o melhor horário e local que a operação

deve ser executada;

b. Recebimento: atuando em tempo real o sistema informa em casos de

existência de divergências (quantidades diferentes do pedido solicitado);

c. Endereçamento: indica os melhores locais para o armazenamento, além

de emitir automaticamente a etiqueta de código de barras;

d. Armazenamento: indica o uso ideal dos equipamentos necessários que

devem ser utilizados na armazenagem solicitada;

e. Separação: o WMS informa qual item é solicitado, o local e o

equipamento ideal para sua movimentação antes de ser levado para a

área de expedição;

f. Expedição: os itens separados são conferidos uma última vez, e

colocados dentro de uma área de confinamento, para embarque ao

destino final; e

10 WMS に Warehouse Management System, importante software da cadeia de suprimentos e fornece a rotação dirigida de estoques e diretivas inteligentes para maximizar o uso do espaço nos armazéns.

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g. Abastecimento de Linhas de Produção: evita que uma linha de produção

deixe de funcionar por falta de um determinado item necessário. O

abastecimento automático de linhas de produção evita que haja

interrupções não programadas, reduzindo custos e aumentando a

produtividade.

Os sistemas de execução empresarial, não somente o WMS, e também

o CRM e o TMS, estão evoluindo para atender necessidades específicas, pois,

os módulos dos ERP‟s não são completamente capazes de desempenhar

algumas das atividades mais importantes (em particular aquelas que agregam

valor), exigidas pelas operações da cadeia de suprimentos.

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CAPÍTULO II

A Logística Integrada e o e-Commerce11 no Brasil

A eficiência da logística será o elemento principal para que as empresas

apresentem suas cadeias de suprimento de forma integrada. Assim garantindo

o desenvolvimento do e-commerce no Brasil. Portanto, para conseguir

maximização de resultados é necessário que as empresas brasileiras

desenvolvam competência logística em suas vantagens comparativas, para

ofertarem serviços superiores a uma parcela maior de clientes neste mercado

tão competitivo. Desta forma, analisamos a importância da sincronização da

cadeia de suprimento; e verificamos a inovação e o toque revolucionário

utilizado no comércio eletrônico.

2.1 O Comércio Eletrônico e seus Impactos na Cadeia de

Suprimento

As práticas em negócios eletrônicos iniciaram-se nos anos de 1970, com

as inovações de Transferência Eletrônica de Fundos12 (TEF), para tornar a

forma de pagamento mais simples, onde um determinado valor é transferido de

uma conta bancária para outra conta. Entretanto, esta operação estava,

apenas, disponível para grandes corporações e para valores muito elevados. A

consolidação deste recurso eletrônico surgiu com o Electronic Data

Interchange13 (EDI) durante o final dos anos de 1990. O EDI é definido como

uma troca inter-empresarial, computador a computador, de documentos

comerciais padronizados para facilitar um alto volume de transações.

11 Tipo de transação realizada eletronicamente envolvendo a comercialização de produtos e/ou serviços. 12 Transferências de valores monetários de maneira eletrônica ocorrendo na própria instituição ou entre diversas instituições. 13 Troca de fluxo de dados estruturados através de uma rede de telecomunicações entre sistemas computacionais.

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Conforme observado por Bowersox; Closs e Cooper (2006), os

benefícios diretos do EDI incluem a melhoria da produtividade a partir da

transmissão mais rápida de informações e de uma redução do re-trabalho. O

desempenho operacional é alavancado pela redução de entradas e

interpretação repetitivas de dados. O EDI impacta diretamente nos custos

operacionais logísticos através: a) do custo reduzido de mão-de-obra e do

material associado à impressão, correio e manuseio de transações com base

no papel; b) do uso reduzido em telecomunicações via voz; e c) dos custos

menores com funcionários.

O desenvolvimento do comércio eletrônico por intermédio da internet

trouxe relevante dinamismo e impactou, de maneira decisiva, a cadeia de

suprimentos. As empresas do mercado brasileiro estão inserindo-se no

comércio eletrônico em grande escala. Vários setores da economia estão

atuando neste tipo de comércio. Além disso, devido a sua onipresença,

anonimato e acessibilidade, ele está proporcionando uma nova “meritocracia”

na qual os participantes mais eficientes e eficazes começam a competir com

bem menos restrições e em melhores condições do que em qualquer outra

época (MEANS; SCHEIDER, 2001).

A análise de Bolçone (2003) mostra que o impacto do comércio

eletrônico na cadeia de suprimentos é subdividido em três categorias

principais, dentro de uma perspectiva de geração de valor agregado: a) o

comércio eletrônico melhora o marketing direto; b) transforma as corporações;

e c) redefine as empresas.

O marketing direto é melhorado devido ao impacto do comércio

eletrônico na promoção do produto; na criação de um novo canal de

distribuição, o que geraria novas oportunidades; à redução do ciclo de tempo;

aos serviços aos clientes e às imagens de empresas e/ou que podem se

consolidarem no mercado através da internet.

A transformação nas corporações ocorreria na criação de novos

modelos de negócios, na redução do quadro de funcionários frente à adoção

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do nível de tecnologia mais elevada, além de uma reestruturação da empresa

por completo devido à necessidade de adaptação à nova economia e

estratégias de mercado.

Para Kalakota e Robinson (2003), o impacto do e-commerce está

acontecendo em três etapas. Na primeira, realizada entre os anos de 1994 e

1997, o comércio eletrônico era caracterizado apenas pela presença da

empresa na internet. O objetivo era tornar a organização conhecida neste

universo digital.

A segunda etapa, ocorrida entre os anos de 1997 aos anos 2000,

iniciou-se as primeiras transações, sendo elas de compra ou venda, através

deste ambiente digital. O foco concentrava-se no fluxo de pedidos e no

faturamento. A preocupação maior era executar “virtualmente” as tarefas antes

realizadas tradicionalmente por documentação física (no papel), não havia um

modelo de negócios muito desenvolvido e eficiente, o que levou à falência de

várias empresas nesta época.

A terceira e última etapa, iniciou-se após os anos 2000 e está presente

até os dias atuais, caracteriza-se pela preocupação das organizações em

utilizar o ambiente virtual (internet) a fim de aumentar sua lucratividade,

apoiado no aprimoramento da arte de combinar competência operacional e

comprometimento, em relação às expectativas e necessidades dos clientes.

Independente da visão utilizada para se analisar o impacto do comércio

eletrônico nas empresas, sabe-se que hoje ainda há um grande número de

empresas que se encontram no ambiente virtual apenas para disponibilizar

informações próprias e de seus produtos, não utilizando as oportunidades

substantivas de crescimento e prosperidade ocasionados pela a aceleração do

avanço do e-commerce.

A tecnologia de rede também cria melhores oportunidades para as

empresas em trajetórias de crescimento, através de conexões eletrônicas –

com empresas, consumidores, governo – o comércio eletrônico incrementa

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eficientemente as comunicações de negócio, para expandir a participação no

mercado, e manter a viabilidade de longo prazo no ambiente comercial.

Segundo Albertin (1998), para se obter melhor desempenho operacional, uma

empresa precisa desenvolver e sustentar a vantagem competitiva. Esta

vantagem era anteriormente baseada nas características estruturais, tais como

poder de mercado, economias de escala ou uma ampla linha de produtos.

Atualmente a ênfase foi movida para as capacidades que permitem uma

empresa entregar consistentemente um valor superior para seus clientes, por

meio de melhor coordenação e gerenciamento de fluxo operacional,

customização de produtos e/ou serviços, e gerenciamento da cadeia de

suprimentos. Ainda conforme de Albertin (1998), o enfoque inovador e

revolucionário do e-commerce pode ser resumido no argumento de que o usual

é avaliar uma nova tecnologia num contexto antigo, ou seja, percebendo como

esta tecnologia permite fazer as coisas atuais de um modo diferente. Neste

enfoque, o comércio eletrônico é considerado como um substituto das práticas

tradicionais de demandar e ofertar produtos e/ou serviços.

2.1.1 O Comércio Eletrônico e a sua Classificação

O comércio eletrônico possui três principais categorias, a partir das suas

aplicações:

a. Mercados Eletrônicos: relacionados geralmente à comercialização

de compra e venda, para produtos e/ou serviços;

b. Sistemas Interorganizacionais: transferência e fluxo de

informação, comunicação e facilitação de maneira interna e

externa na própria empresa ou entre parceiros comerciais; e

c. Serviços aos Clientes: focado exclusivamente ao cliente e em

suas demandas.

Uma das classificações básicas do comércio eletrônico encontra-se na

natureza de suas transações:

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i. Business-to-Business (B2B): destinado a transações empresa-

empresa, sendo o tipo de negociação mais comum;

ii. Business-to-Consumer (B2C): destinado a transações empresa-

consumidor, negociações de venda à consumidores finais;

iii. Consumer-to-Consumer (C2C): realizados entre consumidores,

onde um vende diretamente ao outro;

iv. Consumer-to-Business (C2B): pessoas físicas negociam produtos

e/ou serviços diretamente a empresas;

v. Comércio Eletrônico não Empresarial: realizado por instituições

e/ou organizações sem fins lucrativos, como centros acadêmicos,

organizações não governamentais e grupos religiosos, que visam

à redução de seus custos para melhorem seus serviços.

Podemos incluir, ainda, as transações dos governos com as empresas,

os cidadãos e entre outros governos, pois mesmo não se caracterizando como

comércio eletrônico, executa serviços de arrecadação (impostos, taxas e

contribuições), utilidade pública, editais, leilões e muitos outros.

As empresas que atuam com logística integrada na cadeia de

suprimentos têm percebido a necessidade de rápidas adaptações frente a

esses novos mercados. Portanto, a busca pela integração, visando agregar

valor aos produtos e/ou serviços conforme a demanda do cliente é

extremamente necessária, para manter a competitividade.

2.2 A Logística Tradicional e a Logística na Era Digital

Vale à pena mencionar que a idéia da informação caracterizada pelo alto

desempenho, precisão, acessibilidade e, sobretudo, magnitude tornou-se o

padrão. Na abordagem de Bowersox; Closs e Cooper (2006), a internet,

operando em velocidade de rede, transformou-se em um meio econômico para

conduzir transações, e atingiu seu potencial em distribuição eletrônica direta ao

consumidor e entre empresas, incluindo também os governos.

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Conduzida por essa força tecnológica, uma nova economia digital

emergiu rapidamente. O que começou durante a última década do século XX e

que continuará a se desdobrar no século XXI, nessa “Era Digital” de negócios,

a conectividade (EDI, B2B, B2C, C2C e etc.), tornou possível uma nova ordem

de relacionamentos nos negócios.

A evolução logística mostra que sua participação é cada vez mais

importante para se alcançar a liderança. Esse comprometimento com o cliente,

em uma estrutura de baixo custo, constitui os desafios e as oportunidades de

novos negócios para uma proposta de valor logístico agregado. Pois, ao

mesmo tempo em que se busca uma melhor qualidade nos produtos e/ou

serviços, ocorre uma acirrada competição entre as empresas exigindo prazos

cada vez menores nos ciclos dos pedidos.

O desenvolvimento do comércio eletrônico possui um potencial de

revolucionar a maneira de executar as operações nas empresas. Neste

panorama, o desenvolvimento na gestão da cadeia de suprimento e a sua

integração logística proporcionam ganhos significativos de produtividade, re-

engenharia de processos, redução de custos operacionais e a eliminação de

funções que não agregam valor.

Na abordagem de Lambert e Stock (1998), o desenvolvimento e a

expansão da logística integrada ocorreram, nos últimos anos, em função de

uma série de aspectos como:

a. Desregulamentação: da jusante à montante criando uma cadeia

de valor agregado para garantir a manutenção da

competitividade;

b. Geração de Valor: uma logística integrada eficiente proporciona

uma geração de valor a todos os membros da cadeia de

suprimentos;

c. Globalização: maior disponibilidade de informação para

composição dos custos;

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d. Mudança de Poder: a mudança de poder da indústria para os

parceiros comerciais como fornecedores, distribuidores,

revendedores e varejistas, desta forma alterando a forma de

organizar a estrutura logística; e

e. Tecnologia da Informação: as empresas passam a monitorar

todas as transações e os fluxos de informação na produção,

transporte, armazenamento e distribuição em toda a cadeia de

suprimentos.

A evolução da logística integrada serve para relacionar e sincronizar a

cadeia de suprimentos enquanto um processo de fluxo contínuo, sendo

fundamental para sua total integração. A estratégia principal é saber como

alavancar o nível de serviços logísticos (inventário, informação e desempenho)

num mercado onde existem grandes desafios e oportunidades de negócios.

Nesse sentido, proporcionar ao cliente um atendimento certo, na quantidade

desejada, no local e prazo corretos, sem avarias e com ausência de falhas no

seu processamento. Para desta forma, garantir a geração de valor nas

transações do comércio eletrônico.

Observamos na Tabela 2.1 as variações entre a Logística Tradicional e a

Logística da Era Digital no e-commerce. O comércio eletrônico demanda tipos

específicos em seu atendimento, para a logística tradicional este tipo de

atendimento é inviável mesmo para estruturas mais robustas e altamente

competentes.

Tabela 2.1 – Variações entre as Logísticas: Tradicional e no e-commerce

Variações na Logística Tradicional e-commerce Tipo de Carregamento Paletizado Pequenos Pacotes Clientes Conhecidos Desconhecidos Estilo de Demanda Empurrada Puxada Fluxo Estoque/Pedido Unidirecional Bidirecional Responsabilidade Um Único Elo Toda Cadeia de

Suprimento Demanda Estável e Consistente Incerta e Fragmentada

Fonte: (Adaptado a partir de FLEURY e MONTEIRO, 2000, p.7).

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Esta tabela apresenta, de maneira geral, maior especificidade quando o

segmento logístico da cadeia de suprimento atua no comércio eletrônico.

Sendo necessária uma completa re-engenharia de processos, para

acompanhar esta gama tão diversificada com forte tendência a customização

da demanda.

2.3 Considerações da Logística em Transportes no Brasil

Esta seção limita-se a expor apenas uma visão panorâmica da logística

em transportes no Brasil, apresentando sua evolução de maneira simples e

concentrando-se nos seus determinantes básicos. Até os anos de 1950, a

economia brasileira era fomentada pelo modelo primário-exportador, e com

isso o sistema de transportes limitou-se aos modais aquaviário e ferroviário.

Com a aceleração do processo de industrialização, promovidos pelas

substituições de importações, os projetos políticos concentraram seus esforços

no setor rodoviário, com prejuízo para as ferrovias e as hidrovias,

especialmente na área da indústria pesada e extração mineral. Como

resultado, o setor rodoviário, o mais caro depois do aéreo, movimentava no

final dos anos de 1990 mais de sessenta por cento das cargas.

A origem da nossa rede de transportes ligando todo o país nasceu com

as democracias desenvolvidas, em especial no período que compreende os

governos de Getúlio Vargas até Juscelino Kubitscheck. Naquela época, o

símbolo da modernidade e do avanço em termos de transporte era o modelo

rodoviário – basicamente centrado no automóvel. Isso promoveu um foco maior

nas licitações e nos novos projetos para construções de diversas rodovias

integrando todas as regiões do país.

O atual modelo de intervenção do Estado como mantenedor da infra-

estrutura básica é inadequado. Há necessidade de uma nova organização

aparelhada para assumir estudos, de planejamento e acompanhamento: a) da

logística dos transportes; b) da intermodalidade; c) da melhor gestão dos

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recursos públicos; e d) das diretrizes para a realização dos investimentos

privados.

A conseqüente falta de investimentos e da deficiência da gestão da

estrutura, gera a preocupante situação de desvantagem competitiva do Brasil

em relação a seus concorrentes no mercado internacional. Desta forma,

criando gargalos operacionais que podem a partir de uma cadeia de

suprimento ineficiente em sua logística integrada, limitar o desenvolvimento do

e-commerce no país.

A logística em transportes no Brasil apresenta, neste setor, as principais

características: a) predominância do modal rodoviário; b) fragmentação dos

prestadores de serviços em transportes (aproximadamente 12 mil provedores

deste serviço); c) baixo nível de integração; e d) grande número de autônomos

atuando na “última milha”, cerca de 350 mil transportadores rodoviários

(FUERTH; DANTAS, 2007).

O desbalanceamento da Matriz de Transportes Brasileira, conforme

apresentada na Tabela 2.2, é um dos fatores que levam o setor a uma baixa

eficiência. Ocasionado por políticas de desenvolvimento apoiadas,

predominantemente, no modal rodoviário, menos eficiente para grandes

deslocamentos, no Boletim Estatístico de 2009 da Confederação Nacional do

Transporte (CNT), o modal rodoviário de carga possui a participação de

61,10% de nossa Matriz.

Tabela 2.2 – Estrutura da Matriz do Transporte de Cargas

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL PARTICIPAÇÃO (%)

Rodoviário 61,10 Ferroviário 20,70 Aquaviário 13,60 Dutoviário 4,20 Aéreo 0,40 Total 100,00

Fonte: (Extraído da AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES (ANTT), 2006

apud CNT, 2009, p.1).

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28

Portanto, torna-se essencial implementar ações que busquem

incrementar os indicadores de eficiência no setor de transportes de cargas.

Para proporcionar e fomentar um melhor equilíbrio na utilização de outros

modais e que possa, aos poucos, eliminar as externalidades negativas geradas

por um sistema ineficiente.

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29

CAPÍTULO III

Entraves e Boas Práticas do e-Commerce no Brasil

A aceleração no avanço do comércio eletrônico está gerando uma gama

de oportunidades substantivas de crescimento e prosperidade, mudando não

só a maneira de comercialização como também a forma que se entrega o

produto e/ou serviço. Entretanto, as empresas demandam maior eficiência nas

suas cadeias de suprimentos. O desafio maior é saber como alavancar o nível

de serviço logístico (inventário, informação e performance) numa estratégia de

comprometimento com o cliente/servidor, num mercado onde existem grandes

desafios e oportunidades de negócios.

3.1 Ameaças e Gargalos Operacionais

Mesmo consolidado no mercado nacional, o comércio eletrônico ainda

possui diversos gargalos operacionais que precisam ser vencidos. Entre estes

gargalos destaca-se a logística integrada em transportes como um dos fatores

críticos de seu sucesso. Frente ao desenvolvimento tecnológico no e-

commerce brasileiro, a demanda por serviços de melhor qualidade vem

aumentando. Apesar do grande momento vivido pelo setor, alguns problemas

são identificados neste tipo de transação como a disponibilidade em estoque,

ausência de entrega, entrega(s) errada(s), fora das especificações e do prazo.

Até o fim de 2010, a e-Bit Informação14 espera que o setor movimente um total

de R$-14,30 bilhões com vendas. Apenas o Natal, data mais importante para o

setor, deve garantir uma participação entre 15% e 20% deste montante

(E-BIT, 2010). Para alcançar uma melhor qualidade logística em transporte

será necessária uma avaliação precisa da disponibilidade (inventário) e do

desempenho logístico (informação e performance). As empresas brasileiras

14 Empresa brasileira, fundada em 2000, pioneira na realização de pesquisas sobre hábitos e tendências de e-commerce no Brasil.

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serão forçadas a inovar constantemente suas formas de integração logística

para acompanhar o alto grau de competitividade.

Outra ameaça que surge para comprometer o nível de qualidade na

logística é a deficiência na infra-estrutura de apoio, que prejudica o

desempenho na cadeia de suprimentos. Extremamente importante para o

aumento da produtividade e melhoria da qualidade nos serviços de transporte,

o uso de ferramentas de tecnologia da informação ainda é pouco difundido no

setor. Apenas 5% das empresas de transportes utilizam roteirizadores para

definir suas rotas. Além disso, apenas 46,80% delas informatizaram o controle

de suas frotas (CEL/COPPEAD-UFRJ, 2002 apud CNT, 2010).

Além disso, há grande perda de produtividade da emissão do

Conhecimento de Transporte Rodoviário de Carga (CTRC), pois, são poucas

as empresas que trocam informações por EDI com os embarcadores a fim de

evitar dupla digitação de dados relativos aos clientes e as mercadorias

embarcadas. Essa falta de compartilhamento, de informações entre as

empresas, gera problemas maiores em barreiras de fiscalização (atrasos,

multas e até retenção de mercadorias), em função do erro de digitação no

momento da emissão dos documentos relativos ao transporte.

Torna-se necessário e fundamental a re-engenharia de processo, pois,

as decisões estratégicas nas empresas deverão, necessariamente, passar por

tais questões: a) construir modelos de gerenciamento de estoques baseados

na retirada das mercadorias (e/ou serviços) pelos consumidores – demanda

altamente puxada; b) empregar métodos avançados de regressão para estimar

a previsão que impacte em toda a cadeia de suprimento; e c) investir

coletivamente em equipamentos de alto desempenho e tecnologia.

Assim, o sucesso dos modelos de logística depende da integração

perfeita do gerenciamento e da execução da produção, do planejamento da

entrega e da integração de todos os sistemas de informação. Tudo isso

baseado em relacionamentos e parcerias com uso intensivo de tecnologias que

garantam o fluxo ágil de materiais e informações. Para que desta forma, os

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gargalos operacionais sejam reduzidos para o surgimento de áreas de

expansões nesta cadeia de suprimentos. Desta forma, fomentando um melhor

desempenho da logística integrada no e-commerce.

3.2 Oportunidades e Áreas de Expansões

A logística integrada que visa cumprir os prazos, prometidos aos

consumidores, aliada ao serviço de atendimento ao cliente (SAC) na pós-

venda, são os fatores competitivos ainda mais decisivos e determinantes no

sucesso deste empreendimento virtual. Até mesmo a questão da segurança

que antes era a última grande barreira, para o avanço deste mercado; já

conquistou uma melhor aceitação em diversos consumidores. Hoje é possível

comercializar com maiores garantias, um bom exemplo é a ferramenta de

Pagamento Digital15, que funciona como um intermediador entre o vendedor e

o comprador, assim oferecendo mais segurança ao gerenciar o risco nas

transações comerciais não presenciais.

O comércio eletrônico necessita de um nível de serviço diferenciado

ocasionado pela dinâmica de sua própria estrutura. O que provoca alterações

na logística integrada para atender as exigências dessas novas demandas. Os

serviços desejados precisam ser eficientes, rápidos, precisos e adequados a

uma condição enxuta de custos. Para isto é necessário uma perfeita integração

logística, dentro da cadeia de suprimento, para alcançar uma melhor qualidade.

Assim, será necessária uma avaliação precisa da disponibilidade (inventário) e

do desempenho logístico (informação e performance), pois é a cadeia de

suprimentos em si que irá viabilizar o nível de serviço desejado a um custo

viável.

15 Serviço de gerenciamento de risco. O comprador tem até 14 dias após o pagamento para bloquear o repasse do valor à loja virtual caso houver alguma divergência ou não recebimento do produto. Caso seja confirmada sua denúncia, o valor é creditado em sua conta do Pagamento Digital ou estornado em sua fatura do cartão de crédito.

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A integração logística em sua essência não se altera, o que muda é a

sua dinâmica e estrutura para atender as novas demandas. As exigências

estão voltadas para uma logística integrada cada vez mais intensiva em

tecnologia, informação em tempo real e equipamentos de alta performance.

Para se difundir entre todos os membros da cadeia de suprimento, exigindo

uma ampla integração do fluxo de processos dentro das empresas e fora

destas com seus fornecedores e clientes. Indubitavelmente essas alterações

continuarão, para que novas integrações sejam criadas e/ou re-inventadas,

unificando custos e gerando valor agregado aos clientes de toda a cadeia.

Assim é possível analisar tendências e eventuais desdobramentos,

porém não se tem condição de prever com segurança os caminhos desse setor

da economia, entretanto, há espaço para inovações criativas. A utilização de

uma logística integrada eficiente, em uma nova estratégia, é capaz de criar,

dentro das empresas, uma sincronização entre todos os departamentos.

Para um país como o Brasil, com dimensões continentais e uma

população de aproximadamente 190 milhões de pessoas, as transações em

comércio eletrônico ainda é novidade e atinge apenas uma pequena parcela da

população de potenciais consumidores. Mas este cenário já apresenta

alterações, pois, presente no mercado há mais de 10 anos, o e-commerce

começa a cair no gosto dos consumidores e aguarda dias melhores

(navegação de melhor qualidade com ampliação do acesso à banda larga nas

classes D e E, melhoria da tecnologia 3G16 e maior inclusão digital) para

continuar sua ascensão.

Portanto, os fatores analisados demonstram que o investimento em

tecnologia e o planejamento estratégico na logística integrada poderão garantir

a manutenção competitiva da empresa, além de agregar valor à marca,

conquistar os melhores fornecedores e clientes, criando vantagem competitiva

e crescimento dos lucros em escala. De maneira geral, é válida a

16 Terceira Geração dos padrões de tecnologias em telefonia móvel. A tecnologia 3G permite às operadoras de telefonia, a partir das suas redes, oferecerem aos seus clientes/usuários uma ampla gama dos mais avançados serviços por comunicação em voz e transmissão de dados.

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recomendação da importância da aplicação da logística integrada como

ferramenta de gerenciamento da qualidade na cadeia de suprimentos.

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CONCLUSÃO

Na abordagem que tratou da logística integrada na cadeia de suprimento

como um possível fator limitador do e-commerce no Brasil, é importante

destacar que a aceleração no avanço do comércio eletrônico está gerando uma

gama de oportunidades substantivas de crescimento e prosperidade. Por esta

razão, a metodologia utilizada com base em pesquisa bibliográfica foi

fundamental para constatar que, dependendo das características estratégicas e

dos gargalos operacionais existentes, a cadeia de suprimento pode tornar-se

ineficiente em sua logística integrada, assim, limitando o desenvolvimento do e-

commerce no Brasil.

Desta forma, a evolução logística mostra que sua participação é cada

vez mais importante para se alcançar a liderança. Esse comprometimento com

o cliente, em uma estrutura de baixo custo, constitui os desafios e as

oportunidades de novos negócios para uma proposta de valor logístico

agregado. Pois, ao mesmo tempo em que se busca uma melhor qualidade nos

produtos e/ou serviços, ocorre uma acirrada competição entre as empresas

exigindo prazos cada vez menores nos ciclos dos pedidos.

A logística integrada aliada ao serviço de atendimento ao cliente (SAC)

são os fatores determinantes e decisivos para o sucesso desta nova economia

digital no mercado nacional. Tornando possível uma nova ordem de

relacionamento nas transações comerciais. O comércio eletrônico necessita de

um nível de serviço diferenciado ocasionado pela dinâmica de sua própria

estrutura. Os serviços desejados precisam ser eficientes, rápidos, precisos e

adequados a uma condição enxuta de custos para acompanhar esta forte

tendência de customização da demanda.

No âmbito geral, a logística integrada não se altera, o que muda é a sua

dinâmica e estrutura para atender as novas demandas. As exigências estão

voltadas para uma logística integrada cada vez mais intensiva em tecnologia,

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informação em tempo real e equipamentos de alto desempenho. Para se

difundir entre todos os membros da cadeia de suprimento, exigindo uma ampla

integração do fluxo de processos dentro das empresas e fora destas com seus

fornecedores e clientes. Indubitavelmente essas alterações continuarão, para

que novas integrações sejam criadas e/ou re-inventadas, unificando custos e

gerando valor agregado aos clientes de toda a cadeia.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 06

CAPÍTULO I A EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA INTEGRADA NA CADEIA DE SUPRIMENTOS 09 1.1 – DA ARTE DA GUERRA À LOGÍSTICA INTEGRADA – A HERANÇA MILITAR 09 1.2 – SISTEMAS DE GESTÃO EMPRESARIAL (SGE) 12

1.2.1 – ENTERPRISE RESOURCE PLANNING (ERP) 13 1.2.2 – CUSTOMER RELATIONSHIP MANAGEMENT (CRM) 16 1.2.3 – TRANSPORTATION MANAGEMENT SYSTEM (TMS) 16 1.2.4 – WAREHOUSE MANAGEMENT SYSTEM (WMS) 17

CAPÍTULO II A LOGÍSTICA INTEGRADA E O E-COMMERCE NO BRASIL 19 2.1 – O COMÉRCIO ELETRÔNICO E SEUS IMPACTOS NA CADEIA DE SUPRIMENTO 19

2.1.1 – O COMÉRCIO ELETRÔNICO E A SUA CLASSIFICAÇÃO 22 2.2 – A LOGÍSTICA TRADICIONAL E A LOGÍSTICA NA ERA DIGITAL 23 2.3 – CONSIDERAÇÕES DA LOGÍSTICA EM TRANSPORTES NO BRASIL 26

CAPÍTULO III ENTRAVES E BOAS PRÁTICAS DO E-COMMERCE NO BRASIL 29 3.1 – AMEAÇAS E GARGALOS OPERACIONAIS 29 3.2 – OPORTUNIDADES E ÁREAS DE EXPANSÕES 31

CONCLUSÃO 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36

ÍNDICE 38

ÍNDICE DE FIGURAS 39

ÍNDICE DE TABELAS 40

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.1 – O ERP integra a informação de todos os departamentos 13

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1.1 Evolução dos Sistemas de Gestão Empresarial (SGE) 14

Tabela 2.1 Variações entre as Logísticas: Tradicional e no e-commerce 25

Tabela 2.2 Estrutura da Matriz do Transporte de Cargas 27