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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A “MECA NIZ AÇÃO” D O HOMEM FRENTES ÀS DIFERENTES FORMAS DE GESTÃO DO TRABALHO MARINALVA DA PAZ AROUCA ORIENTADOR: PROF. ANTÔNIO FERNANDO VIEIRA NEY RIO DE JANEIRO ABRIL/2006

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A “MECANIZAÇÃO” DO HOMEM FRENTES ÀS

DIFERENTES FORMAS DE GESTÃO DO TRABALHO

MARINALVA DA PAZ AROUCA

ORIENTADOR:

PROF. ANTÔNIO FERNANDO VIEIRA NEY

RIO DE JANEIRO

ABRIL/2006

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A “MECANIZAÇÃO” DO HOMEM FRENTES ÀS

DIFERENTES FORMAS DE GESTÃO DO TRABALHO

RIO DE JANEIRO

ABRIL/2006

Trabalho monográfico apresentado como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em gestão de recursos humanos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, ao professor Antônio Fernando Vieira Ney pela

revisão dos textos, a todo corpo discente e docente do

Curso de Gestão de Recursos Humanos que me

enriqueceu intensamente durante esta trajetória e a todos

os amigos e familiares que contribuíram e me auxiliaram

direta ou indiretamente para a confecção desse trabalho

acadêmico.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho monográfico a minha querida mãe,

minha grande e eterna amiga.

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RESUMO

Este trabalho discute o processo de mecanização do homem diante

dos diferentes modelos de gestão do trabalho, além de tratar de questões

ligadas ao conceito de trabalho, dos aspectos desfavoráveis da tecnologia no

mundo dos negócios, as conseqüências do excesso do trabalho sobre a saúde

e aspectos de qualidade de vida no trabalho a partir de pressupostos teóricos

de autores como Albornoz (2002), Frigotto (2002), Kuenzer (2001), Hyrigoyen

(2002) entre outros. A partir de um estudo bibliográfico, relacionamos

conceitos/teorias, constatando a realidade do universo do trabalho e propondo

como o pedagogo na empresa pode contribuir para minimizar os efeitos da

gestão atual.

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METODOLOGIA

O presente trabalho monográfico nasce a partir de um estudo

bibliográfico que apresenta conceitos/teorias sobre o mundo do trabalho e suas

diferentes gestões. Assim, é possível acurar uma análise crítica a luz de teorias

de variados autores frente uma coletânea de informações sobre o universo do

trabalho, englobando mudanças referentes às diferentes formas de gestão e

organização do trabalho, conseqüências da evolução tecnológica no campo do

trabalho, além de abordar as ações possíveis para a melhoria da qualidade de

vida e bem-estar do trabalhador.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I 09

O QUE É TRABALHO? 09

CAPÍTULO II 16

MODELOS DE GESTÃO 16

2.1. Modelo de gestão fordista / taylorista no século XX 16

2.2. Modelo de flexibilidade no século XXI 20

CAPÍTULO III 23

CONSEQUÊNCIAS DA EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA PARA O MODELO DE

GESTÃO ATUAL 23

CAPÍTULO IV 32

BEM-ESTAR E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UMA AÇÃO DE

MELHORIA QUE O PEDAGOGO NA EMPRESA PODE IMPLEMENTAR 32

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA 39

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INTRODUÇÃO

Este presente trabalho monográfico pretende caracterizar o processo

de mecanização do homem frente os diferentes tipos de gestão no trabalho,

além de identificar conceitos relativos ao trabalho, o papel da tecnologia no

campo profissional, a importância da qualidade de vida no trabalho e analisar

os métodos de gestão predominantes, adotados pelas organizações no século

XX e atualmente no início do século XXI, a partir de estudos bibliográficos de

autores como Albornoz (2002), Friggoto (2002), Kuenzer (2001), Hyrigoyen

(2002) entre outros.

A opção por este tema nasce pela necessidade de um entendimento

mais amplo do papel do homem inserido no mercado de trabalho, a partir de

uma visão humanista, pois notamos a existência de uma intencionalidade de

mecanizar o ser humano no mundo dos negócios para a contínua superação

da produtividade, não considerando o lado humano e subjetivo do indivíduo, lhe

acarretando sentimento de desvalorização, angústia, insegurança, além de

sérias conseqüências sobre a saúde.

Certamente não tenho a pretensão de esgotar todo o assunto, porém,

escrevo com a intenção de reunir informações e conhecimentos que possam

servir para a obtenção de uma reflexão mais profunda sobre o sentido do ser

humano na sociedade capitalista em relação ao trabalho e as conseqüências

pessoais existentes neste mundo desigual, sabendo que estas discussões no

campo do trabalho cresceram muito nestes últimos anos, juntamente com as

mudanças de gestão do trabalho que pouco a pouco vem tomando espaço na

sociedade capitalista.

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CAPÍTULO I

O QUE É TRABALHO?

Segundo o dicionário filosófico mencionado por Albornoz (2002:11), o

homem trabalha quando coloca em atividade suas forças espirituais ou

corporais, almejando um fim a ser alcançado. Entretanto, mesmo que não se

produza nada prontamente concreto com o esforço do estudo, o trabalho de

ordem intelectual corresponde àquela definição tanto quanto o trabalho

corporal, embora perceptível, um produto concreto ou uma mudança de estado

ou situação, assim, resume-se no esforço para a realização de objetivos.

A autora aponta que o trabalho tem vários significados frente às

diversas disciplinas das ciências naturais e sociais, sabe se que em física, o

trabalho é o nome do produto entre força e deslocamento de um corpo em

movimento que realiza o tempo. Já a fisiologia diz que o músculo realiza o

trabalho, embora não se possua nenhum objetivo consciente do músculo. Em

sociologia, quando se fala de trabalho, quase sempre está no contexto da

divisão do trabalho social, esquecendo-se o esforço feito no isolamento, com

gratuidade, ou sem produto prontamente aparente.

Vários autores tais como Albornoz (2002), Shinyashiki (2001) e Frigotto

(2002) fazem menção a origem da palavra trabalho que vem do latim tripaliare,

que significa torturar, que por sua vez vem de tripalium, instrumento de tortura.

Sob este enfoque, o trabalho através dos tempos parece ser o maior

instrumento de opressão e exploração do ser humano por outro ser humano.

Durante muitos anos, a escravidão esteve presente na realidade do mundo, em

que os sujeitos trabalhavam como castigo e por ser classificado como inferior.

A escravização dos mais fracos, dividindo a sociedade em pessoas que

mandam e as que obedecem.

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Conforme o filósofo alemão Max Scheler (apud Albornoz, 2002), o

trabalho se distingue em três diferentes sentidos: o de uma atividade humana

às vezes até animal ou mecânica; o de produto coisificado de uma atividade; o

de uma tarefa ou fim apenas imaginado.

Sob esta perspectiva, o trabalhar com consciência e intencionalidade é

o que difere o trabalho do homem do trabalho do animal.

(...) o que distingue o pior arquiteto da melhor abelha é

que ele figura na mente sua construção antes de

transformá-la em realidade. No fim do processo de

trabalho, aparece um resultado que já aparecia antes

idealmente na imaginação do trabalhador. (MARX apud

KUENZER, 2001: 35)

Para Marx (apud Kuenzer, 2001), o trabalho é distinguido em duas

dimensões: o trabalho como mundo da necessidade, o ser considerado

histórico-natural que precisa produzir os meios da manutenção de sua vida

biológica e social, e o trabalho como mundo da liberdade, em que o ser

humano pode usufruir do trabalho mais humano, o trabalho criativo e livre ou

trabalho não delimitado pelo campo das necessidades.

O trabalho, como criador de valores de uso, como

trabalho útil, é indispensável à existência do homem –

quaisquer que sejam as formas de sociedade – é

necessidade natural e eterna de efetivar o intercâmbio

material entre o homem e a natureza, e, portanto, de

manter a vida humana. (MARX apud KUENZER, 2001)

O trabalho na visão marxista é o meio de mediação com a natureza e

entre os homens. Representa a expressão das formas de propriedade que

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geram desigualdade social, que por sua vez, é socialmente construída, surge

pelo caráter coersitivo e dominador que a sociedade exerce sobre os homens.

Desta maneira, surgem as classes distintas: os proprietários dos meios

e instrumentos de produção e os não-proprietários, em que os indivíduos

vendem sua força de trabalho. Neste sentido, nasce o trabalho assalariado e

transforma-se o trabalho em valor de troca para a geração de mais lucro e mais

capital.

Neste contexto, a ciência e a tecnologia têm grande valor quando

consideradas elemento de uso na tarefa e para melhoria das condições de vida

e como meio de ampliação do tempo livre, porém, nas relações sociais

capitalistas são construídas em maior parte como força mutiladora, a partir da

exploração do trabalho e como geradora de desemprego.

Ainda conforme o autor, com a alienação do indivíduo a classe

capitalista constrói uma ideologia baseada no lado positivo do trabalho,

fundamental para a ordem social capitalista, em que se cria a idéia de que um

bom cidadão é aquele que trabalha.

Com a alienação do indivíduo o trabalhador perde o controle sobre o

seu trabalho e passa a ser considerado como mercadoria pela sua força de

trabalho, ocasionando a exploração.

Frigotto (2002) menciona a origem da palavra alienar, que vem do latim

e significa transferir a outrem o seu direito de propriedade.

Hoje em dia, os indivíduos vivem atormentados de preocupações

relacionadas ao trabalho, com metas a alcançar e problemas a enfrentar, com

isso, não consegue se desligar do ritmo do trabalho e não considera suas

próprias necessidades afetivas, esquece-se do valor da família e a importância

do tempo para o lazer.

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Na concepção de Shinyashiki (2001), o trabalho, para a maioria das

pessoas, é visto e sentido como uma ação sem prazer, um esforço rotineiro e

repetitivo, objetivando a subsistência e não a realização pessoal.

Para ele, desde a infância, as crianças têm uma referência negativa do

trabalho, pois seus pais chegam cansados e insatisfeitos. Além disso, sua

educação é normalmente voltada para a preparação para o mercado de

trabalho, além do antigo conceito de que somente o pobre tem que trabalhar e

a idéia que o trabalho afasta as pessoas que amamos.

De acordo com Shinyashiki (2001), o trabalho não tem apenas o

objetivo de gerar dinheiro, mas de acarretar outros benefícios como o

crescimento pessoal, a geração de novas competências e o amadurecimento.

Porém, para a maioria das pessoas, o trabalho parece resumir-se em sacrifício

para garantir a sobrevivência, para outras o trabalho se torna uma alegria, pois

o indivíduo se identifica com as suas tarefas, não se dedica a sua missão com

obrigação e sim com prazer.

O autor propõe então, que o trabalho seja uma alavanca para a

estimulação do desenvolvimento pessoal, sabendo que ele envolve a

capacidade de pensar de tomar decisões, de encontrar soluções e de lidar com

gente.

Cabe mencionar, portanto, sobre a divisão do trabalho como

conseqüência do processo de industrialização, compondo o mecanismo de

aceleração do processo produtivo e enfraquecendo o trabalho artesanal.

Conforme descreve Kuenzer (1995), as conseqüências do processo de

industrialização compõem a divisão do trabalho, a produção em série e a

urbanização.

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Com o objetivo do aumento da produção em série e aceleração no

processo de trabalho, cada assalariado exerce uma atividade específica

sucessivamente da mesma forma, fragmentando as atividades.

Dessa maneira, rompe-se todas as relações interpessoais, onde não

há tempo para conserva, somente para o trabalho, visando sempre a

produtividade. No entanto, com esta gestão proveniente do mundo da fábrica, a

sociedade divide-se em duas classes: proprietários dos meios de produção e

trabalhadores assalariados que tem somente sua força de trabalho e a

comercializa aos empresários para produzir mercadorias em troca de

remuneração.

Derivado de todas estas transformações nas formas de trabalho, os

camponeses deixam de ter trabalho no campo ou são expulsos de suas terras,

vão buscar trabalho nas cidades e são incorporados pela indústria nascente.

Os avanços da medicina preventiva e sanitária e o controle das epidemias

favorecem o crescimento demográfico gerando o êxodo rural, aumentando

assim, a oferta de trabalhadores para a indústria.

Para Adam Smith (apud Kuenzer, 2001) com a divisão do trabalho e o

nascimento dos mercados, o progresso material da sociedade se deu

efetivamente, com isso, ele cria uma ideologia de recomposição do trabalho

como mostra abaixo:

(...) é em decorrência da divisão do trabalho com sua

multiplicação de produções e com o aumento da

produtividade que, numa sociedade bem governada, a

riqueza universal se estende a toda a população; cada

operário tem aumentada sua capacidade produtiva, o que

lhe permite trocar seu excedente por grande quantidade

de produtos. (KUENZER, 2001: 28)

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Neste sentido, a divisão do trabalho permitiria que pela execução da

tarefa específica, o desenvolvimento das habilidades específicas, a troca pelo

excedente de trabalho pelo excedente do produto do seu próprio trabalho,

assim os dois lados ganhariam, os patrões com maiores lucros e os

trabalhadores por sua vez, com maiores salários.

Sob esta perspectiva, a análise marxista realizada no século XIX e

trazida aqui pela Kuenzer, parte da crítica do tempo transformado em produto,

a partir do conceito de mais valia que gera valor-extra, excedente, da rotina e

da divisão do trabalho, que aliena o trabalhador retirando-lhe o controle sobre o

trabalho, limitando-o apenas em pequenas funções que exigiam pouco

pensamento.

Contudo, Sennett (2005) aponta que conforme o pensamento de

Taylor, os trabalhadores não precisariam entender todo o processo e sua

complexidade, sua atenção deveria estar voltada e focada especificamente

para suas pequenas operações, assim, trabalhariam mais eficientemente. As

ações dos funcionários eram cronometradas para que não houvesse perda de

tempo, contudo, Taylor não temia a contestação de seus métodos, porquanto

tinha absoluta certeza que suas “cobaias humanas” sempre agiriam

passivamente a exploração e a manipulação. Com isso, Taylor afirmava que a

divisão do trabalho é um excelente aliado para a diminuição dos custos de

produção, em que a fragmentação da tarefa reduz o tempo e aumenta a

habilidade, não necessitando que o trabalhador se ocupe com o aprendizado

do processo.

A posição do homem na não identificação com a tarefa executada e o

produto final, traz um caráter de alienação em que “a ação do homem

transforma-se para ele num poder estranho que se lhe impõe e o subjuga, em

vez de ser ele a dominá-la.” (p. 40)

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Marx (apud Kuenzer, 2001) tem a idéia de que a produção capitalista é

mutiladora do ser humano, pois o desvincula do sentido do trabalho, assim, o

trabalho sem criatividade e sem prazer, o não reconhecimento de sua obra, de

sua ação e se sua atividade em seus produtos desmotiva e empobrece o

indivíduo no seu campo de trabalho, pois o indivíduo se constrói a partir das

relações humanas e na relação homem e natureza pelo trabalho, por isso a

necessidade de uma construção de um mundo humanizado.

Como ficou exposto, podemos perceber que com a divisão do trabalho

houve uma acentuada mudança no mecanismo de produção através da

racionalização das tarefas e o enfraquecimento do modelo artesanal de

trabalho. Com isso, cabe mencionar os modelos de gestão taylorista – fordista

no século XX que participaram do início deste processo e o modelo de

flexibilidade que estão explicitados no capítulo a seguir.

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CAPÍTULO II

MODELOS DE GESTÃO

2.1. Modelo de gestão fordista / taylorista no século XX

As novas relações de produção fordista / taylorista permeiam a

transição do sistema artesanal para o processo produtivo com a introdução das

máquinas, a partir da mudança da forma de organização do trabalho pela

racionalização do processo produtivo.

Neste sentido, a revolução industrial começa na Inglaterra em meados

do século XVIII e a partir do avanço das máquinas e o surgimento das fábricas,

expandem a produção global, com ritmo do trabalho acelerado, grande mão de

obra e muitas horas trabalhadas diariamente.

Adam Smith (apud Kuenzer, 2001) se apresenta como um dos

percussores da economia política da nova organização do trabalho no modo

capitalista com o favorecimento da burguesia.

Desenvolvendo a teoria do valor-trabalho, Smith (1978)

mostra que a riqueza de uma nação depende

fundamentalmente do aumento da produtividade do

trabalho, que decorre do grau crescente de

especialização determinado pela complexificação da

divisão do trabalho. (KUENZER, 2001: 26)

Kuenzer (2001) aponta que Frederick W. Taylor (1856-1915) é

responsável pela criação da Teoria Geral da Administração, que objetivava a

racionalização do processo produtivo para a geração do acúmulo crescente de

capital, a economia e o controle de tempo, contemplando a máxima “tempo é

dinheiro”.

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Neste modelo de gestão, a hierarquia, a especialização, a autoridade e

o controle se apresentam como pontos principais desta nova organização.

Assim, o planejamento das tarefas e das ações dos trabalhadores era realizada

por especialistas (gerência) e consequentemente, o trabalhador perdia o poder

sobre o ritmo e o tempo da execução do trabalho. Ocorre, assim, a separação

entre planejar e executar.

Este modelo taylorista / fordista segue gerenciando a padronização e a

produção em série como condição para a redução de custos e aumento da

produtividade, sendo fundamental a hierarquia e a disciplina.

Kuenzer (2001) aponta que, com a organização capitalista, Taylor

separa a concepção (cérebro, patrão) da execução (mãos, operário) e assim

nega ao trabalhador qualquer manifestação criativa ou participação.

Neste aspecto, a gerência se ocupa totalmente pela maneira e

planejamento da execução e pela imposição da mesma, fortalecendo a

concepção de incapacidade do operário a cerca deste processo de

conhecimento, monopolizando o saber e o controle, expropriando o

conhecimento sobre o trabalho.

Assim, Taylor institucionaliza definitivamente a

heterogestão como fundamento básico da organização

capitalista do trabalho, tirando do trabalhador a

possibilidade de pensá-lo, criá-lo, controlá-lo. (KUENZER,

2001: 30)

Nesta gestão taylorista, a disciplina é rigorosa, mulheres e crianças não

tem tratamento diferenciado nos campos de trabalho, são árduas as condições

de trabalho chegando até a quinze horas por dia, e sem muita segurança,

salários precários, gerando o aumento da produção e uma maior lucratividade.

Descansos e férias não são cumpridos.

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Fayol engenheiro francês e administrador de cúpula, assim como

descreve Kuenzer (2001), fortalece a concepção de Taylor e assume a posição

e o ideal de que alguns nascem para administrar e outros nascem para

executar, pois cada indivíduo apresenta habilidades próprias e inatas. Na

concepção de Taylor e Fayol não são considerados os aspectos sociais e

históricos, apresentando somente uma posição científica.

Kuenzer (2001) afirma que o aumento da destreza do trabalhador, a

economia de tempo e a invenção de máquinas são três causas responsáveis

pelo crescimento da produtividade relacionado com a divisão do trabalho.

Contudo, atualmente os métodos de Taylor ainda são utilizados, pois

todos programam o seu dia e planejam suas atividades. Este modelo de gestão

predominou na grande indústria capitalista ao longo do século XX e é um

modelo que ainda está bem vivo em algumas organizações, a margem de

todas as inovações. A partir do final da década de 70, ocorre a crise deste

modelo ocasionada pelo seu esgotamento, já que, os trabalhadores criaram

resistência a este tipo de trabalho repetitivo, fragmentado e alienante; surgindo

um novo alicerce de qualificação.

Neste sentido, Schirato (2002) aponta que, com os avanços

tecnológicos em que a ciência e a tecnologia incorporava-se no processo

produtivo, fez se necessário uma mudança nas estruturas de funcionamento,

modificando as relações sociais, mais especificamente à participação no

campo da cultura e da política.

Assim, as operações repetitivas eram supridas pela automação, o que

exigia tomada de decisão mais célere e de comunicação mais rápida trazendo

a figura do trabalhador como operador da máquina e não mais operador na

máquina.

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(...) o trabalho opera a máquina, programa a máquina,

controla e determina o ritmo de produção: tem que

pensar... não basta a memória mecânica dos gestos

repetitivos. O progresso tecnológico e, por conseqüência

o avanço informacional determinaram um novo perfil de

trabalhador de simples operário passa a operador.

(SHIRATO, 2002: 9)

Ainda conforme a autora, rompe-se um paradigma quando são

questionados os conceitos de qualidade, estoque, retrabalho, programação da

produção, baseando a nova mudança na substituição da rigidez pela

flexibilidade e da rapidez na tomada de decisões, gerando conceitos como

qualidade total, gestão participativa, just in time e controle de qualidade.

Neste contexto, através dos desafios que traz o avanço tecnológico, do

planejamento mais detalhado do processo produtivo, da avaliação e do controle

de qualidade mais efetivo, nasce um novo perfil de trabalhador para o

enfrentamento dos novos obstáculos do universo do trabalhado.

Com isso, a especialização do trabalho e a produção em massa dos

modelos Ford e Taylor, converte-se para conceitos de flexibilidade, integração

e polivalência. Cria-se estratégias para o trabalho ampliar o capital, de troca da

redução do tempo morto, do erro e do desperdício, cria-se uma forma de

recompensa através dos ganhos adicionais.

Neste aspecto, a distinção do trabalho manual e intelectual no

taylorismo / fordismo dá lugar a parceria da ciência e da tecnologia. As

relações entre ciência, cultura e trabalho passam a unificar capacidade de

pensar e fazer, por meio da apropriação do conhecimento científico, político,

histórico e tecnológico.

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2.2. Modelo de flexibilidade no século XXI

No novo modelo de gerenciamento, a força braçal é substituída pela

criatividade, o medo é substituído pela motivação e o individualismo trocado

pelo trabalho em equipe.

Freud (apud Shinyashiki, 2001: 40), um dos maiores conhecedores da

alma humana, dizia que “a felicidade se baseia no amor e no trabalho. Para

ele, a influencia da realização profissional é definitiva na construção da

felicidade do indivíduo. Realizar-se profissionalmente não é só forma de

conseguir dinheiro, mas também um passaporte para viver em plenitude”.

Umas das grandes tendências em Recursos Humanos

hoje é a gestão por competências, que tem como eixo

fundamental desenvolver e contar com as capacidades

dos funcionários de atingir a estratégia da empresa.

(SHINYASHIKI, 2001: 47)

Para que a empresa tenha bons resultados em seus negócios, é

imprescindível que haja o entusiasmo de seus colaboradores, desenvolva

aspectos de qualidade de vida, reconhecimento e valorização, para que os

parceiros possam tratar os clientes da mesma forma que são tratados pelos

seus chefes.

Promoção de cursos, palestras e projetos de educação continuada, boa

estrutura no trabalho, capacitação e treinamento, plano de carreira,

comprometimento, colaboração na tomada de decisões e exposição de novas

idéias e estimulação de habilidades individuais, são indicadores importantes

para que os trabalhadores possam trabalhar com eficácia e satisfação.

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Peter Drucker (apud Shinyashiki, 2001: 49), o pai da administração

moderna afirma que “uma boa administração significa fazer coisas boas tanto

para os trabalhadores quanto para os clientes, e não apenas acumular lucros

para os chefes. A organização é um fenômeno humano, social e moral”.

A gestão que enfatiza a flexibilidade concebe o ideal de funcionários

abertos a mudanças e a ostentação de contínuos riscos, destacando a

economia dedicada em curto prazo. Modelos globais e o uso de novas

tecnologias como características do capitalismo trazem mudanças e novas

maneiras de organizar o tempo.

Segundo Sennet (2005), o mercado deseja o retorno rápido, não mais

em longo prazo, estabelecendo contratos de curto prazo e empregos

temporários, dissipando o plano de carreira e a estabilidade. Para ele, este

novo regime oferece pouca segurança aos funcionários, além de corroer os

laços de confiança, lealdade e compromisso mútuo, não contemplando as

relações sociais duradouras, com isso, o indivíduo não constrói uma identidade

sólida e uma história de vida em uma sociedade que aprecia fragmentos.

Para Mill (apud Sennet, 2005), a sociedade ainda imagina que a

flexibilidade origina a liberdade pessoal, já que o indivíduo obtém autonomia e

qualidades necessárias para a livre ação, a abertura para mudanças e a fácil

adaptação, porém, a busca da flexibilidade e a aversão à burocracia designam

novas estruturas de poder e controle, que continuam a aprisionar o homem.

No modelo que ressalta a flexibilidade, o funcionário deve abranger

características de competências, adaptação a mudanças e assumir riscos

constantes, com isso, o desenvolvimento pessoal baseia-se para a resistência

dos ataques nas situações de trabalho e competência profissional para a

resistência da incerteza, rejeição e frustrações, consequentemente, gerando a

gestão do estresse e do tempo.

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No capítulo subseqüente, apontaremos as conseqüências da evolução

tecnológica no modelo de gestão atual, além de aspectos relacionados a

competição, a falta de reconhecimento e os efeitos sobre a saúde do

funcionário.

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CAPÍTULO III

CONSEQÜÊNCIAS DA EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

PARA O MODELO DE GESTÃO ATUAL

Neste capítulo abordo aspectos da tecnologia e da ciência ligados ao

modelo de gestão atual, a questão da competição e falta de reconhecimento

dos funcionários frente ao mundo dos negócios, e os prejuízos emocionais que

o excesso de trabalho pode causar.

Na visão marxista segundo Frigotto (2002), a ciência e a tecnologia

poderiam ser fortes aliados em nossa vida, sendo elementos facilitadores na

execução das tarefas, facilitando os conhecimentos, melhorando as condições

de vida e alargando efetivamente o tempo livre das pessoas, porém não é o

que acontece. No contexto da sociedade capitalista, a ciência e a tecnologia

apresentam-se como força mutiladora e destruidora do ser humano, sabendo

que, são geradores de desemprego e exploração.

Podemos verificar que a tecnologia não veio somente para facilitar a

nossa vida, mais também para aumentar a massa de desempregados,

portanto, quando não evoluímos mais rapidamente que as máquinas a

conseqüência é a nossa destruição.

No âmbito do trabalho assistimos uma espécie de

escravidão do novo tipo. Sob as relações de exclusão

social o tempo liberado não significa tempo livre, mas

tempo escravizado, torturado pelo desemprego e

subdesemprego. Perversamente a luta dos trabalhadores

e subempregados é para tornar-se mercadoria,

trabalhadores assalariados. (FRIGOTTO, 1993: 05)

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Assim, com as máquinas exercendo o serviço pesado e mais ágeis que

os braços humanos, o crescimento do desemprego se acentua e a exploração

passa a ser maior a partir da concepção de que apenas um indivíduo com a

ajuda da tecnologia se torna suficiente para a execução de diversificadas

atividades.

Segundo os estudos da World Future Society, 80% das atividades

profissionais existentes atualmente, desaparecerão em pouco tempo ou terão

características bastante diferentes.

Frigotto (1993) aponta o risco da visão seqüencial a partir dos

processos de inúmeras mudanças técnicas e a atribuição da autonomia da

ciência e da tecnologia das relações sociais, assim como, a concepção de que

os avanços tecnológicos favorecem a toda a coletividade nos situando em uma

sociedade pós-capitalista isento de classes e desigualdades.

A tecnologia sob as relações capitalista tem estado a

serviços do capital e da riqueza concentrada cada vez

mais nas mãos de poucos. O processo de

desenvolvimento do Brasil é uma demonstração

inequívoca desta perversidade (FRIGOTTO, 1993: 03)

Neste sentido, as tecnologias em sua maioria tornam-se um indicador

fortalecedor de dominação e exclusão social apesar de se apresentar como

meio de bem-estar humano, da democratização do acesso aos bens e de

satisfação de necessidades coletivas.

Hirigoyen (2002) afirma que evolução muito rápida das novas

tecnologias obriga os assalariados a se enquadrarem permanentemente com a

adequação rápida a procedimentos, reorganizações, instrução de serviços

incessantes.

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Neste ritmo de trabalho acelerado e de permanente mudanças, os

trabalhadores se alienam no sentido de não refletirem sobre sua prática e não

abrindo espaços de comunicação e interação, não percebendo o sofrimento ao

seu redor, pois não há tempo para perder para não comprometer a produção,

neste processo de pressão e cobrança as pessoas não acham lugar para as

relações interpessoais, e de certo, esquecem dos sentimentos de fraternidade

e solidariedade.

Contudo, na era da competição exacerbada, a empresa focaliza o

cumprimento de objetivos, um fim a ser alcançado, em que somente os

melhores atingem a meta. Porém, sempre vai aparecer um concorrente com

uma nova tecnologia ou novo conhecimento para revolucionar a competição.

Segundo Andrioli (2003), o ideal de competitividade traz a concepção

de que a competição entre os indivíduos ajuda no progresso da sociedade, e

seu principal precursor é Adam Smith.

Neste contexto, o Estado como agente estimulador da competitividade,

construiu uma ideologia política, em que a competição se situa como fator

positivo para a humanidade, tornando assim, um conceito que faz parte das

relações sociais dos indivíduos.

No nosso meio social é comum identificar os aspetos competitivos

desde a preparação das crianças pelos pais com a intenção de serem

vencedores na vida chegando até ao mundo do trabalho, sabendo que há

sempre o lado excludente nas competições, poucos ganham e muitos perdem.

Ainda conforme o autor, para que esta realidade se modifique é

necessária uma reflexão profunda sobre a problemática seguida de uma

transformação no meio de relações sociais em que se pode substituir a

competição pela cooperação.

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Cabe ressaltar que no mundo do trabalho, a maioria das organizações

não oferece segurança e boas condições de trabalho, mas, consequentemente,

exigem dos seus funcionários alto desempenho, permanente motivação, e

devotação para a realização de tarefas que estão além do que está previsto no

contrato.

De acordo com Hirigoyen (2002), empreendedores buscam

trabalhadores que façam o máximo possível recebendo o mínimo, entretanto,

todo assalariado corre risco o tempo todo, independente de sua hierarquia, de

ser demitido se não se adaptar ou não atender as exigências suficientemente.

As empresas criam sistemas de avaliações objetivando a seleção dos

produtivos deixando de lado a subjetividade e a emoção, deste modo, exclui-se

conforme a queda de produtividade do funcionário, deixando o indivíduo alerta

o tempo todo.

Neste modelo de gestão pelo medo, o individuo é substituído por outro

rapidamente se não suportar o ritmo e as condições de trabalho, neste sentido,

o ser humano é caracterizado como descartável; sendo utilizado apenas como

mão de obra, desfazendo de suas emoções e de sua subjetividade.

Na concepção da autora, empreendedores gananciosos acumulam

fortuna com a exploração dos outros, contudo, as empresas se recusam a

enxergar limitações dos sujeitos. As empresas não aprenderam a incentivar o

seu pessoal, oferecendo meios concretos e humanos para amarem o seu

trabalho, pois os trabalhadores não acham ruim se sentirem estressados, se

seu trabalho tem sentido e reconhecimento.

Identificamos que talvez a exploração de hoje seja maior do que no

tempo da escravidão, transformando os castigos físicos em psíquicos, alem de

saber que os escravizados de antigamente ao menos tinham moradia,

vestuário e alimentação garantida, relacionando ainda, com os trabalhadores

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de hoje que recebem um salário indigno que muitas vezes não possibilita nem

o sustento da alimentação básica.

Sob este aspecto, nos ambientes de trabalho parece prevalecer intenso

nível de estresse e má condição de trabalho, práticas de gestão pouco claras

ou francamente perversas, que geram o desgaste psíquico e o sofrimento.

Na visão de Hirigoyen (2002), assalariados que produzam cada vez

mais, com equipes que trabalham por menos tempo para exercer a tarefa com

rapidez e aproveitamento do tempo são exigências deste regime. Assim, vale

conceituar produtividade como:

Resultado da divisão da produção física obtida em uma

unidade de tempo (hora, dia, ano) por um dos fatores

empregados na produção (capital, trabalho, terra)

expressando a utilização eficiente dos recursos

produtivos, a fim de atingir a máxima produção na menor

unidade de tempo e com menores custos: produtividade

do trabalho é o quociente de produção pelo tempo de

trabalho em que foi obtida; produtividade do capital é a

quantidade de produto ou serviço produzido por unidade

de capital investido – ambas com repercussões

econômicas e sociais, positivamente ou negativamente

quando aumentadas ou reduzidas. (capturado do site

www.ajudabancaria.com > data de acesso: 28/03/2006)

Para a autora, vivemos em uma sociedade cada vez mais

individualista, igualmente, as empresas de hoje, não criam laços de

reconhecimento dos seus funcionários, apenas se apropriam de seu trabalho

para sua autovalorização.

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Desta maneira, nos trabalhadores surge revolta quando se vêem

reconhecidos como mercadoria, como simples recurso, como mais uma peça

no mecanismo da empresa, que por sua vez, está visando apenas os

resultados financeiros esquecendo que seus trabalhadores são seres humanos

com sua própria individualidade, dotados de emoção.

Ainda conforme a autora, exige-se dedicação do funcionário a sua

tarefa, e não há reconhecimento pelo trabalho desenvolvido, porém, a

identidade profissional no trabalho é essencial, e quando os assalariados têm o

sentimento de não reconhecimento, desmotivam-se e não tem mais vontade

para se dedicar emocionalmente ao trabalho.

Quando as empresas oferecem maior conforto nos escritórios,

melhores programas de formatação, até mesmo farmácia, lavanderia e

passagem de roupa e ajuda em questões administrativas, mascarando esses

benefícios para seduzir o funcionário e para que ele não desperdice seu tempo

com outras coisas, tornando-os mais produtivos e mais dependentes, porém

somente para funcionários mais qualificados.

Frente a uma suposta perversidade do sistema, as empresas atuais

acirram as rivalidades e os procedimentos desleais em vez de propor ao

funcionário, incentivo para dar o melhor de si mesmo, para benefício próprio e

da empresa.

Conforme descreve Shinyashiki (2001), a essência do ser humano é

contrária para a aceitação do viver como máquina, devido este fator, o número

de doenças que o indivíduo adquire derivado de seu trabalho são inúmeras.

O trabalho sem sentido, a desvalorização da vida afetiva e familiar e a

falta de valores morais e espirituais arrasa a população com uma destruição

silenciosa, que mata mais do que muitas guerras.

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Segundo Utiyama (2005), o excesso de trabalho traz grandes

conseqüências para a saúde e para a qualidade de vida, sabendo que,

distúrbios psicossomáticos, acidentes de trabalho e absenteísmo causam custo

considerável para a empresa.

O estresse, LER (Lesões por Esforço Repetitivo), DORT (Distúrbios

Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), depressão, arritmia cardíaca,

hipertensão, gastrite, psicose, envolvimento com drogas, desordem afetiva,

alcoolismo são algumas conseqüências derivadas do modo de vida de

agitação, ligado especificamente ao trabalho.

Conforme a professora Ana Cristina, a síndrome de Burnout, do lazer e

do desamparo, são problemas relacionados diretamente ao excesso de

trabalho. Normalmente estas síndromes aparecem juntas e causam alterações

físicas, mentais e emocionais, além de levar ao consumo de drogas.

Síndrome de Burnout: síndrome do esgotamento profissional, em que o

indivíduo sente sentimentos fracasso e baixa-estima, além de exaustão,

alterações no sono e doenças gastrointestinais. Ana Maira Rossi,

presidente da Internation Stress Management Association indica que o

paciente com Burnout pensa no suicídio como única solução de seu

problema.

Síndrome do desamparo: o indivíduo se fixa incessantemente na idéia de

perder o emprego e se sente em constante ameaça, apresenta sintomas

como irritação excessiva, agressividades, entre outros. Dados estatísticos

do Isma – BR aponta que um indivíduo com a síndrome do desamparo

apresenta 82% de nível de ansiedade, ante 60% de uma pessoa normal.

Síndrome do lazer: faz com que os indivíduos se sintam perdidas fora do

ambiente de trabalho, seus principais sintomas são dores de cabeça,

transpiração excessiva e inquietação. Esta doença do século XXI,

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diagnosticada pela primeira vez no ano de 2000, já atinge 5% dos

trabalhadores nos Estados Unidos.

Shinyashiny (2001) aponta uma doença comum no Japão, o Karoshi

que se apresenta como morte devido ao excesso de trabalho, onde pessoas

trabalham até a morte.

Sob este enfoque, o indivíduo não suporta a realidade de seu trabalho,

experimentando a desvalorização e a falta de reconhecimento, ritmo de

trabalho acelerado, remuneração insuficiente, não identificação com a tarefa

em que o trabalhador não se sente ele mesmo, é necessário um estilo de vida

com mais sentido.

Pesquisas do Ministério da Saúde mostram que 40% dos brasileiros

que vão ao médico reclamam de insônia.

A Associação Brasileira de Qualidade de Vida, em recentes pesquisas,

descobriu que:

57% dos executivos apresentam algum tipo de desconforto gerado pelo

estresse.

69% avaliam ter péssima qualidade de vida no trabalho enquanto 25,8%

desses executivos relatam dores de cabeça e/ou enxaqueca nos últimos

anos e 23,2% contam que tem sensações de cansaço ou esgotamento na

maior parte do tempo.

Shinyashiny (2001) ressalta que, nos Estados Unidos, país que muita

gente aprecia pela alta produtividade, tem um índice absurdo de destruição do

ser humano. O preço do sucesso para eles está sendo muito alto, pois 17

milhões de crianças precisam de tratamento psicológico devido a problemas

familiares, devido a ausência dos pais, na falta de tratamento a opção mais

viável para eles é a droga.

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De acordo com o psiquiatra clínico Joseph Beastley no relatório Kellog,

os norte-americanos bebem mais de 450 milhões de xícaras de café

diariamente, 30% fumam mais de meio maço de cigarros por dia e pelo menos

10% deles são viciados em álcool. E também consomem 5 bilhões de

tranqüilizantes similares ao Valium anualmente.

O autor aponta que, segundo os dados da Organização Panamericana

de Saúde, o fumo já causou nos últimos 50 anos 64 milhões de mortes no

mundo todo.

Segundo estatísticas do Instituto Nacional de Saúde Mental dos

estados Unidos, o custo econômico da depressão está estimado em 31 bilhões

de dólares por ano, com aproximadamente 19 milhões de adultos depressivos.

Ainda conforme o autor, pessoas vivem em um estado de infelicidade

permanente, sabendo que o trabalho se associa ao sofrimento e rotina.

Neste sentido, é necessário programas de valorização dos

colaboradores da organização, bem-estar e qualidade de vida no trabalho com

o intuito de amenizar os desgastes causados pelo trabalho intensivo do mundo

atual.

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CAPÍTULO IV

BEM-ESTAR E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO:

UMA AÇÃO DE MELHORIA QUE O PEDAGOGO NA

EMPRESA PODE IMPLEMENTAR.

Neste capítulo discuto a importância das ações ligadas ao bem-estar

do colaborador da organização e a qualidade de vida no trabalho, como

proposta a ser desenvolvida na atuação do pedagogo na empresa, como

alternativa mais eficaz para a problemática apresentada no decorrer deste

trabalho.

Assim, Conte (2003) mostra que o Brasil foi o segundo país em um

ranking de aumento de produtividade na década de 1990. Com isso, houve

uma modificação na vida dos indivíduos no campo profissional e pessoal,

sendo determinado um ritmo acelerado de vida, excesso de horas trabalhadas

e contínua superação de produtividade, em que o indivíduo transforma-se em

um superprofissional.

Sob este aspecto, é imprescindível uma reflexão sobre a qualidade de

vida no trabalho, tendo em vista a necessidade da relação entre as esferas da

vida do ser humano em seu contexto familiar, social e físico. Contudo, Conte

(2003: 33) define o conceito de qualidade de vida:

Podemos entendê-la como um programa que visa facilitar

e satisfazer necessidades do trabalhador ao desenvolver

suas atividades na organização, tendo como idéia básica

o fato de que as pessoas são mais produtivas quanto

mais estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio

trabalho.

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Neste sentido, a qualidade de vida no trabalho reflete no bem-estar do

funcionário e na produtividade da organização, tendo em vista que, a

humanização do processo produtivo, gera valiosos benefícios para a vida do

colaborador e para o desempenho e o crescimento da empresa.

Conforme a autora Limongi-França (2004), as ações de recuperação,

proteção e promoção de saúde são fundamentais para a manutenção das

pessoas saudáveis. As ações de recuperação são efetuadas com os indivíduos

que se encontram doentes com a intenção de recuperá-los. As ações de

proteção da saúde têm por finalidade afastar os indivíduos dos focos nocivos

identificados. As ações de promoção de saúde estão ligadas à preocupação de

evitar doenças em um aspecto mais amplo de satisfação e plenitude, sabendo

que este programa reduz custos relacionados com assistência médica,

licenças-saúde e doenças ocupacionais.

No Brasil, desde 1904 foram feitas algumas tentativas de

criação de legislação especial para os infortúnios do

trabalho, mas apenas em 1919 foi editada a primeira lei

de acidente de trabalho. O Brasil possui um dos mais

detalhados e avançados conjuntos de leis e decretos. Os

mais importantes programas são conhecidos pelas siglas

PPRA (Programa de Prevenção de Acidentes) e PCMSO

(Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional).

(LIMONGI-FRANÇA, 2004: 40)

Apesar de contínuos estudos sobre a eficácia e os benefícios que

trazem a implementação das ações ligadas à qualidade de vida no trabalho,

ainda existe um grande vazio entre o discurso e a ação, a Gestão de Qualidade

de Vida no Trabalho perde um pouco de sua confiabilidade pela visão de

aparente superficialidade, porém esta ação vem conquistando tanto o cenário

mundial como as empresas brasileiras.

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Em entrevista com a Gazeta Mercantil (21 dez, 1998) o executivo de

Recursos Humanos da Ticket Grupo e Serviços, Prestes Rosa declara:

Qualidade de Vida é a busca contínua da melhoria dos

processos de trabalho, os quais precisam ser construídos

não só para incorporar as novas tecnologias como para

aproveitar o potencial humano, individual e em equipe. No

contexto empresarial ela se insere na qualidade

organizacionais, no repensar contínuo da empresa.

Neste contexto, a qualidade de vida no trabalho torna-se uma

necessidade indispensável para o profissional já que as novas metodologias e

tecnologias requerem intensivo desgaste do trabalhador, além do intenso ritmo

de trabalho que são condicionados.

O stress é uma resposta do corpo a pressão. Ele ocorre

quando o organismo responde com o corpo, com a mente

e com o coração às condições inadequadas de vida de

forma continua e muito intensa. As conseqüências

nocivas disso são variadas. Uma delas é a Síndrome de

Burnout, que se caracteriza pela exaustão emocional,

avaliação negativa de si mesmo, depressão e

insensibilidade diante dos outros. (LIMONGI-FRANÇA,

2004: 43)

Para a autora, a dimensão humana ligada à produtividade deve ser

refletida, sabendo que é um grande desafio reconstruir com bem-estar um

ambiente de trabalho em que haja competição, tecnologias e alta

produtividade. Com isso, “o bem-estar considera, no referente à qualidade de

vida no trabalho, as dimensões biológicas, social e organizacional de cada

pessoa e não, simplesmente, o atendimento a doenças e outros sintomas de

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stress que emergem ou potencializam-se no trabalho. Trata-se do bem-estar no

sentido de manter-se integro como pessoa, cidadão e profissional”.

Tendo em vista a satisfação do funcionário, as empresas empregam

programas de responsabilidade social, na atuação na área social

transparecendo a característica de “empresas cidadãs” em que os indivíduos

constroem sentimentos de orgulho e satisfação que gera melhoria no ambiente

de trabalho e na produtividade.

De acordo com a autora, quando a organização contempla práticas de

qualidade de vida, os seus colaboradores se sentem mais motivados e

comprometidos, havendo contínua melhoria no clima organizacional, gerando a

fidelidade à organização, harmonia entre a vida pessoal e profissional do

individuo, além de agregar respostas positivas no campo econômico e da

produtividade.

Para Bispo (2005), com as contínuas mudanças e o acentuado grau de

competitividade no mercado, as empresas devem cuidar das pessoas através

dos investimentos do potencial humano, com ações de qualidade de vida e

relacionamento interpessoal para que seus colaboradores se sintam

comprometidos e motivados com a organização, sabendo que, para que a

empresa sobreviva no atual mundo competitivo, é preciso mostrar o seu

diferencial no mercado.

Para que a empresa alcance bons resultados é necessários a

valorização humana, unificados a motivação, entusiasmo, capacitação e

construção de ambientes harmoniosos, deixando de lado os conceitos do

sistema mecanicista, mergulhando na era do ser humano e do mundo

altamente tecnológico e dinâmico.

Sob este aspecto, as organizações devem oferecer aos seus

colaboradores benefícios que visem proteção e seguridade nas áreas de

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saúde, alimentação, transporte e segurança, sendo realizadas constantes

avaliações do grau de satisfação do cliente interno.

Contudo, Matos (1996) apresenta o conceito de empresa feliz sendo

relacionados com os indicadores de qualidade de vida no trabalho, que por sua

vez são muito próximos:

Aquela que oferece as condições motivacionais à

plenitude da realização humana, ou seja, um clima

estimulador à participação e à criatividade, canais abertos

de comunicação e expressão, exercício regular da

delegação de autoridade e do trabalho e equipe,

incentivos ao desenvolvimento da capacidade de

liderança, reconhecimento ao esforço empreendedor e a

obtenção de resultados. Isto é, a empresa feliz é a

empresa bem administrada.

Em linhas gerais, para que a organização sustente um clima

organizacional positivo é preciso atuar constantemente nos aspectos que

influenciam e afetam a motivação, o interesse, o envolvimento, a participação e

desempenhos dos colaboradores, promovendo sempre ações que contribuam

para o desenvolvimento do indivíduo em todo o seu contexto, gerando assim, o

progresso e o bom andamento da empresa.

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CONCLUSÃO

Frente às reflexões proporcionadas no decorrer deste trabalho

monográfico, compreendemos que ocorreram transformações consideráveis no

mundo do trabalho gerando grandes impactos sobre a vida dos trabalhadores.

Sob este aspecto, a transição do modelo tradicional baseado no fordismo-

taylorismo com a padronização dos processos e poder centralizado dá lugar

para um modelo mais flexível, que abre canais de possibilidades para uma

preocupação maior com o papel do homem inserido no mercado de trabalho,

diante de sua saúde e bem-estar.

Neste sentido, ainda se faz necessário uma compreensão mais ampla

sobre a qualidade de vida no trabalho por parte das organizações e um olhar

sobre o indivíduo em um aspecto mais humano dentro de seu contexto social,

econômico, histórico e cultural.

Contudo, considerando os aspectos apresentados nesta monografia

pode-se chegar a uma análise mais apurada sobre a mecanização do homem

que permanentemente ocorre no campo do trabalho, sabendo que, a liberdade

do pensamento e o espírito crítico se apresentam como fatores indispensáveis

para a verdadeira mudança no processo de valorização do ser humano e em

possíveis ações para o bem-estar do trabalhador e sua qualidade de vida, para

amenizar os impactos sobre a saúde e para sua melhor atuação no ambiente

de trabalho, desenvolvendo um melhor desempenho, a motivação e o

reconhecimento, além de reduzir custos para as empresas, aumentar os

resultados e ampliar a satisfação do funcionário.

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