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“A menina Pinóquio” ________________________________________________________________ ________ Amanda Cursino de Araujo RA00100005 Vera esfregava os olhos lentamente quando sua mãe gritou “O café está na mesa! Já colocou o uniforme”. Ela mal tinha saído dos lençóis e virando em direção ao armário para tirar o pijama respondeu: “Já estou pronta, estou descendo!”. Foi quando a pequena Vera, de apenas sete anos, sentiu um forte comichão no nariz e olhando para o espelho do guarda roupa não pode acreditar no que estava vendo. Assustada deu um grito que fez a mãe subir as escadas correndo certa de que a filha tinha se machucado. “Vera Maria da Conceição você ainda está de pijama e porque gritou desse jeito” perguntou a mãe indignada. Vera incrédula e quase chorando disse “Meu nariz virou um pedaço de pau, olha! Eu menti pra senhora mamãe e olha o que me aconteceu”. “Isso não é hora para brincadeira, Vera! Não adianta vir com historinha que você vai pra escola.” “Mamãe, eu não estou mentindo, olha!” dizia a menina desesperada enquanto tocava o que antes tinha

A Menina Pinóquio

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Um breve conto fantástico que mistura obra infantil e de suspense.trabalho da disciplina de jornalismo literário da faculdade de jornalismo PUC SP

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A menina Pinquio ________________________________________________________________________Amanda Cursino de AraujoRA00100005Vera esfregava os olhos lentamente quando sua me gritou O caf est na mesa! J colocou o uniforme. Ela mal tinha sado dos lenis e virando em direo ao armrio para tirar o pijama respondeu: J estou pronta, estou descendo!. Foi quando a pequena Vera, de apenas sete anos, sentiu um forte comicho no nariz e olhando para o espelho do guarda roupa no pode acreditar no que estava vendo. Assustada deu um grito que fez a me subir as escadas correndo certa de que a filha tinha se machucado. Vera Maria da Conceio voc ainda est de pijama e porque gritou desse jeito perguntou a me indignada. Vera incrdula e quase chorando disse Meu nariz virou um pedao de pau, olha! Eu menti pra senhora mame e olha o que me aconteceu. Isso no hora para brincadeira, Vera! No adianta vir com historinha que voc vai pra escola. Mame, eu no estou mentindo, olha! dizia a menina desesperada enquanto tocava o que antes tinha sido o seu nariz. Cinco minutos mocinha disse a me segurando a testa o tempo que eu te dou pra voc estar de uniforme l embaixo. E sem historinhas. Vera no podia acreditar sua me simplesmente ignorava o fato de que seu nariz tinha virado um toquinho de madeira. S pode ser um sonho, vou voltar pra cama e quando me levantar isso vai ter acabado. Foi o filme do Pinquio que vi na casa da Luiza e agora estou tendo um pesadelo. Deitou novamente na cama e fechou fortemente os olhos na esperana de que quando os abrisse de novo tudo estaria normal. Vera, sua me mandou eu vir te acordar disse seu pai serio parado na porta Ela disse que voc est inventando historias para no ir a aula de novo. Pai, eu no estou mentindo! disse sem abrir os olhos. Ento seu nariz virou madeira igual o do Pinquio isso? disse o pai segurando a risada. exatamente isso. Olha aqui! disse a menina dando um pulo da cama e apontando olhando para o espelho. Vera, voc tem muita imaginao, mas tudo tem limite filha voc tem que ir pra escola. Vem aqui com o papai disse estendendo a me e parando na frente do espelho. Vera desceu da cama chorosa e deu a mo para o pai. Viu, no tem nada s seu narizinho arrebitado como sempre. Agora promete que no vai mais inventar historias pra faltar aula? Mas pai... tentou argumentar Vera que assustada ainda via um nariz de madeira e no entendia porque ningum mais conseguia ver. Sem mas Vera. Eu no quero mais mentiras, entendeu? disse o pai agora perdendo a pacincia e saindo do quarto. Vera no entendia, ser que ela tinha sido uma menina to m e que agora estaria sendo castigada? Sim verdade que ela adorava contar historias fantsticas e pequenas mentiras e j tinha ouvido muitas fabulas onde as pessoas mentirosas eram castigadas. Mas porque s ela via seu nariz de madeira? Devia ser parte do castigo e por isso ela no contaria mais nenhuma mentira e quem sabe assim seu nariz voltasse ao normal.Vera s no esperava o que aconteceria em seguida, ao descer as escadas ouviu seu pai no telefone com um cliente em um papo animado Claro, senhor Felipe est causa j est ganha e foi ento que viu o nariz de seu pai se transformar em um pedao escuro de carvalho e gritou Pai, Pai seu nariz tambm virou de madeira!. Vera chega! No tem mais graa voc no mais criancinha para no ter noo de que mentir feio, isso no tem graa disse a me irritada enquanto o pai saia falar no celular na sala ao lado. Vera ficou muda, no sabia o que fazia e no entendia o que estava acontecendo. A campainha tocou era o motorista do transporte escolar que levava Vera para a escola e enquanto Vera pegava a mochila sua me logo ia se explicando Desculpa o atraso, seu Joo, que a Vera acordou um pouco indisposta hoje de novo. Eu at falei pra ela ficar em casa mas, ela insistiu em ir para a escola. Vera tomou um pequeno belisco no brao provavelmente pela cara que fez enquanto a me mentia, mas ela no tinha como evitar o espanto agora sua me tambm tinha nariz de madeira.Vera sentou quieta olhando para janela e conforme os carros iam passando observava o nariz das pessoas se transformar, alguns em grandes galhos com folhas, outros em pedaos pequenos e pontudos , narizes dos mais variados e esquisitos, porm todos de madeira. Chegou a perguntar para a coleguinha Luiza se ela tambm via os narizes de madeira e quando a sua amiga disse Sim, claro! rindo provavelmente pensando que era um tipo de brincadeira nova e foi quando teve tambm seu pequeno nariz transformado em um ramo fino de amoreira. Vera passou o resto do dia quieta observando o nariz das professoras crescendo a cada criana com quem falavam e at tentou desmentir algumas historias que tinha inventado para os coleguinhas na esperana de voltar a ter um nariz normal, mas no teve nenhum sucesso.Quando sua me chegou porta da escola junto com a av Vera sabia que teria problemas, isto porque a me sempre lhe obrigava a dizer mentiras para a av como que tinha adorado o vestido rosa com babados que ganhou no aniversario e que o bolo de cenoura queimado da av estava uma delicia. Nada disso era um problema no fosse o fato de que agora ela no podia mais mentir ou seu nariz se transformaria em uma arvore. Logo de inicio a coisa no funcionou. Vera, no est feliz de ver a vov? perguntou a me inquisitora No respondeu Vera sendo sincera ela estava tendo um dia muito difcil e tudo que no queria era acabar com um nariz parecendo uma laranjeira. Que maus modos, menina! respondeu a av assim no vai ganhar bolo de Cenoura. No quero comer seu bolo de cenoura porque ele est sempre queimado retrucou a menina feliz em ver que seu nariz no aumentava. No liga pra ela Dona Zil ela est mal humorada porque inventou mentiras para no vir escola e teve de vir do mesmo jeito explicou a me. No nada disso, vocs todos que so mentirosos e seus narizes so de madeira! Agora chega Vera, voc est de castigo! decretou a me ficando to vermelha quanto madeira de aroeira na qual seu nariz tinha se transformado mais cedo.No castigo, Vera chorava copiosamente. Como era possvel que ningum mais visse o que ela via? No era mentira, no podia ser porque ela sabia que era verdade o que seus olhos lhe mostravam e tambm podia sentir a madeira no seu nariz quando o tocava. Foi nesse momento de desespero que teve uma ideia. Esperou que seus pais fossem dormir, caminhou lentamente at o armrio da dispensa onde ficava guardada a caixa de ferramentas e pegou uma tesoura de podar arbusto. Se seu nariz agora era de madeira era s ela cortar ele fora. Os gritos foram de acordar a vizinhana. No momento que Vera tinha fechado a tesoura no nariz sentiu uma dor insuportvel e desmaiou. Em pequenos flashes de lucidez reconheceu o nariz de madeira de seu pai enquanto a carregava para ambulncia e pode ver uma lagrima escorrer pelo galho do nariz de sua me. Em outro momento vera achou que estava em um bosque tantos eram os galhos por cima dela, foi quando viu que eram mdicos todos vestidos de branco e com mascaras de cirurgia que s deixavam pra fora os seus grandes narizes de madeira, no susto desmaiou de novo.Acordou sem saber onde estava, mas foi quando olhou pela janela que teve uma surpresa crianas que corriam por um ptio, todas elas com narizes normais. Do lado da cama tinha um pequeno espelho, com medo esticou os braos e pegou, tal foi sua surpresa quando viu que tinha uma grande cicatriz no rosto, mas um nariz normal de carne e osso. Teria sido um sonho? Mas onde ela estava? Onde estariam seus pais? Vera levantou da cama e olhando pela porta viu seus pais conversando com uma senhora. A mulher tinha o maior nariz que ela j vira e conforme a boca dela mexia ao dizer tudo vai ficar bem e aqui sua filha est protegida mexiam tambm os galhos de madeira brotando novos ramos com pequenos frutos pretos. Vera abriu a porta para falar com os pais e foi quando leu uma pequena placa sobre seu quarto que dizia Ala psiquiatria, ficou sem reao observando seus pais indo embora discutindo o que diriam para os amigos, vizinhos e famlia sobre o que tinha acontecido com ela. Vamos dizer que foi para um internato no exterior, assim ningum precisa ficar sabendo disse o pai enquanto seu nariz de carvalho se contorcia.