105
REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS – REDEMAT UFOP – CETEC – UEMG PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MATERIAIS OBTENÇÃO DE CIMENTO PORTLAND, QUIMICAMENTE MODIFICADO,UTILIZANDO-SE LAMA DE ACIARIA COM BAIXO TEOR DE FERRO METÁLICO Flávia Valéria Oliveira Rezende Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Rede Temática em Engenharia de Materiais - REDEMAT, do convênio entre a Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP, o Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC e a Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG, como parte integrante dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia de Materiais. Ouro Preto – MG Julho de 2004 UFOP - CETEC - UEMG

À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

  • Upload
    doliem

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS – REDEMAT

UFOP – CETEC – UEMG

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

OBTENÇÃO DE CIMENTO PORTLAND, QUIMICAMENTE

MODIFICADO,UTILIZANDO-SE LAMA DE ACIARIA COM BAIXO TEOR DE

FERRO METÁLICO

Flávia Valéria Oliveira Rezende

Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira

Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Rede Temática em

Engenharia de Materiais - REDEMAT, do convênio entre a Universidade Federal de

Ouro Preto – UFOP, o Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC e a

Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG, como parte integrante dos

requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia de Materiais.

Ouro Preto – MG

Julho de 2004

UFOP - CETEC - UEMG

Page 2: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

À minha família.

Page 3: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS .......................................................................................... iv

RESUMO .............................................................................................................. v

ABSTRACT ......................................................................................................... vi

LISTA DE FIGURAS........................................................................................... vii

LISTA DE TABELAS ........................................................................................... ix

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

1.1- Aspectos Gerais Sobre Resíduos ............... ................................................. 1

1.2- Aspectos Gerais da Reciclagem de Resíduos .... ........................................ 4

1.2.1 - Resíduos Industriais na Indústria de Cimento .......................................... 6

1.2.2 – Matérias Primas Alternativas na Indústria Cimenteira ............................. 8

1.2.2.1 – Escória de Alto-Forno ....................................................................... 8

1.2.2.2 – Cinzas Volantes ................................................................................ 9

1.2.2.3 – Lama Vermelha ............................................................................... 10

1.2.2.4 – Lama Galvânica .............................................................................. 11

2. OBJETIVOS ...................................... ................................................................ 12

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................... ........................................ 13

3.1 - Histórico ................................... ................................................................... 13

3.2 - Tecnologia da Fabricação do Cimento Portland ...................................... 15

3.3 - Matérias Primas do Cimento .................. .................................................... 17

3.3.1 – Calcários ............................................................................................... 17

3.3.2 - Argila ...................................................................................................... 18

3.3.3 – Gesso .................................................................................................... 18

3.4 - Processo de Fabricação do Cimento Portland .. ...................................... 18

3.4.1 - Preparação da Farinha (moagem) ........................................................ 19

3.4.2 - Processo de Clinquerização ................................................................... 21

3.4.2.1 - Etapas do Processo de Clinquerização ........................................... 23

3.4.3 – Hidratação do Cimento Portland............................................................ 26

3.5 – Forno de Cimento ............................ .......................................................... 30

Page 4: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

ii

3.6 – Aplicações dos diversos tipos de Cimento. ... ......................................... 35

3.7 – Especificações Técnicas. .................... ...................................................... 36

4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 38

4.1 – Caracterização do Resíduo ................... .................................................... 40

4.1.1 - Análise Granulométrica. ....................................................................... 40

4.1.2 – Moagem do Resíduo ............................................................................. 41

4.1.2.1 – Método de Bond .............................................................................. 41

4.1.3 - Caracterização Químico-Mineralógica. .................................................. 45

4.1.3.1 – Difração de Raios-X: ....................................................................... 45

4.1.3.2 - Análise Química: ............................................................................. 45

4.1.3.3 – Espectroscopia Mossbauer: ........................................................... 46

4.2 – Propriedades Físicas / Ensaios de Cimento ... ......................................... 46

4.2.1 – Finura .................................................................................................... 46

4.2.2 – Tempo de Pega ..................................................................................... 50

4.2.3 – Expansibilidade ..................................................................................... 52

4.2.4 – Resistência à Compressão .................................................................... 54

4.3 – Exigências Físicas .......................... ........................................................... 56

4.4 – Preparação das Amostras ..................... .................................................... 57

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................... 58

5.1 – Valores das características Físicas do Resídu o ..................................... 58

5.1.1 – Análise Granulométrica ......................................................................... 58

5.1.2 – Determinação do WI .............................................................................. 59

5.1.3 – Determinação das Fases Presentes. ..................................................... 62

5.1.4 – Resultado da Análise Química .............................................................. 63

5.1.5 – Espectro Mossbauer .............................................................................. 63

5.2 – Propriedades Físicas das Amostras ........... ............................................. 65

5.2.1 – Finura .................................................................................................... 65

5.2.1.1 – Determinação do IF por meio da peneira n0 200: ........................... 65

5.2.1.2 – Determinação da Superfície Específica .......................................... 66

5.2.2 - Tempo de Pega ...................................................................................... 69

5.2.2.1.- Determinação da Água da Pasta de Consistência Normal .............. 69

Page 5: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

iii

5.2.2.2 – Determinação dos Tempos de Pega ............................................... 70

5.2.3 – Expansibilidade. .................................................................................... 71

5.2.4 – Resistência à Compressão .................................................................... 71

5.2.4.1 – Granulometria da areia ................................................................... 71

5.2.4.2 – Determinação das Resistências Médias ......................................... 74

5.2.4.3 – Análise Gráfica dos Resultados ...................................................... 79

6. CONCLUSÕES ................................................................................................. 83

SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ................................................ 85

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................... ............................. 86

ANEXOS ........................................................................................................... 90

I – Formulário para o cálculo do WI: .............................................................. 90

II – Determinação da resistência à compressão das amostras 40 (CP-III 32) e

50 (CP-III 32): ................................................................................................ 91

III – Determinação da resistência à compressão das amostras 40 (CP-V ARI)

e 50 (CP-V ARI): ............................................................................................ 92

Page 6: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

iv

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Cristovam Paes de Oliveira, pela amizade e apoio demonstrados em

todos esses anos de convívio, pelo incentivo e disponibilidade que motivaram e

sustentaram a realização deste trabalho.

À Fundação Gorceix, que disponibilizou o material (resíduo), a moagem e a

caracterização químico-mineralógica do mesmo.

Ao Erivelto L. Souza, pelo apoio, orientação/discussão dos resultados e o

atendimento cordial e amigo, sempre.

Ao Prof. Espedito F. Teixeira de Carvalho, pela disponibilização do

Laboratório de Materiais de Construção do DECIV/EM/UFOP e pela avaliação

técnica dos resultados obtidos.

Ao Geraldo M. Silva, funcionário do Laboratório de Materiais de Construção,

pela boa vontade, paciência e disponibilidade que, em esforço conjunto, foram

essenciais à execução dos ensaios.

À REDEMAT, através de seus professores e coordenadores, principalmente,

o Prof. Fernando Gabriel, pelo incentivo durante o processo de admissão ao

programa de Pós-Graduação e disponibilidade durante a realização deste estudo.

Page 7: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

v

RESUMO

A disposição de resíduos, nas suas mais diversas formas, tem sido, nas

últimas décadas, um grande problema que aflige a sociedade de uma maneira geral.

Muitos estudos têm sido desenvolvidos, visando a sua correta disposição,

aproveitamento ou mesmo destruição. Relatos de experimentos que vão desde o

mero abandono no meio ambiente até processos mais sofisticados como a

reciclagem, a solidificação, a incineração e o co-processamento, dentre outros, são

abundantes na bibliografia técnica. Há décadas a indústria de cimento tem sido

utilizada como veículo, economicamente viável, para a destinação de alguns tipos de

resíduos inorgânicos, que substituem parte da matéria-prima utilizada no processo

de obtenção de cimento, transformando o que era considerado resíduo, às vezes um

subproduto perigoso e incômodo, em um produto comercial.

Este trabalho tem por objetivo aproveitar resíduos provenientes do

processamento de lamas de aciaria pela técnica de ultrassonagem. Como

conseqüência do referido processamento, é gerado um “novo resíduo” que é objeto

de estudo deste trabalho. Este material, que pode ser denominado “resíduo

secundário”, é composto basicamente de CaO, SiO2 e óxidos de Fe.

As amostras analisadas foram produzidas pela mistura do resíduo, após sua

completa caracterização físico-química, a cimentos do tipo Portland (CP-III e CP-V),

em teores crescentes de 10 a 50%, em peso. Tais misturas foram analisadas quanto

às propriedades físicas finais como, por exemplo, finura, tempo de pega,

expansibilidade e resistência.

Os resultados alcançados mostraram não haver comprometimento das

principais propriedades físicas, para adições de até 10% do resíduo, aos cimentos.

Adições superiores, mostraram valores fora dos limites impostos pelas normas

técnicas, muito embora alguns deles não comprometem, sensivelmente, a qualidade

do produto obtido, para um eventual consumo. Uma simples análise de custo,

mostra que os produtos gerados com a adição do resíduo em estudo, são

economicamente viáveis, sem se levar em consideração que a sua eliminação do

meio ambiente é, por si só, a maior justificativa para a sua utilização na indústria

cimenteira.

Page 8: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

vi

ABSTRACT

The disposition of residues, in its more several forms, has been, in the last

decades, a big problem that afflicts the society in a general way. Many studies have

been developed, intending its correct disposition, use or, even, destruction. Reports

of experiments that begins to relate from the mere abandonment in the environment

until more sophisticated processes, such as, the recyclable, the solidification, the

incineration and the co-processing, and others, are abundant in the technical

bibliography. There are decades that the cement industry has been used as vehicle,

economically viable, for the destination of some types of inorganic residues, that

substitute part of the raw material used in the process of cement acquisition,

changing what was considered residue, sometimes, a dangerous and uncomfortable

by-product, into a commercial product.

This work has as a purpose to take advantage of the residues that comes from

the processing of aciaria mud, through the technique by ultrasound. As a

consequence of the referred processing, is generated a " new residue " that is this

work object of study. This material, that can be denominated “secondary residue,” is

composed basically of CaO, SiO2 and Fe oxides.

The analyzed samples were produced by the mixture of the residue, after its

complete characterization physical-chemistry, with cements of the Portland kind (CP-

III and CP-V), in growing contents from 10 to 50%, in weight. These mixtures were

analyzed based on the final physical properties as, for example, thinness, handle

time, expansion and resistance.

The reached results showed there isn’t damage of the main physical

properties, for additions until 10% of the residue in the cements. Superior additions,

showed values out of the limits established for the technical norms, although, some

of them don't compromise, sensibly, the quality of the obtained product, for an

eventual consumption. A simple cost analysis, shows that the products generated

with the addition of the residue in study, are viable economically, without taking into

consideration that its elimination of the environment is, by itself, the most important

justifiable for its use in the cement industry.

Page 9: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Processo de moagem da farinha. .......................................................................................... 20

Figura 2. Silos de homogeneização na fabricação de cimento............................................................. 21

Figura 3. Resistência à compressão de pastas dos constituintes puros do cimento, em

função do tempo de endurecimento . .................................................................................................... 28

Figura 4. Representação esquemática do perfil térmico de um forno de cimento, no

processo seco.. ..................................................................................................................................... 32

Figura 5. Fluxo de gases e material no forno de cimento. .................................................................... 33

Figura 6. Produção de cimento . ........................................................................................................... 34

Figura 7. Fluxograma das etapas desenvolvidas no estudo. ................................................................ 38

Figura 8. Fluxograma para a determinação do WI pelo método de Bond. ........................................... 44

Figura 9. Aspecto do resíduo após moagem ........................................................................................ 45

Figura 10. Esquema do permeâmetro de Blaine .................................................................................. 48

Figura 11. Frasco de Le Chatelier e permeabilímetro de Blaine utilizados nos ensaios. ..................... 50

Figura 12. Esquema do aparelho de Vicat ............................................................................................ 51

Figura 13. Aparelho de Vicat e amostras das misturas ensaiadas ....................................................... 52

Figura 14. Máquina utilizada no ensaio de resistência à compressão . .............................................. 55

Figura 15. Granulometria da alimentação na moagem. ........................................................................ 60

Figura 16. Granulometria do produto moído. ........................................................................................ 60

Figura 17. Difratograma de raios-X da amostra do resíduo .................................................................. 62

Figura 18. Espectro Mossbauer da amostra do resíduo à temperatura ambiente. ............................... 64

Figura 19. Índice de finura das amostras das misturas. ....................................................................... 66

Figura 20. Área específica das amostras das misturas. ....................................................................... 68

Figura 21. Tempo de pega das amostras das misturas. ....................................................................... 70

Figura 22. Corpos de prova das misturas: natural, capeado e rompido ............................................... 73

Figura 23. Corpos de prova das misturas. ............................................................................................ 73

Figura 24. Rompimento dos corpos de prova das misturas: forma cônica ........................................... 73

Figura 25. Resistência à compressão / Amostra 0. .............................................................................. 79

Figura 26. Resistência à compressão / Amostra 10. ............................................................................ 80

Page 10: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

viii

Figura 27. Resistência à compressão / Amostra 20. ............................................................................ 80

Figura 28. Resistência à compressão / Amostra 30. ............................................................................ 81

Figura 29. Resistência à compressão / Amostra 0 x Amostra 10. ........................................................ 82

Page 11: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Resíduos utilizados como combustíveis secundários em fornos de cimento ......................... 7

Tabela 2. Classificação, segundo sua composição, de alguns resíduos utilizados como

matéria prima secundária em fornos de cimento. ................................................................................... 8

Tabela 3. Composição química (% em peso) de algumas cinzas volantes encontradas na

indústria nacional ................................................................................................................................... 10

Tabela 4. Composição química do clínquer ......................................................................................... 16

Tabela 5. Notação padrão adotada nos textos de química do cimento Portland, com as

respectivas abreviações de óxidos e compostos. ................................................................................. 22

Tabela 6. Reações na fabricação do clínquer . ..................................................................................... 26

Tabela 7. Composições típicas de cimento Portland . .......................................................................... 27

Tabela 8. Composição química do cimento ......................................................................................... 29

Tabela 9. Comparação entre os processos úmido, semi seco e seco de produção do

cimento em fornos rotativos. ................................................................................................................. 30

Tabela 10. Calor necessário para os processos por via seca e úmida. ............................................... 31

Tabela 11. Zonas e suas respectivas faixas de temperaturas em um forno de cimento . .................... 32

Tabela 12. Tipos de cimento ................................................................................................................. 35

Tabela 13. Especificações técnicas ...................................................................................................... 36

Tabela 14. Denominações dos cimentos nacionais ............................................................................. 37

Tabela 15. Composição da lama de aciaria . ........................................................................................ 40

Tabela 16. Padronização das bolas utilizadas no moinho. ................................................................... 42

Tabela 17. Exigências físicas . .............................................................................................................. 56

Tabela 18. Identificação das amostras .................................................................................................. 57

Tabela 19. Distribuição granulométrica do resíduo. .............................................................................. 58

Tabela 20. Granulometria (alimentação nova e produto de moagem). ................................................ 59

Tabela 21. Determinação do WI. .......................................................................................................... 61

Tabela 22. Fases mineralógicas identificadas através da difração de raios-X. .................................... 63

Tabela 23. Teores (% peso) obtidos para a amostra do resíduo da lama de aciaria. ......................... 63

Tabela 24. Teores (% peso) das fases portadoras de ferro. ................................................................. 64

Page 12: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

x

Tabela 25. Análise química quantitativa. ............................................................................................... 65

Tabela 26. Massa específica das amostras ensaiadas ........................................................................ 67

Tabela 27. Tempo de percolação do líquido nas amostras .................................................................. 68

Tabela 28. Quantidade de água e penetração da sonda na determinação da pasta de

consistência normal. .............................................................................................................................. 69

Tabela 29. Granulometria da areia utilizada no ensaio de resistência à compressão. ........................ 72

Tabela 30. Determinação da resistência à compressão da Amostra 0, CP-III (100% cimento) ........... 74

Tabela 31. Determinação da resistência à compressão da Amostra 10, CP-III (10% resíduo /

90% cimento) ......................................................................................................................................... 75

Tabela 32. Determinação da resistência à compressão da Amostra 20, CP-III (20% resíduo /

80% cimento) ......................................................................................................................................... 75

Tabela 33. Determinação da resistência à compressão da Amostra 30, CP-III (30% resíduo /

70% cimento) ......................................................................................................................................... 76

Tabela 34. Determinação da resistência à compressão da Amostra 0, CP-V (100% cimento) .......... 76

Tabela 35. Determinação da resistência à compressão da Amostra 10, CP-V (10% resíduo /

90% cimento) ......................................................................................................................................... 77

Tabela 36. Determinação da resistência à compressão da Amostra 20, CP-V (20% resíduo /

80% cimento) ......................................................................................................................................... 78

Tabela 37. Determinação da resistência à compressão da Amostra 30, CP-V (30% resíduo /

70% cimento) ......................................................................................................................................... 78

Page 13: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

1

1. INTRODUÇÃO

1.1- ASPECTOS GERAIS SOBRE RESÍDUOS

Nas últimas décadas, temas voltados para os estudos sobre aproveitamento

de resíduos ganharam importância, tanto no campo científico quanto no tecnológico,

em face do aumento vertiginoso, do volume de tais materiais, cuja geração está

intimamente ligada a toda atividade humana. A questão dos resíduos sólidos tem

sido amplamente discutida na sociedade, a partir de vários levantamentos da

situação atual e perspectivas para o futuro. À medida em que a produção industrial

cresce, a produção de resíduos industriais, cresce na mesma proporção e, alguns

deles, principalmente aqueles classificados como perigosos, devem ser dispostos de

maneira segura. Muitos estudos têm sido desenvolvidos, visando a sua correta

disposição ou distribuição. Relatos de experimentos, que vão desde o mero

abandono, no meio ambiente, até processos sofisticados como a reciclagem, a

solidificação, a incineração e o co-processamento, dentre outros, são abundantes na

bibliografia técnica.

Há décadas, a indústria de cimento tem sido utilizada como um veículo,

economicamente viável, para a destinação de alguns tipos de resíduos inorgânicos,

como escória de alto-forno e cinzas volantes, que substituem parte da matéria-prima

do processo, transformando o que era considerado um resíduo, ou seja, um

subproduto perigoso e incômodo, em um produto comercial. Em muitos casos, esses

materiais têm sido analisados como fontes alternativas de matéria-prima, como é o

caso de escórias de ferro-ligas e microssílica [1;2].

A produção de resíduos industriais em larga escala se dá desde o início da

revolução industrial, porém, somente após a década de 70, iniciaram-se os estudos

mais profundos a respeito dos efeitos nocivos dessas substâncias, com a

conseqüente geração de leis que regulamentam sua disposição final [3]. Muito

embora, inicialmente, cada nação adotasse critérios próprios para designar resíduos

perigosos, em 1976, com o primeiro tratado internacional de resíduos tóxicos, foi

padronizado o conceito de resíduos tóxicos perigosos [3].

No Brasil, são considerados resíduos sólidos industriais, os produtos

Page 14: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

2

indesejáveis produzidos por processos de manufatura ou por equipamentos de

controle de poluição, dentre outros, que não podem ser descartados diretamente na

rede pública de esgoto e que requeiram soluções economicamente inviáveis, em

face da melhor tecnologia disponível [4].

As decisões técnicas e econômicas tomadas em todas as fases do trato dos

resíduos sólidos industriais (manuseio, acondicionamento, armazenamento, coleta,

transporte e disposição final) deverão estar fundamentadas na classificação dos

mesmos [4].

A ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – editou um conjunto de

normas para padronizar, em nível nacional, a classificação dos resíduos. São elas:

• NBR 10004 – Resíduos Sólidos (Classificação)

• NBR 10005 – Lixiviação de Resíduos (Procedimento)

• NBR 10006 – Solubilização de Resíduos (Procedimento)

• NBR 10007 – Amostragem de Resíduos (Procedimento)

Segundo a Norma NBR 10004 os resíduos são agrupados em três classes [5]:

• Resíduos Classe I – Perigosos

• Resíduos Classe II – Não inertes

• Resíduos Classe III – Inertes

Resíduos Classe I – Perigosos: são os que apresentam riscos à saúde

pública e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais, em função

de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e

patogenicidade.

Resíduos Classe II – Não inertes: são os resíduos que não apresentam

periculosidade, porém não são inertes; podem ter propriedades como

combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.

Resíduos Classe III – Inertes: são aqueles que, ao serem submetidos aos

testes de solubilização, de acordo com a NBR-10007 [7], não têm nenhum de seus

constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de

potabilidade da água. Isto significa que a água permanece potável, quando em

contato com o resíduo. Muitos destes resíduos são recicláveis. Eles não se

degradam ou não se decompõem, quando dispostos no solo [6].

Page 15: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

3

A primeira solução adotada para o problema da disposição final de resíduos

industriais, foi a deposição em aterro urbano, que está associada a uma série de

problemas como a grande área ocupada por eles; problemas quanto à

impermeabilização do solo e conseqüente contaminação dos lençóis freáticos [4], e

um fato que tem se tornado de grande importância é a aversão popular, em relação

a construção de aterros. Não só na construção de aterros se manifesta a aversão; a

degradação imobiliária das regiões vizinhas aos aterros também é motivo desta

animosidade. O aumento crescente do volume de resíduos industriais gerados e

questões de caráter ambiental, fizeram com que outras opções surgissem para a

solução do problema.

A incineração de alguns tipos de resíduos tem sido uma opção à disposição

em aterros, desde a instalação do primeiro forno destinado à incineração de lixo

doméstico, na cidade de Nottinghan, Inglaterra, há mais de 100 anos [8]. Entretanto,

a incineração não se constitui em uma solução definitiva, já que os resíduos,

tratados por este método, sofrem uma redução de volume pela destruição da parte

orgânica e evaporação da água. Além disso, há a geração de cinzas no processo,

que representa a parte inorgânica do resíduo, formada basicamente por metais.

Esses materiais são oxidados durante a combustão, formando um resíduo que, de

uma forma geral, deve ser descartado com cuidado, em face da concentração de

elementos que estavam, na origem, diluídos. Devido às técnicas e ao manejo,

utilizados, até um passado recente, os incineradores se caracterizaram como

poluidores atmosféricos. As emissões atmosféricas destes fornos levaram a criação

de uma legislação e restrições para a instalação de novos equipamentos, o que

provocou a procura de alternativas para a eliminação de resíduos que fizessem uso

de altas temperaturas [8;9;10].

Assim, surgiu o co-processamento que, na indústria cimenteira, pode ser

compreendido como a técnica que inclui a incineração de resíduos, dentro do

processo de elaboração do produto, utilizando-se o resíduo como energético ou

como matéria-prima. A necessidade da busca de alternativas para a destinação de

resíduos industriais por processos que fizessem uso de altas temperaturas, aliada à

tradição da indústria cimenteira na utilização de resíduos, proporcionaram um

caminho natural para o co-processamento em fornos de cimento. Na década de 70,

passou-se a executar a filosofia do co-processamento, que consiste no uso de

processos industriais que utilizem altas temperaturas para a eliminação de resíduos.

Page 16: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

4

A grande vantagem é que, neste caso, a cinza gerada é incorporada ao produto

final, onde fica encapsulada ao produto, não havendo mais a necessidade de

descarte [11]. Os processos industriais que se enquadram nessas características

são os alto-fornos, fornos de produção de vidros, aciarias elétricas, fornos de

produção de cal virgem e os fornos de cimento [4].

Outra possibilidade adotada é a de inertizar os resíduos. Tal processo

consiste em transformar um resíduo classe I (perigoso), em um classe III (inerte).

Para isto, os resíduos são encapsulados em uma matriz de cimento, vidro ou

cerâmica. Atualmente, a matriz mais usada é o cimento, pois além de ser a mais fácil

de ser utilizada, é a que apresenta menores custos [12;13]. Nesta técnica visa-se a

inertização do resíduo ou a diminuição do grau de periculosidade ao meio ambiente,

isto é, a reclassificação do material produzido. A desvantagem dessa técnica, é o

volume de material produzido, que é maior que o volume tratado e que, na maioria

dos casos, tem como destino os aterros [10;12].

A reciclagem, através do reuso ou recuperação de resíduos ou de seus

constituintes que apresentem algum valor econômico, é uma das formas mais

atraentes de solução dos problemas de gerenciamento de resíduos, tanto do ponto

de vista empresarial, quanto do ponto de vista dos órgãos de proteção ao meio

ambiente. Portanto, a reciclagem deve ser o objetivo precípuo da utilização de um

resíduo. Se esses objetivos não forem atingíveis, as outras alternativas citadas

anteriormente, são, quando possível, sempre preferíveis à mera disposição em

aterros.

1.2- ASPECTOS GERAIS DA RECICLAGEM DE RESÍDUOS

O processo de reciclagem de materiais garante, no mínimo, a diminuição da

quantidade de resíduos lançados no meio ambiente, o que já é uma grande

vantagem em termos de preservação, além de contribuir para a minimização da

utilização dos recursos naturais não renováveis. Os ganhos proporcionados pela

reciclagem decorrem do fato de que, em casos específicos, ela pode ser mais

econômica do que a obtenção do produto, a partir de matérias primas virgens. Isso

se dá, porque a produção a partir da reciclagem pode propiciar a economia de

Page 17: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

5

energia e matéria prima, além de reduzir os custos de controle ambiental e também

os de disposição final de resíduos.

O correto transporte, tratamento e disposição final de um resíduo são ações

que apresentam um custo que, em alguns casos, pode ser bastante elevado. Assim,

se for encontrada uma forma de reaproveitar ou vender esses resíduos, se criará

uma maneira bastante atraente de resolver o problema e ainda conseguir uma fonte

de renda adicional [4].

Em termos práticos, a reciclagem por recuperação de um resíduo, depende

dos seguintes fatores:

• Proximidade da instalação de reprocessamento;

• Custo de transporte de resíduos;

• Volume de resíduos disponíveis para o reprocessamento;

• Custos de estocagem do resíduo, no ponto de geração ou fora do local de

origem.

Para incentivar as atividades de reciclagem, têm sido criados, em muitos

países, inclusive no Brasil, sistemas de troca de informações através de uma

publicação denominada “Bolsa de Resíduos”. Os interessados em vender ou doar

algum material, anunciam na bolsa indicando nome, composição química e

quantidade do resíduo. Os interessados entram em contato com a Bolsa e acertam

os aspectos econômicos e operacionais da transação. As tentativas realizadas no

Brasil têm apresentado péssimos resultados, pois apenas de 10 a 15 % das

operações anunciadas são efetivamente concluídas. Provavelmente, isso se deve ao

fato de que as indústrias ainda desconheçam a existência desse mecanismo ou, por

qualquer motivo, têm algum tipo de receio em anunciar seus resíduos ou, ainda, não

acreditam plenamente nas informações fornecidas [4].

Em geral a recuperação é executada de nas formas distintas:

• uso direto, ou reutilização do produto dentro do processo;

• recuperação de um material secundário para um determinado uso final

e remoção das impurezas do resíduo para obtenção de um produto,

relativamente puro e passível de reutilização.

A fim de tornar os resíduos reaproveitáveis, economicamente competitivos,

em comparação com os materiais que eles estarão substituindo, esses resíduos,

Page 18: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

6

freqüentemente, deverão ser tratados antes de sua reutilização. Os processos de

tratamento incluem separação química, física e eletroquímica, entre os quais se

destacam como exemplo:

• Destilação de resíduos de solventes;

• Técnicas de concentração de metais, como extração com solventes,

troca iônica, precipitação, cristalização e evaporação, usadas para

tratar correntes diluídas de resíduos contendo metais.

Estão se tornando cada vez mais comuns, as instalações comerciais que

efetuam a recuperação de resíduos fora da origem. Como exemplo, temos as

indústrias de refino de óleo lubrificante, as recuperadoras de solventes e as

recuperadoras de tintas. Observa-se também que essas instalações vem se

dedicando a múltiplas atividades de recuperação e tratamento, seguindo a tendência

de outros países, que é da constituição de centrais de tratamento. Essas centrais

compreendem, tipicamente, instalações de recebimento de resíduos, laboratório de

controle, sistemas de estocagem, desidratação de lodos, sistemas de tratamento de

resíduos inorgânicos, incinerador para resíduos orgânicos e industriais [14].

1.2.1 - RESÍDUOS INDUSTRIAIS NA INDÚSTRIA DE CIMENTO

A farinha, na produção de cimento, é uma mistura dos diversos componentes

que serão apresentados posteriormente e que, constitui a matéria prima principal

para a elaboração dos cimentos, assim como o combustível usado, são

predominantemente de fontes naturais. Entretanto, tendo-se em mente certos limites

e condições, aliados ao conhecimento desenvolvido na produção de cimento, estes

materiais tradicionais podem ser substituídos pelos chamados materiais

secundários, isto é, resíduos de outros processos industriais.

Levando-se em conta o tipo de utilização, uma divisão simplificada desses

materiais pode ser feita, classificando-os em combustíveis secundários e matéria

prima secundária. Esta é uma classificação familiar às indústrias, apesar de muitos

resíduos utilizados não poderem ser classificados precisamente. Por exemplo, um

resíduo considerado um combustível secundário, pode apresentar uma quantidade

apreciável de material não combustível, que será incorporado ao clínquer,

Page 19: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

7

funcionando como matéria prima secundária [10].

A reciclagem deve ser a primeira alternativa na utilização de um resíduo.

Entretanto, nos fornos de cimento, a prática do co-processamento é muito aplicada,

devido à grande semelhança entre o forno de cimento e o incinerador rotativo que,

por sinal, foi inspirado nos fornos de cimento e cal [9]. Grande parte dos resíduos co-

processados são utilizados como combustível suplementar. Regra geral, estes

resíduos apresentam dificuldades na disposição em aterros e, em muitos casos, se

tratam de solventes orgânicos e óleos usados. Estes resíduos, quando utilizados em

substituição aos combustíveis tradicionais, devem ter analisada sua compatibilidade

com o processo de clinquerização pelo estudo da qualidade do clínquer final e das

emissões atmosféricas. Resíduos que apresentam conteúdo energético, teores de

cloro e de metais pesados, que não afetem o clínquer nem as emissões, não devem

ser corrosivos além dos níveis tolerados e, principalmente, devem oferecer

vantagens econômicas em relação aos combustíveis tradicionais. Estes resíduos

são priorizados no co-processamento em fornos de cimento [4;11;15;16].

A tabela 1 mostra alguns resíduos utilizados como combustíveis secundários

em fornos de cimento.

O co-processamento destes resíduos envolve a identificação dos parâmetros

de operação normais do forno, que oferecem as melhores condições para o seu

processamento, como o local de introdução no forno, que promova uma boa mistura

com a carga e sua total combustão [18].

Tabela 1. Resíduos utilizados como combustíveis sec undários em fornos de cimento [17]

Sólidos

Combustíveis Secundários

Líquidos

Combustíveis

Secundários

Gasosos

Combustíveis

Secundários

Pó de Grafite Papel Piche / Asfalto

Gás de Pirólise Carvão Vegetal Caroço de

Azeitona

Escórias Ácidas

Coque de Petróleo Casca de Coco Óleo Usado

Embalagens de Baterias Palha de Arroz Resíduos

Petroquímicos

Page 20: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

8

Resíduos de Plásticos Lodo de Esgoto Resíduos de Tintas

Gás de Aterro Resíduos de Borrachas Pó de Madeira Resíduos Químicos

Resíduos da Fabricação

do Papel

Lixo Doméstico Solventes

Pneus Resíduos de

Destilações

Os resíduos utilizados como matéria prima secundária, podem ser

classificados segundo seus constituintes principais, em relação à composição da

farinha. A tabela 2 traz alguns exemplos de resíduos utilizados como matéria prima

secundária, em fornos de cimento [17].

Tabela 2. Classificação, segundo sua composição, de alguns resíduos utilizados como

matéria prima secundária em fornos de cimento [17].

Elemento Principal do Resíduo Exemplos

Cálcio

Lama de Cal - Lama de Carvão

Lama de Água Potável

Silício Areia de Fundição - Microssílica

Ferro

Pirita Ustulada - Hematita Sintética

Lama Vermelha - Escória de Estanho

Pó de Conversor - Carepa de

Laminação

Silício, Alumínio e Cálcio

Carvão Lignito - Cinzas Volantes

Cinzas de Leito Fluidizado

Escória - Resíduos de Mineração

1.2.2 – MATÉRIAS PRIMAS ALTERNATIVAS NA INDÚSTRIA CIMENTEIRA

1.2.2.1 – ESCÓRIA DE ALTO-FORNO

A utilização de escórias de alto-forno na indústria de cimento no Brasil,

iniciou-se em 1952. A escória de alto-forno é utilizada em substituição à argila, na

produção de clínquer. A composição do cimento, obtido com esse procedimento, é a

Page 21: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

9

de um cimento Portland usual. Uma escória de alto-forno contém de 35-50% de cal,

de 30-40% de sílica, de 10-18% de alumina. Uma pequena quantidade de magnésia

e óxidos de ferro e de manganês. Uma composição similar a essa é aceita nos

cimentos Portland, podendo-se, quando necessário, adicionar calcário à escória,

para que esta atinja a composição do cimento [19].

Na produção do clínquer, o método de preparo do material é semelhante tanto

utilizando-se argila como escória de alto-forno. A escória e o calcário são finamente

moídos, misturados e queimados em forno rotativo convencional. O resultado é a

produção de um clínquer na maioria das vezes de cor marrom devido à presença de

óxido de manganês, mas que não difere em outras propriedades do clínquer obtido a

partir da argila [19].

A utilização de escórias de alto-forno também possibilitou a criação de um tipo

de cimento Portland chamado cimento Portland de alto-forno . A sua composição

varia de acordo com o país e suas normas. Por exemplo, são considerados cimento

Portland de alto-forno nos Estados Unidos (ASTM C595-68), aqueles que

contenham entre 25 e 65% de escória de alto-forno e, na Alemanha (DIN 1164),

essa composição está entre 41 e 85% de escória [12]. No Brasil, são considerados

aqueles que contenham entre 35 e 70% de escória.

1.2.2.2 – CINZAS VOLANTES

As cinzas volantes são resíduos provenientes da combustão de carvão. São

produzidas em termoelétricas que usam carvão mineral para geração de calor. Os

rejeitos provenientes do beneficiamento do carvão mineral podem ser utilizados

juntamente com as cinzas volantes na produção de cimento [1]. As composições de

algumas cinzas volantes produzidas no Brasil são dadas na Tabela 3.

A utilização de cinzas volantes, como material pozolânico na indústria de

cimento brasileira se iniciou em1964, sendo que a partir de 1969 este procedimento

se tornou mais extensivo. Os cimentos pozolânicos são aqueles que admitem de 15

a 50% (em massa) de pozolanas em sua composição. Na fabricação de cimentos

pozolânicos, geralmente as cinzas são moídas juntamente com o clínquer, o gesso e

o calcário.

Por apresentar uma composição semelhante à da argila, as cinzas volantes

também podem ser utilizadas como matéria prima substituta da argila [1;12].

Page 22: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

10

Tabela 3. Composição Química (% em peso) de algumas cinzas volantes encontradas na

indústria nacional [1].

Ensaio

Indústria

Jorge

Lacerda

(SC)

Charqueadas

(RS)

Presidente

Médici

(RS)

RIOCELL

(RS)

COPESUL

(RS)

Perda ao Fogo 2,61 2,08 0,45 0,59 0,20

SiO2 55,62 63,80 69,01 60,85 64,68

Al2O3 28,65 25,69 21,33 29,25 25,55

Fe2O3 7,15 4,10 6,30 3,15 5,02

CaO 1,36 1,66 0,54 2,32 2,12

MgO 0,94 0,75 0,54 0,48 0,40

SO3 0,35 0,11 0,23 0,20 0,23

Na2O 0,23 0,58 0,44 0,36 0,20

K2O 2,32 1,38 1,12 1,28 1,25

1.2.2.3 – LAMA VERMELHA

A lama vermelha é um subproduto do processo Bayer para a produção de

alumina a partir da bauxita. Este resíduo costuma ser disposto como lodo e ocupa

uma grande área, o que acabou por se tornar um problema ambiental. Muitos

estudos foram realizados para encontrar uma maneira economicamente viável de se

reaproveitar esse resíduo, mas a maioria não chegou a resultados que propiciassem

seu uso em escala comercial [20].

Em 1974, iniciaram-se, no Japão, ensaios de laboratório para a utilização da

lama vermelha como fonte de Fe2O3 na indústria de um cimento Portland de

qualidade [21]. O cimento Portland contém cerca de 3% (em massa) de Fe2O3, na

forma de C4AF. No Japão, na matéria prima para fabricação de cimento, o Fe2O3

não aparece no valor especificado, assim, a utilização da lama vermelha pode ser

explicada. Em 1979, já era possível o uso comercial de tal lama nas indústrias de

cimento [20].

A lama vermelha apresenta alguns inconvenientes para sua utilização,

como o difícil manuseio e a necessidade de ser filtrada, o que faz seu preço

aumentar [20].

Page 23: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

11

Algumas indústrias de cimento preferem a utilização da lama vermelha por

causa de seu baixíssimo índice de Mn, mas, de forma geral, os resultados de

farinhas com adições de 8% de lama vermelha, resultam na fabricação de um

clínquer de boa qualidade [20;12].

1.2.2.4 – LAMA GALVÂNICA

A lama galvânica é um resíduo perigoso, gerado no processo de revestimento

eletrolítico de peças metálicas com camadas superficiais de metais nobres, com a

finalidade de proteger contra a corrosão, ou melhorar o acabamento superficial. Este

processo está presente, normalmente, em indústrias metalúrgicas, automobilística e

aeronáutica, dentre outras. Esta atividade gera um resíduo inorgânico com alto

poder poluidor [22].

A lama galvânica apresenta problemas em sua disposição, por conter em sua

composição metais como Ni, Cu, Zn, Cr, Fe, Pb e Cd. Duas técnicas são indicadas

para o tratamento de lodos: a solidificação e a incineração [22].

O processo de solidificação em matriz de cimento foi estudado como uma

solução definitiva para a destinação da lama galvânica. Mas, apesar do produto

gerado, ter que ser mantido em aterros, este apresenta possibilidade de uso na

construção civil, pois sua resistência mecânica está de acordo com a exigida pelas

normas técnicas. Os resíduos solidificados são usados, na Europa, na construção de

estradas e pátios industriais. Por motivo de segurança ambiental é indispensável

que a área em que o resíduo venha a ser utilizado seja impermeabilizada com

asfalto ou concreto [22;12].

Espinosa [23] estudou o efeito da adição de um lodo galvânico (contendo

apenas Cr como metal de restrição) à farinha, para produção de clínquer de cimento

Portland e chegou à conclusão que adições de até 2% em peso, não afetam o

processo de produção, pois não interferem nas temperaturas de início de formação

das principais fases do clínquer. Além disso, em seus experimentos constatou que

não houve liberação de Cr na forma de vapor durante o processamento, ficando este

elemento incorporado ao clínquer. Foram feitos também ensaios de lixiviação do

clínquer produzido (com adições de até 3%em peso de lodo galvânico), que

mostraram que as concentrações de Cr total e Cr hexavalente, na solução, estão

abaixo dos limites estabelecidos pelas normas brasileiras.

Page 24: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

12

2. OBJETIVOS

Este trabalho tem por objetivos:

GERAL:

Elaboração de um cimento do tipo Portland, quimicam ente modificado, com

adição de resíduo proveniente do processamento de l ama de aciaria, com

baixo teor de ferro metálico.

ESPECÍFICOS:

• Aproveitar resíduos provenientes do processamento de lamas de aciaria

processadas pela técnica de ultrassonagem;

• Compor e caracterizar, fisicamente, o material obtido pela mistura de cimentos do

tipo Portland (CP-III e CP-V), fabricados industrialmente, com o resíduo citado e

comparar as propriedades dos produtos obtidos com aquelas dos cimentos

comerciais;

• Verificar a viabilidade técnica e econômica do processo de composição do

cimento.

Page 25: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

13

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 - HISTÓRICO

Supõe-se que o homem primitivo, da idade da pedra, já conhecia uma forma

de material com propriedades aglomerantes. Ao acenderem fogueiras junto às

pedras de calcário e gesso, parte das pedras descarbonava com a ação do fogo,

formando um pó que, hidratado pelo sereno da noite, convertia-se novamente em

pedra [24].

A procura por segurança e durabilidade para as edificações conduziu o

homem à experimentação de diversos materiais aglomerantes. Os romanos

chamavam esses materiais de "caementum", termo que originou a palavra cimento

[24;25]. As ruínas romanas, as pirâmides egípcias e as muralhas da China, provam

que no século V antes de Cristo, esses povos já empregavam uma espécie de

aglomerante entre os blocos de pedras na construção de seus monumentos.

Posteriormente, os gregos e os romanos passaram a usar um material

proveniente da queima de um gesso impuro, composto de calcário calcinado e

cinzas vulcânicas. Esse cimento era misturado com areias e cacos de telhas,

formando uma argamassa de notável dureza e que, os romanos executavam com o

cuidado de adensar energicamente resultando em construções que resistem até os

dias de hoje[24].

O engenheiro John Smeaton, por volta de 1756, procurava um aglomerante

que endurecesse mesmo em presença de água, de modo a facilitar o trabalho de

reconstrução do farol de Edystone, na Inglaterra. Em suas tentativas, verificou que

uma mistura calcinada de calcário e argila tornava-se, depois de seca, tão resistente

quanto as pedras utilizadas nas construções [24].

Em 1824 Joseph Aspdin, também britânico, descobriu que a escória dura,

moída e misturada com água, produzia cimento de melhor qualidade. A argamassa à

base de cimento, areia e água, apresentava características similares às das pedras

extraídas da ilha de Portland [25]. Ao patentear a descoberta, batizou-a de cimento

Portland, numa referência à Portlandstone, tipo de pedra arenosa muito usada em

construções na região de Portland, Inglaterra. No pedido de patente, constava que o

calcário era moído com argila, em meio úmido, até se transformar-se em pó

Page 26: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

14

impalpável. A água era evaporada pela exposição ao sol ou por irradiação de calor,

através de cano com vapor. Os blocos da mistura seca eram calcinados em fornos e

depois moídos bem finos.

Os primeiros fornos de cimento eram verticais [24;26]. O moderno processo

de fabricação de cimento teve início provavelmente em 1877, na Inglaterra, com o

início de operação do primeiro forno rotativo, embora, o primeiro forno rotativo bem

sucedido tivesse sua patente requerida na Inglaterra em 1885 [26]. Este forno

apresentava uma produtividade muito superior à dos fornos verticais, pois os fornos

rotativos apresentam um processo de carregamento contínuo de carga, ao contrário

dos fornos verticais que operam por batelada.

Atualmente, o cimento Portland é um produto que pouco se assemelha com o

cimento patenteado por Aspdin. A ABNT define cimento Portland como “um

aglomerante hidráulico produzido pela moagem do clí nquer, que consiste,

essencialmente, de silicatos de cálcio hidráulicos, usualmente com uma ou

mais formas de sulfato de cálcio como um produto de adição” [27].

O cimento Portland desencadeou uma verdadeira revolução na construção,

pelo conjunto inédito de suas propriedades de moldabilidade, hidraulicidade

(endurecer tanto na presença do ar como da água), elevadas resistências aos

esforços e por ser obtido a partir de matérias-primas relativamente abundantes e

disponíveis na natureza.

O cimento é o componente principal do concreto, que pode ser definido como

sendo um compósito de areia e pedra britada, em uma matriz de cimento [28]. O

concreto é o principal material de construção que existe, sendo que são produzidos

uma tonelada de concreto por ano, para cada habitante da Terra, o que torna esse

material, o segundo produto mais consumido pela raça humana, perdendo somente

para a água [28;29].

A criatividade de arquitetos e projetistas, a precisão dos modernos métodos

de cálculo e a genialidade dos construtores impulsionaram o avanço das tecnologias

de cimento e de concreto, possibilitando ao homem transformar o meio em que vive,

conforme suas necessidades. A importância deste material cresceu em escala

geométrica, a partir do concreto simples, passando ao concreto armado e,

finalmente, ao concreto protendido. A descoberta de novos aditivos, como a sílica

ativa, possibilitou a obtenção de concreto de alto desempenho (CAD), com

resistência à compressão até 10 vezes superior, àquela até então admitida nos

Page 27: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

15

cálculos das estruturas.

Obras cada vez mais arrojadas e indispensáveis, que propiciam conforto e

bem-estar, como, por exemplo, barragens, pontes, viadutos, edifícios, estações de

tratamento de água, rodovias, portos e aeroportos e o contínuo surgimento de novos

produtos e aplicações, fazem do cimento, um dos produtos mais consumidos da

atualidade, conferindo uma dimensão estratégica à sua produção e comercialização.

3.2 - TECNOLOGIA DA FABRICAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND

O cimento é feito basicamente de argila, calcário e uma pequena quantidade

de compostos, contendo ferro . Esses materiais são finamente misturados e moídos.

O pó obtido, denominado farinha, é levado ao forno rotativo, onde a mistura é

submetida a temperaturas entre 1.400 e 1.500º C, perdendo um terço da massa

original. A temperatura funde de vinte a trinta por cento da mistura e nessa massa

líquida, se processam importantes reações químicas. A natureza e a intensidade

dessas reações determinam a qualidade do cimento. O produto que sai do forno,

denominado clínquer, é um material composto de nódulos cerâmicos acinzentados

de até 25 mm. Ele é posteriormente resfriado de forma controlada, para se obter

uma cristalização adequada ao tipo de cimento desejado [25;28;30]. O

processamento final consiste na moagem do clínquer, até obter-se partículas

menores de 75 µm. Finalmente, sofre adições de até, no máximo, 6% de gipsita ou

sulfato de cálcio, que controla a velocidade de endurecimento do cimento, quando

este é transformado em argamassa ou concreto [28;30].

As reações químicas que ocorrem no processo de obtenção do clínquer

conduzem à formação de quatro fases [25;26;28]:

• Alita: silicato tricálcico (3CaO.SiO2 = C3S);

• Belita: silicato bicálcico (2CaO.SiO2 = C2S);

• Fase Aluminato: aluminato tricálcico (3CaO.Al2O3 = C3A);

• Ferrita: ferro aluminato tetracálcico (4CaO.Al2O3.Fe2O3 = C4AF).

Page 28: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

16

Tabela 4. Composição química do clínqu er [48]

Composição Química do Clinquer

(% em massa)

C3S 42,0 a 60,0

C2S 14,0 a 35,0

C3A 2,0 a 3,5

C4AF 5,0 a 10,0

O forno de cimento é um longo cilindro inclinado, podendo ter até 100 metros

de comprimento e cerca de 5 metros de diâmetro. A descrição mais detalhada deste

equipamento será mostrada posteriormente. Os gases de exaustão, que deixam o

forno, passam por equipamentos especiais de retenção de particulados, tais como

torres de arrefecimento e precipitadores eletrostáticos. Os combustíveis utilizados

tradicionalmente na fabricação de cimento são os fósseis, tais como carvão,

petróleo, coque e gás natural. As altas temperaturas alcançadas nos fornos, além de

outros aspectos favoráveis, fazem tais equipamento ideais para destruição térmica

de resíduos [26;30].

As matérias primas entram por uma das extremidades do forno e o clínquer

sai pela outra. A produção de cimento exige que a temperatura do material

ultrapasse 1400ºC e que a temperatura dos gases chegue a 2000ºC. Durante a

operação, o forno gira continuamente, para assegurar uma boa mistura e o

cozimento adequado da matéria prima [24;26].

Quando se misturam cimento e água, a pasta resultante vai-se espessando

gradualmente e passa da consistência de uma massa plástica, para a de uma

massa seca e dura. O processo de hidratação gera calor, como resultado das

reações de hidratação e da cristalização que se seguem. Em condições normais, o

calor é dissipado rapidamente. Apesar disso, em grandes construções como

represas, o calor gerado pode causar dilatações perigosas para as estruturas [30].

O cimento Portland resiste bem à ação das águas doces ou salgadas.

Todavia, a filtração capilar de água, com íons dissolvidos, pode ocasionar a

formação de sais que, ao se cristalizarem, aumentam de volume e provocam a

desintegração das estruturas.

Page 29: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

17

3.3 - MATÉRIAS PRIMAS DO CIMENTO

3.3.1 – CALCÁRIOS

São constituídos basicamente de carbonato de cálcio CaCO3 e dependendo

da sua origem geológica, podem conter várias impurezas como magnésio, silício,

alumínio ou ferro [31].

O carbonato de cálcio é conhecido desde épocas muito remotas, sob a forma

de minerais, tais como a greda, o calcário e o mármore.

O calcário é uma rocha sedimentar, sendo a terceira rocha mais abundante

na crosta terrestre, perdendo somente para o xisto e o arenito. O elemento cálcio,

que abrange 40% de todo o calcário, é o quinto elemento mais abundante na crosta

terrestre, após o oxigênio, silício, alumínio e o ferro.

De acordo com o teor de Magnésio o calcário se classifica em:

• Calcário calcítico (CaCO3), em que o teor de MgO varia de 0 a 4%. Devido à

maior quantidade de cálcio, a rocha quebra com maior facilidade e em

superfícies mais uniformes e planas. Este calcário, por ter menor quantidade

de carbonato de magnésio, exige maior temperatura para descarbonatar.

• Calcário dolomítico (CaMg(CO3)2), em que o teor de MgO é acima de 18% e,

por isso, possui uma temperatura de descarbonatação ainda menor do que o

calcário magnesiano.

• Calcário magnesiano (MgCO3), em que o teor de MgO varia de 4 a 18%. A

presença maior de carbonato de magnésio, faz com que este calcário tenha

características bem diferentes do calcário calcítico. É uma pedra mais dura,

quebrando sempre de forma irregular, formando conchas, de onde vem o

nome de “pedra cascuda”. O calcário magnesiano necessita de menos calor e

uma temperatura menor para descarbonatar, do que o calcítico. É ideal para

fabricação de cal.

Dos três materiais, apenas o calcário calcítico vem sendo utilizado na fabricação

do cimento.

O uso de calcário com alto teor de MgO causa desvantagens na hidratação do

cimento em função da reação abaixo:

MgO + H2O → Mg(OH)2

Page 30: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

18

Isso provoca o aumento do volume e produz sais solúveis que enfraquecem o

concreto quando exposto a lixiviação [31].

3.3.2 - ARGILA

São silicatos complexos, contendo alumínio e ferro como cátions principais e

potássio, magnésio, sódio, cálcio, titânio e outros [31].

A escolha da argila envolve disponibilidade, distância, relação

sílica/alumínio/ferro e elementos menores como álcalis. A argila fornece os

componentes Al2O3, Fe2O3 e SiO2. Embora pouco empregados, podem ser utilizados

bauxita, minério de ferro e areia para corrigir, respectivamente, os teores dos

componentes necessários.

3.3.3 – GESSO

É o produto utilizado para adição final no processo de fabricação do cimento,

com o fim de regular o tempo de pega por ocasião das reações de hidratação. É

encontrado sob as formas de gipsita (CaSO4. 2H2O), hemidratado ou bassanita

(CaSO4.0,5H2O) e anidrita (CaSO4). Utiliza-se também o gesso proveniente da

indústria de ácido fosfórico, a partir da apatita [31].

3.4 - PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND

O cimento é um composto de extrema importância e inúmeras aplicações no

nosso dia-a-dia e, como tal, pressupõe alguns cuidados na sua fabricação que,

posteriormente, refletir-se-ão na sua qualidade. Além da argila e do calcário, há uma

pequena quantidade de compostos enriquecidos com ferro que serão, inicialmente,

tratados de forma a garantir a qualidade do cimento [30].

Inicialmente, as matérias-primas irão sofrer um processo de britagem de

forma a obter-se constituintes com uma certa qualidade, visto que boas matérias-

primas pressupõem bom produto final. Depois da britagem, são utilizados alguns

materiais de correção, tais como areia rica em SiO2 e as cinzas de pirita, ricas em

Page 31: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

19

Fe2O3 e, para a homogeneização, adiciona-se gesso (CaSO4·2H2O) [19].

Feita a britagem e a homogeneização, as matérias-primas são encaminhadas

para o moinho de cru, de forma a minimizar o tamanho das partículas, tornando

eficaz a mistura para o aumento da sua superfície específica [19;31].

3.4.1 - PREPARAÇÃO DA FARINHA (MOAGEM)

Os componentes que mais interessam na fabricação do cimento são: CaO,

SiO2, Fe2O3 e Al2O3.

Para o cálculo da composição da farinha de um forno de cimento, a indústria

adota relações para atestar a qualidade do clínquer fabricado. A indústria britânica

foi a primeira a adotar as equações abaixo (com os elementos expressos em

porcentagem em massa) para o controle químico do cimento [25;32]. O Calcário e

argila são misturados e moídos a fim de se obter uma mistura crua para

descarbonatação e clinquerização. O processo de moagem desta mistura, envolve a

pesagem do calcário e argila, na proporção que atenda as seguintes relações dos

componentes [25;31;32]:

Módulo de Sílica (MS): o MS relaciona o SiO2 com os fundentes, indicando

também a quantidade de silicatos formada. Apresenta valores entre 2 e 3, sendo

que altos valores de MS provocam a queda da quantidade de fase líquida,

dificultando a formação do clínquer [25;26;32]:

3232

2

OFeOAl

SiOMS

+=

Módulo de alumina (MA): o MA relaciona a alumina com o óxido de ferro, sendo

diretamente proporcional à quantidade de fase líquida formada a baixa temperatura,

além de caracterizar o tipo de cimento produzido. Apresenta valores entre 1 e 4,

sendo que os valores ideais estão entre 1,2 e 1,6 [25;26;32]:

32

32

OFe

OAlMA =

Page 32: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

20

Fator de Saturação de cal (FSC): é o parâmetro mais utilizado pelas indústrias para

o cálculo da carga, apresenta a relação entre o CaO com os demais óxidos da

carga. Para que não haja cal livre no clínquer, o FSC deve estar entre 0,92 e 0,98,

com o valor 0,94 sendo considerado ideal [25;26;32]:

32322 65,02,18,2 OFeOAlSiO

CaOFSC

++=

Módulo de hidraulicidade (MH): é a mais antiga relação para o cálculo da farinha,

sendo usada há mais de 100 anos [26]; relaciona o CaO com os componentes

ácidos do cimento. Deve apresentar valores entre 1,7 e 2,2, com o valor 2 sendo

considerado o ideal [32]:

32322 OFeOAlSiO

CaOMH

++=

O processo de moagem consiste na entrada dos materiais dosados, num

moinho de bolas ou de rolos, onde a moagem ocorre com impacto e por atrito,

conforme a figura a seguir:

Figura 1. Processo de moagem da farinha [31].

Page 33: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

21

No processo de moagem, o material entra no moinho, encontrando em contra

corrente o ar ou gás quente (~220°C), propiciando a secagem do material. O

material que entra com umidade em torno de 5%, sai com umidade em torno de

0,9% a uma temperatura de final de 80 graus [31].

Depois de moído, o material é estocado em silos (figura 2), onde pode ser

feito a homogeneização do mesmo [31].

Figura 2. Silos de homogeneização na fabricação de cimento [31].

3.4.2 - PROCESSO DE CLINQUERIZAÇÃO

A carga de um forno de cimento Portland é formada, essencialmente, de uma

mistura de pedra calcária (fonte de CaO) e de argila (fonte de Al2O3, SiO2 e Fe2O3).

Esta mistura é submetida a um ciclo térmico em um forno rotativo, no qual é

aquecida até a temperatura de 1450o C. Durante este ciclo, a carga sofre fusão

parcial e a formação de óxidos de cálcio complexos. As reações que ocorrem

durante o processo de clinquerização estão esquematizadas abaixo [28].

⋅⋅⋅⋅⋅

+++→+→

3232

32

2

2

1450

232322

2

4

3

2

3

OFeOAlCaO

OAlCaO

SiOCaO

SiOCaO

OHOFeOAlSiOArgila

COCaOCalcáriaPedra CatéoAqueciment

o

O produto sinterizado (clínquer), após ser moído, recebe adições de gipsita ou

sulfato de cálcio e gera o cimento Portland.

No estudo do cimento Portland, foi criada uma notação química própria com

Page 34: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

22

os óxidos e compostos recebendo as abreviações mostradas na tabela 5.

Tabela 5. Notação padrão adotada nos textos de quím ica do cimento Portland, com as

respectivas abreviações de óxidos e compostos [25;2 6;28;34;35].

Óxidos Abreviação Compostos Abreviação

CaO C 3CaO.SiO2 C3S

SiO2 S 2CaO.SiO2 C2S

Al2O3 A 3CaO.Al2O3 C3A

Fe2O3 F 4CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF

A importância do conhecimento das proporções dos compostos constituintes

do cimento reside na correlação existente entre estes e as propriedades finais do

cimento e também do concreto [33].

O silicato tricálcico (C3S) é o maior responsável pela resistência em todas as

idades, especialmente até o fim do primeiro mês de cura. O silicato bicálcico (C2S)

adquire maior importância no processo de endurecimento em idades mais

avançadas, sendo largamente responsável pelo ganho de resistência por um ano ou

mais.

O aluminato tricálcico (C3A) também contribui para a resistência,

especialmente no primeiro dia. O ferro aluminato de cálcio (C4AF) em nada contribui

para a resistência.

O aluminato tricálcico (C3A) contribui muito para o calor de hidratação,

especialmente no início do período de cura [33]. O silicato tricálcico (C3S) é o

segundo componente em importância no processo de liberação de calor. Os outros

dois componentes contribuem pouco para a liberação de calor.

O aluminato de cálcio, quando presente em forma cristalina, é o responsável

pela rapidez de pega. Com a adição de proporção conveniente de gesso, o tempo

de hidratação é controlado. O silicato tricálcico (C3S) é o segundo componente com

responsabilidade pelo tempo de pega do cimento. Os outros constituintes se

hidratam lentamente, não tendo efeito sobre o tempo de pega [33].

Industrialmente, a composição potencial do clínquer é calculada a partir da

composição da farinha com base nas relações de Bogue [25], onde as variáveis

expressam a concentração em massa dos óxidos, silicatos e aluminatos:

Page 35: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

23

• C3S = 4,071 CaO – 7,602 SiO2 – 6,719 Al2O3 – 1,430 Fe2O3

• C2S = -3,071 CaO + 8,602 SiO2 + 5,068 Al2O3 + 1,079 Fe2O3

• C3A = 2,650 Al2O3 – 1,692 Fe2O3

• C4AF = 3,043 Fe2O3

Algumas simplificações do processo são feitas na utilização das reações de

Bogue como, por exemplo, admitir que são geradas apenas quatro fases principais

do clínquer, com composições estequiométricas C3S, C2S, C3A e C4AF; admitir

ainda que todo ferro aparecerá sob a forma C4AF; e admitir que o excesso de

alumínio aparecerá na forma C3A [12].

Portanto, esse método não conduz a resultados estritamente corretos, para a

composição potencial do cimento Portland, que varia em função das condições de

operação do forno e do subsequente resfriamento do clinquer. O encontro das

correções apropriadas é objeto de trabalho de diversos investigadores, sendo,

entretanto, aceita a aplicação do método de Bogue como um instrumento de controle

da mistura de matérias primas no processo de fabricação do cimento [33].

3.4.2.1 - ETAPAS DO PROCESSO DE CLINQUERIZAÇÃO

a) Evaporação da Água Livre

Ocorre em temperaturas abaixo de 100°C, no primeiro estágio de ciclones.

H2O líquido (100°C) → H2O vapor (100°C) - 539,6 cal/g [31].

b) Decomposição do carbonato de magnésio

A decomposição da dolomita em MgO e CO2 tem início em 340°C, porém a

medida que o teor de cálcio aumenta, também se eleva a temperatura de

decomposição [31].

MgCO3 (sólido) (340°C) → MgO (sólido) + CO2 (gasoso) - 270 cal/g. O MgO

liberado vai dissolver-se na fase líquida (fundida), formada durante a queima e em

parte formará soluções sólidas com as fases mais importantes do clínquer.

Na temperatura de clinquerização o MgO não se combina com os demais

óxidos presentes, ficando livre na forma de periclásio.

Page 36: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

24

c) Decomposição do carbonato de Cálcio

Esta reação tem início em temperatura acima de 805°C, sendo 894°C a

temperatura crítica de dissociação do carbonato de cálcio puro a 1 atm de pressão.

CaCO3 (sólido) → CaO (sólido) + CO2 (gás) - 393 cal/g. Esta reação de

descarbonatação é uma das principais para obtenção do clínquer, devido ao grande

consumo de energia necessária à sua realização e à influência sobre a velocidade

de deslocamento de material no forno [31].

Nos fornos com pré-calcinadores, cerca de 94% da descarbonatação ocorre

no pré-calcinador e o restante no forno.Em fornos sem pré-calcinadores, cerca de

60% ocorre nos ciclones.

É imprescindível que a descarbonatação esteja completa, para que o material

penetre na zona de alta temperatura do forno (zona de clinquerização) [31].

d) Desidroxilação das argilas

As primeiras reações de formação do clínquer iniciam-se em 550°C, com a

desidroxilação da fração argilosa da farinha (cru).A argila perde a água combinada,

que oscila entre 5 e 7%, dando origem a silicatos de alumínio e ferro altamente

reativos com o CaO que está sendo liberado pela decomposição do calcário [31].

A reação entre os óxidos liberados da argila e o calcário, é lenta e, a princípio,

os compostos formados contém pouco CaO fixado. Com o aumento da temperatura

a velocidade da reação aumenta e os compostos enriquecem em CaO.

e) Formação do 2CaO.SiO2

A formação do 2CaO.SiO2 tem início em temperatura de 900°C, onde mesmo

sílica livre e CaO já reagem lentamente. Na presença de Ferro e Alumínio, esta

reação é acelerada .

2CaO + SiO2 (1200°C) → 2CaO.SiO2 = silicato dicálcico [31]

f) Formação do 3CaO.SiO2

O silicato tricálcico inicia sua formação entre 1200°C e 1300°C a 1400°C; os

produtos de reação são 3CaO.SiO2, 2CaO.SiO2, 3CaO.Al2O3 e 4CaO.Al2O3.Fe2O3 e

o restante de CaO não combinado.

2CaO.SiO2 + CaO (1260 a 1450°C) → 3CaO.SiO2 = silicato tricálcico [31].

Page 37: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

25

g) Primeiro resfriamento

A complementação das reações de clinquerização podem ser afetadas pelo

resfriamento sofrido pelo clínquer. Um resfriamento lento leva a um cimento de baixa

qualidade.

O primeiro resfriamento ocorre dentro do forno, após o clínquer passar pela

zona de máxima temperatura. Nesta etapa pode ocorrer a decomposição do

3CaO.SiO2 segundo a reação: 3CaO.SiO2 → 2CaO.SiO2 + CaO livre [31].

h) Segundo resfriamento

O segundo resfriamento ocorre abaixo de 1200°C, já no resfriador. Este

resfriamento lento, também provoca uma maior corrosão dos cristais de 3CaO.SiO2

pela penetração desta fase, nas bordas dos cristais, auxiliando a formação de

2CaO.SiO2.

O magnésio, não combinado, terá sua cristalização nesta etapa. Quanto mais

lento o resfriamento, maior será o desenvolvimento dos cristais de MgO, aglutinado

em zonas [31].

i) Termoquímica da calcinação

A formação dos compostos do clínquer consome pouca caloria e os principais

valores da formação a 1300°C são:

• 2CaO + SiO2 → 2CaO.SiO2 - 146 cal/g

• 3CaO + SiO2 → 3CaO.SiO2 - 111 cal/g

• 3CaO + Al2O3 → 3CaO.Al2O3 - 21 cal/g

• 4CaO + Al2O3 + Fe-2O3 → 4CaO.Al2O3.Fe2O3 - 25 cal/g [31;35]

Page 38: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

26

j) Principais Reações na Fabricação do Clínquer

A tabela 6 mostra as reações presentes na fabricação do clínquer, de acordo

com a temperatura.

Tabela 6. Reações na fabricação do clínquer [12;25 ;31].

TEMPERATURA PROCESSO CALOR

TROCADO

100°C Evaporação da água livre. Endotérmico

500°C Perda de água de cr istalização dos minerais

argilosos.

Endotérmico

700°C a 900 oC Formação das primeiras ferritas. Exotérmico

800°C Decomposição dos calcários. Endotérmico

900°C a 1200°C Reação do CaO restante e conversão dos

aluminatos e das ferritas formadas para C3A e

C4AF.

Exotérmico

1200°C a 1280°C Início da formação de líquido. Endo térmico

1280oC Início de formação do C2S. Exotérmico

1280oC a 1330oC

Formação principal da fase líquida, com a

formação do C3S pela reação do líquido com o

C2S e o CaO livre.

Endotérmico

1330oC a 1450oC Combinação do CaO livre restante e crescimento

dos cristais de C3S e C2S.

Endotérmico

1450oC a 1000oC Transformações Polimórficas das fases C3S e

C2S.

Endotérmico e

Exotérmico

1200oC Solidificação da fase líquida. Exotérmico

3.4.3 – HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND

O processo, segundo o qual o cimento endurece, não é um processo de

secagem, e sim um processo de hidratação, onde a água participa efetivamente de

uma reação química de colagem, denominada reação de hidratação [36].

Page 39: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

27

Vários constituintes diferentes são encontrados no cimento Portland, sendo os

principais o silicato tricálcico e o silicato dicálcico que constituem cerca de 75% do

peso do cimento Portland (tabela 7) [37]. A pega e o endurecimento desse material

resultam de reações de hidratação relativamente complicadas, que ocorrem entre os

vários constituintes do cimento e a água, que é adicionada para tal fim. Esses

produtos hidratados encontram-se na forma de géis complexos ou substâncias

cristalinas que formam as ligações de cimentação.

Tabela 7. Composições típicas de cimento Portland [ 37].

Tipo de

Cimento

Composições (% ponderada)

C3S C2S C3A C4AF

I 55 20 12 9

II 45 30 7 12

III 65 10 12 8

IV 25 50 5 13

V 40 35 3 14

Obs: As porcentagens restantes são de gesso e de compostos de pequeno teor, tais

como MgO, sulfatos alcalinos, etc.

Reações Químicas na hidratação do cimento:

Os compostos anidros do cimento Portland reagem com a água, por hidrólise,

dando origem a numerosos compostos hidratados. Em forma abreviada, são

indicadas algumas das principais reações de hidratação [31;37]:

1) O 3CaO.Al2O3 é o primeiro a reagir, da seguinte forma:

• 3CaO.Al2O3 + CaO + 12H2O → Al2O3 . 4CaO . 12H2O

2) O 3CaO.SiO2 reage a seguir:

• 3CaO.SiO2 + 4,5H2O → SiO2 . CaO . 2,5H2O + 2Ca(OH)2

• 2[3CaO.SiO2 ]+ 6H → 3CaO.2SiO2 . 3H2 + 3Ca(OH)2

3) O 2CaO.SiO2 reage muito mais tarde, do seguinte modo:

• 2CaO.SiO2 + 3,5H2O → SiO2 . CaO . 2,5H2O + Ca(OH)2

• 2[2CaO . SiO2] + 3H2O → 3CaO . 2SiO2 . 4H + Ca(OH)2

Os silicatos de cálcio anidros dão origem a silicatos monocálcicos hidratados

e ao hidróxido de cálcio, que cristaliza em escamas hexagonais, dando origem à

Portlandita.

Page 40: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

28

O silicato de cálcio hidratado apresenta-se com semelhança ao mineral

denominado tobermorita e, como se parece com um gel, é denominado gel de

tobermorita. Porém a composição do silicato hidratado depende da concentração em

cal da solução em que ele está em contato [31;37].

4) Reação de retardo do endurecimento, utilizando gesso

• 2[3CaO.Al2O3 ]+ CaSO4 . 2H2O → 3CaO . 2Al2O3 . 3CaSO4 . 31H2O

• 3CaO.Al2O3 + CaSO4 . 2H2O → 3CaO . Al2O3 . CaSO4 .12H2O [31;37]

Diz-se que o cimento Portland é um cimento hidráulico, pois sua dureza se

desenvolve através de reações químicas com a água. Ele é utilizado, principalmente

(em argamassa e concreto), para aglutinar, na forma de uma massa coesa,

agregados de partículas inertes (areia e/ou cascalho); esses são considerados

materiais compósitos [36].

Figura 3. Resistência à compressão de pastas dos co nstituintes puros do cimento, em função

do tempo de endurecimento [37].

Obs: CSH2 é a abreviatura da fórmula do CaSO4.2H2O

Conforme mostrado na figura 3, o C3S endurece rapidamente e é o principal

responsável pelo primeiro aumento da resistência mecânica . A maior parte da

hidratação do C3S realiza-se em cerca de 2 dias, pelo que, os cimentos Portland de

endurecimento rápido contêm sempre elevadas quantidades de C3S.

O C2S tem uma reação de hidratação lenta e passa a ser o principal

responsável pelo aumento da resistência mecânica ao fim de uma semana (fig.3). O

Page 41: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

29

C3A hidrata-se rapidamente, com uma grande velocidade de libertação de calor e

contribui ligeiramente para o primeiro aumento da resistência mecânica do cimento

(fig.3), sendo sempre mantido em percentagem baixa nos cimentos resistentes aos

sulfatos (Tipo V). O C4AF é adicionado para reduzir a temperatura de formação do

clínquer durante o processo de obtenção do cimento [37].

Influência de cada componente no cimento referente às resistências a

compressão [31]:

• até 3 dias: é assegurada a resistência pela hidratação dos aluminatos e

silicatos tricálcicos (3CaO.Al2O3 e 3CaO.SiO2);

• até os 7 dias: praticamente a resistência é assegurada pelo aumento da

hidratação de 3CaO.SiO2;

• até os 28 dias: continua a hidratação do 3CaO.SiO2 responsável pelo

aumento de resistência, com pequena contribuição do 2CaO.SiO2;

• acima de 28 dias: o aumento da resistência passa a ser devido à hidratação

de 2CaO.SiO2.

Em resumo, a composição química de um cimento, em termos gerais, está

mostrada na tabela 8, onde se encontram os valores limites de todos os óxidos dos

cimentos nacionais.

Tabela 8. Composição química do cimento [48].

Composição Química do Cimento

(% em massa)

CaCO3 61,0 a 67,0

SiO2 20,0 a 23,0

Fe2O3 2,0 a 3,5

Al2O3 4,5 a 7,0

MgO 0,8 a 6,0

Álcalis 0,3 a 1,5

SO3 1,0 a 2,3

TiO2, Mn3O4, P2O5 < 1,0

Page 42: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

30

3.5 – FORNO DE CIMENTO

Na produção de cimento em fornos rotativos, os processos podem ser

classificados quanto ao teor de umidade da farinha em três tipos: úmido, semi-seco

e seco. O processo seco é adotado pela maioria das indústrias cimenteiras. A

tabela 9 apresenta uma comparação entre os três processos e a tabela 10, o calor

necessário para ativar as reações nos processos por via seca e úmida.

Esta classificação é, essencialmente, ligada à quantidade de água adicionada

na farinha. No processo por via úmida a carga era homogeneizada na forma de uma

lama pela adição de 30-40% de água [25;26]. Como maior consequência, o forno

tinha que ter grandes comprimentos para garantir a total evaporação da água antes

do processo de clinquerização, sendo registrados fornos de até 263m de

comprimento [26]. Com a crise energética do início da década de 80, os fornos de

via úmida foram abandonados, passando a operar somente os fornos por via, seca

nos quais o aproveitamento energético é mais eficiente, e consequentemente pode-

se trabalhar com um comprimento menor de forno [12;26;28].

Tabela 9. Comparação entre os processos úmido, semi seco e seco de produção do cimento

em fornos rotativos [26].

Processo

Úmido Semi-seco Seco

Umidade da Carga 30 – 40 % 10 – 15 % Seca

Aproveitamento

Energético

Alto Consumo Alto Rendimento Alto Rendimento

Pré Calcinação Não Há Parcial Parcial ou Completa

Vantagens

Homogeneidade da

Matéria-prima

Baixa Produção de

CKD*

Viabiliza o Uso de

Matéria-prima

Úmida

Uniformidade do

Clinquer Formado

Alta Temperatura

dos Gases de

Saída

Melhor Rendimento

Energético

*Resíduo na fabricação do cimento

Page 43: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

31

Tabela 10. Calor necessário para os processos por v ia seca e úmida [25].

Via Seca

(kJ/kg de

clínquer)

Via Úmida

(kJ/kg de

clínquer)

Calor teórico para as reações químicas 1807 1741

Evaporação da água 13 2364

Calor perdido na saída dos gases e dos pós 623 753

Calor perdido no clinquer 88 59

Calor perdido no ar de resfriamento 427 100

Calor perdido por radiação e convecção 348 682

Total 3306 5699

Os fornos de cimento são constituídos de cilindros de aço revestidos

internamente com material refratário e isolante. Apresentam comprimento de até

100m e uma relação entre comprimento pelo diâmetro de 10:1 a 35:1. Em geral,

estes fornos são operados com velocidades de rotação entre 1 a 4 rpm e uma

inclinação de 3 a 4%.

No interior do forno, ocorrem diversas operações que envolvem fenômenos

físicos e reações químicas de natureza e características muito variadas. A partir da

entrada, a carga sofre transformações no estado físico, dissocia-se, recombina-se,

aglomera-se, esquenta-se e esfria-se, cumprindo um ciclo. Este ciclo é determinado

pelas zonas de temperatura ao longo do forno. A carga, adicionada pela zona fria, é

induzida por gravidade, através destas regiões devido à inclinação e o movimento de

rotação do forno, até chegar à zona de resfriamento. As zonas e as respectivas

temperaturas da carga são mostradas na tabela 11 e na figura 4.

As três primeiras zonas caracterizam-se por um condicionamento da carga,

isto é, uma preparação para a fase de clinquerização. Na primeira zona do forno, a

de secagem, toda a água livre e de cristalização são eliminadas, de maneira bem

rápida, no processo a seco. A zona seguinte pode ser entendida como uma fase de

transição, onde a carga é aquecida até a temperatura de início da calcinação. Nesta

fase, ainda ocorre a desidroxilação dos minerais argilosos. Na zona de calcinação e

de reações exotérmicas, várias reações importantes ocorrem. A desidroxilação dos

minerais argilosos é completada e os produtos cristalizam-se. Há decomposição do

Page 44: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

32

carbonato de cálcio, em óxido de cálcio e de carbonato de magnésio em óxido de

magnésio, ambas com eliminação de dióxido de carbono, o que caracteriza esta

região. Ainda nestas regiões, há a formação de diversos aluminatos de cálcio e

início da formação de ferrita [10;15;38].

Tabela 11. Zonas e suas respectivas faixas de t emperaturas em um forno de cimento [38].

Zona Temperatura de Carga

Secagem Acima de 200o C

Pré aquecimento 200 – 800o C

Calcinação 800 – 1100o C

Reações exotérmicas 1100 – 1300o C

Sinterização 1300 – 1500o C e 1500 – 1300o C

Resfriamento no forno 1300 – 1000o C

Figura 4. Representação esquemática do perfil térmi co de um forno de cimento, no processo

seco. (Curva contínua: temperatura da carga; curva tracejada: temperatura dos gases) [26].

A zona de sinterização ocupa uma pequena porção do forno, entretanto, a

maior parte das fases principais do cimento são formadas nesta região. Neste ponto,

Page 45: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

33

onde o material pode atingir temperaturas de até 1500o C, parte da carga se liquefaz

e se completa a formação de C3S (3CaO.SiO2) e C2S (2CaO.SiO2). A fase líquida,

formada na zona de sinterização, retém a cal, alumina e o óxido de ferro não

combinados, provocando o surgimento de nódulos com 3 a 20 mm de diâmetro. Este

líquido, durante o resfriamento, à medida que se solidifica, forma os C3A

(3CaO.Al2O3) e C4AF (4CaO.Al2O3.Fe2O3). A cinética de formação destes óxidos

exige a permanência da carga de 10 a 15 min na zona de sinterização. A fase de

resfriamento no forno ocorre após a carga passar pelo queimador. Em seguida o

clínquer cai no resfriador onde a temperatura decresce, rapidamente, até 50o C

[10;25;26;38].

No entanto, das reações existentes, libertam-se inúmeros gases que se

encontram direcionados para equipamentos especiais de retenção de partículas, tais

como torres de arrefecimento e precipitadores eletrostáticos [31;38].

Nos fornos são utilizados diversos combustíveis para elevar a temperatura de

clinquerização (~1400°C). Os mais utilizados são: ó leo pesado, coque de petróleo,

carvão mineral ou vegetal [31]. Tem existido uma crescente preocupação por parte

das indústrias cimenteiras, pelo meio ambiente e pela utilização de resíduos

industriais.

Figura 5. Fluxo de gases e material no forno de cim ento [31].

Para que ocorra o aquecimento do material cru, o mesmo é lançado numa

torre de ciclones onde, em fluxo contrário, circulam os gases quentes da combustão,

conforme se vê na figura 5. Nos ciclones, ocorre a separação dos gases e material

Page 46: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

34

sólido. Os gases são lançados na atmosfera, após passarem por um filtro

eletrostático, onde as partículas, ainda presentes dos gases, são precipitadas e

voltam ao processo. Após passagem pelos ciclones o material entra no forno

rotativo, onde ocorrem as reações de clinquerização.

Para se proceder, a seguir, à moagem do clínquer, é necessário adicionar

aditivos, devido à sua insolubilidade em água. O arrefecimento do clínquer que se

inicia ainda no interior do forno e continua no arrefecedor é de extrema importância,

visto que esta fase é primordial para a sua qualidade. Como tal, pressupõe-se que

deve ser rápida, para que a alita - C3S (constituinte mineralógico mais importante do

clínquer) não se decomponha em belita - C2S e cal, o que provocaria a queda da

qualidade do clinquer. É nesta fase que o clínquer se transforma em pó e é estocado

em silos, para dar origem ao conhecido cimento. No entanto, esta fase é

condicionada, igualmente, pela granulometria, a porosidade e tamanho dos cristais

e, por fim, pela composição mineralógica [28;31]. O clínquer daí é estocado em silos

para a produção do cimento, (figura 6).

Figura 6. Produção de cimento [31].

Page 47: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

35

3.6 – APLICAÇÕES DOS DIVERSOS TIPOS DE CIMENTO.

Cada categoria ou tipo de cimento possui uma ou mais aplicações, indicadas

na tabela 12, mostrada abaixo.

Tabela 12. Tipos de Cimento [31]

TIPO DE CIMENTO APLICAÇÃO

CPI– cimento Portland comum Aplica-se a obras diversas, concreto simples,

concreto armado, não sendo utilizado para

desenformas rápidas e para uso em águas

marinhas.

CPII – cimento Portland composto Utilizado para desenformas rápidas, e

resistências mecânicas maiores em tempo

menor. Usado também na fabricação de pré-

moldados: telhas, caixas de água etc.

CPIII – cimento Portland de alto

forno

Seu emprego é generalizado em obras de

concreto simples e concreto armado, além

disso, é indicado em concreto exposto a águas

agressivas como água do mar e sulfatadas,

dentro de certos limites.

CPIV – cimento Portland

pozolânico

Seu emprego é generalizado, não havendo

contra-indicação desde que respeitadas suas

peculiaridades como às menores resistências

nos primeiros dias.

CPV ARI – cimento Portland de

Alta Resistência Inicial

É especialmente empregado, Quando

necessita-se desenforma rápida.

Page 48: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

36

3.7 – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS.

A principais especificações técnicas encontram-se discriminadas na tabela 13,

mostrada abaixo.

Tabela 13. Especificações técnicas [31]

Tipo

Classe

(Resist.

MPa)

Composição Norma

Brasileira Clínquer

+ Gesso

Escória

Alto Forno Pozolana

Materiais

Carbonáticos

CPI CPI- S

25 32 40

100

95–99

0 1-5

NBR 5732

CPII–E CPII–Z CPII–F

25 32 40

56–94 76–94 90–94

6-34

6-14

0-10 0-10 6-10

NBR 11578

CP III

25 32 40

25–65 35-70 0 0-5 NBR 5735

CPIV 25 32

45–85 0 15-50 0-5 NBR 5736

CPV–ARI . 95–100 0 0 0-5 NBR 5733 CPV–ARI– RS 95–100 * * 0-5 NBR 5737

*CP V-ARI-RS admite adição de escória ou material pozolânico, porém a NBR-5737

(Cimentos Portland resistentes a sulfatos) não fixa limites.

Para maior compreensão, as denominações dos tipos de cimento,

anteriormente citados, encontram-se na tabela 14.

Page 49: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

37

Tabela 14. Denominações dos cimentos nacionais

TIPO

DENOMINAÇÃO

CP I

Cimento Portland Comum

CP I – S

Cimento Portland Comum com adição

CP II – E

Cimento Portland Composto com Escória de Alto

Forno

CP II – Z

Cimento Portland Composto com Pozolana

CP II – F

Cimento Portland Composto com Filler (Calcário)

CP III

Cimento Portland de Alto Forno

CP IV

Cimento Portland Pozolânico

CP V – ARI

Cimento Portland de Alta Resistência Inicial

CP V – ARI RS

Cimento Portland de Alta Resistência Inicial e

Resistente a Sulfatos

Page 50: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

38

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Para maior compreensão do desenvolvimento deste capítulo, segue abaixo o

fluxograma das etapas realizadas.

10% 20% 30% 40% 50%

CP-III 32 RS

10% 20% 30 % 40% 50%

CP-V ARI RS

Caraterização Químico-Mineralógica

MoagemMétodo de Bond

Secagem em Estufa

Resíduo

Técnica da Ultrassonagem

Lama de Aciaria

Ensaios:Finura, Tempo de Pega,

Expansibilidade,Resistência

Comparação com as Normas Técnicas

Conclusões

Figura 7. Fluxograma das etapas desenvolvidas no es tudo.

Page 51: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

39

Neste trabalho, foram utilizados diversos materiais, sendo o mais importante, o

resíduo secundário, obtido após a retirada de parte do ferro metálico de lamas de

aciaria, pela técnica da ultrassonagem. É um processo original de recuperação do

Fe-metálico, presente na lama de aciaria, na forma de partículas esféricas realizado

no CT3/FG. O processo em consiste no bombardeamento ultra-sônico sobre uma

polpa, rica em ferro, que promoverá a desagregação das partículas ligantes da lama.

Após a desagregação, as partículas que compõem a polpa estarão completamente

liberadas. A polpa é então encaminhada a um equipamento de concentração

gravimétrica, obtendo-se um produto de elevado teor metálico (90 a 96% Fe) e um

resíduo secundário que é o material principal do objeto deste estudo [39]. Tal

resíduo, após secagem em estufa (120o C durante, aproximadamente, 2 horas) e

moagem em moinho de bolas, foi adicionado a dois tipos de cimento em partes

crescentes (10 a 50% em massa). Foram utilizados os cimentos:

• CP-III 32 RS (cimento Portland de alto-forno – Resistente a Sulfatos).

• CP-V RS (cimento Portland de alta resistência inicial – Resistente a Sulfatos)

O critério de escolha desses materiais foi fundamentado no fato de que tais

cimentos são muito utilizados comercialmente. O CP-III é um cimento que pode ter

aplicação geral em argamassas de assentamento, revestimento, argamassa

armada, de concreto simples, armado, protendido, projetado, rolado, magro e outras.

Como contém escória de alto-forno (35-70%) e materiais carbonáticos (0-5%) é o

mais utilizado, principalmente, nas regiões onde há maior produção de escória, que

é a realidade do nosso Estado. O CP-V é recomendado no preparo de concreto e

argamassa para produção de artefatos de cimento, em indústrias de médio e

pequeno porte, como fábricas de blocos para alvenaria, blocos para pavimentação,

tubos, lajes, meio-fio, mourões, postes, elementos arquitetônicos pré-moldados e

pré-fabricados. Como é mais puro, ou seja, só permite a adição de materiais

carbonáticos (0-5%), proporciona uma análise mais fiel do efeito da adição do

resíduo.

Todos os ensaios de laboratório foram realizados dentro das normas técnicas

estabelecidas, de maneira, igualmente, a simular, de forma mais fiel possível, o

processo industrial.

Os métodos e técnicas de caracterização dos materiais supracitados, bem

como a determinação das propriedades físicas dos produtos obtidos, serão

Page 52: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

40

detalhados a seguir.

4.1 – CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO

O resíduo, como já foi dito anteriormente, é proveniente de uma lama de

aciaria, cuja composição química é mostrada na tabela 15, cedida ao CT3 -

Fundação Gorceix, pela empresa Belgo Mineira.

Tabela 15. Composição da lama de aciaria [39].

Fe –Metálico 57,50 %

Fe – Total 75,40 %

SiO2 3,65 %

CaO 8,40 %

Al2O3 1,70 %

MgO 0,35 %

C 1,70 %

4.1.1 - ANÁLISE GRANULOMÉTRICA .

A análise granulométrica tem por objetivo a distribuição de tamanho das

partículas que compõem o resíduo. O procedimento foi o seguinte: a partir de

quarteamentos sucessivos, tomou-se uma amostra de 150g do material. Em

seguida, levou-se esta amostra a um conjunto de peneiras (8” diâmetro, 2” altura),

dispostas em ordem decrescente da abertura de sua malha, sobre uma mesa

vibratória com frequência de 80 Hz, durante 30 min. As frações, em que se dividiu o

material analisado, refletem o conjunto de peneiras selecionadas. Esta análise foi

realizada no CT3/FG e o seu resultado está discriminado no capítulo 5, deste

trabalho.

Page 53: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

41

4.1.2 – MOAGEM DO RESÍDUO

Para obter uma mistura homogênea, entre o resíduo e o cimento, foi

necessário efetuar a moagem do resíduo em um moinho de bolas, utlizando-se o

método de Bond. Tal método é baseado em diversas fórmulas empíricas, através

das quais foi calculado o consumo energético da moagem. Ressalte-se que, o

sucesso do dimensionamento de moinhos com a utilização da lei de Bond é devido

ao fato de tal método propiciar resultados muito próximos do real, nas condições

normais de moagem [40].

4.1.2.1 – MÉTODO DE BOND

No método de Bond, define-se WI como sendo a energia necessária em kWh

para a fragmentação de uma tonelada de um material, de um tamanho

supostamente infinito, até 80% passante em uma malha de 100 micra. A

Determinação do WI obedece a NBR-11376 [41] e o Work Index ou índice de Bond

(WI) é o parâmetro de consumo que expressa a resistência de um material ao ser

britado ou moído [42].

A fórmula de Bond, para determinação do WI, pelo método direto, foi

deduzida empiricamente e baseia-se na moagem, a úmido, em moinho de bolas

industrial com diâmetro interno de 2,440 m, com descarga por overflow e

trabalhando em circuito fechado, combinando energia consumida com eficiência

média de pulverização.

Bond determina que:

• para moagem, via seca, deve-se multiplicar o valor do WI obtido por 4/3.

• para diâmetro interno, diferente de 2,440 m, multiplica-se o valor do WI por

2,440 x D x 0,2, onde D é o novo diâmetro.

• para moagem de tamanho de partículas menores que 70 microns , multiplica-

se o valor do WI por P x 10,3/1145 x 1145, onde P é tamanho das partículas

menores que 70 microns.

O cálculo de WI, comumente usado, foi padronizado para um moinho

denominado Moinho de Bond cujas dimensões são 12”x12’’ e faz-se pela fórmula a

seguir:

Page 54: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

42

( ) ( )

−=

80

10

80

10

5.44

82.023.0

FPxGBPxPi

WI (I)

onde:

• WI - Work Index Bond, em kWh/t;

• Pi - Abertura da malha teste, em microns;

• GBP - Ball Mill Grinbility (gramas moídas por revolução ) , em gramas;

• P80 - Abertura em malha quadrada que deixa passar 80% do produto, em

microns;

• F80 - Abertura em malha quadrada que deixa passar 80% da alimentação,

em microns.

A carga utilizada para determinação do WI é balanceada, de bolas também

padronizadas e deve seguir a rigor, os valores mostrados na tabela 16:

Tabela 16. Padronização das bolas utilizadas no moi nho.

Número de

Bolas

Peso de Bolas

Gramas

Diâmetro das

Bolas

Milímetro

Polegadas

Fração Decimais

43 8464 36.5 17/16 1.4375

67 7469 30.2 13/16 1.1875

10 663 25.4 1 1.0000

71 2002 19.1 ¾ 0.7500

94 1529 15.9 5/9 0.6250

A velocidade do moinho é um fator importante na determinação de WI. O

moinho deve ser acionado por rolos, dotado de sistema de freio que possibilite a

parada súbita do equipamento, permitindo o número exato de rotações. A

velocidade do moinho para determinação do WI, é constante e igual a 70 rpm [42].

- Condições padrões do teste:

• Dimensões do moinho: 12” x 12”

• Velocidade de operação: 70 rpm

• Circuito de moagem: fechado (seco) com uma malha escolhida

Page 55: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

43

• Carga circulante a ser atingida: 250% NA (Nova Alimentação)

• Granulometria da alimentação: 100% passante em 6#

• Volume do material: 700 ml

• Carga de bolas: descrita na tabela 16

Procedimentos:

• Na preparação da amostra, após a redução da mesma a 100% passante em 6 #,

ela é inicialmente homogeneizada por meio da confecção de cones e,

posteriormente, por pilhas longitudinais, para assegurar uma homogeneização

satisfatória.

• Confeccionada a pilha de homogeneização definitiva, é retirada uma amostra

suficiente para a realização de duas análises granulométricas ( A.G.

Alimentação). A média dessas análises granulométricas, constituirá a

granulometria da alimentação e será representada num gráfico mono-log, de

onde será retirada a % passante na malha de teste escolhida e o F80.

• Para a realização dos diversos ciclos de moagem, são retirados da pilha de

homogeneização, 700 ml de amostra que, após ser pesada, constituirá a

alimentação do 1o ciclo de moagem.

• Esta massa é então levada ao moinho de Bond e moída durante um certo

número de revoluções arbitrado; para as demais moagens o número de

revoluções é calculado pela fórmula abaixo mencionada.

• Encerrada a moagem, é feito o peneiramento na malha teste escolhida, pesando-

se o US (undersize) e o OS (oversize), cujos valores serão lançados na planilha.

• Na próxima moagem a alimentação do moinho será constituída do OS da etapa

anterior, mais a NA (Nova Alimentação), que será retirada da pilha de

homogeneização, utilizando-se um número de revoluções calculado pela fórmula:

ANTERIORGBP

OALIMENTAÇÃMALHATESTEIPPNR

−= (II)

Onde:

• IPP é o produto ideal, cujo valor é a alimentação inicial dividida por 3,5,

significando o US produzido no momento que a carga circulante (CC) atinge

250% NA (Nova Alimentação).

Page 56: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

44

• NR é o número de revoluções.

• MALHA TESTE ALIMENTAÇÃO é o conteúdo de finos alimentado em cada ciclo.

• teste se encerrará, portanto, no ciclo que o US se iguala ao IPP, significando que

a CC atinge 250% NA.

• Do último US (quando CC = 250% NA), retira-se 2 alíquotas para a realização de

análises granulométricas, cuja média lançada em gráfico mono-log, fornecerá o

valor de P80 ;

• Conhecendo-se o P80, F80, GBP e a abertura da malha de teste escolhida (PI em

micra), calcula-se o WI pela fórmula (I), descrita anteriormente.

Finalmente, para melhor compreensão das etapas descritas acima, a figura 8

mostra o fluxograma para a determinação do WI pelo método de Bond.

Figura 8. Fluxograma para a determinação do WI pelo método de Bond.

Amostra Total

30kg

Reduzir a 100% <

6#

Homogeneizar em pilha e

quartear

4 alíquotas sendo:

2 análise granulométrica e

2 reserva

Alíquota 700ml que irá

compor a alimentação

inicial.

Pesar a alimentação inicial.

Restante da amostra em alíquota

Para ajuste de massa.

Tomar média da análise

granulométrica e determinar F80.

Calcular o IPP

US real

Efetuar o primeiro ciclo de

moagem com um número de

rotação arbitrado.

Descarga do moinho,

peneiras na malha teste.

OS real

Pesar e comparar com IPP.

Quando US=IPP dar o teste por encerrado.

Tomar duas alíquotas

para análise granulo-

métrica, tomar média e

determinar o P80.

Tomar duas alíquotas

para reserva da descarga do moinho.

Pesar e juntar com a

ANA a acrescentar.

Page 57: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

45

A moagem, seguida da determinação do WI foram realizadas em um

equipamento de propriedade do CT3/FG. O resultado está discriminado e discutido

no capítulo 5, deste trabalho.

Na figura 9, é mostrado o aspecto do resíduo, após moagem, utilizado neste

estudo.

Figura 9. Aspecto do resíduo após moagem

4.1.3 - CARACTERIZAÇÃO QUÍMICO-MINERALÓGICA .

4.1.3.1 – DIFRAÇÃO DE RAIOS-X:

A difração de raios-X foi utilizada na identificação das fases presentes no

resíduo. O difratograma foi obtido em um difratômetro Shimadzu, modelo XRD-6000,

equipado com tubo de Co e filtro de ferro. As varreduras foram feitas a 1o /min no

intervalo de 10-70o (2 theta). A análise do resultado foi feita através do programa

JADE.

O resultado desta análise está discriminado e discutido no capítulo 5, deste

trabalho.

4.1.3.2 - ANÁLISE QUÍMICA:

Na análise química, os teores de ferro na amostra foram determinados por via

úmida. Os teores de ferro total e de Fe2+ foram determinados em triplicata, por

titulação com dicromato de potássio.

Page 58: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

46

O resultado desta análise está discriminado e discutido no capítulo 5, deste

trabalho.

4.1.3.3 – ESPECTROSCOPIA MOSSBAUER :

O espectro foi obtido, à temperatura ambiente, em um espectrômetro

operando no modo de aceleração constante. O espectro foi ajustado,

numericamente, como uma superposição de sextetos e dubletos simétricos e os

teores, das fases mineralógicas identificadas, foram calculados a partir das áreas

relativas de cada componente e do teor de ferro total, cujos resultados estão no

capítulo 5, deste trabalho.

4.2 – PROPRIEDADES FÍSICAS / ENSAIOS DE CIMENTO

As propriedades físicas do cimento Portland são consideradas sob três

aspectos distintos: propriedades do produto em sua condição natural, em pó, da

mistura de cimento e água e proporções convenientes de pasta e, finalmente, da

mistura da pasta com agregado padronizado - as argamassas.

As propriedades da pasta e argamassa são relacionadas com o

comportamento desse produto e interferem nas suas propriedades, para a

elaboração de concretos e argamassas. Tais propriedades se enquadram em

processos artificialmente definidos nos métodos e especificações padronizados,

oferecendo sua utilidade, quer para o controle de aceitação do produto, quer para a

avaliação de suas qualidades, para os fins de utilização dos mesmos [33].

4.2.1 – FINURA

A finura do cimento é noção relacionada com o tamanho dos grãos do

produto. É, usualmente, definida de duas maneiras distintas: pelo tamanho máximo

do grão, quando as especificações estabelecem uma proporção em peso do material

retido na operação de peneiramento em malha de abertura definida, e,

alternativamente, pelo valor da superfície específica (soma das superfícies dos

grãos contidos em um grama de cimento).

A finura, mais precisamente, a superfície específica do produto, é o fator que

Page 59: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

47

governa a velocidade da reação de hidratação do mesmo e tem também sua

influência comprovada em muitas qualidades de pasta, das argamassas e dos

concretos.

O aumento da finura melhora a resistência, particularmente, da primeira

idade, diminui a exsudação e outros tipos de segregação, aumenta a

impermeabilidade, a trabalhabilidade e a coesão dos concretos e diminui a expansão

em autoclave.

A finura do cimento é determinada, naturalmente, durante o processo de

fabricação para controle do mesmo, como também nos ensaios de recepção do

produto, quando deve estar dentro dos limites determinados nas especificações

correspondentes. A medida da finura, ainda é feita através de um ensaio de

peneiramento por uma peneira padrão (n0 200 de malha de 75 micra de abertura).

As especificações brasileiras NBR-5733 [43] e NBR-5735[44] prescrevem limite de

retenção na peneira n0 200. Esta determinação é bastante imprecisa e só foi

conservada em face da facilidade de sua execução [33]. A execução do ensaio

é descrita pela NBR-11579 [45] e o seu resultado está discriminado e discutido no

capítulo 5.

Verificou-se ser impraticável, a operação de separação de grãos de tamanhos

inferiores a 60 micra. Desenvolveram-se, entretanto, processos indiretos de análises

granulométricas que se baseiam na medida de tempo de sedimentação de

suspensões, na medida da permeabilidade à passagem de determinados fluidos,

através dos vazios intergranulares de amostras de cimento, etc. No processo de

permeâmetro de Blaine, mede-se o tempo de percolação de determinado volume de

ar através dos vazios intergranulares de uma amostra de cimento de características

definidas. O ensaio normalmente é realizado com repetições.

O ensaio consiste em medir o tempo necessário que uma dada quantidade de

ar necessita para atravessar uma amostra de densidade conhecida, determinando-

se a superfície específica pela comparação dos resultados obtidos, com os

determinados para uma amostra padrão de superfície específica conhecida. A figura

10, a seguir, ilustra o esquema do equipamento utilizado neste ensaio.

Page 60: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

48

Figura 10. Esquema do Permeâmetro de Blaine [33]

O aparelho é composto de uma célula cilíndrica, de metal inoxidável, no fundo

da qual repousa um pequeno disco perfurado, que suporta um pequeno disco de

papel-filtro. Uma quantidade de cimento “m” é introduzida numa pequena cuba e

comprimida por um pistão apropriado. Um êmbolo que se adapta à célula, limita um

volume constante “V”. Essa célula é fixada sobre um tubo em “U”, de cerca de um

centímetro de diâmetro, dotado de quatro marcas, A, B, C e D. Na parte superior do

traço marcado, existe uma derivação dotada de registro e ligada a um aspirador

manual de borracha, tipo seringa. O tubo é enchido até D com um líquido de

densidade conhecida, geralmente um álcool. Colocada a amostra, o ar existente é

aspirado pela seringa, até que o líquido suba até a marca A. O registro é fechado e

inicia-se a observação da queda da coluna, que corresponde a uma percolação de

ar através de amostra contida na cuba superior. Mede-se o tempo correspondente à

descida da coluna. A superfície específica da amostra é, então, determinada pela

aplicação da fórmula:

ηεγε

).1.(

.. 3

−= tk

S

Onde:

• S é a superfície específica (m2/kg)

• ε é a porosidade da camada (normalmente 0,5 para o cimento)

• t é o tempo em segundos

• γ é o massa específica do material

• η é a viscosidade dinâmica do ar

Page 61: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

49

• k é a constante do aparelho (obtida de uma amostra padrão de superfície

específica conhecida).

A massa “m” de cimento a utilizar no ensaio é dada por:

Vem .).1( γ−=

Onde:

• γ é a massa específica do cimento

• V é o volume da camada amostra padrão – constante.

Esse método é largamente utilizado na indústria de cimento.

A superfície específica determinada por esse processo, ou outros mais que

existem, conduz a valores de significado relativo, do ponto de vista de previsão para

o comportamento do cimento examinado, isso porque, em tais processos, a

distribuição do tamanho dos grãos não é perfeitamente considerada. Cimentos de

procedências diferentes, com os mesmos valores de superfície específica, podem

mostrar comportamento diverso, tanto quanto à resistência como quanto à

exsudação. De qualquer forma, porém, cumpre salientar o inestimável valor desses

ensaios no controle de fabricação, quando os parâmetros perturbadores

permanecem os mesmos.

– Massa Específica: γ

È uma grandeza dada pela relação entre a massa de uma certa quantidade

de cimento e o volume real ocupado por esta massa.

Sua determinação é feita em laboratório pelo uso do frasco de Le Chatelier e

outros materiais. Seu conhecimento é importante para se estabelecer o consumo de

cimento na confecção das pastas, argamassas e concretos. Experiências apontam

que a massa específica dos cimentos nacionais, encontra-se compreendida entre os

valores 2,95 e 3,15 g/cm3. È importante observar que durante a fase de

endurecimento da pasta, a massa específica é variável, aumentando à medida que

avança o processo de hidratação do cimento. Esse fenômeno é conhecido como

retração.

Os ensaios realizados, para a determinação da massa específica, e da área

específica obedecem às normas NBR–6474 [46] e NBR-7224 [47]. Foram realizados

Page 62: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

50

no aparelho de Blaine, do DECIV/EM/UFOP, mostrado na figura 11. Seus resultados

estão discriminados e discutidos no capítulo 5, deste trabalho.

Figura 11. Frasco de Le Chatelier e Permeabilímetro de Blaine utilizados nos ensaios.

4.2.2 – TEMPO DE PEGA

O fenômeno da pega do cimento compreende a evolução das propriedades

mecânicas da pasta no início do processo de endurecimento, propriedades

essencialmente físicas, consequente, entretanto, de um processo químico de

hidratação. É um fenómeno artificialmente definido como o momento em que a pasta

adquire certa consistência, a partir do qual, a pasta perde sua trabalhabilidade. Tal

conceituação se estende, evidentemente, tanto à argamassa quanto aos concretos

nos quais a pasta de cimento está presente e com missão aglutinadora dos

agregados.

No processo de hidratação, os grãos de cimento que, inicialmente, se

encontram em suspensão, vão se aglutinando paulatinamente uns aos outros, por

efeito de floculação, conduzindo à construção de um esqueleto sólido, finalmente

responsável pela estabilidade da estrutura geral. O prosseguimento da hidratação,

em subsequentes idades, conduz ao endurecimento responsável pela aquisição

permanente de qualidades mecânicas, características do produto acabado. A pega e

o endurecimento são dois aspectos do mesmo processo de hidratação do cimento,

vistos em períodos diferentes - a pega na primeira fase do processo e o

endurecimento na segunda e última fase do mesmo. A partir de um certo tempo,

Page 63: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

51

após a mistura, quando o processo de pega alcança determinado estágio, a pasta

não é mais trabalhável e não admite operação de remistura. Deve ser observado o

período de tempo que constitui o prazo disponível para as operações de manuseio

das argamassas e concretos, após o qual esses materiais devem permanecer em

repouso, em sua posição definitiva, para permitir o desenvolvimento do

endurecimento [33,48].

A caracterização da pega dos cimentos é feita pela determinação de dois

tempos distintos: o tempo de início e o tempo de fim de pega. Os ensaios são feitos

com pasta de consistência normal com o aparelho de Vicat. Nesse aparelho

(mostrado na figura 12) mede-se, em última análise, a resistência à penetração de

uma agulha na pasta de cimento.

Figura 12. Esquema do aparelho de Vicat [33]

A pasta é misturada em proporção que conduz a uma consistência

denominada normal. Essa consistência normal é verificada no mesmo aparelho de

Vicat, utilizando-se a chamada sonda de Tetmajer, que é constituida de um corpo

cilíndrico, metálico, liso, de 10 mm de diâmetro e terminando em seção reta. A

sonda penetra, verticalmente, na pasta fresca por ação de um peso total (incluindo

a sonda), de 300 g. Diz-se que a pasta tem consistência normal quando, colocada

em uma fôrma anelar, com diâmetro interno de 8 cm e altura de 4 cm, a sonda de

Tedmajer, colocada sobre a pasta sem choque e sem velocidade inicial, estaciona a

6 ± 1mm do fundo da fôrma. Essa distância, medida em milímetros, é denominada

índice de consistência. Portanto, determinado o índice de consistência, a pasta está

preparada para ensaios de tempo de pega.

Page 64: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

52

Essa amostra, de consistência normal, é ensaiada, nesse mesmo aparelho, à

penetração da agulha de Vicat, um corpo cilíndrico circular, com l mm2 de área de

seção e terminando em seção reta. A amostra é ensaiada, periodicamente, à

penetração pela agulha de Vicat, determinando-se o tempo de início da pega

quando esta deixa de penetrar até o fundo da pasta, ou seja, o início de pega é o

tempo que decorre desde o instante em que se lança no cimento a água de

amassamento até que a agulha de Vicat, aplicada também sem choque, estaciona a

1mm do fundo. Os ensaios prosseguem até a determinação do tempo de fim de

pega, que é o tempo que decorre desde o lançamento da água de amassamento,

até o momento em que a agulha, aplicada suavemente sobre a superfície da pasta,

não penetra mais na amostra, deixando apenas uma imperceptível marca superficial

[48]. A figura 13 mostra o equipamento a as amostras ensaiadas.

Figura 13. Aparelho de Vicat e amostras das mistura s ensaiadas (DECIV/EM/UFOP)

Os métodos de ensaio, para as determinações do índice de consistência da

pasta e dos tempos de pega, são detalhados nas normas NBR-11580 [49] e NBR-

11581 [50], respectivamente.

Os resultados, desta análise, estão discriminados e discutidos no capítulo 5.

4.2.3 – EXPANSIBILIDADE

Para que um cimento seja estável é necessário que nenhum de seus

compostos sofra, uma vez endurecido, uma expansão prejudicial e destrutiva.

Page 65: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

53

A estabilidade do cimento é uma característica ligada à ocorrência eventual

de indesejáveis expansões volumétricas, posteriores ao endurecimento do concreto

e resulta da hidratação de cal e magnésia livre, nele presentes. Quando o cimento

contém apreciáveis proporções de cal livre (CaO), esse óxido, ao se hidratar

posteriormente ao endurecimento, aumenta de volume, criando tensões internas que

conduzem à microfissuração, e pode terminar na desagregação, mais ou menos

completa, do material [48].

Os estudos feitos indicam que os óxidos e os compostos aparecem sob a

forma de: cristais simples (C3S, C2S, C3A e MgO – periclásio), cristais mistos (C4AF

e a inclusão de MgO na rede cristalina complexa do C4AF) e a parte vítrea (variável

e dependente principalmente do esfriamento do clínquer).

Os trabalhos de Taylor puseram em evidencia ser o periclásio, magnésia

cristalizada, o responsável pela expansão excessiva, não tendo a magnésia

dissolvida, qualquer contribuição. Aceita-se, ser de 2% o teor máximo permissível de

MgO em cristais de periclásio, para prevenir a instabilidade de volume [48].

Determina-se a estabilidade do cimento pelos ensaios de expansão em

autoclave, onde a pasta de cimento é submetida a um processo acelerado de

endurecimento em temperatura elevada, de modo a fazer aparecer, em sua provável

grandeza, a expansão resultante da hidratação, tanto da cal, quanto da magnésia

livre. No Brasil, utiliza-se, para esse ensaio, a chamada agulha de Le Chatelier que

é constituída por uma forma cilíndrica de chapa de latão com 30 mm de altura e 30

mm de diâmetro, com uma fenda aberta segundo uma geratriz. Soldadas às bordas

dessa fenda, estão duas hastes destinadas a multiplicar a medida da abertura, que

aumenta com a expansão do núcleo de pasta, soldada no interior do cilindro. No

método NBR-7215 [51] da ABNT, esse ensaio é descrito em detalhe e é constituído,

em linhas gerais, da moldagem, cura do corpo de prova imerso em água na

temperatura ordinária, durante 12 horas, e subsequente aquecimento do corpo de

prova em água conduzida lentamente, à fervura, durante cinco horas ou mais. O va-

lor da expansibilidade é medido nas pontas das agulhas em milímetros, não

podendo ultrapassar os limites descritos pelas especificações de qualidade do

cimento (NBR-5733 e a NBR-5735).

Os ensaios de verificação da expansibilidade pelas agulhas de Le Chatelier

são muito imprecisos, apresentando como única vantagem, o equipamento reduzido

e a facilidade de execução. Seus resultados estão discriminados e discutidos no

Page 66: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

54

capítulo 5, deste trabalho.

4.2.4 – RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

A resistência mecânica dos cimentos é determinada pela ruptura à

compressão de corpos de prova realizados com argamassa. A forma do corpo, de

prova, suas dimensões, o traço da argamassa, sua consistência e o tipo de areia

empregado são definidos nas especificações correspondentes, e constituem

características que variam de um país para outro.

Quase todos adotam cubos de arestas de 5 a 7 cm, predominando esta última

dimensão. Apenas no Brasil e no Uruguai empregam-se corpos de prova de forma

cilíndrica. No Brasil, o corpo de prova é um cilindro de 10 cm de altura por 5 cm de

diâmetro. A consistência da argamassa é determinada pelo ensaio de

escorregamento da argamassa normal. O processo é descrito, pormenorizadamente,

no método NBR-7215 [51] da ABNT.

A argamassa é constituída pela mistura de cimento e areia normal, nas

proporções de 1:3 em peso, materiais secos. A água a ser adicionada será

determinada para se conseguir a consistência normal, anteriormente definida.

A areia utilizada na argamassa tem sua análise granulométrica de acordo

com a NBR-7214 [52] da ABNT e seus resultados estão discriminados no capítulo 5.

Os corpos de prova, assim executados, são conservados em câmara úmida

por 24 horas, e a seguir imersos em água, até a data do rompimento. Este se

processa, geralmente, nas idades de l, 3, 7 e 28 dias. Para o cimento Portland

ordinário, a especificação brasileira NBR-5732 [27] exige, aos três dias de idade,

resistência mínima de 80 kgf/ cm2. Aos sete dias, 150 kgf/cm2 e, aos 28 dias, 250

kgf/cm2.

A NBR 5737 [53], fixa as condições exigíveis no recebimento dos cimentos

Portland resistentes a sulfatos. Convém lembrar que, exclusivamente para os fins

específicos desta norma, o CP-V ARI, utilizado neste estudo, deve apresentar

resistência à compressão, a um dia de idade, igual ou superior a 11 MPa. As demais

exigências permanecem inalteradas e são as indicadas nas respectivas normas.

Os resultados deste ensaio estão discriminados e discutidos no capítulo 5,

deste trabalho.

Page 67: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

55

A figura 14 mostra a máquina em que os corpos de prova foram rompidos

durante o ensaio.

Figura 14. Máquina utilizada no ensaio de Resistênc ia à compressão (DECIV/EM/UFOP).

Page 68: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

56

4.3 – EXIGÊNCIAS FÍSICAS

Nos ensaios anteriormente descritos, é de extrema importância observar os

limites impostos pelas normas técnicas e mostrados na tabela abaixo.

Tabela 17. Exigências Físicas [31].

Tipos

Cla

sse

(M

Pa)

Finura Tempo de

Pega Expansibilidade

Resistência à

Compressão

#200

(75mm)

Blaine

(m²/kg)

Início

(h)

Fim

(h)

Frio

(mm)

Quente

(mm)

1 Dia

(MPa)

3 Dias

(MPa)

7 Dias

(MPa)

28 Dias

(MPa)

CPI

CPI– S

25

32

40

<12,0

<12,0

<10,0

>240

>260

>280

>1

<10

<5,0

<5,0 -

>8,0

>10,0

>15,0

>15,0

>20,0

>25,0

>25,0

>32,0

>40,0

CPII-E

CPII-Z

CPII-F

25

32

40

<12,0

<12,0

<10,0

>240

>260

>280

>1

<10

<5,0

<5,0 -

>8,0

>10,0

>15,0

>15,0

>20,0

>25,0

>25,0

>32,0

>40,0

CPIII

25

32

40

<8,0 - >1 <12 <5,0 <5,0 -

>8,0

>10,0

>12,0

>15,0

>20,0

>23,0

>25,0

>32,0

>40,0

CPIV

25

32

<8,0 - >1 <12 <5,0 <5,0 -

>8,0

>10,0

>15,0

>20,0

>25,0

>32,0

CPV <6,0 >300 >1 <10 <5,0 <5,0 >14,0 >24,0 >34,0 -

CPV - RS <6,0 >300 >1 <10 <5,0 <5,0 >11,0 >24,0 >34,0 -

Page 69: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

57

4.4 – PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS

Conforme descrito anteriormente, os cimentos utilizados nesta pesquisa foram

o CP-III 32 RS e CP-V ARI RS e as amostras preparadas para os respectivos

ensaios, foram obtidas, com fundamentação em cada caso específico, pela norma

pertinente, já descrito anteriormente. O mesmo foi feito em relação à mistura com o

resíduo secundário de lama de aciaria e todos os ensaios feitos com esses materiais

puros ou, no caso das adições, nas proporções (10 % a 50%) e denominações (0 a

50), mostradas na tabela abaixo, foram realizados no Laboratório de Materiais de

Construção do DECIV/EM/UFOP.

Tabela 18. Identificação das amostras

Amostra Resíduo (%) Cimento (%)

0 - 100

10 10 90

20 20 80

30 30 70

40 40 60

50 50 50

Resíduo 100 -

Observe-se, finalmente, que todos os resultados das análises físicas e

mecânicas determinadas pelos métodos/processos descritos neste capítulo,

encontram-se discriminadas e discutidas no capítulo 5, deste trabalho.

Page 70: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

58

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 – VALORES DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO RESÍDUO

5.1.1 – ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

A análise granulométrica do resíduo (antes da moagem), forneceu os

resultados mostrados na tabela 19.

Tabela 19. Distribuição granulométrica do resíduo.

Análise Granulométrica do Rejeito Peso: 150,0g

Abertura da malha

Peso (g)

% Retida

(#) (mm) Simples Acumulada

35

48

65

100

150

200

270

<270

0,419

0,296

0,210

0,150

0,105

0,074

0,053

0,044

58,6

20,0

20,2

14,2

10,2

10,0

5,5

11,3

39,1

13,3

13,5

9,5

6,8

6,7

3,6

7,5

100

39,1

52,4

65,9

75,4

82,2

88,9

92,5

100

A análise granulométrica do resíduo permite afirmar que, aproximadamente,

60% das partículas têm granulometria menor que 35#. Por não apresentar um

comportamento granulométrico homogêneo, o resíduo foi então submetido à

moagem e determinado a energia consumida neste processo, através do cálculo de

“Índice de Bond”, também conhecido como “Work Index”.

Page 71: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

59

5.1.2 – DETERMINAÇÃO DO WI

Para o cálculo do WI (work index ou índice de Bond), foi realizada uma série

de procedimentos, já descritos anteriormente, como a granulometria na alimentação

e a granulometria do produto, cujos resultados estão na tabela 20 e nas figuras 15 e

16.

Tabela 20. Granulometria (Alimentaç ão Nova e Produto de Moagem).

MINÉRIO : Lama

Teste de WI (MÉDIA)

Alimentação Nova Produto Moagem

Malha (µm)

Malha (Mesh)

Peso (g)

% Ret. % Ac. %Pass. Malha ( Mesh )

Peso (g)

% Ret. % Ac. %Pass.

2,369 8 # 1.25 0.25 0.25 99.75 8 # - - - -

1,675 10 # 1.80 0.36 0.61 99.39 10 # - - - -

1,184 14 # 10.05 2.01 2.62 97.38 14 # - - - -

838 20 # 29.25 5.85 8.47 91.53 20 # - - - -

592 28 # 41.45 8.29 16.76 83.24 28 # - - - -

419 35 # 90.10 18.02 34.78 65.22 35 # - - - -

296 48 # 88.90 17.78 52.56 47.44 48 # - - - -

209 65 # 77.95 15.59 68.15 31.85 65 # - - - -

148 100 # 61.85 12.37 80.52 19.48 100 # - - - -

105 150 # 36.05 7.21 87.73 12.27 150 # 41.05 41.05 41.05 58.95

74 200 # 26.45 5.29 93.02 6.98 200 # 26.60 26.60 67.65 32.35

52 270 # 15.30 3.06 96.08 3.92 270 # 8.80 8.80 76.45 23.55

43 325 # 10.55 2.11 98.19 1.81 325 # 8.80 8.80 85.25 14.75

37 400 # 5.55 1.11 99.30 0.70 400 # 7.30 7.30 92.55 7.45

< 37 < 400 # 3.50 0.70 100.00 0.00 < 400 # 7.45 7.45 100.00 0.00

Peso Inicial : 500.00 g

Peso Inicial : 100.00 g

Page 72: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

60

Granulometria da Alimentação(Média)

16.76

99.30

8.47

2.620.61

98.1996.08

93.02

87.73

80.52

68.15

52.56

34.78

0.250

y = -0.0304x + 72.953

R2 = 0.5906

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

10 100 1,000 10,000Abertura em microns

% R

et. a

cum

ulad

a

Figura 15. Granulometria da Alimentação na moagem.

No gráfico da figura 15 e na tabela 20, observa-se que, a alimentação nova é

aquela passante em 6 #. O resíduo não apresenta comportamento granulométrico

definido, por ser um material avaliado após ultrassonagem.

Granulometria do Produto(Média)

0

92.55

85.25

76.45

67.65

41.05

y = -0.8014x + 121.8

R2 = 0.9889

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

10 100 1000

Abertura em microns

% R

et. a

cum

ulad

a

Figura 16. Granulometria do Produto moído.

Page 73: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

61

Na figura 16, observa-se, claramente, que o produto final encontra-se abaixo

de 100 #. Portanto, o comportamento granulométrico do produto final (moído), se

aproxima de uma curva pré definida.

A tabela 21 apresenta os valores dos parâmetros obtidos, no

processamento do resíduo, segundo as etapas descritas no capítulo 4, para a

determinação do WI.

Tabela 21. Determinação do WI. Malha Teste: 100#

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Ciclo N° de

Revoluções

Tempo

de

Moagem

ANA

<100 #

na

ANA

%

<100 #

ANA

Produto de

Moagem

<100 #

Liquido

Produzido

ANA do

Proximo

Ciclo

Desvio

Carga

Circulante

%

Gbp

g/rot

>100 # <100 #

01 70 1,00 1001,00 195,20 19,5 732,70 268,30 73,105 268,30 17,70 273,09 1 ,04436

02 90,80000 1'17" 268,30 52,32 19,5 711,30 289,70 237,382 289,70 -3,70 245,53 2,61433

03 89,90000 1'17" 289,70 56,49 19,5 744,70 256,30 199,809 256,30 29,70 290,56 2,22256

04 104,30000 1'29" 256,30 49,98 19,5 735,20 265,80 215,822 265,80 20,20 276,60 2,06924

05 112,40000 1'36" 265,80 51,83 19,5 775,40 225,60 173,769 225,60 60,40 343,71 1,54599

06 156,10000 2' 13" 225,60 43,99 19,5 643,30 357,70 313,708 357,70 -71,70 179,84 2,00966

07 121,00000 1'43" 357,70 69,75 19,5 707,70 293,30 223,549 293,30 -7,30 241,29 1,84751

08 120,20000 1'43" 293,30 57,19 19,5 593,60 407,40 350,207 407,40 -121,40 145,70 2,91353

09 78,90000 17" 407,40 79,44 19,5 719,50 281,50 202,057 281,50 4,50 255,60 2,56093

10 79,50000 1'8" 281,50 54,89 19,5 714,90 286,10 231,208 286,10 -0,10 249,88 2,90827

( ) ( )

−=

FPxGBPxPi

WI1010

5.44

82.023.0

• F = 550,0000

• P = 127,0280

• Pi = 149 WI = 12,7288 (kwh/t.)

• GBP = 2,9082

• IPP =286

Page 74: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

62

Sendo que 01 kWh industrial custa, em média, R$0,10 (dez centavos),

considerando-se que são consumidos 12,7288 kWh/t, teremos um custo de R$1,27

(um real e vinte e sete centavos) para a moagem de uma tonelada de resíduo.

Obviamente, a que se considerar que tal custo poderá ser absorvido, se levarmos

em consideração que para cada tonelada de cimento, com custo médio de R$360,00

(trezentos e sessenta reais), ter-se-á um decréscimo de R$36,00 (trinta e seis reais)

menos R$1,27 (um real e vinte e sete centavos), o que perfaz uma economia de

R$34,73 (trinta e quatro reais e setenta e três centavos) por tonelada de cimento,

considerados constantes todos os demais custo envolvidos na fabricação dos

cimentos. Tal análise considera, como veremos adiante, uma adição de apenas 10%

de resíduo nos cimentos estudados.

5.1.3 – DETERMINAÇÃO DAS FASES PRESENTES.

O difratograma de raios-X, do resíduo em estudo, realizado segundo a técnica

explicitada no capítulo 4, no item 4.1.3.1, está mostrado na figura 17 e as fases

mineralógicas presentes, estão indicadas na tabela 22.

Figura 17. Difratograma de raios-X da amostra do re síduo

P = Portlandita, Q = quartzo, C = calcita, M = magn etita, Csi = carbeto de silício, W = wustita e

α-Fe = ferro metálico.

Page 75: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

63

Tabela 22. Fases mineralógicas identificadas atravé s da difração de raios-X.

Amostra Fase majoritária Fase minoritária

Resíduo Portlandita, wustita, carbeto de silício Quartzo, calcita, α-Fe

5.1.4 – RESULTADO DA ANÁLISE QUÍMICA

O resultado da análise química, para determinação do teor de ferro na

amostra do resíduo, realizado segundo a técnica explicitada no capítulo 4, item

4.1.3.2, está mostrado na tabela 23.

Tabela 23. Teores (% peso) obtidos para a amostra do resíduo da lama de aciaria.

Amostra Fe total σ Fe2+ σ

Resíduo 23,1 0,3 14,2 0,6

O teor de Fe2+ está relacionado à dissolução do ferro metálico que,

preferencialmente, permanece neste estado de oxidação e também da wustita e da

magnetita eventualmente presentes. Durante o processo de dissolução da amostra,

ocorre uma oxidação parcial do íon ferroso, de modo que o teor de Fe2+ listado na

Tabela 23, deve ser considerado como uma estimativa. O erro relativo máximo

estimado para estas análises é de 1%.

5.1.5 – ESPECTRO MOSSBAUER

O espectro obtido, à temperatura ambiente, está mostrado na figura 18 e os

resultados numéricos estão listados na tabela 24.

Page 76: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

64

Figura 18. Espectro Mossbauer da amostra do resíduo à temperatura ambiente.

Tabela 24. Teores (% peso) das fases portadoras de ferro.

Amostra α-Fe Magnetita Wustita Fe 3+

Resíduo 5 4 23 6

A última coluna mostra apenas o teor de Fe3+ em uma fase cuja composição

não foi identificada.

Os resultados numéricos derivados permitiram confirmar a presença de

magnetita, α-Fe e wustita. Entretanto, existe uma outra fase cuja fórmula não foi

identificada e que possui Fe3+ em sua estrutura. Uma outra possibilidade é que este

dubleto de Fe3+ seja devido à presença de íons férrico na estrutura da wustita. A

partir das áreas relativas de cada sub-espectro, do teor total de ferro, e

considerando a mesma fração livre de recuo para todas as espécies, calculou-se as

porcentagens (em peso) para as fases identificadas.

Finalmente, o material utilizado é, basicamente, constituído pelos seguintes

compostos e seus respectivos percentuais, conforme mostrado na tabela 25 a

seguir:

Page 77: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

65

Tabela 25. Análise química quantitativa.

Compostos Percentuais

CaO 42%

FeO 35%

SiO2 13%

MgO, Al2O3, C, MnO Restante

5.2 – PROPRIEDADES FÍSICAS DAS AMOSTRAS

5.2.1 – FINURA

5.2.1.1 – DETERMINAÇÃO DO IF POR MEIO DA PENEIRA N0 200:

Neste ensaio, foi determinada a porcentagem, em massa, de cimento, cujas

dimensões de grãos são superiores a 75µm (fração retida), de acordo com a NBR-

11579 [45].

O índice de finura do cimento é calculado pela expressão [45]:

100×=M

RF

Onde:

• F = índice de finura do cimento (em porcentagem)

• R = resíduo do cimento na peneira 75µm - n0 200 (em g)

• M = massa inicial do cimento (50 g)

As especificações brasileiras prescrevem o limite de retenção na peneira n0

200 de 75µm de abertura. Para o cimento Portland de alta resistência inicial (CP-V),

o resíduo deixado nessa peneira não deve exceder 6% em peso, já para o cimento

Portland de alto-forno (CP-III), 8%.

Os resultados estão plotados no gráfico da figura 19 a seguir:

Page 78: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

66

Finura

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

Resíduo (%)

Índi

ce d

e F

inur

a (%

)

IF-CPV 0,24 5,80 11,50 18,74 25,60 32,00

IF-CPIII 0,50 6,80 13,20 19,55 25,90 32,25

0 10 20 30 40 50

Figura 19. Índice de finura das amostras das mistur as.

Pode-se concluir que, observando-se a NBR-11579, que prevê um IF < 6,0%

para o cimento CP V ARI e um IF <8,0% (CP-III), apenas a amostra 10, atende às

especificações, em ambos os cimentos.

É importante observar que estes resultados de ensaio de peneiramento não

podem ser comparados com os resultados da medida da superfície específica, que

serão feitos a seguir.

5.2.1.2 – DETERMINAÇÃO DA SUPERFÍCIE ESPECÍFICA

Inicialmente, foi necessária a determinação da massa específica (γ) com a

utilização do frasco de Le Chatelier, em conformidade com a NBR-6474 [46], para

posteriormente efetuar o cálculo da área específica utilizando a seguinte relação:

V

M=γ

Onde:

• γ = massa específica (g/cm3)

• M = massa da amostra ensaiada ( 60 g)

Page 79: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

67

• V = Vf - Vi leituras extraídas do frasco de Le Chatelier (ml)

As leituras dos volumes, feitas no frasco de Le Chatelier, permitiram o cálculo

da massa específica de cada amostra, conforme mostra a tabela 26.

Tabela 26. Massa específica das amostras ensaiadas

Amostra γγγγCP-III

(g/cm 3)

γγγγCP-V

(g/cm 3)

0 2,95 3,04

10 2,98 3,06

20 3,01 3,08

30 3,04 3,09

40 3,06 3,11

50 3,09 3,14

Bases do método – O aparelho de permeabilidade do ar de Blaine está

fundamentado na equação abaixo de acordo com a NBR-7224 [47].

ηεγε

).1.(

.. 3

−= tk

A

Onde:

• A = superfície específica (m2/kg).

• ε = porosidade da camada (normalmente 0,5 para o cimento).

• γ = massa específica do material.

• η = viscosidade dinâmica do ar (η = 18,03 – de acordo com a temperatura

ambiente)

• k = constante do aparelho ( calibração k = 519,16 Pa1/2. m-1 ).

• t = tempo gasto pelo líquido de um manômetro U percorrer duas marcas

referenciais.

O tempo utilizado nos cálculos é a média entre duas leituras, conforme indicado

na tabela 27.

Page 80: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

68

Tabela 27. Tempo de percolação do líquido nas amost ras

Amostra CP-III

Tempo (s)

CP-V

Tempo (s)

0 190,0 209,0

10 171,5 187,0

20 153,0 166,0

30 135,5 144,0

40 118,0 124,5

50 102,0 107,5

Após a execução dos cálculos, para cada amostra, utilizando-se a fórmula

anteriormente descrita, chegou-se aos seguintes resultados:

Área Específica

250,00

300,00

350,00

400,00

Resíduo (%)

Áre

a E

spec

ífica

(m2 /K

g)

Ae-CPIII 403,90 379,40 354,80 330,60 306,50 282,20

Ae-CPV 410,60 385,80 361,10 335,30 309,80 285,10

0 10 20 30 40 50

Figura 20. Área específica das amostras das mistura s.

De acordo com as especificações, a área específica do cimento CP-V ARI

deverá ser maior ou igual a 300 m2/kg. Portanto, as amostras 10, 20, 30 e 40

atendem às especificações. O cimento ARI deve apresentar finura maior que os

demais cimentos, pois é empregado quando se necessita desenforma rápida. Já

para o cimento CP-III, as especificações não limitam valores, pois como se trata de

Page 81: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

69

um cimento com teor de escória entre 35 e 70%, este é empregado, geralmente, em

concreto simples e armado, não havendo maiores exigências quanto à finura;

entretanto, é importante observar que em todas as amostras do CP-III, a área

específica se manteve menor que a do CP-V.

5.2.2 - TEMPO DE PEGA

Para a execução deste ensaio, foi necessário, inicialmente, determinar a água

da pasta de consistência normal. Esta quantidade de água foi utilizada para a

confecção da pasta, para as leituras de início e fim de pega.

5.2.2.1.- DETERMINAÇÃO DA ÁGUA DA PASTA DE CONSISTÊNCIA NORMAL

A execução deste ensaio foi feita de acordo com a NBR-11580 [49].

A massa de cimento a ser utilizada na preparação da pasta é de (500 ± 0,1 g).

Iniciou-se o ensaio, estimando uma porcentagem da massa de cimento; esta

porcentagem será o volume de água para o preparo da pasta, que vai para o

misturador e é submetida a determinados intervalos de tempo e rotações, segundo a

norma acima. Em seguida, foi levada à sonda, verificando se a penetração da sonda

se dá a 6 ± 1 mm do fundo da forma; nesta etapa são feitas várias tentativas.

Os resultados obtidos (% água e penetração da sonda), em cada amostra,

são mostrados na tabela 28.

Tabela 28. Quantidade de água e penetração da sonda na determinação da pasta de

consistência normal.

Amostra CP-III

(% água)

Penetração

(mm)

CP-V

(% água)

Penetração

(mm)

0 28,5 7,0 28,5 7,0

10 28,0 6,0 27,2 5,0

20 27,8 5,0 26,0 7,0

30 25,8 5,0 25,8 7,0

40 24,4 5,0 24,5 6,5

50 23,0 6,0 23,1 6,5

Page 82: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

70

5.2.2.2 – DETERMINAÇÃO DOS TEMPOS DE PEGA

Uma vez determinadas as quantidades de água, preparou-se as pastas,

misturando 500 g de cimento, obedecendo a NBR-11581 [50]. A hora em que é

lançada a água de amassamento é identificada. O início de pega é constatado no

momento em que a agulha de Vicat, descendo sobre a pasta de consistência

normal, estacionar a 1 mm do fundo. Assim, o tempo de início de pega é o intervalo

decorrido entre o instante em que se lançou a água à pasta e o instante em que se

constatou o início da pega. O tempo de fim de pega é o intervalo decorrido entre o

instante que se lançou a água de amassamento à pasta e o instante em que a

agulha de Vicat não mais penetra na pasta.

As leituras, efetuadas nas amostras, deste trabalho, foram:

Tempo de Pega

0:00

2:24

4:48

7:12

9:36

Resíduo (%)

Tem

po d

e P

ega

(h)

IP-CPIIIFP-CPIIIIP-CPVFP-CPV

IP-CPIII 3:10 3:55 4:35 5:40 5:50 6:05

FP-CPIII 5:30 6:15 7:05 8:10 8:20 8:40

IP-CPV 2:50 3:15 3:20 3:25 4:30 4:50

FP-CPV 4:35 5:00 5:05 5:20 7:05 7:45

0 10 20 30 40 50

Figura 21. Tempo de pega das amostras das misturas.

As especificações: NBR-5735 [44] e NBR- 5733 [43] prescrevem:

• CP-III → IP ≥ 1 hora - FP ≤ 12 horas.

• CP-V → IP ≥ 1 hora - FP ≤ 10 horas.

Portanto, todas as amostras estão de acordo com as especificações. O tempo

de pega é um parâmetro importante na classificação de um cimento.

Page 83: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

71

5.2.3 – EXPANSIBILIDADE .

A expansibilidade foi medida pelas agulhas de Le Chatelier pelo processo “a

frio”, de fácil execução. O ensaio é descrito por um método da ABNT (NBR-7215)

feito após a moldagem de corpos, de prova confeccionados com pasta de

consistência normal.

Feita a moldagem, os corpos de prova foram submersos em água potável por

12 horas. Após este tempo a ponta das agulhas ficaram fora da água, quando foi lida

a medida da abertura na ponta das hastes da agulha, 1a leitura. A imersão

permaneceu por mais 7 dias, quando foi feita a 2a leitura. O resultado do ensaio é a

diferença entre as leituras.

Todas as amostras, em estudo, apresentaram medida inferior a 5 mm, que é

o limite prescrito para todos os tipos de cimento.

5.2.4 – RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

O ensaio foi executado com o cimento sob a forma de argamassa, com traço

1 : 3 : 0,48, de acordo com a NBR-7215 [51]. Foram moldados 72 corpos de prova

para os ensaios com o CP-III, rompidos em grupo de 4, nas idades de 3, 7 e 28 dias.

No caso do CP-V, foram moldados 96 corpos de prova e as idades normalizadas,

para ruptura de corpos de prova, são 1,3 e 7 dias, sendo o ensaio no 28o dia,

facultativo.

5.2.4.1 – GRANULOMETRIA DA AREIA

No preparo da argamassa para a execução do ensaio, conforme discriminado

no capítulo 4, item 4.2.4, a areia utilizada possui a distribuição granulométrica

mostrada na tabela 29, a seguir ( NBR-7214 [53] ).

Page 84: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

72

Tabela 29. Granulometria da areia utilizada no ensa io de resistência à compressão.

Peneira (mm)

Material Retido (g)

% Retida % Acumulada

4,8 7,0 1,0 1,0

2,4 19,0 2,7 4,0

1,2 75,0 10,7 14,0

0,6 236,0 33,7 48,0

0,3 192,0 27,4 75,0

0,15 154,0 22,0 97,0

Fundo 17,0 2,4 100

De acordo com a granulometria mostrada na tabela 29, a areia se enquadra

na zona 3 da NBR, ou seja, trata-se de uma areia média.

Para a realização do ensaio, foi utilizada a mistura mecânica em uma

argamassadeira apropriada com tempos e velocidades prescritos pela norma. Após

o preparo da argamassa iniciou-se a moldagem dos corpos de prova, que foram

desformados em 24 horas, identificados e levados para câmara úmida onde

aguardaram, em processo de cura, a idade para serem rompidos.

Foram rompidos 4 corpos de prova em cada idade e determinada a tensão

média de ruptura na idade e o desvio máximo relativo.

Feita a leitura da carga F (kgf) necessária para o rompimento, calcula-se a

resistência à compressão σ (MPa) de cada corpo de prova, dividindo a carga de

ruptura pela área da secção do corpo de prova, ou seja:

4

2d

F

πσ = onde: cmd 5=

Para que o ensaio, em qualquer das séries, seja aprovado é necessário que o

Desvio Relativo Máximo (DRM) seja inferior a 6% e é calculado pela fórmula abaixo:

100×−

=m

miDRMσ

σσ %6≤

• mσ = valor médio (dos 4 corpos de prova)

• iσ = valor mais afastado, em relação à média considerada

(Quando o DRM for > 6%, calcula-se uma nova média, desconsiderando o valor

discrepante. Persistindo o fato, o ensaio deve ser totalmente refeito).

Page 85: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

73

As figuras 22, 23 e 24 mostram os corpos de prova ensaiados no presente

estudo, para a determinação das tensões limites à compressão.

Figura 22. Corpos de prova das misturas: natural, c apeado e rompido

Figura 23. Corpos de prova das misturas.

Figura 24. Rompimento dos corpos de prova das mistu ras: forma cônica

Obs: A forma cônica evidencia que, durante o ensaio, os corpos de prova foram

capeados adequadamente e bem centralizados na máquina de compressão.

Page 86: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

74

5.2.4.2 – DETERMINAÇÃO DAS RESISTÊNCIAS MÉDIAS

A seguir, estão tabelados os resultados obtidos, das resistências médias das

amostras em cada idade, nos ensaios de rompimento de corpos de prova, bem

como as idades de rompimento e o desvio relativo máximo (controle de ensaio),com

a finalidade de compará-los com as respectivas normas.

Os resultados mostrados na tabela 30 a seguir, permitem constatar, que a

Amostra 0 (CP-III 32), está dentro dos limites normativos.

Tabela 30. Determinação da resistência à compressão da Amostra 0, CP-III 32 - (100% cimento)

N0

CP

DATA ROMPIMENTO T. Média

(MPa)

DRM Moldagem Rompimento Idade(dias) Carga(kgf) Tensão(MPa)

1

12/11

15/11

03

3200 16,3

15,9

(≥≥≥≥ 10,0)*

2,4

2 3100 15,8

3 3150 16,0

4 3050 15,5

5

12/11

19/11

07

4200 21,4

21,8

(≥≥≥≥ 20,0)*

2,7

6 4400 22,4

7 4200 21,4

8 4300 21,9

9

12/11

10/12

28

7000 35,7

36,6

(≥≥≥≥ 32,0)*

2,5

10 7350 37,5

11 7150 36,4

12 7200 36,7

*Limites prescritos pela NBR-5733 [43].

As tabelas 31 a 33 a seguir, mostram os resultados dos ensaios realizados

com as misturas do CP-III e o resíduo.

Page 87: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

75

Tabela 31. Determinação da resistência à compressão da Amostra 10, CP-III 32 – (10% resíduo /

90% cimento)

N0

CP

DATA ROMPIMENTO T. Média

(MPa)

DRM Moldagem Rompimento Idade(dias) Carga(kgf) Tensão(MPa)

13

12/11

15/11

03

2950 15,0

15,0

(≥≥≥≥ 10,0)*

2,0

14 2900 14,8

15 3000 15,3

16 2950 15,0

17

12/11

19/11

07

4100 20,9

20,6

(≥≥≥≥ 20,0)*

1,0

18 4050 20,6

19 4050 20,6

20 4000 20,4

21

12/11

10/12

28

6600 33,6

33,5

(≥≥≥≥ 32,0)*

0,6

22 6600 33,6

23 6600 33,6

24 6550 33,4

*Limites prescritos pela NBR-5733 [43]

A amostra 10 (CP-III 32), está de acordo com a especificação.

Tabela 32. Determinação da resistência à compressão da Amostra 20, CP-III 32 – (20% resíduo /

80% cimento)

N0

CP

DATA ROMPIMENTO T. Média

(MPa)

DRM Moldagem Rompimento Idade(dias) Carga(kgf) Tensão(MPa)

25

12/11

15/11

03

2300 11,7

11,8

(≥≥≥≥ 10,0)*

1,7

26 2300 11,7

27 2350 12,0

28 2350 12,0

29

12/11

19/11

07

3400 17,3

17,6

(≥≥≥≥ 20,0)*

1,7

30 3450 17,6

31 3500 17,8

32 3450 17,6

33

12/11

10/12

28

5250 26,8

27,3

(≥≥≥≥ 32,0)*

2,6

34 5350 27,3

35 5350 27,3

36 5500 28,0

*Limites prescritos pela NBR-5733 [43]

A amostra 20 (CP-III 32), não está de acordo com a especificação.

Page 88: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

76

Tabela 33. Determinação da resistência à compressão da Amostra 30, CP-III 32 – (30% resíduo /

70% cimento)

N0

CP

DATA ROMPIMENTO T. Média

(MPa)

DRM Moldagem Rompimento Idade(dias) Carga(kgf) Tensão(MPa)

37

17/11

20/11

01

1900 9,7

9,4

(≥≥≥≥ 10,0)*

3,2

38 1850 9,4

39 1800 9,2

40 1850 9,4

41

17/11

24/11

07

2650 13,5

13,7

(≥≥≥≥ 20,0)*

4,4

42 2700 13,8

43 2800 14,3

44 2600 13,2

45

17/11

15/12

28

4200 21,4

22,4

(≥≥≥≥ 32,0)*

4,5

46 4400 22,4

47 4400 22,4

48 4600 23,4

*Limites prescritos pela NBR-5733 [43]

A amostra 30 (CP-III 32), não está de acordo com a especificação.

As determinações das amostras 40 e 50 (CP-III) não serão representadas

aqui, pois, uma vez demonstrado que, a partir de 20% as misturas não obedecem às

especificações. Entretanto, por questões práticas, os ensaios foram executados,

pois a moldagem e a cura dos corpos de prova foram feitas em série e seus

resultados obtidos da mesma forma. Como complemento deste estudo, as mesmas

estão anexadas para que se faça eventual análise dos resultados.

Os resultados mostrados na tabela 34, a seguir, permitem constatar que a

Amostra 0 (CP-V), está dentro dos limites normativos.

Tabela 34. Determinação da resistência à compressão da Amostra 0, CP-V ARI- (100% cimento)

N0

CP

DATA ROMPIMENTO T. Média

(MPa)

DRM Moldagem Rompimento Idade(dias) Carga(kgf) Tensão(MPa)

1

14/01

15/01

01

4000 20,4

20,8

(≥≥≥≥ 11,0)*

1,9

2 4150 21,1

3 4050 20,6

4 4100 20,9

Page 89: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

77

5

14/01

17/01

03

6250 31,8

32,2

(≥≥≥≥ 24,0)*

2,8

6 6500 33,1

7 6300 32,1

8 6200 31,6

9

14/01

21/01

07

7050 35,9

36,3

(≥≥≥≥ 34,0)*

1,1

10 7150 36,4

11 7200 36,7

12 7150 36,4

13

14/01

11/02

28

facultativo

8650 44,1

44,2

0,2

14 8700 44,3

15 8700 44,3

16 8700 44,3

*Limites prescritos pela NBR-5735 [44]

As tabelas 35 a 37, a seguir mostram os resultados dos ensaios realizados

com as misturas do CP-V e o resíduo.

Tabela 35. Determinação da resistência à compressão da Amostra 10, CP-V ARI- (10% resíduo /

90% cimento)

N0

CP

DATA ROMPIMENTO T. Média

(MPa)

DRM Moldagem Rompimento Idade(dias) Carga(kgf) Tensão(MPa)

17

14/01

15/01

01

3500 17,8

18,1

(≥≥≥≥ 11,0)*

1,6

18 3550 18,1

19 3600 18,3

20 3550 18,1

21

14/01

17/01

03

5450 27,8

28,4

(≥≥≥≥ 24,0)*

3,2

22 5550 28,3

23 5500 28,0

24 5750 29,3

25

14/01

21/01

07

6750 34,4

34,4

(≥≥≥≥ 34,0)*

0,9

26 6700 34,1

27 6750 34,4

28 6800 34,6

29

14/01

11/02

28

facultativo

7850 40,0

39,6

1,5

30 7800 39,7

31 7850 39,7

32 7650 39,0

*Limites prescritos pela NBR-5735 [44]

Page 90: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

78

A amostra 10 (CP-V ARI), está de acordo com a especificação.

Tabela 36. Determinação da resistência à compressão da Amostra 20, CP-V ARI- (20% resíduo /

80% cimento)

N0

CP

DATA ROMPIMENTO T. Média

(MPa)

DRM Moldagem Rompimento Idade(dias) Carga(kgf) Tensão(MPa)

33

14/01

15/01

01

3150 16,1

15,7

(≥≥≥≥ 11,0)*

2,5

34 3050 15,5

35 3100 15,8

36 3000 15,3

37

14/01

17/01

03

4750 24,2

24,1

(≥≥≥≥ 24,0)*

1,7

38 4650 23,7

39 4700 23,9

40 4800 24,5

41

14/01

21/01

07

5150 26,2

26,7

(≥≥≥≥ 34,0)*

2,6

42 5300 27,0

43 5400 27,5

44 5100 26,0

45

14/01

11/02

28

facultativo

6800 34,6

34,2

1,2

46 6700 34,1

47 6650 33,9

48 6700 34,1

* Limites prescritos pela NBR-5735 [44]

A amostra 20 (CP-V ARI), não está de acordo com a especificação.

Tabela 37. Determinação da resistência à compressão da Amostra 30, CP-V ARI- (30% resíduo /

70% cimento)

N0

CP

DATA ROMPIMENTO T. Média

(MPa)

DRM Moldagem Rompimento Idade(dias) Carga(kgf) Tensão(MPa)

49

19/01

20/01

01

2550 13,0

12,8

(≥≥≥≥ 11,0)*

1,6

50 2500 12,7

51 2500 12,7

52 2500 12,7

53

19/01

22/01

03

3700 18,8

19,0

(≥≥≥≥ 24,0)*

2,1

54 3750 19,1

55 3700 18,8

56 3800 19,4

Page 91: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

79

57

19/01

26/01

07

4200 21,4

22,6

(≥≥≥≥ 34,0)*

5,3

58 4450 22,7

59 4450 22,7

60 4650 23,7

61

19/01

16/02

28

facultativo

5650 28,8

28,4

1,4

62 5500 28,0

63 5550 28,3

64 5600 28,5

* Limites prescritos pela NBR-5735 [44]

A amostra 30 (CP-V ARI), não está de acordo com a especificação.

Por motivos já, anteriormente, citados, as determinações das amostras 40 e

50 (CP-V) não serão representadas aqui. As mesmas estão anexadas, juntamente

com as amostras do CP-III.

5.2.4.3 – ANÁLISE GRÁFICA DOS RESULTADOS

Com a finalidade de visualizar-se de modo mais claro, os resultados obtidos,

são mostrados os gráficos nas figuras 25, 26, 27 e 28 que ilustram comparações

entre o CP-III, o CP-V e as misturas efetuadas neste estudo.

Resistência à CompressãoAmostra 0

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

1 3 7 28

Idade (dias)

Res

it. C

ompr

essã

o (M

Pa)

Med CPIII

Min NBR 5735

Med CPV

Min NBR 5733

Figura 25. Resistência à compressão / Amostra 0.

Constata-se que as amostras 0 (CP-III e CP-V), cimentos puros, estão de

acordo com as respectivas normas técnicas.

Page 92: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

80

Resistência à Compressão Amostra 10

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

1 3 7 28

Idade (dias)

Res

it. C

ompr

essã

o (M

Pa)

Med CPIII

Min NBR 5735

Med CPV

Min NBR 5733

Figura 26. Resistência à compressão / Amostra 10.

Observa-se que as amostras 10 (CP-III e CP-V), atendem as respectivas

especificações e apresentam valores bem diferenciados para 3 e 7 dias.

Resistência à CompressãoAmostra 20

0,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,00

1 3 7 28

Idade (dias)

Res

ist.

Com

pres

são

(MP

a)

Med CPIII

Min NBR 5735

Med CPV

Min NBR 5733

Figura 27. Resistência à compressão / Amostra 20.

Page 93: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

81

Observa-se que a amostra 20 (CP-III), atende as especificações somente na

idade de 3 dias. Já a amostra 20 (CP-V), atende as especificações nas idades de 1

e 3 dias.

Resistência à CompressãoAmostra 30

0,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,00

1 3 7 28

Idade (dias)

Res

ist.

Com

pres

são

(MP

a)

Med CPIII

Min NBR 5735

Med CPV

Min NBR 5733

Figura 28. Resistência à compressão / Amostra 30.

Somente a amostra 30 (CP-V ARI) com a idade de apenas 1 dia, atende às

especificações.

Tornou-se desnecessário representar os gráficos das demais amostras, uma

vez que misturas do resíduo nos cimentos estudados, à partir de 20%, tornam o

produto obtido impróprio à utilização comercial, pois os valores de seus resultados

não estão dentro dos limites das normas técnicas pertinentes.

Uma comparação entre a amostra 0 (sem resíduo) e as amostra 10

(aprovadas), é feita na figura 28, com o intuito de analisar a diferença entre os

resultados das amostras, em estudo, com um cimento comercial.

Page 94: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

82

Resistência à CompressãoAmostra 0 x Amostra 10

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

1 3 7 28

Idade (dias)

Res

it. C

ompr

essã

o (M

Pa)

Med 0-CPIII

Med 10-CPIII

Med 0-CPV

Med 10-CPV

Figura 29. Resistência à compressão / Amostra 0 x A mostra 10.

Observa-se que as amostras aprovadas neste ensaio, ou seja, aquelas

oriundas das misturas dos cimentos CP-III 32 e a do CP-V ARI, com o resíduo,

possuem valores de resistência muito próximos daqueles encontrados nos referidos

cimentos puros.

Page 95: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

83

6. CONCLUSÕES

Em relação ao resíduo, algumas conclusões importantes podem ser

enumeradas:

• O valor da energia consumida na moagem do resíduo, calculado pelo “Índice de

Bond”, e que, no caso do presente estudo, totalizou 12,7288 kWh/ton,

determinará um acréscimo de R$1,27 (um real e vinte e sete centavos) no

processo de obtenção do cimento objeto deste estudo. Entretanto, levando-se

em consideração que para cada tonelada de cimento, serão economizados cem

kg de cimento a um custo médio de R$36,00 (trinta e seis reais), ter-se-á um

decréscimo de R$34,73 (trinta e quatro reais e setenta e três centavos),

conforme constatados no capítulo 5. Pode-se, portanto, concluir que o processo

é economicamente viável.

• Na caracterização químico-mineralógica do resíduo, foram identificadas as fases

mineralógicas como a Portlandita, wustita, carbeto de silício, em quantidades

maiores e quartzo, calcita, α-Fe, em quantidades menores. Análises quantitativas

mostradas no capítulo 5, indicam os teores de CaO (42%), FeO (35%), SiO2

(13%), além de óxidos diversos. Tais compostos são, comumente, encontrados

nos cimentos do tipo Portland, o que mostra ser possível a adição ou o co-

processamento do resíduo secundário, obtido pela técnica de ultrassonagem,

com cimentos comerciais.

Em relação às misturas analisadas, os resultados obtidos permitem concluir:

• Nos ensaios de peneiramento, somente as amostras 10 (CP-III e CP-V), estão

dentro dos limites das normas técnicas. Portanto, adições do resíduo superiores

a 10%, não proporcionam um cimento com finura adequada.

Page 96: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

84

• No que tange à finura, mais precisamente a superfície específica, todas as

amostras foram aprovadas, ou seja, estão dentro dos limites impostos pelas

normas técnicas, exceto a amostra 50 (CP-V).

• Os tempos de início e fim de pega, de todas as amostras estudadas, estão de

acordo com as normas técnicas, mostrando, portanto, que as adições do resíduo

não comprometem a evolução das propriedades mecânicas da pasta no início do

processo de endurecimento.

• Quanto à expansibilidade, as amostras se comportaram dentro dos limites

estabelecidos, ou seja, os teores de cal e magnésia presentes no resíduo, não

provocaram uma expansão prejudicial.

• Neste estudo, verificou-se que, em relação à resistência à compressão, somente

as amostras 10 (CP-III e CP-V) foram aprovadas, apresentando tensões médias

à compressão, entre 87 % e 95 % da resistência do cimento puro (amostra 0).

Portanto, adições do resíduo superiores a 10 % comprometem as propriedades

mecânicas da pasta, no processo final de endurecimento.

• Convém ressaltar que, as amostras 20 (CP-III e CP-V) apresentaram valores de

resistência média à compressão entre 75% e 80% da resistência do cimento

puro. Já nas amostras 30 (CP-III e CP-V), os valores ficaram entre 60 e 65%.

• Finalmente, pode-se concluir que o resíduo proveniente da lama de aciaria,

processada pela técnica de ultrassonagem, para retirada da maior parte do ferro

metálico, é um material útil para elaboração de cimentos do tipo Portland,

quimicamente modificados.

Page 97: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

85

SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

• Experimentar a adição do resíduo, a outros tipos de cimento, avaliando as

propriedades físicas e químicas da mistura.

• Realizar a moagem do resíduo, juntamente com o clínquer e verificar a

viabilidade técnica e econômica do processo.

• Experimentar a adição do resíduo em argamassas de cobertura, uma vez que o

mesmo apresenta significativa quantidade de cal.

• Avaliar a utilização do resíduo para a elaboração de concretos, verificando as

propriedades do produto final.

• Experimentar a mistura direta da lama fina de aciaria a cimentos do tipo Portland.

Page 98: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

86

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. KIHARA, Y.; SCANDIUZZI, L. Uso de Resíduos de Combustão de Carvão na

Indústria Brasileira de Cimento. São Paulo, Associação Brasileira de Cimento

Portland - ABCP, 1992.

2. BERETKA, J. Cement in waste Managament: Use of Non-Conventional

Materials in the Cement Industry. International Congress on the Chemistry of

Cement, 9th, 1992, v.4. Proceedings. New Delhi, National Council for Cement and

Building Materials, p. 132-40,1992.

3. LAGREGA, M. D. et al Hazardous Waste Management, 1a ed., McGraw-Hill,

New York, 1994.

4. ROCCA, A. C. C. et al. Resíduos Sólidos Industriais, 2a ed., CETESB, São

Paulo, 1993.

5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR – 10004/87

Resíduos Sólidos: Classificação. 1987.

6. GORGUEIRA, C.; ALVES, F. Qual é a melhor solução ? Saneamento Ambiental,

n. 40, p. 12-18. 1996.

7. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR – 10007/87

Amostragem de Resíduos: Procedimento. 1987.

8. DEMPSEY, C. R.; OPPELT, E. T. Incineration of Hazardous Waste: A Critical

Review Update. Air & Waste, vol. 43, p. 25-73, jan 1993.

9. THEODORE, l.; REYNOLDS, J. Introduction to Hazardous Waste Incineration,

1a ed. John Wiley & Sons Inc., New York, 1987.

10. CAPONERO, J., Comportamento da Lama de Fosfatização no Processo de

Produção do Clínquer de Cimento Portland. Dissertação de Mestrado, EPUSP,

São Paulo, 1999.

11. MANTUS, E. K. All Fired Up, Burning Hazardous Waste in Cement Kilns, 1a

ed., Enviromental Toxcology International Inc., Washington, 1992.

12. BARROS, A. M., Influência do CdO, Cr2O3, NiO, ZnO sobre o Processo de

Produção de Clínquer de Cimento Portland. Tese de Doutorado, EPUSP, São

Paulo 1999.

Page 99: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

87

13. ROSSETTI, V. A.; MEDICI, F. Inertization of Toxic Metals in Cement

Matrices: Effects on Hidration, vol 12, p.31-57, mar.,1998.

14. PEREIRA, R. L. Alternativas da Indústria para Tratar seus Resíduos.

Saneamento Ambiental, n. 40, p. 22-4, 1996.

15. MANTUS, E. K. Fornos de Cimento: Resíduos Perigosos como

Combustível Suplementar. Saneamento Ambiental, n0 33, p. 40-5, 1995.

16. CARVALHO, V. et al. Possibilidade de Co-Processamento de Resíduos em

Forno Rotativo de Cimento. Congresso Brasileiro de Cimento, 4o , nov. 1996, v.2.

Anais. São Paulo, ABCP, 1996.

17. LIEBL, V. P.; GERGER, W. Nutzen und Grenzen beim Einsatz von

Sekundärstoffen. VDZ-Fongraβ, Fachbereich 3,p. 29, 1993.

18. HANSEN, E. R. New Way to Burn Hazardous Waste. Rock Products, p. 41-

46, Apr, 1990.

19. LEA, F. M. The Chemistry of Cement and Concrete, 3a ed., Chemical

Publishing Company Inc., New York, 1970.

20. SHIMANO, S. & KOGA, T. Utilization of Red Mud as Raw Material for the

Cement Industry, In: Light Metals 1980, Conference Proceedings, AIME, p. 53-68,

Fev. 24-28, 1980.

21. TAMÁS, F. D. The use of Waste Fuels in the Cement Industry. International

Congress on the Chemistry of Cement, 9th, 1992, v. 4. Proceedings. New Delhi,

National Council for Cement and Building Materials, p. 77-87, 1992.

22. CLÁUDIO, J. R. Resíduos Sólidos Perigosos – Solidificação de Lamas

Galvânicas com Cimento. Dissertação de Mestrado, EPUSP, São Paulo, 1987.

23. ESPINOSA, D. C. R. Influência do Lodo Galvânico no Co-processamento de

Cimento Portland. Dissertação de Mestrado, EPUSP, São Paulo, 1998.

24. BLEZARD, R. G. “The History of Calcareous Cements”, In: Lea’s

Chemistry of Concrete, Edited by Peter C Hewlett, 4a ed., Arnold Hodder

Headline Group, London, 1998.

25. TAYLOR, H. F. W. Cement Chemistry, 2a ed., Thomas Telford Publishing,

London, 1997.

26. PERAY, K. E. The Rotary Cement Kiln, 2a ed., Chemical Publishing Co.

Inc, New York, 1986.

27. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR- 5732/94

Cimento Portland Comum: Especificação. 1994.

Page 100: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

88

28. KUMAR, M. P.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: Estrutura, Propriedades e

Materiais, 1a ed. Brasileira, Editora Pini LTDA, São Paulo, 1994.

29. HANSSON, C. M. “Concrete: The Advanced Industrial Material of the 21st

Century”, Metallurgical and Materials Tansactions A, vol. 26A, p. 1321-1341, jun.,

1995.

30. JACKSON, P. J. “ Portland Cement: Classification and Manufacture ”, In:

Lea’s Chemistry of Cement and Concrete, Edited by Peter C. Hewlett, 4a ed.,

Arnold Hodder Headline Group, London, 1998.

31. TAYLOR, H, F. W. La Química de Los Cementos. Vol. 1. Ed. Urmo. Bilbao,

Espanha,1987. Disponível em http://www.cienciaquimica.hpg.ig.com.br/ Acesso

em: dez. 2003.

32. Associação Brasileira de Cimento Portland. Divisão de Tecnologia do Cimento.

Departamento de Físico-Química, Curso de Microscopia de Cimento Portland,

São Paulo, 1984.

33. BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. 4a ed., Livros Técnicos e Científicos

Editora S.A., Rio de Janeiro, 1992.

34. BARNES, P. Structure and Performance of Cements, 1a ed., Applied Science

Publishers LTD., London, 1983.

35. HEWLETT, P. C. Lea’s Chemistry of Cement and Concrete, 4a ed., Arnold

Hodder Headline Group, London, 1998.

36. CALLISTER, W. D. J. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução.

Livros Técnicos e Científicos Editora S. A., 5a ed., Rio de Janeiro, 2000.

37. SMITH, W. F. Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. McGraw-Hill,

3a ed., Lisboa, Portugal, 1998.

38. MICHAUX, M.; NELSON, E. B.; VIDICK, R. Chemistry and Characterization

of Portland Cement. In: Nelson, E. B. Well Cementing. Amsterdam, Elsevier. Cap.

2. 1990. (Developments in Petroleum Science, 28).

39. SOUZA, E. L.; ARAÚJO, F. G.; TENÒRIO, J. A. S.; GOMES,J. E. L.; OLIVEIRA,

C. P. Tratamento de Lamas. Siderúrgicas com o Objetivo de Recuperar seu Teor

Metálico, In: 57o Congresso Anual da ABM, São Paulo, 2002.

40. BERALDO, J. L. Moagem de Minérios em moinhos Tubulares. Editora Blücher,

São Paulo, 1987.

41. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR-11376/90 -

Moinho de Bolas: Determinação do Índice de Trabalho. Método de ensaio.1990.

Page 101: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

89

42. CHAVES, A. P.; PERES, A. C. Teoria e Prática de Tratamento de Minérios –

Britagem, Peneiramento e Moagem. Vol. 3, 1a ed., Editora Signus, São Paulo,

1999.

43. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR-5733/91

Cimento Portland de Alta Resistência Inicial: Especificação. 1991.

44. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR-5735/91

Cimento Portland de Alto-forno: Especificação. 1991.

45. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR-11579/91

Determinação de Finura por Meio da Peneira 75µm (no200): Método de ensaio.

1991.

46. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR-6474/84

Cimento Portland e Outros Materiais em Pó – Determinação da Massa

Específica: Método de Ensaio. 1984.

47. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR-7224/84

Cimento Portland e Outros Materiais em Pó – Determinação da Área

Específica: Método de Ensaio. 1984.

48. PETRUCCI, E. G. R. Concreto de Cimento Portland. Editora Globo, 10a ed.,

Rio de Janeiro, 1993.

49. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR-11580/91

Cimento Portland - Determinação da Água da Pasta de Consistência Normal:

Método de Ensaio. 1991.

50. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR-11581/91

Cimento Portland – Determinação dos Tempos de Pega: Método de Ensaio.

1991.

51. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR-7215/91

Cimento Portland – Determinação da Resistência à Compressão: Método de

Ensaio. 1991.

52. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR-7214/95

Areia Normal para Ensaio de Cimento: Especificação. 1995.

53. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR-5737/95

Cimentos Portland Resistentes a Sulfatos: Especificação. 1991.

Page 102: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

90

ANEXOS

I – FORMULÁRIO PARA O CÁLCULO DO WI:

1) IPP - Ideal Potencial Product

IPP= Alimentação Inicial

2) ANA - Alimentação Nova Acrescentar

ANA = Alimentação Inicial – Oversize

3) Malha teste da alimentação

Malha teste da alimentação = ANA x % Passante na alimentação

100

4) Número de revoluções e tempo equivalente

N.º de revoluções = IPP- Malha teste da alimentação

GBP

Tempo = N.º de revoluções x 60

70

5) Undersize Líquido

Undersize Liquido = ANA – Malha Teste

6) Carga Circulante

A carga circulante atingirá 250% quando o undersize for igual ao IPP. Quando

isto acontecer , o WI estará sendo concluído.

% Carga Circulante = Oversize x 100

Undersize

7) GBP- Ball Mill Grindability (gramas por revolução)

GBP = Undersize líquido

Número de revoluções

Page 103: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

91

8) WI – Work Index

( ) ( )

××=

80

10

80

10

5.44

82.023.0

FPGBPPi

WI

II – DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DAS AMOSTRAS 40 (CP-III 32) E 50

(CP-III 32):

CP-III 32 – AMOSTRA 40 (40% resíduo / 60% cimento)

N0

CP

DATA ROMPIMENTO T. Média

(MPa)

DRM Moldagem Rompimento Idade(dias) Carga(kgf) Tensão(MPa)

49

17/11

20/11

03

1350 6,9

6,9

(≥≥≥≥ 10,0)*

4,3

50 1400 7,1

51 1350 6,9

52 1300 6,6

53

17/11

24/11

07

2300 11,7

11,2

(≥≥≥≥ 20,0)*

4,5

54 2100 10,7

55 2200 11,2

56 2150 11,0

57

17/11

15/12

28

3650 18,6

18,7

(≥≥≥≥ 32,0)*

2,1

58 3600 18,3

59 3650 18,6

60 3750 19,1

*Limites prescritos pela NBR-5733 [43]

A amostra 40 (CP-III 32), não está de acordo com a especificação.

CP-III 32 – AMOSTRA 50 (50% resíduo / 50% cimento)

N0

CP

DATA ROMPIMENTO T. Média

(MPa)

DRM Moldagem Rompimento Idade(dias) Carga(kgf) Tensão(MPa)

61

17/11

20/11

03

850 4,3

4,3

(≥≥≥≥ 10,0)*

4,7

62 850 4,3

63 850 4,3

64 800 4,1

Page 104: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

92

65

17/11

24/11

07

1550 7,9

7,6

(≥≥≥≥ 20,0)*

3,9

66 1500 7,6

67 1500 7,6

68 1450 7,4

69

17/11

15/12

28

2850 14,5

14,3

(≥≥≥≥ 32,0)*

2,1

70 2800 14,3

71 2750 14,0

72 2800 14,3

*Limites prescritos pela NBR-5733 [43]

A amostra 50 (CP-III 32) não está de acordo com a especificação.

III – DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DAS AMOSTRAS 40 (CP-V ARI) E 50

(CP-V ARI):

CP-V ARI - AMOSTRA 40 (40% resíduo / 60% cimento)

N0

CP

DATA ROMPIMENTO T. Média

(MPa)

DRM Moldagem Rompimento Idade(dias) Carga(kgf) Tensão(MPa)

65

19/01

20/01

01

1800 9,2

9,2

(≥≥≥≥ 11,0)*

3,2

66 1750 8,9

67 1850 9,4

68 1800 9,2

69

19/01

22/01

03

2900 14,8

14,3

(≥≥≥≥ 24,0)*

3,5

70 2800 14,3

71 2800 14,3

72 2700 13,8

73

19/01

26/02

07

3150 16,0

16,0

(≥≥≥≥ 34,0)*

1,3

74 3150 16,0

75 3100 15,8

76 3150 16,0

77

19/01

16/02

28

facultativo

3850 19,6

20,2

3,0

78 4000 20,4

79 4050 20,6

80 3950 20,1

*Limites prescritos pela NBR-5735 [44]

A amostra 40 (CP-V ARI), não está de acordo com a especificação.

Page 105: À minha família. - redemat.ufop.br de... · Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr. Fernando Gabriel Araújo Dissertação apresentada ao Programa

93

CP-V ARI – AMOSTRA 50 (50% resíduo / 50% cimento)

N0

CP

DATA ROMPIMENTO T. Média

(MPa)

DRM Moldagem Rompimento Idade(dias) Carga(kgf) Tensão(MPa)

81

19/01

20/01

01

1200 6,1

6,1

(≥≥≥≥ 11,0)*

4,9

82 1150 5,8

83 1250 6,4

84 1150 5,8

85

19/01

22/01

03

1800 9,2

9,2

(≥≥≥≥ 24,0)*

3,3

86 1750 8,9

87 1800 9,2

88 1850 9,4

89

19/01

26/01

07

2100 10,7

10,9

(≥≥≥≥ 34,0)*

1,8

90 2150 10,9

91 2150 10,9

92 2150 10,9

93

19/01

16/02

28

facultativo

2850 14,5

14,0

5,7

94 2750 14,0

95 2800 14,3

96 2600 13,2

*Limites prescritos pela NBR-5735 [44]

A amostra 50 (CP-V ARI), não está de acordo com a especificação.