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As grandes cidades brasileiras vêm so- frendo com os problemas relacionados à mobilidade urbana e aos seus sistemas de circulação e transportes. Com a ace leração da urbanização após a segunda guerra mundial, “as maiores cidades brasileiras começaram a vivenciar problemas graves de transportes e trânsito” (VASCONCELLOS, 2001, p. 22), conseqüência de planejamento ur- bano inadequado, do crescimento des- controlado da área urbana, do crescente aumento do número de veículos de uso individual, do sistema precário de trans- porte público, dentre outros. Pode-se destacar que planejamento ur- bano e o sistema de circulação e trans- portes sempre estiveram associados, não devendo ser analisados de maneira isolada. Do mesmo modo, a gestão dos serviços de transporte coletivo urbano deve ser incluída neste contexto, pois se se apresentar desarticulada e inadequa- da às necessidades da população acaba por incentivar a utilização do transporte individual, intensificando os problemas relacionados à mobilidade urbana. As discussões em torno desta temática incorporam desde a definição de algu- mas condicionantes relacionadas aos deslocamentos realizados no espaço ur- bano, para circulação de pessoas e bens através do uso das vias, até a construção de empreendimentos considerados Pó- los Geradores de tráfego. Intervenções para promoção da mobi- lidade urbana É fato que a gestão administrativa das cidades precisa implementar medidas de gerenciamento da mobilidade, seja através dos serviços de engenharia de tráfego e da construção de vias alternati- vas de escoamento do fluxo, seja através da utilização de modais de grande ca- pacidade com vistas à promoção de uma mudança de comportamento e atitude do cidadão usuário de automóvel particular. À medida que os problemas relacio- nados à mobilidade urbana se consoli dam como uma realidade dos grandes centros, a gestão pública é chamada a refletir acerca do seu papel no pro- cesso de minimização destes impac- tos. Porém, não é incomum que a falta de planejamento leve à apresentação de propostas de ampliação ou reade- quação da infraestrutura, sem analisar as causas dos problemas e as con- dições existentes. Prova disso é que mobilidade urbana é um tema atual e recorrente nos debates entre políticos e estudiosos, já que com o advento da Copa do Mundo 2014 e a eleição do Brasil como país organizador, as discussões acerca dos problemas de trânsito e dos longos congestionamentos - comuns nas cidades que sediarão os jogos - serem necessárias. Outro sim, a maioria delas não tem uma rede metro- viária implantada e nem opções de trans- porte coletivo eficazes para atender à grande demanda de deslocamentos. Desenvolvimento com mobilidade É importante salientar que não se pode pensar o planejamento urbano de uma cidade apenas para adequá-lo à reali- zação de eventos de curta duração. É preciso praticar o planejamento urbano centrado nos estudos de uso do solo e de transportes, objetivando a integração de diferentes modais e a melhoria do am- biente de circulação. É necessário prever também situações que trazem consigo mudanças significa- tivas para a cidade, a exemplo da con- strução de grandes empreendimentos como shopping centers, centros comer- ciais ou residenciais, universidades, haja vista os impactos que causam no tráfego do seu entorno. São os chamados Polos Geradores de Tráfego (PGT). Se por um lado os PGTs produzem um grande número de viagens com reflexo negativo ao seu redor, por outro pro- movem a geração de novos empregos, a oferta de serviços, o aumento da renda per capita, além dos aspectos sociais e culturais, fundamentais para o desen- volvimento de uma cidade. Deste modo, é fundamental que sua implantação seja incentivada, desde que ocorra com o mínimo de interferência e os projetos desses empreendimentos apresentem alternativas (previsão de infra-estrutura correspondente) para minimizar os im- pactos na mobilidade urbana da popu- lação. Considerações finais Os planejamentos urbano e de trans- porte e tráfego precisam ser analisados conjuntamente, para compreensão dos processos de uso da rede viária e do crescimento de uma cidade, abordando as intervenções. Governos e dirigen- tes podem ter opiniões divergentes e é natural que algumas medidas sejam calibradas para se adequarem a uma nova realidade. Porém, é indispensável que os planejamentos sejam isentos de qualquer viés político, posto que seus benefícios são para a cidade e sua popu- lação. Em especial, é necessário que os trabalhos de implantação das ações pre- vistas nos planejamentos incorporem a realização de estudos complementares, o detalhamento de projetos e, no caso dos PGTs, a aprovação aconteça após análise criteriosa dos aspectos negativos para a população de sua área de influên- cia. A mobilidade urbana e seus problemas no contexto da expansão urbana Cláudia Sampaio de Jesus www.strictosensu.inf.br 1 1 Imagem: Adaptação Local Data 5 Informativo trimestral do corpo discente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Urbano da Unifacs-Laureate 4° Edição - 2012 | Ano 4 Edição impressa www.strictosensu.inf.br 1. Graduada em Administração pela Faculdade Ruy Barbosa (FRB); especialista em Gestão Acadêmica pela UFBA; e mestranda do Pro- grama de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Urbano pela Universidade Salvador (UNIFACS). Profissional ligada à área de educação, atuou como a) Coordenadora de planejamento e ensino – atuando como pesquisadora institucional das Faculdades Nordeste (FANOR), Faculdade de Tecnologia Empresarial (FTE) e Área1; b) Co- ordenadora geral acadêmica e pesquisadora institucional da Faculdade Ruy Barbosa (FRB). Atualmente coordena o curso de Administração da UNIFACS, modalidade a distância, e atua como docente nos cursos de Bacharelado em Administração; Bacharelado em Comunicação e Mar- keting; Bacharelado em Ciências Contábeis e Tecnológico em Gestão Comercial da UNIFACS. Na área administrativa, possui experiência como gestora de Processos Organizacionais e Sistema de Qualidade ISO9000, em empresas nacionais e multinacional.

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As grandes cidades brasileiras vêm so- frendo com os problemas relacionados à mobilidade urbana e aos seus sistemas de circulação e transportes. Com a ace leração da urbanização após a segunda guerra mundial, “as maiores cidades brasileiras começaram a vivenciar problemas graves de transportes e trânsito” (VASCONCELLOS, 2001, p. 22), conseqüência de planejamento ur-bano inadequado, do crescimento des-controlado da área urbana, do crescente aumento do número de veículos de uso individual, do sistema precário de trans-porte público, dentre outros. Pode-se destacar que planejamento ur-bano e o sistema de circulação e trans-portes sempre estiveram associados, não devendo ser analisados de maneira isolada. Do mesmo modo, a gestão dos serviços de transporte coletivo urbano deve ser incluída neste contexto, pois se se apresentar desarticulada e inadequa-da às necessidades da população acaba por incentivar a utilização do transporte individual, intensificando os problemas relacionados à mobilidade urbana. As discussões em torno desta temática incorporam desde a definição de algu-mas condicionantes relacionadas aos deslocamentos realizados no espaço ur-bano, para circulação de pessoas e bens através do uso das vias, até a construção de empreendimentos considerados Pó-los Geradores de tráfego.

Intervenções para promoção da mobi-lidade urbana É fato que a gestão administrativa das cidades precisa implementar medidas de gerenciamento da mobilidade, seja através dos serviços de engenharia de tráfego e da construção de vias alternati-vas de escoamento do fluxo, seja através da utilização de modais de grande ca-pacidade com vistas à promoção de uma mudança de comportamento e atitude do cidadão usuário de automóvel particular. À medida que os problemas relacio-nados à mobilidade urbana se consoli dam como uma realidade dos grandes centros, a gestão pública é chamada

a refletir acerca do seu papel no pro-cesso de minimização destes impac-tos. Porém, não é incomum que a falta de planejamento leve à apresentação de propostas de ampliação ou reade-quação da infraestrutura, sem analisar as causas dos problemas e as con-dições existentes. Prova disso é que mobilidade urbana é um tema atual e recorrente nos debates entre políticos e estudiosos, já que com o advento da Copa do Mundo 2014 e a eleição do Brasil como país organizador, as discussões acerca dos problemas de trânsito e dos longos congestionamentos - comuns nas cidades que sediarão os jogos - serem necessárias. Outro sim, a maioria delas não tem uma rede metro-viária implantada e nem opções de trans-porte coletivo eficazes para atender à grande demanda de deslocamentos.

Desenvolvimento com mobilidadeÉ importante salientar que não se pode pensar o planejamento urbano de uma cidade apenas para adequá-lo à reali-zação de eventos de curta duração. É preciso praticar o planejamento urbano centrado nos estudos de uso do solo e de transportes, objetivando a integração de diferentes modais e a melhoria do am-biente de circulação. É necessário prever também situações que trazem consigo mudanças significa-tivas para a cidade, a exemplo da con-strução de grandes empreendimentos como shopping centers, centros comer-ciais ou residenciais, universidades, haja vista os impactos que causam no tráfego do seu entorno. São os chamados Polos Geradores de Tráfego (PGT). Se por um lado os PGTs produzem um grande número de viagens com reflexo negativo ao seu redor, por outro pro-movem a geração de novos empregos, a oferta de serviços, o aumento da renda per capita, além dos aspectos sociais e culturais, fundamentais para o desen-volvimento de uma cidade. Deste modo, é fundamental que sua implantação seja incentivada, desde que ocorra com o mínimo de interferência e os projetos

desses empreendimentos apresentem alternativas (previsão de infra-estrutura correspondente) para minimizar os im-pactos na mobilidade urbana da popu-lação.

Considerações finaisOs planejamentos urbano e de trans-porte e tráfego precisam ser analisados conjuntamente, para compreensão dos processos de uso da rede viária e do crescimento de uma cidade, abordando as intervenções. Governos e dirigen-tes podem ter opiniões divergentes e é natural que algumas medidas sejam calibradas para se adequarem a uma nova realidade. Porém, é indispensável que os planejamentos sejam isentos de qualquer viés político, posto que seus benefícios são para a cidade e sua popu-lação. Em especial, é necessário que os trabalhos de implantação das ações pre-vistas nos planejamentos incorporem a realização de estudos complementares, o detalhamento de projetos e, no caso dos PGTs, a aprovação aconteça após análise criteriosa dos aspectos negativos para a população de sua área de influên-cia.

A mobilidade urbana e seus problemas no contexto da expansão urbanaCláudia Sampaio de Jesus

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Informativo trimestral do corpo discente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Urbano da Unifacs-Laureate

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1. Graduada em Administração pela Faculdade Ruy Barbosa (FRB); especialista em Gestão Acadêmica pela UFBA; e mestranda do Pro-grama de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Urbano pela Universidade Salvador (UNIFACS). Profissional ligada à área de educação, atuou como a) Coordenadora de planejamento e ensino – atuando como pesquisadora institucional das Faculdades Nordeste (FANOR), Faculdade de Tecnologia Empresarial (FTE) e Área1; b) Co-ordenadora geral acadêmica e pesquisadora institucional da Faculdade Ruy Barbosa (FRB). Atualmente coordena o curso de Administração da UNIFACS, modalidade a distância, e atua como docente nos cursos de Bacharelado em Administração; Bacharelado em Comunicação e Mar-keting; Bacharelado em Ciências Contábeis e Tecnológico em Gestão Comercial da UNIFACS. Na área administrativa, possui experiência como gestora de Processos Organizacionais e Sistema de Qualidade ISO9000, em empresas nacionais e multinacional.

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Regiões Nodais e Lugares Centrais A teoria das Regiões Nodais e Lugares Centrais, de Walter Christaller (1933), parte da consideração de que as regiões se estruturam em função da localização dos núcleos urbanos na rede intermodal de transportes, evi-denciando a distribuição interna dos fluxos de mercado-rias para os centros primários de distribuição e destes para os maiores centros consumidores dentro e fora do espaço regional.Nesta medida, os pontos ao longo do sistema viário que concentram os serviços comerciais e de apoio às ativi-dades produtivas tendem a conformar áreas de maior dinamismo dos processos demográficos, de forma-ção de renda e de geração de emprego, induzindo a ampliação das vias que se direcionam dos municípios de menor porte para esses centros e a melhoria das li nhas-troncos, intensificando as trocas intra e extras regionais a partir desses pontos privilegiados de ca-racterísticas estritamente urbanas, face aos efeitos multiplicadores decorrentes da concentração-expansão dos serviços e da população, que aí encontra maiores oportunidades de ocupação e de aquisição de renda monetária.A dinâmica urbana e o direcionamento das vias de penetração axial na direção dessas grandes aglome-rações regionais acabam por estabelecer uma am-pla articulação das bases econômicas da região com outras que lhe são adjacentes, e mesmo com outras mais distantes, a depender da sua posição no sistema de transportes e do seu porte demográfico, criando as condições para a realização de grandes e pequenos negócios, em todos os setores da economia, amplifica-dos pela urbanização que se acelera com o passar do tempo. Esses lugares centrais são, na maioria das vezes, e não por acaso, coincidentes com os pontos de convergência das vias de transporte, tornando-se locais de passagem obrigatória das cargas e de organização dos serviços de apoio a produção na região.Os centros assim constituídos e os espaços de influên-cia direta das vias que para aí se direcionam definem, então, nódulos nas redes de transportes, em especial quanto à modalidade rodoviária, estabelecendo de for-ma evidente Regiões Nodais fortemente polarizadas por aqueles lugares centrais.Na Bahia, no processo histórico de integração dos es-paços regionais e do Estado com outras macrorregiões do Brasil, Salvador é um lugar central desde o período colonial, com o seu porto articulado às vias fluviais e aos roteiros litorâneos direcionados do Recôncavo e das áreas ao Sul e ao Norte para a capital admi-nistra-tiva do império português no Atlântico Sul.Os caminhos naturais das boiadas, desde o Sertão do São Francisco, da zona pecuária do atual Sudoeste e do Litoral Norte até Sergipe, transformaram-se em ro-dovias nos anos 50/60, e o advento das BR ‘s 116 (Rio--Bahia) e 101 possibilitou a criação de novas nódulos viários, determinando o surgimento de lugares centrais como Feira de Santana, Vitória da Conquista, Jequié, Ilhéus e Itabuna, Eunápolis e Teixeira de Freitas. Novos estirões rodoviários, convergentes para antigos centros, estabeleceram as condições para a formação de Regiões Nodais em torno de Juazeiro (na BR-407) e Jacobina (na BR-324), Alagoinhas (na BA-093), Itabe-raba e Seabra (na BR-242).O antigo Além do São Francisco, após a extensão das vias do Oeste do Brasil na direção de Brasília, rapida-mente transformou-se em uma dinâmica fronteira agro-pecuária, centralizando-se em Barreiras (na BR-242) a

prestação dos serviços que determinaram o estabeleci-mento da sua região onde desponta mais recentemente Luís Eduardo Magalhães. A construção da “Estrada do Feijão” (BA-052) viabilizou a emergência de Irecê e a extensão da BR-110 pelo Sertão destacou as pos-sibilidades de Paulo Afonso como um lugar central no espaço fronteiriço da Bahia com Pernambuco, Alagoas e Sergipe, ainda com certas carências na integração viária.Pontos emergentes nos espaços regionais estão se desenvolvendo com a construção de estradas de pene-tração no sentido Oeste-Leste, a exemplo de Brumado e Guanambi (na BR-030), Itapetinga ( na BR-263), Ibo-tirama, Santa Maria da Vitória e Bom Jesus da Lapa (na confluência do São Francisco com o sistema rodoviário do Oeste).

No sentido Norte-Sul, a complementação da rede viária tem destacado o potencial urbano de Santo Antonio de Jesus (na BR-1O1 e no complexo intermodal de trans-portes da Grande Salvador) e de Valença (reforçado pela ampliação da BA-001), bem como de Ipiaú (na BR-330, dentro da área de influência de Jequié e Vitória da Conquista), de Serrinha e Ribeira do Pombal na BR-116 Norte, dentro da área sob a subordinação de Feira de Santana, o maior entroncamento rodoviário do Estado.A Linha Verde (BA-099), eixo viário de extensão da in-fluência de Salvador no Litoral Norte turístico, abre no-vas perspectivas de surgimento de lugares centrais em um espaço até agora desprovido de centros urbanos, despontando Camaçari (no vetor da ,economia do tu-rismo, que reforça a sua posição no vetor da economia industrial da RMS), Mata de São João e Porto Sauipe (com os megaprojetos de turismo) como os pontos em que poderão se constituir nódulos viários de alcance li-mitado, porém de forte capacidade de complementação inter-regional e intersetorial na Bahia, via o turismo e a agroindústria, independente dessa mesma perspectiva em outras áreas do Estado, com outras combinações de atividades produtivas.Cidades Primazes e Log-NormaisDentro de urna perspectiva histórica que incluí elemen-tos determinantes de ordem geográfica (localização e fatores naturais favoráveis) e/ou político-administrativa (cidades sedes de impérios, capitais coloniais, centros portuários de comércio ultra marino), a formação das regiões e dos sistemas regionais de maior complexi-dade se evidencia ao planejador com a utilização da teoria de Brian Berry sobre a Distribuição das Cidades por Tamanho (1961), em função do modo com que se organizou a administração para alcançar todos os pon-tos da região com os seus serviços e a cobrança de

Marco teórico dos estudos de economia regional aplicado ao estado da Bahia

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tributos - centralizada ou descentralizadamente.As duas distribuições constatadas por Berry, em pes-quisa realizada em 37 países, foram por ele denomi-nadas de primaz e log-normal, revelando que países colonizados no passado por metrópoles estrangeiras tendem a apresentar um único grande centro, a capital, que será a cidade-primaz do sistema, com forte concen-tração da riqueza e de população em sua área urbana.Inversamente, quando vários fatores atuam de forma aleatória, como pode acorrer em áreas distantes do centro de um sistema de primazia ou quando a ocupa-ção do território, até então inexplorado se faz de modo espontâneo por deslocamentos de levas migrantes (oeste americano), dá-se uma distribuição log-normal, com várias cidades de dimensão demográfica equiva-lente sediando áreas econômicas diferenciadas por suas ba-ses próprias, sem que uma delas se desta-que das demais no contexto global. É um sistema não estelar - porque lhe falta um centro, mas a formação e consolidação da rede de transporte tem alterado as participações relativas de cada núcleo no PIB e na in-fluencia política e econômica que exibem os centros consolidados, comparativamente a outros, emergentes nas diferentes regiõesTabela 1 – As dez maiores cidades da Bahia - 2010

No caso da Bahía, a inconteste primazia de Salvador e da sua Região Metropolitana tem sido matizada, ao longo das quatro últimas décadas, pela influência de outras cidades (chamadas de 2ª ordem, na teoria de Christaller) sobre vastas áreas do interior, de forma ex-clusiva nos seus subespaços e conformando uma rede de cidades articuladas pelos grandes troncos viários. As ligações dessas regiões e suas cidades líderes se fazem de modos distintos, a depender dos mercados a que se destinem os seus produtos. Através dos grandes centros regionais, as regiões da Bahia estão integradas ao macro sistema das regiões brasileiras, com foco em São Paulo, tendo a RMS como 3º polo demográfico do país, com intensas relações de comércio inter-regional.Salvador permanece tendo a sua forte centralidade e primazia, com a log-normalidade se evidenciando no interior, a partir de cidades como Feira de Santana, Vitória da Conquista, Camaçari, Itabuna - Ilhéus, Jua-zeiro, Jequié, Jacobina, Irecê, Paulo Afonso, Barreiras, Alagoinhas, com suas áreas de influencia delimitadas pela influencia contrária dos centros de regiões adja-centes, na fronteira entre elas. Não se deve perder de vista que a presença de Salvador em todas as regiões do Estado se superpõe e até reforça o papel das cida-des regionais, por exercer-se nos aspectos econômicos e político-administrativos, como centro das decisões e

Fonte: Imagem adaptada LocalData

Fonte: uefs.br/cnmem/local.html

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da estrutura organizacional do governo baiano. Eviden-te que estas regiões, que poderiam ser chamadas ao mesmo tempo de econômicas e de influência urbana, requerem o surgimento de subcentros que comple-mentem e repartam a função polarizante das cidades médias ou de 2ª ordem sobre subespaços menores, garantindo maior eficiência na distribuição da produção e uma hierarquização das demandas por serviços, com as especializações (hospitais, escolas de 2º grau e de nível superior, bancos, sedes de órgãos fiscais, indús-trias de maior porte, armazéns atacadistas, hotéis clas-sificados, etc.) se concentrando em maior proporção nos centros regionais de negócios.A população migrante é também um elemento impor-tante na determinação do potencial desses subcentros, fazendo crescer desmesuradamente algumas cidades em relação ao potencial de oferta de serviços públicos, emprego e renda, notadamente no presente, face aos efeitos da seca e das pragas sobre a produção primária em todo o Estado.Salvador e as capitais regionais tem sofrido com o ace-lerado processo de ocupação do tecido urbano e de ur-banização, retratada na favelização crescente das suas periferias, e outras cidades começam a evidenciar os mesmos processos de crescimento migratório. Muitas dessas cidades são centros de regiões, subor-dinando-se às grandes capitais regionais na hierarquia funcional urbana do Estado ou funcionando como sub-centros coletores da produção e receptores de fluxos migratórios, tendo portanto importância em termos de oportunidade de negócios para a micro e pequena em-presa, a produção familiar, artesanal e cooperativo--associativa, em todos os segmentos da economia, gerando emprego e renda nesses núcleos e municípios próximos.

Expediente

O Stricto Sensu é um informativo trimestral do Corpo Discente do Programa de Pós- Graduaçã (Mestrado e Doutorado) em De-senvolvimento Regional e Urbano da Uni-versidade Salvador – UNIFACS. O Stricto Sensu tem como objetivo maior estimular a produção, leitura e difusão de textos cientí-ficos

CONSELHO EDITORIALAliger PereiraAntonia Carlinda OliveiraFrancisca Mathilde B. VasconcellosGregory HöllenmaulLeandro C. A. GouveiaMilton Sampaio FilhoPaulo Patrício Costa

CONSULTORES AD HOCProfa. Dra. Carolina de A. SpinolaProf. Dr. Carlos Alberto da C. GomesProf. Dr. Edivaldo BoaventuraProf. Dr. Fernando C. PedrãoProf. Dr. Laumar Neves de SouzaProf. Dr. Noelio D. SpinolaProfa. Dra. Regina Celeste de Souza

DIRETOR EXECUTIVOPaulo Patrício Costa

EDITORGregory Höllenmaul

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores. Os direitos, inclusive de tradução, sãoreservados.É permitido citar parte dos artigos sem autori-zação prévia desde que seja identificada a fonte.É vedada a reprodução integral de artigos sem a formal autorização da redação.

Feira de Santana - maior entroncamento rodoviário do Norte-Nordeste brasileiro

[email protected]

wwww.StrictoSensu.inf.br

Fonte: www.uefs.br/cnmem/local.html

Em um país onde se assiste ao julgamento e a conde-nação de altas personalidades da República pelo Supre-mo Tribunal Federal, num crime de largo espectro por abranger as mais variadas modalidades de delito; onde o Congresso Nacional, que já foi classificado por um ex--presidente da república como um covil de picaretas, é alvo constante de denúncias da imprensa por envolver deputados e senadores em “tenebrosas transações”; é de se perguntar: vale a pena escrever sobre o plágio que muitos consideram um delito menor e, na academia, transforma-se muitas vezes em folclore?

Plágio é Crime

O plágio é crime. Na prática ele é roubo. Quem copia textos alheios é ladrão. Não há desculpa. Quem pra-tica o famoso corte e cola na Internet – ou fotocopiali-vros, em parte ou no todo, está cometendo um crime. Está roubando. Esta história do limite de “Xerox” a 10% do conteúdo do livro, não possui qualquer am-paro legal. O plágio é capitulado no Código Civil Art. 524 “a lei assegura ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor de seus bens, e de reavê-los do poder de quem quer que, injustamente, os possua;” no Có-digo Penal Brasileiro no título relacionado aos crimes contra a propriedade intelectual, “artigo 184 – Violar direito autoral: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa”. E os seus parágrafos 1º e 2º, con-signam, respectivamente: “§1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, com intuito de lu-cro, de obra intelectual, no todo ou em parte, sem au-torização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, (...). § 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, (...), produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral.” Miguel Ángel Núñez, no site Educación y Formación explica que existem dois tipos de plágio: o intencional e o acidental. No primeiro caso se busca premedita-damente roubar ou falsear a informação. Manifesta-se pelo uso de dados, hipóteses, procedimentos, conclu-sões, parágrafos, artigos, etc. de outros, sem dar o crédito ao verdadeiro autor e atribuíndo-se a autoria. No segundocaso o plágio decorre do manejo errado da informação, de modo geral devido a desconheci-mento das normas técnicas relacionadas com as ci-tações.Existem muitas outras modalidades e técnicas sofis-ticadas para roubar a criação intelectual alheia. Com a Internet os recursos se tornam vastos. Copiam-se textos estrangeiros que são trazidos para o nosso vernáculo utilizando-se os tradutores automáticos os quais, depois de burilados, são apresentados como obra própria. Constroem-se paródias – nada burles-cas - de textos de outros autores e apropriam-se de ideias que são apresentadas com outras palavras. A criatividade para fraudar não tem limites. Às vezes dá mais trabalho do que o simples esforço de produzir algo original. Será perversão?Existem muitos programas gratuitos que permitem a identificação dos casos de plágio. Um deles é encon-trado em http://www.docxweb.com. E o importante é que os professores estão aprendendo a utilizá-los. O Colegiado de Curso do nosso PPDRU estabeleceu a pena de desligamento do Curso para o aluno que for flagrado plagiando. Com isto está zelando pelo bom nome do Programa e, mais ainda, da nossa Univer-sidade.Uma coisa que muita gente não sabe e que também é negativo. Trata-se da utilização no todo ou em parte de textos da própria autoria em outros textos próprios. Por exemplo, numa tese de doutorado usar-se partes da dissertação de mestrado sem especificar como citação e referenciar. É o que se chama de autoplá-

gio. Este é um motivo para a reprovação do can-didato pela banca. Sempre que o texto transcrito não é inédito deve-se citar o autor e referenciá-lo. “Copiar-se” é tentar vender o mesmo produto duas vezes.Portanto precisamos combater esta prática. Trata--se de um dever ético. Como primeiro passo, por que não seguirmos o exemplo do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal Flu-minense, que criou uma Comissão de Avaliação de Casos de Autoria? Esta Comissão além de analisar os casos de plágio tem como objetivo educar os alunos quanto aos casos de plágio e como evitá--los.Fica a sugestão!

Noelio D. Spinola

Imagem adaptada: Rafael Coelli

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Paulo, o papel do transporte individual de passagei-ros no planejamento rodoviário em meio urbano. O capítulo 14 reflete sobre um dos principais instru-mentos de gestão territorial: os Planos Regionais de Ordenamento do Território. O capitulo 15 apresenta o número de habitantes acessíveis a partir de três cidades da Beira Interior considerando vários cenári-os de dotações em infra-estruturas rodoviárias. Na quarta parte, sobre a formulação de políticas, o capí-tulo 16 é o mais conceitual e faz a discussão mais macro. Ilustra a aplicação das modernas teorias do desenvolvimento regional endógeno, nomeada-mente as que acentuam o papel dos fatores menos tangíveis. O capítulo 17 complementa e aprofunda o conhecimento sobre estas teorias, explicando as-pectos relativos ao processo de reconhecimento político de parcerias entre autores do desenvolvi-mento e discutindo os seus fatores críticos de su-cesso. Ao mesmo tempo, é útil para quem queira recolher inspiração para conceber instrumentos deste tipo para outros países. O capítulo 18 é inteira-mente aplicado à competitividade dos territórios de baixa densidade populacional e condicionado por dinâmicas de desenvolvimento empobrecedor. Se-guem-se outros tipos de instrumentos de política e escalas territoriais de intervenção. Assim, o capítulo 19 apoia-se na experiência de um pequeno municí-pio para nos cativar com a utilidade do planejamento estratégico na ação estrutural de um território portu-guês do interior. O capítulo 20 introduz os leitores a um instrumento ainda pouco conhecido em Portugal e que possui características úteis ao tecido econômi-co e empresarial dos territórios lusófonos de baixa densidade. A introdução é feita através do estudo de um caso, o Programa de Formação e Consultoria de Apoio à Criação de Empresas, (FAME) uma iniciativa original de governos locais em parceria com a socie-dade civil, posteriormente adotada por uma agência do Ministério da Economia e estendida a todo o ter-ritório continental. No capítulo 21, encontramos uma reflexão sobre insuficiências dos métodos em vigor nas ava-liações de impacto ambiental realizadas em Portugal. Finalmente, o capítulo 22, um dos dois que se referem ao Brasil, analisa o estado do Paraná. A parte quinta trata das aplicações de instrumentos de política e estratégias de eficiência coletiva. Assim os capítulos de 23 a 25 apresentam uma visão de eco-nomia política sobre o desenvolvimento regional. O capítulo 26 dá conta de uma experiência nas mar-gens do Tejo. Trata-se de uma abordagem sociológi-ca à possibilidade de conjugação entre patrimônio cultural e desenvolvimento econômico. O capítulo 27 coloca-nos perante um caso em que o patrimônio histórico construído pode ser o motor de uma estra-tégia coletiva de desenvolvimento económico para territórios de baixa densidade. A fechar esta parte, o capítulo 28 traz a análise de uma observadora ex-terna ao processo, sobre o Programa de Valorização Econômica de Recursos Endógenos (PROVERE).A parte seis trata da cooperação de base entre os agentes econômicos. Nela o capítulo 29, em inglês, expõe um caso inovador de sucesso: a criação de um parque de biotecnologia em espaço rural. O capí-tulo 30 apresenta um caso sobre a importância das redes de agentes económicos para o desenvolvi-mento regional e a utilidade que as tecnologias de

Quando se tornam claros o risco de valorização ex-cessiva do curto prazo vale a pena dar atenção aos temas e aos processos que condicionam a melhoria sustentável da qualidade de vida. É disso que o desenvolvimento regional cuida. Casos de Desen-volvimento Regional é um livro diferente. No con-teúdo e na forma. Concentrado na economia e na política do desenvolvimento regional estabelece uma ponte entre teoria e prática que visa preencher uma falha no mercado editorial. Foi escrito para sa-tisfazer o público lusófono. Salvo duas contribuições o livro não contempla a realidade brasileira, o que não reduz a sua importância para o nosso público visto que sempre se aprende observando as ex-periências alheias. Adota a metodologia de “estudo de casos”, com exercícios propostos no final de cada capítulo. Possui alguns textos em inglês para viabi-lizar a sua utilização com estudantes não fluentes em português. Na sua primeira parte o livro discorre sobre a utilidade de vários métodos de análise espa-cial para descrever objetos de estudo no domínio do desenvolvimento regional. Assim destaca-se, no capítulo 2, o recente Índice Sintético de Desenvolvi-mento Regional, aplicado nos territórios portugueses como um poderoso instrumento de planejamento estratégico . O capítulo 3 mostra como o conceito de cluster pode ser identificado na prática, com apli-cações ao Minho e à região Centro de Portugal e o capítulo 4 ilustra como a econometria dos estima-dores não-paramétricos pode ser mobilizada para esclarecer o fenômeno na região Norte de Portugal. Os modelos gravitacionais são outros “velhos conhe-cidos” dos cursos de análise espacial. O capítulo 5 mostra como um destes modelos, concretamente, o método da sobrevivência das cohorts, pode ajudar a fundamentar tecnicamente o planejamento de uma rede de equipamentos para utilização coletiva. Os capítulos 6 e 7 valorizam o interesse dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) para co-nhecer as capacidades do território. Através de um exemplo, o capítulo 8 documenta como se pode fazer o plano estratégico de um conjunto integrado de ações cole-tivas que têm a dinamização das atividades econômi-cas como objetivo. Por fim, o capítulo 9 reflete sobre o efeito no desenvolvimento econômico de con-dições específicas da insularidade de uma pequena economia, usando as ilhas Tomé e Príncipe como caso de estudo. A segunda parte trata do crescimen-to econômico nas escalas territoriais e subnacionais, lida explicitamente com incursões quantitativas so-bre a teoria do crescimento econômico. O capitulo 10 explora empiricamente a endogeneização do pro-gresso tecnológico à Solow através da acumulação de capital humano. Uma comparação entre a Anda-luzia e Espanha é oferecida para várias medidas de produto e produtividade. Já o capítulo 11 serve para suscitar a discussão sobre a eficácia das políticas de desenvolvimento regional na Europa. A terceira parte trata da localização das atividades econômicas e a gestão do território, reunindo várias contribuições sobre economia regional e urbana, ordenamento do território, engenharia dos transportes e arquitetura: localização de atividades econômicas. O capítulo 12 estuda a relação estatística entre a relocalização de setores industriais e a relocalização de setores ter-ciários. O capítulo 13 ilustra, com o caso de São

Corpo Cientifico

Gregory Höllenmaul

Casos de Desenvolvimento RegionalOrganizador: Rui Nuno Baleiras; Editora: Princípia; ISBN: 9789898131850; Local de publicação: Cascais – Portugal; Número de capítulos: 46; Número de autores: 83; Número de páginas: 798; Preço: 31,46€ - Fob – Lisboa; Melhor vendedor: http://www.wook.pt

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comunicação e infor-mação podem trazer para a estruturação daquelas. Discute, em concreto, a experiência brasileira na indústria de transformação de madeiras no municí-pio de Buri, estado de São Paulo. A cooperação transfronteiriça é abordada no capítulo 31 através da experiência de uma das mais dinâmicas asso-ciações transfronteiriças de municípios da UE: o Espaço Atlântico do Noroeste Peninsular que atua nas regiões da Galícia, na Espanha, e Norte, em Portugal. A cultura como alavanca do desenvolvi-mento volta a ser examinada no capítulo 32 com o programa Arteemrede – Teatros associados em curso no Oeste e Vale do Tejo que mostra como a atenção ao pós-investimento deve nortear as próprias decisões de investimento. Na parte sete que trata de outras iniciativas de desenvolvimento regional endógeno, os capítulos 33 e 34 mostram como o empreendedorismo esclarecido num terri-tório de baixa densidade pode ter sucesso no mer-cado internacional com um produto do território. O capítulo 35 aborda o caso de outro recurso rural: a uva e a sua transformação vitivinícola. Discute o papel desse recurso rural tradicional na alavan-cagem de desenvolvimento económico. O capítulo 36 argumenta em torno do papel do fator capital social na promoção de desenvolvimento económi-co de base territorial. Já o capítulo 37 dá conta de um programa de desenvolvimento local baseado em turismo da Natureza, promovido pelo municí-pio de Montalegre, em pleno Parque Natural da Peneda-Gerês. O capítulo 38, em inglês, traz a introdução promissora a um tema ainda pouco ex-plorado na literatura: como é que a natureza da interação entre escolhas orçamentais de governos locais impacta sobre o desenvolvimento do terri-tório servido por esses municípios? O capítulo 39 debruça-se sobre os problemas de degradação urbana e exclusão social no seio de uma área me-tropolitana. A oitava parte, a última do livro, reúne um conjunto de contribuições sobre avaliação de políticas ou avaliação da aplicação de instrumen-tos de política na promoção do desenvolvimento regional.

Casos de desenvolvimento regional

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Resenha

Escritor Rui Nuno Baleiras Fonte: eixoatlantico.com

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Não basta, ao modo de produção capita-lista, para manter-se e reproduzir-se, ter o Estado como instrumento ativo e efetivo; é preciso ter a legitimação social para lhe garantir as necessárias condições de esta-bilidade. A democracia é a forma de governo mais apropriada por permitir aos cidadãos a sensação de que estão, de fato, participando das decisões sobre os destinos da socie-dade. Não importam se os fundamentos es-tão em Maquiavel ou Rousseau. Interessa apenas que sejam institucionalizados os instrumentos que garantam a continuidade do processo de extração e apropriação da mais valia produzida pelos trabalhadores para o enriquecimento cada vez maior dos detentores do capital e fortalecimento do Es-tado. Assim, mantêm-se as condições de su-bordinação necessárias a todo regime de ex-ploração e de desigualdades.Mas a democracia representativa, republicana (nos discursos), parece ameaçada por um sis-tema eleitoral definido conforme as regras do capital e pela corrupção institucionalizada. A igualdade de direitos e de oportunidades, defi-nidas em leis, fica restrita aos textos legais. É progressiva a seleção, nos pleitos eleitorais (nas três esferas da República), dos candida-tos que selem acordos com o capital; ficam cada vez mais distantes das possibilidades de êxito eleitoral aqueles candidatos que efetiva-mente representam e defendem os legítimos interesses da sociedade e menos ainda, dos trabalhadores. A compra e a venda do voto vi-raram regra, seja da forma mais escancarada, com o pagamenton em dinheiro (de origem ilícita, quase sempre), seja de formas camufla-das (através da troca por serviços públicos de saúde, por emprego etc.). É pública, portanto, a corrupção eleitoral, mas a Justiça continua cega.Em 1996 a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), apoiada pela OAB e várias organizações da sociedade civil, desenvolveu uma campanha contra a corrupção eleitoral, resultando na Lei 9.840, em 1999, que ficou conhecida como a Lei contra a Corrupção. Nesse período, criou-se o Movimento Contra a Corrupção Eleitoral (MCCE) que conta hoje com mais de 9.800 comitês instalados em todo Brasil. Recentemente, também sob a liderança da Igreja Católica, conseguiu-se aprovar (na marra) o “Projeto Ficha Limpa” que resultou na Lei Complementar nº 135/2010, que foi depois jogada na cesta de lixo pelo Poder Judiciário. Mas, além disso, há a corrupção institucio-nalizada no Estado e alimentada por muitos daqueles que são eleitos pelos meios etica-mente condenáveis. Estima-se que 30% de tudo que se produz no Brasil desaparecem

pelo ralo da corrupção. Como produzimos, em 2010, mais de R$ 3 trilhões (nosso PIB) , um trilhão de reais caiu nos bolsos dos corruptos, o suficiente para construir 20 milhões de casas populares. Na outra ponta, as nossas necessi-dades: 20 milhões de famintos, 90 milhões de analfabetos técnicos e funcionais, poucas va-gas nas universidades públicas, serviços públi-cos de saúde precários, 3 milhões de crianças que trabalham, salários de professores e polici-ais defasados e por aí vai. Em 1998, a Constituição Cidadã, incorporou mecanismos para o exercício da democra-cia direta, fruto de muitas mobilizações e ar-ticulações empreendidas especialmente por organizações não governamentais, ainda du-rante a ditadura militar. Institucionalizaram-se os Conselhos Populares nas esferas munici-pal, estadual e federal; uma brilhante invenção da democracia brasileira, nos termos em que foram criados.O texto legal estabelece que os Conselhos são espaços institucionalizados de definição, controle e fiscalização das políticas públicas. A sociedade brasileira vibrou eufórica. Todos acreditavam que a partir de então haveria um instrumento que permitiria que as represen-tações populares participassem das decisões governamentais para a implementação de políticas públicas. Ledo engano. A confusão entre ambiente público e do ambiente privado que se estabeleceu desde épocas coloniais (HOLANDA, 1973), onde ocupantes de cargos públicos os utilizam em benefício próprio, de parentes e amigos, continua ainda nos dias de hoje. Para a esfera dos Conselhos Populares, especialmente nos municípios interioranos, o conceito de democracia participativa é mero ornamento; alimenta-se toda uma cultura de é dando que se recebe, de favor com favor se paga e os conselheiros, vulneráveis social-mente, preferem submeter-se aos caprichos dos mandatários do que lutar pelo cumprimen-

to do dispositivo constitucional, mantendo-se verdadeiras dinastias políticas que substitu-em as velhas e odiadas oligarquias, abrindo mão da utopia militante que trata Francisco de Oliveira (OLIVEIRA, 1977).A criação dos Conselhos de Gestão, longe de se constituir um instrumento de demo-cracia participativa, responde à necessidade de mudanças no funcionamento do Estado, especialmente da centralização dos gover-nos: era preciso alterar substancialmente as práticas governamentais como requisito para o exercício da democracia, onde a partici-pação dos movimentos sociais – a idolatrada participação cidadã – é posta como requisito indispensável. Atende, por conseguinte, a

três ordens de questões: a descentralização, vista como uma resposta à crise fiscal do Esta-do; a necessidade de democratizar as políticas públicas, criando-se espaço de participação social; e as novas formas de relacionamento entre o público e o privado (MATTEI, 2010). Com isso, o debate distancia-se cada vez mais das questões relativas à organização da base material da sociedade e da distribuição das riquezas, canalizando-se toda energia para a construção de um novo conceito de socie-dade civil enquanto espaço público não estatal com funções de participação na definição, ex-ecução, controle e fiscalização das políticas públicas setoriais. E mais: os Conselhos Popu-lares tornaram-se um instrumento privilegiado para a administração dos conflitos sociais, garantindo assim a estabilidade necessária ao modo de produção capitalista.

1. Sociólogo, doutorando do Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano e Regional da (UNIFACS-Laureate); Mestre em Sociologia Rural (UFPB); Bacharel em Ciências Sociais (UFBA); professor titular do Departamento de Ciên-cias Humanas e Filosofia da Universidade Estadual Feira de Santana (UEFS); assessor para assuntos de territórios do Movimento de Organização Comunitária (MOC). Coordenador dos projetos “Célula Territorial” Território de Identidade do Sisal da Bahia (CNPq-SDT) e “Produção e Comercialização de Ca-pachos de Sisal” em Valente-BA (FAPESB); vice-coordenador do projeto “Indicação Geográfica do Sisal” (UEFS-UFRB/FAPESB).2. IBGE- 20113. São muitos os casos, no Brasil, onde pais e filhos, numa mesma família, ocupam cargos de mando nas Prefeituras Municipais, Assembléias Legislativas dos Estados, Câmara Federal e Senado Federal, revezando-se conforme as circun-stâncias.ReferênciasHOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 7ª. ed, Rio de Janeiro: José Olympio, 1976.MATTEI, Lauro et all. Institucionalidade e Protagonismo Políti-co: os 10 anos do CONDRAF. Brasília: CONDRAF, 2010.MARX, CARL OLIVEIRA, Francisco de. Caminhos da Institucionalização: Cooperação Internacional, Estado e Filantropia. In: Cadernos CEBRAP (Centro Brasileiro de Pesquisa e Planejamento), nº 6. São Paulo: 1997.

A crise da democracia burgesaDoutorando

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Imagem: Arte Rafael Coelli

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Ildes Ferreira de Oliveira 1

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Stricto Sensu: Por que você decidiu fazer o “doutorado sanduiche”?Aline Gomes: Por que acreditei que o “douto-rado sanduiche” me possibilitaria o acesso a novos conhecimentos e ao meu crescimento pessoal e profissional, e assim está ocor-rendo.

Como é que funciona este programa?Eu cumpri os créditos das disciplinas no Bra-sil, na UNIFACS e estou realizando parte da minha pesquisa da tese em Portugal, onde possuo um orientador que orienta e supervi-siona as minhas atividades de pesquisa em Portugal, durante 12 meses.

Por que Braga em Portugal?Por que como sou funcionária pública da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS fui à busca de alguma Instituição Estrangeira cuja mesma possuía algum tipo de convênio com a UEFS, e então a Assessoria de Relações Internacionais me di-recionou para a Universidade do Minho - UM que se situa em Braga - Portugal, e então, eu enviei meu projeto para um professor da área que se interessou e então, recebi a carta convite para realizar a pes-quisa na UM.

Qual foi o apoio recebido da Capes para sua permanência em Portugal?Bolsa Estágio de Doutorado, que inclui auxí-lio-mensalidade, auxílio-deslocamento (pas-sagens de ida e de volta), auxílio-instalação e seguro saúde

O apoio recebido $$ dá para você sobre-viver aí ou precisa de socorro do Banco Pai? Dá para sobreviver.

Valeu à pena? O que foi melhor e o que foi pior nesta experiência?Está valendo muito a pena. O melhor dessa experiência é a possibilidade de conhecer bem de perto novas culturas, participar de

Congressos Internacionais (inclusive pu-blicar artigos em tais congressos), conhecer a dinâmica de uma Universidade Européia, além de fazer muitas amizades e estabelecer redes de contatos acadêmicos e profissio-nais. O pior é ficar longe da família.

E os “gajos” portugueses? São atrevidos como os nossos “tapuias”?São gente boa, super respeitadores

A diferença cultural é grande? Aí tem fei-joada?O sotaque é diferente, as comidas são dife-rentes (deliciosas), é outra realidade... cidade calma, sem violência, com tudo de conforto e serviços que uma grande cidade oferece.

Aqui tem feijoada sim, com fei-jão branco e polvo, que inclu-sive meu orientador brasileiro, o Prof. Noelio adorou.

Qual a sua avaliação da Uni-versidade do Minho? E do seu orientador português...!Fui muito bem recebida na Uni-versidade do Minho, que é uma excelente Instituição, inovado-ra e aberta a parcerias. Eu es-tou muito satisfeita com o meu orientador português, pois ele tem me fornecido orientações

brilhantes, muito material novo, inovador e críticas interessantíssimas para o melhor desenvolvimento da minha tese. Aliás, que em matéria de Desenvolvimento Regional, e Economia Local eles estão bem avançados no que se refere à literatura disponível para pesquisa.

Quais foram os maiores impactos cul-turais que você experimentou neste inter-câmbio?A diferença do sotaque, a gentileza dos portu-gueses, a segurança das cidades e a cultura organizacional das indústrias visitadas du-rante a pesquisa de campo.

Como você avalia o valor que a experiên-cia do Doutorado Sanduíche agregou a

sua carreira?Contribuiu positivamente para minha for-mação como administradora, como profes-sora, como pesquisadora e como pessoa. Cresci muito durante esses 12 meses. Foram marcantes e servirão de base para toda a minha vida profissional e pessoal.

Que conselho você daria a outros colegas que quisessem seguir seu exemplo?Que vale a pena! Não é fácil… é correria para atender aos pré-requisitos da CAPES, é se instalar em um local novo, onde não se conhece ninguém. Mas é recompensador... CRESCER, aprender mais e mais, conhecer novas culturas, descobrir novas possibi-lidades, oportunidades e conhecimentos. Sei que a realização do “doutorado sanduiche” vai acrescentar muito ao meu currículo e a minha vida. Gostaria, então, deixar um pen-samento de certo português “[...] Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena” Fer-nando Pessoa.

Aline Fonseca Gomes é uma valente sertaneja baiana que saiu de Feira de Santana para fazer o seu doutorado na Universidade Salvador, no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Urbano (PPDRU). Orientanda do Prof.Dr.Noelio Dantaslé Spínola ela desenvolve uma pesquisa que resultará na tese intitulada: “O Desenvolvimento Local e a Cultura Organizacional: Um estudo comparativo entre o Centro Industrial do Subaé - CIS e o Centro Industrial do Minho”. Como ela mesma relata, com apoio da UNIFACS/PPDRU, conseguiu uma bolsa sanduiche da CAPES e partiu para um ano de pesquisa na região industrial do Minho, instalando-se na cidade de

Braga, Norte de Portugal, onde segue a orientação do Prof.Dr. José Cadima Ribeiro, catedrático e diretor do departamento de Economia da Escola de Eco-nomia e Gestão da Universidade do Minho. Em outubro de 2011, Aline apresentou o seu III Seminário de Pesquisa, na Faculdade de Ciências Econômicas da UM, em Portugal, para uma banca composta pelos seus dois orientadores (Prof.Noelio e Prof.Cadima), logrando a aprovação necessária. Já de volta ao Brasil, em janeiro de 2013 defenderá a sua qualificação, último passo que antecede à defesa da tese que está prevista para fevereiro de 2013. Após a realização do Seminário Aline concedeu entrevista à equipe de reportagem do Stricto Sensu, como transcrito a seguir:

Doutorado sanduíche em Braga, Portugal

Entrevista com Aline Gomes

Entrevista

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“O melhor dessa experiência é a

possibilidade de conhecer bem de perto novas

culturas... conhecer a

dinâmica de uma Universidade

Européia...”

O Programa Institucional de Bolsas de Dou-torado Sanduíche no Exterior (PDSE) da Capes é regulamentado pela Portaria n° 95 de 22 de junho de 2011, publicada no DOU nº 122, de 28 de junho de 2011, p.9.

Imagem: Adaptação Arte Rafael Coelli

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O Reitor da UNEB, Lour-isvaldo Valen-tim, entregou no dia 05 de junho de 2012, o diploma de Doutor Honoris

Causa ao Prof. Edivaldo Machado Boaventura pelos

relevantes serviços prestados ao Brasil, à Ba-hia e, especialmente a educação de ensino superior, ao longo de sua vida acadêmica, profissional, política e social. A UNEB, no mo-mento em que celebra 30 anos de criação, numa cerimônia de reconhecimento com a entrega do título doutor honoris causa ao seu idealizador, criador, fundador e primeiro rei-tor, promove “o encontro da criatura e o criador” (Valentim, 2012).

Em seu discurso Edivaldo M Boaventura faz uma análise histórica da educação superior no Brasil e especialmente na Bahia, cenário de seu bem sucedido projeto de criação da UNEB que objetivava “cobrir o território baiano com educação superior”. Em 1986, foi adotado o modelo de Universidade multi campi, inspirado na Universidade de Quebec-Canadá. O prof. Boaventura enfati-zou que “caso não fosse esta condição da UNEB, para a cobertura territorial teria que haver 24 reitorias”, inviável para o orçamento da educação baiana . Lembrou o esforço e a peregrinação sua e de sua equipe para “vencer a assimetria do poder central” Federal da época (MEC) em relação às necessidades reais do Brasil, do Nordeste e especialmente da Bahia com seu sertão tão diverso das realidades bra-sileiras. Nasceu assim a UNEB “a univer-sidade do sertão, mas voltada para o mundo”. Em seu discurso o doutor honoris causa faz uma declaração de amor quando diz que “se não tivesse feito outra coisa na vida, estaria realizado pela UNEB”.

O Informativo Stricto Sensu, porta-voz do corpo discente do PPDRU ao registrar o fato, se congratula com o eminente professor que integra o seu Corpo Docente.

UNEB concede o título de Doutor Honoris Causa ao Professor Edivaldo M. Boaventura

Aconteceu

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Foi concedido em 02 de agosto de 2012, nas celebrações de 40 anos da UNIFACS, pela Laureate Inter-national Universities o título de Doutor Hono-ris Causa ao Profes-sor Manoel Joaquim Fernandes de Barros Sobrinho, um homem público e empresário educacional ímpar nesta cidade!O Professor Barros, como é conhecido pelos seus incontáveis amigos, alunos e admiradores, é um desses homens que conseguem mesclar o senso empresarial com uma profícua dedica-ção à causa e ao interesse público. Certamente, um dia, num futuro que esperamos distante, inte-grará o panteão dos eméritos batalhadores pela Bahia como Rômulo Almeida, Edgard Santos, Clemente Mariani e Miguel Calmon entre outros, pois sempre sonhou e trabalhou pelo progresso da Bahia, acreditando na educação e na forma-ção de um sólido capital humano como alavan-cas do progresso estadual. E, com este propó-sito, criou, passo a passo uma Universidade, enfrentando imensas dificuldades, resistências e obstáculos antepostos por setores antagôni-cos ao ensino privado no Brasil. Não somente lutou e venceu. Quando viu que começava a lhe pesar a idade e lhe faltava o fôlego financeiro para prosseguir em sua honrosa missão, passou o bastão para um substituto que lhe assegurava a continuidade da obra, segundo os parâmetros éticos e morais que concebera. E foi, mais uma vez, vitorioso. Soube esco-lher bem o grupo que o substituiria e aqui está a UNIFACS uma grande universidade. Provavelmente a melhor particular do Nor-deste. Nada ficando a dever, muito pelo contrário, às suas congêneres publicas: federais e estaduais; ministrando um exemplo de serie-dade e de compromisso para com o sofrido povo da Bahia.Receba os nossos parabéns Professor Doutor Manoel Barros, esta foi uma homenagem que pelo mérito do homenageado engrandeceu a Instituição concedente e nos fez perdoar o es-quecimento desta ao não convidar os seus admiradores, alunos, colegas de magistério e funcionários, para a cerimônia de concessão do seu título.

Aconteceu o IV Workshop Rio São Francisco: cultura, identidade e desenvolvimento,realizado na cidade de Bom Jesus da Lapa, nos dias 12 e 13 de julho de 2012, teve como sub-tema a “Ocupação Territorial do Vale Sanfran-ciscano: Problemas Socioambientais” onde foram discutidas as inúmeras questões so-cioambientais observadas pela comunidade aca-dêmica baiana, (contando-se com pesquisadores palestrantes da UNIVASF, UNIFACS, UFBA e UNEB) e pesquisadores do município de Bom Jesus da Lapa - BA (através da Universidade do Estado da Bahia-UNEB Campus XVII, Secretaria de Educação Municipal e rede escolar), além de professores pesquisadores americanos (Albright College e Companheiros das Américas- Comitê Bahia/Pennsylvania). Esse evento é parte de um projeto de pesquisa homônimo, desenvolvido pelo Grupo de Pes-quisa em Turismo e Meio Ambiente (GPTURIS) do Programa de Pós-Graduação em Desenvol-vimento Regional e Urbano da UNIFACS, sob a coordenação da Prof. Regina Celeste Souza. Para a sua realização, a UNIFACS contou com o apoio do Albright College, da rede Companheiros das Américas, Comitê Bahia – Pennsylvania e a parceria da Universidade do Estado da Bahia – UNEB Campus XVII – Bom Jesus da Lapa.

A equipe de pesquisadores, formada por pro-fessores, docentes e discentes do PPDRU e de instituições convidadas, além de pesquisadores e bolsistas de Iniciação Científica, também partici-pou, na mesma ocasião, da III Expedição ao Rio São Francisco, visitando, além de Bom Jesus da Lapa, as localidades de Carinhanha, Serra do Ramalho, Gameleira e Ibotirama.

LAUREATE concede titulo deDoutor Honoris Causa ao Professor Manoel Barros Sobrinho

IV Workshop Rio São Francisco

Prof. Doutora Regina Celeste na mesa de abertura do IV Workshop do Rio São Francisco

Foto: Stricto Sensu

Foto: Arquivo Stricto Sensu

Foto: Comissão Organizadora

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Aconteceu

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Aconteceu nos dias 2 e 3 de agosto de 2012 o II SEMINÁRIO INTERNACIONAL BRASIL CA-NADÁ. Neste ano com o tema “Questões Ur-banas”, onde foram analisados os processos de Metropolização e Transformação das Cidades Mé-dias e de Preservação e Relativização de Centros Históricos.A primeira temática, Metropolização e Transfor-mação das Cidades Médias, discutiu a realidade histórica do processo de metropolizacão, onde questões urbanas se tornam questões regionais ao passo em que também analisa o fenômeno das cidades médias e seus processos de organização territorial.A segunda temática, Preservação e Revitalização de Centros Históricos, foi composta por debates que trouxeram para discussão os resultados dos estudos comparativos realizados pela Universida-de de Laval sobre os centros históricos de cidades canadenses e brasileiras, com especial ênfase nas experiências de Salvador, Rio de Janeiro, Quebec e Montreal.O evento contou com a participação de pesqui-sadores de renome nacional como o Prof. Marcos Costa Lima, da UFPE, presidente da ANPOCS e coordenador da Rede Nacional de Cidades Mé-dias; Prof. Jandir Ferrera, da UNIOESTE e Prof. Wladimir Milton Pomar, especialista em China. O evento contou com o patrocínio e a participação técnica da SEI, da SEDUR e do CODES.

II Seminário Internacional Brasil Canadá – Questões Urbanas

Aconteceu no dia 23 de agosto, a cerimônia de posse e diplomação da colega doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvi-mento Regional Urbano (PPDRU) e membro do Conselho Editorial do Informativo Stricto Sensu, Professora Antonia Carlinda Oliveira a cadeira 23 da Academia de Educação de Feira de Santana. A nova diplomada teve seu nome indicado pelo padrinho, o ilustre Prof Doutor Edivaldo Macha-do Boaventura, que a saudou e acompanhou na cerimônia.

Posse e Diplomação de Antonia Carlinda na Academia de Educação de Feira de Santana

Na cerimônia a diplomada Antonia Carlinda ao lado do padrinho Prof Doutor Edivaldo Boaventura.

Em 04 de outubro de 2012 iniciaram as Lei-turas Vespertinas do PPDRU. Idealizado pelo Professor Noélio Spinola, as sessões ocorrem todas as 5ª-feiras, das 14:30 as 16:30h, geral-mente na sala 606 no PPDRU, abordam ques-tões relacionadas com a Economia, a Historia, Sociologia Econômica, Filosofia e Geografia. Os textos, sugeridos e escolhidos livremente pelos participantes podem ser capítulos de li-vros, artigos, textos livres ou estudos de caso, sempre com o cuidado de não ultrapassar 30 páginas. A sistemática é muito simples: Alguém esco-lhe o texto, faz uma cópia e disponibiliza para os demais para que todos façam uma leitura antecipada. Na data aprazada (quinta-feira) alguém faz a leitura, com pausas para comen-

tários, observações, análise e debates; ao final escolhe-se o texto da próxima sessão. Sempre buscando uma participação livre de troca e construção do conhecimento. As Leituras Vespertinas é aberta a todos que tem interesse e disponibilidade (professores, coordenadores, alunos graduandos e pós--graduandos, etc), e não traz nenhum vínculo de compromisso, "free-lancer" como diz o Pro-fessor Noélio. Apenas o interesse pessoal e a disponibilidade para uma sessão agradável de aprofundamento em temas acadêmicos espe-cíficos. Não há necessidade de inscrições, mas reco-menda-se a inclusão do nome e conta de e--mail para receber as cópias dos textos sele-cionado para cada sessão. A quem interessar poderão ser emitidos certi-ficados de participação através da plataforma www.strictosensu.inf.br. As sessões de Leituras Vespertinas foram inauguradas com o texto "O capital humano na filosofia social de Marshall"

Leituras Vespertinas

Acima parte dos participantes da sessão inaugural das “Leituras Vespertinas”

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Salvador na pauta do Desenvolvimento Regional e UrbanoO PPDRU, cumprindo o seu papel crítico e formador de opinião do desenvolvimento eco-nômico e social, não ficou de fora do processo de escolha do Prefeito da cidade do Salvador, mandato 2013/2016.

Por iniciativa de seu corpo discente, com apoio do corpo docente, em parceria com a UFBA e CORECON, realizou um ciclo de de-bates com os candidatos a eleição majoritá-ria de Salvador. Foram convidados todos os 6 candidatos ao pleito 2012. A cada rodada, com data específica para cada candidato, o pretendente a cadeira majoritária do Palácio Thomé de Souza teve espaço de tempo e público seleto para expor os seus projetos, orientado por temas pré-definidos. Após a ex-posição dos seus projetos, os candidatos res-ponderam às perguntas da mesa acadêmica, público docente e discente e da comunidade em geral. A cada rodada o público participou de uma enquete eletrônica que avaliou a per-formance de cada candidato no debate. A 2ª etapa do projeto, será o retorno do Pre-feito eleito para trocar informações de seus projetos de governança e conhecer a produ-ção dos projetos acadêmicos dos programas stricto sensu com olhar crítico e soluções para a cidade de Salvador, quando o Informativo Stricto Sensu estará divulgando o relatório completo do projeto.

Membros da Comissão Organizadora do projeto“Salvador na pauta do Desenvolvimento Regional e Urbano”: Denilson Lima, Tauan Reis, Paulo Patrí-cio, André Coelho, Maria Virginia, Marcos Venícius.

Foto: Carlinda - arquivo pessoal

Foto: André Coelho - arquivo pessoal

Foto: Stricto Sensu