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A MODA COMO MEIO DE ACEITAÇÃO NA SOCIEADE: UM ESTUDO SOBRE AS INFLUÊNCIAS NO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Renata Oliveira Garcez Chiara Machado Rodrigues RESUMO: Este artigo tem por objetivo mostrar a moda e a beleza desde o século XX até os dias atuais, onde é visado o comportamento do consumidor em relação às fases modais. Por ser um tema atual, o comportamento do consumidor está se tornando significantemente preocupante onde o indivíduo cada vez mais perde sua identidade buscando um biotipo que esteja de acordo com as tendências aceitas pela sociedade, onde o ideal atual é ser magro, belo e bem vestido. Palavras-Chave: Moda. Beleza. Comportamento do Consumidor ABSTRACT: The objective of this article is should the fashion and the beauty since XX century as far as the actually days, where the comportment of the customers in relation of fashion faces is vision. For to be an actual team the comportment of the customers is making significantly preoccupant where the individual every more lose your identity looking for a biotype steal of the deal whit the tendencies accepts for the society, where the actual ideal the is slim, beauty and good dressing. Key-Words: Fashion. Beauty. Comportment of the Customers INTRODUÇÃO O comportamento dos consumidores pode ser explicado pela necessidade de expressar significados mediante a posse de produtos que comunicam à sociedade como o indivíduo se percebe enquanto interagem com grupos sociais. A moda é um dispositivo social, portanto o comportamento orientado pela moda é fenômeno do comportamento humano generalizado e está presente na sua interação com o mundo. Muitos fatores humanos ajudam a explicar por que pessoas são motivadas para estar na moda, tais como conformidade social, busca da variedade, criatividade pessoal e atração sexual. Segundo Solomon (2002), estes consumidores têm necessidade de ser únicos, querem ser diferentes, mas não tão diferentes assim que percam a sua identidade social. O segmento de moda é, sem dúvida nenhuma, o segmento de mercado mais interessado nas novas tendências que surgem da inesgotável capacidade criativa do ser

A moda como meio de aceitação na sociedade um estudo sobre as influências no comportamento do consumidor

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A MODA COMO MEIO DE ACEITAÇÃO NA SOCIEADE: UM

ESTUDO SOBRE AS INFLUÊNCIAS NO COMPORTAMENTO DO

CONSUMIDOR

Renata Oliveira Garcez

Chiara Machado Rodrigues

RESUMO: Este artigo tem por objetivo mostrar a moda e a beleza desde o século XX até os dias atuais, onde é visado o comportamento do consumidor em relação às fases modais. Por ser um tema atual, o comportamento do consumidor está se tornando significantemente preocupante onde o indivíduo cada vez mais perde sua identidade buscando um biotipo que esteja de acordo com as tendências aceitas pela sociedade, onde o ideal atual é ser magro, belo e bem vestido. Palavras-Chave: Moda. Beleza. Comportamento do Consumidor ABSTRACT: The objective of this article is should the fashion and the beauty since XX century as far as the actually days, where the comportment of the customers in relation of fashion faces is vision. For to be an actual team the comportment of the customers is making significantly preoccupant where the individual every more lose your identity looking for a biotype steal of the deal whit the tendencies accepts for the society, where the actual ideal the is slim, beauty and good dressing. Key-Words: Fashion. Beauty. Comportment of the Customers INTRODUÇÃO

O comportamento dos consumidores pode ser explicado pela necessidade de

expressar significados mediante a posse de produtos que comunicam à sociedade como

o indivíduo se percebe enquanto interagem com grupos sociais. A moda é um

dispositivo social, portanto o comportamento orientado pela moda é fenômeno do

comportamento humano generalizado e está presente na sua interação com o mundo.

Muitos fatores humanos ajudam a explicar por que pessoas são motivadas para

estar na moda, tais como conformidade social, busca da variedade, criatividade pessoal

e atração sexual. Segundo Solomon (2002), estes consumidores têm necessidade de ser

únicos, querem ser diferentes, mas não tão diferentes assim que percam a sua identidade

social.

O segmento de moda é, sem dúvida nenhuma, o segmento de mercado mais

interessado nas novas tendências que surgem da inesgotável capacidade criativa do ser

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humano. Porém, algo que chamou atenção sobre o tema proposto é que, o que impera

hoje, é uma magreza extrema. Esta é a causa principal de enfermidades que ganham

cada vez mais importância na adolescência: a anorexia nervosa e a bulimia. Isto tem

contribuído para o aparecimento de uma preocupação excessiva com a forma e peso do

corpo, predispondo os indivíduos a se sentirem insatisfeitos com a sua aparência e a

adotarem comportamentos e atitudes negativas em relação a si mesmo, interferindo no

seu bem estar físico e psicológico.

MODE A E BELEZA ATRAVÉS DOS TEMPOS

Por milhares de anos, os seres humanos vem se comunicando usando várias

linguagens, além da verbal e escrita. Observando como uma pessoa está vestida, é

possível saber seu sexo, idade, classe social, e obter informações em relação ao seu

trabalho, personalidade, opiniões, estilo de vida, etc., o modo de se vestir possui uma

linguagem própria: a moda.

A partir do Renascimento, quando as cidades se expandem e a vida das cortes se

organiza, se acentua na Europa o interesse pela indumentária e se aceleram as

mudanças. A moda francesa começa a ter uma singular importância, atingindo as

camadas da elite européia. Com o início da atuação da democracia no século XIX, a

moda se espalha por todas classes sociais da população, e a competição acelera a

variação dos estilos.

No início da República, no Rio de Janeiro, a renda da cidade provinha

basicamente do comércio. Toda roupa usada pelas pessoas de posse era importada, a

elegância vencia o conforto, pois a moda européia era concebida para um clima frio,

diferente do clima tropical brasileiro. A classe média começa ver a elite vestindo-se

elegantemente nos cafés, óperas e eventos sociais, e procura por roupas similares a

preços populares. Quando as camadas mais baixas da sociedade começavam a usar

leques das mesmas cores das senhoras da elite, estas imediatamente descartavam tais

peças de seus guarda-roupas. Desde então a moda é elitista perante as classes sociais.

Com a aproximação do século XX, a mulher começa a ter mais liberdade e a

freqüentar mais lugares públicos atentas aos figurinos parisienses. Segundo Schimid

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(2004), é com a Primeira Guerra Mundial que se desenvolve realmente a produção têxtil

nacional, já que até então a elite brasileira considerava que somente os tecidos

importados tinham qualidade e eram dignos de serem usados. As importações cessaram

com o conflito na Europa e no Brasil. Para suprir a lacuna dos tecidos, começa-se a

fazer moda com o que tem fabricado em seu próprio território.

A carestia provocada pela Crise do Café e o Crack da Bolsa de Valores de New

York em 1929, com a grande depressão, o desemprego e a redução dos salários,

transformam a moda. Com a crise, ninguém podia gastar comprando jóias. E a partir daí

cresce o uso de bijuterias. A recessão obrigou a mulher, principalmente da classe média

baixa, a transformar-se em assalariada. Surgem assim, as primeiras telefonistas,

enfermeiras, datilógrafas, secretárias, etc., mulheres que tinham que aliar seu trabalho

ao seu jeito de vestir.

Segundo Schimid (2004), a Segunda Guerra Mundial fez o Brasil começar a

confeccionar peças prontas para o varejo de vestuário. É o início da confecção de

vestuário em grande escala, fora do âmbito das costureiras e modistas. As peças eram

levadas para costureiras contratadas, que montavam e costuravam as peças que mais

tarde estariam nas lojas.

O País seguiu o padrão internacional da moda até o final da década de 50,

quando a moda no Brasil era ocupação dos ateliês. Senhoras de classe média sempre

tinham no guarda-roupa um vestido parisiense para alguma ocasião especial ou um

tecido importado.

No início da década de 60, as mulheres ainda não usavam calça comprida no

trabalho, mas o estilo formal já havia ficado para traz, na década de 50. A juventude

mudou o visual motivado pelos Beatles e pelo Rock. O jovem não queria ser elegante,

queria mudar o mundo a partir da própria aparência. Enquanto a moda feminina nos

anos 60 aflorava, a moda masculina era praticamente nula, não saída do estilo clássico e

elegante.

Nos anos 70, a juventude encontrava-se dividida entre o engajamento político e

a Era do sexo, drogas e Rock’n’Roll. A filosofia hippie espalhou-se no mundo da moda

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da década de 70. A moda despontou para as batas indianas, calças saint-tropez e bocas-

de-sino. A moda se torna unissex, ninguém mais procura costureiras e não prova roupas

sob medida, abrindo caminho para pequenas indústrias e o deslanchar do prêt-à-porter.

Na moda praia, começou a ser adotado o biquíni com cintura saint-tropez européia, a

partir dele foi lançada a tanga, primeira peça de vestuário 100% brasileira.

Nos anos 80, o mundo passou a adotar um estilo executivo de ser. Era a filosofia

yuppie, onde a moda era composta de ombreiras e taillers. A inspiração vem de

Manhattan (New York), com esta nova filosofia as mulheres passam a usar perfumes

masculinos, e com uma geração individualista e vazia de ideais surge um novo

modismo até então inexistente: o culto ao corpo.

A moda lançada nos anos 80 era o sportwear. Agasalhos, leggings, moletons,

etc., que tornou fazer parte do vestuário no dia-dia. As grandes grifes dos anos 80,

estavam em peso nos shoppings onde eram oferecidos atrativos como ar-condicionado,

estacionamento e opções de lanches entre uma compra ou outra. Isto fez com que a

década de 80 fosse os anos das redes de lojas.

A década de 90 visou um País mais aberto aos mercados internacionais, onde

surgia a globalização. O consumidor passou a viajar mais para o exterior, e exigia mais

tecnologia aliada aos produtos de consumo de moda. Um exemplo claro está nos tênis,

que se tornaram mais sofisticados, existindo um modelo para cada tipo de atividades e

esportes. Nesta década as mulheres resgatam o vestido, uma peça que andava meio

esquecida no guarda-roupa.

Surge a MTV no Brasil, e o estilo dos VJs são inspirados em astros de rock do

estilo grunge. Nas passarelas, o padrão andrógeno impera. As multimarcas apostam nas

importações de marcas estrangeiras, apresentadas em departamentos ou em cornes

ancorados em enormes boutiques, com ambientação de sala de estar e pequenos cafés.

O século XXI, traz uma preocupação ecológica na maneira de vestir, que já

vinha surgindo desde o final da última década. As próprias grifes usam a temática de

esportes ligados à natureza, fabricados com produtos advindos da Amazônia.

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Os fenômenos culturais modais, como calças de cintura baixa (as saint tropez

dos anos 60); mini blusas; batas indianas (muito usadas nos anos 70); as leggins com

vestidos largos (um revival dos anos 80) e muitas outras são encontrados nas ruas,

subúrbios, bailes, etc., e vão para as vitrines das lojas de varejo de vestuário.

Portanto, como pode-se observar, nossa sociedade nos últimos 40 anos passou

por grandes mudanças culturais que alteraram comportamentos e hábitos, o que

repercutiu diretamente na moda e nos conceitos de beleza.

O PROCESSO DE IMITAÇÃO DE MODA E SUAS INFLUÊNCIAS

As tendências de moda são lançadas primeiramente por uma classe de

vanguarda. Quando uma adolescente amarra o casaco do uniforme do colégio de

maneira diferente, e é imitada pelas outras colegas de classe, fica estabelecido ali um

início de processo de imitação de moda.

O processo de midiatização da moda contribui para difundir as várias tendências

de roupas, cores, cortes e acessórios que convivem numa determinada estação, ao

mesmo tempo em que tem parte na difusão de modelos de aparência e comportamento,

a mídia passa a ser tomada como referência na dinâmica social.

O CONSUMIDOR E A MODA

O comportamento do consumidor é o principal elemento para sustentação de

toda a atividade mercadológica realizada com o intuito de desenvolver, promover e

vender produtos. Para otimizar a eficácia e a eficiência das atividades de marketing é

preciso procurar entender como os consumidores tomam suas decisões para adquirir ou

utilizar os produtos.

Para isso, uma das principais ferramentas a ser utilizadas é a pesquisa. Através

da pesquisa sobre o comportamento do consumidor é possível compreender como as

pessoas selecionam, compram e descartam suas necessidades e desejos. Conhecendo o

comportamento de seus consumidores, as empresas podem ter informações que

auxiliam os tomadores de decisões organizacionais a estruturar com maior eficácia o

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lançamento e desenvolvimento de novos produtos no mercado. Vários fatores podem

influenciar o comportamento humano, como os fatores culturais, sociais, pessoais e

psicológicos.

A maneira como o indivíduo realmente age é influenciado pela percepção que

ele tem da situação. A percepção é o processo por meio do qual uma pessoa seleciona,

organiza e interpreta as informações recebidas para criar uma necessidade de compra.

Também é comum encontrar pessoas com desvios de comportamento de compra, O

vício de consumir é uma dependência psicológica de produtos ou serviços como

exemplo, o consumidor compulsivo onde mostra uma patologia tão grave quanto à

drogadicção e o alcoolismo.

Segundo Kanuk & Schiffman (2000, p. 69) “os indivíduos possuem

necessidades as quais devem ser satisfeita obedecendo a uma hierarquia, a chamada

Hierarquia das Necessidades de Maslow”. Conforme os autores, Abraham Maslow

estudou profundamente através da psicologia clínica e identificou as necessidades cinco

níveis os quais existem uma ordem de importância de necessidades, onde cada

indivíduo passa por satisfações que envolvem as necessidades primárias que depois de

serem alcançadas originam as necessidades secundárias.

Segundo Guimarães (2008), o estudo de Maslow ajuda a compreender melhor o

comportamento dos consumidores principalmente quando a intenção é estudar melhor

como segmentar e posicionar os produtos e/ou serviços ao mercado-alvo definido pelas

organizações. Maslow construiu uma teoria na qual as necessidades humanas podem ser

hierarquizadas. Segundo a teoria de Maslow, as necessidades humanas podem ser

agrupadas em cinco níveis:

• Necessidades Fisiológicas: São as necessidades mais básicas, mais físicas

(água, comida, ar, sexo, etc.) Quando não temos estas necessidades satisfeitas

ficamos mal, com desconforto, irritação, medo, doentes. Uma vez satisfeitas

essas necessidades nós abandonamos estas preocupações e passamos a nos

preocupar com outras coisas.

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• Necessidades de Segurança: No mundo em que vivemos procuramos fugir dos

perigos, buscamos por abrigo, segurança, proteção, estabilidade e continuidade.

As necessidades de segurança surgem na medida em que as necessidades

fisiológicas estejam razoavelmente satisfeitas. Todo ser humano necessita de

abrigo e proteção para o corpo e de manutenção de uma vida confortável.

• Necessidades Sociais: O ser humano tem a necessidade de ser amado, querido

por outros, de ser aceito por outros. Queremos nos sentir necessários as outras

pessoas ou grupos de pessoas. Esse agrupamento de pessoas pode ser no local de

trabalho, na igreja, na família, no clube, na torcida. Todos estes agrupamentos

fazem com que tenhamos a sensação de pertencer a um grupo.

• Necessidades de Status ou Estima: O ser humano busca ser competente,

alcançar objetivos, obter aprovação e ganhar reconhecimento. Existem dois tipos

de estima: a auto-estima e a hetero-estima. A auto-estima é derivada da

proficiência e competência em ser a pessoa que se é, é gostar de si e dar valor a

si próprio. Já a hetero-estima é o reconhecimento e a atenção que se recebe das

outras pessoas. Segundo Maslow, a satisfação desta necessidade gera

sentimentos de auto-confiança, de valor, de capacidade e sentimento de

utilidade. Sua frustração leva a sentimentos de inferioridade, fraqueza e

desamparo.

• Necessidades de Auto-realização: O ser humano busca sua realização como

pessoa, a demonstração prática da realização permitida é alavancada pelo seu

potencial único. As necessidades de auto-realização são necessidades de

crescimento e revelam uma tendência de todo ser humano em realizar

plenamente o seu potencial. O aparecimento desta necessidade supõe que as

anteriores estejam satisfeitas. Diferentemente das outras necessidades, a

necessidade de auto-realização não se extingue pela plena saciação. Quanto

maior for a satisfação experimentada por uma pessoa, tanto maior e mais

importante parecerá a necessidade.

Guimarães (2008), descreve que a Teoria Motivacional de Maslow possibilita a

compreensão do ser humano e de suas necessidades Para a realização de tal potencial,

condições prévias são fundamentais como consideração, respeito, transparência,

liberdade de auto-expressão, justiça, etc.

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PRESSÕES CULTURAIS E SOCIAIS

A influência da cultura e da sociedade sobre o comportamento das pessoas, que

reflete no seu modo de consumir é hoje extremamente reconhecida e a maior parte das

abordagens avançadas sobre o comportamento do consumidor integra, de uma forma ou

de outra, o fator cultural e social. Esse desenvolvimento foi sustentado e ampliado pela

indústria publicitária, que ensina a querer coisas e orienta com relação ao que deve-se

querer. É permitido acreditar que as necessidades humanas mais profundas podem ser

atendidas mediante a aquisição de novas posses.

Os publicitários não são pessoas que particularmente se dedicam a iludir e

enganar o indivíduo. Eles simplesmente oferecem imagens sedutoras. As imagens

podem ampliar e estender as fantasias e desejos individuais, mas não os criam do nada.

A criação da imagem pessoal, por essa razão, torna-se enormemente importante – até a

coisa mais importante da vida.

Neste contexto, as mulheres são os alvos preferidos de anúncios publicitários e

outros apelos de vendas. Em seu livro, Meira & Oliveira, escrevem sobre o mercado de

“salto alto” para exemplificar o crescimento do mercado feminino. “Para as consumidoras do sexo feminino, que compram mais vezes na vida, comparativamente aos homens, o processo de decisão de compra é feito de forma mais racional e prazerosa. Seu próprio poder de compra está aumentando.” (MEIRA & OLIVEIRA, 2004, p. 381).

Há décadas que as roupas já não são compradas para satisfazer a necessidade

principal de estar decente e aquecido. Certamente, elas nunca foram compradas somente

para atender a esse propósito. Roupas são usadas para serem mostradas e refletirem algo

sobre a pessoa que está usando. Neste contexto, os detalhes das roupas se tornam

importantes – como a etiqueta, que nada tem a ver com a função das roupas e sim coma

criação da imagem.

Desde os anos 60, a mulher jovem e magra está associada à beleza, sucesso,

reconhecimento, aceitação e está presente nas principais imagens que apresentam-nos.

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A busca pela magreza acabou desencadeando transtornos alimentares, como a

anorexia nervosa e a bulimia. A anorexia nervosa segundo Buckroyd (2000), é uma

doença complexa, envolvendo componentes psicológicos, fisiológicos e sociais. A

anorexia nervosa afeta primariamente adolescentes do sexo feminino, jovens mulheres,

e alguns rapazes. Esta doença pode estar ligada a problemas de auto-imagem, dismorfia

e dificuldade em ser aceito pelo grupo.

Segundo Buckroyd (2000), a bulimia caracteriza-se por apresentar episódios

decorrentes de ingestão de comida em excesso, e desperta na pessoa o sentimento de

falta de controle sobre o comportamento alimentar durante os excessos alimentares. Isto

acaba por induzir a pessoa ao emprego regular da auto-indução do vômito, ao uso de

laxantes ou diuréticos, etc. Assim como a anorexia, a bulimia geralmente ocorre na

adolescência, predominantemente nas mulheres.

A busca por uma identidade única é um dos problemas que adolescentes

freqüentemente encaram, desafiando autoridades e regras como um caminho para se

estabelecerem como indivíduos. A questão estética deixa, de ser harmônica e passa a ser

imposição, o que pode levá-los a cometerem incoerências em busca da imagem perfeita.

METODOLOGIA

Após o referencial teórico objetivando fazer uma análise crítica acerca da

história da moda e sua influência no comportamento do consumidor, desenvolveram-se

estudos exploratórios, realizados a partir de dados secundários, conversas informais

com pessoas especializada no assunto e estudos de casos já realizados, o que auxiliou a

pesquisadora a conhecer melhor o objeto em estudo. Em seguida, foi realizado um

estudo descritivo estatístico, buscando analisar quantitativamente as respostas obtidas

dos entrevistados, interpretando através de médias e porcentuais.

Para a coleta de dados, optou-se pela utilização do inquérito ou contato pessoal.

A escolha pelos dois métodos possibilitou a participação de pessoas de várias cidades

além de Pelotas (cidade onde a maioria das entrevistas foram realizadas). Foi aplicado

um questionário como instrumento de coleta de dados, para uma amostra de 164

pessoas. A amostra escolhida foi a não probabilística por conveniência, visto que os

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elementos participantes foram selecionados de acordo com a conveniência da

pesquisadora.

Algo a ser considerado é que 62,79% dos entrevistados assinalaram no

questionário aplicado que mudariam o abdômen (dentre as demais alternativas). Destes,

93,84% foram homens, isto mostra que os homens também estão preocupados com sua

aparência perante os demais. Mais recentemente a medida isolada da circunferência da

cintura tem mostrado ser suficiente para estabelecer risco de doenças coronarianas,

sendo considerados os limites normais da circunferência. A solução para a diminuição

da circunferência abdominal consiste em vários fatores, os quais envolve uma mudança

fundamental no cotidiano do indivíduo. Tais quais são citadas dietas, controle hormonal

e exercício físicos. Enfim, se a obsessão pelo famoso abdominal “tanque” prosseguir,

haverá benefícios na saúde e qualidade de vida da população geral, devido inicialmente

a uma preocupação estética.

É o paradoxo de nossa sociedade, uma preocupação freqüente com a estética,

esquecendo que um rosto jovem e um corpo atlético passa primeiramente pela qualidade

de vida do cotidiano. Talvez por estes aspectos, a maioria das respostas obtidas nesta

questão foi “abdômen”.

Quando os entrevistados foram questionados sobre o peso ideal para seu biotipo

a diferença entre as respostas foi pouca, com 53,40% considerando-se no peso ideal, e

46,94% insatisfeitos com seu peso. Isto demonstrou um equilíbrio entre as respostas,

tanto entre mulheres quanto homens. Porém, comparados individualmente, as mulheres

com um porcentual de 30,48% estão mais insatisfeitas com seu peso considerado ideal

para seu biotipo. e 28,12% homens, mostrando uma pequena variável entre ambos

sexos.

Ao perguntar aos entrevistados se estes compram em lojas de “grifes”, 46,33%

responderam que as vezes, sendo que a maioria dos entrevistados (53,03%) não esperam

lojas entrarem em liquidação. Destes, 33,53% são homens já que na maioria das vezes,

mães, esposas, namoradas compram suas roupas e acessórios. Os entrevistados

acreditam que o uso de “grifes” interferem nas relações interpessoais, com um

porcentual de 48,78%. Este tema cada vez mais chama a atenção de empresas, que

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buscam pesquisar sobre esta relação de consumo de grifes versus aceitação social,

principalmente entre os jovens.

Neste momento apoiando-se em Guimarães (2008), que cita a teoria de Maslow

sobre a Hierarquia das Necessidades possibilita compreender os fatores psicológicos

que interferem em todo processo de compra desde o reconhecimento de uma

necessidade até a decisão e avaliação no pós compra e, não só no reconhecimento de

necessidades. Portanto, mais do que atender a uma necessidade, um produto ou serviço

deve buscar não só a satisfação do cliente, de suas necessidades e desejos, mas

superando dessa maneira, dar mais valor a ele. E é exatamente o que os produtos

oferecidos ao público jovem buscam: criar valor

O fato de os jovens serem bombardeados pela mídia reflete também nas

respostas dos entrevistados na pesquisa realizada. A maior parte dos entrevistados

acham que a mídia impõem as jovens a magreza excessiva com um porcentual de

54,26%. Pode-se constatar que a mídia superestima o magro como se esta condição

fosse a única saída para uma vida feliz, cheia de sucesso e grandes conquistas tanto

amorosas quanto profissionais. As mídias disseminam a imagem do padrão ideal de

beleza, e o que se percebe é que esses meios de comunicação em massa parecem exercer

uma influência tão forte no imaginário coletivo que basta se veicular algum tipo de idéia

ou modelo a ser seguido que em pouco tempo, numa espécie de “persuasão em massa”,

a grande parcela da sociedade parte em busca da “coletividade”.

Segundo o que foi analisado, pode ser constatado que a maioria dos

entrevistados não suprem seus sentimentos consumindo quando não estão em um bom

momento, com um porcentual de 57,30%. A diferença de porcentagem entre homens e

mulheres é muito baixo. Porém, é importante considerar que 42% dos entrevistados

assinalaram que suprem seus sentimentos consumindo, um número considerável de

pessoas. As pessoas que compram para suprir seus sentimentos geralmente buscam um

alívio para sensações de carência e ansiedade, e o mal-estar é provisoriamente

apaziguado com o comportamento de consumo.

O indivíduo vêm procurando cada vez mais novas formas de ser único. Mas ao

se deparar com a realidade este acaba por perder sua personalidade e confiança, tanto

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físicas quanto emocionais devido à grande massificação industrial e publicitária, onde

esquece seu ideal inicial e acaba rendendo-se ao grande apelo da mídia, tornando-se

mais um entre tantos outros iguais dentro da sociedade.

CONCLUSÕES FINAIS

Este artigo buscou abordar teoricamente em um primeiro momento a beleza, a

moda e sua evolução desde o início do século XX até os dias atuais. Após, foi embasado

o processo de imitação de moda onde foi mostrado pessoas buscando seguir padrões

visando a aceitação da sociedade, onde este processo foi analisado através da moda e da

mídia.

O comportamento do consumidor mostra a busca do ser humano pela satisfação

de suas necessidades, onde esta exaltação pode ser levada a extremos. Partindo deste

momento, o comportamento do consumidor manifesta a sua complexidade onde a busca

constante do ser humano pela satisfação de suas necessidades tornam-se totalmente

plenas se o indivíduo for aceito como tal na sociedade em que vive, caso contrário

utilizará de todos recursos disponíveis para esta aceitação.

A influência da cultura e da sociedade sobre o comportamento das pessoas que

refletem no seu modo de consumir, é hoje extremamente reconhecida e a maior parte

das abordagens avançadas sobre o comportamento do consumidor integra de uma forma

ou de outra, o fator cultural e social.

Pode-se afirmar que o final do século XX e o início do século XXI serão

lembrados como o momento em que o culto ao corpo se tornou uma verdadeira

obsessão devido às transformações globais que o indivíduo vem passando através do

tempo. O comportamento do consumidor é estudado por diversas áreas, pois as

empresas precisam entender melhor como seus atuais e potenciais consumidores

pensam, trabalham, se divertem, e como são influenciados por outros indivíduos e

grupos.

Considera-se que o estudo sobre este tema não esgotou neste trabalho. Muitos

estudos ainda deverão ser feitos sobre o tema, muitas coisas ainda poderão ser

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descobertas. Porém, espera-se que este trabalho possa estimular aos consumidores que

pensem e reflitam mais sobre seus hábitos de consumo e na repercussão destes hábitos

no ambiente em que vivem e influenciam.

REFERÊNCIAS:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Disponível em:

http://www.abnt.com.br Acesso em: 6 jun.2008.

BUCKROYD, Julia. Anorexia e Bulimia: esclarecendo dúvidas. São Paulo: Ágora, 2000. GUIMARÃES, Costa Magali. Maslow e Marketing – Para Além da Hierarquia das Necessidades. Disponível em www.portaldomarketing.com.br Acesso em 27/04/08. MEIRA, P. R. e OLIVEIRA, R. L. T. Comportamento do cliente: princípios teóricos e recentes pesquisas na área. Pelotas: Educat, 2004. SCHIFFMAN, Leon G. KANUK, Leslie Lazar. Comportamento do Consumidor. Rio de Janeiro: LTC, 2000. SCHIMID, Érica. Marketing de Varejo de Moda: uma ênfase em médias empresas. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. SOLOMON, R, Michael. Comportamento do Consumidor: comprando, possuindo e sendo. Bookmam, 2002 Sobre as autoras: Chiara Machado Rodrigues Graduada em Secretariado Organizacional – Formação Trilíngüe pela UCPel - Universidade Católica de Pelotas – RS, Pós-Graduada no Curso de Pós-Graduação MBA em Gestão Empresarial pela UCPel - Universidade Católica de Pelotas – RS, Trabalhos esporádicos na área jurídica na Empresa D&M Advogados Associados, Pelotas – RS. Renata Oliveira Garcez Publicitária e Professora, Mestre em Educação pela UFPel, Especialista em Gestão de Marketing pela ULBRA e em Sistemas de Informação para E-Business pela UCPel. Professora do Programa de Pós-Graduação MBA em Administração e do Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da UCPel - Universidade Católica de Pelotas – RS.