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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO CURSO DE TECNOLOGIA EM COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL BRUNA DE FREITAS CASTRO HELOISA BAGATIN CARDOSO A NECESSIDADE DO MST DESENVOLVER UM CANAL DE COMUNICAÇÃO AO TJPR TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2013

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

CURSO DE TECNOLOGIA EM COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL

BRUNA DE FREITAS CASTRO HELOISA BAGATIN CARDOSO

A NECESSIDADE DO MST DESENVOLVER UM CANAL DE COMUNICAÇÃO AO

TJPR

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA

2013

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BRUNA DE FREITAS CASTRO HELOISA BAGATIN CARDOSO

A NECESSIDADE DO MST DESENVOLVER UM CANAL DE COMUNICAÇÃO AO TJPR

Trabalho de Conclusão de Curso ou Monografia apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Tecnólogas em Comunicação Institucional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Orientadora: Profª. Drª. Maurini de Souza

CURITIBA

2013

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Dedicamos este trabalho a todos aqueles que não desistem de suas lutas, a

exemplo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que

tanto nos ensinou durante a nossa pesquisa.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos especialmente à professora Maurini de Souza, pela paciência,

dedicação e orientação deste trabalho, e por ter compartilhado todo o seu

conhecimento sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Agradecemos também a todos os professores do Curso de Tecnologia em

Comunicação Institucional, que desde 2006 nos deram o suporte necessário para

nos tornarmos profissionais. E, por último, somos gratas a todos os amigos e

familiares que não nos deixaram desistir.

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Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me

resignar nunca.

Darcy Ribeiro.

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RESUMO

CASTRO, Bruna de Freitas; CARDOSO, Heloisa Bagatin. A necessidade do MST desenvolver um material de comunicação ao TJPR. 2012. Número total de folhas: 98.Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Tecnologia em Comunicação Institucional) Departamento Acadêmico de Comunicação e Expressão - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitilba, 2012.

Este trabalho tem como objetivo avaliar a necessidade do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de desenvolver um material de comunicação específico ao Tribunal de Justiça do Paraná, como forma de divulgar as ações do movimento. Para tal, será realizada revisão bibliográfica sobre a questão agrária, o MST e os ruralistas, diferenciando os posicionamentos de ambos os grupos e conhecer os meios de comunicação utilizados por cada um. Além disso, pretende-se identificar a postura prioritariamente adotada pelos magistrados do TJPR, por meio da análise das cinquenta ementas dos acórdãos do TJPR que envolvem o MST nos últimos 10 anos. O trabalho se pautará nos conceitos de dialética de Marx (2008, 2010) e na concepção de movimento social por Touraine (apud GOHN, 2010), bem como tomará por base os estudos de Gohn (2010) acerca dos movimentos sociais no Brasil e de Carter (2010) sobre a questão agrária brasileira. Pretende-se oferecer os dados coletados à assessoria de comunicação do MST no Paraná e, se for o caso, informar a premência de desenvolver um canal de comunicação destinado ao Poder Judiciário paranaense.

Palavras-chave: Comunicação. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Ruralistas. Canal de Comunicação. Tribunal de Justiça do Paraná.

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ABSTRACT

CASTRO, Bruna de Freitas; CARDOSO, Heloisa Bagatin. A necessidade do MST desenvolver um material de comunicação ao TJPR (The need of a communication guide developed by MST to TJPR). 2012. Número total de folhas: 98. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Tecnologia em Comunicação Institucional) Departamento Acadêmico de Comunicação e Expressao - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2012.

This survey thematizes the Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra on its relation with the Tribunal de Justiça do estado do Paraná. The theme derives from the formulated problem, that has as an objective evaluate the need from the movement to develop a communication material directed to TJPR. The theme derives from the problem formulated for this research, that has the objective of evaluate the need of the Movement to develop a material of communication directed to TJPR, as a way to publish the movements actions. For such, the research proposes a few especific objectives. It begins with a bibliographical review about the land issue, the MST, the ruralists, distinguishing the positioning from both groups and identifying the communication means used by each one of them. Besides, it intends to colect elelments that can identify the position adopted by judges from TJPR through the analysis of fifty syllabus of the deals of TJPR that envolves the MST in the last 10 years. The research will regularize on the concepts of dialectics from Karl Marx and in the conception of social movement by Touraine, as also will base the studies of Gohn about social movements in Brasil and Carters theory about brazilian agrarian issue. Finaly, realizes a survey of colected data about the MST, and if necessary, informs the necessity to develop a communication channel destined to the Poder Judiciário paranaense.

Keywords: Communication. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Rural caucus. Communication channels. Tribunal de Justiça do Paraná.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – O MST É PARTE? EM QUAL PÓLO, AUTOR OU RÉU? RECORRENTE OU RECORRIDO?............................................

70

TABELA 2 – QUAL O TIPO DE AÇÃO E RECURSO? CLASSIFICADA EM CÍVEL OU CRIMINAL; A ESPÉCIE DA AÇÃO; E DO RECURSO. .................................................................................

72

TABELA 3 – O ESTADO É CONSIDERADO RESPONSÁVEL PELAS AÇÕES DO MST? (SIM/NÃO) TEM O DEVER DE INDENIZAR OS PROPRIETÁRIOS EM RAZÃO DA OCUPAÇÃO? (SIM/NÃO). O ESTADO É CONSIDERADO OMISSO QUANDO NÃO FORNECE REFORÇO POLICIAL PARA AS OPERAÇÕES DE DESOCUPAÇÃO? (SIM/NÃO)...................................................................................

75

TABELA 4 – QUANTAS DECISÕES UTILIZAM COMO FUNDAMENTO OU REFORÇAM O DIREITO À PROPRIEDADE PRIVADA? QUANTAS DECISÕES TRATAM DA FUNÇÃO SOCIAL DA TERRA? ......................................................................................

77

TABELA 5 – UTILIZA-SE A EXPRESSÃO “OCUPAÇÃO” OU “INVASÃO”? QUANTAS VEZES APARECE NA EMENTA?............................

79

TABELA 6 – SOB A ÓTICA DO SENSO COMUM, FORAM USADOS TERMOS OU JUÍZOS DE VALOR NEGATIVOS EM REFERÊNCIA AO MOVIMENTO, SUAS CAUSAS OU AÇÕES? QUAIS? .......................................................................

81

TABELA 7 – EXISTEM EXPRESSÕES JURÍDICAS QUE POSSUEM CONOTAÇÃO NEGATIVA QUANDO EMPREGADAS EM RELAÇÃO AOS INTEGRANTES DO MST OU AOS SEUS ATOS? QUAIS? ..........................................................................

84

TABELA 8 – AS INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA MÍDIA SÃO LEVADAS EM CONSIDERAÇÃO NA DECISÃO?......................

86

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1....................................................................................................................27 Quadro 2....................................................................................................................27 Quadro 3....................................................................................................................28 Quadro 4....................................................................................................................31 Quadro 5....................................................................................................................32 Quadro 6....................................................................................................................34

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SUMÁRIO

1.1 INTRODUÇÃO 01

1 A QUESTÃO AGRÁRIA 04

2 MST E HISTÓRICO DE COMUNICAÇÃO 08

3 RURALISTAS 14 4 LUTA DE CLASSES 19

5 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ 24 6 SISTEMATIZAÇÃO DAS EMENTAS 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS 39

REFERÊNCIAS 42

ANEXOS 46

APÊNDICE – PERGUNTAS PARA SISTEMATIZAÇÃO: TABELAS 70

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INTRODUÇÃO

No início dos anos 1960, havia uma disputa entre duas linhas de

pensamentos para melhorar a produção agrária no país: de um lado, os que

defendiam a reforma agrária e, por outro, o grupo liderado pelos economistas da

USP. No período da ditadura militar, a opção do Estado foi investir na busca pela

modernização no campo com base na ampliação dos latifúndios, com estímulo ao

uso de agrotóxicos e mecanização, com a consequente repressão dos conflitos

agrários. Assim, os projetos que defendiam a reestruturação na distribuição de terras

no país e que culminaram com a lei proposta pelo presidente João Goulart1 foram

abandonados e os problemas sociais que eles combatiam se ampliaram, mesmo

com o crescimento econômico da produção agrícola nacional.2

Na década de 1980, em Cascavel, no interior do estado do Paraná,

trabalhadores rurais de todo o país fundaram um movimento social camponês para

reivindicar o uso da terra para o trabalho e como forma de combater a desigualdade

social; surgiu, assim, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Segundo Carter, “em meados da década de 1990, o MST havia se tornado o maior

movimento social da América Latina, e a reforma agrária estabeleceu-se na agenda

pública do Brasil.” (2010, p. 27). As principais estratégias utilizadas pelos

1 O decreto inicial tinha como relator o Ministro do Trabalho e Previdência Social João Pinheiro Neto. 2“[...] o Estatuto da Terra jamais foi implantado. Era um “faz-de-conta” para resolver pelo menos

momentaneamente os problemas no campo. Para viabilizar a sua política econômica, o Estado manteve a questão agrária sob o controle do poder central. Por essa política, o acesso à terra ficou fechado aos camponeses e totalmente aberto à empresa capitalista. O Estatuto da Terra escancarou-se, então, como um instrumento estratégico para controlar as lutas sociais e desarticular os conflitos por terra. As únicas e pouquíssimas desapropriações serviram apenas para diminuir os conflitos ou realizar projetos de colonização (veja no item a seguir), De 1965 até 1981, foram realizadas 8 desapropriações em média por ano, apesar de terem ocorrido pelo menos 70 conflitos por terra anualmente. Desse modo, apesar de o Estatuto da Terra aparecer, por suas definições, como querendo modificar a estrutura fundiária e punir o latifúndio, a política agrícola e agrária dos militantes promoveu a modernização tecnológica das grandes propriedades. Ao mesmo tempo, os grandes proprietários tinham livre acesso aos órgãos do Estado, como o Ministério da Agricultura, o INCRA etc., exercendo forte controle sobre o Poder Judiciário e o Congresso Nacional. Enfim, o Estatuto da Terra não saiu do papel e a política agrária real do regime militar significou, de fato, a entrega de mais terras aos comerciantes e industriais. E foi nesse período que se entregaram grandes extensões de terras públicas da região amazônica a grupos empresariais e também a multinacionais que, segundo o INCRA, possuem hoje 30 milhões de hectares no Brasil. A modernização tecnológica da agricultura não significou a eliminação das formas tradicionais de relações de trabalho. O desprezo aos direitos trabalhistas chegou ao ponto de provocar o ressurgimento do trabalho escravo no campo. A violência para bloquear as formas de organização e representação também ganhou corpo, conseguindo paralisar as lutas.” (MORISSAWA, 2001, p. 99-100).

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participantes do MST para pressionar a redistribuição de terras é a ocupação de

lotes, avaliados como improdutivos, e a resistência e combate às políticas

conservadoras (MST, 2009b).

Por sua vez, os proprietários rurais perceberam a necessidade de se reunir

para resguardarem o direito à propriedade e fundaram, assim, a União Democrática

Ruralista (UDR), em 1985. Essa classe influenciou a criação da bancada ruralista, a

qual constitui uma frente parlamentar que age em favor dos interesses dos

latifundiários3 e do agronegócio4

Os trabalhadores rurais sem-terra e os grandes proprietários de terra têm,

então, protagonizado uma luta de classes no Brasil, cada qual em defesa de seus

interesses. Interesses antagônicos geram ações judiciais, sobretudo na discussão

acerca da (i)legalidade das ocupações de lotes. Deste modo, para solucionar os

conflitos agrários, os juízes precisam reconhecer esse dualismo de posições e

eleger uma das posturas para adotar em seus veredictos.

e procura obstar os projetos de Reforma Agrária,

sob o argumento de proteção da propriedade privada (UDR, 2011). Em razão da

forte influência e ligação dos ruralistas com o Governo, a redistribuição de terras tem

ocorrido de forma lenta e sem muita eficácia. Além disso, influenciando os meios de

comunicação de massa de maior circulação do país, os ruralistas buscam a

criminalização e exclusão dos movimentos sociais campesinos, em especial, do

MST.

3 Latifundiário é a denominação que recebe o proprietário do latifúndio, ou seja, do imóvel rural

que excede aos limites máximos permitidos – 600 (seiscentas) vezes o módulo médio da propriedade rural e 600 (seiscentas) vezes a área média dos imóveis rurais, na respectiva zona – ou que tenha área igual ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, mas seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com base nos artigos 4º e 46, parágrafo primeiro, da Lei 4.504/1964 (Estatuto da Terra). Do conceito de latifúndio do professor argentino Antonio Vivanco depreende-se que constitui a utilização deficitária da terra agrícola, caracterizada geralmente pela existência de uma vasta área e com o emprego de mão de obra assalariada, com escassa produção de bens e serviços, pouca organização e com baixo rendimento, impondo más condições de vida e de trabalho. (VIVANCO, 1967, p. 51).

4 “Podemos definir, então, o agronegócio como o conjunto organizado de atividades econômicas que envolve a fabricação e fornecimento de insumos, a produção, o processamento e armazenamento até a distribuição para consumo interno e internacional de produtos de origem agrícola ou pecuária, ainda compreendidas as bolsas de mercadorias e futuros e as formas próprias de financiamento, sistematizadas por meio de políticas públicas específicas. [...] Além do conceito econômico da atividade, há um projeto de lei de iniciativa do Senado Federal de nº 325/2006 (em análise com a relatoria) que dispõe sobre o Estatuto do produtor e define, em seu art. 2º, o agronegócio como ‘...o conjunto global de operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; das operações de produção nas unidades agrícolas e itens produzidos a partir deles, incluindo os serviços de apoio’.” (BURANELLO, 2011. p. 44).

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Assim, nesta pesquisa, pretende-se identificar, num primeiro momento, os

contextos das ações relacionados às decisões dos magistrados do Tribunal de

Justiça do Estado do Paraná, nos casos em que o MST é citado. Para tanto, serão

consideradas as ementas5 dos acórdãos6

Com base nos resultados obtidos, será avaliado o contexto no qual o MST

se insere nas decisões judiciais, procurando extrair dos julgados quais as

percepções dos magistrados em relação ao movimento, contribuindo para avaliar

qual o grau de necessidade e enfoque na possível elaboração de um canal de

comunicação entre o MST e o Poder Judiciário Paranaense.

proferidos pela Corte Paranaense,

disponíveis para consulta no site da instituição nos últimos 10 anos, ou seja, de 2002

a setembro de 2011, perfazendo um total de 50 julgados (ver Anexo A).

Este trabalho está assim dividido; o primeiro capítulo apresenta um

panorama geral da questão agrária brasileira, enquanto o segundo capítulo

aprofunda-se no histórico do MST. O terceiro capítulo deste trabalho visa abordar a

União Democrática Ruralista e o quarto discorre sobre o conceito de Luta de

Classes do Karl Marx. O quinto capítulo descreve o Tribunal de Justiça e a

organização interna. O sexto capítulo é baseado nos resultados da sistematização

das 50 ementas analisadas.

5 “Ementa. Em sentido próprio do Direito, quer ementa significar o resumo que se faz dos

princípios expostos em uma sentença ou em um acórdão, ou o resumo do que se contém numa norma, levado à assinatura da autoridade a quem compete referendá-la ou decretá-la. [...] Ementa do acórdão ou da sentença. A ementa é formada por duas partes: a verbetação e o dispositivo. A verbetação é a sequência de palavras-chave, ou de expressões, que indicam o assunto discutido no texto; o dispositivo é a regra resultante do julgamento no caso concreto, devendo, como o dispositivo da sentença, ser objetivo, conciso, afirmativo, preciso, unívoco, coerente e correto.” (SILVA, 2005, p. 517).

6 “Acórdão. Na tecnologia da linguagem jurídica, acórdão, presente no plural do verbo acordar, substantivo, quer dizer a resolução ou decisão tomada coletivamente pelos tribunais. A denominação vem do fato de serem todas as sentenças, ou decisões proferidas pelos tribunais, na sua conclusão definitiva e final, precedidas do verbo acordam, que bem representa a vontade superior do poder, ditando o seu veredicto.” (SILVA, 2005, p. 56).

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1. A QUESTÃO AGRÁRIA

A história da nação brasileira foi e continua sendo escrita em consonância

com o processo evolutivo do setor agrário. Quando as primeiras caravelas

portuguesas atracaram nos mares do país, os europeus ficaram impressionados

com a diversidade da flora e fauna. O pau-brasil era abundante e logo começou a

ser extraído com a utilização de mão de obra indígena. A árvore inspirou o nome

dessa terra descoberta que passou a ser chamada de Brasil.7

No período colonial

8

No Brasil Império existiram medidas governamentais para promover a

agricultura e modernizá-la, como a facilitação do crédito, a diminuição de impostos e

o estabelecimento de franquias aduaneiras. Em 1888, ocorria a abolição da

escravatura com a assinatura – pela princesa Isabel – da lei 3.353

o grande atrativo do solo brasileiro eram as plantações

de cana de açúcar – chamadas de ouro branco – e de cacau. Para cuidar das

lavouras, foram trazidos os navios negreiros com escravos da África e, nesse

momento, começavam a surgir as primeiras formações de aldeias com famílias

constituídas. Por conseguinte, para ampliar as áreas de canaviais e expandir a

ocupação do território brasileiro, os portugueses começaram a implantar a pecuária

extensiva no intuito de auxiliar a força motriz da atividade agrária, bem como para

retirar o couro e servir de carne.

9

Após o período Imperial, instalou-se a República Velha

, mais conhecida

por Lei Áurea. 10

7 Cf. "Brasil" desde quando?. Portal SESCSP. Disponível em:

<http://www.sescsp.org.br/sesc/hotsites/paubrasil/cap2/testemunha.htm>. Acesso em: 01 set. 2010.

dirigida pela

política do café-com-leite. As oligarquias paulistas (os produtores de café) e as

mineiras (os responsáveis pela produção leiteira) alternavam-se no poder. Os

latifundiários passaram a empregar mão de obra de imigrantes (italianos, espanhóis,

alemães, entre outros). Ademais, praticamente ao mesmo tempo em que se

8 Cf. História do Brasil Colônia - O Período Colonial. Sua Pesquisa.com. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/colonia>. Acesso em: 01 set. 2010.

9 Cf. BRASIL. Leis, etc. Collecção das leis do Imperio do Brazil de 1810. v. 1. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1891, p.228.

10 Cf. República Velha. Cultura Brasil. Disponível em: <http://www.culturabrasil.org/republicavelha.htm>. Acesso em: 01 set. 2010.

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praticava a economia cafeeira, a extração da borracha11

De acordo com Oliveira (1988, p.132-75) na década de 1940, os Estados

Unidos da América estavam fomentando pesquisas no âmbito da comunicação para

desvendar o processo de aceitação ou rejeição das inovações agrícolas por parte

dos agricultores, viabilizando a prática de extensão rural. Todavia, com o término da

Segunda Guerra Mundial e início da Guerra Fria, os norte-americanos precisavam

manter sua hegemonia ideológica e econômica – com o discurso de país capitalista

e desenvolvido – sobre os demais países, em especial os de terceiro mundo,

chamados de subdesenvolvidos.

desenvolveu-se na

Amazônia, durante a chamada Belle Époque.

Nesse paradoxo, segundo Oliveira, surge a ideia de que o desenvolvimento

está atrelado à tecnologia – países de primeiro mundo, cidades e grandes centros

industriais – e o subdesenvolvimento à ausência dela – países periféricos e

localidades afastadas, como o meio rural. Dessa forma, era necessária uma difusão

de recursos para modernizar as sociedades atrasadas. Assim, houve um acordo

entre os governos brasileiro e americano, no qual o Brasil facilitava a concessão de

crédito se o agricultor importasse os equipamentos e tecnologias estadunidenses

(OLIVEIRA, 1988, p. 34). A partir dos anos 1970, o Brasil entrou nos ciclos de

produção de soja – chamado ouro verde – e de trigo, cujas commodities

permanecem operantes até o presente momento e impulsionam o agronegócio

(EMBRAPA, 2010).

Nas esferas econômica e política, os dados fornecidos pela Federação da

Agricultura do Estado do Paraná12 expressam a importância do setor agropecuário

atualmente, visto que representam um terço do Produto Interno Bruto (PIB) nacional

e a mesma quantia dos empregos e exportações do país. Ademais, o governo

federal13

11 Cf. SOUZA, Rainer. Ciclo da borracha. Brasil Escola. Disponível em:

<http://www.brasilescola.com/historiab/ciclo-borracha.htm>. Acesso em: 01 set. 2010.

reservou a quantia de R$ 107,5 bilhões para o plano Agrícola e Pecuário

(PAP) 2009/2010. Em relação aos dados do Paraná, o estado tem 442 mil

propriedades rurais, sendo que, em 2008, o estado exportou o equivalente a US$

15,2 bilhões e produziu, em média, 48% do trigo, 26% do milho, 23% do frango e

20% da soja nacional.

12 FAEP, 2009, p. 3. 13 FAEP, 2009, p. 8.

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O Brasil está entre os países com maior desigualdade social no mundo, de

acordo com a pesquisa "De volta ao País do Futuro", realizada em 2012, no Centro

de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV); o país ainda encontra-

se entre as 12 nações mais desiguais do mundo.

A desigualdade social é um problema que se iniciou há muitos anos, desde o

período colonial. Os portugueses, quando aqui desembarcaram, vieram com o

objetivo de explorar e acumular a riqueza das terras brasileiras. As sesmarias,

regime que vigorou até 1850, são um exemplo de injustiça da distribuição de terra,

pois apenas brancos e católicos tinham o direito de recebê-las, segundo Morissawa

(2001).

Entre as leis da propriedade rural no Brasil, destaca-se a Lei n. 601/1850

(Lei de Terras) e a Lei n. 4.504/1964 (Estatuto da Terra), ambas com o intuito de

proteger a elite e os grandes proprietários de terra.

A Lei n. 601/1850 (Lei de Terras) veio como um marco do império que em

um contexto da sociedade mundial, na qual a Europa, movida pela expansão do

capitalismo, vivia uma grande evolução comercial e social. O Brasil precisaria não só

reorganizar essa estrutura, como também dar à terra um caráter mais comercial do

que social, como era observado pelos grandes engenhos e latifúndios de pessoas

influentes.

A terra passa a ser um importante e fundamental gerador de lucros para a

economia do estado. Com a lei de 1850, regulamenta-se o registro público de todas

as terras e o governo passa a ter o controle total de terras devolutas, isto é, terrenos

ou propriedades públicas que nunca entraram legitimamente em domínio particular.

Isso ficou conhecido, apesar de timidamente e ineficaz na tentativa de solucionar o

problema agrário do país, como um primeiro plano de reforma agrária. Observou-se

um pequeno retrocesso na expansão latifundiária; por outro lado, as terras passam

a ter dono: o governo ou os coronéis com influência política determinante para

manter seus domínios territoriais no interior.

Sem conseguir comercializar as terras devolutas, devido ao alto preço, nem

impedir ou delimitar a atuação dos coronéis, o governo passa a acumular terras

públicas.

Conforme Morissawa, “a Lei de Terras significou o casamento do capital com

a propriedade da terra” (2001, p. 71 - grifo da autora), afirmação compatível com a

definição de Sampaio (2010), que coloca a referida lei como a maneira encontrada

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pelas elites da época para evitar que as classes pobres adquirissem uma

propriedade de terra.

Ano mais tarde, no início de 1964, o presidente João Goulart organizou um

Comício no qual defendeu reformas políticas, onde aconteceram muitas

manifestações populares em prol da reforma agrária. Porém, logo em seguida o

conjunto de ações de Jango, como o presidente era conhecido, foi derrubado pelo

golpe militar que não tinha interesse em ir contra os grandes latifundiários. Com a

ditadura, surgiu então uma nova regulamentação legislativa da propriedade de terra,

a Lei n. 4.504/1964 (Estatuto da Terra), em busca de apaziguar as manifestações

dos campesinos e ao mesmo, sem ferir os interesses políticos da elite brasileira. O

Estatuto da Terra diz que o Estado tem a obrigação de garantir o direito ao acesso à

terra para quem nela vive e trabalha, porém, tais ações não foram colocadas em

prática.

O Estatuto, diz ainda, que: “Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade”. Porém, mais de 45 anos depois, não houve uma aplicação verdadeira das ideias defendidas pela lei.

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2. MST E HISTÓRICO DE COMUNICAÇÃO

De todos os movimentos sem-terra existentes, o maior e mais expressivo é o

MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que contabiliza mais de

1.500 militantes atuantes em 24 estados brasileiros. De acordo com Gohn (2010, p.

143), até 2009 o movimento havia assentado em torno de 370 mil famílias em 1.800

assentamentos, e mais 130 mil famílias em acampamentos. E os números vêm

crescendo a cada ano. Hoje o Grupo tem aproximadamente 1,14 milhões de

membros, 1,8 mil escolas primárias e secundárias, mais de 2 mil assentamentos,

escola de nível superior, diversos meios de comunicação, 140 agroindústrias, 61

cooperativas rurais (CARTER, 2010, p. 38).

O surgimento oficial do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

(MST) foi na cidade de Cascavel, Paraná, na década de 1980, durante uma reunião

de camponeses formados por “posseiros, atingidos por barragens, migrantes,

meeiros, parceiros, pequenos agricultores” (MST, 2009a). Enfim, trabalhadores sem-

terra que viam seus direitos cerceados por um projeto governamental de

“modernização do campo” que privilegiava os latifúndios e os grandes

conglomerados agroindustriais com liberação de crédito, utilização de agrotóxicos e

mecanização da produção. Decidiram então lutar em prol da Reforma Agrária e das

transformações sociais para o campo14

Apesar de sua fundação ser datada de 22 de janeiro de 1984, para

Fernandes, o MST “não teve sua criação no 1º Encontro Nacional de Sem-Terra, em

janeiro de 1984, mas nas primeiras ocupações de terra organizadas no Sul do país

em 1979” (2010, p. 165). Ele é considerado herdeiro de outros movimentos

brasileiros pela distribuição de terra na área rural (INTERVOZES, 2011, p. 14).

.

Com o golpe militar de 1964, os movimentos rurais foram sufocados. Porém,

o retorno de colonos que haviam participado de lutas sociais no Brasil e a recusa de

alguns outros em aceitar terras fora do Estado foram os primeiros passos da

reorganização dos camponeses semterra. Nos anos de ditadura sofreram grande

influência da Igreja Católica, que levou ao surgimento da Comissão Pastoral da

Terra (CPT), em 1975.

14 Cf. MST, 2009a.

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No primeiro Congresso, durante as Diretas-Já, o MST proclamava: “Sem

Reforma Agrária não há democracia”. Conseguiram influenciar os constituintes para

elaboração dos artigos 184 e 186 da Constituição Federal15

Segundo o MST “os interesses do latifúndio encontravam nos aparatos do

Estado suas melhores ferramentas de repressão ou omissão”. Como resposta

lançaram o lema “Ocupar, Resistir e Produzir”, em 1990. E a cada 05 anos, os

militantes reavaliam seus objetivos em Congressos e renovam o lema do

movimento. Em 1995, o mote era “Reforma Agrária. Uma luta de todos”, em 2000

lançaram “Reforma Agrária. Por um Brasil sem latifúndio”.

, cuja vitória para os

militantes foi a garantia de desapropriação de terras improdutivas que não cumprem

sua função social.

16

Esta palavra de ordem estava materializada no outro Brasil que queremos construir no cotidiano. Está nas mais de 400 associações e cooperativas que trabalham de forma coletiva para produzir alimentos sem transgênicos e sem agrotóxicos. Estão nas 96 agroindústrias que melhoram a renda e as condições do trabalho no campo, mas também oferecem alimentos de qualidade e baixo preço nas cidades. Um outro país que construímos com 2 mil escolas públicas em acampamentos e assentamentos que garantem o acesso à educação à mais de 160 mil crianças e adolescentes Sem Terras ou que alfabetizaram 50 mil adultos e jovens nos últimos anos. Ou ainda, nos mais de 100 cursos de graduação em parceria com universidades por todo o Brasil (MST, 2009a).

No V Congresso o lema era por “Reforma Agrária, por Justiça Social e

Soberania Popular”, e, para os militantes, a luta passa a ser contra a ordem

econômica internacional e a globalização da miséria. É citado o caso do embate com

a empresa suíça Syngenta Seeds, no Paraná, com produção transgênica e

contaminação do Parque Nacional do Iguaçu denunciados pelos militantes, cujo

interesse era utilizar a área para produção agroecológica.

O MST elenca três objetivos principais: 01) luta pela terra; 02) luta por

Reforma Agrária; 03) luta por uma sociedade mais justa e fraterna. Portanto, os

trabalhadores rurais buscam resolver os problemas de “desigualdade social e de

15 “Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: [...]” (BRASIL, 1998) 16 MST, 2009a.

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10

renda, a discriminação de etnia e gênero, a concentração da comunicação, a

exploração do trabalhador urbano”17

A proposta de Reforma Agrária do MST divide-se em quatro pilares:

democratização do acesso à terra, desenvolvimento e ampliação da agroindústria

local, educação e mudança do modelo tecnológico agrícola existente no Brasil.

(GOHN, 1997, p.146)

.

As principais estratégias utilizadas pelos participantes do MST para

pressionar à redistribuição de terras é a ocupação de lotes, avaliados como

improdutivos, e a resistência e combate às políticas conservadoras (MST, 2009b).

Para conseguir obter crescimento e visibilidade, o MST formulou estratégias

de comunicação e identificação. O movimento defende que “O fundamental é que a

comunicação desenvolva um papel mobilizador, organizador, agitador,

propagandeador, educativo, formativo, nessa grande luta de classes.” (MST, 2001.

p. 143). Nesse contexto, investiu-se na formulação de símbolos, como O hino18

17 MST, 2009b.

do

18 Hino do MST: Vem teçamos a nossa liberdade braços fortes que rasgam o chão sob a sombra de nossa valentia desfraldemos a nossa rebeldia e plantemos nesta terra como irmãos! Refrão: Vem, lutemos punho erguido Nossa Força nos leva a edificar Nossa Pátria livre e forte Construída pelo poder popular Braços Erguidos ditemos nossa história sufocando com força os opressores hasteemos a bandeira colorida despertemos esta pátria adormecida o amanhã pertence a nós trabalhadores! Refrão: Vem, lutemos punho erguido Nossa Força nos leva a edificar Nossa Pátria livre e forte Construída pelo poder popular Nossa Força regatada pela chama da esperança no triunfo que virá forjaremos desta luta com certeza pátria livre operária camponesa nossa estrela enfim triunfará! Refrão: Vem, lutemos punho erguido Nossa Força nos leva a edificar Nossa Pátria livre e forte Construída pelo poder popular (MST, 2009c).

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MST, para ser cantado durante os eventos; e a bandeira, em cor vermelha19,

branca20, verde21 e preta22, com o mapa do Brasil23, contendo as figuras do

trabalhador e da trabalhadora24 segurando o facão25

Logo no início do movimento, na década de 1980, foi lançado o “Boletim

Informativo da Campanha de Solidariedade aos Agricultores Sem Terra”,

posteriormente, recebeu o nome de “Boletim Sem Terra”. Em 1984, foi organizado o

Jornal Sem Terra (JST), que surgiu antes da fundação oficial do MST e, desde

então, tem sido um instrumento de formação e informação para o Movimento e para

a sociedade. Com publicação mensal e voltada principalmente para os trabalhadores

rurais sem-terra e simpatizantes, JMST procura agregar forças na luta pela Reforma

Agrária e por um projeto popular para o Brasil. Conta com tiragem de 20 mil

exemplares, aceitando assinaturas em todo território nacional e também no exterior.

A assinatura anual, com 12 edições, custa 30 reais, e a bianual, de 24 edições,

custa 55 reais, pode ser feita pela internet ou adquirida nas secretarias do MST

.

26

A base de comunicação do MST é o Jornal Sem Terra (JST), cujos objetivos

são: “ser um instrumento de formação e agitação, capaz de estimular a unidade

ideológica, a visão global de luta, propiciar conhecimentos sobre realidade brasileira;

reforçar organizações aliadas e alimentar a mística revolucionária” (MST, 2001,

p.134).

.

Na década de 1990, outras mídias começaram a ter mais força, e as

reconfigurações do campo político exigiram que o movimento produzisse outras

formas de comunicação. Destaca-se o portal do MST (www.mst.org.br),

concentrando uma série de informações acerca do movimento, como história,

objetivos, notícias, livros, vídeos, e até produtos à venda, como agenda, broches,

bonés e chaveiros. Há o informativo Letra-Viva, que pode ser recebido via e-mail,

após cadastro no site. Outro meio de comunicação com popularidade é o 19 “Representa o sangue que corre em nossas veias e a disposição de lutar pela Reforma Agrária e pela transformação da sociedade”. (MST, 2009d). 20 “Representa a paz pela qual lutamos e que somente será conquistada quando houver justiça social para todos.” (MST, 2009d). 21 “Representa a esperança de vitória a cada latifúndio que conquistamos.” (MST, 2009d). 22 “Representa o nosso luto e a nossa homenagem a todos os trabalhadores e trabalhadoras que tombaram, lutando pela nova sociedade.” (MST, 2009d). 23 “Representa que o MST está organizado nacionalmente e que a luta pela Reforma Agrária deve chegar a todo o país.” (MST, 2009d). 24“”Representa a necessidade da luta ser feita por mulheres e homens, pelas famílias inteiras.” (MST, 2009d). 25 “Representa as nossas ferramentas de trabalho, de luta e de resistência.” (MST, 2009d). 26 http://www.mst.org.br/assinaturas/jornal

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12

Facebook27

De acordo com Gohn (1997,p. 145), o MST passou a ter relação com a

mídia a partir dos anos 1990, quando as ocupações de terra eram previamente

avisadas à imprensa para que fossem noticiadas. Contudo, essa grande exposição

levou o movimento a ocupar manchetes diariamente, o que ocasionou efeitos

negativos à sua imagem. Por conseguinte, o MST passou a ser utilizado, pela mídia,

como elemento de geração do medo da insegurança junto à opinião pública, com a

criminalização de suas ações (GOHN, 1997p.147).

, com todo o conteúdo do site. Em 02 de julho de 2012, 5.571 pessoas

haviam curtido a página. Em 23 de fevereiro de 2013, 20.185 pessoas haviam

curtido a página, quase triplicando o número.

Na pesquisa publicada no livro Vozes Silenciadas (INTERVOZES, 2010, p.

43), há a análise de 301 matérias que mencionaram o MST ao longo do período em

que ele foi alvo da uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no

Congresso Nacional. Identificou-se que 65,7%, ou 198 matérias, abordam o MST

com expressões e adjetivos negativos. Ainda sobre a pesquisa divulgada, das 301

matérias, 83 não tiveram nenhuma fonte ouvida, colocando em risco a credibilidade

do tema e privilegiando o ponto de vista do autor (Idem, p. 45). Das fontes

autorizadas ou dignas de crédito costumam ser representantes da sociedade (como

integrantes do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário) e especialistas. No

primeiro caso, há fontes que, teoricamente, falam em nome do povo ou que tomam

decisões com potencial para se tornar notícia, já que interessam a uma grande

quantidade de pessoas. No segundo caso, estão aqueles que se consideram

movidos por interesses científicos e, portanto, numa ideia positivista da ciência, não

se aproveitam de interesses pessoais.

Nos dizeres de Gohn (2001, p. 149):

Os espaços comunicacionais são estratégicos tanto ao movimento, para publicitar suas demandas e buscar algum espaço contra-hegemônico como para seus opositores, que buscam desqualificá-los e isolá-los da opinião pública ao retratá-los como fonte e origem da violência.

Em geral, os meios de comunicação de massa criminalizam os movimentos

sociais.

27 Cf. http://www.facebook.com/MovimentoSemTerra

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Embora a sociedade esteja dividida em classes e cada qual devesse ter suas próprias idéias, a dominação de uma classe sobre as outras faz com que só sejam consideradas válidas, verdadeiras e racionais as idéias da classe dominante.(CHAUÍ, 1980, p.36)

Em relação ao MST, por exemplo, isso é aparente quando ele é associado

com ações violentas, como invasão e destruição de propriedades. Levando em

conta que os meios de comunicação de massa influenciam a formação da opinião

pública, enxerga-se a necessidade do MST desenvolver políticas de comunicação

externa, para atingir públicos além dos próprios militantes e simpatizantes.

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3. UNIÃO DEMOCRÁTICA RURALISTA

A União Democrática Ruralista (UDR) foi fundada em 1985, na cidade de

Presidente Prudente (São Paulo). Atualmente a UDR possui sua sede em Brasília. A

entidade começou a se estabelecer durante o Congresso Nacional sobre a reforma

Agrária, organizado pela Confederação Nacional da Agricultura, em contraposição à

“apresentação da proposta do Plano Nacional de Reforma Agrária, elaborado por um

conjunto de técnicos, alguns comprometidos com a reforma agrária e contou com a

participação de sindicalistas rurais”

A UDR define-se como:

uma entidade sem fins lucrativos, organizada para defender incondicionalmente os direitos e interesses do produtor rural brasileiro, patrocinando sempre que necessário a manutenção do Instituto de propriedade "imóvel rural" como direito privado, de acordo com a Constituição do País.” (UDR, 2013a)

No site é possível se associar à UDR preenchendo o cadastro com envio de

cópia do Imposto Territorial Rural (ITR). A entidade oferece aos seus associados

serviços jurídicos no caso de ocupação da propriedade por grupos sem terra, por

intermédio de advogados, para ajuizamento de “ações de reintegração de posse,

interditos proibitórios e aberturas de inquéritos, responsabilizando os invasores pelos

crimes cometidos”. Somente em Presidente Prudente há aproximadamente dois mil

associados. (UDR, 2013b)

Na ocasião da criação da UDR, os proprietários rurais visavam resguardar o

direito à propriedade privada, influenciando o Congresso Nacional para instituir leis

conforme os seus interesses. Segundo consta no site da UDR, os ruralistas se

organizaram para reagir a “ala política de esquerda radical” que pretendia implantar

o sistema comunista no país (UDR, 2013c). Deste modo, afirmam que conseguiram

inserir na Constituição Federal de 1988, a garantia à propriedade rural produtiva. O

site da Revista Veja informa que os proprietários rurais, responsáveis pela criação

da UDR, objetivavam arrecadar fundos para eleger parlamentares que defendessem

os interesses da classe ruralista, e também promoviam leilões para comprar armas

para capatazes e peões, a fim de proteger a propriedade rural contra ocupações28

28 Cf.

.

http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/questao-agraria-reforma-mst-mlst-udr-stedile-rainha-eldorado-carajas.shtml. Consultado em: 20/01/2013.

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Esses procedimentos influenciaram a criação da bancada ruralista, a qual

constitui uma frente parlamentar que age em favor dos interesses dos latifundiários29

e do agronegócio30

Em razão da forte ligação dos ruralistas com o Governo, a redistribuição de

terras tem ocorrido de forma lenta e sem muita eficácia. Além disso, influenciando os

meios de comunicação de massa de maior circulação do país, os ruralistas, quando

possível, buscam a criminalização e exclusão dos movimentos sociais campesinos.

. Dentre as estratégias adotadas pelos ruralistas para

manutenção da propriedade privada está a de obstar os projetos de Reforma Agrária

(UDR, 2011). Por isso, considera-se a UDR um grupo com interesses antagônicos

ao MST, uma vez que o movimento social busca justamente a redistribuição de

terras.

No site da UDR existe um link denominado “invasões”, onde constam

notícias acerca das ocupações efetivadas pelos sem-terra, classificando o MST

como um grupo praticante de ações ilegais com promoção da desordem. É possível

observar que no link dos “artigos”, a primeira notícia que aparece tem como título: “O

MST e o STF”, no qual o advogado redator nomeia os militantes de “bandidos”

equiparando a ocupação de terras ao crime de roubo. E no link “informativos”

existem várias notícias sobre a UDR alertando o STF e o STJ sobre

desapropriações de propriedades rurais consideradas injustas pelos ruralistas,

encontros dos ruralistas com os Presidentes das seccionais da OAB, e também

denúncias da UDR contra o MST e a Via Campesina ao Ministério Público. Portanto,

29Latifundiário é a denominação que recebe o proprietário do latifúndio, ou seja, do imóvel rural

que excede aos limites máximos permitidos – 600 (seiscentas) vezes o módulo médio da propriedade rural e 600 (seiscentas) vezes a área média dos imóveis rurais, na respectiva zona – ou que tenha área igual ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, mas seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com base nos artigos 4º e 46, parágrafo primeiro, da Lei 4.504/1964 (Estatuto da Terra). Do conceito de latifúndio do professor argentino Antonio Vivanco depreende-se que constitui a utilização deficitária da terra agrícola, caracterizada geralmente pela existência de uma vasta área e com o emprego de mão de obra assalariada, com escassa produção de bens e serviços, pouca organização e com baixo rendimento, impondo más condições de vida e de trabalho. (VIVANCO, 1967, p. 51).

30 “Podemos definir, então, o agronegócio como o conjunto organizado de atividades econômicas que envolve a fabricação e fornecimento de insumos, a produção, o processamento e armazenamento até a distribuição para consumo interno e internacional de produtos de origem agrícola ou pecuária, ainda compreendidas as bolsas de mercadorias e futuros e as formas próprias de financiamento, sistematizadas por meio de políticas públicas específicas. [...] Além do conceito econômico da atividade, há um projeto de lei de iniciativa do Senado Federal de nº 325/2006 (em análise com a relatoria) que dispõe sobre o Estatuto do produtor e define, em seu art. 2º, o agronegócio como ‘...o conjunto global de operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; das operações de produção nas unidades agrícolas e itens produzidos a partir deles, incluindo os serviços de apoio’.” (BURANELLO, 2011. p. 44).

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depreende-se que a UDR se mune de diversos recursos para influenciar o

Congresso Nacional e o Poder Judiciário para manutenção do direito à propriedade

privada e, por conseguinte, refutando as ações do MST contrárias aos interesses da

entidade.

Em 1987, a UDR contratou a ADS – Assessoria de Comunicação Ltda. para

reformular suas estratégias de comunicação e imagem perante o público. Segundo a

empresa, era preciso melhorar a forma da comunicação das mensagens apregoadas

pelos ruralistas, pois de um modo geral, os integrantes falavam alto demais. O

presidente da época, Ronaldo Caiado, além de falar gritando, tinha o costume de dar

risadas que soavam como deboche perante os ouvintes. Assim, dentre os diversos

objetivos para mudar a imagem da UDR, a agência destacou:

[...] promover ampla divulgação das atividades da UDR, para formar mentalidade favorável por parte da opinião pública para com a entidade; e promover um maior conhecimento sobre a importância do produtor rural no processo de desenvolvimento e crescimento socioeconômico do país (CONRERP, 1987: 10).

A empresa de comunicação orientou os ruralistas para: ao criticarem a

reforma agrária também apresentem soluções ao problema. Igualmente prestaram

assessoria ao presidente da UDR para adequar os “gestos, posturas e a maneira de

vestir”. A ADS resume o trabalho desenvolvido com a entidade nos seguintes

tópicos:

* contatos pessoais com todos os editores dos principais veículos de comunicação de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte, para explicar os reais objetivos da UDR; * participação de Ronaldo Caiado no programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, em outubro de 1987. Durante cinco horas, num programa simulado, Caiado foi preparado para a sabatina dos jornalistas de Roda Viva. O programa — segundo a ADS — foi um sucesso, muito contribuindo para Caiado passar a imagem de democrata; * o sucesso dessa entrevista na TV Cultura repercutiu — a íntegra da entrevista foi reproduzida no jornal O Estado de São Paulo, na edição de 12 de outubro de 1987; * foi implantado um sistema de resposta direta às notícias negativas sobre a UDR; * Para manter uma unidade de comunicação e proporcionar para as UDRs regionais o apoio de especialistas em comunicação, a ADS estabeleceu um sistema de contatos telefônicos com todas as regionais; * foi preparado um videocassete para unificar a linguagem da UDR;

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* foram elaborados o jornal nacional da entidade e os jornais das sedes regionais. (CONRERP, 1987: 10)

A agência ainda destaca a organização da passeata, em 11/07/1987, em

Brasília, pela execução do “Plano Nacional de Reforma Agrária” dentro da lei, com

mais de cinqüenta mil participantes. O evento conseguiu ampla cobertura da

imprensa e dos meios televisivos. Sagrando-se o mote da UDR pelo “cumprimento

da lei” (CONRERP, 1987: 10).

Em 2004, os ruralistas, com apoio da Federação da Agricultura do Estado de

São Paulo (Faesp), realizou o manifesto “Acorda Brasil” para se opor às ocupações

dos sem-terra31. E lançaram também o movimento “maio verde”, com reforço ao

agronegócio, em contraposição ao movimento “abril vermelho” promovido pelo

MST32

A UDR defende, então, os interesses dos proprietários rurais sob o

argumento de proteger o direito à propriedade privada em observância da legislação,

consequentemente, contrapondo-se aos objetivos dos movimentos sociais

campesinos, em especial o MST, no tocante à Reforma Agrária. Assim, caracteriza-

se a luta de classes entre os dois grupos em busca do acesso e da titularidade da

terra.

.

Igualmente é possível observar que os ruralistas buscam parcerias com

outras entidades e buscam influenciar o Poder Público a aderir à causa que

apregoam. Os magistrados do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná recebem

quinzenalmente o Boletim Informativo da Federação da Agricultura do Paraná

(FAEP), cujo conteúdo se perfilha aos objetivos da UDR, com defesa à propriedade

privada e ao agronegócio, críticas aos movimentos sociais – principalmente ao MST

-, além de rotineiramente publicar entrevistas e notícias de associados à UDR.

Logo, no presente trabalho desenvolvido, parte-se da premissa de que a

classe do patronato aproveita o canal de comunicação desenvolvido pela Faep para

atingir também ao Judiciário Paranaense.

31 Cf. http://www.faeal.org.br/coluna_faeal_semana.asp?offset=220&id=45 32 Cf. http://www.mnp.org.br/index.php?pag=ver_noticia&id=347910

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4. LUTA DE CLASSES

Segundo Karl Marx (2008, p. 17), o sonho utópico é uma revolução parcial,

meramente política; deste modo, é necessária que determinada classe (secção da

sociedade civil), a partir da sua situação particular, suscite uma emancipação geral

da sociedade. Contudo, para desempenhar o papel libertador, é preciso que essa

classe revolucionária se identifique com a sociedade e a reconheça como

representante geral.

Para que a revolução de um povo e a emancipação de uma classe particular da sociedade civil coincidam, para que uma classe represente o todo da sociedade, outra classe tem de concentrar em si todos os males da sociedade, uma classe particular deve encarnar e representar um obstáculo e uma limitação geral. Uma esfera social particular terá de surgir como o crime notório de toda a sociedade, a fim de que a emancipação de semelhante esfera surja como uma emancipação geral. Para que uma classe seja classe libertadora par excellence, é necessário que outra classe se revele abertamente como a classe opressora. (Marx, 2008, p. 18)

Todavia Marx explica que a essência dos indivíduos (e de suas respectivas

classes) constitui um egoísmo modesto, mesquinho, em que cada esfera da

sociedade passa a se reconhecer a partir do momento em que pode oprimir e não

quando é oprimida, dificultando uma emancipação geral. “Assim, todas as

oportunidades de desempenhar um papel importante desaparecem antes de

propriamente terem existido, e cada classe, no preciso momento em que inicia a luta

contra a classe superior, fica envolvida numa luta contra a classe inferior.” (Idem, p.

19). Logo, conforme o autor, a emancipação positiva somente poderia ocorrer do

proletariado, porque corresponde à dissolução de todas as demais classes na

sociedade civil.

Com base na concepção marxista, o MST e os ruralistas representam

classes da sociedade civil com interesses diametralmente opostos. Cada grupo usa

estratégias para angariar simpatizantes e caracterizar a outra classe como o mal da

sociedade. Na década de 1990, a utilização da mídia para noticiar as ocupações do

MST foi estratégica, porém a exposição excessiva das ações do movimento

ocasionou um efeito negativo, “e o MST passou a ser utilizado, pela mídia, como

elemento de geração do medo e da insegurança junto à opinião pública. Neste

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século, a criminalização de suas ações tem sido a tônica da grande mídia nacional.”

(GOHN, 2010, p. 147).

Conforme Marx e Engels, a sociedade tem necessidade de criar um órgão

para defender seus interesses (o poder do Estado), todavia, quanto mais

independente da sociedade se torna, o Estado mantém-se mais atrelado à classe

dominante e aos seus interesses econômicos, e mais rapidamente cria uma nova

ideologia. Por conseguinte, os juristas perdem a consciência de que os fatos

econômicos são revestidos de motivos jurídicos para serem sancionados em lei e,

na análise do caso concreto, consideram apenas a forma jurídica sem levar em

consideração o conteúdo econômico (MARX; ENGELS, 2010, p. 133-134).

No Brasil, a legislação rural foi formulada “numa correlação de forças

políticas favoráveis aos interesses dominantes no campo” (CARTER, 2010, p. 289).

Justo (2002, p. 44-45) explica que os conflitos fundiários surgiram com a Lei de

Terras de 1850, quando as terras devolutas passaram a ser monopólio do Estado,

garantindo a propriedade privada pela lei, e admitindo apenas a posse da terra pela

compra – possível apenas àqueles que possuem condições financeiras para tanto.

No início dos anos 1960, havia uma disputa entre duas linhas de

pensamento para melhorar a produção agrária brasileira: de um lado, os que

defendiam a reforma agrária (o Partido Comunista Brasileiro – PCB – em que se

destacaram Caio Prado Jr., Ignácio Rangel e Alberto Passos Guimarães; setores

reformistas da Igreja Católica; e a Comissão Econômica para a América Latina –

CEPAL – com a atuação do economista Celso Furtado) e, por outro, o grupo

liderado pelos economistas da USP (sendo o então professor Delfim Neto o nome de

maior destaque). No período da ditadura militar, a opção do Estado foi investir na

busca pela modernização no campo com base na ampliação dos latifúndios, com

estímulo aos usos de agrotóxicos e mecanização, ocorrendo grande repressão dos

conflitos agrários. (DELGADO, 2010, p. 82-83).

Assim, os projetos que defendiam a reestruturação na distribuição de terras

no país e que culminaram com a lei proposta pelo presidente João Goulart33

foram

abandonados e os problemas sociais que eles combatiam se ampliaram, mesmo

com o crescimento econômico da produção agrícola nacional. Conforme Morissawa:

33 O decreto inicial tinha como relator o Ministro do Trabalho e Previdência Social João Pinheiro Neto.

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[...] o Estatuto da Terra jamais foi implantado. Era um “faz-de-conta” para resolver pelo menos momentaneamente os problemas no campo. Para viabilizar a sua política econômica, o Estado manteve a questão agrária sob o controle do poder central. Por essa política, o acesso à terra ficou fechado aos camponeses e totalmente aberto à empresa capitalista. O Estatuto da Terra escancarou-se, então, como um instrumento estratégico para controlar as lutas sociais e desarticular os conflitos por terra. As únicas e pouquíssimas desapropriações serviram apenas para diminuir os conflitos ou realizar projetos de colonização. Desse modo, apesar de o Estatuto da Terra aparecer, por suas definições, como querendo modificar a estrutura fundiária e punir o latifúndio, a política agrícola e agrária dos militantes promoveu a modernização tecnológica das grandes propriedades. Ao mesmo tempo, os grandes proprietários tinham livre acesso aos órgãos do Estado, como o Ministério da Agricultura, o INCRA etc., exercendo forte controle sobre o Poder Judiciário e o Congresso Nacional(2001, p. 99-100).

George Meszaros (2010, p. 433-459) correlaciona a questão do MST com do

Estado de Direito no Brasil, explicando que a oposição se utiliza da premissa “todos

devem cumprir e se sujeitar a lei” para deslegitimar as ações do movimento e

considerá-lo como ofensivo à democracia nacional, porém sem tecer maiores

considerações de como é realizado o processo legislativo (criação das leis) e

tampouco como são interpretadas e valoradas as normas legais pelo Poder

Judiciário. Apesar da retórica de neutralidade e imparcialidade da legislação, a

análise social e histórica demonstra a permeabilidade da lei decorrente da pressão

social; no caso, a União Democrática Ruralista e os grupos do establishment

econômico e político (por exemplo, a Confederação Nacional da Agricultura, a qual

possui poder de veto sobre as políticas do governo) são muito mais influentes do

que o MST (MESZAROS, 2010, p. 440). Durante o processo Constituinte, as

questões mais polêmicas não foram tratadas de forma exaustiva e completa na

Constituição Federal e ficaram para ser incluídas posteriormente, contudo apesar do

texto constitucional estipular os requisitos para desapropriação de propriedades

rurais com fim de reforma agrária, o processo “é feito por meio de uma intricada rede

jurídica, administrativa, econômica e social, mediada por juízes, órgãos

administrativos – como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

(INCRA).” (MESZAROS, 2010, p. 441).

Justo (2002, p. 47-48) expõe que o direito à propriedade previsto no Código

Civil pode ser utilizado como fundamento tanto do posseiro, cuja terra serve para o

trabalho e moradia, quanto do capitalista que usa a terra para negócios e,

geralmente, ostenta um título de propriedade privada. O autor prossegue explicando

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que é das contradições desse direito que “nascem as interpretações distintas sobre

a terra camponesa e a terra capitalista, terra de trabalho e terra de negócio”.

Por sua vez, Meszaros destaca a desigualdade nas condições de defesa

judicial entre os grandes proprietários de terras, cuja estrutura permite contratar

escritórios advocatícios de renome e também articular politicamente as normativas

legais, em relação aos membros do MST – no princípio contavam com advogados

voluntários e não tinham o costume de manter uma assessoria jurídica prévia aos

conflitos e permanente (MESZAROS, 2010, p. 445). A partir de 1996, com a criação

e o apoio da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap), o MST

passou a exercer também uma ação militante jurídica e investir nessa área, com

uma política mais ativa do que meramente defensiva, inclusive, capacitando

membros do movimento para compor o setor jurídico (Idem, p. 446-447).

Conforme Meszaros, muitos magistrados reforçam o desequilíbrio já

existente na legislação ao optarem pela máxima da propriedade privada, com base

no Código Civil, em uma concepção meramente patrimonialista ao invés de se

valerem de teorias mais progressistas baseadas nas garantias fundamentais e nos

princípios constitucionais da função social da propriedade e da dignidade da pessoa

humana. Assim, “com um ponto de partida como esse, as ações do MST e outras

organizações de trabalhadores rurais se parecem mais com uma tentativa de

reequilibrar a ordem social e jurídica do que uma tentativa de subverter essa ordem

ou a democracia.” (Idem, p. 440-441)

Segundo o autor (p. 437), o MST seria taxado como ilegal por dois motivos

principais: 1) generalização dos atos de transgressão, casos isolados de mau

comportamento, infrações e crimes passaram a macular a imagem de todo o grupo,

apesar de tais atos não serem tolerados pelo MST; 2) e, principalmente, devido às

ocupações de terra.

“O sistema é notoriamente injusto, burocrático, moroso e saturado de

preconceitos de classe”, afirma Meszaros (2010, p. 438). Os trabalhadores rurais

sem-terra e os grandes proprietários de terra, têm, então, protagonizado uma luta de

classes no Brasil, cada qual em defesa de seus interesses. Interesses antagônicos

geram ações judiciais, sobretudo na discussão acerca da (i)legalidade das

ocupações de lotes. Deste modo, para solucionar os conflitos agrários, os juízes

precisam reconhecer esse dualismo de posições e eleger uma das posturas para

adotar em seus veredictos, buscando a imparcialidade. Com base em pesquisas

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realizadas pela OAB, o autor explica o descrédito da lei e do Judiciário perante a

população brasileira, incluindo, os militantes do MST.

Apesar da estátua vendada de Ártemis, a deusa grega da justiça, na entrada do Supremo Tribunal Federal, denotando imparcialidade, outras representações, mais negativas e incisivas, povoam o imaginário popular. Isso inclui expressões comuns como: “A lei é para inglês ver”, “Da Justiça, o pobre só conhece castigos” e “Há uma lei para o rico e outra para o pobre”. É possível argumentar que o aforismo mais poderoso, prejudicial e esclarecedor é atribuído ao maior estadista e legislador do Brasil do século XX, Getúlio Vargas: “Aos meus amigos tudo, para os inimigos, a lei”. A mensagem por trás desses exemplos é clara: a justiça é seletiva. (MESZAROS, 2010, p. 439)

Justo (2002, p. 51) defende que a violência é consequência do modelo de

desenvolvimento do país, logo, estaria equivocado o clamor pela Justiça “como se

as desigualdades sócio-econômicas pudessem ser equacionadas pela igualdade

jurídico formal” [...] O enfoque é de que o ‘direito’ é instaurado e mantido pela

violência; logo, esta é inerente à sociedade de classes. O direito positivo ao punir a

ação dos injustiçados perpetua a violência.” Assim, menciona que nos países

semiperiféricos que se democratizaram nos últimos 30 anos, os Tribunais

“começaram a assumir suas parcelas de ‘co-responsabilidade política na atuação

providencial do Estado, pois se os conflitos políticos estão sendo judicializados, isto

não pode deixar de se traduzir na politização dos conflitos judiciários.” (JUSTO,

2002, p. 125). Conclui que “a argumentação judicial é o território privilegiado para

explicitar modos de vida e formas de se pensar o conflito. Assim, o Tribunal é um

dos espaços onde se constrói a cidadania.” (JUSTO, 2002, p. 100).

Seguindo o pensamento marxista de que a sociedade é formada por

classes, as quais possuem interesses próprios e antagônicos, podendo adquirir a

posição de opressoras ou oprimidas, a UDR e o MST representam classes distintas

que disputam o acesso à terra. A arena de discussões entre ambos os grupos pode

ocorrer no Tribunal, em processos judiciais, cuja interpretação da lei comporta dois

direitos: a terra de trabalho e a terra de negócio. O magistrado, para fazer justiça,

deve analisar se a lei não é fruto da ordem política e econômica de uma única classe

e se a sua aplicação não vai fomentar o estado de violência e disputa

antidemocrática. Caberá ao juiz optar por alguma das interpretações extraíveis da

legislação.

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5. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ

À época do Brasil Império, quando o território nacional ainda era dividido em

Províncias, o Imperador D. Pedro II homologou o Decreto nº 2.342, elaborado pelo

Ministro da Justiça, Manoel Antônio Duarte de Azevedo, a fim de estabelecer as

sedes dos onze Tribunais de Relação que seriam criados. Assim, São Paulo e

Paraná teriam como sede a cidade de São Paulo34

Contudo, os paranaenses restaram desgostosos com a subordinação em

relação ao Estado vizinho, haja vista a dependência do Tribunal Paulista para

receber seus Juízes, além de acarretar a demora e onerosidade dos processos

devido à vinculação jurisdicional.

.

Deste modo, o advento da Proclamação da República e o movimento político

instaurado em torno do Governo de Mal. Deodoro da Fonseca propiciaram o

aparecimento nos Estados dos “Tribunais de Apellação”. Logo após, dois advogados

paranaenses solicitaram à Assembléia Constituinte do Estado Federal do Paraná a

aprovação da Lei nº 3 de 1891, que autorizava o Presidente do Estado a organizar

provisoriamente todos os serviços públicos, realizar a divisão judiciária e

administrativa e, inclusive, decretar a Lei Orgânica da Magistratura.

Então, o Presidente Generoso Marques assinou o Decreto nº 1, de 15 de

junho de 1891, criando toda a Justiça do Paraná, fazendo jus a alcunha de pai do

Poder Judiciário. Assim, o primeiro Presidente do Tribunal de Apellação do Paraná

foi o Des. José Alfredo de Oliveira, natural do Estado da Bahia.

No entanto, a Corte e seus membros tiveram um longo percurso até

definirem seus nomes e títulos, pois o Tribunal de Justiça do Paraná já se

denominou “Tribunal de Apellação”, “Supremo Tribunal da Justiça”, “Superior

Tribunal de Justiça” e, novamente, “Tribunal de Apelação”, bem como os

magistrados iniciaram com o cargo de Desembargadores, depois passaram a

receber o nome de Ministros, mas retornaram em 1946, até os dias atuais, com a

titulação de Desembargadores.

O Poder Judiciário estadual divide-se em primeiro e segundo grau de

jurisdição. Exceto raras exceções previstas na lei, a regra é que as ações propostas

sejam analisadas pelo magistrado de primeiro grau (cada cidade ou região possui

34 PARANÁ, 1982.

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seu fórum que atende a comunidade local). Quem entra com a ação é chamado de

parte autora/requerente e quem responde pela ação é denominado de parte

ré/requerida. Para garantir a lisura e segurança às partes da prestação da justiça,

são princípios constitucionais a ampla defesa, contraditório e a possibilidade do

duplo grau de jurisdição. Ou seja, se as partes estiverem inconformadas com a

decisão prestada pelo juiz de primeiro grau, podem pedir revisão do julgado ao

Tribunal de Justiça (segundo grau de jurisdição) por intermédio de recursos35

O TJPR conta com o número de 120 (cento e vinte) desembargadores e 60

(sessenta) juízes substitutos em 2º grau. Cada câmara é composta por 05 (cinco)

desembargadores. Dispõe de 18 Câmaras Cíveis e 05 Câmaras Criminais, com

divisão das matérias por especialidades

.

36

Os julgamentos dos recursos podem ser feitos por decisão unipessoal do

relator (nas hipóteses do art. 557 do Código de Processo Civil

. Contudo, o Órgão Especial do TJPR

aprovou a criação de mais 25 cargos de Desembargador, aguardando a aprovação

pela Assembléia Legislativa e a dotação orçamentária. Isto significa que poderá ter

remanejamento da competência das câmaras, existindo a possibilidade de instalar

câmaras especializadas em direito agrário, conforme recomendação do Conselho

Nacional de Justiça (CNJ). Contudo, tal projeto precisa de apoio político e social.

37) e, mais

frequentemente, por decisão cameral. Na câmara de julgamento, cada recurso é

decidido por um quorum julgador de três integrantes (relator, revisor e vogal)38

A Federação da Agricultura do Paraná (FAEP) distribui Boletins Informativos

quinzenalmente a todos os desembargadores, com matérias voltadas aos interesses

dos ruralistas (inclusive com entrevistas de integrantes da UDR), bem como

matérias com críticas ao MST. Diante disto, constatou-se a necessidade do MST

também buscar um veículo de comunicação para expressar suas áreas de atuação e

lutas. Assim, os magistrados podem receber informações de ambos os grupos.

.

35 Cf. http://www.tjpr.jus.br/historico-tjpr-museu 36 Apenas a título de nota, cabe explicar que a matéria relativa à desapropriação para fins de reforma agrária é de competência exclusiva da União (art. 22, II, c/c art. 109, I, ambos da Constituição Federal), portanto é julgada na Justiça Federal. 37 Art. 557 - O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. § 1º-A - Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso. 38 VERNALHA, 1991.

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O interesse em ter o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná como público-

alvo foi justificado pelo fato de ser o órgão máximo do Poder Judiciário paranaense,

com um número reduzido de magistrados, porém suas decisões se tornam

parâmetro ao restante de juízes de primeiro grau distribuídos em todo o estado.

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6. RESULTADOS DA SISTEMATIZAÇÃO DAS EMENTAS

Neste capítulo, pretende-se identificar, num primeiro momento, os contextos

das ações relacionados às decisões dos magistrados do TJPR, nos casos em que o

MST é citado. Para tanto, foram consideradas as ementas dos acórdãos, disponíveis

para consulta no site da instituição (www.tjpr.jus.br) nos últimos 10 anos: de 2002 a

setembro de 2011. A consulta realizada utilizou o verbete “MST” e obteve como

resultado 50 acórdãos (ver Anexo A).

Como forma de sistematizar os dados coletados, com base em uma análise

quantitativa e qualitativa, foram elaboradas oito perguntas para identificar quais os

contextos das ações do MST relacionadas às decisões dos magistrados, assim

como – se há ou não procedimentos e elementos comuns nos julgados,

caracterizando-se como favoráveis ou desfavoráveis ao MST. As perguntas são as

seguintes:

1. O MST é parte? Em qual polo, autor ou réu? Recorrente ou recorrido?

2. Qual o tipo de ação e recurso? Classificada em Cível ou Criminal; a espécie

da ação; e do recurso.

3. O Estado é considerado responsável pelas ações do MST? (sim/não) Tem o

dever de indenizar os proprietários em razão da ocupação? (sim/não). O

Estado é considerado omisso quando não fornece reforço policial para as

operações de desocupação? (sim/não).

4. Quantas decisões utilizam como fundamento ou reforçam o direito à

propriedade privada? Quantas decisões tratam da função social da terra?

5. Utiliza-se a expressão “ocupação” ou “invasão”? Quantas vezes aparece na

ementa?

6. Sob a ótica do senso comum, foram usados termos ou juízos de valor

negativos em referência ao movimento, suas causas ou ações? Quais?

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7. Existem expressões jurídicas que possuem conotação negativa quando

empregadas em relação aos integrantes do MST ou aos seus atos? Quais?

8. As informações prestadas pela mídia são levadas em consideração na

decisão?

Em relação à primeira pergunta, a pesquisa demonstrou que o MST era

parte em 26 processos, em uma ação consta como autor e todas as ações restantes

como réu. Destes, 20 processos são autores os proprietários de imóveis rurais, 03

são de autoria do Ministério Público e 02 são promovidos por concessionária de

rodovias.

MST (Parte)

MST (Autor)

Proprietário (autor)

MP (Autor)

Concessionária (autora)

52% 3,84% 76,92% 11, 54% 7,69%

Quadro 1.

Nos outros 24 processos nos quais o MST não atuou: 20 são ações

promovidas por proprietários contra o Estado, 02 são ações promovidas pelo

Ministério Público contra seguranças da fazenda, e 02 são ações com discussões

entre particulares (não envolvendo o MST, apesar de ter sido citado na ementa).

MST (Não é parte) Proprietário (autor) MP (autor) Particulares (autor)

48% 83,33% 8,33% 8,33%

Quadro 2.

Portanto, das 50 ementas pesquisadas os proprietários rurais figuram como

autores em 40 ações (correspondente a 80% do total), o que demonstra a

capacidade, possibilidade e interesse em maior grau de buscar o judiciário em

relação ao MST para resolver os conflitos nos quais estão envolvidos. Deste modo,

os donos de terra têm maior acesso ao Poder Judiciário do que os militantes,

restando a estes apenas contestar as alegações daqueles em situação de

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desvantagem. A única ação que o MST moveu contra o proprietário do imóvel

ocupado foi para cobrar pelo cultivo de plantações na área, sendo que o magistrado

de primeiro e segundo graus não deferiram o ressarcimento sob a alegação de que

a ocupação era ilegal (acórdão nº 047, Anexo A).

Em relação aos recursos, vale explicar que há interesse em recorrer por

parte de quem teve uma decisão desfavorável contra si e uma mesma decisão pode

acarretar recurso de mais de uma parte (tanto autor quanto réu, e ainda de terceiro

prejudicado pela decisão), porém todos os recursos são julgados em acórdão único.

Então, apesar de serem 50 acórdãos, isto não significa que são apenas 50 recursos.

Na pesquisa realizada, há 65 recursos no total, isto significa que em 15 decisões

houve recurso do autor e do réu. Cabe salientar ainda que nas ações em que o

Estado figura como parte, a reanálise da sentença final pelo Tribunal é obrigatória,

chamando-se de reexame necessário (função similar ao recurso de apelação).

O MST recorreu em 22 processos no qual era parte (26), ou seja, em

84,62% das decisões tomadas em primeiro grau foram desfavoráveis ao movimento

para ensejarem interposição de recursos ao Tribunal de Justiça. Em 19 dessas

decisões, os recursos eram apenas do MST, de 02 decisões recorreram o MST e

proprietários rurais, em 01 ação o MST e o Ministério Público.

Dos processos que o MST não é parte (24), há 18 recursos por parte dos

proprietários rurais (sendo que 02 destes recursos se referem às ações em que o

MST não está envolvido), 17 recursos do Estado – justamente nas ações onde os

donos da terra cobram do Estado a responsabilidade pela ações do MST -, e 02

recursos são do Ministério Público.

Relação de recursos (65) e as partes que os interpuseram:

MST Proprietário Estado MP

22 recursos

34.4%

23 recursos

35.9%

17 recursos

25%

3 recursos

4.7%

Quadro 3.

Ainda foi possível verificar que dos 50 acórdãos pesquisados, apenas 04 se

referem a ações criminais (8%), sendo que as 46 restantes são da área cível (92%).

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No âmbito criminal, dois acórdãos são de réus (seguranças da fazenda) que

foram presos em flagrante delito39 por terem atirado contra integrantes do MST,

sendo denunciados por tentativa de homicídio, e que receberam a liberdade

provisória40. Apesar da interposição do Recurso em Sentido Estrito41

Outro acórdão negou o pedido de Habeas Corpus do denunciado (pois

haveria indícios do integrante do MST ter sido um dos mandantes da emboscada

contra o administrador da fazenda) e a prisão preventiva seria necessária para

garantir a ordem pública, pois estaria abalada diante dos constantes conflitos entre

os integrantes do MST e os fazendeiros da região e também pela apreensão de

armas no acampamento.

pelo Ministério

Público requerendo a prisão cautelar, o Tribunal manteve a decisão por entender

que os recorridos em um ano de liberdade não teriam praticado atos que

justificassem a prisão cautelar.

A quarta decisão do Tribunal de Justiça indeferiu o pedido de

desaforamento42

Deste modo, apesar da tentativa de criminalização das ações do MST, os

processos criminais envolvendo o movimento são em número reduzido. Denota-se

que os militantes também sofrem ameaças e figuram como vitimas das ações dos

(seguranças dos) fazendeiros. No caso houve flagrante de tentativa de homicídio,

mesmo assim os denunciados puderam aguardar o trâmite do processo em

liberdade; enquanto a única ocorrência em que consta um integrante do MST como

denunciado – onde somente havia indícios de autoria –, optou-se por manter a

prisão cautelar para garantir a ordem pública. Na primeira situação,consta na

por ausência de necessidade.

39 “Flagrante delito. É assim a evidência do crime, quando ainda o criminoso ou agressor o está cometendo, ou quando, após sua prática, pelos claros vestígios de o ter cometido, é surpreendido no mesmo local, ou é perseguido, quando foge pelo clamor público.” (SILVA, 2005, p. 625). 40 “Liberdade provisória. Cânone constitucional (art. 5º, LXVI), pressupõe que o acusado esteja preso e se diz provisória, porque pode a qualquer momento ser revogada, caso o acusado infrinja alguma das condições que lhe forem impostas pelo benefício (não-comparecimento obrigatório perante a autoridade quando intimado; mudança de residência por mais de 8 dias sem comunicação à autoridade do lugar onde se encontra).” (Silva, 2005, p. 844/845). 41 “Recurso em Sentido Estrito. É o remédio legal processual penal contra decisão (exceto despacho de mero expediente), sobre a qual não há recurso, e sentença extintiva do processo com ou sem julgamento do mérito.” (Silva, 2005, p. 1171); 42 O desaforamento está previsto no art. 427 do Código de Processo Penal: “Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.”

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fundamentação da decisão que existiriam duas versões para o fato: os denunciados

apenas estariam fazendo a segurança da propriedade e as agressões teriam partido

dos integrantes do MST ao invés dos seguranças. No segundo caso, foi ressaltado o

conflito entre os militantes e fazendeiros, mas somente foi mencionada a apreensão

de armas no acampamento do movimento, sem constar se os proprietários de terra

também teriam armamento. Portanto, observa-se o privilégio de tratamento daqueles

que apoiam as causas dos latifundiários e a repressão e marginalização dos

integrantes do MST.

Neste sentido, deve-se destacar o relatório da Américas Watch, “Violência

Rural no Brasil”, que apurou a ocorrência de “1.565 casos de mortes de pessoas

ligadas à luta pela terra em todo o Brasil, de 1964 a 1989, para mostrar a

‘impunidade’ reinante no campo, pois somente 17 casos foram julgados.” (Apud

JUSTO, 2002, p. 16-17).

Justo faz uma síntese do pensamento de alguns autores acerca da

impunidade pelos crimes cometidos contra trabalhadores rurais:

Basicamente para Tavares dos Santos (1992a:142; 1992b: 7) e Medeiros (1996: 140) a permanência da violência associa-se à ‘impunidade’ dos responsáveis por tal e à convivência e a participação de agentes do Estado nas ações violentas. Quer dizer, para esses dois autores, a situação demanda uma ação punitiva por parte do Estado que sirva para contê-la. Sigaud expressa que só resta aos trabalhadores rurais pressionarem o Estado para que este reconheça e aja contra aquela violência. Almeida mostra que parte dos assassinatos no campo é em locais públicos, resultantes de uma ‘criminalidade organizada’ que tem certeza da ‘impunidade’ destes atos. (JUSTO, 2002, p. 41).

Na área cível foram encontradas 10 ações de reintegração de posse43; 20

ações de indenização por danos (morais44, materiais45 e lucros cessantes46

43 “Reintegração da posse. Juridicamente, é a restituição, recuperação ou reocupação da coisa, de cuja posse se foi, violentamente, privado. Assim, na terminologia forense, designa ainda a ação, de que se utiliza o possuidor esbulhado, para recuperar a posse perdida ou ser restituído nela. Dessa forma, a reintegração de posse é admitida diante do esbulho, do desapossamento violento ou clandestino.” (Silva, 2005, p. 1191).

); 10

44 “Dano moral. Assim se diz da ofensa ou violação que não vem ferir os bens patrimoniais, propriamente ditos, de uma pessoa, mas os seus bens de ordem moral, tais sejam os que se referem à sua liberdade, à sua honra, à sua pessoa ou à sua família.” (Silva, 2005, p. 410). 45 “Dano Material. Assim se diz da perda ou do prejuízo que fere diretamente um bem patrimonial, diminuindo o valor dele, restringindo a sua utilidade, ou mesmo a anulando.” (Silva, 2005, p. 410). 46 “Lucros cessantes. É a expressão usada para distinguir os lucros, de que fomos privados, e que deveriam vir ao nosso patrimônio, em virtude de impedimento decorrente de fato ou ato, não

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ações de interdito proibitório47; 01 uma ação de alimentos48; 01 uma ação

possessória49

; 02 duas ações de medida cautelar incidental de produção antecipada

de provas; 01 uma ação de cobrança; e 01 uma ação declaratória de inexigibilidade

de débito c/c perdas e danos.

Ações (50) Percentagem

Reintegração de posse 20%

Indenização por danos 40%

Interdito proibitório 20%

Alimentos 02%

Possessória 02%

Cautelar de produção de provas 04%

Cobrança 02%

Inexigibilidade de débito 02%

Quadro 4.

Das duas ações não se relacionam diretamente com o MST: uma delas diz

respeito à ação de alimentos, na qual o alimentante alega que não teria obtido renda

dos imóveis rurais em razão da ocupação das terras pelo MST, e a outra se refere a

acontecido ou praticado por nossa vontade. São, assim, os ganhos que eram certos ou próprios ao nosso direito, que foram frustrados por ato alheio ou fato de outrem.” (Silva, 2005, p. 868). 47 “Interdito. Quer significar a ordem ou mandado, expedido pelo magistrado, para que se torne defesa a prática de certo ato, a feitura de alguma coisa, ou se proteja um direito individual.” (Silva, 2005, p. 758). 48 “Ação de Alimentos. Direito que assiste a uma pessoa para exigir de outra, diante de uma situação de parentesco, os alimentos ou provisões de que necessita para garantia de sua subsistência. Desse modo é a ação que gera o direito de exigir alimentos, diante do qual a pessoa se vê na obrigação de prestá-los, consoante determinação da própria lei.” (Silva, 2005, p. 16). 49 “Ação possessória. É a ação própria para defesa da posse provada. Por essa razão, a ação possessória tem a precípua finalidade de correr em proteção do possuidor da coisa contra os atos de violência ou de esbulho, que a atinjam ou a possam atingir. Quer isto dizer que não se faz mister que a turbação ou o esbulho hajam sido efetivados. Basta que, por justo receio, se encontre na iminência de uma violência. E seja para manter-se na posse, ou para que ela lhe seja restituída, os atos de defesa ou de esforço legal, que se efetivam pela ação possessória, devem ser imediatos.” (Silva, 2005, p. 43).

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uma ação de inexigibilidade de débito, para excluir a responsabilidade contratual

ante a ocupação e desapropriação de terras.

No tocante à natureza dos recursos (65), observa-se a seguinte distribuição:

03 embargos de declaração (ED)50, 36 apelações (AC)51 – 15 reexames

necessários52 (Reex), 07 agravos de instrumento53 (AI), 01 desaforamento, 02

recursos em sentido estrito54 (RESE), 01 Habeas Corpus55

(HC).

AC Reex AI ED RESE HC Desaforamento

55,4% 23,1% 10,8% 4,6% 3,0% 1,5% 1,5%

Quadro 5.

Nas ações movidas contra o Estado, os proprietários visavam

responsabilizar civilmente o Estado por omissão em não prestar reforço policial para

desocupação das áreas, requerendo indenização por danos materiais, morais e

lucros cessantes, obtendo êxito em 18 recursos. Logo, cabível uma critica ao

sistema, porque é sabido que o MST é composto em sua grande maioria por famílias

e pessoas de baixa renda, por trabalhadores com anseio de ter a própria terra para

cultivar e conseguir ter o básico para uma vida digna (alimentação, moradia, acesso

à saúde, educação e lazer) (CARTER,2010), contudo o Estado não é penalizado

pela omissão em prestar assistência. Entretanto, o Estado foi condenado a pagar

indenização por danos aos proprietários de terra, incluindo àqueles em que foram

efetivadas as desapropriações pelo INCRA, ou seja, além de não cumprirem com a

50 Embargos de declaração é o instrumento jurídico utilizado para requerer ao magistrado que sane obscuridade, contradição ou omissão na decisão, com base no artigo 535 do Código de Processo Civil. 51 A apelação é o recurso cabível contra a sentença e é dirigida a um Tribunal Superior, para permitir a reanalise da matéria posta na ação, conforme artigos 513, 514 e 515 do Código de Processo Civil. 52 Quando o Estado é parte no processo a sentença somente produz efeitos depois de reanalisada pelo segundo grau, por isso a denominação de reexame necessário, segundo o artigo 475 do Código de Processo Civil. 53 O agravo de instrumento é o recurso cabível contra decisões interlocutórias, não colocam fim ao processo, e que possam causar lesão grave ou de difícil reparação, segundo o artigo 522 do Código de Processo Civil. 54 É o recurso utilizado no âmbito criminal contra as decisões interlocutórias, conforme o artigo 581 do Código de Processo Penal. 55 O Habeas Corpus é o instrumento jurídico utilizado para assegurar a liberdade de ir e vir da pessoa, sendo utilizado quando alguém sofre ou está para sofrer coação, prisão, conforme o artigo 647 do Código de Processo Penal.

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função social, os latifundiários recebem pela terra desapropriada e ganham

indenização por danos morais pela ocupação do MST.

Todos os recursos que tratavam da questão da posse (35 acórdãos – 70%)

reforçavam a ideia de garantia à propriedade privada e nenhuma decisão fez

qualquer menção ou reflexão acerca do princípio da função social da propriedade.

Justo disserta acerca da pressão jurídica dos mandatos de reintegração de

posse contra os camponeses posseiros:

Uma das formas comuns de ‘violência’ contra o camponês posseiro é uma série de pressões jurídicas dos mandatos de reintegração de posse. Sendo assim, a população camponesa continua sendo alvo comum dos aparelhos de controle coercitivo do Estado desde o Império (Cf. Franco, 1969), mudando o contexto histórico e o motivo da violência. No contexto atual, o camponês procura o Judiciário, luta por justiça e, no entanto, fazendeiros quase não figuram nos processos penais. (JUSTO, 2002, p. 161)

Morissawa (2001, p. 132) explica a diferença entre as expressões

“ocupação” e “invasão” de terras; esta “significa um ato de força para tomar alguma

coisa de alguém em proveito particular”, possui conotação negativa, enquanto

aquela diz respeito ao “preenchimento de um espaço vazio”, no caso, o MST apenas

ocuparia as terras que não cumprem a função social (terras griladas, latifúndios por

exploração, fazendas improdutivas ou terras devolutas).

No site oficial do MST há uma explicação quanto ao porquê da utilização do

termo “ocupação” em vez de “invasão”:

O termo invasão é utilizado pelo Código Penal para identificar o crime de esbulho possessório. O termo ocupação é utilizado pela sociologia e geografia para designar o processo de apropriação do espaço geográfico pelo homem. É possível dizer que todo espaço territorial que está sendo utilizado em desacordo com a lei, está vazio, e, portanto, pode ser ocupado, desde que tal ocupação seja com a intenção de dar àquele espaço uma utilidade social. (MST, 2006).

Dos 50 acórdãos pesquisados, 40 utilizam a expressão “invadir”, “invasores”

ou “invadido” (80%), totalizando 63 ocorrências. Por outro lado, as expressões

“ocupação”, “ocupantes” ou “ocupado” apareceram somente em 5 acórdãos (10%),

totalizando 6 ocorrências. Contudo, uma das expressões veio acompanhada do

adjetivo “ilegal” (ocupação ilegal) e duas decisões utilizavam também o termo

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invasão e suas variantes. Logo, somente 02 decisões (04%) empregaram o termo

ocupação sem nenhum outro adjetivo de cunho negativo.

Portanto, nos acórdãos pesquisados, os magistrados empregaram uma

terminologia negativa em relação aos atos praticados pelo MST. O movimento

previamente avalia as terras a serem ocupadas, buscando àquelas que não

cumprem a função social, conforme informado no site:

De acordo com a Constituição Federal, terras que não cumprem sua função social devem ser destinadas à Reforma Agrária. Para o MST, lembrar do artigo 184 é reiterar que a reestruturação fundiária é urgente e necessária no Brasil. “Toda propriedade que não cumpre com sua função social pode e deve ser ocupada pelos trabalhadores rurais sem terra”, afirma Juvelino Strozake, advogado e integrante do Setor de Direitos Humanos do Movimento Sem Terra. [...] A Constituição Federal não utiliza o conceito de terras improdutivas, mas afirma que as terras que não cumprem a função social serão desapropriadas e destinadas para a Reforma Agrária. Portanto, partindo deste conceito, é possível dizer que as terras que não cumprem a função social não estão protegidas pela lei. Ou seja, toda propriedade que não cumpre com sua função social pode e deve ser ocupada pelos trabalhadores rurais sem terra. (MST, 2006).

Além desse emprego da expressão “invadir” e variantes, existem 12

acórdãos contendo frases e termos com juízo de valor negativo e reprovação ao

MST ou às suas práticas. Refletindo sobre cada frase ou termo selecionado, chega-

se às seguintes conclusões:

Texto do acórdão Explicação/reflexão sobre

“Cabíveis os danos morais, em

casos tais, especialmente quando a

invasão e respectiva omissão do Estado

causaram grande sofrimento, transtorno

e humilhação ao suplicante.”

Os militantes apenas ocupam terras

ociosas porque já se encontram em um

estágio de “sofrimento, transtorno e

humilhação” por viverem embaixo de

lonas, acampamentos sem infra-

estrutura adequada – com falta de

saneamento básico: rede de esgoto,

água e eletrificação. Nas palavras de

Sigaud(2010, p. 239): “a vida no

acampamento frequentemente descrita

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como um estar debaixo da lona preta

que indicava uma situação de penúria e

de sujeição às intempéries: chuva, calor

excessivo durante o dia e frio à noite.”

“Na evidência de que o

agravante não tem obtido renda de

quaisquer de seus imóveis rurais, uma

vez que todos se encontram invadidos

pelo MST”

Denota o prejuízo que a “invasão” do

MST está causando ao proprietário do

imóvel: ausência de renda/lucro.

“Autores molestados na posse” Observa-se a conotação negativa do

verbo molestar, tendo em vista que

significa “desservir; causar dano ou

prejuízo; ofender, melindrar; desgostar,

penalizar”.

“ [...] energia elétrica consumida

pelos invasores fazenda que foi

totalmente invadida inexistência de

prova da alegada continuidade das

atividades da fazenda”

Culpa os militantes pelo uso da energia

elétrica do imóvel “invadido” e por ter

impedido o desenvolvimento das

atividades da propriedade rural.

“a recusa manifesta pelo Estado

do Paraná representa o patrocínio da

ilegalidade, contra o cumprimento da lei,

a paz e o equilíbrio social, passível de

reparação pelos danos causados ao

proprietário da área rural invadida por

integrantes do movimento sem terra.”

Taxa as ações do MST de ilegais e

repreende a atuação do Estado ao

apoiar os movimentos sociais.

“[...] a invasão e respectiva

omissão do Estado causaram grande

sofrimento, transtorno e humilhação ao

suplicante.”

Igual à primeira explicação.

“Artifício de retirada e retorno”. A frase “artifício de retirada e retorno”

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“O MST não dá mostra de sujeição às

leis do país ou às decisões judiciais”.

“[...]se comportam como um

agrupamento com leis próprias cuja

bandeira não é verde e amarela.”

refere-se ao fato do Poder Judiciário ter

ordenado a reintegração de posse, os

militantes efetuaram a desocupação,

mas posteriormente retornaram ao

imóvel. O termo “artifício” pelo dicionário

Aurélio significa “recurso engenhoso;

ardil concebido com arte e malícia” .

- “Grupos como o M.S.T., [...],

buscam por meio da violência e da

quebra da ordem legal sanar suas

necessidades básicas, afetando todavia

direitos também constitucionalmente

protegidos de outros cidadãos.”

“Ação ilegal de grupos de

trabalhadores rurais em verdade

carentes, mas cognominados de

‘oprimidos’",

“[...]se comportam como um

agrupamento com leis próprias cuja

bandeira não é verde e amarela.”

Taxa como ilegal as ações do MST.

Considera que as lutas dos militantes

não são legítimas do povo brasileiro.

“O agravamento dos danos,

especialmente no que diz respeito à

matança de animais, furtos e demais

atos de vandalismo.”

Criminaliza as ações do MST.

“pessoas ligadas ao MST”

A expressão recorda outras

utilizadas no âmbito criminal como

“pessoas ligadas ao tráfico”, “pessoas

ligadas à organização criminosa”.

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“Desvalorização de imóvel que é

resultado da atuação exclusiva do MST”.

Recrimina a atuação do MST.

“Existindo fatos concretos que

indicam a necessidade da garantia da

ordem pública que se encontra

fortemente abalada com os constates

conflitos entre integrantes do MST e

fazendeiros da região, como pelas

inúmeras armas apreendidas nos

acampamentos dos integrantes do

MST.”

Aponta o MST como grupo violento.

12 - “Os sem-terra só puderam

praticar os atos lesivos descritos”.

Taxa como lesivo os atos praticados

pelo MST.

Quadro 6.

As expressões e frases negativas em relação ao MST se concentram em

taxá-los como bandidos, perigosos, contrários à lei, causadores de danos à

propriedade alheia e ao bem estar social. Portanto, observa-se a necessidade do

MST demonstrar que suas ações são amparadas legalmente e a desordem e atos

de vandalismos não fazem parte da filosofia do movimento.

Cabe aos militantes evidenciar que o MST possui reconhecimento

internacional pelas suas práticas e ações, inclusive recebendo prêmios, como por

exemplo o Prêmio Anual de Soberania Alimentar, em 2011, pela Coalizão

Comunidade Soberania Alimentar (Community Food Security Coalition – CFSC), na

Califórnia, cujo diretor executivo, Andrew Fisher, destacou:

O MST foi escolhido para receber o prêmio devido ao excelente trabalho, promovendo soberania alimentar através da conscientização da população, ações em nível local, desenvolvendo e implementando programas e políticas; reconhecendo a importância de ações coletivas para que ocorram mudanças sociais; reconhecendo as conecções globais no trabalho de soberania alimentar e demonstrando claro reconhecimento da importância de mulheres nas questões de agricultura e alimentação.(Apud: Linha Direta 2011.)

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Além das frases e termos mencionados, também pode ser destacado o

emprego de expressões jurídicas que possuem conotação negativa ou, pelo seu

contexto, atribuem juízo de valor ao MST, em 28 ementas, tais como: esbulho,

turbação, dano, emboscada, reforço policial, (cabimento de) penalidade, (cabimento

de) multa, ameaça de invasão, Boletins de Ocorrência, evento danoso, danos

sofridos.

Por fim, vale dizer que em cinco ementas foi possível verificar que o

magistrado levou em consideração as notícias publicadas pela mídia, sendo que em

dois acórdãos constaram expressamente a referência: “Entrevistas pelos meios de

comunicação” e “notícias veiculadas na imprensa sobre possível invasão”; e outras

três decisões apareceram de forma indireta quando mencionam “fato público e

notório”, pois um fato pode ser considerado notório “quando faz parte da cultura do

‘homem médio’ situado no lugar e no momento em que a decisão é proferida, assim

como, por exemplo, eventos da vida social, política e econômica” podendo ser

presenciado pelo público ou transmitido ao conhecimento do público, “note-se que

os meios de comunicação de massa podem transmitir um fato ao vivo ou levar o seu

acontecimento à população, motivo pelo qual importam tanto para a imediata

notoriedade quanto para a sua posterior formação” (MARINONI, 2006, p. 282). É

notória, portanto, a necessidade de estreitamento de laços entre o “maior movimento

social do mundo”56

56 Afirmação feita em entrevista para o Jornal Gazeta do Povo.

(Chomski,apud Galindo, 2009) e o judiciário paranaense; a

formulação de um canal de comunicação, apresentando os fatos sob a ótica do

MST, pode ser uma ferramenta usada em prol desse objetivo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a análise das ementas, foi possível observar que a maioria das ações

neste estado é de âmbito cível, com apenas quatro ocorrências de recursos

criminais, sendo que duas são de crimes praticados por seguranças de fazendeiros.

Constatação esta que contraria o discurso do MST ser um grupo que pratica crimes

e atos de vandalismos. Também foi evidenciada a preferência de proteção à

propriedade privada, inclusive com indenizações do Estado aos proprietários (com

recursos de toda a coletividade), em detrimento do direito à terra para trabalho e

moradia, assistência básica aos militantes. Outro ponto de relevância desta pesquisa

foi a confirmação do uso de termos pejorativos do judiciário paranaense para se

referir ao MST e suas ações, com adoção da terminologia “invasão” ao invés de

“ocupação”.

O trabalho foi realizado partindo-se da premissa que o MST ainda não

possui um canal de comunicação com o Poder Judiciário Estadual Paranaense,

enquanto a FAEP dissemina os interesses da UDR aos magistrados, por intermédio

de Boletins Informativos distribuídos quinzenalmente.

A proposta da criação desse canal pode ser validada com base nas

pesquisas e nas observações aqui apresentadas. Diante da importância da mídia na

formação de opinião das massas, especialmente em relação aos movimentos

sociais, desenvolver um novo canal de comunicação que alcance os membros do

TJPR (e posteriormente aos Tribunais de Justiça de outros estados) se faz

necessário.

Foi possível observar que os ruralistas e o MST possuem posições

ideológicas distintas e conflitantes, travando uma luta de classes, conforme a

concepção marxista. A discussão entre ambos os grupos foi analisada no campo

judicial, por intermédio da sistematização das ementas dos acórdãos proferidos pelo

TJPR. Os juristas podem extrair diversas interpretações da lei de acordo com seu

conhecimento prévio do assunto, o que interfere nos resultados apresentados pela

justiça institucionalizada.

Como resultado da sistematização das ementas desta pesquisa, constatou-

se que os proprietários rurais movem muito mais ações que os militantes e que os

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recursos para o Tribunal também dão êxito àqueles. Os termos e referências ao

MST são, em grande porcentagem, pejorativos e tendenciosos no sentido de

marginalizar o movimento e suas ações, em que pese tenha sido encontrado

pequeno número de ações na seara criminal.

Desta forma, identificou-se que a preocupação do MST em construir uma

comunicação com os militantes deve ser ampliada com o objetivo de atingir outros

públicos. A comunicação é um espaço de luta política, e a ferramenta utilizada seria

um instrumento democrático com cunho de formação e informação, que estimule a

consciência política.

Nas decisões do TJPR, é possível extrair que não há aceitação do

movimento;por isso a ferramenta escolhida deve ser nova e com uma linguagem

específica: o MST deverá atentar que o público alvo não se refere a militantes e

simpatizantes do movimento e de suas ações, ao contrário dos outros meios de

comunicação já desenvolvidos pelo grupo.

Deste modo, por se tratarem de magistrados, possuem no mínimo

bacharelado em direito, voltados para o estudo e leitura (existindo pós-graduados,

mestres e doutores), a linguagem desenvolvida no veículo de comunicação tem que

seguir a norma padrão, evitar os termos coloquiais e expressões próprias do grupo.

Além do mais, em razão de haver decisões judiciais caracterizando o MST como

contrários à lei, é preciso que os textos e materiais produzidos pelo movimento

possuam fundamentação técnico-jurídica. Portanto, os militantes precisam

demonstrar aos magistrados que suas ações são realizadas com permissivos legais,

destacando as interpretações da lei que privilegiam a função social da propriedade.

E, ainda, os militantes necessitam da tutela estatal e da intervenção do Poder

Público para conquistarem as garantias previstas constitucionalmente (art. 5º, 6º,

CF) – como moradia, trabalho, alimentação, saneamento básico, escolas -, logo, o

movimento não foi criado para quebrar com a ordem social, mas sim para

restabelecê-la.

Assim, o MST pode divulgar as suas ações sociais, mostrar que tem agido

positivamente na vida dos trabalhadores rurais e que juntos conseguem crescer e se

desenvolverem sócio-economicamente. Da mesma forma, interessante noticiar os

prêmios que recebe para evidenciar os frutos de suas ações. E, sobretudo,

evidenciar quais são os objetivos do MST, pois estes não se resumem a ocupações

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de terra, apesar de as ocupações serem formas legítimas de se conquistar direitos

previstos em lei e negados na prática.

O desenvolvimento de um meio de comunicação com o Judiciário pode ser

ferramenta útil aos trabalhadores rurais, para combater o estereótipo de “foras da lei”

e contribuir para que os magistrados tenham acesso à situação do MST,

propiciando visão dialética nos julgamentos.

Sabendo que a mídia desempenha um papel importante junto aos

movimentos sociais, que o MST usufrua de seu poder de comunicar para transmitir

as suas verdades, desafios, vitórias e objetivos. Toda e qualquer atitude que

contribua para a formação de uma sociedade mais justa e consciente é válida, e

criar mais um meio que dê voz ao MST pode resultar, futuramente, em tratamento

imparcial dos magistrados (sem a conotação negativa relativa aos militantes). A

preparação de políticas de comunicação direcionadas pode ser útil ao movimento

para combater o discurso de proteção irrestrita e irrefletida à propriedade privada

cultivado historicamente pelos grandes proprietários de terra brasileiros e

materializado por meio das ações da UDR a partir da sua fundação.

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ANEXOS

01) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. INVASÃO DE FAZENDA PELO MOVIMENTO DOS SEM TERRA. MST. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA. CERTIDÃO ATESTANDO A CITAÇÃO DO EMBARGANTE. PROVAS TESTEMUNHAIS. ENTREVISTAS PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO. RECONHECIMENTO DA LEGITIMIDADE. REPETIÇÃO DA FUNDAMENTAÇÃO JÁ ANALISADA. FALTA DE ARGUMENTOS OU PROVAS CAPAZES DE DESCONSTITUIR OS FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO RECORRIDO. SIMPLES INCONFORMISMO. CONTRADIÇÃO INEXISTENTE. ACÓRDÃO MANTIDO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. (TJPR - 17ª C.Cível - EDC 0659937-5/01 - Paranacity - Rel.: Des. Stewalt Camargo Filho - Unânime - J. 22.06.2011) 02) AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS C.C. LUCROS CESSANTES - OMISSÃO (ESPECÍFICA, NÃO GENÉRICA) DO ESTADO NO CUMPRIMENTO DE ORDENS DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE, EM FACE DE INTEGRANTES DO MST (MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA) - RESPONSABILIDADE CONFIGURADA - DANOS MATERIAIS COMPROVADOS E QUE SERÃO DEFINIDOS EM LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA - DANOS MORAIS CABIMENTO REDUÇÃO, CONTUDO, DO QUANTUM ARBITRADO - JUROS DE MORA A CONTAR DO EVENTO DANOSO - SÚMULA 54 DO STJ SUCUMBÊNCIA - READEQUAÇÃO - AGRAVO RETIDO DESPROVIDO - APELAÇÕES PARCIALMENTE PROVIDAS E SENTENÇA REFORMADA EM PARTE, EM REEXAME NECESSÁRIO. 1 - De acordo com o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (RE 283989/PR - Rel. Min. ILMAR GALVÃO) "caracteriza-se a responsabilidade civil objetiva do Poder Público em decorrência de danos causados, por invasores, em propriedade particular, quando o Estado se omite no cumprimento de ordem judicial para envio de força policial ao imóvel invadido. Recursos Extraordinários não conhecidos". 2 - Como ensina o Desembargador e doutrinador SERGIO CAVALIERI FILHO in PROGRAMA DE RESPONSABILIDADE CIVIL - 5ª ed., págs. 248 e 273, citando o jurista Guilherme Couto de Castro, "não é correto dizer, sempre, que toda hipótese de dano proveniente de omissão estatal será encarada, inevitavelmente, pelo ângulo subjetivo. Assim o será quando se tratar de omissão genérica. Não quando houver omissão específica, pois aí há dever individualizado de agir (A responsabilidade civil objetiva no Direito Brasileiro, Forense, 1997, p. 37)". 3 - Cabíveis os danos morais, em casos tais, especialmente quando a invasão e respectiva omissão do Estado causaram grande sofrimento, transtorno e humilhação ao suplicante. Assim, pelas circunstâncias do caso concreto, tempo de duração do conflito, peculiar condição das partes e demais aspectos, relevantes, trazidos na apelação, razoável o arbitramento em R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais) que, com juros de mora a contar da data do evento, ultrapassa os cem mil reais, assim considerado pela Câmara em caso

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similar. (TJPR - 2ª C.Cível - ACR 0762234-6 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Antônio Renato Strapasson - Unânime - J. 17.05.2011) 03) ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO DE OFÍCIO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO E AÇÃO CAUTELAR INCIDENTAL. INVASÃO DE PROPRIEDADE RURAL POR INTEGRANTES DO MOVIMENTO SEM TERRA (MST). AUSÊNCIA DE DESIGNAÇÃO DE FORÇA POLICIAL PARA O CUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE LIMINARMENTE CONCEDIDA E SÓ PARCIALMENTE CUMPRIDA. OCUPAÇÃO ILEGAL QUE DUROU MAIS DE 6 (SEIS) ANOS, ANTE A INÉRCIA DO ESTADO. DEVER DE INDENIZAR. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. VALOR DA INDENIZAÇÃO MANTIDO. DANOS MATERIAIS APURADOS EM PERÍCIA TÉCNICA REALIZADA NA AÇÃO CAUTELAR. PARCELA CABÍVEL AO ESTADO LIMITADA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MANTIDOS. REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS SUCUMBENCIAL. RECURSO DE APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA, QUANTO AO MAIS, EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO. - Embora a administração pública tenha atuado de forma omissiva, havia para o Estado um dever individualizado de agir, consistente no cumprimento imediato de uma ordem judicial. Assim, tratando-se de uma omissão especifica, a responsabilidade do ente publico é objetiva, devendo ser analisada à luz do art. 37, §6º da Constituição Federal, como o foi, no caso, pelo douto sentenciante. (TJPR - 1ª C.Cível - AC 0741993-0 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Desª Dulce Maria Cecconi - Unânime - J. 10.05.2011) 04) AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE INVASÃO DE FAZENDA PELO MST MOVIMENTO SEM TERRA LIMINAR CONCEDIDA E NÃO CUMPRIDA PELA FORÇA PÚBLICA DO AGRAVANTE FIXAÇÃO DE ASTREINTES - PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO CONCEDIDO CABIMENTO DA PENALIDADE IMPOSTA QUE DECORRE DE ATO ADMINISTRATIVO NÃO ORDENADO - RAZOABILIDADE DE DANO PROVÁVEL E DE DIFÍCIL REPARAÇÃO - FACULDADE EXCLUSIVA DO JUIZ NATURAL - IMPOSSIBILIDADE DE NOVO DECRETO QUANDO A DECISÃO CUMPRIU OS REQUISITOS LEGAIS E NÃO CONTÉM TERATOLOGIA DECISÃO AFETA AO PRUDENTE ARBÍTRIO DO JUIZ NECESSIDADE DE REGULAR INSTRUÇÃO E COLETA DE PROVAS EM AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO - SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA DESCABIDA - AGRAVO DESPROVIDO. (TJPR - 17ª C.Cível - AI 0709353-6 - Faxinal - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Fabian Schweitzer - Unânime - J. 23.02.2011) 05)

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APELAÇÃO CIVEL INTERDITO PROIBITÓRIO INSURGÊNCIA CONTRA A SENTENÇA QUE JULGOU IMPROCEDENTE A AÇÃO DESCABIDA NÃO PREENCHIDOS OS REQUISITOS DOS ARTIGOS 932 DO CPC E 1210 DO CC NÃO COMPROVAÇÃO DE AMEAÇA DE INVASÃO DA ÁREA PELOS INTEGRANTES DO MST. RECURSO DESPROVIDO (TJPR - 18ª C.Cível - AC 0722118-5 - Manoel Ribas - Rel.: Des. Roberto De Vicente - Unânime - J. 16.02.2011) 06) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE CUMULADA COM PEDIDO DE PERDAS E DANOS. LEGITIMIDADE PASSIVA "AD CAUSAM" RECONHECIDA. ELEMENTOS SUFICIENTES NOS AUTOS. INVASÃO DE FAZENDA PELO MST. REQUISITOS DO ARTIGO 927 DO CPC COMPROVADOS. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO REINTEGRATÓRIO. RATIFICAÇÃO DA CONCESSÃO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJPR - 17ª C.Cível - AC 0659937-5 - Paranacity - Rel.: Des. Stewalt Camargo Filho - Unânime - J. 06.10.2010) 07) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OMISSÃO VERIFICADA ACÓRDÃO QUE REDUZIU O VALOR DA VERBA ALIMENTAR COM BASE EM PRESUNÇÃO DE EXISTÊNCIA DE OUTRAS FONTES DE RENDA SÍTIOS CONTÍGUOS À FAZENDA INVADIDA IMÓVEIS QUE TAMBÉM ESTÃO INVADIDOS PELO MST AUSÊNCIA DE RENDIMENTO CONFORME DEMONSTRATIVO DE IMPOSTO DE RENDA ANUAL REDUÇÃO INDEVIDA CONCESSÃO DE EFEITO MODIFICATIVO EMBARGOS ACOLHIDOS. Na evidência de que o agravante não tem obtido renda de quaisquer de seus imóveis rurais, uma vez que todos se encontram invadidos pelo MST, fica afastada a presunção da existência de outras fontes de renda e, assim, indevida a redução do valor da verba alimentar concedida liminarmente. (TJPR - 3ª C.Cível - EDC 0564115-0/01 - Barbosa Ferraz - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Espedito Reis do Amaral - Unânime - J. 20.07.2010) 08) PROCESSO CIVIL. INTERDITO PROIBITÓRIO. IMÓVEL RURAL. MOVIMENTO SEM TERRA MST. INVASÃO EM ÁREA LINDEIRA AOS IMÓVEIS DOS AUTORES. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RÉU IDENTIFICADO QUE RECORRE DO DECISUM. ILEGITIMIDADE PASSIVA. INOCORRÊNCIA. PROVA INEQUÍVOCA DE QUE O APELANTE FIGURAVA COMO REPRESENTANTE DOS INVASORES. INDÍCIOS DE AMEAÇA DE TURBAÇÃO OU ESBULHO. BOLETINS DE OCORRÊNCIA. JUSTO RECEIO DOS AUTORES EM SEREM MOLESTADOS EM SUA POSSE CARACTERIZADO. RECURSO DESPROVIDO. 1. A ameaça de iminentes atos de turbação ou esbulho pode ser aferida pelo conjunto de circunstâncias, tais quais: invasão de outra propriedade; localização do réu junto aos

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invasores; citação operada em assentamento do MST. 2. Em ações que tratam de invasão coletiva, na qual é difícil identificar, na inicial, todos os réus, é válida a citação do líder do movimento, que se identifica e recebe pessoalmente a citação, prestando inclusive informações ao Oficial de Justiça. (TJPR - 17ª C.Cível - AC 0677565-7 - Lapa - Rel.: Des. Lauri Caetano da Silva - Unânime - J. 14.07.2010) 09) AGRAVO DE INSTRUMENTO PROCESSUAL CIVIL LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA POR ARTIGOS INSTRUMENTO FORMADO APENAS POR CÓPIA PARCIAL DA DECISÃO AGRAVADA CONHECIMENTO DO RECURSO SOMENTE NAS PARTES EM QUE É POSSÍVEL A COMPREENSÃO DA DECISÃO AGRAVADA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO INVASÃO DE FAZENDA POR INTEGRANTES DO MST APURAÇÃO DOS LUCROS CESSANTES NECESSIDADE DE AVERIGUAÇÃO DAS DESPESAS COM O PLANTIO E A COLHEITA E DAS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO (PRODUTIVIDADE, ÁREA QUE SERIA PLANTADA, COTAÇÃO DO PRODUTO) NA SAFRA QUE DEIXOU DE SEU PRODUZIDA, NÃO BASTANDO A MERA VERIFICAÇÃO DO FATURAMENTO BRUTO NA SAFRA ANTERIOR PROVAS, CONTUDO, NÃO PRODUZIDAS NOS AUTOS, ÔNUS DA LIQUIDANTE (ART. 333, I, DO CPC) ENERGIA ELÉTRICA CONSUMIDA PELOS INVASORES FAZENDA QUE FOI TOTALMENTE INVADIDA INEXISTÊNCIA DE PROVA DA ALEGADA CONTINUIDADE DAS ATIVIDADES DA FAZENDA, ÔNUS QUE CABIA AO RÉU (ART. 333, II, DO CPC LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DA ENERGIA ELÉTRICA AO PERÍODO EM QUE A FAZENDA FICOU EFETIVAMENTE OCUPADA CORREÇÃO MONETÁRIA A CONTAR DO EFETIVO DESEMBOLSO (SÚMULA Nº 43 DO STJ). RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR - 2ª C.Cível - AI 0631269-4 - Colorado - Rel.: Juíza Subst. 2º G. Josély Dittrich Ribas - Unânime - J. 08.06.2010) 10) APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO INVASÃO DE IMÓVEL RURAL POR INTEGRANTES DO DENOMINADO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST) - INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO - CERCEAMENTO DE DEFESA NECESSIDADE DA REALIZAÇÃO DE PROVA PERICIAL PARA AVALIAR A EXTENSÃO DOS DANOS E DIRIMIR QUESTÃO IMPRESCINDÍVEL À Apelação Cível nº 550.860-1 SOLUÇÃO DA LIDE - ANULAÇÃO DA SENTENÇA, COM O RETORNO DOS AUTOS À VARA DE ORIGEM. Apelos 1), 2) e recurso adesivo prejudicados. Reexame necessário provido. "`É viável determinar, de ofício, inclusive em 2º grau, a realização de nova perícia, quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida' (RJTJERGS 249/165, citado in Código de Processo Civil e legislação processual em vigor, Theotonio Negrão, 39ª Ed, p. 526)." (TJPR, Ap. Cív. nº 527.781-4, 7ª CC., rel. Desª. Dilmari Helena Kessler, ac. nº 15.364, publ. Em 14.09.09).

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(TJPR - 3ª C.Cível - ACR 0550860-1 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Ivan Bortoleto - Unânime - J. 13.04.2010) 11) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ INVASÃO DE IMÓVEL RURAL POR INTEGRANTES DO DENOMINADO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST). MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE OMISSÃO DO ESTADO NO FORNECIMENTO DE FORÇA POLICIAL. DESPROVIMENTO DO AGRAVO RETIDO QUANTO ÀS PRELIMINARES Apelação Cível nº 541.082-8 AVENTADAS PELO ESTADO DO PARANÁ. PRESCRIÇÃO INOCORRÊNCIA. NEXO CAUSAL E DANOS MATERIAIS COMPROVADOS. RESPONSABILIDADE DO ESTADO CARACTERIZADA INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS DEVIDA. CORRETO ACOLHIMENTO DA PROVA PERICIAL QUE LEVANTOU O VALOR DOS DANOS MATERIAIS SOFRIDOS PELOS AUTORES. IMPUGNAÇÃO GENÉRICA DO LAUDO QUE ESTÁ DEVIDAMENTE FUNDAMENTADO. ÍNDICE APLICADO E TERMO INICIAL PARA INCIDÊNCIA DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS CORRETAMENTE FIXADOS NA SENTENÇA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA DEVIDA PELO ESTADO DO PARANÁ AO PATRONO DOS AUTORES. Apelo 1) do Estado do Paraná e reexame necessário desprovidos. Apelo 2) de Irineu Codato provido. 1. O cumprimento das decisões emanadas do Poder Judiciário se constitui na viga mestre do regime democrático, por isto, a recusa manifesta pelo Estado do Paraná representa o patrocínio da ilegalidade, contra o cumprimento da lei, a paz e o equilíbrio Apelação Cível nº 541.082-8 social, passível de reparação pelos danos causados ao proprietário da área rural invadida por integrantes do movimento sem-terra. A responsabilidade civil da administração de indenizar decorre de ato culposo, através omissão, a qual, foi decisiva para a ocorrência dos prejuízos causados e sofridos pelo patrimônio particular. Precedentes jurisprudenciais. Acolhimento da decisão monocrática quanto ao mérito e do voto majoritário. Recurso. Rejeição. (TJPR, Emb. Inf. nº 538.36-7/01, II Grupo de Câmaras Cíveis, Rel. Des. Altair Patitucci, j. em 11.12.97) 2. O sistema jurídico brasileiro adota a responsabilidade civil objetiva do Estado sob a forma da Teoria do Risco Administrativo (art. 37, § 6º, da CF/881). Entretanto, quando o dano acontece em decorrência de uma suposta omissão do Estado é de se aplicar a teoria da responsabilidade subjetiva. 3. Na espécie, restou demonstrado o nexo causal, o dano e a culpa - requisitos necessários para gerar a Apelação Cível nº 541.082-8 responsabilidade civil do Estado do Paraná em indenizar. (TJPR - 3ª C.Cível - ACR 0541082-8 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Ivan Bortoleto - Unânime - J. 13.04.2010) 12) AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS INVASÃO DE TERRAS POR INTEGRANTES DO MST ORDEM JUDICIAL REINTEGRATÓRIA AUSÊNCIA DE AUXÍLIO POLICIAL PARA A DEVIDA DESOCUPAÇÃO DA PROPRIEDADE DECISÃO ATACADA QUE INDEFERIU O PEDIDO DE CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA QUE

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OBJETIVAVA A CONDENAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ AO PAGAMENTO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA SUSTENTO DA FAMÍLIA DO AGRAVANTE QUE ERA RETIRADO QUASE QUE EXCLUSIVAMENTE DO TRABALHO NA PROPRIEDADE OMISSÃO DO ESTADO EVIDENCIADA AO NÃO DAR CUMPRIMENTO À ORDEM JUDICIAL ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA REQUISITOS AUTORIZADORES PRESENTES VALOR DA PENSÃO FIXADA EM R$ 1.000,00 (UM MIL REAIS) CONSIDERANDO A REALIDADE FÁTICA RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. A concessão de tutela antecipada requer a presença de requisitos, materializados na prova inequívoca que convença da verossimilhança da alegação (caput, art. 273, CPC), além de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (inciso I) ou ainda, quando caracterizado o abuso de direito de defesa ou mesmo, o manifesto propósito protelatório do réu (inciso II). "O ordenamento positivo brasileiro não impede a concessão de tutela antecipada contra o Poder Público [...]. Na realidade, uma vez atendidos os pressupostos legais fixados no art. 273, I e II do CPC, na redação dada pela Lei nº 8952/94 e observadas as restrições estabelecidas na Lei nº 9494/97 (art. 1º) tornar-se-á lícito ao magistrado deferir tutela antecipada requerida contra a Fazenda Pública." (TJPR - 3ª C.Cível - AI 0564115-0 - Barbosa Ferraz - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Espedito Reis do Amaral - Unânime - J. 06.04.2010) 13) REEXAME NECESSÁRIO E APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INVASÃO DE PROPRIEDADE PARTICULAR POR INTEGRANTES DO MST. ORDEM DE DESOCUPAÇÃO NÃO CUMPRIDA POR OMISSÃO ESTATAL. RESPONSABILIDADE CONFIGURADA. DEVER DE INDENIZAR. DANOS MATERIAIS COMPROVADOS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA SOMENTE NO QUE SE REFERE À DATA DE INCIDÊNCIA DOS JUROS MORATÓRIOS. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. A lentidão do Estado em dar efetivo cumprimento à ordem judicial de reintegração de posse gera o dever de indenizar, desde que presentes os elementos da responsabilização civil. (TJPR - 1ª C.Cível - ACR 0649378-3 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Fernando César Zeni - Unânime - J. 30.03.2010) 14) PRIMEIRO AGRAVO RETIDO: PRELIMINAR DE INÉPCIA DA INICIAL. PEDIDOS QUE NÃO SÃO GENÉRICOS. LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA CONFIGURADAS. AGRAVO CONHECIDO E DESPROVIDO. SEGUNDO AGRAVO RETIDO: IMPUGNAÇÃO EXTEMPORÂNEA AO PERITO NOMEADO PELO JUIZ SINGULAR. PROFISSIONAL DEVIDAMENTE HABILITADO. DESNECESSÁRIA REALIZAÇÃO DE NOVA PROVA TÉCNICA. IMPUGNAÇÃO GENÉRICA DO LAUDO QUE ESTÁ DEVIDAMENTE FUNDAMENTADO. AGRAVO CONHECIDO E DESPROVIDO. APELAÇÃO: AÇÃO ORDINÁRIA DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. INVASÃO DE PROPRIEDADE RURAL PELO MOVIMENTO SEM TERRA (MST). AUSÊNCIA DE DESIGNAÇÃO DE FORÇA POLICIAL PARA CUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL DE REINTEGRAÇÃO DE

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POSSE. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO CONFIGURADA. DANOS DECORRENTES DA OCUPAÇÃO ILEGAL POR CERCA DE SETE ANOS DEVIDAMENTE DEMONSTRADOS. POSTERIOR VENDA DO IMÓVEL AO INCRA PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA QUE NÃO ESVAZIA O OBJETO DA DEMANDA. DEVIDA INDENIZAÇÃO PELO VALOR NECESSÁRIO À RECOMPOSIÇÃO DO STATUS QUO ANTE, EIS QUE A AVALIAÇÃO DO INCRA FOI FEITA APÓS ANOS DE OCUPAÇÃO, QUANDO DEFAZADO O VALOR DAS BENFEITORIAS. CORRETO ACOLHIMENTO DA PROVA PERICIAL QUE LEVANTOU O VALOR DOS DANOS MATERIAIS SOFRIDOS PELOS AUTORES. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. VALOR DA INDENIZAÇÃO MINORADO EM RAZÃO DE SUA FIXAÇÃO EM EXCESSO NA SENTENÇA A QUO. TERMO INICIAL PARA INCIDÊNCIA DE JUROS E ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA CORRETAMENTE FIXADO NA SENTENÇA. APELO VOLUNTÁRIO CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA REFORMADA PARCIALMENTE EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO QUANTO AO VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANOS EXTRAPATRIMONIAIS. (TJPR - 3ª C.Cível - ACR 0598009-2 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Paulo Roberto Vasconcelos - Unânime - J. 12.01.2010) 15) AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ÁREA RURAL. OCUPAÇÃO POR INTEGRANTES DO MOVIMENTO SEM TERRA - MST. INCRA. AUTARQUIA FEDERAL. NÃO INTEGRAÇÃO DA LIDE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. NULIDADE POR FALTA DE MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. INOCORRÊNCIA MANUTENÇÃO DA DECISÃO LIMINAR. RECURSO CONHECIDO E NEGADO. 1. Não se verificando qualquer avanço no procedimento administrativo que seria instaurado pelo INCRA, a fim de adquirir a área em conflito para fins de reforma agrária e, tendo em vista que a agravada não pode suportar por mais tempo a privação na posse do bem, não há justificativa plausível para a revogação da liminar de reintegração de posse concedida em primeiro grau de jurisdição. 2. Não há que se falar em incompetência da Justiça Estadual, quando o INCRA, autarquia federal, não é parte na demanda, não tendo sequer feito menção a intenção de integrar a lide, sendo inaplicável "in casu" o art. 109, I, da CF/1988. 3. Inexistindo obrigatoriedade da "oitiva" do representante ministerial previamente à concessão da liminar, não se verifica nulidade no feito. 4. Agravo a que se nega provimento. (TJPR - 17ª C.Cível - AI 0497941-9 - Palmas - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Francisco Jorge - Unânime - J. 28.10.2009) 16) REEXAME NECESSÁRIO E APELAÇÃO CÍVEL. INVASÃO DE TERRAS PELO MST. ORDEM DE DESOCUPAÇÃO NÃO CUMPRIDA POR OMISSÃO ESTATAL. DEVER DE INDENIZAR. DANOS MATERIAIS E MORAIS. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PERDA DE LUCROS. DANO MATERIAL E MORAL BEM ARBITRADO. RECURSOS DESPROVIDOS. SENTENÇA MANTIDA EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO. 1. A omissão do Estado em dar efetiva vazão à ordem

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judicial de reintegração de posse é causa capaz de gerar o dever de indenizar, desde que presentes os elementos da responsabilização civil. 2. Demonstrado o prejuízo material - pela depreciação do valor da terra - assim como o dano moral, deve o Estado ser condenado. Quanto aos lucros cessantes, de fato, não há como considerar provado nos autos, razão pela qual tal verba não pode ser deferida. 3. Verbas sucumbenciais bem arbitradas. Apelações Cíveis desprovidas. Sentença mantida em sede de Reexame Necessário. (TJPR - 5ª C.Cível - ACR 0497552-2 - Loanda - Rel.: Des. Rosene Arão de Cristo Pereira - Unânime - J. 16.12.2008) 17) AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS C.C. LUCROS CESSANTES - OMISSÃO (ESPECÍFICA, NÃO GENÉRICA) DO ESTADO NO CUMPRIMENTO DE ORDENS DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE, EM FACE DE INTEGRANTES DO MST (MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA) - RESPONSABILIDADE CONFIGURADA - DANOS APURADOS E DEFINIDOS EM LAUDO BEM FUNDAMENTADO - LUCROS CESSANTES, TODAVIA, QUE NÃO PODEM IR ALÉM DO MOMENTO EM QUE SE IMITIU O INCRA NA POSSE DOS IMÓVEIS - AÇÕES POSSESSÓRIAS QUE, POR ISSO, ACABARAM EXTINTAS - INEXISTÊNCIA DE NOVOS PEDIDOS E NOVAS ESPECÍFICAS ORDENS A PARTIR DE ENTÃO - DANOS MORAIS - MAJORAÇÃO, COM JUROS DE MORA A CONTAR DA PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO - PRECEDENTES - SÚMULA 54 DO STJ QUE SE APLICA TÃO SOMENTE AOS DANOS MATERIAIS - VERBA HONORÁRIA (R$ 100.000,00) - MANUTENÇÃO - AGRAVO RETIDO DESPROVIDO - APELAÇÕES PARCIALMENTE PROVIDAS. 1 - De acordo com o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (RE 283989/PR - Rel. Min. ILMAR GALVÃO) "caracteriza-se a responsabilidade civil objetiva do Poder Público em decorrência de danos causados, por invasores, em propriedade particular, quando o Estado se omite no cumprimento de ordem judicial para envio de força policial ao imóvel invadido. Recursos Extraordinários não conhecidos". 2 - Como ensina o Desembargador e doutrinador SERGIO CAVALIERI FILHO in PROGRAMA DE RESPONSABILIDADE CIVIL - 5ª ed., págs. 248 e 273, citando o jurista Guilherme Couto de Castro, "não é correto dizer, sempre, que toda hipótese de dano proveniente de omissão estatal será encarada, inevitavelmente, pelo ângulo subjetivo. Assim o será quando se tratar de omissão genérica. Não quando houver omissão específica, pois aí há dever individualizado de agir (A responsabilidade civil objetiva no Direito Brasileiro, Forense, 1997, p. 37)". 3 - Os lucros cessantes são devidos até o momento em que o INCRA foi imitido na posse do bem desapropriado, máxime quando o próprio autor (nos autos de reintegração de posse) pede a extinção dos processos, e o Juiz, expressamente, reconhece a perda do objeto das ações e superveniente perda do interesse processual. 4 - O processo expropriatório não anula esta ação de indenização. E posterior liminar, suspendendo os efeitos da imissão de posse, não tem o condão de prolongar direitos então reconhecidos, especialmente em relação aos lucros cessantes. Isto porque não consta dos autos pedido superveniente para retomada das ordens de reintegração. 5 - E se alguma verba, a ser paga naqueles autos, tiver plena identidade com as deste processo, deve ser excluída, ou compensada, pena de enriquecimento sem causa, o que se fará por ocasião da execução da sentença. 6 - Cabíveis os danos morais, em casos

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tais, especialmente quando a invasão e respectiva omissão do Estado causaram grande sofrimento, transtorno e humilhação ao suplicante, que contava, à época, com mais de 80 anos de idade. Assim, pelas circunstâncias do caso concreto, tempo de duração do conflito, peculiar condição das partes e demais aspectos, relevantes, trazidos na apelação, razoável o arbitramento em R$ 100.000,00 (cem mil reais), com atualização e juros de mora a contar da publicação do acórdão. 7 - Quanto aos danos materiais, incluídos os lucros cessantes, os juros moratórios são devidos a partir do evento danoso (Súmula 54 do STJ). 8 - Consoante entendimento do STJ (Theotonio Negrão - CPC Anotado, 39ª ed., pág. 156) "vencida a Fazenda Pública, aplica-se o § 4º do art. 20 do CPC, fixando-se os honorários de acordo com o critério de equidade, não sendo obrigatória a observância seja dos limites máximo e mínimo seja da imposição sobre o valor da condenação constantes do parágrafo anterior". (TJPR - 2ª C.Cível - ACR 0520610-2 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Antônio Renato Strapasson - Unânime - J. 11.11.2008) 18) DESAFORAMENTO - MEDIDA EXCEPCIONAL - SUPOSTA INFLUÊNCIA DO MST - AUSÊNCIA DE PROVA ROBUSTA QUANTO À NECESSIDADE DO DESAFORAMENTO - EXCESSO DE PRAZO DECORRENTE DE INÚMERAS REDESIGNAÇÕES RELACIONADAS A PEDIDO ANTERIOR DE DESAFORAMENTO E DEMAIS CIRCUNSTÂNCIAS JUSTIFICADAS NOS AUTOS - RECOMENDAÇÃO AO JUÍZO DE ORIGEM PARA DAR MAIS CELERIDADE AO FEITO - PEDIDO INDEFERIDO. (TJPR - 1ª C.Criminal - D 0465026-0 - Laranjeiras do Sul - Rel.: Des. Luiz Osorio Moraes Panza - Unânime - J. 02.10.2008) 19) POSSESSÓRIA. INTERDITO PROIBITÓRIO PROPOSTO POR CONCESSIONÁRIA DE RODOVIAS EM FACE DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TERRA (MST). JULGAMENTO DE PROCEDÊNCIA, CONFIRMANDO-SE LIMINAR ANTERIORMENTE CONCEDIDA. ORGANIZAÇÃO RÉ QUE SE INSURGE CONTRA ESSA DECISÃO. INCONFORMISMO QUE NÃO MERECE ACOLHIDA. EVIDENCIADO - ATRAVÉS DA DOCUMENTAÇÃO ENCARTADA NOS AUTOS - O JUSTO RECEIO DE IMINENTE TURBAÇÃO OU ESBULHO NA POSSE DA APELADA. CORRETA A CONCESSÃO DA TUTELA POSSESSÓRIA. SENTENÇA QUE DEVE SER REFORMADA APENAS PARA INCLUIR HONORÁRIOS EM FAVOR DO CURADOR ESPECIAL. VERBA QUE DEVE SER ADIANTADA PELA PARTE AUTORA, NOS TERMOS DO DISPOSTO NO ART. 19, § 2º, DO CPC. RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR - 17ª C.Cível - AC 0508646-8 - Prudentópolis - Rel.: Des. Lauri Caetano da Silva - Unânime - J. 01.10.2008) 20)

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ACORDAM OS INTEGRANTES DA DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ, POR UNANIMIDADE DE VOTOS, EM DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - MEDIDA CAUTELAR INCIDENTAL DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS CONSISTENTE EM VISTORIA AD PERPETUAM REI MEMORIAM - ALEGAÇÃO DE FALTA DE NULIDADE DO PROCESSO, POR FALTA DE CITAÇÃO/INTIMAÇÃO PARA INDICAR ASSISTENTE TÉCNICO E FORMULAR QUESITOS - DESCABIMENTO - CERTIDÃO DO OFICIAL DE JUSTIÇA QUE AFIRMA TER CITADO O MOVIMENTO, NA PESSOA DE UMA ACAMPADA -VALIDADE - ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM AFASTADA - RECURSO INTERPOSTO POR LÍDER DO MST, QUE FOI CITADO NA AÇÃO PRINCIPAL E CONTESTOU, EM NOME PRÓPRIO E DO MOVIMENTO - PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA ACOLHIDO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. - "1. - É desnecessário a individualização e respectiva citação de cada esbulhador, não só por ser inviável processualmente como ainda meio protelatório à eficácia da prestação jurisdicional, se, e sobretudo, houve recebimento em mãos da exordial pelo líder do MST, (representante legal dos invasores), no qual, conseqüentemente praticaram os devidos atos processuais afastando qualquer nulidade. (...)". (grifei). (TJPR, Ag Instr 3.0150567-7, 8ª CCv - TA, Rel. Des. Rafael Augusto Cassetari, j. 20/11/00). "(...) I - A assistência judiciária gratuita pode ser pleiteada a qualquer tempo, desde que comprovada a condição de hipossuficiente (Lei n.º 1.060/50, art. 4º, § 1º). É suficiente a simples afirmação do estado de pobreza para a obtenção do benefício, ressalvado ao juiz indeferir a pretensão, se tiver fundadas razões. (...). Recurso provido". (grifei). (STJ, RESP 422140 / MG, T5-Quinta Turma, Rel. Min. Felix Fischer, DJ 16/05/2002). (TJPR – 18ª C. Cível – AC 0481210-2 – Guarapuava - Rel.: Des. Roberto De Vicente - Unânime - J. 10.09.2008) 21) APELAÇÃO CÍVEL - INTERDITO PROIBITÓRIO CONVERTIDO EM AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - AGRAVO RETIDO - ALEGAÇÃO DE INÉPCIA DA INICIAL, POR NÃO TER HAVIDO INDIVIDUAÇÃO DOS RÉUS NA INICIAL - INVASÃO DE TERRAS PELO MST - IMPOSSIBILIDADE DE NOMINAR, NA INICIAL, TODOS OS INVASORES - APELANTE QUE ERA O LÍDER DO MOVIMENTO, ACEITOU A CITAÇÃO E COMPARECEU A TODOS OS ATOS - CITAÇÃO VÁLIDA - INEXISTÊNCIA DE NULIDADE -ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA - CERCEAMENTO DE DEFESA INEXISTENTE - PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA ATENDIDO - PRECEDENTE DO STJ. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. -"(...) Em ações que tratam de invasão coletiva, na qual é difícil identificar, na inicial, todos os réus, é válida a citação do líder do movimento, que se identifica e recebe pessoalmente a citação, comparecendo, outrossim, a todas as audiências. Inexistência de nulidade. (grifei). (TJPR, Ap Civel 3.0128850-0, 7ª CCv - TA, Rel. Des. Noeval de Quadros, j. 15/03/99). - I - A assistência judiciária gratuita pode ser pleiteada a qualquer tempo, desde que comprovada a condição de hipossuficiente (Lei n.º 1.060/50, art. 4º, § 1º). É suficiente a simples afirmação do estado de pobreza para a obtenção do benefício, ressalvado ao juiz indeferir a pretensão, se tiver fundadas razões. (...). Recurso provido. (grifei). (STJ, RESP 422140 / MG, T5-Quinta Turma, Rel. Min. Felix

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Fischer, DJ 16/05/2002). (TJPR - 18ª C.Cível - AC 0481223-9 - Guarapuava - Rel.: Des. Roberto De Vicente - Unânime - J. 10.09.2008) 22) AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO - INVASÃO DO IMÓVEL LITIGADO PELO MOVIMENTO SEM TERRA (M.S.T.) E VIA CAMPESINA - DETERMINAÇÃO JUDICIAL POR SEGUNDA VEZ, COM COMINAÇÃO DE ASTREINTE PARA QUE O ESTADO CUMPRA A ORDEM DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - ARTIFÍCIO DE RETIRADA E RETORNO - DECISÃO JUDICIAL NÃO CUMPRIDA- PATENTE CONTUMÁCIA DO PODER EXECUTIVO EM CUMPRIR ORDENS JUDICIAIS REINTEGRATÓRIAS DA ÁREA LITIGADA - DECISÃO MANTIDA - LEI DE SEGURANÇA NACIONAL - CONSIDERAÇÕES. As decisões judiciais dessa ordem, só a muito custo têm sido cumpridas, pois à decisão da balança, não é dado o suporte da espada, revelando o dito de IHERING segundo o qual, a espada sem a balança é tirania e a balança sem a espada, a impotência do direito. A polícia judiciária, não é disponibilizada para o cumprimento da decisão. O mecanismo de intervenção no Estado não funciona. A Lei de Segurança Nacional também não, pois segundo homens públicos da base aliada do Governo Federal e vários juristas simpatizantes, não teria sido recepcionada pela Constituição de 88, portanto, não poderia ser aplicada, porém, nada fazendo eles para suprir tal necessidade. O MST não dá mostra de sujeição às leis do país ou às decisões judiciais, tanto que já pela segunda vez afronta o que foi decidido. Antes, se comportam como um agrupamento com leis próprias cuja bandeira não é verde e amarela. Diante disso, como última via só resta mesmo a imposição de astreintes e estas contra o Estado do Paraná, não contra a pessoa do Senhor Governador do Estado, pois que apenas o Ente federativo é permanente e de pronto localizável de modo a propiciar uma maior celeridade e efetividade neste processo. No futuro, quando esses recursos começarem a faltar nas áreas da saúde, educação e segurança públicas, certamente haverá reflexão acerca desse modelo de administração por parte dos eleitores do Estado, contribuindo para a maturação política do eleitorado paranaense. RECURSO IMPROVIDO. (TJPR - 17ª C.Cível - AI 0415926-0 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Gamaliel Seme Scaff - Por maioria - J. 21.05.2008)

23) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. INTERDITO PROIBITÓRIO. OBJETO DA APELAÇAO DO ORA EMBARGANTE CIRCUNSCRITA A NULIDADE DA CITAÇÃO PORQUE DEVERIA SER FEITA EM NOME DE CADA UM DOS INTEGRANTES DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TERRA E NÃO SOMENTE NA PESSOA QUE SE INTITULOU SER SEU LÍDER E SUSTENTA NÃO PROVADA QUALQUER RELAÇÃO SUA COM O MST.-OMISSÃO INOCORRENTE NO ACÓRDÃO QUE EXPRESSAMENTE SE LOUVOU NA FÉ PÚBLICA DOS OFICIAIS DE JUSTIÇA QUE CERTIFICARAM QUE O APELANTE/EMBARGANTE SE APRESENTOU COMO REPRESENTANTE E LÍDER DO MOVIMENTO NO ATO

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DA CITAÇÃO (FLS 304) E ONUS DA CONTRAPROVA INCUMBIA AO EMBARGANTE QUE O ALEGAVA NA FORMA DO ARTIGO 333,II DO CPC.--- OMISSÃO INEXISTENTE NO CONTEXTO DA DEMANDA SOBRE MATÉRIA IRRELEVANTE PARA A AFERIÇÃO DO INTERDITO PROIBITÓRIO QUAL SEJA A DEFESA EM FACE DE UMA TESTEMUNHA CUJA MATÉRIA NÃO FOI OBJETO DO RECURSO --- OMISSÃO INOCORRENTE POR INTITULAR O ENTE JURÍDICO PÚBLICAMENTE RECONHECIDO COMO "MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TERRA", COMO "PESSOA JURÍDICA", INOBSTANTE SEM PERSONALIDADE, COMO ITERATIVAMENTE RECONHECIDO NA JURISPRUDÊNCIA. INOCORRÊNCIA DOS REQUISITOS DO ARTIGO 535 DO C.P.C. EMBARGOS CONHECIDOS E REJEITADOS. (TJPR - 18ª C.Cível - EDC 0445416-8/01 - Guarapuava - Rel.: Desª Lenice Bodstein - Unânime - J. 14.05.2008) 24) PROCESSO CIVIL. INTERDITO PROIBITÓRIO. IMÓVEL RURAL. MOVIMENTO SEM TERRA - MST. POSSIBILIDADE DE DEFERIMENTO DA LIMINAR E PROLAÇÃO DA SENTENÇA SEM REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA. INTELIGÊNCIA DO ART. 928, CAPUT, DO CPC. NULIDADE NÃO VERIFICADA. INDÍCIOS DE AMEAÇA DE TURBAÇÃO OU ESBULHO. RUMORES DE INVASÃO NA PROPRIEDADE DO AUTOR. ASSENTAMENTO DO INCRA EM ÁREA LIMÍTROFE. ESBULHO PERPETRADO EM OUTRA FAZENDA DE DOMÍNIO DO AUTOR. RÉU LOCALIZADO ENTRE OS INVASORES. JUSTO RECEIO DO AUTOR DE SER MOLESTADO EM SUA POSSE CARACTERIZADO. RECURSO DESPROVIDO. 1. A teor do que dispõe o art. 928, caput, do CPC, a audiência de justificação prévia não é obrigatória. Deparando-se o juiz com a constatação de que o autor preencheu, com a inicial, os requisitos do art. 927 do CPC, é cabível, desde logo, o deferimento da liminar. 2. A ameaça de iminentes atos de turbação ou esbulho pode ser aferida pelo conjunto de circunstâncias, tais quais: invasão de outra propriedade; localização do réu junto aos invasores; citação operada em assentamento do INCRA; rumores sobre a possível invasão. (TJPR - 17ª C.Cível - AC 0454050-9 - Francisco Beltrão - Rel.: Des. Lauri Caetano da Silva - Unânime - J. 30.04.2008) 25) APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - INVASÃO PERPETRADA PELO APELANTE E MEMBROS DO MST - DESISTÊNCIA DA AÇÃO PELA DESOCUPAÇÃO DA ÁREA - CONDENAÇÃO DOS AUTORES NOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - VALOR COMPATÍVEL - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. (TJPR - 17ª C.Cível - AC 0446790-3 - Loanda - Rel.: Des. Paulo Roberto Hapner - Unânime - J. 09.04.2008) 26)

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APELAÇÃO CÍVEL - INTERDITO PROIBITÓRIO - AGRAVO RETIDO - AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO DISPENSADA - POSSIBILIDADE - NÃO FIXAÇÃO DOS PONTOS CONTROVERTIDOS - AUSÊNCIA DE PREJUÍZO - NULIDADE INEXISTENTE - CITAÇÃO - MOVIMENTO SEM TERRA - DESNECESSIDADE DE CITAR TODOS OS INTEGRANTES DO MOVIMENTO - SENTENÇA PROFERIDA CONTRA OS INTEGRANTES DO MST - INDIVIDUALIZAÇÃO DO NOME DAS PARTES SENTENÇA - DESNECESSIDADE - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MAJORADOS - APELAÇÃO DE HAROLDO SANTANA DE JESUS NÃO PROVIDA - APELAÇÃO DE TROMBINI EMBALAGENS S/A PROVIDA. 1. "Não importa nulidade do processo a não realização da audiência de conciliação, uma vez que a norma contida no artigo 331 do CPC visa a dar maior agilidade ao processo e as partes podem transigir a qualquer momento. Precedentes" (STJ, AgRg no Ag 693982 / SC, Rel. Min. Jorge Scartezzini, Julg. 17/10/2006, Pub. DJ 20.11.2006 p. 316) 2. Não importa em nulidade do processo a não fixação dos pontos controvertidos, uma vez que foi possibilitado às partes a especificação das provas que pretendiam produzir e não restou demonstrado nenhum prejuízo em virtude da inobservância de tal regra procedimental. 3. "Em caso de ocupação de terras por milhares de pessoas, é inviável a citação de todas para compor a ação de reintegração de posse, eis que essa exigência tornaria impossível qualquer medida judicial (STJ - RT 744/172, maioria). No mesmo sentido: Lex - JTA 146/96" (" NEGRÃO, Theotonio. Código de Processo Civil e Legislação Processual em Vigor", 31ª ed., nota 5b ao art. 282, p. 356). 4. É inviável a identificação de todos os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra na Sentença, razão pela qual a decisão proferida contra todos os integrantes do movimento que ocupam a área objeto do litígio preenche o requisito do art. 458, I, do Código de Processo Civil. 5. "A verba honorária há de ser fixada sopesando-se critérios que guardem a mínima correspondência com a responsabilidade assumida pelo advogado, em quantia razoável que embora não penalize severamente o vencido, também não se mostre aviltante, sob pena de violação ao princípio da justa remuneração do trabalho profissional."(TJPR - 18ª C.Cível - AC 0366028-6 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Abraham Lincoln Calixto - Unânime - J. 08.08.2007). (TJPR - 18ª C.Cível - AC 0445416-8 - Guarapuava - Rel.: Desª Lenice Bodstein - Unânime - J. 05.03.2008) 27) AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - INVASÃO DO IMÓVEL LITIGADO PELO MOVIMENTO SEM TERRA (M.S.T.) - PATENTE CONTUMÁCIA DO PODER EXECUTIVO EM CUMPRIR AS ORDEM JUDICIAIS REINTEGRATÓRIAS NA ÁREA LITIGADA - RENOVAÇÃO DO MANDADO CONSTRITIVO, COMINANDO-SE MULTA DIÁRIA CONTRA A PESSOA FÍSICA DO EXMO. SR. GOVERNADOR - REFORMA DA DECISÃO PARA MAJORAR O VALOR DA ASTREINTE COMINADA, BEM COMO, REDIRECIONÁ-

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LA AO ESTADO DO PARANÁ - LEI DE SEGURANÇA NACIONAL - CONSIDERAÇÕES. I- O presente caso é um reflexo dum antiqüíssimo conflito ainda sem solução em nosso país: a questão fundiária. A histórica e endêmica ausência da construção de uma política nacional séria que tendesse a promover a melhoria na situação do campesinato brasileiro de modo contínuo e progressivo fez (e fará) surgir grupos como o M.S.T., os quais, por sua vez, buscam por meio da violência e da quebra da ordem legal sanar suas necessidades básicas, afetando todavia direitos também constitucionalmente protegidos de outros cidadãos. No final das contas, nota-se que o responsável pelo "caos fundiário" é a própria ineficiência estatal na criação de ações que busquem uma efetiva distribuição da renda e da propriedade. Todavia, essas obviedades político-sociológicas não justificam a manutenção da ação ilegal de grupos de trabalhadores rurais em verdade carentes, mas cognominados de "oprimidos", sob pena de se subverter a ordem democrática estabelecida na Carta Magna de 1988. II - As decisões judiciais dessa ordem, só a muito custo têm sido cumpridas, pois à decisão da balança, não é dado o suporte da espada, revelando o dito de IHERING segundo o qual, a espada sem a balança é tirania e a balança sem a espada, a impotência do direito. A polícia judiciária, não é disponibilizada para o cumprimento da decisão. O mecanismo de intervenção no Estado não funciona. A Lei de Segurança Nacional também não, pois segundo homens públicos da base aliada do Governo Federal e vários juristas simpatizantes, não teria sido recepcionada pela Constituição de 88, portanto, não poderia ser aplicada, porém, nada fazendo eles para suprir tal necessidade. O MST não dá mostra de sujeição às leis do país ou às decisões judiciais, tanto que já pela segunda vez afronta o que foi decidido. Antes, se comportam como um agrupamento com leis próprias cuja bandeira não é verde e amarela. Diante disso, como última via só resta mesmo a imposição de astreintes e estas contra o Estado do Paraná, não contra a pessoa do Senhor Governador do Estado, pois que apenas o Ente federativo é permanente e de pronto localizável de modo a propiciar uma maior celeridade e efetividade neste processo. No futuro, quando esses recursos começarem a faltar nas áreas da saúde, educação e segurança públicas, certamente haverá reflexão acerca do modelo de administração que a população do Paraná precisa, de fato. RECURSO PROVIDO. (TJPR - 17ª C.Cível - AI 0421453-9 - Cascavel - Rel.: Des. Gamaliel Seme Scaff - Por maioria - J. 27.02.2008) 28) INTERDITO PROIBITÓRIO - PRAÇA DE PEDÁGIO - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TERRA - MST - CERCEAMENTO DE DEFESA - NULIDADE DE SENTENÇA - NÃO OCORRÊNCIA - MÉRITO - NOTÍCIAS VEICULADAS NA IMPRENSA SOBRE POSSÍVEL INVASÃO - JUSTO RECEIO E IMINÊNCIA DA AGRESSÃO À POSSE NÃO DEMONSTRADOS - SENTENÇA CORRETA - DESPROVIMENTO. (TJPR - 17ª C.Cível - AC 0380383-4 - Imbituva - Rel.: Des. Antonio Loyola Vieira - Unânime - J. 29.08.2007) 29)

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AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS E MATERIAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ. INVASÃO DE IMÓVEL RURAL POR INTEGRANTES DO DENOMINADO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA - MST. DESCUMPRIMENTO DE MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. NÃO FORNECIMENTO DE FORÇA POLICIAL. DANOS CARACTERIZADOS. APURAÇÃO DO QUANTUM EM LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. CONFIRMAÇÃO. PEDIDO ALTERNATIVO DE MINORAÇÃO DA CONDENAÇÃO E DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ACOLHIMENTO PARCIAL PARA REDUZIR OS HONORÁRIOS. REFORMA DA SENTENÇA SOB REEXAME NESTE PONTO. 1. Para a responsabilização do Estado, com base no texto constitucional (art. 37, § 6º, CF/88), basta a existência do nexo causal entre a ação ou omissão do Estado e o evento danoso, o que in casu, restou sobejamente caracterizado. 2. Resultou inegável que o não atendimento à requisição judicial, de imediato, como lhe impunha a ordem judicial, foi a causa determinante do dano, pelo menos no aspecto de sua propagação ao longo do tempo, até que em novembro de 2000 os autores venderam as terras ao INCRA, pois não tinham mais como se socorrer. 3. Se tivesse sido prontamente atendida a ordem judicial, não teria ocorrido o agravamento dos danos, especialmente no que diz respeito à matança de animais, furtos e demais atos de vandalismo. 3. O quantum da indenização por danos materiais deverá ser apurado em processo de liquidação de sentença por artigos (arts. 603 e 608, do CPC). 4. Os danos morais devem ser arbitrados com razoabilidade, considerando as circunstâncias do caso. 5. Os honorários, nos casos em que for vencida a Fazenda Pública, devem ser fixados de acordo com o art. 20, § 4º, do CPCivil. Apelação parcialmente provida. Sentença parcialmente reformada em sede de Reexame Necessário. (TJPR - 5ª C.Cível - ACR 0379001-0 - Terra Rica - Rel.: Des. Rosene Arão de Cristo Pereira - Unânime - J. 21.08.2007) 30) APELAÇÃO CÍVEL 1 E REEXAME NECESSÁRIO - AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO - INVASÃO DE PROPRIEDADE RURAL POR PESSOAS LIGADAS AO MST - REINTEGRAÇÃO DE POSSE DEFERIDA - RESISTÊNCIA OFERECIDA QUANDO DO CUMPRIMENTO DO MANDADO JUDICIAL - NÃO FORNECIMENTO DE FORÇA POLICIAL - DANOS SUPORTADOS PELO PROPRIETÁRIO - INDENIZAÇÃO QUE SE IMPÕE - ARTIGO 37, 6°, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO PODER PÚBLICO. A responsabilidade do Estado do Paraná está induvidosamente demonstrada, cumprindo arcar com a condenação que lhe foi imposta no decisum hostilizado, uma vez que o órgão de sua administração (Polícia Militar), omitiu-se no atendimento à requisição judicial, ocasionando conseqüentemente, o dano material e moral à autora da presente ação. RECURSOS CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS. APELAÇÃO CÍVEL 2 - PRETENSÃO INDENIZATÓRIA - DESVALORIZAÇÃO DE IMÓVEL QUE É RESULTADO DA ATUAÇÃO EXCLUSIVA DO MST - AUSÊNCIA DE NEXO COM A OMISSÃO DO ESTADO - MULTA (ASTREINTES) - FINALIDADE DE INDUZIR O

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CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO - IMPOSIÇÃO CONTRA O MST E NÃO CONTRA O ESTADO - VALOR A TÍTULO DE OFENSA MORAL - FIXAÇÃO CONSTANTE DA SENTENÇA QUE BASTA PARA COMPENSAR O ABALO MORAL SUPORTADO PELA AUTORA. A desvalorização do imóvel é o resultado da atuação exclusiva dos integrantes do MST, não havendo qualquer nexo com a eventual omissão do Estado. É sabido que as chamadas "astreintes", não se assemelham à indenização, sendo de efeito meramente de tutela específica da obrigação, imputável contra a parte contrária; não ao Estado, como quer a ora apelante. Na questão da fixação de valor a título de ofensa moral, o que se tem entendido é que a pretensão a tal título, não comporta miragens de lucro, como parece ser a intenção do ora apelante. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (TJPR - 1ª C.Cível - ACR 0164801-3 - Colorado - Rel.: Des. Sérgio Rodrigues - Unânime - J. 17.10.2006) 31) AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. FALTA DE CITAÇÃO DE RÉUS NOMINADOS NA PETIÇÃO INICIAL. NULIDADE DA SENTENÇA NÃO CONFIGURADA. DESNECESSIDADE DE INDIVIDUALIZAÇÃO DE TODOS OS ESBULHADORES PARA TER-SE VALIDADE A CITAÇÃO. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO PARA O VALOR DA MULTA ARBITRADO. MULTA COMINADA NO CASO DE HAVER TRANSGRESSÃO DA ORDEM JUDICIAL EMANADA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. É desnecessário a individualização e respectiva citação de cada esbulhador, não só por ser inviável processualmente como ainda meio protelatório à eficácia da prestação jurisdicional, se, e sobretudo, houve recebimento em mãos da exordial pelos líderes do MST, (representantes dos invasores), no qual, conseqüentemente praticaram os devidos atos processuais afastando qualquer nulidade. 2. Existindo nos autos elementos probatórios suficientes, tornando desnecessária a produção de outras provas, o julgamento antecipado não implica em cerceamento de defesa. (RESP 175199/SP - STJ - DJ 21/08/2000, p. 00108 - Min. Francisco Peçanha Martins)' (TAPR - 15ª C.Cível - AC 0180779-6 - Loanda - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Luis Espíndola - Unânime - J. 15.09.2006) 32) APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO. CONCESSÃO DA LIMINAR. CERCEAMENTO DA AMPLA DEFESA INDEMONSTRÁVEL. PRESENTES OS REQUISITOS DO ARTIGO 932 DO CPC. RECURSOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DESPROVIDO E DO MST PROVIDO PARCIALMENTE, PARA DEFERIR O BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA RESSALVADO O DISPOSTO NO ARTIGO 12 DA LEI 1060/50. (TJPR - 15ª C.Cível - AC 0187376-3 - Loanda - Rel.: Des. Paulo Habith - Unânime - J. 14.06.2005)

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33) AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR CONDUTA OMISSIVA DO ESTADO EM NÃO CUMPRIR ORDEM DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE LIMINAR CONTRA O MST - PRELIMINARES E PREJUDICIALIDADES AFASTADAS - DECISÃO CORRETA - RECURSO DESPROVIDO. Correta a decisão que, em sede de ação indenizatória por danos materiais e morais com base em conduta omissiva do Estado em não cumprir mandado liminar de reintegração de posse contra o MST, afasta as preliminares de incompetência absoluta do Juízo Estadual, de ilegitimidade ativa e passiva, de falta de interesse de agir e de prejudicialidade por ação civil pública que discute o domínio da terra. (TJPR - 2ª C.Cível - AI 0163229-7 - Loanda - Rel.: Des. Prestes Mattar - Unânime - J. 02.03.2005) 34) REPARAÇÃO DE DANOS - FAZENDA INVADIDA - LIMINAR DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - REFORÇO POLICIAL - DESCUMPRIMENTO - LAUDO PERICIAL - DANOS EMERGENTES - LUCROS CESSANTES - DANO MORAL - LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO ADESIVO PROVIDO. 1 - O Estado tem por obrigação e incumbência manter a ordem jurídica e assegurar a paz social, através do desenvolvimento de suas atividades administrativa, legislativa e jurisdicional. 2 - Sendo a demora no cumprimento do mandado de reintegração de posse a causa direta e imediata dos prejuízos, devidamente comprovados, sofridos pelos autores/apelantes, evidencia-se a responsabilidade civil objetiva do Estado (art. 37, § 6º, CF e art. 43, CC/02). 3 - É devida a indenização por danos morais e materiais (lucros cessantes e danos emergentes) no caso dos autos, ante a demora do Estado no cumprimento de mandado de reintegração de posse, em decorrência da invasão de imóvel rural por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 4 - O 'quantum' da indenização por danos materiais deverá ser apurado em processo de liquidação de sentença por artigos (arts. 603 e 608, CPC)". (TJPR – 3ª C. Cível – AC 0138526-2 – Loanda – Rel.: Des. Espedito Reis do Amaral – Unânime – J. 07.12.2004). 35) RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. RÉUS PRESOS EM FLAGRANTE POR TEREM ATIRADO CONTRA INTEGRANTES DO MST E DENUNCIADOS PELA PRÁTICA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO POR HAVER SIDO PRATICADO MEDIANTE RECURSO QUE TORNOU IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO (ART. 121, § 2º, IV, DO CÓDIGO PENAL), POR DUAS VEZES, ALÉM DE TENTATIVA DE HOMICÍDIO RELATIVO À MESMA QUALIFICADORA. EXISTEM NOS AUTOS DUAS VERSÕES, UMA DE QUE A AGRESSÃO PARTIU DOS ACUSADOS QUE PROMOVIAM A SEGURANÇA DO IMÓVEL RURAL; A OUTRA

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DE QUE A AGRESSÃO PARTIU DOS INTEGRANTES DO MST, QUANDO ESTAVAM PRESTES A INVADIR A ÁREA. CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PEDINDO O RESTABELECIMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. RECORRIDOS QUE JÁ ESTÃO EM LIBERADE HÁ MAIS DE UM ANO. RECURSO DESPROVIDO. - Em que pese a vedação contida no art. 2º, II, da Lei nº 8.072/90, de concessão de liberdade provisória aos acusados da prática de crime hediondo, é de se negar provimento ao presente recurso em sentido estrito ante a situação excepcional consistente em estarem os recorridos soltos há mais de um ano, sem haver qualquer notícia de que, em liberdade, praticaram qualquer ato idôneo a autorizar a prisão cautelar, ficando evidenciado que a prisão não se faz necessária, por ser carente de natureza cautelar, o que implicaria em verdadeira antecipação de cumprimento de pena. (TJPR - 2ª C.Criminal - RSE 0149509-8 - Guarapuava - Rel.: Des. Jesus Sarrão - Unânime - J. 07.10.2004) 36) 1. HABEAS CORPUS. ALEGADA AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA. IMPROCEDÊNCIA. ANÁLISE PROFUNDA DOS ELEMENTOS PROBATÓRIOS. IMPOSSIBILIDADE NA VIA DO HABEAS CORPUS. ORDEM DENEGADA. - Não se pode analisar no âmbito estreito de Habeas Corpus a existência ou não de indícios da autoria, vez que tal alegação demanda aprofundado exame dos elementos probatórios. 2. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. DECISÃO FUNDAMENTADA. ORDEM DENEGADA. Estando o decreto de prisão preventiva fundamentado em indícios de que o denunciado foi um dos mandantes da suposta emboscada, contra o administrador da fazenda Caracu, e existindo fatos concretos que indicam a necessidade da garantia da ordem pública que se encontra fortemente abalada com os constates conflitos entre integrantes do MST e fazendeiros da região, como pelas inúmeras armas apreendidas nos acampamentos dos integrantes do MST é de rigor a manutenção da medida cautelar. (TJPR - 2ª C.Criminal - HCC 0162519-2 - Guarapuava - Rel.: Des. Luiz Mateus de Lima - Unânime - J. 16.09.2004) 37) AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO C/C DANOS MORAIS E MATERIAIS - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ -INVASÃO DE IMÓVEL RURAL POR INTEGRANTES DO DENOMINADO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA - MST - DESCUMPRIMENTO DE MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - NÃO FORNECIMENTO DE FORÇA POLICIAL - DANOS MORAIS E MATERIAIS CARACTERIZADOS RESSARCIMENTO DEVIDO - APURAÇÃO DO "QUANTUM" EM LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS - SENTENÇA PROCEDENTE - APELAÇÃO DOS AUTORESS OBJETIVANDO MAJORAÇÃO DOS DANOS MORAIS - APELAÇÃO DA FAZENDA ESTADUAL - ILEGITIMIDADE PASSIVA "AD CAUSAM" - IMPROCEDÊNCIA - PEDIDO DE IMPROVIMENTO DA DEMANDA POR AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL

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- PEDIDO ALTERNATIVO DE MINORAÇÃO DA CONDENAÇÃO E INVERSÃO DOS ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA - APELO DOS AUTORES DESPROVIDO - APELO DO ESTADO PROVIDO PARCIALMENTE PARA REDUZIR OS HONORÁRIOS - REMESSA NECESSÁRIA PREJUDICADA. 1. A legitimidade passiva "ad causam" é flagrante eis que os sem-terra só puderam praticar os atos lesivos descritos neste processo porque, instado a agir na defesa do patrimônio dos autores, o Estado do Paraná foi omisso no cumprimento de seu dever. 2. Para a responsabilização do Estado, com base no texto constitucional (art. 37, § 6º, CF/88), basta a existência do nexo causal entre a ação ou omissão do Estado e o evento danoso, o que "in casu", restou sobejamente caracterizado. 3. O "quantum" da indenização por danos materiais deverá ser apurado em processo de liquidação de sentença por artigos (arts. 603 e 608, do CPC). 4. Os danos morais devem ser arbitrados "em quantia certa", e convertidos na espécie em face das circunstâncias deste caso. 5. Os honorários, nos casos em que for vencida a Fazenda Pública, devem ser fixados de acordo com o art. 20, § 4º, do CPC, e reduzidos se excessivos. Apelo dos autores improvido - Apelo do Estado Parcialmente provido - Prejudicado o reexame necessário. (TJPR - 2ª C.Cível - ACR 148368-3 - Loanda - Rel.: Des. Bonejos Demchuk - Por maioria - J. 23.06.2004) 38) AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO CUMULADA COM DANOS MATERIAIS E MORAIS - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ - INVASÃO DE IMÓVEL RURAL POR INTEGRANTES DO DENOMINADO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA- MST - DESCUMPRIMENTO DE MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - NÃO FORNECIMENTO DE FORÇA POLICIAL - DANOS MATERIAIS CARACTERIZADOS - RESSARCIMENTO DEVIDO - SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL - CONDENAÇÃO SOMENTE DOS LUCROS CESSANTES - APELAÇÃO DOS AUTORES OBJETIVANDO INDENIZAÇÃO AMPLA - APELAÇÃO DO ESTADO - PRELIMINARES - CERCEAMENTO DE DEFESA, ILEGITIMIDADE PASSIVA E PRESCRIÇÃO - INCORRÊNCIA - PEDIDO DE IMPROVIMENTO DA DEMANDA POR AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL - PEDIDO ALTERNATIVO DE REDUÇÃO DE VERBA HONORÁRIA - IMPOSSIBILIDADE - APELO DOS AUTORES E REMESSA NECESSÁRIA PROVIDOS PARA CONDENAR O RÉU TAMBÉM EM DANOS MATERIAIS E MORAIS - APELO DO ESTADO DESPROVIDO. 1. A legitimidade passiva 'ad causam' é flagrante eis que os sem-terra só puderam praticar os atos lesivos descritos neste processo porque, instado a agir na defesa do patrimônio dos autores, o Estado do Paraná foi omisso no cumprimento de seu dever. 2. Inocorreu, 'in casu', o alegado cerceamento de defesa eis que a instrução probatória foi ampla e farta, sendo despiciendas outras provas para o deslinde das questões colocadas, já que seriam repititivas e meramente procrastinatórias, em nada acrescentando à lide. 3. Interrompido o prazo prescricional pela interposição de ação cautelar de produção antecipada de prova, com citação regular e válida do réu, afasta-se a argüição de prescrição da ação. 4. Para a responsabilização do Estado, com base no texto constitucional (art. 37, § 6º, CF/88), basta a existência do nexo causal entre a ação ou omissão do Estado e o evento danoso, o que in casu, restou sobejamente caracterizado. 5. O 'quantum' da

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indenização, correspondente aos danos materiais pleiteados serão apurados em processo de liquidação por artigos (arts. 603 e 608, do CPC). 6. é devida também a indenização por danos morais ante o não cumprimento de mandado de reintegração de posse em decorrência da invasão de imóvel rural por integrantes do MST, face aos danos de natureza não-econômica sofridos pelos proprietários. 7. Os honorários advocatícios e periciais são cabíveis face à sucumbência, e foram fixados de acordo com a previsão legal (art. 20, § 4º, CPC) nos casos em que for vencida a Fazenda Pública. Apelo dos autores e reexame providos. Apelo do Estado desprovido. (TJPR - 2ª C.Cível - ACR 0155762-2 - Loanda - Rel.: Des. Bonejos Demchuk - Por maioria - J. 25.08.2004) 39) APELAÇÃO CIVEL - INTERDITO PRIBITÓRIO - INÉPCIA DA INICIAL - ILEGITIMIDADE PASSIVA - CERCEAMENTO DE DEFESA - PRELIMINARES AFASTADAS - INVASÃO EM PROPRIEDADES DA REGIÃO PELO MST - FATO PÚBLICO E NOTÓRIO - JUSTO RECEIO - DESNECESSIDADE DE AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA - APELO 1: NEGA PROVIMENTO - APELO 2: PROVIMENTO PARCIAL. (TJPR - Sexta C.Cível (TA) - AC 0213285-2 - Loanda - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Sérgio Luiz Patitucci - Unânime - J. 25.05.2004) 40) RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. RÉUS PRESOS EM FLAGRANTE POR TEREM ATIRADO CONTRA INTEGRANTES DO MST E DENUNCIADOS PELA PRÁTICA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO POR HAVER SIDO PRATICADO MEDIANTE RECURSO QUE TORNOU IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO (ART. 121, § 2º, IV, DO CÓDIGO PENAL), DUAS VEZES, ALÉM DE TENTATIVA DE HOMICÍDIO RELATIVO À MESMA QUALIFICADORA. EXISTEM NOS AUTOS DUAS VERSÕES, UMA DE QUE A AGRESSÃO PARTIU DOS ACUSADOS QUE PROMOVIAM A SEGURANÇA DO IMÓVEL RURAL; A OUTRA DE QUE A AGRESSÃO PARTIU DOS INTEGRANTES DO MST, QUANDO ESTAVAM PRESTES A INVADIR A ÁREA. CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PEDINDO O RESTABELECIMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. RECORRIDOS QUE JÁ ESTÃO EM LIBERADE HÁ MAIS DE 7 (SETE) MESES. RECURSO DESPROVIDO. - Em que pese a vedação contida no art. 2º, II, da Lei nº 8.072/90, no sentido de se proibir a concessão de liberdade provisória aos acusados da prática de crime hediondo, é de se negar provimento ao presente recurso em sentido estrito ante a situação excepcional consistente em estarem os recorridos soltos há mais de 7 (sete) meses, sem haver qualquer notícia de que, em liberdade, praticaram qualquer ato idôneo a autorizar a prisão cautelar, ficando evidenciado que a prisão não se faz necessária, por ser carente de natureza cautelar, o que implicaria em verdadeira antecipação de cumprimento de pena. (TJPR - 2ª C.Criminal - RSE 0149508-1 - Guarapuava - Rel.: Des. Jesus Sarrão - Unânime - J. 13.05.2004)

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41) APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO - AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO - INVASÃO DE PROPRIEDADE RURAL POR PESSOAS LIGADAS AO MST - REINTEGRAÇÃO DE POSSE DEFERIDA - RESISTÊNCIA OFERECIDA QUANDO DO CUMPRIMENTO DO MANDADO JUDICIAL - NÃO FORNECIMENTO DE FORÇA POLICIAL - DANOS SUPORTADOS PELO PROPRIETÁRIO - INDENIZAÇÃO QUE SE IMPÕE - ARTIGO 37,6°, DA CF - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO PODER PÚBLICO.A responsabilidade do requerido, Estado do Paraná, está induvidosamente demonstrada e, pois, cumpre arcar com a condenação que lhe foi imposta o decisum hostilizado, uma vez que, órgão de sua administração (Polícia Militar), omitiu-se no atendimento à requisição judicial, ocasionando, conseqüentemente, o dano material e moral ao autor da presente ação.RECURSOS CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS- SENTENÇA QUE SE CONFIRMA. (TJPR - 1ª C.Cível - AC 0147236-2 - Curitiba - Rel.: Des. Sérgio Rodrigues - Unânime - J. 16.03.2004) 42) PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ. INVASÃO DE IMÓVEL RURAL POR INTEGRANTES DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST). NÃO CUMPRIMENTO DO MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. RESSARCIMENTO DEVIDO. PRECEDENTES. ADEQUAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA DEVIDA PELO ESTADO DO PARANÁ AO ART. 20, § 4º, DO CPC. 1 O Estado tem por obrigação e incumbência de manter a ordem jurídica e assegurar a paz social, através do desenvolvimento de suas atividades administrativa, legislativa e jurisdicional. 2 Sendo o não cumprimento do mandado de reintegração de posse a causa direta e imediata dos prejuízos, devidamente comprovados, sofridos pelos autores/apelados, evidencia-se a responsabilidade civil do Estado (art. 37, § 6º, CF e art. 43, CC/02). 3 É devida a indenização por danos morais e materiais (lucros cessantes e danos emergentes) no caso dos autos, ante o não cumprimento do mandado de reintegração de posse pelo Estado, em decorrência da invasão de imóvel rural por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 4 O 'quantum' da indenização por danos materiais deverá ser apurado em processo de liquidação de sentença por artigos (arts. 603 e 608, CPC). 5 Nas causas em que for vencida a Fazenda Pública, os honorários advocatícios devem ser fixados atendendo-se ao disposto no artigo 20, § 4º, do Código de Processo Civil. 6 - Apelação parcialmente provida e reexame necessário prejudicado no mais. (TJPR – 2ª C.Cível – AC 0147460-8 – Curitiba – Rel.: Des. Hirosê Zeni – Unânime – J. 03.03.2004) 43)

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APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS - INVASÃO DE TERRAS POR INTEGRANTES DO MST - REINTEGRAÇÃO DE POSSE DA ÁREA INVADIDA DEFERIDA - REQUISIÇÃO JUDICIAL DE FORÇA POLICIAL - NÃO ATENDIMENTO - PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL (DECRETO 20.910/32) - EXTINÇÃO DO PROCESSO (ART. 269, IV, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL) - EXAME DO MÉRITO DO RECURSO PREJUDICADO. É de cinco anos o prazo de prescrição para a ação de indenização, fundada na responsabilidade civil do Estado, conforme dispõe expressamente o art. 1º do Decreto nº 20.910/32, pois se há norma especial que regula a questão, afastada estaria a regra geral indicada no artigo 177 do Código de Processo Civil. Operada a prescrição, impõe-se seu reconhecimento em qualquer fase do processo, até mesmo de ofício, declarando-se a extinção do processo com fulcro no inciso IV, do artigo 269 do Código de Processo Civil, restando prejudicado o exame do recurso de apelação. (TJPR - 7ª C.Cível - AC 0139847-0 - Curitiba - Rel.: Des. Mário Rau - Unânime - J. 09.12.2003) 44) PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO DO PARANÁ. INVASÃO DE IMÓVEL RURAL POR INTEGRANTES DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST). DEMORA NO CUMPRIMENTO DE MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. RESSARCIMENTO DEVIDO. PRECEDENTES. 1 - O Estado tem por obrigação e incumbência manter a ordem jurídica e assegurar a paz social, através do desenvolvimento de suas atividades administrativa, legislativa e jurisdicional. 2 - Sendo a demora no cumprimento do mandado de reintegração de posse a causa direta e imediata dos prejuízos, devidamente comprovados, sofridos pelos autores/apelantes, evidencia-se a responsabilidade civil objetiva do Estado (art. 37, § 6º, CF e art. 43, CC/02). 3 - É devida a indenização por danos morais e materiais (lucros cessantes e danos emergentes) no caso dos autos, ante a demora do Estado no cumprimento de mandado de reintegração de posse, em decorrência da invasão de imóvel rural por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 4 - O 'quantum' da indenização por danos materiais deverá ser apurado em processo de liquidação de sentença por artigos (arts. 603 e 608, CPC). 5 - Apelação provida. (TJPR - 2ª C.Cível - AC 0143922-7 - Nova Londrina - Rel.: Des. Hirosê Zeni - Unânime - J. 12.11.2003) 45) POSSESSÓRIA - INTERDITO PROIBITÓRIO - IMÓVEL RURAL - POSSE AMEAÇADA - REQUISITOS PROCESSUAIS PRESENTES - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL - INCRA - EXCLUSÃO PROCESSUAL - JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA - DESNECESSIDADE - FATOS PÚBLICOS E NOTÓRIOS - MOVIMENTO DOS SEM-TERRA - MST - AMEAÇA DE INVASÃO IMINENTE - TERRAS

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PRÓXIMAS INVADIDAS - MULTA PECUNIÁRIA RAZOÁVEL (R$100,00) - RECURSO DESPROVIDO. (TJPR - Sexta C.Cível (TA) - AC 0234936-4 - Paranacity - Rel.: Des. Miguel Kfouri Neto - Unânime - J. 04.11.2003) 46) PROCESSUAL CIVIL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. OCUPAÇÃO DE ÁREA RURAL POR INTEGRANTES DO MST. EXTINÇÃO DO PROCESSO POR FALTA DE CITAÇÃO DOS RÉUS IDENTIFICADOS NA PETIÇÃO INICIAL. A falta de citação dos réus identificados e nominados na petição inicial, por omissão de providência do autor, acarreta a extinção do processo, dada a ausência de pressuposto processual, que impede a obtenção de sentença de mérito. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. (TJPR - Primeira C.Cível (TA) - AC 0235090-7 - Ibaiti - Rel.: Des. Hayton Lee Swain Filho - Unânime - J. 23.09.2003) 47) AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA - INVASÃO DE TERRAS - CULTIVO DA ÁREA POR PARTE DE INTEGRANTES DO MST - MOVIMENTO DOS SEM TERRA - PEDIDO AJUIZADO CONTRA AS PROPRIETÁRIAS DO IMÓVEL PRETENDENDO INDENIZAÇÃO PELO CULTIVO DE PLANTAS LEVADO A EFEITO DURANTE O PERÍODO DE OCUPAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE- NEXO DE CAUSALIDADE - PEDIDO DECORRENTE DE ATO ILÍCITO PRATICADO PELOS AUTORES - PROPRIETÁRIAS QUE DE HÁ MUITO ESTAVAM MUNIDAS DE MANDADO JUDICIAL DE MANUTENÇÃO DE POSSE - AÇÃO IMPROCEDENTE- CERCEAMENTO DE DEFESA - JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE - MATÉRIA DE DIREITO - ILICITUDE DO ATO DEMONSTRADO - DECISÃO CORRETA - RECURSO IMPROVIDO. (TJPR - 3ª C.Cível - AC 0121148-7 - Loanda - Rel.: Des. Nério Spessato Ferreira - Unânime - J. 02.09.2003) 48) INTERDITO PROIBITÓRIO - INICIAL INDICANDO NOMES DE ALGUNS RÉUS - MST - INÉPCIA AFASTADA - LEGITIMIDADE PASSIVA - PRESENÇA DO JUSTO RECEIO - INVASÃO DE PROPRIEDADE VIZINHA - FATO PÚBLICO E NOTÓRIO - DESNECESSIDADE DE AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA - TURBAÇÃO OU ESBULHO IMINENTES - CONDENAÇÃO EM VERBAS DE SUCUMBÊNCIA - POSSIBILIDADE - JUSTIÇA GRATUITA - ART. 12 DA LEI 1.060/50 - RECURSO DESPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA (TAPR - Primeira C.Cível (TA) - AC 0166065-5 - Paranacity - Rel.: Des. Marcus Vinicius de Lacerda Costa - Unânime - J. 25.02.2003) 49)

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APELAÇÃO CÍVEL. PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. INVASÃO DE FAZENDA PELO MOVIMENTO DOS SEM TERRAS MST. DESCUMPRIMENTO DO MANDADO JUDICIAL DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. FUTURA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO EM FACE DO ESTADO. PROVA PERICIAL PARA CONSTATAR OS DANOS CAUSADOS NA PROPRIEDADE. "PERICULUM IM MORA" PRESENTE. CABIMENTO DA MEDIDA. APELO DESPROVIDO. 1. Presente se faz o pressuposto do "periculum in mora" autorizador do deferimento da produção antecipada da prova pericial, vez que, na hipótese em exame, caso se aguarde a fase instrutória do processo principal de ressarcimento de danos, a situação do imóvel poderá sofrer alterações quer pela ação do tempo quer pela atuação do proprietário que, para retomar suas atividades produtivas, promoverá o reparo dos alegados danos causados pelos invasores em sua propriedade rural. 2. A sentença que homologa a prova pericial não pode ser tida como nula tão-somente por não ter examinado o pressuposto do "periculum in mora", haja vista que tal requisito foi objeto de exame quando da decisão que deferiu a realização antecipada da perícia, a qual, no caso, não foi objeto de recurso pelo agora apelante. (TJPR - 5ª C.Cível - AC 0093758-0 - Loanda - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Eduardo Sarrão - Unânime - J. 10.12.2002) 50) APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO C/C PERDAS E DANOS - INVASÃO PELO MST E DESAPROPRIAÇÃO PELO GOVERNO FEDERAL COMO FUNDAMENTOS À EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE CONTRATUAL - CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR - PROVA DOCUMENTAL DOS FATOS MAS, QUE IMPEDE A DECLARAÇÃO DE INEXIBILIDADE POR NÃO CONFIGURADA A IMPOSSIBILIDADE ABSOLUTA - RECURSO DE APELAÇÃO DESPROVIDO. Como ensina Clóvis Bevilaqua, o caso fortuito "é o acidente produzido por força física ininteligente, em condições que não podiam ser previstas pelas partes" enquanto a forma maior é "o fato de terceiro, que criou, para a inexecução da obrigação, um obstáculo, que a boa vontade do devedor não pode vencer", conceito inaplicáveis à invasão e desapropriação, conforme os fatos no caso concreto. RECURSO DESPROVIDO. (TJPR - 5ª C.Cível - AC 0063173-8 - Curitiba - Rel.: Des. Paulo Habith - Unânime - J. 07.05.2002)

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APÊNDICE

PERGUNTAS PARA SISTEMATIZAÇÃO: TABELAS.

1. O MST é parte? Em qual polo, autor ou réu? Recorrente ou recorrido? 2. Qual o tipo de ação e recurso? Classificada em Cível ou Criminal; a espécie

da ação; e do recurso. 3. O Estado é considerado responsável pelas ações do MST? (sim/não) Tem o

dever de indenizar os proprietários em razão da ocupação? (sim/não). O Estado é considerado omisso quando não fornece reforço policial para as operações de desocupação? (sim/não).

4. Quantas decisões utilizam como fundamento ou reforçam o direito à propriedade privada? Quantas decisões tratam da função social da terra?

5. Utiliza-se a expressão “ocupação” ou “invasão”? Quantas vezes aparece na ementa?

6. Sob a ótica do senso comum, foram usados termos ou juízos de valor negativos em referência ao movimento, suas causas ou ações? Quais?

7. Existem expressões jurídicas que possuem conotação negativa quando empregadas em relação aos integrantes do MST ou aos seus atos? Quais?

8. As informações prestadas pela mídia são levadas em consideração na decisão?

Tabela 1 – O MST é parte? Em qual polo, autor ou réu? Recorrente ou recorrido?

(continua)

Nº Parte Autor Réu Recorrente Recorrido

1 Sim Proprietário MST MST Proprietário

2 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado

3 Não Proprietário Estado Estado Proprietário

4 Sim Proprietário MST MST Proprietário

5 Sim Proprietário MST Proprietário MST

6 Sim Proprietário MST MST Proprietário

7 Não - - - -

8 Sim Proprietário MST MST Proprietário

9 Sim Proprietário MST Proprietário MST

10 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado

11 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado

12 Não Proprietário Estado Proprietário Estado

13 Não Proprietário Estado Estado Proprietário

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Tabela 1 – O MST é parte? Em qual polo, autor ou réu? Recorrente ou recorrido?

(continua)

Nº Parte Autor Réu Recorrente Recorrido

14 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado

15 Sim Proprietário MST MST Proprietário

16 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado

17 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado

18 Sim Proprietário MST Proprietário MST

19 Sim Concessionária MST MST Concessionária

20 Sim Proprietário MST MST Proprietário

21 Sim Proprietário MST MST Proprietário

22 Não Proprietário Estado Estado Proprietário

23 Sim Proprietário MST MST Proprietário

24 Sim Proprietário MST MST Proprietário

25 Sim Proprietário MST MST Proprietário

26 Sim Proprietário MST MST + Proprietário MST + Proprietário

27 Sim Proprietário MST MST Proprietário

28 Sim Concessionária MST MST Concessionária

29 Não Proprietário Estado Estado Proprietário

30 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado

31 Sim Proprietário MST MST Proprietário

32 Sim MP MST MST + MP MST + MP

33 Não Proprietário Estado Estado Proprietário

34 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado

35 Não MP Seguranças do Imóvel MP Seguranças do Imóvel

36 Sim MP MST MST MP

37 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado

38 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado

39 Sim Proprietário MST Proprietário + MST Proprietário + Estado

40 Não MP Seguranças do Imóvel MP Seguranças do Imóvel

41 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado

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Tabela 1 – O MST é parte? Em qual polo, autor ou réu? Recorrente ou recorrido? Nº Parte Autor Réu Recorrente Recorrido

42 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado

Proprietário + Estado

43 Não Proprietário Estado Proprietário Estado

44 Não Proprietário Estado Proprietário Estado

45 Sim Proprietário MST MST Proprietário

46 Sim Proprietário MST Proprietário MST

47 Sim MST Proprietário MST Proprietário

48 Sim Proprietário MST MST Proprietário

49 Sim Proprietário MST MST Proprietário

50 Não - - - -

Total 26 0 26 22 6

Tabela 2 – Qual o tipo de ação e recurso? Classificada em Cível ou Criminal; a espécie da ação; e do recurso?

(continua)

Nº Cível Espécie Criminal Espécie Recurso

1 X Reintegração de Posse Embargos de Declaração

2 X Ação de indenização por danos materiais e morais c/c lucros cessantes.

Apelação Cível Reexame Necessário

3 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível Reexame Necessário

4 X Reintegração de Posse Agravo de Instrumento

5 X Interdito Proibitório Apelação Cível

6 X Reintegração de Posse cumulada com pedido de perdas e danos

Apelação Cível

7 X Alimentos Embargos de Declaração

8 X Interdito Proibitório Apelação Cível

9 X Ação de Indenização (Liquidação de Sentença)

Agravo de Instrumento

10 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível Reexame Necessário

11 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível Reexame Necessário

12 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Agravo de Instrumento

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Tabela 2 – Qual o tipo de ação e recurso? Classificada em Cível ou Criminal; a espécie da ação; e do recurso?

(continua)

Nº Cível Espécie Criminal Espécie Recurso

13 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível Reexame Necessário

14 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível Reexame Necessário

15 X Reintegração de Posse Agravo de Instrumento

16 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível Reexame Necessário

17 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível Reexame Necessário

18 Ação Penal X Desaforamento

19 X Possessória Apelação Cível

20 X Medida Cautelar Incidental de Produção antecipada de provas

Apelação Cível

21 X Reintegração de Posse Apelação Cível

22 X Reintegração de Posse cumulada com indenização

Agravo de Instrumento

23 X Interdito Proibitório Embargos de Declaração

24 X Interdito Proibitório Apelação Cível

25 X Reintegração de Posse Apelação Cível

26 X Interdito Proibitório Apelação Cível

27 X Reintegração de Posse Agravo de Instrumento

28 X Interdito Proibitório Apelação Cível

29 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível Reexame Necessário

30 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível Reexame Necessário

31 X Reintegração de Posse Apelação Cível

32 X Interdito Proibitório Apelação Cível

33 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Agravo de Instrumento

34 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível

35 Ação Penal X Homicídio a. Recurso em sentido estrito

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Tabela 2 – Qual o tipo de ação e recurso? Classificada em Cível ou Criminal; a

espécie da ação; e do recurso?

Nº Cível Espécie Criminal Espécie Recurso

36 Ação Penal X Prisão preventiva

Habeas Corpus

37 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível Reexame Necessário

38 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível Reexame Necessário

39 X Interdito Proibitório Apelação Cível

40 Ação Penal X Homicídio Recurso em sentido estrito

41 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível Reexame Necessário

42 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível Reexame Necessário

43 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível

44 X Ação de Indenização por danos materiais e morais

Apelação Cível Reexame Necessário

45 X Interdito Proibitório Apelação Cível

46 X Reintegração de Posse Apelação Cível

47 X Ação de cobrança Apelação Cível

48 X Interdito Proibitório Apelação Cível

49 X Cautelar de produção de prova Apelação Cível

50 X Declaratória de inexigibilidade de débito c/c perdas e danos

Apelação Cível

Total 46 04

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Tabela 3 – O Estado é considerado responsável pelas ações do MST? (sim/não) Tem o dever de indenizar os proprietários em razão da ocupação? (sim/não). O

Estado é considerado omisso quando não fornece reforço policial para as operações de desocupação? (sim/não)

(continua)

Nº Responsável Indenização Omissão

1

2 Sim Sim Sim

3 Sim Sim Sim

4

5

6 Sim

7

8

9

10

11 Sim Sim Sim

12 Sim Sim Sim

13 Sim Sim Sim

14 Sim Sim Sim

15

16 Sim Sim Sim

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29 Sim Sim Sim

30 Sim Sim Sim

31

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Tabela 3 – O Estado é considerado responsável pelas ações do MST? (sim/não) Tem o dever de indenizar os proprietários em razão da ocupação? (sim/não). O

Estado é considerado omisso quando não fornece reforço policial para as operações de desocupação? (sim/não)

Nº Responsável Indenização Omissão

32

33 Sim Sim Sim

34 Sim Sim Sim

35

36

37 Sim Sim Sim

38

39

40 Sim Sim Sim

41 Sim Sim Sim

42 Sim Sim Sim

43 Sim Sim Sim

44

45

46

47

48

49

50

Total 16 17 16

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Tabela 4 – Quantas decisões utilizam como fundamento ou reforçam o direito à propriedade privada? Quantas decisões tratam da função social da terra?

(continua)

Nº Direito à propriedade particular Função Social da Propriedade

1 X -

2 X -

3 X -

4 X -

5 - -

6 X -

7 - -

8 X -

9 X -

10 - -

11 X -

12 X -

13 X -

14 X -

15 - -

16 X -

17 X -

18 - -

19 X -

20 - -

21 - -

22 X -

23 X -

24 X -

25 - -

26 - -

27 X -

28 - -

29 X -

30 X -

31 X -

32 X -

33 X -

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78

Tabela 4 – Quantas decisões utilizam como fundamento ou reforçam o direito à propriedade privada? Quantas decisões tratam da função social da terra?

i. Nº ii. Direito à

propriedade

particular

iii. Função Social da Propried

ade

iv. 34 v. X vi. -

vii. 35 - -

36 - -

37 X -

38 X -

39 - -

40 X -

41 X -

42 X -

43 X -

44 X -

45 - -

46 X -

47 X -

48 X -

49 X -

50 - -

Total 35 0

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79

Tabela 5 – Utiliza-se a expressão “ocupação” ou “invasão”? Quantas vezes aparece na ementa?

(continua)

Nº Ocupação/ocupantes/ocupado Invasão/invasores/invadido

1 - 1

2 - 3

3 - 1

4 - 1

5 - 1

6 - 1

7 - 3

8 - 4

9 - 3

10 - 1

11 - 2

12 - 1

13 - 1

14 2 (1 - ocupação ilegal) 1

15 1 -

16 - 1

17 - 2

18 - -

19 - -

20 - -

21 - 3

22 - 2

23 - -

24 - 5

25 - 1

26 1 -

27 - 1

28 - 1

29 - 1

30 - 1

31 - 1

32 - -

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Tabela 5 – Utiliza-se a expressão “ocupação” ou “invasão”? Quantas vezes aparece na ementa?

viii.

ix. Ocupação/ocupantes/ocup

ado

x. Invasão/invasores/inva

dido

33 - -

34 - 1

35 - 1

36 - -

37 - 2

38 - 1

39 - 1

40 - 1

41 - 1

42 - 1

43 - 1

44 - 2

45 - 1

46 1 -

47 1 1

48 - 1

49 - 2

50 - 2

Total 6 62

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81

Tabela 6 – Sob a ótica do senso comum, foram usados termos ou juízos de valor negativos em referência ao movimento, suas causas ou ações? Quais?

(continua)

Nº Expressões

1

2 “Cabíveis os danos morais, em casos tais, especialmente quando a invasão e respectiva omissão do Estado causaram grande sofrimento, transtorno e humilhação ao suplicante.”

3

4

5

6

7 “Na evidência de que o agravante não tem obtido renda de quaisquer de seus imóveis rurais, uma vez que todos se encontram invadidos pelo MST”

8 Autores “molestados” na posse

9 “ENERGIA ELÉTRICA CONSUMIDA PELOS INVASORES FAZENDA QUE FOI TOTALMENTE INVADIDA INEXISTÊNCIA DE PROVA DA ALEGADA CONTINUIDADE DAS ATIVIDADES DA FAZENDA”

10

11 Danos materiais sofridos “a recusa manifesta pelo Estado do Paraná representa o patrocínio da ilegalidade, contra o cumprimento da lei, a paz e o equilíbrio social, passível de reparação pelos danos causados ao proprietário da área rural invadida por integrantes do movimento sem terra.”

12

13

14

15

16

17 “[...]a invasão e respectiva omissão do Estado causaram grande sofrimento, transtorno e humilhação ao suplicante”

18 -

19

20

21

22 ARTIFÍCIO DE RETIRADA E RETORNO O MST não dá mostra de sujeição às leis do país ou às decisões judiciais “[...]se comportam como um agrupamento com leis próprias cuja bandeira não é verde e amarela.”

23

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82

Tabela 6 – Sob a ótica do senso comum, foram usados termos ou juízos de valor negativos em referência ao movimento, suas causas ou ações? Quais?

(continua)

xi. Nº xii. Expressões

24

25

26

27 grupos como o M.S.T., [...], buscam por meio da violência e da quebra da ordem legal sanar suas necessidades básicas, afetando todavia direitos também constitucionalmente protegidos de outros cidadãos. ação ilegal de grupos de trabalhadores rurais em verdade carentes, mas cognominados de "oprimidos" O MST não dá mostra de sujeição às leis do país ou às decisões judiciais “[...]se comportam como um agrupamento com leis próprias cuja bandeira não é verde e amarela.”

28

29 O agravamento dos danos, especialmente no que diz respeito à matança de animais, furtos e demais atos de vandalismo.

30 “INVASÃO DE PROPRIEDADE RURAL POR PESSOAS LIGADAS AO MST” “DESVALORIZAÇÃO DE IMÓVEL QUE É RESULTADO DA ATUAÇÃO EXCLUSIVA DO MST”

31

32

33

34

35

36 “existindo fatos concretos que indicam a necessidade da garantia da ordem pública que se encontra fortemente abalada com os constates conflitos entre integrantes do MST e fazendeiros da região, como pelas inúmeras armas apreendidas nos acampamentos dos integrantes do MST”

37

38 “os sem-terra só puderam praticar os atos lesivos descritos”

39

40

41

42

43

44

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45

46

47

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84

Tabela 6 – Sob a ótica do senso comum, foram usados termos ou juízos de valor negativos em referência ao movimento, suas causas ou ações? Quais?

xiii. Nº xiv. Expressões

48

49

50

Total 12

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Tabela 7 – Existem expressões jurídicas que possuem conotação negativa quando empregadas em relação aos integrantes do MST ou aos seus atos? Quais?

(continua)

Nº Expressões Jurídicas

1

2 Danos causados, força policial

3 Danos, força policial

4 Penalidade, dano

5

6

7

8 Turbação, esbulho, boletins de ocorrência

9

10 Extensão dos danos

11 Força policial, danos, ato culposo

12 Auxílio policial, danos

13 Danos

14 Força policial, danos

15

16 Danos

17 Danos, força policial, evento danoso

18

19 Turbação, esbulho

20 Esbulhador

21

22

23

24 Turbação, esbulho

25

26

27

28

29 Danos, força policial, evento danoso

30 Dano, abalo moral

31 Esbulhadores

32 Danos

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Tabela 7 – Existem expressões jurídicas que possuem conotação negativa quando empregadas em relação aos integrantes do MST ou aos seus atos? Quais?

xv. Nº Expressões Jurídicas

33 Danos

34 Danos, reforço policial

35

36 Emboscada

37 Danos, força policial, evento danoso

38 Força policial, danos

39

40

41 Força policial, danos

42 Danos

43 Força policial

44 Danos

45

46

47

48 Turbação, esbulho

49

50

Total 28

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87

Tabela 8 – As informações prestadas pela mídia são levadas em consideração na decisão? Diretamente (imprensa) e indiretamente (fato público e notório).

(continua)

Nº Mídia

1 Direta

2 -

3 -

4 -

5 -

6 -

7 -

8 -

9 -

10 -

11 -

12 -

13 -

14 -

15 -

16 -

17 -

18 -

19 -

20 -

21 -

22 -

23 -

24 -

25 -

26 -

27 -

28 Direta

29 -

30 -

31 -

32 -

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88

Tabela 8 – As informações prestadas pela mídia são levadas em consideração na decisão? Diretamente (imprensa) e indiretamente (fato público e notório). Nº Mídia

33 -

34 -

35 -

36 -

37 -

38 -

39 Indireta

40 -

41 -

42 -

43 -

44 -

45 Indireta

46 -

47 -

48 Indireta

49 -

50 -

Total 5