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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
CURSO DE TECNOLOGIA EM COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL
BRUNA DE FREITAS CASTRO HELOISA BAGATIN CARDOSO
A NECESSIDADE DO MST DESENVOLVER UM CANAL DE COMUNICAÇÃO AO
TJPR
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
CURITIBA
2013
BRUNA DE FREITAS CASTRO HELOISA BAGATIN CARDOSO
A NECESSIDADE DO MST DESENVOLVER UM CANAL DE COMUNICAÇÃO AO TJPR
Trabalho de Conclusão de Curso ou Monografia apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Tecnólogas em Comunicação Institucional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Orientadora: Profª. Drª. Maurini de Souza
CURITIBA
2013
Dedicamos este trabalho a todos aqueles que não desistem de suas lutas, a
exemplo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que
tanto nos ensinou durante a nossa pesquisa.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos especialmente à professora Maurini de Souza, pela paciência,
dedicação e orientação deste trabalho, e por ter compartilhado todo o seu
conhecimento sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Agradecemos também a todos os professores do Curso de Tecnologia em
Comunicação Institucional, que desde 2006 nos deram o suporte necessário para
nos tornarmos profissionais. E, por último, somos gratas a todos os amigos e
familiares que não nos deixaram desistir.
Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me
resignar nunca.
Darcy Ribeiro.
RESUMO
CASTRO, Bruna de Freitas; CARDOSO, Heloisa Bagatin. A necessidade do MST desenvolver um material de comunicação ao TJPR. 2012. Número total de folhas: 98.Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Tecnologia em Comunicação Institucional) Departamento Acadêmico de Comunicação e Expressão - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitilba, 2012.
Este trabalho tem como objetivo avaliar a necessidade do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de desenvolver um material de comunicação específico ao Tribunal de Justiça do Paraná, como forma de divulgar as ações do movimento. Para tal, será realizada revisão bibliográfica sobre a questão agrária, o MST e os ruralistas, diferenciando os posicionamentos de ambos os grupos e conhecer os meios de comunicação utilizados por cada um. Além disso, pretende-se identificar a postura prioritariamente adotada pelos magistrados do TJPR, por meio da análise das cinquenta ementas dos acórdãos do TJPR que envolvem o MST nos últimos 10 anos. O trabalho se pautará nos conceitos de dialética de Marx (2008, 2010) e na concepção de movimento social por Touraine (apud GOHN, 2010), bem como tomará por base os estudos de Gohn (2010) acerca dos movimentos sociais no Brasil e de Carter (2010) sobre a questão agrária brasileira. Pretende-se oferecer os dados coletados à assessoria de comunicação do MST no Paraná e, se for o caso, informar a premência de desenvolver um canal de comunicação destinado ao Poder Judiciário paranaense.
Palavras-chave: Comunicação. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Ruralistas. Canal de Comunicação. Tribunal de Justiça do Paraná.
ABSTRACT
CASTRO, Bruna de Freitas; CARDOSO, Heloisa Bagatin. A necessidade do MST desenvolver um material de comunicação ao TJPR (The need of a communication guide developed by MST to TJPR). 2012. Número total de folhas: 98. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Tecnologia em Comunicação Institucional) Departamento Acadêmico de Comunicação e Expressao - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2012.
This survey thematizes the Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra on its relation with the Tribunal de Justiça do estado do Paraná. The theme derives from the formulated problem, that has as an objective evaluate the need from the movement to develop a communication material directed to TJPR. The theme derives from the problem formulated for this research, that has the objective of evaluate the need of the Movement to develop a material of communication directed to TJPR, as a way to publish the movements actions. For such, the research proposes a few especific objectives. It begins with a bibliographical review about the land issue, the MST, the ruralists, distinguishing the positioning from both groups and identifying the communication means used by each one of them. Besides, it intends to colect elelments that can identify the position adopted by judges from TJPR through the analysis of fifty syllabus of the deals of TJPR that envolves the MST in the last 10 years. The research will regularize on the concepts of dialectics from Karl Marx and in the conception of social movement by Touraine, as also will base the studies of Gohn about social movements in Brasil and Carters theory about brazilian agrarian issue. Finaly, realizes a survey of colected data about the MST, and if necessary, informs the necessity to develop a communication channel destined to the Poder Judiciário paranaense.
Keywords: Communication. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Rural caucus. Communication channels. Tribunal de Justiça do Paraná.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – O MST É PARTE? EM QUAL PÓLO, AUTOR OU RÉU? RECORRENTE OU RECORRIDO?............................................
70
TABELA 2 – QUAL O TIPO DE AÇÃO E RECURSO? CLASSIFICADA EM CÍVEL OU CRIMINAL; A ESPÉCIE DA AÇÃO; E DO RECURSO. .................................................................................
72
TABELA 3 – O ESTADO É CONSIDERADO RESPONSÁVEL PELAS AÇÕES DO MST? (SIM/NÃO) TEM O DEVER DE INDENIZAR OS PROPRIETÁRIOS EM RAZÃO DA OCUPAÇÃO? (SIM/NÃO). O ESTADO É CONSIDERADO OMISSO QUANDO NÃO FORNECE REFORÇO POLICIAL PARA AS OPERAÇÕES DE DESOCUPAÇÃO? (SIM/NÃO)...................................................................................
75
TABELA 4 – QUANTAS DECISÕES UTILIZAM COMO FUNDAMENTO OU REFORÇAM O DIREITO À PROPRIEDADE PRIVADA? QUANTAS DECISÕES TRATAM DA FUNÇÃO SOCIAL DA TERRA? ......................................................................................
77
TABELA 5 – UTILIZA-SE A EXPRESSÃO “OCUPAÇÃO” OU “INVASÃO”? QUANTAS VEZES APARECE NA EMENTA?............................
79
TABELA 6 – SOB A ÓTICA DO SENSO COMUM, FORAM USADOS TERMOS OU JUÍZOS DE VALOR NEGATIVOS EM REFERÊNCIA AO MOVIMENTO, SUAS CAUSAS OU AÇÕES? QUAIS? .......................................................................
81
TABELA 7 – EXISTEM EXPRESSÕES JURÍDICAS QUE POSSUEM CONOTAÇÃO NEGATIVA QUANDO EMPREGADAS EM RELAÇÃO AOS INTEGRANTES DO MST OU AOS SEUS ATOS? QUAIS? ..........................................................................
84
TABELA 8 – AS INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA MÍDIA SÃO LEVADAS EM CONSIDERAÇÃO NA DECISÃO?......................
86
LISTA DE QUADROS
Quadro 1....................................................................................................................27 Quadro 2....................................................................................................................27 Quadro 3....................................................................................................................28 Quadro 4....................................................................................................................31 Quadro 5....................................................................................................................32 Quadro 6....................................................................................................................34
SUMÁRIO
1.1 INTRODUÇÃO 01
1 A QUESTÃO AGRÁRIA 04
2 MST E HISTÓRICO DE COMUNICAÇÃO 08
3 RURALISTAS 14 4 LUTA DE CLASSES 19
5 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ 24 6 SISTEMATIZAÇÃO DAS EMENTAS 26
CONSIDERAÇÕES FINAIS 39
REFERÊNCIAS 42
ANEXOS 46
APÊNDICE – PERGUNTAS PARA SISTEMATIZAÇÃO: TABELAS 70
1
INTRODUÇÃO
No início dos anos 1960, havia uma disputa entre duas linhas de
pensamentos para melhorar a produção agrária no país: de um lado, os que
defendiam a reforma agrária e, por outro, o grupo liderado pelos economistas da
USP. No período da ditadura militar, a opção do Estado foi investir na busca pela
modernização no campo com base na ampliação dos latifúndios, com estímulo ao
uso de agrotóxicos e mecanização, com a consequente repressão dos conflitos
agrários. Assim, os projetos que defendiam a reestruturação na distribuição de terras
no país e que culminaram com a lei proposta pelo presidente João Goulart1 foram
abandonados e os problemas sociais que eles combatiam se ampliaram, mesmo
com o crescimento econômico da produção agrícola nacional.2
Na década de 1980, em Cascavel, no interior do estado do Paraná,
trabalhadores rurais de todo o país fundaram um movimento social camponês para
reivindicar o uso da terra para o trabalho e como forma de combater a desigualdade
social; surgiu, assim, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Segundo Carter, “em meados da década de 1990, o MST havia se tornado o maior
movimento social da América Latina, e a reforma agrária estabeleceu-se na agenda
pública do Brasil.” (2010, p. 27). As principais estratégias utilizadas pelos
1 O decreto inicial tinha como relator o Ministro do Trabalho e Previdência Social João Pinheiro Neto. 2“[...] o Estatuto da Terra jamais foi implantado. Era um “faz-de-conta” para resolver pelo menos
momentaneamente os problemas no campo. Para viabilizar a sua política econômica, o Estado manteve a questão agrária sob o controle do poder central. Por essa política, o acesso à terra ficou fechado aos camponeses e totalmente aberto à empresa capitalista. O Estatuto da Terra escancarou-se, então, como um instrumento estratégico para controlar as lutas sociais e desarticular os conflitos por terra. As únicas e pouquíssimas desapropriações serviram apenas para diminuir os conflitos ou realizar projetos de colonização (veja no item a seguir), De 1965 até 1981, foram realizadas 8 desapropriações em média por ano, apesar de terem ocorrido pelo menos 70 conflitos por terra anualmente. Desse modo, apesar de o Estatuto da Terra aparecer, por suas definições, como querendo modificar a estrutura fundiária e punir o latifúndio, a política agrícola e agrária dos militantes promoveu a modernização tecnológica das grandes propriedades. Ao mesmo tempo, os grandes proprietários tinham livre acesso aos órgãos do Estado, como o Ministério da Agricultura, o INCRA etc., exercendo forte controle sobre o Poder Judiciário e o Congresso Nacional. Enfim, o Estatuto da Terra não saiu do papel e a política agrária real do regime militar significou, de fato, a entrega de mais terras aos comerciantes e industriais. E foi nesse período que se entregaram grandes extensões de terras públicas da região amazônica a grupos empresariais e também a multinacionais que, segundo o INCRA, possuem hoje 30 milhões de hectares no Brasil. A modernização tecnológica da agricultura não significou a eliminação das formas tradicionais de relações de trabalho. O desprezo aos direitos trabalhistas chegou ao ponto de provocar o ressurgimento do trabalho escravo no campo. A violência para bloquear as formas de organização e representação também ganhou corpo, conseguindo paralisar as lutas.” (MORISSAWA, 2001, p. 99-100).
2
participantes do MST para pressionar a redistribuição de terras é a ocupação de
lotes, avaliados como improdutivos, e a resistência e combate às políticas
conservadoras (MST, 2009b).
Por sua vez, os proprietários rurais perceberam a necessidade de se reunir
para resguardarem o direito à propriedade e fundaram, assim, a União Democrática
Ruralista (UDR), em 1985. Essa classe influenciou a criação da bancada ruralista, a
qual constitui uma frente parlamentar que age em favor dos interesses dos
latifundiários3 e do agronegócio4
Os trabalhadores rurais sem-terra e os grandes proprietários de terra têm,
então, protagonizado uma luta de classes no Brasil, cada qual em defesa de seus
interesses. Interesses antagônicos geram ações judiciais, sobretudo na discussão
acerca da (i)legalidade das ocupações de lotes. Deste modo, para solucionar os
conflitos agrários, os juízes precisam reconhecer esse dualismo de posições e
eleger uma das posturas para adotar em seus veredictos.
e procura obstar os projetos de Reforma Agrária,
sob o argumento de proteção da propriedade privada (UDR, 2011). Em razão da
forte influência e ligação dos ruralistas com o Governo, a redistribuição de terras tem
ocorrido de forma lenta e sem muita eficácia. Além disso, influenciando os meios de
comunicação de massa de maior circulação do país, os ruralistas buscam a
criminalização e exclusão dos movimentos sociais campesinos, em especial, do
MST.
3 Latifundiário é a denominação que recebe o proprietário do latifúndio, ou seja, do imóvel rural
que excede aos limites máximos permitidos – 600 (seiscentas) vezes o módulo médio da propriedade rural e 600 (seiscentas) vezes a área média dos imóveis rurais, na respectiva zona – ou que tenha área igual ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, mas seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com base nos artigos 4º e 46, parágrafo primeiro, da Lei 4.504/1964 (Estatuto da Terra). Do conceito de latifúndio do professor argentino Antonio Vivanco depreende-se que constitui a utilização deficitária da terra agrícola, caracterizada geralmente pela existência de uma vasta área e com o emprego de mão de obra assalariada, com escassa produção de bens e serviços, pouca organização e com baixo rendimento, impondo más condições de vida e de trabalho. (VIVANCO, 1967, p. 51).
4 “Podemos definir, então, o agronegócio como o conjunto organizado de atividades econômicas que envolve a fabricação e fornecimento de insumos, a produção, o processamento e armazenamento até a distribuição para consumo interno e internacional de produtos de origem agrícola ou pecuária, ainda compreendidas as bolsas de mercadorias e futuros e as formas próprias de financiamento, sistematizadas por meio de políticas públicas específicas. [...] Além do conceito econômico da atividade, há um projeto de lei de iniciativa do Senado Federal de nº 325/2006 (em análise com a relatoria) que dispõe sobre o Estatuto do produtor e define, em seu art. 2º, o agronegócio como ‘...o conjunto global de operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; das operações de produção nas unidades agrícolas e itens produzidos a partir deles, incluindo os serviços de apoio’.” (BURANELLO, 2011. p. 44).
3
Assim, nesta pesquisa, pretende-se identificar, num primeiro momento, os
contextos das ações relacionados às decisões dos magistrados do Tribunal de
Justiça do Estado do Paraná, nos casos em que o MST é citado. Para tanto, serão
consideradas as ementas5 dos acórdãos6
Com base nos resultados obtidos, será avaliado o contexto no qual o MST
se insere nas decisões judiciais, procurando extrair dos julgados quais as
percepções dos magistrados em relação ao movimento, contribuindo para avaliar
qual o grau de necessidade e enfoque na possível elaboração de um canal de
comunicação entre o MST e o Poder Judiciário Paranaense.
proferidos pela Corte Paranaense,
disponíveis para consulta no site da instituição nos últimos 10 anos, ou seja, de 2002
a setembro de 2011, perfazendo um total de 50 julgados (ver Anexo A).
Este trabalho está assim dividido; o primeiro capítulo apresenta um
panorama geral da questão agrária brasileira, enquanto o segundo capítulo
aprofunda-se no histórico do MST. O terceiro capítulo deste trabalho visa abordar a
União Democrática Ruralista e o quarto discorre sobre o conceito de Luta de
Classes do Karl Marx. O quinto capítulo descreve o Tribunal de Justiça e a
organização interna. O sexto capítulo é baseado nos resultados da sistematização
das 50 ementas analisadas.
5 “Ementa. Em sentido próprio do Direito, quer ementa significar o resumo que se faz dos
princípios expostos em uma sentença ou em um acórdão, ou o resumo do que se contém numa norma, levado à assinatura da autoridade a quem compete referendá-la ou decretá-la. [...] Ementa do acórdão ou da sentença. A ementa é formada por duas partes: a verbetação e o dispositivo. A verbetação é a sequência de palavras-chave, ou de expressões, que indicam o assunto discutido no texto; o dispositivo é a regra resultante do julgamento no caso concreto, devendo, como o dispositivo da sentença, ser objetivo, conciso, afirmativo, preciso, unívoco, coerente e correto.” (SILVA, 2005, p. 517).
6 “Acórdão. Na tecnologia da linguagem jurídica, acórdão, presente no plural do verbo acordar, substantivo, quer dizer a resolução ou decisão tomada coletivamente pelos tribunais. A denominação vem do fato de serem todas as sentenças, ou decisões proferidas pelos tribunais, na sua conclusão definitiva e final, precedidas do verbo acordam, que bem representa a vontade superior do poder, ditando o seu veredicto.” (SILVA, 2005, p. 56).
4
1. A QUESTÃO AGRÁRIA
A história da nação brasileira foi e continua sendo escrita em consonância
com o processo evolutivo do setor agrário. Quando as primeiras caravelas
portuguesas atracaram nos mares do país, os europeus ficaram impressionados
com a diversidade da flora e fauna. O pau-brasil era abundante e logo começou a
ser extraído com a utilização de mão de obra indígena. A árvore inspirou o nome
dessa terra descoberta que passou a ser chamada de Brasil.7
No período colonial
8
No Brasil Império existiram medidas governamentais para promover a
agricultura e modernizá-la, como a facilitação do crédito, a diminuição de impostos e
o estabelecimento de franquias aduaneiras. Em 1888, ocorria a abolição da
escravatura com a assinatura – pela princesa Isabel – da lei 3.353
o grande atrativo do solo brasileiro eram as plantações
de cana de açúcar – chamadas de ouro branco – e de cacau. Para cuidar das
lavouras, foram trazidos os navios negreiros com escravos da África e, nesse
momento, começavam a surgir as primeiras formações de aldeias com famílias
constituídas. Por conseguinte, para ampliar as áreas de canaviais e expandir a
ocupação do território brasileiro, os portugueses começaram a implantar a pecuária
extensiva no intuito de auxiliar a força motriz da atividade agrária, bem como para
retirar o couro e servir de carne.
9
Após o período Imperial, instalou-se a República Velha
, mais conhecida
por Lei Áurea. 10
7 Cf. "Brasil" desde quando?. Portal SESCSP. Disponível em:
<http://www.sescsp.org.br/sesc/hotsites/paubrasil/cap2/testemunha.htm>. Acesso em: 01 set. 2010.
dirigida pela
política do café-com-leite. As oligarquias paulistas (os produtores de café) e as
mineiras (os responsáveis pela produção leiteira) alternavam-se no poder. Os
latifundiários passaram a empregar mão de obra de imigrantes (italianos, espanhóis,
alemães, entre outros). Ademais, praticamente ao mesmo tempo em que se
8 Cf. História do Brasil Colônia - O Período Colonial. Sua Pesquisa.com. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/colonia>. Acesso em: 01 set. 2010.
9 Cf. BRASIL. Leis, etc. Collecção das leis do Imperio do Brazil de 1810. v. 1. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1891, p.228.
10 Cf. República Velha. Cultura Brasil. Disponível em: <http://www.culturabrasil.org/republicavelha.htm>. Acesso em: 01 set. 2010.
5
praticava a economia cafeeira, a extração da borracha11
De acordo com Oliveira (1988, p.132-75) na década de 1940, os Estados
Unidos da América estavam fomentando pesquisas no âmbito da comunicação para
desvendar o processo de aceitação ou rejeição das inovações agrícolas por parte
dos agricultores, viabilizando a prática de extensão rural. Todavia, com o término da
Segunda Guerra Mundial e início da Guerra Fria, os norte-americanos precisavam
manter sua hegemonia ideológica e econômica – com o discurso de país capitalista
e desenvolvido – sobre os demais países, em especial os de terceiro mundo,
chamados de subdesenvolvidos.
desenvolveu-se na
Amazônia, durante a chamada Belle Époque.
Nesse paradoxo, segundo Oliveira, surge a ideia de que o desenvolvimento
está atrelado à tecnologia – países de primeiro mundo, cidades e grandes centros
industriais – e o subdesenvolvimento à ausência dela – países periféricos e
localidades afastadas, como o meio rural. Dessa forma, era necessária uma difusão
de recursos para modernizar as sociedades atrasadas. Assim, houve um acordo
entre os governos brasileiro e americano, no qual o Brasil facilitava a concessão de
crédito se o agricultor importasse os equipamentos e tecnologias estadunidenses
(OLIVEIRA, 1988, p. 34). A partir dos anos 1970, o Brasil entrou nos ciclos de
produção de soja – chamado ouro verde – e de trigo, cujas commodities
permanecem operantes até o presente momento e impulsionam o agronegócio
(EMBRAPA, 2010).
Nas esferas econômica e política, os dados fornecidos pela Federação da
Agricultura do Estado do Paraná12 expressam a importância do setor agropecuário
atualmente, visto que representam um terço do Produto Interno Bruto (PIB) nacional
e a mesma quantia dos empregos e exportações do país. Ademais, o governo
federal13
11 Cf. SOUZA, Rainer. Ciclo da borracha. Brasil Escola. Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/historiab/ciclo-borracha.htm>. Acesso em: 01 set. 2010.
reservou a quantia de R$ 107,5 bilhões para o plano Agrícola e Pecuário
(PAP) 2009/2010. Em relação aos dados do Paraná, o estado tem 442 mil
propriedades rurais, sendo que, em 2008, o estado exportou o equivalente a US$
15,2 bilhões e produziu, em média, 48% do trigo, 26% do milho, 23% do frango e
20% da soja nacional.
12 FAEP, 2009, p. 3. 13 FAEP, 2009, p. 8.
6
O Brasil está entre os países com maior desigualdade social no mundo, de
acordo com a pesquisa "De volta ao País do Futuro", realizada em 2012, no Centro
de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV); o país ainda encontra-
se entre as 12 nações mais desiguais do mundo.
A desigualdade social é um problema que se iniciou há muitos anos, desde o
período colonial. Os portugueses, quando aqui desembarcaram, vieram com o
objetivo de explorar e acumular a riqueza das terras brasileiras. As sesmarias,
regime que vigorou até 1850, são um exemplo de injustiça da distribuição de terra,
pois apenas brancos e católicos tinham o direito de recebê-las, segundo Morissawa
(2001).
Entre as leis da propriedade rural no Brasil, destaca-se a Lei n. 601/1850
(Lei de Terras) e a Lei n. 4.504/1964 (Estatuto da Terra), ambas com o intuito de
proteger a elite e os grandes proprietários de terra.
A Lei n. 601/1850 (Lei de Terras) veio como um marco do império que em
um contexto da sociedade mundial, na qual a Europa, movida pela expansão do
capitalismo, vivia uma grande evolução comercial e social. O Brasil precisaria não só
reorganizar essa estrutura, como também dar à terra um caráter mais comercial do
que social, como era observado pelos grandes engenhos e latifúndios de pessoas
influentes.
A terra passa a ser um importante e fundamental gerador de lucros para a
economia do estado. Com a lei de 1850, regulamenta-se o registro público de todas
as terras e o governo passa a ter o controle total de terras devolutas, isto é, terrenos
ou propriedades públicas que nunca entraram legitimamente em domínio particular.
Isso ficou conhecido, apesar de timidamente e ineficaz na tentativa de solucionar o
problema agrário do país, como um primeiro plano de reforma agrária. Observou-se
um pequeno retrocesso na expansão latifundiária; por outro lado, as terras passam
a ter dono: o governo ou os coronéis com influência política determinante para
manter seus domínios territoriais no interior.
Sem conseguir comercializar as terras devolutas, devido ao alto preço, nem
impedir ou delimitar a atuação dos coronéis, o governo passa a acumular terras
públicas.
Conforme Morissawa, “a Lei de Terras significou o casamento do capital com
a propriedade da terra” (2001, p. 71 - grifo da autora), afirmação compatível com a
definição de Sampaio (2010), que coloca a referida lei como a maneira encontrada
7
pelas elites da época para evitar que as classes pobres adquirissem uma
propriedade de terra.
Ano mais tarde, no início de 1964, o presidente João Goulart organizou um
Comício no qual defendeu reformas políticas, onde aconteceram muitas
manifestações populares em prol da reforma agrária. Porém, logo em seguida o
conjunto de ações de Jango, como o presidente era conhecido, foi derrubado pelo
golpe militar que não tinha interesse em ir contra os grandes latifundiários. Com a
ditadura, surgiu então uma nova regulamentação legislativa da propriedade de terra,
a Lei n. 4.504/1964 (Estatuto da Terra), em busca de apaziguar as manifestações
dos campesinos e ao mesmo, sem ferir os interesses políticos da elite brasileira. O
Estatuto da Terra diz que o Estado tem a obrigação de garantir o direito ao acesso à
terra para quem nela vive e trabalha, porém, tais ações não foram colocadas em
prática.
O Estatuto, diz ainda, que: “Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade”. Porém, mais de 45 anos depois, não houve uma aplicação verdadeira das ideias defendidas pela lei.
8
2. MST E HISTÓRICO DE COMUNICAÇÃO
De todos os movimentos sem-terra existentes, o maior e mais expressivo é o
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que contabiliza mais de
1.500 militantes atuantes em 24 estados brasileiros. De acordo com Gohn (2010, p.
143), até 2009 o movimento havia assentado em torno de 370 mil famílias em 1.800
assentamentos, e mais 130 mil famílias em acampamentos. E os números vêm
crescendo a cada ano. Hoje o Grupo tem aproximadamente 1,14 milhões de
membros, 1,8 mil escolas primárias e secundárias, mais de 2 mil assentamentos,
escola de nível superior, diversos meios de comunicação, 140 agroindústrias, 61
cooperativas rurais (CARTER, 2010, p. 38).
O surgimento oficial do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) foi na cidade de Cascavel, Paraná, na década de 1980, durante uma reunião
de camponeses formados por “posseiros, atingidos por barragens, migrantes,
meeiros, parceiros, pequenos agricultores” (MST, 2009a). Enfim, trabalhadores sem-
terra que viam seus direitos cerceados por um projeto governamental de
“modernização do campo” que privilegiava os latifúndios e os grandes
conglomerados agroindustriais com liberação de crédito, utilização de agrotóxicos e
mecanização da produção. Decidiram então lutar em prol da Reforma Agrária e das
transformações sociais para o campo14
Apesar de sua fundação ser datada de 22 de janeiro de 1984, para
Fernandes, o MST “não teve sua criação no 1º Encontro Nacional de Sem-Terra, em
janeiro de 1984, mas nas primeiras ocupações de terra organizadas no Sul do país
em 1979” (2010, p. 165). Ele é considerado herdeiro de outros movimentos
brasileiros pela distribuição de terra na área rural (INTERVOZES, 2011, p. 14).
.
Com o golpe militar de 1964, os movimentos rurais foram sufocados. Porém,
o retorno de colonos que haviam participado de lutas sociais no Brasil e a recusa de
alguns outros em aceitar terras fora do Estado foram os primeiros passos da
reorganização dos camponeses semterra. Nos anos de ditadura sofreram grande
influência da Igreja Católica, que levou ao surgimento da Comissão Pastoral da
Terra (CPT), em 1975.
14 Cf. MST, 2009a.
9
No primeiro Congresso, durante as Diretas-Já, o MST proclamava: “Sem
Reforma Agrária não há democracia”. Conseguiram influenciar os constituintes para
elaboração dos artigos 184 e 186 da Constituição Federal15
Segundo o MST “os interesses do latifúndio encontravam nos aparatos do
Estado suas melhores ferramentas de repressão ou omissão”. Como resposta
lançaram o lema “Ocupar, Resistir e Produzir”, em 1990. E a cada 05 anos, os
militantes reavaliam seus objetivos em Congressos e renovam o lema do
movimento. Em 1995, o mote era “Reforma Agrária. Uma luta de todos”, em 2000
lançaram “Reforma Agrária. Por um Brasil sem latifúndio”.
, cuja vitória para os
militantes foi a garantia de desapropriação de terras improdutivas que não cumprem
sua função social.
16
Esta palavra de ordem estava materializada no outro Brasil que queremos construir no cotidiano. Está nas mais de 400 associações e cooperativas que trabalham de forma coletiva para produzir alimentos sem transgênicos e sem agrotóxicos. Estão nas 96 agroindústrias que melhoram a renda e as condições do trabalho no campo, mas também oferecem alimentos de qualidade e baixo preço nas cidades. Um outro país que construímos com 2 mil escolas públicas em acampamentos e assentamentos que garantem o acesso à educação à mais de 160 mil crianças e adolescentes Sem Terras ou que alfabetizaram 50 mil adultos e jovens nos últimos anos. Ou ainda, nos mais de 100 cursos de graduação em parceria com universidades por todo o Brasil (MST, 2009a).
No V Congresso o lema era por “Reforma Agrária, por Justiça Social e
Soberania Popular”, e, para os militantes, a luta passa a ser contra a ordem
econômica internacional e a globalização da miséria. É citado o caso do embate com
a empresa suíça Syngenta Seeds, no Paraná, com produção transgênica e
contaminação do Parque Nacional do Iguaçu denunciados pelos militantes, cujo
interesse era utilizar a área para produção agroecológica.
O MST elenca três objetivos principais: 01) luta pela terra; 02) luta por
Reforma Agrária; 03) luta por uma sociedade mais justa e fraterna. Portanto, os
trabalhadores rurais buscam resolver os problemas de “desigualdade social e de
15 “Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: [...]” (BRASIL, 1998) 16 MST, 2009a.
10
renda, a discriminação de etnia e gênero, a concentração da comunicação, a
exploração do trabalhador urbano”17
A proposta de Reforma Agrária do MST divide-se em quatro pilares:
democratização do acesso à terra, desenvolvimento e ampliação da agroindústria
local, educação e mudança do modelo tecnológico agrícola existente no Brasil.
(GOHN, 1997, p.146)
.
As principais estratégias utilizadas pelos participantes do MST para
pressionar à redistribuição de terras é a ocupação de lotes, avaliados como
improdutivos, e a resistência e combate às políticas conservadoras (MST, 2009b).
Para conseguir obter crescimento e visibilidade, o MST formulou estratégias
de comunicação e identificação. O movimento defende que “O fundamental é que a
comunicação desenvolva um papel mobilizador, organizador, agitador,
propagandeador, educativo, formativo, nessa grande luta de classes.” (MST, 2001.
p. 143). Nesse contexto, investiu-se na formulação de símbolos, como O hino18
17 MST, 2009b.
do
18 Hino do MST: Vem teçamos a nossa liberdade braços fortes que rasgam o chão sob a sombra de nossa valentia desfraldemos a nossa rebeldia e plantemos nesta terra como irmãos! Refrão: Vem, lutemos punho erguido Nossa Força nos leva a edificar Nossa Pátria livre e forte Construída pelo poder popular Braços Erguidos ditemos nossa história sufocando com força os opressores hasteemos a bandeira colorida despertemos esta pátria adormecida o amanhã pertence a nós trabalhadores! Refrão: Vem, lutemos punho erguido Nossa Força nos leva a edificar Nossa Pátria livre e forte Construída pelo poder popular Nossa Força regatada pela chama da esperança no triunfo que virá forjaremos desta luta com certeza pátria livre operária camponesa nossa estrela enfim triunfará! Refrão: Vem, lutemos punho erguido Nossa Força nos leva a edificar Nossa Pátria livre e forte Construída pelo poder popular (MST, 2009c).
11
MST, para ser cantado durante os eventos; e a bandeira, em cor vermelha19,
branca20, verde21 e preta22, com o mapa do Brasil23, contendo as figuras do
trabalhador e da trabalhadora24 segurando o facão25
Logo no início do movimento, na década de 1980, foi lançado o “Boletim
Informativo da Campanha de Solidariedade aos Agricultores Sem Terra”,
posteriormente, recebeu o nome de “Boletim Sem Terra”. Em 1984, foi organizado o
Jornal Sem Terra (JST), que surgiu antes da fundação oficial do MST e, desde
então, tem sido um instrumento de formação e informação para o Movimento e para
a sociedade. Com publicação mensal e voltada principalmente para os trabalhadores
rurais sem-terra e simpatizantes, JMST procura agregar forças na luta pela Reforma
Agrária e por um projeto popular para o Brasil. Conta com tiragem de 20 mil
exemplares, aceitando assinaturas em todo território nacional e também no exterior.
A assinatura anual, com 12 edições, custa 30 reais, e a bianual, de 24 edições,
custa 55 reais, pode ser feita pela internet ou adquirida nas secretarias do MST
.
26
A base de comunicação do MST é o Jornal Sem Terra (JST), cujos objetivos
são: “ser um instrumento de formação e agitação, capaz de estimular a unidade
ideológica, a visão global de luta, propiciar conhecimentos sobre realidade brasileira;
reforçar organizações aliadas e alimentar a mística revolucionária” (MST, 2001,
p.134).
.
Na década de 1990, outras mídias começaram a ter mais força, e as
reconfigurações do campo político exigiram que o movimento produzisse outras
formas de comunicação. Destaca-se o portal do MST (www.mst.org.br),
concentrando uma série de informações acerca do movimento, como história,
objetivos, notícias, livros, vídeos, e até produtos à venda, como agenda, broches,
bonés e chaveiros. Há o informativo Letra-Viva, que pode ser recebido via e-mail,
após cadastro no site. Outro meio de comunicação com popularidade é o 19 “Representa o sangue que corre em nossas veias e a disposição de lutar pela Reforma Agrária e pela transformação da sociedade”. (MST, 2009d). 20 “Representa a paz pela qual lutamos e que somente será conquistada quando houver justiça social para todos.” (MST, 2009d). 21 “Representa a esperança de vitória a cada latifúndio que conquistamos.” (MST, 2009d). 22 “Representa o nosso luto e a nossa homenagem a todos os trabalhadores e trabalhadoras que tombaram, lutando pela nova sociedade.” (MST, 2009d). 23 “Representa que o MST está organizado nacionalmente e que a luta pela Reforma Agrária deve chegar a todo o país.” (MST, 2009d). 24“”Representa a necessidade da luta ser feita por mulheres e homens, pelas famílias inteiras.” (MST, 2009d). 25 “Representa as nossas ferramentas de trabalho, de luta e de resistência.” (MST, 2009d). 26 http://www.mst.org.br/assinaturas/jornal
12
Facebook27
De acordo com Gohn (1997,p. 145), o MST passou a ter relação com a
mídia a partir dos anos 1990, quando as ocupações de terra eram previamente
avisadas à imprensa para que fossem noticiadas. Contudo, essa grande exposição
levou o movimento a ocupar manchetes diariamente, o que ocasionou efeitos
negativos à sua imagem. Por conseguinte, o MST passou a ser utilizado, pela mídia,
como elemento de geração do medo da insegurança junto à opinião pública, com a
criminalização de suas ações (GOHN, 1997p.147).
, com todo o conteúdo do site. Em 02 de julho de 2012, 5.571 pessoas
haviam curtido a página. Em 23 de fevereiro de 2013, 20.185 pessoas haviam
curtido a página, quase triplicando o número.
Na pesquisa publicada no livro Vozes Silenciadas (INTERVOZES, 2010, p.
43), há a análise de 301 matérias que mencionaram o MST ao longo do período em
que ele foi alvo da uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no
Congresso Nacional. Identificou-se que 65,7%, ou 198 matérias, abordam o MST
com expressões e adjetivos negativos. Ainda sobre a pesquisa divulgada, das 301
matérias, 83 não tiveram nenhuma fonte ouvida, colocando em risco a credibilidade
do tema e privilegiando o ponto de vista do autor (Idem, p. 45). Das fontes
autorizadas ou dignas de crédito costumam ser representantes da sociedade (como
integrantes do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário) e especialistas. No
primeiro caso, há fontes que, teoricamente, falam em nome do povo ou que tomam
decisões com potencial para se tornar notícia, já que interessam a uma grande
quantidade de pessoas. No segundo caso, estão aqueles que se consideram
movidos por interesses científicos e, portanto, numa ideia positivista da ciência, não
se aproveitam de interesses pessoais.
Nos dizeres de Gohn (2001, p. 149):
Os espaços comunicacionais são estratégicos tanto ao movimento, para publicitar suas demandas e buscar algum espaço contra-hegemônico como para seus opositores, que buscam desqualificá-los e isolá-los da opinião pública ao retratá-los como fonte e origem da violência.
Em geral, os meios de comunicação de massa criminalizam os movimentos
sociais.
27 Cf. http://www.facebook.com/MovimentoSemTerra
13
Embora a sociedade esteja dividida em classes e cada qual devesse ter suas próprias idéias, a dominação de uma classe sobre as outras faz com que só sejam consideradas válidas, verdadeiras e racionais as idéias da classe dominante.(CHAUÍ, 1980, p.36)
Em relação ao MST, por exemplo, isso é aparente quando ele é associado
com ações violentas, como invasão e destruição de propriedades. Levando em
conta que os meios de comunicação de massa influenciam a formação da opinião
pública, enxerga-se a necessidade do MST desenvolver políticas de comunicação
externa, para atingir públicos além dos próprios militantes e simpatizantes.
14
3. UNIÃO DEMOCRÁTICA RURALISTA
A União Democrática Ruralista (UDR) foi fundada em 1985, na cidade de
Presidente Prudente (São Paulo). Atualmente a UDR possui sua sede em Brasília. A
entidade começou a se estabelecer durante o Congresso Nacional sobre a reforma
Agrária, organizado pela Confederação Nacional da Agricultura, em contraposição à
“apresentação da proposta do Plano Nacional de Reforma Agrária, elaborado por um
conjunto de técnicos, alguns comprometidos com a reforma agrária e contou com a
participação de sindicalistas rurais”
A UDR define-se como:
uma entidade sem fins lucrativos, organizada para defender incondicionalmente os direitos e interesses do produtor rural brasileiro, patrocinando sempre que necessário a manutenção do Instituto de propriedade "imóvel rural" como direito privado, de acordo com a Constituição do País.” (UDR, 2013a)
No site é possível se associar à UDR preenchendo o cadastro com envio de
cópia do Imposto Territorial Rural (ITR). A entidade oferece aos seus associados
serviços jurídicos no caso de ocupação da propriedade por grupos sem terra, por
intermédio de advogados, para ajuizamento de “ações de reintegração de posse,
interditos proibitórios e aberturas de inquéritos, responsabilizando os invasores pelos
crimes cometidos”. Somente em Presidente Prudente há aproximadamente dois mil
associados. (UDR, 2013b)
Na ocasião da criação da UDR, os proprietários rurais visavam resguardar o
direito à propriedade privada, influenciando o Congresso Nacional para instituir leis
conforme os seus interesses. Segundo consta no site da UDR, os ruralistas se
organizaram para reagir a “ala política de esquerda radical” que pretendia implantar
o sistema comunista no país (UDR, 2013c). Deste modo, afirmam que conseguiram
inserir na Constituição Federal de 1988, a garantia à propriedade rural produtiva. O
site da Revista Veja informa que os proprietários rurais, responsáveis pela criação
da UDR, objetivavam arrecadar fundos para eleger parlamentares que defendessem
os interesses da classe ruralista, e também promoviam leilões para comprar armas
para capatazes e peões, a fim de proteger a propriedade rural contra ocupações28
28 Cf.
.
http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/questao-agraria-reforma-mst-mlst-udr-stedile-rainha-eldorado-carajas.shtml. Consultado em: 20/01/2013.
15
Esses procedimentos influenciaram a criação da bancada ruralista, a qual
constitui uma frente parlamentar que age em favor dos interesses dos latifundiários29
e do agronegócio30
Em razão da forte ligação dos ruralistas com o Governo, a redistribuição de
terras tem ocorrido de forma lenta e sem muita eficácia. Além disso, influenciando os
meios de comunicação de massa de maior circulação do país, os ruralistas, quando
possível, buscam a criminalização e exclusão dos movimentos sociais campesinos.
. Dentre as estratégias adotadas pelos ruralistas para
manutenção da propriedade privada está a de obstar os projetos de Reforma Agrária
(UDR, 2011). Por isso, considera-se a UDR um grupo com interesses antagônicos
ao MST, uma vez que o movimento social busca justamente a redistribuição de
terras.
No site da UDR existe um link denominado “invasões”, onde constam
notícias acerca das ocupações efetivadas pelos sem-terra, classificando o MST
como um grupo praticante de ações ilegais com promoção da desordem. É possível
observar que no link dos “artigos”, a primeira notícia que aparece tem como título: “O
MST e o STF”, no qual o advogado redator nomeia os militantes de “bandidos”
equiparando a ocupação de terras ao crime de roubo. E no link “informativos”
existem várias notícias sobre a UDR alertando o STF e o STJ sobre
desapropriações de propriedades rurais consideradas injustas pelos ruralistas,
encontros dos ruralistas com os Presidentes das seccionais da OAB, e também
denúncias da UDR contra o MST e a Via Campesina ao Ministério Público. Portanto,
29Latifundiário é a denominação que recebe o proprietário do latifúndio, ou seja, do imóvel rural
que excede aos limites máximos permitidos – 600 (seiscentas) vezes o módulo médio da propriedade rural e 600 (seiscentas) vezes a área média dos imóveis rurais, na respectiva zona – ou que tenha área igual ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, mas seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com base nos artigos 4º e 46, parágrafo primeiro, da Lei 4.504/1964 (Estatuto da Terra). Do conceito de latifúndio do professor argentino Antonio Vivanco depreende-se que constitui a utilização deficitária da terra agrícola, caracterizada geralmente pela existência de uma vasta área e com o emprego de mão de obra assalariada, com escassa produção de bens e serviços, pouca organização e com baixo rendimento, impondo más condições de vida e de trabalho. (VIVANCO, 1967, p. 51).
30 “Podemos definir, então, o agronegócio como o conjunto organizado de atividades econômicas que envolve a fabricação e fornecimento de insumos, a produção, o processamento e armazenamento até a distribuição para consumo interno e internacional de produtos de origem agrícola ou pecuária, ainda compreendidas as bolsas de mercadorias e futuros e as formas próprias de financiamento, sistematizadas por meio de políticas públicas específicas. [...] Além do conceito econômico da atividade, há um projeto de lei de iniciativa do Senado Federal de nº 325/2006 (em análise com a relatoria) que dispõe sobre o Estatuto do produtor e define, em seu art. 2º, o agronegócio como ‘...o conjunto global de operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; das operações de produção nas unidades agrícolas e itens produzidos a partir deles, incluindo os serviços de apoio’.” (BURANELLO, 2011. p. 44).
16
depreende-se que a UDR se mune de diversos recursos para influenciar o
Congresso Nacional e o Poder Judiciário para manutenção do direito à propriedade
privada e, por conseguinte, refutando as ações do MST contrárias aos interesses da
entidade.
Em 1987, a UDR contratou a ADS – Assessoria de Comunicação Ltda. para
reformular suas estratégias de comunicação e imagem perante o público. Segundo a
empresa, era preciso melhorar a forma da comunicação das mensagens apregoadas
pelos ruralistas, pois de um modo geral, os integrantes falavam alto demais. O
presidente da época, Ronaldo Caiado, além de falar gritando, tinha o costume de dar
risadas que soavam como deboche perante os ouvintes. Assim, dentre os diversos
objetivos para mudar a imagem da UDR, a agência destacou:
[...] promover ampla divulgação das atividades da UDR, para formar mentalidade favorável por parte da opinião pública para com a entidade; e promover um maior conhecimento sobre a importância do produtor rural no processo de desenvolvimento e crescimento socioeconômico do país (CONRERP, 1987: 10).
A empresa de comunicação orientou os ruralistas para: ao criticarem a
reforma agrária também apresentem soluções ao problema. Igualmente prestaram
assessoria ao presidente da UDR para adequar os “gestos, posturas e a maneira de
vestir”. A ADS resume o trabalho desenvolvido com a entidade nos seguintes
tópicos:
* contatos pessoais com todos os editores dos principais veículos de comunicação de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte, para explicar os reais objetivos da UDR; * participação de Ronaldo Caiado no programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, em outubro de 1987. Durante cinco horas, num programa simulado, Caiado foi preparado para a sabatina dos jornalistas de Roda Viva. O programa — segundo a ADS — foi um sucesso, muito contribuindo para Caiado passar a imagem de democrata; * o sucesso dessa entrevista na TV Cultura repercutiu — a íntegra da entrevista foi reproduzida no jornal O Estado de São Paulo, na edição de 12 de outubro de 1987; * foi implantado um sistema de resposta direta às notícias negativas sobre a UDR; * Para manter uma unidade de comunicação e proporcionar para as UDRs regionais o apoio de especialistas em comunicação, a ADS estabeleceu um sistema de contatos telefônicos com todas as regionais; * foi preparado um videocassete para unificar a linguagem da UDR;
17
* foram elaborados o jornal nacional da entidade e os jornais das sedes regionais. (CONRERP, 1987: 10)
A agência ainda destaca a organização da passeata, em 11/07/1987, em
Brasília, pela execução do “Plano Nacional de Reforma Agrária” dentro da lei, com
mais de cinqüenta mil participantes. O evento conseguiu ampla cobertura da
imprensa e dos meios televisivos. Sagrando-se o mote da UDR pelo “cumprimento
da lei” (CONRERP, 1987: 10).
Em 2004, os ruralistas, com apoio da Federação da Agricultura do Estado de
São Paulo (Faesp), realizou o manifesto “Acorda Brasil” para se opor às ocupações
dos sem-terra31. E lançaram também o movimento “maio verde”, com reforço ao
agronegócio, em contraposição ao movimento “abril vermelho” promovido pelo
MST32
A UDR defende, então, os interesses dos proprietários rurais sob o
argumento de proteger o direito à propriedade privada em observância da legislação,
consequentemente, contrapondo-se aos objetivos dos movimentos sociais
campesinos, em especial o MST, no tocante à Reforma Agrária. Assim, caracteriza-
se a luta de classes entre os dois grupos em busca do acesso e da titularidade da
terra.
.
Igualmente é possível observar que os ruralistas buscam parcerias com
outras entidades e buscam influenciar o Poder Público a aderir à causa que
apregoam. Os magistrados do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná recebem
quinzenalmente o Boletim Informativo da Federação da Agricultura do Paraná
(FAEP), cujo conteúdo se perfilha aos objetivos da UDR, com defesa à propriedade
privada e ao agronegócio, críticas aos movimentos sociais – principalmente ao MST
-, além de rotineiramente publicar entrevistas e notícias de associados à UDR.
Logo, no presente trabalho desenvolvido, parte-se da premissa de que a
classe do patronato aproveita o canal de comunicação desenvolvido pela Faep para
atingir também ao Judiciário Paranaense.
31 Cf. http://www.faeal.org.br/coluna_faeal_semana.asp?offset=220&id=45 32 Cf. http://www.mnp.org.br/index.php?pag=ver_noticia&id=347910
18
4. LUTA DE CLASSES
Segundo Karl Marx (2008, p. 17), o sonho utópico é uma revolução parcial,
meramente política; deste modo, é necessária que determinada classe (secção da
sociedade civil), a partir da sua situação particular, suscite uma emancipação geral
da sociedade. Contudo, para desempenhar o papel libertador, é preciso que essa
classe revolucionária se identifique com a sociedade e a reconheça como
representante geral.
Para que a revolução de um povo e a emancipação de uma classe particular da sociedade civil coincidam, para que uma classe represente o todo da sociedade, outra classe tem de concentrar em si todos os males da sociedade, uma classe particular deve encarnar e representar um obstáculo e uma limitação geral. Uma esfera social particular terá de surgir como o crime notório de toda a sociedade, a fim de que a emancipação de semelhante esfera surja como uma emancipação geral. Para que uma classe seja classe libertadora par excellence, é necessário que outra classe se revele abertamente como a classe opressora. (Marx, 2008, p. 18)
Todavia Marx explica que a essência dos indivíduos (e de suas respectivas
classes) constitui um egoísmo modesto, mesquinho, em que cada esfera da
sociedade passa a se reconhecer a partir do momento em que pode oprimir e não
quando é oprimida, dificultando uma emancipação geral. “Assim, todas as
oportunidades de desempenhar um papel importante desaparecem antes de
propriamente terem existido, e cada classe, no preciso momento em que inicia a luta
contra a classe superior, fica envolvida numa luta contra a classe inferior.” (Idem, p.
19). Logo, conforme o autor, a emancipação positiva somente poderia ocorrer do
proletariado, porque corresponde à dissolução de todas as demais classes na
sociedade civil.
Com base na concepção marxista, o MST e os ruralistas representam
classes da sociedade civil com interesses diametralmente opostos. Cada grupo usa
estratégias para angariar simpatizantes e caracterizar a outra classe como o mal da
sociedade. Na década de 1990, a utilização da mídia para noticiar as ocupações do
MST foi estratégica, porém a exposição excessiva das ações do movimento
ocasionou um efeito negativo, “e o MST passou a ser utilizado, pela mídia, como
elemento de geração do medo e da insegurança junto à opinião pública. Neste
19
século, a criminalização de suas ações tem sido a tônica da grande mídia nacional.”
(GOHN, 2010, p. 147).
Conforme Marx e Engels, a sociedade tem necessidade de criar um órgão
para defender seus interesses (o poder do Estado), todavia, quanto mais
independente da sociedade se torna, o Estado mantém-se mais atrelado à classe
dominante e aos seus interesses econômicos, e mais rapidamente cria uma nova
ideologia. Por conseguinte, os juristas perdem a consciência de que os fatos
econômicos são revestidos de motivos jurídicos para serem sancionados em lei e,
na análise do caso concreto, consideram apenas a forma jurídica sem levar em
consideração o conteúdo econômico (MARX; ENGELS, 2010, p. 133-134).
No Brasil, a legislação rural foi formulada “numa correlação de forças
políticas favoráveis aos interesses dominantes no campo” (CARTER, 2010, p. 289).
Justo (2002, p. 44-45) explica que os conflitos fundiários surgiram com a Lei de
Terras de 1850, quando as terras devolutas passaram a ser monopólio do Estado,
garantindo a propriedade privada pela lei, e admitindo apenas a posse da terra pela
compra – possível apenas àqueles que possuem condições financeiras para tanto.
No início dos anos 1960, havia uma disputa entre duas linhas de
pensamento para melhorar a produção agrária brasileira: de um lado, os que
defendiam a reforma agrária (o Partido Comunista Brasileiro – PCB – em que se
destacaram Caio Prado Jr., Ignácio Rangel e Alberto Passos Guimarães; setores
reformistas da Igreja Católica; e a Comissão Econômica para a América Latina –
CEPAL – com a atuação do economista Celso Furtado) e, por outro, o grupo
liderado pelos economistas da USP (sendo o então professor Delfim Neto o nome de
maior destaque). No período da ditadura militar, a opção do Estado foi investir na
busca pela modernização no campo com base na ampliação dos latifúndios, com
estímulo aos usos de agrotóxicos e mecanização, ocorrendo grande repressão dos
conflitos agrários. (DELGADO, 2010, p. 82-83).
Assim, os projetos que defendiam a reestruturação na distribuição de terras
no país e que culminaram com a lei proposta pelo presidente João Goulart33
foram
abandonados e os problemas sociais que eles combatiam se ampliaram, mesmo
com o crescimento econômico da produção agrícola nacional. Conforme Morissawa:
33 O decreto inicial tinha como relator o Ministro do Trabalho e Previdência Social João Pinheiro Neto.
20
[...] o Estatuto da Terra jamais foi implantado. Era um “faz-de-conta” para resolver pelo menos momentaneamente os problemas no campo. Para viabilizar a sua política econômica, o Estado manteve a questão agrária sob o controle do poder central. Por essa política, o acesso à terra ficou fechado aos camponeses e totalmente aberto à empresa capitalista. O Estatuto da Terra escancarou-se, então, como um instrumento estratégico para controlar as lutas sociais e desarticular os conflitos por terra. As únicas e pouquíssimas desapropriações serviram apenas para diminuir os conflitos ou realizar projetos de colonização. Desse modo, apesar de o Estatuto da Terra aparecer, por suas definições, como querendo modificar a estrutura fundiária e punir o latifúndio, a política agrícola e agrária dos militantes promoveu a modernização tecnológica das grandes propriedades. Ao mesmo tempo, os grandes proprietários tinham livre acesso aos órgãos do Estado, como o Ministério da Agricultura, o INCRA etc., exercendo forte controle sobre o Poder Judiciário e o Congresso Nacional(2001, p. 99-100).
George Meszaros (2010, p. 433-459) correlaciona a questão do MST com do
Estado de Direito no Brasil, explicando que a oposição se utiliza da premissa “todos
devem cumprir e se sujeitar a lei” para deslegitimar as ações do movimento e
considerá-lo como ofensivo à democracia nacional, porém sem tecer maiores
considerações de como é realizado o processo legislativo (criação das leis) e
tampouco como são interpretadas e valoradas as normas legais pelo Poder
Judiciário. Apesar da retórica de neutralidade e imparcialidade da legislação, a
análise social e histórica demonstra a permeabilidade da lei decorrente da pressão
social; no caso, a União Democrática Ruralista e os grupos do establishment
econômico e político (por exemplo, a Confederação Nacional da Agricultura, a qual
possui poder de veto sobre as políticas do governo) são muito mais influentes do
que o MST (MESZAROS, 2010, p. 440). Durante o processo Constituinte, as
questões mais polêmicas não foram tratadas de forma exaustiva e completa na
Constituição Federal e ficaram para ser incluídas posteriormente, contudo apesar do
texto constitucional estipular os requisitos para desapropriação de propriedades
rurais com fim de reforma agrária, o processo “é feito por meio de uma intricada rede
jurídica, administrativa, econômica e social, mediada por juízes, órgãos
administrativos – como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA).” (MESZAROS, 2010, p. 441).
Justo (2002, p. 47-48) expõe que o direito à propriedade previsto no Código
Civil pode ser utilizado como fundamento tanto do posseiro, cuja terra serve para o
trabalho e moradia, quanto do capitalista que usa a terra para negócios e,
geralmente, ostenta um título de propriedade privada. O autor prossegue explicando
21
que é das contradições desse direito que “nascem as interpretações distintas sobre
a terra camponesa e a terra capitalista, terra de trabalho e terra de negócio”.
Por sua vez, Meszaros destaca a desigualdade nas condições de defesa
judicial entre os grandes proprietários de terras, cuja estrutura permite contratar
escritórios advocatícios de renome e também articular politicamente as normativas
legais, em relação aos membros do MST – no princípio contavam com advogados
voluntários e não tinham o costume de manter uma assessoria jurídica prévia aos
conflitos e permanente (MESZAROS, 2010, p. 445). A partir de 1996, com a criação
e o apoio da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap), o MST
passou a exercer também uma ação militante jurídica e investir nessa área, com
uma política mais ativa do que meramente defensiva, inclusive, capacitando
membros do movimento para compor o setor jurídico (Idem, p. 446-447).
Conforme Meszaros, muitos magistrados reforçam o desequilíbrio já
existente na legislação ao optarem pela máxima da propriedade privada, com base
no Código Civil, em uma concepção meramente patrimonialista ao invés de se
valerem de teorias mais progressistas baseadas nas garantias fundamentais e nos
princípios constitucionais da função social da propriedade e da dignidade da pessoa
humana. Assim, “com um ponto de partida como esse, as ações do MST e outras
organizações de trabalhadores rurais se parecem mais com uma tentativa de
reequilibrar a ordem social e jurídica do que uma tentativa de subverter essa ordem
ou a democracia.” (Idem, p. 440-441)
Segundo o autor (p. 437), o MST seria taxado como ilegal por dois motivos
principais: 1) generalização dos atos de transgressão, casos isolados de mau
comportamento, infrações e crimes passaram a macular a imagem de todo o grupo,
apesar de tais atos não serem tolerados pelo MST; 2) e, principalmente, devido às
ocupações de terra.
“O sistema é notoriamente injusto, burocrático, moroso e saturado de
preconceitos de classe”, afirma Meszaros (2010, p. 438). Os trabalhadores rurais
sem-terra e os grandes proprietários de terra, têm, então, protagonizado uma luta de
classes no Brasil, cada qual em defesa de seus interesses. Interesses antagônicos
geram ações judiciais, sobretudo na discussão acerca da (i)legalidade das
ocupações de lotes. Deste modo, para solucionar os conflitos agrários, os juízes
precisam reconhecer esse dualismo de posições e eleger uma das posturas para
adotar em seus veredictos, buscando a imparcialidade. Com base em pesquisas
22
realizadas pela OAB, o autor explica o descrédito da lei e do Judiciário perante a
população brasileira, incluindo, os militantes do MST.
Apesar da estátua vendada de Ártemis, a deusa grega da justiça, na entrada do Supremo Tribunal Federal, denotando imparcialidade, outras representações, mais negativas e incisivas, povoam o imaginário popular. Isso inclui expressões comuns como: “A lei é para inglês ver”, “Da Justiça, o pobre só conhece castigos” e “Há uma lei para o rico e outra para o pobre”. É possível argumentar que o aforismo mais poderoso, prejudicial e esclarecedor é atribuído ao maior estadista e legislador do Brasil do século XX, Getúlio Vargas: “Aos meus amigos tudo, para os inimigos, a lei”. A mensagem por trás desses exemplos é clara: a justiça é seletiva. (MESZAROS, 2010, p. 439)
Justo (2002, p. 51) defende que a violência é consequência do modelo de
desenvolvimento do país, logo, estaria equivocado o clamor pela Justiça “como se
as desigualdades sócio-econômicas pudessem ser equacionadas pela igualdade
jurídico formal” [...] O enfoque é de que o ‘direito’ é instaurado e mantido pela
violência; logo, esta é inerente à sociedade de classes. O direito positivo ao punir a
ação dos injustiçados perpetua a violência.” Assim, menciona que nos países
semiperiféricos que se democratizaram nos últimos 30 anos, os Tribunais
“começaram a assumir suas parcelas de ‘co-responsabilidade política na atuação
providencial do Estado, pois se os conflitos políticos estão sendo judicializados, isto
não pode deixar de se traduzir na politização dos conflitos judiciários.” (JUSTO,
2002, p. 125). Conclui que “a argumentação judicial é o território privilegiado para
explicitar modos de vida e formas de se pensar o conflito. Assim, o Tribunal é um
dos espaços onde se constrói a cidadania.” (JUSTO, 2002, p. 100).
Seguindo o pensamento marxista de que a sociedade é formada por
classes, as quais possuem interesses próprios e antagônicos, podendo adquirir a
posição de opressoras ou oprimidas, a UDR e o MST representam classes distintas
que disputam o acesso à terra. A arena de discussões entre ambos os grupos pode
ocorrer no Tribunal, em processos judiciais, cuja interpretação da lei comporta dois
direitos: a terra de trabalho e a terra de negócio. O magistrado, para fazer justiça,
deve analisar se a lei não é fruto da ordem política e econômica de uma única classe
e se a sua aplicação não vai fomentar o estado de violência e disputa
antidemocrática. Caberá ao juiz optar por alguma das interpretações extraíveis da
legislação.
23
5. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ
À época do Brasil Império, quando o território nacional ainda era dividido em
Províncias, o Imperador D. Pedro II homologou o Decreto nº 2.342, elaborado pelo
Ministro da Justiça, Manoel Antônio Duarte de Azevedo, a fim de estabelecer as
sedes dos onze Tribunais de Relação que seriam criados. Assim, São Paulo e
Paraná teriam como sede a cidade de São Paulo34
Contudo, os paranaenses restaram desgostosos com a subordinação em
relação ao Estado vizinho, haja vista a dependência do Tribunal Paulista para
receber seus Juízes, além de acarretar a demora e onerosidade dos processos
devido à vinculação jurisdicional.
.
Deste modo, o advento da Proclamação da República e o movimento político
instaurado em torno do Governo de Mal. Deodoro da Fonseca propiciaram o
aparecimento nos Estados dos “Tribunais de Apellação”. Logo após, dois advogados
paranaenses solicitaram à Assembléia Constituinte do Estado Federal do Paraná a
aprovação da Lei nº 3 de 1891, que autorizava o Presidente do Estado a organizar
provisoriamente todos os serviços públicos, realizar a divisão judiciária e
administrativa e, inclusive, decretar a Lei Orgânica da Magistratura.
Então, o Presidente Generoso Marques assinou o Decreto nº 1, de 15 de
junho de 1891, criando toda a Justiça do Paraná, fazendo jus a alcunha de pai do
Poder Judiciário. Assim, o primeiro Presidente do Tribunal de Apellação do Paraná
foi o Des. José Alfredo de Oliveira, natural do Estado da Bahia.
No entanto, a Corte e seus membros tiveram um longo percurso até
definirem seus nomes e títulos, pois o Tribunal de Justiça do Paraná já se
denominou “Tribunal de Apellação”, “Supremo Tribunal da Justiça”, “Superior
Tribunal de Justiça” e, novamente, “Tribunal de Apelação”, bem como os
magistrados iniciaram com o cargo de Desembargadores, depois passaram a
receber o nome de Ministros, mas retornaram em 1946, até os dias atuais, com a
titulação de Desembargadores.
O Poder Judiciário estadual divide-se em primeiro e segundo grau de
jurisdição. Exceto raras exceções previstas na lei, a regra é que as ações propostas
sejam analisadas pelo magistrado de primeiro grau (cada cidade ou região possui
34 PARANÁ, 1982.
24
seu fórum que atende a comunidade local). Quem entra com a ação é chamado de
parte autora/requerente e quem responde pela ação é denominado de parte
ré/requerida. Para garantir a lisura e segurança às partes da prestação da justiça,
são princípios constitucionais a ampla defesa, contraditório e a possibilidade do
duplo grau de jurisdição. Ou seja, se as partes estiverem inconformadas com a
decisão prestada pelo juiz de primeiro grau, podem pedir revisão do julgado ao
Tribunal de Justiça (segundo grau de jurisdição) por intermédio de recursos35
O TJPR conta com o número de 120 (cento e vinte) desembargadores e 60
(sessenta) juízes substitutos em 2º grau. Cada câmara é composta por 05 (cinco)
desembargadores. Dispõe de 18 Câmaras Cíveis e 05 Câmaras Criminais, com
divisão das matérias por especialidades
.
36
Os julgamentos dos recursos podem ser feitos por decisão unipessoal do
relator (nas hipóteses do art. 557 do Código de Processo Civil
. Contudo, o Órgão Especial do TJPR
aprovou a criação de mais 25 cargos de Desembargador, aguardando a aprovação
pela Assembléia Legislativa e a dotação orçamentária. Isto significa que poderá ter
remanejamento da competência das câmaras, existindo a possibilidade de instalar
câmaras especializadas em direito agrário, conforme recomendação do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ). Contudo, tal projeto precisa de apoio político e social.
37) e, mais
frequentemente, por decisão cameral. Na câmara de julgamento, cada recurso é
decidido por um quorum julgador de três integrantes (relator, revisor e vogal)38
A Federação da Agricultura do Paraná (FAEP) distribui Boletins Informativos
quinzenalmente a todos os desembargadores, com matérias voltadas aos interesses
dos ruralistas (inclusive com entrevistas de integrantes da UDR), bem como
matérias com críticas ao MST. Diante disto, constatou-se a necessidade do MST
também buscar um veículo de comunicação para expressar suas áreas de atuação e
lutas. Assim, os magistrados podem receber informações de ambos os grupos.
.
35 Cf. http://www.tjpr.jus.br/historico-tjpr-museu 36 Apenas a título de nota, cabe explicar que a matéria relativa à desapropriação para fins de reforma agrária é de competência exclusiva da União (art. 22, II, c/c art. 109, I, ambos da Constituição Federal), portanto é julgada na Justiça Federal. 37 Art. 557 - O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. § 1º-A - Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso. 38 VERNALHA, 1991.
25
O interesse em ter o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná como público-
alvo foi justificado pelo fato de ser o órgão máximo do Poder Judiciário paranaense,
com um número reduzido de magistrados, porém suas decisões se tornam
parâmetro ao restante de juízes de primeiro grau distribuídos em todo o estado.
26
6. RESULTADOS DA SISTEMATIZAÇÃO DAS EMENTAS
Neste capítulo, pretende-se identificar, num primeiro momento, os contextos
das ações relacionados às decisões dos magistrados do TJPR, nos casos em que o
MST é citado. Para tanto, foram consideradas as ementas dos acórdãos, disponíveis
para consulta no site da instituição (www.tjpr.jus.br) nos últimos 10 anos: de 2002 a
setembro de 2011. A consulta realizada utilizou o verbete “MST” e obteve como
resultado 50 acórdãos (ver Anexo A).
Como forma de sistematizar os dados coletados, com base em uma análise
quantitativa e qualitativa, foram elaboradas oito perguntas para identificar quais os
contextos das ações do MST relacionadas às decisões dos magistrados, assim
como – se há ou não procedimentos e elementos comuns nos julgados,
caracterizando-se como favoráveis ou desfavoráveis ao MST. As perguntas são as
seguintes:
1. O MST é parte? Em qual polo, autor ou réu? Recorrente ou recorrido?
2. Qual o tipo de ação e recurso? Classificada em Cível ou Criminal; a espécie
da ação; e do recurso.
3. O Estado é considerado responsável pelas ações do MST? (sim/não) Tem o
dever de indenizar os proprietários em razão da ocupação? (sim/não). O
Estado é considerado omisso quando não fornece reforço policial para as
operações de desocupação? (sim/não).
4. Quantas decisões utilizam como fundamento ou reforçam o direito à
propriedade privada? Quantas decisões tratam da função social da terra?
5. Utiliza-se a expressão “ocupação” ou “invasão”? Quantas vezes aparece na
ementa?
6. Sob a ótica do senso comum, foram usados termos ou juízos de valor
negativos em referência ao movimento, suas causas ou ações? Quais?
27
7. Existem expressões jurídicas que possuem conotação negativa quando
empregadas em relação aos integrantes do MST ou aos seus atos? Quais?
8. As informações prestadas pela mídia são levadas em consideração na
decisão?
Em relação à primeira pergunta, a pesquisa demonstrou que o MST era
parte em 26 processos, em uma ação consta como autor e todas as ações restantes
como réu. Destes, 20 processos são autores os proprietários de imóveis rurais, 03
são de autoria do Ministério Público e 02 são promovidos por concessionária de
rodovias.
MST (Parte)
MST (Autor)
Proprietário (autor)
MP (Autor)
Concessionária (autora)
52% 3,84% 76,92% 11, 54% 7,69%
Quadro 1.
Nos outros 24 processos nos quais o MST não atuou: 20 são ações
promovidas por proprietários contra o Estado, 02 são ações promovidas pelo
Ministério Público contra seguranças da fazenda, e 02 são ações com discussões
entre particulares (não envolvendo o MST, apesar de ter sido citado na ementa).
MST (Não é parte) Proprietário (autor) MP (autor) Particulares (autor)
48% 83,33% 8,33% 8,33%
Quadro 2.
Portanto, das 50 ementas pesquisadas os proprietários rurais figuram como
autores em 40 ações (correspondente a 80% do total), o que demonstra a
capacidade, possibilidade e interesse em maior grau de buscar o judiciário em
relação ao MST para resolver os conflitos nos quais estão envolvidos. Deste modo,
os donos de terra têm maior acesso ao Poder Judiciário do que os militantes,
restando a estes apenas contestar as alegações daqueles em situação de
28
desvantagem. A única ação que o MST moveu contra o proprietário do imóvel
ocupado foi para cobrar pelo cultivo de plantações na área, sendo que o magistrado
de primeiro e segundo graus não deferiram o ressarcimento sob a alegação de que
a ocupação era ilegal (acórdão nº 047, Anexo A).
Em relação aos recursos, vale explicar que há interesse em recorrer por
parte de quem teve uma decisão desfavorável contra si e uma mesma decisão pode
acarretar recurso de mais de uma parte (tanto autor quanto réu, e ainda de terceiro
prejudicado pela decisão), porém todos os recursos são julgados em acórdão único.
Então, apesar de serem 50 acórdãos, isto não significa que são apenas 50 recursos.
Na pesquisa realizada, há 65 recursos no total, isto significa que em 15 decisões
houve recurso do autor e do réu. Cabe salientar ainda que nas ações em que o
Estado figura como parte, a reanálise da sentença final pelo Tribunal é obrigatória,
chamando-se de reexame necessário (função similar ao recurso de apelação).
O MST recorreu em 22 processos no qual era parte (26), ou seja, em
84,62% das decisões tomadas em primeiro grau foram desfavoráveis ao movimento
para ensejarem interposição de recursos ao Tribunal de Justiça. Em 19 dessas
decisões, os recursos eram apenas do MST, de 02 decisões recorreram o MST e
proprietários rurais, em 01 ação o MST e o Ministério Público.
Dos processos que o MST não é parte (24), há 18 recursos por parte dos
proprietários rurais (sendo que 02 destes recursos se referem às ações em que o
MST não está envolvido), 17 recursos do Estado – justamente nas ações onde os
donos da terra cobram do Estado a responsabilidade pela ações do MST -, e 02
recursos são do Ministério Público.
Relação de recursos (65) e as partes que os interpuseram:
MST Proprietário Estado MP
22 recursos
34.4%
23 recursos
35.9%
17 recursos
25%
3 recursos
4.7%
Quadro 3.
Ainda foi possível verificar que dos 50 acórdãos pesquisados, apenas 04 se
referem a ações criminais (8%), sendo que as 46 restantes são da área cível (92%).
29
No âmbito criminal, dois acórdãos são de réus (seguranças da fazenda) que
foram presos em flagrante delito39 por terem atirado contra integrantes do MST,
sendo denunciados por tentativa de homicídio, e que receberam a liberdade
provisória40. Apesar da interposição do Recurso em Sentido Estrito41
Outro acórdão negou o pedido de Habeas Corpus do denunciado (pois
haveria indícios do integrante do MST ter sido um dos mandantes da emboscada
contra o administrador da fazenda) e a prisão preventiva seria necessária para
garantir a ordem pública, pois estaria abalada diante dos constantes conflitos entre
os integrantes do MST e os fazendeiros da região e também pela apreensão de
armas no acampamento.
pelo Ministério
Público requerendo a prisão cautelar, o Tribunal manteve a decisão por entender
que os recorridos em um ano de liberdade não teriam praticado atos que
justificassem a prisão cautelar.
A quarta decisão do Tribunal de Justiça indeferiu o pedido de
desaforamento42
Deste modo, apesar da tentativa de criminalização das ações do MST, os
processos criminais envolvendo o movimento são em número reduzido. Denota-se
que os militantes também sofrem ameaças e figuram como vitimas das ações dos
(seguranças dos) fazendeiros. No caso houve flagrante de tentativa de homicídio,
mesmo assim os denunciados puderam aguardar o trâmite do processo em
liberdade; enquanto a única ocorrência em que consta um integrante do MST como
denunciado – onde somente havia indícios de autoria –, optou-se por manter a
prisão cautelar para garantir a ordem pública. Na primeira situação,consta na
por ausência de necessidade.
39 “Flagrante delito. É assim a evidência do crime, quando ainda o criminoso ou agressor o está cometendo, ou quando, após sua prática, pelos claros vestígios de o ter cometido, é surpreendido no mesmo local, ou é perseguido, quando foge pelo clamor público.” (SILVA, 2005, p. 625). 40 “Liberdade provisória. Cânone constitucional (art. 5º, LXVI), pressupõe que o acusado esteja preso e se diz provisória, porque pode a qualquer momento ser revogada, caso o acusado infrinja alguma das condições que lhe forem impostas pelo benefício (não-comparecimento obrigatório perante a autoridade quando intimado; mudança de residência por mais de 8 dias sem comunicação à autoridade do lugar onde se encontra).” (Silva, 2005, p. 844/845). 41 “Recurso em Sentido Estrito. É o remédio legal processual penal contra decisão (exceto despacho de mero expediente), sobre a qual não há recurso, e sentença extintiva do processo com ou sem julgamento do mérito.” (Silva, 2005, p. 1171); 42 O desaforamento está previsto no art. 427 do Código de Processo Penal: “Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.”
30
fundamentação da decisão que existiriam duas versões para o fato: os denunciados
apenas estariam fazendo a segurança da propriedade e as agressões teriam partido
dos integrantes do MST ao invés dos seguranças. No segundo caso, foi ressaltado o
conflito entre os militantes e fazendeiros, mas somente foi mencionada a apreensão
de armas no acampamento do movimento, sem constar se os proprietários de terra
também teriam armamento. Portanto, observa-se o privilégio de tratamento daqueles
que apoiam as causas dos latifundiários e a repressão e marginalização dos
integrantes do MST.
Neste sentido, deve-se destacar o relatório da Américas Watch, “Violência
Rural no Brasil”, que apurou a ocorrência de “1.565 casos de mortes de pessoas
ligadas à luta pela terra em todo o Brasil, de 1964 a 1989, para mostrar a
‘impunidade’ reinante no campo, pois somente 17 casos foram julgados.” (Apud
JUSTO, 2002, p. 16-17).
Justo faz uma síntese do pensamento de alguns autores acerca da
impunidade pelos crimes cometidos contra trabalhadores rurais:
Basicamente para Tavares dos Santos (1992a:142; 1992b: 7) e Medeiros (1996: 140) a permanência da violência associa-se à ‘impunidade’ dos responsáveis por tal e à convivência e a participação de agentes do Estado nas ações violentas. Quer dizer, para esses dois autores, a situação demanda uma ação punitiva por parte do Estado que sirva para contê-la. Sigaud expressa que só resta aos trabalhadores rurais pressionarem o Estado para que este reconheça e aja contra aquela violência. Almeida mostra que parte dos assassinatos no campo é em locais públicos, resultantes de uma ‘criminalidade organizada’ que tem certeza da ‘impunidade’ destes atos. (JUSTO, 2002, p. 41).
Na área cível foram encontradas 10 ações de reintegração de posse43; 20
ações de indenização por danos (morais44, materiais45 e lucros cessantes46
43 “Reintegração da posse. Juridicamente, é a restituição, recuperação ou reocupação da coisa, de cuja posse se foi, violentamente, privado. Assim, na terminologia forense, designa ainda a ação, de que se utiliza o possuidor esbulhado, para recuperar a posse perdida ou ser restituído nela. Dessa forma, a reintegração de posse é admitida diante do esbulho, do desapossamento violento ou clandestino.” (Silva, 2005, p. 1191).
); 10
44 “Dano moral. Assim se diz da ofensa ou violação que não vem ferir os bens patrimoniais, propriamente ditos, de uma pessoa, mas os seus bens de ordem moral, tais sejam os que se referem à sua liberdade, à sua honra, à sua pessoa ou à sua família.” (Silva, 2005, p. 410). 45 “Dano Material. Assim se diz da perda ou do prejuízo que fere diretamente um bem patrimonial, diminuindo o valor dele, restringindo a sua utilidade, ou mesmo a anulando.” (Silva, 2005, p. 410). 46 “Lucros cessantes. É a expressão usada para distinguir os lucros, de que fomos privados, e que deveriam vir ao nosso patrimônio, em virtude de impedimento decorrente de fato ou ato, não
31
ações de interdito proibitório47; 01 uma ação de alimentos48; 01 uma ação
possessória49
; 02 duas ações de medida cautelar incidental de produção antecipada
de provas; 01 uma ação de cobrança; e 01 uma ação declaratória de inexigibilidade
de débito c/c perdas e danos.
Ações (50) Percentagem
Reintegração de posse 20%
Indenização por danos 40%
Interdito proibitório 20%
Alimentos 02%
Possessória 02%
Cautelar de produção de provas 04%
Cobrança 02%
Inexigibilidade de débito 02%
Quadro 4.
Das duas ações não se relacionam diretamente com o MST: uma delas diz
respeito à ação de alimentos, na qual o alimentante alega que não teria obtido renda
dos imóveis rurais em razão da ocupação das terras pelo MST, e a outra se refere a
acontecido ou praticado por nossa vontade. São, assim, os ganhos que eram certos ou próprios ao nosso direito, que foram frustrados por ato alheio ou fato de outrem.” (Silva, 2005, p. 868). 47 “Interdito. Quer significar a ordem ou mandado, expedido pelo magistrado, para que se torne defesa a prática de certo ato, a feitura de alguma coisa, ou se proteja um direito individual.” (Silva, 2005, p. 758). 48 “Ação de Alimentos. Direito que assiste a uma pessoa para exigir de outra, diante de uma situação de parentesco, os alimentos ou provisões de que necessita para garantia de sua subsistência. Desse modo é a ação que gera o direito de exigir alimentos, diante do qual a pessoa se vê na obrigação de prestá-los, consoante determinação da própria lei.” (Silva, 2005, p. 16). 49 “Ação possessória. É a ação própria para defesa da posse provada. Por essa razão, a ação possessória tem a precípua finalidade de correr em proteção do possuidor da coisa contra os atos de violência ou de esbulho, que a atinjam ou a possam atingir. Quer isto dizer que não se faz mister que a turbação ou o esbulho hajam sido efetivados. Basta que, por justo receio, se encontre na iminência de uma violência. E seja para manter-se na posse, ou para que ela lhe seja restituída, os atos de defesa ou de esforço legal, que se efetivam pela ação possessória, devem ser imediatos.” (Silva, 2005, p. 43).
32
uma ação de inexigibilidade de débito, para excluir a responsabilidade contratual
ante a ocupação e desapropriação de terras.
No tocante à natureza dos recursos (65), observa-se a seguinte distribuição:
03 embargos de declaração (ED)50, 36 apelações (AC)51 – 15 reexames
necessários52 (Reex), 07 agravos de instrumento53 (AI), 01 desaforamento, 02
recursos em sentido estrito54 (RESE), 01 Habeas Corpus55
(HC).
AC Reex AI ED RESE HC Desaforamento
55,4% 23,1% 10,8% 4,6% 3,0% 1,5% 1,5%
Quadro 5.
Nas ações movidas contra o Estado, os proprietários visavam
responsabilizar civilmente o Estado por omissão em não prestar reforço policial para
desocupação das áreas, requerendo indenização por danos materiais, morais e
lucros cessantes, obtendo êxito em 18 recursos. Logo, cabível uma critica ao
sistema, porque é sabido que o MST é composto em sua grande maioria por famílias
e pessoas de baixa renda, por trabalhadores com anseio de ter a própria terra para
cultivar e conseguir ter o básico para uma vida digna (alimentação, moradia, acesso
à saúde, educação e lazer) (CARTER,2010), contudo o Estado não é penalizado
pela omissão em prestar assistência. Entretanto, o Estado foi condenado a pagar
indenização por danos aos proprietários de terra, incluindo àqueles em que foram
efetivadas as desapropriações pelo INCRA, ou seja, além de não cumprirem com a
50 Embargos de declaração é o instrumento jurídico utilizado para requerer ao magistrado que sane obscuridade, contradição ou omissão na decisão, com base no artigo 535 do Código de Processo Civil. 51 A apelação é o recurso cabível contra a sentença e é dirigida a um Tribunal Superior, para permitir a reanalise da matéria posta na ação, conforme artigos 513, 514 e 515 do Código de Processo Civil. 52 Quando o Estado é parte no processo a sentença somente produz efeitos depois de reanalisada pelo segundo grau, por isso a denominação de reexame necessário, segundo o artigo 475 do Código de Processo Civil. 53 O agravo de instrumento é o recurso cabível contra decisões interlocutórias, não colocam fim ao processo, e que possam causar lesão grave ou de difícil reparação, segundo o artigo 522 do Código de Processo Civil. 54 É o recurso utilizado no âmbito criminal contra as decisões interlocutórias, conforme o artigo 581 do Código de Processo Penal. 55 O Habeas Corpus é o instrumento jurídico utilizado para assegurar a liberdade de ir e vir da pessoa, sendo utilizado quando alguém sofre ou está para sofrer coação, prisão, conforme o artigo 647 do Código de Processo Penal.
33
função social, os latifundiários recebem pela terra desapropriada e ganham
indenização por danos morais pela ocupação do MST.
Todos os recursos que tratavam da questão da posse (35 acórdãos – 70%)
reforçavam a ideia de garantia à propriedade privada e nenhuma decisão fez
qualquer menção ou reflexão acerca do princípio da função social da propriedade.
Justo disserta acerca da pressão jurídica dos mandatos de reintegração de
posse contra os camponeses posseiros:
Uma das formas comuns de ‘violência’ contra o camponês posseiro é uma série de pressões jurídicas dos mandatos de reintegração de posse. Sendo assim, a população camponesa continua sendo alvo comum dos aparelhos de controle coercitivo do Estado desde o Império (Cf. Franco, 1969), mudando o contexto histórico e o motivo da violência. No contexto atual, o camponês procura o Judiciário, luta por justiça e, no entanto, fazendeiros quase não figuram nos processos penais. (JUSTO, 2002, p. 161)
Morissawa (2001, p. 132) explica a diferença entre as expressões
“ocupação” e “invasão” de terras; esta “significa um ato de força para tomar alguma
coisa de alguém em proveito particular”, possui conotação negativa, enquanto
aquela diz respeito ao “preenchimento de um espaço vazio”, no caso, o MST apenas
ocuparia as terras que não cumprem a função social (terras griladas, latifúndios por
exploração, fazendas improdutivas ou terras devolutas).
No site oficial do MST há uma explicação quanto ao porquê da utilização do
termo “ocupação” em vez de “invasão”:
O termo invasão é utilizado pelo Código Penal para identificar o crime de esbulho possessório. O termo ocupação é utilizado pela sociologia e geografia para designar o processo de apropriação do espaço geográfico pelo homem. É possível dizer que todo espaço territorial que está sendo utilizado em desacordo com a lei, está vazio, e, portanto, pode ser ocupado, desde que tal ocupação seja com a intenção de dar àquele espaço uma utilidade social. (MST, 2006).
Dos 50 acórdãos pesquisados, 40 utilizam a expressão “invadir”, “invasores”
ou “invadido” (80%), totalizando 63 ocorrências. Por outro lado, as expressões
“ocupação”, “ocupantes” ou “ocupado” apareceram somente em 5 acórdãos (10%),
totalizando 6 ocorrências. Contudo, uma das expressões veio acompanhada do
adjetivo “ilegal” (ocupação ilegal) e duas decisões utilizavam também o termo
34
invasão e suas variantes. Logo, somente 02 decisões (04%) empregaram o termo
ocupação sem nenhum outro adjetivo de cunho negativo.
Portanto, nos acórdãos pesquisados, os magistrados empregaram uma
terminologia negativa em relação aos atos praticados pelo MST. O movimento
previamente avalia as terras a serem ocupadas, buscando àquelas que não
cumprem a função social, conforme informado no site:
De acordo com a Constituição Federal, terras que não cumprem sua função social devem ser destinadas à Reforma Agrária. Para o MST, lembrar do artigo 184 é reiterar que a reestruturação fundiária é urgente e necessária no Brasil. “Toda propriedade que não cumpre com sua função social pode e deve ser ocupada pelos trabalhadores rurais sem terra”, afirma Juvelino Strozake, advogado e integrante do Setor de Direitos Humanos do Movimento Sem Terra. [...] A Constituição Federal não utiliza o conceito de terras improdutivas, mas afirma que as terras que não cumprem a função social serão desapropriadas e destinadas para a Reforma Agrária. Portanto, partindo deste conceito, é possível dizer que as terras que não cumprem a função social não estão protegidas pela lei. Ou seja, toda propriedade que não cumpre com sua função social pode e deve ser ocupada pelos trabalhadores rurais sem terra. (MST, 2006).
Além desse emprego da expressão “invadir” e variantes, existem 12
acórdãos contendo frases e termos com juízo de valor negativo e reprovação ao
MST ou às suas práticas. Refletindo sobre cada frase ou termo selecionado, chega-
se às seguintes conclusões:
Texto do acórdão Explicação/reflexão sobre
“Cabíveis os danos morais, em
casos tais, especialmente quando a
invasão e respectiva omissão do Estado
causaram grande sofrimento, transtorno
e humilhação ao suplicante.”
Os militantes apenas ocupam terras
ociosas porque já se encontram em um
estágio de “sofrimento, transtorno e
humilhação” por viverem embaixo de
lonas, acampamentos sem infra-
estrutura adequada – com falta de
saneamento básico: rede de esgoto,
água e eletrificação. Nas palavras de
Sigaud(2010, p. 239): “a vida no
acampamento frequentemente descrita
35
como um estar debaixo da lona preta
que indicava uma situação de penúria e
de sujeição às intempéries: chuva, calor
excessivo durante o dia e frio à noite.”
“Na evidência de que o
agravante não tem obtido renda de
quaisquer de seus imóveis rurais, uma
vez que todos se encontram invadidos
pelo MST”
Denota o prejuízo que a “invasão” do
MST está causando ao proprietário do
imóvel: ausência de renda/lucro.
“Autores molestados na posse” Observa-se a conotação negativa do
verbo molestar, tendo em vista que
significa “desservir; causar dano ou
prejuízo; ofender, melindrar; desgostar,
penalizar”.
“ [...] energia elétrica consumida
pelos invasores fazenda que foi
totalmente invadida inexistência de
prova da alegada continuidade das
atividades da fazenda”
Culpa os militantes pelo uso da energia
elétrica do imóvel “invadido” e por ter
impedido o desenvolvimento das
atividades da propriedade rural.
“a recusa manifesta pelo Estado
do Paraná representa o patrocínio da
ilegalidade, contra o cumprimento da lei,
a paz e o equilíbrio social, passível de
reparação pelos danos causados ao
proprietário da área rural invadida por
integrantes do movimento sem terra.”
Taxa as ações do MST de ilegais e
repreende a atuação do Estado ao
apoiar os movimentos sociais.
“[...] a invasão e respectiva
omissão do Estado causaram grande
sofrimento, transtorno e humilhação ao
suplicante.”
Igual à primeira explicação.
“Artifício de retirada e retorno”. A frase “artifício de retirada e retorno”
36
“O MST não dá mostra de sujeição às
leis do país ou às decisões judiciais”.
“[...]se comportam como um
agrupamento com leis próprias cuja
bandeira não é verde e amarela.”
refere-se ao fato do Poder Judiciário ter
ordenado a reintegração de posse, os
militantes efetuaram a desocupação,
mas posteriormente retornaram ao
imóvel. O termo “artifício” pelo dicionário
Aurélio significa “recurso engenhoso;
ardil concebido com arte e malícia” .
- “Grupos como o M.S.T., [...],
buscam por meio da violência e da
quebra da ordem legal sanar suas
necessidades básicas, afetando todavia
direitos também constitucionalmente
protegidos de outros cidadãos.”
“Ação ilegal de grupos de
trabalhadores rurais em verdade
carentes, mas cognominados de
‘oprimidos’",
“[...]se comportam como um
agrupamento com leis próprias cuja
bandeira não é verde e amarela.”
Taxa como ilegal as ações do MST.
Considera que as lutas dos militantes
não são legítimas do povo brasileiro.
“O agravamento dos danos,
especialmente no que diz respeito à
matança de animais, furtos e demais
atos de vandalismo.”
Criminaliza as ações do MST.
“pessoas ligadas ao MST”
A expressão recorda outras
utilizadas no âmbito criminal como
“pessoas ligadas ao tráfico”, “pessoas
ligadas à organização criminosa”.
37
“Desvalorização de imóvel que é
resultado da atuação exclusiva do MST”.
Recrimina a atuação do MST.
“Existindo fatos concretos que
indicam a necessidade da garantia da
ordem pública que se encontra
fortemente abalada com os constates
conflitos entre integrantes do MST e
fazendeiros da região, como pelas
inúmeras armas apreendidas nos
acampamentos dos integrantes do
MST.”
Aponta o MST como grupo violento.
12 - “Os sem-terra só puderam
praticar os atos lesivos descritos”.
Taxa como lesivo os atos praticados
pelo MST.
Quadro 6.
As expressões e frases negativas em relação ao MST se concentram em
taxá-los como bandidos, perigosos, contrários à lei, causadores de danos à
propriedade alheia e ao bem estar social. Portanto, observa-se a necessidade do
MST demonstrar que suas ações são amparadas legalmente e a desordem e atos
de vandalismos não fazem parte da filosofia do movimento.
Cabe aos militantes evidenciar que o MST possui reconhecimento
internacional pelas suas práticas e ações, inclusive recebendo prêmios, como por
exemplo o Prêmio Anual de Soberania Alimentar, em 2011, pela Coalizão
Comunidade Soberania Alimentar (Community Food Security Coalition – CFSC), na
Califórnia, cujo diretor executivo, Andrew Fisher, destacou:
O MST foi escolhido para receber o prêmio devido ao excelente trabalho, promovendo soberania alimentar através da conscientização da população, ações em nível local, desenvolvendo e implementando programas e políticas; reconhecendo a importância de ações coletivas para que ocorram mudanças sociais; reconhecendo as conecções globais no trabalho de soberania alimentar e demonstrando claro reconhecimento da importância de mulheres nas questões de agricultura e alimentação.(Apud: Linha Direta 2011.)
38
Além das frases e termos mencionados, também pode ser destacado o
emprego de expressões jurídicas que possuem conotação negativa ou, pelo seu
contexto, atribuem juízo de valor ao MST, em 28 ementas, tais como: esbulho,
turbação, dano, emboscada, reforço policial, (cabimento de) penalidade, (cabimento
de) multa, ameaça de invasão, Boletins de Ocorrência, evento danoso, danos
sofridos.
Por fim, vale dizer que em cinco ementas foi possível verificar que o
magistrado levou em consideração as notícias publicadas pela mídia, sendo que em
dois acórdãos constaram expressamente a referência: “Entrevistas pelos meios de
comunicação” e “notícias veiculadas na imprensa sobre possível invasão”; e outras
três decisões apareceram de forma indireta quando mencionam “fato público e
notório”, pois um fato pode ser considerado notório “quando faz parte da cultura do
‘homem médio’ situado no lugar e no momento em que a decisão é proferida, assim
como, por exemplo, eventos da vida social, política e econômica” podendo ser
presenciado pelo público ou transmitido ao conhecimento do público, “note-se que
os meios de comunicação de massa podem transmitir um fato ao vivo ou levar o seu
acontecimento à população, motivo pelo qual importam tanto para a imediata
notoriedade quanto para a sua posterior formação” (MARINONI, 2006, p. 282). É
notória, portanto, a necessidade de estreitamento de laços entre o “maior movimento
social do mundo”56
56 Afirmação feita em entrevista para o Jornal Gazeta do Povo.
(Chomski,apud Galindo, 2009) e o judiciário paranaense; a
formulação de um canal de comunicação, apresentando os fatos sob a ótica do
MST, pode ser uma ferramenta usada em prol desse objetivo.
39
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a análise das ementas, foi possível observar que a maioria das ações
neste estado é de âmbito cível, com apenas quatro ocorrências de recursos
criminais, sendo que duas são de crimes praticados por seguranças de fazendeiros.
Constatação esta que contraria o discurso do MST ser um grupo que pratica crimes
e atos de vandalismos. Também foi evidenciada a preferência de proteção à
propriedade privada, inclusive com indenizações do Estado aos proprietários (com
recursos de toda a coletividade), em detrimento do direito à terra para trabalho e
moradia, assistência básica aos militantes. Outro ponto de relevância desta pesquisa
foi a confirmação do uso de termos pejorativos do judiciário paranaense para se
referir ao MST e suas ações, com adoção da terminologia “invasão” ao invés de
“ocupação”.
O trabalho foi realizado partindo-se da premissa que o MST ainda não
possui um canal de comunicação com o Poder Judiciário Estadual Paranaense,
enquanto a FAEP dissemina os interesses da UDR aos magistrados, por intermédio
de Boletins Informativos distribuídos quinzenalmente.
A proposta da criação desse canal pode ser validada com base nas
pesquisas e nas observações aqui apresentadas. Diante da importância da mídia na
formação de opinião das massas, especialmente em relação aos movimentos
sociais, desenvolver um novo canal de comunicação que alcance os membros do
TJPR (e posteriormente aos Tribunais de Justiça de outros estados) se faz
necessário.
Foi possível observar que os ruralistas e o MST possuem posições
ideológicas distintas e conflitantes, travando uma luta de classes, conforme a
concepção marxista. A discussão entre ambos os grupos foi analisada no campo
judicial, por intermédio da sistematização das ementas dos acórdãos proferidos pelo
TJPR. Os juristas podem extrair diversas interpretações da lei de acordo com seu
conhecimento prévio do assunto, o que interfere nos resultados apresentados pela
justiça institucionalizada.
Como resultado da sistematização das ementas desta pesquisa, constatou-
se que os proprietários rurais movem muito mais ações que os militantes e que os
40
recursos para o Tribunal também dão êxito àqueles. Os termos e referências ao
MST são, em grande porcentagem, pejorativos e tendenciosos no sentido de
marginalizar o movimento e suas ações, em que pese tenha sido encontrado
pequeno número de ações na seara criminal.
Desta forma, identificou-se que a preocupação do MST em construir uma
comunicação com os militantes deve ser ampliada com o objetivo de atingir outros
públicos. A comunicação é um espaço de luta política, e a ferramenta utilizada seria
um instrumento democrático com cunho de formação e informação, que estimule a
consciência política.
Nas decisões do TJPR, é possível extrair que não há aceitação do
movimento;por isso a ferramenta escolhida deve ser nova e com uma linguagem
específica: o MST deverá atentar que o público alvo não se refere a militantes e
simpatizantes do movimento e de suas ações, ao contrário dos outros meios de
comunicação já desenvolvidos pelo grupo.
Deste modo, por se tratarem de magistrados, possuem no mínimo
bacharelado em direito, voltados para o estudo e leitura (existindo pós-graduados,
mestres e doutores), a linguagem desenvolvida no veículo de comunicação tem que
seguir a norma padrão, evitar os termos coloquiais e expressões próprias do grupo.
Além do mais, em razão de haver decisões judiciais caracterizando o MST como
contrários à lei, é preciso que os textos e materiais produzidos pelo movimento
possuam fundamentação técnico-jurídica. Portanto, os militantes precisam
demonstrar aos magistrados que suas ações são realizadas com permissivos legais,
destacando as interpretações da lei que privilegiam a função social da propriedade.
E, ainda, os militantes necessitam da tutela estatal e da intervenção do Poder
Público para conquistarem as garantias previstas constitucionalmente (art. 5º, 6º,
CF) – como moradia, trabalho, alimentação, saneamento básico, escolas -, logo, o
movimento não foi criado para quebrar com a ordem social, mas sim para
restabelecê-la.
Assim, o MST pode divulgar as suas ações sociais, mostrar que tem agido
positivamente na vida dos trabalhadores rurais e que juntos conseguem crescer e se
desenvolverem sócio-economicamente. Da mesma forma, interessante noticiar os
prêmios que recebe para evidenciar os frutos de suas ações. E, sobretudo,
evidenciar quais são os objetivos do MST, pois estes não se resumem a ocupações
41
de terra, apesar de as ocupações serem formas legítimas de se conquistar direitos
previstos em lei e negados na prática.
O desenvolvimento de um meio de comunicação com o Judiciário pode ser
ferramenta útil aos trabalhadores rurais, para combater o estereótipo de “foras da lei”
e contribuir para que os magistrados tenham acesso à situação do MST,
propiciando visão dialética nos julgamentos.
Sabendo que a mídia desempenha um papel importante junto aos
movimentos sociais, que o MST usufrua de seu poder de comunicar para transmitir
as suas verdades, desafios, vitórias e objetivos. Toda e qualquer atitude que
contribua para a formação de uma sociedade mais justa e consciente é válida, e
criar mais um meio que dê voz ao MST pode resultar, futuramente, em tratamento
imparcial dos magistrados (sem a conotação negativa relativa aos militantes). A
preparação de políticas de comunicação direcionadas pode ser útil ao movimento
para combater o discurso de proteção irrestrita e irrefletida à propriedade privada
cultivado historicamente pelos grandes proprietários de terra brasileiros e
materializado por meio das ações da UDR a partir da sua fundação.
42
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ANEXOS
01) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. INVASÃO DE FAZENDA PELO MOVIMENTO DOS SEM TERRA. MST. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA. CERTIDÃO ATESTANDO A CITAÇÃO DO EMBARGANTE. PROVAS TESTEMUNHAIS. ENTREVISTAS PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO. RECONHECIMENTO DA LEGITIMIDADE. REPETIÇÃO DA FUNDAMENTAÇÃO JÁ ANALISADA. FALTA DE ARGUMENTOS OU PROVAS CAPAZES DE DESCONSTITUIR OS FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO RECORRIDO. SIMPLES INCONFORMISMO. CONTRADIÇÃO INEXISTENTE. ACÓRDÃO MANTIDO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. (TJPR - 17ª C.Cível - EDC 0659937-5/01 - Paranacity - Rel.: Des. Stewalt Camargo Filho - Unânime - J. 22.06.2011) 02) AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS C.C. LUCROS CESSANTES - OMISSÃO (ESPECÍFICA, NÃO GENÉRICA) DO ESTADO NO CUMPRIMENTO DE ORDENS DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE, EM FACE DE INTEGRANTES DO MST (MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA) - RESPONSABILIDADE CONFIGURADA - DANOS MATERIAIS COMPROVADOS E QUE SERÃO DEFINIDOS EM LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA - DANOS MORAIS CABIMENTO REDUÇÃO, CONTUDO, DO QUANTUM ARBITRADO - JUROS DE MORA A CONTAR DO EVENTO DANOSO - SÚMULA 54 DO STJ SUCUMBÊNCIA - READEQUAÇÃO - AGRAVO RETIDO DESPROVIDO - APELAÇÕES PARCIALMENTE PROVIDAS E SENTENÇA REFORMADA EM PARTE, EM REEXAME NECESSÁRIO. 1 - De acordo com o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (RE 283989/PR - Rel. Min. ILMAR GALVÃO) "caracteriza-se a responsabilidade civil objetiva do Poder Público em decorrência de danos causados, por invasores, em propriedade particular, quando o Estado se omite no cumprimento de ordem judicial para envio de força policial ao imóvel invadido. Recursos Extraordinários não conhecidos". 2 - Como ensina o Desembargador e doutrinador SERGIO CAVALIERI FILHO in PROGRAMA DE RESPONSABILIDADE CIVIL - 5ª ed., págs. 248 e 273, citando o jurista Guilherme Couto de Castro, "não é correto dizer, sempre, que toda hipótese de dano proveniente de omissão estatal será encarada, inevitavelmente, pelo ângulo subjetivo. Assim o será quando se tratar de omissão genérica. Não quando houver omissão específica, pois aí há dever individualizado de agir (A responsabilidade civil objetiva no Direito Brasileiro, Forense, 1997, p. 37)". 3 - Cabíveis os danos morais, em casos tais, especialmente quando a invasão e respectiva omissão do Estado causaram grande sofrimento, transtorno e humilhação ao suplicante. Assim, pelas circunstâncias do caso concreto, tempo de duração do conflito, peculiar condição das partes e demais aspectos, relevantes, trazidos na apelação, razoável o arbitramento em R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais) que, com juros de mora a contar da data do evento, ultrapassa os cem mil reais, assim considerado pela Câmara em caso
47
similar. (TJPR - 2ª C.Cível - ACR 0762234-6 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Antônio Renato Strapasson - Unânime - J. 17.05.2011) 03) ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO DE OFÍCIO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO E AÇÃO CAUTELAR INCIDENTAL. INVASÃO DE PROPRIEDADE RURAL POR INTEGRANTES DO MOVIMENTO SEM TERRA (MST). AUSÊNCIA DE DESIGNAÇÃO DE FORÇA POLICIAL PARA O CUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE LIMINARMENTE CONCEDIDA E SÓ PARCIALMENTE CUMPRIDA. OCUPAÇÃO ILEGAL QUE DUROU MAIS DE 6 (SEIS) ANOS, ANTE A INÉRCIA DO ESTADO. DEVER DE INDENIZAR. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. VALOR DA INDENIZAÇÃO MANTIDO. DANOS MATERIAIS APURADOS EM PERÍCIA TÉCNICA REALIZADA NA AÇÃO CAUTELAR. PARCELA CABÍVEL AO ESTADO LIMITADA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MANTIDOS. REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS SUCUMBENCIAL. RECURSO DE APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA, QUANTO AO MAIS, EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO. - Embora a administração pública tenha atuado de forma omissiva, havia para o Estado um dever individualizado de agir, consistente no cumprimento imediato de uma ordem judicial. Assim, tratando-se de uma omissão especifica, a responsabilidade do ente publico é objetiva, devendo ser analisada à luz do art. 37, §6º da Constituição Federal, como o foi, no caso, pelo douto sentenciante. (TJPR - 1ª C.Cível - AC 0741993-0 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Desª Dulce Maria Cecconi - Unânime - J. 10.05.2011) 04) AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE INVASÃO DE FAZENDA PELO MST MOVIMENTO SEM TERRA LIMINAR CONCEDIDA E NÃO CUMPRIDA PELA FORÇA PÚBLICA DO AGRAVANTE FIXAÇÃO DE ASTREINTES - PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO CONCEDIDO CABIMENTO DA PENALIDADE IMPOSTA QUE DECORRE DE ATO ADMINISTRATIVO NÃO ORDENADO - RAZOABILIDADE DE DANO PROVÁVEL E DE DIFÍCIL REPARAÇÃO - FACULDADE EXCLUSIVA DO JUIZ NATURAL - IMPOSSIBILIDADE DE NOVO DECRETO QUANDO A DECISÃO CUMPRIU OS REQUISITOS LEGAIS E NÃO CONTÉM TERATOLOGIA DECISÃO AFETA AO PRUDENTE ARBÍTRIO DO JUIZ NECESSIDADE DE REGULAR INSTRUÇÃO E COLETA DE PROVAS EM AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO - SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA DESCABIDA - AGRAVO DESPROVIDO. (TJPR - 17ª C.Cível - AI 0709353-6 - Faxinal - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Fabian Schweitzer - Unânime - J. 23.02.2011) 05)
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APELAÇÃO CIVEL INTERDITO PROIBITÓRIO INSURGÊNCIA CONTRA A SENTENÇA QUE JULGOU IMPROCEDENTE A AÇÃO DESCABIDA NÃO PREENCHIDOS OS REQUISITOS DOS ARTIGOS 932 DO CPC E 1210 DO CC NÃO COMPROVAÇÃO DE AMEAÇA DE INVASÃO DA ÁREA PELOS INTEGRANTES DO MST. RECURSO DESPROVIDO (TJPR - 18ª C.Cível - AC 0722118-5 - Manoel Ribas - Rel.: Des. Roberto De Vicente - Unânime - J. 16.02.2011) 06) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE CUMULADA COM PEDIDO DE PERDAS E DANOS. LEGITIMIDADE PASSIVA "AD CAUSAM" RECONHECIDA. ELEMENTOS SUFICIENTES NOS AUTOS. INVASÃO DE FAZENDA PELO MST. REQUISITOS DO ARTIGO 927 DO CPC COMPROVADOS. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO REINTEGRATÓRIO. RATIFICAÇÃO DA CONCESSÃO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJPR - 17ª C.Cível - AC 0659937-5 - Paranacity - Rel.: Des. Stewalt Camargo Filho - Unânime - J. 06.10.2010) 07) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OMISSÃO VERIFICADA ACÓRDÃO QUE REDUZIU O VALOR DA VERBA ALIMENTAR COM BASE EM PRESUNÇÃO DE EXISTÊNCIA DE OUTRAS FONTES DE RENDA SÍTIOS CONTÍGUOS À FAZENDA INVADIDA IMÓVEIS QUE TAMBÉM ESTÃO INVADIDOS PELO MST AUSÊNCIA DE RENDIMENTO CONFORME DEMONSTRATIVO DE IMPOSTO DE RENDA ANUAL REDUÇÃO INDEVIDA CONCESSÃO DE EFEITO MODIFICATIVO EMBARGOS ACOLHIDOS. Na evidência de que o agravante não tem obtido renda de quaisquer de seus imóveis rurais, uma vez que todos se encontram invadidos pelo MST, fica afastada a presunção da existência de outras fontes de renda e, assim, indevida a redução do valor da verba alimentar concedida liminarmente. (TJPR - 3ª C.Cível - EDC 0564115-0/01 - Barbosa Ferraz - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Espedito Reis do Amaral - Unânime - J. 20.07.2010) 08) PROCESSO CIVIL. INTERDITO PROIBITÓRIO. IMÓVEL RURAL. MOVIMENTO SEM TERRA MST. INVASÃO EM ÁREA LINDEIRA AOS IMÓVEIS DOS AUTORES. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RÉU IDENTIFICADO QUE RECORRE DO DECISUM. ILEGITIMIDADE PASSIVA. INOCORRÊNCIA. PROVA INEQUÍVOCA DE QUE O APELANTE FIGURAVA COMO REPRESENTANTE DOS INVASORES. INDÍCIOS DE AMEAÇA DE TURBAÇÃO OU ESBULHO. BOLETINS DE OCORRÊNCIA. JUSTO RECEIO DOS AUTORES EM SEREM MOLESTADOS EM SUA POSSE CARACTERIZADO. RECURSO DESPROVIDO. 1. A ameaça de iminentes atos de turbação ou esbulho pode ser aferida pelo conjunto de circunstâncias, tais quais: invasão de outra propriedade; localização do réu junto aos
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invasores; citação operada em assentamento do MST. 2. Em ações que tratam de invasão coletiva, na qual é difícil identificar, na inicial, todos os réus, é válida a citação do líder do movimento, que se identifica e recebe pessoalmente a citação, prestando inclusive informações ao Oficial de Justiça. (TJPR - 17ª C.Cível - AC 0677565-7 - Lapa - Rel.: Des. Lauri Caetano da Silva - Unânime - J. 14.07.2010) 09) AGRAVO DE INSTRUMENTO PROCESSUAL CIVIL LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA POR ARTIGOS INSTRUMENTO FORMADO APENAS POR CÓPIA PARCIAL DA DECISÃO AGRAVADA CONHECIMENTO DO RECURSO SOMENTE NAS PARTES EM QUE É POSSÍVEL A COMPREENSÃO DA DECISÃO AGRAVADA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO INVASÃO DE FAZENDA POR INTEGRANTES DO MST APURAÇÃO DOS LUCROS CESSANTES NECESSIDADE DE AVERIGUAÇÃO DAS DESPESAS COM O PLANTIO E A COLHEITA E DAS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO (PRODUTIVIDADE, ÁREA QUE SERIA PLANTADA, COTAÇÃO DO PRODUTO) NA SAFRA QUE DEIXOU DE SEU PRODUZIDA, NÃO BASTANDO A MERA VERIFICAÇÃO DO FATURAMENTO BRUTO NA SAFRA ANTERIOR PROVAS, CONTUDO, NÃO PRODUZIDAS NOS AUTOS, ÔNUS DA LIQUIDANTE (ART. 333, I, DO CPC) ENERGIA ELÉTRICA CONSUMIDA PELOS INVASORES FAZENDA QUE FOI TOTALMENTE INVADIDA INEXISTÊNCIA DE PROVA DA ALEGADA CONTINUIDADE DAS ATIVIDADES DA FAZENDA, ÔNUS QUE CABIA AO RÉU (ART. 333, II, DO CPC LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DA ENERGIA ELÉTRICA AO PERÍODO EM QUE A FAZENDA FICOU EFETIVAMENTE OCUPADA CORREÇÃO MONETÁRIA A CONTAR DO EFETIVO DESEMBOLSO (SÚMULA Nº 43 DO STJ). RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR - 2ª C.Cível - AI 0631269-4 - Colorado - Rel.: Juíza Subst. 2º G. Josély Dittrich Ribas - Unânime - J. 08.06.2010) 10) APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO INVASÃO DE IMÓVEL RURAL POR INTEGRANTES DO DENOMINADO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST) - INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO - CERCEAMENTO DE DEFESA NECESSIDADE DA REALIZAÇÃO DE PROVA PERICIAL PARA AVALIAR A EXTENSÃO DOS DANOS E DIRIMIR QUESTÃO IMPRESCINDÍVEL À Apelação Cível nº 550.860-1 SOLUÇÃO DA LIDE - ANULAÇÃO DA SENTENÇA, COM O RETORNO DOS AUTOS À VARA DE ORIGEM. Apelos 1), 2) e recurso adesivo prejudicados. Reexame necessário provido. "`É viável determinar, de ofício, inclusive em 2º grau, a realização de nova perícia, quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida' (RJTJERGS 249/165, citado in Código de Processo Civil e legislação processual em vigor, Theotonio Negrão, 39ª Ed, p. 526)." (TJPR, Ap. Cív. nº 527.781-4, 7ª CC., rel. Desª. Dilmari Helena Kessler, ac. nº 15.364, publ. Em 14.09.09).
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(TJPR - 3ª C.Cível - ACR 0550860-1 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Ivan Bortoleto - Unânime - J. 13.04.2010) 11) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ INVASÃO DE IMÓVEL RURAL POR INTEGRANTES DO DENOMINADO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST). MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE OMISSÃO DO ESTADO NO FORNECIMENTO DE FORÇA POLICIAL. DESPROVIMENTO DO AGRAVO RETIDO QUANTO ÀS PRELIMINARES Apelação Cível nº 541.082-8 AVENTADAS PELO ESTADO DO PARANÁ. PRESCRIÇÃO INOCORRÊNCIA. NEXO CAUSAL E DANOS MATERIAIS COMPROVADOS. RESPONSABILIDADE DO ESTADO CARACTERIZADA INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS DEVIDA. CORRETO ACOLHIMENTO DA PROVA PERICIAL QUE LEVANTOU O VALOR DOS DANOS MATERIAIS SOFRIDOS PELOS AUTORES. IMPUGNAÇÃO GENÉRICA DO LAUDO QUE ESTÁ DEVIDAMENTE FUNDAMENTADO. ÍNDICE APLICADO E TERMO INICIAL PARA INCIDÊNCIA DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS CORRETAMENTE FIXADOS NA SENTENÇA. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA DEVIDA PELO ESTADO DO PARANÁ AO PATRONO DOS AUTORES. Apelo 1) do Estado do Paraná e reexame necessário desprovidos. Apelo 2) de Irineu Codato provido. 1. O cumprimento das decisões emanadas do Poder Judiciário se constitui na viga mestre do regime democrático, por isto, a recusa manifesta pelo Estado do Paraná representa o patrocínio da ilegalidade, contra o cumprimento da lei, a paz e o equilíbrio Apelação Cível nº 541.082-8 social, passível de reparação pelos danos causados ao proprietário da área rural invadida por integrantes do movimento sem-terra. A responsabilidade civil da administração de indenizar decorre de ato culposo, através omissão, a qual, foi decisiva para a ocorrência dos prejuízos causados e sofridos pelo patrimônio particular. Precedentes jurisprudenciais. Acolhimento da decisão monocrática quanto ao mérito e do voto majoritário. Recurso. Rejeição. (TJPR, Emb. Inf. nº 538.36-7/01, II Grupo de Câmaras Cíveis, Rel. Des. Altair Patitucci, j. em 11.12.97) 2. O sistema jurídico brasileiro adota a responsabilidade civil objetiva do Estado sob a forma da Teoria do Risco Administrativo (art. 37, § 6º, da CF/881). Entretanto, quando o dano acontece em decorrência de uma suposta omissão do Estado é de se aplicar a teoria da responsabilidade subjetiva. 3. Na espécie, restou demonstrado o nexo causal, o dano e a culpa - requisitos necessários para gerar a Apelação Cível nº 541.082-8 responsabilidade civil do Estado do Paraná em indenizar. (TJPR - 3ª C.Cível - ACR 0541082-8 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Ivan Bortoleto - Unânime - J. 13.04.2010) 12) AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS INVASÃO DE TERRAS POR INTEGRANTES DO MST ORDEM JUDICIAL REINTEGRATÓRIA AUSÊNCIA DE AUXÍLIO POLICIAL PARA A DEVIDA DESOCUPAÇÃO DA PROPRIEDADE DECISÃO ATACADA QUE INDEFERIU O PEDIDO DE CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA QUE
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OBJETIVAVA A CONDENAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ AO PAGAMENTO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA SUSTENTO DA FAMÍLIA DO AGRAVANTE QUE ERA RETIRADO QUASE QUE EXCLUSIVAMENTE DO TRABALHO NA PROPRIEDADE OMISSÃO DO ESTADO EVIDENCIADA AO NÃO DAR CUMPRIMENTO À ORDEM JUDICIAL ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA REQUISITOS AUTORIZADORES PRESENTES VALOR DA PENSÃO FIXADA EM R$ 1.000,00 (UM MIL REAIS) CONSIDERANDO A REALIDADE FÁTICA RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. A concessão de tutela antecipada requer a presença de requisitos, materializados na prova inequívoca que convença da verossimilhança da alegação (caput, art. 273, CPC), além de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (inciso I) ou ainda, quando caracterizado o abuso de direito de defesa ou mesmo, o manifesto propósito protelatório do réu (inciso II). "O ordenamento positivo brasileiro não impede a concessão de tutela antecipada contra o Poder Público [...]. Na realidade, uma vez atendidos os pressupostos legais fixados no art. 273, I e II do CPC, na redação dada pela Lei nº 8952/94 e observadas as restrições estabelecidas na Lei nº 9494/97 (art. 1º) tornar-se-á lícito ao magistrado deferir tutela antecipada requerida contra a Fazenda Pública." (TJPR - 3ª C.Cível - AI 0564115-0 - Barbosa Ferraz - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Espedito Reis do Amaral - Unânime - J. 06.04.2010) 13) REEXAME NECESSÁRIO E APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INVASÃO DE PROPRIEDADE PARTICULAR POR INTEGRANTES DO MST. ORDEM DE DESOCUPAÇÃO NÃO CUMPRIDA POR OMISSÃO ESTATAL. RESPONSABILIDADE CONFIGURADA. DEVER DE INDENIZAR. DANOS MATERIAIS COMPROVADOS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA SOMENTE NO QUE SE REFERE À DATA DE INCIDÊNCIA DOS JUROS MORATÓRIOS. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. A lentidão do Estado em dar efetivo cumprimento à ordem judicial de reintegração de posse gera o dever de indenizar, desde que presentes os elementos da responsabilização civil. (TJPR - 1ª C.Cível - ACR 0649378-3 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Fernando César Zeni - Unânime - J. 30.03.2010) 14) PRIMEIRO AGRAVO RETIDO: PRELIMINAR DE INÉPCIA DA INICIAL. PEDIDOS QUE NÃO SÃO GENÉRICOS. LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA CONFIGURADAS. AGRAVO CONHECIDO E DESPROVIDO. SEGUNDO AGRAVO RETIDO: IMPUGNAÇÃO EXTEMPORÂNEA AO PERITO NOMEADO PELO JUIZ SINGULAR. PROFISSIONAL DEVIDAMENTE HABILITADO. DESNECESSÁRIA REALIZAÇÃO DE NOVA PROVA TÉCNICA. IMPUGNAÇÃO GENÉRICA DO LAUDO QUE ESTÁ DEVIDAMENTE FUNDAMENTADO. AGRAVO CONHECIDO E DESPROVIDO. APELAÇÃO: AÇÃO ORDINÁRIA DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. INVASÃO DE PROPRIEDADE RURAL PELO MOVIMENTO SEM TERRA (MST). AUSÊNCIA DE DESIGNAÇÃO DE FORÇA POLICIAL PARA CUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL DE REINTEGRAÇÃO DE
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POSSE. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO CONFIGURADA. DANOS DECORRENTES DA OCUPAÇÃO ILEGAL POR CERCA DE SETE ANOS DEVIDAMENTE DEMONSTRADOS. POSTERIOR VENDA DO IMÓVEL AO INCRA PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA QUE NÃO ESVAZIA O OBJETO DA DEMANDA. DEVIDA INDENIZAÇÃO PELO VALOR NECESSÁRIO À RECOMPOSIÇÃO DO STATUS QUO ANTE, EIS QUE A AVALIAÇÃO DO INCRA FOI FEITA APÓS ANOS DE OCUPAÇÃO, QUANDO DEFAZADO O VALOR DAS BENFEITORIAS. CORRETO ACOLHIMENTO DA PROVA PERICIAL QUE LEVANTOU O VALOR DOS DANOS MATERIAIS SOFRIDOS PELOS AUTORES. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. VALOR DA INDENIZAÇÃO MINORADO EM RAZÃO DE SUA FIXAÇÃO EM EXCESSO NA SENTENÇA A QUO. TERMO INICIAL PARA INCIDÊNCIA DE JUROS E ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA CORRETAMENTE FIXADO NA SENTENÇA. APELO VOLUNTÁRIO CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA REFORMADA PARCIALMENTE EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO QUANTO AO VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANOS EXTRAPATRIMONIAIS. (TJPR - 3ª C.Cível - ACR 0598009-2 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Paulo Roberto Vasconcelos - Unânime - J. 12.01.2010) 15) AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ÁREA RURAL. OCUPAÇÃO POR INTEGRANTES DO MOVIMENTO SEM TERRA - MST. INCRA. AUTARQUIA FEDERAL. NÃO INTEGRAÇÃO DA LIDE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. NULIDADE POR FALTA DE MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. INOCORRÊNCIA MANUTENÇÃO DA DECISÃO LIMINAR. RECURSO CONHECIDO E NEGADO. 1. Não se verificando qualquer avanço no procedimento administrativo que seria instaurado pelo INCRA, a fim de adquirir a área em conflito para fins de reforma agrária e, tendo em vista que a agravada não pode suportar por mais tempo a privação na posse do bem, não há justificativa plausível para a revogação da liminar de reintegração de posse concedida em primeiro grau de jurisdição. 2. Não há que se falar em incompetência da Justiça Estadual, quando o INCRA, autarquia federal, não é parte na demanda, não tendo sequer feito menção a intenção de integrar a lide, sendo inaplicável "in casu" o art. 109, I, da CF/1988. 3. Inexistindo obrigatoriedade da "oitiva" do representante ministerial previamente à concessão da liminar, não se verifica nulidade no feito. 4. Agravo a que se nega provimento. (TJPR - 17ª C.Cível - AI 0497941-9 - Palmas - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Francisco Jorge - Unânime - J. 28.10.2009) 16) REEXAME NECESSÁRIO E APELAÇÃO CÍVEL. INVASÃO DE TERRAS PELO MST. ORDEM DE DESOCUPAÇÃO NÃO CUMPRIDA POR OMISSÃO ESTATAL. DEVER DE INDENIZAR. DANOS MATERIAIS E MORAIS. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PERDA DE LUCROS. DANO MATERIAL E MORAL BEM ARBITRADO. RECURSOS DESPROVIDOS. SENTENÇA MANTIDA EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO. 1. A omissão do Estado em dar efetiva vazão à ordem
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judicial de reintegração de posse é causa capaz de gerar o dever de indenizar, desde que presentes os elementos da responsabilização civil. 2. Demonstrado o prejuízo material - pela depreciação do valor da terra - assim como o dano moral, deve o Estado ser condenado. Quanto aos lucros cessantes, de fato, não há como considerar provado nos autos, razão pela qual tal verba não pode ser deferida. 3. Verbas sucumbenciais bem arbitradas. Apelações Cíveis desprovidas. Sentença mantida em sede de Reexame Necessário. (TJPR - 5ª C.Cível - ACR 0497552-2 - Loanda - Rel.: Des. Rosene Arão de Cristo Pereira - Unânime - J. 16.12.2008) 17) AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS C.C. LUCROS CESSANTES - OMISSÃO (ESPECÍFICA, NÃO GENÉRICA) DO ESTADO NO CUMPRIMENTO DE ORDENS DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE, EM FACE DE INTEGRANTES DO MST (MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA) - RESPONSABILIDADE CONFIGURADA - DANOS APURADOS E DEFINIDOS EM LAUDO BEM FUNDAMENTADO - LUCROS CESSANTES, TODAVIA, QUE NÃO PODEM IR ALÉM DO MOMENTO EM QUE SE IMITIU O INCRA NA POSSE DOS IMÓVEIS - AÇÕES POSSESSÓRIAS QUE, POR ISSO, ACABARAM EXTINTAS - INEXISTÊNCIA DE NOVOS PEDIDOS E NOVAS ESPECÍFICAS ORDENS A PARTIR DE ENTÃO - DANOS MORAIS - MAJORAÇÃO, COM JUROS DE MORA A CONTAR DA PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO - PRECEDENTES - SÚMULA 54 DO STJ QUE SE APLICA TÃO SOMENTE AOS DANOS MATERIAIS - VERBA HONORÁRIA (R$ 100.000,00) - MANUTENÇÃO - AGRAVO RETIDO DESPROVIDO - APELAÇÕES PARCIALMENTE PROVIDAS. 1 - De acordo com o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (RE 283989/PR - Rel. Min. ILMAR GALVÃO) "caracteriza-se a responsabilidade civil objetiva do Poder Público em decorrência de danos causados, por invasores, em propriedade particular, quando o Estado se omite no cumprimento de ordem judicial para envio de força policial ao imóvel invadido. Recursos Extraordinários não conhecidos". 2 - Como ensina o Desembargador e doutrinador SERGIO CAVALIERI FILHO in PROGRAMA DE RESPONSABILIDADE CIVIL - 5ª ed., págs. 248 e 273, citando o jurista Guilherme Couto de Castro, "não é correto dizer, sempre, que toda hipótese de dano proveniente de omissão estatal será encarada, inevitavelmente, pelo ângulo subjetivo. Assim o será quando se tratar de omissão genérica. Não quando houver omissão específica, pois aí há dever individualizado de agir (A responsabilidade civil objetiva no Direito Brasileiro, Forense, 1997, p. 37)". 3 - Os lucros cessantes são devidos até o momento em que o INCRA foi imitido na posse do bem desapropriado, máxime quando o próprio autor (nos autos de reintegração de posse) pede a extinção dos processos, e o Juiz, expressamente, reconhece a perda do objeto das ações e superveniente perda do interesse processual. 4 - O processo expropriatório não anula esta ação de indenização. E posterior liminar, suspendendo os efeitos da imissão de posse, não tem o condão de prolongar direitos então reconhecidos, especialmente em relação aos lucros cessantes. Isto porque não consta dos autos pedido superveniente para retomada das ordens de reintegração. 5 - E se alguma verba, a ser paga naqueles autos, tiver plena identidade com as deste processo, deve ser excluída, ou compensada, pena de enriquecimento sem causa, o que se fará por ocasião da execução da sentença. 6 - Cabíveis os danos morais, em casos
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tais, especialmente quando a invasão e respectiva omissão do Estado causaram grande sofrimento, transtorno e humilhação ao suplicante, que contava, à época, com mais de 80 anos de idade. Assim, pelas circunstâncias do caso concreto, tempo de duração do conflito, peculiar condição das partes e demais aspectos, relevantes, trazidos na apelação, razoável o arbitramento em R$ 100.000,00 (cem mil reais), com atualização e juros de mora a contar da publicação do acórdão. 7 - Quanto aos danos materiais, incluídos os lucros cessantes, os juros moratórios são devidos a partir do evento danoso (Súmula 54 do STJ). 8 - Consoante entendimento do STJ (Theotonio Negrão - CPC Anotado, 39ª ed., pág. 156) "vencida a Fazenda Pública, aplica-se o § 4º do art. 20 do CPC, fixando-se os honorários de acordo com o critério de equidade, não sendo obrigatória a observância seja dos limites máximo e mínimo seja da imposição sobre o valor da condenação constantes do parágrafo anterior". (TJPR - 2ª C.Cível - ACR 0520610-2 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Antônio Renato Strapasson - Unânime - J. 11.11.2008) 18) DESAFORAMENTO - MEDIDA EXCEPCIONAL - SUPOSTA INFLUÊNCIA DO MST - AUSÊNCIA DE PROVA ROBUSTA QUANTO À NECESSIDADE DO DESAFORAMENTO - EXCESSO DE PRAZO DECORRENTE DE INÚMERAS REDESIGNAÇÕES RELACIONADAS A PEDIDO ANTERIOR DE DESAFORAMENTO E DEMAIS CIRCUNSTÂNCIAS JUSTIFICADAS NOS AUTOS - RECOMENDAÇÃO AO JUÍZO DE ORIGEM PARA DAR MAIS CELERIDADE AO FEITO - PEDIDO INDEFERIDO. (TJPR - 1ª C.Criminal - D 0465026-0 - Laranjeiras do Sul - Rel.: Des. Luiz Osorio Moraes Panza - Unânime - J. 02.10.2008) 19) POSSESSÓRIA. INTERDITO PROIBITÓRIO PROPOSTO POR CONCESSIONÁRIA DE RODOVIAS EM FACE DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TERRA (MST). JULGAMENTO DE PROCEDÊNCIA, CONFIRMANDO-SE LIMINAR ANTERIORMENTE CONCEDIDA. ORGANIZAÇÃO RÉ QUE SE INSURGE CONTRA ESSA DECISÃO. INCONFORMISMO QUE NÃO MERECE ACOLHIDA. EVIDENCIADO - ATRAVÉS DA DOCUMENTAÇÃO ENCARTADA NOS AUTOS - O JUSTO RECEIO DE IMINENTE TURBAÇÃO OU ESBULHO NA POSSE DA APELADA. CORRETA A CONCESSÃO DA TUTELA POSSESSÓRIA. SENTENÇA QUE DEVE SER REFORMADA APENAS PARA INCLUIR HONORÁRIOS EM FAVOR DO CURADOR ESPECIAL. VERBA QUE DEVE SER ADIANTADA PELA PARTE AUTORA, NOS TERMOS DO DISPOSTO NO ART. 19, § 2º, DO CPC. RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR - 17ª C.Cível - AC 0508646-8 - Prudentópolis - Rel.: Des. Lauri Caetano da Silva - Unânime - J. 01.10.2008) 20)
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ACORDAM OS INTEGRANTES DA DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ, POR UNANIMIDADE DE VOTOS, EM DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - MEDIDA CAUTELAR INCIDENTAL DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS CONSISTENTE EM VISTORIA AD PERPETUAM REI MEMORIAM - ALEGAÇÃO DE FALTA DE NULIDADE DO PROCESSO, POR FALTA DE CITAÇÃO/INTIMAÇÃO PARA INDICAR ASSISTENTE TÉCNICO E FORMULAR QUESITOS - DESCABIMENTO - CERTIDÃO DO OFICIAL DE JUSTIÇA QUE AFIRMA TER CITADO O MOVIMENTO, NA PESSOA DE UMA ACAMPADA -VALIDADE - ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM AFASTADA - RECURSO INTERPOSTO POR LÍDER DO MST, QUE FOI CITADO NA AÇÃO PRINCIPAL E CONTESTOU, EM NOME PRÓPRIO E DO MOVIMENTO - PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA ACOLHIDO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. - "1. - É desnecessário a individualização e respectiva citação de cada esbulhador, não só por ser inviável processualmente como ainda meio protelatório à eficácia da prestação jurisdicional, se, e sobretudo, houve recebimento em mãos da exordial pelo líder do MST, (representante legal dos invasores), no qual, conseqüentemente praticaram os devidos atos processuais afastando qualquer nulidade. (...)". (grifei). (TJPR, Ag Instr 3.0150567-7, 8ª CCv - TA, Rel. Des. Rafael Augusto Cassetari, j. 20/11/00). "(...) I - A assistência judiciária gratuita pode ser pleiteada a qualquer tempo, desde que comprovada a condição de hipossuficiente (Lei n.º 1.060/50, art. 4º, § 1º). É suficiente a simples afirmação do estado de pobreza para a obtenção do benefício, ressalvado ao juiz indeferir a pretensão, se tiver fundadas razões. (...). Recurso provido". (grifei). (STJ, RESP 422140 / MG, T5-Quinta Turma, Rel. Min. Felix Fischer, DJ 16/05/2002). (TJPR – 18ª C. Cível – AC 0481210-2 – Guarapuava - Rel.: Des. Roberto De Vicente - Unânime - J. 10.09.2008) 21) APELAÇÃO CÍVEL - INTERDITO PROIBITÓRIO CONVERTIDO EM AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - AGRAVO RETIDO - ALEGAÇÃO DE INÉPCIA DA INICIAL, POR NÃO TER HAVIDO INDIVIDUAÇÃO DOS RÉUS NA INICIAL - INVASÃO DE TERRAS PELO MST - IMPOSSIBILIDADE DE NOMINAR, NA INICIAL, TODOS OS INVASORES - APELANTE QUE ERA O LÍDER DO MOVIMENTO, ACEITOU A CITAÇÃO E COMPARECEU A TODOS OS ATOS - CITAÇÃO VÁLIDA - INEXISTÊNCIA DE NULIDADE -ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA - CERCEAMENTO DE DEFESA INEXISTENTE - PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA ATENDIDO - PRECEDENTE DO STJ. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. -"(...) Em ações que tratam de invasão coletiva, na qual é difícil identificar, na inicial, todos os réus, é válida a citação do líder do movimento, que se identifica e recebe pessoalmente a citação, comparecendo, outrossim, a todas as audiências. Inexistência de nulidade. (grifei). (TJPR, Ap Civel 3.0128850-0, 7ª CCv - TA, Rel. Des. Noeval de Quadros, j. 15/03/99). - I - A assistência judiciária gratuita pode ser pleiteada a qualquer tempo, desde que comprovada a condição de hipossuficiente (Lei n.º 1.060/50, art. 4º, § 1º). É suficiente a simples afirmação do estado de pobreza para a obtenção do benefício, ressalvado ao juiz indeferir a pretensão, se tiver fundadas razões. (...). Recurso provido. (grifei). (STJ, RESP 422140 / MG, T5-Quinta Turma, Rel. Min. Felix
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Fischer, DJ 16/05/2002). (TJPR - 18ª C.Cível - AC 0481223-9 - Guarapuava - Rel.: Des. Roberto De Vicente - Unânime - J. 10.09.2008) 22) AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO - INVASÃO DO IMÓVEL LITIGADO PELO MOVIMENTO SEM TERRA (M.S.T.) E VIA CAMPESINA - DETERMINAÇÃO JUDICIAL POR SEGUNDA VEZ, COM COMINAÇÃO DE ASTREINTE PARA QUE O ESTADO CUMPRA A ORDEM DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - ARTIFÍCIO DE RETIRADA E RETORNO - DECISÃO JUDICIAL NÃO CUMPRIDA- PATENTE CONTUMÁCIA DO PODER EXECUTIVO EM CUMPRIR ORDENS JUDICIAIS REINTEGRATÓRIAS DA ÁREA LITIGADA - DECISÃO MANTIDA - LEI DE SEGURANÇA NACIONAL - CONSIDERAÇÕES. As decisões judiciais dessa ordem, só a muito custo têm sido cumpridas, pois à decisão da balança, não é dado o suporte da espada, revelando o dito de IHERING segundo o qual, a espada sem a balança é tirania e a balança sem a espada, a impotência do direito. A polícia judiciária, não é disponibilizada para o cumprimento da decisão. O mecanismo de intervenção no Estado não funciona. A Lei de Segurança Nacional também não, pois segundo homens públicos da base aliada do Governo Federal e vários juristas simpatizantes, não teria sido recepcionada pela Constituição de 88, portanto, não poderia ser aplicada, porém, nada fazendo eles para suprir tal necessidade. O MST não dá mostra de sujeição às leis do país ou às decisões judiciais, tanto que já pela segunda vez afronta o que foi decidido. Antes, se comportam como um agrupamento com leis próprias cuja bandeira não é verde e amarela. Diante disso, como última via só resta mesmo a imposição de astreintes e estas contra o Estado do Paraná, não contra a pessoa do Senhor Governador do Estado, pois que apenas o Ente federativo é permanente e de pronto localizável de modo a propiciar uma maior celeridade e efetividade neste processo. No futuro, quando esses recursos começarem a faltar nas áreas da saúde, educação e segurança públicas, certamente haverá reflexão acerca desse modelo de administração por parte dos eleitores do Estado, contribuindo para a maturação política do eleitorado paranaense. RECURSO IMPROVIDO. (TJPR - 17ª C.Cível - AI 0415926-0 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Gamaliel Seme Scaff - Por maioria - J. 21.05.2008)
23) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. INTERDITO PROIBITÓRIO. OBJETO DA APELAÇAO DO ORA EMBARGANTE CIRCUNSCRITA A NULIDADE DA CITAÇÃO PORQUE DEVERIA SER FEITA EM NOME DE CADA UM DOS INTEGRANTES DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TERRA E NÃO SOMENTE NA PESSOA QUE SE INTITULOU SER SEU LÍDER E SUSTENTA NÃO PROVADA QUALQUER RELAÇÃO SUA COM O MST.-OMISSÃO INOCORRENTE NO ACÓRDÃO QUE EXPRESSAMENTE SE LOUVOU NA FÉ PÚBLICA DOS OFICIAIS DE JUSTIÇA QUE CERTIFICARAM QUE O APELANTE/EMBARGANTE SE APRESENTOU COMO REPRESENTANTE E LÍDER DO MOVIMENTO NO ATO
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DA CITAÇÃO (FLS 304) E ONUS DA CONTRAPROVA INCUMBIA AO EMBARGANTE QUE O ALEGAVA NA FORMA DO ARTIGO 333,II DO CPC.--- OMISSÃO INEXISTENTE NO CONTEXTO DA DEMANDA SOBRE MATÉRIA IRRELEVANTE PARA A AFERIÇÃO DO INTERDITO PROIBITÓRIO QUAL SEJA A DEFESA EM FACE DE UMA TESTEMUNHA CUJA MATÉRIA NÃO FOI OBJETO DO RECURSO --- OMISSÃO INOCORRENTE POR INTITULAR O ENTE JURÍDICO PÚBLICAMENTE RECONHECIDO COMO "MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TERRA", COMO "PESSOA JURÍDICA", INOBSTANTE SEM PERSONALIDADE, COMO ITERATIVAMENTE RECONHECIDO NA JURISPRUDÊNCIA. INOCORRÊNCIA DOS REQUISITOS DO ARTIGO 535 DO C.P.C. EMBARGOS CONHECIDOS E REJEITADOS. (TJPR - 18ª C.Cível - EDC 0445416-8/01 - Guarapuava - Rel.: Desª Lenice Bodstein - Unânime - J. 14.05.2008) 24) PROCESSO CIVIL. INTERDITO PROIBITÓRIO. IMÓVEL RURAL. MOVIMENTO SEM TERRA - MST. POSSIBILIDADE DE DEFERIMENTO DA LIMINAR E PROLAÇÃO DA SENTENÇA SEM REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA. INTELIGÊNCIA DO ART. 928, CAPUT, DO CPC. NULIDADE NÃO VERIFICADA. INDÍCIOS DE AMEAÇA DE TURBAÇÃO OU ESBULHO. RUMORES DE INVASÃO NA PROPRIEDADE DO AUTOR. ASSENTAMENTO DO INCRA EM ÁREA LIMÍTROFE. ESBULHO PERPETRADO EM OUTRA FAZENDA DE DOMÍNIO DO AUTOR. RÉU LOCALIZADO ENTRE OS INVASORES. JUSTO RECEIO DO AUTOR DE SER MOLESTADO EM SUA POSSE CARACTERIZADO. RECURSO DESPROVIDO. 1. A teor do que dispõe o art. 928, caput, do CPC, a audiência de justificação prévia não é obrigatória. Deparando-se o juiz com a constatação de que o autor preencheu, com a inicial, os requisitos do art. 927 do CPC, é cabível, desde logo, o deferimento da liminar. 2. A ameaça de iminentes atos de turbação ou esbulho pode ser aferida pelo conjunto de circunstâncias, tais quais: invasão de outra propriedade; localização do réu junto aos invasores; citação operada em assentamento do INCRA; rumores sobre a possível invasão. (TJPR - 17ª C.Cível - AC 0454050-9 - Francisco Beltrão - Rel.: Des. Lauri Caetano da Silva - Unânime - J. 30.04.2008) 25) APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - INVASÃO PERPETRADA PELO APELANTE E MEMBROS DO MST - DESISTÊNCIA DA AÇÃO PELA DESOCUPAÇÃO DA ÁREA - CONDENAÇÃO DOS AUTORES NOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - VALOR COMPATÍVEL - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. (TJPR - 17ª C.Cível - AC 0446790-3 - Loanda - Rel.: Des. Paulo Roberto Hapner - Unânime - J. 09.04.2008) 26)
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APELAÇÃO CÍVEL - INTERDITO PROIBITÓRIO - AGRAVO RETIDO - AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO DISPENSADA - POSSIBILIDADE - NÃO FIXAÇÃO DOS PONTOS CONTROVERTIDOS - AUSÊNCIA DE PREJUÍZO - NULIDADE INEXISTENTE - CITAÇÃO - MOVIMENTO SEM TERRA - DESNECESSIDADE DE CITAR TODOS OS INTEGRANTES DO MOVIMENTO - SENTENÇA PROFERIDA CONTRA OS INTEGRANTES DO MST - INDIVIDUALIZAÇÃO DO NOME DAS PARTES SENTENÇA - DESNECESSIDADE - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MAJORADOS - APELAÇÃO DE HAROLDO SANTANA DE JESUS NÃO PROVIDA - APELAÇÃO DE TROMBINI EMBALAGENS S/A PROVIDA. 1. "Não importa nulidade do processo a não realização da audiência de conciliação, uma vez que a norma contida no artigo 331 do CPC visa a dar maior agilidade ao processo e as partes podem transigir a qualquer momento. Precedentes" (STJ, AgRg no Ag 693982 / SC, Rel. Min. Jorge Scartezzini, Julg. 17/10/2006, Pub. DJ 20.11.2006 p. 316) 2. Não importa em nulidade do processo a não fixação dos pontos controvertidos, uma vez que foi possibilitado às partes a especificação das provas que pretendiam produzir e não restou demonstrado nenhum prejuízo em virtude da inobservância de tal regra procedimental. 3. "Em caso de ocupação de terras por milhares de pessoas, é inviável a citação de todas para compor a ação de reintegração de posse, eis que essa exigência tornaria impossível qualquer medida judicial (STJ - RT 744/172, maioria). No mesmo sentido: Lex - JTA 146/96" (" NEGRÃO, Theotonio. Código de Processo Civil e Legislação Processual em Vigor", 31ª ed., nota 5b ao art. 282, p. 356). 4. É inviável a identificação de todos os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra na Sentença, razão pela qual a decisão proferida contra todos os integrantes do movimento que ocupam a área objeto do litígio preenche o requisito do art. 458, I, do Código de Processo Civil. 5. "A verba honorária há de ser fixada sopesando-se critérios que guardem a mínima correspondência com a responsabilidade assumida pelo advogado, em quantia razoável que embora não penalize severamente o vencido, também não se mostre aviltante, sob pena de violação ao princípio da justa remuneração do trabalho profissional."(TJPR - 18ª C.Cível - AC 0366028-6 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Abraham Lincoln Calixto - Unânime - J. 08.08.2007). (TJPR - 18ª C.Cível - AC 0445416-8 - Guarapuava - Rel.: Desª Lenice Bodstein - Unânime - J. 05.03.2008) 27) AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - INVASÃO DO IMÓVEL LITIGADO PELO MOVIMENTO SEM TERRA (M.S.T.) - PATENTE CONTUMÁCIA DO PODER EXECUTIVO EM CUMPRIR AS ORDEM JUDICIAIS REINTEGRATÓRIAS NA ÁREA LITIGADA - RENOVAÇÃO DO MANDADO CONSTRITIVO, COMINANDO-SE MULTA DIÁRIA CONTRA A PESSOA FÍSICA DO EXMO. SR. GOVERNADOR - REFORMA DA DECISÃO PARA MAJORAR O VALOR DA ASTREINTE COMINADA, BEM COMO, REDIRECIONÁ-
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LA AO ESTADO DO PARANÁ - LEI DE SEGURANÇA NACIONAL - CONSIDERAÇÕES. I- O presente caso é um reflexo dum antiqüíssimo conflito ainda sem solução em nosso país: a questão fundiária. A histórica e endêmica ausência da construção de uma política nacional séria que tendesse a promover a melhoria na situação do campesinato brasileiro de modo contínuo e progressivo fez (e fará) surgir grupos como o M.S.T., os quais, por sua vez, buscam por meio da violência e da quebra da ordem legal sanar suas necessidades básicas, afetando todavia direitos também constitucionalmente protegidos de outros cidadãos. No final das contas, nota-se que o responsável pelo "caos fundiário" é a própria ineficiência estatal na criação de ações que busquem uma efetiva distribuição da renda e da propriedade. Todavia, essas obviedades político-sociológicas não justificam a manutenção da ação ilegal de grupos de trabalhadores rurais em verdade carentes, mas cognominados de "oprimidos", sob pena de se subverter a ordem democrática estabelecida na Carta Magna de 1988. II - As decisões judiciais dessa ordem, só a muito custo têm sido cumpridas, pois à decisão da balança, não é dado o suporte da espada, revelando o dito de IHERING segundo o qual, a espada sem a balança é tirania e a balança sem a espada, a impotência do direito. A polícia judiciária, não é disponibilizada para o cumprimento da decisão. O mecanismo de intervenção no Estado não funciona. A Lei de Segurança Nacional também não, pois segundo homens públicos da base aliada do Governo Federal e vários juristas simpatizantes, não teria sido recepcionada pela Constituição de 88, portanto, não poderia ser aplicada, porém, nada fazendo eles para suprir tal necessidade. O MST não dá mostra de sujeição às leis do país ou às decisões judiciais, tanto que já pela segunda vez afronta o que foi decidido. Antes, se comportam como um agrupamento com leis próprias cuja bandeira não é verde e amarela. Diante disso, como última via só resta mesmo a imposição de astreintes e estas contra o Estado do Paraná, não contra a pessoa do Senhor Governador do Estado, pois que apenas o Ente federativo é permanente e de pronto localizável de modo a propiciar uma maior celeridade e efetividade neste processo. No futuro, quando esses recursos começarem a faltar nas áreas da saúde, educação e segurança públicas, certamente haverá reflexão acerca do modelo de administração que a população do Paraná precisa, de fato. RECURSO PROVIDO. (TJPR - 17ª C.Cível - AI 0421453-9 - Cascavel - Rel.: Des. Gamaliel Seme Scaff - Por maioria - J. 27.02.2008) 28) INTERDITO PROIBITÓRIO - PRAÇA DE PEDÁGIO - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TERRA - MST - CERCEAMENTO DE DEFESA - NULIDADE DE SENTENÇA - NÃO OCORRÊNCIA - MÉRITO - NOTÍCIAS VEICULADAS NA IMPRENSA SOBRE POSSÍVEL INVASÃO - JUSTO RECEIO E IMINÊNCIA DA AGRESSÃO À POSSE NÃO DEMONSTRADOS - SENTENÇA CORRETA - DESPROVIMENTO. (TJPR - 17ª C.Cível - AC 0380383-4 - Imbituva - Rel.: Des. Antonio Loyola Vieira - Unânime - J. 29.08.2007) 29)
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AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS E MATERIAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ. INVASÃO DE IMÓVEL RURAL POR INTEGRANTES DO DENOMINADO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA - MST. DESCUMPRIMENTO DE MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. NÃO FORNECIMENTO DE FORÇA POLICIAL. DANOS CARACTERIZADOS. APURAÇÃO DO QUANTUM EM LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. CONFIRMAÇÃO. PEDIDO ALTERNATIVO DE MINORAÇÃO DA CONDENAÇÃO E DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ACOLHIMENTO PARCIAL PARA REDUZIR OS HONORÁRIOS. REFORMA DA SENTENÇA SOB REEXAME NESTE PONTO. 1. Para a responsabilização do Estado, com base no texto constitucional (art. 37, § 6º, CF/88), basta a existência do nexo causal entre a ação ou omissão do Estado e o evento danoso, o que in casu, restou sobejamente caracterizado. 2. Resultou inegável que o não atendimento à requisição judicial, de imediato, como lhe impunha a ordem judicial, foi a causa determinante do dano, pelo menos no aspecto de sua propagação ao longo do tempo, até que em novembro de 2000 os autores venderam as terras ao INCRA, pois não tinham mais como se socorrer. 3. Se tivesse sido prontamente atendida a ordem judicial, não teria ocorrido o agravamento dos danos, especialmente no que diz respeito à matança de animais, furtos e demais atos de vandalismo. 3. O quantum da indenização por danos materiais deverá ser apurado em processo de liquidação de sentença por artigos (arts. 603 e 608, do CPC). 4. Os danos morais devem ser arbitrados com razoabilidade, considerando as circunstâncias do caso. 5. Os honorários, nos casos em que for vencida a Fazenda Pública, devem ser fixados de acordo com o art. 20, § 4º, do CPCivil. Apelação parcialmente provida. Sentença parcialmente reformada em sede de Reexame Necessário. (TJPR - 5ª C.Cível - ACR 0379001-0 - Terra Rica - Rel.: Des. Rosene Arão de Cristo Pereira - Unânime - J. 21.08.2007) 30) APELAÇÃO CÍVEL 1 E REEXAME NECESSÁRIO - AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO - INVASÃO DE PROPRIEDADE RURAL POR PESSOAS LIGADAS AO MST - REINTEGRAÇÃO DE POSSE DEFERIDA - RESISTÊNCIA OFERECIDA QUANDO DO CUMPRIMENTO DO MANDADO JUDICIAL - NÃO FORNECIMENTO DE FORÇA POLICIAL - DANOS SUPORTADOS PELO PROPRIETÁRIO - INDENIZAÇÃO QUE SE IMPÕE - ARTIGO 37, 6°, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO PODER PÚBLICO. A responsabilidade do Estado do Paraná está induvidosamente demonstrada, cumprindo arcar com a condenação que lhe foi imposta no decisum hostilizado, uma vez que o órgão de sua administração (Polícia Militar), omitiu-se no atendimento à requisição judicial, ocasionando conseqüentemente, o dano material e moral à autora da presente ação. RECURSOS CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS. APELAÇÃO CÍVEL 2 - PRETENSÃO INDENIZATÓRIA - DESVALORIZAÇÃO DE IMÓVEL QUE É RESULTADO DA ATUAÇÃO EXCLUSIVA DO MST - AUSÊNCIA DE NEXO COM A OMISSÃO DO ESTADO - MULTA (ASTREINTES) - FINALIDADE DE INDUZIR O
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CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO - IMPOSIÇÃO CONTRA O MST E NÃO CONTRA O ESTADO - VALOR A TÍTULO DE OFENSA MORAL - FIXAÇÃO CONSTANTE DA SENTENÇA QUE BASTA PARA COMPENSAR O ABALO MORAL SUPORTADO PELA AUTORA. A desvalorização do imóvel é o resultado da atuação exclusiva dos integrantes do MST, não havendo qualquer nexo com a eventual omissão do Estado. É sabido que as chamadas "astreintes", não se assemelham à indenização, sendo de efeito meramente de tutela específica da obrigação, imputável contra a parte contrária; não ao Estado, como quer a ora apelante. Na questão da fixação de valor a título de ofensa moral, o que se tem entendido é que a pretensão a tal título, não comporta miragens de lucro, como parece ser a intenção do ora apelante. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (TJPR - 1ª C.Cível - ACR 0164801-3 - Colorado - Rel.: Des. Sérgio Rodrigues - Unânime - J. 17.10.2006) 31) AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. FALTA DE CITAÇÃO DE RÉUS NOMINADOS NA PETIÇÃO INICIAL. NULIDADE DA SENTENÇA NÃO CONFIGURADA. DESNECESSIDADE DE INDIVIDUALIZAÇÃO DE TODOS OS ESBULHADORES PARA TER-SE VALIDADE A CITAÇÃO. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO PARA O VALOR DA MULTA ARBITRADO. MULTA COMINADA NO CASO DE HAVER TRANSGRESSÃO DA ORDEM JUDICIAL EMANADA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. É desnecessário a individualização e respectiva citação de cada esbulhador, não só por ser inviável processualmente como ainda meio protelatório à eficácia da prestação jurisdicional, se, e sobretudo, houve recebimento em mãos da exordial pelos líderes do MST, (representantes dos invasores), no qual, conseqüentemente praticaram os devidos atos processuais afastando qualquer nulidade. 2. Existindo nos autos elementos probatórios suficientes, tornando desnecessária a produção de outras provas, o julgamento antecipado não implica em cerceamento de defesa. (RESP 175199/SP - STJ - DJ 21/08/2000, p. 00108 - Min. Francisco Peçanha Martins)' (TAPR - 15ª C.Cível - AC 0180779-6 - Loanda - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Luis Espíndola - Unânime - J. 15.09.2006) 32) APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO. CONCESSÃO DA LIMINAR. CERCEAMENTO DA AMPLA DEFESA INDEMONSTRÁVEL. PRESENTES OS REQUISITOS DO ARTIGO 932 DO CPC. RECURSOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DESPROVIDO E DO MST PROVIDO PARCIALMENTE, PARA DEFERIR O BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA RESSALVADO O DISPOSTO NO ARTIGO 12 DA LEI 1060/50. (TJPR - 15ª C.Cível - AC 0187376-3 - Loanda - Rel.: Des. Paulo Habith - Unânime - J. 14.06.2005)
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33) AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR CONDUTA OMISSIVA DO ESTADO EM NÃO CUMPRIR ORDEM DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE LIMINAR CONTRA O MST - PRELIMINARES E PREJUDICIALIDADES AFASTADAS - DECISÃO CORRETA - RECURSO DESPROVIDO. Correta a decisão que, em sede de ação indenizatória por danos materiais e morais com base em conduta omissiva do Estado em não cumprir mandado liminar de reintegração de posse contra o MST, afasta as preliminares de incompetência absoluta do Juízo Estadual, de ilegitimidade ativa e passiva, de falta de interesse de agir e de prejudicialidade por ação civil pública que discute o domínio da terra. (TJPR - 2ª C.Cível - AI 0163229-7 - Loanda - Rel.: Des. Prestes Mattar - Unânime - J. 02.03.2005) 34) REPARAÇÃO DE DANOS - FAZENDA INVADIDA - LIMINAR DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - REFORÇO POLICIAL - DESCUMPRIMENTO - LAUDO PERICIAL - DANOS EMERGENTES - LUCROS CESSANTES - DANO MORAL - LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO ADESIVO PROVIDO. 1 - O Estado tem por obrigação e incumbência manter a ordem jurídica e assegurar a paz social, através do desenvolvimento de suas atividades administrativa, legislativa e jurisdicional. 2 - Sendo a demora no cumprimento do mandado de reintegração de posse a causa direta e imediata dos prejuízos, devidamente comprovados, sofridos pelos autores/apelantes, evidencia-se a responsabilidade civil objetiva do Estado (art. 37, § 6º, CF e art. 43, CC/02). 3 - É devida a indenização por danos morais e materiais (lucros cessantes e danos emergentes) no caso dos autos, ante a demora do Estado no cumprimento de mandado de reintegração de posse, em decorrência da invasão de imóvel rural por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 4 - O 'quantum' da indenização por danos materiais deverá ser apurado em processo de liquidação de sentença por artigos (arts. 603 e 608, CPC)". (TJPR – 3ª C. Cível – AC 0138526-2 – Loanda – Rel.: Des. Espedito Reis do Amaral – Unânime – J. 07.12.2004). 35) RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. RÉUS PRESOS EM FLAGRANTE POR TEREM ATIRADO CONTRA INTEGRANTES DO MST E DENUNCIADOS PELA PRÁTICA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO POR HAVER SIDO PRATICADO MEDIANTE RECURSO QUE TORNOU IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO (ART. 121, § 2º, IV, DO CÓDIGO PENAL), POR DUAS VEZES, ALÉM DE TENTATIVA DE HOMICÍDIO RELATIVO À MESMA QUALIFICADORA. EXISTEM NOS AUTOS DUAS VERSÕES, UMA DE QUE A AGRESSÃO PARTIU DOS ACUSADOS QUE PROMOVIAM A SEGURANÇA DO IMÓVEL RURAL; A OUTRA
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DE QUE A AGRESSÃO PARTIU DOS INTEGRANTES DO MST, QUANDO ESTAVAM PRESTES A INVADIR A ÁREA. CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PEDINDO O RESTABELECIMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. RECORRIDOS QUE JÁ ESTÃO EM LIBERADE HÁ MAIS DE UM ANO. RECURSO DESPROVIDO. - Em que pese a vedação contida no art. 2º, II, da Lei nº 8.072/90, de concessão de liberdade provisória aos acusados da prática de crime hediondo, é de se negar provimento ao presente recurso em sentido estrito ante a situação excepcional consistente em estarem os recorridos soltos há mais de um ano, sem haver qualquer notícia de que, em liberdade, praticaram qualquer ato idôneo a autorizar a prisão cautelar, ficando evidenciado que a prisão não se faz necessária, por ser carente de natureza cautelar, o que implicaria em verdadeira antecipação de cumprimento de pena. (TJPR - 2ª C.Criminal - RSE 0149509-8 - Guarapuava - Rel.: Des. Jesus Sarrão - Unânime - J. 07.10.2004) 36) 1. HABEAS CORPUS. ALEGADA AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA. IMPROCEDÊNCIA. ANÁLISE PROFUNDA DOS ELEMENTOS PROBATÓRIOS. IMPOSSIBILIDADE NA VIA DO HABEAS CORPUS. ORDEM DENEGADA. - Não se pode analisar no âmbito estreito de Habeas Corpus a existência ou não de indícios da autoria, vez que tal alegação demanda aprofundado exame dos elementos probatórios. 2. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. DECISÃO FUNDAMENTADA. ORDEM DENEGADA. Estando o decreto de prisão preventiva fundamentado em indícios de que o denunciado foi um dos mandantes da suposta emboscada, contra o administrador da fazenda Caracu, e existindo fatos concretos que indicam a necessidade da garantia da ordem pública que se encontra fortemente abalada com os constates conflitos entre integrantes do MST e fazendeiros da região, como pelas inúmeras armas apreendidas nos acampamentos dos integrantes do MST é de rigor a manutenção da medida cautelar. (TJPR - 2ª C.Criminal - HCC 0162519-2 - Guarapuava - Rel.: Des. Luiz Mateus de Lima - Unânime - J. 16.09.2004) 37) AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO C/C DANOS MORAIS E MATERIAIS - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ -INVASÃO DE IMÓVEL RURAL POR INTEGRANTES DO DENOMINADO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA - MST - DESCUMPRIMENTO DE MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - NÃO FORNECIMENTO DE FORÇA POLICIAL - DANOS MORAIS E MATERIAIS CARACTERIZADOS RESSARCIMENTO DEVIDO - APURAÇÃO DO "QUANTUM" EM LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS - SENTENÇA PROCEDENTE - APELAÇÃO DOS AUTORESS OBJETIVANDO MAJORAÇÃO DOS DANOS MORAIS - APELAÇÃO DA FAZENDA ESTADUAL - ILEGITIMIDADE PASSIVA "AD CAUSAM" - IMPROCEDÊNCIA - PEDIDO DE IMPROVIMENTO DA DEMANDA POR AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL
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- PEDIDO ALTERNATIVO DE MINORAÇÃO DA CONDENAÇÃO E INVERSÃO DOS ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA - APELO DOS AUTORES DESPROVIDO - APELO DO ESTADO PROVIDO PARCIALMENTE PARA REDUZIR OS HONORÁRIOS - REMESSA NECESSÁRIA PREJUDICADA. 1. A legitimidade passiva "ad causam" é flagrante eis que os sem-terra só puderam praticar os atos lesivos descritos neste processo porque, instado a agir na defesa do patrimônio dos autores, o Estado do Paraná foi omisso no cumprimento de seu dever. 2. Para a responsabilização do Estado, com base no texto constitucional (art. 37, § 6º, CF/88), basta a existência do nexo causal entre a ação ou omissão do Estado e o evento danoso, o que "in casu", restou sobejamente caracterizado. 3. O "quantum" da indenização por danos materiais deverá ser apurado em processo de liquidação de sentença por artigos (arts. 603 e 608, do CPC). 4. Os danos morais devem ser arbitrados "em quantia certa", e convertidos na espécie em face das circunstâncias deste caso. 5. Os honorários, nos casos em que for vencida a Fazenda Pública, devem ser fixados de acordo com o art. 20, § 4º, do CPC, e reduzidos se excessivos. Apelo dos autores improvido - Apelo do Estado Parcialmente provido - Prejudicado o reexame necessário. (TJPR - 2ª C.Cível - ACR 148368-3 - Loanda - Rel.: Des. Bonejos Demchuk - Por maioria - J. 23.06.2004) 38) AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO CUMULADA COM DANOS MATERIAIS E MORAIS - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ - INVASÃO DE IMÓVEL RURAL POR INTEGRANTES DO DENOMINADO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA- MST - DESCUMPRIMENTO DE MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - NÃO FORNECIMENTO DE FORÇA POLICIAL - DANOS MATERIAIS CARACTERIZADOS - RESSARCIMENTO DEVIDO - SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL - CONDENAÇÃO SOMENTE DOS LUCROS CESSANTES - APELAÇÃO DOS AUTORES OBJETIVANDO INDENIZAÇÃO AMPLA - APELAÇÃO DO ESTADO - PRELIMINARES - CERCEAMENTO DE DEFESA, ILEGITIMIDADE PASSIVA E PRESCRIÇÃO - INCORRÊNCIA - PEDIDO DE IMPROVIMENTO DA DEMANDA POR AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL - PEDIDO ALTERNATIVO DE REDUÇÃO DE VERBA HONORÁRIA - IMPOSSIBILIDADE - APELO DOS AUTORES E REMESSA NECESSÁRIA PROVIDOS PARA CONDENAR O RÉU TAMBÉM EM DANOS MATERIAIS E MORAIS - APELO DO ESTADO DESPROVIDO. 1. A legitimidade passiva 'ad causam' é flagrante eis que os sem-terra só puderam praticar os atos lesivos descritos neste processo porque, instado a agir na defesa do patrimônio dos autores, o Estado do Paraná foi omisso no cumprimento de seu dever. 2. Inocorreu, 'in casu', o alegado cerceamento de defesa eis que a instrução probatória foi ampla e farta, sendo despiciendas outras provas para o deslinde das questões colocadas, já que seriam repititivas e meramente procrastinatórias, em nada acrescentando à lide. 3. Interrompido o prazo prescricional pela interposição de ação cautelar de produção antecipada de prova, com citação regular e válida do réu, afasta-se a argüição de prescrição da ação. 4. Para a responsabilização do Estado, com base no texto constitucional (art. 37, § 6º, CF/88), basta a existência do nexo causal entre a ação ou omissão do Estado e o evento danoso, o que in casu, restou sobejamente caracterizado. 5. O 'quantum' da
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indenização, correspondente aos danos materiais pleiteados serão apurados em processo de liquidação por artigos (arts. 603 e 608, do CPC). 6. é devida também a indenização por danos morais ante o não cumprimento de mandado de reintegração de posse em decorrência da invasão de imóvel rural por integrantes do MST, face aos danos de natureza não-econômica sofridos pelos proprietários. 7. Os honorários advocatícios e periciais são cabíveis face à sucumbência, e foram fixados de acordo com a previsão legal (art. 20, § 4º, CPC) nos casos em que for vencida a Fazenda Pública. Apelo dos autores e reexame providos. Apelo do Estado desprovido. (TJPR - 2ª C.Cível - ACR 0155762-2 - Loanda - Rel.: Des. Bonejos Demchuk - Por maioria - J. 25.08.2004) 39) APELAÇÃO CIVEL - INTERDITO PRIBITÓRIO - INÉPCIA DA INICIAL - ILEGITIMIDADE PASSIVA - CERCEAMENTO DE DEFESA - PRELIMINARES AFASTADAS - INVASÃO EM PROPRIEDADES DA REGIÃO PELO MST - FATO PÚBLICO E NOTÓRIO - JUSTO RECEIO - DESNECESSIDADE DE AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA - APELO 1: NEGA PROVIMENTO - APELO 2: PROVIMENTO PARCIAL. (TJPR - Sexta C.Cível (TA) - AC 0213285-2 - Loanda - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Sérgio Luiz Patitucci - Unânime - J. 25.05.2004) 40) RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. RÉUS PRESOS EM FLAGRANTE POR TEREM ATIRADO CONTRA INTEGRANTES DO MST E DENUNCIADOS PELA PRÁTICA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO POR HAVER SIDO PRATICADO MEDIANTE RECURSO QUE TORNOU IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO (ART. 121, § 2º, IV, DO CÓDIGO PENAL), DUAS VEZES, ALÉM DE TENTATIVA DE HOMICÍDIO RELATIVO À MESMA QUALIFICADORA. EXISTEM NOS AUTOS DUAS VERSÕES, UMA DE QUE A AGRESSÃO PARTIU DOS ACUSADOS QUE PROMOVIAM A SEGURANÇA DO IMÓVEL RURAL; A OUTRA DE QUE A AGRESSÃO PARTIU DOS INTEGRANTES DO MST, QUANDO ESTAVAM PRESTES A INVADIR A ÁREA. CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PEDINDO O RESTABELECIMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. RECORRIDOS QUE JÁ ESTÃO EM LIBERADE HÁ MAIS DE 7 (SETE) MESES. RECURSO DESPROVIDO. - Em que pese a vedação contida no art. 2º, II, da Lei nº 8.072/90, no sentido de se proibir a concessão de liberdade provisória aos acusados da prática de crime hediondo, é de se negar provimento ao presente recurso em sentido estrito ante a situação excepcional consistente em estarem os recorridos soltos há mais de 7 (sete) meses, sem haver qualquer notícia de que, em liberdade, praticaram qualquer ato idôneo a autorizar a prisão cautelar, ficando evidenciado que a prisão não se faz necessária, por ser carente de natureza cautelar, o que implicaria em verdadeira antecipação de cumprimento de pena. (TJPR - 2ª C.Criminal - RSE 0149508-1 - Guarapuava - Rel.: Des. Jesus Sarrão - Unânime - J. 13.05.2004)
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41) APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO - AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO - INVASÃO DE PROPRIEDADE RURAL POR PESSOAS LIGADAS AO MST - REINTEGRAÇÃO DE POSSE DEFERIDA - RESISTÊNCIA OFERECIDA QUANDO DO CUMPRIMENTO DO MANDADO JUDICIAL - NÃO FORNECIMENTO DE FORÇA POLICIAL - DANOS SUPORTADOS PELO PROPRIETÁRIO - INDENIZAÇÃO QUE SE IMPÕE - ARTIGO 37,6°, DA CF - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO PODER PÚBLICO.A responsabilidade do requerido, Estado do Paraná, está induvidosamente demonstrada e, pois, cumpre arcar com a condenação que lhe foi imposta o decisum hostilizado, uma vez que, órgão de sua administração (Polícia Militar), omitiu-se no atendimento à requisição judicial, ocasionando, conseqüentemente, o dano material e moral ao autor da presente ação.RECURSOS CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS- SENTENÇA QUE SE CONFIRMA. (TJPR - 1ª C.Cível - AC 0147236-2 - Curitiba - Rel.: Des. Sérgio Rodrigues - Unânime - J. 16.03.2004) 42) PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ. INVASÃO DE IMÓVEL RURAL POR INTEGRANTES DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST). NÃO CUMPRIMENTO DO MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. RESSARCIMENTO DEVIDO. PRECEDENTES. ADEQUAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA DEVIDA PELO ESTADO DO PARANÁ AO ART. 20, § 4º, DO CPC. 1 O Estado tem por obrigação e incumbência de manter a ordem jurídica e assegurar a paz social, através do desenvolvimento de suas atividades administrativa, legislativa e jurisdicional. 2 Sendo o não cumprimento do mandado de reintegração de posse a causa direta e imediata dos prejuízos, devidamente comprovados, sofridos pelos autores/apelados, evidencia-se a responsabilidade civil do Estado (art. 37, § 6º, CF e art. 43, CC/02). 3 É devida a indenização por danos morais e materiais (lucros cessantes e danos emergentes) no caso dos autos, ante o não cumprimento do mandado de reintegração de posse pelo Estado, em decorrência da invasão de imóvel rural por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 4 O 'quantum' da indenização por danos materiais deverá ser apurado em processo de liquidação de sentença por artigos (arts. 603 e 608, CPC). 5 Nas causas em que for vencida a Fazenda Pública, os honorários advocatícios devem ser fixados atendendo-se ao disposto no artigo 20, § 4º, do Código de Processo Civil. 6 - Apelação parcialmente provida e reexame necessário prejudicado no mais. (TJPR – 2ª C.Cível – AC 0147460-8 – Curitiba – Rel.: Des. Hirosê Zeni – Unânime – J. 03.03.2004) 43)
67
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS - INVASÃO DE TERRAS POR INTEGRANTES DO MST - REINTEGRAÇÃO DE POSSE DA ÁREA INVADIDA DEFERIDA - REQUISIÇÃO JUDICIAL DE FORÇA POLICIAL - NÃO ATENDIMENTO - PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL (DECRETO 20.910/32) - EXTINÇÃO DO PROCESSO (ART. 269, IV, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL) - EXAME DO MÉRITO DO RECURSO PREJUDICADO. É de cinco anos o prazo de prescrição para a ação de indenização, fundada na responsabilidade civil do Estado, conforme dispõe expressamente o art. 1º do Decreto nº 20.910/32, pois se há norma especial que regula a questão, afastada estaria a regra geral indicada no artigo 177 do Código de Processo Civil. Operada a prescrição, impõe-se seu reconhecimento em qualquer fase do processo, até mesmo de ofício, declarando-se a extinção do processo com fulcro no inciso IV, do artigo 269 do Código de Processo Civil, restando prejudicado o exame do recurso de apelação. (TJPR - 7ª C.Cível - AC 0139847-0 - Curitiba - Rel.: Des. Mário Rau - Unânime - J. 09.12.2003) 44) PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO DO PARANÁ. INVASÃO DE IMÓVEL RURAL POR INTEGRANTES DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST). DEMORA NO CUMPRIMENTO DE MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. RESSARCIMENTO DEVIDO. PRECEDENTES. 1 - O Estado tem por obrigação e incumbência manter a ordem jurídica e assegurar a paz social, através do desenvolvimento de suas atividades administrativa, legislativa e jurisdicional. 2 - Sendo a demora no cumprimento do mandado de reintegração de posse a causa direta e imediata dos prejuízos, devidamente comprovados, sofridos pelos autores/apelantes, evidencia-se a responsabilidade civil objetiva do Estado (art. 37, § 6º, CF e art. 43, CC/02). 3 - É devida a indenização por danos morais e materiais (lucros cessantes e danos emergentes) no caso dos autos, ante a demora do Estado no cumprimento de mandado de reintegração de posse, em decorrência da invasão de imóvel rural por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 4 - O 'quantum' da indenização por danos materiais deverá ser apurado em processo de liquidação de sentença por artigos (arts. 603 e 608, CPC). 5 - Apelação provida. (TJPR - 2ª C.Cível - AC 0143922-7 - Nova Londrina - Rel.: Des. Hirosê Zeni - Unânime - J. 12.11.2003) 45) POSSESSÓRIA - INTERDITO PROIBITÓRIO - IMÓVEL RURAL - POSSE AMEAÇADA - REQUISITOS PROCESSUAIS PRESENTES - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL - INCRA - EXCLUSÃO PROCESSUAL - JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA - DESNECESSIDADE - FATOS PÚBLICOS E NOTÓRIOS - MOVIMENTO DOS SEM-TERRA - MST - AMEAÇA DE INVASÃO IMINENTE - TERRAS
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PRÓXIMAS INVADIDAS - MULTA PECUNIÁRIA RAZOÁVEL (R$100,00) - RECURSO DESPROVIDO. (TJPR - Sexta C.Cível (TA) - AC 0234936-4 - Paranacity - Rel.: Des. Miguel Kfouri Neto - Unânime - J. 04.11.2003) 46) PROCESSUAL CIVIL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. OCUPAÇÃO DE ÁREA RURAL POR INTEGRANTES DO MST. EXTINÇÃO DO PROCESSO POR FALTA DE CITAÇÃO DOS RÉUS IDENTIFICADOS NA PETIÇÃO INICIAL. A falta de citação dos réus identificados e nominados na petição inicial, por omissão de providência do autor, acarreta a extinção do processo, dada a ausência de pressuposto processual, que impede a obtenção de sentença de mérito. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. (TJPR - Primeira C.Cível (TA) - AC 0235090-7 - Ibaiti - Rel.: Des. Hayton Lee Swain Filho - Unânime - J. 23.09.2003) 47) AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA - INVASÃO DE TERRAS - CULTIVO DA ÁREA POR PARTE DE INTEGRANTES DO MST - MOVIMENTO DOS SEM TERRA - PEDIDO AJUIZADO CONTRA AS PROPRIETÁRIAS DO IMÓVEL PRETENDENDO INDENIZAÇÃO PELO CULTIVO DE PLANTAS LEVADO A EFEITO DURANTE O PERÍODO DE OCUPAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE- NEXO DE CAUSALIDADE - PEDIDO DECORRENTE DE ATO ILÍCITO PRATICADO PELOS AUTORES - PROPRIETÁRIAS QUE DE HÁ MUITO ESTAVAM MUNIDAS DE MANDADO JUDICIAL DE MANUTENÇÃO DE POSSE - AÇÃO IMPROCEDENTE- CERCEAMENTO DE DEFESA - JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE - MATÉRIA DE DIREITO - ILICITUDE DO ATO DEMONSTRADO - DECISÃO CORRETA - RECURSO IMPROVIDO. (TJPR - 3ª C.Cível - AC 0121148-7 - Loanda - Rel.: Des. Nério Spessato Ferreira - Unânime - J. 02.09.2003) 48) INTERDITO PROIBITÓRIO - INICIAL INDICANDO NOMES DE ALGUNS RÉUS - MST - INÉPCIA AFASTADA - LEGITIMIDADE PASSIVA - PRESENÇA DO JUSTO RECEIO - INVASÃO DE PROPRIEDADE VIZINHA - FATO PÚBLICO E NOTÓRIO - DESNECESSIDADE DE AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA - TURBAÇÃO OU ESBULHO IMINENTES - CONDENAÇÃO EM VERBAS DE SUCUMBÊNCIA - POSSIBILIDADE - JUSTIÇA GRATUITA - ART. 12 DA LEI 1.060/50 - RECURSO DESPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA (TAPR - Primeira C.Cível (TA) - AC 0166065-5 - Paranacity - Rel.: Des. Marcus Vinicius de Lacerda Costa - Unânime - J. 25.02.2003) 49)
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APELAÇÃO CÍVEL. PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. INVASÃO DE FAZENDA PELO MOVIMENTO DOS SEM TERRAS MST. DESCUMPRIMENTO DO MANDADO JUDICIAL DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. FUTURA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO EM FACE DO ESTADO. PROVA PERICIAL PARA CONSTATAR OS DANOS CAUSADOS NA PROPRIEDADE. "PERICULUM IM MORA" PRESENTE. CABIMENTO DA MEDIDA. APELO DESPROVIDO. 1. Presente se faz o pressuposto do "periculum in mora" autorizador do deferimento da produção antecipada da prova pericial, vez que, na hipótese em exame, caso se aguarde a fase instrutória do processo principal de ressarcimento de danos, a situação do imóvel poderá sofrer alterações quer pela ação do tempo quer pela atuação do proprietário que, para retomar suas atividades produtivas, promoverá o reparo dos alegados danos causados pelos invasores em sua propriedade rural. 2. A sentença que homologa a prova pericial não pode ser tida como nula tão-somente por não ter examinado o pressuposto do "periculum in mora", haja vista que tal requisito foi objeto de exame quando da decisão que deferiu a realização antecipada da perícia, a qual, no caso, não foi objeto de recurso pelo agora apelante. (TJPR - 5ª C.Cível - AC 0093758-0 - Loanda - Rel.: Juiz Subst. 2º G. Eduardo Sarrão - Unânime - J. 10.12.2002) 50) APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO C/C PERDAS E DANOS - INVASÃO PELO MST E DESAPROPRIAÇÃO PELO GOVERNO FEDERAL COMO FUNDAMENTOS À EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE CONTRATUAL - CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR - PROVA DOCUMENTAL DOS FATOS MAS, QUE IMPEDE A DECLARAÇÃO DE INEXIBILIDADE POR NÃO CONFIGURADA A IMPOSSIBILIDADE ABSOLUTA - RECURSO DE APELAÇÃO DESPROVIDO. Como ensina Clóvis Bevilaqua, o caso fortuito "é o acidente produzido por força física ininteligente, em condições que não podiam ser previstas pelas partes" enquanto a forma maior é "o fato de terceiro, que criou, para a inexecução da obrigação, um obstáculo, que a boa vontade do devedor não pode vencer", conceito inaplicáveis à invasão e desapropriação, conforme os fatos no caso concreto. RECURSO DESPROVIDO. (TJPR - 5ª C.Cível - AC 0063173-8 - Curitiba - Rel.: Des. Paulo Habith - Unânime - J. 07.05.2002)
70
APÊNDICE
PERGUNTAS PARA SISTEMATIZAÇÃO: TABELAS.
1. O MST é parte? Em qual polo, autor ou réu? Recorrente ou recorrido? 2. Qual o tipo de ação e recurso? Classificada em Cível ou Criminal; a espécie
da ação; e do recurso. 3. O Estado é considerado responsável pelas ações do MST? (sim/não) Tem o
dever de indenizar os proprietários em razão da ocupação? (sim/não). O Estado é considerado omisso quando não fornece reforço policial para as operações de desocupação? (sim/não).
4. Quantas decisões utilizam como fundamento ou reforçam o direito à propriedade privada? Quantas decisões tratam da função social da terra?
5. Utiliza-se a expressão “ocupação” ou “invasão”? Quantas vezes aparece na ementa?
6. Sob a ótica do senso comum, foram usados termos ou juízos de valor negativos em referência ao movimento, suas causas ou ações? Quais?
7. Existem expressões jurídicas que possuem conotação negativa quando empregadas em relação aos integrantes do MST ou aos seus atos? Quais?
8. As informações prestadas pela mídia são levadas em consideração na decisão?
Tabela 1 – O MST é parte? Em qual polo, autor ou réu? Recorrente ou recorrido?
(continua)
Nº Parte Autor Réu Recorrente Recorrido
1 Sim Proprietário MST MST Proprietário
2 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado
3 Não Proprietário Estado Estado Proprietário
4 Sim Proprietário MST MST Proprietário
5 Sim Proprietário MST Proprietário MST
6 Sim Proprietário MST MST Proprietário
7 Não - - - -
8 Sim Proprietário MST MST Proprietário
9 Sim Proprietário MST Proprietário MST
10 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado
11 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado
12 Não Proprietário Estado Proprietário Estado
13 Não Proprietário Estado Estado Proprietário
71
Tabela 1 – O MST é parte? Em qual polo, autor ou réu? Recorrente ou recorrido?
(continua)
Nº Parte Autor Réu Recorrente Recorrido
14 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado
15 Sim Proprietário MST MST Proprietário
16 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado
17 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado
18 Sim Proprietário MST Proprietário MST
19 Sim Concessionária MST MST Concessionária
20 Sim Proprietário MST MST Proprietário
21 Sim Proprietário MST MST Proprietário
22 Não Proprietário Estado Estado Proprietário
23 Sim Proprietário MST MST Proprietário
24 Sim Proprietário MST MST Proprietário
25 Sim Proprietário MST MST Proprietário
26 Sim Proprietário MST MST + Proprietário MST + Proprietário
27 Sim Proprietário MST MST Proprietário
28 Sim Concessionária MST MST Concessionária
29 Não Proprietário Estado Estado Proprietário
30 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado
31 Sim Proprietário MST MST Proprietário
32 Sim MP MST MST + MP MST + MP
33 Não Proprietário Estado Estado Proprietário
34 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado
35 Não MP Seguranças do Imóvel MP Seguranças do Imóvel
36 Sim MP MST MST MP
37 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado
38 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado
39 Sim Proprietário MST Proprietário + MST Proprietário + Estado
40 Não MP Seguranças do Imóvel MP Seguranças do Imóvel
41 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado Proprietário + Estado
72
Tabela 1 – O MST é parte? Em qual polo, autor ou réu? Recorrente ou recorrido? Nº Parte Autor Réu Recorrente Recorrido
42 Não Proprietário Estado Proprietário + Estado
Proprietário + Estado
43 Não Proprietário Estado Proprietário Estado
44 Não Proprietário Estado Proprietário Estado
45 Sim Proprietário MST MST Proprietário
46 Sim Proprietário MST Proprietário MST
47 Sim MST Proprietário MST Proprietário
48 Sim Proprietário MST MST Proprietário
49 Sim Proprietário MST MST Proprietário
50 Não - - - -
Total 26 0 26 22 6
Tabela 2 – Qual o tipo de ação e recurso? Classificada em Cível ou Criminal; a espécie da ação; e do recurso?
(continua)
Nº Cível Espécie Criminal Espécie Recurso
1 X Reintegração de Posse Embargos de Declaração
2 X Ação de indenização por danos materiais e morais c/c lucros cessantes.
Apelação Cível Reexame Necessário
3 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível Reexame Necessário
4 X Reintegração de Posse Agravo de Instrumento
5 X Interdito Proibitório Apelação Cível
6 X Reintegração de Posse cumulada com pedido de perdas e danos
Apelação Cível
7 X Alimentos Embargos de Declaração
8 X Interdito Proibitório Apelação Cível
9 X Ação de Indenização (Liquidação de Sentença)
Agravo de Instrumento
10 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível Reexame Necessário
11 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível Reexame Necessário
12 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Agravo de Instrumento
73
Tabela 2 – Qual o tipo de ação e recurso? Classificada em Cível ou Criminal; a espécie da ação; e do recurso?
(continua)
Nº Cível Espécie Criminal Espécie Recurso
13 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível Reexame Necessário
14 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível Reexame Necessário
15 X Reintegração de Posse Agravo de Instrumento
16 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível Reexame Necessário
17 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível Reexame Necessário
18 Ação Penal X Desaforamento
19 X Possessória Apelação Cível
20 X Medida Cautelar Incidental de Produção antecipada de provas
Apelação Cível
21 X Reintegração de Posse Apelação Cível
22 X Reintegração de Posse cumulada com indenização
Agravo de Instrumento
23 X Interdito Proibitório Embargos de Declaração
24 X Interdito Proibitório Apelação Cível
25 X Reintegração de Posse Apelação Cível
26 X Interdito Proibitório Apelação Cível
27 X Reintegração de Posse Agravo de Instrumento
28 X Interdito Proibitório Apelação Cível
29 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível Reexame Necessário
30 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível Reexame Necessário
31 X Reintegração de Posse Apelação Cível
32 X Interdito Proibitório Apelação Cível
33 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Agravo de Instrumento
34 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível
35 Ação Penal X Homicídio a. Recurso em sentido estrito
74
Tabela 2 – Qual o tipo de ação e recurso? Classificada em Cível ou Criminal; a
espécie da ação; e do recurso?
Nº Cível Espécie Criminal Espécie Recurso
36 Ação Penal X Prisão preventiva
Habeas Corpus
37 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível Reexame Necessário
38 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível Reexame Necessário
39 X Interdito Proibitório Apelação Cível
40 Ação Penal X Homicídio Recurso em sentido estrito
41 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível Reexame Necessário
42 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível Reexame Necessário
43 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível
44 X Ação de Indenização por danos materiais e morais
Apelação Cível Reexame Necessário
45 X Interdito Proibitório Apelação Cível
46 X Reintegração de Posse Apelação Cível
47 X Ação de cobrança Apelação Cível
48 X Interdito Proibitório Apelação Cível
49 X Cautelar de produção de prova Apelação Cível
50 X Declaratória de inexigibilidade de débito c/c perdas e danos
Apelação Cível
Total 46 04
75
Tabela 3 – O Estado é considerado responsável pelas ações do MST? (sim/não) Tem o dever de indenizar os proprietários em razão da ocupação? (sim/não). O
Estado é considerado omisso quando não fornece reforço policial para as operações de desocupação? (sim/não)
(continua)
Nº Responsável Indenização Omissão
1
2 Sim Sim Sim
3 Sim Sim Sim
4
5
6 Sim
7
8
9
10
11 Sim Sim Sim
12 Sim Sim Sim
13 Sim Sim Sim
14 Sim Sim Sim
15
16 Sim Sim Sim
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29 Sim Sim Sim
30 Sim Sim Sim
31
76
Tabela 3 – O Estado é considerado responsável pelas ações do MST? (sim/não) Tem o dever de indenizar os proprietários em razão da ocupação? (sim/não). O
Estado é considerado omisso quando não fornece reforço policial para as operações de desocupação? (sim/não)
Nº Responsável Indenização Omissão
32
33 Sim Sim Sim
34 Sim Sim Sim
35
36
37 Sim Sim Sim
38
39
40 Sim Sim Sim
41 Sim Sim Sim
42 Sim Sim Sim
43 Sim Sim Sim
44
45
46
47
48
49
50
Total 16 17 16
77
Tabela 4 – Quantas decisões utilizam como fundamento ou reforçam o direito à propriedade privada? Quantas decisões tratam da função social da terra?
(continua)
Nº Direito à propriedade particular Função Social da Propriedade
1 X -
2 X -
3 X -
4 X -
5 - -
6 X -
7 - -
8 X -
9 X -
10 - -
11 X -
12 X -
13 X -
14 X -
15 - -
16 X -
17 X -
18 - -
19 X -
20 - -
21 - -
22 X -
23 X -
24 X -
25 - -
26 - -
27 X -
28 - -
29 X -
30 X -
31 X -
32 X -
33 X -
78
Tabela 4 – Quantas decisões utilizam como fundamento ou reforçam o direito à propriedade privada? Quantas decisões tratam da função social da terra?
i. Nº ii. Direito à
propriedade
particular
iii. Função Social da Propried
ade
iv. 34 v. X vi. -
vii. 35 - -
36 - -
37 X -
38 X -
39 - -
40 X -
41 X -
42 X -
43 X -
44 X -
45 - -
46 X -
47 X -
48 X -
49 X -
50 - -
Total 35 0
79
Tabela 5 – Utiliza-se a expressão “ocupação” ou “invasão”? Quantas vezes aparece na ementa?
(continua)
Nº Ocupação/ocupantes/ocupado Invasão/invasores/invadido
1 - 1
2 - 3
3 - 1
4 - 1
5 - 1
6 - 1
7 - 3
8 - 4
9 - 3
10 - 1
11 - 2
12 - 1
13 - 1
14 2 (1 - ocupação ilegal) 1
15 1 -
16 - 1
17 - 2
18 - -
19 - -
20 - -
21 - 3
22 - 2
23 - -
24 - 5
25 - 1
26 1 -
27 - 1
28 - 1
29 - 1
30 - 1
31 - 1
32 - -
80
Tabela 5 – Utiliza-se a expressão “ocupação” ou “invasão”? Quantas vezes aparece na ementa?
viii.
ix. Ocupação/ocupantes/ocup
ado
x. Invasão/invasores/inva
dido
33 - -
34 - 1
35 - 1
36 - -
37 - 2
38 - 1
39 - 1
40 - 1
41 - 1
42 - 1
43 - 1
44 - 2
45 - 1
46 1 -
47 1 1
48 - 1
49 - 2
50 - 2
Total 6 62
81
Tabela 6 – Sob a ótica do senso comum, foram usados termos ou juízos de valor negativos em referência ao movimento, suas causas ou ações? Quais?
(continua)
Nº Expressões
1
2 “Cabíveis os danos morais, em casos tais, especialmente quando a invasão e respectiva omissão do Estado causaram grande sofrimento, transtorno e humilhação ao suplicante.”
3
4
5
6
7 “Na evidência de que o agravante não tem obtido renda de quaisquer de seus imóveis rurais, uma vez que todos se encontram invadidos pelo MST”
8 Autores “molestados” na posse
9 “ENERGIA ELÉTRICA CONSUMIDA PELOS INVASORES FAZENDA QUE FOI TOTALMENTE INVADIDA INEXISTÊNCIA DE PROVA DA ALEGADA CONTINUIDADE DAS ATIVIDADES DA FAZENDA”
10
11 Danos materiais sofridos “a recusa manifesta pelo Estado do Paraná representa o patrocínio da ilegalidade, contra o cumprimento da lei, a paz e o equilíbrio social, passível de reparação pelos danos causados ao proprietário da área rural invadida por integrantes do movimento sem terra.”
12
13
14
15
16
17 “[...]a invasão e respectiva omissão do Estado causaram grande sofrimento, transtorno e humilhação ao suplicante”
18 -
19
20
21
22 ARTIFÍCIO DE RETIRADA E RETORNO O MST não dá mostra de sujeição às leis do país ou às decisões judiciais “[...]se comportam como um agrupamento com leis próprias cuja bandeira não é verde e amarela.”
23
82
Tabela 6 – Sob a ótica do senso comum, foram usados termos ou juízos de valor negativos em referência ao movimento, suas causas ou ações? Quais?
(continua)
xi. Nº xii. Expressões
24
25
26
27 grupos como o M.S.T., [...], buscam por meio da violência e da quebra da ordem legal sanar suas necessidades básicas, afetando todavia direitos também constitucionalmente protegidos de outros cidadãos. ação ilegal de grupos de trabalhadores rurais em verdade carentes, mas cognominados de "oprimidos" O MST não dá mostra de sujeição às leis do país ou às decisões judiciais “[...]se comportam como um agrupamento com leis próprias cuja bandeira não é verde e amarela.”
28
29 O agravamento dos danos, especialmente no que diz respeito à matança de animais, furtos e demais atos de vandalismo.
30 “INVASÃO DE PROPRIEDADE RURAL POR PESSOAS LIGADAS AO MST” “DESVALORIZAÇÃO DE IMÓVEL QUE É RESULTADO DA ATUAÇÃO EXCLUSIVA DO MST”
31
32
33
34
35
36 “existindo fatos concretos que indicam a necessidade da garantia da ordem pública que se encontra fortemente abalada com os constates conflitos entre integrantes do MST e fazendeiros da região, como pelas inúmeras armas apreendidas nos acampamentos dos integrantes do MST”
37
38 “os sem-terra só puderam praticar os atos lesivos descritos”
39
40
41
42
43
44
83
45
46
47
84
Tabela 6 – Sob a ótica do senso comum, foram usados termos ou juízos de valor negativos em referência ao movimento, suas causas ou ações? Quais?
xiii. Nº xiv. Expressões
48
49
50
Total 12
85
Tabela 7 – Existem expressões jurídicas que possuem conotação negativa quando empregadas em relação aos integrantes do MST ou aos seus atos? Quais?
(continua)
Nº Expressões Jurídicas
1
2 Danos causados, força policial
3 Danos, força policial
4 Penalidade, dano
5
6
7
8 Turbação, esbulho, boletins de ocorrência
9
10 Extensão dos danos
11 Força policial, danos, ato culposo
12 Auxílio policial, danos
13 Danos
14 Força policial, danos
15
16 Danos
17 Danos, força policial, evento danoso
18
19 Turbação, esbulho
20 Esbulhador
21
22
23
24 Turbação, esbulho
25
26
27
28
29 Danos, força policial, evento danoso
30 Dano, abalo moral
31 Esbulhadores
32 Danos
86
Tabela 7 – Existem expressões jurídicas que possuem conotação negativa quando empregadas em relação aos integrantes do MST ou aos seus atos? Quais?
xv. Nº Expressões Jurídicas
33 Danos
34 Danos, reforço policial
35
36 Emboscada
37 Danos, força policial, evento danoso
38 Força policial, danos
39
40
41 Força policial, danos
42 Danos
43 Força policial
44 Danos
45
46
47
48 Turbação, esbulho
49
50
Total 28
87
Tabela 8 – As informações prestadas pela mídia são levadas em consideração na decisão? Diretamente (imprensa) e indiretamente (fato público e notório).
(continua)
Nº Mídia
1 Direta
2 -
3 -
4 -
5 -
6 -
7 -
8 -
9 -
10 -
11 -
12 -
13 -
14 -
15 -
16 -
17 -
18 -
19 -
20 -
21 -
22 -
23 -
24 -
25 -
26 -
27 -
28 Direta
29 -
30 -
31 -
32 -
88
Tabela 8 – As informações prestadas pela mídia são levadas em consideração na decisão? Diretamente (imprensa) e indiretamente (fato público e notório). Nº Mídia
33 -
34 -
35 -
36 -
37 -
38 -
39 Indireta
40 -
41 -
42 -
43 -
44 -
45 Indireta
46 -
47 -
48 Indireta
49 -
50 -
Total 5