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A NOÇÃO DE COMPETÊNCIA PERRENOUD, Philippe. A noção de competência. IN: Construir competências desde a escola. Porto Alegre, ARTMED. P.19-32 O autor pretende conservar uma definição explícita do conceito de competência. Ele anota 3 pistas falsas, ou seja, 3 versões aceitáveis da noção de competência, mas que não acrescentam muito: 1. Competência como objetivo 2. Competência como noção oposta a noção de desempenho 3. Competência como uma faculdade genérica, uma potencialidade de qualquer mente humana Para Perrenoud as competências são aquisições, aprendizados construídos. Construir uma competência significa aprender a identificar e a encontrar os conhecimentos pertinentes. Só há competência estabilizada quando a mobilização dos conhecimentos supera o tatear reflexivo ao alcance de cada um e aciona esquemas constituídos. Ocasionalmente, associam-se os esquemas a simples hábitos. De fato, os hábitos são esquemas, simples e rígidos, porém, nem todo esquema é um hábito. Em sua concepção piagetiana, o esquema, como estrutura invariante de uma operação ou de uma ação, não condena a uma repetição idêntica. Ao contrário, permite, por meio de acomodações menores, enfrentar uma variedade de situações de estrutura igual. O esquema é uma ferramenta flexível. Os esquemas são adquiridos pela prática, o que não quer dizer que não se apóiem em nenhuma teoria. Conservam-se, assim como todos os outros, no estado prático. Ao nascermos, dispomos de alguns poucos esquemas hereditários e, a partir destes, construímos outros de maneira contínua. O conjunto dos esquemas constituídos em dado momento de nossa vida forma o que os sociólogos, como Bourdieu, chamam de habitus, definido como um pequeno lote de esquemas que permitam gerar uma infinidade de práticas adaptadas a situações sempre renovadas, sem jamais se constituir em princípios explícitos, ou ainda, um sistema de disposições duráveis e transponíveis que integrando todas as experiências passadas, funciona a cada momento como uma matriz de percepções, apreciações e ações e torna possível a execução de tarefas infinitamente diferenciadas, graças às transferências analógicas de esquemas que permitem resolver os problemas da mesma forma. Uma competência seria, então, um simples esquema?

A Noção de Competência

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A noção de competência segundo Perrenoud

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O !*to#opt! pel! de+i$n!o savoir y faire @*m e+3*em! com *m! ce#t! comple.id!de, e.i+tindo no e+t!dop#2tico, 3*e p#ocede em $e#!l de *m t#ein!mento inten+i,oA com ( con+e3*nci!+"Um savoir-faire 02 e.i+te no e+t!do p#2tico, +em e+t!# +emp#e o* imedi!t!mente !++oci!do !*m conhecimento p#ocediment!l. No ent!nto, +e co##e+ponde# ! *m conhecimento p#ocediment!l,pode#2 $e#!#, po# !*tom!ti8!o, *m! +impli-ic!o e *m en#i3*ecimento p#o$#e++i,o+.In,e#+!mente, *mp#ocedimentopode#e+*lt!#d!codi-ic!ode*m+!4e#'-!8e#p#ee.i+tentenoe+t!dop#2tico. Todosavoirfaire5*m!competnci!, po#5m, *m!competnci!pode+e# m!i+comple.!, !4e#t!, -le./,el do3*e *m+!4e#'-!8e# ee+t!# m!i+ !#tic*l!d! comconhecimento+te7#ico+.Um savoir-faire pode -*ncion!# como #ec*#+o mo4ili82,el po# *m! o* m!i+ competnci!+ den/,el m!i+ !lto.Um!competnci!p#e++*p1e!e.i+tnci!de#ec*#+o+mo4ili82,ei+,m!+no +e con-*ndecom ele+, poi+ !c#e+cent!'+e !o+ me+mo+ !o !++*mi# +*! po+t*#! em +ine#$i! com ,i+t!+ ! *m! !oe-ic!8emdete#min!d!+it*!ocomple.!. Nenh*m#ec*#+ope#tence, come.cl*+i,id!de, !*m!competnci!, n! medid! em 3*e pode +e# mo4ili8!do po# o*t#!+. De++! -o#m!, ! m!io#i! de no++o+conceito+ 5 *tili82,el em m*ito+ conte.to+ e e+t2 ! +e#,io de m*it!+ inten1e+ di-e#ente+. Oco##e ome+mocomp!#tedeno++o+conhecimento+, no++o+e+3*em!+depe#cepode!,!li!oede#!cioc/nio.Um!competnci!pode-*ncion!#como*m#ec*#+o, mo4ili82,el po#competnci!+m!i+!mpl!+. A++im, p!#! che$!#mo+ ! *m meio'te#mo, identi-ic!#mo+ *m! e.pect!ti,!, encont#!#mo+*m ponto de ent#!d! no +i+tem! de pen+!mento de *m inte#loc*to# o* pe#ce4e#mo+ +*!+ inten1e+,mo4ili8!mo+ *m! competnci! m!i+ e+t#eit!, 3*e pode +e# ch!m!d! de B+!4e# e+c*t!# *minte#loc*to# !ti,!mente e com emp!ti!C. Po# +*! ,e8, e++! competnci! mo4ili8! o*t#!+ !ind! m!i+e+pec/-ic!+, po# e.emplo, B+!4e# coloc!# *m! 4o! pe#$*nt!C. E++e enc!i.e de4onec!+ #*++!+di-ic*lt! p!#tic*l!#mente ! con+t#*o de li+t!+ -ech!d!+ D o* 4loco+ D de competnci!+, o4+t2c*loe++e3*e,olt!#emo+!encont#!#!p#op7+itodo+p#o$#!m!+e+col!#e+. Po#o#!, in+i+timo+ne++!d*pl! -!ce de tod! competnci!, 3*e pode, con-o#me o momento, mo4ili8!# #ec*#+o+ o* -*ncion!#como #ec*#+o em p#o,eito de *m! competnci! m!i+ !mpl!.A m!io#i! de no++!+ competnci!+ 5 con+t#*/d! em ci#c*n+t