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A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DA AGROINDÚSTRIA DO LEITE E SEUS IMPACTOS SOBRE A PRODUÇÃO NA REGIÃO SUL DO BRASIL
Pablo Jonas Camilo1
Introdução:
A formação do agronegócio no Brasil acabou por aproximar a indústria e o
campo. Por concentrar um maior volume de recursos financeiros e tecnologia, a
indústria acabou se destacando como elo mais dinâmico, assim articulou uma cadeia
produtiva com setores ligados a montante e a jusante, ampliando sua capacidade de
atuar em vários territórios e nas mais diferentes esferas das atividades produtivas
(produção primária, transporte, beneficiamento e distribuição). O que se cria com a
consolidação do agronegócio e das cadeias produtivas é uma articulação ampliada dos
territórios locais com a economia mundial.
Segundo Lênin (1917), o imperialismo é a fase do capitalismo onde a
característica fundamental é a ação do capital monopolista se apoderando de todo o
território. É neste contexto que a produção agropecuária não pode sem mais encarada
como parte isolada da economia que sofre um “apartheid tecnológico” (ESPINDOLA,
2014) e preserva consigo traços de atividades naturais que dão suporte à subsistência. A
agropecuária tornou-se um ramo de aplicação do capital, subordinada ao capital e deve
ser considerada como uma atividade dinâmica que dá suporte a uma ampla cadeia
produtiva.
Conforme (MARTINS; FARIA, 2006), o processo “concentração do segmento
lácteo” não é particular, dado que o processo de internacionalização do capital vem
ocorrendo mundialmente na indústria de alimentos e, mais intensamente, na indústria
láctea. Não se trata de um processo recente; no Brasil, teve início na década de 1970,
mas intensificou-se nos anos de 1990, sendo responsável por um intenso processo de
1 Doutorando do Programa de Pós Graduação em Geografia – PPGG da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Membro do grupo de Pesquisa - Formações Espaciais: Progresso Técnico e Desenvolvimento Econômico. Endereço eletrônico [email protected]
transformação na estrutura industrial, traduzido em aquisições, parcerias, fusões,
incorporações ou simplesmente no fechamento de empresas nacionais.
A consolidação total do agronegócio de cadeias produtivas do leite controladas
por indústrias de grande porte ainda não está efetivada no sul do Brasil, mas, neste
artigo, considera-se isso como uma tendência que auxilia a interpretação da realidade e
que, de certa forma, dá previsões de comportamento para o setor.
Atualmente o retrato que sem tem em relação à dinâmica da atuação espacial do
agronegócio do leite na região sul está pautada em uma mescla de produtores de leite e
empresas de laticínios diferenciados por volume de produção/beneficiamento e inserção
tecnológica. Tem-se, portanto, pequenos, médios e grandes produtores de leite e
empresas de laticínios atuando juntos, em grande parte do espaço do sul do Brasil.
Algumas áreas com predomínio de pequena produção de leite onde pequenas empresas
de laticínios atuam, bem como outras áreas com produção intensiva de leite onde quem
atua são as grandes empresas multinacionais.
Metodologia:
Entender o verdadeiro caráter da atuação espacial da agroindústria do leite faz
com que se passe a considerá-la como uma das características do modo de produção
capitalista. Isso, consequentemente, alavancou o processo de modernização da
agricultura e pecuária. No modo de produção capitalista o domínio das tecnologias e de
pesquisas que criam novas técnicas é fundamental para a conservação de tal modo de
produção. Ao se aprofundar esses estudos sobre o desenvolvimento econômico e
formação da agroindústria, percebe-se que o mesmo se dá na medida em que se
desenvolvem as técnicas de produção, apropriação, beneficiamento e circulação dos
recursos que o meio natural e outros agentes da cadeia produtiva dispõem.
Assim, interpretar a cadeia produtiva e principalmente a dinâmica da indústria
de laticínios se dá através do processo histórico de desenvolvimento das forças
produtivas e como estes ocorreram de forma diferenciada em cada lugar criando ou
destruindo relações de dependência. Para tanto, as teorias desenvolvidas por Karl Marx
se mostram fundamentais.
Deve-se sempre considerar que os agentes que compõem a economia possuem
um caráter capitalista e de acumulação, logo, a abertura, a economia e o livre mercado
deram início a um processo de concentração que consolidou o agronegócio do leite. Ao
mesmo tempo, a abertura do complexo rural potencializada faz com que a produção de
leite passe por um processo de especialização.
Objetivos:
As intenções deste trabalho têm como objetivo demonstrar de modo geral alguns
aspectos do mercado do leite que foram promovidos para consolidar a cadeia produtiva
do leite através da consolidação do agronegócio no Brasil.
Neste sentido, outro foco tomado pela discussão é a forma com que a indústria se
coloca no território aproveitando a condições impostas pela formação sócio espacial,
conduzindo e potencializando a produção agropecuária através de estratégias especificas
para a consolidação de bacias leiteiras que atendam sua demanda por matéria prima.
Por fim, retomar a discussão a cerca do processo de exclusão de produtores de
leite frente aos novos parâmetros produtivos impostos pela indústria de laticínios sob a
tentativa de demonstrar que este processo não de todo perverso sendo vias para o
incremento da economia frente aos processos de reprodução do capital.
1 - A ATUAÇÃO ESPACIAL DA AGROINDÚSTRIA DO LEITE NO SUL DO
BRASIL
Em se tratando da região sul do Brasil, pode-se identificar em seu território a
atuação de empresas de grande porte que possuem uma escala significativa de produção
em áreas altamente produtivas, o que indica concentração. Mas também, existe um
número considerável de pequenas indústrias espalhadas pela região indicando
pulverização de pequena produção.
Nos mapas apresentados a seguir, é possível perceber a relação entre a área de
atuação de algumas empresas e o desenvolvimento das significativas bacias leiteiras na
região sul do Brasil. Segundo GOMES (2008, pg. 03): “as indústrias de laticínios estão
se instalando nestas três regiões porque são produzidos 3,31 bilhões de litros de leite por
ano nessas três regiões, significando 47% da produção total da Região Sul e 13% da
produção nacional”. Há de se considerar que o aumento da produção se deve à presença
da indústria beneficiadora no local, ou seja, a indústria alavanca a produção de leite e
vice e versa.
MAPA 01 - Principais microrregiões produtoras de leite da região sul do Brasil - 2008
Fonte: GOMES, Ézio José. Estratégias das Grandes Indústrias no Sul do Brasil. Departamento de Estudos Socioeconômicos Rurais (DESER). Boletim eletrônico – Nº 165 Agosto de 2008.
N
MAPA 02 - Maiores empresas de laticínios instaladas na região sul nos últimos
anos – 2008
Fonte: GOMES, Ézio José. Estratégias das Grandes Indústrias no Sul do Brasil. Departamento de Estudos Socioeconômicos Rurais (DESER). Boletim eletrônico – Nº 165 Agosto de 2008.
Destaca-se, na Região Sul, a maior bacia leiteira do Brasil. Trata-se da
Mesorregião Noroeste Rio-grandense, com uma produção de 1,853 bilhão de litros de
leite em 2007, tendo ultrapassado o Triângulo Mineiro que produziu 1,76 bilhões,
apresentando um aumento de 204% no período 1990 a 2007 conforme dados da
Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE.
A terceira maior Mesorregião produtora de leite é o Oeste Catarinense com 1,34
bilhões de litros de leite apresentando o maior aumento percentual dentre as principais
bacias leiteiras do país, com 391% no período.
O Oeste Paranaense também figura entre as maiores mesorregiões produtoras de
leite com 787 milhões de litros em 2007, apresentando um grande crescimento da
produção no período (246%). Essas três mesorregiões juntas concentram 53% da
produção de leite da Região Sul e 15% da produção brasileira de leite.
N
Um aspecto de relevância na busca por identificar a consolidação das cadeias
produtivas de leite e das bacias leiteiras é a aplicação de estratégias das empresas para
estimular a produção, assegurar seu espaço na captação, garantir captação de leite de
qualidade, baixar os custos de compra e transporte e expandir a área de abrangência.
Bem, se pode identificar algumas estratégias adotadas. Dentre elas, identificadas na
pesquisa, pode-se citar:
� Preço pago por litro de leite ao produtor determinado pelo volume mensal produzido.
Isso estimula a produção, pois quanto maior o volume de leite acumulado a cada mês
melhor será o preço pago por litro. É importante destacar que essa estratégia desvia o
foco em relação à qualidade do leite.
� Bonificação, desconto ou punição com base na qualidade do leite – a empresa de
laticínios realiza análises de qualidade regularmente e com base nos dados obtidos
em relação à qualidade do leite (aspectos físicos, químicos e biológicos). O produtor
de leite pode ter um acréscimo ou desconto em seu pagamento ou até mesmo ações
corretivas que o façam perder a produção.
� Frete responsável pela captação terceirizado – ao adotar o sistema de terceirização do
frete na captação do leite (percurso que compreende a unidade produtora de leite à
fábrica processadora), as empresas de transporte realizam o pagamento de tal frete
por volume transportado. Isso faz com que os profissionais do transporte sejam
estimulados a captar sempre maiores volumes permitindo a extração de mais valia
relativa e absoluta quando estes assumem tarefas que vão além do simples
transportar.
� Formação de associações – As vantagens relacionadas à escala de produção, rateio
de lucros, questões burocráticas e senso de participação estimulam os produtores de
leite a se tornarem cooperados e venderem sua produção para a cooperativa da qual
fazem parte.
� Assistência técnica e subsídios – algumas empresas disponibilizam para seus
produtores de leite técnicos (médicos veterinários, zootenistas, agrônomos) para que
estes possam auxiliar no processo produtivo no que diz respeito ao manejo dos
animais e pastagens, procedimentos de ordenha, armazenamento, qualidade e
incremento a produtividade. Também oferecem linhas de financiamento de
equipamentos, novilhas e, por fim, fornecimento de sêmen para melhoramento
genético do rebanho.
� Entrepostos de resfriamento – para expandir a área de atuação na captação, algumas
empresas criam postos de resfriamento onde o leite do entorno é captado, reunido,
selecionado, refrigerado e transferido em grandes volumes para as unidades
industriais centrais.
Apesar desta listagem de estratégias adotadas pelas empresas de laticínios, há
considerações a serem feitas para se definir quais são os fatores que determinam como,
quanto e por que uma determinada área (esta pode ser uma micro ou macro regiões em
relação às demais) apresenta especificidades produtivas em relação a outras. Considera-
se a criação constante de meios de produção, técnica, tecnologia, máquinas e lugares
para que o capital se reproduza; manutenção de mercados consumidores que devem ser
incrementados pelo processo de acumulação (emprego e distribuição de renda).
Portanto, é mister considerar as condições sob as quais se deram historicamente as
formações socioespaciais.
2 - OS IMPACTOS SOBRE A PRODUÇÃO DE LEITE
O termo agronegócio passou a ser amplamente difundido e de forma radical
formando os grandes complexos agroindustriais que se apropriam da ciência,
tecnologia, política (subsídios à produção) e mercados consumidores que passam a ditar
as normas para produção agrícola.
Transformações profundas ocorreram nas atividades produtivas e indústrias que
transformam as matérias-primas ou setores que apenas beneficiam os produtos
agrícolas. As melhorias nos meios de comunicação e transporte expuseram as bacias
leiteiras regionais à difusão de tecnologias industriais que lançaram os produtos
perecíveis no mercado nacional. Assim, são modificações técnico-econômicas somadas
à criação e ampliação da concorrência que estão diretamente relacionadas aos processos
de produção de leite na região sul do Brasil.
O primeiro impacto relevante e que talvez seja o foco das discussões acerca de tal
processo é a intensificação da concentração da produção. A saída de muitos produtores
de leite da atividade é apontada como o resultado das novas exigências das empresas em
relação à forma e ao volume produzido levando assim a uma rápida associação entre
formação do agronegócio e das cadeia produtivas que estão aniquilando os pequenos
produtores de leite. Isso pode ser observado na tabela a seguir:
TABELA 01 - Número de Estabelecimentos Agropecuários Produtores de Leite Por Região Geográfica
Fonte: Censo Agropecuário - IBGE. Elaboração: DESSER, 2009.
A redução mais significativa no número de estabelecimentos rurais leiteiros
ocorreu na Região Sul, apresentando uma redução de 31,93%. Em outras palavras, entre
os anos de 1996 a 2006, três em cada dez produtores de leite deixaram a atividade. Já no
que diz respeito à produção por estabelecimento, a Região Sul do Brasil exibiu um
aumento de 6.787 para 15.113 litros por estabelecimento ao ano, tendo uma variação de
122,69% no período. Isso mostra uma maior concentração da atividade numa
quantidade menor de estabelecimentos.
À medida que a divisão social do trabalho se intensifica, o grau de
especialização também aumenta, a técnica é aperfeiçoada, as relações dos meios de
produção são otimizadas, a produtividade cresce e isso libera mão de obra do campo.
Assim, a autossuficiência do complexo rural é comprometida com a desunião entre a
agricultura e o artesanato, fazendo a agricultura aproximar-se da indústria. Vale dizer
que para produzir na agricultura contemporânea não basta mais ser apenas proprietário
de terras, em que pese ser este um dos pressupostos da produção; ocorre que no
movimento de reposição da produção agrícola deve-se levar em conta um certo
montante de bens de capital sem o qual a produção agrícola passa a ser insustentável.
Neste sentido, o trabalho agrícola mescla-se com o capital num contexto marcado
pela industrialização crescente da agricultura, processo no qual a terra-matéria perde
suas forças determinadoras das condições de produção em favor da terra-capital2.
Resta aos produtores agrícolas se inserirem na lógica do capital industrial e do
mercado adequando-se, adaptando-se, pois o aumento de produtividade significa
redução de preço, fazendo com que os produtores passem a buscar ganhos em escala.
Ao se especializar somente em poucas atividades rompendo sua autossuficiência e
separando o agente produtivo do consumidor, a produção não é mais fruto da terra e do
trabalho humano, mas sim produto do capital.
Dentro de uma ótica Marxista, a agricultura passa do processo de reprodução
simples M-D-M, caracterizada pela agricultura de subsistência e venda de excedentes,
para um processo de reprodução ampliada D-M-D’ agricultura como agronegócio onde
o capital é aplicado para gerar uma mercadoria não para atender a necessidade básica do
produtor rural, mas para ser vendida e gerar mais capital.
Assim, Marcelo Rezende 2014 salienta a importância das transformações no
campo quando afirma que “o objetivo é demonstrar o potencial produtivo3 das fazendas
e que há espaço para todos na nova pecuária leiteira do Brasil. Para aqueles que
estiverem dispostos a trabalhar com eficiência, aceitando as mudanças necessárias e
aplicando conceitos tecnológicos naquilo que fazem, o futuro é promissor”.
É importante uma tomada de posicionamento neste ponto quando se coloca a
favor das forças que condicionam as modernizações nos modos de produção no campo.
Isso se justifica quando se observa empiricamente que:
2 A análise do que ocorreu com a atividade leiteira ao longo do tempo revela que ninguém começou
grande, a não ser por herança, e que negar ao pequeno produtor a possibilidade de crescer e contribuir para o desenvolvimento do setor é ignorar a história do desenvolvimento da pecuária leiteira no mundo, menosprezar um potencial latente e negar ao homem do campo, que vive ainda num estágio rudimentar de conhecimento tecnológico, a possibilidade de ser inserir no mundo moderno e não sentir necessidade de migrar para os centros urbanos aumentando problemas sociais nas regiões em desenvolvimento (FARIA, 2008, pág.09). 3 Marcelo Rezende é fomentador de um projeto realizado no interior do Paraná intitulado Sítio Casa Feliz. Onde ele mostra as transformações ocorridas em uma propriedade que através de ajuda técnica e subsídios financeiros. O trabalho esta disponível em: http://www.milkpoint.com.br/radartecnico/gerenciamento/corrida-contra-o-relogio-parte-i-89012n.aspx
1º - as condições de trabalho na produção de leite melhoraram muito com o uso de
novas máquinas como, por exemplo, a ordenhadeira mecânica;
2º - a qualidade e higiene do leite melhoraram consideravelmente com o uso de
resfriadores e o isolamento e refrigeração do leite da produção ao consumo;
3º - a produtividade média por animal também aumentou significativamente. Fato que
reduziu o trabalho do produtor, com o melhoramento genético;
4º - a rentabilidade da atividade, inclusive de produtores que realizaram somente
mudanças que não exigem investimento como a rotação de pastagem, aumentou à
medida em que as técnicas e tecnologias passaram a garantir um ganho em escala e
bonificações por qualidade;
5º - o produtor rural se colocou em uma posição favorável na divisão social do trabalho
e na determinação de preços, quando se transformou em fonte produtora de matéria-
prima desejada por mercados concorrenciais.
6º - A capitalização e a utilização de ferramentas passaram a dirimir os esforços físicos,
aumentaram a produtividade e consequentemente as remunerações. Tudo isso acarretou
um efeito reverso ao êxodo rural. Em outras palavras, muitos produtores passaram a
preferir o campo ao compararem as possibilidades que a cidade oferece.
São as melhorias nas técnicas de produção associadas ao aumento da renda da
população que possibilitam as empresas criarem novos produtos derivados de leite que
exploram diferentes nichos de mercado, produtos dos mais simples aos mais complexos,
com valor agregado que exigem matéria- prima de alta qualidade. Foi criada, dessa
forma, uma ampla cadeia produtiva que fomentou vários setores da economia
consolidando, portanto, na região sul e no Brasil uma economia não de base primária,
mas uma economia industrial e de serviços promovida pelo setor primário através do
agronegócio.
Conclusão:
Muitas são as contribuições da indústria no meio agropecuário. A indústria
mostra ter um conhecimento e controle maior sobre a natureza fazendo com que a
produção deixe de ser refém das forças naturais. A agricultura transforma-se em um
ramo de aplicação do capital em geral. À medida em que ela se subordina ao capital,
ocorrem mudanças nas relações sociais e no nível técnico, onde todos os setores
inclusive as políticas agrícolas estão integrados à lógica do capital, assim não se pode
entender a agricultura por ela mesma, faz-se necessário uma abordagem acerca da ação
da indústria sob o meio agrícola.
Quanto à produção de leite, o que se mostra mais evidente é o processo de
integração às cadeias produtivas tornando a produção cada vez mais especializada e
dependente do capital, voltando a análise dos objeto não para o tamanho da propriedade
ou para o conceito de agricultura familiar mas para a Composição Orgânica do Capital
– COC, proposta por Kautsky. Segundo ele, a área ocupada não indica grandeza, deve-
se levar em conta o valor global da produção, ou seja, o fator determinante é o grau de
capitalização ou de inserção no modo de produção capitalista.
O que se tem, portanto, em meio a essas transformações, é uma série de
produtores que está se realocando para outras atividades também oferecidas pelo
agronegócio. Há também o abandono do meio agrícola por não conseguirem os
produtores se capitalizarem e serem inseridos nos novos padrões de produção. Tudo isso
alimenta ainda mais os dados sobre concentração da produção.
Mas a maioria dos produtores da região sul está em fase de adaptação aos novos
padrões produtivos, capitalizando-se aos poucos (via produção de leite ou subsídios). O
que se conclui é que o uso indevido ou deficiente dos bens de produção (terra – capital –
trabalho) exclui o produtor rural da lógica capitalista de acumulação, pois, como dito
anteriormente, a agricultura transformou-se em um negócio buscando incessantemente
novos meios de acumulação, logo, não há espaço para ineficiência.
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FARIA, Vidal Pedroso – CAMARGO, Artur Chinelato. Sítio Esperança. Londrina – PR. Editora Midiograf, 2008. Pag. 90-11. KAUTSKY, Karl, A questão agrária. São Paulo: Nova Cultural. 1986[1886].395p. LÊNIN, V. O Imperialismo, etapa superior do capitalismo. Petrogrado, 26 de Abril de 1917. Disponível em: http://pcb.org.br/portal/docs/oimperialismo.pdf MARTINS, Paulo do Carmo; FARIA, Vital Pedroso de. Histórico do leite no Brasil. In: CÔNSOLI, Matheus Alberto; NEVES, Marcos Fava (Coord.). Estratégias para o leite no Brasil. São Paulo: Atlas, 2006. p.48-65. MARX, Karl, 1818 – 1883. O capital: crítica da economia política; apresentação de Jacob Gorender; coordenação e revisão Paul Singer; tradução de Regis Barbosa e Flavio R. Kothe. – São Paulo: Abril Cultural, 1983 – (Os economistas). REZENDE Marcelo. Corrida contra o relógio - Parte I. Artigo exibido em 15/05/2014. Disponível em WWW.milkponit.com.br.