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A PAISAGEM CULTURAL DA ESTRADA REAL Setor 5 IDENTIDADES TERRITORIAIS Eixo Norte Altino Barbosa CALDEIRA, PhD (*) [email protected] João Francisco de ABREU, PhD (*) [email protected] Dr. Sandro LAUDARES (*) [email protected] (*) Professores do programa de Pós-graduação em Geografia / Tratamento da Informação Espacial da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais PUC Minas RESUMO Este trabalho de pesquisa está sendo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Geografia/Tratamento da Informação Espacial, da PUC Minas com o apoio financeiro do FIP/FAPEMIG e trata dos bens que integram o patrimônio cultural do território conhecido como Estrada Real. Nele estão incluídos 169 municípios de Minas Gerais, 8 do Rio de Janeiro e 22 de São Paulo. Estes municípios detêm identidades culturais diversas, constituídas pelos bens naturais existentes neste espaço geográfico e pelos bens materiais e imateriais resultantes das atividades de apropriação deste território. O trabalho tem por objetivo realizar um mapeamento destes bens, na forma de um inventário descritivo, estimulando os diálogos interdisciplinares fundamentais na abordagem cultural da Geografia. Foi constituído um banco de dados com imagens, textos, fotografias, desenhos e mapas dos itens pesquisados, a ser disponibilizado na internet, visando fortalecer, proteger e difundir a diversidade das manifestações culturais dos grupos e das comunidades deste território, em suas múltiplas dimensões. Palavras-chave: Geografia Cultural, Paisagem, Estrada Real, Mapeamento Interativo. 1. INTRODUÇÃO O presente artigo visa analisar e descrever, sob a perspectiva da Geografia Cultural, a paisagem do território constituído pelos municípios que fazem parte da Estrada Real. Enfocada sob o ângulo da Geografia, a paisagem constitui tema

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A PAISAGEM CULTURAL DA ESTRADA REAL

Setor 5 – IDENTIDADES TERRITORIAIS – Eixo Norte

Altino Barbosa CALDEIRA, PhD (*)

[email protected]

João Francisco de ABREU, PhD (*)

[email protected]

Dr. Sandro LAUDARES (*)

[email protected]

(*) Professores do programa de Pós-graduação em Geografia / Tratamento da

Informação Espacial da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC

Minas

RESUMO

Este trabalho de pesquisa está sendo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Geografia/Tratamento da Informação Espacial, da PUC Minas com o apoio financeiro do FIP/FAPEMIG e trata dos bens que integram o patrimônio cultural do território conhecido como Estrada Real. Nele estão incluídos 169 municípios de Minas Gerais, 8 do Rio de Janeiro e 22 de São Paulo. Estes municípios detêm identidades culturais diversas, constituídas pelos bens naturais existentes neste espaço geográfico e pelos bens materiais e imateriais resultantes das atividades de apropriação deste território. O trabalho tem por objetivo realizar um mapeamento destes bens, na forma de um inventário descritivo, estimulando os diálogos interdisciplinares fundamentais na abordagem cultural da Geografia. Foi constituído um banco de dados com imagens, textos, fotografias, desenhos e mapas dos itens pesquisados, a ser disponibilizado na internet, visando fortalecer, proteger e difundir a diversidade das manifestações culturais dos grupos e das comunidades deste território, em suas múltiplas dimensões.

Palavras-chave: Geografia Cultural, Paisagem, Estrada Real, Mapeamento

Interativo.

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo visa analisar e descrever, sob a perspectiva da Geografia

Cultural, a paisagem do território constituído pelos municípios que fazem parte da

Estrada Real. Enfocada sob o ângulo da Geografia, a paisagem constitui tema

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central para compreender os diferentes aspectos da organização espacial

(MACHADO, 2012). De acordo com DELPHIM (2008) a percepção da paisagem é

um campo complexo no qual confluem e interferem diversificadas disciplinas e

processos imateriais de conhecimento, experiências, atitudes e expectativas

pessoais, culturais e mesmo genéticas. Processos imateriais de valorização, as

atitudes, experiências e expectativas de seus fruidores interferem igualmente no

conceito de paisagem. Esta pesquisa se baseia na percepção da paisagem, com

foco nos aspectos físicos naturais e nas transformações ali ocorridas em função das

atividades humanas. Em razão da variedade de formas agenciadas pela Natureza,

dos inúmeros artefatos construídos pelos grupos humanos e das práticas e

manifestações sociais que acontecem nos ambientes humanizados, optamos por

dedicar o estudo da paisagem na Estrada Real, aos valores culturais que

sobressaem neste território. Considerada até muito recentemente como um conceito

subjetivo, a percepção da paisagem é um campo complexo no qual confluem e

interferem diversificadas disciplinas e processos imateriais de conhecimento,

experiências, atitudes e expectativas pessoais, culturais e mesmo genéticas.

Processos imateriais de valorização, as atitudes, experiências e expectativas de

seus fruidores interferem igualmente no conceito de paisagem.

Segundo Claval (2002), o objetivo da abordagem cultural é entender a

experiência dos homens no meio ambiente e social, compreender a significação que

estes impõem ao meio ambiente e o sentido dado ás suas vidas. Buscou-se,

portanto, apresentar informações que possam subsidiar o acesso às fontes da

cultura deste território, considerando–se como cultura aquilo que se manifesta nas

relações do ser humano com o seu ambiente, as experiências individuais e coletivas

de cada povo e o produto desta experiência. Assim sendo, buscou-se localizar sítios

naturais, lugares e manifestações culturais cuja identidade possui relevância como

parte da identidade dos grupos sociais. No contexto do nosso projeto o termo

Paisagem Cultural irá desempenhar um papel importantíssimo, pois ela demonstra

como se estabelece a relação entre uma sociedade e o seu espaço de convivência.

A paisagem cultural se manifesta de acordo com hábitos e costumes diversos, que

lhes dão um caráter diferenciado, uma identidade que se expressa no modo de ser e

fazer as coisas, na sua linguagem, no seu modo de perceber e interpretar o mundo à

sua volta.

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De acordo com a afirmação de Edgar Morin (2000) deve-se contextualizar

cada acontecimento, tendo em vista que nada ocorre separadamente.

Considerando-se que as atividades econômicas desenvolvidas pelas diversas

comunidades tornam-se sua cultura de raiz, de subsistência, e que o conjunto

destas atividades se reforçam e se preservam, aprimorando-se na vida coletiva, elas

acabam por se transformar na base das interações sociais. Desse modo o conceito

de cultura se estende ao conjunto das manifestações que ocorrem em todos os

aspectos da vida, passando a ser considerada como o patrimônio de uma

coletividade. Associando patrimônio e cultura, podemos dizer, de acordo com a

Carta de Caracas, de 1992, que "O Patrimônio Cultural de uma nação, de uma

região ou de uma comunidade é composto de todas as expressões materiais e

espirituais que lhe constituem, incluindo o meio ambiente natural" (CURY, 2004). Por

outro lado, sabemos que os ambientes naturais onde o ser humano se instala

apresentam diferentes paisagens, que se diferenciam de um lugar para outro de

acordo com a sua posição geográfica e que cada qual possui características físicas

que os distinguem de algum modo.

Os grupos sociais são, portanto, herdeiros de patrimônio cultural constituído

de valores materiais e imateriais que fazem parte processo de construção de cada

indivíduo e do ser coletivo a que pertencem e que se encontram relacionados ao

patrimônio natural. Para Caetano e Bezzi (2011), a paisagem intocada pelo homem

é formada, apenas, pelos elementos naturais e passa a receber a “marca” humana

quando os grupos sociais desenvolvem técnicas que alteram este meio natural. É

importante resgatar que a paisagem tem-se constituído, ao longo da história do

pensamento geográfico, em uma das características analíticas para a interpretação

espacial.

Estudos antropológicos e genéticos constatam que os nossos ancestrais

imprimiram marcas nosso comportamento, assim como os locais onde vivemos, o

que se revela nos modos de ser e fazer nossas atividades. Existe, portanto,

intercâmbio entre o lugar e o indivíduo, que o faz, de algum modo, ser como é. Por

outro lado, a Natureza do lugar, sua posição no planeta, seu clima, seu relevo e os

outros aspectos do ambiente, participam da construção de uma cultura coletiva.

Segundo Kovalczuk et al (2013) a ciência geográfica tem ampliado

significativamente seus estudos em campos de abrangência que incluem, não

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apenas o aspecto físico do espaço, mas também as relações sociais, econômicas,

políticas, históricas e culturais que neles ocorrem. Ressalta que a preservação de

aspectos simbólicos de âmbito político, econômico, cultural e ambiental confere

benefícios aos grupos sociais pertencentes e inseridos em determinado território

(KOVALCZUK et al, 2013).

Para promover o conhecimento do território da Estrada Real, em suas mais

variadas manifestações, realizamos o levantamento dos sítios durante vários

trabalhos de campo, buscando reconhecer o que é significativo para estas

comunidades (Fig. 1).

Fig. 1 – Exemplo de mapa dos municípios e distritos visitados

(BARROS, L.C. e MILAGRES, F.C. 2007).

1. A ESTRADA REAL

O conjunto de municipios da Estrada Real corresponde a cerca de 73.000

km2 e abriga uma paisagem constituída de relevos diferenciados, que se traduzem

em diversos fatores climáticos, geológicos, geomorfológicos, hidrológicos, históricos,

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entre outros, capazes de serem apropriados de maneiras variadas em termos de uso

da terra e do espaço.

Os caminhos que conformam o percurso da Estrada Real foram criados no

século XVII pela Coroa Portuguesa, com o objetivo de controlar e fiscalizar a

circulação das riquezas e mercadorias que transitavam entre Minas, onde se

minerava ouro e diamante, o Rio de Janeiro, onde se situava o porto pelo qual essas

riquezas eram enviadas por navio a Portugal e São Paulo, de onde vieram os

desbravadores bandeirantes em busca do ouro e dos diamantes. O trecho mais

antigo, conhecido com Caminho Velho, corresponde hoje a cerca de 550 km. Liga

Ouro Preto, antiga Vila Rica, a Paraty, no Estado do Rio de Janeiro, passando pelos

atuais municípios paulistas de Aparecida, Arapeí, Areias, Bananal, Cachoeira

Paulista, Canas, Cruzeiro, Cunha, Guaratinguetá, Lagoinha, Lavrinhas, Lorena,

Pindamonhangaba, Piquete, Potim, Queluz, Roseira, São Luis do Piraitinga, São

José do Barreiro, Silveiras, Taubaté e Tremembé. O banco de dados deste projeto

reuniu 42 bens culturais, nestes municípios, entre naturais, materiais e imateriais. A

área de proteção ambiental da Serra do Mar e a Serra da Bocaina encontram-se

neste trecho, assim como fazendas históricas, igrejas, sobrados, estações de ferro,

cemitérios, Casas de Câmara e Cadeia, escolas, etc., entre outros bens de interesse

cultural.

O Caminho dos Diamantes, que liga Ouro Preto à Diamantina, possui uma

extensão de 384 km e o trecho da via principal acompanha os desníveis da Serra do

Espinhaço, entre antigas vilas e povoados que surgiram com o ciclo do ouro e na

rota dos diamantes, hoje transformadas em cidades. Neste trecho encontram-se os

municípios de Acaiaca, Alvinópolis, Alvorada de Minas, Barão de Cocais, Barra

Longa, Bela Vista de Minas, Bom Jesus do Amparo, Carmésia, Catas Altas,

Conceição do mato Dentro, Congonhas do Norte, Couto de Magalhães de Minas,

Datas, Diamantina, Dom Joaquim, Dores de Guanhães, Felício dos santos, Ferros,

Gouveia, Guanhães, Itabira, Itambé do Mato Dentro, Jaboticatubas, João

Monlevade, Lagoa Santa, Mariana, Monjolos, Morro do Pilar, Nova União, Ouro

Preto, Passabem, Ponte Nova, Presidente Kubitschek, Rio Piracicaba, Sabinópolis,

Santa Bárbara, Santa Luzia, Santa Maria de Itabira, Santana de Pirapama, Santana

do Riacho, Santo Antônio do Itambé, Santo Antonio do Rio abaixo, Santo Hipólito,

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São Gonçalo do Rio Abaixo, São Gonçalo do Rio Preto, São Sebastião do Rio Preto,

Senhora do Porto, Serra Azul de Minas, Serro e Taquaraçu de Minas. Andrade

(2007) avalia o valor cultural da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço,

localizada no eixo deste território, identificando seu importante repositório de

material genético, com consideráveis porções de flora e fauna. Sob o aspecto da

diversidade biológica, a Serra do Espinhaço (Fig. 2), situada no território da Estrada

Real, é considerada uma das mais ricas do mundo por sua importância

geomorfológica, biológica e histórica.

Fig. 2 - Serra do Espinhaço, no município de Santo Antônio do Itambé – MG

(desenho: CALDEIRA, A. B. 2007).

A Estrada Real perdeu a sua função original, mas, nos dias de hoje, existe um

grande interesse por sua recuperação e utilização turística. O trecho conhecido

como Caminho Novo, que liga Ouro Preto ao Rio de Janeiro, possui 403 km e uma

variedade de práticas e manifestações sociais derivadas das experiências do

passado que ainda se manifestam nos “modos de ser e fazer” que caracterizam os

bens imateriais dos municípios e seus distritos, reflexo dos processos e das relações

entre as sociedades e o ambiente em que vivem os grupos humanos, numa relação

direta entre a posição geográfica do sítio e o surgimento das expressões culturais,

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materiais e imateriais, que se desenvolvem naquele território. Isto confirma o forte

caráter interdisciplinar desta pesquisa, provenientes do olhar antropogeográfico que

deu origem à sistematização da Geografia moderna por Ratzel, ao final do século

19, e aos conceitos de Ratzel e Vidal de La Blache, que se dedicaram ao estudo

dessas relações, por meio de um diálogo mais profundo da Geografia com as

Ciências Humanas. Desse modo se podem explicar os motivos e origens das

diferentes formas de ocupação do espaço, mesmo quando se assemelham os

desafios impostos pelo ambiente físico, como clima, relevo, vegetação, recursos

disponíveis, conforme analisa Santos (2000).

Os municípios do Rio de Janeiro que se encontram no trecho do Caminho

Novo da Estrada Real são: Areal, Comendador Levy Gasparian, Magé, Paraíba do

Sul, Paraty, Petrópolis, Rio de Janeiro e Três Rios. Neste trecho destacam-se os

picos da Serra dos Órgãos, agenciados de forma admirável pela Natureza.

Sob este aspecto, este trabalho pretende incorporar à pesquisa geográfica o

conhecimento sobre o patrimônio natural, material e imaterial de 199 municípios

adjacentes ao longo deste território, cobrindo uma área constituída de paisagens

distintas. De acordo com Almeida (1993), a característica fundamental da paisagem

cultural é a ocorrência, em uma fração territorial, do convívio singular entre a

natureza, os espaços construídos e ocupados, os modos de produção e as

atividades culturais e sociais, numa relação complementar entre si. Por este

enfoque, o meio ambiente transformado pelo ser humano, que revelam os seus

modos de vida, tornou-se o grande interesse desta pesquisa, que procura abordar a

cultura como objeto de estudo, por meio de fronteiras disciplinares comuns, que

conforme Melo (2005), envolvem diversos campos do saber, como a antropologia,

arqueologia, arquitetura, ecologia, história, sociologia, etc.

Considerando os três caminhos principais da Estrada Real, o Caminho dos

Diamantes, o Caminho Velho e o Caminho Novo, foram georreferenciados e

analisados os bens situados nas áreas dos distritos-sedes e nas zonas rurais, na

expectativa de mapeá-los, enfocando as diferentes expressões, percepções e

representações sobre o espaço (Fig. 3). O trabalho apresentado pretende reunir,

por meio do tratamento da informação espacial, um conjunto de dados que permite a

interatividade entre as informações. Isto possibilitará ao usuário-navegador

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participar, no ambiente dos sistemas de informações geográficas, do conhecimento

das diversas expressões do seu patrimônio cultural.

Fig. 3 – Representação espacial do distrito de Biribiri, situado no Município de

Diamantina – MG (Desenho: MUTABILE Arquitetura e Design, 2013)

2. O MAPEAMENTO INTERATIVO

Para Delphim (2008), a Estrada Real reúne, resulta e reflete movimentos

interativos de pessoas e de intercâmbios multidimensionais, contínuos e recíprocos.

Segundo ele os diferentes sítios naturais e assentamentos humanos instalaram-se

pelos desníveis dos terrenos, de forma análoga a uma bacia hidrográfica, gerando

uma bacia cultural, uma rede cuja medula espinhal é o cordão representado pela

estrada, ramificando-se pelas áreas mais altas e mais baixas do território no qual se

insere, e incluindo tudo aquilo que ali existe de representativo, sob o ponto de vista

lato senso de patrimônio cultural, conforme definido pena Constituição Federal de

1988.

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De acordo com a Constituição Federal, em vigor, constituem patrimônio cultural

brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em

conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes

grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de

expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas

e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços

destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de

valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e

científico ( BRASIL,1988).

Salazar (2012) entende que a Geografia, ao longo de sua trajetória, tem

contribuído para desvendar a realidade e que, tanto a pesquisa quantitativa quanto a

qualitativa têm sido importantes recursos para esta análise. Sob este aspecto, o

território da Estrada Real será documentado por meio de seus caminhos, que será

dividido por municípios incluindo os seus distritos, e neles, serão destacados os

bens culturais considerados protegidos pelos órgãos responsáveis pela preservação

do patrimônio cultural brasileiro, tanto em nível federal, como o IPHAN - Instituto do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, bem como, os órgãos estaduais

responsáveis pela organização e proteção destes bens, tais como o IEPHA em

Minas Gerais, o INEPAC no Rio de Janeiro e o CONDEPHAAT em São Paulo.

Foram estabelecidos que os dados a ser objeto de análise por meio de visita a

campo, onde serão avaliados os aspectos de localização, conformação morfológica,

descrição de suas condições naturais, matérias e imateriais associadas aos valores

culturais a eles atribuídos. Estes dados serão apresentados no formato de mapas

digitais interativos, onde as informações sobre os itens destacados poderão ser

acessados via Internet. Foram feitos trabalhos de campo em todos os municípios,

tendo sido percorridos mais de vinte mil quilômetros de estradas.

De acordo com Silva (2016) as Tecnologias da Informação e da Comunicação

(TIC), utilizando-se de redes de telecomunicações de alta capacidade, alteram as

relações espaciais entre lugares, as cidades e seus espaços produtivos e ampliam

possibilidades de trocas e fluxos de informação e conhecimento. Para ele, a

universalização do acesso à Internet como instrumento, não apenas de inclusão

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digital, mas também de desenvolvimento econômico, social e cultural, tornou-se um

tema de alta relevância em todo o mundo. Para este projeto criou-se um Portal

Interativo que foi desenvolvido sobre arquitetura padrão de cliente/servidor utilizado

usualmente para criação de portais para internet. A tecnologia utilizada foi Asp.net

MVC com recursos de WEB API e banco de dados MySql, que se comunicam

utilizando Entity Framework em sua versão 6.0. O desenvolvimento no lado do

servidor foi todo baseado na linguagem C Sharp (C#) e no lado cliente em JQuery

(javascript). Como frontend, foram utilizados recursos do framework Bootstrap para

apresentação e também a API padrão do Google Maps.

O modelo de dados criado baseou-se nas informações já existentes do

projeto disponíveis em padrão XML e Excel (CSV). Foi criado um programa que

carregou todas estas informações de forma categorizada e as persistiu na base de

dados. O resultado deste processamento inicial foram cerca de 600 bens de 42 tipos

distintos distribuídos em 199 municípios dos Estados de Minas Gerais, São Paulo e

Rio de Janeiro. Além de todas estas informações, foram catalogadas também cerca

de 4480 imagens. Para manipulação de todas estas informações foi criado, também,

um site administrativo protegido por login/senha onde os administradores do projeto

podem criar, editar e excluir qualquer informação, de acordo com a necessidade.

Por fim, o Portal Interativo utiliza o que há de mais atual em usabilidade para

apresentar todas as informações catalogadas na base de dados em camadas e

pontos sobrepostos sobre o mapa padrão do Google, oferecendo opções de filtros

cuidadosamente criados para facilitar ao máximo a localização da informação

desejada. Além disso, o Portal Interativo ainda armazena as informações

recentemente acessadas pelo usuário e possibilita a criação de rotas de acesso de

qualquer lugar do país para qualquer lugar da Estrada Real onde se encontra o

objeto de interesse.

Entre os mapas possíveis de serem visualizados estão incluídos os sítios

arqueológicos, as grutas e cavernas, a hidrografia, assim como os parques

estaduais e nacionais existentes nos 1300 km de extensão da Estrada Real. Um

levantamento sobre os sítios arqueológicos existentes e suas condições de

preservação pretende colocar em discussão os resultados encontrados. A

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localização geográfica e descritiva de cada um deles facilitará o reconhecimento e

sua identificação pelos usuários do site.

Serão ainda, disponibilizados mapas referentes à localização e informações

sobre as comunidades tradicionais que incluem Quilombos, Terras Indígenas,

Comunidades Rurais e Ribeirinhas. Os quilombos identificados situam-se em 26

municípios de Minas Gerais e 5 no Estado do Rio de Janeiro entre os quais, Alagoa,

Alvorada de Minas, Antonio Carlos, Barbacena, Belo Vale, Bias Fortes, Bom Jesus

do Amparo, Caeté, Conceição do Mato Dentro, Diamantina, Dom Joaquim, Dores de

Guanhães, Ferros, Gouveia, Itabira, Jaboticatubas, Jeceaba, Mariana, Moeda,

Monjolos, Nazareno, Ouro Branco, Ouro Preto, Passa Tempo, Piranga, Ponte Nova,

Resende Costa Ressaquinha, Rio Espera, Rio Piracicaba, rio Pomba, Sabinópolis,

Santa Bárbara, Santa Luzia, Santa Maria de Itabira, Santana do Riacho, Santo

Antonio do Itambé, Santos Dumont, São Gonçalo do rio Abaixo, Senhora do Porto e

Serro, em Minas Gerais. No Estado do Rio de Janeiro as comunidades Quilombolas

encontram-se nos municípios de Areal, Magé, Paraty, Petrópolis e Rio de Janeiro.

As comunidades indígenas evidenciadas neste estudo foram obtidas por meio de

dados fornecidos pela FUNAI.

Os registros de quilombos existentes no contexto da pesquisa estão sendo

objeto de análise, visando responder às indagações recorrentes do processo

investigativo. O objetivo é realizar um diagnóstico ambiental da situação das

comunidades quilombolas existente nos municípios da Estrada Real, já tendo sido

localizadas a presença destas comunidades em 42 municípios. Na região do

Serro/MG foi realizado, no âmbito do projeto de pesquisa em andamento, um

diagnóstico ambiental da situação de preservação permanente de cursos de água e

nascentes, pautados pelo levantamento de uso e ocupação do solo de duas

comunidades quilombolas no município do Serro/MG.

As comunidades indígenas identificadas encontram-se nos municípios de

Senhora do Porto e Carmésia, em Minas Gerais os Pataxós e os Krenak. Os

contatos ainda serão feitos para serem anexados ao banco de dados.

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Os assentamentos rurais localizam-se nos municípios de Brumadinho,

Mariana e Matias Cardoso, conforme dados obtidos no INCRA – Instituto Nacional

de Colonização e Reforma Agrária. Esta pesquisa busca identificar e avaliar as

manifestações culturais existentes nos assentamentos rurais. Até o momento eles

foram identificados em apenas quatro municípios: Brumadinho, Diamantina, Mariana

e Matias Cardoso. Levantamentos sobre as comunidades rurais e suas atividades,

possibilitam esclarecimentos que emanam das inquietações, respondem aos

questionamentos sobre os problemas levantados e podem demonstrar a verdade

dos fatos, conforme esclarece Pessôa (2012).

De acordo com Alves (2015), as mulheres trabalhadoras rurais representam,

atualmente, uma importante força de trabalho na produção de alimentos. A

documentação já levantada sobre o importante papel da mulher na atividade

agrícola, como uma extensão das atividades domésticas, é objeto deste estudo e

permitirá reflexões sobre o seu reconhecimento. Essas mulheres vivem no campo e

são coparticipantes e gestoras dos processos de produção familiar, desempenhando

um importante papel econômico nas unidades familiares, já que grande parte da

população rural feminina acumula funções reprodutivas e produtivas, nas quais a

inserção na produção constitui um prolongamento das atividades domésticas.

Entre os itens que compõem os conjuntos arquitetônicos, urbanísticos e

paisagísticos urbanos duas cidades mineiras, Diamantina e Ouro Preto, além do

Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, de Congonhas, em Minas Gerais, são

consideradas Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (Fig. 3) . Estas duas

cidades e Congonhas, além de Mariana, São João Del Rei, Tiradentes e Serro são

consideradas conjuntos urbanos de excepcional valor histórico pelo patrimônio

nacional. Além dessas, a cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, é também

considerada como um patrimônio nacional.

Movidos por um interesse em discutir aspectos da realidade urbana e rural

existentes nos trechos remanescentes da Estrada Real, este projeto pretende

considerar os processos evolutivos, interativos e dinâmicos das relações humanas,

reconhecendo nelas a rica diversidade que se revela como fenómeno específico de

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mobilidade e de trocas humanas que se desenvolveu através das vias de

comunicação.

De acordo com o ICOMOS (2008), a PAISAGEM CULTURAL é inseparável

do entorno geográfico que contribuiu para configurar-lhe o traçado. Conecta e

relaciona geografia e diversificados bens patrimoniais formando um todo unitário;

distingue-se do entorno territorial natural ou cultural, urbano ou rural, que definem

um ambiente impregnado tanto de valores de natureza física como imaterial,

indispensável para sua compreensão, conservação e desfrute. Em trechos do

entorno predominam formações naturais como florestas, grutas, cursos e quedas

d’água, formações que são sempre impregnadas de valores culturais universais ou

locais. Em outros, urbanos ou rurais, muitas vezes despontam elementos isolados

como cruzeiros, muros de pedra, mosteiros, oratórios, passos da via-sacra, capelas,

ermidas, pontes. A delimitação da zona de entorno deve marcar, com precisão, rigor

e clareza, uma zona de transição com o ambiente circundante, bem como zonas de

amortização de impactos (DELPHIM, 2008).

Utilizamos como suporte referencial para este estudo, várias fontes de pesquisa

entre as quais os documentos constantes da Convenção para a Proteção do

Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, elaborada na Conferência Geral

da Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura

(UNESCO) em Paris (França), em 1972, e ratificada pelo Decreto no. 80.978, de 12

de dezembro de 1977. De acordo com o site do IPHAN, sob esta perspectiva o

patrimônio cultural é composto por monumentos, conjuntos de construções e sítios

arqueológicos, de fundamental importância para a memória, a identidade e a

criatividade dos povos e a riqueza das culturas. A Convenção definiu também que

o Patrimônio Natural é formado por monumentos naturais constituídos por

formações físicas e biológicas, formações geológicas e fisiográficas, além de sítios

naturais. A proteção ao ambiente, do patrimônio arqueológico, o respeito à

diversidade cultural e às populações tradicionais são objeto de atenção especial.

(http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/29)

É importante salientar que os bens de natureza imaterial identificados neste

projeto dizem respeito às práticas e domínios da vida social que se manifestam em

saberes, ofícios e modos de fazer. Entre os bens imateriais encontram-se as

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celebrações, as formas de expressão cênicas, as artes plásticas, musicais ou

lúdicas. Abrigam, ainda, as manifestações populares que ocorrem mercados, feiras

e santuários que abrigam práticas culturais coletivas. A Organização das Nações

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) define como patrimônio

imaterial "as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – com

os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que

as comunidades, os grupos e, em alguns casos os indivíduos, reconhecem como

parte integrante de seu patrimônio cultural." Esta definição está de acordo com a

Convenção da UNESCO para a salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial,

ratificada pelo governo brasileiro em março de 2006. (http://portal.iphan.gov.br)

O patrimônio imaterial é transmitido de geração a geração, constantemente recriado

pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a

natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade,

contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade

humana.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entre os resultados obtidos observou-se que, sob o aspecto da abordagem

cultural, a Estrada Real reúne e reflete movimentos interativos de pessoas e de

intercâmbios multidimensionais, que resultam no conhecimento de bens, ideias e

valores, ao longo de um considerável período de tempo. Observou-se o aspecto

natural onde o organismo social e urbano desenvolveu relações múltiplas e

recíprocas, no espaço e no tempo, fecundando o espaço de cultura que se

manifesta na representação dos modos de vida, nas técnicas utilizadas e nas

relações históricas associadas a um sistema dinâmico e interativo.

De acordo com Delphim (2007), esta paisagem se mostra como um sistema

complexo, as transformações realçam seus significados, relacionam e articulam os

componentes em uma visão plural, mais completa e mais justa da história,

favorecendo a comunicação entre diferentes grupos sociais, promovendo e

consolidando a compreensão de valores até então isolados. Sendo assim, este

projeto contribui para enriquecer e conferir novas dimensões e significados, em um

processo interativo, colocando a paisagem da Estrada Real como um centro

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ordenador cujos elementos representam o testemunho patrimonial e a confirmação

física de sua existência. Do ponto de vista geográfico, o espaço ocupado pelo

território da Estrada Real traz à luz informações sobre os sítios que espelham, em

sua geomorfologia, a origem dos primeiros assentamentos, visto que comportam na

composição do seu solo e na forma de seu relevo, elementos provenientes da

formação das camadas da Terra que associados à existência de uma rede

hidrográfica que inclui os córregos e ribeirões, possibilitou um conjunto de situações

onde os minerais ricos em ouro e diamantes encontraram seu lugar, permitindo aos

desbravadores a descoberta dos veios que deram origem às primeiras vilas que se

transformaram nas cidades atuais.

Paisagens urbanas e rurais foram documentadas por meio de fotografias,

mapas, desenhos, que encontram-se incorporados a textos descritivos sobre a

origem, desenvolvimento e formas de preservação destes sítios. A difusão destas

informações permitirá a valorização dos remanescentes da Estrada Real e de suas

referencias históricas mais importantes, abrindo espaço para o desenvolvimento e o

desdobramento de novas pesquisas sobre a ampla diversidade encontrada neste

objeto de estudo.

A experiência obtida nesta pesquisa servirá, também, como referencia para

estudos mais profundos, relacionados aos modos de fazer e ser das comunidades

ali presentes, permitindo que as manifestações de natureza imaterial, como os

costumes, os hábitos as características das sociedades de cada município dessa

região possam ser melhor identificados. Profissionais e estudantes poderão se valer

do produto deste trabalho de pesquisa para avançar no conhecimento dos aspectos

geográficos, históricos e socioeconômicos dos municípios estudados. Este projeto

visa, portanto, trazer benefícios adicionais ao exercício das funções de proteção e

conservação dos conjuntos de edificações e paisagens urbanas e rurais que fazem

parte do roteiro da Estrada Real, configurada como uma PAISAGEM CULTURAL.

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Observação: Agradecemos a colaboração dos estudantes Thaís Minardi (graduação em

Arquitetura e Urbanismo), Miriam Abdo (Mestrado em Geografia / Tratamento da Informação

Espacial da PUC Minas), Diego Filipe Cordeiro Alves e Ricardo Henrique Palhares

(Doutorandos em Geografia /Tratamento da Informação Espacial da PUC Minas).