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PRIMEIRO CAPÍTULO GRÁTIS

A Palavra Final — O. Palmer Robertson.pdf

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PRIMEIROCAPTULOGRTISO. Palmer RobertsonA PALAVRA FINALResposta Bblica Questo das Lnguas e Profecias HojeA Palavra Final O. Palmer RobertsonTraduzido do original em Ingls: The Final Word.Traduzido e Publicado no Brasil com a devida autorizao. 2014, Editora os Puritanos.1.a Edio em Portugus Maro de 1999 2.000 exemplares.1.a Edio Digital em Portugus Dezembro de 2014.2.a Edio em Portugus Abril de 2015 1.000 exemplares. proibida a reproduo total ou parcial desta publicao sem a autorizao por escrito do editor, exceto citaes em resenhas.EDITOR: Manoel CanutoTRADUTOR: Valter Graciano MartnsREVISOR: Waldemir MagalhesDESIGNER: Heraldo AlmeidaISBN: 978-85-62828-28-7 SumrioA Palavra FinalCaptulo 1 Profecia Hoje?1. A Origem da Profecia Segundo o Velho Testamento .......................... 72. Passagens Fundamentais Sobre Profecia no Velho Testamento ...... 113. Profecia Sobre Profecia no Velho Testamento ..................................174. O Testemunho de Pedro e Paulo Concernente Profecia ............... 205. Concluso ......................................................................................... 26Captulo 2 Lnguas Hoje?1. As Lnguas no Novo Testamento Eram Revelacionais ..................... 302. As Lnguas no Novo Testamento eram Idiomas Estrangeiros .........413. As Lnguas no Novo Testamento Eram para Uso Pblico, No Privativo ............................................................................................ 454. As Lnguas no Novo Testamento Eram um Sinal indicando uma mudana radical na direo da histria redentiva .......................... 505. Concluso ......................................................................................... 59Captulo 3 Revelao Hoje?1. Em Que Sentido a Revelao Cessou? .............................................. 632. A Histria da Cessao da Revelao .............................................. 703. Objees ao Conceito da Cessao da Revelao ............................88Captulo 4 Corrente Defesa da Continuidade da Revelao1. Este Conceito Assevera Que a Revelao Continua Hoje ................992. Este Conceito se Sustenta Por um Fio Exegtico ........................ 1083. Este Conceito Rebaixa uma Venervel Instituio com uma Impecvel Histria para um Estado de M Reputao................... 1324. Este Conceito Introduz no Culto um Fator de Incerteza ...............1365. Este Conceito Tem o Potencial de Gerar Questionamento Acerca de Outras Revelaes Profticas Provindas de Deus ........................... 137Captulo 5 ConclusoConcluso ............................................................................................ 141ndice Onomstico e Temticondice Onomstico e Temtico ............................................................151ndice de Referncias da Escriturandice de Referncias da Escritura ...................................................... 161 Captulo 1Profecia Hoje?1. A Origem da Profecia Segundo o Velho TestamentoA profecia bblica teve suas origens no Velho Testamento, o que algo importante. Profecia no um fenmeno espe-cfco do Novo Testamento, mas algo que recua s mais an-tigas experincias do povo de Deus. Mas, quando e onde a profecia surgiu pela primeira vez? Surpreendentemente, a profecia no teve suas origens na poca das grandes fguras do oitavo sculo a.C., tais comoIsaas,Miqueias eOseias. Na verdade, a profecia teve incio num cenrio muito mais antigo.Omovimentoproftico,noVelhoTestamento,origi-nou-secomMoiss.Narealidade,aprofeciaveterotesta-mentriaalcanouseupontodemaiorglriaemMoiss. Opondo-seatodososconceitosqueapontamumaevolu-odedesenvolvimentoreligioemIsrael,opontocul-minante do movimento proftico encontrou sua expresso em Moiss, o profeta e legislador original em Israel. Ele de-sempenhou um papel singular como mediador da Palavra de Deus em relao ao povo de Israel.Nos dias anteriores a Moiss, Deus falou pessoalmente aoslderesdasvriasfamliaspatriarcais.Ochefepater-no comunicaria, ento, a Palavra de Deus a seu cl. Como, A Palavra Final O. Palmer Robertson 10porm,iriaDeuscomunicarsuapalavraaumahostede mais de um milho de pessoas quando saram do Egito? O Senhor serevelaria simultaneamente a600.000 chefes de famlias?OuiriaEleprosseguiraolongodaserassubse-quentes da histria de Israel, fazendo trovejar sua prpria voz do cu como fez no Sinai?OpovodeDeusexperimentoupessoalmentefortes emoes a esse respeito.Suplicaram aMoiss: d-nos um substitutopara esta aterradora experincia de ouvir a voz trovejante de Deus (Dt 18.16). Em resposta solicitao do povo, Deus providenciou um mediador proftico e estabe-leceu um ofcio proftico. Um homem receberia a Palavra de Deus no monte e subsequentemente intermediaria a pa-lavra ao povo que l embaixo tremia. Foi assim que a profe-cia teve sua origem.Diversas concluses importantes podem ser extradas acercadanaturezadaprofeciabblicacomoumaconse-quncia das circunstncias em torno de seu estabelecimen-to. As origens da profecia revelam questes de importncia constante acerca da essncia do fenmeno.a. A voz, frgil e simples do profeta, substitui todos os sinais apavorantes do Sinai. A voz trovejante de Deus, os re-lmpagos, o fogo, a fumaa, o terremoto, o clangor de trom-beta aumentando cada vezmais todos esses fenmenos assustadores encontramseusubstitutona voz deumni-co israelita falando no meio de seus irmos. A despeito de seu tom relativamente manso, cada palavra do profeta fui como sendo a prpria voz de Deus.b.Aorigemdapalavragenuinamenteprofticano ser encontrada nas experincias subjetivas de um homem. O profeta no sofre de alucinao quando declara: Assim diz o Senhor. A prpria Palavra de Deus vem ao encontro do profeta, e o seu veculo de comunicao a prpria voz do homem propositalmente escolhido. Deus, e no as ex- Captlulo 1 Profecia Hoje?11 perincias subjetivas de algum, quem determina a palavra proftica.c. A palavra do profeta no primariamente preditiva emsuanatureza. A tarefa primordial deMoiss, ao entre-gar a lei no Sinai, no era predizer o futuro, e, sim, declarar a vontade revelada de Deus. Nem sequer uma nica predi-o encontrada nas dez palavras, o corao da revelao comunicada atravs de Moiss.precisoentendercorretamenteadistinocomum entreaproclamaodapalavraprofticaeapredio do futuro pelo profeta. Desde o incio, a proclamao da PalavradeDeusfoijustamentetantoumarevelaoda infalvel,inerranteeperfeitaPalavradeDeusquantosua predio do futuro. No simplesmente o caso que a pro-clamao do profeta sobre vrios assuntos do dia fosse um tipo de pregao com autoridade reduzida, enquanto que sua predio do futuro fosse inspirada, inerrante e infal-vel em seu carter.Narealidade, a essncia doprofetismo sempre def-nidanaBblia em termos dessaproclamao da prpria Palavra deDeus, esteja a envolvida ouno uma predio dofuturo.Ocasionalmente,oprofetapodiapredizerum eventofuturo.Obviamente,essetipodepercepopodia ocorrersomenteporrevelaodivina.Masaessnciada profecianoeradeterminadapeloelementopreditivo,e, sim,pelanaturezadaalocuodoprofetacomosendoa prpria Palavra de Deus.Geerhardus Vos trata desse tema em seu artigo intitu-lado A ideia de cumprimento da profecia nos evangelhos. Com respeito natureza da profecia, diz ele:Emconexocomoprecedente(aideiadecumprimentoda profecia), pode suscitar-se a seguinte pergunta: Qual precisa-menteaforadopronotermodesignativoprofeta?Pro-A Palavra Final O. Palmer Robertson 12feta signifca vaticinador, ou signifca proclamador, isto , aquele que fala em seguida a palavra a ele revelada por Deus? No hebraico, nabhi encontra expresso no ltimo, e , por assim dizer, uma circunstncia no expressa de que a palavra procla-mada em muitos casos acaba sendo uma predio.(1)Profecianodeveserdefnidaessencialmentecomo uma predio do futuro. Ao contrrio, ela uma proclama-o de uma revelao divina que ocasionalmente pode tam-bm envolver a predio de eventos futuros.Essa perspectiva sobre a essncia da profecia importante para aavaliaodaquestodacontinuaodaprofeciaemnossos dias.Obviamente,ningumpodepredizerinfalivelmenteas condies especfcas de um evento futuro, como foi o caso da profecia bblica, a menos que tenha experimentado uma revela-o direta da parte de Deus. Mas igualmente verdade que nin-gum pode proclamar a Palavra de Deus no sentido proftico sem experimentar uma revelao direta de Deus. Seja como um vaticinador ou como um proclamador, o profeta ter comu-nicado a revelao da parte de Deus. Se uma pessoa afrma que a profecia bblica continua hoje em qualquer uma de suas for-mas bsicas, deve-se esclarecer que tal pessoa est expressando a convico de que a revelao continua hoje. Enquanto que um pregadorcontemporneopodeexercerumministrioprofti-co em seu plpito, ele no pode profetizar no sentido bblico como visto na histria das origens do profetismo.d.Pode-seobterumaconclusoadicionalcomrespei-to natureza da profecia com base em suas origens, como preservadasnaEscritura.Opropsitosupremodopacto divinonopodeseralcanadoanoserqueumafgura proftica esteja entre o Senhor e seu povo.(1)GeerhardusVos,TheIdeaofFulflmentofProphecyintheGospels,inRi-chardB.Gafn,ed.,RedemptveHistoryandBiblicalInterpretaton,Phillipsburg, N.J., 1980, p. 354. Captlulo 1 Profecia Hoje?13 O propsito divino no pacto consistia em ser um com seu povo. Ao estabelecer uma relao pactual, o Senhor vin-culou-se intimamente a seu povo. Mas essa intimidade da relao com Deus pretendida pelo pacto no pode realizar--se a no ser que um mediador proftico esteja entre Deus e o povo. Enquanto um mediador no descesse do alto do monte ao povo embaixo, a unidade pactualno seria ple-namente consumada.EstepontorealadoporPauloemsuaafrmao: omediadornofaladapartedeapenasum(Gl3.20).A presena de um mediador implicitamente pressupe uma separao de pessoas entre si. A no ser que Deus mesmo fosse o prpriomediador da palavra divina,no seria pos-svel cumprir-se aunidade de comunhopretendidapelo pacto. Ento a necessidade da obra intermediria da fgura proftica desapareceria.Essa perspectiva sobre o propsito fnal do profetismo confrmadapelotestemunhodosdocumentosdonovo pacto.OescritordaepstolaaosHebreusfaladafnalida-de darevelaoproftica como encontrada emJesusCris-to.Deusfaloupreviamente demuitas e diferentesmanei-ras,atravsdemuitosediferentesmediadoresprofticos. MasEleagoratemfaladodefnitivamentepelamediao do Filho (Hb 1.1). Quando a revelao proftica viesse dire-tamente pela mediao de Jesus Cristo, ento o propsito principal do pacto teria sido concretizado. Experimentar a revelao de Deus atravs do Filho signifca ser um com o prprio Deus.2. Passagens Fundamentais Sobre Profecia no Velho TestamentoOcontextohistricodaorigemdoprofetismoemIsrael fornece um frme fundamento para a compreenso da ver-dadeira natureza da profecia e como a mesma se manifesta A Palavra Final O. Palmer Robertson 14na histria subsequente. Tal compreenso encontra impor-tante elucidao em vrias outras passagens fundamentais acerca da profecia no Velho Testamento. Esse antecedente do antigo pacto essencial para uma apreciao do papel doprofetismononovopacto.Consideremosasseguintes passagens:a. xodo 7.1-2: Ento disse o Senhor a Moiss: Eis que te tenho posto como Deus a Fara, e Aro, teu irmo, ser o teu profeta. Tu falars tudo o que eu te mandar; e Aro, teu irmo, falar a Fara, que deixe ir os flhos de Israel da sua terra (NVI).Nestapassagem,MoisscomosefosseDeus, Arooseu profeta e Fara o recipiente da palavra proftica. Ainda que a Palavra de Deus, originando-se com Moiss, seja intermediada porAro,elanochegaaFaracomautoridadereduzida.A terra de Fara devastada em decorrncia de no ter ele dado ouvidos palavra infalvel e inerrante de Deus, comunicada por intermdio de Aro, que serve como profeta de Moiss. A me-diao de modo algum reduz a autoridade da palavra proftica.b. xodo 4.15-16: Tu, pois, lhe falars, e pors as pala-vras em suaboca.E eu serei com a tuaboca e com a dele, e eu vos ensinarei o que haveis de fazer. E assim ele [isto , Aro como profeta de Moiss] falar por ti ao povo. E ele te ser por boca, e tu lhe sers por Deus (NKJV).Bocaaboca:frasedescritivaquesublinhaamedia-o da relao que existe entre a Palavra de Deus e a pala-vraproftica.Arevelaodivinasaidiretamentedaboca deDeusparaabocadoprofeta.Apalavradoprofetaa prpriaPalavradeDeus.Deusnocomunicasuarevela-oaoprofetapensamentoapensamento,oumentea mente, e, sim, boca a boca. O profetismo, por defnio, no se preocupa meramente com a recepo da Palavra de Deus, mas tambm com sua comunicao. Essa descrio Captlulo 1 Profecia Hoje?15 do modo de comunicar a palavra proftica sublinha as per-feiesabsolutasdaalocuodoprofetaaoapresentara Palavra deDeus. Atravs da comunicaoboca aboca, a Palavra de Deus preservada em sua integridade, quando ela se serve do profeta como veculo.c. Nmeros 12.6-7: Ento disse [Deus]: Ouvi agora mi-nhas palavras: se entre vs houver profeta, eu, o Senhor, a ele me farei conhecer em viso, em sonhos falarei com ele.Oparalelismoprofticodotextooriginalsublinhao carter revelatrio da mensagem que vem ao profeta:a. em visob. a elec. me farei conhecer;a. em sonhob. a elec. falarei.Deustomarainiciativaemfazer-seconhecerpor meio de viso e sonho. Esse modo de comunicao divina caracterizaraexperinciadoprofetaatravsdaseras.A viso e o sonho do profeta tm sua origem em Deus, no na percepo humana. Apesar de o contexto indicar que o favor distintivo ser conhecido a Moiss, ao falar-lhe Deus face aface,nopodehavernenhum desconto dofato de que todos os profetas recebero sua mensagem por meio de uma experincia revelatria.Esse o sentido de a Palavra vir atravs de sonho e viso.Notavelmenteadequadoaessaideiadearevelao proftica vir atravs desonho eviso o fato de que a profeciaescritanoVelhoTestamentovividamenteapre-sentada como algo visto. Os escritos do profeta Isaas so descritos comoumaviso(hazon) que elevira(haza). Subsequentemente,apalavra(hadaver)queIsaasviu (haza) descreve uma mensagem particular que ele recebera (Is 2.1).Osprofetasexperimentaramessaformaderevelao reiteradamente.IsaasviuopesodoSenhor(Is13.1). A Palavra Final O. Palmer Robertson 16Ams eMiqueiasviram a palavra deles vinda doSenhor (Am1.1;Mq1.1).Habacuqueserefereatodooseulivro como sendo um peso que ele vira (Hc 1.1). Os profetas regularmente viam, atravs de viso e sonho, a palavra que eles deviam comunicar.AocontrriodestarecepovisionriadaPalavrade Deus atravs de uma experincia revelatria, os falsos pro-fetas comunicam o que est em seu prprio corao.Jere-mias vivifca a caracterstica mais preponderante da origem dapalavradosfalsosprofetas.Declara:falamavisode seuprprio corao,no daboca doSenhor(Jr23.16).A palavra do falso profeta oriunda das maquinaes de seu prpriocorao,nodaexperinciavisionriaconcedida ao genuno profeta do Senhor.d. Este contraste entre o genuno e o falso profeta pros-seguenaquartapassagemfundamental:Deuteronmio 13.4-5. Em vez de dar ouvidos ao falso profeta que engendra seus prprios sonhos, Israel deve guardar os mandamentos de Deus na forma em que foram entregues por intermdio deseusprofetas.AnaodeDeusdeveobservarocami-nho por onde Deus ordenou que andassem. O falso profeta deve sermorto, porquantotemtentado desviarIsrael da-quele caminho indicado por revelao, o qual devia seguir.Em confronto com as proclamaes dos falsos profetas sopostososmandamentos,ordenaeseestatutosque haviamsidoreveladospelainstrumentalidadedeMoiss e seus legtimos sucessores. O teste mais bsico do profeta consiste em sua adeso proclamao do que j havia re-cebido por divina revelao.Osprofetasnoeramprimariamentevaticinadores. No importa quo espetaculares as palavras de um profeta fossem, se suas afrmaes, ao contrrio, contradissessem os mandamentos no-espetaculares, revelados a Moiss o profeta por excelncia tal profeta deveria ser morto. Captlulo 1 Profecia Hoje?17 Esserespeitopelocarterdivinodapalavraproftica precisasertransportadoparaocontextodonovopacto. Como veremos, a degenerao da profecia ao nvel de uma proclamaono-revelacionalousemirrevelacionalno encontra apoio nos textos fundamentais sobre a profecia na Escritura. A profecia uma proclamao da palavra revela-tria de Deus, seja sua palavra que prediz o futuro ou que declara osmandamentos deDeus.Profecia em suaforma maisbsica uma proclamao da verdade revelatria de Deus. Predio do futuro certamente ocorrer, mas funcio-na secundariamente em relao essncia da profecia.e.Aquintapassagemfundamentalsobreprofeciaen-contra-seemDeuteronmio18.Estapassagemcomose fosseumaseodeumaversohebraicadeumglossrio determos(Rogets Thesaurus).Cada palavra possvel des-crevendoummtodopeloqualoshomensprocuramde-terminar, controlar ou predizer o futuro designada como sendo uma abominao ao Senhor. Qualquer substituio proposta para a palavra revelatria de Deus que transmiti-da pela instrumentalidade de seu profeta deve ser comple-tamente rejeitada.Nasociedadepluralistamoderna,aspessoasacham quaseimpossvelemitirumcategriconoaqualquer formadeexpressoouexperinciafomentadanumaat-mosfera devocional pelos cristos.Mas aPalavra deDeus dizno.Umaresistnciainfexvelrequeridadopovo de Deus com respeito a quaisquer substituies propostas para a palavra proftica divinamente inspirada. Em tal caso, o povo de Deus deve pronunciar um absoluto no. No se devepermitirexceoalguma.Todaequalquerformade profeciano-bblica deve ser categoricamente condenada. Qualquer esforo para substituir a palavra proftica divina-menteinspirada,pelapalavradohomemfalvel,deveser rejeitado.A Palavra Final O. Palmer Robertson 18Estapassagemdeclaraaindaquenofuturoselevan-tariaumprofetasemelhanteaMoiss.Estaexpectativa em parte antecipa a longa histria do profetismo em Israel desenvolvidodepoisdeMoiss.Emrespostaaocontnuo afuirdefalsosprofetasquesedesenvolveriaaolongoda histria,oSenhorlevantariaprofetasgenunosparares-ponder s suas falsas rplicas.Todavia,otextodeDeuteronmiotambmparece apontar para uma fgura proftica singular, que se asseme-lharia a Moiss de uma forma distinta. A passagem no diz: O Senhor teu Deus te suscitar profetas. Ao contrrio dis-so, ela afrma: O Senhor teu Deus te suscitar um profeta semelhante a mim (Dt 18.15).A experincia de Israel sob o comando de Moiss clama por algum que viria e que seria maior que Moiss. Se o pro-psito do pacto divino para ser realmente cumprido, ento um mediador proftico viria, sendo uma pessoa muito mais importante queMoiss.Pormaisimportante que ominis-trio de Moiss tenha sido, ele no empreendeu a unidade entre Deus e o povo, a qual o pacto pretendia realizar.O profeta semelhante a Moiss, antecipado nesta pas-sagem, falaria a palavra de Deus com tal poder que seria o ponto culminante das revelaes comparadas quelas rece-bidas, em forma de sombras, por Moiss. semelhana de Moiss e seus sucessores, esse profeta futuro poderia ser re-jeitado pelo povo. Todavia, por causa das garantias do pacto, eleteriaxitoemseuministrioprofticoondeoMoiss original fracassara.luzdetudoisso,nosurpreendeencontraroaps-tolo Pedro aplicando esta passagem de Deuteronmio 18.15 diretamente a Jesus, no livro de Atos. Jesus o servo (pais) que semelhante a Moiss no sentido em que ele interme-dia a palavra de Deus (At 3.22,26). Mas ele tambm o Fi-lho de Deus (igualmente pais) que une Deus com seu povo, cumprindo a palavra do pacto intermediada pelos profetas. Captlulo 1 Profecia Hoje?19 Se o prprio Filho de Deus agora o mediador proftico do pacto,entoosupremopropsitodopactoseconsumou. Porque receber a Palavra de Deus da parte do Filho rece-beraPalavradeDeusdapartedoprprioSenhor.Agora, porintermdiodeCristo,omediadorprofticodopacto, que o prprio Deus do pacto, a unidade entre Deus e seu povo, originalmente pretendida,foi estabelecida. Agora o ofcio de profeta encontrar sua realizao fnal nesta nica pessoa que o Filho de Deus e tambm o mediador profti-co do pacto. Por intermdio de sua pessoa, todos os terrores relacionados com a confrontao com Deus no Sinai esto agora removidos. O terror outrora associado com o estar na presena de Deus se evapora quando o mediador do pacto o prprio Deus, que agora se coloca entre os homens como servo (pais) deles.AhistriadarealezaemIsraelencontrouseuclmax em Cristo, o Rei. A histria do sacerdcio em Israel encon-trouseuclmaxemCristo,oSacerdote.Assimtambma histriadoprofetismoemIsraelencontraseuclmaxem Cristo, o Profeta. Ele o mediador prometido por exceln-cia. A experincia de uma srie de homens do Velho Testa-mento, que falaram as palavras do prprio Deus, encontra seu cumprimento em Jesus Cristo, o profeta semelhante a Moiss, que tambm o excedeu de todas as formas.3. Profecia Sobre Profecia no Velho TestamentoHavendo considerado o testemunho dessas passagens fun-damentais sobre profecia, esse omomento oportuno de considerar uma passagem central do Velho Testamento que tem signifcao para a compreenso do fenmeno da pro-feciacomoaparecenoNovoTestamento.Aclssicapro-fecia sobre profecia, em Joel 2, liga a experincia do Velho Testamento com o fenmeno do Novo Testamento.A Palavra Final O. Palmer Robertson 20ApalavradeDeusatravsdeJoeldeclara:Derrama-rei o meu Esprito sobre toda carne; vossos flhos e vossas flhasprofetizaro(Jl2.28a).Aoanteciparofuturo,Joel usa otermoidntico paraprofecia encontrado aolongo de todo o restante do Velho Testamento. Teria essa palavra de sbito um novo signifcado? Estaria Joel esperando um tipodiferentedeprofeciadaqueledescritonaspassagens fundamentais j consideradas? No. Joel mesmo elabora a signifcaodesuapredio:Osvossosanciosteroso-nhos, os vossos mancebos tero vises (Jl 2.28b).DondeJoelextraiuaideiadequeapalavraproftica seria comunicada atravs de sonhos e vises? Foi ele o inventordetaisconceitos?No.Joelosextraiudapassa-gem que se encontra em Nmeros 12, a qual to claramente descreveaorigemdoprofetismonosdiasdeMoiss.Os termos de Joel para sonhar sonhos e ver vises so idn-ticos com as palavras usadas em Nmeros 12 para descrever a comunicao de revelao atravs dos sculos. Alingua-gem de Joel tambm traa um paralelo com a descrio do ver uma viso que frequentemente serve como ttulo de um livro proftico divinamente inspirado.Ento, o que Joel esperava? Qual seria a experincia do povo deDeus com respeito profecianofuturo?Joel pre-disseumadifundidamanifestaodarevelaoproftica nofuturo.A consumao dossculosseria acompanhada de extensas experincias revelatrias. Uma efuso sem pre-cedente do Esprito Santo, trazendo consigo muitas novas revelaes de Deus, era algo mui apropriado glria da vin-da do Messias. Os idosos sonhariam sonhos, e os jovens veriam vises. Ambas as frases descrevem experincias de natureza revelatria, extradas do contexto de Nmeros 12.O Novo Testamento indica o cumprimento dessa pro-fecia sobre profecia, em inmeras passagens. Citando Joel, Pedro declara que a predio do Velho Testamento estava cumprida na efuso do Esprito de profecia no Pentecostes Captlulo 1 Profecia Hoje?21 (At 2.16). Neste ponto, os jovens veem vises e os ancios sonham sonhos. A efuso doEsprito sobre os discpulos noPentecostesnolhes causou alucinaes.No esto ci-tandoideias religiosas extradas datradio defalsos pro-fetas.Nemestoalcanandonovosnveisdepercepo humana.Naverdade,estopassandoporexperinciasre-velatrias. A linguagem usada reiteradamente ao longo do perodo do Velho Testamento agora se aplica aos profetas no contexto do novo pacto.Esta mesma percepo de profecia prossegue atravs do livro de Atos. Em Atos 11.27-28, alguns profetas desceram de Jerusalm a Antioquia. Um deles, de nome gabo, dava a entender pelo Esprito eventos futuros. O termo traduzi-do dava a entender literalmente signifca dava um sinal. Essaterminologiarelatatambmaexperinciadegabo na comunicao da revelao. A profecia de gabo imedia-tamente se tornou a base para a ao concreta por parte dos discpulos em Antioquia. Ele revelou que uma terrvel fome assolaria todo o mundo romano. Reconhecendo a angstia que essa fome prevista traria sobre os discpulos j sofredo-res na Judeia, os discpulos em Antioquia decidiram provi-denciarsocorro,enviandoumaofertaaosanciosatravs de Barnab e Saulo (At 11.29-30).Evidentemente,essaexperinciadoprofetadonovo pacto se ajusta ao padro do Velho Testamento. gabo pro-nunciou sua predio em decorrncia de uma experincia revelacional.Denenhumoutromodoteriaeleconheci-mento da expanso de umafomenofuturo, seno porin-termdio de uma revelao direta da parte de Deus.Ofenmenodaprofecianumcontextodonovopac-to aparece uma vez mais em Atos 21.8-11. Paulo e Lucas se hospedaramemcasadeFilipe, oevangelista, dequemse diz ter quatro flhas virgens que tinham o dom de profecia (v.9).Deve-selembrar de quePaulo, quepormeio dessa experincia conhecia em primeira mo o dom de profecia A Palavra Final O. Palmer Robertson 22como a que possuam as quatro flhas de Filipe, mais tarde deu sua aprovao a que a mulher profetizasse na igreja (1 Co 11.5).Qual, porm, a natureza desse profetizar como pra-ticado pelas flhas de Filipe? Os versculos imediatamente seguintes esclarecem a questo. O profeta gabo desce da Judeia e fala em termos revelacionais, pelo poder do Espri-to Santo. Ele prediz que Paulo seria preso em Jerusalm, o que naturalmente ningum poderia saber a no ser pela co-municao revelatria da parte de Deus. Uma vez mais faz--se evidente que a ideia de profeta, no Novo Testamento, a mesma ideia de profeta no Velho Testamento. Somente atravs de uma revelao direta da parte deDeus poderia gaboterconhecidoquePauloestavaparaserpresoem Jerusalm. neste contexto que o papel das mulheres como pro-fetisasnaigrejadoNovoTestamentoseriaconsiderado. Umamulherpodiaserconsideradacomoprofetisase ela funcionasse como instrumento da revelao divina. Se a revelao continuasse at hoje, ento se poderia esperar que as mulheres, tanto quanto os homens, pudessem legi-timamente profetizar na igreja de hoje. Voltaremos a este ponto mais adiante.EssasrefernciasprofeciaemAtosfornecemteste-munhoconcernentesreaisexperinciastantodePedro quanto de Paulo no campo do dom de profecia no contexto do novo pacto. Como tais, elas fornecem um pano de fundo natural para o tratamento explcito do tema da profecia por meio desses dois apstolos chave.4. O Testemunho de Pedro e Paulo Concernente ProfeciaPedro, explicitamente, aborda a profecia no ltimo de seus escritos. Ele reconhece a importncia de suas observaes, Captlulo 1 Profecia Hoje?23 comoaprprianotaintrodutriaoindica:sabendopri-meiramente isto, diz ele (2 Pe 1.20-21). Ele pretende discu-tir um assunto de grande relevncia.Pedro,aqui,declaraquenenhumaprofeciadaEscri-turaprovmdaprpriainterpretaopessoaldoprofeta (NIV). A palavra proftica comunica a verdade de Deus que de outra forma no poderia ser conhecida. A percepo hu-mana no pode gerar essa compreenso da vontade divina. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de ho-mens,mas oshomens da parte deDeusfalarammovidos pelo Esprito Santo (2 Pe 1.21).Pedronotrataaprofeciacomoseamesmafosse equivalente intensidade dapercepo.Ao contrrio, ele descreve a experincia da revelao divina. Segundo Pedro, todasasexperinciasprofticasautnticasparticipavam dessemesmo carter.Noh exceo.Nenhumaprofecia autntica era comunicada pela vontade do homem. Toda profecia autntica era comunicada pela revelao doEsp-ritodeDeus.Maisparticularmente,Pedroidentifcaessa experinciarevelacionalcomaspalavrasqueosprofetas falavam, eno apenas com aspalavras que osprofetas es-creviam. A experincia revelacional dos profetas no era li-mitada aos escritos cannicos. Tudo o que era comunicado atravs deles, na forma de profecia, era a prpria Palavra de Deus, fosse falada ou escrita.Esses santos homens de Deus falavam como se fossem arrastados[ouimpelidos] peloEspritoSanto.B.B. War-feld formulou a explicao clssica desta frase:O que essa linguagem de Pedro enfatiza... a passividade dos profetascomrespeitorevelao comunicada porintermdio deles. Essa a signifcao da frase: Foi como que impelidos pelo Esprito Santo que homens falaram de Deus. Ser impeli-do... no o mesmo que ser levado... muito menos ser guiado oudirigido... Aquelequeimpelidonocontribuiabsoluta-A Palavra Final O. Palmer Robertson 24mente em nada para o movimento de induo, mas apenas o objeto a ser movido.(2)EramimpelidosparafrentepeloEspritoSanto, como um navio impulsionado pelo vento. Pedro enfatiza que no h exceo para esse fenmeno quando o relaciona comaprofecia.Todaprofeciadessanatureza.Homens santosdeDeusfalaramquandoforamimpulsionados pelo Esprito Santo.A apresentao que Pedro faz da experincia proftica encontra total apoio na descrio de Paulo. Em Efsios 3.2-3, Paulo declara: Se que tendes ouvido a dispensao da graa de Deus, que para convosco me foi dada; como pela revelaome foimanifestado omistrio, conforme acima em poucas palavras vos escrevi.ONovo Testamento con-sistentementeapresentaummistriocomosendouma verdaderelativaaoprogramaredentivodeDeus,outrora oculto,masagorarevelado.Essemistriofoiagorare-veladopeloEspritoSantoaossantosapstoloseprofe-tas deDeus(Ef3.5).Os dois ofcios de apstolo e profeta so enfeixados como um veculo da revelao divina. Esses extraordinrios ofcios foram os instrumentos pelos quais Deus fez conhecida sua revelao no contexto do novo pac-to.Asubstnciadessemistrio,outroraoculto,porm agora revelado, consiste em que os gentios so coerdeiros, coparticipantes,juntamentemembros do corpo deCristo (Ef 3.6). muito interessante que Paulo no fale acerca de uma predio do futuro quando se refere ao mistrio que fora revelado. Ao contrrio, ele descreve o discernimento acer-ca da teologia da igreja. Ele declara que a proclamao dos apstolos e profetas era de carter revelacional. A verdade bsicaqueensinaramsobreopapeldosgentiosnaigreja (2)Benjamin Breckenridge Warfeld, The Biblical Idea of Revelaton, in Revelaton and Inspiraton, Grand Rapids, 1981 reprint, p. 23. Captlulo 1 Profecia Hoje?25 no eraumapredio acerca dofuturo,masuma declara-o divina acerca do presente. No obstante, ela era eviden-temente considerada como proftica em sua natureza.A mais perfeita elaborao de Paulo sobre a manifesta-o da profecia no novo pacto encontra-se em 1 Corntios 14. Os versculos 29 a 33 desse captulo tm particular rele-vnciaparaaquestodanaturezarevelatriadaprofecia no novo pacto. Nos versculos imediatamente precedentes, Paulo declara que os servios clticos daigreja devem ser ordenadosparafacilitarofuncionamentoadequadoda multiplicidade dos dons. E falem os profetas, dois ou trs, e os outros julguem (v. 29). Os outros, evidentemente, uma referncia a outros profetas. Mas, que discriminao essa que deve ocorrer em conexo com o exerccio do dom desses profetas?ANovaVersoInternacionalexpandeapalavradis-criminar(aqualelatraduzcomoponderarcuidadosa-mente), adicionando a frase o que dito. A suposio dos tradutores que adiscriminao a ser vertida pelos pro-fetas tem a ver com as palavras que foram faladas. Mas tal suposio ignora o uso regular que o Novo Testamento faz da palavra discriminar.O termo grego, diakrino, contm o signifcado bsico de separar, dividir, fazer distino. usado com mais fre-quncia para fazer distino entre pessoas. Se guardarmos emnossamente este uso regular do termo paradiscrimi-nar, pode-se chegar a uma compreenso muito precisa do uso do termo como encontrado em 1 Corntios 14.29. Que falem dois ou trs profetas, e que os outros[profetas] dis-criminem.Evidentemente,umjuzodeveserexpresso. Mas o juzo no acerca das palavras que so expressas pe-los profetas. Ao contrrio, deve-se fazer discriminao en-tre pessoas. Algum teria que determinar quem dentre os profetas falaria e quem no falaria. Tal responsabilidade confada aos profetas, que manteriam a ordem entre os do A Palavra Final O. Palmer Robertson 26seu prprionmero.Mesmo a alocuo de palavrasinspi-radas deveria ser exercida numa estrutura de ordem.Pauloasseguraaseusleitoresquetodososprofetas tero, afnal, oportunidade de falar (v. 31). Ele, porm, lhes recordatambmquetudodeveserfeitocomdecnciae ordem.Porque,mesmooespritodosprofetasestsujei-to aos profetas(vv.32,33,40).Portanto, a discriminao nesta passagem se refere a uma distino em decorrncia daordementreosprofetas,noacercadaspalavrasdos profetas. possvel que algum tivesse que esperar at um segundo culto.Mastodoseventualmenteteroaoportunidadede transmitirarevelaoquelhefoiconcedidaporDeus. Igualmente crtica, para a compreenso desta passagem, a palavra revelao. Uma revelao vem primeiramente a um, e ento uma outra revelao vem a outro (v. 30). Essa refernciarevelaoseencontraentreversculoscon-cernentesexperinciadaprofecia(vv.29,31).Alguns autores mais recentes supem que essa revelao, na ver-dade, no de forma alguma uma revelao. Ao contrrio, acreditam que algo menos do que uma profecia de car-ter revelacional, como o termo compreendido em outros lugares na Escritura. A sugesto que esse fenmeno pode muitobemserdesignadocomoumarevelaono-reve-lacional. revelao procedente de Deus, uma alocuo proftica, mas um pouco menos do que o clssico fenme-no da profecia.MasumatalanlisedaintenodaEscrituraafasta--nosdaspalavrasdaEscritura.Ocontextocomoumtodo pressupe a experincia proftica normal de receber e co-municar uma palavra inspirada do Senhor. A primeira car-taaosCorntiosfoicompostanumapocaemquemuito poucodoNovoTestamentohaviasidocomposto.Aigre-ja daqueletemponecessitava deumapalavra autoritativa proveniente do Senhor para direcionar o padro de sua vida Captlulo 1 Profecia Hoje?27 sobonovopacto.Muitoprovavelmentenenhumdosma-nuscritos inspirados do Novo Testamento estava disponvel aos corntios nesse ponto da histria. quase certo que a referncia em 1 Corntios no era a umailuminao dasEscrituras donovo pacto ou da ver-dadedonovopactojconhecidadeles.(3)Aocontrrio,a igreja de Corinto recebeu revelaes autoritativas, infal-veis e inerrantes das verdades da era do novo pacto atravs do multiforme exerccio do dom de profecia. A experincia proftica que trouxera a palavra de Deus comunidade do velho pacto agora comunicava a verdade acerca dessa nova era ao povo de Deus do novo pacto. Visto que Deus estava agoramanifestando asmaravilhas das realidades donovo pacto, no causa surpresa que uma multiforme exibio do dom proftico ocorresse em Corinto.Argumentarei nos captulos posteriores que a introdu-odoconceitodeumarevelaono-revelacionalpo-deriaseralgoextremamentedanosoquandoaplicados alocues profticas. Pois se uma alocuo proftica pode serdesignadacomoumarevelaono-revelacional,en-toqualquerpalavradaprofeciapodeeventualmenteser declarada uma revelao no-revelacional. Finalmente, o carter revelacional da prpria Escritura poderia ser redef-nido nesses termos confusos.Umgrandeperigotambmestemoutradireose aceitarmos este conceito de uma alocuo proftica como sendo a palavra de Deus, e no obstante ele seja algo menos que a perfeio de sua palavra associada profecia bblica. Uma pessoa, em certo sentido, se faz sujeita a uma palavra que supostamente imediatamente inspirada por Deus, e no obstante, ao mesmo tempo, por sua prpria defnio, participa da falibilidade humana. Ainda que ela saiba que essaalocuosupostamenteprofticafalvel,deveo crenteser-lhetotalmentesubmissocomoseelaviessedi-(3)Tradio oral (N. do E.)A Palavra Final O. Palmer Robertson 28retamente de Deus? Ou deve ele resistir submeter-se a essa palavra que vem imediatamente de Deus por saber ser ela falvel?Estamos antecipando o que ser discutido a seguir de umaformamaisplena,quandoafrmamosqueestecon-ceito de profecia, como est sendo proposto hoje na igreja, cria uma situao intolervel, um dilema envolto em confu-so, que destri o signifcado da obedincia incondicional palavra de Deus. Ele no condiz com o ensino da palavra de Deus, e potencialmente capaz de solapar ofundamento bsico de uma vida de obedincia confante revelao dos profetas de Deus. Ele destri a distino necessria entre o genuno e ofalsoprofeta,bem comotransforma osmem-bros do povo de Deus em vtimas indefesas do erro mescla-do com a verdade.5. ConclusoAhistriadoprofetismorecuaaotempodeMoiss.Des-de os seus dias,Deus tem se revelado consistentemente a seu povo atravs do fuxo dos profetas que ele prometera a Moiss. A garantia da palavra proftica capacitou o povo a resistir s pretenses dos falsos profetas em seu constante fuxo ao longo da histria de Israel. Joel, evocando as expe-rinciasdosprofetasdostemposmosaicosmaisremotos, predissequeacomunidadedonovopactodesfrutariado mesmotipoderevelaoproftica.OsapstolosPedroe Paulo, por seu turno, aplicaram essas mesmas descries palavraprofticadeseusprpriosdias.luzdotestemu-nho bblico concernente natureza da profecia, podemos propor vrias concluses.1.Emprimeirolugar,opontodepartidadequalquer discusso acerca da profecia hoje deve comear com a lon-gahistriadocarterrevelacionaldessedomdoEsprito. Captlulo 1 Profecia Hoje?29 Ao longo das eras do antigo e do novo pacto, Deus perma-nece como o originador da genuna palavra proftica.2. Em segundo lugar, deve-se ter em mente a advertn-cia daEscritura concernente aos perigos dafalsa profecia. Severdadequearevelaocompletou-secomaperfei-odasEscriturasdoNovoTestamento,entoaprofecia como oprincipal domrevelacionalj cessou.Opregador moderno pode ser proftico em seu ministrio justamen-te como pode ser apostlico. Mas ele deve precaver-se em reivindicarparasimesmosejaaexperinciarevelacional do profeta, seja a posio fundamental do apstolo. Muitos so os casos,tanto antigos quantomodernos, de vidas se-riamente danifcadas por reivindicar impropriamente uma proclamao proftica.3. Em terceiro lugar, o testemunho bblico concernente profeciatemum efeito crticosobre a questo dopapel dasmulheresnaigreja.Otextoprimordialqueapiaas mulheresfalaremnocultofazrefernciaaoseuprofeti-zar(1Co11.5).Seprofetizarsignifcafalardeformare-velacional, ento o papel das mulheres na igreja hoje est claro.Somenteenquantoodomrevelacionaldeprofecia permaneceu vivo na igreja podiam as mulheres servir como instrumentos da palavra divina. Mas se a palavra proftica de Deus encontrou sua perfeio no complemento das Es-crituras donovo pacto, ento o papel dasmulheres como instrumentos da revelao divina agora cessou.As questes suscitadas pelo tema da profeciano so de pouca importncia. So crticas sade, ao bem-estar e prpria ordem da igreja de Jesus Cristo hoje. Que a igreja cuide para que todas as coisas sejam feitas com decncia e ordem, em consonncia com os ensinamentos das Escritu-ras profticas.VISITE-NOSOS-PURITANOS.COM