19
1 XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM UNIVERSITÁRIO DO MERCOSUL (FOMERCO)- INTEGRAÇÃO REGIONAL EM TEMPOS DE CRISE: DESAFIOS POLÍTICOS E DILEMAS TEÓRICOS GT7: COMUNICAÇÃO, INFORMAÇÃO E PODER MÍDIA E ESTADO: UM PANORAMA SOBRE A AMÉRICA LATINA FONTES, Pablo LUZ, Cristina Rego Monteiro da

XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

  • Upload
    phungtu

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

1

XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM UNIVERSITÁRIO DO

MERCOSUL (FOMERCO)- INTEGRAÇÃO REGIONAL EM TEMPOS DE

CRISE: DESAFIOS POLÍTICOS E DILEMAS TEÓRICOS

GT7: COMUNICAÇÃO, INFORMAÇÃO E PODER

MÍDIA E ESTADO: UM PANORAMA SOBRE A AMÉRICA LATINA

FONTES, Pablo

LUZ, Cristina Rego Monteiro da

Page 2: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

2

Salvador/ Bahia

Setembro de 2017

TÍTULO: MÍDIA E ESTADO: UM PANORAMA SOBRE A AMÉRICA LATINA

RESUMO: Este artigo tem como ponto de partida a relevância do papel desempenhado

pelas mídias nas relações internacionais. O mundo “encolhe” com a globalização na

instantaneidade das informações em fluxo, e o domínio das narrativas determina a

percepção da realidade. A “era da informação” passou a exigir novas estratégias de

comunicação por parte dos Estados e dos governos, como destacou VALENTE (2007),

sem que para isso, no mundo globalizado, se observasse o desaparecimento do caráter

nacional dos veículos de comunicação. Na América Latina, região marcada por

tradições políticas autoritárias, é possível historicizar as raízes de uma consistente

presença do “coronelismo eletrônico” - influência entre o poder público e o poder

privado vinculando meios de comunicação (SANTOS, 2006) e a constituição de

narrativas divulgadas por eles. O objetivo geral deste artigo é apontar para a relação

constitutiva entre a mídia e o estado, principalmente na região da América Latina, onde

grande parte das emissoras de rádio e televisão surgiu através de iniciativas estatais e

das instituições vinculadas ao Estado, instância marcada por forte dependência editorial

e financeira, submetida a mecanismos de accontability. Tem-se como hipótese principal

que a ênfase na relação histórica exercida pela economia liberal burguesa sobre os

conglomerados comunicacionais podem determinar e moldar a concepção das

informações a partir dos valores e dos interesses de seus proprietários, direcionando a

formação da opinião pública.

PALAVRAS-CHAVES: Mídia; Estado; América Latina; Regulação.

INTRODUÇÃO

A “era da informação”, a partir das últimas décadas do século XX, com a

internet, e aparelhos digitais transformando o status e as formas de consumo da

informação, passou a exigir ações por parte dos Estados e dos governos, como destacou

Page 3: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

3

VALENTE (2007), sem que para isso, no mundo globalizado 1 , se observasse o

desaparecimento do caráter nacional dos veículos de comunicação. O trabalho exercido

pelas mídias com estrutura profissional de maior escala (as chamadas grande mídias),

como destacaram Chomsky e Hermam (1988), sempre representou o interesse daqueles

que financiam os conglomerados comunicacionais, ou seja, os empresários2. Contudo, é

importante observar que os meios de comunicação são também formas de organização

social que integram as relações sociais no cotidiano (WILLIAMS, 2005).

Para Adorno (2009) e Bolaño (2002), os meios de comunicação e a cultura são

preenchidos por ideologias mantidas e ocultadas através dos cálculos de probabilidades,

em grande percentual oriundos dos referenciais de lucro obtidos durante e após

processos de fabricação e venda. Discursos sobre autonomia, liberdade, igualdade, são

vendidos mostrando, criando e reforçando aparências ilusórias de conceitos vinculados

pela mídia (ALTHUSSER, 1978; BOLAÑO, 2002; ADORNO, 2009; ECO, 2015).

No contexto da América Latina, região marcada por tradições políticas

autoritárias, observa-se um alto grau de “coronelismo eletrônico” 3 . No entanto,

Lichtenberg considera que os veículos de comunicação impressa, sobretudo os latino

americanos, apresentam baixos níveis de circulação, mantendo um jornalismo

profissional relativamente associado à ideia romântica de que essa é uma profissão

“autônoma” (confusão muitas vezes alimentada pelo desconhecimento da deontologia

profissional do jornalista em confronto com os objetivos comerciais das empresas

jornalísticas), com forte tendência à produção de matérias opinativas, nas quais é

comum a inserção de comentários e opiniões do autor da matéria (LICHTENBERG,

1990).

1Compartilhamos a visao de David Held (1980) sobre a definição de globilização. 2Os magnatas da mídia são definidos como pessoas que além de serem proprietários dos meios de

comunicação operam assumindo, por exemplo, os riscos empresariais que possam existir. É importante

fazer uma distinção entre magnatas, príncipe da coroa e barão. O príncipe da coroa é compreendido como

aquele que herda propriedades midiáticas de seu pai como pioneiro. O barão atua como uma espécie de

gerente empresarial, ou seja, aquele que é um chefe do executivo assumindo os riscos empresariais que

possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. Devemos também destacar que os

magnatas exercem certo voyerismo para uma determinada classe social a medida que uma parte dos

jornalistas e publicitários percebem o elevado nível de influência que os magnatas exercem na política

nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991). 3 O coronelismo eletrônico é o resultado da superposição de formas desenvolvidas do regime

representativo a uma estrutura econômica e social inadequada. Não é, pois, mera sobrevivência do poder

privado (...) é antes uma forma peculiar de manifestação do poder privado, ou seja, uma adaptação em

virtude da qual os resíduos de nosso antigo e exorbitante poder privado têm conseguido coexistir com um

regime político de extensa base representativa (SANTOS, 2008, p.224).

Page 4: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

4

Alguns autores destacam como característica da indústria cultural latino-

americana uma dependência histórica da indústria cultural estrangeira. No que tange ao

sistema de comunicação social, observa-se forte privatização, organização em

oligopólios familiares e uma visível ausência de televisões estatais de peso, a exemplo

do que existe na Europa, conformando, dessa forma, uma indústria cultural latino-

americana, marcada pela ausência de autonomia e liberdade de sua produção em relação

ao mercado. (HALLIN e PAPATHANASSOPOULOS, 2002).

Esse quadro teria sofrido variações na passagem do século XX para o XXI,

quando foram eleitos governos progressistas em vários países latinos americanos,

muitos advindos de correntes ideológicas de esquerda. Esses governos rechaçaram a

agenda neoliberal em curso na década de 1990, pautada nas diretivas do Consenso de

Washington. Alteraram as agendas políticas de seus países, e, por conseguinte, a

inserção internacional dos mesmos (BETHELL, 1999; 2000; MORAES, 2009;

VIZENTINI, 1996; HOBSBAWM, 2014). Mas alguns aspectos mantêm-se presentes

através dos tempos registrados no recorte desse trabalho.

1. ORIGENS DA COMUNICAÇÃO DE MASSAS

Desde a Pérsia até o antigo Império Romano, passando pelas cordilheiras andinas,

as redes de comunicação foram fundamentais para o estabelecimento do poder político e

do comércio internacional. Na Roma Antiga, a Acta Diurna, gravado em pedra,

considerado o primeiro jornal conhecido, foi criado por ordem de Júlio César em 69

A.C. para ser lido nos espaços públicos. Destinava-se a comunicar, top-down,

determinações e fatos de natureza diversa. Os incas utilizavam os quipos, cordões

amarrados a partir de uma linha mestra, em que cores e nós colocados em ordem

determinada continham informações que atravessavam a pé o território do império nas

mãos dos chaskis (mensageiros) com informações sobre censo populacional e colheitas.

Mas, foi em 1450, com a invenção da prensa de tipos móveis de Gutemberg, que um

salto tecnológico fundamental determinou a ampliação da comunicação através da

imprensa pré-industrial. A expansão desse mercado editorial foi tremenda. Já a partir do

ano de 1500 significou uma média de vinte e sete mil edições de livros, quinhentas

cópias por edição, representando cerca de treze milhões de exemplares em circulação na

Europa do século XVI. No século XVII, as bibliotecas tiveram suas bases ampliadas e

Page 5: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

5

catálogos de seus acervos passaram a exigir atualização regular, tendo em vista o

aumento constante do número de livros publicados. A implementação de descobertas

tecnológicas a serviço dos interesses comerciais das potências da época, observam

Briggs e Burke (2006), levou à expansão de aspectos fundamentais da comunicação.

Entre os séculos XVII e XVIII, o sistema postal passou a seguir as rotas da prata

ligando México ou Peru ao Velho Mundo e do açúcar, conectando Caribe e Londres

(BRIGGS e BURKE, 2006; WEBER, 2015), assim como, no século XIX, a abertura do

Canal de Suez, em 1869, ligou Europa e o Oriente Médio (THUSSU, 2010). O uso de

máquinas a vapor, assegurava o envio de, em média, oito mil e quinhentas

correspondências por navio. Cartas, documentos, livros e jornais viajavam através do

transporte transatlântico (BRIGGS e BURKE, 2006). Outra tecnologia inglesa, a

ferroviária, conectou gradativamente várias partes do mundo, assegurando em escala

mundial a circulação de mercadorias, pessoas, informação - e poder. A comunicação

remota (e imediata) desenvolve-se com a invenção do sistema de telégrafos de Cooke e

Morse. O surgimento do cabo submarino permitiu estender e intensificar contatos entre

as nações no âmbito da expansão imperialista. Depois de 1870, as redes de cabos

submarinos praticamente passaram a cobrir o mundo ultrapassando em média 104.000

milhas. Cerca de 10% dessas milhas pertenciam à administração governamental

(MATTELART, 1995).

A América do Sul foi beneficiada pela existência do cabo transatlântico sul,

inaugurado em 1874, ligando Portugal e Brasil pelas cidades de Lisboa e Recife,

utilizando as ilhas de Cabo Verde e da Madeira. Segundo Thussu (2010), dois anos mais

tarde a costa do Chile recebeu o cabo submarino possibilitando que o império britânico

reforçasse sua presença no continente americano, e o florescimento de empresas

privadas tais como a Eastern Telegraph Company (Grã-Bretanha) e a Western Union

Telegraph (EUA), diretamente envolvidas na expansão dos meios de comunicação da

época. As ferrovias participaram das conquistas coloniais dos grandes impérios

europeus na África, ligando as cidades do Cabo e do Cairo. Ainda em 1870, a

conferência internacional telegráfica, realizada em Roma, deu início à regulação do

sistema. Em média, vinte e dois países participaram e concordaram com a criação,

alguns anos mais tarde, da União Postal Universal, e mais tarde a Convenção

Radiotelegráfica Internacional (MATTELART, 1995). Nos Estados Unidos da América

Page 6: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

6

do Norte, em 1876, a invenção do telefone (1860) superou expectativas - atravessou o

Atlântico e passou a ser adotada na Grã-Bretanha e na França, em 1881.

Uma inovação dos meios de comunicação que, intrinsecamente, contribuiu para

a expansão do sistema capitalista ocidental exportando visões de mundo, perspectivas

políticas, econômicas, sociais e culturais, foram as agências de notícia internacionais.

Durante o século XIX, quatro grandes agências ocidentais surgiram como empresas

privadas. A agência Havas, criada em 1835 por Charles-Louis Havas, com sede em

Paris (em 1944, Agência France Press-AFP). Dois ex-associados da Havas criaram suas

próprias agências de notícias: Barnhard Wolff criou a Wolff, em 1848, em Berlim, e

Paul Julius Reuter criou a Reuters, em 1851, em Londres. Em 1848 foi fundada nos

Estados Unidos a Associated Press (AP), com sede em Nova York. Em 1907 foi criada

uma segunda grande agência de notícias internacionais nos Estados Unidos, a United

Press Associations - UPI (SALINAS, 1984; AGUIAR, 2015; FONTES, 2015).

Boyd-Barrett (1980) identifica uma colaboração entre essas agências desde

1856, não só através de troca de informações, mas também configurada em um

poderoso cartel com direitos exclusivos, repartidos entre seus respectivos mercados

regionais. A região da América Latina durante anos foi administrada pelo cartel das

agências de notícias internacionais, principalmente Reuters e Havas, através do uso de

cabos submarinos fixados no Brasil desde 1874 (SALINAS, 1984). Após a primeira

guerra mundial, ficou claro o grau de dependência da América Latina em relação a essas

grandes agências de notícias, que para Aguiar (2015), devem ser descritas como

empresas que funcionam como produtoras, distribuidoras e reivindicadoras de

mercadorias produzidas em massa. Não apenas para um consumidor final, mas,

também, se necessário, destinado a um público varejista (BOYD-BARRETT, 1980), em

um tipo de estrutura que tem como base centralização, irradiação e uma alta

dependência quanto ao controle da notícia - cujo objetivo é produção em uma economia

de escala.

Hoje as agências seguem diferentes modelos. A France Press é uma agencia

estatal; a Thompson-Reuters é uma empresa privada; a Associated Press é uma

cooperativa constituída por jornais e estações de rádio e televisão norte-americanas.

Finalmente, mas não sendo menos importante, existem as agências do chamado terceiro

setor, como a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) que recebe

Page 7: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

7

subsídio das ONG’s. As agências podem ser também divididas em modelos globais,

transnacionais, nacionais e especializadas.

Durante a segunda guerra mundial algumas mudanças puderam ser notadas. A

Conferência de Paz e Guerra, em 1945, firmou o conceito do acesso livre à informação.

Nesse contexto, os Estados Unidos e suas delegações passaram a criar sessões dedicadas

(no âmbito da UNESCO) aos fluxos comunicacionais no mundo. A despeito dos

discursos sobre a neutralidade das agências internacionais de notícias, trata-se de

empresas, públicas ou privadas, que funcionam segundo a lógica capitalista, e que,

portanto, tanto na época da comunicação via telégrafo, via telex ou via satélite, seguem

estratégias mercadológicas em busca da ampliação constante de seus lucros.

Na América Latina, segundo Salinas (1984), a presença dos interesses norte-

americanos nos conglomerados comunicacionais representa cerca de 50% dos

investimentos nos jornais nacionais da região.

Destacadamente o rádio, a partir de 1920, possibilitou o desenvolvimento de

uma nova dimensão da propaganda. Passou a atingir um público mais amplo do que

aquele formado pelos leitores dos jornais: as famílias, o público feminino, o público

jovem, o público iletrado, o público estrangeiro. Briggs e Burke (2006) e Thussu (2010)

consideram que a União Soviética (URSS) teria sido a primeira potência a perceber a

importância política e estratégica da radiodifusão para a divulgação de valores políticos

através de transmissões regulares em alemão, francês, holandês e inglês.

Harry Truman argumentava que a propaganda usada pelas “forças do

comunismo imperialista” só podia ser vencida pela “verdade nua e crua”. A Voz da

América se tornou uma espécie de porta voz oficial do governo norte-americano e

permitiu que o presidente Truman (1945-1953) constituísse uma tribuna anti-comunista

através da chamada “Campanha pela Verdade”, definida no relatório NSC 68/1950, do

National Security Council, como “uma batalha, acima de tudo, pela mente dos homens”.

A Voice of America, Radio Free Europe e a Radio Liberation (depois rebatizada

de Radio Liberty) fizeram parte da ofensiva da “política de contenção” ao comunismo e

de exaltação aos valores do capitalismo. Por sua vez, a União Soviética reagia com

programações destinadas a combater a propaganda ocidental norte-americana. A Radio

Moscou aumentou suas transmissões em mandarim de 77 horas por semana, em 1967,

para 200 horas, em 1972.

Page 8: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

8

Esse breve resumo tem o objetivo de mostrar como os meios de comunicação

constituem-se em poderosos veículos de difusão de visões de mundo, de divulgação de

ideologias. Resultam em segregação e verticalização das sociedades, dos indivíduos que

o habitam (THUSSU, 2010) em uma estrutura que evidencia a ordem e a subordinação

em relação aos proprietários, representados por países que, por sua vez, representam os

interesses de grupos hegemônicos, políticos e/ou econômicos.

É a partir dessa perspectiva que podemos considerar que o uso dos meios de

comunicação de massas, por parte das grandes potências, no plano internacional, muito

além da mera propaganda transitória, também configura uma prática definida como

diplomacia pública (public diplomacy).

Public diplomacy... deals with the influence of public attitudes on the

formation and execution of foreign policies. It encompasses dimensions of

international relations beyond traditional diplomacy; the cultivation by

governments of public opinion in other countries; the interaction of private

groups and interests in one country with another; the reporting of foreign

affairs and its impact on policy; communication between those whose job is

communication, as diplomats and foreign correspondents; and the process of

intercultural communications4.

Essa definição não difere muito da proposta por Gilboa sobre diplomacia pública

na era da informação. O autor identifica três tipos principais de uso, e de resultados, das

mídias por parte da política externa e das negociações internacionais: public diplomacy,

media diplomacy e media-broker diplomacy. No primeiro caso, da diplomacia pública,

atores estatais e não estatais utilizam as mídias e outros canais de comunicação para

influenciar a opinião pública internacional. No segundo caso, os governos utilizam as

mídias para se comunicar com diferentes atores e promover resoluções de conflitos. No

terceiro caso, os jornalistas assumem, temporariamente, o papel de diplomatas servindo

como mediadores nas negociações internacionais (GILBOA, 2001).

Em vista da pesquisa realizada para este trabalho adotamos a perspectiva de

considerar que a problemática da comunicação, da cultura e da política externa são

vasos comunicantes dentro de uma única esfera (LESSA: draft, s/d).

2. ECONOMIA POLÍTICA, INDÚSTRIA CULTURAL, HEGEMONIA

4https://en.wikipedia.org/wiki/Public_diplomacy

Page 9: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

9

No capítulo O iluminismo como mistificação das massas, constante do ensaio Dialética

do Esclarecimento, de 1942, Adorno e Horkheimer analisam a similitude identificada na

produção cultural contemporânea, que gera uma ‘armadura conceitual” em escala. A

necessidade de ser uma obra única se relativiza, cinema e rádio se auto definem como

indústria.

A racionalidade técnica hoje é a racionalidade da própria dominação, é o

caráter repressivo da sociedade que se auto-aliena. Por hora a técnica da

indústria cultural só chegou à estandardização e à produção em série,

sacrificando aquilo pelo qual a lógica da obra de arte se distinguia da lógica

do sistema social. Mas isso não deve ser atribuído a uma lei de

desenvolvimento da técnica enquanto tal, mas à sua função na economia

contemporânea. [...] Se a tendência social objetiva da época se encarna nas

intenções dos diretores gerais, são estes os que integram originalmente os

setores mais poderosos da indústria: aço, petróleo, eletricidade, química. Os

monopólios culturais são, em comparação com estes, débeis e dependentes.

[...] A dependência da mais poderosa sociedade radiofônica em relação à

indústria elétrica, ou a do cinema aos bancos, define a esfera toda, cujos

setores singulares são ainda, por sua vez, co-interessados e economicamente

dependentes.” (ADORNO e HORKHEIMER, 2002, pp. 9-11).

A indústria cultural, esse setor altamente lucrativo da economia capitalista

contém intrinsecamente essa função alienante através de diversas formas - os meios de

comunicação sendo apenas mais uma de suas partes. As divisões existentes entre alta,

média e baixa cultura alimentam a desigualdade e tem estratégia e logística próprias

para o setor: A estética representa nada mais do que uma forma de estímulo à violência

já que enaltece ideias como repressão e subordinação.

Outro ponto interessante refere-se ao papel da imprensa escrita. Em sua obra O

que é Indústria Cultural, Teixeira Coelho (1996), defende que duas concepções devem

ter destaque sobre a indústria cultural. A reificação, ou coisificação, que tem por

objetivo transformar os indivíduos em coisas, objetos que podem ser consumidos nas

prateleiras de uma mercearia. E a alienação, compreendida diante da possibilidade dos

indivíduos serem trocados por um valor de moeda inferior ao valor de mercado. Isto é, o

que recebem os proletários não permite sequer a possibilidade de comprar os produtos

que os mesmos produzem nas fábricas.

A Teoria Crítica, a qual estão vinculados Adorno e Horkheimer, considera que a

indústria cultural beneficia apenas a grande burguesia e o Estado liberal. Isso ocorre

através do processo de alienação que cria meios e mecanismos para iludir o ser humano,

reduzido a consumidor, como, por exemplo, através do conceito de liberdade, que

Page 10: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

10

objetivamente não existe, posto que o sistema de produção da indústria cultural tudo

controla para a homogeneização e subordinação do indivíduo à ordem burguesa.

Não obstante, a industria cultural permanece a indústria do divertimento. O

seu poder sobre os consumidores é mediado pela diversão que, afinal, é

eliminada não por um mero diktat, mas sim pela hostilidade, inerente ao

próprio princípio do divertimento, diante de tudo que poderia ser mais do que

divertimento. [...] A diversão é o prolongamento do trabalho sob o

capitalismo tardio. Ela é procurada pelos que querem se subtrair aos

processos de trabalho mecanizado, para que estejam de novo em condições

de enfrentá-lo (ADORNO e HOKHEIMER, 2002, p.32).

A problemática da cultura e da comunicação ganhou renovada atenção ao ser

analisada por Althusser, que define como “aparelhos ideológicos do Estado”, os

sistemas religiosos, escolar, familiar, jurídico, político, sindical, “os meios informação

(a imprensa, o rádio, a televisão etc...) e a cultura (Letras, Belas Artes, esportes etc...).”

3. HEGEMONIA CULTURAL E COMUNICAÇÃO

Quando os discursos proferidos pelas mídias apresentam características

homogêneas, marcados pela ausência de contextualização e fundamentados por um viés

apologético isso dificulta a pluralidade de ideias, e impede que novas perspectivas

sejam debatidas fazendo com que o leitor, ouvinte ou internauta tenha apenas a visão

única que esses discursos oferecem. Gramsci (1982) destaca o papel das escolas de

jornalismo que teriam o objetivo de eliminar o caráter “diletante” dos primeiros

jornalistas e a busca da profissionalização do ofício, da criação de uma “profissão

qualificada”, para oferecer ao público informações e julgamentos independentes de

quaisquer interesses particulares (GRAMSCI, 1982, p.196). Porém, alerta Gramsci, os

meios de comunicação atuam de modo hegemônico. Através de uma repetição

metódica, sistemática, de forma e conteúdo. Raymond Williams (2005) chama atenção

para o fato de que a hegemonia é dinâmica, ou seja, ela se molda no contexto de um

processo social em curso. Esse dinamismo está atrelado à perspectiva de cooptar o

maior número de indivíduos, da melhor maneira, de forma a atender o ideal de

maximização do lucro da economia capitalista que se organiza, no início do século XX,

com forte concentração capitalista em direção a novos e longínquos mercados, aqui

pontuado por Lenin:

Page 11: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

11

Os grupos de monopólios capitalistas - cartéis, sindicatos, <<trusts>> -

partilham entre si em primeiro lugar o mercado interno, apoderando-se, de

um modo mais ou menos absoluto, de toda a produção do seu país. Mas, em

regime capitalista, o mercado interno está necessariamente ligado ao mercado

externo. Há já muito que o capitalismo criou o mercado mundial. E, à medida

que aumentava a exportação de capitais e que se foram alargando, sob todas

as formas, as relações com o estrangeiro, com as colônias e com as <<zonas

de influência>> dos maiores grupos monopolistas, a marcha <<natural>> das

coisas levou estes a um acordo universal, à formação de cartéis

internacionais. Esse novo grau de concentração do capital e da produção à

escala mundial é infinitamente mais elevado que os precedentes (LENIN,

1975, p.85).

Nessa configuração da economia internacional, no início do século XX, marcada

pela centralização econômica e prevalência do capital financeiro, a base econômica do

domínio estadunidense havia adquirido um papel cada vez mais importante nas relações

internacionais, transformando o “imperialismo cultural americano” em "dominação

cultural corporativa transnacional", conforme o identificado por Schiller (1976) e Santos

(2004).

Nesse sentido, a América Latina foi durante anos uma das principais esferas de

influência dos Estados Unidos, e de influência e propaganda da mídia norte-americana.

A dependência tecnológica dos Estados Unidos, ponderam Ianni (1975) e Schiller

(1978), em muito facilitou que muitas regiões do mundo adotassem a ideologia da

American Way of Life, através da propaganda disseminada pelos veículos de

comunicação mainstream, principalmente pelos programas de televisão, como um ideal

de sociedade “naturalmente” exportado, sem outras intenções que a exportação de

elementos do desenvolvimento tecnológico da potência hemisférica.

No Brasil, como em toda a região da América Latina, o “imperialismo sedutor”

galopante a partir da Segunda Guerra Mundial, visando promover o estreitamento das

relações americanas, principalmente através dos meios de comunicação (TOTA, 2000),

deu lugar à guerra fria cultural (SAUNDERS, 1999) que perdurou por toda a Guerra

Fria.

Entre os anos de 1970 e 1980, no âmbito da Organização das Nações Unidas

para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) foi publicado o relatório MacBride5

5 Relatório que aborda através da coleta e da difusão da informação ou sobre os meios de comunicação e

os principais problemas associados a eles. Partindo desde uma perspectiva histórica, sociológica e

política. Mais de 16 membros participaram de diversas partes do mundo com pensamentos dos mais

diversos buscando construir em medidas concretas as práticas realizadas pelos conglomerados

Page 12: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

12

e o livro Um mundo e Muitas Vozes: Comunicação e Informação na Nossa época, que

reportou as críticas aos domínios da comunicação global, ao imperialismo

comunicacional e à hegemonia cultural das grandes potências sobre os países do dito

Terceiro Mundo. A Comissão Internacional para os Estudos da Comunicação buscou

apresentar os problemas da comunicação nas sociedades modernas, indicando a

necessidade de se romper a forma engessada e verticalizada pela qual as mídias eram

concebidas.

Assim foi publicada uma Nova Ordem Mundial da Comunicação e da

Informação (NOMINIC), que deveria apontar as condições práticas para as mudanças

almejadas (UNESCO, 1983, XIII). Segundo a UNESCO (1983), os meios de

comunicação deveriam buscar uma “justiça”, uma “equidade”, uma “reciprocidade” no

intercâmbio das informações, com menos dependência em relação às correntes de

comunicação, menos difusão de mensagens em sentido descendente, maior

“autossuficiência” e identidade cultural local, e maior número de vantagens para toda a

Humanidade (UNESCO, 1983, XIII).

Tentativas apaziguadoras e reformistas em direção ao Terceiro Mundo, inclusive

através da ONU, como a criação da Comissão Econômica para a América Latina e o

Caribe (CEPAL) com o declarado fito de “estimular a cooperação” entre as grandes

potencias e os países da região da América Latina e do Caribe, tiveram naturalmente

equivalentes norte-americanos, como a USAID (Agência dos Estados Unidos para o

Desenvolvimento Internacional, criada em 1961), entre outros, estruturados no escopo

da Guerra Fria, da política de contenção e do imperialismo denunciado por tantas

correntes políticas e intelectuais desde os anos 1950, pelo menos no que concerne a

América Latina6.

Diferentes modos de mercantilização, de controle midiático, representam a busca

pelo aumento de receitas e lucros dos conglomerados comunicacionais. As empresas

midiáticas tentam a todo instante ampliar, homogeinizar o público, o telespectador, o

próprio mercado. Principalmente diante do processo de globalização, que permite que o

capital antes atrelado à burguesia-liberal seja transformado em capital monopolitsa e

comunicacionais. Era preciso romper com a antiga ordem e criar uma nova que possibilitasse a mudança

tanto na forma de se fazer comunicação como na forma prática (UNESCO, 1988, XII-XIII). 6 A USAID foi alvo de denúncias e críticas que associavam a Agencia à CIA e suas atividades fora dos

Estados Unidos.

Page 13: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

13

oligopoista. Como já abordaram Chomsky & Herman (1988), ou apenas Chomsky

(2003), há um investimento de patrocinadores para publicidade, valorizando uma

"invasão eletrônica", especialmente no Sul global, ameaçando minar as culturas

tradicionais e enfatizando o consumo globalizado em detrimento dos valores locais,

regionais, ou nacionais.

4. MODELO MIDIÁTICO LATINO AMERICANO

Os estudos sobre o modelo midiático latino-americano são baseados, em grande

parte, em referências bibliográficas e análises da fatura do Observatório de

Radiodifusão Pública na América Latina 7 e contam pesquisas que mapeiam as

diversidades dos meios de comunicação existentes, sobretudo televisão e emissoras de

rádio públicas, as respectivas logísticas, financiamentos, sistemas de gestão,

possibilidades de participação social, assimetrias, e questões de responsabilidade

editorial. Em termos de gestão da radiodifusão pública na região duas correntes devem

ser destacadas: Uma de perspectiva norte americana e outra européia. Ambas tratam da

relação cidadão e Estado (HALLIN e MANCINI: 2004).

É importante destacarmos que a América Latina é caracterizada pelo

patrimonialismo e pelo clientelismo. Grande parte das emissoras surgiu através de

iniciativas estatais, e das instituições vinculadas ao Estado, marcadas, portanto por forte

dependência editorial e financeira, submetidas a mecanismos de transparência e

accontability (ESCH; DEL BIANCO; MOREIRA, 2012).

As tradições autoritárias da política latino-americana em geral, que somente

apresentam uma democracia liberal recente, em grande parte mais para o final do século

XX, são acompanhadas por um alto grau de clientelismo que busca minar o

desenvolvimento da massa horizontal organizada por partidos políticos, principalmente

aqueles atrelados à classe trabalhadora.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observa-se que durante décadas, as relações internacionais negligenciaram a

interdisciplinaridade formal com os estudos midiáticos apesar das diplomacias pública,

7 Link: http://www.observatorioradiodifusao.net.br/

Page 14: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

14

cultural e midiática das agências de notícias internacionais, por intermédio de seus

cartéis, terem feito uso do imperialismo com a ajuda do capitalismo ocidental.

Nessa conjuntura caracterizada por diversos tipos de imperialismo e por

conflitos armados, como a primeira grande guerra (1914-1918), foi que a região da

América Latina começou a perceber o elevado grau de influência e de dependência

midiática, fruto das agências de notícias internacionais. A região da América Latina não

conseguia conquistar sua autonomia e/ou independência midiática e cultural. Após a

segunda grande guerra (1939-1945) tentou-se através de conferências, no âmbito da

UNESCO, obter acesso a livre circulação de informações, mas ainda assim havia

reticências por diversos países e suas respectivas hegemonias.

Ao fim da Guerra Fria (1991) os EUA passaram a proferir discursos no âmbito

das Nações Unidas a favor da livre circulação da informação. Ao mesmo tempo o

aspecto do imperialismo norte-americano, somado a política do livre-comércio, fez com

que a comunicação via satélite passasse a comandar o mundo. Cerca de 50% dos jornais

nacionais da região da América Latina se utilizavam de fontes oriundas dos Estados

Unidos. A ICANN - Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números,

responsável por conferir endereços numéricos do mundo todo, é localizada nos Estados

Unidos - foi criada pelo Departamento de Comércio do Governo norte americano.

Na América Latina como em alguns outros lugares, a geopolítica midiática foi

influenciada pela atuação de grandes potências através da logística do processo de

operação comunicacional, na maneira como atuou e ainda se mantém atuando no

sistema capitalista burguês liberal transnacional. Com bem dizia Raymond Williams

(2005), os meios de comunicação são meios de produção desde suas formas físicas mais

simples como a linguagem até as configurações de tecnologias mais avançadas. A

Teoria Crítica já abordava estas questões citadas dizendo inclusive que toda e qualquer

teoria é feita por alguém, com algum propósito e evidentemente expressa algum tipo de

interesse.

Na América Latina, é necessário buscar modelos próprios, como os movimentos

da contracultura ocorridos durante a década de 1950. As Conferências de Bandung

(1955), o Movimento dos Países Não-Alinhados mostraram que é possível a existência

de uma nova ordem política e econômica social no mundo. Programas como “A voz dos

Árabes” tornaram-se referências midiáticas e políticas através da transmissão de

Page 15: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

15

conteúdos informativos diferenciados. Era possível escutar discursos contra

hegemônicos em favor dos movimentos de libertação nacional a partir de perspectivas

pós-coloniais.

As teorias Sistema-Mundo e da Dependência contribuem para uma quebra

paradigmática, uma vez que oferecem um contraponto às formas engessadas do

pensamento vigente. Entre os anos de 1970 e 1980, o mundo assistiu, no âmbito da

Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura (UNESCO), a

manifestação de movimentos que buscaram questionar as verticalizações midiáticas e

culturais, promovidas durante anos pelos países desenvovidos, por intermédio de suas

respectivas agências de notícias internacionais. A publicação do relatório MacBride

tornou-se um marco para os estudos da comunicação e das relações internacionais, uma

vez que denunciava e apresentava as idiossincrasias dos países desenvolvidos sobre os

países em desenvolvimento. Além disso, o relatório defendia a configuração de uma

Norva Ordem Mundial da Comunicação e da Informação (NOMINIC).

Os anos 2000 também trouxeram marcos. Foi um período que registrou

expressões anti hegemônicas a partir da ascensão de governos progressistas na América

Latina e da tentativa dos BRICS em realizar um revisionismo na Ordem do Sistema

Internacional. Neste cenário buscou-se romper o modelo de comunicação caracterizado

pelo patrimonialismo, pelo clientelismo e pelo coronelismo eletrônico na região do

Cone Sul. Em grande medida, a maioria das emissoras surgiu a partir das iniciativas dos

governos e das instituições vinculadas ao aparato estatal onde não há independência

editorial, financeira. Além disso, a região tem tradições autoritárias e apresenta uma

democracia liberal recente, e em grande parte oriunda do século XX.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR, Pedro. “Marx Explica a Reuters: a economia política das agências de

notícias”. In. SILVA JR, José Afonso da; ESPERIDIÃO, Maria Cleidejane; AGUIAR,

Pedro (Org.). Agências de Notícias: Perspectivas Contemporâneas. Recife: Editora

UFPE, 2015.

ALTHUSSER, Louis. Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado. Rio de Janeiro:

Editora Martins Fontes, 1983.

Page 16: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

16

BOLAÑO, César. “O Conceito de cultura em Furtado e a problemática da Dependência

Cultural”. In. CALIXTRE, André Bojikian; NIEMEYER, Almeida Filho. Cátedras

para o desenvolvimento: patronos do Brasil. Rio de Janeiro: IPEA, 2014.

__________. Industria cultural, informação e capitalismo. São paulo: Ed. Hucitec/Ed.

polis, 2000.

BOURDIEU, Pierre. Sobre a Televisão. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2005.

BOYD-BARRETT, O. The International News Agencies. Londres: Constable, 1980.

__________. “National News Agencies in a Globalizing World”. In. SILVA JR, José

Afonso da; ESPERIDIÃO, Maria Cleidejane; AGUIAR, Pedro (Org.). Agências de

Notícias: Perspectivas Contemporâneas. Recife: Editora UFPE, 2014.

BRAVO, Concepción. El tiempo de los Incas.Madrid: Editorial Alhambra, 1986.

BRIGGS, Asa; BURKER, Peter. Uma História Social da Mídia: De Gutenberg à

Internet. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2006.

CHOMSKY, Noam; HERMAN, Edward. Manufacturing Consent: The Political

Economy of the Mass Media. Pantheon Books, 1988.

COELHO, Teixeira. Indústria Cultural. São Paulo: Editora Brasiliense, 1996.

ESCH, Carlos Eduardo; DEL BIANCO, Nelia Rodrigues; MOREIRA, Sonia Virgínia.

“Radiodifusão Pública: um desafio conceitual na América Latina”. In. Revista FSA.

Teresina: v. 10, nº. 4, art. 4, p. 67-86, Out./Dez, 2013.

FUENZALIDA, V. Situación de la televisión publica en América Latina. Lima.

Felafacs - Diálogos de la comunicación, nº 53 dezembro, 1998.

FURTADO, Celso. Economic Development of Latin America: Historical background

and contemporary problems. Segunda Edição. Cambridge: New York: Melbourne:

Cambridge University Press, 1976.

GATUNG, Johan. “A Structural Theory of Imperialism”. In. Journal of Peace

Research. Vol. 8, issue 2, 1971.

GILBOA, Eytan. “Diplomacy in the media age. Three models of uses and effects”. In.

Diplomacy & Statecraft. Vol..12, nº.2, p.1-28, 2001.

_________. “Global Communication and Foreign Policy”. In. Journal of

Communication. Dezembro de 2002. Acesso em: 23 jul. 2016.

Page 17: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

17

GOLDING, Peter; MURDOCK, Graham. (Eds.). The Political Economy of the Media.

Cheltenham, UK; Brookfield, US: The International Library of Studies in Media and

Culture, Vol. I, 1997.

GRAMSCI, A. Cadernos de um Cárcere. Vol. 3. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,

1983.

__________, A. Os intelectuais e a Organização da Cultura. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 1982.

HALLIN, Daniel; MANCINI, Paolo. Comparing Media Systems Beyond the Western

World. New York: Cambridge University Press, 2004.

__________; PAPATHANASSOPOULOS, Stylianos. “Political clientelism and the

media: southern Europe and Latin America in comparative perspective”. In. Media,

Culture & Society. London; Thousand Oaks; New Delhi: SAGE Publications, Vol. 24:

p. 175–195, 2002.

HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: O Breve Século XX (1914-1991). Rio de

Janeiro: Companhia das Letras, 2014.

HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor. A indústria cultural: o iluminismo como

mistificação de massas In ADORNO, Theodor. Indústria Cultural e Sociedade. Rio de

Janeiro: Editora Paz e Terra, 2005.

IANNI, Octavio. Imperialismo e Cultura. Petrópolis: Editora Vozes, 1976.

LAGE, Nilson. Ideologia e Técnica da Notícia. Florianópolis: Insular- EDUFSC, 2001.

LENIN, Vladimir I. Imperialismo, etapa superior ao Capitalismo. 2° edição. São Paulo:

Editorial Estampa, 1975.

LICHTENBERG, Judith. “Foundations and limits of freedom of press”. In.

LICHTENBERG, Judith. Democracy and The Mass Media. London: Cambridge

University Press, 1990.

MACBRIDE, Report. Communication and Society Today and Tomorrow, Many Voices

One World, Towards a new more just and more efficient world information and

communication order. Kogan Page, London/Uniput, New York/Unesco, Paris: Unesco,

1983.

MARX, Karl. Crítica a Economia Política. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

_________. Liberdade de Imprensa. Porto Alegre: Editora LPM Pocket, 1999.

Page 18: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

18

_________; ENGELS, Frederich. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Martins

Fontes, 2009.

MATTELART, Armand. Comunicação-mundo: história das idéias e das estratégias.

Petrópolis: Vozes, 1994.

MCLELLAN, David. “A Concepção Materialista da História”. In. SINGER, Peter.

Marx. São Paulo: Editora, 2015.

MOARES, Denis de. A batalha da Mídia: Governos Progressistas e Políticas de

Comunicação na América Latina e outros ensaios. Rio de Janeiro: Pão e Rosas, 2009.

_________. Vozes Abertas da América Latina: Estado, políticas públicas e

democratização da comunicação. Rio de Janeiro: Mauad X, 2011.

MOSCO, V. The political economy of communication: rethinking and renewal.

Londres: Sage, 2009.

MURDOCK, Graham; GOLDING, Peter. “For a Political Economy of Mass

Communications”. In. The Socialist Register, 1973.

NOGUEIRA, João Pontes; MESSARI, Nisar. Teoria das Relações Internacionais:

Correntes e Debates. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2010.

SALINAS, Raquel. Agencias Transnacionales de Informacion Yel Tercer Mundo.

Ecuador: The Quito Times, 1984.

SANTOS, Suzy dos. “Os prazos de validade dos coronelismos: transição no

coronelismo e no coronelismo eletrônico”. In. SARAVIA, Enrique; MARTINS, Paulo

Emílio Matos; PIERANTI, Octavio Penna (Org.). Democracia e Regulação: dos meios

de comunicação de massa. Rio de Janeiro: FGV, 2008.

SARTI, Ingrid. “Comunicação e dependência cultural: um equívoco”. In: WERTHEIN,

Jorge (Org.). Meios de comunicação: realidade e mito. São Paulo: Nacional, 1978.

SAUNDERS, Frances Stonor. La CIA y la guerra fria da cultura. ed. Debates, Madrid,

2001

SCHILLER, Hebert. O império norte-americano das comunicações. Petrópolis, Vozes,

1978.

SCHUDSON, Michael. Descobrindo a Notícia: Uma história social dos jornais nos

Estados Unidos. Petrópolis: Editora Vozes, 2010.

THUSSU, Daya Kishan. International Communication: Continuity and Change.

London: Oxford Press, 2000.

Page 19: XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM … · possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. ... nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991)

19

__________; “Mapping global media flow and contra-flow”. In. THUSSU, Daya

Kishan. Media on the Move: Global Flow and Contra-Flow. London: Routledge 2007.

TOTA, Antonio Pedro. O Imperialismo Sedutor. São Paulo, Cia. Das Letras, 2000.

TUNSTALL, Jeremy; PALMER, Michael. Media Moguls. London: Routledge, 1991.