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XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DO FÓRUM UNIVERSITÁRIO DO
MERCOSUL (FOMERCO)- INTEGRAÇÃO REGIONAL EM TEMPOS DE
CRISE: DESAFIOS POLÍTICOS E DILEMAS TEÓRICOS
GT7: COMUNICAÇÃO, INFORMAÇÃO E PODER
MÍDIA E ESTADO: UM PANORAMA SOBRE A AMÉRICA LATINA
FONTES, Pablo
LUZ, Cristina Rego Monteiro da
2
Salvador/ Bahia
Setembro de 2017
TÍTULO: MÍDIA E ESTADO: UM PANORAMA SOBRE A AMÉRICA LATINA
RESUMO: Este artigo tem como ponto de partida a relevância do papel desempenhado
pelas mídias nas relações internacionais. O mundo “encolhe” com a globalização na
instantaneidade das informações em fluxo, e o domínio das narrativas determina a
percepção da realidade. A “era da informação” passou a exigir novas estratégias de
comunicação por parte dos Estados e dos governos, como destacou VALENTE (2007),
sem que para isso, no mundo globalizado, se observasse o desaparecimento do caráter
nacional dos veículos de comunicação. Na América Latina, região marcada por
tradições políticas autoritárias, é possível historicizar as raízes de uma consistente
presença do “coronelismo eletrônico” - influência entre o poder público e o poder
privado vinculando meios de comunicação (SANTOS, 2006) e a constituição de
narrativas divulgadas por eles. O objetivo geral deste artigo é apontar para a relação
constitutiva entre a mídia e o estado, principalmente na região da América Latina, onde
grande parte das emissoras de rádio e televisão surgiu através de iniciativas estatais e
das instituições vinculadas ao Estado, instância marcada por forte dependência editorial
e financeira, submetida a mecanismos de accontability. Tem-se como hipótese principal
que a ênfase na relação histórica exercida pela economia liberal burguesa sobre os
conglomerados comunicacionais podem determinar e moldar a concepção das
informações a partir dos valores e dos interesses de seus proprietários, direcionando a
formação da opinião pública.
PALAVRAS-CHAVES: Mídia; Estado; América Latina; Regulação.
INTRODUÇÃO
A “era da informação”, a partir das últimas décadas do século XX, com a
internet, e aparelhos digitais transformando o status e as formas de consumo da
informação, passou a exigir ações por parte dos Estados e dos governos, como destacou
3
VALENTE (2007), sem que para isso, no mundo globalizado 1 , se observasse o
desaparecimento do caráter nacional dos veículos de comunicação. O trabalho exercido
pelas mídias com estrutura profissional de maior escala (as chamadas grande mídias),
como destacaram Chomsky e Hermam (1988), sempre representou o interesse daqueles
que financiam os conglomerados comunicacionais, ou seja, os empresários2. Contudo, é
importante observar que os meios de comunicação são também formas de organização
social que integram as relações sociais no cotidiano (WILLIAMS, 2005).
Para Adorno (2009) e Bolaño (2002), os meios de comunicação e a cultura são
preenchidos por ideologias mantidas e ocultadas através dos cálculos de probabilidades,
em grande percentual oriundos dos referenciais de lucro obtidos durante e após
processos de fabricação e venda. Discursos sobre autonomia, liberdade, igualdade, são
vendidos mostrando, criando e reforçando aparências ilusórias de conceitos vinculados
pela mídia (ALTHUSSER, 1978; BOLAÑO, 2002; ADORNO, 2009; ECO, 2015).
No contexto da América Latina, região marcada por tradições políticas
autoritárias, observa-se um alto grau de “coronelismo eletrônico” 3 . No entanto,
Lichtenberg considera que os veículos de comunicação impressa, sobretudo os latino
americanos, apresentam baixos níveis de circulação, mantendo um jornalismo
profissional relativamente associado à ideia romântica de que essa é uma profissão
“autônoma” (confusão muitas vezes alimentada pelo desconhecimento da deontologia
profissional do jornalista em confronto com os objetivos comerciais das empresas
jornalísticas), com forte tendência à produção de matérias opinativas, nas quais é
comum a inserção de comentários e opiniões do autor da matéria (LICHTENBERG,
1990).
1Compartilhamos a visao de David Held (1980) sobre a definição de globilização. 2Os magnatas da mídia são definidos como pessoas que além de serem proprietários dos meios de
comunicação operam assumindo, por exemplo, os riscos empresariais que possam existir. É importante
fazer uma distinção entre magnatas, príncipe da coroa e barão. O príncipe da coroa é compreendido como
aquele que herda propriedades midiáticas de seu pai como pioneiro. O barão atua como uma espécie de
gerente empresarial, ou seja, aquele que é um chefe do executivo assumindo os riscos empresariais que
possam a vir, contudo não é o último a conceder a palavra final. Devemos também destacar que os
magnatas exercem certo voyerismo para uma determinada classe social a medida que uma parte dos
jornalistas e publicitários percebem o elevado nível de influência que os magnatas exercem na política
nacional através de seu prestígio (TUNSTALL E PALMER, 1991). 3 O coronelismo eletrônico é o resultado da superposição de formas desenvolvidas do regime
representativo a uma estrutura econômica e social inadequada. Não é, pois, mera sobrevivência do poder
privado (...) é antes uma forma peculiar de manifestação do poder privado, ou seja, uma adaptação em
virtude da qual os resíduos de nosso antigo e exorbitante poder privado têm conseguido coexistir com um
regime político de extensa base representativa (SANTOS, 2008, p.224).
4
Alguns autores destacam como característica da indústria cultural latino-
americana uma dependência histórica da indústria cultural estrangeira. No que tange ao
sistema de comunicação social, observa-se forte privatização, organização em
oligopólios familiares e uma visível ausência de televisões estatais de peso, a exemplo
do que existe na Europa, conformando, dessa forma, uma indústria cultural latino-
americana, marcada pela ausência de autonomia e liberdade de sua produção em relação
ao mercado. (HALLIN e PAPATHANASSOPOULOS, 2002).
Esse quadro teria sofrido variações na passagem do século XX para o XXI,
quando foram eleitos governos progressistas em vários países latinos americanos,
muitos advindos de correntes ideológicas de esquerda. Esses governos rechaçaram a
agenda neoliberal em curso na década de 1990, pautada nas diretivas do Consenso de
Washington. Alteraram as agendas políticas de seus países, e, por conseguinte, a
inserção internacional dos mesmos (BETHELL, 1999; 2000; MORAES, 2009;
VIZENTINI, 1996; HOBSBAWM, 2014). Mas alguns aspectos mantêm-se presentes
através dos tempos registrados no recorte desse trabalho.
1. ORIGENS DA COMUNICAÇÃO DE MASSAS
Desde a Pérsia até o antigo Império Romano, passando pelas cordilheiras andinas,
as redes de comunicação foram fundamentais para o estabelecimento do poder político e
do comércio internacional. Na Roma Antiga, a Acta Diurna, gravado em pedra,
considerado o primeiro jornal conhecido, foi criado por ordem de Júlio César em 69
A.C. para ser lido nos espaços públicos. Destinava-se a comunicar, top-down,
determinações e fatos de natureza diversa. Os incas utilizavam os quipos, cordões
amarrados a partir de uma linha mestra, em que cores e nós colocados em ordem
determinada continham informações que atravessavam a pé o território do império nas
mãos dos chaskis (mensageiros) com informações sobre censo populacional e colheitas.
Mas, foi em 1450, com a invenção da prensa de tipos móveis de Gutemberg, que um
salto tecnológico fundamental determinou a ampliação da comunicação através da
imprensa pré-industrial. A expansão desse mercado editorial foi tremenda. Já a partir do
ano de 1500 significou uma média de vinte e sete mil edições de livros, quinhentas
cópias por edição, representando cerca de treze milhões de exemplares em circulação na
Europa do século XVI. No século XVII, as bibliotecas tiveram suas bases ampliadas e
5
catálogos de seus acervos passaram a exigir atualização regular, tendo em vista o
aumento constante do número de livros publicados. A implementação de descobertas
tecnológicas a serviço dos interesses comerciais das potências da época, observam
Briggs e Burke (2006), levou à expansão de aspectos fundamentais da comunicação.
Entre os séculos XVII e XVIII, o sistema postal passou a seguir as rotas da prata
ligando México ou Peru ao Velho Mundo e do açúcar, conectando Caribe e Londres
(BRIGGS e BURKE, 2006; WEBER, 2015), assim como, no século XIX, a abertura do
Canal de Suez, em 1869, ligou Europa e o Oriente Médio (THUSSU, 2010). O uso de
máquinas a vapor, assegurava o envio de, em média, oito mil e quinhentas
correspondências por navio. Cartas, documentos, livros e jornais viajavam através do
transporte transatlântico (BRIGGS e BURKE, 2006). Outra tecnologia inglesa, a
ferroviária, conectou gradativamente várias partes do mundo, assegurando em escala
mundial a circulação de mercadorias, pessoas, informação - e poder. A comunicação
remota (e imediata) desenvolve-se com a invenção do sistema de telégrafos de Cooke e
Morse. O surgimento do cabo submarino permitiu estender e intensificar contatos entre
as nações no âmbito da expansão imperialista. Depois de 1870, as redes de cabos
submarinos praticamente passaram a cobrir o mundo ultrapassando em média 104.000
milhas. Cerca de 10% dessas milhas pertenciam à administração governamental
(MATTELART, 1995).
A América do Sul foi beneficiada pela existência do cabo transatlântico sul,
inaugurado em 1874, ligando Portugal e Brasil pelas cidades de Lisboa e Recife,
utilizando as ilhas de Cabo Verde e da Madeira. Segundo Thussu (2010), dois anos mais
tarde a costa do Chile recebeu o cabo submarino possibilitando que o império britânico
reforçasse sua presença no continente americano, e o florescimento de empresas
privadas tais como a Eastern Telegraph Company (Grã-Bretanha) e a Western Union
Telegraph (EUA), diretamente envolvidas na expansão dos meios de comunicação da
época. As ferrovias participaram das conquistas coloniais dos grandes impérios
europeus na África, ligando as cidades do Cabo e do Cairo. Ainda em 1870, a
conferência internacional telegráfica, realizada em Roma, deu início à regulação do
sistema. Em média, vinte e dois países participaram e concordaram com a criação,
alguns anos mais tarde, da União Postal Universal, e mais tarde a Convenção
Radiotelegráfica Internacional (MATTELART, 1995). Nos Estados Unidos da América
6
do Norte, em 1876, a invenção do telefone (1860) superou expectativas - atravessou o
Atlântico e passou a ser adotada na Grã-Bretanha e na França, em 1881.
Uma inovação dos meios de comunicação que, intrinsecamente, contribuiu para
a expansão do sistema capitalista ocidental exportando visões de mundo, perspectivas
políticas, econômicas, sociais e culturais, foram as agências de notícia internacionais.
Durante o século XIX, quatro grandes agências ocidentais surgiram como empresas
privadas. A agência Havas, criada em 1835 por Charles-Louis Havas, com sede em
Paris (em 1944, Agência France Press-AFP). Dois ex-associados da Havas criaram suas
próprias agências de notícias: Barnhard Wolff criou a Wolff, em 1848, em Berlim, e
Paul Julius Reuter criou a Reuters, em 1851, em Londres. Em 1848 foi fundada nos
Estados Unidos a Associated Press (AP), com sede em Nova York. Em 1907 foi criada
uma segunda grande agência de notícias internacionais nos Estados Unidos, a United
Press Associations - UPI (SALINAS, 1984; AGUIAR, 2015; FONTES, 2015).
Boyd-Barrett (1980) identifica uma colaboração entre essas agências desde
1856, não só através de troca de informações, mas também configurada em um
poderoso cartel com direitos exclusivos, repartidos entre seus respectivos mercados
regionais. A região da América Latina durante anos foi administrada pelo cartel das
agências de notícias internacionais, principalmente Reuters e Havas, através do uso de
cabos submarinos fixados no Brasil desde 1874 (SALINAS, 1984). Após a primeira
guerra mundial, ficou claro o grau de dependência da América Latina em relação a essas
grandes agências de notícias, que para Aguiar (2015), devem ser descritas como
empresas que funcionam como produtoras, distribuidoras e reivindicadoras de
mercadorias produzidas em massa. Não apenas para um consumidor final, mas,
também, se necessário, destinado a um público varejista (BOYD-BARRETT, 1980), em
um tipo de estrutura que tem como base centralização, irradiação e uma alta
dependência quanto ao controle da notícia - cujo objetivo é produção em uma economia
de escala.
Hoje as agências seguem diferentes modelos. A France Press é uma agencia
estatal; a Thompson-Reuters é uma empresa privada; a Associated Press é uma
cooperativa constituída por jornais e estações de rádio e televisão norte-americanas.
Finalmente, mas não sendo menos importante, existem as agências do chamado terceiro
setor, como a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) que recebe
7
subsídio das ONG’s. As agências podem ser também divididas em modelos globais,
transnacionais, nacionais e especializadas.
Durante a segunda guerra mundial algumas mudanças puderam ser notadas. A
Conferência de Paz e Guerra, em 1945, firmou o conceito do acesso livre à informação.
Nesse contexto, os Estados Unidos e suas delegações passaram a criar sessões dedicadas
(no âmbito da UNESCO) aos fluxos comunicacionais no mundo. A despeito dos
discursos sobre a neutralidade das agências internacionais de notícias, trata-se de
empresas, públicas ou privadas, que funcionam segundo a lógica capitalista, e que,
portanto, tanto na época da comunicação via telégrafo, via telex ou via satélite, seguem
estratégias mercadológicas em busca da ampliação constante de seus lucros.
Na América Latina, segundo Salinas (1984), a presença dos interesses norte-
americanos nos conglomerados comunicacionais representa cerca de 50% dos
investimentos nos jornais nacionais da região.
Destacadamente o rádio, a partir de 1920, possibilitou o desenvolvimento de
uma nova dimensão da propaganda. Passou a atingir um público mais amplo do que
aquele formado pelos leitores dos jornais: as famílias, o público feminino, o público
jovem, o público iletrado, o público estrangeiro. Briggs e Burke (2006) e Thussu (2010)
consideram que a União Soviética (URSS) teria sido a primeira potência a perceber a
importância política e estratégica da radiodifusão para a divulgação de valores políticos
através de transmissões regulares em alemão, francês, holandês e inglês.
Harry Truman argumentava que a propaganda usada pelas “forças do
comunismo imperialista” só podia ser vencida pela “verdade nua e crua”. A Voz da
América se tornou uma espécie de porta voz oficial do governo norte-americano e
permitiu que o presidente Truman (1945-1953) constituísse uma tribuna anti-comunista
através da chamada “Campanha pela Verdade”, definida no relatório NSC 68/1950, do
National Security Council, como “uma batalha, acima de tudo, pela mente dos homens”.
A Voice of America, Radio Free Europe e a Radio Liberation (depois rebatizada
de Radio Liberty) fizeram parte da ofensiva da “política de contenção” ao comunismo e
de exaltação aos valores do capitalismo. Por sua vez, a União Soviética reagia com
programações destinadas a combater a propaganda ocidental norte-americana. A Radio
Moscou aumentou suas transmissões em mandarim de 77 horas por semana, em 1967,
para 200 horas, em 1972.
8
Esse breve resumo tem o objetivo de mostrar como os meios de comunicação
constituem-se em poderosos veículos de difusão de visões de mundo, de divulgação de
ideologias. Resultam em segregação e verticalização das sociedades, dos indivíduos que
o habitam (THUSSU, 2010) em uma estrutura que evidencia a ordem e a subordinação
em relação aos proprietários, representados por países que, por sua vez, representam os
interesses de grupos hegemônicos, políticos e/ou econômicos.
É a partir dessa perspectiva que podemos considerar que o uso dos meios de
comunicação de massas, por parte das grandes potências, no plano internacional, muito
além da mera propaganda transitória, também configura uma prática definida como
diplomacia pública (public diplomacy).
Public diplomacy... deals with the influence of public attitudes on the
formation and execution of foreign policies. It encompasses dimensions of
international relations beyond traditional diplomacy; the cultivation by
governments of public opinion in other countries; the interaction of private
groups and interests in one country with another; the reporting of foreign
affairs and its impact on policy; communication between those whose job is
communication, as diplomats and foreign correspondents; and the process of
intercultural communications4.
Essa definição não difere muito da proposta por Gilboa sobre diplomacia pública
na era da informação. O autor identifica três tipos principais de uso, e de resultados, das
mídias por parte da política externa e das negociações internacionais: public diplomacy,
media diplomacy e media-broker diplomacy. No primeiro caso, da diplomacia pública,
atores estatais e não estatais utilizam as mídias e outros canais de comunicação para
influenciar a opinião pública internacional. No segundo caso, os governos utilizam as
mídias para se comunicar com diferentes atores e promover resoluções de conflitos. No
terceiro caso, os jornalistas assumem, temporariamente, o papel de diplomatas servindo
como mediadores nas negociações internacionais (GILBOA, 2001).
Em vista da pesquisa realizada para este trabalho adotamos a perspectiva de
considerar que a problemática da comunicação, da cultura e da política externa são
vasos comunicantes dentro de uma única esfera (LESSA: draft, s/d).
2. ECONOMIA POLÍTICA, INDÚSTRIA CULTURAL, HEGEMONIA
4https://en.wikipedia.org/wiki/Public_diplomacy
9
No capítulo O iluminismo como mistificação das massas, constante do ensaio Dialética
do Esclarecimento, de 1942, Adorno e Horkheimer analisam a similitude identificada na
produção cultural contemporânea, que gera uma ‘armadura conceitual” em escala. A
necessidade de ser uma obra única se relativiza, cinema e rádio se auto definem como
indústria.
A racionalidade técnica hoje é a racionalidade da própria dominação, é o
caráter repressivo da sociedade que se auto-aliena. Por hora a técnica da
indústria cultural só chegou à estandardização e à produção em série,
sacrificando aquilo pelo qual a lógica da obra de arte se distinguia da lógica
do sistema social. Mas isso não deve ser atribuído a uma lei de
desenvolvimento da técnica enquanto tal, mas à sua função na economia
contemporânea. [...] Se a tendência social objetiva da época se encarna nas
intenções dos diretores gerais, são estes os que integram originalmente os
setores mais poderosos da indústria: aço, petróleo, eletricidade, química. Os
monopólios culturais são, em comparação com estes, débeis e dependentes.
[...] A dependência da mais poderosa sociedade radiofônica em relação à
indústria elétrica, ou a do cinema aos bancos, define a esfera toda, cujos
setores singulares são ainda, por sua vez, co-interessados e economicamente
dependentes.” (ADORNO e HORKHEIMER, 2002, pp. 9-11).
A indústria cultural, esse setor altamente lucrativo da economia capitalista
contém intrinsecamente essa função alienante através de diversas formas - os meios de
comunicação sendo apenas mais uma de suas partes. As divisões existentes entre alta,
média e baixa cultura alimentam a desigualdade e tem estratégia e logística próprias
para o setor: A estética representa nada mais do que uma forma de estímulo à violência
já que enaltece ideias como repressão e subordinação.
Outro ponto interessante refere-se ao papel da imprensa escrita. Em sua obra O
que é Indústria Cultural, Teixeira Coelho (1996), defende que duas concepções devem
ter destaque sobre a indústria cultural. A reificação, ou coisificação, que tem por
objetivo transformar os indivíduos em coisas, objetos que podem ser consumidos nas
prateleiras de uma mercearia. E a alienação, compreendida diante da possibilidade dos
indivíduos serem trocados por um valor de moeda inferior ao valor de mercado. Isto é, o
que recebem os proletários não permite sequer a possibilidade de comprar os produtos
que os mesmos produzem nas fábricas.
A Teoria Crítica, a qual estão vinculados Adorno e Horkheimer, considera que a
indústria cultural beneficia apenas a grande burguesia e o Estado liberal. Isso ocorre
através do processo de alienação que cria meios e mecanismos para iludir o ser humano,
reduzido a consumidor, como, por exemplo, através do conceito de liberdade, que
10
objetivamente não existe, posto que o sistema de produção da indústria cultural tudo
controla para a homogeneização e subordinação do indivíduo à ordem burguesa.
Não obstante, a industria cultural permanece a indústria do divertimento. O
seu poder sobre os consumidores é mediado pela diversão que, afinal, é
eliminada não por um mero diktat, mas sim pela hostilidade, inerente ao
próprio princípio do divertimento, diante de tudo que poderia ser mais do que
divertimento. [...] A diversão é o prolongamento do trabalho sob o
capitalismo tardio. Ela é procurada pelos que querem se subtrair aos
processos de trabalho mecanizado, para que estejam de novo em condições
de enfrentá-lo (ADORNO e HOKHEIMER, 2002, p.32).
A problemática da cultura e da comunicação ganhou renovada atenção ao ser
analisada por Althusser, que define como “aparelhos ideológicos do Estado”, os
sistemas religiosos, escolar, familiar, jurídico, político, sindical, “os meios informação
(a imprensa, o rádio, a televisão etc...) e a cultura (Letras, Belas Artes, esportes etc...).”
3. HEGEMONIA CULTURAL E COMUNICAÇÃO
Quando os discursos proferidos pelas mídias apresentam características
homogêneas, marcados pela ausência de contextualização e fundamentados por um viés
apologético isso dificulta a pluralidade de ideias, e impede que novas perspectivas
sejam debatidas fazendo com que o leitor, ouvinte ou internauta tenha apenas a visão
única que esses discursos oferecem. Gramsci (1982) destaca o papel das escolas de
jornalismo que teriam o objetivo de eliminar o caráter “diletante” dos primeiros
jornalistas e a busca da profissionalização do ofício, da criação de uma “profissão
qualificada”, para oferecer ao público informações e julgamentos independentes de
quaisquer interesses particulares (GRAMSCI, 1982, p.196). Porém, alerta Gramsci, os
meios de comunicação atuam de modo hegemônico. Através de uma repetição
metódica, sistemática, de forma e conteúdo. Raymond Williams (2005) chama atenção
para o fato de que a hegemonia é dinâmica, ou seja, ela se molda no contexto de um
processo social em curso. Esse dinamismo está atrelado à perspectiva de cooptar o
maior número de indivíduos, da melhor maneira, de forma a atender o ideal de
maximização do lucro da economia capitalista que se organiza, no início do século XX,
com forte concentração capitalista em direção a novos e longínquos mercados, aqui
pontuado por Lenin:
11
Os grupos de monopólios capitalistas - cartéis, sindicatos, <<trusts>> -
partilham entre si em primeiro lugar o mercado interno, apoderando-se, de
um modo mais ou menos absoluto, de toda a produção do seu país. Mas, em
regime capitalista, o mercado interno está necessariamente ligado ao mercado
externo. Há já muito que o capitalismo criou o mercado mundial. E, à medida
que aumentava a exportação de capitais e que se foram alargando, sob todas
as formas, as relações com o estrangeiro, com as colônias e com as <<zonas
de influência>> dos maiores grupos monopolistas, a marcha <<natural>> das
coisas levou estes a um acordo universal, à formação de cartéis
internacionais. Esse novo grau de concentração do capital e da produção à
escala mundial é infinitamente mais elevado que os precedentes (LENIN,
1975, p.85).
Nessa configuração da economia internacional, no início do século XX, marcada
pela centralização econômica e prevalência do capital financeiro, a base econômica do
domínio estadunidense havia adquirido um papel cada vez mais importante nas relações
internacionais, transformando o “imperialismo cultural americano” em "dominação
cultural corporativa transnacional", conforme o identificado por Schiller (1976) e Santos
(2004).
Nesse sentido, a América Latina foi durante anos uma das principais esferas de
influência dos Estados Unidos, e de influência e propaganda da mídia norte-americana.
A dependência tecnológica dos Estados Unidos, ponderam Ianni (1975) e Schiller
(1978), em muito facilitou que muitas regiões do mundo adotassem a ideologia da
American Way of Life, através da propaganda disseminada pelos veículos de
comunicação mainstream, principalmente pelos programas de televisão, como um ideal
de sociedade “naturalmente” exportado, sem outras intenções que a exportação de
elementos do desenvolvimento tecnológico da potência hemisférica.
No Brasil, como em toda a região da América Latina, o “imperialismo sedutor”
galopante a partir da Segunda Guerra Mundial, visando promover o estreitamento das
relações americanas, principalmente através dos meios de comunicação (TOTA, 2000),
deu lugar à guerra fria cultural (SAUNDERS, 1999) que perdurou por toda a Guerra
Fria.
Entre os anos de 1970 e 1980, no âmbito da Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) foi publicado o relatório MacBride5
5 Relatório que aborda através da coleta e da difusão da informação ou sobre os meios de comunicação e
os principais problemas associados a eles. Partindo desde uma perspectiva histórica, sociológica e
política. Mais de 16 membros participaram de diversas partes do mundo com pensamentos dos mais
diversos buscando construir em medidas concretas as práticas realizadas pelos conglomerados
12
e o livro Um mundo e Muitas Vozes: Comunicação e Informação na Nossa época, que
reportou as críticas aos domínios da comunicação global, ao imperialismo
comunicacional e à hegemonia cultural das grandes potências sobre os países do dito
Terceiro Mundo. A Comissão Internacional para os Estudos da Comunicação buscou
apresentar os problemas da comunicação nas sociedades modernas, indicando a
necessidade de se romper a forma engessada e verticalizada pela qual as mídias eram
concebidas.
Assim foi publicada uma Nova Ordem Mundial da Comunicação e da
Informação (NOMINIC), que deveria apontar as condições práticas para as mudanças
almejadas (UNESCO, 1983, XIII). Segundo a UNESCO (1983), os meios de
comunicação deveriam buscar uma “justiça”, uma “equidade”, uma “reciprocidade” no
intercâmbio das informações, com menos dependência em relação às correntes de
comunicação, menos difusão de mensagens em sentido descendente, maior
“autossuficiência” e identidade cultural local, e maior número de vantagens para toda a
Humanidade (UNESCO, 1983, XIII).
Tentativas apaziguadoras e reformistas em direção ao Terceiro Mundo, inclusive
através da ONU, como a criação da Comissão Econômica para a América Latina e o
Caribe (CEPAL) com o declarado fito de “estimular a cooperação” entre as grandes
potencias e os países da região da América Latina e do Caribe, tiveram naturalmente
equivalentes norte-americanos, como a USAID (Agência dos Estados Unidos para o
Desenvolvimento Internacional, criada em 1961), entre outros, estruturados no escopo
da Guerra Fria, da política de contenção e do imperialismo denunciado por tantas
correntes políticas e intelectuais desde os anos 1950, pelo menos no que concerne a
América Latina6.
Diferentes modos de mercantilização, de controle midiático, representam a busca
pelo aumento de receitas e lucros dos conglomerados comunicacionais. As empresas
midiáticas tentam a todo instante ampliar, homogeinizar o público, o telespectador, o
próprio mercado. Principalmente diante do processo de globalização, que permite que o
capital antes atrelado à burguesia-liberal seja transformado em capital monopolitsa e
comunicacionais. Era preciso romper com a antiga ordem e criar uma nova que possibilitasse a mudança
tanto na forma de se fazer comunicação como na forma prática (UNESCO, 1988, XII-XIII). 6 A USAID foi alvo de denúncias e críticas que associavam a Agencia à CIA e suas atividades fora dos
Estados Unidos.
13
oligopoista. Como já abordaram Chomsky & Herman (1988), ou apenas Chomsky
(2003), há um investimento de patrocinadores para publicidade, valorizando uma
"invasão eletrônica", especialmente no Sul global, ameaçando minar as culturas
tradicionais e enfatizando o consumo globalizado em detrimento dos valores locais,
regionais, ou nacionais.
4. MODELO MIDIÁTICO LATINO AMERICANO
Os estudos sobre o modelo midiático latino-americano são baseados, em grande
parte, em referências bibliográficas e análises da fatura do Observatório de
Radiodifusão Pública na América Latina 7 e contam pesquisas que mapeiam as
diversidades dos meios de comunicação existentes, sobretudo televisão e emissoras de
rádio públicas, as respectivas logísticas, financiamentos, sistemas de gestão,
possibilidades de participação social, assimetrias, e questões de responsabilidade
editorial. Em termos de gestão da radiodifusão pública na região duas correntes devem
ser destacadas: Uma de perspectiva norte americana e outra européia. Ambas tratam da
relação cidadão e Estado (HALLIN e MANCINI: 2004).
É importante destacarmos que a América Latina é caracterizada pelo
patrimonialismo e pelo clientelismo. Grande parte das emissoras surgiu através de
iniciativas estatais, e das instituições vinculadas ao Estado, marcadas, portanto por forte
dependência editorial e financeira, submetidas a mecanismos de transparência e
accontability (ESCH; DEL BIANCO; MOREIRA, 2012).
As tradições autoritárias da política latino-americana em geral, que somente
apresentam uma democracia liberal recente, em grande parte mais para o final do século
XX, são acompanhadas por um alto grau de clientelismo que busca minar o
desenvolvimento da massa horizontal organizada por partidos políticos, principalmente
aqueles atrelados à classe trabalhadora.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se que durante décadas, as relações internacionais negligenciaram a
interdisciplinaridade formal com os estudos midiáticos apesar das diplomacias pública,
7 Link: http://www.observatorioradiodifusao.net.br/
14
cultural e midiática das agências de notícias internacionais, por intermédio de seus
cartéis, terem feito uso do imperialismo com a ajuda do capitalismo ocidental.
Nessa conjuntura caracterizada por diversos tipos de imperialismo e por
conflitos armados, como a primeira grande guerra (1914-1918), foi que a região da
América Latina começou a perceber o elevado grau de influência e de dependência
midiática, fruto das agências de notícias internacionais. A região da América Latina não
conseguia conquistar sua autonomia e/ou independência midiática e cultural. Após a
segunda grande guerra (1939-1945) tentou-se através de conferências, no âmbito da
UNESCO, obter acesso a livre circulação de informações, mas ainda assim havia
reticências por diversos países e suas respectivas hegemonias.
Ao fim da Guerra Fria (1991) os EUA passaram a proferir discursos no âmbito
das Nações Unidas a favor da livre circulação da informação. Ao mesmo tempo o
aspecto do imperialismo norte-americano, somado a política do livre-comércio, fez com
que a comunicação via satélite passasse a comandar o mundo. Cerca de 50% dos jornais
nacionais da região da América Latina se utilizavam de fontes oriundas dos Estados
Unidos. A ICANN - Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números,
responsável por conferir endereços numéricos do mundo todo, é localizada nos Estados
Unidos - foi criada pelo Departamento de Comércio do Governo norte americano.
Na América Latina como em alguns outros lugares, a geopolítica midiática foi
influenciada pela atuação de grandes potências através da logística do processo de
operação comunicacional, na maneira como atuou e ainda se mantém atuando no
sistema capitalista burguês liberal transnacional. Com bem dizia Raymond Williams
(2005), os meios de comunicação são meios de produção desde suas formas físicas mais
simples como a linguagem até as configurações de tecnologias mais avançadas. A
Teoria Crítica já abordava estas questões citadas dizendo inclusive que toda e qualquer
teoria é feita por alguém, com algum propósito e evidentemente expressa algum tipo de
interesse.
Na América Latina, é necessário buscar modelos próprios, como os movimentos
da contracultura ocorridos durante a década de 1950. As Conferências de Bandung
(1955), o Movimento dos Países Não-Alinhados mostraram que é possível a existência
de uma nova ordem política e econômica social no mundo. Programas como “A voz dos
Árabes” tornaram-se referências midiáticas e políticas através da transmissão de
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conteúdos informativos diferenciados. Era possível escutar discursos contra
hegemônicos em favor dos movimentos de libertação nacional a partir de perspectivas
pós-coloniais.
As teorias Sistema-Mundo e da Dependência contribuem para uma quebra
paradigmática, uma vez que oferecem um contraponto às formas engessadas do
pensamento vigente. Entre os anos de 1970 e 1980, o mundo assistiu, no âmbito da
Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura (UNESCO), a
manifestação de movimentos que buscaram questionar as verticalizações midiáticas e
culturais, promovidas durante anos pelos países desenvovidos, por intermédio de suas
respectivas agências de notícias internacionais. A publicação do relatório MacBride
tornou-se um marco para os estudos da comunicação e das relações internacionais, uma
vez que denunciava e apresentava as idiossincrasias dos países desenvolvidos sobre os
países em desenvolvimento. Além disso, o relatório defendia a configuração de uma
Norva Ordem Mundial da Comunicação e da Informação (NOMINIC).
Os anos 2000 também trouxeram marcos. Foi um período que registrou
expressões anti hegemônicas a partir da ascensão de governos progressistas na América
Latina e da tentativa dos BRICS em realizar um revisionismo na Ordem do Sistema
Internacional. Neste cenário buscou-se romper o modelo de comunicação caracterizado
pelo patrimonialismo, pelo clientelismo e pelo coronelismo eletrônico na região do
Cone Sul. Em grande medida, a maioria das emissoras surgiu a partir das iniciativas dos
governos e das instituições vinculadas ao aparato estatal onde não há independência
editorial, financeira. Além disso, a região tem tradições autoritárias e apresenta uma
democracia liberal recente, e em grande parte oriunda do século XX.
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