Upload
flavio-ferreira
View
215
Download
2
Embed Size (px)
Citation preview
Aula especial: Max Weber
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 1
A política como vocaçãoProf. M. Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior
Dados biográficos
� Sociólogo alemão, nasceu em21/04/1864 em Erfurt e morreu em 14/06/1920, em Munique, vítima de pneumonia aguda;
� Período histórico: unificação alemã com Bismarck (1871), I Guerra Mundial (1914-
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 2
Bismarck (1871), I Guerra Mundial (1914-1918).
� Sua obra influenciou inúmeras áreas do saber, dentre as quais: sociologia, política, história, economia, metodologia e direito;
� Principais livros: A ética protestante e o espírito do capitalismo; Economia e sociedade; além de inúmeros ensaios publicados em coletâneas sobre o autor.
“NADA TEM VALOR PARA O HOMEM, ENQUANTO HOMEM, SE NÃO PODE
FAZÊ-LO COM PAIXÃO.”
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 3
FAZÊ-LO COM PAIXÃO.”
Max Weber (1864-1920)
Introdução
� “Politik als beruf” ou “A política como vocação” foi, originalmente, um discurso pronunciado na Universidade de Munique em 1918, e teve sua primeira publicação no ano seguinte por Duncker &
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 4
primeira publicação no ano seguinte por Duncker & Humboldt;
� Idéias centrais desenvolvidas neste artigo: O que é a política, o Estado (moderno) e seu desenvolvimento, a burocracia, os tipos de dominação (tipos ideais), a relação entre moral e política.
Política
�Liderança ou influência sobre a liderança deuma associação política (Estado).
Significaparticipaçãono poderou luta para
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 5
�Significaparticipaçãono poderou luta parainfluir na distribuição de poder, seja entreos Estados ou entre os grupos dentro de umEstado.
� Não pode ser definido em termos de seus fins, uma vez que já se propôs a praticamente tudo (não há tarefas que se pode dizer que tenha sido sempre exclusivamente e peculiarmente do Estado).
Estado
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 6
peculiarmente do Estado).• Nas concepções idealistas que Weber critica, o Estado era definido
teleologicamente, fosse seu fim a Justiça, o Bem Comum, a Ordem, o Bem-Estar ou Felicidade dos súditos, etc...
• Fim do Estado em: Roma (expansão), Esparta (guerra), Judeus e Muçulmanos (religião), Marselheses (comércio), etc...
• Fim mínimo do Estado: sua conservação (manutenção da ordem interna e afirmação no plano externo de sua soberania)
�� Estado:Estado:Comunidade humana que pretende, com êxito, o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado território . Certamente a força não é o meio normal, nem o único, do Estado, mas um meio específico ao Estado.• Reafirma sua concepção realista da política (leva em conta o
Estado como é e não como deve ser);
• Monopólio da força (poder de coerção) é uma condição necessária,
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 7
• Monopólio da força (poder de coerção) é uma condição necessária, mas não suficiente à existência do Estado;
• Estado pode renunciar ao monopólio do poder ideológico (separação entre Igreja e Estado, renúncia pelo Estado à imposição de uma fé ou ideologia, e o reconhecimento do direito à liberdade de religião e opinião).
• Pode renunciar ao monopólio do poder econômico, expressando o reconhecimento da liberdade dos empreendimentos econômicos que caracterizam o Estado liberal (laissez-faire);
• Mas não pode renunciar ao poder de coerção sem deixar de ser um Estado; Esta coerção deve ser legitimada.
� Como as instituições que o precederam, o Estado é uma relação de homens dominando homens, relação mantida por meio da violência legítima. Para que o Estado exista é necessário que os dominados se submetam a quem
Política e poder
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 8
é necessário que os dominados se submetam a quem está no poder;• Deixa implícito que só um poder legítimo está destinado a perdurar
no tempo, e só um poder duradouro pode constituir um Estado;
� Ao colocar na legitimação subjetiva o fundamento do poder, Weber cria uma tipologia das formas de governo profundamente inovadora:
Tipologias Critérios Formas de governo Forma preferidaTadicionais Número dos
governantes e omodo como opoder éexercido
Monarquia (tirania),aristocracia(oligarquia) epolitéia e(democracia)
Governo misto
Weberiana Motivação paraobediência
Domínio tradicional,carismático eracional-legal
Democraciaplebiscitária(racional-legal +carismático)
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 9
� Distinguir as diversas formas de governo com base nas motivações para obediência significa procurar um critério de diferenciação não mais pondo-se do lado dos governantes (seu número ou o modo como exercem o poder), mas dos governados.Weber procura identificar diferentes formas históricas de poder descobrindo quais são os distintos posicionamentos dos súditos frente aos governantes.
carismático)
Formas de poder legítimo(tipos ideais)
�� TradicionalTradicional : • Baseado na crença da santidade das ordenações e dos poderes senhoriais há muito existentes;
• Obedece-se à pessoa em virtude de sua dignidade própria, santificada pela tradição: por fidelidade;
• O tipo que manda é o senhor, o que obedece é o súdito;
• Exercido pelo patriarca, pelo príncipe patrimonial;
• Pessoal e ordinário.
CarismáticoCarismático:
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 10
�� CarismáticoCarismático: • Baseado na devoção afetiva à pessoa do senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente: a
revelações, heroísmo, poder intelectual ou de oratória;
• O tipo que manda é o líder, o que obedece é o apóstolo;
• Exercido pelo profeta, pelo herói guerreiro, pelo grande demagogo, pelo governante plebiscitário;
• Pessoal e extraordinário.
�� RacionalRacional--legallegal: • Baseado na validade do estatuto legal e na competência funcional, fundada em regras racionalmente criadas.
• Obedece-se não à pessoa em virtude de seu direito próprio, mas à regra estatuída, que estabelece ao mesmo tempo a quem e em que medida se deve obedecer. Quem ordena obedece, ao emitir uma ordem, a uma regra;
• O tipo daquele que ordena é o superior, o que obedece é o funcionário;
• Exercido pelo moderno servidor do Estado e assemelhados;
• Impessoal e ordinário.
Meios necessários à dominação
�Para garantir obediência é imprescindível o controle dos bens necessários para o uso da força física:
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 11
força física:• Controle do quadro de pessoal executivo
(vínculo coercitivo, incentivos: recompensa material e honraria social);
• Controle dos implementos materiais da administração.
Tipologia de Estados segundo o controle dos bens necessários para dominação
� Estados estamentais: se baseiam no princípio de que os próprios quadros são donos dos meios administrativos (dinheiro, carros, cavalos, edifícios, armas, etc...). O senhor domina com uma aristocracia autônoma, com ela dividindo o domínio. Ex: Estado feudal;
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 12
feudal;
� Estados centralizados: se baseiam no princípio de que o próprio senhor dirige a administração, tomando-a em suas mãos, tornando os homens pessoalmente dependentes dele. Busca cobrir as despesas com seus próprios recursos e busca criar um exército que seja dependente dele. Os quadros são separados dos meios de administração. Ex: Domínio patriarcal, despotismo sultanista e estados burocráticos (Estado moderno).
Estado Moderno
� Fatores que propiciaram o surgimento do Estado moderno:• Processo de centralização administrativa, jurídica, econômica e militar do
poder nas mãos do príncipe, que busca o controle total dos meios de organização política (expropria portadores privados e autônomos do poder).
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 13
poder).
� O Estado moderno é uma organização compulsória que organiza a dominação.
� Durante o processo de expropriação política surgiram os políticos profissionais, como decorrência da luta dos príncipes com os estamentos que serviam aos príncipes.• A burocratização e a luta dos partidos por cargos tendem a aumentar o
número de políticos profissionais (vivem da política).
Tipos de políticos profissionais
� Clero: dotou o serviço público de pessoas letradas e que pudessem ser usadas contra a aristocracia. Tinham pouco interesse, devido a sua natureza, de conseguir poder político;
� Literatos de educação humanística: influíram politicamente principalmente no oritente;
� Nobreza cortesã: depois que perderam o poder político foram atraídos para corte e usadas no serviço político e diplomático;
Pequena nobreza e gentleman (Inglaterra): foram usados pelos príncipes para neutralizar
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 14
� Pequena nobreza e gentleman (Inglaterra): foram usados pelos príncipes para neutralizar o poder dos barões. Salvaram a Inglaterra da burocratização;
� Jurista de formação universitária (Ocidente): relação estreita entre jurista e política (fluência verbal e poder de convencimento);
� Jornalista: representante mais importante da espécie demagógica. Sujeito à manipulação do Estado pela propaganda oficial;
� Funcionário do partido: vitais para organização partidária depois da expansão do direito de voto. Mantêm o parlamentar sob controle e dirigem a máquina partidária. O homem a quem a máquina segue torna-se o chefe. A criação dessas máquinas significa o advento da democracia plebiscitária.
� Lógica do técnico:• Obedece às normas e à hierarquia;
• Administração imparcial;
• Elevada disciplina moral.
Lógica do técnico e lógica do político
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 15
• Elevada disciplina moral.
� Lógica do político:• Responsabilidade pessoal pelos seus atos;
• Tomar posições
� É de natureza dos técnicos de alta posição moral serem maus políticos e, acima de tudo, no sentido político da palavra, serem políticos irresponsáveis. Nesse sentido são políticos de baixa posição moral.
� Weber se mostra favorável a sistemas políticos que criam líderanças políticas carismáticas. Para ele somente há escolha entre democracia com liderança, com uma máquina, e a democracia sem líder, ou seja, o domínio dos políticos profissionais sem vocação.
� Qualidades de um político com vocação:
Liderança carismática: político vocacionado
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 16
� Qualidades de um político com vocação:• Paixão: dedicação apaixonada a uma causa;
• Senso de responsabilidade: como guia de ação;
• Senso de proporções: capacidade de deixar que as coisas atuem sobre ele com uma concentração e calma íntimas.
FIM
Antônio Luiz Arquetti Faraco Júnior 17