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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA A PRÁTICA DE PRODUÇÃO ESCRITA DOS ALUNOS DA EJA: UM OLHAR SOBRE A TURMA DO 4º PERÍODO DA ESCOLA ESTADUAL LIONS CLUBE DA CIDADE DE CURRAIS NOVOS RN. Francisca Maria Silva de Araújo CURRAIS NOVOS/RN 2016

A PRÁTICA DE PRODUÇÃO ESCRITA DOS ALUNOS DA EJA: … · aprendizagem e sua especificidade e uma vez que o ensino e a aprendizagem precisam fazer sentido na vida dos sujeitos envolvidos,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

A PRÁTICA DE PRODUÇÃO ESCRITA DOS ALUNOS DA EJA: UM OLHAR SOBRE A TURMA DO 4º PERÍODO DA ESCOLA ESTADUAL

LIONS CLUBE DA CIDADE DE CURRAIS NOVOS – RN.

Francisca Maria Silva de Araújo

CURRAIS NOVOS/RN 2016

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Francisca Maria Silva de Araújo

A PRÁTICA DE PRODUÇÃO ESCRITA DOS ALUNOS DA EJA: UM OLHAR SOBRE A TURMA DO 4º PERÍODO DA ESCOLA ESTADUAL

LIONS CLUBE DA CIDADE DE CURRAIS NOVOS – RN.

Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia a Distância do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação do professor Me. Manoel Tavares dos Santos Neto.

CURRAIS NOVOS/RN

2016

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A PRÁTICA DE PRODUÇÃO ESCRITA DOS ALUNOS DA EJA: UM OLHAR SOBRE A TURMA DO 4º PERÍODO DA ESCOLA ESTADUAL

LIONS CLUBE DA CIDADE DE CURRAIS NOVOS – RN.

Por

Francisca Maria Silva de Araújo

Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia a Distância do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.

Aprovado em ___/___/2016

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ Me. Manoel Tavares dos Santos Neto (Orientador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________ Ma. Maria de Lourdes Valentim Barbalho

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________ Me. João Vidal de Souza Neto

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

CURRAIS NOVOS/RN 2016

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À minha família, em especial, minha mãe, pelo

incentivo e apoio incondicional, meus filhos Caio

Filipe e Ana Luiza e minhas amadas sobrinhas

Ana Clara e Maria Estela por todas as horas em

que eu estive ausente e necessitaram de minha

atenção.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me agraciar com a sabedoria e o discernimento.

Aos professores, e, principalmente, aos tutores presenciais, por partilhar os

seus conhecimentos.

À professora, e aos alunos do 4º ano por me acolherem e contribuírem para

a realização da minha pesquisa.

A minha amiga e companheira de trabalho, Francinalva Maria, por entender

e apoiar minhas ausências, dando contas das suas e minhas tarefas.

Ao professor orientador, Me. Manoel Tavares dos Santos Neto, que mesmo

à distância se fez presente com suas orientações, paciência, responsabilidade e

incentivo para que eu não desistisse.

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“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”

Fernando Teixeira de Andrade

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RESUMO

Nos dias de hoje, ser alfabetizado, isto é, saber ler e escrever, tem se revelado condição insuficiente para responder às demandas contemporâneas. Dessa forma, o sujeito da Educação de Jovens e Adultos precisa vivenciar práticas que os insira no mundo do conhecimento, uma vez que sentem dificuldades na leitura e, principalmente, na escrita. Faz-se necessário o professor contemplar diferentes gêneros textuais, a fim de formar leitores e escritores competentes, uma vez que a diversidade textual oferecida ao aluno é limitada, não dando condições para que o mesmo amplie seu universo textual e reflita acerca das produções que circulam socialmente. Assim, numa abordagem bibliográfica de cunho qualitativo, aliada a pesquisa de campo, este trabalho tem o intuito de discutir o deslocamento das práticas da leitura e da escrita das ações realizadas pelo aluno no seu cotidiano, objetivando entender como vem se desenvolvendo a produção escrita com os alunos do 4º período da EJA, na Escola Estadual Lions Clube, no município de Currais Novos/RN. Os textos consultados discutem aspectos relevantes para esse segmento da educação. O referencial teórico básico foi: Freire (1979, 1980, 1996, 1997, 2000), Gadotti e Romão (2011), PCNs (1997) e a Proposta Curricular para a Educação de Jovens e Adultos (2001), entre outros. Com a realização deste estudo foi possível perceber que a prática de produção textual na EJA acontece desgarrada dos propósitos que lhe dão sentido no uso social, dado o perfil do público atendido.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; leitura e escrita; práticas sociais.

ABSTRACT

Nowadays, to be literate, that is, can read and write, has been revealed as an insufficient condition to answer to the contemporary demands. This way, the individual of Youth and Adult Education (YAE) needs to live practices to insert them in the knowledge world, because they show difficulties in reading and, mainly, in writing. It is done necessary the teacher contemplates different text genres, so that form competent readers and writers, considering that the text diversity offered to students is limited, not giving conditions so that they enlarge their textual universe and reflect about the productions that round us socially. So, in qualitative bibliographic approach, allied to the field research, this work seeks discuss the changing of the reading and writing practices from the actions accomplished by the students in their quotidian, with the objective of understanding how the written production has been developed with the 4th Grade YAE’s student, at “Escola Estadual Lions Clube”, in county of Currais Novos/RN. The basic theoretical framework was: Freire (1979, 1980, 1996, 1997, 2000), Gadotti and Romão (2011), PCNs (1997) and the Curriculum Proposal to the Youth and Adults Education (Proposta Curricular para an Educação de Jovens e Adultos) (2001), among others. The consulted texts argue relevant aspects for that segment of the education. With the accomplishment of this study, it was possible to notice that the practice of textual production with YAE students occurs in separated way of the purposes that give sense in social use, because of the profile of the attended public. Key - words: Youth and Adult Education, reading and writing, social practices.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 08

2 UM DIÁLOGO COM A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.................. 11

2.1 RECORTES HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS....... 11

2.2 O PERFIL DO ALUNO DA EJA...................................................................... 14

2.3 O PROFESSOR DA EJA................................................................................ 18

2.4 REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DE PRODUÇÃO ESCRITA DOS

ALUNOS DA EJA...........................................................................................

20

3 VIVENCIANDO ASPECTOS DA PRODUÇÃO ESCRITA DOS ALUNOS

DO 4º PERÍODO DA EJA..............................................................................

24

3.1 ANALISANDO TEORIAS E PRÁTICAS REVELADAS PELOS SUJEITOS

COLABORADORES.......................................................................................

24

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 33

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 34

APÊNDICES........................................................................................................... 37

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA PROFESSOR...................... 37

APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA ALUNO................................ 38

ANEXOS................................................................................................................. 39

ANEXO A – FOTOS DOS ALUNOS EM ATIVIDADE............................................. 39

ANEXO B – TERMOS DE CONSENTIMENTO..................................................... 40

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1. INTRODUÇÃO

É muito comum o emprego da palavra texto em nosso meio, tanto na escola

como fora dela. Frequentemente ouvimos ou emitimos sentenças como “seu texto

está ótimo; este texto é muito longo; hoje vamos produzir um texto”. Entretanto o

conceito de texto não é tão simples quanto imaginamos.

Esta palavra geralmente está colocada no contexto escolar. Contudo, o

texto deve ser considerado como instrumento para desenvolver a competência

linguística e textual do aluno podendo ser utilizado nas mais diversas situações de

interações comunicativas, não só no ambiente escolar, como também, nas

diferentes situações sociais, assumindo dessa forma um conceito e função muito

amplos.

Nesse sentido, este trabalho tem a intenção de compreender e levar o

professor, em especial o da EJA, a rever suas concepções em relação ao texto,

como também, a repensar seu fazer pedagógico ao desenvolver o trabalho de

produção textual, tendo em vista a função social da escrita. Sendo assim, uma

oportunidade de reflexão sobre a prática pedagógica da EJA, partindo de um novo

olhar, ajustado às necessidades dos sujeitos atendidos.

É importante ressaltar que a leitura e a escrita são muito importantes para

os alunos, principalmente, os alunos da EJA, por motivos relacionados ao emprego,

oportunidade de trabalho, a tarefas ligadas a leitura e a escrita na escola e no

cotidiano. A relação entre a leitura e a escrita e sua apropriação são fundamentais no

processo educativo favorecendo ao aluno o aprendizado de conhecimentos

elaborados ao longo da história da humanidade. Contudo, a aprendizagem da leitura

e escrita não ocorre de forma natural ou espontânea, demandando situações

pedagógicas específicas, principalmente, na EJA, tendo em vista as características

culturais, sociais e econômicas dos grupos atendidos.

É preciso destacar que a EJA é parte constitutiva do sistema regular de

ensino que propicia a educação básica e deve ser capaz de contribuir para a

formação de homens e mulheres dotados de consciência social, implicando,

portanto, um caminho que parte da leitura sobre a realidade dos temas sociais de

abrangência e urgência nacional e temas de interesse local.

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O aprendizado da leitura e da escrita, na atualidade, é uma das condições

necessárias para o desenvolvimento do ser humano, devendo satisfazer seus

desejos e necessidades e, desse modo, possibilitar um maior envolvimento às

práticas sociais, podendo se apresentar sob diversas perspectivas, devendo

acontecer de modo dinâmico e criativo. Neste sentido, torna-se prioridade

desenvolver metodologias educacionais que favoreçam o aprendizado da leitura e

da escrita e que se promovam ações pedagógicas que atendam as necessidades de

aprendizagem de jovens e adultos, uma vez que esta população chega à escola com

um saber próprio, elaborado a partir de suas relações sociais e dos seus

mecanismos de sobrevivência.

Considerando a importância que a leitura e a escrita representam na

formação das pessoas, é preciso analisar de modo mais amplo todos os aspectos

envolvidos no processo intelectual e cultural dos indivíduos da EJA em relação à

aprendizagem e sua especificidade e uma vez que o ensino e a aprendizagem

precisam fazer sentido na vida dos sujeitos envolvidos, já que deparamo-nos com

jovens e adultos que se encontram fora de sala de aula há vários anos.

Estar imerso em um ambiente letrado é fundamental, mas não parece ser

suficiente, é preciso que o professor leve seus alunos a refletirem sobre a escrita, a

estabelecerem relações entre diferentes tipos de textos e produzirem textos

significativos, o mais próximos que for possível de seu uso social.

No entanto, é muito comum o trabalho de escrita com textos em sala de

aula, sem que o professor possua uma noção exata da importância deste

instrumento enquanto objeto de aprendizagem, principalmente em se tratando do

perfil do aluno da EJA. Nesse contexto, essa pesquisa visa responder a seguinte

pergunta: Como vem se desenvolvendo a prática pedagógica da produção escrita

com os alunos do 4º período da EJA?

Assim sendo, como lócus de pesquisa foi escolhido a Escola Estadual Lions

Clube em Currais Novos – RN, que foi criada em 1977 pela instituição LIONS

CLUBE, com o objetivo de atender as crianças do bairro e proximidades, já que não

havia nenhuma escola nas proximidades, o que impedia algumas crianças de

frequentarem a escola. Ao longo dos anos, a escola foi sendo sufocada pelas

demais que foram surgindo em seu entorno, maiores e mais estruturadas.

Atualmente é mantida pelo governo do Estado, funcionando com 02 (duas) turmas à

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tarde (8º e 9º ano) e 04 (quatro) à noite (3º, 4º, 7º e 8º período da EJA). Há algum

tempo uma boa parte de sua clientela do vespertino são alunos problemas de outros

bairros que são descartados por outras escolas.

A escola, no turno noturno, ainda cumpre seu primeiro objetivo: atender

alunos das proximidades, que são jovens, adultos e alguns já idosos, trabalhadores,

perseverantes que se sentem valorizados e prestigiados por estarem frequentando a

sala de aula, apesar do muito pouco ou quase nenhum contato com a leitura e

escrita desde a infância. A professora da turma colaboradora da pesquisa, por sua

vez, mantém um forte vínculo afetivo com eles, o que facilita o trabalho em sala. A

mesma cursou o magistério; exerce a docência há 26 (vinte e seis) anos, desses,

por 11 (onze) anos assumiu funções administrativas; há 05 (cinco) anos está na EJA;

e está concluindo o curso de Pedagogia.

Na referida turma serão (ou foram) aplicados os questionários (ou que

refletem as opiniões) para que sejam analisadas as opiniões expostas pela

professora e alunos a respeito da temática pesquisada. O suporte teórico

selecionado contempla amplamente a temática investigada. Desse modo,

contribuirão para as análises das informações levantadas os seguintes teóricos:

Freire (1979, 1980, 1990, 1997, 2000), Proposta Curricular da EJA (2001); Gadotti

(2011); PCNs (1997), entre outros.

Portanto, este trabalho se apresenta como uma pesquisa de campo e

bibliográfica, de cunho qualitativo, no momento em que privilegia a compreensão do

tema pesquisado, visto que, discutirá sobre a história e alguns aspectos da EJA.

Esta opção metodológica é resultado da necessidade de refletir determinas práticas

de escrita na EJA não somente sob ponto de vista positivista, mas também por

interpretação de dados coletados através da visita in loco dos questionários.

A partir da aplicação e análise das respostas dos questionários,

investigaremos o perfil do profissional docente que atua nessa modalidade de

ensino, além de conhecer aspectos a respeito das produções escritas dos alunos do

4º período da EJA. Sabemos que o docente necessita de habilidades e

competências específicas no que diz respeito às suas práticas em sala de aula,

visando um trabalho de produção escrita que venham a atender as diversidades de

Quanto à sua disposição estrutural, este trabalho apresenta em seu

desenvolvimento uma visão histórica da educação de jovens e adultos, incluindo o

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perfil do aluno e do professor da EJA, bem como, algumas reflexões sobre a prática

da produção escrita dos alunos na escola. Depois trata da análise das respostas dos

questionários feitos com os sujeitos investigados e, por último, expõe as

considerações finais.

2. UM DIÁLOGO COM A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Trabalhar com EJA exige formas diferenciadas, os alunos não são “crianças

grandes”, os métodos e os conteúdos da educação infantil não servem para os

jovens e adultos. Deve-se entender que são jovens e adultos com interesses,

necessidades e características próprias e específicas de sua faixa etária, que vão

além da alfabetização. Daí, os professores precisam lidar com a heterogeneidade

das turmas, com a dificuldade de alguns alunos em frequentar as aulas, com o

cansaço, com as limitações materiais. Além disso, entre os jovens egressos da

escola regular que frequentam a EJA, são comuns as relações de conflito com essa

instituição onde muitos experimentaram fracassos.

Após muitas transformações, o ensino voltado para jovens e adultos

atualmente considera fundamental um tipo de abordagem que aproxime o processo

ensino – aprendizado da realidade vivida pelos alunos, considerando sua

diversidade social e cultural, a fim de tornar esse ensino mais acessível e

significativo. Para tanto, é necessário destacar importantes fatos e fatores que

contribuíram e contribuem para atingir esse objetivo.

2.1 RECORTES HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Para entender a função social e politica da educação de jovens e adultos,

atualmente, no Brasil, é necessário compreendermos as experiências ocorridas ao

longo dos séculos XX e XXI.

Com o desenvolvimento indústria do século XX, iniciou-se um processo

lento, mas crescente, de valorização da educação de adultos. Em 1920, foram

iniciadas mobilizações em torno da educação como dever do Estado, e datam as

primeiras escolas brasileiras para adultos, as quais foram criadas com o objetivo de

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formar mão-de-obra que atendesse aos imperativos de urbanização e da

industrialização crescentes.

As discussões a respeito da educação como dever de Estado se

intensificaram nas décadas de 1920 e 1930. A partir das mudanças políticas durante

os anos 1930 e o processo de industrialização no Brasil, a EJA começa a marcar

seu espaço na história da educação brasileira; surge a ideia da criação de um Plano

Nacional de Educação, instituído na Constituição de 1934, em que se estabeleceu

como dever do Estado o ensino primário integral, gratuito, de frequência obrigatória

e extensiva para adultos.

Com a criação da Organização das Nações Unidas para a Educação,

Ciência e Cultura (UNESCO), em 1945, foi solicitado por essa organização, aos

países integrantes (e entre eles, o Brasil) de se educar os adultos analfabetos. O

Governo Federal lançou, então, a 1ª Campanha de Educação de Adultos. Segundo

Cunha (1999) apud Lopes, (2012, p.13), o adulto analfabeto, nessa época, era

identificado como elemento incapaz e marginal, psicológica e socialmente,

submetido à minoridade econômica, política e jurídica.

Apesar de sua importância histórica, devido, sobretudo ao esforço inédito de

promover alfabetização em massa, a Campanha foi extinta no final dos anos de

1950. As críticas apontavam, entre outros aspectos, o fato de não levar em

consideração a diversidade cultural brasileira e de suas propostas se mostrarem

inadequadas ao público adulto, ao qual se destinava. Ainda assim, sobreviveu a rede

de ensino supletivo por meio dela implantada, assumida pelos estados e municípios

(Educação de Jovens e Adultos – 1° Segmento).

Muitas outras campanhas de massa, de âmbito nacional, ocorreram no país.

Todas essas campanhas e mobilizações atenderam a períodos determinados,

refletindo momentos de grande otimismo, seguidos, posteriormente, de queda nos

índices qualitativos e quantitativos, que foram sendo revitalizadas, substituídas ou

incorporadas por outras que se iniciavam no território nacional.

A inversão da relação de causalidade entre analfabetismo e pobreza

aconteceria com o trabalho do educador pernambucano Paulo Freire, a partir dos

anos de 1960, que em sua obra Freire compreendia o analfabetismo como

consequência e não como causa de pobreza. Nessa perspectiva, Freire (1980, p.

104) acredita:

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[...] numa alfabetização que fosse em si um ato de criação, capaz de desencadear outros atos criadores. Numa alfabetização em que o homem, porque não fosse seu paciente, seu objeto, desenvolvesse a impaciência, a vivacidade, característica dos estados de procura, de invenção e reivindicação.

Apesar disso, discutir EJA no Brasil exige a compreensão desse tema nos

cenário das desigualdades sociais que atingem o país, uma vez que dados do IBGE

de 2010 mostram que a região Nordeste apresenta-se com o maior índice de

pobreza e de analfabetismo. Levando-nos a concluir que o problema do

analfabetismo, além de educacional, é também de distribuição de renda.

No ano de 1967, aprovou-se pela lei nº 5379 o Movimento Brasileiro de

Alfabetização (MOBRAL), cuja concepção que os analfabetos eram pessoas com

baixo nível socioeconômico, no entanto, com uma bagagem cultural considerável.

Na década de 80, iniciou-se a abertura política no Brasil e outras

experiências mais democráticas em EJA, foram ampliando-se aos poucos. O

MOBRAL foi extinto no ano de 1985, e as experiências educativas direcionadas aos

grupos populares da sociedade continuaram e tornaram-se mais fortes, voltando-se

lentamente para a filosofia de Paulo Freire. Na perspectiva de Freire (2000, p.30):

Se antes a alfabetização de adultos era tratada e realizada de forma autoritária, centrada na compreensão mágica da palavra, palavra doada pelo educador aos analfabetos [...] agora, pelo contrário, a alfabetização como ato de conhecimento, como ato criador e como ato político é um esforço de leitura do mundo e da palavra.

Nos anos de 1990, o conceito de reposição, no que se refere ao ensino de

adultos, seria superado pela perspectiva da educação continuada. O marco histórico

de afirmação dessa tendência foi a V Conferência Internacional de Educação de

Adultos, realizada em Hamburgo (Alemanha) em 1997, que proclamou o direito de

todo ser humano de ter acesso à educação ao longo da vida.

O termo supletivo foi abolido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação

(LDB), de 1996, que afirmou a EJA como modalidade da Educação Básica do

Ensino Fundamental e do Médio. Desde então, seu reconhecimento como

modalidade de ensino, com especificidades próprias, vem se traduzindo em

documentos que orientam as ações educativas do setor, como as Diretrizes

Curriculares Nacionais e a Proposta Curricular para o primeiro e segundo segmentos

do Ensino Fundamental.

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Aprovada em 9 de janeiro de 2001, a lei n.10172 com duração de 10 anos,

como retrospecto do debate instaurado durante os 02 (dois) anos que antecedem

sua publicação, no que tange à EJA, o Plano Nacional de Educação (PNE)

reconheceu a extensão do significado de analfabeto absoluto e funcional. Nas

diretrizes, o PNE aderiu à ideia de educação continuada ao longo da vida, tratando-a

como direito público subjetivo, competindo ao poder público fornecer os recursos

para essa educação.

A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou iniciativas para as

políticas públicas de EJA, com a criação do Programa Brasil Alfabetizado,

envolvendo, 03 (três) vertentes de caráter primordialmente social para a modalidade

de EJA: o Projeto Escola de Fábrica, o Programa Nacional de Inclusão de Jovens o

(PROJOVEM), voltado ao segmento juvenil de 18 a 24 anos e por último, o

Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio para Jovens e

Adultos (PROEJA), destinado à educação profissional técnica em nível de ensino

médio, e o Programa Nacional da Educação na Reforma Agrária, além do Exame

Nacional de Certificado de Competência. Gadotti e Romão (2011, p. 39) expõem

que:

O analfabetismo não é doença ou “erva daninha”, como se costumava dizer entre nós. É a negação de um direito ao lado da negação de outros direitos. O analfabetismo não é uma questão pedagógica, mas uma questão essencialmente política. [...] O educador precisa respeitar as condições culturais do jovem e do adulto analfabeto. [...] É preciso entender, conhecer profundamente, pelo contato direto, a lógica do conhecimento popular, sua estrutura de pensamento em função da qual a alfabetização ou a aquisição de novos conhecimentos tem sentido.

Isto explica que apesar de vários instrumentos legais de grande impacto,

como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394 de 1996) e a

Ementa Constitucional n. 59 de 2009, que ampliou o ensino obrigatório dos 04 aos

17 anos de idade, a erradicação do analfabetismo ocorre a passos lentos.

2.2 O PERFIL DO ALUNO DA EJA

Os alunos da EJA detêm um amplo acervo de conhecimentos e habilidades,

em geral, adquiridos de modo não formal, em meios sociais, com a família, a

comunidade ou o trabalho. Eles compõem um grupo amplamente diversificado

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quanto ao lugar de origem, faixa etária, experiência escolar, tipo de trabalho, entre

outros, mas é justamente essa diversidade que promove uma diversidade de

conhecimentos e habilidades que marca as turmas de EJA.

Porém, é verdade que

[...] apesar de as pessoas pouco letradas possuírem muitos conhecimentos válidos e úteis, elas estão excluídas de outras muitas possibilidades que a nossa cultura oferece. Muitas vezes elas interpretam essa desvantagem como incapacidade, a ponto de não reconhecerem como tal aquilo que sabem ser conhecimento útil e válido. A exclusão do conhecimento que se adquire na escola marca essas pessoas profundamente pela imagem que fazem de si e pelo estigma que a sociedade lhes impõe. É por isso que muitas delas, mesmo tendo outras responsabilidades no trabalho e em casa, decidem estudar. (PROPOSTA CURRICULAR PARA A EJA, 2001, p.41-42).

Nesta perspectiva, há uma heterogeneidade dessa população atendida pela

modalidade da Educação de Jovens e Adultos com características e especificidades

distintas, pois uma grande parcela dos alunos da EJA são sujeitos sociais e

culturais, marginalizados nas esferas socioeconômicas e educacionais o que

acarreta uma falta de comprometimento e uma participação não ativa na sociedade.

Os alunos da EJA são pessoas muito diferentes em termos individuais,

culturais, entre outros aspectos, mas possuem muitos pontos em comum,

principalmente no que tange à falta de oportunidade e ao abandono, desde cedo, da

escola para trabalhar em um subemprego; se identificam quanto ao fato de não

terem frequentado a escola nas fases adequadas, alguns desses alunos nem sequer

passaram pela escola nessas fases, por razões diversas.

Os alunos, de maneira geral, são adultos que passam duas ou três vezes

pela escola, voltando quando têm alguma necessidade, como a de subir de cargo

em uma empresa, ou mesmo procurar trabalho (na maioria das vezes), visto que, a

cada dia, a exigência para as contratações aumentam e, na maioria dos casos, o

ensino médio é exigido como escolaridade mínima. Eles se diferenciam das crianças

por terem ultrapassado a idade de escolarização formal e por estarem inseridos no

sistema de produção (ou, temporariamente, fora dele).

No atual contexto, de crescente urbanização, muitos habitantes de áreas

rurais migraram para as cidades, onde ocupam postos de trabalho que exigem

pouca qualificação. Nas grandes cidades brasileiras, encontram-se muitos alunos de

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EJA que percorrem essa trajetória. Gadotti observa que “O contexto cultural do aluno

trabalhador deve ser a ponte entre o seu saber e o que a escola proporcionar,

evitando, assim, o desinteresse, os conflitos e a expectativa de fracasso que

acabam proporcionando um alto índice de evasão.” (GADOTTI E ROMÃO, 2011, p.

143).

Essa nova modalidade de exclusão educacional, que acompanhou a

ampliação do ensino público, acabou produzindo um elevado número de jovens e

adultos que, apesar de terem passado pelo sistema de ensino, nele realizaram

aprendizagens insuficientes para utilizar com autonomia os conhecimentos

adquiridos em seu dia a dia. O resultado desse processo é que, no conjunto da

população, assiste-se à gradativa substituição dos analfabetos absolutos por um

numeroso grupo de jovens e adultos cujo domínio precário da leitura, da escrita e do

cálculo vem sendo tratado como analfabetismo funcional.

Esse é o público esperado dos programas de Educação de Jovens e Adultos

do 1º segmento do Ensino Fundamental:

[...] estão incluídas neste contingente, pessoas que dominam tão precariamente a leitura e a escrita que ficam impedidas de utilizar eficazmente essas habilidades para continuar aprendendo, para acessar informações essenciais a uma inserção eficiente e autônoma em muitas das dimensões que caracterizam as sociedades contemporâneas. [...] As exigências educativas da sociedade contemporânea são crescentes e estão relacionadas a diferentes dimensões da vida das pessoas: ao trabalho, à participação social e política, à vida familiar e comunitária, às oportunidades de lazer e desenvolvimento cultural. (BRASIL, 2001, p. 35 -36)

De acordo com Haddad e Di Pierro (2000, p.126), isso demonstra que o

desafio da expansão do atendimento na educação de jovens e adultos já não reside

apenas na população que jamais foi à escola, mas se estende àquela que

frequentou os bancos escolares, mas neles não obteve aprendizagens suficientes

para participar plenamente da vida econômica, política e cultural do país e seguir

aprendendo ao longo da vida. Cada vez torna-se mais claro que as necessidades

básicas de aprendizagem dessa população só podem ser satisfeitas por uma oferta

permanente de programas que, sendo mais ou menos escolarizados, necessitam

institucionalidade e continuidade, superando o modelo dominante nas campanhas

emergenciais.

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No entanto, é importante destacar que a participação de muitos alunos

jovens e adultos na sala de aula costuma ser marcada por interesse pelas aulas,

respeito e gratidão ao professor. Essa postura espelha o grande esforço que alguns

despendem para estudar e uma profunda vontade de aprender. Voltar a estudar

muitas vezes representa um desafio a ser superado, pois demanda tempo, força de

vontade e dedicação em condições nem sempre propícias. Ao retornarem aos

bancos escolares, geralmente esses alunos possuem muita curiosidade e desejo de

vivenciar novas experiências, buscando na escola não só um espaço de trocas de

saberes e conhecimentos, mas também um espaço de socialização e inserção

social.

Atualmente, o perfil dos alunos de EJA passa por um processo de

rejuvenescimento, pois está absorvendo um contingente de alunos egressos do

ensino regular, grande parte dos quais são adolescentes excluídos da escola. Com

idade defasada em relação ao ano escolar, e, por motivos variados, esses alunos

recorrem a cursos para jovens e adultos para obter certificação escolar. De acordo

com Haddad e Di Pierro (2000, p.127), há uma ou duas décadas, a maioria dos

educandos de programas de alfabetização e de escolarização de jovens e adultos

eram pessoas maduras ou idosas, de origem rural, que nunca tinham tido

oportunidades escolares. A partir dos anos 80, os programas de escolarização de

adultos passaram a acolher um novo grupo social constituído por jovens de origem

urbana, cuja trajetória escolar anterior foi malsucedida. Nessa perspectiva, pode-se

observar que o primeiro grupo vê na escola uma perspectiva de integração

sociocultural, tem uma visão mais positiva da escola; o segundo mantém com ela

uma relação de tensão e conflito aprendida na experiência anterior, muitos têm uma

visão negativa: contesta a autoridade do professor, não atribui um valor intrínseco ao

conhecimento escolar e está lá porque precisa do diploma.

Os jovens carregam consigo o estigma de alunos-problema, que não tiveram

êxito no ensino regular e que buscam superar as dificuldades em cursos aos quais

atribuem o caráter de aceleração e recuperação. Esses dois grupos distintos de

trabalhadores de baixa renda encontram-se nas classes dos programas de

escolarização de jovens e adultos e colocam novos desafios aos educadores, que

têm que lidar com universos muito distintos nos planos etários, culturais e das

expectativas em relação à escola.

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Assim, os programas de educação escolar de jovens e adultos, que

originalmente se estruturaram para democratizar oportunidades formativas a adultos

trabalhadores, vêm perdendo sua identidade, na medida em que passam a cumprir

funções de aceleração de estudos de jovens com defasagem série-idade e

regularização do fluxo escolar. Conforme Gadotti e Romão (2011, p. 143):

A EJA não deve ser uma reposição da escolaridade perdida, como normalmente se configuram os cursos acelerados nos moldes do que tem sido ensino supletivo. Deve, sim, construir uma identidade própria, sem concessões à qualidade de ensino e propiciando uma terminalidade e acesso a certificados equivalentes ao ensino regular.

Nesse sentido, a formação do discente da EJA exige práticas pedagógicas

sensíveis, pautadas na sua realidade, abordando problemáticas próprias e

reconhecendo os desafios e potencialidades dessa clientela.

2.3 O PROFESSOR DA EJA

Qualquer pessoa pode ministrar aula, ser um professor-instrutor, visto que é

uma profissão cheia de biqueiros, mas professor/educador só alguns podem ser. E

essa realidade é muito frequente na EJA, é onde se concentra uma boa parte dos

biqueiros: dobras de carga horária, aula suplementar, contratos.

Embora os programas de Educação de Jovens e Adultos tenham a sua

história, o corpo docente que trabalha com essa modalidade, em sua maioria, não

são preparados para trabalharem com as especificidades da clientela em questão. O

despreparo desses educadores deve-se também as baixas condições da formação e

profissionalização ofertadas pelos cursos que a área de educação oferece. Por isso,

Moura (1999, p. 24) discute que:

[...] não há ainda uma política de formação dos professores, mas pode-se perceber claramente um ideal de professor para este tipo de ensino, como uma espécie de pregador (ou até mesmo “desconvertor”, cabendo-lhe o papel de representante de Deus) e, como tal, a importância dada aos métodos de memorização e de educação pela palavra.

Não podemos ignorar que muitos educadores que atuam na EJA esquecem

que trabalhar nessa modalidade vai além de ser um professor “legal, bonzinho”, que

conhece a vida social dos alunos, e que o mais importante é inserir esse aluno no

19

mundo do conhecimento, de apresentá-los às práticas sociais que o farão construir o

conhecimento e resgatar sua autoestima.

Outros, ainda, em sua zona de conforto e despreparo, oferecem o mínimo

possível aos alunos e quanto a isso costumamos ouvir falas do tipo: “eles não vão

muito longe”, “nem vão pra faculdade”, “já sabem fazer o nome”, “só querem sair um

pouco de casa, pois não aprendem devido à idade”. Deixando, assim, de lado a

grande missão do professor da EJA: levar o educando em direção ao conhecimento,

permitindo que aprofundem seu entendimento acerca da leitura e da escrita, que

antes eram vistas como instrumento de comunicação, devendo ser ampliadas para

outras áreas, e sendo utilizadas como instrumento de memória, informações e

prazer. Para Paulo Freire:

A responsabilidade do professor é sempre grande. Sua presença na sala é de tal maneira exemplar que nenhum professor escapa ao juízo que dele fazem os alunos. Seja quem for o professor: autoritário, sério, incompetente, irresponsável, licencioso, mal amado, com raiva do mundo, burocrático, frio, amoroso (...) nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca. (FREIRE, 1996, p.73).

A formação técnica faz parte da competência que o professor deve trazer na

sua formação acadêmica, mas muitas das vezes precisamos buscar na formação

continuada um complemento para saber conduzir os ensinamentos dentro da

complexidade dessa sociedade de conhecimento (EJA). A aprendizagem já é um

processo envolvente por natureza, por ser um professor da EJA exige uma maior

interação, compreensão e receptividade às expectativas dos alunos. Por isso, a

disponibilidade se faz necessária porque muitas vezes nos deparamos mediando

conflitos e restaurando a autoestima desses educandos.

Dessa forma, somente fazer leituras sobre educação de jovens e adultos

não ajuda muito. É primordial um conhecimento mais aprofundado, através do

contato direto com a lógica do conhecimento popular e de sua estrutura de

pensamento, uma vez que é em função disso que a aquisição de novos

conhecimentos passa a ter sentido.

Trabalhar com a Educação de Jovens e Adultos significa conscientizar-se de

que é necessário utilizar-se de estratégias para que possa criar vínculos de

amizade, que não interfiram na aprendizagem, e um respeito mútuo entre aluno e

professor. O professor dessa modalidade deve ser sensível às experiências e

20

habilidades que os alunos já possuem, reconhecendo a legitimidade desses

saberes, interligando-os ao contexto sociocultural de suas vidas.

Os professores desta área têm em suas mãos a responsabilidade de formar

jovens e adultos para atender as suas necessidades pessoais, profissionais, e

anseios políticos de toda uma sociedade envolvida nesse processo de adaptação

desses alunos ao mercado de trabalho.

A LDB 9394/96 contempla em seu artigo 13 a responsabilidade do ato de

educar e especifica que os educandos da EJA, deverão participar da proposta

pedagógica, cumprir plano de trabalho e zelar pelo aprendizado do aluno, uma vez

que se faz necessário um aprendizado para aprender a ensinar àqueles que já

sabem, tendo em vista a necessidade de um preparo profissional específico.

Infelizmente, alguns professores, muitas vezes, não possuem esse preparo

e, principalmente, quando atuam pela primeira vez com esses alunos, isso

representa uma situação provocadora de emoções e sentimentos, visto que muitos

componentes ali envolvidos são desconhecidos para ele, que terá de lidar com isso

para poder desenvolver as atividades escolares. É evidente que nem sempre é

possível contar com professores do próprio meio, por isso é conveniente formar

àqueles vindos de outros meios, sejam geográficos, ou, sociais.

Diante do exposto, podemos afirmar que essa é uma profissão que está

longe de ser tranquila. Requer do profissional, entre outras habilidades, equilíbrio,

competência, compromisso, liderança, solidariedade, concentração,

desprendimento, disciplina, e ainda exigir do aluno disciplina e concentração, sem,

no entanto, perder a ternura, como recomenda Gadotti e Romão (2011, p. 92)

apesar de considerar uma missão quase impossível.

2.4 REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DE PRODUÇÃO ESCRITA DOS ALUNOS DA

EJA

Escrever é uma atividade que exige exercício contínuo, para que o aluno

perca o medo e adquira, através do estímulo constante do professor, o gosto e o

domínio da arte de redigir. Uma das maiores queixas apresentadas pelos alunos,

seja da EJA ou não, é realmente fazer com que os alunos transponham para o papel

as suas ideias de forma coerente e coesa.

21

Fazer com que a leitura/escrita faça parte da vida dos Jovens e Adultos que

há muito estavam afastados dos bancos escolares não é tarefa fácil, pois como diz

Freire (1979: 71-72):

O analfabeto aprende criticamente a necessidade de aprender a ler e a escrever. Prepara-se para ser o agente desta aprendizagem. E consegue faze-lo na medida em que a alfabetização é mais que o simples domínio mecânico de técnicas para escrever e ler. Com efeito, ela é o domínio dessas técnicas em termos conscientes. É entender o que se lê e escrever o que se entende. É comunicar-se graficamente. Isto faz com que o papel do educador seja fundamentalmente dialogar com o analfabeto sobre situações concretas, oferecendo-lhe simplesmente os meios com os quais possa se alfabetizar.

Por esta razão, a produção de texto, não pode ser encarada como atividade

apenas de Língua Portuguesa, restrita à composição textual que focalize apenas um

tema proposto. Deve sim permear todos os campos e disciplinas, uma vez que a

utilização frequente da escrita contribuirá para ampliar o conhecimento do aluno

sobre o funcionamento da escrita e sua capacidade de comunicação.

Para que se dê o processo de ensino-aprendizagem, na alfabetização de

jovens e adultos, é necessário conhecer as estratégias cognitivas desenvolvidas

pelos alunos. Partir do conhecimento já produzido pelo sujeito da aprendizagem é o

ponto essencial para orientar a ação pedagógica e nortear a produção de material

didático.

O conhecimento já constituído pelos alunos tem sua origem na luta do dia-a-

dia, fruto das relações sociais por eles vividas, do tipo de vida decorrente dessas

relações, bem como de suas experiências linguísticas, culturais e sociais. Nesse

aspecto, o processo de ensino-aprendizagem não tem por alicerce somente

conhecimentos trazidos pelo professor, definidos numa ordem onde só ele conhece

a lógica e os procedimentos pedagógicos. Mas deve ter por base situações

significativas, que são verdadeiras motivações para que os alunos busquem se

alfabetizar. Pois “o comando da leitura e da escrita se dá a partir de palavras e de

temas significativos à experiência comum dos alfabetizandos e não de palavras e de

temas apenas ligados à experiência do educador” (FREIRE, 1997 p. 29,).

Ler e, sobretudo, escrever costumam ser atividades vistas como “escolares”

para a maioria dos alunos e delas, alguns, fazem de tudo para se verem livres o

mais rapidamente possível. Sendo assim, os Parâmetros Curriculares Nacionais

22

(PCNs) de Língua Portuguesa – Ensino Fundamental – 1ª a 4ª série (1997, p.35)

fazem a seguinte consideração:

O ensino da Língua Portuguesa tem sido marcado por uma sequenciação de conteúdos que se poderia chamar de aditiva: ensina-se a juntar sílabas (ou letras) para formar palavras para formar frases e a juntar frases para formar textos.

O aluno, ao ir para a escola, já leva consigo conhecimentos prévios, fruto

das experiências vivenciadas no dia a dia do seu contexto social. Para o

enriquecimento desses conhecimentos, necessário se faz que a escola,

considerando seus diferentes níveis, promova a sua ampliação de modo que o aluno

se torne capaz não apenas de interpretar diferentes textos que circulam socialmente,

como também de produzir textos eficazes nas mais diversas situações.

Os jovens e adultos envolvem-se em práticas sociais de leitura e de escrita,

diariamente, quer seja ao pedir para alguém que leia o nome de um ônibus ou de

uma rua, quer leia uma carta que recebe, que veja o prazo de validade de um

produto no supermercado, que anote um recado para alguém. Embora, muitos, não

saibam ler e escrever, essas pessoas, de certo modo, já apresentam graus de

letramento, uma vez que estão imersas num mundo letrado e fazem uso, de alguma

forma, da leitura e da escrita.

O fundamental, é que mesmo quando os alunos dizem que não sabem ler,

eles sejam levados a crer que a leitura não é um processo de decifração, mas um

processo de construção de sentidos do texto e que “a escrita não é um produto

escolar, mas sim um objeto cultural, resultado de esforço coletivo da humanidade”

(FERREIRO, 2001, p. 43).

A função social da escrita, bem como a sua utilização autônoma como

recurso comunicativo promove a interação entre os sujeitos. Por meio da linguagem,

os seres humanos comunicam-se, transmitem e buscam informações, expressam

seus pensamentos e sentimentos, argumentam e produzem conhecimento.

Sobre este aspecto, a proposta curricular para o 1º segmento em EJA

sugere que, "para favorecer a leitura compreensiva e motivar os jovens e adultos

que se iniciam no mundo da escrita, é fundamental selecionar textos significativos e

interessantes." (BRASIL, 2001, p. 57).

23

O professor deve propiciar aos alunos o acesso a diferentes gêneros

textuais que fazem parte do seu cotidiano como livros, revistas, jornais, cartazes,

vídeos, boletos, receitas, textos das redes sociais, pois, não é somente nas escolas

que os alunos têm contato com esses gêneros, mas essa constitui um espaço

privilegiado, essencial para as práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita.

Quanto a isso os PCNs de Língua Portuguesa (1997, p. 30) faz a seguinte

recomendação:

Cabe, portanto à escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Isso inclui os textos das diferentes disciplinas, com as quais os alunos se defrontam sistematicamente no cotidiano escolar e, mesmo assim, não manejar, pois não um trabalho planejado com essa finalidade.

Quando as atividades que envolvem a produção escrita não surgem de uma

necessidade para chegar a um propósito, não é propriamente uma produção escrita,

quando escrevemos porque outra pessoa nos manda escrever, como acontece

frequentemente na escola, e ainda, por cima, oferece o título, tema ou gravuras

previamente escolhidas, estamos apenas exercendo atividades mecânicas que

pouco têm a ver com significado e sentido. Constituem-se apenas em um pretexto

para cópias, resumos, estudo da ortografia e gramática e outras tarefas de ensino de

língua. De acordo com Possenti (1996 p. 31-32) apud Antunes, 2009:

No dia em que as escolas se dessem conta de que estão ensinando aos alunos o que eles já sabem, e que é em grande parte por isso que falta tempo para ensinar o que não sabem, poderia ocorrer uma verdadeira revolução... Sobrariam apenas coisas inteligentes para fazer na aula, como ler e escrever, discutir e reescrever, reler e reescrever mais, para escrever e ler de forma sempre mais sofisticada, etc.

Dessa forma, para que os alunos se apropriem, especialmente os da EJA,

das práticas de escrita – para desenvolver, muito mais do que a capacidade de

escrever, o gosto e compromisso com as produções escritas, a escola terá de

mobilizá-los internamente, pois dominar estratégias de escrita (e também escrever

para aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar que a escrita é algo

interessante e desafiador, algo que, conquistado plenamente, dará autonomia e

independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se desafiar a

aprender fazendo. Uma prática que não desperte e cultive o desejo de ler e escrever

não é uma prática pedagógica eficiente.

24

3. VIVENCIANDO OS ASPECTOS DA PRODUÇÃO ESCRITA DOS ALUNOS DO

4º PERÍODO DA EJA

A coleta de dados não é um fato isolado, não devendo por isso, ser um

acontecimento fruto de um momento de observação. Dada a importância da

pesquisa qualitativa, atrelada à visita de campo, é necessário um aprofundamento

maior na sua aparência inicial, para que chegue à descoberta de seu valor real.

Os sujeitos colaboradores deste trabalho consistem em 01 (um) professor

que atua no 4º período da EJA, que será identificada como “FERREIRA, 2016”, e

alunos do referido período. Os alunos serão identificados como aluno “01”, aluno

“02” e assim sucessivamente.

Mediante a necessidade de se investigar como vem se desenvolvendo a

prática pedagógica da produção escrita com os alunos da EJA, especificamente do

4º período, foi necessário registrar algumas declarações repassadas pelos alunos e

pela professora a respeito de suas vivências em sala de aula no tocante ao trabalho

com produções textuais.

3.1. ANALISANDO TEORIAS E PRÁTICAS REVELADAS PELOS SUJEITOS

COLABORADORES

Analisando as ideias apresentadas pela professora no questionário aplicado,

percebe-se que a mesma parece ter uma visão meio restrita do que seja um texto,

considerando-o como uma atividade escolar, com aquelas informações que

costumamos ouvir dos professores e ver em alguns livros: “o texto tem que ter

começo, meio e fim, pode ser verbal e não verbal”. Para ilustrar, convém mencionar

o que expressa à professora em resposta à pergunta “o que é um texto”: “É uma

produção feita por alguém, com sentido, e tem começo e fim, pode ser verbal e não

verbal” (FERREIRA, 2016).

Apesar de não ter uma ampla concepção de texto, a professora ao

responder o questionamento 01, que trata da importância da leitura para o

desenvolvimento da produção textual dos alunos, considera a leitura como um meio

importante para que ao aluno se expresse com clareza e desenvolva o senso crítico.

A professora também concebe a leitura como meio para melhorar a produção

textual. Prova disso é o que afirma Ferreira (2016), acerca da questão: “A leitura é

25

imprescindível para saber se expressar de forma clara [...] Através do ato de ler e

compreender, criticar, possibilitamos melhor a produção textual”.

A opinião apresentada parece denotar a condição de conceber a leitura

como ponte para o desenvolvimento da escrita.

No entanto, contemplando a resposta dada pela professora à questão 3, que

se refere aos gêneros trabalhados em sala de aula, observamos que ela faz uso, ,

de um repertório textual pouco significativo, haja vista que os gêneros contemplados

pertencem, em sua maioria, unicamente ao universo escolar. Deixando de lado o

fato de que o aluno da EJA apresenta características e especificidades e interesse

distintos. Para ilustrar isso, a resposta de Ferreira (2016), é: “Poesia, contos,

romances, depoimentos, relatos, textos narrativos e dissertativos”. Como também,

percebemos a deficiência do repertório dos textos trabalhados, quando a mesma

responde que o gênero textual preferido pelos alunos em suas produções textuais é,

apenas, o “texto descritivo”. Embora a docente afirme que a metodologia escolhida

para trabalhar a produção textual em sala se dá através de “Música, tema atual de

interesse dos alunos, gravuras, questionários”. (FERREIRA, 2016).

Levando-se em conta os exemplares textuais propostos, pode-se inferir que

os mesmos não conduzem o aluno a compreender e preservar a função social da

leitura, tampouco contribuir para a realização de produções textuais que respondam

aos anseios da clientela atendida, não têm importância para sua vida cotidiana. Sem

contar que, mediante essa prática, o professor acaba por incutir, também no aluno,

uma noção restrita e superficial acerca do texto.

Assim sendo, as práticas textuais trabalhadas pelo professor parecem

assumir um caráter de repositório de mensagem e informações, de pretexto para a

abordagem gramatical, dentre outras possibilidades, conforme estabelece Kleiman

(1996, p. 17 -23).

No que se refere às aulas que envolvem produções textuais, a professora

expressa como problema a insegurança dos alunos devido às dificuldades com a

ortografia.

Isso nos leva a destacar, apoiados em Vygotsky, que a língua escrita é um

sistema de signos que não têm significado em si, é um sistema simbólico de

representação da realidade. As ideias de Vygotsky sobre a aquisição da língua

escrita têm muitos pontos em comum com a teoria de Emília Ferreiro e seus

26

colaboradores, em especial, por considerarem a escrita como um sistema de

representação da realidade e o processo de alfabetização como o domínio

progressivo desse sistema e não a aquisição de uma habilidade mecânica de

correspondência letra/som.

Sendo assim, consideramos que os alunos se desenvolvem em uma cultura

letrada e estão em contato com diferentes usos da linguagem escrita, seus gêneros

e tipos textuais. Dessa forma, é necessário oferecer aos alunos da EJA atividades

de escrita que correspondam às práticas sociais de escrita em articulação com

experiências que os levem à descoberta do princípio alfabético e das convenções

ortográficas.

Na produção escrita, um critério importante para a avaliação de dificuldades

de ensino aprendizagem é a convivência do aluno jovem e adulto com o texto e sua

função na sociedade. A dificuldade individual é reduzida, na medida em que o texto é

construído coletivamente. Devemos considerar, ainda, que a leitura e escrita não

deve ser feita letra ou a letra ou sílaba a sílaba, mas por blocos maiores, pois essa

opção por unidades menores não ajuda a vencer as dificuldades ao trabalhar

produções textuais, pelo contrário, torna, muitas vezes, o texto sem sentido.

Porém, é essa prática que acontece na maioria das turmas de jovens e

adultos. Comprovando o exposto, examinemos a declaração da professora ao

responder o que faz para minimizar as dificuldades relacionadas às práticas textuais

em sala: “Trabalhando do mais simples, como formação de frases para se chegar ao

mais complexo, os textos”. (FERREIRA, 2016)

Com relação ao que representa o texto para o trabalho da professora, ela

afirma ter o texto como aliado. Entretanto essa afirmação é negada quando a

mesma aponta os critérios utilizados para selecionar os textos trabalhados como os

alunos. O que revela categoricamente sua atividade efetivada de lançar mão dos

textos na tentativa de priorizar práticas referentes à abordagem do conteúdo

curricular, sem falar que subestima a capacidade do aluno quando escolhe o

tamanho do texto, conforme está exposto na afirmação seguinte: “[...] as dificuldades

que eles apresentam, o conteúdo (se é interessante, compreensivo) e o tamanho do

texto”. (FERREIRA, 2016)

Embora acredite que a metodologia utilizada ao trabalhar a escrita seja

considerada satisfatória, como Ferreira, 2016 mesmo afirma: “Acredito que sim, pois

27

percebo o interesse da parte deles e procuro partir da realidade dos mesmos, como

também, das dificuldades vivenciadas”.

Essa condição de ser satisfatória, muitas vezes, está intimamente

relacionada aos anseios particulares do professor, que parece esquecer que toda

prática docente deveria estar centrada em torno das expectativas e necessidades

dos alunos, levando em consideração a situação de invisibilidade a que está sujeito

o aluno da EJA. Nesse sentido vale salientar o que discute Gadotti e Romão (2011,

p. 102): “Na medida em que o alfabetizador for percebendo que o domínio do código

escrito implica muito mais, é provável que sua satisfação diminua e abra espaço

tentar tornar mais abrangente o seu universo teórico”.

É necessário que os alunos tenham contato diário com todo tipo de material

escrito na escola para que possam cada vez mais, fazer descobertas sobre as

palavras, e ficar curioso sobre elas, sobre seus significados usos e ortografia,

mesmo que não saibam ler convencionalmente, muito comum na EJA, mas não se

pode deixar de incentivar esse aluno e fazer com ele veja o quanto é importante o

ato da leitura e da escrita, para que possam se interessar e praticá-las, pois só

assim eles encontrarão a melhor forma de aprender ler e escrever.

Lembrando que o aluno deve saber o quê escreve e para que está

escrevendo, ou seja, toda produção escrita deve ter um objetivo. Para isso deve ser

tomado como ponto de partida o que esse aluno já sabe, como também produzir

textos que circulem socialmente.

Sendo assim, a escola precisa levar o aluno a adquirir competências

primordiais para a leitura, como também para uma comunicação escrita competente,

que o permita atuar nas mais diversas situações comunicativas, vivenciadas dentro

ou fora do contexto escolar.

Certamente se essa prática fosse interiorizada e concretizada pelos

profissionais desta modalidade, muitos dos aspectos que interferem na aquisição da

escrita, como também na preservação de sua função social, poderiam ser atenuados

ou até mesmo eliminados do contexto da educação de jovens e adultos.

O professor precisa garantir ao aluno a alfabetização, ou seja, a habilidade

de ler (decodificar) e escrever (codificar), mas também o letramento, habilidade de

usar a escrita em suas mais diversas funções sociais. A distinção entre esses dois

28

conceitos, estabelecidas por vários estudiosos no assunto é explicitada por Telma

Ferraz, Albuquerque e Morais apud Brasil (2006, p. 72):

O primeiro termo, alfabetização, corresponderia ao processo pelo qual se adquire uma tecnologia – a escrita alfabética e as habilidades de utilizá-las para ler e escrever. Dominar tal tecnologia envolve [...] compreender o funcionamento do alfabeto, memorizar as convenções letra-som e dominar o seu traçado, usando instrumentos como lápis, papel ou outros que os substituam. Já o segundo termo, letramento, relaciona-se ao exercício efetivo e competente daquela tecnologia da escrita, nas situações em que precisamos ler e produzir textos reais.

O trabalho com a produção de textos é primordial no processo de ensino –

aprendizagem da língua. Não parece possível, no entanto, pensar na escrita sem

relacioná–la à prática de leitura, pois essa favorece a escrita. Existe uma grande

possibilidade de um bom leitor ter mais condições de ser um escritor competente do

que alguém que não tem o hábito de ler.

Mas o que vem a ser um leitor competente? Segundo os PCNs de Língua

Portuguesa (1997, p. 54), um leitor competente é aquele que, na produção de um

discurso, sabe escolher o gênero textual mais apropriado a seus objetivos.

Sendo assim, consultando os alunos do 4º período da EJA, a respeito de

gostar de ler, todos se manifestaram positivamente, apresentando alguns

argumentos para tal prática, vejamos algumas justificativas:

ALUNO 1 - “Para saber das coisas. Chegar nos lugares, ler as palavras, se

orientar.” 1

ALUNO 2 -“Para usar a net”.

ALUNO 3 - “Para aprender a ter mais conhecimento”.

ALUNO 4 - “Por que é importante para resolver as coisas”.

ALUNO 5 - “Fico informado”.

ALUNO 6 - “Vai me ajudar na igreja e no meu trabalho”.

ALUNO 7 - “Para resolver minhas coisas”.

Mesmo gostando de ler alguns alunos afirmam não gostar de produzir textos

e explicam por que:

ALUNO 1 - “Não sei fazer”.

ALUNO 2 - “Porque ainda não consigo fazer textos”.

1 As citações que forem transcritas se referem aos questionários aplicados com alunos da EJA da Escola Estadual

Lions Clube – Currais Novos/RN, os alunos serão identificados como “ALUNO 1, ALUNO 2...”.

29

ALUNO 3 - “Não consigo fazer”.

ALUNO 4 - “Por que eu não sei”.

Vale ressaltar que os alunos 01, 02, 03 e 04 estão na EJA há dois, três e

cinco anos, respectivamente. Isso nos leva a inferir que as atividades de escrita

propostas não estão conseguindo alinhar as práticas de letramento com a produção

e a leitura de textos, visto que o jovem e adulto já traz consigo um conhecimento

prévio fruto das experiências vivenciadas no dia a dia. Nesse sentido, a função do

educador não seria precisamente a de ensinar a escrever, mas criar condições que

permitam ao educando tornar-se um escritor competente e autônomo, capaz de

realizar sua própria aprendizagem, conforme seus interesses e necessidades.

Mesmo assim, esses alunos afirmam ser satisfatória e facilitadora da

aprendizagem, a forma que a professora trabalha atividades de produção escrita em

sala. Sobre isso revelam:

ALUNO 1 - “Sim. Porque é fácil de compreender desenvolver a minha

leitura”.

ALUNO 2 - “Sim. Ela explica bem”.

ALUNO 3 - “Sim. Agente entende”.

ALUNO 4 - “Sim. A se comunicar melhor”.

ALUNO 5 - “Sim. Gosto da forma que a professora escreve porque eu

aprendo com ela”.

Alguns, talvez pelo vínculo afetivo, relacionam bons métodos com a

cordialidade da professora:

ALUNO 7 - “Sim. A gente quando tá confusa ela chega e ajuda”.

ALUNO 9 - “Sim. Por que ela ensina bem”.

ALUNO 10 - “Sim. Porque ela incentiva a gente”.

ALUNO 11 - “Sim. Porque ela é muito boa amiga”.

Apesar de alguns alunos declararem que não gostam de produzir textos, a

maioria, inclusive os que declaram não saber escrever, quando interrogados sobre a

importância da leitura e da escrita revelam:

ALUNO 1 - “Para ler e escrever uma carta e ajudar meus filhos”.

ALUNO 2 - “Para não ficar perguntando”.

ALUNO 3 - “Para resolver sozinho meus problemas”.

ALUNO 4 - “Para viajar, fazer compras”.

30

ALUNO 5 - “Porque em todos os cantos tem coisa pra ler...”.

ALUNO 6 - “Vai melhorar a minha vida”.

ALUNO 9 - “Para fazer muito concurso”.

ALUNO 10 - “Para ser alguém melhor. Ter alguma coisa na vida”.

Sabemos que o texto não é único, não está fechado em si e que muitas

circunstâncias que envolvem as práticas textuais pode ser favorecidas no contexto

da sala de aula. No entanto, ao analisar as respostas concernentes ao conceito de

textos e aos gêneros mais apreciados, dentre os trabalhados em sala, podemos

detectar que a maioria dos alunos, assim como a professora tem uma noção restrita

acerca desse recurso, sempre voltada para as produções escritas realizadas na

escola. Suas preferências limitam-se ao texto oferecido pelos docentes para

situações específicas. Para comprovar isso vejamos o que dizem alguns alunos a

respeito das questões propostas:

ALUNO 2 - “Coisas que a gente tira da cabeça”. (“Poesias, músicas”)

ALUNO 3 - “São palavras que nos ensinam”. (“Poesia”)

ALUNO 5 - “Um texto pode cer uma carta, uma história.” (“Poema, narrativa”)

ALUNO 6 - “Fazer frases”. (“Poesia”)

ALUNO 7 - “Uma história”. (“Música, poesia”)

ALUNO 8 - “Uma história”. (“Música, poesia, textos informativos”)

ALUNO 10 - “Poesia”. (“Poesia, piada, melodia.”)

Alguns alunos apresentaram respostas bem elaboradas sobre o conceito de

texto, mas, infelizmente foram induzidos pela professora, que até ditou para eles,

mas a escolha do gênero preferido é semelhante aos demais. Vejamos:

ALUNO 4 - “É um aliado na aprendizagem”. (“Poesia”)

ALUNO 11 - “É um suporte para ajudar na leitura e na escrita”. (“Poesia”)

ALUNO 14 - “É um subsídio que ajuda na aprendizagem”. (“Poema”)

Embora os alunos não apresentem uma compreensão da função social da

escrita, a maioria deles afirma que os textos e as produções textuais contribuem

tanto para a sua vida escolar quanto para sua vida diária. Essas afirmações parecem

revelar que estes alunos são conscientes da função primordial do ato de escrever

como objeto de aprendizagem e reconhecem a função social da leitura e da escrita,

tendo em vista o perfil desse aluno apresentado pelo programa de Educação de

31

Jovens e Adultos do 1º segmento do Ensino Fundamental, já apresentado neste

trabalho. Vejamos o que afirmam acerca dessa contribuição:

ALUNO 1 - “Ler melhor. Supermercado, nas redes sociais”.

ALUNO 3 - “Desenvolvendo a leitura. Sabendo se dirigir ao local correto”.

ALUNO 6 - “A melhorar na escrita, na informação, no conhecimento. No

trabalho, banco...”.

ALUNO 8 - “A desenvolver a leitura. No banco, no trânsito”.

ALUNO11 - “A escrever melhor. Ajuda a me distrair pensando na aula”.

ALUNO 12 - “Para conhecer o conteúdo da leitura. Ajuda para ir ao banco, a

imgreja e também ao surpermecado”.

A maioria dos alunos do 4º período expõe que estiveram fora da escola por

mais de 20 anos, inclusive, entre os alunos há um que nunca frequentou a escola. E

os motivos que os fizeram voltar a estudar estão ligados a sua inserção nas

diferentes situações sociais, e para realizar tarefas ligadas a leitura e a escrita no

cotidiano. Prova disso é o que afirmam quando interrogados por que voltaram à

escola:

ALUNO 5 - “Para ficar inteligente e ter uma profissão futuramente”.

ALUNO 6 - “Preciso aprender a ler para tirar a minha habilitação”.

ALUNO 7 - “Quero aprender a ler”.

ALUNO 10 - “Ter um futuro melhor”.

ALUNO11 - “Meus filho se formaram, fiquei viúva e só, então vim estudar”.

ALUNO 12 - “Para ter uma profição melhor”.

ALUNO 13 - “Porque quero fazer uma faculdade”.

ALUNO 14 - “Porque é preciso aprender mais a ler e a escrever”.

Frente às análises das entrevistas dos alunos, percebemos a existência de

algumas práticas e concepções do professor que não favorece a escrita dos alunos

da EJA, tão pouco os leva a encontrar significado para esse relevante ato. “Ao aluno

são oferecidos textos curtos, de poucas frases, às vezes, até o limite da indigência”

(PCNs - LÍNGUA PORTUGUESA, 1997, p. 36).

Observamos que repertório de textos é limitado e sem significado para o

cotidiano dos alunos, denotando assim uma concepção que não os torna aptos a

utilizar a escrita de modo eficiente, inclusive, poucos conseguem escrever além de

frases, embora consigam ler com mais facilidade. Sendo necessário que a

32

professora trabalhe a produção textual na perspectiva de que o conhecimento que

se adquira na escola só valerá se puder ser aplicado fora dela.

Para isso, é fundamental oportunizar aos alunos condições para que possam

ampliar seu universo textual, bem como refletir acerca das produções que circulam

socialmente, construindo dessa forma, escritores competentes e conscientes da

função social da escrita.

As atividades de produção escrita devem ser trabalhadas em um contexto

de letramento como início da aprendizagem da escrita, no desenvolvimento dessa

habilidade é necessário o uso da leitura e da escrita como práticas sociais.

Alfabetizar letrando é, portanto, ensinar a ler e escrever o mundo, ou seja, no

contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, tendo em vista que a linguagem

é um fenômeno social. Paulo Freire destaca que:

[...] a leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele [...]. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. (FREIRE, 2000, p. 11)

Isso quer dizer que se deve ensinar não apenas a capacidade de codificação

e decodificação, mas levar o aluno a entender os significados e usos das palavras

em diferentes contextos e também os conhecimentos acerca das situações de

interação mediadas pela língua escrita. É importante que os professores da EJA

organizem atividades nas quais os alunos possam levar para o ambiente escolar o

seu convívio e suas experiências de vida. Assim, é necessário promover a interação

discursiva leitor/autor; como meio de conduzir o jovem e adulto a considerar que nos

textos há uma incompletude, implicando desse modo numa relação com outros

textos, com a experiência do leitor e sua vivência de mundo.

Segundo Antunes (2007, p. 122):

“[...] enquanto não nos dermos conta desses princípios – tão simples! – nossos alunos (e muitos de nós!) vão continuar sem se apaixonar pela língua, com dificuldades de leitura e produção de textos; e, nós vamos continuar nos queixando de que eles não sabem ler”.

Assim, uma prática significativa depende do interesse do professor em

planejar as suas aulas com coerência, visando à construção de conhecimentos com

os alunos, e, em se tratando de EJA, levar em consideração o perfil desse aluno,

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cabendo aos professores, à responsabilidade de fazer com que seus alunos, não só

se interessem, mas construam significados para a leitura e a escrita, promovendo

assim, a formação integral do jovem e adulto como leitor/escritor competente.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sociedade brasileira passa, hoje, por constantes transformações, cabendo

à escola então o papel, não só de alfabetizar, mas de preparar indivíduos capazes

de atuar qualitativamente nesse mundo globalizado, oferecendo-lhes uma educação

voltada para as mudanças estruturais diante das exigências apresentadas.

No entanto, as nossas escolas, especialmente as que trabalham com jovens

e adultos, ainda estão aquém, pois como instituição não tem conseguido ao longo

dos anos, despertar o interesse dos alunos pelas práticas textuais em termos de

leitura e de escrita.

Assim, diante do exposto, foi possível perceber que a leitura e a escrita

surgem desvinculadas dos propósitos que lhe dão sentido no uso social, aspecto

comprovado na fala dos sujeitos investigados, denotando um trabalho que perde de

vista a perspectiva de ressignificar saberes, valorizar a identidade dos sujeitos

envolvidos nessa modalidade, e prepará-los para enfrentar os desafios de suas

escolhas.

Sobre como vem se desenvolvendo a prática de produção de textos na EJA,

principal objetivo deste trabalho, pelos professores, ainda há um longo caminho a

ser percorrido, no tocante à escolha das diversas manifestações linguísticas – orais

e escritas -, que ocorrem em diferentes situações com variadas finalidades e

destinadas a públicos diferentes. Pois como discutido anteriormente, mesmo quando

não sabe ler, o jovem ou adulto está inserido em uma sociedade letrada e já possui,

sim, hipótese sobre o uso da linguagem, por isso apresentam condições de

tornarem-se escritores competentes e capazes de produzir textos coesos, coerentes

e significativos.

Diante dessa análise, torna-se importante despertar no professor, o

pensamento de que o trabalho de produção escrita não deve ser visto apenas como

uma tarefa pertinente à vida escolar. É importante considerá-lo um elemento

indispensável à atuação do jovem e do adulto na sociedade em que vive, pois se

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trata de um instrumento capaz de fazê-lo pensar, agir e também se posicionar frente

à realidade em que se insere.

Assim, este trabalho permitiu constatar que a EJA é um segmento meio

esquecido, os recursos e investimentos são poucos, abrem-se os espaços nas

escolas, mas as condições oferecidas são mínimas, não tem professor efetivo e com

formação adequada.

Normalmente, os materiais utilizados são improvisados, mas, mesmo assim,

é possível formar leitores e escritores competentes na EJA: é algo desafiador,

requer esforço dos sujeitos envolvidos e necessita um fazer pedagógico diferente.

É claro que se faz necessário a análise de outros fatores que envolvem a

prática pedagógica do professor que atua com jovens e adultos, para que se possa

detectar as falhas existentes no trabalho com a produção de textos, cujos efeitos

parecem ser pouco eficazes, o que leva o aluno a encarar como uma atividade

pouco prazerosa e, por vezes, difícil, dado o perfil específico dessa clientela.

Portanto em face da amplitude do tema, essa pesquisa buscou apresentar

uma amostra desse universo, instigando novos estudos que possam aprofundar o

conhecimento sobre as questões abordadas.

Objetivando entender como se desenvolve a produção escrita com os alunos

do 4º período da EJA, na Escola Estadual Lions Clube, em Currais Novos/RN,

percebemos que o aluno da EJA ainda necessita de práticas significativas que o

insira no mundo da leitura e da produção de texto. Daí, torna-se fundamental que o

professor disponha diferentes gêneros textuais para ampliar nos alunos da EJA um

maior universo textual, que os levem a refletir acerca das produções que circulam

socialmente.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Ensino de 1ª a 4ª série. Brasília: MEC/SEF, 1997.

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FERREIRA, Maria Zuleide. Entrevista semiestruturada. Abril, 2016. Entrevistadora: Francisca Maria Silva de Araújo. Currais Novos, 2016. Entrevista concedida para fim de levantamento de dados para artigo científico.

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 2001.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. ______. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. ______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

______. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

______. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados/Cortez, 2000.

GADOTTI, Moacir, ROMÃO, José E. (Orgs). Educação de Jovens e Adultos: Teoria, prática e proposta. São Paulo: Cortez, 2011. HADDAD, Sérgio e DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de Jovens e Adultos. Revista Brasileira de Educação. São Paulo, n.14, p. 108 – 130, 2000. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010. Disponível em http://www.censo2010.ibge.gov/. Acesso em 12 abr. 2016.

KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura: teoria e prática. Campinas, São Paulo: Pontes: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1996.

36

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LOPES, L. dos R. Pereira; MAIA, M. N. Silveira; AQUINO, Marta A. Mota e. Fundamentos e metodologia da educação de jovens e adultos. Montes Claros: Unimontes, 2012.

MOURA. Tania Maria de. A prática pedagógica dos alfabetizadores de Jovens e adultos: contribuições de Freire, Ferreiro e Vygotsky. São Paulo, Pioneira, 1999.

OLIVEIRA, M. K. de. Desenvolvimento e aprendizagem. In Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento – um processo sócio – histórico. São Paulo: Scipione, 1993.

POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática. Campinas: Mercado das Letras, 1996. In: ANTUNES, Irandé. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São Paulo: Parábola editorial, 2007.

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APÊNDICES APÊNDICE A (ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O PROFESSOR)

QUESTIONÁRIO – PROFESSOR Formação acadêmica:_________________________ Tempo de atuação como professor:______________________ Tempo de atuação na EJA:_____________________ Período que atua:_____________________________

1. Qual a importância da leitura para a produção textual dos alunos?

2. Em sua opinião o que é um texto?

3. Que gêneros de texto você costuma trabalhar com seus alunos?

4. Que critérios você leva em consideração para selecionar os textos a serem trabalhados em

sala de aula?

5. Quais os gêneros textuais que seus alunos gostam mais de produzir?

6. Que metodologias você utiliza para desenvolver as atividades de produção de texto em sua

sala de aula?

7. Quais as dificuldades encontradas nas aulas que envolvem produções textuais?

8. Que medidas você tem tomado para minimizar os efeitos dessas dificuldades?

9. A metodologia que você utiliza ao trabalhar produção de texto é, em sua opinião,

satisfatória, tendo em vista o perfil do aluno da EJA?

10. O que o texto representa para o seu trabalho enquanto professor da EJA? ( ) complemento ( ) suporte ( ) pretexto ( ) aliado ( ) outro. Especificar______________

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APÊNDICE B (ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O ALUNO)

QUESTIONÁRIO – ALUNO Idade:___________ Há quanto tempo estuda na EJA:_______________ Trabalha ( )Sim ( )Não Profissão:____________________ Período que frequenta:___________ 1. Quanto tempo ficou sem estudar? 2. Por que resolveu voltar a estudar? 3. Você gosta de ler? ( )Sim ( )Não Por quê? 4. Você gosta de produzir textos? ( )Sim ( )Não Justifique: 5. Para você qual a importância de ler e escrever? 6. Para você o que é um texto? 7. Como os textos ajudam em sua aprendizagem na sala de aula? 8. Quais os gêneros de textos trabalhados em sala que você mais gosta? 9. Você acha que os textos produzidos em sala de aula ajudam em sua vida fora da escola? ( )Sim ( ) Não. Como? 10. Você gosta da forma que a professora trabalha a escrita de textos em sala de aula? Por quê?

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ANEXOS

ANEXO A – FOTOS DOS ALUNOS EM ATIVIDADE

FOTO 01 – Professora trabalhando leitura e produção de texto a partir da poesia “Cidadezinha Qualquer” com os alunos do 4º período da EJA.

FOTO 02 – alunos do 4º período da EJA respondendo ao questionário.

FOTO 03 – Alunos do 4º período realizando atividade em grupo (listar palavras e preços a partir de folhetos de supermercado).

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ANEXO B – TERMOS DE CONSENTIMENTO

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