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abelos pintados, lentes de contato, sutiãs com enchimento, calcinhas que diminuem a barriga e levantam o bum- bum – o que acontece quando esses acessórios são descobertos? Geralmente nada. As pequenas mentiras da beleza são perfeitamente p e rdoáveis. Além de tanta compreensão, existe um choque entre os padrões de beleza reais e aqueles impostos pela mídia. Nas gerações passadas, a vida útil era de 60 anos, mulher não trabalhava fora e “beleza não põe mesa” era o ditado popular. Mas a emblemática expressão do poeta Vinícius de Moraes – “beleza é fundamental” não deixou alter- nativa. No mundo globalizado e competitivo, a ciência vem socorrer homens e mulheres, garanti- ndo alterações estéticas antes impensáveis e sinte- tizando o que hoje conhecemos como a “ditadura da beleza”. Os avanços da medicina não só prolongaram a expectativa de vida da população como ajudaram a enfrentar os limites estéticos do corpo. O “super- mercado da beleza” oferece produtos de vários tipos que, na maioria das vezes, apresentam efeitos paliativos e temporários, mas nem por isso, menos desejáveis. Dividido em três categorias distintas – Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos – o mer- cado brasileiro cresceu mais de 20% em relação a outros países do mundo e, na maioria das vezes, apresentou lucratividade acima da média para seus fabricantes, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC). O fenômeno pode ser observado analisando desde hábitos sim- ples recentemente incorporados ao dia-a-dia mas- culino, como depilar-se ou fazer as unhas, até o público crescente nos salões de beleza fazendo megahair, “chapinha”, luzes e maquiagem correti- va, dentre outros tratamentos. Mesmo os consultórios dermatológicos, antes voltados apenas ao tratamento de doenças, foram transformados em clínicas de estética onde técnicas como injeções de botox, aplicação de perleine (fios que desfazem as rugas no canto da boca) e bronzeamento artificial criam uma dependência constante para renovação dos benefícios desse tipo de tratamento. O tamanho do mercado O Brasil é o sexto maior mercado do mundo para a indústria da beleza, o que equivale a US$ 9,8 mi- lhões, como revela pesquisa da ABIHPEC realizada DANIELE MACIEL, FABÍOLA SCHWOB, MARIA INEZ MURAD E MARINA ROMISZOWSKA A primeira impressão é a que fica É tudo mentira! Divulgação: Dita Von Teese

A primeira impressão é a que fica - puc-riodigital.com ...puc-riodigital.com.puc-rio.br/media/15 - a primeira impressão é a que fica.pdfsoal. Artifícios da sedução Para a psicóloga

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abelos pintados, lentes de contato,sutiãs com enchimento, calcinhas quediminuem a barriga e levantam o bum-bum – o que acontece quando esses

acessórios são descobertos? Geralmente nada. Aspequenas mentiras da beleza são perf e i t a m e n t ep e rdoáveis. Além de tanta compreensão, existe umchoque entre os padrões de beleza reais e aquelesimpostos pela mídia. Nas gerações passadas, avida útil era de 60 anos, mulher não trabalhavafora e “beleza não põe mesa” era o ditado popular.Mas a emblemática expressão do poeta Vinícius deMoraes – “beleza é fundamental” não deixou alter-nativa. No mundo globalizado e competitivo, aciência vem socorrer homens e mulheres, garanti-ndo alterações estéticas antes impensáveis e sinte-tizando o que hoje conhecemos como a “ditadurada beleza”.

Os avanços da medicina não só prolongaram aexpectativa de vida da população como ajudarama enfrentar os limites estéticos do corpo. O “super-mercado da beleza” oferece produtos de vários tiposque, na maioria das vezes, apresentam efeitospaliativos e temporários, mas nem por isso, menosdesejáveis. Dividido em três categorias distintas –Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos – o mer-cado brasileiro cresceu mais de 20% em relação aoutros países do mundo e, na maioria das vezes,apresentou lucratividade acima da média paraseus fabricantes, segundo dados da AssociaçãoBrasileira das Indústrias de Higiene Pessoal,Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC). O fenômenopode ser observado analisando desde hábitos sim-ples recentemente incorporados ao dia-a-dia mas-culino, como depilar-se ou fazer as unhas, até opúblico crescente nos salões de beleza fazendomegahair, “chapinha”, luzes e maquiagem correti-va, dentre outros tratamentos.

Mesmo os consultórios dermatológicos, antesvoltados apenas ao tratamento de doenças, foramtransformados em clínicas de estética onde técnicascomo injeções de botox, aplicação de perleine (fiosque desfazem as rugas no canto da boca) ebronzeamento artificial criam uma dependênciaconstante para renovação dos benefícios desse tipode tratamento.

O tamanho do mercadoO Brasil é o sexto maior mercado do mundo para

a indústria da beleza, o que equivale a US$ 9,8 mi-lhões, como revela pesquisa da ABIHPEC realizada

DANIELE MACIEL, FABÍOLA SCHWOB, MARIA INEZ MURAD E MARINA ROMISZOWSKA

A primeira impressãoé a que fica

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Divulgação: Dita Von Teese

em 2004. Essa partici-pação significa queentre os dez maioresmercados do mundo,o Brasil foi o quemais cresceu: 24,3 %.

A fatia dos con-s u m i d o res e fabri-cantes brasileiros émaior ainda se obser-vado o desempenhode cada setor. O país

ocupa a terceira posi-ção no ranking de maiores mercados do mundo deprodutos voltados para as crianças, para o cabelo edesodorantes.

A ABIHPEC esteve confiante no crescimento daindústria do setor em 2005. A projeção para o anopassado foi muito otimista. Calcula-se que o mer-cado brasileiro, que havia movimentado R$ 13,2milhões em 2004, chegaria a R$ 15,497 milhões em2005, ou seja, um crescimento de 17,4 %.

A venda de produtos para cuidados com a pele emaquiagem também tinha uma expectativa de

crescimento de mais de 20%. Logo atrás vem a per-fumaria, com projeção de 20% e cosméticos, 18,7%.A maquiagem para o rosto em primeiro lugar, paraos olhos em segundo e os produtos para colorir edescolorir os cabelos foram os responsáveis pelobom desempenho no primeiro semestre de 2005 egarantiram os prognósticos positivos dentro dosetor de cosméticos. Ou seja, a aposta das indústriasé no crescimento do mercado de produtos ligados àbeleza e não daqueles de uso diário, de higiene pes-soal.

Artifícios da seduçãoPara a psicóloga Michelle Barbosa a responsável

pelo aumento da utilização dos produtos e serviçosestéticos é a publicidade. “Vivemos em umasociedade de imagens, da produção de aparência.Somos massacrados por imagens de mulhere smagras, de cabelos lisos e seios fartos” afirma ela.O que fazer então se a genética não ajuda e opadrão da mulher brasileira é de quadril largo,seios pequenos e cabelos não tão lisos assim? Só nosresta freqüentar o “supermercado da beleza” edescobrir qual o produto que mais se adapta à

Julho/Dezembro 200560

As cobiçadas louras

Seja ela burra, inteligente, ingênua ou femmefatale, a mulher loura é um fetiche na cultura oci-dental. Tanto homens como mulheres alimentamessa fascinação por cabelos dourados, sejam elesnaturais ou não. A mídia e o cinema auxiliarammuito na construção dessa fantasia. Ao ingressarem Hollywood, a morena Norma Jean Baker rapi-damente pintou os cabelos de louro e mudou seunome para Marilyn Monroe, que, posteriormente,seria a sex symbol mais famosa de todos os tempos.O seu estilo – cabelos soltos platinados, boca pinta-da de vermelho intenso e pés vestindo salto agulha– permanece como referência no imaginário mas-culino.

A própria Marilyn Monroe falou uma vez: “Nãosei quem inventou o salto alto, mas todos os ho-mens devem muito a ele”. De fato, quem lançou osalto foi um homem, Luís XIV, que deixou comoherança para seu neto o nome do artifício – saltoLuís XV. Além de ser uma maneira de parecer mais alto, pois o rei era muito baixinho, o salto Luís XVera de bico fino e ornamentado.

Cecil Beaton

nossa necessidade. Outra razão mencionada pelapsicóloga para a utilização desses artifícios, mesmosabendo que eles são temporários, é o ideal vendi-do pela mídia através da afirmação: “Fique bonitae todos os homens estarão a seus pés”. Desta forma,quando são “descobertas” pelo parceiro com olhosde cor diferente, cabelo com caimento distinto emedidas diferentes do primeiro encontro, as mu-lheres já estão mais seguras no relacionamento e játiveram a chance de mostrar quem verdadeira-mente são.

Na contra mão da tendência, algumas pessoassão mais críticas com relação a alterações mesmosendo temporárias. Para Felipe Carneiro, 20 anos, éfácil perceber quando uma mulher faz escova nocabelo. “É só olhar o medo que a mulher tem depegar chuva! Prefiro que a mulher não faça e queassuma quem realmente é. Cada um combina comum tipo de coisa”. Elza Albuquerque, 22 anos, con-fessa que, apesar de ter gostado da experiência deusar lentes de contato coloridas, não se sentiu bem.“Achei falso! Parecia que não era eu. Acho impor-tante que a pessoa me ache bonita como eu sou”.Mesmo pessoas que não se consideram 100% satis-

feitas com o seu visual atual,resistem a uma mudança commedo de perder a identidade ou denão gostar do resultado final.Patrícia Streit, 20 anos, confessaque mudaria o formato do seubumbum que, segundo ela, “éherança do meu avô: longo,achatado e não tem conteú-do”. Adepta de b a l a y a g epara clarear os fios, temmedo de mexer em outraspartes mais sensíveis do corpo.

No entanto, esse grupo é minoria. O comporta-mento mais comum é “usar e abusar” dos meiosexistentes para se tornar cada vez mais atraentes. Éo caso de Evelyn Delgado que já perdeu a conta dequantas vezes mudou a cor do seu cabelo – segun-do ela própria afirma “mais de 1000 vezes! Já pin-tei de preto, vermelho, castanho, chocolate, fizluzes e até descolori! Gosto de variar.” Além da cor,Evelyn faz escova no cabelo re g u l a rmente epesquisa maneiras temporárias ou permanentespara emagrecer e reduzir a celulite.

É tudo mentira!61

Festa do botoxDepois da “festa do cabide”, “chá de panela unissex” e “lual na praia”, a

nova moda é a “festa do Botox”. É isso mesmo! Grupos de mulheres se reúnempara, em conjunto, eliminarem indesejáveis rugas de expressão. Tudo regadoa proseco e trilha sonora relaxante que vai desde new age até MPB. Os requi-sitos para participar de um desses “rega-bofes” são simples: vaidade, dinheiroe coragem para receber injeções sem reclamar!

Funciona assim: a organizadora é uma cliente assídua de um profissional querealiza esse tipo de aplicação. As amigas, ávidas para se beneficiarem do mesmotratamento, pedem indicação de como e onde podem ter acesso. Após sucessivosquestionamentos, a cliente principal decide então propor ao seu médico a org a-nização de um evento conjunto onde, além do tratamento em questão, as con-vidadas possam se beneficiar da companhia uma das outras. É o antigo “boca-a-boca” agora institucionalizado com direito à troca de experiências e mais pri-vacidade e conforto que nos consultórios tradicionais. O que nenhuma delasadmite é que também existe o benefício financeiro, uma vez que a maioria dosmédicos também dá desconto por quantidade de clientes atendidas.

Eleonora Ferraz, 53 anos, empresária, garante que a maior vantagem é passar os momentos “antes” e“depois” em companhia das amigas, reduzindo assim a ansiedade do resultado. Ela afirma que quandofez a primeira aplicação ficou receosa. “Estava com um pouco de medo. O fato de ter participado de umevento conjunto com outras mulheres me fez relaxar não só antes, como recebi dicas importantes arespeito dos cuidados depois da aplicação.” Alguns profissionais condenam a prática “massiva” de apli-cação de botox, afirmando que é impossível garantir a qualidade do resultado final desta forma.Polêmicas à parte, a “festa do Botox” já é um sucesso comprovado e um modismo que oferece dois bene-fícios irresistíveis: juventude e socialização em um único evento.

Julho/Dezembro 200562

Vaidade virilOs homens também são adeptos do disfarce, ape-

sar de historicamente sempre terem sido incentiva-dos a esconder sua vaidade. Antigamente, o padrãomasculino exigia discrição, o que significava vestircores neutras, usar acessórios clássicos e ter umanécessaire básica. Após a grande importância dadaao culto do corpo e da imagem, iniciada na décadade 1980 com os yuppies e a cultura das academiasde ginástica, os padrões ficaram mais flexíveis.Atualmente o uso de cores, jóias e de cosméticosvariados é socialmente aceito. Mais do que simples-mente aceito, é incentivado pela indústria dabeleza e devido à exigência feminina, passou a serprioridade para os homens.

Antigamente, aqueles que se enfeitavam eram osmais extrovertidos. De acordo com o sociólogoDário Caldas, organizador do livro Homens –C o m p o rtamento, identidade, crise, vaidade, agora,“até os conservadores o fazem”. As novas opções dehigiene e beleza, além dos básicos sabonete e pós-barba, que estão sendo oferecidos ao mercado mas-culino, são especializadas e contém características

próprias para seu público alvo. Na Europa eEstados Unidos, já está disponível maquiagemespecífica para homens que inclui gel para cílios esobrancelhas e sombra para olhos ou para conser-tar falhas nas barbas e bigodes.

O polêmico rótulo “metrossexual” criado pelamídia se refere ao homem que gasta a mesmaquantidade (ou mais) do que as mulheres em grifesde luxo e produtos de beleza. Enquanto isso, otermo mais recente “übersexual”, designa umaespécie de homem tradicional “camuflado”, que fazde conta que não depende dos novos artifícios masna verdade usa (e abusa) desses recursos.

No Brasil, os homens fazem do mercado de pro-dutos de beleza e higiene voltados para eles o sextomaior do globo, segundo pesquisa da ABIHPEC.Somente os europeus, os maiores consumidoresdesse nicho, movimentaram US$ 6 bilhões em2004.

A loja paulista Daslu, considerada um templo doalto consumo, aposta no novo filão como alternati-va para expansão dos seus negócios. A maioria dass o c i a l i t e s paulistas e do Brasil inteiro já eram

Maquiagem

Os primeiros re l a t o sdo uso de maquiagemvêm do Egito antigo.Os faraós usavamp e rucas coloridas epintavam os olhos co-mo a sedutora Cleópa-tra, que utilizava póde Kohl. Entre t a n t o ,até se tornar itemindispensável das mu-l h e res no século XX, amaquiagem chegou aser tachada de impurapela Igreja Católicasendo até associada àb ruxaria no final doséculo XVIII – per-seguições que só serv i-ram para confirm a rseu poder de sedução.

clientes da loja antes de sua ampliação para VillaDaslu, o que fez a proprietária Eliane Tranchesiinvestir pesado no crescente mercado masculino. ADaslu Homem possui diversos atrativos para essepúblico, como os últimos lançamentos nacionais ei n t e rnacionais em moda, tecnologia, carros ebeleza, além de contar com spas e salões especiais.

Outra característica da nova masculinidade éabandonar os tradicionais barbeiros e começar afreqüentar salões de beleza especializados, ideaispara homens que gostam da privacidade na horade se cuidar. Segundo o dono do salão paulistaStudio W, Wanderlei Nunes, os homens estão acom-panhando as novas tendências e pagando caro porisso. “Alguns dos serviços mais requisitados nosalão são cortes de cabelo que rejuvenescem, sejapela modernidade do corte ou porque disfarçacalvície; tingir os pelos brancos do peito, colocarreflexos e fazer pé e mão”.

Os homens estão batalhando para a supe-ração de antigos tabus. Ivan Júnior, 19 anos,gastou R$ 200 em cremes para a pele e ainda dese-

ja fazer um tratamento específico para tirar marc a sde acne do ro s t o . Ele afirma que até o próximo anoconsegue guardar dinheiro suficiente para satisfazeresse desejo. Assim como as mulheres, o cabelo tam-bém é uma grande preocupação para os homens.“Fui a um salão de cabeleireiro feminino fazer esco-va progressiva e não tive o menor constrangimen-to! Se a mulher pode se cuidar, por que o homemnão pode?”, afirma Júnior.

O fato é que homens e mulheres não conseguempassar incólumes sob os apelos da indústria dabeleza temporária: ser mais atraente para o sexooposto, admirado pelos pares ou disfarçar osdefeitos físicos rapidamente, sem dor, para umaocasião especial. O uso dessas pequenas mentirasda beleza funciona como uma espécie de regra deetiqueta para encontros amorosos – já se espera quea pessoa seja diferente “arrumada” do que normal-mente. Por isso, mesmo que venham as desilusões edecepções com a cor original dos olhos ou do cabe-lo, todos apostam que a primeira impressão é a quefica.

É tudo mentira!63

Menina dos olhos

Uma multinacional fabricante de lentes de contato lançou emsetembro de 2005 o concurso “Menina dos Olhos” para escolhera modelo de sua próxima campanha internacional. As candi-datas precisaram enviar apenas uma foto digital de rosto e umbreve perfil para então serem selecionadas em votação pelai n t e rnet. Os perfis das dez candidatas mais votadas sãocuriosos. Essas meninas, que parecem estar confessando o usode lentes, são em maioria de cidades do interior e têm alturabastante inferior à exigida de modelos de passarela: muitas nãopassam de 1,65m. Algumas enviaram fotos usando lentes decontato, outras, com seus olhos naturais, na maioria castanhos.Pelo menos três candidatas têm cabelos visivelmente pintados,sendo duas loiras e uma ruiva.

O próprio site (www.meninadosolhosbl.com.br) tem um joguinho que permite qualquer pessoa colocarlentes coloridas virtuais sobre seus olhos em uma foto. Podem ser “experimentadas” várias cores e fazparte da brincadeira mandar essa foto para os amigos. No Orkut, a comunidade “Sim, eu uso lentes decontato”, com 837 membros, possui um do tópico de discussão intitulado “qual a cor da sua lente?”. Asrespostas variam das mais corajosas às mais acanhadas. Muitos disseram aproveitar a indicação oftal-mológica para escolher lentes coloridas, em geral da cor verde.

Segundo o site da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, uma das funções básicas das lentes de contatoé a cosmética, apenas para realçar ou mudar a cor dos olhos. No entanto, o uso de lentes de contato cos-tuma ser constrangedor socialmente. Aqueles que se aventuram a usá-las costumam ir com elas a lugaresque quase ninguém as conheça, ou, a partir de certo momento, precisam assumir uma nova personali-dade.