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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO DA OBESIDADE A PARTIR DAS TEORIAS FEMINISTAS E ESTUDOS DE GÊNERO Mayara Zimmermann Gelsleichter 1 Resumo: Este artigo tem por objetivo responder como a produção de conhecimento feminista e de gênero apresenta questões/noções relacionadas à obesidade em mulheres. Este problema advém da experiência de trabalho enquanto Assistente Social do Programa de Residência Integrada e Multiprofissional em Saúde (RIMS/HU/UFSC), em especial, da atuação junto à Política de Atenção em Alta Complexidade aos usuários com Obesidade do Serviço de Cirurgia Bariátrica. O estudo é bibliográfico e de abordagem qualitativa (MINAYO, 2001), tendo como técnica a análise de conteúdo na modalidade temática (BARDIN, 1977). A pesquisa foi realizada no mês de setembro de 2016, e teve como corpus os periódicos indexados na Plataforma Scielo online: Revista Estudos Feministas (REF) e Cadernos PAGU. Os descritores utilizados para a pesquisa foram: “obesidade”, “alimentação”, “distúrbio alimentar” e “gorda”. Os sofrimentos e exclusões que vivenciam as mulheres com obesidade acarretam contextos que acirram iniquidades de gênero. Considerando a recente projeção da obesidade como questão de saúde pública, devido, principalmente, o elevado índice de manifestação nos países desenvolvidos é que se considera a análise da obesidade um desafio emergente para a produção de conhecimento orientada pelas teorias feministas e estudos de gênero. Palavras-chave: Obesidade, Gênero, Feminismo. Introdução Este artigo tem por objetivo responder como a produção de conhecimento feminista e de gênero apresenta questões/noções relacionadas à obesidade em mulheres. Este questionamento advém de minha aproximação com as teorias feministas e estudos de gênero, elucidadas a partir da disciplina “Gênero, Políticas Públicas e Serviço Social”, que cursei, no primeiro semestre de 2016. É importante acrescentar a intrínseca motivação advinda de minha experiência profissional, como Assistente Social do Programa de Residência Integrada e Multiprofissional em Saúde (RIMS/HU/UFSC), em especial, da atuação junto à Política de Atenção em Alta Complexidade aos usuários com Obesidade do Serviço de Cirurgia Bariátrica, durante os anos de 2014 e 2015 2 . 1 Mayara Zimmermann Gelsleichter, Especialista em Residência Integrada Multiprofissional em Saúde (RIMS/HU/UFSC), Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGSS/UFSC), integrante do Núcleo de Estudos em Serviço Social e Relações de Gênero (NUSSERGE/UFSC). Assistente Social do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) no Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), São José - SC/Brasil. Endereço do CV Lattes: (http://lattes.cnpq.br/3314850749484736). E-mail: [email protected]. 2 O HU/UFSC conta com o Programa desde 2009, vide elaboração e implementação do projeto alicerçado pela Lei nº 11.129/2005 e instituído mediante proposta do Ministério da Educação (MEC). Desta forma, a RIMS é uma modalidade de ensino de pós-graduação lato sensu, voltada para a educação em serviço e destinada às categorias profissionais que integram a área de saúde. No HU/UFSC, é composta pelas áreas de: enfermagem, farmácia, nutrição, fisioterapia, psicologia, serviço social, odontologia e fonoaudiologia. Já a Residência Médica é instituída desde 1980, no HU/UFSC.

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO DA OBESIDADE A PARTIR DAS

TEORIAS FEMINISTAS E ESTUDOS DE GÊNERO

Mayara Zimmermann Gelsleichter1

Resumo: Este artigo tem por objetivo responder como a produção de conhecimento feminista e de

gênero apresenta questões/noções relacionadas à obesidade em mulheres. Este problema advém da

experiência de trabalho enquanto Assistente Social do Programa de Residência Integrada e

Multiprofissional em Saúde (RIMS/HU/UFSC), em especial, da atuação junto à Política de Atenção

em Alta Complexidade aos usuários com Obesidade do Serviço de Cirurgia Bariátrica. O estudo é

bibliográfico e de abordagem qualitativa (MINAYO, 2001), tendo como técnica a análise de conteúdo

na modalidade temática (BARDIN, 1977). A pesquisa foi realizada no mês de setembro de 2016, e

teve como corpus os periódicos indexados na Plataforma Scielo online: Revista Estudos Feministas

(REF) e Cadernos PAGU. Os descritores utilizados para a pesquisa foram: “obesidade”,

“alimentação”, “distúrbio alimentar” e “gorda”. Os sofrimentos e exclusões que vivenciam as

mulheres com obesidade acarretam contextos que acirram iniquidades de gênero. Considerando a

recente projeção da obesidade como questão de saúde pública, devido, principalmente, o elevado

índice de manifestação nos países desenvolvidos é que se considera a análise da obesidade um desafio

emergente para a produção de conhecimento orientada pelas teorias feministas e estudos de gênero.

Palavras-chave: Obesidade, Gênero, Feminismo.

Introdução

Este artigo tem por objetivo responder como a produção de conhecimento feminista e de

gênero apresenta questões/noções relacionadas à obesidade em mulheres. Este questionamento

advém de minha aproximação com as teorias feministas e estudos de gênero, elucidadas a partir da

disciplina “Gênero, Políticas Públicas e Serviço Social”, que cursei, no primeiro semestre de 2016. É

importante acrescentar a intrínseca motivação advinda de minha experiência profissional, como

Assistente Social do Programa de Residência Integrada e Multiprofissional em Saúde

(RIMS/HU/UFSC), em especial, da atuação junto à Política de Atenção em Alta Complexidade aos

usuários com Obesidade do Serviço de Cirurgia Bariátrica, durante os anos de 2014 e 20152.

1 Mayara Zimmermann Gelsleichter, Especialista em Residência Integrada Multiprofissional em Saúde

(RIMS/HU/UFSC), Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Santa

Catarina (PPGSS/UFSC), integrante do Núcleo de Estudos em Serviço Social e Relações de Gênero

(NUSSERGE/UFSC). Assistente Social do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos

(PAEFI) no Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), São José - SC/Brasil. Endereço do CV

Lattes: (http://lattes.cnpq.br/3314850749484736). E-mail: [email protected]. 2 O HU/UFSC conta com o Programa desde 2009, vide elaboração e implementação do projeto alicerçado pela Lei nº

11.129/2005 e instituído mediante proposta do Ministério da Educação (MEC). Desta forma, a RIMS é uma modalidade

de ensino de pós-graduação lato sensu, voltada para a educação em serviço e destinada às categorias profissionais que

integram a área de saúde. No HU/UFSC, é composta pelas áreas de: enfermagem, farmácia, nutrição, fisioterapia,

psicologia, serviço social, odontologia e fonoaudiologia. Já a Residência Médica é instituída desde 1980, no HU/UFSC.

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Os atendimentos do Serviço Social às usuárias e usuários, em processo de avaliação e

acompanhamento pré-cirúrgico do HU/UFSC, foram imprescindíveis para me aproximar desta

realidade social. Soma-se a esta trajetória, as demais vivências ligadas ao paradoxo da obesidade,

como a questão de gênero e pobreza, cotidianamente presentes nas dimensões, pública e privada, da

vida contemporânea de grande parte das mulheres acompanhadas por este Serviço.

A problemática de gênero aflora nos campos de trabalho de assistentes sociais, nos quais não

se realizam, em geral, análises fundamentadas nas teorias feministas e de gênero. Conforme, sugere

Lisboa (2010, p.74):

“é necessário inventar, reinventar uma nova forma de produzir conhecimento em Serviço

Social a partir da afirmação da nossa identidade e a partir das demandas que surgem no

cotidiano de nossas práticas que configuram a transversalidade de gênero” (LISBOA, 2010,

p.74).

Esta lacuna na formação profissional resulta no encobrimento de questões pungentes ao

serviço social e às políticas públicas, que, se não trabalhadas, podem acentuar violências de gênero,

entre outros desdobramentos, corroborando com o aprofundamento das desigualdades sociais. No

entanto, a recente produção de conhecimento a partir da RIMS (GELSLEICHTER; ZUCCO, 2016;

GELSLEICHTER; ALVES, 2015; KLITZKE; ZUCCO, 2016; BERNARDO; ZUCCO, 2015) sugere

a importância desta apreensão no contexto social do HU/UFSC.

A historiadora Joana Pedro salienta que “entrar para a história tem sido um valor disputado”

(PEDRO, 2005, p.83); ou seja, de que precisamos pensar criticamente sobre a invisibilidade

ideológica da história das mulheres, visto que a forma tradicional de se escrever história, privilegiava,

em geral, os homens. Compreendo, então, que os estudos voltados para as questões de gênero, em

especial, às mulheres, correspondem às conjunturas históricas, nas quais, as relações de poder são

mais ou menos favoráveis à produção de conhecimento de e por mulheres. Nesta direção, “gênero

pode ou não importar para mim e para os outros; em nosso meio sociocultural, importa sempre.”

(TELLES, 1992, p. 50).

Para Pedro (2005), gênero é uma categoria de análise, assim como classe, raça/etnia, geração.

Telles (1992, p. 50) reforça que “gênero é uma categoria, um modo de fazer distinções entre pessoas;

uma construção cultural que classifica com base em traços sexuais, expandindo-se por cruzamentos

de representações e linguagens”. A norte-americana Scott atenta para a presença da categoria gênero

Ademais, a RIMS tem a duração mínima de dois anos, equivalente a uma carga horária de 5.760 horas de formação, deste

total, considera-se que 20% das atividades são teóricas e 80% práticas. Os residentes devem cumprir uma carga horária

de 60 horas semanais e em regime de dedicação exclusiva. (Portaria MEC/MS Nº 1.077/2009).

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nos meios acadêmicos na década de 1980. Retrata que o “gênero parece integrar-se na terminologia

científica das ciências sociais e, por consequência, dissociar-se da política – (pretensamente

escandalosa) – do feminismo” (SCOTT, 1989, p.06). Prossegue situando que “neste uso, o termo

gênero não implica necessariamente na tomada de posição sobre a desigualdade ou o poder, nem

mesmo designa a parte lesada (e até agora invisível)” (SCOTT, 1989, p.06).

Compondo este argumento, Costa (1998) reconhece que, num primeiro momento, o gênero

desconstrói a natureza não essencial da mulher. Sugere, então, o que considera o paradoxo da mulher,

pois, assegura o anti-essencialismo epistemológico ao passo que demanda o essencialismo político.

Assim, defende que

“a categoria mulher torna-se, portanto, uma posição política e o campo movediço e arriscado

de ação e reflexão dos estudos feministas em contraposição ao porto seguro dos estudos de

gênero (ou de masculinidades) dentro da academia” (COSTA, 1998, p.133).

Nesta direção, construo e justifico o interesse em abordar a categoria mulher neste estudo. No

entanto, relativizo, conforme Piscitelli (2002, p.11), que “o trabalho com gênero mantêm um interesse

fundamental na situação da mulher, embora não limitem suas análises ao estudo das mulheres”. A

literatura produzida pelas ciências sociais e de saúde (AGUIRRE, 2006, FERREIRA;

MAGALHÃES, 2005, FELIPPE, 2003) direcionam a prevalência da obesidade em mulheres,

considerando especificidades relacionadas às iniquidades de gênero, ou seja, “que elas possuem

oportunidades mais limitadas, carregam maiores responsabilidades sociais e possuem uma imagem

corpórea subvalorizada, interferindo na qualidade de vida” (PEÑA; BACALLAO, 2006, p.09-10).

Os dados epidemiológicos convergem nesta perspectiva, segundo o Ministério da Saúde

(2015), ao apontarem que a obesidade tem prevalência maior entre mulheres (18,2%) em comparação

aos homens (17,6%). Em relação ao tratamento cirúrgico da obesidade, considerado a intervenção

mais complexa para a perda de peso, é importante perceber a disparidade percentual das cirurgias

nessa população, pois são as mulheres as que mais realizam o procedimento.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica apontou que em 2013 cerca de

70% das pessoas que fizeram cirurgia bariátrica no país eram mulheres entre 35 e 45 anos. A pesquisa

de Fuchs et al. (2015) indica que 80% dos pacientes que efetuam cirurgia bariátrica nos Estados

Unidos são mulheres, percentual que se manteve inalterado no período do estudo (1998-2010). Já no

HU/UFSC o maior número de usuários internados por obesidade nos últimos 10 anos são mulheres

(GELSLEICHTER; ALVES, 2015, p. 152). Esta discrepância parece sinalizar contextos

diferenciados entre homens e mulheres na atenção em saúde e no “cuidado” com o corpo. Ademais,

a problemática da obesidade, assim como suas compreensões e conceitos, são abordadas a partir de

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diferentes perspectivas. Na atualidade, esta discussão tem sido projetada por organismos

internacionais – a saber, Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma manifestação de

insegurança alimentar e nutricional que acomete populações de todo mundo em largas escalas,

revelando-se um agravo extremamente complexo e um dos maiores desafios em pauta para a saúde

pública. Desta feita, compreender como as teorias feministas e os estudos de gênero abordam a

temática da obesidade em mulheres é uma tentativa de ampliar as discussões acerca desta temática.

Procedimentos metodológicos

A pesquisa realizada é exploratória e de abordagem qualitativa (MINAYO, 2001), tendo como

técnica a análise de conteúdo, na modalidade temática (BARDIN, 1977). Foi realizada no mês de

setembro de 2016, e teve como corpus os periódicos indexados na Plataforma Scielo, online: Revista

Estudos Feministas (REF) e Cadernos PAGU. O critério de escolha dos periódicos refere-se à

projeção nacional das revistas, ao fácil acesso, devido a disponibilização online e gratuita de ambas,

e a legitimidade acadêmica nos estudos de gênero e teorias feministas desde seus lançamentos na

década de 1990. Os descritores utilizados para a identificação dos textos e construção do corpus

foram: ‘obesidade’, ‘alimentação’, ‘distúrbio alimentar’ e ‘gorda’. Do levantamento realizado, obtive

os seguintes resultados quantitativos:

01. Tabela referente aos resultados de busca dos descritores nos periódicos

Os critérios de inclusão delimitados para a coleta de dados tiveram como referência o estudo

de Lima e Mioto (2007). Contemplam: parâmetro temático, relacionado ao objeto da pesquisa;

parâmetro lingüístico, inserção de texto somente no idioma em português; principais fontes dos

Descritores/Periódicos Revista Estudos Feministas Cadernos PAGU

‘obesidade’ 00 01

‘alimentação’ 02 02

‘distúrbio alimentar’ 00 00

‘gorda’ 00 00

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artigos indexados nos periódicos: Revista Estudos Feminista (REF) e Cadernos PAGU; parâmetro

cronológico sem especificação de data para o levantamento dos dados.

Segundo tais critérios, foram selecionados quatro artigos dos cinco encontrados. O primeiro

artigo da REF, intitulado “Aleitamento materno ou artificial: práticas ao sabor do contexto. Brasil

(1960-1988)”, não seguiu o critério relacionado ao tema, sendo resultado de uma análise de discurso

sobre aleitamento materno. Assim, diverge da proposta de pensar a questão da obesidade em

mulheres.

A leitura flutuante subsidiou uma visão geral do conteúdo, um primeiro levantamento da

discussão e a organização do material, com destaque às unidades de registro. Após essa primeira

aproximação, continuei com a leitura transversal e iniciei o processo de codificação e categorização.

Nesta etapa, destaquei os principais temas relacionados ao objeto de estudo. Em seguida, levantei os

sentidos mais recorrentes nos artigos, que convergem/divergem entre si. Por fim, realizei a

interpretação dos dados, a partir das categorias orientadoras do estudo.

Caracterização dos periódicos

As informações utilizadas para a caracterização dos periódicos/artigos foram: título do

periódico; título do artigo/assunto; autoras; formação; ano de publicação. Estes dados

compreenderam o contexto de produção dos textos que integraram o corpus, conforme consta no

quadro abaixo:

02. Tabela referente às informações dos periódicos/artigos.

Texto Título do

periódico Título do artigo Autora Formação

Ano de

publicação

01 PAGU Obesidade como deficiência: o

caso dos judeus

Sander L.

Gilman Historiador 2004

02 PAGU

A senhora da casa ou a dona da

casa?

Construções sobre gênero e

alimentação

no Egito Antigo

Thais Rocha

da Silva

Mestranda em Letras

Orientais 2012

03 PAGU Alimentação e codificação

social. Mulheres, cozinha e

estatuto

Rosa Maria

Perez

Antropóloga 2012

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04 REF Trabalho doméstico: desafios

para o trabalho decente Solange

Sanches

Pesquisadora na

Organização

Internacional do

Trabalho no Brasil

2009

A Revista Estudos Feministas (REF) é publicada quadrimestralmente, indexada e

interdisciplinar, possui circulação nacionalmente e internacionalmente. Seu primeiro número foi

publicado em 1992, durante seus 24 anos de produção, vem contribuindo para a consolidação dos

estudos feministas e de gênero no Brasil. É vinculada à Universidade Federal de Santa Catarina

(UFSC), Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH), localizando-

se na região sul. Observa-se a incipiente produção sobre a temática, a partir dos descritores utilizados,

na Revista. Os Cadernos PAGU, também são publicados quadrimestralmente em uma perspectiva

interdisciplinar. A revista objetiva contribuir para a ampliação e o fortalecimento do campo

interdisciplinar dos estudos de gênero no Brasil e para o intercâmbio internacional. Sua primeira

publicação data do ano de 1993. É vinculada ao Sistema COCEN (Coordenadoria de Centros e

Núcleos) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) no estado de São Paulo. A maior

representatividade de artigos, deve-se, especialmente, a publicação do Caderno 39, no ano de 2012,

intitulado Gênero e Alimentação.

Evidencia-se a majoritária autoria dos textos por mulheres de áreas de formação

interdisciplinares, que compreendem as áreas das ciências sociais. Este dado condiz com os objetivos

das revistas. Contudo, em relação à autoria, um dos artigos é escrito por um homem – texto um. Pode-

se, a partir deste marcador, situar que o próprio título do texto referencia uma abordagem masculina

“o caso dos judeus”.

Ademais, observa-se a incipiente produção sobre a temática, a partir dos descritores utilizados,

em ambas as revistas. Parece que o tema da obesidade, ainda não é amplamente discutido pelos

estudos feministas. É possível indicar que o tema da obesidade, esteja mais referenciado pelo campo

das ciências da saúde, como nutrição e medicina, justificando a escassez de artigos neste corpus. A

utilização do descritivo ‘gorda’ se deve a perspectiva política utilizada por mulheres ativistas do

Movimento Gorda3.

3 Em um breve levantamento nos meios de comunicação, é possível encontrar páginas no Facebook relacionadas a este

movimento, são:

Vai ter Gorda (https://www.facebook.com/MovimentodasGordinhas/),

Voz das Gordas (https://www.facebook.com/VozdasGordas/?fref=ts),

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Análises dos artigos em foco: temas, sentidos e interpretações

Chama atenção no corpus, principalmente, nos textos um, dois e três o recorte epistemológico

de apresentar suas temáticas referenciadas por uma realidade histórica e regional diferenciada –

espaço e tempo, categorizados como marcadores sociais. Cada um destes textos expõe a faceta do

gênero feminino, seja em relação à alimentação/obesidade situando um contexto cultural, social,

econômico e religioso. O texto um reconstitui as representações culturais do corpo obeso a partir do

caso dos judeus; o texto dois trata de uma etnografia na região da Índia rural e o texto três realiza um

breve histórico sobre a produção acadêmica relativa aos estudos da alimentação no Egito antigo, com

suas articulações no campo de gênero. Sobre este dado, podemos considerar a leitura dos marcadores

sociais de diferença, ou seja, que “cada uma dessas categorias de classificação está associada a uma

determinada posição social, possui uma história e atribui certas características em comum aos

indivíduos nela agrupados” (ZAMBONI, 2013, p.14).

Somente o texto dois trouxe referenciou discussões por categorias do campo dos estudos de

gênero, por exemplo: o trabalho doméstico e o universo feminino. Os textos um e três, não

apresentam formulações teóricas sobre gênero, ou seja, constroem sua fundamentação teórica voltada

para a relação da alimentação e suas determinações no meio social, religioso, cultural. Neste sentido,

Pedro (2005) atenta para a recorrência do uso da categoria gênero, citada em artigos e livros, sem

uma prática reflexiva aprofundada sobre o assunto. O texto dois apresenta um embate fundamental

nos estudos de gênero, que “os pós-colonialistas podem questionar o feminismo (ocidental)

predominante, apontando o seu fracasso ou incapacidade de incorporar questões raciais, ou a sua

tendência a estereotipar ou generalizar em excesso a questão da “mulher do Terceiro Mundo”

(BAHRI, 2013, p. 662). Nesta relação, o feminismo pós-colonial questiona as abordagens

estritamente ocidentais e evidencia outras narrativas para os estudos de gênero. Sobre gênero, pós-

colonialismo e egiptologia, a autora elabora:

“é justamente pelo fato de ser uma disciplina tão particular que barrou muitos “ismos” das

primeiras feministas, sobretudo ideias de uma opressão universal das mulheres, já que as fontes

demonstram que as mulheres egípcias, por outro lado, tinham um estatuto legal diferenciado

se comparadas às suas vizinhas do Mediterrâneo” (Texto 02).

Gordativismo (https://www.facebook.com/gordativismo/?fref=ts),

Precisamos falar de Gordofobia (https://www.facebook.com/precisamosfalardegordofobia/?fref=ts),

Beleza sem Tamanho (https://www.facebook.com/BelezasemTamanhoBlog/),

Movimento Gordo da Bahia (https://www.facebook.com/MovimentoGordoDaBahia/?fref=ts), Fattitude (https://www.facebook.com/fattitudethemovie/).

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Amplia-se neste horizonte, o cuidado epistemológico em apreender as realidades condizentes com a

Índia rural e os judeus.

A alimentação pode ser compreendida como “um ato vital, sem o qual não há vida possível,

mas, ao se alimentar, o homem cria práticas e atribui significados àquilo que está incorporando a si

mesmo, o que vai além da utilização dos alimentos pelo organismo” (MACIEL, 2001, p.145). Esta

perspectiva sociocultural se evidencia, nos textos dois e três:

“é preciso ir além do fato básico de que alimentar-se é simplesmente ingerir alimentos, mas ter

em vista que as formas pelas quais a ingestão de alimentos é construída socialmente se

articulam com outras formas de sociabilidade. As várias formas de comer passam pela divisão

sexual do trabalho, de organizações de sistemas em torno do alimentar-se (banquete, rituais,

etc.) e, mais ainda, pela linguagem. A história da alimentação deve, portanto, evidenciar o

aspecto cultural, social das escolhas sobre o que, onde e como comer (Texto 02).

“será um lugar-comum afirmar que, em qualquer sociedade, a alimentação é uma forma

intrínseca de cultura. Como comer, onde comer, com quem comer e, acima de tudo, o que

comer, são elementos essenciais de significação cultural e de atribuição de estatuto.

Efectivamente, o comportamento alimentar distingue posicionamentos sociais, gênero,

afiliação religiosa, estado de vida” (Texto 03).

Nesta perspectiva, podem-se traçar importantes articulações socioculturais entre alimentação e

gênero. Conforme Silva (2012, p.67) “a historiografia sobre a alimentação por muitos anos

privilegiou aspectos ligados à biologia” (SILVA, 2012, p. 67). Esta mesma discussão perpassou os

estudos de gênero, ao questionar a essencialização da mulher a partir de um determinismo biológico.

Em relação à alimentação e gênero os textos sugerem a confluência da mulher com a casa.

Neste núcleo de sentido a relação da mulher com o alimento pode vincular-se ao processo de cozinhar.

O texto três, a partir da realidade da Índia rural, situa que a produção dos alimentos se deve ao homem,

o que lhe favorece maior poder na hierarquia de gênero. Assim, o preparo dos alimentos se deve às

mulheres. A autora informa ainda, a distribuição desigual dos alimentos no interior da família, sendo

o homem o primeiro a comer. Desta forma, à mulher “está reservada uma maior escassez de

alimentos, no interior de uma hierarquia de gênero favorável aos homens” (PEREZ, 2012, p. 246).

Um estudo realizado na Argentina, pela antropóloga Aguirre (2006), situa uma hierarquia semelhante

à supracitada. A autora sinaliza que o trabalho das mulheres entrevistadas refere-se a atividades

domésticas não especializadas, sem definição de carga horária e mais prolongadas – conforme se

percebe o processo de preparar os alimentos. Aguirre (2006) verifica que essas mulheres não

participam de todas as refeições da casa, principalmente para garantir que os homens e filhos (as)

consumam os alimentos mais nutritivos, restringindo sua dieta a um contexto de carências

nutricionais.

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Sobre as análises que referenciam alimentação e gênero à problemática do trabalho

doméstico, o texto quatro é representativo desta condição:

“esses afazeres compreendem o cuidado com o lar, o que envolve a realização de um grande e

variado conjunto de atividades: serviços de limpeza, arrumação, cozinha, cuidado das roupas

e outros itens de vestuário, e, em muitos casos, cuidado de crianças, idosos ou mesmo plantas

e animais domésticos” (Texto 04).

Podemos pensar que “existe uma importante aproximação entre a obesidade e as pressões

geradas no contexto do trabalho desenvolvido pelas mulheres, seja ele com vínculo empregatício

formal ou o trabalho não remunerado (cuidado)” (GELSLEICHTER; ALVES, 2015, p.333). Desse

modo, o texto quatro, destaca uma análise fundamental da determinação da obesidade, mesmo que,

tenha restringido seus apontamentos à questão do trabalho, não sendo a obesidade uma preocupação

de estudo.

Em relação à obesidade, apenas o texto um trabalha as especificidades de uma construção

moral/religiosa do judeu obeso. Em contraposição, a perspectiva de gênero, não referencia diferenças

entre homens e mulheres. O texto não adota, inclusive, uma linguagem inclusiva de gênero. O texto

é escrito no masculino, denotando uma invisibilidade da mulher no contexto da obesidade. Acerca

dos saberes relacionados à questão da obesidade, o autor pontua profundas dificuldades vividas e

experimentadas cotidianamente por obesos:

“continuamente encontram várias formas de discriminação, incluindo a exclusão intencional

ilegal, os efeitos discriminatórios das barreiras arquitetônicas, de transporte e comunicação,

regras e políticas superprotetoras, falha em fazer modificações em equipamentos e práticas

existentes, padrões de qualificação e critérios excludentes, segregação e relegação a serviços,

atividades, benefícios, empregos ou outras oportunidades inferiores” (Texto 01).

Este contexto é apresentado por Gelsleichter e Zucco (2016, p.15) a partir do

acompanhamento de mulheres com obesidade. As autoras retratam aspectos referentes à

“preconceito, isolamento e constrangimento social são sentimentos presentes na vida das

mulheres em função de sua obesidade. Ganham materialidade em decorrência de violências

explícitas ou quando, implicitamente, são excluídas da vida social. Atravessar a estreita

catraca do ônibus, sentar em cadeiras, realizar a higiene íntima, amarrar os cadarços, comprar

sapatos e roupas, são desafios diários que promovem dor e destituição”.

Neste sentido, observa-se que as discussões de obesidade e gênero são residuais. Quando se

problematiza alimentação e gênero, destacam-se as atribuições referentes à questão do lar e não às

implicações da alimentação da mulher. Quando se apresenta o tema da obesidade, referencia-se a

construção cultural do corpo masculino atravessado por marcadores de religião.

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

Considerações finais

Devido à escassa produção de conhecimento sobre obesidade em mulheres nos periódicos

pesquisados, considera-se que são apresentadas noções que se relacionam ao tema, mas que não

realizam análises específicas do objeto em questão. Conforme os indicadores epidemiológicos

demonstram, a obesidade, em sua forma grave, é acentuada nas mulheres. A discrepância nos dados

que referenciam os números de realização de cirurgias bariátricas entre homens e mulheres, revelam

que não há imparcialidades no processo saúde/doença da obesidade.

Os sofrimentos e exclusões que vivenciam as mulheres com obesidade, acarretam contextos

que acirram iniquidades de gênero. Considerando a recente projeção da obesidade como questão de

saúde pública, devido, principalmente, o elevado índice de manifestação nos países desenvolvidos, é

que se considera a análise da obesidade um desafio emergente para a produção de conhecimento

orientada pelas teorias feministas e estudos de gênero.

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The obesity knowledge production from feminist theories and gender studies

Abstract: This article aims to answer how the feminist and gender knowledge production presents

issues/notions related to obesity in women. This problem comes from the work experience as a Social

Worker of the Integrated Residency Multi-professional Health Program (RIMS/HU/UFSC), in

particular, from the performance along with the High Complexity Attention Policy for users with

Obesity of the Bariatric Surgery Service. The study is a bibliographical and qualitative approach

(MINAYO, 2001), having the content analysis technique in the thematic modality (BARDIN, 1977).

The research was carried out in September 2016, and had as corpus the indexed journals in the

Platform Scielo online: Feminist Studies Magazine (REF) and Cadernos PAGU. The descriptors used

for the research were: "obesity", "feeding", "eating disorder" and "fat". The sufferings and exclusions

experienced by women with obesity entail contexts that intensify gender inequities. Considering the

recent projection of obesity as a public health issue, due mainly to the high rate of manifestation in

developed countries, the analysis of obesity is considered an emerging challenge for the production

of knowledge guided by the feminist theories and gender studies.

Keywords: Obesity, Gender, Feminism.