Upload
phamduong
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil
CPPA – Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração
MPGE - Mestrado Profissional em Gestão Empresarial
Lindevany Hoffimann de Lima Mendes
A relação entre espiritualidade e dignidade: um estudo
com gestores e não gestores de organizações da região
do Nordeste do Brasil
Recife, 2012
2
Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil
CPPA – Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração
MPGE - Mestrado Profissional em Gestão Empresarial
CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES
Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o
acesso à dissertação do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE do Centro de
Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA da Faculdade Boa Viagem é definido
em três graus:
Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas);
Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em conseqüência, restrita a
consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada;
Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o texto, se
confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave ou custódia;
A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor.
Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservem as
condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração.
Título da Dissertação: “A relação entre espiritualidade e dignidade: um estudo com
gestores e não gestores de organizações da região do Nordeste do Brasil”
Nome do(a) autor(a): Lindevany Hoffimann de Lima Mendes
Data da Aprovação: 30 de Agosto de 2012
Classificação conforme especificação acima:
Grau 1
Grau 2
Grau 3
Recife, 30 de Agosto de 2012
__________________________
Assinatura do(a) Autor(a)
X
4
Lindevany Hoffimann de Lima Mendes
A relação entre espiritualidade e dignidade: um estudo
com gestores e não gestores de organizações da região
do Nordeste do Brasil
Orientadora: Profª Drª Lúcia Maria Barbosa de Oliveira
Dissertação apresentada como requisito
complementar para obtenção do grau de Mestre
em Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e
Pós-Graduação em Administração - CPPA da
Faculdade Boa Viagem - DeVry Brasil.
Recife, 2012
5
Dedico este trabalho, especialmente, aos meus pais e amigos
inseparáveis, insubstituíveis e genuínos - Sebastião Gonçalves
de Lima e Luiza Hoffimann de Lima - pelos princípios e valores
grandiosos que sempre nortearam as suas práticas, traduzidos
essencialmente na retidão de caráter, integridade e humanismo,
atributos que serviram de base no meu processo de formação
enquanto Ser Humano. Eles são exemplos de dedicação e
superação frente aos inúmeros obstáculos e adversidades que já
vivenciaram nas suas vidas.
A minha avó paterna, carinhosamente chamada de Mocinha (in
memoriam), pelo espírito guerreiro, empreendedor e incansável
na busca de uma vida mais digna, atributos tão presentes no seu
comportamento cotidiano e que me inspiraram na construção do
meu projeto de vida. Apesar do seu nível de escolaridade baixo,
mesmo sem o saber, já era, no seu tempo, a grande mentora da
família.
A meu marido Rigoberto Mendes da Silva pela compreensão
diante das minhas inúmeras ausências quando requerida pelos
momentos de dedicação aos estudos, pelo companheirismo e
apoio incondicional à produção das minhas tarefas sempre que
precisei de ajuda, procurando suprir as minhas faltas junto à
família e, principalmente, pela grande torcida à realização dos
meus sonhos.
Aos meus filhos Júlio Hoffimann Mendes e Túlio Hoffimann
Mendes por compreenderem as minhas imersões de estudo,
minhas escolhas profissionais e o meu frenético ritmo de vida,
os quais vêm me dando sinais quanto à necessidade de um
pouco de desaceleração para ganhar maior qualidade de vida. A
eles devo milhões de desculpas pelas minhas ausências.
6
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus, meu maior amigo de todas as horas e aliado presente em
todos os momentos da minha vida e em todas as minhas empreitadas.
Considero-me uma pessoa afortunada por ter obtido tantas contribuições valiosas de pessoas
especiais com as quais pude contar ao longo deste estudo.
Não haveria espaço suficiente para contemplar a todas, porém gostaria de oferecer os meus
agradecimentos especiais a algumas delas.
Aos meus pais por me fazerem existir e sempre estarem presentes em minha vida, clarificando
o valor e o significado que as coisas têm em si mesmas.
Especialmente a minha orientadora Professora Lúcia Maria Barbosa de Oliveira que de forma
competente, dedicada e comprometida esteve sempre presente ao longo do meu curso do
mestrado. Ela foi decisiva na escolha do meu tema, oferecendo-me a possibilidade de
descoberta do construto espiritualidade, despertando o meu gosto pelo mundo da pesquisa,
encorajando-me e estimulando-me à produção de um trabalho de qualidade superior.
À Professora Sônia Maria Rodrigues Calado Dias agradeço pelo acolhimento e apoio
extraordinário oferecido durante a produção da minha pesquisa da dissertação, emprestando
os seus saberes com propriedade, consistência e leveza no trato das questões de pesquisa. O
entusiasmo e pela pesquisa também corresponde a um dos seus traços mais marcantes. Ela,
juntamente, com a Profª Lúcia Barbosa, viabilizou a minha inserção no Grupo de Estudos da
Mackenzie-SP.
À Professora Maria Luisa Mendes Teixeira (Mackenzie-SP) pelo gigantesco aprendizado e
apoio genuíno e incondicional que me proporcionou, sendo inspiradora para os meus futuros
passos enquanto pesquisadora, além de ter me instigado o raciocínio crítico. As suas
contribuições foram fundamentais para fortalecer o meu caminhar na produção deste trabalho.
Na fase final da minha pesquisa, a sua disponibilidade e dedicação ultrapassaram fronteiras.
Também me sinto grata por ter conhecido a Professora Silvia Marcia Russi De Domenico. A
ela agradeço pelo acolhimento e compartilhamento de inúmeros aprendizados durante as
“Jornadas de Dignidade”, promovidas pela Mackenzie-SP (Núcleo de Valores MackGVAL),
7
revelando-me capacidade extremada de entrega e doação à causa, além de serenidade e
compromisso com a pesquisa.
À Professora Maria Auxiliadora Diniz de Sá pelo carinho, entusiasmo e vibração inabaláveis,
capaz de me contagiar e de me fortalecer no caminho da pesquisa. Ao longo da nossa
convivência sempre emprestou a sua alegria, bom humor, otimismo, acolhimento e,
principalmente, a doação enquanto educadora.
Ao Professor James Falk não poderia deixar de registrar os meus agradecimentos pela
competência e leveza com que conduziu as suas aulas, sendo a serenidade, simplicidade,
organização e foco alguns dos seus principais atributos.
Ao Professor Augusto Oliveira, o meu agradecimento pelo apoio nos momentos em que a
“Estatística” me pareceu algo intransponível e difícil de solução. A sua paciência, dedicação e
vontade de ajudar me fez desconstruir o fantasma que existia em relação à disciplina.
Agradecimento especial e carinhoso a admirável amiga do mestrado Sophia Moreira Reis
Lapenda pelo extraordinário espírito de ajuda, disponibilidade, capacidade de compartilhar
ideias, espírito incansável de doação e foco em objetivos coletivos. Ela teve um papel
importante nesta minha empreitada. Ao longo da nossa convivência pude descobrir o quanto
ela é uma pessoa digna e espiritualizada.
Ao marido de Sophia - Marcos Lapenda pelo apoio oferecido durante as resoluções das
questões de estatística, dedicando o seu precioso tempo, ensinando-me pacientemente,
colocando-se à disposição para esclarecer as minhas dúvidas, o que consequentemente,
contribuiu para a minha aprovação na disciplina de estatística - um dos créditos do mestrado.
Agradeço com muito apreço a amizade incondicional de Tânia Kaufman, demonstrando
genuinamente interesse em contribuir com a sua vasta experiência e irrefutável prática
acadêmica essencial para a minha inserção como pesquisadora. As várias literaturas
interessantes que me permitiu acesso e as valiosas orientações relativas à prática de pesquisa
serão sempre lembradas.
Aos amigos do Mestrado, em especial a José Ribamar Santana, Gilmar Severino de Moura,
Antônio Carlos Alves da Silva, Bráulio Meira de Almeida, Fernando Silva de Sousa, Ernesto
8
Lima Cruz, Heloísio Malta Leite, Luiz Ferreira Júnior pelo companheirismo, simplicidade,
capacidade de ajuda e espírito solidário sempre presentes.
Imensamente agradeço aos amigos Eduardo Santos Cabral, Patrícia Siebra, Maria Helena
Lira, Eliabe Serafim, Fred Arruda, Fernando Thompson, Nadja Medeiros, Rosana Freire,
Sylvinha Celeste Vasconcelos, Maria Elysia Cavalcanti de Albuquerque, Rosângela Carvalho,
Pérola Campos, Ana Thereza de Almeida, Ana Elizabeth Hirschle, Fabiano Lopes, Jonatas
Nascimento, Luciana Melo, Paulo Erlich, Cynthia Andrade, Henrique de Freitas, Cibelli
Pinheiro, Júlio Borba, Leonardo Lourença e Ana Emília Baracuhy, que tão gentilmente e
fraternalmente contribuíram disseminando amplamente para as suas redes de relacionamentos.
Sem a contribuição deles o meu trabalho não teria sido agregado de tanto valor.
À ajuda especial de alguns clientes que, mesmo com inúmeras atribuições e
responsabilidades, se dispuseram a colaborar com a minha pesquisa, não somente
respondendo-a como também exercendo um papel de multiplicadores para as suas redes,
atribuindo elevado grau de importância ao meu pedido. Dentre eles, podem ser citados
profissionais do Sistema Jornal do Commércio de Comunicação, Shopping Tacaruna,
Shopping Plaza, Shopping Recife, Rexam-PE, Rexam-AM, Receita Federal (Digep04),
Vitarella, Grupo Fernandes Vieira, Total combustíveis, Pontes Hotéis e Resorts, Receita
Federal e UFPE.
A todos os respondentes da pesquisa - amigos, clientes, alunos de graduação e de pós-
graduação das diversas instituições com as quais interajo, parceiros de projetos e centenas de
profissionais do mundo corporativo, assim como, aos amigos virtuais do Facebook que
mesmo sem me conhecer tiveram a boa vontade de me ajudar.
Finalmente, meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que estiveram direta ou
indiretamente apoiando, incentivando e tornando possível a concretização deste meu sonho.
Enfim, desculpem-me se a minha memória estiver me traindo.
9
“ Espiritualidade é a nossa consciência interior. É a fonte de
inspiração, criatividade e sabedoria. O que é espiritual vem de
dentro e transcende nossas crenças e valores programados ”.
Guillory
“ A felicidade é o significado e o objetivo da vida, o propósito e
a finalidade da existência humana. ”
Aristóteles
10
Resumo
Os temas espiritualidade e dignidade vêm ganhando expressão no contexto das organizações,
principalmente, em resposta às inquietações e sinais de infelicidade manifestados pelos seus
diversos stakeholders, em decorrência da visão exacerbadamente voltada para resultados
financeiros em detrimento do equilíbrio e bem estar das pessoas. A partir dessa problemática,
este estudo se propôs a analisar a relação existente entre espiritualidade e dignidade na
avaliação de gestores e não gestores de organizações da região do Nordeste do Brasil. Os
estudos foram embasados nos modelos de espiritualidade (contendo 19 assertivas) e de
práticas de dignidade (contendo 31 assertivas) desenvolvidos e validados pelos autores Rego;
Cunha; Souto (2005) e Teixeira et al (2011), respectivamente, sendo estas escalas os
instrumentos de medição para a realização da análise de correlação entre os dois construtos. A
Pesquisa teve uma natureza descritiva e exploratória, sendo utilizado o método quantitativo. A
coleta de dados foi realizada por meio de questionário aplicado via web (survey monkey),
utilizando-se a técnica do “snowball”. A amostra foi não probabilística, obtendo-se um
número de 1.159 respondentes válidos, entre gestores e não gestores. Pelos resultados foi
possível a confirmação de que existe relação entre os dois construtos, independentemente das
características demográficas (relativas ao próprio respondente) e funcionais (relativas à
empresa) apresentadas pelos respondentes, assim como, identificar a influência de cada uma
das variáveis pesquisadas. A análise evidenciou que a relação entre fatores de Espiritualidade
e Dignidade é estável, independentemente do cargo ocupado, quer de natureza gerencial ou
não gerencial. Os fatores de Espiritualidade “Alinhamento com valores” e “Alegria no
Trabalho” são os que apresentaram as maiores correlações com os fatores de Práticas de
Dignidade no Trabalho. No tocante à Espiritualidade os fatores “Sentido de Serviço” e
“Alegria no Trabalho” traduzem positivamente a vivência dos respondentes, enquanto que a
menor percepção ficou com “Sentido de Comunidade” e “Oportunidade para Vida Interior”.
Em relação à Dignidade os fatores mais percebidos favoravelmente são “Direito dos
Empregados” e “Não Engana Stakeholders”. Por outro lado os fatores que evidenciam menor
satisfação por parte dos respondentes são “Desenvolvimento do Empregado” e
“Favorecimento ao Meio Ambiente e Social”.
Palavras-chave: Espiritualidade. Espiritualidade nas Organizações. Dignidade. Dignidade Organizacional.
11
Abstract
The themes of spirituality and dignity are gaining expression in the context of organizations,
mainly in response to the concerns and signs of unhappiness expressed by its various
stakeholders, due to the vision exaggeratedly facing financial results at the expense of the
balance and well being of people. Based on this issue, this study aims to analyze the
relationship between spirituality and dignity in the evaluation of managers and non-managers
of the region of Northeast Brazil. The studies were based on models of spirituality (containing
19 statements) and practices of dignity (containing 31 assertions) developed and validated by
the authors Rego; Cunha; Souto (2005) and Teixeira et al (2011), respectively, whose scales
are the measuring instruments for performing the correlation analysis between the two
constructs. A descriptive and exploratory research was utilized, by means of a quantitative
methodology. Data collection was conducted through a questionnaire applied on the web
(survey monkey), using the "snowball" technique. The consequent non-probabilistic sample
yielded 1,159 valid respondents, between managers and non-managers. From the results it
was possible to confirm that there is a relationship between the two constructs, regardless of
demographic (related to respondent him/herself) and functional (for the company)
characteristics informed by the respondents, as well as to identify the influence of each of the
variables. The analysis showed that the relationship between the factors of Spirituality and
Dignity is stable regardless of the position held, whether of managerial nature or not. The
factors of Spirituality "Alignment Values" and "Joy at Work" are the ones that were more
correlated with the factors of Practice of Dignity at Work. Regarding Spirituality, the factors
of "Sense of Service" and "Joy at Work" positively translate the experience of the
respondents, while the lowest perception was recorded for "Sense of Community" and
"Opportunity for Inner Life". With regards to Dignity, the factors most favorably perceived
were "Employee Rights" and "Do not mislead stakeholders." On the other hand, the factors
that show lower satisfaction among the respondents are "Employee Development" and
"Environmental and Social Favoring."
Keywords: Spirituality. Spirituality in Organizations. Dignity. Organizational dignity.
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................26
1.1 Contextualização................................................................................................................27
1.2 Objetivos............................................................................................................................30
1.2.1 Objetivo geral................................................................................................................30
1.2.2 Objetivos específicos.....................................................................................................30
1.3 Justificativas.......................................................................................................................31
1.3.1 Justificativa teórica........................................................................................................31
1.3.2 Justificativa prática..........................................................................................................34
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.....................................................................................37
2.1 Espiritualidade numa Perspectiva Histórica Contemporânea............................................37
2.2 Espiritualidade - Um Conceito em Discussão....................................................................39
2.3 Espiritualidade nas Organizações.......................................................................................44
2.4 Um Breve Caminhar sobre a Evolução Histórica e Conceitual da Dignidade...................52
2.4.1 Dignidade da pessoa humana........................................................................................54
2.4.2 Dignidade no trabalho...................................................................................................56
2.4.3 Dignidade do trabalho...................................................................................................57
2.4.4 Dignidade do trabalhador..............................................................................................58
2.4.5 Dignidade no âmbito das organizações.........................................................................61
13
3 METODOLOGIA DE PESQUISA........................................................................................65
3.1 Delineamento da pesquisa...................................................................................................65
3.1.1 Natureza da pesquisa........................................................................................................67
3.1.2 Operacionalização das variáveis......................................................................................67
3.1.3 População e amostra.........................................................................................................70
3.1.4 Instrumento de pesquisa e estratégia de coleta de dados.................................................71
3.1.5 Técnica de coleta de dados...............................................................................................71
3.1.6 Tratamento e análise dos dados.......................................................................................73
3.2 Limites................................................................................................................................73
3.3 Limitações...........................................................................................................................73
4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS................................75
4.1 Característica da amostra....................................................................................................76
4.2 Análise descritiva das frequências por fator.......................................................................81
4.2.1 Análise das frequências por fator.....................................................................................82
4.2.1.1 Espiritualidade..............................................................................................................82
4.2.1.2 Práticas de dignidade organizacional............................................................................86
4.3 Análise das diferenças entre grupos, de acordo com características da amostra................90
4.3.1 Objetivo específico 1: Identificar diferenças de avaliação dos fatores de Espiritualidade
e Práticas de Dignidade entre homens e mulheres....................................................................90
4.3.2 Objetivo específico 2: Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes faixas etárias
quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de Dignidade...................95
4.3.3 Objetivo específico 3: Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes níveis de
escolaridade quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de
Dignidade................................................................................................................................102
14
4.3.4 Objetivo específico 4: Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes tempos de
empresa quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de
Dignidade................................................................................................................................107
4.3.5 Objetivo específico 5: Identificar diferenças entre indivíduos que trabalham em
empresas de diferentes tamanhos quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e
Práticas de Dignidade..............................................................................................................112
4.3.6 Objetivo específico 6: Identificar diferenças entre indivíduos que trabalham em
empresas de diferentes tipos quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e
Práticas de Dignidade .............................................................................................................118
4.4 Comparação entre Gestores e Não Gestores.....................................................................124
4.4.1 Objetivo Específico 7: Identificar diferenças entre indivíduos de cargos gerenciais e não
gerenciais quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de
Dignidade................................................................................................................................124
4.4.2 Características das amostras...........................................................................................124
4.5 Relação entre os fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade na avaliação de
gestores e não gestores............................................................................................................130
4.5.1 Validade convergente dos construtos.............................................................................130
4.5.2 Relação entre os fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade na avaliação de
gestores....................................................................................................................................131
4.5.3 Relação entre os fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade na avaliação de não
gestores....................................................................................................................................132
4.5.4 Relação entre os fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade na avaliação de
gestores e não gestores............................................................................................................132
CONCLUSÃO........................................................................................................................134
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................141
APÊNDICES...........................................................................................................................149
APÊNDICE A - Dados sócio-demográficos..........................................................................149
APÊNDICE B - Mensagem de divulgação da pesquisa........................................................150
15
APÊNDICE C - Mensagem de reforço da pesquisa...............................................................151
ANEXOS................................................................................................................................152
ANEXO A - Instrumento de medição de espiritualidade.......................................................152
ANEXO B - Instrumento de medição de dignidade..............................................................154
ANEXO C - Pesquisa transcrita integralmente do survey.....................................................156
16
Lista de siglas ou abreviaturas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística...............................................................70
IES Instituição de Ensino Superior.........................................................................................72
MacGVal Núcleo de Estudos baseado em Valores..................................................................29
TQM Total Quality Management ........................................................................................................79
Lista de símbolos
F Número de respondentes.....................................................................................................77
FR Frequência.........................................................................................................................77
FRAC Frequência acumulada.................................................................................................77
SIG Nível de significância......................................................................................................92
17
Lista de figuras
FIGURA 1 - Pessoa integrada - Fonte: Guillory, 2000............................................................41
FIGURA 2 - Paradigma da pessoa integral e as necessidades e motivações básicas - Fonte:
Covey (2005)............................................................................................................................42
FIGURA 3 - Escopo da espiritualidade - Fonte: Vasconcelos (2008).....................................47
FIGURA 4 - Três perspectivas da espiritualidade em relação ao desempenho - Fonte: Karakas
(2010) - Tradução da própria pesquisadora .............................................................................49
FIGURA 5 - Condições para a dignidade em uma relação - Fonte: Adaptado de Jacobson
(2009)........................................................................................................................................62
FIGURA 6 - Modelo de delineamento de pesquisa - Fonte: Adaptado de Gil (2002, p. 21)
...................................................................................................................................................66
FIGURA 7 - Variáveis analisadas e suas respectivas amostras - Fonte: Dados da
pesquisa.....................................................................................................................................70
FIGURA 8 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a
variável gênero - Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da
pesquisa.....................................................................................................................................94
FIGURA 9 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a
variável faixa etária - Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da
pesquisa...................................................................................................................................101
FIGURA 10 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a
variável escolaridade - Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da
pesquisa...................................................................................................................................106
FIGURA 11 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a
variável tempo de empresa - Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados
da pesquisa..............................................................................................................................111
FIGURA 12 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a
variável tamanho de empresa - Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados
da pesquisa..............................................................................................................................118
18
FIGURA 13 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a
variável tipo de empresa - Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da
pesquisa...................................................................................................................................123
FIGURA 14 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a
as diferenças entre cargos gerenciais e não gerenciais - Fonte: Autoria da própria
pesquisadora, baseando-se nos dados da pesquisa..................................................................129
19
Lista de quadros
QUADRO 1 - Justificativas teóricas - Fonte: Elaborado pela autora.......................................35
QUADRO 2 - Justificativas práticas - Fonte: Elaborado pela autora.......................................36
QUADRO 3 - Dignidade no trabalho - Fonte: Hodson (2004, p.17).......................................57
QUADRO 4 - Escala de dimensões da espiritualidade (05 dimensões) - Fonte: Rego; Cunha;
Souto (2005)..............................................................................................................................68
QUADRO 5 - Escala de dimensões de práticas de dignidade (05 dimensões) - Fonte: Teixeira
(2011)........................................................................................................................................69
QUADRO 6 - Espiritualidade - Escala integral e reduzida - Fonte: Rego; Cunha; Souto
(2005) .......................................................................................................................................81
QUADRO 7 - Dignidade - Escala integral e reduzida - Fonte: Teixeira et al (2011)...............81
QUADRO 8 - Espiritualidade - Fatores e assertivas melhor avaliados com percentual igual ou
superior a 50% - Fonte: Elaborado pela autora ......................................................................133
QUADRO 9 - Práticas de Dignidade - Fatores e assertivas melhor avaliados com percentual
igual ou superior a 50% - Fonte: Elaborado pela autora ........................................................133
20
Lista de tabelas
TABELA 1 - Índice de confiabilidade dos fatores de espiritualidade......................................75
TABELA 2 - índice de confiabilidade dos fatores de práticas de dignidade............................75
TABELE 3 - Número de respondentes por variável analisada................................................ 76
TABELA 4 - Frequência de respondentes por gênero............................................................. 77
TABELA 5 - Frequência de respondentes por faixa etária...................................................... 77
TABELA 6 - Frequência de respondentes por grau de escolaridade .......................................78
TABELA 7 - Frequência de respondentes por cargo ...............................................................78
TABELA 8 - Frequência de respondentes por tempo de empresa ...........................................79
TABELA 9 - Frequência de respondentes por tipo de empresa ..............................................80
TABELA 10 - Frequência de respondentes por tamanho de empresa..................................... 80
TABELA 11 - Concordância e discordância com relação ao fator “sentido de comunidade na
equipe” .....................................................................................................................................82
TABELA 12 - Concordância e discordância com relação ao fator “alinhamento do indivíduo
com os valores da organização” ...............................................................................................83
TABELA 13 - Concordância e discordância com relação ao fator “sentido de serviço à
comunidade” ............................................................................................................................85
TABELA 14 - Concordância e discordância com relação ao fator “alegria no trabalho”
...................................................................................................................................................85
TABELA 15 - Concordância e discordância com relação ao fator “oportunidade para a vida
interior” ....................................................................................................................................86
TABELA 16 - Concordância quanto à prática do fator “promoção do desenvolvimento do
empregado” ..............................................................................................................................87
TABELA 17 - Concordância quanto à prática do fator “oferta de produtos e atendimento de
qualidade” ................................................................................................................................88
21
TABELA 18 - Concordância quanto à prática do fator “respeito ao direito dos empregados”
...................................................................................................................................................89
TABELA 19 - Concordância quanto à prática do fator “favorecimento do meio ambiente”
...................................................................................................................................................89
TABELA 20 - Concordância quanto à prática do fator “engana Stakeholders” ......................90
TABELA 21 - Médias e desvios padrão dos fatores de espiritualidade por gênero................ 91
TABELA 22 - Diferenças entre homens e mulheres quanto aos fatores de espiritualidade
...................................................................................................................................................92
TABELA 23 - Médias e desvios padrão dos fatores de práticas de dignidade por gênero
...................................................................................................................................................92
TABELA 24 - Diferenças entre homens e mulheres quanto aos fatores de práticas de
dignidade ..................................................................................................................................93
TABELA 25 - Médias e desvios padrão dos fatores de espiritualidade por grupo de
idade......................................................................................................................................... 96
TABELA 26 - Diferenças entre grupos de diferentes faixas etárias quanto aos fatores de
espiritualidade.......................................................................................................................... 97
TABELA 27 - Teste Scheffé - Faixas etárias versus fatores de espiritualidade...................... 97
TABELA 28 - Médias e desvios padrão dos fatores de práticas de dignidade por faixa
etária......................................................................................................................................... 98
TABELA 29 - Diferenças entre os grupos de diferentes faixas etárias quanto aos fatores de
práticas de dignidade................................................................................................................ 99
TABELA 30 - Teste de Scheffé - Faixas etárias versus fatores de práticas de
dignidade................................................................................................................................ 100
TABELA 31 - Médias e desvios padrão dos fatores de espiritualidade por grupo de
escolaridade............................................................................................................................ 102
TABELA 32 - Diferenças entre grupos de diferentes níveis de escolaridade por fator de
espiritualidade........................................................................................................................ 103
TABELA 33 - Teste de Scheffé - Níveis de escolaridade versus fatores de práticas de
espiritualidade.........................................................................................................................103
22
TABELA 34 - Médias e desvios padrão dos fatores de práticas de dignidade por grupo de
escolaridade.............................................................................................................................104
TABELA 35 - Diferenças entre os níveis de escolaridade quanto aos fatores de práticas de
dignidade.................................................................................................................................105
TABELA 36 - Teste Scheffé - Níveis de escolaridade versus fatores de práticas de
dignidade.................................................................................................................................105
TABELA 37 - Médias e desvios padrão dos fatores de espiritualidade por tempo de
empresa...................................................................................................................................107
TABELA 38 - Diferenças entre os tempos de empresa quanto aos fatores de
espiritualidade.........................................................................................................................108
TABELA 39 - Teste Scheffé - Tempos de empresa versus fatores de espiritualidade
.................................................................................................................................................108
TABELA 40 - Diferenças entre os tempos de empresa quanto aos fatores de práticas de
dignidade.................................................................................................................................109
TABELA 41 - Teste Scheffé - Tempo de empresa versus fatores de práticas de
dignidade.................................................................................................................................110
TABELA 42 - Médias e desvios padrão dos fatores de práticas de dignidade por tempo de
empresa...................................................................................................................................110
TABELA 43 - Médias e desvios padrão dos fatores de espiritualidade por tamanho de
empresa...................................................................................................................................113
TABELA 44 - Diferenças entre tamanho de empresa quanto aos fatores de
espiritualidade.........................................................................................................................114
TABELA 45 - Teste Scheffé - Tamanho de empresa versus fatores de espiritualidade
.................................................................................................................................................114
TABELA 46 - Médias e desvios padrão dos fatores de práticas de dignidade por tamanho de
empresa...................................................................................................................................116
TABELA 47 - Diferenças quanto ao tamanho da empresa com relação aos fatores de práticas
de dignidade............................................................................................................................116
TABELA 48 - Teste Scheffé - Tamanho de empresa versus fatores de práticas de
dignidade.................................................................................................................................117
23
TABELA 49 - Médias e desvios padrão dos fatores de espiritualidade por tipo de
empresa...................................................................................................................................119
TABELA 50 - Diferenças quanto ao tamanho de empresa com relação aos fatores de práticas
de dignidade............................................................................................................................120
TABELA 51 - Teste Scheffé - Tipos de empresa versus fatores de espiritualidade...............120
TABELA 52 - Médias e desvios padrão dos fatores de práticas de dignidade por tipo de
empresa...................................................................................................................................121
TABELA 53 - Diferenças quanto ao tipo de empresa com relação aos fatores de práticas de
dignidade.................................................................................................................................122
TABELA 54 - Teste Scheffé - Tipos de empresas versus fatores de dignidade.....................122
TABELA 55 - Gênero: Gestores X Não gestores...................................................................124
TABELA 56 - Idade - Gestores X Não gestores.....................................................................124
TABELA 57 - Escolaridade: Gestores X Não gestores..........................................................124
TABELA 58 - Tipos de empresa: Gestores X Não gestores...................................................125
TABELA 59 - Tamanho da empresa: Gestores X Não gestores.............................................125
TABELA 60 - Tempo de empresa: Gestores X Não gestores................................................125
TABELA 61 - Médias e desvios padrão dos fatores de espiritualidade por cargo................ 126
TABELA 62 - Diferenças entre ocupantes de cargos gerenciais e não gerenciais quanto aos
fatores de espiritualidade....................................................................................................... 127
TABELA 63 - Médias e desvios padrão dos fatores de práticas de dignidade por
cargo....................................................................................................................................... 127
TABELA 64 - Diferenças entre ocupantes de cargos gerenciais e não gerenciais quanto aos
fatores de práticas de dignidade............................................................................................. 128
TABELA 65 - Relação entre os fatores de espiritualidade.................................................... 130
TABELA 66 - Relação entre os fatores de práticas de dignidade......................................... 131
24
TABELA 67 - Relação entre os fatores de práticas de dignidade e espiritualidade na avaliação
de gestores.............................................................................................................................. 131
TABELA 68 - Relação entre os fatores de práticas de dignidade e espiritualidade na avaliação
de não gestores....................................................................................................................... 132
TABELA 69 - Relação entre os fatores de espiritualidade e práticas de dignidade na avaliação
de gestores e não gestores.......................................................................................................132
25
Lista de gráficos
GRÁFICO 1 - Médias dos fatores de espiritualidade por gênero.............................................91
GRÁFICO 2 - Médias dos fatores de práticas de dignidade por gênero.................................. 93
GRÁFICO 3 - Médias dos fatores de espiritualidade por faixa etária..................................... 95
GRÁFICO 4 - Médias dos fatores de práticas de dignidade organizacional por faixa etária...99
GRÁFICO 5 - Médias por fator de espiritualidade, de acordo com o nível de escolaridade..103
GRÁFICO 6 - Médias por fator de práticas de dignidade organizacional de acordo com o
nível de escolaridade...............................................................................................................105
GRÁFICO 7 - Médias dos fatores de espiritualidade por tempo de empresa........................108
GRÁFICO 8 - Médias dos fatores de práticas de dignidade por tempo de empresa............. 109
GRÁFICO 9 - Médias dos fatores de espiritualidade, considerando o tamanho da empresa.112
GRÁFICO 10 - Médias dos fatores de práticas de dignidade, considerando o tamanho da
empresa...................................................................................................................................115
GRÁFICO 11 - Médias dos fatores de espiritualidade, de acordo com o tipo de empresa....120
GRÁFICO 12 - Médias dos fatores de práticas de dignidade de acordo com o tipo de empresa
.................................................................................................................................................122
GRÁFICO 13 - Médias dos fatores de espiritualidade, considerando o cargo...................... 126
GRÁFICO 14 - Médias dos fatores de práticas de dignidade considerando o cargo............. 128
26
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho trará reflexões sobre algumas variáveis que têm se mostrado cada vez
mais presentes no mundo corporativo. Já é do conhecimento de todos que a atual pressão dos
negócios para que a empresa funcione melhor vem gerando novas demandas no local de
trabalho. Na visão de Guillory (2000) as organizações estão sendo forçadas a aceitar um modo
radicalmente diferente de agir para assegurar a sua própria sobrevivência e competitividade.
Para tanto, a criatividade e a inovação no local de trabalho nos dias de hoje exige que as
pessoas estejam totalmente presentes em corpo, mente e espírito.
Todavia, as pessoas estão sempre tão ocupadas com os seus afazeres e com as inúmeras
demandas em suas vidas que raramente param para se perguntar: “De onde vem a energia que
nos permite realizar bem o nosso trabalho apesar das pressões esmagadoras as quais somos
submetidos cotidianamente”? Qual é a responsabilidade moral que temos uns com relação
aos outros? Qual é a força propulsora que nos “inspira naturalmente” a assumir
responsabilidades e a realizar ações que produzem mudanças? Como posso construir
relações de reciprocidade em um ambiente empresarial tão competitivo? Será que a nossa
alma se manifesta livremente nas coisas que fazemos no nosso trabalho e nos nossos
relacionamentos? Ou será que estamos tão cheios de tristeza porque aquilo que existe de belo
em nós não encontra meios de expressão? (RENESCH, 1994, p. 177). Vem daí toda a
inquietação e inspiração para as contribuições que se seguem neste estudo.
O trabalho está estruturado em quatro capítulos, sendo distribuídos em Introdução,
Referencial teórico, Metodologia de pesquisa e Apresentação, Análise e interpretação dos
resultados. Em cada um deles contém seções que se propõem a oferecer ideias mais
organizadas e que facilitem a construção de uma visão acerca dos temas propostos.
O primeiro capítulo que trata da Introdução e é composto de três seções, sendo a primeira
dedicada à contextualização e à questão de pesquisa a ser estudada, a segunda seção trata os
objetivos - geral e específicos - que nortearam todo o trabalho e a terceira seção aborda as
justificativas teóricas e práticas que tornaram possível a escolha do tema e quais as
contribuições previstas tanto para o campo da ciência aplicada da administração, como para as
organizações.
O segundo capítulo aborda a Fundamentação Teórica e está organizado em duas seções, onde
a primeira traz uma abordagem sobre o construto espiritualidade contemplando uma
perspectiva histórica contemporânea; discussão do conceito sob a ótica de diversos autores;
espiritualidade no contexto das organizações e a apresentação de modelo com as dimensões
da espiritualidade, segundo Rego; Cunha; Souto (2005).
Já a segunda seção do referencial teórico aborda sobre o construto dignidade, apresentando
como uma breve perspectiva histórica sobre a dignidade; dignidade da pessoa humana;
dignidade no trabalho; dignidade do trabalho; dignidade do trabalhador; dignidade no âmbito
das organizações e por fim a apresentação do modelo com as dimensões da dignidade
desenvolvido por Teixeira et al (2011).
O terceiro capítulo apresenta a Metodologia da Pesquisa descrevendo o delineamento da
pesquisa e que abrange a natureza da pesquisa; operacionalização das variáveis; população e
27
amostra; instrumento de pesquisa e estratégia de coleta de dados; técnica de coleta de dados e
tratamento e análise dos dados.
O quarto capítulo contempla a Apresentação, Análise e Interpretação dos Dados, sendo
detalhado todo o tratamento que foi dado com base nos dados pesquisados, incluindo
características da amostra; análise descritiva dos fatores estudados; análise das diferenças
entre os grupos pesquisados; tratamento dos objetivos da pesquisa e análise de correlação
entre os construtos espiritualidade e dignidade, segundo a percepção de gestores e não
gestores de organizações do Nordeste do Brasil.
Por fim o trabalho traz a conclusão e recomendações para pesquisas futuras, uma vez que pela
riqueza dos dois construtos eles jamais serão esgotados.
1.1 Contextualização
Paradoxalmente a busca do homem por um sentido maior para a sua vida, as empresas, como
um imperativo de sobrevivência, experimentam ritmos alucinantes e cada vez mais frenéticos
pela consecução dos resultados esperados pelos seus acionistas e investidores, pondo em risco
o reconhecimento desse homem integral em busca de significados para o seu trabalho. Nunca
foi tão premente uma revisão das atuais práticas de gestão nas organizações, em consonância
com as expectativas e desejos de todos os seus stakeholders. A preocupação com a
rentabilidade se sobrepõe às demais e a eficácia da organização, considerada como
primordial, absorve com exclusividade todas as atenções (CHANLAT, 2009, p. 18).
Zohar e Marshall (2006), afirmam que a cultura capitalista e suas práticas de negócios estão
em crise. Os autores ainda, em complemento à visão de Chanlat (2009), acrescentam que o
caráter primordial que é atribuído ao capitalismo, assim como, as hipóteses básicas que
determinam este modelo são insustentáveis, uma vez que não oferecem uma perspectiva de
longevidade. Para eles, o capitalismo moderno se apoia em duas hipóteses básicas sobre a
humanidade – a de que os humanos são seres econômicos com “uma propensão natural de
armazenar, negociar e trocar” – palavras de Adam Smith. E a outra hipótese aponta para o ser
humano como aquele que sempre agirá, de maneira racional ou intuitiva na busca pelo seu
próprio interesse ou benefício.
No contexto empresarial, veem-se esses princípios refletidos na ânsia pelo lucro. Seres
humanos são medidos pela sua capacidade de consumo, enquanto os funcionários são
medidos pela sua capacidade de produzir riqueza. E ambos os casos não são reconhecidos
como pessoas que valorizam certos aspectos da vida, que abrigam sentimentos de lealdade e
paixões, que se esforçam e sonham, que procuram determinada qualidade de vida (ZOHAR E
MARSHALL, 2006).
Field (2009, p. 20), afirma que o pensamento baseado na humanidade não é tão impossível
quanto possa parecer em um ambiente capitalista. A cooperação pode ser uma alternativa
viável para a competição. Para Kerber (2009), o trabalho não deve ser entendido somente nos
28
seus aspectos objetivos e materiais, devendo ser levada em consideração a sua dimensão
subjetiva, a qual é expressa pela pessoa.
Na passagem dos anos 60 para os anos 70, período em que a Igreja passava por grandes
transformações, o Papa Paulo VI, fazendo alusão a Constituição Pastoral emite seu parecer:
“A pessoa humana é e deve ser o princípio, o sujeito e o fim de todas as instituições sociais”
(Gaudim et spes, 10, 1965). Todo homem tem direito ao trabalho, à possibilidade de
desenvolver as próprias qualidades e a sua personalidade no exercício da profissão abraçada, a
uma remuneração equitativa que lhe permita, a ele e à sua família, “cultivar uma vida digna
no aspecto material, social, cultural e espiritual”.¹
Segundo Kerber (2009), a espiritualidade transcende dados e informações e vai a raiz da
experiência, provoca um amadurecimento, leva a uma compreensão mais perfeita da vida. Ele
ainda afirma que o projeto de vida de cada um é a escolha que cada um faz, uma escolha
fundamental que o caracteriza, e esta deve ser uma escolha de amor.
As empresas que têm dado atenção ao intangível e buscado se espiritualizar através da adoção
de uma prática pautada no respeito, na moral e na ética, podem estar olhando o seu
colaborador de forma humana, tratando o seu fornecedor como um verdadeiro parceiro e
procurando empatizar com a situação colocada pelo seu cliente. Com esse comportamento
elas estão demonstrando sabedoria espiritual (HUNTER, 2006).
Com base nesse panorama exposto vê-se a necessidade de líderes servidores, legitimados pela
retidão de caráter e propósitos grandiosos e, para tal, é preciso compreender a liderança como
produto da espiritualidade, ou seja, do sentimento consciente de que somos unos com todas as
manifestações de vida (HUNTER, 2006). É exatamente dentro desse contexto que a
perspectiva da espiritualidade poderá ganhar força e acenar uma possibilidade de revisão
profunda no modo como as organizações estão se relacionando e fazendo as coisas. Daí o
porquê do grande interesse pelo tema espiritualidade em si estar notoriamente crescente.
Portanto é a partir dessas questões até então apresentadas que a “Espiritualidade nas
Empresas” tem emergido com grande vigor, porém é ainda alvo de escassa pesquisa empírica
(REGO; SOUTO; CUNHA, 2007). Embora já existam inúmeros achados disponibilizados nas
mídias eletrônicas, especialmente no Brasil, o tema ainda clama por maior investigação e
aprofundamento de caráter científico. O tema, de maneira discreta e ao mesmo tempo
constante, tem aparecido na literatura nacional acadêmica e profissional como solução para o
aumento de produtividade, porém apenas com sentido maior para o trabalhador.
No tocante à espiritualidade nas organizações, a contribuição mais expressiva divulgada até a
presente data aponta para os estudos desenvolvidos por Ashmos e Duchon (2000) que
serviram como base para pesquisas posteriores. Estes autores desenvolveram e validaram um
instrumento de medida da espiritualidade no trabalho, abordando as dimensões (trabalho com
significado; sentido de comunidade; alinhamento do indivíduo com os valores da
organização).
____________________ ¹ Paulo VI. Carta apostólica. Octagesima adveniens. Roma: 14 de maio de 1971, n.14.
29
A partir da escala de Ashmos e Duchon (2000), Milliman; Czaplewski; Ferguson (2003)
estabeleceram uma relação destas três dimensões com cinco atitudes no trabalho
(comprometimento organizacional; intenção de abandono; satisfação intrínseca no trabalho;
envolvimento na função; auto-estima de base organizacional), buscando explicar o grau de
relação existente entre elas.
Para dar continuidade aos estudos empíricos sobre o construto espiritualidade Rego; Cunha e
Souto (2005) ratificaram os resultados de Ashmos e Duchon (2000) e, além das três
dimensões já testadas e validadas, criaram a sua própria escala de medida, adicionando mais
duas dimensões (sentido de alegria e respeito pela vida interior). É a partir do instrumento de
medida de Rego; Cunha e Souto (2005) que este estudo será orientado.
Todavia, não basta falar da espiritualidade apenas na perspectiva do contexto das
organizações, considerando que a busca do indivíduo por um sentido é a motivação primária
em sua vida, e não uma “racionalização secundária” de impulsos instintivos. Esse sentido é
exclusivo e específico, uma vez que para que possa ser cumprido dependerá unicamente
daquela determinada pessoa que o busca. Somente a partir de então é que esse sentido assume
uma importância que poderá satisfazer a sua própria vontade de sentido. (FRANKL, 2008). O
autor distingue várias formas de neurose e atribui algumas delas (as neuroses noogênicas) à
incapacidade do homem de encontrar um sentido e um senso de responsabilidade em sua
existência. Em reforço, uma outra visão é trazida por Santos, Silva e Correa (2012), quando
destacam que a espiritualidade vem também sendo relacionada como meio de se propiciar a
felicidade do indivíduo em seu trabalho e em sua organização, devendo este ser o principal
foco de atenção.
Em consonância com a ideia apresentada por Frankl (2008) de que o indivíduo é um ser capaz
de dar significado a sua vida, assim como, de satisfazer a sua própria vontade, Teixeira
(2008), amplia essa perspectiva quando aponta para a necessidade de construção de um agir
digno, no âmbito das organizações de negócios na relação com os seus stakeholders diretos e
indiretos. Em complemento a autora traz a visão de Bruni e Uelmen, os quais observam que,
no século XVIII, segundo o olhar dos economistas clássicos, a concepção de um mercado de
negócios e de relações contratuais já privilegiava o bem-estar ou a felicidade, proveniente de
relações interpessoais dotadas de significado (TEIXEIRA, 2008).
Desse modo, para ampliar os estudos e oferecer maiores subsídios à pesquisa sobre
espiritualidade, cabe ressaltar que o conceito de dignidade também merece ser abordado de
modo particular neste estudo. Desde o filósofo Kant, por meio de sua obra intitulada
Fundamentação da Metafísica dos Costumes, datada de 1785, até os dias atuais, o tema
dignidade vem sendo discutido por diversos autores, dentre eles podem ser citados
(GOSDAL, 2007; MEDEIROS, 2008; SARLET, 2008; ZISMAN, 2005).
No âmbito da organização, em especial no contexto das relações de trabalho e dos seus
diversos stakeholders, o conceito de dignidade, vêm sendo estudado no Brasil, desde 2008,
através de pesquisadores do Núcleo de Estudos sobre Gestão Baseada em Valores –
MackGVAL, do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade
Presbiteriana Makenzie, sob a coordenação da Profª Maria Luisa Mendes Teixeira, Ph.D.
30
Neste presente estudo os conceitos sobre espiritualidade e dignidade serão tratados
conjuntamente como forma de se investigar a existência ou não de alguma relação entre esses
dois constructos. Para tanto a pesquisa será sustentada pelas contribuições de duas escalas. A
primeira que analisa as dimensões da espiritualidade, segundo Rego; Cunha e Souto (2005),
contemplando as dimensões sentido de comunidade; alinhamento do indivíduo com os
valores da organização; sentido de serviço à comunidade (trabalho com significado); alegria
no trabalho; oportunidades para a vida interior. A segunda sobre as dimensões da dignidade,
de Teixeira et al (2011), abordando as práticas de dignidade organizacional do ponto de vista
de trabalhadores brasileiros.
Com o intuito de ampliar as contribuições sobre os temas em foco, este trabalho se propõe a
apresentar a seguinte questão de pesquisa:
Qual a relação entre espiritualidade e práticas de dignidade na avaliação de gestores e não
gestores de organizações do Nordeste do Brasil, com base nos modelos de REGO; CUNHA;
SOUTO (2005) e TEIXEIRA et al (2011)?
1.2 Objetivos
Com o objetivo de investigar detalhadamente a questão de pesquisa formulada e, sobretudo,
encontrar as possibilidades de respostas que venham a constatar ou não uma possível
existência de relação entre espiritualidade e dignidade na percepção dos gestores e não
gestores pesquisados, a seguir serrão apresentados os objetivos geral e específicos.
1.2.1 Objetivo geral
Identificar, na avaliação de gestores e não gestores de organizações do Nordeste do Brasil, a
relação entre espiritualidade e dignidade, com base nos modelos de REGO; CUNHA;
SOUTO (2005) e TEIXEIRA et al (2011), respectivamente.
1.2.2 Objetivos específicos
Com a finalidade de esclarecer e contribuir para o alcance do objetivo geral que foi definido,
cujo principal foco está concentrado na investigação das dimensões da espiritualidade e
dignidade propõe-se os seguintes objetivos específicos:
1) Identificar diferenças de avaliação dos fatores de espiritualidade e práticas de
dignidade entre homens e mulheres;
2) Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes faixas etárias quanto à avaliação
de fatores relativos à espiritualidade e práticas de dignidade;
3) Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes níveis de escolaridade quanto à
avaliação de fatores relativos espiritualidade e práticas de dignidade;
31
4) Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes tempos de empresa quanto à
avaliação de fatores relativos à espiritualidade e práticas de dignidade;
5) Identificar diferenças entre indivíduos que trabalham em empresas de diferentes
tamanhos quanto à avaliação de fatores relativos à espiritualidade e práticas de
dignidade;
6) Identificar diferenças entre indivíduos que trabalham em empresas de diferentes tipos
quanto à avaliação de fatores relativos à espiritualidade e práticas de dignidade; e
7) Identificar diferenças entre indivíduos de cargos gerenciais e não gerenciais quanto à
avaliação de fatores relativos à espiritualidade e práticas de dignidade.
Apresentados a questão de pesquisa e os objetivos cabe, na próxima seção, destacar os
elementos que estimularam o pesquisador a dedicar tempo e energia para procurar
possibilidades de respostas que pudessem trazer reflexões em torno da relação entre os
construtos espiritualidade e dignidade e mais do que isso, pudessem acenar para gestores e
não gestores quais elementos desta relação são percebidos como algo significativo para
gerar maior satisfação das pessoas no ambiente organizacional.
1.3 Justificativas
1.3.1 Justificativa teórica
A busca pelo transcendente sempre esteve presente na vida da humanidade. Entretanto a
temos em companhia da razão desde o mundo grego-latino dos grandes filósofos, como
Platão, Aristóteles, Plotino e outros que vêm tentando desvendar esse mistério, passando por
Santo Agostinho, Santo Anselmo, Santo Thomas de Aquino, Kant, até os grandes filósofos e
pensadores dos nossos dias, como Heidegger e outros (KERBER, 2009).
Segundo Kerber (2009) as pressões e as cobranças presentes no ambiente empresarial podem
ser geradores de males psicossociais, psicoemocionais e psicossomáticos. Cury preconiza que
o século XXI será o século das doenças psíquicas. Por essa razão é crucial que se busque
espiritualizar o ecossistema empresarial, pois os reflexos diretos na vida das pessoas e da
própria empresa são rápidos e podem ajudá-los a resgatar a dignidade e autoestima e tornar as
pessoas mais felizes, produzindo mais e melhor.
Por ser a espiritualidade um assunto ainda pouco explorado no acervo literário brasileiro e,
principalmente, pelo interesse que o mesmo tem despertado no mundo corporativo, tem sido
notoriamente crescente essa busca pela produção de pesquisas científicas sobre esse
constructo, como forma de encontrar as respostas para as inúmeras discussões sobre
transformações nos ambientes organizacionais. Não há dúvida que o interesse em
espiritualidade no lugar de trabalho está crescendo a cada dia. Vasconcelos (2008) considera
32
que o tema trata de algo que já passou do estágio de especulação inicial e por essa condição
tem recebido a contribuição de renomados pesquisadores internacionais.
Sinais recorrentes de profissionais infelizes sinalizam a importância e a necessidade de
preocupação com a espiritualidade por parte das empresas. GIBBONS (2000) – sugere que
talvez isso esteja ocorrendo porque as pessoas têm sido nada além de joguetes e materiais
descartáveis dentro de um contexto exageradamente materialista e impregnado de
insensibilidade e desconsideração e, nesse sentido, pesquisas, naturalmente seriam bem-
vindas para reforçar ou destruir essa suposição.
Como parte dessas inquietações, as discussões sobre o tema dignidade no contexto das
organizações, também tem sido recorrente, principalmente, quando o assunto aponta para
ambientes de trabalho que não demonstram preocupação em criar mecanismos de equilíbrio
entre o dar e receber na relação com os seus colaboradores (STAM, 2006). Segundo o autor
este é um princípio que, se bem cuidado, torna as pessoas verdadeiramente mais sensíveis
para usarem sua força, criatividade, especialidade e outros talentos a serviço da sua
organização. Pelo fato de ainda ser tema pouco explorado no meio acadêmico e com acervo
insuficiente o assunto merece ser objeto investigação por parte de pesquisadores.
Diante dessas preocupações, vêm sendo inúmeras as tentativas e ações desenvolvidas pelas
organizações, através de eventos e treinamentos sobre temas como “O resgate dos valores
essenciais do ser”, “A espiritualidade no trabalho”, “O ser humano e a transformação
organizacional”, “O lado humano da qualidade”, “Os novos valores nas organizações” e
outros, no sentido de reflexões sobre os rumos do trabalho e do trabalhador para o novo
milênio (O’DONELL, 1997). Segundo o autor desde a década de 90 que um movimento em
prol de mais espiritualidade nas organizações vem ganhando expressão, em nível mundial.
Naquela ocasião, A HR Magazine2, em uma de suas edições, afirmou que a tendência em
direção à espiritualidade nas corporações parece ser o resultado dos esforços espontâneos e
personalizados de gerentes, departamentos, fábricas e empresas [...].
Essa percepção também é referida por Rego, Souto e Cunha (2007). Segundo estes autores,
especialmente desde 1992, vêm se acompanhando um significativo aumento de conferências e
workshops, assim como uma explosão de livros (Tischler, 1999; Neal e Biberman, 2003)
sobre este tipo de assunto, o que pode ser uma evidência concreta da atenção e preocupação
que está existindo em se compreender os alguns fenômenos que ocorrem dentro das
organizações relativos ao processo de construção da relação entre e com os seus diversos
atores e, principalmente a intenção de se identificar os possíveis impactos das práticas e
comportamentos que fazem parte desse universo corporativo.
____________________ 2Artigo intitulado “Corporate Pioneers Explore Sprirituality” da revista HR Magazine, de abril de 1996, da
Society for Human Resources Management dos EUA.
33
Como um exemplo concreto, a partir de então, o tema espiritualidade conseguiu ser objeto de
reconhecimento pela Academy of Management, que criou, em 1999, o grupo de interesse
“gestão, espiritualidade e religião”. Revistas como o Journal of Management Education, o
Journal of Management Inquiry, o Journal of Management Psychology, o American
Behavioral Scientist e o Journal of Organizational Change Management abriram espaços
para seções ou volumes especiais ao assunto, criando um corpo de literatura útil para a
comunidade de gestores.
Russell (1982), numa visão mais global e sistêmica do universo, afirma que a sociedade
apresenta cada vez maior complexidade e está atravessando um período importante e crucial
na história humana: a crescente integração das mentes humanas num único sistema vivo. Para
ele um número cada vez maior de pessoas sente que uma nova era começa a despontar para os
aspectos relacionados à humanidade, uma era que implicará uma mudança fundamental na
consciência humana e na relação entre o ser humano e o resto do planeta. Em particular,
haverá grandes modificações nas nossas atitudes face ao trabalho. Todavia essas mudanças
irão exigir uma profunda reavaliação do que significa trabalhar. O autor defende que o bem-
estar e o conforto material devem ser valorizados por aquilo que são; não podem e não devem
ser vistos como a única ou principal fonte do nosso bem-estar interior.
A maior parte da literatura produzida até os dias atuais não tem base empírica. Por essa razão,
o ambiente corporativo já vir revelando concretamente sinais de preocupação com o tema,
uma vez que os seus gestores e funcionários em geral têm interagido cada vez mais com
situações de elevada pressão, estados de estresse elevados e carga desenfreada e desmedida de
cobranças constantes por resultados a qualquer custo – “estado”3
esse que pode distanciar as
pessoas da sua real essência. Atualmente, os grandes executivos vivem sob enorme tensão.
Queixam-se de não ter tempo para se dedicar aos seus relacionamentos pessoais e reclamam
da pouca satisfação que têm na vida, apesar da crescente prosperidade material (CAPRA,
2005).
Portanto os estudos sobre as dimensões da espiritualidade e dignidade estão pautados no
desejo de adentrar mais nesse objeto de pesquisa e investigar, com profundidade e, em âmbito
nacional, a percepção e a relevância dessas dimensões na construção de um ambiente mais
saudável4 e digno, capaz de promover felicidade nas pessoas dentro das organizações da qual
elas fazem parte, dando-lhes maior sentido e significado para as suas vidas.
Freeman (2000), em sua abordagem gerencial sobre as relações entre os stakeholders defende
que não basta que as empresas formulem estratégias para gerar riquezas, mas é necessário que
os gerentes se perguntem como querem que as organizações alcancem os seus propósitos.
____________________ 3A palavra “estado”, no contexto em que aparece, tem o significado de sentimento experimentado.
____________________ 4 Saudável aqui quer dizer que os trabalhadores se sentem bem e enxergam na sua organização um lugar bom
para se trabalhar.
34
O autor enfatiza que para o alcance desses objetivos organizacionais a resposta deve estar no
equilíbrio dos interesses dos diversos grupos que afetam ou por elas são afetados. Ele ainda
reforça a existência de uma única teoria de stakeholders que pode ser convergente e se aplicar
a todo e qualquer contexto organizacional - ela ser percebida como uma proposta que possa
levar as organizações a contribuírem para uma sociedade melhor.
A escolha da espiritualidade e a investigação sobre a existência de relação com dignidade
também se propõe a levantar dados e informações que possam ser traduzidos de maneira mais
tangível sobre a contribuição que esse tema poderá trazer para as organizações. Permitir aos
gestores e não gestores um maior entendimento sobre a importância de contemplar nas suas
relações com os seus liderados aspectos associados à espiritualidade e dignidade, como forma
de contribuir para a construção de um ambiente que conduza ao bem-estar, satisfação e
felicidade das pessoas.
1.3.2 Justificativa prática
A escolha do objeto de pesquisa se fundamenta na possibilidade de fomentar nos gestores e
não gestores de organizações uma reflexão sobre as práticas organizacionais que podem estar
associadas à espiritualidade e dignidade e que, segundo alguns autores, também podem até
exercer influência ou afetar à produtividade da organização e a sua própria existência. Para
Kerber (2009), trabalho e humanização são duas dimensões que se realizam no homem e que
para conhecê-lo é preciso respeitá-lo na sua condição de dignidade e, mais do que isso,
considerar e compreender a sua dimensão transcendente.
Discutir sobre a possibilidade de existência de relação entre espiritualidade e dignidade,
também sugere um repensar daqueles gestores e não gestores sobre o modo como as suas
relações estão sendo construídas, em que bases elas estão sendo sustentadas, assim como
alertá-los para os possíveis impactos que essas dimensões podem trazer para a organização.
Outro propósito nobre será despertar sobre o quanto é importante a espiritualidade na empresa
como uma relevante alternativa capaz de assegurar sentimento de pertencer dos funcionários,
“estado” de satisfação e bem estar no trabalho, devendo a espiritualidade ser traduzida em
valores que fortaleçam a dignidade das pessoas, tais como a ética, respeito, justiça e exercício
do “amor” incondicional às pessoas.
A pesquisa, embora tenha focalizado, prioritariamente, a percepção de gestores e não gestores
de organizações do Nordeste do Brasil tem a pretensão de contribuir com as organizações
brasileiras, seus gestores, líderes, liderados, assim como, com o meio acadêmico, professores,
consultores, pesquisadores e estudiosos em geral, oferecendo-lhes material para que os
ajudem a compreender melhor os fenômenos corporativos a partir das relações que são
estabelecidas dentro desse ambiente, considerando as dimensões da espiritualidade e
dignidade que afetam a todos os atores presentes nesse contexto. Nesse sentido a pesquisa
também poderá ser bastante útil para a área de Gestão de Pessoas, deixando pistas para os
profissionais que atuam com o Capital Humano nas organizações de como estes precisarão
estar atentos às práticas e comportamentos cotidianos, assim como, na identificação de
situações que possam estar comprometendo o clima e bem-estar dos diversos stakeholders,
especialmente, dos colaboradores.
35
Com base nesse contexto, o papel dos profissionais de Gestão de Pessoas (ou de Recursos
Humanos como muitos autores ainda preferem utilizar) poderá ser decisivo no processo de
acompanhamento, monitoramento, orientação, intervenção junto à realidade em seu entorno,
com fins de adequação ao modelo proposto pelas escalas de espiritualidade e dignidade nas
organizações de Rego; Cunha; Souto (2005) e Teixeira et al (2011), respectivamente. Aqui o
desenvolvimento de ações de sensibilização e conscientização direcionada a gestores e não
gestores de organizações poderá se consubstanciar em valor agregado para o negócio.
Além das questões já apresentadas, a pesquisa também poderá despertar maior atenção nos
gestores, podendo contribuir para torná-los mais humanizados e sensíveis no relacionamento
com as suas equipes, através do uso de um tratamento mais espiritualizado e digno e,
consequentemente, contribuindo para uma maior retenção dos funcionários na empresa.
Atualmente muito do “turnover” das empresas ocorrem em decorrência, em grande escala, de
tratamentos desumanizados e práticas constantes de assédio moral, ou seja, pela falta de
espiritualidade e dignidade.
Em reforço, o resultado dessa pesquisa poderá ser de grande valia para despertar a atenção de
gestores e não gestores de organizações brasileiras sobre os temas investigados e,
principalmente, levá-los a refletir sobre a possibilidade de adoção de um comportamento mais
humanizado e de novas formas de gerenciar pessoas nas organizações.
Os Quadros 1 e 2 abaixo apresentam um resumo dos principais pontos que aparecem nas
justificativas teórica e prática e que se constituíram nos elementos motivadores para a
realização dessa pesquisa.
JUSTICATIVA TEÓRICA
Presença de fortes pressões e cobranças por resultados no ambiente empresarial.
Especialmente no Brasil, os temas espiritualidade e dignidade ainda clamam por maior
investigação e aprofundamento de caráter científico.
Busca por respostas para as inúmeras discussões sobre transformações nos ambientes
organizacionais.
Sinais de infelicidade no contexto organizacional, em razão de um comportamento
exageradamente materialista e impregnado de insensibilidade e desconsideração.
Significativo aumento de eventos sobre o assunto
Necessidade de melhor entendimento dos gestores sobre a importância de ambientes dignos e
espiritualizados
Quadro 1 - Justificativas teóricas
Fonte: Elaborado pela autora
36
JUSTIFICATIVA PRÁTICA
Interesse crescente do mundo corporativo em compreender melhor os fenômenos relacionados
à espiritualidade e dignidade.
Pretensão de contribuir com os profissionais que atuam em cargos de gestão em organizações
brasileiras sobre práticas de espiritualidade e dignidade, oferecendo-lhes possibilidades de
reflexão sobre a sua própria prática.
Participação no Núcleo de Estudos sobre Gestão baseada em Valores – MackGVAL, do
Projeto do Procad-235/2007, financiado pela Capes
Quadro 2 - Justificativas práticas
Fonte: Elaborado pela autora
37
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta pesquisa tem como ponto focal a intenção de realizar uma investigação sobre os
constructos espiritualidade e dignidade, à luz dos achados e produções científicas datados de
épocas remanescentes até os dias atuais, para respaldar a análise dos dados coletados.
Ao longo dos estudos aqui apresentados serão oferecidas algumas contribuições e reflexões
sobre as dimensões da espiritualidade e dignidade, com ênfase na percepção de vários autores
e estudiosos que vêm dedicando atenção a pesquisas sobre o significado, importância,
possíveis influências e os seus reflexos na prática das organizações contemporâneas. Para
embasar os estudos foram adotados os modelos de espiritualidade e dignidade desenvolvidos
e validados, pelos autores Rego; Cunha; Souto (2005) e Teixeira et al (2011),
respectivamente, como sendo os instrumentos de medição utilizados como âncoras para a
realização desta pesquisa, uma vez que esta se propõe a identificar a existência ou não de
relação entre espiritualidade e dignidade, segundo os respondentes pesquisados.
Neste capítulo, as seções a seguir apresentam uma possibilidade de compreensão sobre as
bases teóricas que sustentam todo o trabalho, através de uma revisão da literatura sobre os
construtos Espiritualidade e Dignidade, buscando contemplar aspectos relativos a essas
dimensões, segundo a visão de diversos autores, gestores e não gestores de organizações.
2.1 Espiritualidade numa Perspectiva Histórica Contemporânea
Para compreender o surgimento do conceito de espiritualidade cabe se percorrer os
movimentos e transformações pelas quais as sociedades já passaram. Há mais de um século,
nossa sociedade é palco de inúmeras transformações econômicas, sociais, políticas e culturais
e todas elas tiveram as suas origens em acontecimentos que representaram grandes marcos na
história. Nessa sequência de episódios, o historiador e sociólogo americano I. Wallerstein
destacou o chamado capitalismo histórico (1985) que se caracteriza pela ascensão da
racionalização (Weber, 1971), pela acumulação de capital (Marx, 1970), pela hegemonia das
categorias econômicas (Polanyi, 1983), pelo desenvolvimento do individualismo (Dumont,
1983), pela obsessão do progresso (Rostow, 1968), pela urbanização (Castells, 1975) e pela
explosão tecnológica (Ellul, 1964; Landes, 1975). Com o advento dessas mudanças, o campo
do comportamento humano nas organizações passou a ser mais requisitado e transformou-se
gradativamente em um objeto científico específico (Audet e Malouin, 1986; Côté et al., 1986;
Lorsch, 1987; Cooper e Robertson, 1987, dentre outros) (CHANLAT, 2009).
A preocupação com o estudo do comportamento do homem e suas implicações dentro do
contexto organizacional passou a ser explorado, mais notadamente, após a Revolução
Industrial, considerando-se que naquela ocasião, se instalava uma significativa mudança na
forma de relação entre capital e trabalho, em decorrência do modelo de produção que passou a
vigorar com ênfase na eficiência e na produtividade (FLEURY, 2002).
Campos de estudo como a Filosofia, Antropologia, Sociologia e mais recentemente a
Psicologia sempre buscaram entender e interpretar os fenômenos humanos levando em
consideração os aspectos de natureza intrínseca. Porém até então os estudos acenavam com
maior destaque para variáveis relacionadas ao indivíduo em si mesmo e a sua relação social.
38
Desde o Modelo das Relações Humanas criado por Elton Mayo no fim dos anos 1920, a
Maslow (1943) com a sua Teoria da Hierarquia das Necessidades, Herzberg (1959), com a
sua Teoria dos dois fatores até os dias atuais muito tem sido discutido em torno do
comportamento do homem e as variáveis envolvidas nesse fenômeno. Sobre essa perspectiva
Sievers, 1997 (apud FLEURY, 2002) colabora com a ideia de que as questões relacionadas ao
que pode motivar o indivíduo ganhou maior atenção quando o sentido do próprio trabalho
desapareceu ou então foi perdido ao longo da relação capital x trabalho. O autor afirma que a
crescente divisão e fragmentação do trabalho, originada pela busca excessiva de eficácia
desencadeou uma perda de sentido do próprio trabalho. Para o autor, essa é uma perspectiva
sombria da natureza humana, que não considera o subjetivismo do homem e reduz sua
atuação profissional a mera relação com um sistema que o controla e dirige (FLEURY, 2002).
Segundo Chanlat (2009), o comportamento organizacional apresenta-se hoje como uma
imensa colcha de retalhos, um campo aberto a quase todos os ventos teóricos. Como as
ciências administrativas, o campo do comportamento organizacional parece ter se
desenvolvido até o presente sob o olhar do isolamento, negligenciando em larga medida os
conhecimentos mais recentes das ciências humanas básicas (AUDET; MALOUIN, 1986;
DÉRY, 1988a.,1988b; WHITLEY, 1984 apud CHANLAT, 2009).
Quando se considera o vasto panorama da evolução não se pode deixar de considerar as
inúmeras mudanças, transformações e eventos que se sucederam na história, o que pode
muitas vezes gerar confusão e perda de referência. Ao mesmo tempo, esse processo
evolucionário como um todo traz algumas novas configurações e padrões que começam a
florescer (RUSSEL, 1982).
Impelidos pela força do amor os fragmentos do mundo buscam-se um ao
outro para que o mundo possa vir a existir (CHARDIN, 1993)
Russell (1982), fazendo uma analogia com o mundo contemporâneo resgata que a energia
produzida a partir do big-bang construiu uma ordem inteiramente nova de existência: a
matéria física. Porém foi a partir dela que surgiu uma nova ordem: a vida e, dessa nova
ordem, emergiu a consciência auto-reflexiva. Cada uma dessas novas ordens de existência
representou um grande passo no processo evolucionário, trazendo consigo propriedades e
características inéditas. Nesse sentido não é apenas no plano material que a sociedade está se
organizando. A própria evolução dos seres humanos fez surgir a capacidade de refletir sobre o
mundo e com isso abriu-se uma nova possibilidade de haver evolução em nível mental e
intelectual. Agora o ponto mais sensível da evolução é a consciência auto-reflexiva e para
haver efetivamente uma evolução em níveis superiores de integração, as mudanças mais
cruciais terão de ocorrer no domínio da consciência humana – e no da consciência individual
em particular.
Buscando apoio na ciência da filosofia, encontra-se repetidamente a afirmação de que, em
última instância, somos todos um só; que esta unidade é cognoscível e que o Eu puro que
reside no âmago do nosso ser; e de todos nós, pode chegar à apreensão dessa realidade, pois é
um direito de nascença do ser humano. “O anseio de muitas pessoas se aperfeiçoarem e
crescerem interiormente nada mais é do que a força da evolução manifestando-se em suas
consciências e o universo evoluindo através de nós”. É nessa perspectiva que estudos
relacionados à espiritualidade vêm sendo discutidos amplamente no ambiente empresarial e
fora dele, como sendo um aspecto mais superior a todos os outros até então examinados. Esse
39
tipo de estudo teve as suas pesquisas iniciadas, ainda sob um cunho de experiências religiosas,
a partir das contribuições dos psicólogos William James e Carl Jung, seguidos, na década de
1950, por Abraham Maslow, Roberto Assagioli e outros. Talvez uma questão vital para a
humanidade nos dias atuais seja o seu despertar interior e com uma maior pressa (RUSSELL,
1982)
2.2 Espiritualidade - Um Conceito em Discussão
O termo “espiritualidade'' vem da palavra latina “spiritus'' ou '' spiritualis” que significa
respiração, sopro, ar ou vento. Spiritus é definido como'' uma animação ou princípio vital
realizado para dar vida ao organismo físico” (Merriam-Webster Dicionário On line -
Enciclopédia Britânica). Isto implica que espírito é a força da vida que habita em nós quando
estamos vivos (Garcia-Zamor, 2003). Scott (1994) oferece uma definição paralela para o
espírito como sendo ''o princípio vital ou força de seres vivos”. Espiritualidade, conforme
definido por Mitroff e Denton (1999), é ''o sentimento básico de estar conectado com o
próprio eu, com os outros e com o universo inteiro''. (KARAKAS, 2010).
No mesmo tom, Mitroff (2003) reconhece que há algo profundo e fundamental em todos nós
que necessita ser reconhecido e alimentado diariamente. Para ele, espiritualidade tem um
papel legítimo a desempenhar no local de trabalho e fica difícil conceber a ideia de que as
organizações possam oferecer produtos de padrão mundial ou fornecer serviços do mesmo
nível com uma força de trabalho emocionalmente depauperada ou espiritualmente
empobrecida. Mitroff (1998) defende que espiritualidade pode ser o mais importante
componente de todos os sistemas de gestão.
Fugindo da visão mais comum de que a espiritualidade está apenas relacionada à religião,
aqui é trazida uma visão diferente da compreensão cotidiana. Para elucidar essa diferença
cabe tratar sobre o conceito puro de espírito. O espírito é o modo de ser. Não é uma parte do
ser humano, é uma maneira de ser desse ser exótico na natureza que aparece como homem e
mulher, na medida em que ele faz história, isto é, constrói a si mesmo junto com os outros. É
um ser cultural, da natureza, mas que atua sobre ela, modificando-a: destruindo-a ou
pilotando-a positivamente. É um ser ético, que decide os prós e os contras, que tanto pode
desejar o bem do outro, associando-se a ele, como pode rejeitá-lo, eliminando-o […]
espiritualidade é captar esse movimento do mundo, o seu dinamismo, a presença do Espírito
nas coisas todas (BACELAR, 2009).
O crescente interesse sobre o tema espiritualidade encontra um abrigo nas empresas, salas de
reuniões corporativas, no mundo dos negócios em geral e no ambiente acadêmico. Para
ratificar essa afirmação uma pesquisa aberta no Google (Maio, 2012) revela a existência de
4.849.000 resultados sobre espiritualidade, com a seguinte distribuição: espiritualidade na
organização, 609.000; espiritualidade no trabalho, 2.860.000 e espiritualidade na empresa,
1.380.000. Uma pesquisa no Google Acadêmico (Maio, 2012) aponta para uma produção de
41.260 resultados em português, sendo: espiritualidade na organização, 15.400;
espiritualidade no trabalho, 19.800 e espiritualidade na empresa, 6.060. Os mesmos três temas
ao serem pesquisados no http://www.Amazon.com, o site nos oferece mais 2.016 títulos de
livros sobre espiritualidade (soma geral), embora estes estejam relacionados a uma
diversidade de constructos e alguns deles necessariamente não apresentam relação direta com
o contexto organizacional. A partir de uma consulta na Base Ebsco (Fev, 2012), verifica-se
também a existência de 262 artigos científicos entre os anos de 1992 a 2012. A produção de
40
Jan/2005 a Fev/2012 aponta para o número de 182 artigos e no período de Jan/2010 a
Fev/2012, 60 artigos foram produzidos.
A Espiritualidade, portanto é percebida cada vez mais como um fator importante no local de
trabalho e diversos autores já direcionaram atenção focalizada ao tema (Neal 1997; Ashmos e
Duchon 2000; Korac-Kakabadse, Kouzmin, e Kakabadse 2002; Krahnke, Giacalone e
Jurkiewicz, 2003). Na visão de Pawinee Petchsawang and Dennis Duchon, em seu artigo
Measuring workplace spirituality in an Asian context (September 2009, 459–468), as pessoas
trabalham não só com suas mãos, mas também com seus corações (aqui associado ao
espírito). É quando as pessoas trabalham com o coração ou espírito que encontram significado
e propósito, uma espécie de satisfação e realização pelo cumprimento do trabalho. Em outras
palavras, significa que o trabalho pode ser um lugar onde as pessoas podem se expressar por
inteiro sendo elas mesmas, permitindo-se a expressão da experiência humana em seu mais
profundo nível - o nível espiritual, o que pode não só reduzir o estresse, conflito e absentismo,
mas também melhorar o desempenho do trabalho (Krahnke. (PETCHSAWANG; DUCHON,
2009).
Para Heaton, Schmidt-Wilk, e Travis (2004), a espiritualidade pode moldar o comportamento
dos indivíduos de uma maneira produtiva de dentro para fora. Estes autores defendem que a
espiritualidade pode guiar empregados no sentido deles reconhecerem e compreenderem
melhor o sentido da vida, portanto, podendo beneficiar o seu próprio desenvolvimento de
carreira como também o desenvolvimento organizacional.
Nas contribuições de Petchsawang e Duchon (2009), o reforço da espiritualidade no local de
trabalho pode ser visto também como uma abordagem para o desenvolvimento
organizacional, permitindo a expressão de valores como a virtude, cidadania corporativa, a
honestidade e integridade. A dimensão espitirual poderá permitir o desenvolvimento integral
de toda a pessoa, e não apenas da sua 'cabeça' e 'mãos’, conforme já
mencionado. Desenvolver os nossos egos espirituais significa expandir nossa consciência para
que possamos ver o mundo livre das restrições normais (Howard 2002), e definindo-nos livres
para ver com mais clareza, permitindo-nos oportunidades de criativamente enriquecer as
nossas relações com os outros.
Dehler e Welsh (2003, p.114) descreve a espiritualidade no trabalho como "uma busca de
sentido, mais profundo de autoconhecimento ou transcendência para um nível superior”. O
sentido de significado e finalidade serve como uma fonte interna de energia que é então
expressa exteriormente como um comportamento. Tepper (2003, p.183) define espiritualidade
como "o grau em que um indivíduo está motivado para encontrar um significado sagrado e
propósito para a sua existência", mas o autor faz uma observação com um comentário,
semelhante a um argumento feito por Mitroff e Denton (1999), que a espiritualidade não está
associada com a religião, Deus ou poderes superiores (PETCHSAWANG; DUCHON, 2009).
Neck and Milliman (1994, p. 9–10) definem a espiritualidade no trabalho como "expressando
um desejo de encontrar significado e propósito na vida"; "um estado transcendente e pessoal”
“viver pela verdade interior para produzir atitudes positivas e relacionamentos”
(PETCHSAWANG; DUCHON, 2009). Estes últimos autores enfatizam que embora as
definições ofereçam grandes variações, em suas pesquisas identificam pelo menos a presença
de cinco temas mais frequentes: conexão, compaixão, consciência, trabalho significativo e
transcendência. A partir desses achados Petchsawang; Duchon (2009) definiram a
espiritualidade no trabalho como a capacidade de se sentir conectado com ele, ter compaixão
41
com os outros, experimentando um estado de consciência interior na busca de trabalho
significativo e que permite a transcendência. Para a elaboração de uma medida eles se
apoiaram nesses cinco fatores. Para eles a espiritualidade no trabalho é multi-dimensional e
cada dimensão ou componente a ela relacionada apresenta uma profunda conexão com as
outras dimensões e não pode ser tratada de forma isolada.
Na visão de Kerber (2009) espiritualidade pode ser entendida como o reconhecimento do
homem como um ser integral e integrante do universo cósmico, fazendo também parte desse
contexto o seu trabalho. Nesse sentido, para Chanlat (2009), torna-se um imperativo que as
pessoas sejam reintroduzidas no lugar que lhes pertence no universo do trabalho. E para a
construção equilibrada do seu ser é indispensável resgatar o ponto de vista do sujeito, seu
desejo em face das suas atividades profissionais e a contribuição essencial que o seu trabalho
poderá lhe oferecer.
Em concordância com o pensamento de Kerber (2009) e Chanlat (2009), Guillory (2000),
destaca que a pessoa integrada é aquela que integra o corpo, a mente e o espírito à maneira
como ela vive no dia a dia a dia. E integração é o resultado da aquisição contínua de sabedoria
através do aprendizado pela experiência. O corpo físico tem uma consciência que é a
integração do instinto de sobrevivência e da herança cultural acumulada durante gerações. A
mente é a nossa consciência pessoal, é a forma como programamos individualmente nosso
conhecimento acumulado. Corresponde ao ego e é único para cada pessoa. A dimensão
espiritual é nossa consciência criativa, ou seja, é a fonte da nossa sabedoria. A Figura 1,
abaixo sintetiza e ilustra a visão do autor:
Figura 1 - Pessoa integrada Fonte: Guillory (2000)
ESPIRITUAL
(Eu Interior)
MENTAL FÍSICO
(Interface Cerebral) (Consciência Pessoal)
A PESSOA
INTEGRADA
42
Para ter acesso à espiritualidade é necessário fazer perguntas fora do lugar comum e,
principalmente, olhar para o nosso próprio mundo interior em busca de respostas. Esse
processo não se constitui tarefa simples de ser realizada e pode ser muito frustrante, uma vez
que raramente somos encorajados a buscar respostas dentro de nós mesmos. Em geral,
aprendemos na nossa cultura que as melhores soluções para as nossas dificuldades são
fornecidas por fontes externas. Todavia, a espiritualidade, por outro lado, sugere que essas
soluções emanam de fontes internas (GUILLORY, 2000).
Numa visão bem semelhante sobre o caráter de integralidade do ser humano, Covey (2005)
afirma que no ambiente de trabalho há falta de um paradigma completo de quem somos -
nossa visão fundamental da natureza humana. Ele enfatiza que seres humanos não são apenas
coisas que precisam ser motivadas e controladas, mas são seres movidos por quatro
dimensões - corpo, mente, coração e espírito. Segundo o autor, desde os primeiros registros
históricos são encontrados nos estudos das filosofias e religiões ocidentais e orientais as
mesmas dimensões universais da vida: física/econômica, mental, social/emocional e
espiritual. Estas dimensões representam também as quatro necessidades e motivações básicas
de todas as pessoas, sendo ilustradas na Figura 2 a seguir:
Figura 2 - Paradigma da pessoa integral e as necessidades e motivações básicas
Fonte: Covey (2005)
Bergamini (2008) defende a ideia de que a “vida interior” que cada pessoa possui é o fator
que afeta diretamente o seu desempenho. Com base nessa perspectiva ela relata que no
(MENTE)
APRENDER
Crescimento e Desenvolvimento
(CORAÇÃO) (CORPO)
AMAR VIVER
Relacionamentos Sobrevivência
(ESPÍRITO)
DEIXAR UM
LEGADO
Significado e
Contribuição
43
ambiente de trabalho a vida interior do colaborador é incorporada por um fluxo constante de
motivações, percepções e emoções. A autora destaca que o desempenho de cada um dentro da
organização é o reflexo de tudo aquilo que foi incorporado a si e que faz parte integrante da
sua própria identidade.
Ainda na visão de Guillory (2000), para fazer parte de um processo espiritual a única
possibilidade capaz de permitir que isso aconteça está na transformação coletiva e individual,
sendo a transformação o processo de abandonar crenças que não servem mais para um
propósito construtivo. Um exemplo de transformação pessoal é o entendimento de que o
nosso sucesso pessoal nunca deve ser conseguido colocando em risco o sucesso do grupo.
Porém para se ter essa compreensão é essencial que haja uma mudança radical para a pessoa
que quase ao longo de toda a sua vida praticou um individualismo extremo e conseguiu
experimentar recompensas.
Lama (2000, p. 32-33), considera que “a espiritualidade esteja relacionada com aquelas
qualidades do espírito humano, tais como amor e compaixão, paciência, tolerância,
capacidade de perdoar, contentamento, noção de responsabilidade, noção de harmonia e que
trazem felicidade tanto para a própria pessoa, como para os outros”.
A partir de algumas pesquisas realizadas, Zohar e Marshall (2006), discutiram a existência de
um ponto do cérebro humano que é utilizado para resolver questões de sentido e de valor. A
esse ponto os autores chamaram de inteligência espiritual. Segundo estes autores o que dá
vida à humanidade é a necessidade que esta apresenta de experimentar desafios dentro de uma
estrutura com maior significado e propósito. Para eles, muito além da habitual noção de
capital, o capital espiritual ou inteligência espiritual é o modo como vemos as questões mais
importantes da vida. É uma riqueza que ajuda a tornar o futuro da humanidade mais
sustentável e que nutre e sustenta o espírito humano. A parte espiritual que existe em nós nos
impele a perguntar por que estamos fazendo alguma coisa e a procurar um modo melhor de
fazê-la. Ela nos impele a querer que nossa vida e empreendimentos sejam capazes de fazer
diferença no mundo.
“Os seres humanos têm profundo anseio por significado e propósito em suas vidas e
retribuirão a quem os ajudar a atender a esta necessidade. Eles querem acreditar que o que
estão fazendo é importante, que serve a um desígnio e que agrega valor ao mundo. No fundo,
as pessoas anseiam por uma vida significativa e satisfatória e, por isso, procuram por alguma
coisa especial que faça aflorar o que elas têm de melhor. De preferência, elas buscam uma
harmonia entre seus valores pessoais e os valores de sua organização”. (HUNTER, 2006,
p.116).
É importante se ter o pensamento complexo, ecologizado, capaz de relacionar, contextualizar
e religar diferentes saberes ou dimensões da vida. Segundo a visão de MORIN (2011), “a
humanidade precisa de mentes mais abertas, escutas mais sensíveis, pessoas responsáveis e
comprometidas com a transformação de si e do mundo”. Em seus estudos, o autor fazendo
uma reflexão profunda sobre o processo de educação e sobre a condição do gênero humano,
enfatiza que a ética não poderia ser ensinada por meio de lições de moral. Ela somente é
44
formada nas mentes, tendo como base a consciência de que o ser humano é, ao mesmo tempo,
indivíduo, parte da sociedade e parte da espécie. Ele conclui que todo desenvolvimento
verdadeiramente humano deve compreender o desenvolvimento conjunto das autonomias
individuais, das participações comunitárias e da consciência de pertencer à espécie humana.
2.3 Espiritualidade nas Organizações
A espiritualidade nas empresas ou no ambiente de trabalho é definida como a tomada de
consciência da empresa da razão de sua existência e sua missão diante de clientes e
funcionários. Para tanto existe uma unanimidade entre alguns autores pesquisados que a
empresa que vive sua dimensão de espiritualidade tem que rever seus valores morais e éticos
estando voltada a serviço da vida. Seu rol de valores e crenças é que determinam a formulação
de suas políticas de gestão (REGO, CUNHA e SOUTO, 2007).
Os autores Ashmos e Duchon (2000); Milliman, Czaplewski e Fergusson, (2003), definem
espiritualidade nas organizações como sendo o reconhecimento pela organização e pelos seus
líderes de que os empregados têm uma vida interior que alimenta, e é alimentada, pela
realização de trabalho com significado num contexto de comunidade (ASHMOS E
DUCHON, 2000). Na visão de (Guillory, 2000), a espiritualidade é definida como a nossa
consciência interior.
Para Capra (2005), em oposição a essas expectativas de reconhecimento e de significado do
trabalho, os acionistas quando avaliam a “saúde” de uma empresa, no geral não querem saber
da vida das comunidades dentro da empresa, da integridade e bem-estar dos empregados e da
sustentabilidade ecológica dos produtos. Ao contrário, há prevalência de um olhar voltado
para os lucros, valor das ações, fatia de mercado e outros parâmetros econômicos. O autor
reforça que os dirigentes fazem toda a pressão que podem para garantir que seus
investimentos tenham o retorno o mais rápido possível, sejam quais forem as consequências
de longo prazo para a vida da organização, o bem-estar dos empregados e o meio ambiente
natural e social.
No nível mais prático, redefinir organizações como comunidades significa usar as
metodologias voltadas para o desenvolvimento de ações comunitárias, particularmente em
organizações empresariais. Significa também conceber as organizações como centros de
significado e propósito maior, em relação às quais as pessoas possam se engajar como
cidadãos livres numa sociedade democrática. Por outro lado, isto envolve desenvolver novas
respostas para perguntas práticas sobre como e por que as pessoas são contratadas e
dispensadas, quem toma que decisões, e como assegurar que a contribuição de pessoas para o
sucesso seja justamente recompensada. Finalmente, “organizações como comunidades”
reflete um corpo de pensamento crescente acerca da consciência de uma organização, ou seja,
o papel que as empresas devem desempenhar no nosso país e no mundo, para que possam
atrair e reter as pessoas que têm mais a oferecer (SENGE, 1995).
Capra (2005) traz ainda a seguinte reflexão: ‘o ato de dar vida às organizações humanas pelo
fortalecimento de suas comunidades de prática não só aumenta-lhes a flexibilidade, a
criatividade e o potencial de aprendizado, como também, aumenta a dignidade e a
45
humanidade dos indivíduos que compõem a organização, que vão tomando contato com essas
qualidades em si mesmo’. Em outras palavras, torna possível a criação de ambientes de
trabalho sadios dos pontos de vista mental e emocional, nos quais as pessoas sentem-se
apoiadas na busca de realização dos seus objetivos e não têm de sacrificar a própria
integridade a fim de atender às exigências da organização.
Vasconcelos (2008) ressalta que as crescentes demonstrações corporativas de desafeto e de
ausência de atenção aos recursos humanos, a falta de camaradagem nos inter-relacionamentos
organizacionais, a propagação do medo e da insegurança, aparentemente, mais espaço dão ao
surgimento do fator espiritual no local de trabalho. O autor observa que o modelo ainda
vigente - totalmente calcado na voracidade econômico-financeira - é eminentemente
autofágico, desfigurado, insensível e destituído de qualquer conotação transcendente. Ele
também alerta que esse modelo ainda pode ser revisto e serem feitos os ajustes necessários,
visando à construção de algo mais nobre, assentado em bases mais robustas, cujos sinais já se
fazem visíveis.
Espiritualidade pode ser concebida como um tipo de energia que, para ser adequadamente
canalizada, deve ser desdobrada em ações coerentes e consistentes. No universo empresarial,
portanto, nenhuma validade haverá em escrever e publicar declaração de valores, através de
uma retumbante retórica de cunho espiritual (GULL & DOH, 2004 apud VASCONCELOS,
2008), se a práxis corporativa não for correspondente. Com base nesse olhar, a espiritualidade
nas organizações pode ser considerada como resultante de elevados valores esposados e da
consciência coletiva dos seus dirigentes em especial.
Considerando o interior das empresas, convém recordar que é na mente e no coração humano
que as manifestações de espiritualidade acontecem com maior ou menor intensidade. Na visão
do autor, todos nós somos responsáveis pela proliferação ou ausência de dinâmicas que
possam favorecer a essas manifestações no ambiente das organizações. Portanto, as
organizações serão tão espiritualizadas quanto forem seus membros. Em ambientes em que as
condições de espiritualidade não estejam presentes, provavelmente serão aqueles em que
tendem a prevalecer convivências desgastantes entre indivíduos, temor constante,
desconfiança, frustração e deslealdade, entre outros sentimentos (VASCONCELOS, 2008).
“As organizações espirituais são caracterizadas pela confiança mútua entre
seus membros, pela honestidade e pela transparência. Seus executivos não
temem admitir os próprios erros. Eles tratam as pessoas com dignidade e
respeito, criando um ambiente livre de medo e abusos” (ROBBINS, 2005, p.
390).
Todavia, contrariando esse pensamento, a nova economia estrutura-se em torno dos fluxos de
informação, poder e riqueza que correm pelas redes financeiras globais, as quais dependem
em enorme medida das mais avançadas tecnologias de informação e comunicação. E em meio
a esse cenário, observa-se que ela é moldada e determinada por máquinas e o resultado disso é
que o ambiente econômico, social e cultural não é favorável à vida, mas contrário a ela
(CAPRA, 2005, p. 139). Corroborando com esse pensamento, Zohar e Marshall (2006)
46
afirmam que o mundo contemporâneo com a sua mentalidade de curto prazo, visão
imediatista e de maximização do lucro está matando os seus negócios.
Em meio a um contexto de economia global, cujo principal objetivo é maximizar a riqueza; a
humanidade vive atualmente o impacto dessa nova ordem econômica que vem provocando
uma séria “crise de sentido”5, referida por diversos estudiosos do comportamento e sentida em
seus efeitos por meio de males como a depressão, o stress, cardiopatias, pânicos, ausência de
percepção e significado (FRANKL apud ZOHAR; MARSHALL, 2002, p. 33).
Para Boff (2011), o modo de vida sustentável extrapola o conhecido desenvolvimento
sustentável – palavra-chave nos documentos oficiais dos governos e dos organismos
multilaterais. Implica em muito mais do que isso – o novo sonho ético e cultural da
humanidade. Para tanto, urge como demanda, uma verdadeira revolução nas mentes e nos
corações, nos valores e nos hábitos, nas formas de produção e de relacionamento com a
natureza. Supõe também viver “o espírito de parentesco com toda a vida” e assumir “a
responsabilidade pelo presente e pelo futuro do bem-estar da família humana e de todo o
mundo dos seres vivos”.
Com essa configuração, ao longo dessas últimas décadas, as inúmeras mudanças que
ocorreram no ambiente de trabalho foram responsáveis por criar um clima de incerteza, caos e
medo entre os funcionários (Cacioppe, 2000; Harman, 1992; Kennedy, 2001). Escândalos
éticos, crimes corporativos, downsizing, demissões, fusões e aquisições, Episódio de 11
Setembro, problemas de natureza global, concorrência de mercado, crises financeiras e
competição globalizada caracterizaram um ambiente de negócio cheio de turbulência e
incerteza (Biberman e Whitty, 1997; Cacioppe, 2000; Giacalonee Jurkiewicz, 2003a; Neal,
2000). Há inclusive evidências na literatura que o downsizing e as demissões têm diminuido a
moral e comprometimento dos colaboradores (Brandt, 1996; Duxbury e Higgins, 2002;
Giacalone e Jurkiewicz, 2003a) (KARAKAS, 2010).
Apesar dessas constatações, muitos líderes organizacionais ainda insistem em percorrer os
caminhos da fria indiferença, matando a afeição e o orgulho que seus colaboradores,
eventualmente, poderiam cultivar em relação às suas empresas. Este quadro também tem sido
relacionado à falta de espiritualidade nos locais de trabalho, podendo inclusive vir a ser
responsável por gigantescas proporções patológicas e suicidas, uma vez que destroem os
liames emocionais que antes uniam os trabalhadores às empresas. (VASNCONCELOS, 2008,
p. 59).
Numa visão bem otimista, os autores Zohar e Marshall (2006) imaginam que um grande
número de executivos já está se tornando “líderes de serviço”. E esta perspectiva aponta para
líderes que não servirão apenas aos acionistas, colegas de trabalho, funcionários e a criação de
produtos e atendimento aos consumidores, mas também, estarão dispostos a servir à
comunidade, ao planeta, à humanidade, ao futuro e à própria vida. São líderes que se atrevem
e são capazes de olhar “pela janela”.
____________________ 5 Entende-se por crise de sentido a ausência de propósito, do evento da vida em si; sentimento de
vazio existencial; falta de consciência do mundo e de tudo o que vive nele; ausência de ligação unificadora com um todo maior.
47
Fazendo alusão a um trecho de uma parábola chinesa [...] ouvir o inaudível é uma qualidade
necessária ao bom dirigente. Somente quando o dirigente aprende a ouvir atentamente o
coração das pessoas, percebendo seus sentimentos não comunicados, suas dores não expressas
e suas queixas não formuladas, é que ele pode inspirar confiança, entender quando alguma
coisa está errada e identificar as verdadeiras necessidades dos cidadãos." (VERGARA, 2000,
p. 71).
Numa visão complementar Senge (1995), reflete que a intimidade nas organizações começa
com o compromisso de procurar conhecer as pessoas por trás da máscara do seu cargo, papel
ou função. Os membros de uma equipe íntima conhecem as preferências e predileções uns dos
outros. Eles falam abertamente sobre o que acreditam, sentem, pensam e aspiram ser. Eles são
hábeis em equilibrar inquirição e argumentação e essa habilidade parece bem mais fácil de
aprender e praticar quando existe um nível limiar de intimidade. Segundo o autor, se somos o
líder de uma equipe íntima, é possível nos perceber ganhando lealdade advinda mais do que
apenas da nossa posição de autoridade. Ele ainda reforça que é possível notar também uma
queda nos índices de rotatividade de pessoal. E avança concluindo que empregados que se
sentem valorizados têm maior probabilidade de permanecer com a organização.
As instituições espelham sempre o que os homens são por dentro. Não importa onde
estejamos, mais dia menos dia acabamos externando o que está no fulcro das nossas almas,
seja o que temos de melhor ou pior. O sucesso ou fracasso do paradigma espiritual dependerá
de mudanças organizacionais profundas e neste caso se promover mudanças de conduta e de
valores esposados certamente demandará tempo (VASCONCELOS, 2008).
À medida que o homem evolui e adquire maior consciência sobre o seu papel e tarefas, as
instituições tendem naturalmente a acompanhá-lo. Esse pensamento é traduzido por
Vasconcelos (2008) a partir da Figura 3 abaixo:
Figura 3 - Escopo da espiritualidade
Fonte: Vasconcelos (2008)
PARADIGMA DA
ESPIRITUALIDADE
INDIVÍDUO
Consciência
Decisões
Humanizadas
Responsabilidade
Cidadania
SOCIEDADE ORGANIZAÇÃO
48
Em sua carta encíclica sobre o trabalho humano, o Papa João Paulo II (1981, p.15) chama a
atenção para o fato que o trabalho humano constitui uma dimensão fundamental da existência
humana: é como que uma chave, e provavelmente a chave essencial de toda a questão social
que vai se tornando sempre mais complexa. Sendo assim, para “tornar a vida humana mais
humana” esta chave assume uma importância fundamental e decisiva. Ele ainda afirma que
É como pessoa, pois, que o homem é sujeito do trabalho. É como pessoa que
ele trabalha e realiza diversas ações que fazem parte do processo do
trabalho; estas, independentemente do seu conteúdo objetivo, devem servir
todas para a realização de sua humanidade e para o cumprimento da vocação
a ser pessoa, que lhe é própria em razão da sua mesma humanidade (João
Paulo II, 1981, p.20).
Tratar de espiritualidade nas empresas ou, mais especificamente, no ambiente de trabalho,
suscita a possibilidade de resgate de um sentido para a vida. Kerber (2009) também corrobora
com a ideia já defendida por Frankl (2008) e outros autores quando faz a afirmação de que
hoje, vive-se nas empresas uma verdadeira crise de sentido e não há benefício material por
melhor que seja que possa melhorar a qualidade de vida de alguém se este não buscar
encontrar sentido na sua vida, na empresa em que trabalha e no próprio trabalho em si,
incluindo, necessariamente, as relações interpessoais. Para ele, o grau de felicidade de uma
pessoa deverá ser medido tão somente pelo valor e pelo sentido que ela dá para a sua vida
como um todo.
Nessa perspectiva, Dehler e Welsh (2003) consideram que o construto da espiritualidade tem
não apenas um lugar no local de trabalho contemporâneo, mas, dada a sua importância,
também é parte integrante dele. Pierce (2001) entende que, pelo fato do ambiente de trabalho
nem sempre se apresentar como portador de salientes características espirituais, mais
necessário se torna o imperativo de transformá-lo num autêntico lócus de espiritualidade.
No pensamento de Vasconcelos (2008) é inegável que espiritualidade tem uma ligação
umbilical com o nosso trabalho. O autor defende que é por meio do trabalho que se pode
externar a educação ética, os valores morais e os princípios de cidadania que aprendemos ao
longo da nossa existência. Para o autor o trabalho adequado para que sejam externadas essas
dimensões e, se falharmos na assimilação delas, estamos falhando na projeção e
exteriorização da nossa própria espiritualidade.
Para Pierce (2006), pode-se falar de boa administração quando esta consegue conciliar as
necessidades da empresa com as de seus colaboradores. Para tanto, também “as dimensões do
intangível, do invisível e do espiritual devem se tornar mais presentes”, tornando as
organizações mais humanas, integrando “a mente e o coração, a matéria e o espírito”.
Considerando o contexto frenético das organizações, para muitas pessoas e provavelmente
para a maioria, espiritualidade significa sair do mundo agitado. Atitudes tais como parar para
rezar, meditar ou refletir, ou para venerar algo parecem totalmente fora desse universo.
Portanto se alguém sugere que a espiritualidade pode ser praticada na vida cotidiana,
49
incluindo emprego, família e comunidade a própria definição do que vem a ser espiritualidade
merece ser questionada ou repensada (PIERCE, 2006)
Percorrendo-se algumas literaturas sobre espiritualidade dos nossos tempos, não é difícil
encontrar no mundo dos negócios ações que retratam uma arena de ego e poder.
Paradoxalmente o mundo da contemplação é mostrado como um reino de luz e graça. Na
visão de Pierce (2006), para uma espiritualidade do trabalho dar certo, ela não pode se
basear em práticas que nos afastem da batalha diária. O movimento deverá ser exatamente o
contrário. Ele ressalta que se deve desenvolver práticas que nos permitam transformar essa
‘batalha’ em ‘combustível’ para o desenvolvimento espiritual. As disciplinas da
espiritualidade do trabalho devem surgir de nosso trabalho e ser compatíveis com ele.
Nos estudos desenvolvidos por Fahri Karakas (2010), três perspectivas diferentes são
introduzidas na espiritualidade como suporte organizacional de desempenho, com base na
literatura existente: (a) Espiritualidade aumenta o bem-estar e qualidade de vida; (b) A
espiritualidade oferece aos funcionários um senso de propósito e significado no trabalho; (c)
Espiritualidade oferece aos funcionários um senso de interconexão e comunidade. Para
Karakas (2010), a própria imprecisão, ambiguidade e complexidade na construção do conceito
o torna mais difícil de ser investigado. Para ilustrar o seu raciocínio, o autor apresenta as três
perspectivas na seguinte Figura 4:
Figura 4 - Três perspectivas da espiritualidade em relação ao desempenho
Fonte: Karakas (2010) - Tradução da própria pesquisadora.
Em concordância com o pensamento de Karakas (2010), alguns estudiosos já afirmaram que
espiritualidade pode ser usada para melhorar o desempenho organizacional. Porém eles
defendem que as pesquisas sobre espiritualidade devem demonstrar as conexões e as relações
concretas existentes entre espiritualidade, produtividade e lucratividade (ASHMOS,
DUCHON, 2000; FRY, 2005; GARCIA-ZAMOR, 2003; GIACALONE E JURKIEWICZ,
2003a, b; GIACALONE et al., 2005).
ESPIRITUALIDADE
SENSO DE PROPÓSITO E
SIGNIFICADO NO
TRABALHO
SENSO DE
INTERCONEXÃO E
COMUNIDADE
BEM ESTAR E QUALIDADE
DE VIDA
AUMENTO DE
PRODUTIVIDADE
E DESEMPENHO
50
Estudos quantitativos sobre espiritualidade nas organizações teve uma grande contribuição de
Rego; Cunha; Souto (2005), através do seu instrumento de medição que deu origem a cinco
dimensões. As dimensões estudadas por estes autores foram pautadas nos fatores e assertivas
a seguir:
a) Sentido de Comunidade na Equipe
Em concordância com os primeiros estudos de Ashmos; Duchon (2000), Rego; Cunha; Souto
(2005) também defendem que essa dimensão engloba fatores relacionados com o espírito de
equipe, significando o grau em que os membros da organização experimentam uma forte
conexão ou relação com outras pessoas que fazem parte de um mesmo ambiente de trabalho.
E nessa perspectiva também é apontado pelo autor o zelo mútuo entre os membros e,
principalmente, o sentido de comunidade e de propósito comum. Esta dimensão é marcada
por um forte processo de interação entre colegas de trabalho;
b) Alinhamento com os Valores da Organização
A dimensão "alinhamento com os valores da organização" representa a medida em que os
indivíduos sentem que existe uma compatibilidade e congruência entre os seus valores
pessoais e a missão e o propósito da organização. Ashmos; Duchon (2000) apresentam a ideia
de que esse alinhamento acontece quando gerentes e empregados em sua organização têm
uma forte consciência e preocupação com o coletivo. Os indivíduos se sentem interiormente
mais alinhados com as organizações cujos líderes procuram ser úteis e se preocupam com a
sociedade como um todo, e não apenas com os interesses da organização ou de seus
acionistas, isoladamente;
c) Sentido de Préstimo à Comunidade
Essa dimensão corresponde essencialmente ao sentido que o trabalho tem para o indivíduo,
podendo fortalecê-lo no seu senso de utilidade para sim e para os outros (REGO; CUNHA;
SOUTO, 2005). A palavra “comunidade” tem raízes antigas, remontando à base indo-
européia mei, que significa “mudança” ou “troca”. Por sua vez esta raiz aliou-se a outra raiz,
kom, que quer dizer “com” para produzir uma palavra indo-européia kommein: compartilhada
por todos. Segundo o autor a ideia de “mudança ou troca, compartilhada por todos” é bastante
próxima do sentido de comunidade nas organizações de hoje. Construir comunidade é uma
estratégia central para compartilhar, entre todos os membros, os encargos e os benefícios da
mudança e da troca (SENGE, 1995);
d) Alegria no Trabalho
Para Rego; Cunha; Souto (2005), essa dimensão representa a necessidade dos seres humanos
de viver um sentido de alegria e prazer no trabalho. Os autores afirmam que os seres humanos
definem a sua identidade a partir da interação com os grupos nos quais estão fazendo parte;
e) Oportunidade para a Vida Interior
Rego; Cunha; Souto (2005) consideram que essa dimensão abrange itens relacionados ao
modo como a organização respeita a espiritualidade e os valores espirituais do indivíduo. A
discussão sobre espiritualidade inclui noções de consciência interior e uma busca por
significado. Guillory (1999) também se concentra na importância de consciência interior para
51
o homem. Ele argumenta que a espiritualidade é o domínio da consciência interior que se
manifesta como uma sensação de harmonia, interconexão e unidade. Segundo Karakas (2010)
a espiritualidade é definida como a jornada para encontrar uma forma sustentável, autêntica,
holística, significativa e de profunda compreensão auto-existencial e a sua relação e
interligação com o sagrado e o transcendente.
Mitroff e Denton (1999b) argumentam que as organizações de hoje sofrem de um profundo
vazio espiritual, e muitos dos problemas em organizações resultam desse empobrecimento
espiritual. Em seus estudos Karakas (2010) afirma que um número crescente de gestores e
funcionários cada vez mais é orientado para recorrer à meditação, reflexão e práticas
espirituais, programas de bem-estar, bem como exercícios de fitness e de esportes no trabalho
como um método de lidar com o estresse e a incerteza em trabalho. O autor sugere que o
desenvolvimento e a expressão do espírito no trabalho pode realmente resolver estes
problemas de estresse e desgaste, bem como, ter consequências benéficas para o bem-estar
dos funcionários de uma organização.
Ainda no pensamento de Karakas (2010), fornecer um sentido mais profundo de significado e
propósito para funcionários é importante, pois permite que eles sejam capazes de apresentar
um melhor desempenho, sendo mais produtivos e mais criativos no trabalho. Portanto esta
perspectiva defendida pelo autor sustenta que incorporar a espiritualidade no trabalho
proporciona aos funcionários e gerentes um maior senso de entrega e doação ao trabalho.
Na Seção seguinte será introduzido o tema dignidade, percorrendo-se alguns autores e
fundamentos que vêm embasando este construto.
52
2.4 UM BREVE CAMINHAR SOBRE A EVOLUÇÃO HISTÓRICA E CONCEITUAL
DA DIGNIDADE
O conceito de dignidade tem sido pesquisado desde a época da antiguidade clássica até os dias
atuais, porém mais acentuadamente, na Idade Contemporânea, após o advento da II Guerra
Mundial e processo de industrialização que desencadeou inúmeras mudanças na sociedade,
notadamente, no comportamento das organizações. Para tratar sobre o tema dignidade no
âmbito das organizações, todo este capítulo estará pautado nas contribuições de diversos
autores sobre a dignidade, passando essencialmente pelo conceito de dignidade da pessoa
humana, como sendo o principal arcabouço teórico sustentado pelos estudos aqui
apresentados.
Nesse sentido, os capítulos a seguir, embora em nenhum momento tenha a pretensão de
caráter conclusivo, até porque isso não seria possível dada à complexidade e dinâmica do
processo evolutivo e histórico da humanidade, pretende apresentar alguns momentos
percorridos na história e que foram marcantes para a construção de diversas concepções sob o
olhar de uma perspectiva filosófica, judaico-cristã e jurídica.
A noção de dignidade da pessoa humana estabelece um consenso teórico universal. Ela une de
modo notável os juristas, os cientistas, os pensadores de todas as famílias filosóficas e
religiosas (SEELMANN, 2000). Segundo a epistemologia jurídica, a dignidade é considerada
como grandeza, honestidade, decoro e virtude. O homem digno é o homem decente,
merecedor, demonstrando a dignidade à aquisição de atributo social e espiritual. A dignidade
é um valor espiritual e moral inerente à pessoa humana, que se manifesta singularmente na
autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao
respeito por parte das demais pessoas (MORAES, 2011).
"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em
espírito de fraternidade.”
Artigo 1.º da Declaração Universal dos Direitos do Homem
Na perspectiva teológica e filosófica, a dignidade da pessoa humana reside na sua natureza
racional. É por ser racional que o homem pertence a si próprio e tem uma vontade autônoma.
Para Tomás de Aquino a noção de dignidade encontra seu principal fundamento na ideia de
que o ser humano foi feito à imagem e semelhança de Deus (SARLET, 2011). Em
complemento, o filósofo Tomás de Aquino em seus estudos destaca que “O homem não vale
por “ter” – ainda que ele possuísse o mundo inteiro – mas por “ser”. O bem é a própria
pessoa” (SEELMANN, 2000).
Para o Cristianismo os homens foram feitos livres e iguais e essa condição também foi
ratificada por Tomás de Aquino na Idade Média (GOSDAL, 2007, p.52). Na visão da autora,
direitos humanos e dignidade têm em comum a busca da autonomia do ser humano e a
rejeição de qualquer forma de dominação. Porém estes direitos são criados, produzidos pela
sociedade e estão em permanente processo de alteração e mudança, os quais têm sido
tendentes à ampliação dos direitos e à universalização. Em complemento, no Pensamento
Estóico, todos os seres humanos são dotados da mesma dignidade - visão intimamente ligada
53
à noção da liberdade pessoal de cada indivíduo, sendo conferida a este a possibilidade de ser
livre e responsável por seus atos e seu destino (SARLET, 2011).
No final do Movimento Renascentista da Idade Média e no limiar da Idade Moderna o
humanista Italiano Giovanni Pico Della Mirandola foi quem produziu o primeiro escrito sobre
o tema dignidade, através da sua obra “Oratio de Hominis Dignitare”. Partindo da
racionalidade como qualidade peculiar inerente ao ser humano, ele advogou ser esta a
qualidade que permite ao indivíduo construir de forma livre e independente sua própria
existência e próprio destino (MIRANDOLA, 2008). O autor, considerando que o ser humano
é livre por natureza e pela própria condição de dignidade que lhe é atribuída, defende a ideia
de que o ser humano existe em função da sua própria vontade. Em seu Discurso sobre a
dignidade do homem, Mirandola, em texto de 1486, cuida do problema da dignidade do
homem tendo em vista a função que este ocupa como centro do universo, ponto de referência
de toda a humanidade, razão pela qual se fala em antropocentrismo (ZISMAN, 2005).
Segundo a visão do pensamento filosófico e político da antiguidade clássica a dignidade
estava na posição social ocupada pelo indivíduo e no seu grau de reconhecimento pelos
demais membros da comunidade. E nesse sentido, poder-se-ia se admitir a existência de uma
quantificação e modulação da dignidade da pessoa humana, podendo esta ser mais digna ou
menos digna em relação aos outros (SARLET, 2011).
Na sua época, o jurisconsulto, político e filósofo romano Marco Túlio Cícero, com as suas
formulações instituídas em Roma, desenvolveu uma nova compreensão de dignidade
desvinculada do cargo ou posição social, sendo possível reconhecer, com o seu raciocínio, a
coexistência de um sentido moral no que diz respeito às virtudes pessoais (mérito, integridade,
lealdade, entre outras); acepção estóica (qualidade inerente ao homem) e acepção
sociopolítica de dignidade (posição social e política ocupada pelo indivíduo). Este filósofo
destaca nas suas acepções um duplo significado - o homem como possuidor de uma dignidade
que decorre de sua posição mais alta na hierarquia da natureza e que lhe permite ser o único
ser racional dentre os animais (sentido absoluto de dignidade) e em outro sentido a dignidade
vinculada à posição social e que poderá ser alterada ao longo da sua existência. (SARLET,
2011).
A perspectiva da tradição judaico-cristã, em concordância com a concepção teológica e
filosófica, também destaca que o ser humano – e não apenas os cristãos – é dotado de um
valor próprio e que lhe é intrínseco, não podendo ser transformado em mero objeto ou
instrumento. Kant ratifica a premissa do cristianismo de que a dignidade é um valor
intrínseco, porém amplia a concepção com a noção de autonomia, racionalidade e moralidade.
(KANT, 2005).
No Iluminismo o pensamento de Pufendorf surgiu para acrescentar um novo olhar à visão da
igualdade cristã já instalada. Ele reforça a relação de igualdade entre os homens, porém
explorando uma discussão sem apoiar-se em razões de cunho religioso (ARAÚJO, 2011).
A concepção de Pufendorf distingue-se da de outros pensadores da época, como é o caso de
Pascal, pois este reconduz a dignidade à capacidade racional, de pensamento, do ser humano.
Já Pufendorf vincula a dignidade à liberdade moral, pois é esta - e não a natureza humana em
si - que confere dignidade ao homem. (SARLET, 2011)
54
Embora o Iluminismo já tivesse introduzido a ideia da racionalidade, foi a partir da
contribuição de Immanuel Kant que o conceito de dignidade ganhou maior expressão e
positivação no meio constitucional. Tomando como foco a perspectiva do direito, é
justamente no pensamento de Kant que a doutrina jurídica mais expressiva – nacional e
alienígena – ainda hoje parece estar identificando as bases de uma fundamentação, e, de certa
forma, uma conceituação da dignidade da pessoa humana. A concepção kantiana no sentido
de que a dignidade da pessoa humana, esta (pessoa) considerada como fim, e não como meio,
repudia toda e qualquer espécie de coisificação e instrumentalização do ser humano.
(SARLET, 2011).
A concepção jusnaturalista por sua vez parte do pressuposto de que o homem, em virtude tão
somente de sua condição humana e independentemente de qualquer outra circunstância, é
titular de direitos que devem ser reconhecidos e respeitados por seus semelhantes e pelo
Estado. Para Habermas, a dignidade não constitui um conceito juridicamente apropriável e
que não caberia, em princípio aos Juízes ingressar na esfera do conteúdo ético da dignidade,
relegando tal tarefa ao debate público. Uma outra perspectiva Habermasiana, considera que a
dignidade da pessoa, numa acepção rigorosamente moral e jurídica, encontra-se vinculada à
simetria das relações humanas, de tal sorte que a sua intangibilidade resulta justamente das
relações interpessoais marcada pela recíproca consideração e respeito (SARLET, 2011).
Mesmo que se possa compreender a dignidade humana (admitindo-se atos dignos e indignos)
ainda assim a dignidade de todas as pessoas, mesmo daquelas que cometem as ações mais
indignas e infames, não poderá ser objeto de desconsideração. A palavra dignidade é
empregada seja como uma forma de comportar-se seja como atributo intrínseco da pessoa
humana, ou seja, como um valor inerente a todo ser racional, independentemente da forma
como este se comporte. É nessa segunda acepção que a Constituição tutela a dignidade da
pessoa humana como do Estado Democrático de Direito, de tal modo que nem mesmo um
comportamento indigno priva a pessoa dos direitos fundamentais que lhe são inerentes,
ressalvada a incidência de penalidades constitucionalmente autorizadas (SILVA, 1998, p. 93).
2.4.1 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
A dignidade é qualidade moral que, possuída por alguém, serve de base ao próprio respeito
em que é tida. Segundo dicionários jurídicos a palavra dignidade aparece também associada à
respeitabilidade - originário do latim respectus, que significa consideração, merecimento. A
respeitabilidade relaciona-se com o conjunto de qualidades atribuídas à pessoa e que a fazem
merecedora, de atenção por seus semelhantes (ZISMAN, 2005)
O sentido de dignidade para a pessoa humana (do latim dignitas que significa “valor
intrínseco”, “mérito”, “prestígio”, “estima”, “nobreza”) deve ser valorizado na construção de
toda e qualquer definição, irrelevante o paradigma que se leve em conta e corroborando com o
entendimento de que a dignidade, assim como outras categorias, não deve ser entendida
apenas sob o enfoque jurídico (KANT, 2005 apud SARLET, 2008). Kant referiu
expressamente que o Homem constitui um fim em si mesmo e não pode servir “simplesmente
como meio para o uso arbitrário desta ou daquela vontade”.
A dignidade da pessoa humana na Antiguidade Clássica pautava-se quase que exclusivamente
pelos atributos externos do indivíduo, sendo mais digno aquele que ocupava importante
posição na sociedade (mulheres e escravos viviam à margem da sociedade). Não havia,
55
portanto, a concepção de dignidade da pessoa humana como algo inerente ao ser humano
(SARLET, 2011).
Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos “Todos os homens nascem livres e
iguais em dignidade e direitos. Eles são dotados de razão e consciência e devem agir em
relação uns aos outros com espírito de fraternidade” (DOTTI, 1998, p.9). Embora venha
sendo discutido desde os gregos, o conceito de dignidade ainda se apresenta como um tema
relativamente recente no contexto das organizações.
Para se compreender claramente o significado e o conteúdo da dignidade da pessoa humana é
no mínimo uma tarefa difícil de ser obtida. Segundo Michael Sachs uma das maiores
dificuldades para essa compreensão reside no fato de não se cuidar de aspectos mais ou menos
específicos da existência humana (integridade física, intimidade, vida, propriedade, etc), mas,
sim, de uma qualidade tida como inerente ou, como preferem outros, atribuída a todo e
qualquer ser humano. Pelo pluralismo e diversidade de valores que se manifestam nas
sociedades democráticas contemporâneas6, vale lembrar que a dignidade evidentemente não
existe apenas onde é reconhecida pelo Direito e na medida em que este a reconhece7
(SARLET, 2011).
O fato de os seres humanos (todos) serem dotados de razão e consciência representa
justamente o denominador comum a todos os homens, expressando em que consiste sua
igualdade (MIRANDA, 1988). Aqui, outra abordagem merece ser trazida - a de que a
dignidade da pessoa humana é simultaneamente limite e tarefa dos poderes estatais e da
comunidade em geral (SARLET, 2011). O autor apregoa que como tarefa (prestação) imposta
ao Estado, a dignidade da pessoa reclama que este guie as suas ações tanto no sentido de
preservar a dignidade existente, quanto objetivando a promoção da dignidade, especialmente
cirando as condições que possibilitem o pleno exercício e fruição da dignidade, sendo,
portanto, dependente (a dignidade) da ordem comunitária.
Ainda na tentativa de clarificação do sentido da dignidade da pessoa humana, deve-se
considerar que apenas a dignidade de determinada pessoa é passível de ser desrespeitada,
quando inexistem atentados contra a dignidade da pessoa em abstrato. Essa ideia já era
apresentada no pensamento Kantiano, através da sua concepção de que a dignidade constitui
atributo da pessoa humana individualmente considerada. Segundo ele não se deverá confundir
as noções de dignidade da pessoa e de dignidade humana, quando esta for referida à
humanidade como um todo (SARLET, 2011). Vale ressaltar que Miranda, 1988 (apud
ZISMAN, 2005, p.24) diferencia dignidade da pessoa humana e dignidade humana. Para este
autor, dignidade da pessoa humana estaria relacionada ao homem concreto e individual;
enquanto a expressão dignidade humana dirigir-se-ia a todos os homens, como um conjunto.
______________ 6 Extraído de obra de E. Pereira de Farias, Colisão de Direitos, p. 50, por sua vez arrimado nas lições
de Gomes Canotilho e de Celso Lafer. ______________ 7 Referendado por M.A.Alegre Martinez, La Dignidad de la persona..., p. 21; J. Afonso da Silva, A
dignidade da pessoa humana..., p. 91, inspirado em Kant; e mais recentemente, C.L. Antunes Rocha, O princípio da dignidade da pessoa..., p. 26.
56
A própria Declaração Universal dos Direitos Humanos proclamada em 1948, pelas Nações
Unidas, influenciada pelas concepções de Kant, sugere a existência de um dever de respeito
no âmbito da comunidade dos seres humanos (SARLET, 2011). Em suas obras, Kant defende
que o homem não pode ser traduzido em um valor, por compreender que ele está acima de
qualquer preço, não possuindo equivalentes em razão da sua dignidade. Ao não ser passível
de substituição, a vida humana representa a razão principal da própria vida humana
(ARAÚJO, 2011).
Zisman (2005) expõe a sua preocupação em não existir ainda um poder efetivo de uma ordem
internacional para garantir a proteção à dignidade da pessoa humana. A autora faz menção à
existência da ONU - Organização das Nações Unidas, como uma tentativa de assegurar esse
direito. Não obstante o fato da ONU ser formada por quase todos os Estados do mundo, estes
detectam os desrespeitos aos direitos fundamentais, fiscalizam e notificam os violadores, mas
ainda não possuem poder para impor as regras basilares de proteção à dignidade da pessoa
humana. A autora ainda chama a atenção para a dificuldade de como se estabelecer regras
internacionais, como formalizar o direito internacional consuetudinário (a partir dos
costumes), se são tão distintas as culturas.
Para Günter Dürign na citação de Sarlet (2004, p. 44-45), “... a dignidade da pessoa humana
consiste no fato de que “cada ser humano é humano por força de seu espírito, que o distingue
da natureza impessoal e que o capacita para, com base em sua própria decisão, tornar-se
consciente de si mesmo, de autodeterminar sua conduta, bem como de formatar a sua
existência e o meio que o circunda.”
Comparato (2001, p. 28), referindo-se aos direitos humanos em geral e, fazendo alusão à ideia
de inerência, adverte que “... o ser do homem não é algo de permanente e imutável: ele é,
propriamente, um vir-a-ser, um contínuo devir8”. O autor ainda afirma que cada indivíduo é
moldado não apenas pelo seu próprio passado, mas também pelo passado coletivo do
momento em que vive. O ser humano é permanentemente inacabado, como indivíduo e como
sociedade.
2.4.2 DIGNIDADE NO TRABALHO
Os estudos aqui apresentados estão apoiados em achados datados a partir de 80, reforçando a
ideia de uma produção ainda escassa em relação ao tema dignidade no trabalho, considerando
resultados de pesquisas feitas nas bases de dados Ebsco e Proquest. Estas apontam para uma
produção científica com foco predominantemente voltado para a área de saúde (SANTANA,
2011).
Hodson, (2004), após pesquisa realizada, publica a primeira edição do seu livro intitulado
Dignity at work. Na sua pesquisa quantitativa, fez uso de uma análise etnográfica e
estabeleceu critérios para observar com profundidade alguns aspectos do ambiente de trabalho
e suas relações. Para dar suporte ao seu trabalho, dentre os 365 livros selecionados pelo autor
sobre o tema Dignidade no trabalho, apenas 84 foram considerados apropriados para a sua
pesquisa, considerando o objetivo que pretendia alcançar que era identificar e codificar as
estratégias usadas pelos trabalhadores para defender e manter a dignidade no ambiente de
trabalho. ____________________ 8 Segundo Wikipédia significa conceito filosófico que qualifica a mudança constante, a perenidade de
algo ou alguém.
57
Em suas pesquisas o autor, após codificação dos dados coletados, identificou quatro variáveis
a saber: resistência, cidadania organizacional, trabalho significativo e desenvolvimento de
relações sociais no trabalho. Ao mesmo tempo, os seus estudos identificaram também, os
quatro desafios para um trabalho com dignidade: má gestão e abuso de poder, excesso de
trabalho, falta de autonomia e envolvimento dos trabalhadores em novas formas de produção,
conforme ilustrado no Quadro 3 abaixo:
_______________________________________________________________
Salvaguardando a Dignidade Negação da Dignidade
_______________________________________________________________
Resistência Má gestão ou abuso de poder
Cidadania organizacional Excesso de trabalho
Trabalho significativo Falta de autonomia
Relações entre colegas Envolvimento dos trabalhadores em
novas formas de produção
_______________________________________________________________
Quadro 3 - Dignidade no Trabalho
Fonte: Hodson (2004, p. 17)
Para Hodson (2004), o trabalho com dignidade é o fundamento para uma vida plenamente
realizada. Ele define a dignidade como “a capacidade de estabelecer um sentido de auto-
estima e auto-respeito, assim como, de respeito pelos outros. O autor baseado em Meyer e
Parent (1992), defende dois significados para a dignidade: “a dignidade é inerente ao homem”
e “as pessoas ‘ganham’ a dignidade por meio de suas ações”.
José Affonso Dellagrave Neto (2008, p. 216), em seus estudos, fazendo alusão às práticas de
assédio moral no ambiente de trabalho, enfatiza que cabe ao empregador a obrigação de
manter um ambiente de trabalho respeitoso, pressuposto mínimo para execução do pacto
laboral (SANTO, 2009).
No âmbito das relações de trabalho, “...o Direito deve atuar de forma mais dinâmica,
inovando e transformando, porque o trabalho torna o homem mais homem, ao possibilitar-lhe
o pleno desenvolvimento de sua personalidade, de onde resulta sua valorização como pessoa
humana” (GOMES, 2007). Para Gosdal (2007), o trabalho é elemento central na vida dos
indivíduos na atualidade, fonte de recursos que garantem seu sustento e de formação de sua
identidade e reconhecimento social.
2.4.3 DIGNIDADE DO TRABALHO
Vive-se momentos de profundas modificações sociais, tanto no campo interno, como em
âmbito global, o que vem provocando grandes e graves alterações no modo de vida do homem
e, em especial, no mundo do trabalho. Nesse contexto, faz-se necessária a integração do
trabalhador ao capital, privilegiando uma democracia participativa, e, mais do que isso passa a
ser fundamental a preocupação com o bem-estar, qualificação e capacitação do trabalhador
(MEDEIROS, 2008). A autora defende a ideia de que a formação de cada indivíduo, o
constante aperfeiçoamento fornecido pela empresa com foco em seu próprio processo de
melhoria específica aos seus meios de produção, não pode perder de vista que o homem é
dono de sua própria vida, não devendo o resultado dos seus esforços ser coisificado.
58
Para David Harvey, o mercado de trabalho a partir de 1980 passou por uma reestruturação
radical, Diante da forte volatilidade do mercado, do aumento da competição e do
estreitamento das margens de lucro, os patrões tiraram proveito do enfraquecimento do poder
sindical e da grande quantidade de mão-de-obra excedente (desempregados e subempregados)
para impor regimes e contratos de trabalho mais flexíveis (SANTO, 2009).
Boaventura (2006) destaca também que no início da década de 80, em meio às transformações
na organização de trabalho decorrentes da chegada da globalização, surgiram os primeiros
sinais de crise, com a desagregação da classe operária, a descentralização da produção, as
perdas salariais, a segmentação dos mercados de trabalho (crescimento do contingente do
trabalho parcial, temporário, precário, subcontratado, terceirizado, etc) e a perda da identidade
sindical. Para o mesmo autor (...) a classe trabalhadora talvez tenha sido uma das maiores
vítimas dos efeitos nefastos da reestruturação produtiva e perda da força do movimento
sindical. Em meio ao cenário exposto, Dinaura Godinho Pimentel Gomes, 2005, afirma que
“O trabalho material embora continue sendo extremamente importante na
maior parte do mundo em termos quantitativos; porém a tecnologia da
informação vem se tornando, mais e mais, o foco da economia global. Em
outras palavras, o papel central, antes ocupado pela força de trabalho de
operários de fábrica na produção de mais-valia, está sendo hoje preenchido,
progressivamente, pela força de trabalho intelectual, imaterial e
comunicativa”
Gomes (2005) entende que as mudanças advindas no mundo do trabalho trouxeram consigo
novos modos de exploração humana, com aumento de trabalho precário, agravamento da
pobreza, ao mesmo tempo a exclusão social aprofundada à medida que os ganhos da
produtividade eram obtidos à custa da degradação salarial, da informatização da produção e
do subsequente fechamento de postos de trabalho.
Como consequências desse quadro crítico, os efeitos nefastos da reestruturação produtiva do
capital, da globalização, mundialização do capital e das mudanças ocorridas nas formas de
organização do trabalho, manifestos na necessidade de redução dos custos das empresas, com
o enfraquecimento ainda maior dos direitos dos trabalhadores observa-se a perda dos postos
de trabalho, a redução de salários e a consequente deterioração das condições de trabalho,
assim como, a degradação da dignidade do trabalhador (SANTO, 2009).
Considerando o contexto exposto, o sentido tradicional de carreira se perdeu, as pessoas
passaram a sofrer de ansiedade causada pelas incertezas quanto ao futuro profissional e as
novas maneiras de organização do tempo, sobretudo o tempo do trabalho, tornaram-se
disfuncionais tanto em caráter pessoal, como em relação à vida familiar (SENNETT, 2006).
2.4.4 DIGNIDADE DO TRABALHADOR Segundo Medeiros (2008), tratar da dignidade do trabalhador é um desafio que a autora
considera instigante. Ela afirma que o trabalho é a matéria-prima, por excelência, da condição
de se atingir a plena dignidade e sem ele o homem perece na essência, na condição de
cidadão. Tão importante é o seu teor que no Brasil passou a ser realçado de forma mais
intensificada a partir da Constituição Federal de 1988, cuja atenção está voltada,
fundamentalmente, para a soberania do Estado e de toda a sociedade civil na implementação
de ações positivas que venham a assegurar os direitos humanos. O próprio artigo 1º da
59
Constituição, inciso III, da CRFB abrange aspectos que vão desde a mão-de-obra mais
simples, menos qualificada até os altos empregados com maior preparo e cultura
(MEDEIROS, 2008).
Meireles (2008) elucida que a Constituição Brasileira de 1988 pretendeu valorizar o trabalho
como instrumento de concretização do Estado Democrático e Social de Direito, tutelando,
num primeiro grupo de garantias, os direitos trabalhistas fundamentais, individuais e
coletivos, bem como, princípios protecionistas.
O papa João XXII, na Encíclica Pacem in Terris, de 1963, proclama o direito ao trabalho, em
sintonia com os Direitos Sociais e a dignidade da pessoa humana, aspectos já realçados por
Pio XI, e acrescenta o sentido de justiça salarial e de igualdade. Com respeito à capacidade e
liberdade, como fatores de dignidade dos trabalhadores, ficam evidenciados numa maior
participação destes na vida das empresas. É na Encíclica Laborem Exercens, de 1981 que fica
destacada a importância do ser em detrimento do ter. (MEDEIROS, 2008).
Medeiros (2008) aponta que há um consenso entre os autores de que a implementação de
condições mínimas de vida do homem é o caminho para se atingir a plena dignidade, e no
campo da empregabilidade e do pleno emprego, a investigação é essencial. Para a autora é
inegável a importância da qualificação e educação como condições essenciais para manter o
trabalhador em boas condições de empregabilidade no mercado atual. Mesmo aqueles que
ocupam funções mais simples precisarão de conhecimentos básicos necessários para
interpretar manuais, de desempenho de máquinas, além do desenvolvimento de atitudes
visando o processo de integração em equipe. Nesse contexto é destacado o modelo de
trabalhador multiqualificado ou também chamado de polivalente, sendo esperada uma maior
qualificação e desenvolvimento de várias habilidades e competências, o que poderá lhe
permitir uma participação mais ativa na realização dos objetivos do capital.
"A pessoa humana é uma finalidade e tem direito a viver uma existência
digna; uma ordem jurídica que funciona para a minoria, cujos bens defende,
mas que é importante para dar satisfação às necessidades humanas, não
poderá ser uma ordem justa. O Direito do Trabalho se apresenta como a
iniciação de uma nova ordem e descansa no novo conceito de justiça. Sua
ideia é dar satisfação às necessidades do homem que trabalha”. (Mário de
La Cueva)
O investimento do capital na mão-de-obra e, portanto, na melhoria das condições de melhor
servir não deve ter como meta, exclusivamente, a manutenção das empresas no mercado, mas
deve se propor a promover a integração entre capital e trabalho com vistas às conquistas que
envolvam um maior dinamismo e progresso social como um todo, objetivando o
desenvolvimento de relações respeitosas e solidárias. Porém nada disso tem sentido se o
homem não conquistar a sua própria dignidade, seu bem-estar, sua paz, pois a sociedade não
pode ser saudável com seres doentes da emoção, aniquilados na necessidade de sobrevivência
própria e de sua família (MEDEIROS, 2008).
Tomando como premissa a dignidade do trabalhador como um valor fundamental é essencial
que a sociedade seja capaz de reconhecer a partir de que ponto as pessoas se encontram em
situação indigna, isto é, consenso acerca do que seja conteúdo mínimo de dignidade, sob pena
de se estar diante de uma grande crise de cunho ético e moral e, por isso, a constatação de que
a dignidade é uma fórmula vazia e sem significado (BARCELLOS, 2002).
60
Uma matéria publicada no Jornal do Brasil, em 12 de agosto de 2007, o professor e na ocasião
presidente da HSM do Brasil, Carlos Alberto Júlio traz uma interessante contribuição sobre a
configuração do trabalho na sociedade moderna e suas consequências.
"Nesses novos tempos de exagerada competição, você poderá suspeitar de
que se vive num mundo desumano, de hostilidades, egoísta e cínico”. Muitas
vezes, você, terá razão. O ambiente de disputa permanente entre as empresas
tende a endurecer as pessoas, tirar-lhes o espírito de solidariedade, como se
essa virtude fosse incompatível com o mundo do trabalho. Em uma época de
individualismo extremado, o engajamento profissional pode ser confundido
com um jogo selvagem, no qual todos os outros devem ser vistos como
adversários ou inimigos. A manifestação dessa síndrome é comum no
universo dos executivos, mas também entre médicos, vendedores de coco
verde e catadores de papel”.
(Carlos Alberto Júlio. Por que você trabalha? Jornal do Brasil. Rio de
Janeiro, 12 ago. 2007. Caderno Serviços, E4).
Ainda na visão de Medeiros (2008), se a garantia de vida digna depende de maior capacitação,
maior qualificação para a integração dos mecanismos da sociedade globalizada, faz-se
necessário também que haja o desenvolvimento de formas que possam favorecer o próprio
homem, sua família e a célula social, sob pena de se perder o objetivo da própria vida. A
autora ainda ressalta que o trabalho deve ser motivo, no mínimo, de paz e bem-estar, mesmo
que não possa ser de alegria e felicidade, nunca deverá fomentar relações marcadas pelo
desrespeito das condições de cada trabalhador, tão pouco pela banalização da construção de
um relacionamento pautado na urbanidade, atenção e preocupação com os outros segmentos
da vida do trabalhador. Considerando ser a globalização elitista, seletiva e excludente, não há
dúvidas que as políticas de desenvolvimento educacional e de preparo de mão-de-obra é a
mola mestra da reconstrução e dignificação profissional. Por isso, o processo educativo, em
sua forma mais global, tem caráter imprescindível à conquista da dignidade, incluindo a sua
formação como cidadão para o mundo do trabalho (MEDEIROS, 2008).
Gosdal (2007) em seus estudos traz como reflexão a dignidade do trabalhador vinculada à
noção de trabalho decente e ao seu conteúdo de honra, além do seu conteúdo de garantia de
direitos mínimos, que não se tem a pretensão de negar. Para ela a dignidade é algo em
permanente construção e reconstrução pela sociedade, devendo, portanto, ser compreendida
como um conceito dinâmico, variável no espaço e no tempo, mas merecedor de um
tratamento que não o esvazie de conteúdo.
Tratar da dignidade do trabalhador, sob a perspectiva do trabalho decente e da noção de
honra, pressupõe compreender que a dignidade envolve elementos ideológicos, históricos e
culturais, vinculando-se à vida concreta das pessoas, especialmente em suas relações de
trabalho. (GOSDAL, 2007). Para Barcellona (2001), a dignidade deve ser compreendida além
do âmbito jurídico, mas privilegiando uma compreensão dentro da dinâmica das relações
sociais em que está inserido. Este autor reforça a ideia de que o ser humano é considerado
indivíduo do mercado, que tem seus desejos e necessidades. Daí a concepção atual de direitos
humanos não pode deixar de considerar os pressupostos da ideologia de mercado (...).
Jayme (2005, p. 1), conceitua os direitos humanos como “...o caminho a seguir na busca da
felicidade, direito de todos os seres humanos (...). Para este autor, os direitos humanos são a
via de realização da dignidade humana, devendo garantir o direito à vida, ao trabalho, ao
acesso às condições imprescindíveis para a satisfação de suas necessidades materiais e
61
espirituais. Na sua acepção basta o indivíduo ser humano para tornar-se titular de direitos
humanos (GOSDAL, 2007).
A expressão direitos humanos, num sentido que é mais difundido, deve ser reservada para os
direitos positivados em normas internacionais, enquanto os direitos fundamentais são aqueles
positivados no âmbito do Direito Interno dos Estados (FUSTER apud ALVARENGA, 1998).
No entendimento de Sarlet (2004), o direito está classificado em direitos do homem (os
naturais ainda não positivados); direitos humanos (os positivados na esfera do Direito
Internacional); e direitos fundamentais (os reconhecidos pelo Direito Constitucional interno
de cada Estado).
Segundo Gosdal (2007), a dignidade sob o enfoque do Direito do Trabalho pode ser
compreendida de acordo com a noção de trabalho decente, propugnada pela Organização
Internacional do Trabalho, especialmente a partir da Declaração da OIT relativa aos
Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, de 1998, conforme já foi apresentado. Esta
declaração, na verdade, reafirma normas de convenções e tratados já existentes. Para a OIT,
segundo a interpretação de Luciane Cardoso (2003), o trabalho decente é o
“... desenvolvido em ocupação produtiva, justamente remunerada e que se
exerce em condições de liberdade, equidade, seguridade e respeito à
dignidade da pessoa humana. (...) Trabalho decente significa ocupação
produtiva para todos os tipos de trabalhadores. A meta da OIT não é só a
criação de trabalhos, mas a criação de trabalhos de qualidade aceitável,
incluindo a ideia, por exemplo, de valor e satisfação.”
A dignidade, como já mencionado, precisa ser compreendida considerando-se o indivíduo
concreto e em suas relações com os demais, em seus vínculos de pertencimento comunitário,
como algo que está permanentemente sendo construído e reconstruído (GOSDAL, 2007).
2.4.5 DIGNIDADE NO ÂMBITO DAS ORGANIZAÇÕES O termo dignidade organizacional foi empregado pela primeira vez através do estudioso
Margolis (1997). Nessa ocasião, no entanto, esse autor abordou a dignidade no contexto intra-
organizacional, ao delinear condições para a promoção da dignidade de funcionários de
organizações. O modelo criado por este autor ressalta que para as organizações respeitarem a
dignidade de seus trabalhadores deve haver ausência de danos físicos, intelectuais e
emocionais a eles e, para que promovam essa dignidade, deve ser dada atenção a três
condições: autonomia, respeito por contribuições dos empregados e oportunidades para
crescer e se desenvolver.
Na visão de Hodson, 2001 (apud SILVA, 2010, p. 93), assegurar a dignidade dos
profissionais também é importante para as organizações, uma vez que elas poderão usufruir
dos atributos e contribuições destes profissionais. O Autor ressalta que são os próprios
trabalhadores agentes promotores da dignidade nas suas vidas e, quando exercem ativamente
esse papel eles concretizam a dignidade no trabalho e, dessa forma, poderão experimentar
novas possibilidades e desafios.
A maioria dos trabalhos já desenvolvidos no tocante ao contexto organizacional direciona a
sua discussão para as relações entre empresa e empregado, ficando de fora os demais
stakeholders. Trazendo uma abordagem sobre a dignidade na perspectiva das relações sociais,
62
Jacobson (2009) propõe em seus estudos uma classificação sobre formas de dignidade na
tentativa de maior entendimento sobre o conceito e os significados atribuídos a ele. A partir
de uma revisão da literatura o autor identificou duas categorias. A primeira relativa à
dignidade humana já ratificada anteriormente nas concepções judaico-cristã e grega, sendo
destacado o valor abstrato e universal de cada ser humano, simplesmente em virtude de sua
condição humana - e por ser inerente e incondicional não pode ser violada ou destruída. A
segunda categoria identificada foi a de dignidade social, sendo esta percebida como aquela
que acontece na relação entre indivíduos, grupos e sociedades. Segundo o autor a prática da
dignidade social pressupõe alguns elementos importantes tais como, auto-respeito, valor a si
mesmo, respeito e valorização aos outros. Para o autor A ausência desses elementos implica
na violação da dignidade. A Figura 5 apresenta as condições mínimas necessárias para que a
dignidade esteja presente nas relações:
Figura 5 - Condições para a dignidade em uma relação
Fonte: Adaptado de Jacobson (2009)
Para Surgy (1999), dignidade está ligada ao tratamento com respeito e justiça, oferecendo aos
funcionários informações sobre os diversos assuntos que poderão afetar a vida dos indivíduos.
Já Becker (2007), concebe a dignidade na perspectiva da relação entre o líder e o seu liderado,
tanto do comportamento do líder para com o liderado, como dos comportamentos dos
liderados para com o líder, onde a relação de dignidade é a base para se pensar a capacidade
competitiva da organização (SURGY, 1999; BECKER, 2007 apud SILVA, 2010).
Na busca por ampliar os estudos acadêmicos em relação ao contexto organizacional, Teixeira
(2008) propõe um conceito de Dignidade Organizacional que contempla, não apenas o
contexto interno às organizações, mas a dignidade nas relações entre stakeholders internos e
externos.
ORDEM SOCIAL
CONTEXTO
ATORES
RELACIONAMENTO
ENTRE ATORES
ENCONTRO DE
DIGNIDADES
63
“A dignidade organizacional [...] consiste na relação entre pessoas da
organização e outras, denominadas aqui de stakeholders, pautadas pela ação
comunicativa, onde o que se diz é o que se pensa, de forma inteligível, e
onde se estabelecem acordos baseados no entendimento e, portanto, não há
intenção de usar o outro para o alcance dos próprios fins” (TEIXEIRA,
2008, p. 86).
Anterior à contribuição de Margolis (1997) e Teixeira (2008), já existia alguns sinais de
preocupação com a dignidade humana com valorização ao trabalho quando a própria igreja, a
partir da Encíclica Rerum Novarum de Leão XIII, proclamava a união entre o capital e o
trabalho, pela íntima dependência um do outro, assim como, se defendia melhores condições
do contrato. O trabalho era percebido como a única fonte de sobrevivência, razão pela qual
não deveria ficar à mercê dos interesses exclusivos das leis de mercado (MEDEIROS, 2008,
p. 19). Margolis (1997) sugere que as organizações devem se preocupar com a questão da
dignidade, enfatizando que além dos objetivos econômicos, outros objetivos também são
necessários, tais como, ética, contribuição à comunidade e dignidade.
Cerca de quarenta anos depois das ideias apregoadas por Leão XIII, a Encíclica
Quadragésimo Ano, de 1931, através de Pio XI, já discutia, embora de forma bem restrita,
apenas ideias relacionadas à justiça social e as boas relações trabalhistas. Naquela ocasião
houve uma tentativa de se avançar para aspectos como a participação dos empregados na
gestão dos negócios e nos lucros, fazendo-se, inclusive, um alerta para os perigos do incentivo
aos monopólios da livre concorrência (MEDEIROS, 2008).
(STAM, 2006) reflete que o equilíbrio entre o dar e receber, além de liberdade, tem a ver com
dignidade. É notável como funciona de forma tão precisa o equilíbrio entre o dar e receber.
Segundo o autor em ambientes em que existe essa prática e onde as pessoas cuidam em estar
constantemente dando mais do que recebem, o saldo que se deixa é sempre de crédito em
relação aos outros ao nosso redor, sendo esse raciocínio também válido para o ambiente das
organizações.
Entendendo o contexto da organização além dos seus aspectos meramente racionais e
tangíveis Teixeira, (2008) traz a visão da organização numa perspectiva orientada para a ação
social, conforme defende Habermas (2003). “Para ele os atores sociais, ao agirem de forma
comunicativa, reconhecem intersubjetivamente e assumem, em conjunto, pretensões de
validade com as quais se apresentam uns perante os outros.” Baseando-se nesta acepção, a
dignidade deve ser dirigida para todas as pessoas, assim como, deve preservar a conotação de
auto-respeito que depende do reconhecimento social. Nesse sentido, a dignidade está ancorada
no status social que deve ser igual para todas as pessoas.
Segundo Teixeira (2008), o conceito de ação comunicativa parece ser essencial se a intenção é
se construir um agir organizacional pautado na confiança e na reciprocidade. Esse poderá ser
um pressuposto que subjaz ao entendimento do que pode vir a ser uma empresa digna.
Portanto a dignidade organizacional proposta pela autora consiste essencialmente na relação
entre pessoas da organização e outras, tendo como principal eixo a ação comunicativa onde as
pessoas têm espaço para dizer o que pensam, onde os acordos são baseados no entendimento
mútuo e, portanto não há intenção de usufruir dos outros para alcance dos próprios fins.
64
A contribuição trazida por Margolis é relevante e apresenta bases de cunho existencialista,
embora sua abordagem esteja mais voltada para a relação da organização com o empregado,
privilegiando a dignidade do trabalho e o bem-estar pessoal do empregado, sem
necessariamente contemplar o âmbito dos seus stakeholders (TEIXEIRA, 2008). Tomando
como base um artigo produzido em 2010, sob o título “O conceito de empresa digna na
percepção de trabalhadores brasileiros” as autoras Teixeira et al desenvolvem um modelo de
empresa digna, considerando a organização como ator social. Os estudos continuam e
Teixeira et al, em 2011, propõem um instrumento de pesquisa, a partir das respostas obtidas
no estudo de 2010, dando origem a macro categorias referentes à dignidade organizacional:
práticas, atributos e valores (TEIXEIRA et al, 2011). Em seus estudos as autoras apresentam
cinco proposições (Promove o desenvolvimento do empregado, Oferece produtos e
atendimento de qualidade, Respeita os direitos dos empregados, Favorece o meio ambiental e
social e Não engana os stakeholders) para abordar a dignidade organizacional e defendem que
a dignidade organizacional depende da congruência entre valores organizacionais esposados e
compartilhados. Nessa abordagem, as práticas organizacionais relativas à stakeholders
refletem a dignidade organizacional praticada.
65
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
Neste capítulo serão detalhados os procedimentos metodológicos que foram adotados na
condução da pesquisa, passando, em ordem de acontecimento, pela definição do problema,
definição dos objetivos, determinação da natureza da pesquisa, operacionalização e análise
das variáveis, elaboração de instrumento e estratégia de coleta de dados, coleta de dados,
análise e interpretação de dados e produção da dissertação.
Anterior à apresentação de cada uma das etapas, convém inicialmente uma reflexão sobre o
caráter de uma pesquisa científica. Luna (1988, p. 71) define a pesquisa como “uma atividade
de investigação capaz de oferecer e, portanto produzir um conhecimento ‘novo’ a respeito de
uma área ou de um fenômeno, sistematizando-o em relação ao que já se sabe”. Já as autoras
Rosa; Arnoldi (2008) reforçam que a escolha do procedimento e das técnicas adequadas é
ponto crucial para o desenvolvimento e a fidedignidade dos resultados das pesquisas.
Segundo Luna (1998, p. 72), “[...] o ponto em questão é que nenhuma técnica pode ser
escolhida a priori, antes da clara formulação do problema, a menos que a própria técnica seja
objeto de estudo”. Para o referido estudo foi formulada a seguinte questão de pesquisa: Qual
a relação entre espiritualidade e práticas de dignidade na avaliação de gestores e não
gestores de organizações da região do Nordeste do Brasil? Para responder a esse propósito
definiu-se como objetivo geral: Identificar, na percepção de gestores e não gestores de
organizações da região do Nordeste do Brasil, qual a relação entre espiritualidade e práticas
de dignidade, com base nos modelos de REGO; CUNHA; SOUTO (2005) e TEIXEIRA et al
(2011), respectivamente.
3.1 Delineamento da Pesquisa
O delineamento da pesquisa aborda como a pesquisa foi realizada. Trata do desenho
planejado que tornou possível a concretização da pesquisa. Ele se propõe a oferecer uma visão
geral de todas as etapas que foram desenvolvidas, compreendendo os passos imprescindíveis
que poderão contribuir para o êxito dos resultados da pesquisa.
Cruz e Ribeiro (2004) afirmam que os métodos e técnicas da pesquisa tratam de fornecer ao
pesquisador um instrumental indispensável para que ele seja capaz de atingir o estudo e a
pesquisa em qualquer área. Para Gil (2002), os métodos e técnicas constituem os
procedimentos a serem seguidos na realização da pesquisa. Sua organização varia de acordo
com as peculiaridades de casa estudo.
Esta subseção descreve em que tipo de pesquisa o presente estudo se enquadrou e quais foram
as suas bases lógicas e meios técnicos de investigação, considerando as características e
peculiaridades propostas neste estudo, conforme sugere Gil (2002) e sintetizado na Figura 6, a
seguir:
66
DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
Qual a relação entre espiritualidade e práticas de dignidade na avaliação de gestores e não gestores de organizações do Nordeste do Brasil?
DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS
GERAL: Identificar, na avaliação de gestores e não gestores de organizações do Nordeste do Brasil, qual a relação entre espiritualidade e
dignidade, com base nos modelos de REGO; CUNHA; SOUTO (2005) e TEIXEIRA et al (2011), respectivamente. ESPECÍFICOS: a. Identificar
diferenças de avaliação dos fatores de espiritualidade e dignidade entre homens e mulheres; b. Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes
faixas etárias quanto à avaliação de fatores relativos à espiritualidade e dignidade; c. Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes níveis de
escolaridade quanto à avaliação de fatores relativos espiritualidade e dignidade; d. Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes tempos de
empresa quanto à avaliação de fatores relativos à espiritualidade e dignidade; e. Identificar diferenças entre indivíduos que trabalham em empresas de
diferentes tamanhos quanto à avaliação de fatores relativos à espiritualidade e dignidade e f. Identificar diferenças entre indivíduos que trabalham em
empresas de diferentes tipos quanto à avaliação de fatores relativos à espiritualidade e dignidade; e g. Identificar diferenças entre indivíduos de cargos
gerenciais e não gerenciais quanto à avaliação de fatores relativos à espiritualidade e práticas de dignidade.
DETERMINAÇÃO DA NATUREZA DA PESQUISA
Estudo de natureza descritiva e exploratória; Método quantitativo.
OPERACIONALIZAÇÃO E ANÁLISE DAS VARIÁVEIS
Utilização de duas escalas. A primeira para medir as dimensões da espiritualidade (Rego; Cunha; Souto, 2005)
e a segunda para medir as práticas de dignidade (Teixeira et al, 2011).
ELABORAÇÃO DE INSTRUMENTO E ESTRATÉGIA DE COLETA DE DADOS
Aplicação de questionário; Técnica da “bola de neve”.
COLETA DE DADOS
Levantamento de dados através de Survey Monkey, mediante aplicação de questionário via Web (Programa do Survey Monkey).
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
Análise descritiva, inferencial e de correlações bivariadas entre as variáveis estudadas
PRODUÇÃO DA DISSERTAÇÃO
Elaboração do relatório final
Figura 6 - Modelo de Delineamento de
Pesquisa
Fonte: Adaptado de Gil (2002, p.21).
67
3.1.1 Natureza da pesquisa
Para responder à questão formulada, a pesquisa adotada foi de natureza descritiva e
exploratória, tendo como objeto de estudo da relação entre os fatores de espiritualidade e
práticas de dignidade organizacional.
Algumas das principais características que justificaram a escolha do estudo descritivo são
apresentadas pelos autores Cooper; Schindler (2001) e que se assemelham ao tipo de pesquisa
deste trabalho, tais como, descoberta de associações entre as diferentes variáveis.
Para os mesmos autores os estudos exploratórios são particularmente apropriados quando os
pesquisadores não têm uma ideia clara dos problemas que vão enfrentar durante a pesquisa.
Ele ainda acrescenta que a área de investigação pode ser tão nova ou tão vaga que o
pesquisador precisa fazer uma exploração a fim de saber algo sobre o problema enfrentado
pelos administradores. Vergara (1998) de maneira mais simplificada afirma que o tipo
exploratório tem a intenção de abordar um contexto pouco explorado.
Este estudo caracteriza-se como descritivo e exploratório, principalmente pelo fato do
construto Dignidade Organizacional ainda está em fase de desenvolvimento, conforme afirma
Teixeira et al (2011). A forma exploratória assegura maior conhecimento e melhor
visibilidade na formação de hipóteses, estimulando a percepção e a exploração de
experiências práticas, podendo, inclusive, ser enriquecida com entrevistas e bibliografias. Já o
estudo descritivo explicita a descrição detalhada dos aspectos do povo pesquisado, visando o
vínculo de fatos que possam apresentar variação (PEREIRA, 2012).
Em razão da natureza da pesquisa e do que se pretendeu mensurar o método empregado foi o
quantitativo, considerando-se que as opiniões coletadas no decorrer do estudo foram tratadas e
analisadas por meio de métodos estatísticos como, por exemplo, médias, percentagem,
desvios padrões, entre outras formas de obtenção de resultados. A pesquisa do tipo
quantitativa explica que a pesquisa em sua totalidade pode ser determinada por números e por
pensamentos e críticas que poderão ser analisados e organizados de forma estatística
(PEREIRA, 2012). Portanto, a adequação da técnica quantitativa à natureza do estudo em
foco se aplica em função da necessidade de análise fatorial e de estabelecimento de análise de
correlações bivariadas entre as variáveis que foram estudadas.
O estudo foi realizado mediante pesquisa quantitativa do tipo survey. Este tipo de pesquisa
pode ser descrita como a obtenção de dados ou informações sobre características, ações ou
opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado como representante de uma população
alvo, por meio de um instrumento de pesquisa. A survey trata-se de uma abordagem de
comunicação que envolve o questionamento ou estudo de pessoas e o registro de suas
respostas para análise. O principal ponto forte do questionamento - ou da condução de uma
survey - como técnica de coleta de dados primários é sua versatilidade (COOPER;
SCHINDLER, 2001).
3.1.2 Operacionalização das variáveis.
Para atender aos objetivos deste trabalho, a pesquisa foi apoiada por duas escalas já validadas
cientificamente. A primeira trata-se da escala de Rego; Cunha; Souto (2005) que explora
cinco dimensões da espiritualidade (sentido de comunidade; alinhamento do indivíduo com os
68
valores da organização; sentido de serviço à comunidade (trabalho com significado); alegria
no trabalho; oportunidades para a vida interior). A segunda foi a escala de Teixeira et al
(2011) que trata sobre as dimensões da dignidade. O instrumento de espiritualidade propõe
05 dimensões com um total de 19 assertivas e os autores sugerem o uso da escala concordo
plenamente; concordo; concordo em parte; discordo em parte; discordo; discordo plenamente.
Já o instrumento de dignidade é constituído de 49 assertivas distribuídas em 03 blocos
(valores, atributos e práticas organizacionais) para elucidar um modelo de empresa digna.
Todavia, para o presente estudo foi adotado apenas o bloco de práticas de dignidade,
composto de 05 fatores com um total de 31 assertivas, considerando o fato de já ter sido este
bloco integralmente validado na sua aplicação em organizações brasileiras. Neste caso, os
autores recomendam a escala: Concordo nada, concordo pouco, concordo e concordo muito;
Descreve nada, descreve pouco, descreve e descreve muito. Ver os Quadros 4 e 5, referente às
escalas, a seguir:
ESCALA DE DIMENSÕES DA ESPIRITUALIDADE
Fator 1 - Sentido de comunidade na equipe As pessoas do meu grupo/equipe sentem-se parte de uma família. O meu grupo/equipe fomenta a criação de um espírito de comunidade. Acredito que as pessoas do meu grupo/equipe se apoiam umas às outras. Acredito que os membros do meu grupo/equipe se preocupam realmente uns com os outros. Sinto que as pessoas do meu grupo/equipe estão ligadas entre si por um propósito comum. O meu grupo/equipe preocupa-se com os mais desfavorecidos na comunidade
Fator 2 - Alinhamento do indivíduo com os valores da organização Sinto-me bem com os valores que predominam na minha organização. As pessoas sentem-se bem acerca do seu futuro na organização. A minha organização respeita a minha “vida interior”. A minha organização ajuda-me a que eu viva em paz comigo mesmo. Os líderes da minha organização preocupam-se em ser úteis à sociedade. Sinto-me ligado aos objetivos da minha organização
Fator 3 - Sentido de serviço à comunidade
O trabalho que eu realizo está relacionado com aquilo que considero importante na vida. Vejo que existe uma ligação entre o meu trabalho e os benefícios para a sociedade como um todo. Quando trabalho, sinto que sou útil à sociedade.
Fator 4 - Alegria no trabalho Sinto alegria no meu trabalho. Na maior parte dos dias, é com prazer que venho para o trabalho.
Fator 5 - Oportunidades para a vida interior Os meus valores espirituais não são valorizados no meu local de trabalho. No meu local de trabalho, não há lugar para a minha espiritualidade.
QUADRO 4 - Escala de dimensões da espiritualidade (05 Dimensões).
Fonte: Rego; Cunha; Souto (2005)
69
ESCALA DE PRÁTICAS RELATIVAS À DIGNIDADE ORGANIZACIONAL
Fator 1 - Promove o desenvolvimento do empregado Oferece programas de carreira
Oferece condições de desenvolvimento profissional
Avalia os funcionários
Possibilita a participação dos empregados em processos de promoção
Oferece oportunidades aos empregados
Investe em treinamento
Reconhece o valor do empregado
Promove o mérito
Possibilita a participação dos empregados em processos de mudança
Dá autonomia aos empregados
Divulga a avaliação dos funcionários
Contrata por competência
Promove o trabalho em equipe
Fator 2 - Oferece produtos e atendimento de qualidade Oferece produtos e serviços de qualidade
Oferece bom atendimento
Oferece produtos e serviços bons para as pessoas
Respeita o código de defesa do consumidor
Fator 3 - Respeita os direitos dos empregados
Paga em dia
Prioriza a quitação de suas obrigações trabalhistas
Contrata pela CLT (legislação trabalhista)
Reconhece o direito a férias
É pontual em seus compromissos
Fator 4 - Favorece o meio ambiental e social Investe no meio ambiente
Coloca em prática ações filantrópicas
Ajuda o terceiro setor
Oferece produtos e serviços bons para o meio ambiente
Cumpre obrigações com a sociedade
Fator 5 - Não engana os stakeholders (assertivas com sentido invertido) Tenta enganar o cliente
Tenta enganar o funcionário
Sonega impostos
Explora os funcionários
QUADRO 5 - Escala de práticas relativas à dignidade organizacional (05 Dimensões).
Fonte: Teixeira et al (2011)
70
3.1.3 População e amostra
A população da pesquisa constituiu-se de gestores e não gestores de organizações da região
do Nordeste do Brasil de todos os portes, segmentos e natureza jurídica, segundo a
classificação do IBGE9, compreendendo os Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande
do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. A amostra caracterizou-se como
acidental. Esse método não fornece uma chance conhecida diferente de zero para a seleção de
um elemento da população.
A análise considerou as variáveis relativas ao próprio indivíduo, compreendendo os dados
demográficos e funcionais (gênero, idade, escolaridade, cargo e tempo de empresa), como
também, aquelas associadas diretamente às características da empresa (tamanho e tipo de
organização). Na Figura 7 abaixo podem ser evidenciadas as variáveis analisadas, juntamente
com o número de respondentes que se obteve em cada uma delas:
VARIÁVEIS
GÊNERO
IDADE
ESCOLARIDADE
TAMANHO
CARGO
TIPO
ORG.
TEMPO
NÚMEROS
VÁLIDOS
ENTRE
HOMENS E
MULHERES
1159
1137
1158
1130
1156
1158
882
Figura 7 - Variáveis analisadas e suas respectivas amostras
Fonte: Dados da Pesquisa
Fink (1995), em seu livro How to Sample in Surveys, afirma que o tamanho da amostra se
refere ao número de respondentes necessário para que os resultados obtidos sejam precisos e
confiáveis, e que o aumento do tamanho da amostra diminui o erro. Naturalmente, essa
tendência tem limites; a partir de certa quantidade não se tem mais uma forte contribuição
agregada por coletar-se maior número de questionários.
Para este estudo considerou-se que o número de respondentes deveria ser de no mínimo 20
para cada item da escala que tivesse maior número itens, proporção ideal sugerida por Hair et
al (2005). Tendo em vista, que a maior escala é a escala de Práticas de Dignidade com 31
itens, estabeleceu-se como número mínimo de respondentes 620, com respostas válidas.
Superando este número estimado, a amostra de respondentes válidos foi de 1.159, entre
gestores e não gestores, conforme a população que havia sido definida previamente para este
estudo.
____________________ 9 IBGE – A Sigla significa Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
71
3.1.4 Instrumento de pesquisa e estratégia de coleta de dados
O instrumento de pesquisa sobre espiritualidade foi composto de 05 fatores, perfazendo um
total de 19 assertivas. Igualmente o instrumento utilizado para práticas de dignidade foi
composto de 05 fatores, porém perfazendo um total de 31 assertivas. Em função da técnica
escolhida para a coleta de dados, como procedimento inicial, os questionários foram
encaminhados conjuntamente com uma mensagem de divulgação explicando os objetivos da
pesquisa. Posteriormente, também foi encaminhada uma mensagem de reforço, como forma
de assegurar o maior número possível de respondentes (Apêndice B e C).
Em razão do tempo exíguo e da dificuldade de uma amostra definida previamente e,
principalmente do número de respondentes que se pretendeu alcançar, identificou-se na
técnica da “bola de neve” (snowball) a forma mais adequada para se conseguir mais
rapidamente o efeito propagador daqueles para quem a pesquisa foi direcionada.
3.1.5 Técnica de coleta de dados
Para dar concretude à pesquisa foi utilizada a técnica de aplicação de uma Survey, através de
envio de questionário por via digital, endereçado a uma lista de e-mails de clientes, parceiros
e rede de amigos e a todos eles foi solicitado o encaminhamento para outros, de forma livre e
espontânea, ou seja, os participantes iniciais foram convidados a indicar novos respondentes.
O envio por e-mail permitiu a possibilidade de atendimento ao que foi planejado,
considerando a área de abrangência que precisava ser pesquisada e, principalmente, por
oferecer menores dispêndios de tempo e custos. Esta técnica também permite se colher o
maior número possível de informações sobre as questões de pesquisa. Com base numa
comparação entre os resultados obtidos de uma mesma escala respondida através de uma
pesquisa tradicional com uso do papel e lápis e uma outra que utilizou o meio eletrônico, os
autores Buchanan e Smith (1999), puderam observar que a análise fatorial indicou que a
versão “on line” tinha propriedades psicológicas similares à versão tradicional, não sendo
portanto encontrada diferença de qualidade dos dados relacionada à coleta via web.
A partir da aplicação de questionário através do aplicativo survey monkey, os dados também
foram coletados eletronicamente no próprio website, utilizando-se o endereço
(https://www.surveymonkey.com/s/Espritualidade_e_Dignidade), com o apoio das facilidades
disponibilizadas pelo mesmo aplicativo. A base de dados para o tratamento estatístico foi
totalmente disponibilizada pela ferramenta do Survey, sendo esta solução capaz de oferecer
todos os insumos necessários ao pesquisador, considerando-se os propósitos definidos
inicialmente para a pesquisa. A ferramenta permitiu consultas diárias e detalhadas sobre a
evolução das contribuições dos respondentes, facilitando o acompanhamento e análise
constante em relação à quantidade exigida para a pesquisa ser considerada representativa.
Tomando-se como base os dados coletados via Web foi possível a transferência de todas as
informações e conteúdos que atenderiam aos objetivos deste trabalho para outras bases de
72
cálculos estatísticos, incluindo os testes T, Anova, Scheffé, Alpha de Cronbach e análise de
correlação bivariada de Spearman, sendo dessa forma cobertas, tratadas e analisadas todas as
variáveis (demográficas e/ou funcionais). A coleta de dados aconteceu entre os meses de
Abril e Julho/2012, sendo necessário um acompanhamento sistemático e regular para
assegurar a aquisição de uma amostra que tivesse representatividade estatística para os fins a
que o estudo se propunha.
Vale salientar que o uso das mídias sociais (incluindo o facebook, linkedin e msn) influenciou
significativamente na obtenção dos resultados alcançados. Pelos levantamentos feitos pela
pesquisadora após fechamento da coleta, constatou-se que a parcela de contribuição desse
canal para a coleta dos dados representou aproximadamente um percentual de 45% sobre o
número total dos respondentes da pesquisa.
A estratégia da “bola de neve” possibilitou uma grande propagação em nível nacional,
extrapolando o locus da região do Nordeste do Brasil e, portanto superando a quantidade de
amostra, inicialmente planejada. A amostra inicial que previa 620 respondentes chegou a
1.159 respondentes válidos, ou seja, 46,51 acima do esperado. Nesse resultado merece
destaque as contribuições e esforço empreendido por amigos pessoais, clientes usuários dos
meus serviços de consultoria, profissionais usuários dos meus programas de treinamento e
coaching, parceiros em projetos sociais e alunos formados ou concluintes de cursos de
graduação e pós-graduação das IES10
com as quais interajo. Muitos deles, além de
responderem a pesquisa também se dispuseram a disseminar para as suas respectivas redes de
relacionamento, chegando a compartilhar, por e-mail, as mensagens que encaminhavam
ressaltando a importância da pesquisa e sua contribuição para o contexto organizacional,
assim como, referendando a relação de seriedade e profissionalismo do pesquisador.
Para Malini (apud ANDERSON, 2006, p. 52), a cultura colaborativa e participativa se acentua
com as redes sociais e se diferencia da antiga passividade dos expectadores e leitores. Sem
hierarquias ou mediações, o internauta, produtor de conteúdo, dispõe de todas as ferramentas
necessárias: seu computador pessoal, a internet e milhares de usuários dispostos a ler o
conteúdo. Logo, com essa democratização das ferramentas de produção, a internet e as redes
sociais consolidam-se como fonte de notícia e participação, e a cultura colaborativa em rede
se acelera. O melhor exemplo disso é o computador pessoal, que pôs todas as coisas. Desde as
máquinas de impressão até os estúdios de produção de filmes e de músicas, nas mãos de
todos.
Através de pesquisa feita na Wikipédia11
em Out.2012, constata-se que “rede social” é uma
das formas de representação dos relacionamentos afetivos ou profissionais dos seres entre si
ou entre seus agrupamentos de interesses mútuos. A rede é responsável pelo
compartilhamento de ideias entre pessoas que possuem interesses e objetivos em comum e
também valores a serem compartilhados. Assim, um grupo de discussão é composto por
indivíduos que possuem identidades semelhantes.
____________________ 10
IES Denominação para Instituição de Ensino Superior
____________________ 11
Wikipédia Enciclopédia Livre disponível no meio eletrônico
73
Essas redes sociais estão hoje instaladas principalmente na Internet devido ao fato desta
possibilitar uma aceleração e ampla maneira das ideias serem divulgadas e da absorção de
novos elementos em busca de algo em comum. Portanto, as Redes Sociais Virtuais são grupos
ou espaços específicos na Internet, que permitem partilhar dados e informações, sendo estas
de caráter geral ou específico, das mais diversas formas - textos, arquivos, imagens fotos,
vídeos, etc Atualmente, no Brasil, as “redes sociais” são responsáveis por aproximadamente
62% do tráfego na internet brasileira e são uma das principais formas de representação dos
relacionamentos pessoais ou profissionais.
3.1.6 Tratamento e análise dos dados
Conforme já mencionado, os dados foram analisados com tratamento estatístico descritivo,
inferencial mediante a aplicação de teste T para amostras independentes e teste ANOVA,
acompanhado do teste Scheffé, além de análise correlacional bivariada de Spearman e do
Alpha de Cronbach para confiabilidade dos fatores pesquisados.
3.2 Limites
Dada à sobrecarga e o elevado volume de atividades absorvidas pelos respondentes em suas
organizações, o período definido pelo pesquisador para a coleta de dados foi considerado
relativamente curto (aproximadamente 03 meses), para se obter uma maior representatividade
no número de respondentes em cada um dos Estados brasileiros. Houve necessidade de um
esforço extenuante de contato com vários veículos de comunicação, incluindo os diversos
meios, tanto os convencionais quanto os digitais para assegurar um número adequado para o
tratamento estatístico.
A escolha da ação voluntária dos respondentes também reservou certo grau de dificuldade,
uma vez que precisou se fazer follow ups periódicos com todos os contatos para os quais a
pesquisa havia sido encaminhada.
Também considerados como limites previamente estabelecidos definiu-se que as quatro
questões abertas lançadas na Survey serviriam como munição para trabalhos futuros e,
portanto, não seriam analisadas e nem tratadas como foco deste estudo.
3.3 Limitações
Considerando-se a dinâmica do mundo corporativo e as mudanças de valores que podem
ocorrer ao longo dos tempos, um estudo longitudinal poderia agregar mais subsídios para uma
análise comparativa de percepções de gestores e não gestores de organizações em um
determinado horizonte de tempo mais longo, ação que poderá ser posteriormente planejada.
Embora a pesquisa tenha sido realizada sem solicitar a identificação dos respondentes, alguns
deles enviaram mensagem através do e-mail fornecido no questionário (Survey) perguntando
se o sistema permitia saber o nome e empresa do respondente. Foram poucos os casos (apenas
11 pessoas), todavia isso provavelmente pode ter refletido a existência de algum receio do
74
respondente em ser verdadeiro nas suas respostas com medo de algum tipo de exposição e,
talvez alguma atitude de represália da sua empresa.
Outro aspecto que não pode deixar de ser considerado como uma limitação diz respeito ao
fato dos dois temas em foco serem revestidos de características bastante subjetivas e abstratas,
exatamente por estarem relacionados a percepções mais comportamentais e emocionais e,
portanto associadas a aspectos menos racionais e tangíveis.
Alguns respondentes pelo acesso fácil ao e-mail e celular disponibilizado pelo pesquisador
(apenas 19 pessoas) fizeram consulta sobre qual religião estaria sendo abordada na pesquisa.
Esses questionamentos podem nos levar a ideia de que as pessoas estariam associando o tema
espiritualidade à religião e que estas não estariam se sentindo provavelmente confortáveis o
suficiente para responderem o questionário, em razão das suas escolhas religiosas, ou por
receio de incompatibilidade de filosofia e valores religiosos.
A falta de tempo dos respondentes também se constituiu em uma limitação. Ao longo dos
acompanhamentos realizados com o objetivo de assegurar uma boa amostra, por diversas
vezes, obtive o depoimento dos profissionais pesquisados, principalmente aqueles que
ocupavam posição gerencial, de que ainda não haviam tido tempo para responder o
questionário, em decorrência de elevados volumes de trabalho, viagens e/ou demandas
associadas a prazos. Essa situação apenas foi solucionada, em razão dos laços de amizade do
pesquisador com os respondentes, como também, a intervenção de pessoas da área de Gestão
de Pessoas dispostas a contribuir com a pesquisa.
Por fim a necessidade de buscar embasamento em livros e artigos internacionais, em função
da escassez de literaturas empíricas disponíveis no Brasil sobre os construtos estudados,
acentuadamente, no que se refere à Espiritualidade. Um grande número de produção
encontrada no acervo brasileiro chega apenas a ganhar o status de matéria, não oferecendo a
profundidade e consistência necessária a um trabalho de cunho científico.
75
4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Neste capítulo apresentam-se as características da amostra e assim como os dados relativos a
cada um dos objetivos específicos e objetivo geral. Foram coletados 1.260 questionários
respondidos, os quais tiveram as respostas às questões de Espiritualidade e Dignidade
submetidas à análise univariada dos valores extremos, não tendo sido eliminado nenhum dos
questionários nesse primeiro momento. Entretanto, após uma análise mais apurada a amostra
foi reduzida a 1.159 questionários, tendo em vista a presença de valores faltantes o que
ocorreu principalmente na escala de Práticas de Dignidade Organizacional. Por essa razão,
optou-se então por considerar como amostra os 1.159 questionários que não apresentaram
valores faltantes quer na escala de Espiritualidade, quer na escala de Práticas de Dignidade
Organizacional. No entanto, como pode ser observado na tabela 3, nem todos responderam a
todas as variáveis demográficas e/ou funcionais.
Após todos os filtros do banco de dados foi analisada a confiabilidade das escalas de
Espiritualidade e Confiabilidade, tendo-se encontrado para todos os fatores Alpha de
Cronbach superior a 0,7, índice aconselhável para mensurar a confiabilidade de um constructo
( Hair et al 2007) conforme segue:
Tabela 1 - Índice de Confiabilidade dos Fatores de Espiritualidade
______________________________________________________________________
Fator Nome Alpha de Cronbach
______________________________________________________________________
1 Sentido de comunidade na equipe 0,888
2 Alinhamento do individuo com os valores da organização 0,899
3 Sentido de serviço à Sociedade 0,859
4 Alegria no trabalho 0,892
5 Oportunidades para a vida interior 0,826
___________________________________________________________________
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 2 - Índice de Confiabilidade dos Fatores de Dignidade
_____________________________________________________________________
Fator Nome Alpha de Cronbach
_____________________________________________________________________
1 Promoção e desenvolvimento do empregado 0,935
2 Oferta de produtos e atendimento de qualidade 0,858
3 Respeito aos direitos do empregado 0,805
4 Favorecimento do meio ambiente e social 0,824
5 Enganar os clientes (*) 0,703
_____________________________________________________________________
Fonte: Dados da Pesquisa
(*) Fator com sentido invertido
76
4.1 Características da amostra
Importante registrar que para a coleta dos dados a pesquisa foi direcionada para gestores e não
gestores, em âmbito nacional (Brasil), sendo essa a condição escolhida pelo pesquisador para
o levantamento de um maior acervo com vistas a futuros trabalhos. Todavia, para o trabalho
em foco, optou-se por um extrato da amostra relativo à região do Nordeste, compreendendo
os 09 Estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe e Bahia, conforme já mencionado anteriormente no capítulo Metodologia de Pesquisa
(Seção: População e Amostra).
As características da amostra analisadas dividiram-se em duas categorias: variáveis relativas a
características dos indivíduos, estas divididas em características demográficas e funcionais e
uma segunda categoria relativa às variáveis que caracterizam a empresa. Nem todos os
indivíduos responderam a todas essas questões, sendo que a variável com maior número de
dados faltantes foi a variável tempo de empresa (Tabela 3)
Tabela 3 - Número de respondentes por variável analisada
Gênero Idade Escolaridade Tamanho Cargo Tipo Org. Tempo
Nº Validos 1159 1137 1158 1130 1156 1158 882
Valores
Faltantes 15 37 16 44 18 16 292
Fonte: Dados da Pesquisa
Para responder ao quesito idade, por opção, não haviam sido criadas faixas etárias
previamente, pois dessa forma seria possível criá-las posteriormente a partir da análise da
frequência por ano de nascimento. Esse procedimento teve como principal preocupação
identificar uma quantidade de grupos que facilitasse a compreensão dos resultados de análises
inferenciais, uma vez que quanto maior for a quantidade de grupos, mais difícil se torna
analisar comparações entre eles. Dessa forma foram criados quatro grupos: grupo 1 com idade
inferior ou igual a 30 anos; grupo 2, com idade compreendendo a faixa de 31 a 40 anos; grupo
3 com idades entre 41 e 50 anos; e grupo 4, com idades superiores a 50 anos.
A escolaridade foi coletada considerando 10 níveis: médio incompleto; médio completo;
superior incompleto; superior completo; especialização completo; especialização incompleto;
mestrado incompleto; mestrado completo; doutorado incompleto; e doutorado completo. A
distribuição das frequências entre esses níveis tornaram inviáveis a comparação entre as
amostras, por esta razão os mesmos foram agrupados da seguinte forma: médio incompleto,
médio completo, superior incompleto = Grupo 1; especialização incompleta e completa =
Grupo 2; e mestrado e doutorado, completos e incompletos = Grupo 3.
A variável tempo de empresa exigiu tratamento similar ao tratamento realizado para a idade,
uma vez que não haviam classes estabelecidas a priori. O tempo de empresa foi classificado
77
em quatro grupos: Grupo 1, com tempo de empresa entre 0 e 2 anos; Grupo 2, entre 3 e 5
anos; Grupo 3, entre 6 e 11 anos; e Grupo 4, com 12 anos ou mais.
No que se refere ao tipo de organização também foi necessário refazer a classificação, em
função do número de respondentes por classe, a priori estabelecidas. As classes foram
reclassificadas conforme segue: empresa pública, Grupo 1; empresa privada, Grupo 2;
organizações do terceiro setor, associações, sindicatos, economia mista e comunidades
religiosas foram classificas como Grupo 3. As empresas micro e pequenas foram agrupadas
num único grupo, Grupo 1; as médias, Grupo 2, as grandes, Grupo 3; e as multinacionais,
Grupo 4.
Os resultados evidenciaram uma amostra com mais mulheres do que homens (Tabela 4) com
idade mais madura, uma vez que a maioria delas tem mais de 30 anos e aproximadamente
20%, mais de 50 (Tabela 5).
Tabela 4 - Frequência de respondentes por gênero
Gênero F FR Frac
1 Masculino 507 43,7 43,7
2 Feminino 652 56,3 100,0
Total 1159 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 5 - Frequência de respondentes por faixa etária
Idade F FR Frac
1. Menor e igual a 30 anos 220 19,3 19,3
2. 31 a 40 anos 355 31,2 50,6
3. 41 a 50 anos 331 29,1 79,7
4. Mais de 50 anos 231 20,3 100,0
Total 1137 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
O nível de escolaridade da amostra é um nível elevado, com mais de 65% dos respondentes
com nível de pós-graduação lato sensu ou stricto sensu (Tabela 6) e mais de 50% ocupando
cargos de nível gerencial (Tabela 7)
Embora alguns autores em seus estudos já tenham sugerido a influência do grau de instrução
relacionado a alguns construtos, ainda é prematura a constatação de que a pouca educação e
baixa escolaridade poderão culminar em um precedente para a violação de direitos
fundamentais e, por conseguinte, da dignidade como um princípio fundamental (MEDEIROS,
78
2008, p. 40). Para Slivnik (2008), nos seus estudos sobre Valores Organizacionais, o grau de
instrução exerceu influência na percepção dos respondentes.
Ainda em relação aos dados demográficos relativos a gênero, faixa etária, além de
escolaridade e nível hierárquico os autores (SLIVNIK, 2008; SANTOS E SUSTELO 2009)
fizeram pesquisas sobre os construtos Mudança e Valores; e Cultura Organizacional,
respectivamente. Ambos encontraram diferenças estatísticas significativas em relação a esses
construtos na percepção dos respondentes, em decorrência dos dados demográficos citados.
Desse modo, os resultados de (SLIVNIK, 2008; SANTOS E SUSTELO 2009), em relação a
outros construtos podem sugerir que tais variáveis também podem exercer influência nos
fatores de espiritualidade e dignidade.
Tabela 6 - Frequência de respondentes por grau de escolaridade
Escolaridade F FR Frac
1 Ensino médio - Superior
2 Especialização
3 Mestrado – Doutorado
Total
395 34,1 34,1
551 47,6 81,7
212 18,3 100,0
1158 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
Em seus estudos, Borges (2005), identificou que trabalhadores que não ocupam posição de
gestão experimentam menos oportunidades nas organizações, sugerindo que esses
trabalhadores podem perceber os fatores de espiritualidade e práticas de dignidade diferente
daqueles que têm maiores oportunidades na empresa. Embora a sua contribuição não deixe de
ser importante, os resultados desta pesquisa não apresentaram posição definida em relação a
essa variável (Tabela 7).
Tabela 7 - Frequência de respondentes por cargo
Cargo F FR Frac
1 Gerencial 610 52,8 52,8
2 Não gerencial 546 47,2 100,0
Total 1156 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
Apesar de a amostra ser em sua maioria de idade não tão jovem, aproximadamente 47% tem
cinco ou menos de empresa (Tabela 8), sugerindo mobilidade nos últimos anos. Por outro
lado, aproximadamente 29% apresentaram uma relação bastante estável com a empresa, com
tempo de permanência igual ou superior a 12 anos. A maioria trabalha em organizações
79
privadas (65,4%), com maior predominância de grandes empresas e multinacionais (59,1%).
(Tabela 8 a 10).
Segundo Robbins (2002), as mudanças tecnológicas também podem exercer influência no
tempo de relação dos profissionais com as suas empresas. O autor aponta que as mudanças
acabaram com a garantia de sobrevida de muitas das habilidades dos trabalhadores. Um
operário ou funcionário administrativo na década de 50 aprendia uma função e ficava
razoavelmente seguro de que essa habilidade seria adequada para praticamente toda a sua vida
profissional. Essa certeza já não existe mais. As novas tecnologias que vêm com a
informatização, a reengenharia, a TQM12
e os sistemas flexíveis de manufatura alteraram as
demandas do trabalho e as habilidades que os funcionários precisam ter. (Tabela 8).
Huselid e Becker, 1995 (apud MCLAGAN e NEL 2000), em seus estudos sobre desempenho
e práticas de trabalho, envolvendo 222 empresas, identificaram que as práticas de trabalho
participativas estão associadas de modo significativo a uma menor rotatividade de
funcionários, maior produtividade e desempenho financeiro melhorado. Com essa abordagem
os autores sugerem que em organizações onde existir um ambiente de pouca participação
haverá maior probabilidade de rotatividade dos funcionários e, por conseguinte, menor
retenção dos seus profissionais. As relações participativas podem ser a causa da migração
para um novo exercício da autoridade ou a consequência dessa mudança. Todavia, uma
mudança fundamental só é possível quando as atitudes cotidianas das pessoas são
participativas (MACLAGAN; NEL, 2000).
Tabela 8 - Frequência de respondentes por tempo de empresa
Tempo de casa F FR Frac
1. 0 – 2 anos 240 27,2 27,2
2. 3 – 5 anos 177 20,1 47,3
3. 6 – 11 anos 205 23,2 70,5
4. 12 e mais anos 260 29,5 100,0
Total 882 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
____________________ 12
TQM – Segundo a Wikipédia, a Sigla significa em língua inglesa “Total Quality Management” ou
simplesmente “Gestão da Qualidade Total” que consiste numa estratégia de administração orientada a criar
consciência da qualidade em todos os processos organizacionais. Origem: Wikipédia.
80
Complementando a sua visão anterior, Robbins (2003), observa que os profissionais
contemporâneos estão diante de um mercado de trabalho que oferece menos permanência e
previsibilidade do que em algumas décadas atrás (ROBBINS, 2003).
Os autores Wagner e Hollenbeck (2000), refletem sobre o peso da insatisfação do funcionário
para o declínio organizacional. O grau com que as pessoas se identificam com a organização
que as emprega decorre do compromisso mútuo entre empresa e funcionário. Para eles o
compromisso do funcionário implica vontade de investir uma grande dose de esforço em
favor da organização e intenção de ficar muito tempo na empresa.
Medeiros (2008, p.39.) vê essa instabilidade socioprofissional como um elemento que põe em
xeque a dignidade. Para Bauman - sociólogo polonês (1999), a sociedade moderna, chamada
de modernidade líquida, sugere uma instabilidade nas relações sociais e em especial no
trabalhador que passa a não ter mais a garantia do seu emprego. Para este autor o homem
moderno vive a incerteza do futuro e da ausência de direção, de rumo.
Tabela 9 - Frequência de respondentes por tipo de organização
Tipo de organização F FR Frac
1 Pública 309 26,7 26,7
2 Privada 757 65,4 92,1
3 Outras 92 7,9 100,0
Total 1158 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 10 - Frequência de respondentes por tamanho da empresa
Tamanho F FR Frac
1 Micro – pequena 176 15,6 15,6
2 Média 286 25,3 40,9
3 Grande 548 48,5 89,4
4 Multinacional 120 10,6 100,0
Total 1130 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
A amostra apresentou tamanho adequado para a realização do trabalho, superando os 200
casos, conforme sugere Hair et al (2005), com escolaridade que permite o entendimento das
questões postas no questionário, e com uma variedade que possibilita reflexões sobre os
resultados encontrados.
81
4.2 Análise Descritiva das Frequências por Fator
A análise descritiva teve o propósito de gerar sensibilidade sobre os dados da amostra e
possibilitar reflexões sobre os resultados alcançados. Constou de duas etapas: a primeira na
análise de frequências por fator e a segunda, a análise das médias e desvios padrão.
Tendo em vista evitar poluição visual das tabelas apresentadas neste e em todos os itens que
tratam dos fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade Organizacional, o nome dos
fatores foi reduzido conforme os Quadros 6 e 7 abaixo:
ESCALA DE ESPIRITUALIDADE
FATOR INTEGRAL FATOR REDUZIDO
F1 - Sentido de comunidade na equipe F1 - Sentido de comunidade
F2 - Alinhamento do indivíduo com os
valores da organização
F2 - Alinhamento com valores
F3 - Sentido de serviço à comunidade F3 - Sentido de serviço
F4 - Alegria no trabalho F4 Alegria no trabalho
F5 - Oportunidades para a vida interior F5 - Vida interior
QUADRO 6 - Espiritualidade - Escala integral e reduzida
Fonte: Rego; Cunha; Souto (2005)
ESCALA DE DIGNIDADE
FATOR INTEGRAL FATOR REDUZIDO
F1 - Promove o desenvolvimento do
empregado
F1 - Desenvolvimento do Empregado
F2 - Oferece produtos e atendimento de
qualidade
F2 - Atendimento de qualidade
F3 - Respeita os direitos dos empregados F3 - Direitos do empregado
F4 - Favorece o meio ambiental e social F4 - Meio ambiental e social
F5 - Não engana os stakeholders F5 - Engana (*)
(*) Fator com sentido invertido
QUADRO 7 - Dignidade - Escala integral e reduzida
Fonte: Teixeira et al (2011)
82
4.2.1 Análise das frequências por fator
Para analisar as frequências recorreu-se um procedimento de redução da variabilidade da
escala, reunindo-se dois pontos, dois a dois. Procedimento similar foi adotado por Teixeira
(1995).
4.2.1.1 Espiritualidade
Para a análise das frequências das assertivas dos fatores de espiritualidade, foram reunidos os
pontos “Discordo Plenamente” e “Discordo”, como indicando “Forte Discordância”, os
pontos “Concordo Plenamente” e “Concordo”, como “Forte Concordância”, enquanto os
pontos “Concordo em Parte” e “Discordo em Parte”, foram agrupados em “Sem
Posicionamento Definido”
Os resultados mostraram que os respondentes variam quanto ao seu posicionamento de
acordo com os fatores de Espiritualidade. Não apresentam um posicionamento definido nem
de concordância, nem de discordância com relação ao fator “Sentido de comunidade na
equipe” e “Oportunidades para Vida Interior”, tendem a concordar com os fatores “Sentido de
serviço à comunidade”. Com relação ao “Alinhamento do indivíduo com os valores da
organização”, tendem também a não ter um posicionamento definido, mas tendem a forte
concordância que a organização respeita a sua vida interior e que se sentem ligados aos
objetivos da organização (Tabelas 11 a 15)
Tabela 11 - Concordância e discordância com relação ao fator “Sentido de Comunidade na
equipe”
F1. Sentido de comunidade
Forte
discordância
%
Sem
posicionamento
definido
%
Forte
concordância
%
Total
%
As pessoas do meu grupo/equipe
sentem-se parte de uma família. 14,2 52,4 33,4 100,0
O meu grupo/equipe fomenta a
criação de um espírito de
comunidade.
12,7 47,1 40,2 100,0
Acredito que as pessoas do meu
grupo/equipe se apoiam umas às
outras.
9,2 47,6 43,2 100,0
Acredito que os membros do meu
grupo/equipe se preocupam
realmente uns com os outros.
11,2 53,2 35,7 100,0
Sinto que as pessoas do meu
grupo/equipe estão ligadas entre si
por um propósito comum.
9,5 47,0 43,5 100,0
O meu grupo/equipe preocupa-se
com os mais desfavorecidos na
comunidade.
20,8 54,0 25,2 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
83
O resultado apresentado pelo fator ‘sentido de comunidade na equipe’ demonstra que não
houve posição definida dos respondentes, o que pode insinuar um movimento ainda tímido
das organizações em relação a este Fator. Segundo Guillory (2009, p. 58), cada vez mais se
compreende que o sucesso dos negócios em longo prazo está relacionado muito mais à
cooperação do que a disputa acirrada. A natureza dessa compreensão é espiritual. Ele amplia a
discussão quando diz que existe uma importante verdade implícita nessa prática - a de que o
mercado é suficientemente grande para comportar empresas que procuram promover não
apenas o seu próprio sucesso como também o sucesso dos outros. O autor sugere que a
percepção dessa interdependência é uma característica praticada pelas ‘Empresas Vivas’. E a
empresa viva, segundo o próprio autor é aquela que recria a si mesma em resposta às
mudanças internas e externas do mundo dos negócios.
O autor ZAMAGNI, 2002 (apud TEIXEIRA et al, 2008) defende um modelo econômico
humanizado, estimulador de comportamentos pró-sociais baseado numa economia de
mercado que seja governada não pela troca de equivalentes, como defendido pela corrente
utilitarista, mas pela reciprocidade, onde as transações não são separadas da identidade
daqueles que as originam. Ele acredita que este modelo pode ser visto como uma saída para as
relações no âmbito do mercado, podendo esta prática ser acompanhada de transações com
custos mais reduzidos, além de levar as pessoas a viverem de um modo mais feliz.
Tabela 12 - Concordância e discordância com relação ao fator “Alinhamento do indivíduo
com os valores da organização”
F2 Alinhamento com valores
Forte
discordância
%
Sem
posicionamento
definido
%
Forte
concordância
%
Total
%
Sinto-me bem com os valores que
predominam na minha organização. 15,1 37,6 47,4 100,0
As pessoas sentem-se bem acerca do
seu futuro na organização. 21,1 52,0 26,8 100,0
A minha organização respeita a
minha “vida interior”. 17,7 39,1 43,2 100,0
A minha organização ajuda-me a que
eu viva em paz comigo mesmo. 19,8 45,4 34,8 100,0
Os líderes da minha organização
preocupam-se em ser úteis à
sociedade.
17,5 46,3 36,2 100,0
Sinto-me ligado aos objetivos da
minha organização. 6,8 29,0 64,2 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
A análise particular do Fator ‘alinhamento do indivíduo com os valores da organização’
revela que os respondentes apresentaram uma forte concordância com as assertivas ‘a minha
organização respeita a minha “vida interior” (43,2%) e ‘sinto-me ligado aos objetivos da
minha organização’ (64,2%), ficando as demais assertivas sem um posicionamento definido.
84
Isso pode estar refletindo que as empresas pesquisadas estão investindo num processo de
disseminação dos valores organizacionais que elas consideram importantes, apesar das demais
assertivas terem ficado com uma posição pouco definida.
Sobre Valores Torres; Dessen, 2008 (apud TEIXEIRA, 2008) trazem a contribuição de
Hofstede (1981). Este autor entende os valores como a essência da cultura, estando ligados
aos sentimentos inconscientes manifestados pelos comportamentos diferenciados que podem
proporcionar uma separação entre o bom e o ruim, o belo e o feio, o normal e o anormal, o
racional e o irracional (TEIXEIRA, 2008).
Desse modo, a grande variedade de diferenças individuais mostra claramente que as pessoas
trabalham por motivos bem distintos, e procurar saber o que essas pessoas esperam do
trabalho e como pretendem atingir seus objetivos é indispensável para entender tais
motivações. (GRIFFIN, 2006).
Para Schein (2009, p. 212), as organizações não se formam acidentalmente ou
espontaneamente. Para o autor as empresas são orientadas para uma meta, têm um propósito
específico e são criadas porque um ou mais indivíduos percebem que a ação coordenada e
dirigida de várias pessoas pode realizar algo que individualmente não seria possível. Ele ainda
ilustra que os grupos políticos são criados por líderes que vendem novas visões e novas
soluções para os problemas emergentes. Não diferentemente, as empresas são criadas por
empreendedores que também têm uma visão de como o esforço coordenado de um grupo de
pessoas pode criar um novo bem ou serviço para o mercado.
Os autores Bennis e Nanus, 1985; Conger, 1989, Leavitt, 1986 referem que os líderes
transmitem a sua mensagem por meio do seu carisma - essa misteriosa capacidade de atrair a
atenção dos subordinados e comunicar as principais suposições e valores de maneira vívida e
clara (SCHEIN, 2008, p. 229).
Os indivíduos deveriam estar alerta contra a tentação de abrir mão dos seus valores quando os
tempos tornam-se difíceis. As organizações deveriam ficar duplamente vigilantes contra essa
possibilidade. Se uma organização valoriza a honestidade, isso significa que deveria mostrar
os livros financeiros aos empregados - mesmo quando isso fosse constrangedor. Se uma
organização acredita que “os empregados são o ativo mais importante,” isso significa que sua
primeira estratégia em tempos difíceis não serão dispensas. A organização poderá até ter que
dispensar pessoas futuramente, mas tal medida precisará ser cuidadosamente considerada,
pois contradiz o valor em ação (SENGE, 1995).
85
Tabela 13 - Concordância e discordância com relação ao fator “Sentido de serviço à
comunidade”
F3 Sentido de serviço
Forte
discordância
%
Sem
posicionamento
definido
%
Forte
concordância
%
Total
%
O trabalho que eu realizo está
relacionado com aquilo que
considero importante na vida.
6,2 30,6 63,2 100,0
Vejo que existe uma ligação entre o
meu trabalho e os benefícios para a
sociedade como um todo.
5,5 33,2 61,3 100,0
Quando trabalho, sinto que sou útil à
sociedade. 3,9 21,4 74,7 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
A análise do Fator 3 ‘sentido de serviço’ (Tabela 13) e Fator 4 ‘alegria no trabalho’ (Tabela
14) apresentaram resultados bastante favoráveis em relação à percepção dos respondentes da
pesquisa. Todas as assertivas contidas nestes dois Fatores apontaram forte concordância.
Supõe-se que as organizações pesquisadas estão atribuindo importância a essa questão.
Segundo Guillory (2009), a pessoa integrada é aquela que integra o corpo, a mente e o espírito
à maneira como ela vive no seu dia-a-dia. E nessa perspectiva, a integração é o resultado da
aquisição contínua de sabedoria através do aprendizado pela experiência.
Stam (2006) defende que se cada um diz aquilo de que necessita para poder fazer bem o seu
trabalho, isso está ligado a uma emoção primária e tem conexão direta com a realidade. E a
partir desse momento a pessoa se responsabiliza completamente e com seriedade, por seu
trabalho.
Ter o seu próprio lugar dentro da organização, estar em contato com o objetivo dessa
organização, estar em constante intercâmbio entre o dar e receber e ser reconhecido forma
uma importante medida para que os funcionários e todos os outros se sintam bem (STAM,
2006).
Tabela 14 - Concordância e discordância com relação ao fator “Alegria no Trabalho”
F4 Alegria no trabalho
Forte
discordância
%
Sem
posicionamento
definido
%
Forte
concordância
%
Total
%
Sinto alegria no meu trabalho. 5,5 29,6 64,8 100,0
Na maior parte dos dias, é com
prazer que venho para o trabalho. 8,2 26,6 65,2 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
86
Tabela 15 - Concordância e discordância com relação ao fator “Oportunidades para a vida
interior”
F5 Vida Interior
Forte
discordância
%
Sem
posicionamento
definido
%
Forte
concordância
%
Total
%
Os meus valores espirituais não são
valorizados no meu local de
trabalho.
32,4 43,4 24,2 100,0
No meu local de trabalho, não há
lugar para a minha espiritualidade. 36,6 39,8 23,6 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
Em suma, os respondentes vivenciam a espiritualidade na organização por meio da alegria e
prazer em realizar o trabalho, através da qual consideram que prestam um serviço à sociedade.
O mesmo não acontece com relação ao ambiente vivenciado pelas equipes de trabalho, uma
vez que não chegam a perceber que nelas seja vivenciado um sentido de comunidade. Com
relação às oportunidades que as organizações lhes oferecem para vivenciarem a sua vida
interior, o resultado aponta fortemente o quanto os respondentes se veem pouco assistidos
neste fator, assim como também não têm clareza quanto ao alinhamento dos seus valores com
os valores da organização.
No olhar de Karakas (2010), hoje os locais de trabalho têm sido cada vez mais estéreis
emocionalmente e espiritualmente, mostrando-se desprovidos de significado mais profundo e
espírito. Ele traz a reflexão de que as organizações da era industrial focalizaram a sua atenção
na criação de riqueza material, colocando as metas econômicas e de rentabilidade em grau de
importância acima do social. Com a maximização do lucro tornou-se o principal objetivo
estratégico e o sucesso é medido em indicadores financeiros, como vendas, fluxo de caixa e
participação de mercado, o social, interpessoal e funções espirituais e as metas da organização
passaram a ocupar maior espaço se sobrepondo aos aspectos interiores do indívíduo.
(KARAKAS, 2010).
4.2.1.2 Práticas de Dignidade Organizacional
Para a análise das frequências das assertivas dos fatores de dignidade, foram reunidos os
pontos “Concordo Nada” e “Concordo Pouco” como indicando “Fraca Concordância”; o
ponto “Concordo”, como “Concordância Moderada”, e os pontos “Concordo Muito” e
“Concordo Totalmente”, indicando “Forte Concordância”.
Registre-se também que todas as assertivas do Fator 5 ‘não engana stakeholders’ apresentam
sentido negativo. No entanto, para efeito de análise dos dados não foi invertido o sinal das
assertivas. Por essa razão nas tabelas e gráficos apresentados o nome do fator foi alterado de
‘não engana’ para ‘engana’, conforme orientação de Teixeira et al (2011). A autora sugere
não se inverter a escala das assertivas relativas ao Fator 5, optando por trocar o fator ‘não
87
engana’ para ‘engana’. Logo, o sentido de ‘não enganar’ equivale ao total de pontos da escala
menos a média obtida pelo fator ‘engana’.
Os fatores relativos a práticas de Dignidade Organizacional que os respondentes concordam
fortemente serem praticados pelas organizações em que trabalham são o respeito aos direitos
dos empregados e a não enganar os stakeholders. Em contrapartida, as práticas de Dignidade
Organizacional que receberam pouca concordância da organização, são a promoção do
desenvolvimento do empregado e o favorecimento do meio ambiente. Já as práticas relativas à
oferta de produtos e atendimento de qualidade receberam concordância moderada no que se
refere ao relacionamento com o cliente (Tabelas 16 a 20).
Tabela 16 - Concordância quanto à prática do Fator “Promoção do Desenvolvimento do
Empregado”
F1 Desenvolvimento do Empregado
Fraca
Concordância
%
Concordância
Moderada
%
Forte
Concordância
%
Total
%
Oferece oportunidades aos empregados 35,9 39,4 24,7 100,0
Promove o trabalho em equipe 32,8 42,5 24,7 100,0
Oferece programa de carreira 59,2 24,9 15,9 100,0
Promove por mérito 48,1 26,0 25,9 100,0
Possibilita a participação dos
empregados em processos de mudança 41,3 32,6 26,1 100,0
Divulga a avaliação dos funcionários 57,6 21,3 21,1 100,0
Oferece condições de desenvolvimento
profissional 37,1 35,5 27,3 100,0
Investe em treinamento 36,9 31,2 31,9 100,0
Contrata por competência 31,6 34,8 33,6 100,0
Dá autonomia aos empregados 43,4 34,6 22,1 100,0
Reconhece o valor do empregado 43,3 32,0 24,7 100,0
Possibilita a participação dos
empregados em processos de promoção 44,5 30,2 25,3 100,0
Avalia os funcionários 34,4 34,1 31,5 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
Analisando a percepção dos respondentes sobre o fator “promoção do desenvolvimento do
empregado” pode-se deduzir que as organizações pesquisadas não estão atribuindo grande
importância à referida prática. Segundo Medeiros (2008, p. 40), a necessidade de se manter no
mercado impõe ao capital novos, modernos e eficazes meios produtivos, gerando por essa
razão a necessidade de capacitação e qualificação constante dos trabalhadores, considerando
que a travessia de um sistema fordista-taylorista para a “modernidade líquida”, num modelo
toyotista, passa a ser uma realidade inexorável.
Margolis (1997) defende que a promoção da dignidade, implica a presença de condições
dignificantes e dentre elas ele destaca a autonomia, o respeito por contribuições e a
oportunidade para crescer e se desenvolver. Esta premissa sugere que a existência das
condições dignificantes oferecida pela organização (incluindo a promoção do
88
desenvolvimento do empregado) pode ser entendida como uma prática de promoção de
dignidade ao trabalhador.
Essas condições (autonomia, respeito pelas contribuições e capacidade para crescer e se
desenvolver) quando presentes em grau suficiente aumentam a capacidade das pessoas de
moldarem suas próprias ações (MARGOLIS, 1997).
Considerando um estudo realizado em 495 organizações sobre o impacto econômico das
práticas participativas, David Lewin (1988), dentre as várias contribuições, concluiu que
empresas que compartilham informações de maneira ampla e têm programas abrangentes de
envolvimento dos funcionários (promovendo participação intelectual) apresentam um
desempenho significativamente melhor do que empresas administradas de forma autocrática
(MCLAGAN; NEL, 2000).
Tabela 17 - Concordância quanto à prática do Fator “Oferta de Produtos e Atendimento de
Qualidade”.
F2 Atendimento de Qualidade
Fraca
Concordância
%
Concordância
Moderada
%
Forte
Concordância
%
Total
%
Respeita o código de defesa do
consumidor 18,5 42,3 39,2 100,0
Oferece produtos e serviços bons para as
pessoas 16,8 38,8 44,5 100,0
Oferece bom atendimento 20,4 41,9 37,7 100,0
Oferece produtos e serviços de qualidade 14,1 35,9 50,0 100,0
Fonte: dados da pesquisa
O Fator ‘Promoção do Desenvolvimento do Empregado’ teve a grande maioria das suas
assertivas pontuadas com Fraca Concordância. Na mesma condição ficou o resultado do Fator
‘Oferta de Produtos e Atendimento de Qualidade’ (Tabelas 16 e 17, respectivamente).
Goleman (1995) apoia o pensamento de que quando a organização é participativa e
incentivadora de seus colaboradores só tem a crescer junto aos seus funcionários, o
aprendizado investido será utilizado em conjunto ao potencial do indivíduo de maneira que se
consigam lucros para os dois lados. O autor acredita que os seres humanos são cheios de
capacidades psicológicas para produzir motivação. Essa energia é o que estimula o indivíduo
para alcance de suas necessidades e objetivos, sejam eles incentivos internos ou externos.
O mesmo autor afirma que a grande provocação não é descobrir meios ou recursos
dissimulados para motivar os indivíduos, mas sim reconhecer e conduzir a energia inerente
existente. No aprendizado os funcionários são pessoas que buscam explorar tudo que for
novo, porque este tipo de oportunidade lhes darão chance de crescer profissionalmente e
alcançar melhores desempenhos e remuneração.
89
Segundo Bohlander e Snell (2009), pesquisas demonstram que os rendimentos e a
lucratividade geral de uma organização estão positivamente correlacionados ao total de
treinamento que ela proporciona aos seus funcionários. Estes autores afirmam que as
melhores empresas para se trabalhar apontadas pela Revista Fortune em 2004, oferecem aos
seus empregados uma grande quantidade de horas de treinamento anual, sendo que a maior
parte dos treinamentos é dedicada aos empregados em geral e aos supervisores.
Já numa outra perspectiva mais sistêmica e duradoura, cujo principal foco de atenção está
voltado para as pessoas, Senge (1995), defende que em sua essência, toda organização é um
produto de como seus membros pensam e interagem. Para ele a alavancagem primária para
qualquer esforço de aprendizado organizacional não reside em diretrizes, orçamentos ou
organogramas, mas em nós mesmos. A premissa de que as organizações são o produto do
nosso pensar e interagir é poderosa e libertadora, pois ela sugere que indivíduos e equipes
podem afetar significativamente o ambiente a sua volta.
Quanto mais nos tornarmos conscientes sobre como pensamos e interagimos de forma
diferente, mais se ampliam as possibilidades de mudar nossas organizações para melhor,
reforçando em nós um sentimento crescente de capacidade e confiança. Aprender em
organizações significa testar continuamente nossa experiência, e transformar essa experiência
em conhecimento - acessível a toda a organização, e pertinente ao seu propósito central
(SENGE, 1995).
Tabela 18 - Concordância quanto à prática do fator “Respeito ao direito dos empregados”
F3 Direitos dos Empregados
Fraca
Concordância
%
Concordância
Moderada
%
Forte
Concordância
%
Total
%
Contrata pela CLT (legislação
trabalhista) 20,7 25,1 54,2 100,0
Paga em dia 5,9 19,1 75,0 100,0
Prioriza a quitação de suas
obrigações trabalhistas 11,0 25,8 63,2 100,0
Reconhece o direito a férias 10,0 22,8 67,2 100,0
É pontual em seus compromissos 19,7 35,8 44,5 100,0
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 19 - Concordância quanto à prática do fator “Favorecimento do meio ambiente”
F4 Meio ambiental e Social
Fraca
Concordância
%
Concordância
Moderada
%
Forte
Concordância
%
Total
%
Oferece produtos e serviços bons para o
meio ambiente 41,7 36,9 21,4 100,0
Cumpre obrigações com a sociedade 17,1 34,8 48,0 100,0
Coloca em prática ações filantrópicas 43,4 30,8 25,8 100,0
Investe no meio ambiente 53,9 26,8 19,3 100,0
Ajuda o terceiro setor 39,1 36,2 24,7 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
90
Existe um número cada vez maior de empresas socialmente responsáveis que estão
reavaliando o impacto de seus produtos ou derivados sobre o meio ambiente, sobre os animais
e, por fim, sobre os seres humanos, através da cadeia alimentar. Essas organizações encaram a
sensibilidade ambiental e o lucro como coisas compatíveis entre si. Por considerarem a
responsabilidade para com o meio ambiente como uma obrigação social, elas assumem a
iniciativa de estabelecer uma relação cooperativa com os grupos ecológicos para os quais o
bem-estar do planeta é de importância vital (GUILLORY, 2000).
Em ambientes de trabalho onde prevalece o respeito pela dignidade e direitos humanos e onde
são implementadas práticas social e ambientalmente responsáveis oferecem grandes
possibilidades de parcerias (EISLER; MONTUORI, 2003 Apud VASCONCELOS, 2008).
Tabela 20 - Concordância quanto à prática do fator “Engana os stakeholders”
F5 Não engana os stakholders (*)
Fraca
Concordância
%
Concordância
Moderada
%
Forte
Concordância
%
Total
%
Explora os funcionários 82,4 8,8 8,9 100,0
Tenta enganar o funcionário 85,9 7,4 6,6 100,0
Tenta enganar o cliente 90,6 4,5 4,9 100,0
Sonega impostos 91,7 3,2 5,0 100,0
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
4.3 Análise das diferenças entre grupos de acordo com características da amostra
Após a análise das frequências das respostas aos fatores de Espiritualidade e Dignidade
Organizacional, o passo seguinte consistiu na análise descritiva das médias e desvios padrão
e, análise inferencial, de acordo com as variáveis que caracterizaram os respondentes e as
organizações para as quais trabalhavam à época da pesquisa.
4.3.1 Objetivo específico 1 - Identificar diferenças de avaliação dos fatores de
Espiritualidade e Dignidade entre homens e mulheres.
A - ESPIRITUALIDADE
Em linha com a análise das frequências, tanto homens como mulheres entendem que os
fatores que melhor traduzem a sua vivência da espiritualidade no ambiente de trabalho estão
relacionados à alegria e prazer que sentem no trabalho que realizam e no sentido de que esse
trabalho presta, de alguma forma, um serviço para a sociedade. Por outro lado, o fator que
percebem que menos traduz a vivência da espiritualidade consiste na oferta de oportunidades
por parte da empresa para vivenciarem a sua vida interior.
91
As análises descritivas das médias e dos gráficos sugerem que homens e mulheres não
percebem da mesma forma o quanto vivenciam alegria no trabalho e o alinhamento de seus
valores com a organização. O teste desta hipótese será apresentado no item relativo à análise
inferencial (Gráfico 1).
Tabela 21 - Médias e desvios padrão dos fatores de Espiritualidade por gênero.
Gênero N Média
Desvio
Padrão
Sentido de comunidade 1 Masc. 507 4,04 0,88
2 Fem. 652 4,06 0,97
Alinhamento com valores 1 Masc. 507 4,13 1,03
2 Fem. 652 3,95 1,10
Sentido de serviço 1 Masc. 507 4,80 0,98
2 Fem. 652 4,77 1,01
Alegria no trabalho 1 Masc. 507 4,80 1,09
2 Fem. 652 4,65 1,18
Vida Interior 1 Masc. 507 3,70 1,41
2 Fem. 652 3,70 1,41
Fonte: Dados da Pesquisa
Gráfico 1 - Médias dos fatores de Espiritualidade por gênero.
A análise inferencial realizada mediante o Teste T para amostras independentes indicou que
homens e mulheres avaliam de forma diferente a Alegria no Trabalho e o Alinhamento com
valores. Os homens avaliaram esses fatores de forma mais positiva do que as mulheres
(Tabela 22).
92
O Teste T de Student mostra-se adequado para três situações: testar hipóteses sobre uma
média populacional, testar hipóteses para comparar duas médias emparelhadas e para
comparar duas médias independentes (FÁVERO, 2009, p. 110). O Teste T para uma amostra
é aplicado quando não se conhece a variância populacional e tem como objetivo testar se uma
média populacional assume ou não determinado valor. O teste exige que a variável em estudo
apresente uma distribuição normal.
Tabela 22 - Diferenças entre homens e mulheres quanto a fatores de Espiritualidade
Fator Sig.
Sentido de comunidade 0,76
Alinhamento com valores 0,01
Sentido de serviço 0,60
Alegria no trabalho 0,03
Vida interior 0,96
Fonte: Dados da Pesquisa
B - DIGNIDADE
Tanto homens quanto mulheres parecem perceber o desenvolvimento do empregado e o
favorecimento do meio ambiente, como os fatores que menos traduzem a dignidade das
organizações, em contrapartida ao respeito ao direito dos empregados e não enganar os
stakeholders que são os fatores que mais a traduzem (Tabela 23).
Tabela 23 - Médias e desvios padrão dos fatores de Dignidade por gênero.
Gênero N Média
Desvio
Padrão
Desenvolvimento do
Empregado
1 Masc. 507 2,90 0,92
2 Fem. 652 2,74 0,86
Atendimento de Qualidade 1 Masc. 507 3,50 0,91
2 Fem. 652 3,40 0,91
Direitos dos Empregados 1 Masc. 507 3,94 0,91
2 Fem. 652 3,89 0,91
Meio ambiental e Social 1 Masc. 507 2,97 0,89
2 Fem. 652 2,86 0,90
Engana (*) 1 Masc. 507 1,53 0,70
2 Fem. 652 1,53 0,69
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
93
Engana - Fator com sentido invertido
Gráfico 2 - Médias dos fatores de Práticas de Dignidade por gênero
A análise das médias (Tabela 24 e Gráfico 2) sugerem, no entanto, que homens e mulheres
diferem quanto a percepção dos fatores que traduzem a dignidade organizacional, excetuando-
se as práticas relativas a não enganar o cliente.
De fato, a aplicação do teste T, indicou que nesta amostra há diferença entre homens e
mulheres no que se refere à percepção dos fatores de Dignidade “Desenvolvimento do
empregado”, “Atendimento de qualidade” e “Favorecimento do meio ambiental e Social”, à
medida que os homens apresentaram uma avaliação das empresas em que trabalham mais
positiva do que as mulheres (Tabela 24)
Tabela 24 - Diferenças entre homens e mulheres quanto a fatores de Dignidade
Fator Sig.
Desenvolvimento do
empregado 0,00
Atendimento de qualidade 0,05
Direitos dos empregados 0,36
Meio ambiental e social 0,05
Engana (*) 0,97
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
94
Como forma de ilustrar os resultados obtidos através do Objetivo 1, cuja análise permitiu
explorar a percepção de Homens e Mulheres acerca dos construtos Espiritualidade e
Dignidade, será apresentada a seguir a Figura 8, contendo uma síntese dos pontos mais
destacados:
Figura 8 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a variável
gênero.
Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da pesquisa.
• Homens e mulheres entendem que
os fatores que melhor traduzem a
sua vivência da espiritualidade estão
relacionados à “Alegria no trabalho”
e “Sentido de serviço”.
• Fator que menos traduz a vivência
da Espiritualidade é “Oportunidade
para vida interior”.
ESPIRITUALIDADE
DIGNIDADE
• Homens e mulheres vivenciam
melhor o fator “Respeito aos
direitos dos empregados” e “Não
engana os stakeholders”.
• Fatores com menor vivência são
“Promove o desenvolvimento do
empegado” e “Favorece o meio
ambiental e social”.
95
4.3.2 Objetivo específico 2 - Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes faixas
etárias quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de Dignidade
A - ESPIRITUALIDADE
Independentemente da faixa etária, os fatores que melhor traduzem a vivência da
Espiritualidade são a Alegria no Trabalho e Sentido de Serviço, por conseguinte os fatores
Sentido de comunidade, Alinhamento de Valores e Vida Interior, são os que menos a
traduzem. Note-se que as média para Sentido de Comunidade e Alinhamento de valores são
quase iguais. Observando-se médias obtidas por grupo de idade para o fator Alegria no
Trabalho, os resultados sugerem que a percepção da Alegria no Trabalho varia de acordo com
todas as faixas etárias.
As médias do fator Alinhamento com Valores sugere por sua vez que o grupo mais idoso, se
percebe com valores mais alinhados com a empresa do que os demais. No fator Sentido de
Serviço, o grupo dos mais jovens também parece percebê-lo menos do que os demais grupos,
enquanto que o grupo com idade entre 31 e 40 anos parece perceber vivenciar mais esse fator
do que o grupo mais jovem e menos do que os dois outros grupos com mais idade.
Legenda: Grupo 1: menor e igual a 30 anos; Grupo 2: 31 a 40 anos; Grupo 3: 41 a 50 anos; Grupo 4: mais de 50
anos
Gráfico 3 - Médias de fatores de Espiritualidade por faixa etária
96
Tabela 25 - Médias e desvios padrão dos fatores de Espiritualidade por grupo de idade.
Fator N Média Desvio Padrão
Sentido de comunidade 1. Menor e igual a 30 anos 220 4,06 0,96
2. 31 a 40 anos 355 4,05 0,90
3. 41 a 50 anos 331 4,06 0,95
4. Mais de 50 anos 231 4,03 0,94
Alinhamento com valores 1. Menor e igual a 30 anos 220 4,00 1,08
2. 31 a 40 anos 355 3,98 1,10
3. 41 a 50 anos 331 4,03 1,10
4. Mais de 50 anos 231 4,17 0,96
Sentido de serviço 1. Menor e igual a 30 anos 220 4,47 1,12
2. 31 a 40 anos 355 4,74 1,00
3. 41 a 50 anos 331 4,94 0,91
4. Mais de 50 anos 231 4,94 0,89
Alegria no trabalho 1. Menor e igual a 30 anos 220 4,52 1,26
2. 31 a 40 anos 355 4,67 1,22
3. 41 a 50 anos 331 4,80 1,03
4. Mais de 50 anos 231 4,88 1,04
Vida interior 1. Menor e igual a 30 anos 220 3,72 1,37
2. 31 a 40 anos 355 3,72 1,41
3. 41 a 50 anos 331 3,68 1,44
4. Mais de 50 anos 231 3,71 1,39
Fonte: Dados da Pesquisa
O teste Anova indicou que, considerando a faixa etária, os grupos se diferenciam quanto aos
fatores de Espiritualidade, “Sentido de Serviço” e “Alegria no Trabalho” (Tabela 25)
A ANOVA (analysis of variance, ou análise de variância) é uma técnica estatística usada para
comparar médias de mais de duas populações. A análise de variância de um fator (One-
WayANOVA) permite verificar o efeito de uma variável independente de natureza qualitativa
em uma variável dependente de natureza quantitativa. A hipótese consiste em testar se as
médias das populações são iguais (FÁVERO, 2009).
97
Tabela 26 - Diferenças entre grupos de diferentes faixas etárias quanto a fatores de
Espiritualidade
Fator Sig.
Sentido de comunidade 0,97
Alinhamento com valores 0,16
Sentido de serviço 0,00
Alegria no trabalho 0,00
Vida interior 0,98
Fonte: Dados da Pesquisa
Buscando identificar quais os grupos que se diferenciavam entre si quanto aos fatores de
Espiritualidade, recorreu-se ao Teste Scheffé, o qual indicou que o Grupo 1 com idade até 30
anos, diferenciava-se dos demais quanto ao fator de Espiritualidade “Sentido de Serviço”, e
dos grupos com mais de 40 anos quanto à Alegria no Trabalho. Os mais jovens apresentaram-
se mais críticos com relação aos demais atribuindo notas mais baixas com relação às empresas
onde trabalhavam.
Essa percepção dos mais jovens pode estar refletindo as características muito presentes nas
gerações entrantes no ambiente empresarial, nascidas entre os anos 1980 e 2000, também
chamada de “Geração Y”. Esta costuma se comportar de forma contundente, além de
passarem ideia de muita convicção sobre o que querem e pretendem. Outra característica que
lhe é peculiar diz respeito as suas habilidades, predominantemente virtual. Apresentam
elevada afinidade com o mundo da tecnologia.
Segundo McCrindle (2002), esses jovens tem uma visão mais global e querem ajudar o
mundo. A influência em seu comportamento pode estar associada à idade ou a época em que
foram criados, entretanto, estes não seriam os maiores fatores pelos os quais esta geração
difere-se das outras. Ela difere das outras, pois alguns focam no objetivo em curto prazo,
situação que gera certa preocupação em relação aos planos de vida, pois segundo o mesmo
autor, a expectativa de vida desta geração é somente terminar seus estudos e viver a vida.
Observa-se que na maioria das situações estes jovens sentem certa dificuldade de criar
vínculos.
Tabela 27 - Teste Scheffé – Faixas etárias versus fatores de Espiritualidade
Nome do Fator (I) Idade (J) Idade Diferença da
média (I-J) Sig.
Sentido de serviço Grupo 1
Grupo 2 - 0,27* 0,02
Grupo 3 - 0,47* 0,00
Grupo 4 - 0,48* 0,00
Alegria no trabalho
Grupo 1
Grupo 2 - 0,15 0,51
Grupo 3 - 0,28* 0,05
Grupo 4 - 0,36* 0,01
Legenda: Grupo 1: menor e igual a 30 anos; Grupo 2: 31 a 40 anos; Grupo 3: 41 a 50 anos; Grupo 4: mais de 50
anos (Fonte: Dados da Pesquisa)
98
O Teste de Scheffé serve para comparar qualquer contraste entre médias permitindo diferentes
números de observações por tratamento. É um teste mais rigoroso do que o teste de Tukey,
merecendo, portanto, os mesmos comentários em relação ao perigo de aumento do erro tipo II
(atribuir uma igualdade entre as médias dos tratamentos, quando realmente existe uma
diferença entre as mesmas) (DUARTE, 2008).
B - DIGNIDADE
Independentemente da faixa etária, os fatores que melhor traduzem as práticas de Dignidade
Organizacional são o respeito ao empregados e a qualidade de serviços prestados.
Desenvolvimento do Empregado e Favorecimento do Meio Ambiente foram os fatores com
menores médias. O grupo dos mais jovens parece ser mais crítico quanto a Dignidade
Organizacional praticada pelas empresas em relação aos demais grupos, principalmente
quando comparado com os mais idosos, que parecem ser mais benevolentes no julgamento
que fazem da organização em que trabalham.
Tabela 28 - Médias e desvios padrão dos fatores de Dignidade por faixa etária
Fator N Média Desvio
Padrão
Desenvolvimento do empregado 1. Menor e igual a 30 anos 220 2,74 0,91
2. 31 a 40 anos 355 2,77 0,87
3. 41 a 50 anos 331 2,82 0,90
4. Mais de 50 anos 231 2,92 0,88
Atendimento de qualidade 1. Menor e igual a 30 anos 220 3,42 0,98
2. 31 a 40 anos 355 3,41 0,88
3. 41 a 50 anos 331 3,45 0,91
4. Mais de 50 anos 231 3,53 0,91
Direitos dos empregados 1. Menor e igual a 30 anos 220 3,74 0,96
2. 31 a 40 anos 355 3,95 0,88
3. 41 a 50 anos 331 3,96 0,94
4. Mais de 50 anos 231 3,97 0,84
Meio ambiental e social 1. Menor e igual a 30 anos 220 2,66 0,88
2. 31 a 40 anos 355 2,87 0,90
3. 41 a 50 anos 331 2,95 0,87
4. Mais de 50 anos 231 3,17 0,89
Engana (*) 1. Menor e igual a 30 anos 220 1,62 0,76
2. 31 a 40 anos 355 1,51 0,69
3. 41 a 50 anos 331 1,52 0,72
4. Mais de 50 anos 231 1,47 0,61
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
99
Legenda: Grupo 1 - menor e igual a 30 anos; Grupo 2: 31 a 40 anos; Grupo 3: 41 a 50 anos; Grupo 4: mais de
50 anos
Engana - Fator com sentido invertido
Gráfico 4 - Médias dos fatores de Práticas de Dignidade Organizacional por faixa etária.
O teste ANOVA identificou diferenças entre os indivíduos de diferentes faixas etárias no que
ser refere aos seguintes fatores de Dignidade: “Direito dos Empregados” e “Favorecimento do
Meio Ambiente e Social” (Tabela 28).
Tabela 29 - Diferenças entre os grupos de diferentes faixas etárias quanto aos fatores de
Dignidade
Fator Sig.
Desenvolvimento do
empregado
0,14
Atendimento de qualidade 0,43
Direitos dos empregados 0,01
Meio ambiental e social 0,00
Engana (*) 0,12
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
100
Buscando identificar quais as faixas etárias que se diferenciavam entre si quanto a fatores de
Dignidade, realizou-se o Teste Scheffé, que indicou que o grupo 1, o mais jovem de todos,
avalia de forma mais negativa do que os demais os fatores “Respeito aos Direitos dos
Empregados e a “Favorecimento do Meio Ambiente e Social” (Tabela 30)
Considerando as características das novas gerações, incluindo-se a geração Y, La Taille e
Menin (2009) traz a visão de que estas novas gerações verão a sua ética questionada não só no
sentido da validade da sua ética, mas no sentido de alinhamento e convergência de interesses
de longo prazo - “que vida eu quero viver”?. Para eles pode-se entender que a mobilização de
um indivíduo para ações que expressem compromisso é dependente do nível de convergência
de “sentimentos” com a organização, ou melhor de valores. Para a autora Lombardia (2008,
p. 3) a geração Y já nasceu numa sociedade preocupada com a segurança. Essa percepção
pode sugerir que o Grupo 1 pesquisado valoriza questões relativas a sua segurança e a do
ambiente em que estão inseridos.
Os autores La Taille e Menin (2009) vê o valor dessas gerações, conforme o pensamento
abaixo:
“(...) como um investimento que nos move ou que nos faz agir e, portanto,
toda pessoa, em suas relações consigo e com os outros investe sua energia
em determinadas ações ou pessoas, ou ainda em ideias. Assim temos
caracterizado um valor. Determinado tem um sentido para o sujeito e é
investido pelos afetos que lhe conferem valor positivo ou negativo” (LA
TAILLE e MENIN, 2009, p. 17).
Tabela 30 - Teste Scheffé – Faixas etárias versus fatores de Dignidade
Legenda: Grupo 1: menor e igual a 30 anos; Grupo 2: 31 a 40 anos; Grupo 3: 41 a 50 anos; Grupo 4: mais de 50
anos;
Fonte: Dados da Pesquisa
Nome do Fator (I) Idade (J) Idade Diferença da
média (I-J) Sig.
Direitos dos empregados Grupo 1 Grupo 2 - 0,21 0,06
Grupo 3 - 0,22* 0,04
Grupo 4 - 0,23 0,06
Meio ambiental e social
1 Grupo 1 Grupo 2 - 0,21* 0,06
Grupo 3 - 0,22* 0,00
Grupo 4 - 0,51 0,00
4 Grupo 4 Grupo 1 - 0,51* 0,00
Grupo 2 - 0,30* 0,00
Grupo 3 - 0,22* 0,04
101
A Figura 9 a seguir destaca os principais pontos que foram identificados após a análise do
Objetivo 2, explorando as diferenças de percepção dos respondentes de diferentes faixas
etárias quanto aos fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de Dignidade.
Figura 9 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a variável
faixa etária.
Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da pesquisa.
• Independentemente da faixa
etária, os fatores que melhor
traduzem a vivência da
espiritualidade são “Alegria no
trabalho” e “Sentido de serviço”.
• Grupos com faixas etárias mais
elevadas (acima de 40 anos)
avaliam melhor os fatores relativos
à Espiritualidade.
• Menor percepção em relação aos
fatores “Sentido de comunidade”,
“Alinhamento de valores” e “Vida
interior”.
ESPIRITUALIDADE
DIGNIDADE
• Independentemente da faixa etária,
os fatores que melhor traduzem a
vivência da dignidade são “Respeito
aos empregados” e “Qualidade de
serviços prestados”.
• Fatores com menor vivência são
“Promove o desenvolvimento do
empegado” e “Favorece o meio
ambiental e social”.
102
4.3.3 Objetivo específico 3 - Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes níveis
de escolaridade quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de
Dignidade
A - ESPIRITUALIDADE
Também com relação à escolaridade, são os fatores Alegria no Trabalho e Sentido de Serviço
são os fatores que mais traduzem a vivência da espiritualidade, porém, o grupo que possui a
escolaridade mais elevada – mestrado e doutorado – parecem vivenciar esses fatores mais do
que os grupos com menor escolaridade (Tabela 31 e Gráfico 5).
Para verificar as diferenças entre as diferentes faixas etárias, aplicou-se o Teste Anova, que
indicou que apenas o fator “Sentido de Serviço” apresentava diferenciação significativa
quanto às faixas etárias (Tabela 32). Realizado o Teste Scheffé para identificar quais níveis
de escolaridade se diferenciavam quanto àquele fator, verificou-se que os indivíduos com o
maior nível de escolaridade (mestrado-doutorado) percebem-se realizando mais o fator
“Sentido de Serviço”, do que os demais com nível de escolaridade menor (Tabelas 32 e 33).
Tabela 31 - Médias e desvios padrão dos fatores de Espiritualidade por grupo de escolaridade.
Fator N Média Desvio
Padrão
Sentido de comunidade 1 Ensino médio - Superior 395 4,07 0,92
2 Especialização 551 4,06 0,94
3 Mestrado - Doutorado 212 3,97 0,94
Alinhamento com valores 1 Ensino médio - Superior 395 4,06 1,09
2 Especialização 551 3,99 1,07
3 Mestrado - Doutorado 212 4,09 1,05
Sentido de serviço 1 Ensino médio - Superior 395 4,68 1,01
2 Especialização 551 4,76 1,00
3 Mestrado - Doutorado 212 5,05 0,91
Alegria no trabalho 1 Ensino médio - Superior 395 4,67 1,16
2 Especialização 551 4,69 1,16
3 Mestrado - Doutorado 212 4,87 1,06
Vida Interior 1 Ensino médio - Superior 395 3,72 1,30
2 Especialização 551 3,68 1,46
3 Mestrado - Doutorado 212 3,71 1,49
Fonte: Dados da Pesquisa
103
Gráfico 5 - Médias por fator de Espiritualidade, de acordo com o nível de escolaridade
Tabela 32 - Diferenças entre grupos de diferentes níveis de escolaridade por fatores de
Espiritualidade
Fator Sig.
Sentido de comunidade 0,35
Alinhamento com valores 0,48
Sentido de serviço 0,00
Alegria no trabalho 0,11
Vida interior 0,90
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 33 - Teste Scheffé: Níveis de escolaridade versus fatores de Espiritualidade
Nome do Fator (I)
Escolaridade
(J)
Escolaridade
Diferença da
média (I-J) Sig.
Sentido de serviço Grupo 3 Grupo 1
Grupo 2
0,37* 0,00
0,29* 0,00
Legenda: Grupo 1: ensino médio/superior; Grupo 2: especialização; Grupo 3:mestrado/doutorado;
Fonte: dados da pesquisa
104
B - DIGNIDADE
Considerando o nível de escolaridade, também são os fatores de qualidade de serviços e
respeito aos direitos dos empregados os que são os mais percebidos pelos respondentes como
correspondendo à prática da Dignidade Organizacional. Chama a atenção às médias obtidas
pelo grupo de maior escolaridade (mestrado/doutorado) para os fatores Desenvolvimento do
Empregado e Favorecimento do Meio Ambiente. Os resultados sugerem que esse grupo é
menos crítico do que os demais em relação a esses fatores.
A aplicação do Teste Anova e Scheffé permitiu identificar que para esta amostra, de fato, a
escolaridade afeta a percepção dos respondentes quanto a avaliação dos dois fatores
mencionados, ao avaliarem a empresa em que trabalham, quando o nível de escolaridade é
muito elevado, como no caso dos indivíduos com mestrado e doutorado. Estes indivíduos
avaliaram de forma mais positiva do que os demais os fatores “Desenvolvimento de
empregados” e “Favorecimento do meio ambiente e social”
Tabela 34 - Médias e desvios padrão dos fatores de Dignidade por grupo de escolaridade.
Fator N Média Desvio
Padrão
Desenvolvimento do empregado 1 Ensino médio - Superior 395 2,75 0,88
2 Especialização 551 2,79 0,89
3 Mestrado - Doutorado 212 2,97 0,89
Atendimento de qualidade 1 Ensino médio - Superior 395 3,40 0,94
2 Especialização 551 3,45 0,89
3 Mestrado - Doutorado 212 3,52 0,92
Direitos dos empregados 1 Ensino médio - Superior 395 3,87 0,89
2 Especialização 551 3,93 0,90
3 Mestrado - Doutorado 212 3,95 0,94
Meio ambiental e social 1 Ensino médio - Superior 395 2,82 0,92
2 Especialização 551 2,92 0,88
3 Mestrado - Doutorado 212 3,04 0,89
Engana (*) 1 Ensino médio - Superior 395 1,53 0,72
2 Especialização 551 1,52 0,69
3 Mestrado - Doutorado 212 1,56 0,67
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
105
Engana - Fator com sentido invertido
Gráfico 6 - Médias por fator de Práticas de Dignidade Organizacional, de acordo com o nível
de escolaridade.
Tabela 35 - Diferenças entre os níveis de escolaridade quanto aos fatores de Dignidade
Fator Sig.
Desenvolvimento do
empregado
0,01
Atendimento de qualidade 0,25
Direitos dos empregados 0,44
Meio ambiental e social 0,01
Engana (*) 0,81
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 36 - Teste Scheffé – Níveis de escolaridade versus fatores de Dignidade
Nome do Fator (I) Idade (J) Idade Diferença da
média (I-J) Sig.
Desenvolvimento do
empregado
Grupo 3 Grupo 1
Grupo 2
0,22* 0,41
0,18* 0,36
Meio ambiental e social Grupo 3 Grupo 1 0,22
* 0,41
Grupo 2 0,12 0,29
Legenda: Grupo 1: ensino médio/superior; Grupo 2: especialização; Grupo 3:mestrado/doutorado;
Fonte: Dados da Pesquisa
106
Na Figura 10 abaixo, será apresentada uma síntese dos resultados mais relevantes obtidos a
partir da análise do objetivo 3, considerando a percepção dos indivíduos pesquisados,
conforme a variável escolaridade:
Figura 10 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a variável
escolaridade.
Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da pesquisa.
• Os fatores que melhor traduzem a
vivência da espiritualidade são
“Alegria no trabalho” e “Sentido de
serviço”.
• Escolaridade mais elevadas
(mestrado e doutorado) parecem
vivenciar melhor os fatores relativos
à Espiritualidade.
ESPIRITUALIDADE
DIGNIDADE
• Os fatores “Respeito aos
empregados” e “Qualidade de
serviços prestados” são os mais
percebidos pelos respondentes
• Maior grau de instrução avalia a
organização de forma mais positiva
os fatores “Desenvolvimento do
empegado” e “Favorece o meio
ambiental e social”.
107
4.3.4 Objetivo específico 4 - Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes tempos
de empresa quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de
Dignidade
A - ESPIRITUALIDADE
Apesar da Alegria no Trabalho e Sentido de Serviço serem os fatores que mais se destacaram,
os respondentes que tinham mais tempo de empresa parece ter avaliado melhor do que os
demais esses fatores, enquanto que aqueles que possuíam entre seis e onze anos de empresa
parece avaliarem melhor a empresa quanto à possibilidade de vivência da vida interior.
No entanto, ao aplicar-se o teste Anova e Scheffé, verificou-se que nesta amostra, os
indivíduos que se diferenciam quanto ao “Sentido de Serviço”, são aqueles que tinham 12 ou
mais anos de trabalho na empresa (Tabela 38 e 39), percebendo que vivenciam mais esse fator
de Espiritualidade do que os demais.
Tabela 37 - Médias e desvios padrão dos fatores de Espiritualidade por tempo de empresa
Fator N Média Desvio
Padrão
Sentido de comunidade 1. 0 – 2 anos 240 4,03 1,01
2. 3 – 5 anos 177 3,98 0,87
3. 6 – 11 anos 205 4,02 0,88
4. 12 e mais anos 260 4,06 0,95
Alinhamento com valores 1. 0 – 2 anos 240 4,04 1,11
2. 3 – 5 anos 177 3,90 1,08
3. 6 – 11 anos 205 4,07 0,92
4. 12 e mais anos 260 4,01 1,07
Sentido de serviço 1. 0 – 2 anos 240 4,63 1,10
2. 3 – 5 anos 177 4,73 1,00
3. 6 – 11 anos 205 4,73 0,93
4. 12 e mais anos 260 4,90 0,87
Alegria no trabalho 1. 0 – 2 anos 240 4,65 1,18
2. 3 – 5 anos 177 4,64 1,15
3. 6 – 11 anos 205 4,74 1,16
4. 12 e mais anos 260 4,78 1,05
Vida interior 1. 0 – 2 anos 240 3,61 1,48
2. 3 – 5 anos 177 3,57 1,38
3. 6 – 11 anos 205 3,88 1,39
4. 12 e mais anos 260 3,67 1,41
Fonte: Dados da Pesquisa
108
Gráfico 7 - Médias dos fatores de Espiritualidade, considerando o tempo de empresa
Tabela 38 - Diferenças entre os tempos de empresa quanto aos fatores de Espiritualidade
Fator Sig.
Sentido de comunidade 0,89
Alinhamento com valores 0,45
Sentido de serviço 0,02
Alegria no trabalho 0,48
Vida interior 0,12
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 39 - Teste Scheffé – Tempos de empresa versus fatores de Espiritualidade
Fator (I) Tempo (J) Tempo Diferença da
média (I-J) Sig.
Sentido de serviço
Grupo 1 Grupo 2 - 0,10 0,76
Grupo 3 - 0,11 0,73
Grupo 4 - 0,28* 0,09
Legenda: Grupo 1: 0 – 2 anos; Grupo 2: 3 – 5 anos; Grupo 3: 6 – 11 anos; Grupo 4: 12 e mais anos;
Fonte: Dados da Pesquisa
B - DIGNIDADE
Quanto às Práticas de Dignidade, o grupo que possui tempo de empresa entre seis e onze anos
parece ser aquele que melhor avalia a empresa. Como ocorreu com relação a outras variáveis
os fatores que mais se destacam são a qualidade do atendimento e o respeito ao direito dos
empregados.
As médias alcançadas pelo grupo que tem entre seis a onze anos de organização tendem a
avaliar melhor a empresa quanto aos fatores de Dignidade, excetuando-se “Não enganar
109
Stakeholders” e “Atendimento de Qualidade”. Com a aplicação do teste ANOVA, verificou-
se, no entanto, que apenas no fator “Favorecimento do Meio Ambiente e Social” existe de fato
diferença entre as faixas de tempo de empresa da amostra.
Com o teste Scheffé foi possível verificar que a diferença ocorre com relação aos indivíduos
que têm 06 ou mais anos de empresa quando comparados com o grupo 1, que tem dois ou
menos anos de empresa. Os que têm mais tempo de empresa tendem a ver de forma mais
positiva as ações da empresa com relação a práticas de favorecimento do meio ambiente e
social.
Engana - Fator com sentido invertido
Gráfico 8 - Médias dos fatore de Práticas de Dignidade, considerando o tempo de empresa
Tabela 40 - Diferenças entre os tempos de empresa quanto aos fatores de Dignidade
Fator Sig.
Desenvolvimento do
empregado 0,72
Atendimento de qualidade 0,61
Direitos dos empregados 0,24
Meio ambiental e social 0,00
Engana (*) 0,68
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
110
Tabela 41- Teste Scheffé – Tempo de empresa versus fatores de Dignidade
Fator (I) Tempo (J) Tempo Diferença da
média (I-J) Sig.
Meio ambiental e social
Grupo 1 Grupo 2 - 0,15 0,40
Grupo 3 - 0,35* 0,00
Grupo 4 - 0,29* 0,03
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 42 - Médias e desvios padrão dos fatores de Dignidade por tempo de empresa.
Fator N Média Desvio
Padrão
Desenvolvimento do
empregado
1. 0 – 2 anos 240 2,81 0,88
2. 3 – 5 anos 177 2,74 0,84
3. 6 – 11 anos 205 2,84 0,87
4. 12 e mais anos 260 2,78 0,86
Total 882 2,80 0,86
Atendimento de qualidade 1. 0 – 2 anos 240 3,45 0,89
2. 3 – 5 anos 177 3,37 0,89
3. 6 – 11 anos 205 3,45 0,91
4. 12 e mais anos 260 3,37 0,92
Total 882 3,41 0,90
Direitos dos empregados 1. 0 – 2 anos 240 3,85 0,92
2. 3 – 5 anos 177 3,88 0,89
3. 6 – 11 anos 205 4,01 0,90
4. 12 e mais anos 260 3,92 0,85
Total 882 3,92 0,89
Meio ambiental e social 1. 0 – 2 anos 240 2,69 0,85
2. 3 – 5 anos 177 2,84 0,85
3. 6 – 11 anos 205 3,04 0,88
4. 12 e mais anos 260 2,98 0,87
Total 882 2,89 0,87
Engana (*) 1. 0 – 2 anos 240 1,57 0,77
2. 3 – 5 anos 177 1,53 0,57
3. 6 – 11 anos 205 1,49 0,67
4. 12 e mais anos 260 1,52 0,69
Total 882 1,53 0,69
Fonte: Dados da Pesquisa
(*) Fator com sentido invertido
111
Com o intuito de fornecer uma visão resumida sobre os principais aspectos analisados no
Objetivo 4, a Figura 11 traz a diferença de percepção dos respondentes, segundo os diferentes
tempos de empresa que estes apresentam:
Figura 11 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a variável
tempo de empresa.
Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da pesquisa.
• Maior tempo de empresa avalia com
destaque na sua vivência os fatores
“Alegria no trabalho” e “Sentido de
serviço”.
• Respondentes entre 06 e 11 anos
avaliam melhor quanto à
“Oportunidade de vivência da vida
interior”.
ESPIRITUALIDADE
DIGNIDADE
• Maior vivência ficou concentrada no
grupo com tempo igual ou superior
a 12 anos de empresa.
• Fatores “Qualidade no
atendimento” e “Respeito ao direito
dos empregados” foram mais
destacados positivamente.
112
4.3.5 Objetivo específico 5 - Identificar diferenças entre indivíduos que trabalham em
empresas de diferentes tamanhos quanto à avaliação de fatores relativos à
Espiritualidade e Práticas de Dignidade
A - ESPIRITUALIDADE
Considerando o tamanho da empresa em que os respondentes trabalhavam quando
responderam o questionário, o resultado repete-se, de certa forma, como quando foram
consideradas outras variáveis. São os fatores Alegria no Trabalho e Sentido de Serviço que
parecem ser os mais vivenciados. Quanto a diferenças intragrupos, as micro e pequenas
empresas parecem ser aquelas que oferecem aos empregados melhores possibilidades de
vivenciar os fatores de Espiritualidade.
As micro e pequenas empresas, seguidas das médias empresas, mas com destaque para as
primeiras mostram-se como sendo aquelas que os respondentes parecem vivenciar mais os
fatores de espiritualidade. Como ocorreu com relação às demais variáveis, a Alegria no
Trabalho e sentido de serviço foram os fatores que mais traduziram a espiritualidade no
trabalho.
O teste Anova revelou que os fatores de Espiritualidade variam de acordo com o tamanho da
empresa em que os respondentes trabalhavam quando responderam a pesquisa, em todos os
fatores menos o fator Sentido de Serviço. O teste Scheffé, por sua vez, permitiu identificar
que os indivíduos que trabalham em empresas micro e pequenas que avaliam melhor a
vivência dos fatores de Espiritualidade, do que aqueles que trabalham em empresas maiores.
Gráfico 9 - Médias de fatores de Espiritualidade, considerando o tamanho da empresa
113
Tabela 43 - Médias e desvios padrão dos fatores de Espiritualidade por tamanho de empresa.
Fator N Média Desvio
Padrão
Sentido de comunidade 1 Micro – pequena 176 4,32 0,94
2 Média 286 4,07 0,85
3 Grande 548 3,95 0,96
4 Multinacional 120 4,01 0,86
Total 1130 4,05 0,93
Alinhamento com valores 1 Micro – pequena 176 4,41 1,05
2 Média 286 4,03 1,09
3 Grande 548 3,90 1,03
4 Multinacional 120 4,05 1,10
Total 1130 4,03 1,07
Sentido de serviço 1 Micro – pequena 176 4,83 1,00
2 Média 286 4,79 0,99
3 Grande 548 4,79 0,97
4 Multinacional 120 4,59 1,14
Total 1130 4,78 1,00
Alegria no trabalho 1 Micro – pequena 176 4,83 1,17
2 Média 286 4,84 1,06
3 Grande 548 4,65 1,16
4 Multinacional 120 4,54 1,25
Total 1130 4,71 1,15
Vida interior 1 Micro – pequena 176 4,00 1,38
2 Média 286 3,83 1,42
3 Grande 548 3,61 1,41
4 Multinacional 120 3,41 1,33
Total 1130 3,70 1,41
Fonte: Dados da Pesquisa
114
Tabela 44 - Diferenças entre tamanho de empresa quanto aos fatores de Espiritualidade
Fator Sig.
Sentido de comunidade 0,00
Alinhamento com valores 0,00
Sentido de serviço 0,19
Alegria no trabalho 0,02
Vida interior 0,00
Fonte: dados pesquisa
Tabela 45 - Teste Scheffé – Tamanho de empresa versus fatores de Espiritualidade
Fator (I) Tamanho (J) Tamanho Diferença da
média (I-J) Sig.
Sentido de
comunidade
Grupo 1
Grupo 2 0,25* 0,05
Grupo 3 0,37* 0,00
Grupo 4 0,31* 0,05
Alinhamento com
valores
Grupo 1
Grupo 2 0,39* 0,00
Grupo 3 0,52* 0,00
Grupo 4 0,36* 0,04
Vida interior
Grupo 1
Grupo 2 0,17 0,65
Grupo 3 0,39* 0,02
Grupo 4 0,59* 0,01
Legenda: Grupo 1: micro/pequena; Grupo 2: média; Grupo 3:grande; Grupo 4: multinacional;
Fonte: Dados da Pesquisa
B - DIGNIDADE
Quanto aos fatores de Práticas de Dignidade Organizacional, Atendimento de Qualidade,
parece ser a micro e pequena empresa as que do ponto de vista da relação com o cliente as que
mais se destacam. Já quanto ao Desenvolvimento dos Empregados, as multinacionais e as
micro e pequenas empresas parecem ser as que se destacam na opinião dos respondentes.
Quanto ao Respeito aos Direitos dos Empregados, na opinião dos respondentes, parece ser
tanto as micro e pequenas empresas como as multinacionais as que se destacam. Contudo,
com relação ao Favorecimento do Meio-Ambiente, as médias obtidas pelas multinacionais
sugerem serem estas as que mais se destacam. Em contrapartida, não esquecendo que os
resultados do fator ‘Não engana os stakeholders’ deve ser interpretado ao contrário, e também
foram as multinacionais as que mais se destacaram.
115
Independentemente, do tamanho da empresa, como aconteceu quando outras variáveis foram
consideradas, mantiveram-se os fatores Qualidade de Serviços e Respeito ao Direito dos
Empregados, como sendo os mais praticados.
Mediante o teste ANOVA foi possível verificar que o único fator que não se diferencia
quando considerado o tamanho da empresa, foi o fator Direitos dos Empregados, significando
que os empregados independentemente do tamanho da empresa avaliam no mesmo grau as
práticas de Dignidade realizadas pelas empresas em que trabalham quanto a esse fator.
O teste Scheffé, por sua vez mostrou que: os indivíduos que trabalham em micro e pequenas
empresas, assim como aqueles que trabalham em multinacionais percebem mais do que os
outros as práticas da empresa orientadas para o desenvolvimento do empregado; os
respondentes que trabalham em micro e pequenas empresas avaliaram melhor as suas
empresas com relação ao fator Atendimento de Qualidade, do que aqueles que trabalham em
médias e grandes empresas.
Os empregados que responderam a pesquisa e trabalham em multinacionais avaliaram melhor
a sua empresa quanto a práticas de Dignidade relativas ao ‘Meio ambiente e meio social’ do
que aqueles que trabalham em micro, pequenas, médias e grandes empresas que não são
multinacionais.
Quanto à ‘Não enganar os stakeholders’, os empregados das micro e pequenas empresas
avaliaram melhor as empresas onde trabalham com relação a práticas de transparência com os
stakeholders, de modo a não enganá-los.
Engana - Fator com sentido invertido
Gráfico 10 - Médias dos fatores de Práticas de Dignidade, considerando o tamanho da
empresa.
116
Tabela 46 - Médias e desvios padrão dos fatores de Dignidade por tamanho de empresa.
Fator N Média Desvio
Padrão
Desenvolvimento do
empregado
1 Micro – pequena 176 3,08 1,00
2 Média 286 2,79 0,89
3 Grande 548 2,67 0,81
4 Multinacional 120 3,10 0,93
Atendimento de
qualidade
1 Micro – pequena 176 3,81 0,93
2 Média 286 3,47 0,90
3 Grande 548 3,31 0,88
4 Multinacional 120 3,54 0,89
Direitos dos
empregados
1 Micro – pequena 176 3,99 0,99
2 Média 286 3,88 0,95
3 Grande 548 3,87 0,86
4 Multinacional 120 4,05 0,90
Meio ambiental e
social
1 Micro – pequena 176 2,83 0,95
2 Média 286 2,85 0,94
3 Grande 548 2,90 0,81
4 Multinacional 120 3,24 1,05
Engana (*) 1 Micro – pequena 176 1,39 0,63
2 Média 286 1,51 0,68
3 Grande 548 1,57 0,68
4 Multinacional 120 1,63 0,84
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 47 - Diferenças quanto ao tamanho da empresa com relação aos fatores de Dignidade
Fator Sig.
Desenvolvimento do
empregado 0,00
Atendimento de qualidade 0,00
Direitos dos empregados 0,15
Meio ambiental e social 0,00
Engana (*) 0,01
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
117
Tabela 48 - Teste Scheffé – Tamanho de empresa versus fatores de Dignidade
Fator (I) Tamanho (J) Tamanho Diferença da
média (I-J) Sig.
Desenvolvimento
do empregado
Grupo 1 Grupo 2 0,30* 0,01
Grupo 3 0,41* 0,00
Grupo 4 -0,02 1,00
Grupo 4
Grupo 1 0,02 1,00
Grupo 2 0,31* 0,01
Grupo 3 0,42* 0,00
Atendimento de
qualidade
Grupo 1 Grupo 2 0,34* 0,00
Grupo 3 0,50* 0,00
Grupo 4 0,28 0,08
Meio ambiental e
social
Grupo 4 Grupo 1 0,41* 0,00
Grupo 2 0,38* 0,00
Grupo 3 0,33* 0,00
Engana (*)
Grupo 1 Grupo 2 -0,18 0,36
Grupo 3 -0,18* 0,03
Grupo 4 -0,23* 0,04
Legenda: Grupo 1: micro/pequena; Grupo 2: média; Grupo 3:grande; Grupo 4: multinacional;
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
Para ilustrar os resultados obtidos com a análise do Objetivo 5, que tratou a variável tamanho
de empresa, será apresentado na Figura 12 um resumo contendo as diferentes avaliações dos
respondentes relativas à Espiritualidade e Práticas de Dignidade, conforme o tamanho da
empresa em que estes trabalham:
118
Figura 12 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a variável
tamanho de empresa.
Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da pesquisa.
4.3.6 Objetivo específico 06 - Identificar diferenças entre indivíduos que trabalham em
empresas de diferentes tipos quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e
Práticas de Dignidade
A - ESPIRITUALIDADE
A empresa privada parece destacar-se das demais quando se trata de vivenciar a Alegria no
Trabalho, Alinhamento com Valores e Sentido de Comunidade. Já a empresa publica se
destaca quanto ao Sentido de Serviço e aquelas que não são publicas e nem privadas, como
ONGs, cooperativas e outras parece oferecerem maior possibilidade de vivência da vida
• “Alegria no trabalho” e “Sentido de
serviço” são os fatores que refletem
melhor vivência.
• Micro, pequenas e médias empresas
oferecem melhores possibilidades de
vivência.
ESPIRITUALIDADE
DIGNIDADE
• Os fatores “Atendimento de
qualidade” são melhor percebidos
pelas micro e pequenas empresas.
• “Respeito ao direito dos
empregados” é percebido em todos
os tamanhos de empresa.
• Multinacionais oferecem maior
vivência em relação ao fator
“Favorece o meio ambiental e
social”.
119
interior. Alegria no Trabalho e Sentido de Serviço foram os fatores que se destacaram
independentemente do tipo de empresa.
A aplicação do Teste ANOVA, permitiu verificar que apenas o fator “Vida Interior” sofreu
influência do tipo de organização. O teste Scheffé, mostrou que as organizações que não são
privadas e nem públicas, como as associações, cooperativas etc, são as que mais se destacam
quanto a oportunidades para vivência da vida interior, enquanto que a que menos oferece essa
possibilidade é organização pública (Tabela 51).
Tabela 49 - Médias e desvios padrão dos fatores de Espiritualidade por tipo de organização.
Fator N Média Desvio
Padrão
Sentido de comunidade 1 Pública 309 3,82 1,03
2 Privada 757 4,14 0,88
3 Outras 92 4,06 0,90
Total 1158 4,05 0,93
Alinhamento com valores 1 Pública 309 3,84 1,02
2 Privada 757 4,12 1,07
3 Outras 92 3,90 1,16
Total 1158 4,03 1,07
Sentido de serviço 1 Pública 309 4,86 0,93
2 Privada 757 4,75 1,02
3 Outras 92 4,79 1,04
Total 1158 4,78 1,00
Alegria no trabalho 1 Pública 309 4,55 1,17
2 Privada 757 4,79 1,12
3 Outras 92 4,63 1,17
Total 1158 4,72 1,14
Vida interior 1 Pública 309 3,59 1,39
2 Privada 757 3,70 1,40
3 Outras 92 4,02 1,50
Total 1158 3,70 1,41
Fonte: Dados da Pesquisa
120
Gráfico 11 - Médias dos fatores de Espiritualidade, de acordo com o tipo de empresa
Tabela 50 - Diferenças quanto ao tamanho da empresa com relação aos fatores de Dignidade
Fator Sig.
Sentido de comunidade 0,15
Alinhamento com valores 0,17
Sentido de serviço 0,16
Alegria no trabalho 0,22
Vida interior 0,03
Tabela 51 - Teste Scheffé: Tipos de organização versus fatores de Espiritualidade
Fator (I) Org (J) Org Diferença da
média (I-J) Sig.
Vida interior Grupo 1 Grupo 2 -0,21 0,40
Grupo 3 -0,68* 0,03
Legenda: Grupo 1: pública; Grupo 2: privada; Grupo 3:outras;
B - DIGNIDADE
No que se refere aos fatores de Práticas de Dignidade, a empresa privada foi melhor avaliada
pelos respondentes quer quanto à qualidade dos serviços, quer quanto ao desenvolvimento do
empregado. Já quanto ao respeito aos direitos dos empregados equiparou-se a outros tipos de
organização, porém excetuando as públicas, que neste fator, foram as que receberam a menor
avaliação. O Favorecimento do Meio Ambiente foi o fator melhor avaliado por respondentes
121
que trabalhavam em organizações que não eram nem as públicas e nem as privadas, mas
ONGs, cooperativas, sindicatos, entre outras.
Assim como no tratamento de dados relativos a outras variáveis, quando considerado o tipo
de empresa, também os fatores de qualidade de atendimento e respeito ao direito dos
empregados, se destacam.
A aplicação do teste ANOVA confirmou que os fatores de Dignidade variam de acordo com o
tipo de organização e o teste Scheffé (Tabela 54) indicou que os empregados das organizações
públicas foram mais críticos ao avaliar as organizações em que trabalham quer quanto a
práticas que visem o desenvolvimento do empregado, quer quanto à qualidade de serviços em
comparação com os empregados de empresas privadas e também mais críticos com relação a
práticas de respeito ao direito dos empregados quando comparados não só com as empresas
privadas, mas também com os demais tipos de organização.
Tabela 52 - Médias e desvios padrão dos fatores de Dignidade por tipo de organização.
Fator N Média Desvio
Padrão
Desenvolvimento do empregado 1 Pública 309 2,53 0,75
2 Privada 757 2,92 0,92
3 Outras 92 2,84 0,90
Total 1158 2,81 0,89
Atendimento de qualidade 1 Pública 309 3,07 0,85
2 Privada 757 3,60 0,91
3 Outras 92 3,45 0,81
Total 1158 3,44 0,91
Direitos dos empregados 1 Pública 309 3,61 0,77
2 Privada 757 4,01 0,93
3 Outras 92 4,08 0,88
Total 1158 3,91 0,91
Meio ambiental e social 1 Pública 309 2,83 0,76
2 Privada 757 2,91 0,94
3 Outras 92 3,14 0,90
Total 1158 2,91 0,90
Engana (*) 1 Pública 309 1,55 0,64
2 Privada 757 1,51 0,71
3 Outras 92 1,60 0,76
Total 1158 1,53 0,70
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
122
Engana - Fator com sentido invertido
Gráfico 12 - Médias dos fatores de Práticas de Dignidade, de acordo com o tipo de empresa
Tabela 53 - Diferenças quanto ao tipo de empresa com relação aos fatores de Dignidade
Fator Sig.
Desenvolvimento do
empregado 0,01
Atendimento de qualidade 0,00
Direitos dos empregados 0,00
Meio ambiental e social 0,19
Engana (*) 0,31
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 54 - Teste Scheffé - Tipos de organização versus Fatores de Dignidade
Fator (I) Org (J) Org Diferença da
média (I-J) Sig.
Desenvolvimento do
empregado
Grupo 1 Grupo 2 -0,30* 0,01
Grupo 3 -0,20 0,44
Atendimento de qualidade Grupo 1 Grupo 2 -0,41* 0,00
Grupo 3 -0,23 0,31
Direitos dos empregados Grupo 1 Grupo 2 -0,44* 0,00
Grupo 3 -0,50* 0,01
Legenda: Grupo 1: pública; Grupo 2: privada; Grupo 3:outras;
123
A Figura 13, a seguir, se propõe a oferecer uma síntese dos elementos que foram mais
realçados no Objetivo 6 e que apresenta a diferença de percepção dos indivíduos pesquisados
em relação aos fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de Dignidade, considerando-se
empresas de diferentes tipos:
Figura 13 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a
variável tipo de empresa.
Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da pesquisa.
• Empresa privada destaca-se em
relação a “Alegria no trabalho”,
“Alinhamento com os Valores” e
“Sentido de comunidade”.
• O grupo das ONG’s, Cooperativas e
Associações vivenciam maior
“Oportunidade de vida interior”.
• “Alegria no trabalho” e “Sentido de
serviço” são fatores percebidos,
independentemente do tipo de
empresa.
ESPIRITUALIDADE
DIGNIDADE
• Empresa pública percebe melhor
os “Direitos do empregado”.
• Empresa privada avalia melhor
“Qualidade de serviço”..
• Empresas privadas e públicas
percebem menos o fator “Promove
o desenvolvimento do
empregado”.
• “Favorece o meio ambiental e
social” é mais vivenciado - ONG’s,
Cooperativas e Associações.
124
4.4 COMPARAÇÃO ENTRE GESTORES E NÃO GESTORES
4.4.1 Objetivo específico 7 - Identificar diferenças entre indivíduos de cargos gerenciais e
não gerenciais quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de
Dignidade
Para atender a este objetivo, incialmente apresenta-se uma comparação quanto às
características individuais dos dois grupos: gestores e não gestores. Em seguida procede-se a
uma análise descritiva e inferencial dos fatores de Espiritualidade e Dignidade
4.4.2 Características das amostras
Tabela 55 - Gênero: Gestores x Não Gestores
Gênero Gestores Não Gestores
F FR Frac F FR Frac
1 Masculino 311 51,1 51,1 195 35,8 35,8
2 Feminino 298 48,9 100,0 350 64,2 100,0
Total 609 100,0 545 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 56 - Idade: Gestores x Não Gestores
Idade Gestores Não Gestores
F FR Frac F FR Frac
5. Menor e igual a 30 anos 71 12,0 12,0 149 27,6 27,6
6. 31 a 40 anos 194 32,8 44,8 159 29,4 57,0
7. 41 a 50 anos 197 33,3 78,0 132 24,4 81,5
8. Mais de 50 anos 130 22,0 100,0 100 18,5 100,0
Total 592 100,0 540 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 57 - Escolaridade: Gestores x Não Gestores
Escolaridade Gestores Não Gestores
F FR Frac F FR Frac
1 Ensino médio - Superior
2 Especialização
3 Mestrado – Doutorado
Total
162 26,6 26,6 231 42,5 42,5
316 51,9 78,5 234 43,0 85,5
131 21,5 100,0 79 14,5 100,0
609 100,0 544 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
125
Tabela 58 - Tipo de Organização: Gestores x Não Gestores
Tipo de organização F FR Frac F FR Frac
1 Pública 116 19,0 19,0 189 34,8 34,8
2 Privada 447 73,3 92,3 309 56,9 91,7
3 Outras 47 7,7 100,0 45 8,3 100,0
Total 610 100,0 543 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 59 - Tamanho da empresa: Gestores x Não Gestores
Tamanho F FR Frac F FR Frac
1 Micro – pequena 111 18,4 18,4 65 12,4 12,4
2 Média 183 30,3 48,8 102 19,5 31,9
3 Grande 245 40,6 89,4 300 57,4 89,3
4 Multinacional 64 10,6 100,0 56 10,7 100,0
Total 603 100,0 523 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 60 - Tempo de empresa: Gestores x Não Gestores
Tempo de casa F FR Frac F FR Frac
1. 0 – 2 anos 121 26,4 26,4 118 28,0 28,0
2. 3 – 5 anos 97 21,1 47,5 80 19,0 47,0
3. 6 – 11 anos 107 23,3 70,8 97 23,0 70,1
4. 12 e mais anos 134 29,2 100,0 126 29,9 100,0
Total 459 100,0 421 100,0
Fonte: Dados da Pesquisa
A - ESPIRITUALIDADE
Os fatores de espiritualidade mais vivenciados são os fatores Alegria no Trabalho e Sentido
de Serviço, como foi percebido com relação a outras variáveis já estudadas neste item, no
entanto, a diferença entre quem tem cargo de gerente e não gerente parece ser mais visível do
que entre os grupos das outras variáveis estudas até este momento. Quanto ao cargo, os dados
sugerem que os gerentes se percebem vivenciando mais a espiritualidade na empresa do que
aqueles que não ocupam cargos de gerência.
126
Para identificar diferenças estatísticas significativas foi aplicado o Teste T para amostras
independentes e verificou-se que ambos os grupos diferenciam-se entre si com relação a todos
os fatores de espiritualidade. Os ocupantes de cargos gerenciais consideraram que vivenciam
mais todos os fatores de Espiritualidade do que os outros. (Tabela 61)
Tabela 61 - Médias e desvios padrão dos fatores de Espiritualidade por cargo.
Fator Cargo N Média
Desvio
Padrão
Sentido de comunidade 1 Gerencial 610 4,22 0,84
2 Não gerencial 546 3,87 0,99
Alinhamento com
valores
1 Gerencial 610 4,21 1,03
2 Não gerencial 546 3,84 1,09
Sentido de serviço 1 Gerencial 610 4,94 0,92
2 Não gerencial 546 4,60 1,04
Alegria no trabalho 1 Gerencial 610 4,94 1,04
2 Não gerencial 546 4,48 1,20
Vida interior 1 Gerencial 610 3,78 1,47
2 Não gerencial 546 3,62 1,34
Fonte: Dados da Pesquisa
Gráfico 13 - Médias dos fatores de Espiritualidade, considerando o cargo
Fonte: dados da Pesquisa
127
Tabela 62 - Diferenças entre os ocupantes de cargos gerenciais e não gerenciais quanto aos
Fatores de Espiritualidade
Fator Sig.
Sentido de comunidade 0,00
Alinhamento com valores 0,00
Sentido de serviço 0,00
Alegria no trabalho 0,00
Vida interior 0,06
Fonte: Dados da Pesquisa
B - DIGNIDADE
Da mesma forma que nas variáveis até agora apresentadas, Qualidade de Serviços e Respeito
ao Direito dos Empregados são os fatores com as melhores médias, e alinhado com o
resultado para Espiritualidade, também no caso das práticas de dignidade, os gerentes
parecem ter um ponto de vista mais favorável em relação à empresa do que os respondentes
que não ocupavam cargos de gerência.
Tabela 63 - Médias e desvios padrão dos fatores de Dignidade por cargo.
Fator Cargo N Média
Desvio
Padrão
Desenvolvimento do
empregado
1 Gerencial
2 Não gerencial
610
546
3,00
2,60
0,91
0,82
Atendimento de qualidade 1 Gerencial
2 Não gerencial
610
546
3,64
3,22
0,89
0,88
Direitos dos empregados 1 Gerencial
2 Não gerencial
610
546
4,05
3,76
0,90
0,89
Meio ambiental e social 1 Gerencial
2 Não gerencial
610
546
3,00
2,81
0,91
0,87
Engana (*) 1 Gerencial
2 Não gerencial
610
546
1,47
1,60
0,70
0,69
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
128
Engana - Fator com sentido invertido
Gráfico 14 - Médias dos fatores de Práticas de Dignidade, considerando o cargo
A aplicação do Teste T para amostras independentes mostrou que os ocupantes de
cargos gerenciais tendem a avaliar mais positivamente a práticas de todos os fatores
de Dignidade praticados pelas empresas em que trabalham, do que aqueles que não
ocupam cargos gerenciais.
Tabela 64 - Diferenças entre os ocupantes de cargos gerenciais e não gerenciais
quanto a Fatores de Dignidade
Fator Sig.
Desenvolvimento do
empregado
0,00
Atendimento de qualidade 0,00
Direitos dos empregados 0,00
Meio ambiental e social 0,00
Engana (*) 0,00
(*) Fator com sentido invertido
Fonte: Dados da Pesquisa
129
Com o propósito de ressaltar as contribuições mais destacados na análise do Objetivo 7, a
seguir será apresentada a Figura 14, compreendendo as diferenças de avaliação entre
indivíduos de cargos gerenciais e não gerenciais quanto aos fatores relativos à Espiritualidade
e Práticas de Dignidade:
Figura 14: Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se as diferenças
entre cargos gerenciais e não gerenciais.
Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da pesquisa.
• Cargos gerenciais vivenciam melhor
todos os fatores relativos à
Espiritualidade.
• Gestores, mais acentuadamente,
vivenciam mais “Alegria no
trabalho” e “Sentido de serviço”.
ESPIRITUALIDADE
DIGNIDADE
• Cargos gerenciais avaliam melhor os
fatores relativos à Dignidade.
• “Qualidade de serviços” e “Respeito
ao direito dos empregados” são os
fatores com melhores médias.
130
4.5 Relação entre os fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade na
avaliação de gestores e não gestores
4.5.1 Validade convergente dos construtos
Antes de analisar a relação entre as variáveis do constructo, optou-se por analisar a
relação entre as variáveis de cada um dos constructos, a fim de analisar a validade
convergente.
A relação entre os fatores de Espiritualidade foi analisada mediante a análise de
correlação bivariada de Spearman. Verificou-se que todos os fatores estão
correlacionados entre si, traduzindo a validade convergente do constructo. Note-se
também, que o fator Alinhamento com Valores é um fator chave, pois apresentou as
correlações mais elevadas com os demais fatores, indicando que quanto mais os
empregados estiverem alinhados com os valores da organização em que trabalham, mais
se percebem vivenciando os demais fatores de Espiritualidade.
Tabela 65 - Relação entre os fatores de Espiritualidade
Sentido de
comunidade
Alinhamento
com valores
Sentido de
serviço
Alegria no
trabalho
Vida
interior
Sentido de comunidade 1,00 0,56**
0,36**
0,46**
0,26**
Alinhamento com valores 0,56**
1,00 0,50**
0,62**
0,36**
Sentido de serviço 0,36**
0,50**
1,00 0,60**
0,23**
Alegria no trabalho 0,46**
0,62**
0,60**
1,00 0,28**
Vida interior 0,26**
0,36**
0,23**
0,28**
1,00
** sig 0,05
Fonte: Dados da Pesquisa
A correlação entre os fatores de dignidade mostrou que todos eles se relacionam entre
si, e que o fator “Engana os stakeholders” apresenta, conforme o esperado, uma
correlação negativa em relação aos demais. As correlações atestam a validade
convergente do constructo. A análise das correlações mostra que o desenvolvimento do
empregado associa-se fortemente com o atendimento de qualidade.
Espiritualidade
Espiritualidade
131
Tabela 66 - Relação entre os fatores de Dignidade
Desenv. do
empregado
Atendimento
de qualidade
Direitos dos
empregados
Meio
ambiental
e social
Engana
(*)
Desenv. do empregado 1,00 0,71**
0,55**
0,68**
- 0,42**
Atendimento de qualidade 0,71**
1,00 0,66**
0,63**
- 0,41**
Direitos dos empregados 0,55**
0,66**
1,00 0,52**
- 0,34**
Meio ambiental e social 0,68**
0,63**
0,52**
1,00 - 0,35**
Engana (*) - 0,42**
- 0,41**
- 0,34**
- 0,35**
1,00
(*) Fator com sentido invertido
** Sig 0,05
4.5.2 Relação entre os fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade e na
avaliação dos gestores
Tabela 67 - Relação entre os fatores de Práticas de Dignidade e Espiritualidade na
avaliação de gestores
Desenv. do
empregado
Atendimento
de qualidade
Direitos dos
empregados
Meio
ambiental e
social
Engana
(*)
Sentido de comunidade 0,35**
0,30**
0,24**
0,24**
-0,21**
Alinhamento com valores 0,68**
0,58**
0,40**
0,56**
-0,45**
Sentido de serviço 0,39**
0,39**
0,25**
0,40**
-0,20**
Alegria no trabalho 0,48**
0,44**
0,28**
0,39**
-0,25**
Vida interior 0,31**
0,27**
0,22**
0,31**
-0,25**
(*) Fator com sentido invertido
** Sig 0,05
Dignidade
Dignidade
Espiritualidade
Dignidade
132
4.5.3 Relação entre os fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade na
avaliação de não gestores
Tabela 68 - Relação entre os fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade na
avaliação de não gestores
Desenv. do
empregado
Atendimento
de qualidade
Direitos dos
empregados
Meio
ambiental e
social
Engana
(*)
Sentido de comunidade 0,32**
0,21**
0,12**
0,22**
-0,21**
Alinhamento com valores 0,63**
0,45**
0,31**
0,48**
-0,45**
Sentido de serviço 0,30**
0,21**
0,16**
0,32**
-0,18**
Alegria no trabalho 0,47**
0,35**
0,27**
0,36**
-0,29**
Vida interior 0,25**
0,13**
0,09* 0,13
** -0,22
**
(*) Fator com sentido invertido
** Sig 0,05
4.5.4 a Relação entre os fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade na
avaliação de gestores e não gestores
Tabela 69 - Relação entre os fatores de Espiritualidade e Dignidade na avaliação de
gestores e não gestores
Desenv. do
empregado
Atendimento
de qualidade
Direitos dos
empregados
Meio
ambiental e
social
Engana
(*)
Sentido de comunidade 0,35**
0,28**
0,21**
0,24**
- 0,23**
Alinhamento com valores 0,66**
0,52**
0,38**
0,52**
- 0,47**
Sentido de serviço 0,36**
0,33**
0,24**
0,37**
- 0,22**
Alegria no trabalho 0,50**
0,43**
0,30**
0,39**
- 0,30**
Vida interior 0,29**
0,21**
0,18**
0,24**
- 0,24**
(*) Fator com sentido invertido
** Sig 0,05
A correlação entre os fatores de Espiritualidade e Dignidade mostrou que há relação
entre todos os fatores de ambos os constructos, sendo que a maior correlação encontrada
foi entre o fator de Espiritualidade, “Alinhamento com Valores” e “Desenvolvimento do
Empregado”.
Espiritualidade
Dignidade
Espiritualidade
Dignidade
133
Os resultados relativos à correlação entre fatores de Espiritualidade e Dignidade
mostrou que a relação entre ambos é estável, independentemente do cargo e que,
portanto, há indícios de que o cargo não influi nessa relação. Com base nos achados
desta pesquisa observa-se que numa análise geral alguns resultados mereceram destaque
ao longo de todo o trabalho, sendo estes apresentados nos Quadros 8 e 9, a seguir:
ESPIRITUALIDADE
F2 - ALINHAMENTO COM VALORES
Sinto-me ligado aos objetivos da minha organização
F3 - SENTIDO DE SERVIÇO
O trabalho que eu realizo está relacionado com aquilo que considero importante na vida
Vejo que existe uma ligação entre o meu trabalho e os benefícios para a sociedade
como um todo
Quando trabalho, sinto que sou útil à sociedade
F4 - ALEGRIA NO TRABALHO
Sinto alegria no meu trabalho
Na maior parte dos dias, é com prazer que venho para o trabalho
Quadro 8 - Espiritualidade - Fatores e assertivas melhor avaliados com percentual igual ou
superior a 50% (Fonte: Elaborado pela Autora)
PRÁTICAS DE DIGNIDADE
F2 - OFERECE PRODUTOS E SERVIÇOS DE QUALIDADE
Sinto-me ligado aos objetivos da minha organização
F3 - DIREITOS DOS EMPREGADOS
Contrata pela CLT (legislação trabalhista)
Paga em dia
Prioriza a quitação de suas obrigações trabalhistas
Reconhece o direito de férias
F4 - ALEGRIA NO TRABALHO
Sinto alegria no meu trabalho
Na maior parte dos dias, é com prazer que venho para o trabalho
Quadro 9 - Práticas de Dignidade - Fatores e assertivas melhor avaliados com
percentual igual ou superior a 50% (Fonte: Elaborado pela Autora)
134
CONCLUSÃO
Os temas espiritualidade e dignidade vêm ganhando força no âmbito das organizações,
especialmente, quando aparecem associados à possibilidade de uma revisão de práticas
e comportamentos relacionados à gestão de pessoas. A forma como as relações
funcionam e se sustentam cotidianamente tem levado gestores e não gestores a uma
reflexão quanto à necessidade de mudanças significativas para assegurar um ambiente
de trabalho mais humanizado e feliz, assim como o alcance dos seus objetivos
empresariais. Partem daí as inúmeras discussões em torno das dimensões da
espiritualidade e dignidade como sendo uma escolha sustentável.
Para uma compreensão global em relação aos propósitos deste trabalho, cabe aqui
resgatar que o objetivo geral desta pesquisa foi o de identificar a existência de relação
entre os construtos espiritualidade e dignidade organizacional, com base nos modelos de
Rego; Cunha; Souto (2005) e Teixeira et al (2011), sendo utilizada para os estudos uma
amostra de 1.159 questionários válidos, entre gestores e não gestores de organizações da
região do Nordeste do Brasil.
A partir dos procedimentos metodológicos adotados foi possível a confirmação de que
existe relação entre os dois construtos, independentemente das características
demográficas (relativas ao próprio respondente) e funcionais (relativas à empresa)
apresentadas pelos respondentes, assim como, das variáveis apresentadas pelas
organizações pesquisadas.
Além de identificar a relação entre espiritualidade e dignidade, este estudo também
identificou quais variáveis demográficas e/ou funcionais influenciam de forma mais
acentuada a avaliação dos respondentes no tocante aos fatores das duas escalas
utilizadas para a análise.
Para a pesquisadora identificar como os profissionais percebem e estabelecem relações
entre as dimensões relativas à espiritualidade e dignidade organizacional representou a
possibilidade de obter contribuições mais apuradas e científicas sobre as variáveis
estudadas e, sobretudo, oferecer um maior embasamento a sua prática profissional e a
de seus clientes. As inquietações que inicialmente motivaram a realização deste trabalho
puderam ser confirmadas ao longo desta pesquisa, trazendo a percepção de gestores e
não gestores de organizações dos diversos tamanhos, tipos e segmentos da economia.
Os resultados evidenciaram que a relação entre fatores de Espiritualidade e Dignidade é
estável, independentemente do cargo ocupado, quer de natureza gerencial ou não
gerencial. Os fatores de Espiritualidade Alinhamento com valores e Alegria no Trabalho
são os que apresentaram as maiores correlações com os fatores de Práticas de Dignidade
no Trabalho, principalmente entre Alinhamento de Valores e Desenvolvimento do
Empregado, Atendimento de Qualidade, Favorecimento do Meio ambiente e Social e
ainda, não Enganar os Stakeholders. A Alegria no Trabalho surgiu associada
principalmente ao Fator Desenvolvimento do Empregado, seguida da associação com
Atendimento de Qualidade.
135
Margolis (1997) defende que uma das condições para que haja dignidade
organizacional, na perspectiva do empregado, consiste na oportunidade para aprender e
se desenvolver, autonomia e respeito pelas contribuições que os empregados oferecem.
O resultado encontrado nesta pesquisa agrega novos elementos trazendo os fatores de
Espiritualidade, como o alinhamento com os valores da empresa e a Alegria no
Trabalho, como fatores percebidos como associados às práticas de Dignidade
Organizacional.
Tendo em vista, como sugere Margolis (1997) que a Dignidade consiste na capacidade
dos indivíduos de moldarem as suas próprias ações, é possível supor que o alinhamento
dos valores do indivíduo com a organização seja um fator primordial para que os fatores
de Dignidade Organizacional sejam percebidos positivamente como sendo praticados
pelas empresas em que os empregados trabalham.
A estabilidade na relação entre os fatores espiritualidade e dignidade,
independentemente do tipo de amostra pesquisada, sugere a possibilidade de
confirmação dessa relação em outras amostras, o que é importante seja considerado em
pesquisas futuras. Este achado indica também uma contribuição teórica do resultado
desta pesquisa.
O fato de não ter sido encontrada diferença na relação entre os fatores considerando as
amostras de gestores e não gestores pesquisados, no entanto, não significa
necessariamente que não haja diferença quanto à avaliação que gestores e não gestores
fazem com relação aos fatores de Espiritualidade que vivenciam nas organizações em
que trabalham e nem tampouco, quanto à avaliação que fazem dos fatores de Dignidade
Organizacional praticados pela empresa.
Gerentes e não gerentes diferem em relação à avaliação que fazem com relação a todos
os fatores de Espiritualidade e Dignidade, verificando-se que os gestores avaliaram
todos os fatores de forma mais positiva do que os não gestores. Tendo em vista os
resultados obtidos quanto à relação entre Fatores de Espiritualidade e Dignidade
Organizacional, o fato dos gestores avaliarem mais favoravelmente os fatores de
Dignidade Organizacional do que os não gestores sugere que aqueles apresentam um
maior alinhamento com os valores da organização, o que de fato se confirmou com os
resultados obtidos.
Para Tamayo e Gondim (1996, p. 90), valores organizacionais são princípios ou
crenças, organizados hierarquicamente, relativos a estados de existência ou a modelos
de comportamento desejáveis, que orientam a vida da empresa e estão a serviço de
interesses individuais, coletivos ou mistos.
Pelos resultados ficou evidenciada uma amostra com um maior número de mulheres
(56,3%) do que homens (43,7%), muito embora não tenha representado uma diferença
136
tão significativa. Do público pesquisado 60,3% ficou concentrado na faixa de 31 a 50
anos. Este resultado pode caracterizar um maior grau de importância atribuído pelas
pessoas com faixa etária mais elevada, podendo também sugerir que quanto maior a
bagagem, experiência de vida e senioridade profissional maior a sensibilidade para
compreender aspectos de natureza mais intangível e, por conseguinte, mais relacionados
às dimensões da espiritualidade e dignidade.
Quanto ao nível de escolaridade, obteve-se um número expressivo de respondentes com
nível de pós-graduação, sendo 47,6% (em nível de lato sensu) e 18,3 (em nível de
stricto sensu), correspondendo a um total de mais de 65% dos respondentes. Acredita-se
que esse resultado pode estar retratando uma maior curiosidade acerca dos temas
investigados por parte dos respondentes com nível de instrução mais elevado, assim
como, o desejo destes em contribuir para novos achados.
Apesar da falta de tempo em decorrência do excessivo volume de atividades e
cobranças feitas aos profissionais que ocupam posição de gestão nas organizações,
52,8% que estavam nessa condição se dispuseram a responder a pesquisa, sendo
possível imaginar que o tema já está ganhando espaço na agenda desses executivos ou
pelo menos que o assunto já desperta o seu interesse e atenção.
Nestes dias de mudanças constantes e profundas, faz-se necessário um novo estilo de
liderança e essa necessidade exige que os atuais ocupantes de cargos de liderança
promovam alterações significativas na sua atitude e no seu jeito de ser (RENESCH,
1994). Segundo este autor, no passado, as pessoas eram enxergadas apenas como
subordinadas. Hoje, essa realidade é totalmente diferente. As pessoas precisam criar
uma imagem nova de si mesmas e desenvolver habilidades, de modo a aceitar uma
responsabilidade de liderança maior em relação ao ambiente no qual estão inseridas.
As pessoas não gostam que alguém lhes diga o que fazer, mas abraçam de corpo e alma
as próprias ideias. É a partir dessa premissa que os líderes devem abrir mão da
necessidade de alimentarem o seu próprio ego ao oferecerem todas as respostas. Eles
devem deixar que as pessoas utilizem as suas próprias ideias, orientando-as para agirem
de acordo com uma visão que seja compartilhada (RENESCH, 1994).
Numa visão geral, analisando-se os fatores que melhor traduziram a percepção e
vivência dos respondentes em cada uma das escalas, observa-se que no tocante à
Espiritualidade dois fatores foram os mais destacados positivamente: Sentido de Serviço
e Alegria no Trabalho. Já aqueles que segundo a percepção dos respondentes
apresentaram menores pontuações e que, portanto não refletiram a sua vivência foram
Sentido de Comunidade e Oportunidade para Vida Interior.
Em relação aos fatores relacionados à Dignidade aqueles que melhor descrevem a
percepção dos respondentes favoravelmente foram Direito dos Empregados e Não
137
Engana Stakeholders. Por outro lado os fatores que apresentaram menor pontuação e
que por isso evidenciam que não estão atendendo às expectativas dos respondentes
foram Promoção de Desenvolvimento do Empregado e Favorecimento ao Meio
Ambiente e Social.
No tocante aos fatores de Espiritualidade, ficou evidenciado que respondentes com
idade igual ou superior a 40 anos apresentam uma percepção mais positiva e enxergam
um maior alinhamento com os valores da sua organização. Estes profissionais com faixa
etária mais elevada também vivenciam mais a Alegria no trabalho e sentido de serviço,
comparativamente aos demais grupos.
Maior escolaridade também se mostrou como um elemento favorável e influenciador
para uma maior vivência dos fatores de espiritualidade. O tempo de empresa também
exerceu grande influência na percepção dos gestores e não gestores, ficando
concentrada na idade igual ou superior a 12 anos a melhor vivência dos fatores Alegria
no trabalho e Sentido de serviço. Os respondentes das micro, pequenas e médias
empresas avaliam que as suas empresas oferecem aos empregados melhores
possibilidades de vivenciar os fatores de espiritualidade.
Na visão de gestores e não gestores, as empresas privadas destacam-se em relação aos
fatores Alegria no trabalho, Alinhamento com os valores e Sentido de comunidade. Já
as organizações públicas teve destaque no fator Sentido de serviço.
Em relação às Práticas de Dignidade, homens veem a organização de forma mais
positiva na maioria dos fatores. O fator Respeito aos direitos dos empregados é melhor
percebido por respondentes que têm escolaridade mais elevada. Os profissionais com
tempo de organização entre 06 e 11 anos avalia positivamente os fatores de dignidade,
em comparação aos das outras faixas, dando mais destaque para Qualidade no
atendimento e Respeito ao direito dos empregados.
Pesquisas futuras poderiam avaliar se o peso do alinhamento de valores comparado com
a competência como fatores que efetivamente levam à promoção para gestores e/ou se o
tempo de permanência no cargo de gestor afeta o alinhamento de valores e
consequentemente a percepção da espiritualidade vivenciada na organização e a
avaliação das práticas de Dignidade Organizacional. Nesta pesquisa, o tempo de
empresa apresentou forte influência em todos os fatores de Espiritualidade, excetuando-
se o Sentido de Comunidade vivenciado nas equipes de trabalho e os fatores de
Dignidade relativos ao respeito aos direitos dos empregados e favorecimento do meio
ambiente e social.
Com base nas diversas inquietações e sinais que vêm sendo dados pela sociedade, cada
vez mais se percebe que existe um profundo anseio por um mundo no qual as pessoas
realmente se preocupem umas com as outras. Um mundo no qual as pessoas de fato
138
sejam tratadas como seres humanos e estimuladas em seu crescimento pessoal. E que
nesse contexto, as instituições empresariais tratem seus empregados e clientes com
justiça e as lideranças se dediquem a atender às necessidades de todos os envolvidos,
considerando-os na sua totalidade e inteireza.
Desumanizar o homem ou coisificá-lo são posições que não têm mais espaço nas
sociedades modernas. No Brasil a aplicação absoluta do princípio de dignidade ainda
está muito distante, requerendo esforço conjunto a fim de que seja vencida a inércia, o
que constitui um dever de todos e, principalmente, uma obrigação daqueles que tiveram
o despertamento, pelas experiências pessoais ou no campo da observação cotidiana ou
mesmo, pelo acesso a informações de várias origens (MEDEIROS, 2008). É
fundamental que a sociedade seja capaz de reconhecer a partir de que ponto as pessoas
se encontram em situação indigna, isto é, consenso acerca do que seja conteúdo mínimo
de dignidade, sob pena de se estar diante de uma grande crise de cunho ético e moral e a
constatação de que a dignidade é uma fórmula vazia e sem significado (MEDEIROS,
2008, p. 36).
Daí a importância para as organizações de investir atenção no desenvolvimento de
práticas direcionadas aos seus funcionários, tanto em níveis gerenciais como não
gerenciais, de modo a promover o atendimento aos seus anseios no que diz respeito às
dimensões da espiritualidade e dignidade.
Essas dimensões devem ser percebidas positivamente e vivenciadas pelos seus
colaboradores e, consequentemente, podem contribuir para ampliar a satisfação e bem
estar no trabalho, senso de comunidade, sentimento de alegria, respeito à vida interior
das pessoas que fazem parte da organização e, portanto, podem fortalecer o alinhamento
desses empregados com os valores da organização.
Renesch (1994) desperta para a importância da comunidade empresarial - na qualidade
de instituição humana mais forte e poderosa que a humanidade jamais desenvolveu -
venha a ocupar a linha de frente e a liderança dessas revoluções de pensamentos do
mundo contemporâneo, assumindo maior responsabilidade pelo bem estar da sociedade
em curto e longo prazo.
Para Stam (2006) quando uma pessoa trabalha em algum lugar sempre acontecem trocas
com os clientes, com os colegas de trabalho, com o chefe, com os supervisores. Muitas
pessoas têm um grande movimento de intercambio no seu trabalho, não apenas por
razões financeiras, mas, sobretudo, na busca por realizar muitas transações que
ofereçam um permanente crescimento na troca entre o dar e o receber. Nesse sentido,
uma grande troca, um grande intercâmbio pode nos proporcionar um sentimento de
riqueza.
139
As pessoas têm sempre achado suas maiores fontes de sentido onde passam a maior
parte do seu tempo e a maior parte de nós passamos esse tempo no local de trabalho.
Desde a era anterior à industrialização até os tempos contemporâneos o trabalho
continua sendo o lugar onde as pessoas aprendem, através da prática, as habilidades da
participação democrática e o sentido de bem comum. Para evitar o colapso da teia de
sentido em qualquer parte da sociedade, as organizações podem e devem servir melhor a
esse propósito, tornando-se campos de prática para as habilidades que levarão ao
comportamento coletivo, democrático e mais humanitário. Dentro dessa ótica, as
organizações representam, através dos seus comportamentos, a condição essencial e os
requisitos práticos para manter a saúde, vitalidade e produtividade das pessoas ao longo
de toda a sua relação profissional (SENGE, 1995).
Quem quiser fazer algo de bom para si mesmo, para a sua família, empresa e
comunidade, precisa eliminar as barreiras que existem dentro de si e impedem que a
música da sua alma transborde para o mundo. Enquanto a pessoa não souber quem é,
bem lá no fundo, a música da sua alma será emudecida e ela continuará a criar o caos no
mundo exterior (RENESCH, 1994, p. 177).
Uma organização espiritualizada é aquela que busca, na realização de sua missão,
contribuir para um propósito maior que os aspectos materiais. Os valores nos quais se
pauta para a realização de sua missão são éticos e centrados em princípios (KRETLY,
2005). Tais valores são comunicados aos funcionários e interiorizados pelos mesmos,
formando uma visão compartilhada da necessidade de fazer uma contribuição à
sociedade (SENGE, 1990).
A partir desses achados é possível concluir que o sucesso empresarial e os valores
espirituais podem ser perfeitamente compatíveis, ocupando o mesmo espaço e
permitindo que gestores e não gestores de organizações expressem a sua voz interior.
Para Guillory (2000), os valores espirituais muitas vezes podem ser fontes importantes
para proporcionar à empresa a capacidade de se adaptar às mudanças, principalmente
durante momentos de crise ou dificuldades. Ele defende que a adaptação baseada em
valores espirituais duradouros produz comportamentos realmente benéficos aos clientes,
à empresa e a toda a atividade comercial.
Por tudo que foi aqui colocado a discussão sobre a espiritualidade inclui noções de
consciência interior e busca pela felicidade e por um significado de vida, representando
portanto a possibilidade de expressão da nossa voz interior. Já a discussão sobre a
dignidade enfatiza a noção de que o homem é merecedor de um tratamento com base no
respeito, decência e justiça e que, por hipótese alguma, deve ter esse direito esvaziado.
140
RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Considerando que o tema espiritualidade e dignidade ainda se constituem em construtos
pouco explorados no meio acadêmico brasileiro e, principalmente, no meio corporativo,
vários estudos poderão ser ainda desenvolvidos, focalizando-se as seguintes
contribuições:
a) Uma investigação dirigida a CEO’s de grandes empresas sediadas no Brasil
sobre espiritualidade e dignidade organizacional poderá nos fornecer uma
percepção destes altos executivos sobre o que e como eles pensam a respeito do
assunto;
b) Uma pesquisa sobre espiritualidade dirigida a profissionais que exercem o cargo
de gestores de RH em empresas nas diversas regiões brasileiras poderá propiciar
a possibilidade de se identificar a percepção desses profissionais;
c) O atual contexto de diversidade presente nas organizações e que vem
extrapolando o aspecto meramente legal de cotas se constitui um universo ainda
inexplorado no campo da pesquisa acadêmica. Daí a oportunidade de se realizar
uma pesquisa com o objetivo de se analisar a relação entre o construto dignidade
e diversidade organizacional.
d) A cultura organizacional tem sido um tema bastante pesquisado nas
organizações. Por essa razão analisar a sua relação com outras variáveis seria
uma ação produtiva. É com base nessa perspectiva que se pretende buscar
possíveis relações entre espiritualidade e cultura organizacional;
e) No mundo empresarial muito tem sido discutido sobre maneiras capazes de
assegurar que os resultados aconteçam. Tem sido recorrente em várias literaturas
que funcionários tendem a produzir mais para as suas organizações quando se
sentem mais felizes. Daí a importância de se investigar sobre uma possível
relação entre empresa espiritualizada e eficácia organizacional;
f) Obter dados comparativos sobre o tema espiritualidade e dignidade segundo a
percepção de trabalhadores brasileiros e trabalhadores portugueses poderá se
constituir em valor agregado para se compreender pontos de convergência ou de
divergência entre os trabalhadores dos dois países.
g) A possibilidade de se acompanhar o processo de evolução das empresas tem se
apresentado como uma ação no mínimo estimulante. Com base nessa premissa,
realizar uma pesquisa longitudinal, por cinco anos consecutivos, sobre a
percepção de profissionais de uma mesma empresa sobre o construto
espiritualidade e dignidade, poderá nos permitir, de forma apurada, o quanto de
mudança ocorreu no tocante à dimensão da espiritualidade e as práticas de
dignidade.
141
REFERÊNCIAS
ANDERSON, Chris. The Long Tail: Why The Future of Business Is Selling Less of
More. New York, NY. Hyperion, 2006.
ALVARENGA, Lúcia Barros Freitas de. Direitos humanos, dignidade e erradicação
da pobreza: uma dimensão hermenêutica para a realização constitucional. Brasília:
Brasília Jurídica, 1998
ARAÚJO, Bruno Félix von Borel. Dignidade no âmbito da Relação entre Empresas
e Comunidades Locais. Dissertação de Mestrado em Administração: 2011
ASHMOS, D.P. & DUCHON, D. (2000). Spirituality at work: A conceptualization
and measure. Journal of Management Inquiry, 9(2), 134-145.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação e
documentação – trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, Abr. 2011.
______.NBR 6028: informação e documentação – resumo. Rio de Janeiro, Nov. 2003.
______.NBR 6027: informação e documentação – sumário. Rio de Janeiro, Mai. 2003.
______.NBR 6024: informação e documentação : numeração progressiva das seções de
um documento escrito – apresentação. Rio de Janeiro, Mai.2003.
______.NBR 6023: informação e documentação : referências, elaboração. Rio de
Janeiro, Ago. 2002.
______. NBR 10520: apresentação de citações em documentos: procedimento. Rio de
Janeiro, Ago. 2002.
BACELAR, Rosa. Dissertação de Mestrado em Administração. 2009.
http://www.nupesp.org/mestradoGDLS/arquivos/Dissertacao_Rosa_Bacelar.pdf
BARCELLOS, Ana Paula de. A Eficácia Jurídica dos Princípios Constitucionais:
princípio da dignidade pessoa humana. Rio de Janeiro: Renovar, 2002
BARCELLONA, Pietro. Le Passioni Negate. BARCELLONA, Pietro. Le Passioni
Negate: Globalismo e Diritti umani. Troina (En): Città Aperta edizioni di Oasi
Editrice, 2001.
BERGAMINI, Cecília Whitaker. Motivação nas Organizações. 5.ed. São Paulo:
Editora Atlas, 2008
BOFF, Leonardo. Ética e Ecoespiritualidade. Petrópolis, Rio de janeiro: Vozes, 2011
BOHLANDER, George; SNELL, Scott. Administração de Recursos Humanos. 14ª
ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009, 2009
142
BONDER, Nilton. Fronteiras da Inteligência: a sabedoria da espiritualidade. 6.ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2001
BORGES, L. O. Valores de Trabalhadores de Baixa Renda. In TAMAYO, A.;
PORTO, J.B. Valores e comportamento nas organizações. Petrópolis: Vozes, 2005.
Buchanan, T., & Smith, J. L. Using the Internet for Psychological Research:
Personality testing on the World-Wide Web. British Journal of Psychology, 90, 1999,
125-144.
CARDOSO, Luciane. Direitos Humanos e Trabalhadores: atividade normativa da
Organização Internacional do Trabalho e os limites do Direito Internacional do
Trabalho. Curitiba, 2003. 332 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Paraná.
CAPRA, Fritjof. As Conexões Ocultas: uma ciência para uma vida sustentável. São
Paulo: Cultrix, 2005
CHANLAT, Jean-François. (Coord). O Indivíduo na Organização: dimensões
esquecidas. V.I – São Paulo: Atlas, 2009
COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 2. ed.
São Paulo: Saraiva, 2001
COOPER, Donald R; SCHINDLER; Pamela S. Métodos de Pesquisa em
Administração. São Paulo. Artmed Editora S.A. Bookman Companhia Editora, 2001
COVEY, Stephen R. O 8º Hábito: Da eficácia à grandeza. 7ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2005
CRUZ, Carla; RIBEIRO, Uira. Metodologia Científica: Teoria e Prática. 2ª ed. São
Paulo: Axcel Books, 2004.
DEHLER, G. E.; WELSH, M. A. The Experience of Work: spirituality and the new
workplace. In: GIACALONE, R. A.; JURKIEWICZ, C. L. (Ed.). Handbook of
workplace spirituality and organizational performance. New York: M. E. Sharpe, 2003,
p. 108-122.
DELLAGRAVE NETO, José Affonso. Responsabilidade Civil no Direito do
Trabalho. 3ª Ed. São Paulo: LTr, 2008, p. 216.
DOTTI, R. Declaração Universal dos Direitos do Homem e Notas da Legislação
Brasileira. Curitiba: JM Editora, 1998.
DUARTE, Marcos. Teste de Scheffé. Info escola. publicado: 10/10/2008. Disponível
em: <http://www.infoescola.com/estatistica/teste-de-scheffe/>. Acesso em: 13.
ago.2012.
EBSCO: disponível em <www.mackenzie.br> Acesso em Janeiro de 2012
143
ENCÍCLICA RERUM NOVARUM. Papa Leão XIII. Disponível em:
http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_Ixiii_enc_150518
91_rerum novarum_po.html. Acesso em: Fev. 2012
ESPIRITUALIDADE. Disponível em: <http:// http://www.google.com.br/search?hl=pt-
BR&q=espiritualidade&meta=>. Acesso em: Jan.2012
FÁVERO, Luiz Paulo et al. Análise de Dados: modelagem multivariada para
tomada de decisões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
FINK, A. How to Sample in Survey. London. New Dehli: Sage Publications, 1995
FLEURY, Maria Tereza Leme. (org.). As Pessoas na Organização. 12ª. ed. São Paulo:
Editora Gente, 2002.
FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. Trad. Joice Elias Costa. 3. ed. Porto
Alegre: Artmed . 2009.408 p.
FRANKL, Viktor. E. Em Busca de Sentido. Petrópolis: Vozes, 2008
FREEMAN, R. E. Business ethics at the millennium. Business Ethics Quarterly, v. 10,
n. 1, p. 169-180, 2000
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2002.175 p.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995
GOMES, Dinaura Godinho Pimentel. Direito do Trabalho e Dignidade da Pessoa
Humana, no Contexto da Globalização Econômica: problemas e perspectivas. São
Paulo: LTr, 2005, p. 90
GOSDAL, Tereza Cristina. Dignidade do Trabalhador: um conceito construído sob o
paradigma do trabalho decente e da honra. São Paulo: LTr, 2007.
GRIFFIN, Ricky W.; MOORHEAD, Gregory. Fundamentos do Comportamento
Organizacional. São Paulo: Ática, 2006.
GIBBONS, P. Spiritualily at Work: definitions, measures, assumptions and validity
claims. Proceedings of the Academy of Management, USA, 2000
GUILLORY, William A. 1999. The Living Organization: Spirituality in the
workplace. Utah: Innovations.
___________. A Empresa Viva: Espiritualidade no Local de Trabalho. São Paulo:
Editora Cultrix Amana Key, 2000.
144
HABERMAS, J. Teoría de la Acción Comunicativa, I: Racionalidade de la acción y
racionalización social. Madri: Taurus, 2003
HAIR JR., J. F.; BABIN, B.; MONEY, A. H.; SAMOUEL, P. Fundamentos de
Métodos de Pesquisa em Administração. Porto Alegre: Bookman, 2005.
HAIR JR., J. F.; ANDERSON, R. E.; TATHAM, R. L.; BLACK, W. C. Análise
Multivariada de Dados. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007.
HEATON, D. P.; SCHMIDT-WILK, J.; TRAVIS, F. Constructs, Methods and
Measures for Researching Spirituality in Organizations. Journal of Organizational
Change Management, v. 17, nº 1, p. 62-82, 2004
HODSON, Randy. Dignity at Work, Cambridge University Press, Cambridge, 2004.
HUNTER, James C. O Monge e o Executive: uma história sobre a essência da
liderança. Rio de Janeiro: Sextante, 2006
JACOBSON, N. A Taxonomy of Dignity: a Grounded Theory study. BMC
International Health and Human Rights, v. 9, 2009.
JAYME, Fernando G. Direitos Humanos e sua Efetivação pela Corte
Interamericana de Direitos Humanos. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, p. 1.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de
Leopoldo Holzbach. São Paulo: Martin Claret, 2005.
____________.http://72.232.192.226/direitos/anthist/marcos/hdh_kant_metafisica_cost
umes.pdf. 2012.
KARAKAS, F. Spirituality and Performance in Organizations: a literature review.
Journal of Business Ethics (2010) 94:89–106 DOI 10.1007/s10551-009-0251-5
KERBER, Roberto. Espiritualidade nas Empresas. Porto Alegre/RS: AGE Editora,
2009.
KRETLY, P. Figura de Transição - o poder de mudar destinos: como romper
padrões e transformar o mundo ao seu redor. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
LA TAILLE, Y. de La; MENIN, Maria Suzana de Stefano. Crise de Valores ou
Valores em Crise. São Paulo: Artmed, 2009
LAMA, Dalai. Uma ética para um Novo Milênio. 7ª ed. Rio de Janeiro: Sextante,
2000.
LOMBARDIA, Pilar Garcia. Quem é a Geração Y. In: HSM Management, n. 70,
Set/Out. 2008
LUNA, S. V. de. O Falso Conflito entre Tendências Metodológicas. Temas em
Debate. São Paulo: PUC, UNICAMP, n.66, p. 70 - 74, ago.1988 (Caderno de Pesquisa).
145
MCCRINDLE, Mark. Understanding Generation Y. Australia: The Australian
Leadership Foundation, 2002.
MCLAGAN, Patrícia; NEL, Christo. A Nova Era da Participação: O desafio de
emocionar e envolver pessoas. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 2000.
MARGOLIS, J. D. Dignity in the Balance: philosophical and practical dimensions of
promoting ethics in organizations. Tese de Doutorado em Filosofia. Cambridge:
Harvard University, Massachusetts. 1997.
MEDEIROS, Benizete Ramos. Trabalho com Dignidade: Educação e Qualificação é
um caminho? São Paulo: LTr, 2008.
MEIRELES, Edilton. A Constituição do Trabalho. In: MOTESSO, Cláudio José;
FREITAS, Marco Antonio; STERN, Maria de Fátima Coelho Borges. Direitos Sociais
na Constituição de 1988: uma análise crítica vinte anos depois. ANAMATRA -
Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho. São Paulo: LTr, 2008, p. 58
MILLIMAN, J., CZAPLEWSKI, A.J., and FERGUSON, J. Workplace Spirituality
and Employee Work Attitudes: An exploratory empirical assessment. Journal of
Organizational Change Management, v. 16, n. 4: 426–477, 2003.
MIRANDA, J. Manual de Direito Constitucional. Vo. II, 2ª ed. Coimbra: Coimbra
Editora, 1988.
MIRANDOLA, Giovanni Pico Della. Discurso sobre a Dignidade do Homem.
Tradução e introdução de Maria de Lurdes Sirgado Ganho. Lisboa: Edições 70, 2008.
MITROFF, Ian I. Business not as Usual: reflections on spirituality in the workplace.
In: WILLIAMS, O. F. (Ed.). Business, religion and spirituality: a new synthesis. Notre
Dame: University of Notre Dame Press, 2003. p. 187-200
______, Ian I; DENTON, Elizabeth A. A Study of Spirituality in the Workplace.
Sloan Management Review, Cambridge, v. 40, n. 4, p. 83-92, 1999
______; ______.A Study of Spirituality in the Workplace. MIT Sloan Management
Review, v. 40, nº 4, p. 83-92, Summer 1999b.
MITROFF, Ian I. On the Fundamental Importance of Ethical Management: why
management is the most important of all human activities. Journal of Management
Inquiry, v. 7, nº 1, p. 68-79, 1998.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo:
Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2011.
O’DONNELL, Ken. Endoquality: as dimensões emocionais e espirituais do ser
humano nas organizações. Pituba/BA: Casa da Qualidade, 1997
146
PEREIRA, José Matias. Manual de Metodologia de Pesquisa Científica. 3 ed. São
Paulo: Atlas, 2012.
PETCHSAWANG; P.; DUCHON, D. Measuring Workplace Spirituality in an asian
context - Human Resource Development International Vol. 12, No. 4, September 2009,
459–468
PIERCE, Gregory. F. A. Espiritualidade no Trabalho: 10 maneiras de equilibrar sua
vida profissional. Campinas/SP: Verus Editora, 2006.
______. Spirituality at Work: 10 ways to balance your life on the job. Chicago:
Loyola Press, 2001.
PROQUEST: disponível em <www.mackenzie.br> Acesso em Fevereiro de 2012.
RENESCH, John. et al (Org). Liderança para uma Nova Era: Estratégias visionárias
para a maior das crises do nosso tempo. SP: Editora Cultrix Ltda, 1994
REGO, Arménio; CUNHA, Miguel Pinha; SOUTO, Solange. Espiritualidade nas
Organizações e Empenhamento Organizacional: Um estudo empírico. Área
Científica de Gestão, [S.1.], n.6, p4-5, 2005. Disponível em:
<http//:www.egi.ua.pt/Wp_gestão./Wp6_Espiritual_Empenhamento.pdf.>. Acesso em:
Jan. 2012. Universidade de Aveiro.
______, ______, ______, S. Espiritualidade nas Organizações e Comprometimento
Organizacional. RAE-eletrônica, v. 6, n. 2, Art. 12, jul./dez.
2007.http://www.rae.com.br/eletronica/index.cfm?FuseAction=Artigo&ID=3840&Seca
o=ARTIGOS&Volume=6&Numero=2&Ano=2007
ROBBINS, Stephen Paul. Comportamento Organizacional. 11ª ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2005.
______, Stephen Paul. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva,
2003.
______, Stephen Paul. Comportamento Organizacional. 9ª ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2002.
ROSA, Maria Virgínia. P. C; ARNOLDI, Marlene Aparecida G. C. A Entrevista na
Pesquisa Qualitativa. Belo Horizonte/MG: Editora Autêntica, 2008
RUSSELL, Peter. O Despertar da Terra: o cérebro global. São Paulo: Editora
Pensamento-Cultrix Ltda., 1982
SANTANA, Magda. Magnólia. Dignidade Organizacional: Um Estudo de Caso em
uma Organização Financeira. Dissertação de Mestrado em Administração -
Universidade Presbiteriana Mackenzie: São Paulo, 2011
147
SANTO, Izabel, Godoy do Espírito. As Transformações na Organização do
Trabalho e o Assédio Moral. Dissertação em Direito Político e Econômico. São Paulo,
2009
SANTOS, Boaventura de Sousa. A Redescoberta Democrática do Trabalho e do
Sindicalismo. In: A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São Paulo:
Cortez, 2006, Vol. 4, p. 385
SANTOS, J.V.; SUSTELO, M. Cultura Organizacional e Satisfação Profissional:
estudo desenvolvido em um hospital privado. Psico, v. 40, n. 4, pp. 467-472, out./dez.
2009.
SANTOS; SILVA; CORREIA. 7ª Edição da Amostra Acadêmica Universidade
Metodista de Piracicaba. Disponível em: <http://www.unimep.br.>. Acesso em: 23
Abr. 2012.
SANTARÉM, Robson Goudard. Autoliderança: uma jornada espiritual. 2ª ed. Rio de
Janeiro: Editora Senac, 2009
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais
na Constituição Federal de 1988. 9ª ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do
Advogado Editora, 2011.
___________. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 4ª ed. rev. atual. e ampl. Porto
Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2004.
___________. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na
Constituição Federal de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.
SCHEIN, Edgar. Cultura Organizacional e Liderança. Tradução Ailton Bomfim
Brandão; revisão técnica Humberto Marriotti. São Paulo: Atlas, 2009.
SEELMANN, Kurt. Person und Menschenwürde in der Philosophie Hegels. In:
DREIER, Horst (Org.), Philosophie des Rechts und Verfassungstheorie.
Geburtstagssymposion für Hasso Hofmann, Berlin: Duncker & Humblot, 2000, p. 125-
145.
SENGE, Peter. A Quinta Disciplina: Arte, Teoria e Prática da Organização da
Aprendizagem. São Paulo: Bestseller, 1990
___________. et al A Quinta Disciplina: Caderno de Campo - Estratégias e
Ferramentas para construir uma Organização que aprende. Tradução Antônio Roberto
Maia da Silva. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 1995
SENNETT, Richard. A Corrosão do Caráter. 11ª ed. Tradução de Marcos Santarrita.
Rio de Janeiro: Record, 2006, p. 21
148
SILVA, José Afonso. A Dignidade da Pessoa Humana como Valor Supremo da
Democracia. In: Revista do Direito Administrativo, vol. 212, Abr-jun, 1998. Rio de
Janeiro: Renovar, p. 93
SILVA, Marcos André Ferreira. Como os Empresários lidam com os Dilemas de
Dignidade na Gestão das Empresas. Dissertação de Mestrado em Administração -
Universidade Presbiteriana Mackenzie: São Paulo, 2010.
SLIVINIK, M. L. Mudança no Âmbito Organizacional: O poder preditivo dos
valores organizacionais, 2008. Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas).
Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas, Universidade
Presbiteriana Mackenzie. São Paulo.
STAM, Jan Jacob. A Alma do Negócio: as constelações organizacionais na prática.
Patos de Minas: Atman, 2006
TEIXEIRA, Maria Luisa Mendes. Dignidade Organizacional: Valores e relações com
stakeholders. In: TEIXEIRA, M.L.M (Org) Valores Humanos & Gestão : novas
perspectivas. São Paulo: SENAC, 2008.
TEIXEIRA et al. Elaboração e Validação de um Modelo de Dignidade
Organizacional. Relatório Parcial do Projeto Procad 235/2007. Não publicado, 2011.
TEIXEIRA, Maria Luisa Mendes. Fator Humano: Uma Visão Baseada em
Stakeholders. In: HANASHIRO, D. M. M.; TEIXEIRA, M. L. M.; ZACCARELLI,
L. M. Gestão do Fator Humano: Uma Visão baseada em Stakeholders. São Paulo:
Saraiva, p. 327-336, 2007.
VASCONCELOS, Anselmo Ferreira. Espiritualidade no Ambiente de Trabalho. São
Paulo: Atlas, 2008
VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de Pessoas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
______, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas,
2003.
WAGNER III, John A.; HOLLENBECK, John R.. Comportamento Organizacional:
Criando vantagem competitiva. São Paulo: Editora Saraiva, 2000
ZISMAN, Célia Rosenthal. O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. São Paulo:
IOB Thomson, 2005.
ZOHAR, Danah; MARSHALL, Ian. Capital Espiritual: usando as inteligências
racional, emocional e espiritual para realizar transformações pessoais e
profissionais. Rio de Janeiro: Bestseller, 2006
______QS: Inteligência Espiritual. 2. Ed. Rio de Janeiro: Record, 2002
149
APÊNDICES APÊNDICE A - DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS
1. Sexo
( ) Feminino
( ) Masculino
2. Idade
( ) Entre 18 e 25 anos
( ) Entre 25 e 35 anos
( ) Entre 35 e 45 anos
( ) Entre 45 e 55 anos
( ) Acima de 55 anos
3. Escolaridade
( ) Ensino Médio Incompleto
( ) Ensino Médio Completo
( ) Superior Incompleto
( ) Superior Completo
( ) Pós- Graduação Incompleta
( ) Pós Graduação Completa
( ) Mestrado
( ) Doutorado
4. Cargo ocupado na empresa onde trabalha
( ) Gerencial
( ) Não Gerencial
5. Tempo na empresa
( ) Até 01 ano
( ) Entre 01 e 03 anos
( ) Entre 03 e 05 anos
( ) Entre 05 e 08 anos
( ) Entre 08 e 10 anos
( ) Entre 10 e 15 anos
( ) Acima de 15 anos
6. Segmento da sua empresa: _____________________________________________
7. Estado onde atua: ______________________________________(onde está lotado)
150
APÊNDICE B - MENSAGEM DE DIVULGAÇÃO DA PESQUISA
ESPIRITUALIDADE E DIGNIDADE ORGANIZACIONAL
Prezado(a) Sr.(a),
Com o objetivo de ampliar a compreensão sobre o comportamento das organizações na relação
com os seus clientes, funcionários, fornecedores, parceiros e acionistas, estou realizando um
estudo sobre o tema “Espiritualidade e Dignidade nas Organizações”, em âmbito nacional.
Gostaria de poder contar com a contribuição de cada um dos senhores respondendo a este
questionário.
A sua identificação não será necessária.
Estarei divulgando o resultado da pesquisa para aqueles que apresentarem interesse, de maneira
digitalizada.
Caso sua empresa deseje contemplar os seus gestores com um workshop sobre os resultados da
pesquisa, coloco-me à disposição para uma apresentação gratuita, ficando apenas por conta da
empresa as despesas com deslocamento, quando a mesma estiver fora da minha base.
O resultado poderá contribuir significativamente, apontando algumas práticas que poderão ser
úteis para um crescimento corporativo mais sustentável, privilegiando resultados e satisfação dos
diversos stakeholders.
Agradeço-lhe pela contribuição.
Lindevany Hoffimann
Mestranda do MPGE (Mestrado Profissional em Gestão Empresarial), do Centro de Pesquisa e
Pós-Graduação em Administração, da Faculdade Boa Viagem (CPPA/FBV), em Recife,
Pernambuco, Brasil.
Orientadora: Profa. Lúcia Barbosa, Ph.D.
151
APÊNDICE C - MENSAGEM DE REFORÇO DA PESQUISA
Caros Profissionais, Clientes, Parceiros e Amigos,
Bom dia !!!
Como parte do meu Mestrado, estou realizando um estudo sobre o
tema "Espiritualidade e Dignidade nas Organizações", em âmbito nacional.
A minha motivação pelo tema está pautada no crescente interesse do mundo corporativo
em compreender melhor os fenômenos relacionados à espiritualidade e dignidade e,
sobretudo, pelo meu desejo em contribuir com reflexões sobre práticas organizacionais
que possam privilegiar resultados sustentáveis para o negócio e satisfação dos diversos
stakehoslders (clientes, funcionários, fornecedores, parceiros e acionistas).
Gostaria muito de poder contar com a sua contribuição respondendo ao questionário do
link abaixo:
https://www.surveymonkey.com/s/Espritualidade_e_Dignidade
Fico à disposição para esclarecimentos e/ou troca de informações.
Peço-lhes, se possível, fazer a divulgação para as suas redes de relacionamento.
Desde já agradeço-lhes imensamente pela colaboração.
Cordialmente,
Lindevany Hoffimann
(81) 9965-3332
152
ANEXOS
ANEXO A - INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO DA ESPIRITUALIDADE (REGO;
CUNHA; SOUTO, 2005)
Concordo
plenamente
Concordo Concordo
em parte
Discordo
em parte
Discordo Discordo
plenamente
1 2 3 4 5 6
Sentido de comunidade na equipe As pessoas do meu grupo/equipe sentem-se parte de uma família. O meu grupo/equipe fomenta a criação de um espírito de comunidade. Acredito que as pessoas do meu grupo/equipe se apoiam umas às outras. Acredito que os membros do meu grupo/equipe se preocupam realmente uns com os outros. Sinto que as pessoas do meu grupo/equipe estão ligadas entre si por um propósito comum. O meu grupo/equipe preocupa-se com os mais desfavorecidos na comunidade Alinhamento do indivíduo com os valores da organização Sinto-me bem com os valores que predominam na minha organização. As pessoas sentem-se bem acerca do seu futuro na organização. A minha organização respeita a minha “vida interior”. A minha organização ajuda-me a que eu viva em paz comigo mesmo. Os líderes da minha organização preocupam-se em ser úteis à sociedade. Sinto-me ligado aos objetivos da minha organização Sentido de serviço à comunidade O trabalho que eu realizo está relacionado com aquilo que considero importante na vida. Vejo que existe uma ligação entre o meu trabalho e os benefícios para a sociedade como um todo. Quando trabalho, sinto que sou útil à sociedade. Continua ...
153
Alegria no trabalho Sinto alegria no meu trabalho. Na maior parte dos dias, é com prazer que venho para o trabalho. Oportunidades para a vida interior Os meus valores espirituais não são valorizados no meu local de trabalho. No meu local de trabalho, não há lugar para a minha espiritualidade.
154
ANEXO B - INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO DE DIGNIDADE - PRÁTICAS DE
DIGNIDADE (TEIXEIRA, 2011)
Continua ...