20
ÍNDICE INDRODUÇÃO.................................................... ..................................................2 CONSUMIDOR, FORNECEDOR NA RELAÇÃO DE CONSUMO............................3 VÍCIO DO PRODUTO E VÍCIO DO SERVIÇO....................................................... 5 FATO DO PRODUTO E FATO DO SERVIÇO....................................................... 6 EXLUDENTES DE RESPONSABILIDADE.............................................. ...............7 RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL LIBERAL.................................8 TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL NA LEI 8.078/90 (CDC).....................9 DECADÊNCIA E PRESCIÇÃO NO CDC NA LEI 8.078/90........................................11 CONCLUSÃO..................................................... ........................................................13 BIBLIOGRAFIA.................................................. .........................................................14

A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

  • Upload
    welrika

  • View
    1.040

  • Download
    4

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

ÍNDICE

INDRODUÇÃO......................................................................................................2

CONSUMIDOR, FORNECEDOR NA RELAÇÃO DE CONSUMO............................3

VÍCIO DO PRODUTO E VÍCIO DO SERVIÇO.......................................................5

FATO DO PRODUTO E FATO DO SERVIÇO.......................................................6

EXLUDENTES DE RESPONSABILIDADE.............................................................7

RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL LIBERAL.................................8

TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL NA LEI 8.078/90 (CDC).....................9

DECADÊNCIA E PRESCIÇÃO NO CDC NA LEI 8.078/90........................................11

CONCLUSÃO.............................................................................................................13

BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................14

Page 2: A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

INTRODUÇÃO

Do direito do consumidor vieram às grandes mudanças no direito

privado brasileiro posteriores à Constituição de 1988. O Código do Consumidor

revolucionou o direito privado brasileiro, assentou certas práticas saudáveis,

estimulou a consciência dos consumidores, caminhou, enfim, rumo à efetividade.

O Código Civil de 2002 adotou, em muitos pontos, soluções

introduzidas pelo Código do Consumidor. Atualmente, deixou de ser necessário

invocar, em vários pontos, a disciplina do Código do Consumidor para as relações

civis, pois o Código Civil positivou idênticas soluções, como no caso da adoção da

boa-fé objetiva (impondo às partes o dever de lealdade e cooperação, antes, durante

e depois da relação negocial – Código Civil, arts.113,187,422). Desta forma o

presente trabalho irá abordar sucintamente sobre a responsabilidade civil nas

relações de consumo.

2

Page 3: A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

CONSUMIDOR, FORNECEDOR NA RELAÇÃO DE CONSUMO

A relação de consumo tem sempre os mesmos sujeitos: de um lado

o fornecedor, e do outro, o consumidor. E tem como objeto produtos ou serviços. É

preciso no entanto certos cuidados para não enxergar como gratuitos certos serviços

nos quais a remuneração existe, embora subjacente.

O CDC aplica-se às relações de consumo, isto é, àquelas nas quais

estão caracterizados, em pólos opostos, um consumidor e um fornecedor. Assim

temos três tipos de relações:

1. Relações entre consumidor e fornecedor;

2. Relações entre empresários, e;

3. Relação civil entre pessoas comuns.

Para a caracterização de uma relação de consumo é fundamental a

identificação de suas partes. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que

adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Há grandes divergências jurisprudenciais e doutrinarias em relação a

conceituação de consumidor, pois a legislação brasileira optou por definir

consumidor limitando sua conceituação àqueles que adquirem ou utilizam produtos

ou serviços como destinatários finais. Não é consumidor quem adquire o produto

como etapa na cadeia de produção, por exemplo, a empresa que compra cola para

inserir no processo produtivo de calçados que fabrica.

Já o fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,

nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolve

atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,

exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou serviços. Em síntese é o

desempenho com habitualidade da atividade.

Mas tem que ter muita cautela para não confundir, pois não é

fornecedor, por exemplo, o escritório de advocacia que, pretendendo remodelar o

ambiente de trabalho, põe à venda os móveis antigos. Assim será uma relação civil,

de compra e venda.

3

Page 4: A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

Um dos pontos mais controverte é quando diz respeito ao

“Consumidor Final”, assim é fundamental seu entendimento. É necessário, em

princípio, que a aquisição do produto ou a fruição do serviço não ocorra com fins

profissionais. Se uma empresa adquire de outra madeira pré-fabricada para

confeccionar cadeiras de escritório, que serão posteriormente vendidas, não

teremos aí, uma relação de consumo, e sim um contrato profissional.

Em regra o CDC se aplica aos consumidores não profissionais,

como tais entendidos aqueles que, ao adquiri o produto ou serviço, o fazem de modo

alheio às finalidades profissionais, sem procurar, por meio da aquisição, aumentar

seus lucros. Não se pode, contudo, adotar excessiva severidade nessa

conceituação, mas de toda sorte, sempre que no caso concreto, estiver evidenciada

a desigualdade material, a parte mais fraca deverá ser protegida, ainda que não seja

o caso de aplicar o CDC. O Código Civil tem normas que possibilitam essa proteção,

mormente se interpretado à luz da Constituição.

Existem outras modalidades de consumidor que recebem proteção

diferenciada relativa ao consumo. Um é o consumidor por equiparação, são três

regras que prevêem a figura do consumidor por equiparação.

A primeira, esta prevista no art. 2° do CDC: “Equipara-se a

consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja

intervindo nas relações de consumo”. Assim, quem quer que intervenha, ainda que

de modo indeterminado, nas relações de consumo é equiparado a consumidor,

recebendo a proteção a este dispensada.

A segunda modalidade resulta no art. 17 do CDC: “Para os efeitos

desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento”. Assim, a

teor desse dispositivo, quem quer que tenha sofrido dano, em razão de produto ou

serviço, poderá no prazo de cinco anos (art. 27) contados do conhecimento do dano

e de sua autoria, ingressar com ação postulando reparação moral e material.

Já a terceira previsão de consumidor por equiparação vem traduzida

pelo art. 29 do CDC: “Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos

consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele

previstas”. Assim, quem quer que seja exposto à publicidade abusiva, mesmo sem

4

Page 5: A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

ter adquirido o produto ou usado o serviço, pode, amparado nesse artigo, reivindicar

a proteção peculiar ao consumidor.

Se alguém, atropelado em virtude de falha no sistema de freios do

veículo, embora não tenha nenhuma relação (atropelado e montadora), poderá

acioná-la, em virtude do acidente de consumo havido. Não importa se o atropelado

firmou ou não contrato de consumo com a fabricante do veículo, ele é consumidor

por equiparação, tendo sido vítima do evento, (CDC, art. 17), também chamado de

bystanders, fazendo jus à aplicação do CDC.

VÍCIO DO PRODUTO E VÍCIO DO SERVIÇO

Tanto no vício quanto no fato haja responsabilidade civil do

fornecedor, ambos não se confundem no sistema brasileiro. No vício, há um

descompasso entre o produto ou serviço oferecido e as legítimas expectativas do

consumidor, já no fato há um dano ao consumidor, atingindo-o em sua integridade

física ou moral.

O vício do produto está previsto no art. 18 do CDC: “Os

fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não respondem solidariamente

pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados

ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles

decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da

embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações

decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes

viciadas”. Se o consumidor compra lâmpada em, cuja embalagem vem a indicação

de 200 watts, porém a lâmpada só tem verdadeiramente 100watts, trata-se de vício

do produto.

Quanto ao vício do serviço, este está complementado no art. 20 do

CDC: Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os

tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles

decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem

publicitária (...). Se o consumidor compra pacote turístico em hotel em frente ao mar,

depois descobrindo que o hotel fica longos quilômetros da praia, haverá vício do

serciço. Esclarece Gustavo Tependino: “Defeito é, portanto, uma ruptura entre a

5

Page 6: A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

legítima expectativa do consumidor e a performance do produto ou da prestação do

serviço”.

FATO DO PRODUTO E FATO DO SERVIÇO

O fato do produto está referido no art. 12 do CDC: “O fabricante, o

produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e importador respondem,

independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos

consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção,

montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus

produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre a

utilização e riscos”. Se o consumidor compra uma lâmpada que explode e o atinge

no rosto, causando-lhe danos materiais e estéticos, haverá um fato do produto. O

fato do produto ou serviço também é chamado de acidente de consumo. Os

produtos que, por seus defeitos, causem danos, fazem surgir a responsabilidade civil

do fornecedor, independentemente de culpa. A informação insuficiente ou

inadequada, acerca do produto, é defeito, e como tal gera o dever de reparar.

Lembrando que o produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor

qualidade ter sido introduzido no mercado. (CDC, art. 12, § 2°).

O fato do serviço vem previsto no art. 14 do CDC: “O fornecedor de

serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos

danos causados aos consumidores Poe defeitos relativos â prestação dos serviços,

bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”.

Se um elevador de um hotel despenca, causando serias lesões físicas ao

consumidor que nele se encontrava haverá um fato do serviço. Da mesma forma

que previsto em relação aos produtos, também aqui, no que se refere aos serviços,

a informação insuficiente, ou inadequada, é defeito, e como tal empenha

responsabilidade, sem culpa, do fornecedor. Porém o serviço não é considerado

defeituoso pela adoção de novas técnicas (CDC, art. 14, § 2°).

Quais quer lesados, por produtos ou serviços, podem, no prazo de

cinco anos, pleitear a reparação dos danos materiais e morais, ainda que não sejam

consumidores em sentido estrito.

6

Page 7: A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE

As excludentes de responsabilidade, previstas no Código do

Consumidor, não guardam identidade com aquelas previstas no Código Civil. Ao

consumidor cumpre demonstrar, apenas, o nexo causal entre o dano e a atividade

do fornecedor, cabendo a este, para eximir-se da reparação, a prova de alguma das

excludentes de responsabilidades.

O ônus da prova, em relação às excludentes, está a cargo,

naturalmente, do fornecedor. A ele cabe prová-las. Assim o fornecedor somente não

será responsabilizado se o nexo causal se romper, inexistindo responsabilidade civil.

Artigo. 12 , § 3° - O fabricante, o construtor, o produtor ou importador

só não será responsabilizado quando provar:

        I - que não colocou o produto no mercado;

        II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito

inexiste;

        III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Artigo. 14, § 3° - O fornecedor de serviços só não será

responsabilizado quando provar:

        I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

        II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Outras questões de excludentes de responsabilidade são o caso

fortuito ou força maior, menos o CDC não prevendo nada sobre a doutrina firmou-se

no sentido da admissibilidade de tais excludentes, diz Gustavo Tependino: “Quanto

a hipótese de caso fortuito ou força maior, embora o CDC não inclua,

expressamente, como excludente, deve ser considerada como tal, uma vez que sua

ocorrência é capaz de romper o nexo de causalidade entre o acidente e o dano,

indispensável à conflagração de responsabilidade.

Se houver dano, porém em razão, única e exclusivamente , da

conduta culposa do consumidor, inexistirá responsabilidade civil, pois inexistirá nexo

7

Page 8: A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

causal. Sem nexo causal não há reparação civil, sequer na responsabilidade

objetiva, uma vez ausente a relação que liga o dano à ação ou imissão do

fornecedor de produtos ou serviços.

O fato de terceiro, em geral, não desobriga a reparação, apenas

enseja o direito de regresso para quem alega ter causado o dano em virtude dele.

Portanto pretender responsabilizar o fabricante do medicamento se o dano adveio

não de defeito do produto, mas se sua indevida ingestão, causada por prescrição

médica equivocada. Ao médico é que incube, no caso, a reparação.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL LIBERAL

A legislação brasileira incluiu os serviços prestados por profissionais

liberais no Código de Defesa do Consumidor, podendo violar direitos quando atuar

profissionalmente. Diz Oscar Ivan Prux:

"A atuação dos profissionais liberais pode infringir direitos dos

consumidores no tocante à prática contratual, à oferta, à publicidade,

à cobrança de dívidas e, principalmente, ao contrato de adesão.

Sempre que uma infração desse tipo ocorrer, os profissionais liberais

devem responder de forma idêntica à aplicável aos demais

fornecedores em situações semelhantes".

A ocorrência de caso fortuito ou força maior isenta o profissional

liberal de fornecer seu serviço e, além disso, resolve o contrato, de modo que o

consumidor fica isento de pagar pelo serviço não recebido, ou se já o pagou, total ou

parcialmente, tem direito à devolução da importância paga devidamente corrigida.

Nota-se com isso, que o legislador procurou um equilíbrio, sendo razoável ao não

exigir do profissional liberal o cumprimento da obrigação a qualquer custo e do outro

lado ao proteger o consumidor, isentando-o de pagar por algo que não recebeu e

dando-lhe o direito de restituição financeira, caso tenha pagado pelo serviço.

O art. 14, § 4º do CDC impõe que a responsabilidade pessoal dos

profissionais liberais tenha como requisito indispensável a prévia demonstração de

culpa que, ao ver de Oscar Ivan Prux foi mal posta, in verbis:

8

Page 9: A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

"Ao abraçar de forma sucinta e irrestrita a teoria subjetiva, sua

redação padeceu de uma melhor elaboração, de modo a utilizar os

avanços a que a construção jurisprudencial já tinha chegado bem

antes da criação do Código de Defesa do Consumidor. Assim, o

legislador deveria ter aproveitado a oportunidade para, em um texto

legal mais detalhado, manter vinculadas irrestritivamente ao princípio

da culpa apenas as obrigações consideradas de meio, levando as de

resultado para um tipo de responsabilidade em que a inversão do

ônus da prova fosse obrigatória, de modo a obter então, um regime

jurídico muito mais justo, o qual, pelos resultados práticos idênticos

ao da responsabilidade objetiva, aproveitaria o que esta tem de

melhor, sem, contudo, receber todo o estigma que costuma

acompanhá-la".

TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL NA LEI 8.078/90 (CDC)

O princípio da autonomia patrimonial – segundo o qual os bens da

pessoa jurídica não se confundem com os bens das pessoas físicas que dela fazem

parte – não é absoluto, podendo sofrer relativizações quando a pessoa jurídica

houver sido utilizada como instrumento para fraudes. É o que postula a teoria, hoje

realidade normativa, da desconsideração da personalidade jurídica.

O Código do Consumidor foi o primeiro diploma a prever, no Brasil,

tal teoria. Dispôs o art. 28: Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade

jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de

direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos

ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver

falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica

provocados por má administração.

Houve críticas à redação do art. 28, por ser demasiado ampla,

fugindo aos limites conceituais que orientaram a teoria da desconsideração. A

amplitude, entretanto, foi proposital, acorde com o propósito de resguardar, o mais

amplamente possível, o consumidor, deixando para o segundo plano as disputas

acadêmicas.

9

Page 10: A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

Embora não explícita no CDC, a teoria do risco do desenvolvimento

vem sendo aceita pela doutrina majoritária como excludente de responsabilidade

civil do fornecedor. Se o fornecedor de produtos não sabia, nem tinha Razões para

saber, da periculosidade do produto ao inseri-lo no mercado, que só veio a ser

descoberta pelo avanço da ciência posterior à sua introdução, não há como

razoavelmente responsabilizá-lo.

O CDC a propósito, consigna no art, 10: Art. 10. “O fornecedor não

poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria

saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança”.

O § 1° prevê: “O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua

introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que

apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e

aos consumidores, mediante anúncios publicitários”. Assim a “época em que foi

colocado em circulação” deve ser levada em conta para se considerar, ou não,

determinado produto defeituoso (art. 12, § 1º, III). A impossibilidade do

conhecimento da periculosidade, porém, deve ser absoluta, para qualquer

fornecedor, e não subjetiva, apenas para um ou alguns.

A teoria da aparência é adequada para responsabilizar civilmente a

empresa que faz crê ser responsável pelo empreendimento, permitindo a utilização

da sua logomarca, seu endereço, de suas instalações, ou de qualquer outro modo

fazendo o consumidor acreditar ser verdadeiro algo que efetivamente não é.

O STJ condenou o “Baú da Felicidade” a indenizar, por danos

morais, uma senhora enganada por duas ex-vendedoras dos carnês, que induziram

a vítima em erro com o propósito de vendê-los, dizendo que a dina de casa (vítima)

teria sido sorteada com casa própria e que, para recebê-la, deveria adquirir mais oito

carnês, para receber o prêmio em São Paulo, durante a exibição do programa. Não

foi aceita a argumentação da empresa no sentido de que as vendedoras já haviam

sido afastadas da empresa em virtude de reclamações semelhantes. (STJ, REsp

551.786, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3º T.,j. 14/02/05.

10

Page 11: A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

DECADÊNCIA E PRESCIÇÃO NO CDC NA LEI 8.078/90

O CDC tem regra específica a respeito da prescrição dos fatos do

produto (acidentes de consumo): “Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação

pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste

Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento di dano a de

sua autoria. O art. 27 do CDC cuida dos chamados acidentes de consumo.

O prazo prescricional, nos acidentes de consumo, começa a contar

não apenas do conhecimento do dano, mas do conhecimento do dano e também de

sua autoria. Assim, se alguém, doente crônico, obrigado a tomar vários

medicamentos inicia-se não a parti do dano, mas apenas quando a vítima souber

qual, dentre aqueles remédios, ocasionou o dano sofrido.

É preciso, no caso concreto, para que o prazo prescricional comece

a fluir, que se conjuguem os dois pressupostos: 1. Conhecimento do dano; e 2.

Conhecimento da autoria do dano. Ou seja, ao adotar a conjuntiva “e”, em vez da

disjuntiva “ou”, o CDC deixou claro que não basta que o consumidor, vítima de

acidente de consumo, conheça o dano. Deve também conhecer quem foi seu autor.

Apenas a partir dessa dupla ciência tem início a contagem do prazo prescricional de

cinco anos. A inovação, portando, tem grande repercussão prática.

Aliás, o CDC, prestigia como linha de tendência, o início dos prazos,

prescricionais e decadenciais, apenas quando houver efetiva ciência pelo

consumidor, seja do vício, seja do fato do produto ou serviço. O art. 26, § 3º,

tratando dos vícios ocultos de produto, prescreve: “Tratando-se de vício oculto, o

prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito”.

De acordo com o art. 26, I e II, do Código de Defesa do Consumidor,

o prazo decadencial será de 30 dias tratando-se de vício de produto ou serviço não

durável, e de 90 dias tratando-se de produto ou de serviço durável. A toda evidência,

não duráveis são aqueles produtos de vida útil efêmera, consumidos com pouco

tempo de uso, como os produtos alimentares, medicamentos, de higiene, limpeza,

etc. A contrário senso, duráveis são aqueles que têm vida útil mais duradoura, como

veículos, eletrodomésticos, móveis. Imóveis, etc.

11

Page 12: A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

Os prazos, tanto para os vícios aparentes como para os ocultos são

os mesmos. O que diferencia um do outro é o dies a quo, isto é o seu ponto de

partida, o momento em que o prazo começa a fluir. No caso de vício aparente ou de

difícil constatação, conta-se o prazo decadencial a partir da entrega efetiva do

produto ou do término da execução do serviço (art. 26, § 1º). Se o vício é oculto, o

prazo só começa a correr a partir do momento que ficar evidenciado o defeito.

12

Page 13: A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

CONCLUSÃO

Objetivou-se conhecer um pouco mais sobre a relação entre o

consumo e a responsabilidade civil, fazendo-se uma abordagem sobre seus

principais conceitos, seus elementos e espécies até os aspectos processuais no diz

respeito ao Código de Defesa do Consumidor, prescricionais e decadenciais.

O estudo foi feito através de uma abordagem simples, visando à

popularização do tema, tendo em vista o crescimento cada vez maior do

consumismo e suas conseqüentes relações jurídicas.

Presente ainda o intuito de elucidar e aprimorar o exercício da

cidadania através do conhecimento, evitando-se a prática de atos abusivos pelos

fornecedores de produtos e prestadores de serviço perante o consumidor, na maior

parte das vezes, hipossuficiente economicamente.

13

Page 14: A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

BIBLIOGRAFIA

PRUX, Oscar Ivan - Responsabilidade Civil do Profissional Liberal no Código de

Defesa do Consumidor, Ed. Del Rey.

RODRIGUES, Sílvio, Direito Civil, São Paulo, v. 2, Ed Saraiva, 2003.

TEPENDINO, Gustavo. Temas de direito civil. Rio de Janeiro. Renovar, 2006.t.II

STOLZE GLAGLIANO, Pablo; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito

civil: responsabilidade civil. São Paulo: Saraiva. 2005.

http://jus2.uol.com.br/DOUTRINA/texto.asp?id=8574

http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/l8078.htm

14