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07/08/2015 A saída pelo meio: aspectos geopolíticos da escolha, pelo governo Dilma Rousseff, dos aviões caça suecos GRIPENSAAB, por Samuel de Jesus … data:text/html;charset=utf8,%3Cheader%20class%3D%22entryheader%22%20style%3D%22boxsizing%3A%20borderbox%3B%20display%3A%20bl… 1/4 A saída pelo meio: aspectos geopolíticos da escolha, pelo governo Dilma Rousseff, dos aviões caça suecos GRIPENSAAB, por Samuel de Jesus 2 Votes Em 2011, durante a visita do presidente estadunidense Barack Obama ao Brasil, a presidenta Dilma Rousseff proferiu discurso em que pedia o apoio para a pretensão brasileira em ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Em 2013, pouco antes de sua primeira visita oficial aos Estados Unidos, foi divulgada, pelo agente da NSA Edward Snowden, a informação de que milhões de brasileiros e a própria presidente foram grampeados pela agência de inteligência dos Estados Unidos NSA, órgão de espionagem vinculada a CIA. Eram informações, como por exemplo, relativas à concessão para a exploração do Campo de Libra do présal. A presidente Brasileira, em seu discurso na ONU, declarou que a rede global de espionagem eletrônica montada pelos Estados Unidos causaram indignação e repúdio da opinião pública mundial. Afirmou ainda que no Brasil os dados pessoais de cidadãos foram indiscriminadamente interceptados, assim como informações empresariais de alto valor econômico e estratégico, representações diplomáticas brasileiras e sua própria comunicação presidencial. Senhor Presidente, Quero trazer à consideração das delegações uma questão a qual atribuo a maior relevância e gravidade. Recentes revelações sobre as atividades de uma rede global de espionagem eletrônica provocaram indignação e repúdio em amplos setores da opinião pública mundial. No Brasil, a situação foi ainda mais grave, pois aparecemos como alvo dessa intrusão. Dados pessoais de cidadãos foram indiscriminadamente objeto de interceptação. Informações empresariais – muitas vezes, de alto valor econômico e mesmo estratégico – estiveram na mira da espionagem. Também representações diplomáticas brasileiras, entre elas a Missão Permanente junto às Nações Unidas e a própria Presidência da República tiveram suas comunicações interceptadas. (ROUSSEFF, 2014) A espionagem dos Estados Unidos colocou em xeque a aproximação do Governo Dilma (20112014) com os Estados Unidos, o que levou ao cancelamento da visita que faria aos Estados Unidos. Dilma

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07/08/2015 A saída pelo meio: aspectos geopolíticos da escolha, pelo governo Dilma Rousseff, dos aviões caça suecos GRIPEN­SAAB, por Samuel de Jesus …

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A saída pelo meio: aspectos geopolíticos da escolha,pelo governo Dilma Rousseff, dos aviões caçasuecos GRIPEN­SAAB, por Samuel de Jesus 2 Votes

Em 2011, durante a visita do presidente estadunidense Barack Obama ao Brasil, a presidenta DilmaRousseff proferiu discurso em que pedia o apoio para a pretensão brasileira em ocupar um assentopermanente no Conselho de Segurança da ONU. Em 2013, pouco antes de sua primeira visita oficialaos Estados Unidos, foi divulgada, pelo agente da NSA Edward Snowden, a informação de quemilhões de brasileiros e a própria presidente foram grampeados pela agência de inteligência dosEstados Unidos NSA, órgão de espionagem vinculada a CIA. Eram informações, como por exemplo,relativas à concessão para a exploração do Campo de Libra do pré­sal.

A presidente Brasileira, em seu discurso na ONU, declarou que a rede global de espionagemeletrônica montada pelos Estados Unidos causaram indignação e repúdio da opinião pública mundial.Afirmou ainda que no Brasil os dados pessoais de cidadãos foram indiscriminadamente interceptados,assim como informações empresariais de alto valor econômico e estratégico, representaçõesdiplomáticas brasileiras e sua própria comunicação presidencial.

Senhor Presidente,Quero trazer à consideração das delegações uma questão a qual atribuo a maiorrelevância e gravidade.Recentes revelações sobre as atividades de uma rede global de espionagem eletrônicaprovocaram indignação e repúdio em amplos setores da opinião pública mundial.No Brasil, a situação foi ainda mais grave, pois aparecemos como alvo dessa intrusão.Dados pessoais de cidadãos foram indiscriminadamente objeto de interceptação.Informações empresariais – muitas vezes, de alto valor econômico e mesmo estratégico– estiveram na mira da espionagem. Também representações diplomáticas brasileiras,entre elas a Missão Permanente junto às Nações Unidas e a própria Presidência daRepública tiveram suas comunicações interceptadas. (ROUSSEFF, 2014)

A espionagem dos Estados Unidos colocou em xeque a aproximação do Governo Dilma (2011­2014)com os Estados Unidos, o que levou ao cancelamento da visita que faria aos Estados Unidos. Dilma

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afirmou que a interferência na vida de países, ao ponto de violar sua soberania, é uma afronta aosprincípios que devem reger as relações entre nações amigas. As desconfianças da governantebrasileira estão descritas na seguinte passagem:

Imiscuir­se dessa forma na vida de outros países fere o Direito Internacional e afrontaos princípios que devem reger as relações entre eles, sobretudo, entre nações amigas.Jamais pode uma soberania firmar­se em detrimento de outra soberania. Jamais pode odireito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação dedireitos humanos e civis fundamentais dos cidadãos de outro país. (ROUSSEFF, 2013)

Este incidente, certamente foi decisivo para que os Estados Unidos perdessem a concorrência emrelação à venda dos aviões­caça F­18 Super Hornet para os suecos, modelo Gripen NG, da Saab. OBrasil comprou dos suecos 36 caças para reequipar a Força Aérea Brasileira, por US$ 4,5 bilhões.

A justificativa do governo brasileiro foi a de que o Gripen NG é o modelo mais barato, além de existira possibilidade de transferência de tecnologia, o que não era possível no caso dos Estados Unidosdevido às imposições do Congresso estadunidense.

O governo Dilma, ao não escolher os aviões­caça da francesa Rafalle, procurou se distanciar tambémda França que vinha aumentando sua cooperação com o Brasil, por exemplo, o caso da cooperaçãofranco­brasileira para a produção de submarinos. O Programa de Desenvolvimento de Submarinos(PROSUB) da Marinha do Brasil prevê a construção de quatro submarinos convencionais chamadosS­BR (submarino brasileiro), da classe Scorpène, de tecnologia francesa. A projeção de termino é parao ano de 2016 sendo entregue à Marinha no início de 2017.

Existem ainda, outros acordos entre Brasil e França, inclusive a transferência de tecnologia defabricação das armas. Esse acordo também prevê o Projeto H­X BR, que consiste na compra de 50helicópteros de médio porte e aeronaves modelo EC 725, através da parceria entre a empresa francesaEurocopter e a brasileira Helibrás. Em 2010 o ex­presidente Lula anunciou publicamente suapreferência pelos aviões­caças FX do consórcio francês Dassault Rafale. Esse gesto representou,naquele momento um avanço das relações bilaterais entre Brasil e França.

A Suécia não é uma parceira estratégica do Brasil. Ao que sabemos as cooperações entre Suécia eBrasil são incipientes, ao contrário da França que inclusive tem estimulado intercâmbios culturaiscomo o ano do Brasil na França e o ano da França no Brasil. O Brasil se tornou o único clienteexterno da sueca Saab, após os suíços rejeitarem a compra dos aviões caça Gripen. Caso o Brasil não

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escolhesse o caça sueco, o projeto de fabricação do Gripen ficaria inviabilizado, pois era necessária aexportação de pelo menos 20 unidades para que o projeto fosse iniciado. Após um referendo popularque continha mais de 50 mil assinaturas, os suíços rejeitaram a compra dos aviões caças suecos sob aalegação de que faz 200 anos que a Suíça não participa de guerra alguma. (CHADE, 2014)

A notícia de que a Suécia fez um acordo militar secreto com a Arábia Saudita abalou as estruturas dapolítica sueca, ou seja, esse acordo secreto previa a construção de uma usina militar na ArábiaSaudita, o que acabou com a imagem de neutralidade que os suecos sempre tentaram construir e emcerto medida obtiveram êxito. Pesou também a estreita cooperação com um governo ditatorial,considerado por analistas internacionais uma das ditaduras mais duras do mundo. (Disponívelem:http://www.defesanet.com.br/geopolitica/noticia/5518/armas­para­a­arabia­saudita­ou­algo­cheira­mal­na­suecia Extraído em: 01/07/2014).

A título de informação, os partidos de oposição criticam o governo sueco pela demora em aprovarrestrições de venda de armas aos países que são classificados como autoritários. Essas restriçõesseriam possíveis se estes países fossem classificados não mais como autoritários, mas ditatoriais. É ocaso de países como a Arábia Saudita. (disponível em:http://www.forte.jor.br/2012/08/17/nova­lei­sueca­para­controle­de­armas­pode­desagradar­a­exportadores/Extraídoem 01/07/2014).

Ao escolher a sueca Gripen, a presidenta Dilma sai pelo meio, evitando uma influência francesa porum lado e a estadunidense por outro. Pode ser um sinal de independência. A indústria bélica Suecaprecisa firmar parcerias com países da dimensão e estabilidade democrática como o Brasil, sobretudopara alavancar suas exportações na área militar. Momentaneamente, poderá ser uma boa para o Brasilprescindir da influência francesa e estadunidense e apostar em um país relativamente neutro.Veremos! O tempo dirá.

ROUSSEFF, Dilma. Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, naabertura do Debate Geral da 68ª Assembleia­Geral das Nações Unidas – NovaIorque/EUA. Portal do Planalto — publicado 24/09/2013 11:40, últimamodificação04/04/2014 21:03 Disponível em:http://www2.planalto.gov.br/acompanhe­o­planalto/discursos/discursos­da­presidenta/discurso­da­presidenta­da­republica­dilma­rousseff­na­abertura­do­debate­geral­da­68a­assembleia­geral­das­nacoes­

Referências Bibliográficas:

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unidas­nova­iorque­eua Extraído: 24/06/2014Opção do Planalto por caças suecos tem razões dúbias que ultrapassam as frágeisexplicações oficiais ucho.info, 19/12/2013. Disponível em: http://ucho.info/opcao­do­planalto­por­cacas­suecos­tem­razoes­dubias­que­ultrapassam­as­frageis­explicacoes­oficiais Extraído em: 24/06/2014Nova lei sueca para controle de armas pode desagradar a exportadores, 12 deagosto de 2012, disponível em:http://www.forte.jor.br/2012/08/17/nova­lei­sueca­para­controle­de­armas­pode­desagradar­a­exportadores/ Extraído em 01/07/2014.CHADE, Jamil. A Suiça rejeita compra de caças e futuro do Gripen agora dependedo Brasil. 18.05.2014, disponívelem:http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,suica­rejeita­compra­de­cacas­e­futuro­do­gripen­agora­depende­do­brasil,185206e Extraído em: 01/07/2014.Samuel de Jesus é professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS– campus de Coxim/ MS ( [email protected])