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A comunicação social de referência deu, um dia destes, uma notícia surpreendente. Uma multinacional qualquer, das muitas que tudo têm feito para abocanhar tudo o que neste País é lucro garantido, afirmou-se como compradora potencial da Linha de Sintra e da Azambuja. Ao que sabemos o Governo, ouviu ou leu isto e nem tos- siu nem mugiu. Mas será isto normal? Qualquer dia apare- ce aí um figurão qualquer a dizer que quer comprar o Cas- telo de S. Jorge ou o Barlavento Algarvio e ninguém se incomoda. Mas será que houve mesmo abuso da multinacional que quer comprar só o que não apresenta a mínima hipótese de risco? Será mesmo verdade que o Governo do eng.º Sócrates não sabe nada do que se esconde por detrás desta disponibilidade de alguém que se propõe comprar- nos aos pedaços? Já vimos que a política do ministro das Obras Públicas vai no sentido de continuar a reduzir a rede nacional de caminho de ferro à sua mais ínfima expressão. Agora mostra-se disposto a fechar a Linha do Tua, mas daqui por uns meses lá virão outras, que tudo o que não dá lucro é para fechar. Mas o que nos trás aqui hoje é mesmo o que é garante de lucro garantido, pelo que o capital que vier a ser inves- tido na compra das linhas suburbanas será tudo menos risco. Risco correm os portugueses em geral e, especial- mente os trabalhadores e os reformados, que vêm o servi- ço público a fechar um pouco por todo o lado, numa linha de conduta política de que nos diz que tudo o que o gran- de capital não engolir é para fechar. Mas o mais estranho é que o Governo não se dá por achado. Das duas uma, ou está ao corrente da tramóia que se prepara contra as linhas suburbanas e se cala, ou, se não sabe de nada, deveria, ao menos, vir a terreiro expli- car que a tal multinacional, que nos quer comprar aos bocados está com alucinações. Com o exemplo da Fertágus já todos ficámos a saber o que se ganha com a entrega do caminho de ferro aos privados. O Estado montou e mantém as infraestruturas e a concessionária limita-se a fazer a exploração corren- te, com a garantia suplementar de não estar sujeita a prejuízos de qualquer espécie, já que estes, se ocorrem, como têm ocorrido, são inteiramente cobertos pelo erá- rio público, ou seja, com o dinheiro dos contribuintes. Numa altura em que a CP se recusa a aumentar os salá- rios dos seus trabalhadores acima dos 1,5 % estabeleci- do pelo Governo, seria bom que, ao menos, nos disses- sem o que andam a conspirar nas nossas costas. Depois de se conhecerem os lucros escandalosos que o Governo do eng.º Sócrates facilita aos grandes magna- tas da especulação financeira, só mesmo os mais distraí- dos é que ainda não compreenderam que este Governo, tal como os anteriores, governa apenas para os privile- giados. Portugal é cada vez mais o País da Europa com a mais injusta distribuição de riqueza. E o que faz o Gover- no para atenuar esta situação? Nada, absolutamente nada. Pelo contrário. Continuam a roubar aos trabalhado- res e aos reformados para dar aos Amorins, aos Belmi- ros, aos Jardins e outros que tais. Mas esta situação não é uma fatalidade. Podemos e devemos combatê-la. No dia 19 de Setembro teve lugar um Plenário de ORT’s dos Transportes, onde foram apro- vadas medidas de luta contra esta política anti-social. Mas para já está a ser preparada a grande jornada nacio- nal de luta da CGTP-IN e das CT’s, em defesa da Segu- rança Social, pública, universal e solidária, que o Gover- no, em conluio com o capital financeiro, se prepara para destruir. Por tudo isto, no dia 12 de Outubro vamos todos convergir para Lisboa numa demonstração da for- ça e da vitalidade dos trabalhadores portugueses. ORGÃO DA COMISSÃO DE TRABALHADORES DA CP Nº 79 EDITORIAL SÓ A LUTA PODE TRAVAR A POLÍTICA ANTI-SOCIAL DO GOVERNO

À tabela 79

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Orgão da Comissão de Trabalhadores da CP

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Page 1: À tabela 79

A comunicação social de referência deu, um dia destes,

uma notícia surpreendente. Uma multinacional qualquer, das muitas que tudo têm feito para abocanhar tudo o que neste País é lucro garantido, afirmou-se como compradora potencial da Linha de Sintra e da Azambuja.

Ao que sabemos o Governo, ouviu ou leu isto e nem tos-siu nem mugiu. Mas será isto normal? Qualquer dia apare-ce aí um figurão qualquer a dizer que quer comprar o Cas-telo de S. Jorge ou o Barlavento Algarvio e ninguém se incomoda.

Mas será que houve mesmo abuso da multinacional que quer comprar só o que não apresenta a mínima hipótese de risco? Será mesmo verdade que o Governo do eng.º Sócrates não sabe nada do que se esconde por detrás desta disponibilidade de alguém que se propõe comprar-nos aos pedaços?

Já vimos que a política do ministro das Obras Públicas vai no sentido de continuar a reduzir a rede nacional de caminho de ferro à sua mais ínfima expressão. Agora mostra-se disposto a fechar a Linha do Tua, mas daqui por uns meses lá virão outras, que tudo o que não dá lucro é para fechar.

Mas o que nos trás aqui hoje é mesmo o que é garante de lucro garantido, pelo que o capital que vier a ser inves-tido na compra das linhas suburbanas será tudo menos risco. Risco correm os portugueses em geral e, especial-mente os trabalhadores e os reformados, que vêm o servi-ço público a fechar um pouco por todo o lado, numa linha de conduta política de que nos diz que tudo o que o gran-de capital não engolir é para fechar.

Mas o mais estranho é que o Governo não se dá por achado. Das duas uma, ou está ao corrente da tramóia que se prepara contra as linhas suburbanas e se cala, ou, se não sabe de nada, deveria, ao menos, vir a terreiro expli-car que a tal multinacional, que nos quer comprar aos bocados está com alucinações.

Com o exemplo da Fertágus já todos ficámos a saber o

que se ganha com a entrega do caminho de ferro aos privados. O Estado montou e mantém as infraestruturas e a concessionária limita-se a fazer a exploração corren-te, com a garantia suplementar de não estar sujeita a prejuízos de qualquer espécie, já que estes, se ocorrem, como têm ocorrido, são inteiramente cobertos pelo erá-rio público, ou seja, com o dinheiro dos contribuintes.

Numa altura em que a CP se recusa a aumentar os salá-rios dos seus trabalhadores acima dos 1,5 % estabeleci-do pelo Governo, seria bom que, ao menos, nos disses-sem o que andam a conspirar nas nossas costas.

Depois de se conhecerem os lucros escandalosos que o Governo do eng.º Sócrates facilita aos grandes magna-tas da especulação financeira, só mesmo os mais distraí-dos é que ainda não compreenderam que este Governo, tal como os anteriores, governa apenas para os privile-giados. Portugal é cada vez mais o País da Europa com a mais injusta distribuição de riqueza. E o que faz o Gover-no para atenuar esta situação? Nada, absolutamente nada. Pelo contrário. Continuam a roubar aos trabalhado-res e aos reformados para dar aos Amorins, aos Belmi-ros, aos Jardins e outros que tais.

Mas esta situação não é uma fatalidade. Podemos e devemos combatê-la. No dia 19 de Setembro teve lugar um Plenário de ORT’s dos Transportes, onde foram apro-vadas medidas de luta contra esta política anti-social. Mas para já está a ser preparada a grande jornada nacio-nal de luta da CGTP-IN e das CT’s, em defesa da Segu-rança Social, pública, universal e solidária, que o Gover-no, em conluio com o capital financeiro, se prepara para destruir. Por tudo isto, no dia 12 de Outubro vamos todos convergir para Lisboa numa demonstração da for-ça e da vitalidade dos trabalhadores portugueses.

ORGÃO DA COMISSÃO DE TRABALHADORES DA CP Nº 79

EDITORIAL

SÓ A LUTA PODE TRAVAR A POLÍTICA ANTI-SOCIAL DO GOVERNO

Page 2: À tabela 79

Pelo que já se ouviu o Plano Líder 2010, o tal que ia fazer

da CP a empresa ferroviária financeiramente mais equili-brada, em toda a Península Ibérica, vai prosseguir com o novo CG.

De acordo com o que veio a lume na comunicação social, sem que tenha sido formal ou informalmente desmentido, a conclusão do famoso Líder 2010 implica, a supressão de mais de 580 postos de trabalho.

Tudo isto é feito sob a falsa promessa de modernização do nosso caminho de ferro e do equilíbrio das suas contas de exploração.

Mas vendo um pouco ao lado das falaciosas promessas A CT, em estreita colaboração com a Sub-CT da zona,

tem feito várias diligências junto da CP Lisboa no sentido de serem resolvidos alguns dos problemas que mais afec-tam as condições de trabalho e a qualidade do serviço prestado aos utentes.

Numa reunião com a dr.ª. Judite Pernes, em 25 de Maio último, entre outros assuntos foi solicitada uma solução urgente para a falta de limpeza que se verifica nas salas de convívio de Entrecampos e do Areeiro.

Para além da falta de limpeza, especialmente nos fins de semana, queixam-se os trabalhadores da extrema degrada-ção em que se encontram os sofás ali existentes, tanto numa como noutra estação.

Mas a higiene é valor que não abunda também para os lados de Alverca, onde as instalações deixaram de ser

Andam por aí alguns comentadores (por encomenda governamental), a querer fazer-nos acreditar que essa coi-sa da coesão social tem pouco a ver com o facto dos ren-dimentos estarem cada vez mais injustamente distribuí-dos.

Mas os trabalhadores não são parvos e sabem que, enquanto alguns continuam a encher a mula, a maioria limita-se a rapar o fundo do tacho.

É nesta linha de progressivo afastamento da coesão social que nos prometeram com a União Europeia, que está a decisão do CG de autorizar os concessionários dos bares e cantinas, designadamente em Contumil, a

Queixam-se muitos trabalhadores e das suas queixas se faz-se eco a respectiva Sub-CT. Num edifício do complexo de Contumil funciona uma sala de convívio que, ao que parece, não é para todos os trabalhadores, mas apenas para alguns. 2

o que fica é uma redução sistemática e galopante do número de passageiros transportados, com a sua transfe-rência automática para o transporte individual e para a rodoviária privada. Quem é que pode ainda continuar a acreditar nos que todos os dias nos castigam os ouvidos com proclamações de apoio estratégico ao transporte público e, dentro deste, ao comboio como o modo de transporte mais económico e mais amigo do ambiente?

Para já, os defensores do Líder 2010 ameaçam atirar-se à Linha do Tua. Mas outras se seguirão, com a estratégia privatizadora que tem arrasado o sector nos últimos 25 anos.

limpas por ter cessado o contrato com a respectiva opera-dora. Outro tanto se verifica com a falta de higiene dos comboios que recebem assistência em Alverca. Aos traba-lhadores que ali prestam serviço é concedido um máximo de 20 minutos para as operações de higiene, o que é mani-festamente pouco. Resultado: as carruagens estão uma lástima.

Outro problema exposto diz respeito à falta de telefone nas instalações de Alverca. A CT chamou ainda a atenção para a falta de limpeza nas cabinas de condução. Ao mes-mo tempo que voltou a recordar o facto dos trabalhadores que transitam pela estação de Monte Abraão, só terem acesso às instalações sanitárias até às 22 horas. Como fecham as bilheteiras, deixa de haver chave e quem tiver necessidades que se desenrasque na linha…

procederem a aumentos de 10% nos preços impostos aos trabalhadores, quando o mesmo CG sabe que acaba de impor um aumento salarial de apenas 1,5%.Onde está a moral disto? Não será esta uma política deliberada para agravar ainda mais as injustiças sociais? Se não é, o CG e o Governo que lhe dá orientação, devem contratar mais uma dúzia de comentadores-economistas, para virem explicar aos trabalhadores porque razão determinam que os preços subam três vezes mais que a inflação, ao mes-mo tempo que determinam para os salários (que já são os mais baixos da EU), da ordem de metade dessa mesma inflação. Não há paciência para tanta falta de vergonha.

A CT já questionou o CG acerca desta discriminação, que, a menos que nos apresentem uma razão plausível nos parece, pelo menos bizarra. Esperamos que o CG nos apresente razões válidas para esta situação, ou que, em alternativa, lhe ponha imediatamente cobro.

MAIS 580 POSTOS DE TRABALHOMAIS 580 POSTOS DE TRABALHO EM RISCO COM O PLANO LÍDER 2010EM RISCO COM O PLANO LÍDER 2010

DA VIA NOTÍCIAS DA VIA NOTÍCIAS DA VIA

LINHA DE SINTRA E AZAMBUJALINHA DE SINTRA E AZAMBUJA INÚMEROS PROBLEMAS POR RESOLVERINÚMEROS PROBLEMAS POR RESOLVER

AUMENTO NOS BARES E CANTINASAUMENTO NOS BARES E CANTINAS SEIS VEZES SUPERIOR AO DOS SALÁRIOSSEIS VEZES SUPERIOR AO DOS SALÁRIOS

SALA DE CONVÍVIO OU CONDOMÍNIO PRIVADOSALA DE CONVÍVIO OU CONDOMÍNIO PRIVADO

Page 3: À tabela 79

Numa reunião que a CT e a Sub-CT da Linha de Cascais tiveram com a Comissão Executiva da CP Lisboa, no pretérito mês de Agosto, além de outros problemas, foi essencialmen-te tratada a problemática que resulta da falta de segurança (para os ferro-viários e para os utentes), que conti-nua a verificar-se naquela linha.

Os representantes dos trabalhado-res tiveram ocasião de sublinhar que não está em dúvida a boa fé com que a referida comissão executiva pro-meteu atacar a situação, mas apenas a constatação de que, lamentavel-mente, as coisas não melhoraram, tendo, pelo contrário, sofrido um agravamento nos últimos meses.

O argumento de que os trabalhado- Nos diversos contactos que tem

estabelecido com a Comissão Execu-tiva da CP Longo Curso, a CT, quer verbalmente, quer por escrito, tem alertado os responsáveis para a pre-cária situação da bilheteira de longo curso que funciona em Entrecampos, em substituição provisória do Ros-sio, devido às obras que nesta esta-ção estão em curso.

Não se trata propriamente da inca-pacidade das instalações, mas sim ao facto do referido posto de venda de bilhetes funcionar apenas com um único operador.

Nos fins de semana e vésperas de feriados chegam a formar-se filas

Tendo tomado conhecimento da

transferência (provisória), da Colónia de Férias da Praia das Maçãs, para S. Martinho do Porto, a CT considerou razoável esta decisão do CG, uma vez que os requisitos de higiene e segurança agora exigidos para esse tipo de instalações estavam longe de ser satisfatórios.

Mas ao aceitar esta transferência, a CT teve o cuidado de, simultanea-mente, alertar o CG para o risco, infe-lizmente tão habitual neste cantinho à beira mar plantado, de provisório vir a tornar-se definitivo.

Foi com este objectivo que a CT enviou uma carta ao CG na qual se interroga sobre os projectos para a reabertura da Colónia de Férias na

Por intermédio da respectiva Sub-CT chegou ao conhecimento da CT o descontentamento dos trabalhadores que utilizam as instalações do bar e da cantina daquele complexo.

Para além de deficiente limpeza que se verifica, as instalações eviden

res podem pedir apoio através de telemóvel não colhe, porque muitas vezes, sobretudo nos túneis das estações, os aparelhos podem ficar sem sinal. Quanto aos utentes, uma das queixas mais ouvidas reside na frequência com que se verificam avarias nos sistemas de informa-ção patente nos comboios (destino e paragens) A sobrelotação dos comboios, sobretudo no período que vai das 21.30 às 22 horas é outro motivo de descontentamento dos utentes, que conduz a muitas situações de conflito.

Por tudo o que fica dito a CT e a Sub-CT fizeram ver à CP-Lisboa que é tempo de passar imediata-mente das palavras aos actos.

extensíssimas, com as consequen-tes demoras, que fazem perder a paciência dos utentes e são, por vezes, factor de conflito com os trabalhadores.

Na realidade já não é a primeira nem a segunda vez que um utente, ou uma família, perdem o comboio devido ao excessivo tempo de espera na fila, para comprarem o bilhete.

Julgamos que não será desta forma que a CP vai procurar recu-perar pelo menos alguns dos milhões de passageiros que perdeu nos últimos anos, por razões como esta e outras do género que tais.

Praia das Maçãs, com previsão de início e fim das obras exigidas pela nova regulamentação.

Até à data em que este “À Tabe-la” está a ser impresso o CG não tinha dado qualquer resposta às nossas legítimas interrogações. Como nota final não pode ficar sem um reparo o facto, lamentável, dos responsáveis não terem feito tudo o que era possível fazer para evitar que mais de quarenta crianças ficassem afastadas da Colónia de Férias. Temos a certeza de que com mais um pequeno esforço teria sido possível organizar um terceiro turno.

Aqui fica o reparo, para que o mesmo não se repita em 2007.

ciam uma clara necessidade de obras de restauro, incluindo pintu-ra, piso e portas e janelas.

A CT já diligenciou junto do CG no sentido de que as respectivas beneficiações sejam concretizadas o mais urgentemente possível.

Em resposta a uma pergunta escri-

ta da euro-deputada Ilda Figueiredo, do PCP, que questionava o estado de abandono em que se encontra a Linha do Oeste, a Comissão Euro-peia esclareceu que a referida linha não faz parte da rede transeuropeia de transportes, pelo que não pode ser incluída no seu financiamento, isto porque a RTE-T foi revista em 2004 e o governo português não solicitou a inclusão desta linha na rede transeuropeia.

Pelo contrário, Ilda Figueiredo con-sidera que a Linha do Oeste, uma vez modernizada e electrificada, pelo menos até às Caldas da Rainha, “é uma via estruturante, como alter-nativa à Linha do Norte”.

De qualquer forma, na resposta que deu à euro-deputada do PCP, a Comissão Europeia considera que o Terceiro Quadro Comunitário de Apoio pode abranger a Linha do Oeste, a qual, aliás, já beneficiou do apoio comunitário.

Tem sido recorrente o apelo que a

CT tem feito, de muitos anos para cá, no sentido de que a Linha do Oeste possa ter carácter suburbano até às Caldas da Rainha.

Para tal impõe-se a sua moderniza-ção, com a duplicação da via e a respectiva electrificação, quanti-nuando numa segunda fase com a electrificação até ao Louriçal, para fechar a malha do enlace natural com a Linha do Norte.

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“À TABELA” Nº 79

OUTUBRO DE 2006

Orgão da CT da CP

Redacção - Secretariado da CT da CP

Composição e Impressão - CT da CP

Calçada do Duque, 14

1249-109 LISBOA - Tel: 213215700

LINHA DE CASCAIS TRABALHADORES EXIGEM SEGURANÇA

ENTRECAMPOS BILHETEIRAS SEM CONDIÇÕES

DA VIA NOTÍCIAS DA VIA NOTÍCIAS DA VIA LINHA DO OESTE NO PARLAMENTO EUROPEU

PRAIA DAS MAÇÃS SOLUÇÃO PROVISÓRIA ATÉ QUANDO?

CANTINA DE CONTUMIL PRECISA DE OBRAS

CT APOIA

COMBOIOS SUBURBANOS ATÉ ÀS CALDAS DA RAINHA

Page 4: À tabela 79

Os mais velhos ainda se recordam,

certamente, dum famoso “slogan”, gritado aos quatro ventos, no período agitado que se seguiu ao 25 de Abril: “Os ricos que paguem a crise”.

Pois foi precisamente este grito da indignação popular que a minha Tere-sa, que continua a ser muito esperti-nha, foi rebuscar aos escaninhos mais profundos da sua memória, para fazer comparações com a situação actual.

Para a minha Teresa, que às vezes até parece estar a delirar, o que os últimos governos têm estado a fazer podia muito bem ser sintetizado num “slogan” do género “Os trabalhadores que paguem a crise”.

Veio isto a propósito de uma notícia, vinda há dias da Alemanha, País que até tem à frente do governo uma senhora, da direita é certo, segundo a qual, vai ser criado um imposto sobre as grandes fortunas, ao mesmo que o IRS será agravado para os salários mais altos.

- Mas então tu pensas que eu sou parva? Então não vês que isso vai entrar em vigor só daqui para a frente, porque os direitos adquiridos só podem ser tirados ao peixe miúdo? Se houvesse um pingo de verdade na retirada de direitos, tinham de cortar a todos, começando pelos que ganham balúrdios.

Nos termos legais foi a CT convoca-

da para dar o seu parecer à nomeação de dois novos elementos para o CG da CFP-EP, designadamente o eng.º Fran-cisco José Cardoso dos Reis como presidente, e o dr. Paulo José da Silva Magina, como vogal.

Na justificação que apresentou à Secretaria de Estado dos Transportes para recusar o parecer positivo dos dois ora nomeados, que, entretanto, já tomaram posse, a CT sublinhou que mais que os “curriculum vitae” dos nomeados interessa avaliar a política que os mesmos se comprometeram a seguir. No caso vertente é óbvio que não se espera dos novos membros 4

- Essa aqui não pega—adiantou a

minha Teresa—porque o Governo está mais preocupado, por exemplo, com a tentativa de tirar o subsídio de férias aos pensionistas que ganham, na sua maioria, menos de 450 euros mensais.

- Mas isso era um estudo, uma intenção, que não foi para a frente—tentei eu atalhar, ao que a minha Teresa retorquiu:

- Pois é, mas vê lá tu, Zé, se eles estão a fazer algum estudo para melhorar a vida dos trabalhadores. Quanto ao subsídio de férias é natu-ral que não possam ir para a frente com isso, por que houve um secretá-rio de Estado que deu com a língua nos dentes fora de tempo. Mas deixa lá que eles hão-de descobrir outra forma de tramar os mais pequeni-nos.

- Mas também tens que ver, Teresa, que já acabaram as pensões vitalí-cias aos políticos... Mas nesses não tocam eles. Há para aí

gente a ganhar milhares de contos do erário público, muitos deles por terem estado três ou quatro meses num ban-co, mas quando se trata de reduzir o famigerado défice, é sempre aos traba-lhadores e aos reformados pobres que eles atacam em primeiro lugar.

do CG nem suficiente autonomia nem vontade para alterarem, uma linha à estratégia de privatização e minimização do transporte ferroviá-rio, que tem sido apanágio dos últi-mos governos.

Sendo mais que claro que chega-ram com o compromisso de prosse-guirem o desmantelamento que se tem verificado nos últimos vinte anos, não se poderia esperar outra posição da CT.

É certo que, desta vez, é posto à frente da empresa um técnico ferro-viário de consabida competência, mas todos sabemos que isso, sendo positivo, não chega.

- Mas tu não vês Teresa, que se vão cobrar impostos aos ricos eles fogem com o dinheiro para a Suíça?

- Mas olha que não foi isso que se viu em Espanha, que já tem um impos-to sobre as grandes fortunas, há mais de trinta anos, e continua a ter as con-tas mais equilibradas que nós.

- E o que me dizes à decisão de obri-garem os trabalhadores independen-tes a pagarem IRS sobre a totalidade dos seus rendimentos?

- Olha, Zé... Se o Governo tivesse a mínima intenção de equilibrar as con-tas da Segurança Social, em vez de castigar ainda mais as centenas de milhares de assalariados que traba-lham sob o regime de recibo verde, deveria, antes acabar de vez com este escândalo, que serve, apenas e só, para livrar as entidades patronais das contribuições para a Segurança Social. E o escândalo é ainda maior quando se sabe, toda a gente sabe, desde o Presidente da República ao Primeiro Ministro, passando pelo ministro do Trabalho e por todos os deputados, que até o Estado e as autarquias são réus nesta fraude, que outra coisa não se pode chamar à con-tratação de trabalhadores assalaria-dos, com horário, hierarquias e tudo o mais, sob o manto esfarrapado dos recibos verdes.

- Mas há casos em que... - Em que o quê? Esta gigantesca

fraude contra as receitas da Seguran-ça Social constitui uma das principais causas de ataque que o Governo está a fazer aos direitos dos reformados, reduzindo-lhes as pensões e aumen-tando a idade de reforma. O que é pre-ciso é mudar para melhor porque para mal já basta o que temos.

- Se é assim como dizes, sou obriga-do a dar-te razão e a pensar que anda para aí uma data de gente a querer-nos enganar…

Como tem sido apanágio da CT, não

obstante a nossa recusa de darmos parecer positivo aos dois novos mem-bros do CG, procuraremos manter um relacionamento cordial com o CG, com base na consideração recíproca e, sem quebra das prerrogativas que a lei nos confere no plano da interven-ção, em defesa dos direitos dos traba-lhadores e dos interesses da CP.

Por outro lado não podemos esque-cer que foi com o eng.º Cardoso dos Reis no CG, que foi encerrado o infan-tário do Rossio e começou o proces-so idêntico no de Campanhã. As pes-soas não têm a memória curta.

Quanto ao dr. Paulo Magina, apenas sabemos que é oriundo da Secretaria de Estado, e que foi um dos responsá-veis pelo projecto de financiamento do atribulado Metro do Sul do Tejo.

Zé Ferroviário

os trabalhadoresos trabalhadores queque

paguem a crisepaguem a crise

CT NEGA PARECER POSITIVO A DUAS NOMEAÇÕES PARA O CG