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HEIDEGGER E A TÉCNICA O filósofo alemão Martin Heidegger foi importante principalmente por nos voltar para a questão do ser , que era a discussão dos clássicos gregos como Parmênides e Heráclito. Para Heidegger, os filósofos posteriores, sempre que questionaram sobre o ser, responderam com o ente. Com efeito, ao fazermos uma pergunta sobre o que é o ser, respondemos com algo relacionado à existência, seja um objeto ou algo mais abstrato, como números ou palavras. Tal questionamento leva o filósofo, ao estudar a história, perceber que o ser é aquilo que se torna mais próprio de uma época, e que perpassa por tudo o que se relaciona com ela; nesse caso, assume que o ser de nossa época é a técnica.  A técnica, para Heidegger, não é apenas uma ferramenta para construir algo, ou as produções humanas; é aquilo que atravessa todo fazer humano e se relaciona com medidas, conceitos e explicações. Um dos exemplos que utiliza é o do rio Reno, em que foram construídos uma ponte e uma barragem, mas, enquanto a ponte está no rio, o rio está na barragem. A ponte serve apenas para atravessá-lo, e não há mais nenhuma relação com o rio, mas o rio na barragem é mensurável, é estudado, é técnico. Essa é a ideia heideggeriana, considerada como um ótimo diagnóstico da época. Porém, ele nos propõe também um prognóstico. Se a técnica está em praticamente tudo o que fazemos, qual é seu futuro? Não há. Tanto é que para ele a poesia é a única via de saída dela, pois devido ao simbolismo e à intuição do autor, consegue desviar da técnica. SIMONDON

A Técnica, Da Ontologia à Ética

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7/23/2019 A Técnica, Da Ontologia à Ética

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HEIDEGGER E A TÉCNICA

O filósofo alemão Martin Heidegger foi importante principalmente por nos voltarpara a questão do ser , que era a discussão dos clássicos gregos como Parmênides e

Heráclito. Para Heidegger, os filósofos posteriores, sempre que questionaram sobre o

ser, responderam com o ente. Com efeito, ao fazermos uma pergunta sobre o que é

o ser, respondemos com algo relacionado à existência, seja um objeto ou algo mais

abstrato, como números ou palavras. Tal questionamento leva o filósofo, ao estudar a

história, perceber que o ser é aquilo que se torna mais próprio de uma época, e que

perpassa por tudo o que se relaciona com ela; nesse caso, assume que o ser de nossaépoca é a técnica.

 A técnica, para Heidegger, não é apenas uma ferramenta para construir algo,

ou as produções humanas; é aquilo que atravessa todo fazer humano e se relaciona

com medidas, conceitos e explicações. Um dos exemplos que utiliza é o do rio Reno,

em que foram construídos uma ponte e uma barragem, mas, enquanto a ponte está 

no rio, o rio está na barragem. A ponte serve apenas para atravessá-lo, e não há mais

nenhuma relação com o rio, mas o rio na barragem é mensurável, é estudado, étécnico.

Essa é a ideia heideggeriana, considerada como um ótimo diagnóstico da

época. Porém, ele nos propõe também um prognóstico. Se a técnica está em

praticamente tudo o que fazemos, qual é seu futuro? Não há. Tanto é que para ele a

poesia é a única via de saída dela, pois devido ao simbolismo e à intuição do autor,

consegue desviar da técnica.

SIMONDON