A Teoria Da Trofobiose Na Proteção de Plantas a Fitofágos

Embed Size (px)

Citation preview

MUDANAS CLIMATICAS E SEUS IMPACTOS SOBRE A PROTEO DE PLANTAS

A TEORIA DA TROFOBIOSE NA PROTEO DE PLANTAS A FITFAGOSDoutorando: Jean Kelson da Silva PazOrientador: Prof Dr. Ervino BleicherUNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM AGRONOMIA/FITOTECNIAINTRODUO O aumento de pragas ou desequilbrios biolgicos nos agroecossistemas pode estar associada ao estado dominante de protelise nos tecidos das plantas (CHABOUSSOU, 1967).

Foto: BIONUTRIENT

RESISTNCIA A FITOFGOSGHARAM (1983)

GHARAM (1983)A TEORIA DA TROFOBIOSEMaior parte dos insetos e dos caros fitfagos dependem de substncias solveis existentes na seiva das plantas ou no suco celular, tais como aminocidos livres e acares redutores.

Foto: CULTIVARFoto : Andrs ParedesFoto: Andrs ParedesDufrenoy (1936) postulou que:

Toda circunstncia desfavorvel ao crescimento celular tende a provocar um acmulo de compostos solveis no utilizados, como acares e aminocidos, diminuindo a resistncia da planta ao ataque de pragas e doenas.

Foto: AGROCINFrancis Chaboussou formulou, em 1967, a teoria da trofobiose (CHABOUSSOU, 1980; 1985) , ao afirmar que:A planta, ou mais precisamente o rgo vegetal, ser atacado somente quando seu estado bioqumico, determinado pela natureza e pelo teor de substncias nutritivas solveis, corresponder s exigncias trficas da praga ou do patgeno em questo.

Foto: BIONUTRIENTEstes desequilbrios qumicos podem ser desencadeados por:

Nutrio Inadequada

Defensivos agrcolas

Foto: POTAFOSFoto: GLOBO RURALOBJETIVO Relatar a importncia da teoria da trofobiose e sua real aplicabilidade no manejo e controle de artrpodes fitfagos.

O PAPEL DOS NUTRIENTES NA PROTEO VEGETALAlguns adubos minerais solveis, quando absorvidos pelas plantas, podem interferir na fisiologia do vegetal, reduzindo a proteossntese e acumulando aminocidos livres e acares redutores, utilizveis pelas pragas (CHABOUSSOU, 2006).

ADUBOS NITROGENADOS E OCORRNCIA DE DE FITOFGOS A reproduo dos pulges (Brevicoryne brassicae e Myzus persicae) cresce com a elevao do teor de nitrognio (VAN EMDEN, 1966).

No algodoeiro a aplicao de nitrato de amnia provoca aumento ntido da populao de Helicoverpa zea entre hempteros, caros e outros lepidpteros (CHABOUSSOU, 2006).

O nitrognio sob forma amoniacal (NH4+) acarreta um nvel mais baixo de proteossintese do que sob forma ntrica (NO3-).ADUBOS POTSSICOS E OCORRNCIA DE FITOFGOS No entanto, em Citrus s cochonilhas (Lepidosaphes beckii e Saissetia oleae) reduziram pela metade sua populao em reas submetidas a altas doses de potssio (CHABOUSSOU, 1974).O aporte macio de potssio no solo acarreta um aumento de K nas folhas e, correlativamente, uma reduo de Ca.O CLCIO E A OCORRNCIA DE FITOFGOS O on Ca participa do processo da proteossntese, em que forma complexos com as protenas e tambm as vitaminas A e C, alm de revestir a parede celular.

Correes de solo base clcio causam um enriquecimento em nitrognio solvel, que acarreta uma multiplicao dos pulges Aphis fabae, Myzus persicae e Brevicorynae brassicae (WEARING e VAN EMDEN, 1967).Quando as relaes K/Ca e K + Na/Ca + Mg encontram-se modificadas, num ou noutro sentido, o novo equilbrio condiciona o metabolismo e o nvel de proteossntese da planta, que poder ser intensificado ou reduzido (CHABOUSSOU, 2006).EQUILBRIO CATINICO E RESISTNCIA DA PLANTA

Foto: UNESPINFLUNCIA DA ADUBAO FOSFATADA - POTSSICA NA OCORRNCIA DE PRAGAS NA CULTURA DA SOJA

Alexandre M. Cardoso, Francisco J. Cividanes e William Natale

Neotropical Entomology . v.31, n.3. p.441-445. 2002.OBJETIVO: Avaliar a influncia de fsforo e potssio sobre a populao de insetos-praga na cultura da soja.

CONCLUSO

Houve tendncia de aumento populacional de Piezodorus guildinii com o aumento das doses de fsforo e potssio na adubao de semeadura da cultura e uma associao entre o potssio e o clcio das folhas de soja e a ocorrncia de Diabrotica speciosa.AVALIAO DA INFESTAO DE INSETOS-PRAGA ASSOCIADOS BATATA(Solanum tuberosum L.) SOB EFEITO DE NUTRIENTES NITROGENADOSE POTSSICOS E TEORES ACUMULADOS DE AMINOCIDOS LIVRES NASCULTIVARES Achat e Monalisa.

Edson Henrique de Azeredo, Paulo Cesar Rodrigues Cassino e Eduardo Lima.

Revista Brasileira de Entomologia. v. 46, n.1,p.7-14. 2002.OBJETIVO: Avaliar a ocorrncia de insetos-praga associados cultura da batata, influenciada por nutrientes nitrogenados e potssicos e a teores de aminocidos livres, na regio sul fluminense.

N0 - 0kg/ha de Uria; N1 - 75 kg/ha de Uria e N2 -150 kg/ha de Uria.

K0 - 0kg/ha de cloreto de potssio; K1 - 75 kg/ha de cloreto de potssio e K2 -150 kg/ha de cloreto de potssio.

N0 - 0kg/ha de Uria; N1 - 75 kg/ha de Uria e N2 -150 kg/ha de Uria.

K0 - 0kg/ha de cloreto de potssio; K1 - 75 kg/ha de cloreto de potssio e K2 -150 kg/ha de cloreto de potssio.CONCLUSO

As cultivares estudadas apresentaram comportamento diferencial, especialmente, em relao ao metabolismo de N e K, o que resultou na acumulao de aminocidos livres e, consequentemente, incremento de infestao da praga . Na agricultura orgnica, os processos empregados no controle das pragas e doenas baseiam-se no equilbrio nutricional da planta, pelo melhor equilbrio energtico e metablico do vegetal (PINHEIRO; BARRETO, 1996). A TROFOBIOSE NO CONTROLE DE FITOFGOS NA AGRICULTURA ORGNICA

Foto: CULTIVARProdutos que contenham microrganismos e seus metablitos funcionam como indutores de resistncia, atuando como promotores de crescimento e como protetores.Biofertilizantes lquidos podem atuar como repelente ou fagodeterrente ou afetando o desenvolvimento e reproduo das pragas.

Foto: GLOBO RURALMedeiros et al. (2000a) verificaram que o biofertilizante base de contedo de rmen bovino e o composto orgnico Microgeo reduziram a fecundidade, o perodo de oviposio e a longevidade de fmeas do caro-da-leprose dos citros, Brevipalpus phoenicis, quando pulverizado em diferentes concentraes.

Medeiros et al. (2000b) comprovaram ainda que esse biofertilizante agiu sinergicamente com Bacillus thuringiensis e Beauveria bassiana, reduzindo a viabilidade dos ovos e a sobrevivncia de larvas do bicho-furo dos citros (Ecdytolopha aurantiana).

Adultos do caro-da-leprose dos citros infectados por Verticillium lecanii.Foto: Srgio Batista AlvesFoto: Srgio Batista AlvesFoto: Srgio Batista Alves

Acrogonia sp. (cigarrinha transmissora da CVC) infectada por Zoophthora radicans.Foto: Srgio Batista AlvesIMPACTO DA ADUBAO ORGNICA SOBRE A INCIDNCIA DE TRIPES EM CEBOLA

Paulo Antnio de S. Gonalves; Carlos Roberto Sousa e Silva.

Horticultura Brasileira, Braslia, v. 21, n. 3, p. 459-463, julho-setembro 2003.OBJETIVO: contribuir na gerao de informaes para sedimentar a agroecologia no estado de Santa Catarina e para avaliar o efeito das adubaes mineral e orgnica sobre a ocorrncia do tripes e no impacto dos diferentes tratamentos sobre a produtividade da cultura da cebola.

Os coeficientes de correlao linear (r) e de determinao (r2 %) entre nutrientes e inseto foram significativos na maioria das avaliaes para K/Cu (r = -0,49**) e nas relaes inversas de alguns nutrientes com Mn (N/Mn, r = 0,44**; P/Mn, r = 0,46**; Mg/Mn, r = 0,45**).

Este resultado sugere que:

O excesso dos nutrientes N, P e Mg em relao a Mn favoreceu a ocorrncia de tripes.

O aumento de K em relao a Cu diminuiu a incidncia do inseto.O valor de r foi significativo a 5% para os seguintes nutrientes: K/Zn (r = 0,36), (r = -0,38), K/Mg (r = -0,34), K/B (r = -0,40), Mn/Zn (r = -0,35), Cu (r = 0,33), N/K (r = 0,33), P/K (r = 0,38), Ca/Mn (r = 0,35).A anlise de regresso mltipla apresentou as seguinte equao para relao entre nmero mdio de ninfas de tripes (y) e nutrientes:

com populao abaixo do NDE, considerado:

y= +21,32 - 0,004xK/Cu +1,48xMn/Cu +0,059xP/Mn -0,38xFe/B,

(r2 = 53,19%).CONCLUSES

A adubao mineral em relao orgnica no favoreceu significativamente a incidncia de T. tabaci .

No perodo de maior incidncia de T. tabaci, a relao com nutrientes foi descrita por um modelo envolvendo K/Zn, B e N de maneira positiva.

A correlao entre nutrientes e T. tabaci no foi linear na maioria das avaliaes.A TROFOBIOSE E OS DEFENSIVOS AGRICOLAS Alguns defensivos agrcolas podem interferir metabolicamente sobre as plantas, entre eles:

Aumento do potssio com Carbaryl,

Aumento do magnsio com Parathion e Carbophenothion,

Aumento do clcio com Parathion,

Aumento do fsforo com Parathion, Diazinon e Carbophenothion. Um determinado nmero de produtos sintticos, indiferentemente, inseticidas, fungicidas ou herbicidas, podem tambm intensificar as multiplicaes dos insetos e caros fitofagos.

Destacam-se, sobretudo, DDT, Carbaryl, Captan, 2-4 D e diversos steres fosfricos.

Foto: CASEADAM e DREW (1969), mostraram, com trabalhos sobre aveia e cevada, que as populaes de duas espcies de pulges, Rhopalosiphum padi e Macrosiphum avenae, achavam-se associadas s aplicaes de 2-4 D. Gallo et al. (2002) afirmam que comum ocorrer infestaes severas de Pseudoplusia includens, praga secundria na cultura da soja, aps a aplicao de fungicidas.

Foto: CULTIVARChaboussou (1969) mostrou que diversos inseticidas como DDT, Carbaryl e numerosos fosforados acarretam proliferaes tanto de caros vermelhos (Panonychus ulmi, Koch), como de caros amarelos (Eotetranychus carpini vitis, Dosse).

Fotos: AGROLINK

CONSIDERAES FINAIS O conhecimento das relaes metablicas utilizadas pelas plantas, primordial para a eficincia da teoria da trofobiose no manejo de fitofgos.

Existem muitos relatos positivos da teoria da trofobiose no manejo de fitofgos, porm existe maior eficincia desta, sobre alguns txons ou espcies.ADAMS J.B..;DREW M.E. 1969. Grain aphids in New Brunswick. IV. Effects of malathion and 2-4 D amine on aphid populations and on yelds of oats and barley. Canad. K. Zool., 47, p. 3.

CHABOUSSOU F. Le conditionnement physiologique des Citrus comme moyen de lutte vis--vis des ravageurs des Agrumes. Fruits, v. 29, n.1, pp. 23-33.1974.

CHABOUSSOU F. Recherches sur les facteurs de pullulation des Acariens phytophages de la Vigne la suite des traitements pesticides du feuillage. Thse Fac. Se., Paris, 138 p. 1969.

CHABOUSSOU, F. Les Plantes Malades des Pesticides. Paris: Editions Dbard, 1980. 265p.

CHABOUSSOU, F. Sant des cultures, une revolution agronomique. Paris: Flammarion, 1985. 296p.

CHABOUSSOU, F. Plantas doentes pelo uso de agrotxicos Novas bases de uma preveno contra doenas e parasitas A teoria da trofobiose. 2006. 323p.

DUFRENOY, J. Le traitement du sol, desinfection, amendement, fumure, en vue de combatte chez les plantes agricoles de grabnde culture les affections parasitaires et les maladies de carence. Ann. Agron. Suisse, p. 680-728, 1936.

GALLO, D., O. NAKANO, S.S. NETO, R.P.L. CARVALHO, G.C. BATISTA, E.B. FILHO, J.R.P. PARRA, R.A. ZUCCHI, S.B. ALVES, J.D. VENDRAMIM, L.C. MARCHINI, J.R.S. LOPES & C. OMOTO.Entomologia agrcola. Piracicaba, FEALQ. 2002. 920p.

GRAHAM, R.D. Effects of nutrient stress on susceptibility of plants to disease with particular reference to the trace elements. Advances in Botanical Research, v. 10, p. 221-276, 1983.

MEDEIROS, M.B.; ALVES, S.B; BERZAGHI, L.M.; GARCIA, M.O. Efeito de biofertilizante lquido na oviposio de Brevipalpus phoenicis. In: Simp sio Internacional de Iniciao Cientfica da USP, 8., Piracicaba, 2000a. Resumos em CD-Rom. Piracicaba: USP, 2000.

MEDEIROS, M.B.; ALVES, S.B.; SOUZA, A.P.; REIS, R. Efecto de fertiprotectores y entomopatgenos en los estados inmaturos de Ecdytolopha aurantiana (Lepidoptera: Tortricidae). In: Congreso Latinoamericano y del Caribe de Manejo Integrado de Plagas, 7., Ciudad de Panam, 2000b. Memoria. Ciudad de Panam: Ministerio de Desarrollo Agropecuario. 2000b p.25.

PINHEIRO, S. BARRETO, S. B. Agricultura sustentvel, trofobiose e biofertilizantes. Porto Alegre: Junquira Candiru, 1996. 276p.

VAN EMDEN, H.F. Studies on the relations of insect of insect and host plant. A compasion of the reproduction of Brevicoryne brassica and Myzus persicae (Hemiptera: Aphididae) on brussels spout plants supplied with different rates of nitrogen and potassium. Ent. Exp. et Appl. v.9. p. 444-460. 1966.

WEARING C.H.; VAN EMDEN H.E. Studies on the relations of in sect and host Plant. I Effects of water stress in host plants in infestation by Aphis fabae Scop., Myzus persicae Sulz. and Brevicoryne brassicae L. Nature, v. 213, n. 50, p. 1052. 1967.REFERNCIASEsta apresentao e textos adicionais, esto disponveis para download em:

http://agronomium.blogspot.com.br/