19
A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM [email protected] Sigla da IE GT: 6 Formação de Professores Agência Financiadora Capes Resumo O presente trabalho pretende refletir sobre a importância da pesquisa na formação de professores. Ensino e pesquisa são movimentos intrínsecos, permantentes e interligados e visam constuir novos conhecimentos com vistas ao desenvolvimento sociocultural, político e ético dos docentes. (DONATONI; COELHO, 2007). Para tal foi feito um estudo do tipo qualitativo com 19 sujeitos professores que estão cursando o programa de pós-graduação stricto sensu na área de Educação na cidade de Uberaba. Como instrumento de coleta de dados utilizamos questionários perscrutando se os atuais professores pesquisadores receberam formação e incentivo para essa prática durante a formação inicial. Assim, o trabalho tem como objetivo identificar e analisar como a pesquisa vem sendo trabalhada na formação inicial de professores. Os referenciais teóricos sobre formação de professores e professor pesquisador serão buscados em Nóvoa (2001), André (2010) , Oliveira (2012), García (1991), entre outros. Tentamos por meio do estudo defender a pesquisa como meio para que a construção do conhecimento seja valorizada e realizada pelos professores, juntamente ao alunos, a fim de que superemos o paradigma de educação reprodutora de terceiro mundo. A busca é para que pesquisa mantenha seu rigor metodológico e científico, porém recebendo incentivo de ações governamentais, e deixando de ser realidade apenas dos cursos de pós- graduação. A reconstrução dos conhecimentos deve ser premissa de todos os estágios dos estudos afinal, acreditamos a experiência de pesquisa e fazer científico contribui para a formação pessoal e profissional do pesquisador, aguçando sua criatividade, instigando-lhe à reflexão, e tornando- o assim mais crítico. Palavras-chave: Formação de Professores. Professor Pesquisador. Formação Inicial.

A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM [email protected] Sigla da IE GT: 6 Formação de

  • Upload
    others

  • View
    8

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR

Maira dos Santos Mussato

UFTM

[email protected]

Sigla da IE

GT: 6 Formação de Professores

Agência Financiadora Capes

Resumo

O presente trabalho pretende refletir sobre a importância da pesquisa na formação de

professores. Ensino e pesquisa são movimentos intrínsecos, permantentes e interligados e

visam constuir novos conhecimentos com vistas ao desenvolvimento sociocultural, político e

ético dos docentes. (DONATONI; COELHO, 2007). Para tal foi feito um estudo do tipo qualitativo

com 19 sujeitos professores que estão cursando o programa de pós-graduação stricto sensu na

área de Educação na cidade de Uberaba.

Como instrumento de coleta de dados utilizamos questionários perscrutando se os atuais

professores pesquisadores receberam formação e incentivo para essa prática durante a

formação inicial. Assim, o trabalho tem como objetivo identificar e analisar como a pesquisa

vem sendo trabalhada na formação inicial de professores.

Os referenciais teóricos sobre formação de professores e professor pesquisador serão

buscados em Nóvoa (2001), André (2010) , Oliveira (2012), García (1991), entre outros.

Tentamos por meio do estudo defender a pesquisa como meio para que a construção do

conhecimento seja valorizada e realizada pelos professores, juntamente ao alunos, a fim de que

superemos o paradigma de educação reprodutora de terceiro mundo.

A busca é para que pesquisa mantenha seu rigor metodológico e científico, porém recebendo

incentivo de ações governamentais, e deixando de ser realidade apenas dos cursos de pós-

graduação. A reconstrução dos conhecimentos deve ser premissa de todos os estágios dos

estudos afinal, acreditamos a experiência de pesquisa e fazer científico contribui para a

formação pessoal e profissional do pesquisador, aguçando sua criatividade, instigando-lhe à

reflexão, e tornando- o assim mais crítico.

Palavras-chave: Formação de Professores. Professor Pesquisador. Formação Inicial.

Page 2: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

Introdução

O presente trabalho pretende refletir sobre a importância da pesquisa na

formação de professores, dialogando com autores e trabalhos da área. Com uma pesquisa

realizada com mestrandos, atuais pesquisadores, para perscrutar como a pesquisa foi

trabalhada e abordada durante a formação inicial desses profissionais. Com o objetivo de

contribuir com a disseminação da idéia do fazer científico pelos profissionais docentes.

Segundo Azevedo, Ghedin, Silva-Forsberg e Gonzaga (2012) a criação de

faculdades e centros de formação em 1968 fez da formação de professores um assunto

acadêmico. O que não garantiu mudanças significativas nos modelos das licenciaturas.

Os autores apresentam o caráter fragmentado da formação pedagógica, com predomínio

do conhecimento científico como técnica e regra a ser transmitida a esses profissionais.

Fortalecendo a fala de que para ser professor basta dominar o conhecimento específico

do que se ensina.

Conforme cresce o número de profissionais que buscam aprimoramento de sua

formação, há também aumento dos estudos sobre formação de professores. Segundo

André (2010) eles são recentes, e tiveram seu início nos estudos de Didática, mas vem

ganhando mais espaço, e grupos de trabalho como ANPED (Associação Nacional de Pós-

graduação e Pesquisa em Educação) tem contribuído para esse crescimento.

Honoré (1980) (apud André, 2010) nomeia como formática a área do

conhecimento que estuda os problemas relativos a formação, pois faz-se necessário que

haja um espaço para essas pesquisas. Entendemos aqui por formação ações que

desenvolvem num contexto específico, que provoquem mudanças no formando a partir

de inter-relações.

Bragança (1997) em estudo sobre os temas pesquisados em formação de

professores dos anos 70 aos 90. Constatou que inicialmente havia crítica sobre a

problemática educacional, analisada a partir das condições histórico-político-sociais

dominantes, como tentativa de superar o autoritarismo, visto que o Brasil encontrava-se

sob poder do regime militar.

Page 3: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

Nos anos 80, a busca pela democracia leva a considerar as instituições

formadoras, em relação aos processos formativos, que influenciam nos movimentos

sociais e na prática pedagógica desenvolvida na escola. Somente na década seguinte é

que o professor passa a ter mais evicência nas pesquisas educacionais, como sujeito social

e político, agente do ato pedagógico na construção do saber.

Com isso a autora destaca uma mudança de paradigma, que passou de uma

abordagem macro para uma microssocial. Não se limitando ao cotidiano da escola apenas,

mas ciente de que a ação docente abrange espaços da econômia, ética, política e cultura.

García (1991) define como objeto de estudo da formação docente “ Os processos

de formação inicial ou continuada, que possibilitam aos professores adquirir ou

aperfeiçoar seus conhecimentos, habilidades, disposições para exercer sua atividade

docente, de modo a melhorar a qualidade da educação que seus alunos recebem”.

Para García(2009) um dos principais valores dos cidadãos na nossa sociedade é

o conhecimento, uma vez que o valor da sociedade é relacionado com a formação,

capacidade de inovação e empreendimento que seus cidadãos possuem. Porém é preciso

constante atualização, pois o conhecimento não é perene.

O autor apresenta dados do relatório da OCDE em que evidencia-se a

importância dos professores na aprendizagem dos alunos, desse modo faz-se necessário

melhorar a qualidade da educação na sociedade do conhecimento.

André (2010) atenta para o fato de que as pesquisas da área vem se realizando

em situações muito particulares, abrangendo um número muito pequeno de sujeitos,

referindo-se assim a uma parcela restrita da realidade. Porém mesmo com esses micro-

estudos as pesquisas contribuem para o reconhecimento social da área, pois, trazem à tona

as questões que merecem investigações.

Há uma certa tendência de um olhar crítico desses estudos sobre o profissional

docente, de modo que atribui-se a ele a capacidade de sanar com os problemas do sistema

educacional. Para não dar coro ao discurso Azevedo, Ghedin, Silva-Forsberg e Gonzaga

(2012) apresentam críticas de renomados autores como Severino e Gatti para que não caia

exclusivamente sobre o trabalho docente a responsabilidade pelos problemas enfrentados

no processo de ensino-aprendizagem dos alunos. Pois, a frágil e fragamentada formação

Page 4: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

que esses profissionais recebem não possibiliatam-nos assumir compromisso com a

formação cidadã desses alunos.

Explicitam então inúmeros fatores que desencadeiam o insucesso do sistema

educacional como: aspectos culturais e regionais, políticas educacionais, estrutura e

gestão das escolas, formação dos gestores, e principalmente gestão política, econômia e

admnistrativa.

Taampouco culpar atribuir a culpa exclusiva à formação inicial, para tanto

Montero e outros (1989) defendem “não se pode pretender que a formação inicial ofereça

“produtos acabados”, mas sim compreender que é a primeira fase de um longo e

diferenciado processo de desenvolvimento profissional. (ANDRÉ, 2010)

Fato é que é de extrema importância que haja envolvimento dos professores para

que sua prática seja aperfeiçoada à medida que desenvolvem seus conhecimentos

teóricos, e assim busquem uma educação mais justa, que ao melhorarem sua competência

melhoram o quadro das escolas, o que pode ser garantido através da prática de pesquisa

por esses profissionais.

Conhecimentos Docentes

De acordo com Garcia (1991) no processo de desenvolvimento da formação de

professores, hoje, cobra-se uma profissionalização da profissão. Isso advém do modo

simplista que ela se originou nas escolas normais, que eram apenas uma extensão da

escola, e tinham a função de preparar professores, primeiramente como aprendizes, e

principalmente a observação de professores mais experientes, sem grandes aparatos

teóricos.

Atualmente, apesar dos parâmetros norteadores, cada programa de formação

apresenta de forma implícita ou explícita o modelo político e ideológico que formam o

profissional, de acordo com as habilidades e competências que apresentam como

finalidade.

O autor discorre sobre a “hipertrofia funcional” ,definição de Zabalza, que é o

exagero de disciplinas sobre práticas de ensino nos cursos de formação de professores,

Page 5: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

afirmando que elas não são a prática, mas uma simulação dela, e que não se pode esperar

que elas gerem o conhecimento prático nesses profissionais.

A dicotomia da teoria e prática não trará resultados enquanto perdurar, o texto

apresenta como solução para a falta de resultados dessa dicotomia o ensino de

conhecimento didático do conteúdo a ensinar, que se adquire com a aplicação e

compreensão do mesmo. A realização da pesquisa por profissionais docentes mostra-se

como um recurso para superar tal dicotomia.

A pesquisa e a formação profissional

Os estudos de Donatoni e Coelho (2007), refletem a importância das pesquisas

de formação de professores, por considerar ensino e pesquisa como um movimento

intrínseco, permantente e interligado. Voltado para mudar a tradição com prisma

exclusivo para o ensino e a formação profissional. Ela abre a universidade para a

sociedade, e ao construir o conhecimento, auxilia no desenvolvimento econômico,

sociocultural, político e ético da época em que se encontra.

Para a formação de professores, a intenção é conhecer a realidade educacional

em que atuam, centrando-se nas práticas pedagógicas, em busca de descobertas e novos

conhecimentos.A pesquisa se mostra como um desafio urgente, que deve ser

desenvolvido na universidade. (DONATONI e COELHO, 2007).

Tanto que a legislação reconhece e destaca a necessidade dessa prática pelos

educadores, como destacam Garcia e Jung (2007) em estudo que analisou da Leis de

Diretrizes e Bases- Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, e do Plano Nacional de

Educação – Lei nº 10.172 de 9 de janeiro de 2001.

O estudo inferiu que: a legislação não obriga a criação de uma disciplina sobre

pesquisa nos cursos de formação de professores; na formação inicial e continuada a

pesquisa é relacionada à prática docente; na formação continuada fica implícita a

expressão pesquisa, por ter a ideia de inovar, e atualizar; apresentam a meta de ampliar a

oferta de mestrado e doutorado para desenvolver mais pesquisas no campo educacional.

Ou seja, trata-se de algo destinado apenas aos programas de pós-graduação.

Page 6: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

É com base nisso que Neto e Maciel (2009) defendem que a pesquisa deve

possuir vários níveis e estágios, e não concentrar-se majoritariamente nas Instituições de

Ensino Superior Públicas, como acontece atualmente.

Visto que a formação científica deve tornar-se uma formação educativa, com

caráter inventivo de elaboração própria, portanto emancipatório socialmente, ao dialogar

de forma crítica com a sociedade. Oposto da formação reprodutora, de cópia vigente nos

cursos oferecidos.

Propondo a desmistificação do papel do pesquisador tradicional, com o intuito

de que ele construa e produza conhecimentos que sejam socializados. Assim ele garante

seu papel de ator social e político.

Mas, mostram com estudos de Lüdke (2001) que essa produção de conhecimento

ainda é um tabu no Brasil. Pois, as condições do trabalho docente inviabilizam a

possibilidade da pesquisa ser inserida no perfil dos profissionais do ensino fundamental

e médio, até porque há resistência entre os acadêmicos e formadores de professsores em

admitir tal possibilidade.

De acordo com os autores para a concretização da pesquisa são necessários:

aspectos internos como capacidade, técnica, interesse, vontade, qualidade entre outros e,

condições mínimas de infra-estruturas, financeiras de de tempo, pois exige um acervo

bibliográfico adequado, participação em eventos científicos, tempo para discussão e

divulgação dos resultados obtidos. O que se mostra como um processo realmente

dificultoso, até porque tais condições não dependem exclusivamente do interesse do

professor pesquisador.

Por essas razões, Assis e Bonifácio (2011) defendem a construção de uma

Universidade que não apenas forme profissionais para o mercado de trabalho, mas que

propiciem aos seus alunos, em sua prática profissional, uma visão crítica do meio em que

atuam.

Uma universidade que incentive a investigação científica, desenvolvimento

cultural, voltados para problemas nacionais ou regionais, guiado nos conhecimentos

teóricos, mas sem apenas reproduzí-los, insento de qualquer tipo de reflexão ou

criticidade.

Page 7: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

Para tanto sugerem que a Universidade desenvolva projetos que articulem

ensino, pesquisa e extensão, para que os alunos vivenciem uma formação de qualidade.

Dado que o que diferencia ensino superior de educação básica é a possibilidade de

desenvolver pesquisa e extensão juntamente ao ensino.

Atribuem à Universidade o papel de produzir conhecimento, com olhar crítico e

reflexivo. E afirmam que negar a pesquisa científica nesse local é esquecer do papel de

compromentimento da busca do saber dessa instituição na sociedade. Para isso os

currículos da graduação devem oportunizar a criação do saber mediante a prática,

vinculando teoria a prática e assim tendo uma verdadeira práxis.

Em estudo recente Freiberger e Berbel (2014) ressaltam a crescente valorização

da pesquisa em cursos de graduação, com atividade de Iniciação Científica, incentivadas

por bolsas e verbas para projetos, inclusive oferecidas pela Capes. Mas afirmam que

apesar de cada vez mais presente, a pesquisa ainda não se situa como um eixo central da

formação universitária.

O professor pesquisador

Além das questões levantadas sobre o sistema educacional, urge a necessidade

de pensar a formação do professor, em vista de sua prática pedagógica com olhar

investigativo, portanto, de professor pesquisador, conforme as palavras de Neto e Maciel

(2009), sobre os quais pautaremo-nos para conceituar o papel do professor pesquisador,

em estudos dos autores sobre as teorias de Pedro Demo.

Eles asseveram que a maioria dos professores apenas ensina o que aprenderam

de outrem, reproduzindo o que lhes foi passado. Pois, é o que acontece com quem não

pesquisa. Parafraseando Demo, nomeiam-os de instrutor ou tecnólogo do ensino,

reprodutor do conhecimento, devido a formação técnico-profissional, baseada apenas no

saber fazer, desconhecedores dos fundamentos do seu saber, ou seja, um ministrador de

aulas.

Page 8: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

García e Jung (2007) defendem ser salutar mostrar para os futuros professores a

importância de buscar novos conhecimentos, ser inovador e criativo, perante os alunos

que estão sempre curiosos frente aos novos conteúdos.

Para Neto e Maciel (2009) o que torna a aprendizagem criativa, é a pesquisa, por

submetê-la à teste e dúvida. Sendo assim, a pesquisa é um processo cotidiano importante

na formação do sujeito social competente, para atuar na sociedade capitalista e neoliberal.

Sustentam que quem ensina precisa pesquisar, pois quem apenas ensina não é

professor. Defendem o rompimento da visão de reprodutor e transmissor do

conhecimento produzidos por outras pessoas, para que enfim se desenvolvam capacidade

de elaborção própria dos seus aprendizados, pautados no seu cotidiano.

Reiteram a necessidade do professor reconstruir o conhecimento, no horizonte

da pesquisa como princípio científico e educativo. E assim se supera a marca histórica do

professor como alguém capacitado a dar aulas, apenas. Pois, ser professor é saber fazer o

aluno aprender, e isso só consegue o professor que também aprende, logo, o professor

que pesquisa.

Justificando que quando o professor pesquisa, e propõe tal prática aos alunos,

não há mais educação do ensino, e sim da aprendizagem, na qual ambos aprendem

concomitantemente.

O professor Reflexivo

García (1991) destaca o fato de em 1935 John Dewey apresentar a Teoria da

Experiência, valorizando a qualidade das experiências que se tem, agradável ou

desagrável, mas que influenciam na transferência de aprendizagens posteriores.

Nesse âmbito, Donald Schön difunde o conceito de reflexão-na-ação com o

pressuposto de que “é o processo mediante o qual os práticos (inclusive professores)

aprendem através da análise e interpretação da sua própria atividade docente”. (p. 41)

Nesse aperfeiçoamento do profissional há também a aprendizagem autônoma,

na qual o sujeito toma a iniciativa para analisar quais seus modos de aprendizagem, que

Page 9: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

nem por isso ocorre de modo isolado, há participação de professores e outros recursos

nesses processo.

Quando questionado em entrevista sobre o professor reflexivo, Nóvoa (2001)

afirmou que trata-se do atual paradigma dominante da área de formação de professores.

Que é o professor que elabora sua prática a partir da reflexão. Mas, que é difícil conseguir

identificar a construção e modo em que tais reflexões podem se desenvolver.

Garantindo ainda que não são exclusivas da profissão docente, e sim, inerentes

e necessárias a todas as profissões. E, sugere que para que elas se transformem em

conhecimento, as experiências reflexivas devem ser discutidas coletivamente, para que se

analisem as práticas, pois apenas a análise individual não contribui em grande escala para

o processo de formação.

Para ele, professor reflexivo e professor pesquisador correspondem a correntes

diferentes que se referem a um mesmo conceito. Afinal, ambos tratam-se do professor

indagador, que assume a própria realidade escolar como objeto de pesquisa, reflexão e

análise.

E reitera as palavras de Dewey quando diz que alguém que tem 10 anos de

experiência, pode ser alguém que tem um ano de experiência repetido 10 vezes. Afinal, a

experiência por si, repetida como rotina, não é formadora. Que o que de fato é formador

é a pesquisa ou reflexão sobre a experiência.

Metodologia

Com relação ao tipo de estudo, a pesquisa filia-se a uma abordagem qualitativa,

pois como afirma Gil (1999, p.94) “[...] métodos de pesquisa qualitativa estão voltados

para auxiliar os pesquisadores a compreenderem pessoas e seus contextos sociais,

culturais e institucionais”.

Gil (2002) afirma ainda que uma de suas características mais expressivas é a

coleta de dados por meio de questionário e de observação, habitualmente desenvolvidos

por pesquisadores preocupados com a atuação prática.

Quanto aos objetivos trata-se de uma investigação descritiva. Pautada nas

palavras de Oliveira Netto (2008, p. 26), a investigação descritiva tem por finalidade “[...]

Page 10: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

observar, registrar e analisar os fenômenos [...]”. Em que não há manipulação dos dados

por parte do pesquisador, “[...] devendo apenas descobrir como se estrutura e funciona a

realidade”. De acordo com Lakatos e Marconi (2000), nas pesquisas descritivas, o

pesquisador procura conhecer e interpretar a realidade, sem nela interferir para poder

modificá-la.

Para a análise dos dados utilizaremos a Análise de Conteúdo nas bases de Moraes

(1999), pois para ele quando a análise de conteúdo se propõe a responder à pergunta -

para dizer o quê? a pesquisa se organiza como uma análise temática. Trata-se de uma

metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de diferentes tipos

de documentos e textos. Tal análise conduz a descrições sistemáticas, qualitativas ou

quantitativas, ajudando a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus

significados num nível que vai além de uma leitura comum.

As análises ocorrem em dois momentos distintos, mas, ao mesmo tempo,

interligados. Em que o primeiro prevê a análise do material coletado com o objetivo de

identificar as Unidades de Análise e o segundo, a partir da seleção das Unidades de

Análise, faz a classificação em Categorias ou a Categorização.

O estudo foi realizado na Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM,

de Uberaba, no curso de Pós-graduação em Educação, selecionado por se tratar de um

curso novo, fundado em 2013, e possuir turmas bastante heterogêneas, com cursantes

entre 22 e 53 anos, portanto com realidades de formação inicial bastante diferentes, mas

que se tornaram pesquisadores apesar de nem sempre terem recebido incentivo para tal

prática.

Os sujeitos da pesquisa serão os mestrandos que participam do referido curso,

que possui 32 inscritos, sendo que para participar da investigação serão estabelecidos os

seguintes critérios probabilisticos:

1. Estar regularmente matriculado no curso

2.Estar presente na data da coleta

3.Ter formação no Ensino Superior

4.Concordar em participar da investigação assinando o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido, que esta em anexo.

Page 11: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

O instrumento de pesquisa foi um questionário com as seguintes perguntas:

1. Como foi o seu contato com a pesquisa nos anos de graduação?

2. Você teve incentivo para se tornar um professor pesquisador na sua formação

inicial?

3. Na sua opinião qual a relevância da pesquisa para a formação inicial?

Para tanto, adotaremos como forma de garantir o anonimato e a identificação

desses indivíduos, letras e números. Tivemos a participação de 19 sujeitos, entre 22 e 53

anos, sendo três homens e dezesseis mulheres, com 1 a a 33 anos de formados.

Resultados

Quando questionados sobre o contato com a pesquisa durante a formação inicial

obtivemos os seguintes resultados:

Categorias de análise Quantidade %

Não tiveram contato 4 21

Contato superficial 6 31

Muito contato 8 43

Contato antes da graduação 1 5

Os 21% dos participantes que afirmaram não ter tido nenhum tipo de contato

com a pesquisa durante a formação inicial, e justificam por terem se formado há muitos

anos, e essa não ser uma prática recorrentes nas universidades que cursaram na época.

A justificativa dos 31% que afirmaram ter tido um contato superficial, é que o

contato ocorreu somente para a realização de trabalho de conclusão de curso, justificando

que não buscavam isso nessa época, e que tanto alunos, quanto instituições tinham foco

mais nos conteúdos com transmissão de maneira tradicional.

Enquanto os 43% dos participantes que informaram ter tido muito contato com

a pesquisa, frisam que aconteceu desde os anos iniciais da graduação, graças aos

incenstivos à pesquisa nas licenciaturas nos últimos anos, especialmente com bolsas de

iniciação científica e iniciação à docência. Afirmaram ter participado assiduamente de

Page 12: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

programas como monitorias, estágios profissionalizantes e eventos científicos. Que

despertaram interesse pela pesquisa, contribuindo para a realização do trabalho de

conclusão de curso e ingresso no programa de mestrado.

O único sujeito (5%) que afirmou ter tido contato com a pesquisa antes da

graduação, terá a fala destacada:

Sujeito 16 - “Posso afirmar que meu contato com a pesquisa ocorreu antes de iniciar

a graduação. Quando comecei o curso de Pedagogia, já tinha três artigos publicados com

participação em eventos. Isso, deve-se a alguns fatores: 1) Meu olhar e interesse pela pesquisa

que aflorou em mim de forma natural. Vejo a sala de aula, seja como professora, ou como aluna,

sempre com grandes oportunidades de se fazer pesquisa, como uma ponte, essencial para a

interlocução entre a “prática e a “teoria”. [...] 2) Influência do meu companheiro, que sempre

me incentivou a participar de eventos educacionais e científicos e é um pesquisar nato”.

É importante ressaltarmos, que dentre os que asseguraram ter tido contato com

a pesquisa durante a formação inicial, 100% concluiram o curso há menos de 12 anos, e

todos em intituições públicas de ensino.

Em relação ao incentivo para se tornar um pesquisador:

Categorias de Análise Quantidade %

Não 13 69

Sim 6 31

Os 69% dos sujeitos participantes afirmaram não ter tido incentivo na formação

inicial para se tornar um pesquisador, e justificaram que eles própiros temiam o rigor que

a pesquisa requer; além dos professores não divulgarem suas participações no campo

científico; e a preocupação maior era cumprir o cronogarama no tempo estalebelecido;

quando acontecia algum contato, se dava apenas ao final do curso, com a realização da

monografia, mas já não havia mais tempo de aprofundar nessa prática.

Enquanto os outros 31% afirmaram ter tido incentivo institucional, docente e

financeiro (bolsas), participação em grupos de estudo, e inclusive, relataram que

publicaram artigos científicos em parceria com colegas e orientadores durante esse

período.

Page 13: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

Quanto à relevância da pesquisa nos anos de formação inicial, os participantes

foram uninânimes ao defedê-la como imprescindível, fundamental, prepoderante e

necessária.

Categoria de análise Quantidade %

Importante 5 26,5%

Fundamental 5 26,5%

Muito importante 3 16%

Necessária 3 16%

Imprescindível 2 10%

Preponderante 1 5%

Para tanto destacaremos algumas falas, que fomentam os autores discutidos

anteriormente.

S 2 – “Acredito que a pesquisa possui um papel fundamental na formação de um

profissional crítico, situado e com postura teórico-metodológica desenvolvida e em constante

transformação. Acredito que ser um professor pesquisador subsidia o trabalho e o

desenvolvimento profissional do mesmo, contribuindo para suas aulas e articulando-as com suas

práticas didáticas”.

Essa concepção fica evidente nos estudos de Donatoni e Coelho (2007) que

acreditam a universidade não tem preparado professores que pesquisem sua prática

pedagógica, conhecendo-a profundamente, para intervir criticamente com uma práxis

inovadora e construtiva. Para elas a formação deve discutir questões como: autonomia,

capacitação e responsabilidade. Sendo um processo que não se concretiza apenas em um

grupo ou curso, mas sim de condições históricas aliadas ao fazer político.

Em vista disso faz-se necessário que a escola deve trabalhar com a crítica

realidade, diferentes sínteses do universo, sendo laica e universal, para criá-la ou recriá-

la, como sueitos autônomos e protagonistas da história. É o que Gramsci chama de uma

escola que “forma técnicos competentes, cientistas criativos e críticos ativos”.

S 3- “A pesquisa para formação inicial tem sua relevância, porém depende de qual o

propósito dessa pesquisa. Eu defendo a seguinte posição: ou se vai para a docência ou para a

pesquisa. Mas infelizmente, nas IES publicas, para se ser pesquisador, tem que assumir a

Page 14: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

docência, e muitas vezes esse "professor" assume disciplinas não por vocação, mas por ser um

trampolim para poder continuar suas pesquisas.Então essas questão da pesquisa a meu ver, deve

ser ponderada, e com muita cautela.As pesquisas são importantíssimas para o meio acadêmico,

mas a docência também, então deve-se tomar cuidado com relação ocupado a cada um desses

atores, seja como pesquisador, seja como professor do ensino superior”.

Essa ideia vai de encontro com os estudos de Assis e Bonifácio (2011) que frisam

o fato apresentado por Bagno (2001) de que o professor que apenas ministra aulas não é

visto com bons olhos, pois há necessidade da Universidade criar novos conhecimentos,

que só são obtidos pesquisando.

E essa cultura intensificou-se, de acorod com Sguissardi (2010) com a criação

da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em 1950,

como uma agência de avaliação da pós-graduação, com o objetivo de capacitar os

profissionais do ensino superior.

Ela avalia e mensura trienalmente a produtividade dos professores com base em

publicações de suas atividades de pesquisa, submentendo-os a inúmeras exigências, e

imposição de tempo para pesquisa e orientação. Desse modo, o professor pesquisador

define-se por meio de sua prática, com conformidade com o produtivismo acadêmico,

imposto pelo Estado e pela cultura institucional.

S 16- “O incentivo à pesquisa para a formação inicial tem um papel preponderante.

Penso que a educação possui uma tarefa fundamental: estimular a produção de novos

conhecimentos a partir do conjunto das atividades humanas. E para isso é preciso pesquisa.

Parafraseando Paulo Freire, quando trabalhamos os conteúdos em sala de aula, faz-se

necessário a significação desses conteúdos, de acordo com a realidade, com as experiências de

vida desses educandos. Exige a compreensão dos hábitos, costumes, enfim, da rede de vivências

sociais, históricas e culturais dos educandos. Nessa linha de compreensão tanto os professores,

como os alunos devem ser estimulados a pesquisar. Por intermédio da pesquisa, eles vão

construir as condições para terem a exata compreensão da importância e da necessidade da

apreensão de vários conteúdos. O incentivo à pesquisa passa pelo alinhamento da “teoria” com

a “prática” educativa, com o comprometimento com os valores individuais e coletivos.

Incentivar à pesquisa é abrir os horizontes para a formação de sujeitos produtores de sua própria

história”.

Page 15: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

Isso se refere a hominização a educação, apresentada por Dantoni e Coelho

(2007), em que se cuida tanto da inteligência, quanto do sentimento, considerando a

totalidade do indivíduo. Por isso a preocupação em formar cidadãos não apenas para o

mercado de trabalho, mas também para atuar criticamente em prol da mudança de nossa

realidade. Para isso o conhecimento científico deve ser atrelado ao conhecimento do

aluno, com base em valores éticos, morais, socioculturais e das experiências vividas.

As autoras garantem que estamos em uma Terceira Revolução Industrial, que é

a revolução da informação. Com predomínio das altas tecnologias que formam

consumidores competentes, mas que não levam em conta o caráter desigual e excludente

da sociedade.

A situação atingiu também a educação, que acaba se submetendo e fragilizando

diantes desse sistema opressor. Destarte, é necessário que o professor trabalhe como

mediador do conhecimento que o aluno parte em busca, através de pesquisas.

S 11- “Imprescindível, até mesmo para ter a conscientização de que a base e a estrutura

da profissão docente, os possíveis caminhos a serem trilhados, formas de compreender e

melhorar a prática docente, vem da investigação, sem ela, o professor trabalha de forma

solitária (sem pesquisa) e de acordo com o seu instinto e "achismo" assim dificilmente promoverá

mudanças no seu "fazer" docente.

A pesquisa é o sangue que faz pulsar a profissão docente!!!”

É o que Cruz (2008) relata como dos problemas que dificultam a

profissionalidade: a individualização do conhecimento docente, cada professor o constrói,

mas não o partilha, e não atende as necessidades e especificidades que o todo possui. Por

isso as pesquisas acadêmicas devem pesquisar com os professores, ao invés de pesquisar

sobre eles, para assim reduzir a distância entre escola e universidade.

S 12- “Observo que os alunos da graduação habitualmente são imaturos e a pesquisa

traz ao discente uma responsabilidade importante em sua trajetória, possibilitando o contato

com outras pessoas/ambientes e ampliando sua capacidade crítica e reflexiva”.

S 17- “Quando não tem o incentivo e até mesmo uma disciplina direcionada à

pesquisa, a pessoa desanima e para a continuidade dos estudos, satisfazendo com a graduação

ou cursos de pós que não aprofundam e, muitos estão ligados a situações mercadológicas”.

(grifos do autor)

Page 16: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

As duas últimas falas evidenciam os estudos de Cruz (2008) sobre

desenvolvimento profissional docente, em que tal fenômeno é relacionado à experência

do professor, de caráter cumulativo, indididual e atrelada à autonomia do profissional. Os

aspectos da profissionalidade estão relacionados a tópicos que vão além da idade ou faixa

etária, e sim aos avanços, (des)continuidade, mudanças e até mesmo recuos ao longo da

carreira do profissional.

O autor trabalha com esse desenvolvimeno na formação inicial, e aponta que

para que ele seja eficiente é necessário que o conhecimento trabalhado não seja uma teoria

vã, mas que tenha aplicabilidade na prática. No qual teoria e prática sejam colocadas de

forma dinâmica para a construção do conhecimento do professor.

Por isso que a pesquisa deve ser apresentada desde o início da formação para o

discente, dando a oportunidade de compreender que fazemos parte dela, que não é algo

separado do profissional que vai se formar, e sim um elemento importante que transforma

a sociedade.

Considerações finais

O papel do professor se expande na era do conhecimento, e o domínio de

conteúdos para apenas transmití-los não se mostra suficiente para desempenhar seu papel,

de acordo com as exigências da socidade.

Os paradigmas educacionais devem ser superados para que as instituições de

ensino atinjam o objetivos de formar cidadãos críticos e reflexivos.

Tentamos por meio do trabalho aqui apresentado, defender a pesquisa como

meio para que a construção do conhecimento seja valorizada e realizada pelos

professores, juntamente ao alunos, a fim que superemos o paradigma de educação

reprodutora de terceiro mundo.

A busca é para que pesquisa mantenha seu rigor metodológico e científico, mas

deixe de ser realidade apenas dos cursos de pós-graduação. É necessário melhor preparo

e formação para os docentes trabalharem com pesquisas, e isso deve ser incentivado por

ações governamentais.

Page 17: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

A reconstrução dos conhecimentos deve ser premissa de todos os estágios dos

estudos, com participação concomitante de alunos e professores. De modo que ao tempo

em que todos aprendem juntos, os aprendizados possam agir para modificar as

precariedades da realidade em que se encontram.

Afinal, acreditamos que a vivência da experiência de pesquisa e fazer científico

contribui não apenas para a formação profissional, como para a formação pessoal do

pesquisador, aguçando sua criatividade, instigando-lhe à reflexão, e tornando- o assim

mais crítico.

E após esses processos dificilmente permitirão serem dominadas por poder,

subordinação e tudo que lhe fira a liberdade de desbravar novos rumos e novos

conhecimentos.

Referências bibliográficas

ANDRÉ, M. Formação de professores: a constituição de um campo de estudos.

Educação, Porto Alegre, v. 33, n. 3, p. 174-181, set./dez. 2010.

ASSIS, R. M.; BONIFÁCIO, N. A.; A formação docente na Universidade: ensino,

pesquisa e extensão. Educação e Fronteiras [On-Line], Dourados, v. 1, n. 3, p. 36-50,

set./dez. 2011.

AZEVEDO, R. O. M.; GHEDIN, E.; SILVA-FORSBERG, M. C., GONZAGA, A. M.

Formação inicial de professores da educação básica no Brasil: trajetória e perspectivas.

In: Revista Diálogo Educacional. Curitiba, v. 12, n. 37, p. 997-1026, set./dez. 2012.

BRAGANÇA, I. F. S. A pesquisa educacional e a formação de professores. Revista

Brasileira de Estudos Pedagógicos. , v.78, p.439 - 445, 1997.

DONATONI, A. R.; COELHO, M. C. P. Reflexões sobre o ensino, pesquisa e formação

de professores na sociedade contemporânea.Cadernos de Educação, Pelotas, n. 29, p.

73-88, jul./dez. 2007.

FERNÁNDEZ CRUZ, M.. Procesos básicos del desarrollo profesional docente. In:

Desarrollo profesional docente. España: Grupo Editorial Universitario, 2006.

Page 18: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

FREIBERGER, R .M.; BERBEL, N. A. N. A Proposta do educar com pesquisa na

formação inicial de professores: desafios e contribuições. Anped Sul , Florianópolis,

outubro de 2014.

GARCIA, V. C. ; JUNG, K.. A pesquisa na formação do professor. Trabalho

desenvolvido na disciplina Pesquisa em Educação Matemática do Curso de Licenciatura

em Matemática da UFRGS, em 2007.

GARCÍA, C. M. Estrutura conceitual da formação de professores. In: Formação de

professores para uma mudança educativa. Lisboa: Porto Editora, 1991.

____________. A identidade docente: constantes e desafios. Revista Brasileira de

pesquisa sobre formação de professores. Autêntica. V.01/n. 01 ago-dez 2009.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1994.

________. Como Elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atrals, 2002.

LAKATOS, E. M. e MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica. 3ª

ed. São Paulo: Atlas, 2000.

MORAES, R. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p. 7-

32, 1999.

NETO, A. S.; MACIEL, L.S.B. A Importância da pesquisa para a prática pedagógica

dos professores que atuam na educação superior brasileira: algumas discussões

iniciais. Revista Brasileira de Docência, Ensino e Pesquisa em Administração Vol. 1, n.

1, p.04-23, Maio/2009.

NÓVOA, A. O Professor Pesquisador e Reflexivo. Entrevista concedida em 13 de

setembro de 2001. Disponível em:

http://www.vdl.ufc.br/solar/aula_link/llpt/A_a_H/didatica_I/aula_04/imagens/03/profes

sor_pesquisador_reflexivo.pdf. Acessado em 05/01/2015.

OLIVEIRA, D. A.. Políticas de formação e desenvolvimento profissional Docente: da

intenção às práticas. In: XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de

Ensino – UNICAMP. Campinas : Junqueira&Marin Editores. Livro 2, p.33, 2012.

OLIVEIRA NETTO,A. A. . Metodologia da Pesquisa Científica – Guia Prático para

Apresentação de Trabalhos Acadêmicos. 3. Ed. rev. e atual. Florianópolis: Visual

Books, 2008.

Page 19: A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR ...A TESSITURA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR Maira dos Santos Mussato UFTM Maira.smussato@gmail.com Sigla da IE GT: 6 Formação de

SGUISSARDI, V. Produtivismo acadêmico. In:OLIVEIRA, D.A.; DUARTE, A.M.C.;

VIEIRA, L.M.F. DICIONÁRIO: trabalho, profissão e condição docente. Belo

Horizonte: UFMG/Faculdade de Educação, 2010.