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REVISTA PORTUGUESA E BRASILEIRA DE GESTÃO 54 E S T U D O S Nelson António e José Martins por Nelson António e José Martins A transferência do conhecimento das ETN para as subsidiárias Um estudo de caso aplicado ao contexto moçambicano RESUMO: A transferência de conhecimento no interior das ETN constitui uma vantagem competitiva local perante a concorrência global. Trata-se de um processo complexo sujeito às contingências de localização das subsidiárias. Estudamos este fenómeno no ambiente moçambicano através do estudo de três casos bem sucedidos no sector indus- trial. Os resultados obtidos das entrevistas com gestores de topo portugueses revelam um padrão operacional segui- do pelas empresas onde é fundamental estabelecer uma relação de confiança entre as pessoas nas acções de for- mação no local de trabalho mediante a adaptação das práticas ao contexto local por forma a que os moçambicanos entendam o conhecimento transferido e incorporem-no nas actividades de exploração com ganhos de competitivi- dade da subsidiária. Palavras-chave: Transferência de conhecimento, Empresas Transnacionais, Subsidiárias, Moçambique, Cultura Organizacional TITLE: The transfer of knowledge from the MNCs to its subsidiaries: A case study applied to Mozambique context ABSTRACT: The transfer of knowledge within the MNCs constitutes a competitive advantage due to the global com- petitiveness. It is a complex process subject to the contingencies of the subsidiaries localization. In this article, we study three cases in Mozambique. The results show a pattern followed by the Portuguese companies. According to the interviewees the establishment of a relationship based on trust is fundamental, in order the subsidiaries be able to incorporate the transferred knowledge on their activities. Key words: Transfer of Knowledge, MNCs, Subsidiaries, Mozambique, Organizational Culture TITULO: La transferencia de conocimientos a las filiales de ETN’s: Un estudio de casos aplicado al contexto mozambiqueño RESUMEN: La transferencia de conocimiento dentro de la ETN’S es una ventaja competitiva local a la competencia mundial. Este es un proceso complejo sujeto a las contingencias de la ubicación de las filiales. Hemos estudiado este fenómeno en el medio ambiente de Mozambique a través del estudio de tres casos de éxito en el sector industrial. Los resultados de las entrevistas con altos directivos portugueses muestran un patrón seguido por las empresas operadoras en el que es vital para establecer una relación de confianza entre las personas en la formación en el lugar de trabajo mediante la adaptación de prácticas para el contexto local para que los mozambiqueños comprendan la transferencia de conocimiento y puedan incorporarlo en las actividades de exploración con mejoras en la competi- tividad de la filial. Palabras-clave: Transferencia de conocimientos, Las empresas Transnacionales, Subsidiarias, Mozambique, La Cultura de la Organización

A transferência do conhecimento das ETN para as subsidiárias · Um estudo de caso aplicado ao contexto moçambicano ... [email protected] Professor de Estratégia e Gestão

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REVISTA PORTUGUESA E BRASILEIRA DE GESTÃO54

E S T U D O S

Nelson António e José Martins

por Nelson António e José Martins

A transferência do conhecimento das ETNpara as subsidiárias

Um estudo de caso aplicado ao contexto moçambicano

RESUMO: A transferência de conhecimento no interior das ETN constitui uma vantagem competitiva local perante aconcorrência global. Trata-se de um processo complexo sujeito às contingências de localização das subsidiárias.Estudamos este fenómeno no ambiente moçambicano através do estudo de três casos bem sucedidos no sector indus-trial. Os resultados obtidos das entrevistas com gestores de topo portugueses revelam um padrão operacional segui-do pelas empresas onde é fundamental estabelecer uma relação de confiança entre as pessoas nas acções de for-mação no local de trabalho mediante a adaptação das práticas ao contexto local por forma a que os moçambicanosentendam o conhecimento transferido e incorporem-no nas actividades de exploração com ganhos de competitivi-dade da subsidiária.Palavras-chave: Transferência de conhecimento, Empresas Transnacionais, Subsidiárias, Moçambique, Cultura Organizacional

TITLE: The transfer of knowledge from the MNCs to its subsidiaries: A case study applied to Mozambique contextABSTRACT: The transfer of knowledge within the MNCs constitutes a competitive advantage due to the global com-petitiveness. It is a complex process subject to the contingencies of the subsidiaries localization. In this article, westudy three cases in Mozambique. The results show a pattern followed by the Portuguese companies. According tothe interviewees the establishment of a relationship based on trust is fundamental, in order the subsidiaries be ableto incorporate the transferred knowledge on their activities. Key words: Transfer of Knowledge, MNCs, Subsidiaries, Mozambique, Organizational Culture

TITULO: La transferencia de conocimientos a las filiales de ETN’s: Un estudio de casos aplicado al contexto mozambiqueñoRESUMEN: La transferencia de conocimiento dentro de la ETN’S es una ventaja competitiva local a la competenciamundial. Este es un proceso complejo sujeto a las contingencias de la ubicación de las filiales. Hemos estudiado estefenómeno en el medio ambiente de Mozambique a través del estudio de tres casos de éxito en el sector industrial.Los resultados de las entrevistas con altos directivos portugueses muestran un patrón seguido por las empresasoperadoras en el que es vital para establecer una relación de confianza entre las personas en la formación en el lugarde trabajo mediante la adaptación de prácticas para el contexto local para que los mozambiqueños comprendan latransferencia de conocimiento y puedan incorporarlo en las actividades de exploración con mejoras en la competi-tividad de la filial.Palabras-clave: Transferencia de conocimientos, Las empresas Transnacionales, Subsidiarias, Mozambique, La Cultura de la Organización

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reconhecida a importância crescente do conhecimen-to nas alterações constantes no ambiente competitivoà escala global, e que afectam a transferência de co-

nhecimento e a aprendizagem organizacional no interior dasempresas transnacionais (ETN).

Perante esta realidade corrente, as organizações têm deestar preparadas para abandonar o conhecimento tornadoobsoleto (o que resulta do desenvolvimento ou adopção detecnologia nova e de processos de criação de produtosnovos) e adoptar práticas (i.e., formas particulares de con-dução das funções operativas que desenvolvam, ao longodo tempo, influência sobre os interesses e acções dos em-pregados) que lhes permitam criar novo conhecimento a fimde encontrar novas soluções para os seus problemas.

Para tal, podem adoptar esforços de aprendizagem foca-dos na construção de aptidões (as quais manifestam o quecada indivíduo é capaz de fazer) e aumento de competên-cias (que residem na operacionalidade de funções específi-cas, como marketing ou produtivas, integradas e coorde-nadas transversalmente pelos gestores intermédios) numprocesso de inovação contínua estruturado, i.e., que permi-ta às organizações se adaptarem a constrangimentos novose alcançarem uma vantagem competitiva firmada nos seusrecursos humanos por meio da criação e utilização de novoconhecimento na recriação do seu ambiente (interno e exter-no) num contexto de interacções individuais e sociais (entrea empresa e a sua envolvente). De facto, atendendo àscondições actuais de concorrência, o conhecimento repre-senta a única fonte de vantagem competitiva e, num sentidoestrito, é criado apenas pelos indivíduos (Nonaka et al.,1996), os quais adquirem conhecimento através das suaspróprias experiências num processo de assimilação de conhe-

Nelson Santos Antó[email protected] de Estratégia e Gestão da Qualidade no ISCTE, Lisboa, Portugal. Professor of Strategy and Quality Management at ISCTE, Lisbon, Portugal.Profesor de Estrategia y Gestión de la Calidad del ISCTE, Lisboa, Portugal.

José Duarte [email protected] Adjunto do ISCAL, Lisboa, Portugal.Assistant Professor at ISCAL, Lisbon, Portugal.Profesor Adjunto del ISCAL, Lisboa, Portugal.

Recebido em Setembro de 2007 e aceite em Setembro de 2008.Received in September 2007 and accepted in September 2008.

É cimento tácito que reside no seu íntimo (Polanyi, 1966a).Como Polanyi afirma: «nós sabemos mais do que podemosdizer» (p. 4).

O conhecimento é criado somente pelos indivíduos atravésda sua experiência. A experiência propícia a aquisição deconhecimento que pode ser transferido por toda a organiza-ção por via da interacção individual como meio de apren-dizagem. A aprendizagem possibilita o aumento de com-petências da organização pela descoberta e utilização denovo conhecimento por meio da sua actuação.

Existem dois tipos de conhecimento: tácito e explícito.O conhecimento tácito é mais pessoal e difícil de formalizar,o que dificulta a sua partilha com os outros indivíduos. O conhe-cimento explícito (ou codificado) é transmissível em lin-guagem formal e sistemática (fórmulas científicas, progra-mas de computador, especificações de produtos).

O conhecimento verdadeiramente tácito não pode serespecificado, pois apesar de o possuirmos não sabemosactualmente que o temos (Platts e Yeung, 2000). Nesta inter-pretação «purista» será qualquer coisa que não se podeexplicitar dada a sua aquisição só ser possível por via daobservação. Entretanto, a observação proporciona umaaprendizagem indirecta aos indivíduos por presenciarem eobservarem outra pessoa a executar uma tarefa (por exem-plo, de demonstração). Para Polanyi (1966b), o conheci-mento tácito não pode ser completamente codificado. Nãoobstante, como Nisbet (1969) notou, muito do conhecimen-to que Michael Polanyi chamou conhecimento tácito é expri-mível em metáforas. Por seu lado, Nonaka e Takeuchi (1995)referem que esse conhecimento pode ser explicitado atravésdo processo de articulação (o qual converte o conhecimentotácito em conhecimento explícito) e cristalizado no âmbito

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soais) propícios à execução de melhoramentos contínuos eparticipação sintonizada de todos os empregados nocumprimento dos objectivos organizacionais direccionadosaos desejos dos clientes. Por estrutura compreendemos aforma como a organização se encontra organizada nodesenvolvimento das suas actividades.

Nessa medida, a aprendizagem inter-organizacional podeinfluenciar a performance de uma estrutura organizacionalaberta à aprendizagem de novo conhecimento, i.e., o graude formalização e centralização usados pela subsidiária naatribuição de tarefas e responsabilidades influencia os fluxosde comunicação horizontal e, deste modo, influi na quanti-dade e variedade de informação disponíveis no sentido dosempregados adoptarem uma atitude de aprendizagem emelhoramentos contínuos (ao nível intra-organizacional)por meio da integração de conhecimento externo (prove-niente sobretudo da empresa-mãe) nas suas actividades denegócio.

Tal exige a aplicação de alguns procedimentos opera-cionais, por exemplo baseados numa liderança forte (queacompanhe de perto as principais funções organizacionais edesbloqueie situações de impasse funcionais) e em boa von-tade para ensinar e aprender entre os intervenientes noprocesso de transferência a fim de que as subsidiárias locali-zadas num País em Vias de Desenvolvimento (PVD) consigamincorporar o conhecimento transmitido nas suas actividadesde produção e exploração no mercado local.

É nesta realidade que se enquadra o processo operativodas subsidiárias das ETN portuguesas em Moçambique, cujocontexto vamos tratar seguidamente.

O contexto moçambicanoNa sequência do «acordo geral de paz» de 1992, Moçam-

bique procedeu ao aprofundamento do «programa de ajus-tamento estrutural» da sua economia e criou um conjunto decondições mais atractivas de investimento para captarinvestimento directo estrangeiro (IDE) avançado de forma aalavancar a modernização do tecido produtivo moçambi-cano.

Atraídas também pelo baixo custo do factor trabalho epelo potencial de mercado perspectivado pela integração deMoçambique na Comunidade para o Desenvolvimento da

das rotinas (i.e., através de programas ou modelos de activi-dades partilhados por via de relações de cooperação evolu-tivas entre as pessoas dos vários departamentos funcionais)assentes na complementaridade entre conhecimento tácito econhecimento explícito, dado interagirem entre si nas activi-dades criativas dos indivíduos.

O conhecimento tácito contempla aptidões técnicasreflectidas no termo «know-how» em consequência

da experiência pessoal desenvolvida, ao longodo tempo, e geradora de conhecimentos próprios

de perito difíceis de reproduzir, tornando-o o recursomais importante por não ser comercializável

e, como tal, é específico da empresa.

Portanto, o conhecimento mais valioso para a empresatem uma natureza dinâmica derivada das acções de apren-dizagem tácita inerente ao ambiente e experiência de cadaindivíduo. Por outras palavras, o conhecimento tácito con-templa aptidões técnicas reflectidas no termo know-how emconsequência da experiência pessoal desenvolvida, ao longodo tempo, e geradora de conhecimentos próprios de peritodifíceis de reproduzir (Nonaka, 1991), tornando-o o recursomais importante por não ser comercializável e, como tal, éespecífico da empresa.

Neste alinhamento, podemos afirmar que a organização(ou empresa) é uma entidade onde a criação e repartição deconhecimento ocorrem num contexto dinâmico de inter-acções sociais do nível individual para o societal. Trata-se deuma perspectiva na linha do conhecimento profundo sugeri-do por Deming (1994) para transformar e melhorar o sis-tema de gestão que separa as pessoas por divisões operati-vas causando desconhecimento organizacional (Senge,1990).

Para Deming, a organização necessita de uma filosofia defuncionamento apoiada na transformação do indivíduo afim de ter capacidade criativa e resposta à mudança. Issoserá possível com a criação de uma estrutura (que configureum modelo operacional horizontal constituído por equipasde especialistas de conhecimento focadas em tarefas cujacomposição e liderança são decididas caso a caso) e de umclima (que incentive a autonomia e responsabilidade pes-

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África Austral (SADC, na sigla inglesa), as empresas por-tuguesas, que estavam a iniciar o seu processo de interna-cionalização na década de 1990, acabaram por escolher omercado moçambicano como um dos destinos naturais doseu investimento externo devido aos determinantes línguaportuguesa e proximidade cultural existente com as antigascolónias.

Essa entrada no mercado local centrou-se nas aquisiçõesde instalações existentes e joint-ventures com parceiros mo-çambicanos e no subsequente estabelecimento de acordosde cooperação com a casa-mãe das ETN, dado que o stockde conhecimento das subsidiárias moçambicanas é fraco.Também as aptidões críticas de gestão local são insuficientesou inexistentes relativamente à capacidade de utilização derecursos mais avançados tecnologicamente. O que implicarealizar esforços de transferência de conhecimento paradotar as subsidiárias de competências apropriadas às ope-rações a desenvolver localmente.

A transferência de conhecimento no interior das ETNA transferência de conhecimento é um processo que requer

a existência de um certo saber relacionado no recipiente, i.e.,na subsidiária, para este poder assimilar o conhecimento trans-ferido.

Para Nonaka e Konno (1998), a criação e transferência deconhecimento ocorrem num ba, o qual é um lugar (físico, vir-tual, mental ou qualquer combinação deles) de multicontexto(social, cultural) e autotranscendência (superação do domínioda fronteira de conhecimento pessoal) que serve comoplataforma de conversão de conhecimento. Essa conversãoassenta na socialização, exteriorização, combinação e inter-nalização (SECI) de conhecimento mediante a interacção entreos indivíduos onde o conhecimento tácito e explícito se desen-volve em termos de qualidade e quantidade.

De acordo com Nonaka (1994), a criação e transferênciade conhecimento progridem através de uma espiral dinâmi-ca com início no indivíduo e avanço por meio de comu-nidades de interacção que transcendem as fronteiras secto-rial e departamental e que tomam lugar ao nível intra einter-organizacional (cf. Figura 1), sendo assim possível criare desenvolver conhecimento relacionado na subsidiária (ver

Figura 1).

A operacionalidade da transferência de conhecimentoDado que a maior parte do conhecimento especializado da

empresa-mãe é de natureza tácita (Nonaka, 1988), e tende a sermais focado nas pessoas do que na tecnologia, a operacionali-dade do processo de transferência baseia-se na experiência eaptidões dos seus membros para transmitirem conhecimentopela partilha de experiências e troca de ideias (Argote, 1999),de molde a criar confiança entre o transmissor e o receptor e faci-litar a transferência de práticas para as subsidiárias num con-texto multidimensional (social, organizacional e relacional) (Ca-ligiuri e Di Santo, 2001; Scullion e Brewster, 1997).

Com efeito, a utilização de expatriados, como «veículo» detransferência, ajuda a criar as condições sociais e técnicaspara a adopção de regras formais e internalização do conhe-cimento transferido (a qual, a par da articulação, formam ospassos críticos na espiral de conhecimento, requerendoambos o empenho activo das pessoas implicadas no proces-so de transferência).

Estas considerações conduzem à seguinte questão: «naoperacionalização da transferência a partir da sede da ETN,quais são os principais determinantes da assimilação deconhecimento pela subsidiária?».

O processo de transferência de conhecimentoPartimos do princípio que as organizações também apren-

dem a partir da experiência de outras. Para Argote e Ingram

Figura 1O processo de criação e transferência de conhecimento

Fonte: Adaptado de Nonaka (1994), Nonaka e Konno (1998)

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• Capacidade de absorção no aumento de competi-tividadeA capacidade de absorção da subsidiária é construída no

conhecimento existente dos seus empregados. Para Cohene Levinthal (1990), isso traduz uma ampliação do conheci-mento do domínio individual para o nível organizacional.E indica a receptividade da empresa à mudança tecnológicapor meio da utilização de conhecimento externo em esforçosde inovação inerentes à aprendizagem organizacional.

Na verdade, as capacidades dos indivíduos, o seu enqua-dramento educacional e competências adquiridas em acçõesde formação representam o conhecimento relacionado quea organização necessita para assimilar e usar o novo conhe-cimento transferido na criação de novos bens e serviços, sus-tentando assim a construção de uma vantagem competitiva(Grant, 1996; Lin et al., 2005).

Isto quer dizer, por um lado, que a capacidade de absor-ção potencial torna a subsidiária receptiva à aquisição eassimilação de conhecimento externo e, por outro lado, acapacidade de absorção realizada possibilita a mudança emprocessos existentes pela incorporação do conhecimento assi-milado nas operações da empresa que pode conduzir a umaumento de competitividade por via da melhoria da sua per-formance.

No seguimento destas ideias, podemos colocar a seguintequestão: quais as implicações da capacidade de absorçãodo conhecimento transferido na melhoria de performance dasubsidiária?

• Dificuldades encontradas no processo de transfe-rência de conhecimentoPara que a subsidiária seja capaz de incorporar o conhe-

cimento adquirido nas suas operações e canalizá-lo para oseu mercado de produtos, devem evitar-se os conflitos e mácompreensão cultural (Inkpen e Beamish, 1997; Leidner etal., 2006), de modo a que se crie confiança inter-organiza-cional e exista boa vontade das partes envolvidas nas acçõesde aprendizagem através da socialização.

Trata-se de um processo em que o idioma e as aptidõesdos indivíduos são importantes no estabelecimento de inter-acções entre os empregados de diversas áreas operativas, oque acaba por gerar dificuldades na transferência de conhe-

(2000), essa transferência de conhecimento manifesta-se poruma mudança no conhecimento com a melhoria de perfor-mance das unidades receptoras. Mas como é que uma orga-nização pode aprender a partir da experiência de outra?

Tratando-se de uma realidade complexa, vamos abordá--la sob a forma de três componentes de análise.

• Os fluxos de conhecimento na cooperação organi-zacionalOs indivíduos, em combinação com os instrumentos e

tarefas, formam redes operativas que permitem a transfe-rência de conhecimento por meio do deslocamento dessesrepositórios ou alteração estrutural do recipiente (por exem-plo, via ajustamento funcional da hierarquia de gestão eacções de recrutamento e formação) (Argote, 1999). Nesteaspecto, a gestão de topo tem uma função importante nadefinição da estrutura de conhecimento e na sua repartiçãono interior da organização pelo estímulo à colaboração eaprendizagem entre os indivíduos. Essa estrutura de conhe-cimento traduz o tipo e distribuição de competências e práti-cas verificadas ou necessárias à organização.

De notar que as práticas transferidas frequentementenecessitam de ser ajustadas às necessidades da subsidiáriaa fim desse conhecimento poder ser utilizado de modoproveitoso nas suas operações e conduzir a uma evoluçãoorganizacional competitiva (Fiol e Lyles, 1985; Minbaeva etal., 2003). Dito de outra forma, o acesso ao conhecimentopor via de acções de cooperação e as capacidades de usá-loem actividades de inovação permitem elevar a aquisição eexploração de conhecimento externo (i.e., aumentar a am-plitude do conhecimento transferido a partir da sede).

Por sua vez, a familiaridade com o conhecimento transmi-tido (Eisenhardt e Santos, 2002), a participação em mecanis-mos de socialização (Nonaka, 1994) e a oferta de incentivosaos empregados no processo de aprendizagem (Ghoshal eBartlett, 1988) podem melhorar a qualidade dos canais decomunicação e aumentar os fluxos de conhecimento, a moti-vação do transmissor e receptor de conhecimento e a capa-cidade de absorção da subsidiária.

Tudo isto leva a questionar o seguinte: qual a influência daestrutura organizacional na amplitude do conhecimento trans-ferido na aprendizagem verificada na subsidiária?

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maior facilidade de acesso aos gestores que acompanham,quer na sede quer na subsidiária, as operações de trans-ferência de conhecimento. Assim, acedemos a informa-dores-chave pelo estudo de três empresas com modosoperativos de joint-venture e aquisição de instalações lo-cais, um número de empregados que varia entre os 40 e1900 e um volume de negócios local que representa entre1,2 e 17% do total da empresa-mãe (cf. Tabela 1).cimento. Por exemplo, pode acontecer que o conhecimento

não seja adequado à empresa receptora ou que esta nãopossua um determinado conhecimento relacionado, como járeferimos.

No fundo, o enfoque na transferência de práticas estácolocado nas pessoas, acarretando a utilização de expatria-dos e a existência de um clima motivador que encoraje aaprendizagem por meio de esforços de inovação emexperiências repartidas (Birkinshaw e Hood, 2001). Emsuma, estamos a falar de um processo de transferência, cujodesenvolvimento eficiente passa por ultrapassar algumasbarreiras que surgem com maior acuidade no início dasoperações de transferência de conhecimento.

Podemos questionar ainda o seguinte: que tipo de dificul-dades se registam no processo de transferência de conheci-mento, e quais as medidas adoptadas para ultrapassá-las?Esta abordagem temática conduz-nos à objectividade deuma pesquisa qualitativa onde a formulação das questõesde pesquisa ajuda a focar e compreender a problemáticaem estudo, e cuja operacionalização tratamos na secçãoseguinte.

MetodologiaNesta pesquisa utilizamos como fontes de dados docu-

mentos, entrevistas e observações obtidas no campo de estu-do. Na fase posterior à análise de dados secundários (revis-tas e publicações institucionais) de IDE português em Mo-çambique, procedemos a uma selecção controlada deempresas numa área de interesse actual de modo a formara nossa população acessível, i.e., as ETN portuguesas quetransferem conhecimento para as subsidiárias moçambi-canas com actividades industriais.

Em seguida, definimos uma amostra de conveniência porconsiderarmos as empresas de investimento de sucesso nomercado local como a razão da sua selecção quanto à

Trata-se de um processo em que o idiomae as aptidões dos indivíduos são importantes

no estabelecimento de interacções entreos empregados de diversas áreas operativas,

o que acaba por gerar dificuldades na transferênciade conhecimento.

Tabela 1Caracterização das empresas estudadas

A recolha de dados primários foi feita, por um lado,através da realização de entrevistas semi-estruturadas (i.e.,com um alinhamento formal e sem limite de resposta) comgestores de topo durante uma hora e seguindo um proto-colo de entrevista aplicado a todos os entrevistados a fimde alcançar a fiabilidade dos dados e, por outro lado, soba forma de observações recolhidas em conversa informalapós as entrevistas e redigidas dentro de vinte e quatrohoras.

Dada a natureza qualitativa das questões de pesquisa,seguimos o método de estudo de casos pelo interesse emcasos individuais nos quais estudamos um conjunto de pro-blemas do fenómeno analisado de modo a alcançarmos asua compreensão (Yin, 1994).

A informação recolhida foi sujeita a um tratamento com-binado que passou pela transcrição completa e análise decada entrevista (e observações) antes de se passar para asentrevistas seguintes, pois o início imediato da análise auxi-lia a focar progressivamente as entrevistas e a ganhar sensi-bilidade teórica; pela atribuição de significado aos dadosatravés da adopção dos procedimentos da grounded theorycom a recolha e análise (indutiva e dedutiva) sistemáticas dedados por meio da sucessão de ciclos de perguntas e respos-

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tas na comparação constante de casos, firmando as relaçõesplausíveis encontradas num contexto conceptual e descritivo(Strauss e Corbin, 1990); e, finalmente, pela aplicação denormas de classificação de dados designadas por códigoqualitativo (o qual ao ser aplicado aos métodos de recolhade dados é denominado de análise de conteúdo) que per-mite obter a padronização das respostas às questões depesquisa.

É esta ligação de domínios complexos presentes emcada um dos casos que vamos passar a analisar seguida-mente.

ResultadosApresentamos agora a análise dos três casos de sucesso

de transferência de conhecimento no interior das ETN ondeprocuramos responder às questões da pesquisa com basenos resultados das entrevistas.

• Principais determinantes da assimilação de conheci-mento pela subsidiária na operacionalidade datransferência de conhecimento a partir da sede daETNOs resultados das entrevistas indicaram a existência de

uma base de conhecimento da ETN evidenciada pelodomínio do negócio no mercado doméstico e conhecimentoacumulado que pode ser transferido para a subsidiária,embora com padrões inferiores, ao nível da produtividadelocal por exemplo.

Essa capacidade tecnológica não tem concorrência nomercado moçambicano (casos 1 e 3) e está associada à es-tandardização de processos operativos (caso 1) e à normali-zação dos produtos produzidos e comercializados, quer nasede quer na subsidiária, mediante a reprodução do proces-so produtivo da ETN localmente (casos 2 e 3).

Vendo bem, a capacidade diferencial da base de conheci-mento da ETN-mãe, a par da diversidade de recursos emrede, concede à subsidiária a capacidade de renovaçãoorganizacional por meio da disponibilidade de gestores etécnicos conhecedores do ambiente africano para transmitirconhecimento especializado (caso 1).

Na inter-relação entre a fonte (sede da ETN), localizadanum país mais avançado, e o recipiente, localizado num

PVD, torna-se relevante o contexto de transferência peladesejável compatibilidade de culturas organizacionais entreas duas unidades, a fim de evitar conflitos culturais comefeitos negativos na performance do recipiente – isso podeser atenuado pela existência de referências culturais comunsentre os países de origem (Portugal) e destino (Moçambique)do investimento ou pelo conhecimento das especificidadeslocais (caso 1). Sendo importante explicar que apenas sepretende criar condições para que a empresa ganhe com-petências próprias por via dos seus empregados locais (caso3). Nesse sentido, a cultura organizacional modela o com-portamento e influi na atitude dos indivíduos envolvidos natransferência de conhecimento.

Contudo, as características do conhecimento têm influên-cia no seu modo de transferência. Os resultados obtidosmostram que o conhecimento transferido é essencialmentede natureza tácita, o que envolve acções de demonstração einteracção entre o transmissor e o receptor, por exemplo,em termos da operacionalidade de máquinas do processoprodutivo, da sua manutenção e de sistemas da qualidade(caso 2). Esse conhecimento é transmitido em contacto direc-to com as máquinas e equipamentos e na realização de ta-refas acompanhas pelos expatriados no local de trabalho(casos 1 e 2).

De todo o modo, o conhecimento nem sempre é direc-cionado a toda a organização, como acontece no caso 1,prevalecendo a transferência de procedimentos de forma aestabelecer um mínimo denominador comum – na rede deunidades da ETN – num determinado modo operativo. Poroutras palavras, no caso 1, o enfoque é colocado na trans-ferência das melhores práticas, enquanto nos casos 2 e 3está centrada nas próprias actividades desenvolvidas nasede, ou seja, foca a transferência de know-how do negócio,o que, no caso 3, permitiu elevar a qualidade do produtofinal pela criação localmente de um conjunto de serviços ino-vadores.

Importa assinalar a importância dos expatriados naadopção de práticas e instituição de novas rotinas de traba-lho (caso 1) por via de aceleração da incorporação da cul-tura e filosofia organizacionais da empresa-mãe nos empre-gados moçambicanos em acções de formação em trabalhocontínuo. Realmente neste ponto, a interacção física no ba,

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cimento eficiente (cf. Tabela 2), o que nos conduz ao seuprocesso de transferência que vamos tratar de seguida (ver

Tabela 2, p. 62).

• Influência da estrutura organizacional na ampli-tude do conhecimento transferido na aprendiza-gem verificada na subsidiáriaSegundo os resultados das entrevistas, o processo de

desenvolvimento operacional iniciado nas subsidiárias inte-gra-se numa estrutura de funcionamento global da ETN quan-to a parâmetros operativos e capacidade produtiva (caso 1),independentemente de alguma desactualização tecnológicalocal (caso 2), mas isso não implica reproduzir o processotecnológico da sede (casos 1 e 3) devido às dimensões donegócio e rentabilidade dos investimentos.

pela partilha de espaço e tempo, contribui para uma boarelação entre os indivíduos, a qual é importante na repar-tição de conhecimento e formação de uma linguagemcomum que facilita o desenvolvimento e assimilação de novoconhecimento no recipiente (casos 1 , 2 e 3).

De acordo com os resultados obtidos, a deslocação dosgestores e técnicos à subsidiária numa fase inicial do inves-timento é o mecanismo de transferência apropriado querpela satisfação das condições requeridas para uma partilhade conhecimento tácito bem sucedida quer pela aquisiçãode conhecimento da realidade moçambicana que permitaadaptar o melhor formato operacional ao mercado local(casos 1 e 2). No entanto, como no caso 2 não existem expa-triados na subsidiária, o ba virtual ganha uma importânciaacrescida pela utilização das Tecnologias da Informação edas Comunicações (TIC), requerendo um elevado nível deconfiança entre os gestores de ambas as partes (sede e sub-sidiária), a fim de se ter um bom funcionamento, o qual tam-bém passa pelo acompanhamento diário na sede das activi-dades locais.

Como vemos, os expatriados funcionam como facilita-dores de transferência de conhecimento especializado mas asua presença é reduzida gradualmente por meio do desen-volvimento de moçambicanos contratados (casos 1, 2 e 3).Na verdade, a capacidade da fonte de transferir conheci-mento decorre das competências dos indivíduos envolvidosnesse processo, tanto como da sua colocação em funções--chave que torne a ligação da subsidiária à sede mais efec-tiva (casos 1 e 2), ao mesmo tempo que podem motivar aparticipação das pessoas locais na implementação das práti-cas transferidas (caso 3).

Em suma, os principais determinantes da assimilação deconhecimento pela subsidiária derivam do diagnóstico dasnecessidades locais com a participação dos empregadosmoçambicanos para que eles próprios reconheçam a neces-sidade de efectuar a transferência de conhecimento; passampor uma atitude de boa vontade com a criação de umarelação de confiança entre o transmissor e o receptor; eincluem a consolidação do conhecimento transferido mani-festada pela reprodução de experiências na subsidiária esolicitação de novo conhecimento à sede. O que é um indi-cador da operacionalidade de uma transferência de conhe-

O envolvimento dos actores da fonte(país da casa-mãe) é crítico, sobretudo apósa selecção dos actores-chave do recipiente

(Moçambique) que vão substituir os expatriadosno curto prazo. A este propósito, os gestores

entrevistados mencionam a relevânciade uma boa relação interpessoal na criação

de afinidades pessoais que possibilitemum conhecimento efectivo entre o transmissor

e o receptor.

Além do mais, a própria sofisticação do mercado moçam-bicano não é favorável à introdução de determinados pro-dutos existentes na empresa-mãe (caso 1). O que exige sen-sibilidade comercial e compatibilidade de prioridades fun-cionais entre a fonte e o recipiente na abordagem do mer-cado local (caso 1) e nos procedimentos adoptados (caso 3)numa dinâmica de adaptação ao ambiente de negócios deMoçambique (limitações do mercado, fracas capacidadesdos trabalhadores) (caso 1).

Esses ajustamentos, se bem que provoquem um incremen-to de custos e complexidades nas operações de transferên-cia de conhecimento, são encarados como uma condiçãonecessária para melhorar a competitividade da subsidiária ecomercializar novos produtos (caso 3). Tal traduz o interessedas ETN nas subsidiárias, dado existir complementaridade

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Tabela 2Operacionalidade da transferência de conhecimento a partir da sede da ETN

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do conhecimento transferido com os activos de conhecimen-to do contexto local (casos 1 e 3), por exemplo em relaçãoao acesso aos canais de distribuição no mercado moçambi-cano (caso 2).

Note-se que este ganho de conhecimento local, em parte,pode derivar da própria estrutura de propriedade das subsi-diárias, i.e., o regime de participação da empresa-mãe nocapital social da empresa local pode resultar em métodosoperativos diversos. Não obstante, este estudo mostra que ométodo operativo, quer de joint-venture quer de propriedadetotal, acaba por não interferir no grau de conhecimentotransferido (caso 1) visto registar-se o controlo da direcçãode gestão (caso 3) por parte da ETN-mãe estrangeira nasempresas estudadas.

Neste aspecto, a amplitude do conhecimento transmitidodurante a aprendizagem dos indivíduos locais recai essen-cialmente no ambiente relacional entre a fonte e o recipi-ente. Donde se conclui que o envolvimento dos actores dafonte é crítico (caso 1), sobretudo após a selecção dosactores-chave do recipiente que vão substituir os expatriadosno curto prazo (caso 3). A este propósito, os gestores entre-vistados mencionam a relevância de uma boa relação inter-pessoal (casos 1 e 2) na criação de afinidades pessoais (caso1) que possibilitem um conhecimento efectivo entre o trans-missor e o receptor, tornando a comunicação facilitada(casos 1 e 2) com a elevação da precisão e compreensão dainformação trocada sempre que surjam dificuldades, porexemplo na introdução de novas práticas mais evoluídas tec-nologicamente (caso 2).

De referir que, neste processo de transferência de conhe-cimento, o receptor não se limita a ter uma atitude passiva,antes ajuda a encontrar soluções mais adequadas ao ambi-ente local (casos 1, 2 e 3), o que não impede de haver algu-ma tensão nessa aprendizagem organizacional (caso 1).

Os resultados obtidos mostram que os trabalhadoresmoçambicanos têm dificuldades de entendimento do novoconhecimento (casos 2 e 3) por falta de experiência e deconhecimento do processo produtivo (caso 2). Há ainda aconsiderar as fracas competências de gestão dos gestoresmoçambicanos que influenciam negativamente a amplitudedo conhecimento transferido pela sua capacidade de absor-ção reduzida (casos 1 e 2).

Logo, para aumentar a familiaridade das pessoas com onovo conhecimento, são realizadas acções de formação naempresa-mãe nas quais ganham uma perspectiva dereestruturação integrada por meio de contacto commaquinaria e procedimentos a introduzir na estrutura orga-nizacional da subsidiária (casos 1 e 3). Devemos tambémassinalar que os intervenientes no processo de transferênciade conhecimento são recompensados, por exemplo, pelacombinação de trabalho com períodos de lazer (casos 1 e2). Com este pano de fundo, pretendemos valorizar o de-sempenho individual (caso 3) e aumentar a confiança orga-nizacional, de modo a melhorar os processos sociais de re-partição de informação nos diversos níveis de gestão daorganização (casos 1 e 2).

Importa aqui destacar o papel de uma liderança forte naafirmação de valores e princípios da forma de trabalhar daempresa-mãe (casos 1 e 3) e no estabelecimento de uma«ponte» efectiva entre as operações locais e a sede (caso 1),em que a cultura organizacional local tem influência nodesenvolvimento de uma ética de trabalho semelhante entreo transmissor e o receptor de conhecimento (caso 1), to-lerando os erros no processo de aprendizagem (caso 2)como parte de um trabalho de acompanhamento contínuodo transmissor a fim de manter um nível de rigor aceitávelna execução de tarefas rotinizadas (caso 1). Por isso, a pre-sença dos expatriados em funções de gestão de topo é ele-mentar para assegurar a integração de novo conhecimentonas actividades da subsidiária de uma forma satisfatória(caso 3).

Em síntese, a amplitude do conhecimento transferido naaprendizagem verificada nas subsidiárias decorre de umaorganização estruturada em pessoas-chave expatriadas(ou seja, a ocupação de funções de gestão críticas – relati-vamente à eficiência de funcionamento local e ao rela-cionamento directo da subsidiária com a sede – reside emgestores ou técnicos devidamente conhecedores da culturae realidade funcionais da empresa-mãe) que visam pro-mover a transferência de conhecimento sob a forma deassistência técnica num período de tempo onde se desen-volve a cultura da empresa-mãe nos indivíduos locais pormeio de acções de formação em trabalho contínuo com aadopção de processos operativos que enraízam as me-

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lhores práticas na prossecução de objectivos comuns atodos os empregados, mediante a orientação de uma lide-rança forte que encoraje os indivíduos na procura e repar-tição de conhecimento para resolver os problemas que

surgem num ambiente de cooperação (cf. Tabela 3) e per-mita reduzir a função dos expatriados à medida que forinstituído o novo conhecimento com uma melhoria de per-formance da empresa.

Tabela 3Processo de transferência de conhecimento num ambiente de cooperação entre a fonte e o recipiente

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• Implicações da capacidade de absorção do conhe-cimento transferido na melhoria de performanceda subsidiáriaDe acordo com os gestores entrevistados, foram efectua-

das alterações na estrutura organizacional das subsidiárias afim de facilitar a transposição de métodos de gestão firma-dos num canal de comunicação permanente com a empre-sa-mãe – por exemplo, no caso 1 foram retiradas as funçõesfinanceiras da alçada directa da unidade receptora. Trata--se de um processo que origina novas rotinas com a centrali-zação de funções e formalização de tarefas (casos 1 e 2)para agilizar a tomada de decisões e a sua aplicação (caso3). De certo modo, visa dinamizar a repartição de conheci-mento no plano horizontal pelo aumento da capacidade decompreensão dos empregados em relação ao conhecimen-to relevante para a sua acção.

Repare-se que as práticas transferidas têm flexibilidade naadaptação ao contexto da subsidiária – por exemplo, nograu de rigor exigido às pessoas participantes no processoprodutivo (casos 1 e 3) – tão bem como na sua modificaçãoe reinvenção consoante a particularidade de cada situação(caso 3), a fim de elevar a capacidade do recipiente na suaaceitação e utilização. Portanto, a fonte tem em conta aespecificidade do mercado local, o qual pode não solicitar atransferência de determinado tipo de conhecimento comomanifestado, por exemplo pela indisponibilidade dos clien-tes comprarem um serviço ou produto com certas carac-terísticas (caso 1).

Os resultados obtidos sugerem que ao elevar as capaci-dades e motivação dos indivíduos é possível melhorar a efi-ciência da organização (casos 1 e 2). Em contraste, osgestores referem que o distanciamento das pessoas (caso 1)e as ocorrências imprevistas na transposição de experiênciasdificultam o processo de transferência (caso 3). Ao conside-rar pouco relevante aquilo que lhe é transmitido, por exem-plo por falta de competências face ao exigido pelas práticastransferidas (caso 2), ou ao atribuir pouca utilidade aos pro-cedimentos que a sede tenta impor localmente (caso 1), asubsidiária não tem interesse na sua aplicação. Isto cria difi-culdades de aprendizagem por desadequação da estruturade conhecimento existente relativamente àquele transferido(i.e., a base de conhecimento dos actores locais não lhes

permite compreender e reconhecer a vantagem do novoconhecimento) e traduz uma capacidade de absorçãoreduzida do recipiente.

Por sua vez, a capacidade de absorção do recipiente éconstruída com base no nível educativo dos seus emprega-dos e no acesso ao conhecimento necessário à realização detarefas por meio de acções de formação e frequência de cur-sos superiores apoiados pela empresa (caso 1). Ainda assim,as empresas estudadas revelam alguma selectividade na dis-tribuição de conhecimento (caso 2), embora no caso 3 este-jam a dar-se passos no sentido dos gestores intermédiosorganizarem a transferência de conhecimento transversal,i.e., através dos departamentos de forma a ampliar o stockde conhecimento dos indivíduos como um todo.

Dito de outro modo, a capacidade de absorção da sub-sidiária decorre da relação de conhecimento possuído pelosseus membros, cujas acções de aprendizagem noutrasunidades de produção mais avançadas tecnologicamente(caso 1) potencia a assimilação de novo conhecimento e, porconseguinte, um melhoramento operativo por via da institui-ção de práticas superiores nas actividades de exploração. Talpossibilita, por um lado, produzir bens com qualidade supe-rior e, por outro lado, a extensão da área de actividadeatravés da comercialização de novos produtos sem concor-rência no mercado local (casos 1 e 3).

Como notamos, a adopção eficiente de novos métodosoperativos confere uma melhoria de performance à sub-sidiária por meio da instituição de novas rotinas que aumen-tam a produtividade (casos 1 e 3) e a capacidade de satis-fação das necessidades do mercado moçambicano (caso 2).Tudo isto traduz a capacidade do recipiente de transformare explorar o conhecimento externo aprendido mediante aactualização ou integração de novos processos de funciona-mento (casos 1 e 2), como por exemplo a integração verticaldo negócio dadas as condicionantes do mercado do conhe-cimento local (caso 3).

Em conclusão, este estudo revela que a capacidade deabsorção realizada é fundamental no alcance de sucesso natransferência de conhecimento notado pela formalização einteriorização progressiva das práticas em função da boavontade e capacidade de aprender das pessoas locais. Ouseja, a consolidação do conhecimento transferido reflecte-se

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na sua difusão contínua por toda a subsidiária com um con-sequente acréscimo de competitividade (cf. Tabela 4), apesardas dificuldades ocorridas no processo de transferência.

• Principais dificuldades encontradas no processode transferência e medidas adoptadas para ultra-passá-lasSegundo os gestores entrevistados, o próprio contexto de

realização da transferência de conhecimento é limitativo do

desenvolvimento do negócio dado o nível de progressoeconómico de Moçambique. As subsidiárias têm uma basede conhecimento muito fraca. Há pessoas sem característi-cas de trabalho (incumprimento de normas de trabalho, exe-cução de tarefas pouco rigorosa, absentismo elevado) (caso2) que sobrepõem os deveres com a família aos do trabalho.Isto configura uma realidade com baixos níveis de educaçãoque leva as pessoas a terem alguma inércia na procura deconhecimento (caso 3). De facto, existem diferenças culturais

Tabela 4Capacidade de absorção do recipiente no processo de transferência de conhecimento

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entre o ambiente de negócios da sede e o da subsidiária quese traduzem localmente numa resistência à mudança (caso2).

Além disso, entre outras coisas, há a contingência daprópria evolução do mercado moçambicano largamenteinfluenciada pelas mutações económicas ocorridas naSADC, a qual é dominada pela África do Sul, cuja proximi-dade geográfica de Moçambique exerce um ascendente naalteração concorrencial verificada localmente após a retomada normalização de relações entre os dois países na sequên-cia do fim do apartheid.

Repare-se igualmente que o conhecimento transferidopara as subsidiárias depende da inter-relação do transmis-sor e receptor que favoreça uma boa comunicação e reduzaa distância institucional existente (casos 1 e 2) a fim de ultra-passar potenciais barreiras de comunicação (descoorde-nação no apoio prestado, sobreposição de informação) e decapacidade técnica instalada (falta de técnicos especiali-zados locais) que se repercutem na competitividade das sub-sidiárias perante a concorrência das empresas sul-africanas.

Em resumo, a transferência de conhecimento assenta numconjunto de competências padrão impostas à subsidiária emvirtude da certificação da qualidade da sede, desencadean-do um processo de aprendizagem que encerra um conjuntode dificuldades organizacionais (cf. Tabela 5), por um lado,por os trabalhadores não terem familiaridade com o novoconhecimento transmitido e, por outro, pela resistência dosmoçambicanos em associarem-se à ideia da necessidade deefectuar essa transferência. Isso exige um esforço suplemen-tar em tempo e recursos despendidos – por exemplo em visi-tas e estágios nas unidades produtivas mais evoluídas tec-nologicamente – e uma rotação dos gestores por funçõespara que os indivíduos obtenham uma visão global daempresa e desenvolvam um sentido de pertença a uma reali-dade transnacional (ver Tabela 5, p. 68).

No seguimento dos resultados apresentados, podemosenunciar como forma conclusiva deste estudo as principaiscomunalidades presentes nas respostas dadas pelos gestoresentrevistados (cf. Tabela 6), de modo a delinearmos umalinha operativa proveitosa para os empresários interessadosem investir em Moçambique (ver Tabela 6, p. 69).

ConclusõesSeguindo as indicações anteriores, identificamos um

padrão operacional presente na transferência de conheci-mento no contexto moçambicano que pode ser utilizadocomo uma via indicativa, entre outras, de actuação empre-sarial bem sucedida em Moçambique.

O domínio do negócio no mercado doméstico, traduzidopor uma determinada forma de operar que visa a integraçãode projectos de investimento externo numa rede de funcio-namento comum em cada unidade organizacional, e basea-do na estandardização de processos operativos inerente à

Os resultados das entrevistas indicam a inexistênciade recursos humanos qualificados como a principaldificuldade encontrada pelas empresas no processo

de transferência de conhecimento.

Os resultados das entrevistas indicam a inexistência derecursos humanos qualificados como a principal dificuldadeencontrada pelas empresas no processo de transferência deconhecimento – a prática do caso 2 mostra que os moçam-bicanos não tinham conhecimento sobre a indústria de plás-ticos. Essas barreiras técnicas são ultrapassadas através darealização de acções de formação, expondo os gestores detopo e intermédios moçambicanos ao ambiente de trabalhoda empresa-mãe (casos 1, 2 e 3), de forma a adquirirem oconhecimento necessário que garanta o desenvolvimento deprojectos na subsidiária (caso 3) com aplicações tecnológi-cas sustentáveis num longo período de tempo.

Todavia, regista-se um imenso absentismo nos traba-lhadores menos qualificados (caso 2), o que revela umadiferente perspectiva perante os problemas: a visão, gravi-dade e hierarquização dos problemas para um gestormoçambicano são diferentes daquelas avaliadas e feitas nasede (caso 1). Isto significa que o seu baixo nível de conheci-mento conduz a uma percepção diferente dos acontecimen-tos, dificultando a reprodução da operacionalidade da fonteno recipiente. Daí que, os esforços de transferência nãoresultam em resultados positivos à primeira tentativa, sendopreciso fazer ajustamentos, por exemplo na abordagem aomercado (caso 2) e nos procedimentos utilizados (caso 3)face ao contexto e às competências das pessoas locais.

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Tabela 5Dificuldades no processo de transferência de conhecimento

certificação da qualidade da empresa-mãe, implica atransposição de procedimentos pré-definidos para a subsi-diária no âmbito da reprodução do processo produtivo dasede.

Trata-se de processos de produção industrial tecnologica-

mente avançados, os quais são apoiados sobretudo em conhe-cimento tácito e, como tal, exigem a disponibilidade de indi-víduos com experiência de África para transmitir conheci-mento e criar fluidez de informação entre a fonte e o recipi-ente. Estas funções são essencialmente atribuídas aos expa-

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acontecimentos incorre nalguma falta de rigor na execuçãode tarefas, o que exige um acompanhamento permanenteda liderança de molde a estimular a sua receptividade àaprendizagem com melhoramentos contínuos. Para esse efei-to, os resultados deste estudo relevam a importância dasacções de formação no local de trabalho, tolerando os errose incutindo o risco de experimentação como uma forma decontribuição dos indivíduos para a melhoria de performanceorganizacional, ao mesmo tempo que se valoriza o seu de-sempenho e preocupação com o futuro da empresa. Em boaverdade, devemos evitar que a inércia proveniente de fac-tores culturais condicione o processo de mudança na orga-nização.

A este respeito, a gestão de topo tem um papel dina-mizador na resolução de problemas, estimulando a partilhade conhecimento através da interacção directa de emprega-dos de áreas operativas diferentes, por exemplo, pela cons-tituição de equipas de funcionamento cruzado para fazer cir-cular a informação por toda a organização. Deste modo,procuramos fomentar um ambiente de trabalho que induzanas pessoas uma atitude pró-activa de procura de conheci-

triados, cuja utilização é fundamental na fase inicial de mol-dagem do modo de funcionamento do recipiente por impul-sionarem a transferência de conhecimento através de acçõesde demonstração e realização de experiências onde incutemos valores e princípios de trabalho da fonte – nesse sentido,é importante o controlo da direcção de gestão local por par-te da empresa-mãe estrangeira.

Sendo a escassez de recursos humanos qualificados aprincipal dificuldade encontrada no ambiente moçambicanopelas empresas estudadas, a boa vontade dos actores dafonte, a par das suas capacidades pessoais, tornam-se ele-mentares na criação de uma relação de confiança com orecipiente a fim de conseguir a adesão das pessoas locais àspráticas transferidas por meio da sua adaptação ao contex-to local. Por outras palavras, o conhecimento transferidodeve ter um nível de competências adequado ao mercadomoçambicano de modo que tenha relevância operacionalpela compreensão da sua adopção e consequentementeconduza à instituição de novas rotinas, elevando, assim, aprodutividade local.

No entanto, a percepção dos moçambicanos sobre os

Tabela 6Comunalidades na transferência de conhecimento no contexto moçambicano

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No essencial, este processo de transferência promove odesenvolvimento operacional fundado em procedimentosque garantem a incorporação do novo conhecimento nasoperações de exploração do recipiente. Nessa medida, elevaa sua capacidade de absorção pela aplicação de práticassuperiores que proporcionam um ganho de competitividadecomo fornecedor por via da produção de bens de qualidadesuperior no mercado moçambicano. �

Este artigo faz parte do projecto de Investigação PTDCA/AFR/-72258/2006 «Configurações organizacionais em África e China: umestudo em quatro países» financiado pela Fundação para a Ciênciae Tecnologia (FCT), Portugal.

This article is a part of the research project PTDCA/AFR/-72258/2006 «Entrepreneurial Configurations in Africa and China: astudy in four countries» sponsored by the Science and TechnologyFoundation (FCT) of Portugal.

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