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133G A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE SIMULAÇÃO EMPRESARIAL NO ENSINO DA CONTABILIDADE Doutor Rui Manuel Pais de Almeida Professor Coordenador Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa Av. Miguel Bombarda nº20, 1050 Lisboa, Portugal Ana Isabel Lourenço Dias Equiparada a Assistente do 1º Triénio Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa Av. Miguel Bombarda nº20, 1050 Lisboa, Portugal Pedro Miguel Batista Pinheiro Equiparado a Assistente do 1º Triénio Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa Av. Miguel Bombarda nº20, 1050 Lisboa, Portugal Área Temática: Novas tecnologias e contabilidade Palavras-chave: Simulação Empresarial, Ensino, Novas tecnologias, Competências, Capacidades 1

A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

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Page 1: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

133G

A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE SIMULAÇÃO

EMPRESARIAL NO ENSINO DA CONTABILIDADE

Doutor Rui Manuel Pais de Almeida

Professor Coordenador

Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa

Av. Miguel Bombarda nº20, 1050 Lisboa, Portugal

Ana Isabel Lourenço Dias

Equiparada a Assistente do 1º Triénio

Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa

Av. Miguel Bombarda nº20, 1050 Lisboa, Portugal

Pedro Miguel Batista Pinheiro

Equiparado a Assistente do 1º Triénio

Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa

Av. Miguel Bombarda nº20, 1050 Lisboa, Portugal

Área Temática: Novas tecnologias e contabilidade

Palavras-chave: Simulação Empresarial, Ensino, Novas tecnologias, Competências,

Capacidades

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Page 2: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE SIMULAÇÃO

EMPRESARIAL NO ENSINO DA CONTABILIDADE

Abstract

Due to Bologna process, significant changes occurred in the teaching structure. The

objective of this study is to analyze the use of new technologies namely business

simulation models. It was elaborated an inquiry to be responded by Business

Simulation Project students that assisted this course in 2007/08, to evaluate the

perception that students have about the impact of this teaching methodology, using

new technologies such as business simulation, in their process of learning

competences.

The results suggest it is possible to identify an adequacy of the model used in this

course, based on new technologies, to the process of learning outcomes and

competences.

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Page 3: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

1. Introdução

A criação do denominado Espaço de Ensino Superior Europeu, decorrente do

processo de Bolonha, veio alterar profundamente os paradigmas de ensino que

norteavam o ensino superior em Portugal.

Neste espaço pretende-se que coabitem sistemas europeus de ensino superior

coerentes e compatíveis entre si marcado por elevados padrões de qualidade, que

permitam incrementar a mobilidade e competitividade internacional do ensino superior

europeu.

O presente artigo procura identificar a adequabilidade da utilização de novas

tecnologias que incluem modelos de simulação empresarial no contexto dos novos

paradigmas de ensino centrados na aquisição de competência por parte dos

estudantes. Com esse intuito foi elaborado um inquérito que posteriormente foi

efectuado pelos estudantes que frequentaram a unidade curricular de Projecto em

Simulação Empresarial no ano de 2007/2008. Esta unidade curricular está inserida no

3º ano do plano curricular do primeiro ciclo (licenciatura) dos cursos ministrados no

Instituto Superior de Contabilidade e Administração.

Através das respostas obtidas procurou-se identificar qual a percepção que os

estudantes tinham acerca do impacto desta metodologia de ensino no seu processo

de aquisição de competências na área de contabilidade e como encaravam a

aplicação das novas tecnologias de simulação no ensino da contabilidade.

As respostas obtidas permitem, segundo os estudantes, identificar uma

adequabilidade do modelo utilizado nesta unidade curricular ao processo de aquisição

de competências

2. O Ensino Superior no espaço Europeu

A estratégia política de convergência dos sistemas de ensino superior no espaço

europeu conduziu a um conjunto de reformas sob a égide do denominado processo de

Bolonha. Este espaço pretende congregar sistemas europeus de ensino superior

coerentes e compatíveis entre si de modo a fortalecer o reconhecimento de

qualificações, a empregabilidade, a mobilidade, a garantia de qualidade,

incrementando assim a competitividade internacional do ensino superior europeu.

Os objectivos das reformas visam assim, garantir uma maior comparabilidade entre os

graus conferidos nos diferentes países que compõem o espaço europeu de ensino

3

Page 4: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

superior e simultaneamente introduzir procedimentos que visem a garantia da

qualidade do ensino ministrado, subjacente a esta ideologia esteve o intuito de

fomentar a mobilidade dos estudantes no espaço europeu.

Burlaud, Henriet e Perez (2005) sistematizaram o processo de harmonização

introduzido, em cinco etapas conforme o quadro seguinte demonstra:

Quadro nº1 - Evolução do processo de criação do espaço europeu de ensino

superior até 2005

Ano Local da

Reunião

Países

Participantes Principais temas e conclusões

1998 Sorbonne 4 Mobilidade, Transparência,

Empregabilidade

1999 Bolonha 29 Reforma LMD1, ECTS2, deadline 2010

2000 Lisboa 29 Empregabilidade

2001 Praga 32 Sistemas de ensino públicos,

Aprendizagem ao longo da vida

2003 Berlin 42 Diplomas conjuntos

2005 Bergen 46 Ponto de situação acerca do processo

de implementação

Como se pode verificar, 46 países participaram no encontro que teve lugar em Bergen

no ano de 2005, número este bem superior aos 29 países que estiveram reunidos em

1999, na cidade de Bolonha. Este facto demonstra por si só o crescente interesse que

esta matéria despoletou. No decurso destas reuniões foram introduzidos no seio da

discussão diversos tópicos, mas três desses tópicos reflectem o que em muito é o

denominado espírito de Bolonha: empregabilidade, mobilidade e aprendizagem ao

longo da vida.

No entanto é também de salientar que este processo apenas sendo de âmbito

europeu não deixou de influenciar as reformas no ensino superior em realidades tão

díspares como são os casos da Austrália, América Latina e África. Esta realidade

conduziu à elaboração por Zgaga (2006), de um relatório intitulado “External

Dimensions” of the Bologna Process.

3. A realidade do Ensino Superior em Portugal

1 LMD – Terminologia francesa para um sistema de graus: Bachelor’s, Master’s, Doctorate 2 ECTS – European Credit Transfer and Accumulation System

4

Page 5: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

O ensino superior em Portugal sofreu, como era expectável, uma profunda alteração

não apenas no seu enquadramento organizacional e legislativo, mas acima de tudo

nos seus objectivos e paradigmas subjacentes decorrente de todo este processo.

O enfoque na análise do ensino superior em Portugal, no presente artigo, será

efectuado ao nível conceptual dado que a componente organizacional do mesmo não

tem, em nossa opinião, influência na temática em análise.

Reflectindo toda a conjuntura de mudança, foi promulgado em 24 de Março de 2006, o

Decreto-Lei 74/2006, que visou “a definição dos objectivos de cada um dos ciclos de

estudos na perspectiva das competências a adquirir, adoptando os resultados do

trabalho colectivo realizado a nível europeu e concretizado nos descritores de Dublin3,

tendo presente que a transição de um sistema de ensino baseado na transmissão de

conhecimentos para um sistema baseado no desenvolvimento de competências pelos

próprios estudantes é uma questão crítica central em toda a Europa”.

O mesmo diploma acrescenta ainda que a “questão central no Processo de Bolonha é

o da mudança do paradigma de ensino de um modelo passivo, baseado na aquisição

de conhecimentos, para um modelo baseado no desenvolvimento de competências,

onde se incluem quer as de natureza genérica – instrumentais, interpessoais e

sistémicas – quer as de natureza específica associadas à área de formação, e onde a

componente experimental e de projecto desempenham um papel importante.”

A nova arquitectura e definição de paradigma do ensino superior encerram em si um

desafio que assenta na identificação das competências essenciais em cada perfil

formativo, procurando desenvolver as metodologias adequadas à sua concretização.

4. A utilização de novas tecnologias e o modelo da Simulação

Empresarial no “novo” Ensino Superior

O Decreto-lei nº74/2006 de 24 de Março coloca no seu artigo 5º os seguintes

objectivos para a obtenção do grau de licenciado4:

a. Possuir conhecimentos e capacidade de compreensão numa área de

formação;

b. Saber aplicar os conhecimentos e a capacidade de compreensão adquiridos,

de forma a evidenciarem uma abordagem profissional ao trabalho desenvolvido

na sua área vocacional;

3 Documento "Dublin Descriptors" da "Joint Quality Initiative", consiste no anteprojecto dos graus académicos. Contém a definição das competências genéricas para os diferentes graus académicos (1º, 2º e 3º ciclos de Bolonha). 4 Denominação atribuída em Portugal, para o 1º Ciclo de estudos.

5

Page 6: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

c. Capacidade de resolução de problemas no âmbito da sua área de formação e

de construção e fundamentação da sua própria argumentação;

d. Capacidade de recolher, seleccionar e interpretar a informação relevante,

particularmente na sua área de formação, que os habilite a fundamentarem as

soluções que preconizam e os juízos que emitem, incluindo na análise os

aspectos sociais, científicos e éticos relevantes;

e. Competências que lhes permitam comunicar informação, ideias, problemas e

soluções, tanto a públicos constituídos por especialistas como por não

especialistas;

f. Competências de aprendizagem que lhes permitam uma aprendizagem ao

longo da vida com elevado grau de autonomia.

Na prossecução e validação destes objectivos, surgem as novas tecnologias que

incluem os modelos de simulação empresarial como possível atitude metodológica e

ferramenta de trabalho no “novo” ensino superior.

O modelo de ensino centrado na transmissão de conhecimentos, poderá deste modo

estar parcialmente esgotado face aos desafios que agora são colocados, até mesmo a

mera utilização de meios audiovisuais poderá ser hoje uma visão distorcida do recurso

às novas tecnologias de informação e comunicação, pois contém as mesma

desvantagens que os modelos tradicionais que encaram o estudante como um agente

passivo no processo de ensino-aprendizagem. A propósito deste aspecto, Driscoll

(2004) afirma que em muitas organizações a sala de aula virtual tornou-se sinonimo de

apresentações de slides e afirmando que fomentam e utilizam as novas tecnologias de

informação e comunicação no contexto de sala de aula. Os avanços das tecnologias

da informação e comunicação permitem a introdução de novos métodos pedagógicos.

A interactividade oferecida pelos simuladores, bem como a recriação de ambientes,

situações e problemas semelhantes aos vividos na prática, fomenta no estudante a

capacidade de reflectir, seleccionar informação e agir, de forma a incutir o sentido de

autonomia e responsabilidade pelo seu processo de aprendizagem. O estudante inicia

a construção do seu percurso com a responsabilidade de aplicar os conceitos

apreendidos, sendo necessário para o seu sucesso a interacção social proporcionada

pelo trabalho em grupo, onde irá partilhar problemas e soluções, aumentando a sua

capacidade crítica, de comunicação e exposição.

Os modelos de simulação empresarial permitem fomentar no estudante um conjunto

de competências que vão de encontro aos novos objectivos do ensino superior, dos

quais se destacam:

a. Reflexão crítica sobre problemas práticos;

b. Apreensão da realidade;

6

Page 7: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

c. Eliminação da passividade no processo de ensino-aprendizagem;

d. Incremento da autonomia do estudante no seu processo de aprendizagem;

e. Fomento do interesse e sentido de dever;

f. Criação de competências na área da comunicação;

g. Consolidação de conhecimentos adquiridos;

h. Criação de atitudes metodológicas que facilitem o processo de aprendizagem

individual ao longo da vida;

A utilização das novas tecnologias nomeadamente a simulação empresarial nos

ambientes académicos tem vindo a ser alvo de alguns estudos que destacam as

vantagens e desvantagens da sua aplicação Lundgren e Björk (2004), Anastasiou e

Alves (2004).

Segundo Driscoll (2004) os ambientes de cooperação que caracterizam a simulação

empresarial são mais eficazes que os baseados em processos de aprendizagem

individual, pelas seguintes razões:

a. Os estudantes que mais aprendem são aqueles que organizam, resumem,

elaboram, explicam e defendem as ideias;

b. A aprendizagem ocorre em ambientes de permanente orientação, o que motiva

a um processo de aprendizagem mais árduo e dedicado;

c. Os estudantes são sujeitos activos no processo, pois desenvolvem em

conjunto estratégias para a solução dos seus problemas.

Palincsar (1998) afirma que o estudante deve assumir o papel de comunicar, justificar

e defender as suas ideias, tal como acontece no ambiente empresarial o qual terão de

enfrentar. Duffy e Jonassen (1992) vão ainda mais longe defendendo que os

estudantes devem levantar um conjunto de questões e gerar e explorar os seus

próprios modelos construindo e organizando o seu conhecimento ao invés de somente

recebê-lo, enquadrando-se este novo paradigma numa abordagem construtivista do

processo de ensino.

Esta abordagem coloca ao professor o desafio de problematizar um conjunto de

situações devidamente inseridas em contextos realistas fomentando a colaboração e

reflexão, conduzindo o estudante no seu processo de criação de conhecimento. O

professor assume uma função de coach e não uma função de transmissor de

conhecimento, neste sentido, Freire (1996) afirma que “ensinar não é transferir

conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou sua

construção”

Assim, e pelo apresentado anteriormente pode concluir-se que a simulação poderá ser

a resposta aos novos objectivos do ensino superior, indo ao encontro dos desafios por

7

Page 8: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

este criado, contribuindo activamente para a qualidade da formação dos estudantes,

bem como a adequação dos perfis formativos, às necessidades do mercado.

5. Apresentação do PSE

O Projecto em Simulação Empresarial5, inserido num ambiente tecnológico, tem como

objectivo proporcionar aos estudantes uma abordagem a várias questões específicas

do ensino da contabilidade, aproximadas à realidade empresarial, que lhes permita

aplicar os conhecimentos previamente adquiridos noutras unidades curriculares

existentes nos planos de estudos, estimulando à sua reflexão e capacidade de

selecção e crítica sobre os mesmos.

O processo de aquisição de competências passa também pela capacidade de

despertar no estudante a curiosidade pelas possibilidades de solução das questões

colocadas, através da análise e interpretação da informação disponibilizada. A certeza

de uma solução única e completa daquelas questões não é um primado, enfatizando-

se assim as capacidades de discussão dos vários pontos de vista com os colegas e

professores e de crítica do seu próprio trabalho e de terceiros. O ensino pela

simulação empresarial direcciona assim para o desenvolvimento do interesse por

questões fundamentais da contabilidade, necessárias à tomada de decisão.

Esta aproximação da actividade empresarial, pretende facilitar a transição do

estudante para o mundo do trabalho, incutindo-lhe desde o início a vivência ética dos

negócios, a capacidade de trabalhar sob pressão, e concomitantemente responder às

necessidades de recrutamento das várias entidades organizacionais.

O modelo abaixo apresentado representa a base tecnológica subjacente à

metodologia utilizada na unidade curricular de PSE.

5 Unidade curricular incluída no último ano do primeiro ciclo dos cursos do ISCAL.

8

Page 9: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

MONITOR

Transversal a todo o modelo, estão as novas tecnologias de informação e

comunicação que suportam toda a arquitectura tecnológica que permite agilizar e

fomentar o processo de aquisição de competência por parte dos estudantes.

Transversal a todo o modelo, estão as novas tecnologias de informação e

comunicação que suportam toda a arquitectura tecnológica que permite agilizar e

fomentar o processo de aquisição de competência por parte dos estudantes.

Recorrendo a um software de gestão integrada de informação e multimédia que auxilia

todo o inflow e outflow de informação, os estudantes têm assim acessível todo um

conjunto de dados que lhes permite analisar, reflectir, e tomar de decisões que através

do software integrado de gestão, enquanto ferramenta de trabalho e sistema de apoio

à gestão, os conduz à tarefa essencial que devem desempenhar, a aquisição das suas

próprias competências.

Recorrendo a um software de gestão integrada de informação e multimédia que auxilia

todo o inflow e outflow de informação, os estudantes têm assim acessível todo um

conjunto de dados que lhes permite analisar, reflectir, e tomar de decisões que através

do software integrado de gestão, enquanto ferramenta de trabalho e sistema de apoio

à gestão, os conduz à tarefa essencial que devem desempenhar, a aquisição das suas

próprias competências.

Na referida arquitectura a componente tecnológica surge como um facilitador no

processo de aquisição de competências por parte dos estudantes, sensibilizando-os

para a importância destas ferramentas no desempenho das suas actividades

profissionais.

Na referida arquitectura a componente tecnológica surge como um facilitador no

processo de aquisição de competências por parte dos estudantes, sensibilizando-os

para a importância destas ferramentas no desempenho das suas actividades

profissionais.

5.1. Aquisição de competências 5.1. Aquisição de competências

Mundo Real s

/ s

formação

SIS

SIS ESTÃO

CompetemInteragemCooperam

Registam aconteci mentosExtraem informação

Formação contínua

Estudante ISCAL

Acontecimentos

Empresas Enquad. /Regul.

QuestõesProblema

Dados / In

AMBIENTE DA SIMULAÇÃO

MERCADOS

TEMA INTEGRADO DE GESTÃO

TEMAS DE APOIO À G

OrganizamEmpr esas

Conhecimento/ DecisãoProblemáticas AvaliamSituações Auditam /

Apoiam / Fiscalizam

MONITOR

Mundo Real s

/ s

formação

SIS

SIS ESTÃO

CompetemInteragem

Registam aconteci mentosExtraem informação

Formação contínua

Estudante ISCAL

Acontecimentos

Empresas Enquad. /Regul.

QuestõesProblema

Dados / In

AMBIENTE DA SIMULAÇÃO

MERCADOSCooperam

TEMA INTEGRADO DE GESTÃO

TEMAS DE APOIO À G

OrganizamEmpr esas

Conhecimento/ DecisãoProblemáticas AvaliamSituações Auditam /

Apoiam / Fiscalizam

No omunicação vas Tecnologias de Informação e C

Modelos Tecnológicos de Simu lação

Gestão Integrada de Informação e M lti édi

Software Integrado de Gestão

Mundo Real

nformação

Estudantes ISCAL

Acontecimentos

Empresas Enquad. /.Regul

Questões / Problemas

Dados / I

AMBIENTE DA SIMULAÇÃO

MERCADOS

Organizam

sEmpresa

Conhecimento/ Decisãoroblemáticas valiamSituações P Auditam / A

Apoiam / Fiscalizam

Novas Tecnologias de Informação e C

Modelos Tecnológicos de

. /

muSi lação

Gestão Integrada de Informação e Multimédia

Software Integrado de

Gestão

omunicação

Sistema de Apoio à Gestão

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Page 10: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

Na unidade curricular de Projecto em Simulação Empresarial os estudantes assumem

a função de órgão da administração de uma empresa que lhes é atribuída. Este órgão

é composto por três estudantes (regra geral), sendo toda a estrutura organizacional da

empresa determinada previamente, sobre a qual os estudantes tomam conhecimento

através da análise da informação que lhes é facilitada. É então proposto a cada

empresa o cumprimento, com sucesso, de um determinado número de tarefas no

período das aulas/sessões6, assim como a elaboração de trabalhos teóricos fora

daquele período, a serem entregues em aula/sessão posterior. Na resolução das

tarefas e dos trabalhos teóricos, os estudantes necessitam recorrer a diversos

normativos (contabilísticos, de relato, fiscais,…) para apresentarem a solução do

problema proposto, tendo ao seu dispor todas as novas tecnologias de comunicação e

informação com acesso on-line e todo o normativo contabilístico e áreas afins, como

software de contabilidade e gestão, bem como tecnologia de comunicação para a sua

ligação ao mundo empresarial. Pretende-se proporcionar uma integração vertical dos

conhecimentos adquiridos ao longo do plano curricular e consolidação dos mesmos,

conduzindo a uma visão prática da profissão. Os trabalhos teóricos têm incutido um

grau de exigibilidade elevado, é pedido uma análise crítica e uma solução para o

problema distribuído. A uma empresa é atribuída a tarefa de apresentação da sua

solução para o trabalho, após a qual tem lugar a discussão da(s) solução(ões) e

problema(s) encontrado(s) com as restantes empresas e com o professor. A

elaboração e apresentação destes trabalhos obrigam ao recurso a novas tecnologias,

como software de contabilidade e gestão e a tecnologias de comunicação, o que

constitui um estímulo às capacidades de pesquisa, de identificação de oportunidades e

problemas, de selecção da informação, assim como de análise e interpretação da

informação. Mensalmente procede-se à análise da informação financeira e de gestão,

cruzando informação através de tarefas específicas que permitem verificar os

resultados contabilísticos, a posição financeira da empresa e a evolução da sociedade.

Periodicamente ocorre um seminário sobre um tema específico, sendo este escolhido

em função do planeamento das aulas/sessões e do que é considerado pelo professor

responsável ser a matéria com maior necessidade de exposição teórica. É então

convidado um professor especialista naquele âmbito, de forma a colmatar as

dificuldades expostas pelos estudantes. Após este ter decorrido, é avaliado através de

uma questão de desenvolvimento, a transmissão de conhecimentos, ou seja, é pedido

a todos os elementos de cada empresa que descrevam o que entenderam sobre o

assunto exposto.

6 Terminologia adoptada na unidade curricular para referir uma aula.

10

Page 11: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

No fim do período lectivo é pedido a cada empresa que elabore um relatório final, que

consiste no relatório de gestão e relato financeiro da empresa, sendo este

apresentado pelo órgão de gestão em assembleia-geral (constituída

fundamentalmente por três elementos: dois professores da unidade curricular e um

convidado externo à mesma).

5.2. Validação das competências

A metodologia própria da unidade curricular de Projecto em Simulação Empresarial

tem associada um controlo permanente de todas as tarefas propostas aos estudantes,

algumas das quais é efectuada por recurso a tecnologia do próprio sistema utilizado,

sendo este efectuado ao trabalho do grupo enquanto empresa assim como aos seus

elementos de forma individual. A avaliação às tarefas e trabalhos propostos é contínua

ao longo do período lectivo, com parâmetros distintos adequados ao tipo de tarefa.

O trabalho de grupo é avaliado através:

a. De auditorias quinzenais/mensais às tarefas propostas a cada empresa. Estas

tarefas específicas são avaliadas pela aplicação concreta de competências que

se pretendem atingir;

b. Da elaboração e apresentação dos trabalhos teóricos. Na apresentação destes

trabalhos é considerado o resultado por empresa assim como os

conhecimentos adquiridos e as capacidades de exposição de cada elemento

daquela;

c. Da elaboração e apresentação de um relatório final que compila informação

contabilística obrigatória e voluntária. De forma idêntica aos trabalhos teóricos,

os estudantes são avaliados pelo seu trabalho conjunto, assim como pelas

suas competências individuais.

O trabalho individual é avaliado através:

a. Da observação directa do trabalho efectuado em cada aula/sessão por cada

estudante;

b. De testes periódicos, que se consubstanciam em duas partes: a primeira com

repostas de escolha múltipla que incidem sobre matérias abordadas em tarefas

rotineiras ou em trabalhos teóricos, e outra parte com uma pergunta de

desenvolvimento que incide sobre um tema especifico, sendo a regra geral que

este seja previamente abordado em seminário que terá decorrido num

momento anterior;

c. Da exposição dos trabalhos teóricos;

d. Da exposição do relatório final.

11

Page 12: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

É de relevar a assiduidade como um elemento fulcral em toda a metodologia desta

unidade curricular, uma vez que a presença dos estudantes em cada aula/sessão é

necessária para a concretização das tarefas propostas à empresa, podendo também,

em algumas situações interferir com o trabalho de outras empresas, uma vez que a

interacção entre as mesmas pode ocorrer. O não cumprimento das tarefas propostas

para uma determinada aula/sessão pode afectar negativamente a avaliação da

empresa ou dos elementos da empresa. Estes aspectos, incrementam a capacidade

de trabalhar em grupo, de trabalhar sob pressão e ainda o sentido de responsabilidade

perante os outros elementos do grupo. Inclusivamente, com o recurso à tecnologia,

pode ser permitido ao estudante, excepcionalmente, que utilize outro local para aceder

à sua empresa (por exemplo, em casa).

6. Resultado do inquérito feito aos alunos ano lectivo 2007/2008

Ao finalizar o ano lectivo 2007/2008, foi realizado um inquérito aos estudantes que

frequentaram a unidade curricular de Projecto em Simulação Empresarial, com o

objectivo de validar a utilização da simulação empresarial no processo de

consolidação de competências e/ou a aquisição (reaquisição) das mesmas, obtidas

através do desenvolvimento de determinadas capacidades e simultaneamente

procurar verificar a adequação desta metodologia no contexto dos novos paradigmas

de ensino atrás referenciados.

6.1. Caracterização da população

A população inquirida é constituída por 284 alunos, dos quais 67% pertencem à faixa

etária dos 20 aos 27 anos. Da totalidade 56% são trabalhadores-estudantes, mas

apenas 26% trabalham na área da contabilidade. No que diz respeito à distribuição

pelas várias licenciaturas importa referir que 46,83% são da licenciatura de

contabilidade ramo de fiscalidade, 34,15% da licenciatura de contabilidade ramo de

contabilidade, 16,90% da licenciatura de finanças e 1,41% são da licenciatura de

gestão e da de contabilidade ramo de administração pública, sendo que a unidade

curricular de P.S.E. é opcional para estas 3 últimas licenciaturas referidas.

6.2. Validação dos objectivos da simulação empresarial

12

Page 13: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

A validação dos objectivos da unidade curricular de P.S.E. foi efectuada através da

análise a onze parâmetros7, tidos como essenciais no âmbito da aquisição de

competências. A análise foi efectuada interrogando os discentes acerca da

importância do P.S.E. na aquisição, reaquisição ou compreensão daqueles

conhecimentos.

Para o efeito, foi pedido através do inquérito realizado, a atribuição de um grau de

importância do P.S.E. na aquisição, reaquisição ou compreensão de determinados

conhecimentos, numa escala de 1 a 5, sendo 1 nada importante e 5 muito importante.

Desta escala, de forma a proceder à análise dos resultados, advieram três intervalos:

o primeiro, compreendendo os graus de importância 1 e 2, ou seja, os

correspondentes à classificação de pouco ou nada importante; o segundo relativo ao

nível com alguma importância, compreende o grau de importância 3; o terceiro

compreendendo os graus de importância 4 e 5, correspondeu à classificação de muito

importante.

Da análise ao quadro nº2, para os parâmetros estrutura conceptual, princípios

contabilísticos e critérios valorimétricos, verifica-se que a maioria dos inquiridos lhes

atribuíram o nível de alguma importância, ou seja, o P.S.E. teve para a maioria da

população, alguma importância no processo de consolidação daqueles

conhecimentos. É de realçar que para estes quatro parâmetros, para mais de metade

da população, a metodologia de simulação empresarial revelou ter alguma importância

e muita importância na aquisição, reaquisição ou compreensão destes.

Relativamente aos restantes oito temas sobre os quais os estudantes foram

questionados, conclui-se que a maioria atribui a classificação de muita importância à

simulação empresarial no processo de aquisição, reaquisição ou compreensão destes

conhecimentos, evidenciando percentagens de resposta sempre superiores a 50%,

excepto no que diz respeito ao parâmetro informação contabilística voluntária, a qual

se atinge 47,18%, mas que verifica obter a classificação de muito importante pela

maioria dos inquiridos. Verifica-se então que a junção do nível de alguma importância

com o de muita importância alcança o 4º quartil, sendo que supera sempre os 75%, o

que faz com que a percentagem de pouco ou nada importante fique sempre abaixo

dos 25% (1º quartil).

Quadro nº2-Aquisição, reaquisição ou compreensão de conhecimentos

Nível de importância Pouco ou nada Com alguma Muito

7 Estrutura conceptual, princípios contabilísticos, critérios valorimétricos, especialização, movimentação de contas, directrizes contabilísticas, normas do IASB, elaboração de demonstrações financeiras, análise contabilística de demonstrações financeiras, elaboração de relatórios contabilísticos e informação contabilística voluntária.

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Page 14: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

Competências

importante importância importante

Estrutura conceptual 26,76% 43,66% 28,17%

Princípios contabilísticos 19,72% 43,31% 35,56%

Critérios valorimétricos 17,61% 45,42% 35,92%

Informação contabilística

voluntária 11,62% 40,14% 47,18%

Especialização 11,62% 28,17% 58,80%

Movimentação de contas 12,68% 27,11% 59,51%

Directrizes Contabilísticas 10,21% 30,63% 57,39%

Normas do IASB 9,15% 25,00% 64,44%

Elaboração de DF’s 12,68% 28,17% 58,10%

Análise contabilística de DF’s 11,62% 34,15% 53,17%

Elaboração de relatórios

contabilísticos 6,34% 26,41% 65,85%

Média níveis respondidos 13,64% 33,83% 51,28%

De um modo geral pode verificar-se que a maioria da população inquirida dá muita

importância à contribuição do P.S.E. no processo de aquisição, reaquisição ou

compreensão destes conhecimentos, tidos como objectivos da unidade curricular, pois

verifica-se, em termos globais, que a média das respostas dos inquiridos atribui a

classificação de muito importante (51,28%).

Conclui-se então que, mais de metade dos inquiridos dizem ter consolidado

(adquiriram, readquiriram ou compreenderam) conhecimentos, com a metodologia de

simulação empresarial.

Neste sentido, foi ainda apurado que 82% da população em estudo considera uma

mais-valia a introdução da metodologia P.S.E. nas unidades curriculares desde o 1º

ano, sendo afirmado por apenas 25% que o tempo dispendido nesta unidade curricular

seria mais útil se aplicado numa outra unidade curricular com metodologia baseada na

transmissão de conhecimentos.

14

Page 15: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

Carga de horas semanais

18

20

25

ais

6

0

5

10

15

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Nº Semana Lectivas

Nº H

ora

s S

em

an

Total horas semana Horas em sala

Horas estudo fora sala Horas trabalho fora sala

Enquadrando a simulação empresarial como uma unidade curricular que consolida os

conhecimentos apreendidos noutras unidades curriculares, verifica-se que 88% da

população considera que aplica os conteúdos programáticos adquiridos noutras

unidades curriculares, e 89%

considera que o P.S.E. é uma mais-

valia na consolidação de competências

adquiridas noutras unidades

curriculares.

Reconhece-se que, para este tipo de

metodologia baseada no

desenvolvimento de competências

pelos próprios alunos, é exigido que

estes invistam um determinado nº de

horas de estudo e de trabalho fora do

tempo de aulas. Inquiridos sobre esta

situação, os discentes afirmam ocupar

em média 7,2h semanais. Neste

sentido, o gráfico mostra o total do número de horas dispendidas pelos alunos com

esta unidade curricular.

De um modo geral, 95% dos inquiridos considera que a introdução da componente

prática nesta área fomenta o processo de aquisição de competências. Esta conclusão

pode ser suportada com o facto de quando inquiridos sobre a aplicação das

competências no seu desempenho profissional, 76% dos trabalhadores-estudantes

considera que o P.S.E. melhorou o seu desempenho profissional.

6.3. Validação das competências da simulação empresarial

Tendo por objectivo validar as competências que se pretende que sejam adquiridas

durante a frequência da unidade curricular de P.S.E., questionaram-se os discentes

sobre a importância desta no desenvolvimento de dez competências8.

Para o efeito, foi pedido através do inquérito realizado, a atribuição de um grau de

importância do P.S.E. no desenvolvimento de determinadas competências, numa

8 Capacidade de pesquisa da informação, desenvolvimento de aptidões de trabalho em grupo, consolidação de atitudes profissionais e éticas, desenvolvimento da capacidade trabalhar sob pressão, consolidação de conhecimentos adquiridos, incremento do sentido de responsabilidade, desenvolvimento de conhecimentos técnicos, consciencialização de uma estrutura organizacional e reforço de competências pragmáticas.

15

Page 16: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

escala de 1 a 5, sendo 1 nada importante e 5 muito importante. Desta escala, de forma

a proceder à análise dos resultados, resultaram três intervalos: o primeiro,

compreendendo os graus de importância 1 e 2, ou seja, os correspondentes à

classificação de pouco ou nada importante; o segundo relativo ao nível com alguma

importância, compreende o grau de importância 3; o terceiro compreendendo os graus

de importância 4 e 5, correspondeu à classificação de muito importante.

Em análise ao quadro nº3, verifica-se que para mais de metade da população

inquirida, em oito competências (Capacidade de pesquisa da informação,

desenvolvimento de aptidões de trabalho em grupo, consolidação de atitudes

profissionais e éticas, desenvolvimento da capacidade trabalhar sob pressão,

consolidação de conhecimentos adquiridos, incremento do sentido de

responsabilidade, desenvolvimento de conhecimentos técnicos), o P.S.E. teve um

papel muito relevante no desenvolvimento das mesmas, com uma percentagem igual

ou superior a 50% no nível de muita importância. Relativamente às duas restantes

competências (consciencialização de uma estrutura organizacional e reforço de

competências pragmáticas), verifica-se também a importância do PSE no seu

desenvolvimento, embora os resultados evidenciados no quadro abaixo, apontem para

uma maior distribuição entre o nível de alguma importância e muita importância,

evidenciando-se resultados na ordem dos 80% quando considerados os dois níveis.

Quadro nº3 – Análise de competências

Nível de importância

Competências

Pouco ou nada

importante

Com alguma

importância

Muito

importante

Capacidade pesquisa informação 9,15% 29,58% 60,56%

Desenvolvimento aptidões trabalho

em grupo 8,45% 19,01% 72,18%

Consolidação de atitudes

profissionais e éticas 14,79% 34,86% 50,00%

Desenvolvimento capacidade

trabalhos sob pressão 7,75% 19,72% 71,83%

Consolidação conhecimentos

adquiridos 7,04% 26,41% 65,49%

Incremento sentido responsabilidade 8,80% 26,76% 63,73%

Desenvolvimento conhecimentos

técnicos 6,34% 29,93% 62,68%

Desenvolvimento capacidade

comunicação oral e escrita 15,85% 33,10% 50,35%

16

Page 17: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

Consciencialização estrutura

organizacional 13,73% 40,14% 45,42%

Reforço competências pragmáticas 11,27% 43,66% 43,66%

Média níveis respondidos 10,32% 30,32% 58,59%

De um modo geral pode verificar-se que a maioria da população inquirida dá muita

importância à contribuição da unidade curricular de P.S.E. no processo de aquisição

de competências, pois verifica-se, em termos globais, que a média das respostas dos

inquiridos atribui a classificação de muito importante (58,59%).

De outra forma, validou-se que 92% da população considera que desenvolveu a

capacidade de compreensão de conhecimentos adquiridos anteriormente, tal como

96% considera que a aplicação prática de um conceito facilita o processo de

aprendizagem e de aquisição de competências. Desta forma, valida-se que a

metodologia de simulação empresarial ajuda significativamente no processo de

aquisição de competências, contribuindo para a solidificação do processo formativo do

discente.

6.4. Relação Assiduidade / Consolidação de competências

Outro factor que não deve ser dissociado do processo de aquisição de competências é

a assiduidade. De forma a conseguirem ser bem sucedidos nas tarefas e trabalhos

que lhes são propostos, é necessário que os estudantes tenham uma disponibilidade e

dedicação elevada no que diz respeito à frequência da unidade curricular. No caso da

unidade curricular de P.S.E., os níveis de assiduidade verificados, na ordem dos 96%,

permitem-nos considerar que os mesmos poderão estão relacionados com o sucesso

do processo de aquisição de competências que os inquéritos demonstram.

7. Conclusões

O actual ensino da contabilidade assenta num processo de aquisição de

competências. O modelo de simulação baseado em novas tecnologias permitiu

verificar uma percentagem de assiduidade nos estudantes de 96%, que está muito

acima da percentagem em aulas “tradicionais”, ou seja, fora do ambiente tecnológico,

assiduidade essa que se verificou ser um factor decisivo no êxito da aplicação do

modelo.

A percepção por parte dos estudantes do modelo proposto e dos seus objectivos é

fundamental para o êxito da aplicação, percepção essa que foi objecto do inquérito

17

Page 18: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

realizado, onde se analisaram vinte e um itens, onze dos quais a que se chamou

parâmetros que se relacionaram com componentes conceptuais da contabilidade e os

restantes dez a que chamámos competências dado a sua componente empírica.

Da análise aos onze parâmetros analisados relacionados com a aquisição,

reaquisição, ou compreensão de conhecimentos verificamos que em três desses

parâmetros (estrutura conceptual, princípios contabilísticos e critérios valorimétricos) a

maioria dos inquiridos atribui-lhes a classificação de alguma importância, ou seja, o

P.S.E. teve para a maioria da população, alguma importância na consolidação de

conhecimentos relativamente aos mesmos. No que diz respeito aos restantes oito

parâmetros (informação contabilística voluntária, especialização, movimentos de

contas, directrizes contabilísticas, normas do IASB, elaboração de demonstrações

financeiras, análise contabilística das demonstrações financeiras e elaboração de

relatórios contabilísticos), conclui-se que a maioria dos inquiridos atribui-lhes a

classificação de muita importância.

Em relação à totalidade dos onze parâmetros analisados pode verificar-se que a

maioria da população inquirida (51%), dá muita importância à contribuição da unidade

curricular de P.S.E. no processo de aquisição, reaquisição ou compreensão destes

conhecimentos.

No que se refere à validação das dez competências analisadas, podemos destacar

que nos resultados obtidos em oito das competências (capacidade de pesquisa de

informação, desenvolvimento de aptidões de trabalho em grupo, consolidação de

atitudes profissionais e éticas, desenvolvimento de capacidades de trabalhar sob

pressão, consolidação de conhecimentos adquiridos, incremento do sentido de

responsabilidade, desenvolvimento de conhecimentos técnicos e desenvolvimento da

capacidade de comunicação oral e escrita) denota-se uma percentagem igual ou

superior a 50% na classificação de muita importância, o que significa que para mais de

metade da população, o P.S.E. teve um papel muito relevante no desenvolvimento das

mesmas. Relativamente às duas restantes competências (consciencialização da

estrutura organizacional e reforço de competências pragmáticas), verificam também a

importância do P.S.E. no seu desenvolvimento, embora os resultados evidenciados

apontem para uma maior distribuição entre a classificação de alguma importância e

muita importância.

De um modo geral verificar-se que a maioria da população inquirida dá muita

importância à contribuição da unidade curricular de P.S.E. no processo de aquisição

de competências, pois verifica-se, em termos globais, que a média das respostas aos

dez parâmetros atingiu a classificação de muito importante (59%).

18

Page 19: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS: O MODELO DE

19

Como conclusão final e em função da análise às respostas obtidas, demonstra-se que

a utilização das novas tecnologias onde se insere o modelo de simulação se adequa

às novas tendências do paradigma de ensino centrado na aquisição de competências.

8. Referências Bibliográficas

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pressupostos para as estratégias de trabalho em aula, 3 ed. Joinville: Univille, 2004,

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Decreto-Lei 74/2006 24 de Março de 2006.

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