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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA A UTILIZAÇÃO DE PROGRAMA COMPUTACIONAL PARA AJUSTE E COORDENAÇÃO DA PROTEÇÃO DE SOBRECORRENTE PAULO VITOR SILVEIRA PRIMO RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL NOVEMBRO 2009

A utilização de Programa Computacional para Ajuste e Coordenação da Proteção de Sobrecorrente

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Utilização do software PTW para implementação de ajuste e coordenação de relés de sobrecorrente. Nível Graduação.

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

    ESCOLA POLITCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICA

    A UTILIZAO DE PROGRAMA COMPUTACIONAL PARA AJUSTE E COORDENAO DA PROTEO DE SOBRECORRENTE

    PAULO VITOR SILVEIRA PRIMO

    RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

    NOVEMBRO 2009

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    A UTILIZAO DE PROGRAMA COMPUTACIONAL PARA AJUSTE E COORDENAO DA PROTEO DE SOBRECORRENTE

    PAULO VITOR SILVEIRA PRIMO

    PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

    ELETROTCNICA DA ESCOLA POLITCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA OBTENO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA

    APROVADO POR:

    ________________________________________________

    Prof. Sebastio E. M. de Oliveira, D. Sc.

    (Orientador)

    ________________________________________________

    Prof. Maria Karla Vervloet Sollero, D. Sc.

    (Examinadora)

    ________________________________________________

    Aurlio Moreira Luiz, Eng. (Examinador)

    RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

    NOVEMBRO 2009

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo acima de tudo a Deus por toda oportunidade que me deu e pela perseverana que me concedeu nos momentos de maior turbulncia em que o desnimo e a tristeza quase conseguiram me vencer.

    Agradeo muito aos meus pais que sempre foram e continuam sendo incansveis na luta para me oferecer o melhor, a fim de me possibilitar uma formao correta. Agradeo tambm o carinho e a ateno que nunca faltaram durante esta caminhada.

    Agradeo aos amigos Diego Barbosa Bezerra, Thoms Coelho, Rodrigo Ribeiro, Douglas Jorge e Bruno Laurindo por toda a ajuda principalmente quando fizemos vrias matrias juntos.

    Agradeo tambm a amiga Danielle Jorge por toda a ajuda nessa longa caminhada, toda a motivao pra continuar lutando durante todo esse tempo na vida acadmica.

    Agradeo a todos os meus parentes e amigos que de alguma forma me ajudaram e torceram por mim nesta caminhada.

    Agradeo ao professor Sebastio pela orientao e ao Eng. Srgio de Sousa Silva, Abengoa, pela assistncia prestada durante a elaborao deste trabalho de fim de curso.

    A todos os professores, tcnicos e funcionrios do Departamento o meu obrigado pela ajuda e pelos ensinamentos passados.

    Muito Obrigado a todos!

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    RESUMO

    O trabalho foi desenvolvido para mostrar a utilizao do software PTW para implementao de ajuste e coordenao de rels de sobrecorrente, sendo utilizado como exemplo um sistema radial. Para embasamento terico dos ensaios, foi apresentado a definio sobre Transformador de Corrente (TC) afim de obtermos a relao de transformao e tambm sua classe de exatido, levando-se em considerao a norma ANSI. A teoria de curto-circuito apresentada, passando pelos conceitos de componentes simtricas, montagem da matriz

    impedncia de barras e tipos de curto-circuito propriamente dito. So mostrados conceitos sobre a proteo de sistemas eltricos de uma maneira geral, a utilizao e tipos de rels de sobrecorrente

    (instantneo e temporizado). As aplicaes e facilidades do software PTW para ajustes e coordenao da proteo de sobrecorrente so apresentados de tal forma para contribuir para um melhor entendimento para o leitor. Os resultados obtidos dos ajustes e coordenao de rels de sobrecorrente so mostrados de maneira sucinta ao longo do texto.

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    NDICE CAPTULO 1: INTRODUO........................................................................................10 1.1 Objetivos....................................................................................................................................................... 12

    1.2 Viso geral do texto ..................................................................................................................................... 12

    CAPTULO 2: TRANSFORMADOR DE CORRENTE (TC) E SUAS APLICAES ......14 2.1 Introduo.................................................................................................................................................... 14

    2.2 Normas Tcnicas.......................................................................................................................................... 15 2.2.1 ABNT:........................................................................................................................................................15 2.2.2 ANSI: .........................................................................................................................................................15 2.2.3 IEC: ............................................................................................................................................................15

    2.3 Especificao Tcnica de Transformadores de Corrente......................................................................... 16 2.3.1 Condies de Instalao. ............................................................................................................................16 2.3.2 Tipo de Isolamento.....................................................................................................................................16

    2.4 Tipos de Servios ......................................................................................................................................... 16

    2.5 Tipo de Construo Mecnica .................................................................................................................... 17 2.5.1 Primrio Enrolado ......................................................................................................................................17 2.5.2 Barra...........................................................................................................................................................18 2.5.3 Bucha..........................................................................................................................................................18 2.5.4 Janela..........................................................................................................................................................18 2.5.5 Posio Livre..............................................................................................................................................19 2.5.6 Tipo Pedestal ..............................................................................................................................................19 2.5.7 Tipo Invertido.............................................................................................................................................19 2.5.8 Ncleo Dividido .........................................................................................................................................19 2.5.9 Vrios Enrolamentos Primrios (ABNT) ...................................................................................................19 2.5.10 Vrios Ncleos ......................................................................................................................................20

    2.6 Representao de um Transformador de Corrente.................................................................................. 20 2.6.1 Marcao dos terminais..............................................................................................................................20

    2.7 Caractersticas para Especificaes de Transformadores de Corrente .................................................. 23 2.7.1 Corrente(s) primria(s) nominal(s) e relao(es) nominal(s)....................................................................24 2.7.2 Tenso mxima e nveis de isolamento ......................................................................................................24 2.7.3 Freqncia Nominal ...................................................................................................................................27 2.7.4 Cargas Nominais para Transformadores de Corrente.................................................................................27 2.7.5 Classe de exatido nominal ........................................................................................................................31 2.7.6 Tenso Secundria Normalizada ................................................................................................................36 2.7.7 Fator Trmico Nominal ..............................................................................................................................36 2.7.8 Limite de corrente de curta durao nominal para efeito trmico Corrente trmica ...............................37 2.7.9 Limite de corrente de curta durao nominal para efeito mecnico Corrente dinmica..........................38

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    2.7.10 Uso interno ou externo ..........................................................................................................................38

    CAPTULO 3: MTODO DOS COMPONENTES SIMTRICOS ...................................39 3.1 Sntese das componentes simtricas ........................................................................................................... 39

    3.2 Componentes simtricas de fasores assimtricos ...................................................................................... 40

    3.3 Impedncias de seqncia........................................................................................................................... 43

    3.4 Circuitos de Sequncia ................................................................................................................................ 44

    CAPTULO 4: A IMPORTNCIA DOS ESTUDOS DE CURTO CIRCUITO ..................45 4.1 Caractersticas Gerais ................................................................................................................................. 45

    4.2 Transitrios em circuitos sries RL ........................................................................................................... 47

    4.3 Matriz Zbarra: Aplicao para Curto-Circuito........................................................................................... 49

    4.4 Curto-Circuito Trifsico Simtrico............................................................................................................ 52 4.4.1 Clculo de Curto-Circuito Trifsico...........................................................................................................52

    4.5 Curto-Circuito Assimtrico ........................................................................................................................ 55 4.5.1 Curto-circuito fase-terra (Monofsico).......................................................................................................56 4.5.2 Curto-circuito bifsico................................................................................................................................58 4.5.3 Curto-circuito bifsico-terra .......................................................................................................................60

    CAPTULO 5: UTILIZAO DA PROTEO DE SOBRECORRENTE .......................63 5.1 Aspectos principais quanto a sistemas de proteo .................................................................................. 64

    5.2 Subdiviso da atuao do sistema de proteo ......................................................................................... 64

    5.3 Rel de Sobrecorrente (50/51)..................................................................................................................... 65 5.3.1 Rel de Sobrecorrente Instantneo .............................................................................................................69 5.3.2 Rel de Sobrecorrente Temporizado ..........................................................................................................70 5.3.3 Rel de Sobrecorrente Temporizado com Elemento Instantneo ...............................................................72 5.3.4 Rel de Sobrecorrente de Neutro................................................................................................................74 5.3.5 Coordenao dos Rels de Sobrecorrente ..................................................................................................77 5.3.6 Tempo de Coordenao..............................................................................................................................77 5.3.7 Regra para Coordenao dos Rels de Sobrecorrente (50/51)....................................................................79

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    CAPTULO 6: PROGRAMA PTW (POWER TOOLS FOR WINDOWS) ........................83 6.1 Principais Caractersticas ........................................................................................................................... 84

    6.2 Modelos implementados no PTW (Power Tools Windows) ..................................................................... 86 6.2.1 Barras .........................................................................................................................................................86 6.2.2 Gerador Sncrono .......................................................................................................................................87 6.2.3 Transformadores.........................................................................................................................................90 6.2.4 Rels de Proteo .......................................................................................................................................91

    CAPITULO 7: RESULTADOS DE SIMULAES..........................................................94 7.1 Ajuste de Proteo e Coordenao de um Sistema Radial....................................................................... 94

    7.1.1 Ajuste dos Rels de Sobrecorrente de Fase e de Neutro (50, 51 e 50N) ....................................................95 7.1.2 Resultados obtidos na coordenao dos rels de sobrecorrente (50/51)...................................................118 7.1.3 Resultados obtidos na coordenao dos rels de sobrecorrente de neutro (51N) .....................................123

    CAPTULO 8: CONCLUSO........................................................................................127

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................129

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    LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 RELAO NICA.................................................................................................................................21 FIGURA 2 TRANSFORMADOR DE CORRENTE RELIGVEL ..........................................................................21 FIGURA 3 LIGAO SRIE-PARALELO .............................................................................................................22 FIGURA 4 DUAS RELAES COM DERIVAO NO PRIMRIO ...................................................................22 FIGURA 5 DUAS RELAES COM DERIVAES NO SECUNDRIO ...........................................................22 FIGURA 6 DOIS ENROLAMENTOS PRIMRIOS................................................................................................23 FIGURA 7 DOIS ENROLAMENTOS SECUNDRIOS..........................................................................................23 FIGURA 8 - CURVA DE EXCITAO DOS TCS TENSO SECUNDRIA X CORRENTE DE EXCITAO

    .............................................................................................................................................................................28 FIGURA 9 - CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM TRANSFORMADOR DE CORRENTE....................................33 FIGURA 10 - CURVA DE EXCITAO DE UM TRANSFORMADOR DE CORRENTE TENSO

    SECUNDRIA X CORRENTE DE EXCITAO............................................................................................34 FIGURA 11 - TRS CONJUNTOS CONSTITUDOS POR TRS FASORES EQUILIBRADOS QUE

    REPRESENTAM OS CONJUNTOS DE FASORES DAS SEQNCIAS POSITIVA, NEGATIVA E ZERO..............................................................................................................................................................................40

    FIGURA 12 - CORRENTE TPICA DE CURTO-CIRCUITO ....................................................................................48 FIGURA 13 - SISTEMA EXEMPLO PARA CLCULO DE CURTO-CIRCUITO...................................................53 FIGURA 14 - CIRCUITO EQUIVALENTE DE SEQNCIA POSITIVO ...............................................................53 FIGURA 15 - CIRCUITO EQUIVALENTE DE THVENIN PARA CURTO TRIFSICO .....................................55 FIGURA 16 - CIRCUITO EQUIVALENTE PARA CURTO MONOFSICO ...........................................................56 FIGURA 17 - CIRCUITO EQUIVALENTE PARA CURTO-CIRCUITO MONOFSICO.......................................58 FIGURA 18 - DIAGRAMA DO SISTEMA PARA CURTO BIFSICO ....................................................................59 FIGURA 19 - CIRCUITO EQUIVALENTE PARA CURTO-CIRCUITO BIFSICO. ..............................................60 FIGURA 20 - DIAGRAMA DO SISTEMA PARA CURTO-CIRCUITO BIFSICO PARA TERRA. .....................61 FIGURA 21 - CIRCUITO EQUIVALENTE PARA CURTO BIFSICO-TERRA.....................................................62 FIGURA 22 - PROTEO DE UM SISTEMA ELTRICO EM ALTA-TENSO ...................................................65 FIGURA 23 - ATUAO DA PROTEO PARA UM REL DE SOBRECORRENTE DE TEMPO INVERSO..71 FIGURA 24 - DIFERENTES INCLINAES DAS CURVAS DE TEMPO X MLTIPLO.....................................72 FIGURA 25 - CURVA DO TEMPO DE OPERAO DO REL 50/51 ....................................................................73 FIGURA 26 - EXEMPLO DE ATUAO DO REL DE SOBRECORRENTE 50/51..............................................74 FIGURA 27 - ESQUEMA DE LIGAO DO REL DE NEUTRO ..........................................................................75 FIGURA 28 - EXEMPLO DE LT A SER CONSIDERADO .......................................................................................80 FIGURA 29 - OBTENO DO TEMPO DE ATUAO DO REL B. ....................................................................81 FIGURA 30 - OBTENO DA CURVA DO REL A ...............................................................................................81 FIGURA 31 - PROTEO E COORDENAO DE RELS DE SOBRECORRENTE............................................82 FIGURA 32 - TELA DO PTW .....................................................................................................................................85 FIGURA 33 - REPRESENTAO DE ENTRADA DE DADOS DA BARRA..........................................................87 FIGURA 34 - LAYOUT I DE ENTRADA DE DADOS DO GERADOR. ..................................................................88 FIGURA 35 - LAYOUT II DE ENTRADA DE DADOS DO GERADOR..................................................................89 FIGURA 36 - LAYOUT DE ENTRADA DE DADOS DE TRANSFORMADORES.................................................90 FIGURA 37 - LAYOUT I DE ENTRADA DE DADOS DE REL DE SOBRECORRENTE DE FASE..................91 FIGURA 38 - LAYOUT II DE ENTRADA DE DADOS DE REL DE SOBRECORRENTE DE FASE. .........92 FIGURA 39 - DIAGRAMA UNIFILAR DO SISTEMA RADIAL .........................................................................94

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    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 - RELAES NOMINAIS SIMPLES DO TC .........................................................................................24 TABELA 2 - NVEL BSICO DE ISOLAMENTO NVEIS PARA TRANSFORMADORES DE CORRENTE ..25 TABELA 3 - NVEIS DE ISOLAMENTO PARA EQUIPAMENTO DE TENSO MXIMA NO INFERIOR A

    92 KV E NO SUPORTAR A 242 KV ..............................................................................................................25 TABELA 4 - NVEIS DE ISOLAMENTO PARA EQUIPAMENTO DE TENSO MXIMA NO INFERIOR A

    362 KV E NO SUPERIOR A 765 KV..............................................................................................................26 TABELA 5 - TENSO SUPORTVEL NOMINAL FREQNCIA INDUSTRIAL PARA TRANSFORMADOR

    DE CORRENTE DE TENSO MXIMA NO INFERIOR A 362 KV E NO INFERIOR A 765 KV.........26 TABELA 6 - CARGAS NOMINAIS PARA TCS DE 5 A DE CORRENTE SECUNDRIA PELA ABNT. ...........29 TABELA 7 - CARGAS NOMINAIS PARA TCS DE 5 A DE CORRENTE SECUNDRIA PELA ANSI..............30 TABELA 8 - QUADRO COMPARATIVO DAS CARGAS NOMINAIS NORMAS ANSI E ABNT .......................30 TABELA 9 - CLASSES DE EXATIDO PARA TCS DE MEDIO .................................................................32 TABELA 10 - TENSO SECUNDRIA NORMALIZADA ......................................................................................36 TABELA 11 - FATOR TRMICO NOMINAL ABNT E ANSI...............................................................................37 TABELA 12 - DADOS GERAIS DOS CIRCUITOS DO SISTEMA ..........................................................................95 TABELA 13 - DADOS GERAIS DOS ELEMENTOS DO SISTEMA.......................................................................95 TABELA 14 - VALORES DAS CORRENTES DE CURTO CIRCUITO PARA CADA BARRA ............................96 TABELA 15 - AJUSTES EM RELS DE SOBRECORRENTE ...............................................................................107 TABELA 16 - VALORES DAS CORRENTES DE CURTO CIRCUITO PARA CADA BARRA ..........................107 TABELA 17 - AJUSTES EM RELS DE SOBRECORRENTE ...............................................................................118 TABELA 18 - TEMPO DE ATUAO DOS RELS PARA CURTO TRIFSICO NA BARRA 6.......................119 TABELA 19 - TEMPO DE ATUAO DOS RELS PARA CURTO TRIFSICO A 86% LT 26 ........................119 TABELA 20 - TEMPO DE ATUAO DOS RELS PARA CURTO TRIFSICO NA BARRA 2.......................120 TABELA 21 - TEMPO DE ATUAO DOS RELS PARA CURTO TRIFSICO A 86% DA LT 42..................120 TABELA 22 - TEMPO DE ATUAO DOS RELS PARA CURTO TRIFSICO NA BARRA 4 ......................121 TABELA 23 - TEMPO DE ATUAO DOS RELS PARA CURTO TRIFSICO A 86% DA LT 34..................121 TABELA 24 - TEMPO DE ATUAO DOS RELS PARA CURTO TRIFSICO NA BARRA 3.......................122 TABELA 25 - TEMPO DE ATUAO DOS RELS PARA CURTO TRIFSICO A 86% DA LT13..................122 TABELA 26 - TEMPO DE ATUAO DOS RELS PARA CURTO TRIFSICO NA BARRA 1.......................123 TABELA 27 - TEMPO DE ATUAO DOS RELS PARA CURTO FASE TERRA NA BARRA 6....................124 TABELA 28 - TEMPO DE ATUAO DOS RELS PARA CURTO FASE TERRA NA BARRA 2...................124 TABELA 29 - TEMPO DE ATUAO DOS RELS PARA CURTO FASE TERRA NA BARRA 4....................125 TABELA 30 - TEMPO DE ATUAO DOS RELS PARA CURTO FASE TERRA NA BARRA 3...................125 TABELA 31 - TEMPO DE ATUAO DOS RELS PARA CURTO FASE TERRA NA BARRA 1...................126

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    CAPTULO 1: INTRODUO

    A estrutura de um pas pode ser caracterizada por seus aspectos sociais, histricos, culturais de grande relevncia, mas podemos tambm evidenciar o desenvolvimento e as formas de aproveitamento de suas fontes de energia. A tecnologia por sua vez, vem ocupando uma posio de destaque no mundo globalizado. Quando fala-se de tecnologia, podemos citar que essas fontes energticas tem a sua parcela de contribuio para o crescimento do mesmo.

    Atualmente estamos apreciando o crescimento do sistema eltrico brasileiro e com isso regies menos favorecidas com relao energia eltrica passam a ser beneficiados. O ideal que

    todos saiam ganhando com a expanso do setor eltrico. O sistema eltrico de potncia so grandes sistemas de energia que englobam a gerao,

    transmisso e distribuio de energia eltrica. O sistema de transmisso liga a gerao aos centros consumidores, j o sistema de distribuio se encarrega de levar a energia eltrica aos consumidores individuais.

    Em nosso pas, a natureza privilegiada acabou nos levando a incentivar a opo hidreltrica, devido ao grande nmero de rios caudalosos capazes de gerar energia em grande escala. Alm das hidroeltricas, mencionemos outra forma de produzir energia eltrica atravs de usinas trmicas, que queimam o combustvel. A energia produzida tanta pelas hidreltricas como pelas trmicas chega s subestaes atravs dos transformadores, que elevam o nvel de tenso. A

    partir da, a eletricidade percorre as linhas de transmisso (areas ou subterrneas) at as cercanias da regio onde ser consumida pela populao.

    Para termos um sistema eltrico eficiente, necessrio um planejamento quanto operao, manuteno e proteo do mesmo. Quando citamos esses itens, podemos dizer que h estudos que demandam a realizao de simulao (computacional e ensaio de laboratrio) do comportamento dos diversos equipamentos existentes frente s tenses e correntes resultantes de condies normais e de perturbaes. As perturbaes mais severas so os curtos circuitos que ocorrem devido a rupturas de isolao entre fases ou entre fase e terra causadas por descargas

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    atmosfricas que atingem a linha de transmisso, galhos de rvores, incndios, acmulo de resduos/poluio entre outros efeitos.

    Atualmente possvel fazer essa anlise de estudo de curto circuito fazendo simulaes por programas computacionais.

    A partir desse conhecimento da intensidade de corrente, existe a necessidade de se

    considerar o valor da corrente nos perodos de tempo, subtransitrio, transitrio e de regime permanente para especificao de equipamentos, alm da componente DC associada a relao

    R/X do sistema. Com isso, podemos realizar os seguintes tipos de estudos e anlises:

    1) Determinar as capacidades nominais dos equipamentos;

    2) Clculo de ajustes dos rels de proteo;

    3) Clculo dos esforos mecnicos nos elementos estruturais dos equipamentos;

    4) Calcular malha de aterramento;

    5) Estabilidade;

    6) Fluxo de Potncia;

    7) Harmnicos.

    Com relao aos estudos de proteo, podemos dizer que so feitos os ajustes nos parmetros dos rels no sistema para que estes tenham a percepo de enxergar essa corrente de curto circuito e por sua vez enviar a informao para que os disjuntores ou secionadores venham a isolar todo o sistema comprometido pelo curto circuito. Os rels devem operar o mais rpido possvel, dentro da sua seletividade de proteo. A coordenao de rels de sobrecorrente uma estratgia de proteo, onde para qualquer corrente de curto circuito, h uma escada de tempo no sentido do rel de vanguarda para os rels de retaguarda, de modo a garantir e permitir

    seletividade no desligamento do sistema. Ao selecionar os tipos de rels a serem utilizados e definidos de acordo com seus ajustes,

    comum a realizao de simulaes de defeitos em determinados pontos do sistema. A realizao

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    de clculos de forma manual de certa forma invivel, ou seja, a melhor maneira a obteno dos parmetros de defeitos por programas computacionais.

    1.1 Objetivos

    Este trabalho tem como objetivo demonstrar a capacidade do software PTW para os ajustes e coordenao da proteo de sobrecorrente num sistema radial. A partir do conhecimento de valores de curto circuito obtidos pelo software PTW, ser possvel ajustar os rels de sobrecorrente utilizados no sistema, assim como tambm obter a coordenao e seletividade dos mesmos. De acordo com as curvas caractersticas dos rels de sobrecorrente, podemos obter o

    tempo de atuao para eliminao do curto circuito num determinado sistema. Para complementao do trabalho, ser determinada a classe de exatido para cada Transformador de

    Corrente utilizado. A classe de exatido ser obtida levando-se em considerao a norma ANSI.

    1.2 Viso geral do texto

    Para o desenvolvimento do projeto, o contedo foi dividido em captulos para facilitar o entendimento do leitor ao longo do texto.

    Visando o entendimento sobre a definio do equipamento utilizado, o captulo 2 traz

    informaes sobre o Transformador de Corrente (TC) e suas aplicaes na proteo de sistemas eltricos. Sero apresentadas as caractersticas dos mesmos, formas de ligaes, relaes de

    transformao (RTC), tipos de TCs utilizados, fator e limite trmico entre outros tpicos. Em seguida, no captulo 3, ser apresentada uma introduo sobre mtodos de

    componentes simtricas para uma melhor compreenso dos princpios utilizados no clculo para obter as correntes de curto circuito. Este mtodo imprescindvel para os clculos realizados em caso de curtos-circuitos assimtricos.

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    J no captulo 4, apresentada uma anlise das correntes de curto-circuito e de suas propriedades e componentes. Alm disso, so destacadas as particularidades dos casos de curtos-circuitos simtricos e assimtricos e tambm sero apresentados os mtodos de clculo das correntes utilizando componentes simtricas a partir da utilizao da matriz Zbarra em alguns casos.

    No captulo 5 so apresentadas informaes sobre os tipos de rels de sobrecorrente e suas caractersticas, assim como a operao do mesmo. Tambm ser feita uma referncia em relao

    aos rels digitais e indicao dos mtodos de ajuste e coordenao dos rels de sobrecorrente em um sistema de potncia.

    O captulo 6 apresenta informaes sobre o programa PTW e descreve algumas facilidades para ajuste e coordenao de rels de sobrecorrente.

    No captulo 7 apresentado os resultados de ajustes e coordenao dos rels de sobrecorrente utilizando o programa PTW. Tambm ser determinada a classe de exatido para cada TC utilizado, considerando a norma ANSI.

    O captulo 8 dedicado s concluses do trabalho.

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    CAPTULO 2: TRANSFORMADOR DE CORRENTE (TC) E SUAS APLICAES

    2.1 Introduo

    As informaes de tenses e correntes cada vez mais elevadas so de extrema importncia

    quando se trata da expanso dos sistemas eltricos. So evidentes as informaes de valores dos mesmos para controlar e proteger estes sistemas. Com a impossibilidade de dispormos de

    instrumentos que meam diretamente essas grandezas, utilizamos transformadores de instrumentos, para obtermos valores de tenso e corrente que se adaptem aos instrumentos disponveis. Quando se trata de tenso, utilizamos os transformadores de potencial (TP) e para corrente temos os transformadores de corrente (TC).

    Os transformadores de corrente e potencial so transformadores destinados apenas a alimentar os equipamentos de medio, controle e proteo. Os transformadores de corrente apresentam a impedncia, vista pelo lado do enrolamento primrio (enrolamento ligado em srie com o circuito de alta tenso) como desprezvel, comparadas com a do sistema ao qual est instalado, mesmo que se leve em considerao a carga que se liga ao seu secundrio. De maneira

    que a corrente que circula no primrio dos transformadores de corrente definida pelo circuito de potncia, chamado de primrio.

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    2.2 Normas Tcnicas

    As normas tcnicas utilizadas para especificao dos transformadores de corrente so:

    2.2.1 ABNT:

    Transformadores para instrumentao (Terminologia), NBR 6546

    Transformadores de corrente mtodo de ensaio, NBR 6821

    Transformadores de corrente especificao, NBR 6856

    2.2.2 ANSI:

    C57.13

    Standart Requiriments for Instruments Transformers.

    2.2.3 IEC:

    Publicao 185

    Corrent Transformers (Transformateurs de Courant).

    A norma tcnica a ser utilizada para determinar a especificao tcnica do equipamento de responsabilidade do projetista, de tal forma que seja evidente a utilizao da mais recente edio da norma escolhida.

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    2.3 Especificao Tcnica de Transformadores de Corrente

    2.3.1 Condies de Instalao.

    Os transformadores de corrente so projetados para operarem em local com altitude no superior a 1000 m, com temperatura mxima ambiente no superior a 40 C e mdia no superior a 30 C e mnima de -10 C em qualquer perodo de 24 horas, podendo ser instalados em locais

    com condies desde que os valores nominais sejam corrigidos. [5,6] Quando o transformador de corrente solicitar valores permissveis de fator trmico para

    temperaturas fora do que esta dito, o fabricante deve fornec-los em tabela mostrando, para cada valor de temperatura do ar ambiente o valor mximo do fator trmico que o TC capaz de suportar, sem exceder os limites de elevao de temperatura.

    2.3.2 Tipo de Isolamento

    Os transformadores de corrente geralmente apresentam isolamento classe A (105 C) ou classe B (130 C), em funo do material isolante utilizado. Geralmente, os transformadores de corrente para uso interno utilizam isolamento material seco e os transformadores de corrente para uso externo utilizam uma envoltria de massa isolante imersa em lquido isolante. Para uso moderno, a tendncia que sempre que possvel, o uso de transformadores de corrente moldados em resina sinttica.

    2.4 Tipos de Servios

    Os transformadores de corrente so classificados em funo do tipo de servio a ser executado, podendo ser:

    Transformadores de corrente para servio de medio;

    Transformadores de corrente para servio de proteo.

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    Segundo a Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) e a ANSI, esses ainda se subdividem em:

    Classe A (ABNT) / Classe T (ANSI) Possui alta impedncia interna, isso , aquela cuja reatncia de disperso do enrolamento secundrio aprecivel;

    Classe B (ABNT) / Classe C (ANSI) Possui baixa impedncia interna, isto , aquele cuja reatncia de disperso do enrolamento secundrio possui valor desprezvel.

    Entre os transformadores de corrente da Classe B (ABNT) ou classe C (ANSI), temos o de ncleo toroidal com enrolamento secundrio uniformemente distribudo.

    2.5 Tipo de Construo Mecnica

    So classificados de acordo com o modelo do enrolamento primrio, j que o enrolamento secundrio constitudo por uma bobina com derivaes (taps) ou mltiplas bobinas ligadas em srie e/ou paralelo, para se obter diferentes relaes de transformao. Quanto aos tipos construtivos, os TCs mais comuns so:

    2.5.1 Primrio Enrolado

    Este tipo usado quando so requeridas relaes de transformaes inferiores a 200/5. Possui isolao limitada e portanto, se aplicam em circuitos at 15 kV. Ocorre quando o enrolamento primrio, constitudo de uma ou mais espiras, envolve o ncleo do transformador.

  • 18

    Caractersticas:

    Nvel de isolamento: 600 V;

    Corrente primria 5 A at 400 A;

    Corrente de secundrio;

    Exatido em 50 / 60 Hz;

    2.5.2 Barra

    Transformador de corrente cujo enrolamento primrio constitudo por uma barra, montada permanentemente atravs do ncleo do transformador.

    2.5.3 Bucha

    Consiste de um ncleo em forma de anel (ncleo toroidal), com enrolamentos secundrios. O ncleo fica situado ao redor de uma bucha de isolamento, atravs da qual passa um condutor, que substituir o enrolamento secundrio. Este tipo de TC comumente encontrado no interior

    das buchas de disjuntores, transformadores, religadores, etc.

    2.5.4 Janela

    Tem construo similar ao tipo bucha, sendo que o meio isolante entre o primrio e o secundrio o ar. O enrolamento primrio o prprio condutor do circuito, que passa por dentro da janela.

  • 19

    2.5.5 Posio Livre

    Os transformadores de corrente do tipo tanque so indicados para tenses de 765 V e correntes acima de 3000 A. Seu uso justificado em todos os casos em que h necessidade de recombinao para obteno de outras relaes de transformao.

    2.5.6 Tipo Pedestal

    Os transformadores de corrente deste tipo tm sua massa concentrada (ncleo e isolamento lquido) na base do equipamento, de forma a proporcionar maior estabilidade mecnica buscando compensar a altura elevada da bucha. O enrolamento primrio reforado de forma a suportar os esforos mecnicos oriundos de corrente de curto-circuito.

    2.5.7 Tipo Invertido

    No caso dos transformadores de corrente do tipo invertido, o enrolamento primrio consiste em uma barra estacionria envolvido pelo enrolamento secundrio em forma de toride.

    2.5.8 Ncleo Dividido

    Transformador de corrente tipo janela em que parte do ncleo separvel ou basculante, para facilitar o enlaamento do condutor primrio.

    2.5.9 Vrios Enrolamentos Primrios (ABNT)

    Os vrios enrolamentos primrios que constituem este transformador tm isolamentos individualizados e diferenciados.

  • 20

    2.5.10 Vrios Ncleos

    Transformador de corrente com vrios enrolamentos secundrios isolados separadamente e montados cada um com seu prprio ncleo, formando um conjunto com um nico enrolamento primrio, cujas espiras enlaam todos os secundrios.

    2.6 Representao de um Transformador de Corrente

    Em virtude da diversificao na representao dos transformadores de corrente, transcrito neste item a representao adotada na ABNT. Todos os transformadores de corrente devem possuir indicaes de:

    Correntes primrias e secundrias em amperes ou correntes primrias e secundrias na forma de relaes nominal de correntes;

    As correntes primrias nominais e as relaes nominais devem ser escritas em ordem

    crescente;

    O hfen deve ser usado para separar as correntes nominais de enrolamentos diferentes;

    Barra (I) usada para separar as correntes primrias ou relaes obtidas por meio de derivaes, nos enrolamentos primrios ou secundrios;

    Verso (X) usado para separar correntes primrias ou relaes que podem ser obtidas de um enrolamento cujas bobinas podem ser combinadas em srie ou paralelo.

    2.6.1 Marcao dos terminais

    Os terminais dos transformadores de corrente devem ser adequadamente identificados para facilitar a ligao correta, quer, quando apenas as marcas de polaridade nos transformadores de dois enrolamentos sem derivaes, quer usando alm destas uma letra e algarismos em cada um dos terminais dos transformadores, de mais de dois enrolamentos, derivaes ou relaes mltiplas. [5,6]

  • 21

    Quando for usada marcao individual nos terminais a letra distinguir o enrolamento a que pertence o terminal.

    P Terminal do enrolamento primrio, ABNT; (H segundo ANSI).

    S Terminal do enrolamento secundrio, ABNT; (X segundo ANSI).

    Quando o transformador de corrente permite religamento devero constar do prprio transformador as ligaes necessrias para sua correta execuo.

    Relao nica:

    Figura 1 Relao nica

    Transformador de corrente religvel:

    Dupla relao com primrio em duas sees destinadas ligao srie paralelo.

    Figura 2 Transformador de corrente religvel

  • 22

    Transformador de corrente com relaes mltiplas:

    Relao mltipla com primrio em vrias sees destinadas a ligao srie-paralelo.

    Figura 3 Ligao srie-paralelo

    Duas relaes com derivao no primrio

    Figura 4 Duas relaes com derivao no primrio

    Duas relaes com derivaes no secundrio

    Figura 5 Duas relaes com derivaes no secundrio

  • 23

    Dois enrolamentos primrios

    Figura 6 Dois enrolamentos primrios

    Dois enrolamentos secundrios

    Figura 7 Dois enrolamentos secundrios

    2.7 Caractersticas para Especificaes de Transformadores de Corrente

    Valores Nominais Caractersticos:

    1. Corrente(s) primria(s) nominal(is) e relao(es) nominal(is) 2. Tenso mxima e nveis de isolamento

    3. Freqncia nominal 4. Carga nominal

    5. Classe de exatido nominal 6. Tenso Secundria normalizada 7. Fator trmico nominal

    8. Limite de corrente de curta durao nominal para efeito trmico Corrente Trmica 9. Limite de corrente de curta durao nominal para efeito mecnico Corrente dinmica 10. Uso interno ou externo

  • 24

    2.7.1 Corrente(s) primria(s) nominal(s) e relao(es) nominal(s)

    de conhecimento que as correntes primrias nominais e as relaes de transformao nominais so padronizadas de acordo com as normas estabelecidas. A corrente no secundrio de fato comum igual a 5 A. De acordo com as normas ANSI e ABNT, os transformadores para medio devem ser de acordo de que a corrente de servio esteja entre 10 e 100% da corrente primria nominal pelo fato de que os paralelogramos de exatido so para esta faixa. Abaixo sero ilustradas atravs da Tabela 1 as relaes nominais simples para um TC, ou seja, as relaes de transformao padronizadas.

    Tabela 1 - Relaes Nominais simples do TC

    Corrente primria nominal

    Relao Nominal

    Corrente primria nominal

    Relao Nominal

    Corrente primria nominal

    Relao Nominal

    5 1 : 1 100 20 : 1 1200 240 : 1 10 2 : 1 150 30 : 1 1500 300 : 1 15 3 : 1 200 40 : 1 2000 400 : 1 20 4 : 1 250 50 : 1 2500 500 : 1 25 5 : 1 300 60 : 1 3000 600 : 1 30 6 : 1 400 80 : 1 4000 800 : 1 40 8 : 1 500 100 : 1 5000 1000 : 1 50 10 : 1 600 120 : 1 6000 1200 : 1 60 12 : 1 800 160 : 1 8000 1600 : 1 75 15 : 1 1000 200 : 1

    2.7.2 Tenso mxima e nveis de isolamento

    Quando se trata de nvel de isolamento nominal, significante relacionar com a mxima de tenso do circuito ao qual o transformador de corrente vai ser conectado e corresponder a

    padronizao NBR 6856. Abaixo temos os nveis de isolamento indicado na Tabela 2.

  • 25

    Nvel Bsico de Isolamento

    Tabela 2 - Nvel Bsico de Isolamento Nveis para transformadores de corrente

    Tenso Nominal do Sistema (kV)

    Tenso mxima (fase terra) (kV)

    NBI e tenso de crista (kV)

    0,6 0,38 10 2,4 1,53 45 4,8 3,06 60 8,32 5,29 75 13,8 8,9 110 ou 95 25 16 150 ou 125

    34,5 22 200 ou 150 46 29 250 69 44 350 115 73 550 ou 450 138 88 650 ou 550 161 102 750 ou 650 230 146 1050 ou 900

    As tabelas 3, 4 e 5, a seguir definem a relao entre os nveis de isolamento e as tenses mximas de linha conforme a norma ABNT.

    Tabela 3 - Nveis de isolamento para equipamento de tenso mxima no inferior a 92 kV e no suportar a 242 kV

    Tenso mxima do equipamento kV (eficaz)

    Tenso suportvel nominal de impulso atmosfrico kV (crista)

    Tenso suportvel nominal de impulso de manobra a freqncia industrial kV (eficaz)

    Tenso suportvel nominal de impulso atmosfrico com impulso cortado kV (crista)

    1 2 3 4 92,4 380

    450 150 185

    418 495

    145 550 650

    230 275

    605 715

    169 650 750

    275 325

    715 825

    242 850 950 1050

    360 395 460

    935 1045 1155

  • 26

    Tabela 4 - Nveis de isolamento para equipamento de tenso mxima no inferior a 362 kV e no superior a 765 kV.

    Tenso mxima do equipamento kV

    (crista) Tenso suportvel nominal de impulso

    atmosfrico kV (crista)

    Tenso suportvel nominal de impulso de manobra a frequncia industrial kV (crista)

    Tenso suportvel nominal de impulso

    atmosfrico com impulso cortado kV

    (crista) 1 2 3 4

    850 1155 1050 950 950 1292 1175

    1050 1050 1430

    362

    1300 1175 1050 1425 1175

    1567

    1550 1175 1705 460

    1675 1175 1705 1050 1425 1175

    1567

    1175 1550 1300

    1705

    1300

    550

    1800 1425

    1980

    1300 1800 1425

    1980

    1950 2145 765

    2100 2310

    Tabela 5 - Tenso suportvel nominal freqncia industrial para transformador de corrente de tenso mxima no inferior a 362 kV e no inferior a 765 kV.

    Tenso mxima do equipamento kV (eficaz)

    Tenso suportvel nominal a freqncia industrial kV (eficaz)

    1 2 362 450 460 565 550 650 765 830

  • 27

    2.7.3 Freqncia Nominal

    A freqncia nominal estabelecida para especificao do Transformador de Corrente de

    60 Hz.

    2.7.4 Cargas Nominais para Transformadores de Corrente

    de conhecimento geral que a preciso dos Transformadores de Corrente esta relacionada com as cargas que os mesmos alimentam. De certa forma, a carga externa pode ser constituda por impedncia em termos de resistncia e reatncia ou em termos de potncia e fator de potncia, ou

    seja, em volt-ampres (VA). Estes termos determinam o que consumido na impedncia da carga com corrente secundria nominal.

    Diversos fabricantes mostram em catlogos e publicaes, as cargas do rel, medidores, etc. que, por sua vez, junto com as impedncias de interligao, permitem o clculo da carga total equivalente imposta aos TCs. Os transformadores de corrente utilizados para medio apresenta uma preciso na faixa entre 10% a 120% da corrente nominal, quando conectados a carga nominal.

    Os transformadores de corrente utilizados para proteo apresentam uma caracterstica linear at a tenso secundria que corresponde mxima corrente de defeito que circula na carga conectada.

    2.7.4.1 Tenso Secundria nominal

    Trata-se da tenso que aparece nos terminais da carga nominal localizada no secundrio do TC, quando circula uma corrente em torno de 20 vezes a corrente secundria nominal, considerando que o erro de relao no exceda o valor especificado para uma corrente secundria nominal de 5 A.

  • 28

    Quanto ao dimensionamento de TCs para analise de projetos, os mesmos apresentam dificuldades quando se trata da utilizao para caractersticas duplas como, por exemplo, em proteo e medio.

    As normas tcnicas existentes indicam as especificaes tcnicas de transformadores de corrente para uso em medio e proteo. Com isso, possvel uma escola direta do tipo e

    caracterstica do transformador de corrente indicado para uma determinada finalidade. Cada uma das normas mais utilizadas (ABNT, ANSI e IEC) apresentam mtodos ligeiramente diferentes, que, de modo geral, levam ao mesmo resultado aproximado.

    A figura 8 indica as caractersticas dos TCs com relao curva de saturao dos mesmos, comparando as utilizaes para medio e proteo.

    Figura 8 - Curva de excitao dos TCs Tenso secundria x corrente de excitao

  • 29

    2.7.4.2 Cargas Nominais para Transformadores de Corrente ABNT

    Considerando TCs com 5 A de corrente nominal secundria e freqncia de 60 Hz, sero definidas as cargas na tabela 6. Utilizando a norma ABNT, a simbologia ser definida pela letra C seguindo por um valor correspondente a carga em volt-ampere (VA) no secundrio nominal do TC.

    Tabela 6 - Cargas nominais para TCs de 5 A de corrente secundria pela ABNT.

    Designao Potncia aparente (VA) Resistncia ()

    Resistncia Indutiva () Impedncia ()

    Tenso a 20 x 5 A (V)

    Fator de potncia fp = 0,90 C 2,5 2,5 0,09 0,044 0,1 10 C 5,0 5 0,18 0,087 0,2 20 C 12,5 12,5 0,45 0,218 0,5 50 C 22,5 22,5 0,81 0,392 0,9 90 C 45 45 1,62 0,785 1,8 180 C 90 90 3,24 1,569 3,6 360

    Fator de potncia fp = 0,50 C 50 50 1 1,732 2 200

    C 100 100 2 3,464 4 400 C 200 200 4 6,928 8 800

    2.7.4.3 Cargas Nominais para Transformadores de Corrente ANSI

    Em relao nomenclatura utilizada pela norma ANSI, ser utilizada a letra B seguida pelo nmero indicando a impedncia em referente carga, como mostra a tabela 7.

  • 30

    Tabela 7 - Cargas nominais para TCs de 5 A de corrente secundria pela ANSI

    Carga (Burdens)

    designao Resistncia () Indutncia (mH) Impedncia () Potncia

    aparente Fator Potncia

    Metering Burdens B 0,1 0,09 0,116 0,1 2,5 0,9 B 0,2 0,18 0,232 0,2 5,0 0,9 B 0,5 0,45 0,58 0,5 15,5 0,9 B 0,9 0,81 1,04 0,9 22,5 0,9 B 1,8 1,62 2,08 1,8 45 0,9

    Relaying Burdens B - 1 0,5 2,3 1,0 25 0,5 B - 2 1,0 4,6 2,0 50 0,5 B - 4 2,0 9,2 4,0 100 0,5 B - 8 4,0 18,4 8,0 200 0,5

    A seguir ser apresentada a equivalncia entre as normas ABNT e ANSI para especificao da classe de exatido para Transformadores de Corrente.

    A idia da tabela 8 abaixo para facilitar a comparao de diferentes transformadores de corrente numa unidade bsica.

    Tabela 8 - Quadro Comparativo das Cargas Nominais Normas ANSI e ABNT Designao

    ANSI ABNT Resistncia

    () Indutncia

    (mH) Potncia Aparente

    (VA) Fator de Potncia

    Impedncia ()

    B - 0,1 C 2,5 0,09 0,116 2,5 0,9 0,1 B - 0,2 C 5,0 0,18 0,232 5 0,9 0,2 B - 0,5 C 12,5 0,45 0,58 12,5 0,9 0,5 B - 1 C 25 0,5 2,3 25 0,5 1 B - 2 C 50 1 4,6 50 0,5 2 B - 4 C 100 2 9,2 100 0,5 4 B - 8 C 200 4 18,4 200 0,5 8

  • 31

    2.7.5 Classe de exatido nominal

    Podemos determinar a classe de exatido em funo do servio ao qual o TC ir estar

    submetido.

    A seleo da classe de exatido ser focada em duas partes:

    Classe de exatido para transformador de corrente para servio de medio;

    Classe de exatido pata transformador de corrente para servio de proteo.

    2.7.5.1 Transformador de Corrente para Servio de Medio

    Os transformadores de corrente utilizado para servio de medio devem apresentar erros de relao mnimos dentro de cada classe, sendo para correntes nominais entre 10% e 120% da

    corrente nominal, pois alimentaro medidores inclusive para faturamento. O importante que eles retratem com exatido a corrente de servio normal do circuito.

    No caso da ocorrncia de curto circuito, visto que no seja necessrio que esta corrente seja transformada com preciso pelos TCs para servio de medio. A ao desta corrente de curto circuito ir provocar a saturao do ncleo do transformador o que proporcionar auto proteo dos instrumentos conectados ao seu secundrio. A tabela 9 refere-se apenas as classes de exatido referentes aos TCs destinados aos servios de medio para faturamento e medidas de laboratrio; para as normas ANSI e ABNT.

  • 32

    Tabela 9 - Classes de exatido para TCs de medio Classe de preciso Aplicao

    0,3 ou 0,6 Medidas em laboratrios e medidas para faturamento de energia eltrica.

    1,2 Alimentao usual de wattmetros e ampermetros

    3 Por no ter limitao do ngulo de fase, no deve ser usada em servio de medio de potncia e

    energia.

    2.7.5.2 Transformadores de Corrente para servio de Proteo

    De acordo com a ABNT, os transformadores de corrente para servio de proteo podem se

    subdividir em duas classes:

    Classe A Apresenta alta impedncia interna, isto , aquela cuja a reatncia de disperso do enrolamento secundrio possui valor aprecivel. Classe T segundo a norma ANSI;

    Classe B Apresenta baixa impedncia interna, isto , aquele cuja reatncia de disperso do enrolamento possui valor desprezvel. Podemos citar os transformadores de corrente com ncleo toroidal com enrolamento secundrio uniformemente distribudo. Classe C

    segundo a norma ANSI;

    Estes transformadores pela norma ABNT, possuem as seguintes classes de exatido: 5 e 10. Pela norma ANSI o valor da classe de exatido 10.

    Os transformadores de corrente de proteo devem estar dentro de sua classe de exatido para as tenses secundrias nominais e as cargas secundrias nominais.

    Podemos considerar que um transformador de corrente esteja dentro de sua classe de exatido quando, o seu erro percentual de relao no for superior ao valor especificado (5% ou 10%); desde o valor de Isec nominal at o valor de 20 vezes o valor de Isec nominal.

  • 33

    O erro percentual da relao pode ser calculado como:

    E% = (Ie/Is)*100

    Onde,

    Is Valor eficaz da corrente secundria considerada Ie Valor eficaz da corrente de excitao correspondente

    extremamente necessrio que os instrumentos ligados a estes transformadores em forma de carga possuam classe de precises semelhantes.

    2.7.5.3 Clculo da Exatido de um Transformador de Corrente

    Do ponto de vista eletromagntico, o TC um transformador comum. Portanto, o seu circuito equivalente o apresentado na figura 9.

    Figura 9 - Circuito equivalente de um Transformador de Corrente

  • 34

    Onde,

    ZL - impedncia do secundrio referida ao primrio; IH corrente no primrio IL corrente no secundrio do TC, isto , a que passa pela carga (geralmente rels). Ie corrente de magnetizao do ncleo do TC. a corrente necessria para suprir a magnetizao do ncleo do TC.

    n relao de transformao do TC.

    A corrente de excitao secundria (Ie), est em funo da tenso de excitao secundria (EL) e da impedncia de excitao secundria (Xm). A curva que mostra a relao entre EL com Ie chamada curva de excitao secundria conforme mostrado na figura 10.

    Figura 10 - Curva de excitao de um transformador de corrente Tenso secundria x corrente de excitao

  • 35

    Se a curva de excitao secundria e a impedncia do enrolamento secundrio so conhecidas, logo a exatido da relao de transformao pode ser determinada.

    2.7.5.4 Formas de especificao da classe de exatido

    2.7.5.4.1 Servio de medio

    A indicao da classe de exatido de um transformador de corrente para servio de medio

    feita da seguinte forma: Registra-se a classe de medio de acordo com sua aplicao, conforme tabela 9, seguida

    do smbolo de maior carga nominal, conforme tabela 8, com a qual se verifica essa classe de exatido. Sendo que cada enrolamento secundrio deve ter indicada sua classe de exatido seguida da carga nominal correspondente.

    Exemplo:

    ABNT 0,3C2,5

    ANSI 0,3B0,1

    2.7.5.4.2 Servio de proteo

    A indicao da classe de exatido de um transformador de corrente para servio de

    proteo feita da seguinte forma:

    Registra-se a classe de medio, a classificao do transformador de corrente quanto impedncia interna e em seguida a tenso secundria que aparece nos terminais do transformador de corrente, o qual circula uma corrente que passa pela sua carga secundria, que equivale a 20 vezes a corrente secundria nominal.

  • 36

    Exemplo:

    ABNT 5A200 ou 10A200 ANSI T200

    ABNT 5B200 ou 10B200 ANSI C400

    2.7.6 Tenso Secundria Normalizada

    Essa tenso calculada baseada numa corrente secundria nominal de 5 A com, a carga de valor normalizado, conforme mostrado na tabela 10.

    Tabela 10 - Tenso secundria normalizada

    Tenses Secundrias Normalizadas (V) 10 20 50 90 100 180 200 360 400 800

    2.7.7 Fator Trmico Nominal

    Fator trmico (F.T.) de um TC definido como sendo a relao entra a mxima corrente primria admissvel em regime permanente e sua corrente nominal.

    Um Transformador de Corrente pode operar carregado plenamente e permanentemente at o limite trmico sem prejuzo no desempenho, vida til e nvel de isolao. Em funo do fabricante e da norma, os fatores trmicos podem variar conforme a tabela 11.

  • 37

    Tabela 11 - Fator trmico nominal ABNT e ANSI

    Fator Trmico Nominal ABNT ANSI

    1 1 1,2 1,33 1,3 1,5 1,5 2 2 3 4

    A equao abaixo representa a corrente mxima que um transformador de corrente suporta em regime permanente sob condies normais sem exceder os limites de temperatura especificados para sua classe de isolamento.

    Iprim.nom x F.Tnom = Iprim mx.

    2.7.8 Limite de corrente de curta durao nominal para efeito trmico Corrente trmica

    definido pela ABNT como sendo a mxima corrente de curto-circuito que o Transformador de Corrente pode suportar durante o tempo de 1s, com o secundrio em curto, sem exceder os limites de temperatura especificados para sua classe de isolamento. Esse tipo de corrente surge devido a faltas / falhas ocorridas. Para instalaes em circuitos protegidos por disjuntor, o limite de corrente de curta durao para efeito trmico (It) do transformador de corrente pode ser relacionado como: It > Imx (corrente de interrupo mxima do disjuntor).

  • 38

    2.7.9 Limite de corrente de curta durao nominal para efeito mecnico Corrente dinmica.

    definida como sendo o maior valor de corrente primria (valor eficaz) que um transformador de corrente deve suportar durante determinado tempo (normalmente 0,1 segundo), com o enrolamento secundrio curto-circuitado, sem ocasionar dano mecnico, devido s foras eletromagnticas resultantes foras de atrao e repulso.

    2.7.10 Uso interno ou externo

    No caso de equipamento para uso interno aquele que ser instalado abrigado de intempries. O equipamento de uso externo aquele instalado ao ar livre, sem abrigo contras as intempries.

  • 39

    CAPTULO 3: MTODO DOS COMPONENTES SIMTRICOS

    Uma das ferramentas mais eficientes para lidar com circuitos desequilibrados polifsicos o mtodo das componentes simtricas introduzido por C.L. Fortescue. Partindo da investigao matemtica e operao do motor de induo em condies de desequilbrio acentuado, Fortescue estabeleceu os princpios gerais sob os quais a soluo de sistemas polifsicos desequilibrados pode ser reduzida soluo de dois ou mais casos equilibrados. Este mtodo tem se revelado, at os dias atuais, de grande proveito para determinar correntes e tenses ao longo do sistema aps a ocorrncia do defeito.

    3.1 Sntese das componentes simtricas

    De acordo com o teorema de Fortescue, estes fasores desequilibrados de um sistema trifsico podem ser resolvidos em trs sistemas equilibrados de fasores. Os conjuntos de componentes simtricas balanceadas so:

    Componentes de seqncia positiva: Consiste de trs fases iguais em magnitudes deslocados entre si de 120 em fase, e com a mesma diferena de fase do fasor original.

    Componentes de seqncia negativa: Consiste de trs fases iguais em magnitudes deslocados entre si de 120 em fase, e com a diferena de fase contrria do fasor original.

    Componentes de seqncia zero: Consiste de trs fases iguais em magnitude e com deslocamento zero entre as fases.

    Desta maneira, de acordo com o teorema de Fortescue, estes trs fasores desequilibrados podem ser substitudos por trs sistemas equilibrados de fasores, conforme mostrado na figura

    11. Estes sistemas ou conjuntos equilibrados de fasores so usualmente conhecidos como componentes de seqncia positiva (representada por A+, B+ e C+), seqncia negativa (representada por A-, B- e C- ) e seqncia zero (representada por A0, B0 e C0).

  • 40

    Figura 11 - Trs conjuntos constitudos por trs fasores equilibrados que representam os conjuntos de fasores das seqncias positiva, negativa e zero.

    As trs equaes que melhor traduzem analiticamente o mtodo das componentes simtricas so:

    ( ) ( ) ( 0) A A A= + + + (3.1.1) ( ) ( ) ( 0)B B B B= + + + (3.1.2) ( ) ( ) ( 0)C C C C= + + + (3.1.3)

    3.2 Componentes simtricas de fasores assimtricos

    A forma pela qual este mtodo comumente referido na anlise de desempenho dos sistemas de potncia trifsicos exige a utilizao de operadores com o objetivo de indicao simples da rotao de um determinado fasor.

  • 41

    Podemos constatar que o numero de quantidades desconhecidas podem ser reduzidas por

    expressar cada componente de B e C como produto de um componente de e algumas funes do operador = 1 120. Estes conceitos sero introduzidos, considerando tenso nas trs fases

    atravs das seguintes relaes. Essas equaes foram obtidas fazendo analogia s equaes (3.1.1), (3.1.2) e (3.1.3).

    (0) ( ) ( )Va Va Va Va+ = + + (3.2.1) (0) ( ) ( )Vb Vb Vb Vb+ = + + (3.2.2) (0) ( ) ( )Vc Vc Vc Vc+ = + + (3.2.3)

    Atravs do conceito de fasores, sabemos que: (0) (0)Vb Va= (0) (0)Vc Va=

    ( ) 2 ( )Vb Va+ += ( ) ( )Vc Va+ += (3.2.4)

    ( ) ( )Vb Va = ( ) 2 ( )Vc Va =

    Repetindo a Eq. (3.2.1) e substituindo as Eqs. (3.2.4) em (3.2.2) e (3.2.3), temos:

    (0) ( ) ( )Va Va Va Va+ = + + (3.2.5) (0) 2 ( ) ( )Vb Va Va Va + = + + (3.2.6) (0) ( ) 2 ( )Vc Va Va Va + = + + (3.2.7)

    e com isso obtemos a seguinte matriz,

    (0) (0)

    2 ( ) ( )

    2 ( ) ( )

    1 1 111

    Va VaVaVb Va A VaVc Va Va

    + +

    = =

    (3.2.8)

  • 42

    onde por convenincia, deixamos

    A = 22

    1 1 111

    (3.2.9)

    Ento como pode ser facilmente verificado,

    1 2

    2

    1 1 11 13

    1A

    =

    (3.2.10)

    e multiplicando ambos os lados da eq. (3.2.8) por 1A , temos:

    (0)

    ( )

    ( )

    VaVaVa

    +

    = 2

    2

    1 1 11 13

    1

    VaVbVc

    = 1A

    VaVbVc

    (3.2.11)

    Esta ltima relao matricial indica como possvel decompor as trs fasores representativos de um sistema assimtrico ou desequilibrado em seus componentes simtricos e

    permite afirmar que, quando a soma dos fasores desequilibrados Va , Vb e Vc (tenses fase-fase) for nula, seus componentes de seqncia zero sero nulos. As equaes anteriores poderiam ser escritas para qualquer conjunto de fasores, ou seja, poderamos ter escrito essa condio tambm para corrente. Eles podem ser resolvidos analiticamente ou graficamente, porque algumas das equaes anteriores so to fundamentais, que so resumidas por correntes.

    Em um sistema trifsico, a soma das correntes de linha (ou de fase) igual corrente In de circulao pelo neutro, de forma que:

    In = Ia + Ib + Ic = 3.Iao (3.2.12)

  • 43

    Na ausncia de um retorno pelo neutro em um sistema trifsico, a corrente de neutro In nula e ento as correntes de linha no possuiro componentes de seqncia zero. Um exemplo tpico desse caso acontece com uma carga ligada em delta. Este tipo de ligao no apresenta retorno pelo neutro e, portanto, as correntes de linha que circulam na alimentao deste tipo de carga tambm no apresentam componentes de seqncia zero.

    3.3 Impedncias de seqncia

    Dentre os principais motivos para a obteno das impedncias de seqncia de um sistema de potencia ser como intuito de permitir a montagem dos circuitos de seqncia. O circuito equivalente de seqncia mostra os caminhos para a circulao de componentes de corrente em sua respectiva seqncia de fases. Apenas os circuitos de seqncia positiva possuem foras eletromotrizes produzidas por geradores sncronos ou fontes equivalentes, j que so nulas suas componentes de seqncia zero e negativo.

    Em qualquer parte de um circuito, a circulao de componentes de seqncia de correntes trifsicas desequilibradas provoca uma queda de tenso uma vez que o mesmo depende da

    impedncia de seqncia daquela parte do circuito. A impedncia de seqncia positiva vista por uma corrente de uma determinada seqncia pode se diferir da impedncia vista por outra componente de seqncia. As impedncias de tais circuitos so independentes da ordem de fases aplicadas para tenses equilibradas uma vez que as impedncias de seqncia positiva e negativa de um sistema de transmisso so idnticas. Por outro lado, a impedncia de seqncia zero de uma linha de transmisso diferente das impedncias de seqncias positiva e negativa. Ao circular uma corrente de seqncia zero em uma linha de transmisso, elas tero as

    mesmas amplitudes e os mesmos ngulos de fase. Com isso, o retorno dessas correntes ocorre, naturalmente, pela terra, por cabos areos aterrados, ou at mesmo por ambos.

    Pelo fato das correntes de seqncia zero ser iguais em cada condutor, os campos magnticos associado a essas correntes so diferentes das componentes de seqncia positiva e negativa.

  • 44

    Isto resulta em reatncias de seqncia zero de uma linha de transmisso da ordem de 2 a 3 vezes maior do que a reatncia de seqncia positiva. Para linhas de transmisso de circuito duplo e linhas sem pra-raios, esta relao tende a aumentar ainda mais. As impedncias de seqncia para mquinas sncronas so diferentes entre si, considerando projeto de rotor de plos lisos ou de rotor com plos salientes. Considerando cargas equilibradas e ligadas em Y (estrela), as componentes de impedncias zero, positiva e negativa, so iguais. Para cargas ligadas em (triangulo), as impedncias de seqncia zero so supostamente infinitas. As impedncias de seqncia zero podem apresentar valor diferente daquele associado s impedncias de seqncias positiva e negativa, considerando transformadores trifsicos.

    Por razes de simplificaes as impedncias srie de todas as seqncias so iguais, mesmo no levando em considerao o tipo do ncleo do transformador a ser utilizado.

    3.4 Circuitos de Sequncia

    de conhecimento geral que, o circuito equivalente monofsico formado pela representao de elementos atravs das impedncias de seqncia definido como circuito de seqncia. Para cada sequncia, o circuito equivalente indica os caminhos para a circulao das componentes de corrente. Sabemos que para sistemas trifsicos equilibrados no h componente de seqncia zero e que as tenses geradas so apenas de seqncia positiva. O circuito de seqncia positiva apresenta uma fonte de tenso em srie com a impedncia de seqncia positiva, enquanto que

    nos circuitos de seqncia positiva e seqncia negativa no possuem fontes de tenso em suas composies.

    Para representao de condies de defeitos assimtricos, circuitos de seqncia

    conduzindo correntes ( ) ( ) (0), ,Ia Ia Ia+ so interligados ao circuito. Para determinao de correntes

    de curto-circuito, convm determinar as impedncias de seqncia, as combinaes destas para formar os circuitos de seqncia e a conexo entre estes.

  • 45

    CAPTULO 4: A IMPORTNCIA DOS ESTUDOS DE CURTO CIRCUITO

    Curto-circuito o nome dado ao conjunto de fenmenos que ocorrem quando dois ou mais pontos que esto sob diferena de potencial em um circuito eltrico so ligados entre si, intencionalmente ou acidentalmente, atravs de uma impedncia que pode ou no ser desprezvel. Essa ligao pode ser metlica, quando se diz h um curto-circuito franco, por um arco eltrico que a situao mais comum, ou ainda atravs de um objeto como um galho de rvore. Os estudos de curto-circuito so de grande importncia para a anlise de sistemas de

    potncia, pois atravs disso podemos determinar a seleo de disjuntores, tempo de atuao dos rels de sobrecorrente e dimensionamento de TCs de proteo.

    Para permitir os ajustes dos rels de sobrecorrente e dimensionamento de TCs, o que vem a ser apresentando pelo projeto em questo, necessrio realizar os clculos de curto-circuito.

    4.1 Caractersticas Gerais

    Os curtos-circuitos so causados por uma falha de isolao slida, lquida ou gasosa que sustenta a tenso entre condutores ou entre condutores e terra. Os defeitos que ocorrem ao longo

    dos circuitos de transmisso e/ou nas estaes geradoras e de manobra de um sistema eltrico de potncia podem ser classificadas como transitrias, semi-transitrias ou permanentes. Para um sistema eltrico trifsico, podem ocorrer os quatro seguintes tipos de defeitos.

    Trifsico;

    Monofsico ou fase terra;

    Bifsico;

    Bifsico para terra.

  • 46

    Levantamentos estatsticos, segundo [1], indicam que a ocorrncia dos tipos de defeitos em sistema de potncia verificada pelos seguintes dados probabilsticos:

    Curtos-circuitos trifsicos: 5%

    Curtos-circuitos bifsicos: 15%

    Curtos-circuitos bifsicos para terra: 10%

    Curtos-circuitos monofsicos: 70%

    Se tratando dessas falhas, as mesmas trazem conseqncias indesejveis a um sistema de transmisso como por exemplo: superaquecimento, tenses desbalanceadas que perturbam a carga e sobrecarregam o isolamento da gerao e dos cabos, foras eletromagnticas atpicas, danos mecnicos e perda de estabilidade sncrona. As correntes de curto-circuito so de maneira geral, muito mais elevada que as correntes nominais e se no caso no for interrompida, poder causar riscos para pessoas (principalmente nos casos que envolvem a terra) e comprometer a vida til do equipamento. Ao ocorrer o curto-circuito, podemos dizer que num curto intervalo de tempo a corrente se eleva de tal maneira que pode chegar a 10 (dez) vezes o valor da corrente nominal do circuito. Em seguida, a corrente de curto-circuito diminui exponencialmente passando por valores subtransitrio e transitrio, para depois alcanar o valor permanente de curto-circuito. No momento que a corrente atinge o valor permanente, comea a ser considerado o efeito trmico. Condutores ou partes condutores comeam a sofrer modificaes em sua estrutura, ou seja, iro sofrer dilatao devido a esse superaquecimento provocado pela corrente de curto-circuito. Este tipo de estrago compromete a isolao dos cabos condutores, conforme o caso. No caso dos curtos-circuitos atravs de arcos eltricos, podem ocorrer ainda exploses e incndios.

    Dentre os principais tipos de curto-circuito, o curto-circuito trifsico equilibrado, ou seja, apenas os estudos envolvendo curtos trifsicos apresentam apenas circuitos de seqncia positiva. Para os curtos assimtricos (monofsicos e bifsicos com ou sem terra) so necessrios, tambm, os circuitos de seqncia negativa e zero.

  • 47

    Alm disso, sabido que motores sncronos, contribuem para o aumento da corrente de curto-circuito, enquanto que transformadores, reatores e condutores contribuem para reduo dessas correntes.

    4.2 Transitrios em circuitos sries RL

    A seleo de um disjuntor para um sistema de transmisso depende no somente da corrente e sim em transportar essa mesma corrente em condies normais de funcionamento, mas tambm sobre a corrente mxima que ter de proceder momentaneamente. A corrente poder ter de interromper a tenso em que colocado.

    A fim de abordagem do problema de calcular a corrente inicial quando um sistema curto-circuitado, consideramos que acontece quando uma tenso CA aplicada ao circuito contendo

    valores constantes de resistncia e indutncia. aplicada uma tenso de max ( )V sen t + , quando t zero no momento de aplicao da tenso. Ento, determina a intensidade de tenso quando o circuito fechado. Se a tenso instantnea zero e aumentando em um sentido positivo quando a chave fechada, zero. Se a tenso positiva em seu valor mximo instantneo,

    2

    .

    A equao diferencial :

    max ( )V sen t + = diRi Ldt

    + (4.2.1)

    A soluo da equao (4.1) :

    /max [ ( ) ( )]Rt LVi sen t senZ

    = + (4.2.2)

  • 48

    onde 2 2( )Z R L= + e 1( )LtgR

    = .

    O primeiro termo da equao (4.2.2) representa a componente CA, que possui a freqncia da rede. O segundo termo a componente CC, responsvel pela assimetria que as correntes de

    curto podem apresentar, sendo a constante de tempo em funo da relao XR

    da rede.

    A assimetria que as correntes de curto podem apresentar depende do valor da tenso no instante de aplicao do defeito. Se essa tenso for nula, a assimetria ser mxima e vice-versa.

    Considerando-se 0Icc como sendo o valor inicial da componente CC da corrente de curto, tem-se

    que:

    Se 0 = ou = , temos 0Icc =0

    Enquanto que, se ( / )2

    = + , ento 0Icc o valor mximo da componente CC.

    A figura 12 mostra uma curva tpica de curto-circuito.

    Figura 12 - Corrente tpica de curto-circuito

  • 49

    No instante inicial da senide, a corrente se apresenta deslocada em relao ao eixo dos tempos, isso devido contribuio da componente de corrente contnua, que se anula depois de um tempo de acordo com a relao X/R da rede. Em uma maquina sncrona o fluxo sobre o gap no o mesmo no instante quando ocorre o curto-circuito e sim para instantes um pouco mais adiantes. A mudana do fluxo determinada pela ao combinada do campo, da armadura, e dos enrolamentos amortecedores constituintes do rotor. Aps a ocorrncia do curto, os perodos subtransitrio, transitrios e regime permanente so

    caracterizados pela reatncia subtransitria "dX , a reatncia transitria 'dX , e reatncia de regime

    permanente dX , respectivamente. Estas reatncias tm valores crescentes (que , "dX < 'dX < dX ) e as componentes correspondentes de correntes de curto-circuito tem intensidades decrescentes

    ( "I > 'I > I ). Com a remoo da componente CC, a corrente inicial simtrica rms passa a ter o

    valor da componente CA da corrente, imediatamente aps a ocorrncia da falta.

    4.3 Matriz Zbarra: Aplicao para Curto-Circuito

    A matriz barraZ tem a aplicao de relacionar as injees de correntes dos geradores, cargas, etc., com as tenses nodais (das barras), conforme est descrito pela equao:

    . .

    barraVn Z In= (4.3.1)

    onde, .

    Vn o vetor de tenses nas n barras; .

    In o vetor de injeo de corrente.

  • 50

    Durante a ocorrncia de um curto-circuito num ponto P qualquer do sistema, as tenses do sistema podem ser calculadas conforme abaixo:

    . . .

    . . .

    . . .

    ( )

    )barra cg

    barra barra

    barra

    Vf Z I Icc

    Vf Z Icg Z IccVf Vpf Z Icc

    =

    =

    =

    (4.3.2)

    onde: .

    Vf o vetor de tenso das barras. .

    cgI o vetor de corrente de carga.

    .

    Icc o vetor de injeo de corrente nas barras, sendo que somente na barra p aparece o valor da corrente de curto.

    .

    pfV o vetor de tenso pr-falta.

    Ao curto circuitar a barra p, vlida a equao a seguir:

    0 ( ) ( )pf pp ccV p Z I p= (4.3.3) onde:

    ( )pfV p a tenso pr falta na barra p (normalmente para efeito de clculo, considera-se o valor de 1,0 pu);

    ppZ a impedncia vista pela barra de defeito (impedncia de Thvenin); ( )Icc p a corrente de curto-circuito na barra sob defeito.

  • 51

    Logo, temos:

    ( )( ) pfpp

    V pIcc p

    Z=

    (4.3.4)

    Quanto tenso ( )FV i em uma das demais barras do sistema, podemos escrever:

    ( ) ( ) ( )f pf ip ccV i V i Z I p= (4.3.5)

    onde:

    ( )fV i a tenso de defeito na i-sima barra do sistema;

    ( )pfV i a tenso pr falta na barra i;

    ipZ a impedncia de transferncia entre a p-sima barra (barra de defeito) e a i-sima barra do

    sistema (elemento da matriz barraZ ).

    Em relao s contribuies dos circuitos para corrente de defeito, podemos determinar que:

    ( ).( )( ) cc ip jpccij

    I p Z ZI if

    Z

    = (4.3.6)

    onde:

    ( )ccI if a corrente de contribuio em um determinado ramo do sistema;

  • 52

    ( )ccI p a corrente de curto na barra de defeito (p-sima barra);

    ipZ , jpZ so as impedncias de transferncia entre cada uma das barras i e j e o ponto do defeito p

    (elementos da matriz barraZ );

    ijZ a impedncia do elemento de barraZ entre as duas barras i e j.

    Esta aplicao de matriz barraZ em seqncia positiva pode tambm ser considerada para

    as matrizes barraZ de seqncia negativa e zero.Utilizando as matrizes de seqncia e fixando as

    interligaes adequadas para circuitos de seqncia, podem ser calculas todas as contribuies para a corrente de defeito e tenses ao longo do sistema durante os curtos assimtricos fase-terra, fase-fase e fase-fase-terra.

    4.4 Curto-Circuito Trifsico Simtrico

    Em sistemas trifsicos equilibrados no h componentes de seqncia zero e negativa nas tenses e correntes pr ou ps-falta. Com isso, as tenses que se desenvolvem ao longo do sistema eltrico so apenas de seqncia positiva, visto que os geradores tm a funo de transmitir tenses trifsicas equilibradas. Desta forma, podemos definir que o curto-circuito trifsico no provoca desequilbrio no sistema e que todos os condutores da rede sejam solicitados de modo idntico e conduzem o mesmo valor eficaz da corrente de defeito.

    4.4.1 Clculo de Curto-Circuito Trifsico

    Para melhor exemplificao de clculo de curto-circuito trifsico, iremos considerar um sistema A interligado com um sistema B, conforme ilustrado na figura 13.

  • 53

    Figura 13 - Sistema exemplo para clculo de curto-circuito

    O nico circuito equivalente ao do circuito acima para efeito de calculo de curto-circuito o de seqncia positiva. A sua representao segue na figura 14.

    Ea Eb

    Za

    ZLa1

    Zb

    ZLb1

    ZfIcc

    Figura 14 - Circuito equivalente de seqncia positivo

    Onde: Za Impedncia equivalente de seqncia positiva do sistema A; ZLa1 Impedncia da linha entre o sistema A e o ponto de falta; Ea Tenso de seqncia positiva do sistema A;

  • 54

    Zb Impedncia equivalente de seqncia positiva do sistema B; ZLb1 Impedncia da linha entre o sistema B e o ponto de falta; Eb Tenso de seqncia positiva do sistema ; Zf Impedncia do defeito.

    Pelo teorema de Thvenin, a corrente de curto-circuito em determinado ponto do sistema dada por:

    ( )th

    Th f

    VIccZ Z

    =+

    (4.4.1.1)

    Determinando o equivalente de Thvenin no ponto de defeito, temos que:

    1 1[( ) ( )]( )

    a La b Lbth

    a b L

    Z Z Z ZZZ Z Z+ +

    =+ +

    (4.4.1.2)

    onde, LZ representa a impedncia total da linha. A impedncia de Thvenin pode tambm ser

    extrada da matriz Zbarra do sistema, como veremos no item seguinte. Se as fontes de tenso A e

    B so iguais e estejam na mesma fase, podemos dizer que th a bE E E E= = = e, com isso a corrente de curto ser:

    ( )Th fEIcc

    Z Z=

    + (4.4.1.3)

    onde,

    thE V= - Tenso equivalente no ponto de defeito (tenso pr falta) Icc - Corrente no ponto de defeito.

  • 55

    Desta forma, o circuito equivalente de Thvenin para curto trifsico pode ser representado conforme a figura 15:

    Eb

    Zth

    ZfIcc

    Figura 15 - Circuito equivalente de Thvenin para curto trifsico

    4.5 Curto-Circuito Assimtrico

    A maioria das faltas que ocorrem em sistema potencia so as faltas assimtricas, que pode ser constituda de curto-circuito assimtrico, faltas assimtricas atravs de impedncias, ou condutores abertos. Os defeitos assimtricos ocorrem entre duas fases, entre uma fase e terra ou entre duas fases e terra. O caminho da corrente de curto entre duas fases ou de fase para terra podem ou no conter impedncia. Uma vez que qualquer defeito assimtrico venha a causar fluxo de correntes desequilibradas no sistema, o mtodo de componentes simtricas em uma anlise para determinar as correntes e tenses em todas as partes do sistema aps a ocorrncia da falta.

  • 56

    Circuitos de seqncia conduzindo as componentes de corrente ( ) ( )0 , ,a a aI I I+ so interligados com

    o intuito de representar as diversas condies de defeito desequilibrados (assimtricos).

    4.5.1 Curto-circuito fase-terra (Monofsico)

    Para anlise de defeito fase-terra, necessrio obter os circuitos equivalentes de seqncia positiva, negativa e zero. Estes circuitos so ligados em srie no ponto de defeito conforme mostra

    a figura 16.

    Figura 16 - Circuito equivalente para curto monofsico

    Onde: Za1 Impedncia de seqncia positiva equivalente do sistema A;

    ZLa1 Impedncia de seqncia positiva da linha entre o sistema A e o ponto de defeito; Zb1 Impedncia de seqncia positiva equivalente do sistema B;

    ZLb1 Impedncia de seqncia positiva da linha entre o sistema B e o ponto de defeito; Zf1 Impedncia de defeito de seqncia positiva;

  • 57

    Za2 Impedncia de seqncia negativa equivalente do sistema A; ZLa2 Impedncia de seqncia negativa da linha entre o sistema A e ponto de defeito; Zb2 Impedncia de seqncia negativa equivalente do sistema B; ZLb2 Impedncia de seqncia negativa da linha entre o sistema B e o ponto de defeito; Zf2 Impedncia de defeito de seqncia positiva;

    Za0 Impedncia de seqncia zero equivalente do sistema A; ZLa0 Impedncia de seqncia zero da linha entre o sistema A e o ponto de defeito;

    Zb0 Impedncia de seqncia zero equivalente do sistema B; ZLb0 Impedncia de seqncia zero da linha entre o sistema B e o ponto de defeito; Zf0 Impedncia de defeito de seqncia zero;

    Considerando que:

    1 1 1 11

    1 1 1

    [( ).( )]( )

    A LA b LbTh

    A B L

    Z Z Z ZZZ Z Z+ +

    =+ +

    (4.5.1.1)

    2 2 2 22

    2 2 2

    [( ).( )]( )

    A LA b LbTh

    A B L

    Z Z Z ZZZ Z Z+ +

    =+ +

    (4.5.1.2)

    0 0 0 00

    0 0 0

    [( ).( )]( )

    A LA b LbTh

    A B L

    Z Z Z ZZZ Z Z+ +

    =+ +

    (4.5.1.3)

    e ainda que Zf1 = Zf2 = 0 e Zf0 = 3Zf (4.5.1.4)

    Pelo circuito equivalente ilustrado na Fig.4.5.1.a podemos determinar as seguintes componentes de seqncia de correntes e para a corrente de defeito na fase a:

    1 2 01 2 0( 3 )a a a th th th f

    EI I IZ Z Z Z

    = = =+ + +

    (4.5.1.5)

  • 58

    Icurto = Ia = Ia1 + Ia2 + Ia0 = 3.Ia1 (4.5.1.6)

    Como o curto ocorre na fase A, temos que:

    Ib = Ic = 0 (4.5.1.7)

    Com isso, podemos representar o circuito equivalente conforme a figura 17.

    Figura 17 - Circuito equivalente para curto-circuito monofsico

    4.5.2 Curto-circuito bifsico

    Trata-se do tipo de curto existente entre duas fases e com isso so necessrios para efeito de anlise os circuitos equivalentes de seqncia positiva e negativa. Estes equivalentes esto

  • 59

    conectados em paralelo, conforme mostra o diagrama da Figura 18 para um curto entre as fases b e c.

    Ea

    Za1

    ZLa1

    Eb

    Zb1

    ZLb1

    Za2

    ZLa2

    Zb2

    ZLb2

    Zf

    Ia1 Ia2

    Figura 18 - Diagrama do Sistema para curto bifsico

    Como o curto ocorre entre as fases b e c, sabemos que:

    0aI = e b cI I= (4.5.2.1) Logo:

    0 0aI = e 1 2a aI I= (4.5.2.2)

    Sabendo-se que 1thZ e 2thZ so definidos conforme as equaes (4.5.1.1) e (4.5.1.2), podemos dizer que:

    1 21 2( )a a th th f

    EI IZ Z Z

    = =+ +

    (4.5.2.3)

  • 60

    O circuito equivalente de Thvenin ser apresentado na Figura 19.

    Figura 19 - Circuito equivalente para curto-circuito bifsico.

    4.5.3 Curto-circuito bifsico-terra

    Nesse caso em que os curtos bifsicos envolvem a terra, necessrio tambm o circuito equivalente de seqncia zero do sistema eltrico. A representao do circuito para curto-circuito bifsico-terra apresentada na Figura 20, para curtos entre as fases b e c.

  • 61

    Ea

    Za1

    ZLa1

    Eb

    Zb1

    ZLb1

    Za2

    ZLa2

    Zb2 Za0

    ZLa0

    Zb0

    ZLb2 ZLb0

    Ia1 Ia23Zf

    Ia0

    Figura 20 - Diagrama do sistema para curto-circuito bifsico para terra.

    Sabendo-se que 1thZ , 2thZ e 0thZ so definidos conforme as equaes (4.5.1.1), (4.5.1.2) e (4.5.1.1), respectivamente, as correntes de seqncia podem ser representadas conforme as seguintes equaes:

    11 2 0[ / /( 3 )]a th th th

    EIZ Z Z Zf= + + (4.5.3.1)

    1 02

    2 0

    ( 3 )( 3 )

    a th fa

    th th f

    I Z ZI

    Z Z Z +

    =+ +

    (4.5.3.2)

    0

    1 2

    2 0( 3 )aa th

    th th f

    I ZIZ Z Z

    =

    + + (4.5.3.3)

    Visto que:

    1 2 0a a a aI I I I= + + (4.5.3.4) Logo:

    0 1 22curto a a aI I I I= (4.5.3.5)

  • 62

    O circuito equivalente de Thvenin ser apresentado na Figura 21.

    Figura 21 - Circuito equivalente para curto bifsico-terra

  • 63

    CAPTULO 5: UTILIZAO DA PROTEO DE SOBRECORRENTE

    Como caractersticas do sistema de proteo eltrico, sabemos que o mesmo tem a funo de proteger o sistema em si contra ocorrncia de curto-circuito e atuar de maneira segura. Na decorrncia de um curto-circuito, sabemos que podem causar danos a equipamentos utilizados na transmisso, gerao, distribuio, interromper fornecimento de energia eltrica e causar riscos de vida as pessoas que por ventura possam estar prximas ou at mesmo distantes do ponto onde ocorreu a falha. Por isso necessrio a utilizao da proteo de sistema eltrico, onde por sua vez so comandadas por rels. As protees contra sobrecorrentes (curto circuitos) e sobretenses (descargas atmosfricas) so de certo modo necessrios para os sistemas eltricos. Para proteo de sobrecorrente, os rels de sobrecorrente tm a funo de identificar, sinalizar o defeito e localizar

    da maneira mais exata possvel. Para estudos de maior seletividade, podemos recorrer aos rels de distncia e rels de sobrecorrente com funo direcional, e com isso contribuir para uma proteo possuindo uma maior confiabilidade. Dentre as funes bsicas da proteo temos como principais caractersticas:

    1. Minimizar ou evitar danos materiais; 2. Eficincia na continuidade do servio; 3. Isolar um equipamento que se apresentou defeituoso e com isso retira-lo da funo de

    operao;

    4. Proteger a integridade fsica de operadores, animais e usurios do sistema;

    5. Reduo de despesas com manuteno corretiva.

  • 64

    5.1 Aspectos principais quanto a sistemas de proteo

    Os rels de proteo em uma forma geral devem ser extremamente sensveis para que possa ser operado com confiana. Para desempenhar seu papel em um sistema de potncia, os rels necessitam das seguintes propriedades:

    Velocidade O sistema de proteo dever ser eficiente, possibilitando o rpido desligamento do trecho ou equipamento defeituoso.

    Seletividade O sistema de proteo dever ser capaz de reconhecer e selecionar as condies de operao afim de evitar desligamentos desnecessrios. A funo da seletividade de

    isolar o equipamento defeituoso do sistema.

    Sensibilidade A proteo dever ser capaz de responder as anormalidades com menor margem de tolerncia possvel entre a operao e no operao dos equipamentos. O equipamento deve operar com segurana, mesmo em caso da ocorrncia de correntes de desequilbrio ou de defeito.

    Confiabilidade a operao do sistema com maior qualidade e eficincia, ou seja, funcionamento com segurana e todas as circunstancias operativas.

    5.2 Subdiviso da atuao do sistema de proteo

    Podemos definir que um sistema de proteo podem se dividir em trs nveis, que

    podemos determinar como: principal, retaguarda e auxiliar. Sobre os nveis de proteo podemos notar que caso ocorra um defeito um defeito dentro

    da zona protegida, a proteo principal que dever aturar primeiro desligando todos os disjuntores que esto na zona de atuao.

  • 65

    A proteo de retaguarda aquela que somente dever atuar na ocorrncia de uma eventual falha da proteo principal.

    A proteo auxiliar constituda de funes auxiliares das protees principais e de retaguarda. Seus objetivos so sinalizao, alarme, temporizao, intertravamento, etc.

    A figura 22 mostra um exemplo de proteo de equipamentos de um sistema eltrico. Nela constam os nveis de atuao da proteo que foram citados logo acima.

    Figura 22 - Proteo de um sistema eltrico em alta-tenso

    5.3 Rel de Sobrecorrente (50/51)

    Conforme est indicado no nome, os rels de sobrecorrente tm como caracterstica a

    corrente como sua forma de poder de atuao. Esse rel atua para uma corrente maior que a do seu ajuste. Quando a corrente de curto-circuito ultrapassa a corrente de ajuste do sensor do rel, o mesmo atua instantaneamente ou temporizado, conforme a necessidade.

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    Os rels de sobrecorrente podem ser