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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DA BAHIA DEIR NAZARETH ANDRADE COSTA DA SILVA A VIABILIDADE DO USO DO BAMBU “BAMBUSA VULGARISCOMO ENTRAMADO NAS CONSTRUÇÕES EM TAIPA Salvador, BA 2010 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com

A VIABILIDADE DO USO DO BAMBU “BAMBUSA VULGARIS · Este projeto apresenta estudo sobre o uso do bambu em construções feitas com a técnica construtiva da taipa1, ... MST = Movimento

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA DA BAHIA

DEIR NAZARETH ANDRADE COSTA DA SILVA

A VIABILIDADE DO USO DO BAMBU “BAMBUSA VULGARIS”

COMO ENTRAMADO NAS CONSTRUÇÕES EM TAIPA

Salvador, BA

2010

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DEIR NAZARETH ANDRADE COSTA DA SILVA

A VIABILIDADE DO USO DO BAMBU “BAMBUSA VULGARIS”

COMO ENTRAMADO NAS CONSTRUÇÕES EM TAIPA.

Projeto de pesquisa apresentado a Escola Politécnica no programa de pós-

graduação em Engenharia Ambiental Urbana, da Universidade Federal da Bahia,

como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Sandro Fábio César

Co-orientador: Prof. Dr. Aníbal Coelho da Costa

Salvador, BA

2010

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TERMO DE APROVAÇÃO

DEIR NAZARETH ANDRADE COSTA DA SILVA

A VIABILIDADE DO USO DO BAMBU “BAMBUSA VULGARIS”

COMO ENTRAMADO NAS CONSTRUÇÕES EM TAIPA

Projeto de pesquisa submetido em satisfação parcial dos requisitos do grau de

Mestre em Engenharia Ambiental Urbana.

Banca Examinadora

Sandro Fabio César (Orientador)

___________________________________________________

Doutor em Engenharia de Produção - Universidade Federal de Santa Catarina -

UFSC

Rita Dione Araújo Cunha

___________________________________________________

Doutora em Engenharia de Produção – Universidade Federal de Santa Catarina -

UFSC

Emerson de Andrade M. Ferreira

__________________________________________________

Doutor em Engenharia Civil - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo - USP

Data da Defesa: ______/_____/_______

Salvador, BA

2010

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PROJETO DE PESQUISA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Engenharia Ambiental Urbana

LINHA DE PESQUISA: Produção e Gestão do Ambiente Construído

ÁREA TEMÁTICA: Gestão de produção de materiais e serviços na indústria da

construção.

FORMULAÇÃO DO TEMA DE PESQUISA

IDENTIFICAÇÃO DO TEMA: Estudo do bambu como material para construções de

baixo impacto ambiental.

TÍTULO DO PROJETO: A viabilidade do uso do bambu “Bambusa Vulgaris” como

entramado nas construções em taipa.

DADOS

NOME: Deir Nazareth Andrade Costa da Silva

ENDEREÇO: Av. Paulo VI, 2240 Apto 302, Itaigara.

TELEFONE: 3358-5939 / 9977-5800

EMAIL: [email protected], [email protected]

INSTITUIÇÃO DE ORIGEM: Engenharia Civil – UFBA

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RESUMO

Este projeto apresenta estudo sobre o uso do bambu em construções feitas com a

técnica construtiva da taipa1, analisando a viabilidade econômica do uso de

materiais alternativos, visando construções mais sustentáveis. No Brasil a espécie

de bambu bambusa vulgaris é facilmente encontrada nas áreas urbana e rural, isto

facilita a obtenção desta matéria prima de baixo custo. Todavia este material

necessita de maior estudo para ser empregado como material de construção. O

bambu foi proposto para substituir o entramado tradicional de madeira da taipa, pois

este material é mais abundante e de menor impacto ambiental, tornando-a mais

sustentável. O uso do bambu na taipa de mão diminui o impacto sobre as florestas

de madeiras de espécies nativas, por ser este uma gramínea, que pode ser colhida

em três anos e, portanto com tempo menor de renovação quando comparado com a

madeira. Serão realizados ensaios em câmara aceleradora de envelhecimento para

avaliar o comportamento do bambu dentro da terra, quanto à umidade e

durabilidade. A modulação dos painéis também é objeto de estudo deste trabalho,

propondo módulos de entramados em bambu para agilizar a construção da taipa.

Será também estudado o custo dos painéis comparados ao preço de painéis em

alvenaria de bloco.

PALAVRAS CHAVE

Construções sustentáveis, durabilidade, modulação, custo.

1 - Parede feita de barro ou de cal e areia com enxaiméis e fasquias de madeira; tabique, estuque,taipal, pau-a-pique, extraído do dicionário Aurélio.

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ABSTRACT

This project presents a study on the use of bamboo in buildings made of the

construction technique of “taipa”1, analyzing the economic feasibility of using

alternative materials in order to more sustainable buildings. In Brazil, the bamboo

species Bambusa vulgaris is easily found in urban and rural areas, it facilitates the

achievement of this raw material at low cost. However this material requires further

study to be used as building material. Bamboo has been proposed to replace the

traditional wooden entramado of “taipa”, because this material is more abundant and

less environmental impact, making it more sustainable. The use of bamboo in the

“taipa” of hand decreases the impact on forests of wood from native forests, because

this is a grass that can be harvested in three years and therefore with less time for

renewal when compared to wood. Tests will be conducted in camera accelerated

aging to evaluate the behavior of bamboo in the ground, as the moisture and

durability. The modulation of the panels is also the subject of this work, proposing

modules entramados bamboo to expedite the construction of mud. Will also study the

cost of the panels compared to the price of panels in masonry block.

KEYWORDS

Sustainable construction, durability, modulation, cost.

1 - Wall made of clay or lime and sand with enxaiméis and carpentry of wood, paneling, stucco, taipal,stick-to-peak, extracted from dictionaries Aurélio.

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ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1-CASA POPULAR EM TAIPA DE BAMBU REBOCADO – ANGOLA..............................22

FIGURA 2: ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA EM TERRA - TAIPA DE PILÃO - ESCOLA DE ARTES

PLÁSTICAS DE OAXACA – MÉXICO, ARQ. MAURÍCIO ROCHA .............................23

FIGURA 3 -CASA DE BARRO E BAMBU EM ZONA RURAL -COLÔMBIA ..................................25

FIGURA 4 – CASAS POPULARES FEITAS DE BAMBU - COSTA RICA.....................................29

FIGURA 5 - PONTE CONSTRUÍDA POR SIMON VÉLEZ ........................................................30

FIGURA 6 – CASA COM ESTRUTURA EM BAMBU E PREENCHIMENTO EM TERRA ...................32

FIGURA 7 – CASARÃO ANTIGO CONSTRUÍDO EM TAIPA – MOGI DAS CRUZES – S.P ............33

FIGURA 8– CASA DE TAIPA - BOA VISTA DO TUPIM – BA, 2009 .......................................34

FIGURA 9 - ARMADURA DE PAINEL DE FECHAMENTO EM BAMBU. .......................................35

FIGURA 10 – APLICAÇÃO NO ENTRAMADO E ENCHENDO AS PAREDES................................38

FIGURA 11 – CASA COM AMPLIAÇÃO EM TAIPA COMPARADA A CASARIO EM TAIPA DE PILÃO,

CENTRO HISTÓRICO DE SANTANA DE PARNAÍBA (SP)......................................39

FIGURA 12- CASAS COM ESTRUTURA EM BAMBU- MANAUS. .............................................39

FIGURA 13 – PAREDES EM TAIPA...................................................................................40

FIGURA 14 – CENTRO DE EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE - CES – ALFAVILLE, SÃO PAULO

...................................................................................................................40

FIGURA 15 – PAREDES EM BAMBU SENDO EXECUTADAS NO CES.....................................41

FIGURA 16 - PISANDO O BARRO E BARREANDO OS PAINÉIS ..............................................42

FIGURA 17 – CENTRO CULTURAL MAX FEFFER – OBRA DA ARQUITETA LEIKO MOTOMURA.43

FIGURA 18– CASARÕES DE CACHOEIRA - BAHIA.............................................................45

FIGURA 19 – PROPOSTA DE MÓDULO FECHADO PARA O ENTRAMADO DA TAIPA.................52

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FIGURA 20 – DETALHE DO MÓDULO BASE DE ESQUADRIAS E MÓDULO TOPO DA ESQUADRIA 53

FIGURA 21 – PROPOSTAS DE COMBINAÇÃO DE MÓDULOS DE BAMBU PARA O ENTRAMADO DA

TAIPA...........................................................................................................54

FIGURA 22 - CÂMARA CLIMÁTICA DE TESTE TIPO 3423/16(KPK 200) ...............................57

FIGURA 23 – DESENHO E ENTRAMADO DE BAMBU EXECUTADO EM LABORATÓRIO PARA

PREENCHIMENTO DA TAIPA. ...........................................................................58

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ÍNDICE DE QUADROS

QUADRO 1 – VANTAGENS E DESVANTAGENS NO USO DO BAMBU......................................24

QUADRO 2 – DISTRIBUIÇÃO DO BAMBU NO MUNDO..........................................................25

QUADRO 3- UTILIZAÇÃO DO BAMBU EM DIFERENTES IDADES ............................................26

QUADRO 4 – APLICAÇÃO DO BAMBU NAS CONSTRUÇÕES.................................................27

QUADRO 5 – ESPÉCIES DE BAMBU EXÓTICAS MAIS COMUNS NO BRASIL ............................34

QUADRO 6 - ESPÉCIES NATIVAS CONHECIDAS ................................................................35

QUADRO 7 – COMPARATIVO DE SISTEMAS DE VEDAÇÃO PARA ESTRUTURA DE PILAR VIGA ..44

QUADRO 8 - MODELO DO QUESTIONÁRIO .......................................................................48

QUADRO 9- TERMOS EMPREGADOS NA COORDENAÇÃO MODULAR SEGUNDO A NBR 5731

(1982) ........................................................................................................51

QUADRO 10 – TIPOS DE MÓDULOS DE BAMBU ................................................................53

QUADRO 11 – CONCEITOS DE DURABILIDADE E OUTROS .................................................55

QUADRO 12 - AMOSTRAS DE PAINÉIS DE TAIPA E BAMBU A SEREM ENSAIADAS NO 1º CICLO 58

QUADRO 13 - AMOSTRAS DE PAINÉIS DE TAIPA E BAMBU A SEREM ENSAIADAS NO 2º CICLO 60

QUADRO 14 – TEMPERATURAS MÁXIMAS - ESTAÇÃO LENÇÓIS .........................................61

QUADRO 15– TEMPERATURAS MÍNIMAS - ESTAÇÃO LENÇÓIS...........................................61

QUADRO 16 – UMIDADE RELATIVA MÁXIMA E MÍNIMA - ESTAÇÃO LENÇÓIS.........................61

QUADRO 17 - CICLO 1 - TEMPERATURA E UMIDADE A SEREM ENSAIADOS ........................62

QUADRO 18– TOTAL DE CICLOS ....................................................................................62

QUADRO 19 - ANÁLISE DA TERRA QUANTO À RACHADURA................................................63

QUADRO 20 - ANÁLISE DE RESULTADOS DE ENSAIO DE COMPRESSÃO...............................64

QUADRO 21- PAINEL DE BAMBU BAMBUSA VULGARIS E TERRA - PROTÓTIPO (M²)...............65

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QUADRO 22- REVESTIMENTO DO PAINEL COM TERRA CAL E AREIA – PROTÓTIPO (M²).........65

QUADRO 23 – ALVENARIA DE BLOCOS CERÂMICOS ARGAMASSA MISTA C/CAL HID.1:2:8

E=9CM (M²)..................................................................................................65

QUADRO 24– CHAPISCO PAREDES INTERNAS E EXTERNAS COM ARGAMASSA 1:3 E=5MM(M²)

...................................................................................................................66

QUADRO 25– EMBOÇO/MASSA ÚNICA PARA PAREDE EXTERNA COM ARGAMASSA (M²) ........66

QUADRO 26– ORÇAMENTO DE MATERIAIS A SEREM UTILIZADOS ......................................67

QUADRO 27– CRONOGRAMA 2009 ...............................................................................67

QUADRO 28 – CRONOGRAMA 2010...............................................................................67

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ÍNDICE DE SIGLAS

ABC Terra = Associação Brasileira dos Construtores com Terra – SP

ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas

BITEC 2004 = Bolsas de Iniciação Tecnológica

CES = Centro de Educação e Sustentabilidade – Alfaville - SP

CNPq = Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico

CRIS = Centro de Referências e Integração em Sustentabilidade – SP

DNER = Departamento Nacional de Estradas e Rodagem

EBIOBAMBU = Escola de Bioarquitetura e Centro de Pesquisa e Tecnologia

Experimental em Bambu – Mauá – Rio de Janeiro

ELECS 2009 = V Encontro Nacional e o III Encontro Latino Americano sobre

Edificações e Comunidades Sustentáveis (ENECS e ELECS

2009)

FAPESB = Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia

FAU, USP = Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, USP

FINEP = Financiadora de Estudos e Projetos

Grupo HABIS = Grupo de Pesquisa em Habitação e Sustentabilidade – USP

GAIA EDUCACION = Global Ecovillage Educators for a Sustainable Earth

IPEN – USP = Mestrado em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear –

Materiais

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I.S.O. = Organização Internacional de Normalização

MEAU = Mestrado em Engenharia Ambiental

MST = Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra

NOCMAT = Conferência Brasileira sobre Materiais e Tecnologias não

convencionais na Construção Ecológica e Sustentável.

ONU = Organização das Nações Unidas.

PINI = Produção e disponibilização de informações e sistemas de

apoio para a indústria da construção civil e editora técnica.

PSH = Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social

PUC = Pontifícia Universidade Católica

REDEBAMBU = Rede Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Bambu

TCPO = Tabela de Composições de Preços para Orçamentos da PINI

TIBÁ = Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura

UFBA = Universidade Federal da Bahia

USP = Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO..................................................................................................... 15

2 – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA........................................................................ 17

3 – HIPÓTESES........................................................................................................ 17

4 - OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS .............................................................. 17

4.1 – Objetivo Geral .................................................................................................. 17

4.2 – Objetivos Específicos ....................................................................................... 17

5 – JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 18

5.1 - Encadeamento do trabalho com projetos anteriores do MEAU ........................ 19

5.2 – Limitações do tema espaciais e temporais....................................................... 20

5.3 - Áreas que não serão trabalhadas, dado a escassez de recursos e de tempo .. 20

5.4 – Limitações do Tema / Fatores Adversos ........................................................ 20

5.5 - Possíveis conclusões........................................................................................ 21

6 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................. 21

6.1 - Trabalhos relacionados com a pesquisa na área.............................................. 21

6.2 - Trabalhos relacionados com a pesquisa no mundo .......................................... 23

6.3 - Trabalhos relacionados com a pesquisa no Brasil............................................ 32

6.4 - Trabalhos relacionados com a pesquisa na Bahia e na UFBA ......................... 45

7 - METODOLOGIA .................................................................................................. 46

7.1 – Metodologia 1................................................................................................... 46

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7.1.1 - Entrevista ....................................................................................................... 46

7.1.2 – Painéis modulados ........................................................................................ 49

7.1.3 - Análise e métodos – Metodologia 1 ............................................................... 54

7.2 - Metodologia 2 ................................................................................................... 54

7.2.1 – Durabilidade e ensaio de envelhecimento acelerado .................................... 55

7.2.2 – Análises e métodos – Metodologia 2............................................................. 61

7.3 – Metodologia 3................................................................................................... 64

7.3.1 - Análise do custo do painel comparando com alvenaria de bloco................... 64

7.3.2 - Análise e métodos - Metodologia 3 ................................................................ 65

7.4 - Forma de coleta dos dados............................................................................... 66

7.5 - Viagens e contatos a serem mantidos .............................................................. 66

7.6 - Orçamento/ Materiais........................................................................................ 67

REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 68

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15

1 - INTRODUÇÃO

Com a evolução o homem se deparou com um grande problema a ser resolvido,

desenvolvimento ou sustentabilidade? A globalização trouxe o aumento do consumo

de recursos naturais e consequentemente a degradação ambiental colocando em

risco todas as espécies do planeta.

No mundo todo existe hoje uma preocupação muito grande com a questão ambiental

mais somam-se a ela problemas sociais como a fome e a miséria (QUEIROZ ;

CAPELLO; WENZEL, 2007).

A crescente escassez mundial de madeira de qualidade está levando à exploração

irracional das últimas reservas florestais naturais, que certamente trarão

conseqüências desastrosas ao ambiente e a economia do setor florestal, além da

busca de matéria prima renovável e ecologicamente correta (BERNDSEN,

CASAGRANDE JR, 2006).

A substituição da madeira pelo bambu apresenta várias vantagens. Um fator

importante é que a extração do bambu não desmata, pois novos colmos se

reproduzirão após a colheita não sendo necessário replantá-lo. No Brasil o uso do

bambu nas construções ainda é incipiente, sendo necessário mais estudo,

importação de tecnologia, e principalmente, plantio das espécies mais apropriadas à

construção. Um dos maiores entraves à divulgação da importância do bambu junto à

comunidade refere-se à falta de produtores de muda das principais espécies com

potencial comercial para os agricultores, que seriam os principais fornecedores de

matéria prima industrial (PEREIRA; BERALDO, 2007). Por outro lado existe

abundância da espécie bambusa vulgaris, sendo muitas vezes considerado mato, e

arrancado nas limpezas de terrenos.

Devido à falta de informação e conhecimento defasado no Brasil sobre a técnica de

construir com terra existe um preconceito muito grande com essa arquitetura,

restringindo seu conhecimento à cultura herdada de cada geração. Por conta disso

as construções vem sendo demolidas e erroneamente consideradas insalubres,

porém o uso correto das técnicas construtivas, com acompanhamento técnico e

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devido revestimento das construções, resulta em qualidade de vida e baixo custo

proporcionando solução para habitação popular.

Com a industrialização, as construções em terra e bambu foram sendo desprezadas

e associadas a doenças, pobreza e insalubridade. Hoje, a construção com terra é

muito associada à doença de chagas, transmitida pelo barbeiro. De acordo com

Figueiredo; Casbur (2006), em estudo publicado na Revista de Sociedade Brasileira

de Medicina Tropical sobre o Trypanosama Cruzi, o estado do Paraná ocupa o 4º

lugar no Brasil quanto ao número estimado de pacientes com a doença de chagas

sendo que nos municípios investigados não foram encontradas casas construídas

com barro, pois esta não é uma técnica culturalmente usada na região, mostrando

que a construção em terra não está vinculada ao barbeiro, e sim os espaços criados

para alojar o inseto.

A proposta da pesquisa a ser desenvolvida é melhorar a técnica construtiva

tradicional da taipa com a substituição do entramado de madeira pelo de bambu da

espécie bambusa vulgaris, estudando a durabilidade do bambu dentro da taipa,

propondo a construção do entramado através de módulos facilitando e agilizando a

construção e comparando e analisando os custos destes painéis com painéis em

alvenaria de bloco.

Neste projeto a primeira parte consiste na introdução da pesquisa, mostrando a

importância do uso do bambu e da terra como materiais sustentáveis, seguida da

formulação do problema e objetivos gerais e específicos, logo após segue-se a

justificativa do uso do bambu como entramado para a taipa. Na revisão bibliográfica

descreve-se sobre o desenvolvimento de trabalhos sobre o tema nesta área de

atuação, no mundo, na Bahia e na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Na

Metodologia, dividida em três etapas, descreve-se os métodos a serem utilizados,

que serão entrevista, modulação, ensaios em câmara climatizada e construção de

painel para apropriação de índices de custo com suas respectivas análises. Em

seguida apresenta-se o cronograma e referencias bibliográficas.

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17

2 – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Como aprimorar a técnica construtiva tradicional da taipa substituindo entramado de

madeira artesanal por entramado modulado feito com bambu da espécie bambusa

vulgaris, visando o uso de práticas ambientais mais adequadas como a taipa de mão

e a preservação do meio ambiente?

3 – HIPÓTESES

• A construção modular da estrutura de bambu para o entramado da taipa agiliza a

construção com essa técnica.

• O bambu da espécie bambusa vulgaris utilizado como entramado da taipa resiste

à umidade e a degradação biológica feita por brocas devido a proteção da terra.

• O custo do painel de taipa é menor do que o painel convencional.

4 - OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS

4.1 – Objetivo Geral

Verificar a viabilidade do uso do bambu da espécie bambusa vulgaris na

construção em taipa substituindo o entramado por módulos em bambu, para

aumentar a sustentabilidade desta técnica buscando maior agilidade na construção e

maior preservação do meio ambiente. Este projeto será executado no laboratório de

solos da Escola Politécnica e nos municípios de Mucugê e Boa Vista do Tupim, em

comunidades carentes, no estado da Bahia, Brasil.

4.2 – Objetivos Específicos

• Objetivo Específico 1: Executar entramados em módulos de bambu para casas

de taipa com o intuito de agilizar e simplificar a produção desta técnica.

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18

• Objetivo Específico 2: Analisar e comparar a durabilidade do bambu dentro da

taipa utilizando ensaio de envelhecimento acelerado, comparando painéis de

bambu preenchidos com terra, painéis de bambu revestidos com terra, esterco de

gado e palha de bambu, e por fim estes mesmos painéis de bambu revestidos

com reboco de terra cal e areia.

• Objetivo Específico 3: Comparar e avaliar o custo de painel em taipa de bambu

com painel de alvenaria de bloco.

5 – JUSTIFICATIVA

A questão da habitação de interesse social exige além de abordagem

socioeconômica, aspectos tecnológicos e estudo de materiais e técnicas construtivas

alternativas e diversificadas. Entretanto, para a população que constrói com a taipa é

inviável o aperfeiçoamento da técnica, o que merece a atenção de pesquisadores

para um trabalho que atenda estas necessidades, coletando dados para transformá-

los em informações que permitam uma transferência desta técnica construtiva de

forma mais correta (BOTTARI, 1999). Além disso, neste tipo de construção o

material é todo reintegrado ao meio ambiente, não gera resíduo e não necessita de

aterros sanitários.

O estudo do tema pode contribuir para a captação de recursos, planejamento,

controle e implantação de projetos pilotos que utilizem o bambu e a terra como

alternativa para construção de moradias no campo, onde uma grande maioria da

população, principalmente no Nordeste, constrói com a taipa. As restrições culturais

podem ser superadas através da oferta de assessoria técnica e elaboração de

cartilhas ensinando a técnica de construção para as populações envolvidas.

A construção com o bambu deve ser acompanhada de plantações dos mesmos ao

longo dos rios, preferencialmente de espécies já existentes na região. No caso da

não existência do bambu na região, devera ser feito anteriormente o estudo da

inclusão de espécies exóticas, e o seu impacto ambiental. Essa proposta será

inicialmente aplicada em regiões onde já ocorra o bambu, partindo daí para novas

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19

propostas com o plantio de áreas com espécies de bambu mais apropriadas para a

construção, como a espécie guadua angustifólia. Como proposta para trabalhos

futuros sugere-se que sejam realizados estudos de viabilidade das diferentes

culturas de bambu como fonte de insumo para a produção de moradias. As matas de

bambu existentes no Brasil podem ser consideradas nos estudos de viabilidade,

avaliando-se a disponibilidade atual e a disponibilidade potencial, considerando-se a

produtividade estimada de bambu a partir da seleção da espécie, taxa de

crescimento, tempo de colheita, entre outros fatores.

A substituição da madeira pelo bambu apresenta várias vantagens, o bambu absorve

carbono da atmosfera e propicia o reflorestamento, pois possui rápido crescimento e

alta resistência. Graças ao seu rápido crescimento fixa mais carbono do que

qualquer árvore, combatendo o efeito estufa, protege contra erosões, pode ser

plantado em terrenos acidentados e áreas degradadas, pois não requer solo com

alta fertilidade, desenvolve-se em áreas onde outras plantas não se desenvolveriam.

5.1 - Encadeamento do trabalho com projetos anteriores do MEAU

Segundo Araújo (2007), estudar outro material como o bambu, que possa a vir

substituir a madeira na confecção da vedação vertical de casas feitas com taipa

poderá contribuir tanto para a diminuição da devastação das matas, quanto para um

novo tipo de vedação. Além do mais toda essa infra-estrutura é realizada no local,

portanto economiza combustível, minimizando a poluição, a terra já existe no entorno

do canteiro; o bambu é plantável em qualquer região. A técnica do pau a pique

apresenta como vantagens o uso só da mão de obra (mutirão ou adjutório)

isolamento térmico e rapidez. Porém desmancha com a chuva e instala o barbeiro se

não rebocado. O uso da madeira nas casas de taipa é extrativista, geralmente o

próprio morador constrói sua casa e retira a madeira para compor o painel,

provocando desmatamento, principalmente das matas ciliares, promovendo

degradação do ambiente e maior evaporação das águas dos rios. O uso do bambu

na confecção do entramado evita esse desmatamento, já que o bambu é uma

gramínea e pode ser inclusive utilizado para recuperação de área degradada e

recomposição de matas ciliares.

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5.2 – Limitações do tema espaciais e temporais

O trabalho inicialmente será desenvolvido no laboratório de madeiras e de solos da

Escola Politécnica onde serão feitos protótipos com vários tipos de painéis em taipa

e bambu para estudo da durabilidade do bambu dentro da taipa com o método de

envelhecimento acelerado. Após esta etapa serão feitas entrevistas no município de

Mucugê e Boa Vista do Tupim na Bahia, em locais onde a taipa é executada para

avaliação e novas propostas para o método executivo da construção. Serão feitos

estudos sobre modulação, propondo a execução do entramado em módulos para

agilidade na execução do entramado da taipa. O trabalho será desenvolvido no ano

de 2010.

5.3 - Áreas que não serão trabalhadas, dado a escassez de recursos e de

tempo

• Estudo dos diversos tipos de tratamento do bambu, limitando-se ao que já foi

utilizado no bambusa vulgaris, e escolhendo na literatura publicada um

tratamento natural adequado para os protótipos de painéis.

• Estudo das diversas conexões para união das peças do bambu na construção de

casas, limitando-se ao mais adequado para o projeto desenvolvido.

• Estudo das diversas técnicas de construção com o barro, limitando-se a taipa.

• Estudo da taxonomia do bambu.

• Estudo dos tipos de solo a serem utilizados, limitando-se a análise das

características geotécnicas da amostra utilizada em laboratório.

5.4– Limitações do Tema / Fatores Adversos

• Tipo de terra encontrada nos locais onde serão feitos os painéis – podem não

servir para a taipa (correção)

• Recortar as variáveis a serem analisadas no ensaio com a câmara climatizada

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5.5 - Possíveis conclusões

A revisão bibliográfica mostra a viabilidade do uso do bambu e da terra nas

construções. O bambu pode ser usado como estrutura para taipa e como compósito

na terra para confecção do enchimento, gerando mais leveza e diminuindo a

retratabilidade da taipa. A intenção é estudar a viabilidade do uso do bambu na taipa

estudando aplicações do bambusa vulgaris na construção sustentável.

6 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Trabalhos relacionados com a pesquisa na área, no mundo, no país, na Bahia e

na UFBA

6.1 - Trabalhos relacionados com a pesquisa na área

Atualmente tem aumentado o interesse na investigação de novos materiais

alternativos para o uso na construção civil, com o objetivo de tornar a sociedade, e

as construções nela inserida, mais sustentáveis.

Sartori; Pinho (2006), dizem que a consciência social da finitude dos recursos

naturais é a fonte desse interesse. A atual crise ambiental, para ser superada, exige

um novo olhar, uma nova trilha, uma diferente direção.

Os processos de transformação e de transporte até o local de consumo dos

materiais devem ser incluídos nas avaliações de impacto ambiental das diversas

alternativas tecnológicas para a construção. O uso de material local, como o barro e

o bambu, dispensa o transporte por longas distâncias e contribuem na produção de

construções ambientalmente mais adequadas. As construções com terra reduzem a

demanda de cimento que hoje promove 8% do aquecimento do planeta, assim como

minimiza o transporte, 80% do aquecimento da atmosfera se origina do petróleo

(MACUL; PRADO, 2006a).

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22

Segundo Guillaud (1987) a arquitetura de terra articula o saber, as praticas populares

e as tecnologias inovadoras mais modernas, representando um enorme potencial

energético na virada do milênio.

Trabalhando com materiais disponíveis, como a terra e o bambu, reduz-se

diretamente a compra de produtos e elementos externos, fator proibitivo para a

maioria da população carente. Segundo Troles (2007), materiais como a terra crua,

bambu e fibras vegetais diversas representam uma excelente alternativa nas

construções sustentáveis em relação aos materiais industrializados. Suas técnicas

de utilização ganharam os espaços acadêmicos onde se propagam e se

aperfeiçoam. Na Figura 1 um exemplo da técnica bem aplicada para população

carente.

Figura 1-Casa Popular em taipa de bambu rebocado – Angola

Fonte: duarteemangola.blogspot.com, acessado em: 15/10/2009

Para Dethier (1993), a Arquitetura de Terra implica em uma série de economias de

energias: pouco ou nenhum transporte, podendo variar de 5 a 50% dos custos e

garantindo a conservação dos equilíbrios ecológicos, o que é uma vantagem

importante já que as energias utilizadas no setor da construção, das obras públicas e

da habitação, podem representar em um país até 25% do consumo nacional. Na

Figura 2 exemplo da aplicação da terra em arquitetura contemporânea.

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23

Figura 2: Arquitetura Contemporânea em terra - taipa de pilão -Escola de Artes Plásticas de Oaxaca – México, Arq. Maurício Rocha

fonte: http://ocepaeaarquiteturaemterra.blogspot.com/2009/09/doenca-de-chagas-mito-e-realidade.html acessado em 18/12/2009

6.2 - Trabalhos relacionados com a pesquisa no mundo

O volume mundial da produção de madeira é hoje muito pequeno em relação a

necessidade real de consumo. Isso mostra a importância de desenvolvimento de

novos processos, novas tecnologias, com técnicos bem preparados para aproveitar

novos recursos disponíveis.

A substituição da madeira pelo bambu mostra um novo caminho que precisa ser

mais explorado. O bambu, porém, apresenta algumas desvantagens, abaixo Quadro

1 com vantagens e desvantagens do uso do bambu:

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Fonte:http://www.usp.br/fau/cursos/graduacao/arq_urbanismo/disciplinas/aut0221/Trabalhos_Finais_2007/U

so_do_Bambu_na_Arquitetura.pdf, acessado em: 20/11/2009

Nos países asiáticos e orientais o bambu é largamente usado na construção civil.

Existem várias espécies de bambu que podem ser usados na construção civil, o mais

usado e com várias obras importantes é o bambu da espécie Guadua Angustifólia,

muito usado na Colômbia, país onde a construção com bambu é difundida e

largamente utilizada inclusive com o uso da terra nas construções. Na Figura 3, casa

construída com terra e bambu da espécie guadua em zona rural da Colômbia.

Quadro 1 – Vantagens e desvantagens no uso do Bambu

Desvantagens

• Em contato permanente com o solo, eleapodrece e é atacado por insetos.• Depois de cortado, o bambu sofre ataque deinsetos e pode deteriorar-se rapidamente,então é preciso fazer o tratamento logo emseguida ao corte.

• Devido ao seu perfil circular, criar juntas éum tanto difícil e obtém-se geometrias nadaconvencionais nos nós.

• As fibras do bambu só crescem no sentidolongitudinal, tendo este fato bastante impactona resistência de cargas transversais, já quenão há fibras neste sentido.

• Por ser um material natural, possuivariações de diâmetro, comprimento equalidade de acordo com o clima.

• Há contração no bambu depois de seco epode ocorrer problemas estruturais, sobretudocomo reforço estrutural em concreto.

Vantagens

•O eucalipto leva 23 anos para chegar à fasemadura e o pinheiro 21; já o bambu levaapenas 3 anos, e regenera-se semnecessidade de replantio.• Ideal para matas ciliares, o bambu é o primeiropasso para construir florestas. Nasce tanto emterreno seco quanto úmido.

• Resistência física e mecânica (mais forteque o aço), beleza visual, facilidade demanuseio e tratamento (fibras verticaisenquanto na madeira são trançadas).

• O bambu é um ótimo seqüestrador decarbono.

• Gera 30% mais oxigênio que as árvores

•É necessária uma menor área de cultivopara se construir uma casa em bambu,comparada com uma de madeira.

•Crescimento anual em biomassa de 10-30%

comparado com 2-5% de árvores.

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Figura 3 -Casa de barro e bambu em zona rural -Colômbia

Fonte: www-users.rwth-achen.de/.../bauwerke.html - Construcciónes de Jörg Stamm, acessado em16/10/2007

Segundo Adams (1997), o arquiteto Oscar Hidalgo tem dedicado sua vida à pesquisa

de bambu, e a ensinar ao mundo sobre as ilimitadas possibilidades desta planta.

Espantado com a sua integridade estrutural e possibilidades estéticas, ele se

dedicou a um programa de investigação que o levou para a Ásia, Costa Rica, Brasil e

em outros lugares para estudar esta planta e criar estruturas experimentais.

Há mais de 1600 espécies de bambu, sendo esta a maior das gramíneas. Na

América do Norte existem apenas três espécies nativas de bambu ao contrário das

440 espécies nativas da América Latina. Abaixo no Quadro 2 percentual de

distribuição das espécies de bambu no mundo.

Quadro 2 – Distribuição do bambu no mundo

64 % das espécies são nativas do sudeste da Ásia.33% das espécies crescem na América Latina3% das espécies restantes crescem na África e Oceania.

Fonte: Adams, 1997

Para selecionar colmos para a construção é muito importante saber a idade do colmo

(Quadro 3) para que este tenha maior resistência. Ainda segundo Adams (1997) a

altura pode ser determinada nas espécies com mais de cinco centímetros de

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diâmetro, multiplicando-se a circunferência de base por 58,2. Se o bambu tem uma

relação inferior a 58,2 o bambu é de qualidade inferior.

Quadro 3- Utilização do bambu em diferentes idades

Fonte: Adams, 1997

Na Colômbia, os melhores exemplares de Guadua Angustifolia crescem em altitudes

entre 900 a 1800 m. No Equador, a mesma espécie tem características de

resistência muito menores. Para estruturas mais duradouras, é importante tratar o

bambu contra a deterioração e insetos. Um método natural para a cura do bambu é

cortar o bambu e deixar em pé na touceira em cima de uma pedra em torno de um

mês. As folhas são deixadas e o amido continua a ser removido. Quando bambu é

curado ao ar livre é melhor manter na vertical. Uma vez que o bambu é curado

deverá ser imerso na água por aproximadamente quatro semanas. Outros tipos de

tratamento podem ser feitos com uso de produtos químicos, mas deve-se antes

analisar o prejuízo para o meio ambiente. Pode ser tratado com a imersão de uma

solução 0,3% de soda cáustica. Outra maneira de tratar o bambu é usar uma solução

de 3 a 10% de bórax e ácido bórico que é introduzido ao bambu usando um

compressor de ar para criar 20 a 30 libras de pressão. O bambu é deixado em um

declive ligeiro com a base mais próxima ao reservatório (embora também seja

possível fazê-lo em outra direção) e os produtos químicos gradualmente movem-se

através do sistema vascular. Para o bambu usado em estrutura é importante perfurar

o septo, pois é a parte crucial do bambu em relação a sua resistência. Para evitar

problemas, é importante que o bambu esteja seco antes de ser utilizado na

construção. O bambu pode ser aplicado de diversas maneiras em construções

conforme Quadro 4 abaixo:

<30 dias é bom para comer

6-9 meses para cestas

2-3 anos para as placas de bambu ou lâminas

3-6 anos para a construção

> 6 anos de bambu gradualmente perde força até 12 anos

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Quadro 4 – Aplicação do bambu nas construções

A resistência à tração do bambu recomenda esse material para o desenvolvimento das pontes:

CHINA - Os chineses inventaram pontes suspensas utilizando bambu para atravessar rios. Usando a

parte exterior do bambu, quatro vezes mais forte que o interior, são criados cabos de tensão de até

120 metros de comprimento.

INDIA - Pontes de bambu também foram construídas na Índia

PERU - Utilizadas pelos Incas antes da colonização dos espanhois.

COLOMBIA - Pontes foram criadas usando este material com tração de até 3.200 kg/cm2 com a

espécie Guadua.

Gabiões, barragens de rios e córregos, onde uma longa cesta de bambu é cheia com pedras em cada

extremidade.

Em invenções: O bambu foi usado para construir barcos e zepelins.

Na aeronáutica, os primeiros elementos estruturais de pipas e aviões foram construídos utilizando o

material que é leve e extremamente forte. Um aeroplano feito inteiramente de bambu foi construído

nas Filipinas.

Na China foi usado em seus aviões durante a Segunda Guerra Mundial.

No Brasil temos o primeiro avião construído com bambu por Santos Dumont.

O bambu tem uma longa história de utilização em edifícios, sendo comum à arquitetura vernácula da

China, Sudeste Asiático e América Central e do Sul.

Em Hong Kong, todos os andaimes para a construção de rodovias é construído de bambu e

amarradas com tiras de bambu com apenas 1 mm de espessura.

Permite ser utilizado como canos de água.

Como o bambu é extremamente flexível a partir de 6 a 12 meses de idade, ele pode ser usado para

criar uma série de formas curvas.

Na Índia, foram desenvolvidos telhados em forma curva chamados Chocals.

Cúpulas de bambu foram construídas na Nova Guiné.

O arquiteto Gernot Minke da Alemanha desenvolveu um arco de catenária com tiras de bambu

laminadas.

Na China é usado em coberturas: extremidades são cobertas com telhas redondas.

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Nas Filipinas, os telhados de encravamento são de bambu.

Domos geodésicos são feitos com bambu, como para habitações temporárias de emergência para os

sem abrigo em caso de terremotos, inundações, etc.

Utilização de bambu para reforçar o concreto.

Tanques podem ser feitos através da aplicação de argamassa em cestas de bambu que podem ser

usados para banheiros, armazenamento de água ou barcos.

Lajes de concreto com preenchimento em bambu são feitas utilizando cestas de bambu para

preencher os espaços vazios. Tecidos de malha de bambu com 6" são usados para reforçar uma laje

de concreto de 5".

Fonte: Adams (2009)

O bambu é único, pois é forte em tensão e compressão. Embora a resistência à

tração permaneça a mesma em toda a idade da planta, aumenta a resistência à

compressão quando envelhece. Existe alguma controvérsia em determinar

protocolos de teste adequados, pois é importante que o bambu tenha pelo menos

três anos, e o teste deve ocorrer em um pedaço de bambu com um total de dois

entrenós e nós intactos. Algumas pesquisas de teste não utilizaram esses critérios e,

portanto, os resultados não são tão úteis.

Existem certas limitações do uso do bambu na construção civil. O seu interior com

amido é atraente para os insetos. Além disso, o bambu tem um revestimento liso e

impermeável, que não pode ser pintado. Na verdade, o tipo de bambu utilizado na

construção, pode afetar significativamente a longevidade dos edifícios.

Na construção de bambu, as articulações são difíceis de fazer. Em estruturas

geodésicas de bambu, as articulações são formadas através da criação de "retalhos"

no final do colmo de bambu por incisão radial.

Muitos dos problemas associados com o bambu podem ser atenuados através da

criação de laminados de tiras de bambu. Estas são formadas simplesmente dividindo

o comprimento do colmo em tiras individuais, que são posteriormente laminados em

conjunto para criar uma série de produtos. Atualmente produtos laminados de bambu

incluem execução de pisos que estão sendo particularmente bons para o tráfego

pesado.

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Não há limites à utilização do bambu laminado também chamado de Plyboo em

alusão ao laminado de madeira plywood. Ele pode ser usado para cadeiras e outros

móveis, pratos e utensílios. Na verdade ele pode ser usado apenas como madeira

laminada, com a vantagem de que laminados de bambu são muito mais leves. Para

criar as tiras usadas para laminação, a parte interior macia do bambu é removida,

deixando o exterior para a laminação. Há muitas maneiras do design utilizar o

bambu, com marcenaria adequada. Na América Latina, as espécies mais

valorizadas para a construção são a Bicor Guadua angustifólia, Guadua castilla e

Cebola Guadua. Para criar efeitos especiais o bambu pode ser dobrado ou esticado

por aquecimento e comprimido até esfriar.

O método de construção em bambu mais comum nas zonas rurais na América do

Sul são plataformas com diagonais de reforço nas paredes. Algumas casas

construídas com esta técnica são feitas em ladeiras íngremes e tem cinco andares.

Por causa da dificuldade de nivelar as dimensões variadas do bambu, a madeira é

freqüentemente usada para as vigas.

Sistemas de casas pré-fabricadas de bambu utilizam painéis construídos

antecipadamente, resultando em maior rapidez de construção. Este sistema permite

aos proprietários construírem suas próprias casas. Em um programa de construção

de casas pré-fabricadas na Costa Rica (Figura 4), Oscar Hidalgo em parceria com o

governo, onde este concedeu o piso, o telhado e as instalações hidráulicas,

construiu em seguida os painéis de bambu pré-fabricados para estas moradias.

Figura 4 – Casas populares feitas de Bambu - Costa Rica

fonte:http://www.usp.br/fau/cursos/graduacao/arq_urbanismo/disciplinas/aut0221/Trabalhos_Finais_

2007/Uso_do_Bambu_na_Arquitetura.pdf, acessado em: 05/01/2010

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Além de Oscar Hidalgo, há uma série de outros arquitetos importantes projetando e

construindo com bambu na América do Sul. Incluem-se entre estes o recentemente

falecido arquiteto Carlos Vergara de Cali, que fez casas inteiramente de bambu. Ele

criou um sistema multi-coluna, onde as cargas são transportadas pelo septo do

bambu. Ele também usou parafusos através de nós de concreto para criar

articulações. Ele foi capaz de atingir vãos de até 24 metros, com suas técnicas.

Jorge Arcila de Marizales fez uma série de "casas empilhadas" e está escrevendo

uma história de bambu na América.

O bambu pode ser usado para criar grandes extensões, isto é evidenciado no

trabalho do arquiteto colombiano Simon Vélez. Vãos de 3,5 metros (11 pés) são

facilmente possíveis em estruturas simples, usando bambu de 12 centímetros de

diâmetro (Figura 5). Ele construiu um conjunto extraordinário de estruturas de bambu

que tem projetos variados. Nestes projetos Vélez usa um sistema único de parafusos

e concreto nos entrenós para criar articulações extremamente fortes, o que lhe

permitiu criar grandes vãos de até 7 metros.

Velez cria detalhes com peças metálicas feitas sobre medida. Essas peças são

únicas da arquitetura de Simón Vélez. Porém o avanço e as possibilidades que

brindam esses descobrimentos são de todos (MARTI, 2009).

Figura 5 - Ponte construída por Simon Vélez

Fonte: recooperar.blogspot.com/, acessado em 12/12/2009

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Na América do Norte, Doug La Barre criou uma unidade fabril para a criação de

madeira laminada de Guadua importados. A empresa Trus & Joist também está

fazendo um trabalho de criação de adesivos não tóxicos para o bambu laminado.

Na Colômbia muitos arquitetos novos cometeram erros evitáveis. É importante que

as extremidades das articulações sejam cortadas muito curtas e que todas as

ligações usem o concreto para encher os entrenós / sistema de parafuso. Além

disso, as colunas devem ser levantadas acima do nível do piso. Multi-colmos, ou

seja, vigas com vários colmos devem ser feitas de colmos de mesmo diâmetro. Em

climas temperados é melhor usar o menor bambu. Se a estrutura está protegida, ela

irá durar mais tempo. Os bambus mais fortes são Phyll. Bambusoides e Phyll.

mequinods.

Simon Velez na sua construção tem desenvolvido com intuição as capacidades do

bambu. Oscar Hidalgo sabe que muitos arquitetos não têm os mesmos anos de

experiência que ele tem, e por isso quer estabelecer normas para as características

mecânicas do bambu. Muito trabalho neste sentido tem sido feito por Jules Jannson,

que tem feito investigações e testes na Holanda.

Outro grande problema é que em muitos lugares o bambu está desaparecendo, tal

como outros recursos florestais do mundo. No Brasil havia 85.000 quilometros

quadrados de bambu, em 1976, enquanto em 1983 havia apenas 32.000 quilômetros

quadrados. Teme-se que dentro de uma década toda a floresta de bambu no Brasil

acabará. O Guadua é uma das espécies ameaçadas, porque só cresce em latitudes

tropicais. Mas esta situação é comum em todo o mundo.

O maior problema que afeta a adoção da arquitetura de bambu em áreas que têm

uma história vernacular da construção com este material é a percepção de que ele é

considerado "habitação dos pobres". Na Índia, as castas mais ricas usam a pedra

para a construção, as castas do meio, a madeira, e apenas as castas mais baixas

utilizam o bambu. Graças a Velez, no entanto, o bambu começa a tornar-se um

material de construção escolhido pelos ricos. Oscar acredita que se os pobres virem

pessoas ricas usando o bambu, eles também usarão.

Uma tecnologia desenvolvida por Hidalgo é deformar o bambu jovem e criar arcos.

Uma fôrma de madeira e compensado com um arco predeterminado é colocado

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sobre um broto de bambu. Quando o bambu cresce, ela assume a forma do arco, de

forma permanente.

"Você pode fazer qualquer tipo de construção quando você deforma o bambu", diz

Hidalgo. "Para fazer uma curva de feixe laminado pode-se gastar US $ 25.000, mas,

para criar o equivalente em bambu custaria apenas US $ 100."

"A coisa mais cara é a forma", diz Hidalgo. “Mas quando você tem uma forma que

você pode definir podem-se criar muitos arcos por um preço muito baixo”

6.3 - Trabalhos relacionados com a pesquisa no Brasil

Junto à escassez de alimentos, a falta de habitação é um dos problemas mais

cruciais sobre a terra. Para minimizar esta situação e tornar possível a construção de

mais casas, especialmente para famílias de baixa renda, é necessário examinar

todos os materiais disponíveis locais que podem ser utilizados para a construção. O

bambu, sisal e fibras de coco são materiais que estão disponíveis em abundância no

Brasil e não são utilizados na construção civil (GHAVAMI et all, 1998)

Segundo Valenciano (2004) a utilização de materiais alternativos vem se tornando

freqüente em construções, dada a sua boa aceitação, menores custos e facilidades

de uso. Existe uma grande variedade de produtos desta natureza sendo testados,

como os mostrados na Figura 6 abaixo:

Figura 6 – Casa com estrutura em bambu e preenchimento em terra

Fonte: http://www.analitica.com, acessado em 15/12/2009

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No Brasil a pouca utilização do bambu tem motivos históricos e culturais, pois apesar

de ter em abundância a madeira, inicialmente seguiu-se a tradição dos seus

colonizadores, que construíam basicamente com terra e pedras, principalmente na

região Nordeste ficando o seu uso mais restrito ao interior, onde os índios

construíam o pau-a-pique. Posteriormente foi usado em cúpulas e estruturas das

igrejas e casarões do período colonial.

A construção com terra foi trazida para o Brasil pelos portugueses e muitas

edificações do nosso patrimônio histórico foram executadas com essas técnicas até

meados do século passado (Figura 7), algumas perduram até hoje com excelente

estado de conservação.

Figura 7 – Casarão antigo construído em taipa – Mogi das Cruzes – S.P

Fonte: www.campograndems.net, acessado em 15/12/2009

Porém essa técnica tradicional de construir foi se perdendo com a industrialização, e

hoje está ligada a insalubridade e a pobreza. Existe uma carência muito grande de

moradias no Brasil, cerca de 7,2 milhões de famílias são desabrigadas, além disso,

existem milhões de moradias impróprias ou precárias no Nordeste (Figura 8), por

falta de programas de financiamento, em regiões onde não existe renda suficiente

para o investimento (MACUL; PRADO, 2006b).

O desenvolvimento sustentável capaz de promover distribuição de renda com

respeito ao meio ambiente deve ser o objetivo a ser alcançado. (TEIXEIRA, A. A.

2006)

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Figura 8– Casa de Taipa - Boa Vista do Tupim – BA, 2009

A questão socioeconômica não deve ser a única a ser estudada, optar pelos estudos

de materiais e técnicas construtivas alternativas e diversificadas pode ser a opção

para o déficit habitacional do país, barateando o investimento e sugerindo novas

maneiras de construir, como por exemplo, a auto-gestão com repasse de recursos

financeiros diretamente da prefeitura ou governo para associações comunitárias com

o aporte de assessoria técnica, orçamento participativo ou a construção através de

mutirão, diz Troles (2007). Contudo existe um grande preconceito na população de

baixa renda em relação a esses materiais e técnicas alternativas. No Brasil, o bambu

já começa a ser utilizado como material diferenciado em decoração de interiores e

mesmo na construção de casas de luxo, com isso vislumbra-se uma melhor

aceitação do produto e conseqüentemente o desenvolvimento do mercado,

necessitando assim de maior diversidade e estudos científicos sobre o tema.

No Brasil, a maioria das espécies de bambus foi trazida pelos portugueses na época

da colonização. Os portugueses introduziram a maioria das espécies tropicais

exóticas conforme Quadro 5 abaixo:

Quadro 5 – Espécies de bambu exóticas mais comuns no Brasil

Bambusa vulgaris (bambu-verde)Bambusa vulgaris variedade wittata(bambu imperial)Bambusa tuldoides (bambu comum)

Dendrocalamus gigantes (bambu gigante ou bambu balde)e Dendrocalamus latiflonnus.

Fonte: Costa, 2004

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As espécies nativas de bambus crescem associadas com a floresta no Brasilconforme Quadro 6:

Quadro 6 - Espécies nativas conhecidas

Cambaúba (região Centro e Norte de Minas Gerais)Cana-Brava (região de Minas Gerais, município de Uberaba)Taboca, Cana-Brava-do-Mato, Ubá (região de Pernambuco)Taquara (região de Minas Gerais no Triângulo Mineiro e Goiás)Taquaruçú (região da Amazônia e Mato Grosso do Sul).

Fonte: Costa, 2004

A Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro desenvolve pesquisas

com o bambu em alguns núcleos de trabalho. O engenheiro e professor Khosrow

Ghavammi orienta pesquisas científicas com materiais que possam ser encontrados

em nosso território. Ele procura incorporar os exemplos bem sucedidos de outras

culturas. Soluções encontradas na China para casas populares e para pontes de

bambu utilizadas por mais de 500 anos e ainda castelos persas, são fonte de

inspiração para o núcleo de pesquisa. No Brasil, invenções como a de Santos

Dumont, que construiu 14 aviões em bambu, são consideradas os primórdios da

utilização do material no país.

Hoje já existem estudos feitos no Brasil com painéis para a construção civil usando o

bambu como estrutura (Figura 9), mas a maioria são preenchidos com argamassa de

cimento. Alguns construtores que pesquisam e aplicam o bambu como estrutura nas

construções como Cardoso (2006), usam também aditivos na argamassa para dar

leveza e resistência, como o próprio bambu triturado, raspas de borracha e sisal.

Figura 9 - Armadura de painel de fechamento em bambu.

Fonte: Cardoso, 2006

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Com a criação da Rede Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Bambu

(REDEBAMBU) o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq) apóia projetos de pesquisa e desenvolvimento que buscam a inovação e a

difusão de conhecimento ambiental e de tecnologias de utilização dos bambus nos

setores da construção civil, da indústria de móveis e de outros artefatos. O território

brasileiro abriga grande diversidade de gêneros e de espécies de bambus, muitos

deles não encontrados em nenhuma outra parte, e tem no Acre uma das maiores

florestas contínuas de bambu nativo no mundo. Apenas na costa da Bahia, na região

da Mata Atlântica, foram encontrados 22 gêneros e 62 espécies de bambus. Essa

diversidade está ameaçada de extinção pela ocupação desordenada do espaço, a

expansão da lavoura cacaueira e a retirada ilegal de madeira.

O CNPq aprovou propostas para a REDEBAMBU financiadas com recursos de até

R$ 1,8 milhões. Concorreram pesquisadores, professores e especialistas com

vínculo empregatício com instituições de ensino superior, centros e institutos de

pesquisa e desenvolvimento públicos e privados. Foram criadas dez linhas de

pesquisas, a atitude do governo federal de investir em pesquisa de bambu foi um

grande incentivo para o desenvolvimento do bambu no Brasil. O desafio é mostrar

que o dinheiro investido está sendo bem aplicado e que vale a pena continuar

investindo em pesquisa.

Por outro lado o governo federal investe no Programa de Subsídio à Habitação de

Interesse Social – PSH. São inúmeros os municípios que estão utilizando o recurso

com o objetivo de substituir as casas de taipa e erradicar o barbeiro. Entretanto,

apesar de louvar-se o trabalho das prefeituras que através desse programa

proporciona casa mais digna às suas populações, mostra-se um erro no enfoque da

questão. Eliminar as precárias edificações em pau-a-pique é uma ação fácil e

proporciona enorme visibilidade. Pensa-se que se está atuando corretamente, mas é

uma ação simplória. Ao invés da necessária e eficaz educação sanitária. Não é a

técnica construtiva em taipa de mão (aquela que feita em sua integra proporcionará

abrigo seguro), ou o material terra utilizado na edificação que implicam na infestação

e instalação dos triatomíneos. São as frestas e a alimentação disponíveis,

independentemente do material e técnicas construtivas (ORTIZ, 2009).

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Segundo Tinoco (2007) as taipas de mão e de pilão são técnicas herdadas dos

colonizadores, escravos e imigrantes e ainda são empregadas, nas suas variações,

em diversas regiões brasileiras com as seguintes vantagens:

1. A terra crua regula a umidade ambiental: o barro possui a capacidade de absorver

e perder mais rapidamente a umidade que os demais materiais de construção;

2. A terra armazena calor: como outros materiais densos como as alvenarias de

pedra, o barro armazena o calor durante sua exposição aos raios solares e perde-o

lentamente quando a temperatura externa estiver baixa;

3. As construções com terra crua economizam muita energia e praticamente não

contaminam o ambiente, pois para prepará-las necessita-se de 1 a 2% da energia

despendida com uma construção similar com concreto armado ou tijolos cozidos;

4. O processo é totalmente reciclável: as construções com solo podem ser demolidas

e reaproveitadas múltiplas vezes. Basta fragmentar e voltar ao processo de preparo

da massa de terra.

Ainda segundo Tinoco (2007) a taipa é um material apaixonante. Tem uma nobreza

histórica. As casas e igrejas coloniais brasileiras foram feitas de taipa de pilão, há

ainda hoje na Alemanha casas em taipa construídas no século 13.

A técnica vem sendo conservada pela tradição oral, mantendo seu conhecimento no

meio rural, com perdas de suas características, qualidades e possibilidades futuras.

O preconceito alimentado pelas políticas de erradicação somado à industrialização

da construção civil determinaram o declínio deste tradicional processo de

construção, que foi definitivamente atingido pela má escolha dos materiais, e no

progressivo abandono e esquecimento das práticas de sua feitura. Com ela morrem

também outras técnicas associadas como a fundição manual.

Embora seja uma técnica que resiste até a terremotos, Segundo Tinoco (2007) a

taipa resiste pelos que nela vivem e não possuem outras escolhas. Se escolha

tivessem, certamente ela já teria desaparecido. Apenas em alguns casos a taipa é

percebida como a escolha ideal. Como os índios e negros de antigamente ela se

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refugia nos grotões, resiste e se preserva no meio da caatinga brava e teimosa

enquanto arquitetura do possível com seus belos detalhes construtivos (Figura 10).

Figura 10 – Aplicação no entramado e enchendo as paredes

Fonte: http://www.ceci-br.org/ceci/br/noticias/299-e-feito-de-taipa-uma-viagem-de-prospeccao-e-sensibilizacao-cultural.html, acessado em: 16/12/2009

Com o desenvolvimento de novos materiais e novas tecnologias construtivas, as

técnicas tradicionais como as de arquitetura de terra crua foram esquecidas. Mas

deve-se ter em mente que além de se investir no futuro, em novas tecnologias, deve-

se resgatar as técnicas tradicionais aproveitando as experiências comprovadas pelo

uso e senso comum da população. Ou seja, é importante resgatar as técnicas

tradicionais usadas empiricamente e melhora-las modernizando-as (Figura 11)

através de novas tecnologias adquiridas com o conhecimento científico (LOPES,

2002).

Hoje já existe alguma evolução na forma de construir com pau-a-pique. As madeiras

deixaram de ser fixadas no solo, pelo fato de apodrecerem rapidamente, suas

amarrações passaram ser feitas com outros materiais como fibra vegetal e arame

galvanizado. Mais recentemente, no Chile tem surgido construções utilizando uma

variação desta técnica, que é chamada de quincha metálica ou tecnobarro, onde a

madeira da "gaiola" é substituída por malha de ferro, preenchida com barro através

de equipamento apropriado.

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39

Figura 11 – Casa com ampliação em taipa comparada a casario em taipa de pilão, Centro Histórico de

Santana de Parnaíba (SP).

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Taipa, acessado em: 17/12/2009

Algumas iniciativas de construir com sustentabilidade começam a acontecer, uma vila

ecológica foi construída para a comunidade científica da Reserva Florestal Adolpho

Ducke, em Manaus. Nas casas de 43 m², bambus estruturam as paredes, que

posteriormente foram preenchidas com barro. O Projeto CasaEco foi coordenado pelo

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e financiado pela Financiadora de Estudos

e Projetos (FINEP) e pelo Programa de Tecnologia de Habitação. O trabalho ficou

pronto em julho de 2007 e será modelo para mutirões habitacionais (Figura 12).

Figura 12- Casas com estrutura em bambu- Manaus.

Fonte: Revista Arquitetura & Construção - 10/2006, Bambuzal Bahia -Bolet im 024–julho de2007.

Segundo Van Lengen (2004) ao construir paredes de pau a pique ou taipa é

recomendável que as fundações subam 30 cm acima do solo, podendo ser de pedra

ou tijolos e se possível impermeabilizadas, com isso o bambu ou madeira ficam

protegidos da umidade (Figura 13). Também é importante que as juntas das

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40

fundações com as paredes e das paredes com as janelas e com as portas sejam

impermeabilizadas e ajustadas por encaixes para dificultar a passagem da água. As

esquinas e coroamentos devem ser reforçados com bambu.

Figura 13 – Paredes em taipa

Fonte: Van Lengen, 2004

Outro exemplo no Brasil de iniciativas de construções com o bambu e a terra fica

localizado no condomínio AlphaVille Burle Marx, em São Paulo, o Centro de

Educação e Sustentabilidade (CES) tem uma área construída de 288 m2 e foi

construído em 2008 (Figura 14). A iniciativa foi fruto da parceria entre a Fundação

Alphaville, Alphaville e Urbanismo, a prefeitura de Santana do Parnaíba e o Centro

de Referências e Integração em Sustentabilidade (CRIS), que integrou uma equipe

multidisciplinar nas áreas de bioconstrução, manejo de água e energia renovável em

uma recente iniciativa de construção sustentável.

Figura 14 – Centro de Educação e sustentabilidade - CES – Alfaville, São Paulo

Fonte: http://crisfundacaoalphavilleces.blogspot.com/ acessado em 12/12/2009

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41

Antes e durante toda a implantação foram oferecidas oficinas sobre técnicas

sustentáveis que contou com o apoio do Global Ecovillage Educators for a

Sustainable Earth (GAIA EDUCATION) para esse trabalho. O GAIA foi criado pelos

profissionais de Findhorn Ecovillage que está ligado à Organização das Nações

Unidas (ONU).

Para realizar esta bioconstrução foi necessária uma avaliação profunda do entorno,

foi estudado muito bem o espaço da construção e opto-se pelos materiais de acordo

com as características climáticas do local. Essa análise possibilitou a escolha de

materiais como o bambu, a terra, pedras e madeiras, além dos vários tipos de

resíduos, como serragem, palha de arroz, lascas de madeira, ou ainda garrafas,

vidros e outros.

Considerar a cultura do lugar e o perfil da mão-de-obra existente é fundamental para

construir algo mais próximo da paisagem e gerar renda.

Na construção do CES foram utilizadas três espécies de bambu: o Bambu Giganteus

(Gigante), cujas peças de 12 m de comprimento dão sustentação para o telhado

inteiro; o Bambu phyllostachys pubescen, utilizado nas triangulações espaciais e os

Bambus phyllostachys áurea chamado de Bambu-Mirim, utilizados em outras

estruturas. A construção com bambu no Centro foi realizada por Roberto Harris

(ZUMM) e sua equipe (Figura15).

Figura 15 – Paredes em bambu sendo executadas no CES

Fonte: http://crisfundacaoalphavilleces.blogspot.com/ acessado em 12/12/2009

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42

Os painéis foram feitos de terra e bambu (Figura 16) pelos arquitetos Fernando

Cesar Negrini Minto membro pesquisador da Rede Ibero-americana Pro-terra, sócio

fundador do ABCterra e pesquisador do grupo de estudos 'Culturas Construtivas',

pelo CNPQ, na FAU - USP e Thomas Alexander Burtscher, arquiteto, com mestrado

em arquitetura sustentável pela Universidade de Genebra.

Figura 16 - Pisando o barro e barreando os painéis

Fonte: http://crisfundacaoalphavilleces.blogspot.com/ acessado em 12/12/2009

A Bioconstrução representa uma quebra de paradigma em relação aos modelos

lineares de construção. Optar por esse novo modelo, mais holístico e sistêmico,

requer uma mudança nos hábitos de consumo e na visão de mundo da sociedade.

Exatamente por integrar homem e natureza é que a bioconstrução significa uma

solução sustentável para implantação de moradias mais saudáveis e de baixo

impacto. (NOGUEIRA, 2009)

Outra prova de novas soluções tecnológicas do bambu no Brasil, encontra-se no

Centro Cultural Max Feffer em Pardinho, interior de São Paulo, inaugurado em

dezembro de 2008. A obra foi projetada pela arquiteta Leiko Motomura que tem um

currículo de obras sustentáveis de alta qualidade.

O Centro Cultural é sede do projeto de eco-desenvolvimento da região: Ecopolo

Rede de Desenvolvimento Sustentável Municipal, administrado pelo instituto

Jatobás. Este centro é considerado o primeiro espaço cultural ambientalmente

sustentável do Brasil (VIERNES, 2009).

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43

Figura 17 – Centro Cultural Max Feffer – Obra da arquiteta Leiko Motomura

Fonte: http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/amima-arquitetura-centro-cultural-28-07-2009.html,acessado em: 28/02/2010

Essas obras (Figura 17) são um marco importante no Brasil porque servem de

referência para a população carente desmistificar o uso do bambu na construção de

suas casas. Pesquisadores de São Paulo estudando sobre os diversos tipos de

fechamentos de casas populares elaboraram quadro comparativo, em que seriam

listadas as alternativas existentes para vedação e comparado com diversas variáveis

de acordo com o tempo de execução, custos e princípios da sustentabilidade, no

assentamento rural Sepé -Tiaraju, no município de Serra Azul em SP onde vivem 77

famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em condições

precárias. Em 2006, essas famílias foram beneficiadas com um recurso federal para

construção de suas casas. Destas famílias, três optaram pelo uso do sistema

estrutural pilar-viga com madeiras roliças. Esse sistema permitiria efetuar a etapa de

vedação posteriormente. No entanto, iniciou-se uma discussão no grupo sobre esse

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tipo de vedação, pois algumas famílias desejavam utilizar materiais alternativos e

outras tinham certa descrença nessas técnicas e preferiam o bloco cerâmico.

A elaboração do Quadro 7 teve a intenção de mostrar às pessoas as diversas

opções ajudando na análise comparativa e na tomada de decisões baseado nas

necessidades de cada família.

Nesse quadro comparativo foram identificadas 12 variáveis, de fácil compreensão

para pessoas de diferentes graus de escolaridade, que representassem a opinião

das famílias do assentamento rural. Essas variáveis foram utilizadas para avaliar seis

tipos de vedação. Com a análise da literatura técnica e científica sobre o tema, as

pesquisas do Grupo Habis, consulta a pesquisadores e profissionais da área de

construção, foram levantados os dados necessários para preencher o quadro

comparativo (INO, 2009).

Quadro 7 – Comparativo de sistemas de vedação para estrutura de pilar viga

Fonte: Ino et all, 2009

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45

Bezerra (2009) fez um estudo sobre a aplicação do barro e da taipa como matérias

alternativas, que prezam por conceitos como qualidade e funcionalidade, de forma

menos onerosa objetivando a redução dos custos das habitações populares e

observando a natureza como recurso. Foi comprovada a possível aplicação do barro

e da borra de plástico triturada em uma estrutura feita de madeira oriunda do

reflorestamento. E como forma de baratear ainda mais a obra foi indicado um tipo de

telha reciclada que permite o isolamento térmico. Este trabalho foi reconhecido em

primeiro lugar pelo prêmio BITEC 2004 paraibano.

6.4 - Trabalhos relacionados com a pesquisa na Bahia e na UFBA

Na Bahia e grande parte do Nordeste o bambu da espécie bambusa vulgaris (bambu

comum) é a espécie mais encontrada. Mas nessa espécie de bambu é preciso usar

algum tipo de tratamento contra os insetos, já que essa é a espécie mais atacada por

ser a que tem mais amido. O objetivo é estudar como este bambu se comporta nas

construções de taipa, já que assim ele estará protegido do ataque dos insetos.

Durante o I Seminário Norte e Nordeste sobre o aproveitamento do bambu realizado

em 2001 em Santo Amaro, com a participação do professor Ghavami, foi identificado

construções em taipa com bambu em casarões com mais de 100 anos (Figura 18),

nas cidade histórica de Cachoeira no interior da Bahia mostrando que essas

construções são viáveis, só dependem da técnica usada.(SENNA, 2008)

Figura 18– Casarões de Cachoeira - Bahia

Fonte:www.defender.org.br, acessado em 28/02/2010

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46

Araújo (2007) estudou a construção com taipa na região de São Sebastião do Passé

na Bahia e pesquisou a ocorrência da taipa com bambu, mas concluiu que não

existe a cultura de construir com o bambu, apesar de a região ter bastante da

gramínea bambusa vulgaris. Na pesquisa ele constatou que somente 4,17% em um

universo de 24 casas já usou o bambu na taipa, 45,83% conhece quem já usou e

29,17% usaria na sua casa.

A pesquisa bibliográfica mostra como é importante o melhoramento e viabilidade da

construção com taipa e o uso do bambu como entramado, para preservação do meio

ambiente. A seguir métodos estudados para melhoria da construção em taipa e

bambu.

7 - METODOLOGIA

7.1 – Metodologia 1

• Entrevista sobre métodos construtivos da taipa em localidades de Mucugê e Boa

Vista do Tupim, cidades do interior da Bahia, onde existem construções com a

técnica da taipa bem como a espécie de bambu bambusa vulgaris. Para análise

será utilizado método quali-quantitativo para avaliação dos dados coletados e

proposta de melhorias na construção da técnica.

• Proposta de modulação para os painéis, com ênfase nos parâmetros de projeto

considerando a modulação e tipificação.

7.1.1 - Entrevista

Serão feitas entrevistas através de questionários para determinação do método

construtivo utilizado pela população alvo (taipa utilizando a técnica de pau a pique ou

taipa de sopapo). As analises desses materiais serão quali-quantitativas. As

informações serão obtidas através de um roteiro de entrevista constando uma lista

de pontos ou tópicos previamente estabelecidos de acordo com a problemática

central e que deve ser seguida.

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47

Componentes da interação: o entrevistador; a situação da entrevista; o instrumento

de captação de dados, ou roteiro de entrevista. Nenhum dos elementos “faz sentido”

separado da totalidade. Cada um está “em relação” a um outro, há a tentativa de

captação do real, sem contaminações indesejáveis nem da parte do pesquisador

nem de fatores externos que possam modificar aquele real original.

Marx e a Freud contribuíram decisivamente para a construção metodológica da

pesquisa qualitativa. Mas foi a partir das publicações de Malinowski, que

permaneceu alguns anos convivendo com nativos da Oceania, observando

participativamente o que lá ocorria, que a história da ciência atribuiu-lhe o

pioneirismo na metodologia científica qualitativa, já que ele procurou descrever

sistematicamente como havia obtido seus dados e como ocorria a experiência de

campo.

O objetivo da entrevista é conhecer as habitações em taipa (pau-a-pique)

construídas no interior da Bahia. Foram escolhidas para aplicação da entrevista

localidades próximas às cidades de Boa Vista do Tupim e Mucugê, executadas com

a utilização do barro e madeira extraída do local, diagnosticando aspectos

construtivos e funcionais, e assim estabelecer recomendações específicas para

construções futuras em taipa de bambu. Mais especificamente foram definidos os

seguintes parâmetros para elaboração do questionário baseadas em Barbosa

(2008):

(a) documentar conhecimento prático sobre a matéria prima (bambu), bem como

sobre as técnicas construtivas utilizadas pela comunidade para aplicação na taipa;

(b) aproximar indivíduos do meio acadêmico com os da comunidade pesquisada

promovendo o envolvimento da comunidade acadêmica com os nichos de

necessidades da população – o contexto social aplicado ao binômio “teoria e

prática”;

A Análise Multicritério tem sido aplicada no auxílio de problemas decisórios de

natureza diversa que envolve pontos de vista diferenciados, e por vezes

contraditórios, que impedem a existência de uma solução “ótima” e obriga a procura

de uma solução de “melhor compromisso”. Apresenta ainda outras vantagens que a

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48

torna um importante instrumento de apoio à decisão, como: permite utilizar vários

critérios sejam qualitativos ou quantitativos e em presença de imprecisão e/ou

incerteza, esses critérios serão utilizados para análise das entrevistas realizadas.

O levantamento será realizado através de questionário, que aborda quatro tópicos

principais: Estrutura; Durabilidade e Custo, conforme Quadro 8. Pretende-se

entrevistar moradores de casas feitas com a técnica de pau-a-pique em localidades

onde exista esse tipo de construção e que tenham o bambu da espécie bambusa

vulgaris disponível. Dessa forma almeja-se colher dados representativos deste

universo, de uma maneira bem distribuída.

Quadro 8 - Modelo do questionário

I – Estrutura

Porque foi escolhido construir com taipa de mão?

Quanto tempo demorou a construção da taipa?

Quantos m2 tem sua casa?

Quantas pessoas ajudaram?

Qual o tipo de madeira usada na taipa da sua casa?

De onde você tirou a madeira?

Já usou o bambu em alguma construção? (cerca, apoio para horta, galpão)

Fez algum tipo de tratamento? Qual?

Usaria o bambu para execução da taipa? Porque?

Conhece alguém que já construiu taipa com bambu?

Como você executa (faz) a fundação quando constrói com taipa?

Como você executa (faz) a estrutura?

Como você executa (faz) o enchimento das paredes?

Como você executa (faz) o reboco?

II – Durabilidade

Quanto tempo de construída tem a sua casa?

Se você fizesse o entramado com bambu em vez de madeira duraria mais? ?menos?

Se você fizesse sua casa com a taipa afastada do chão duraria mais?

III – Custo

Qual o tipo de construção mais barato? a taipa o adobe ou o bloco?

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7.1.2 – Painéis modulados

Essa pesquisa estuda a viabilidade de executar os entramados da taipa em módulos,

facilitando assim a construção das casas quando executadas em maior quantidade,

seja através de iniciativas governamentais como para mutirões, agilizando assim a

construção dos entramados.

Segundo César (2002) para as edificações pequenas pode ser recomendada a

utilização de componentes leves e dimensões adequadas que podem ser

transportados por até dois operários. Esta solução, embora embasada na utilização

da força de trabalho braçal, se associada a um projeto que leva em conta a

simplificação das junções e destas com a estrutura da construção, proporciona

rapidez de montagem e utilização de poucos operários na obra.

Segundo Barth (1997) os fechamentos com painéis pré-moldados representam

grandes possibilidades de composição, permitindo satisfazer as exigências

funcionais e construtivas de uma construção. O autor mostra uma evolução desse

tipo de painéis quanto a soluções construtivas e produção com graus de

industrialização mais elevados e com componentes que incorporam distintos

materiais com objetivo de satisfazer as exigências de projeto de construção e de

fabricação. O desenvolvimento da indústria da construção tem produzido

componentes e elementos mais leves e com maior facilidade de adequação às

exigências dos projetos e das normas através da incorporação de técnicas de

fabricação. Como conseqüência desse processo os fechamentos pré-fabricados

tendem a criar componentes mais leves que facilitam a montagem e permitem o uso

de distintos materiais. Quando estes fechamentos não apresentam função estrutural

permitem maior liberdade no processo de desenho dos painéis.

Bart, 1997 define os conceitos abaixo, utilizados para proposta de painel a ser

executado:

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• Modulação

Nas primeiras obras com componentes pré-fabricados se demonstrou o interesse de

tipificar os elementos pré-fabricados por meio de medidas padrão. Le Corbusier no

livro L’Espirit Nouveau diagnosticou a necessidade de estabelecer padrões para a

construção de casas em série. Entretanto seu sistema apresentava grande

inconveniente, pois as medidas eram fracionadas.

A Organização Internacional de Normalização (I.S.O.) adotou o módulo básico M=10

cm para os países que utilizam o sistema métrico. A escolha desse valor busca

permitir uma relação entre os espaços modulados do projeto e as dimensões dos

componentes, facilitando o uso das seguintes derivações:

Multimodulos: 2M – 3M – 6M – 12M – 15M – 30M e 60M

Submodulos: 1/2M – 1/5M – 1/10M – 1/20M – 1/50M e 1/100M

Os multimodulos podem variar segundo a direção. Nas dimensões verticais se pode

adotar os multimodulos 2M e 3M para permitir as seguintes derivações:

nM = 2M, 24M – 26M – 28M – 30M

nM = 3M, 24M – 27M – 30M

• A tolerância dimensional

Os componentes pré-fabricados devem apresentar um controle dimensional segundo

o tipo de união e acoplamento. A tolerância dimensional do componente é a

diferença entre as dimensões máximas e mínimas admissíveis. O objetivo é servir de

parâmetro para o controle dimensional dos processos de fabricação e dos erros de

posição e montagem.

• Tipificação

Ao projetar uma fachada com pré-fabricados é necessário a seleção de alguns tipos

de composição que se adaptem as exigências e condições específicas do projeto. A

redução do numero de tipos de um modulo pré-fabricado representa facilidades e

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51

melhorias nos processos de fabricação o que resulta na redução de custos em

função da redução do numero de moldes necessários na escala de produção.

• Parâmetros de projeto

A utilização de estruturas auxiliares para a fixação dos painéis aumenta a

flexibilidade de composição das fachadas podendo facilitar a montagem e simplificar

o sistema de fixação.

Os painéis são classificados quanto a sua geometria: fechados com aberturas para

colocação de esquadrias e abertos para colocação das portas.

Esses painéis devem ser projetados com reforços em seus pontos frágeis e exigem

cuidados no transporte e montagem.

No Brasil estes termos estão definidos na norma técnica - NBR 5731 da Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), 1982 conforme Quadro 9. Nela define-se o

módulo básico igual a 10 cm, conforme especificado pela ISO.

Quadro 9- Termos empregados na coordenação modular segundo a NBR 5731 (1982)

Módulo Unidade básica, “1M” equivalea distância padrão 10 cm.

Multimódulo Múltiplo inteiro do módulo básicoReticulado espacial de referência Reticulado tridimensional formado

por planos ortogonais, configura umamalha espacial com linhas dispostasem distâncias de um módulo (1M),nessa malha serão posicionados oscomponentes de construção.

Medida modular Referente ao tamanho do módulo oumultimódulo, sempre valores inteiros.

Medida modular fracionária Segue a fórmula n M/4.Medida de projeto Determina-se no projeto para

qualquer componente da construção.Zona neutra Zona não modular que separa

reticulados espaciais de referência.

Ajustes modulares Relacionam as medidas de projetocom a medida modular

Fonte : Espíndola, Moraes, 2008

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52

Segundo Espindola; Moraes (2008) a coordenação modular utiliza um reticulado

espacial de referência estabelecido por medidas modulares. Esse reticulado impõe

como conceito principal o módulo, a unidade básica de medida, que permite a

repetição com compatibilização das formas escolhidas. É um instrumento que auxilia

no dimensionamento, posicionamento e conectividade dos materiais e componentes,

tanto no projeto quanto na execução da construção. O sistema modular é um

diferencial na construção pois estabelece precisão e organização, visando

produtividade, racionalização e qualidade da edificação, minimizando os gastos

oriundos de perdas desnecessárias no processo construtivo.

Para o entramado da taipa estudado são propostos módulos de 90 cm de largura,

por 2,40 m de altura. Na largura essa dimensão foi escolhida por atender ao critério

de multimódulos, e por poder ser carregado até por dois operários (CÉSAR, 2002).

Na altura a dimensão foi estabelecida conforme código de obra de Salvador, Lei nº

3.903. O módulo será executado com dois montantes de bambu com diâmetro médio

de 4cm e entramado feito de taliscas de bambu cortado em quatro partes iguais

ficando com largura de 3 cm no sentido longitudinal. Abaixo proposta de módulo

fechado conforme figura 19:

Figura 19 – Proposta de Módulo Fechado para o entramado da taipa

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53

Para a composição do fechamento com os módulos de entramado são propostos 3

tipos de módulos quanto a geometria conforme Quadro 10 e Figura 20:

Quadro 10 – Tipos de módulos de bambu

Módulo fechado de 90 cm x 240cm,

Módulo base de esquadrias de 90cm x 90cm

Módulo topo de esquadrias de 30cm x 70, 80 ou 90cm *

*O painel varia na largura de acordo com o tamanho da porta, 60, 70 ou 80 cm, mais 10 cm (batente)

Figura 20 – Detalhe do módulo base de esquadrias e módulo topo da esquadria

Na Figura 21 tem-se as diversas combinações que poderão ser feitas com os

módulos propostos, sendo que a largura desses módulos poderão variar de acordo

com o projeto, obedecendo-se os critérios de modulação, ou seja múltiplos de 10cm.

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54

Figura 21 – Propostas de combinação de módulos de bambu para o entramado da taipa.

7.1.3 - Análise e métodos – Metodologia 1

Qualitativa – entrevista.

Quantitativa – gráficos, médias, etc.

Pretende-se além da conclusão qualitativa, aplicando método multicritérios como

tabela de pontos negativos e pontos positivos, apresentar os resultados quantitativos

em forma de gráfico estabelecendo pontos para as respostas de cada pergunta do

questionário além de tabela com percentuais das conclusões gerais.

7.2 - Metodologia 2

Executar ensaios de aceleração de tempo com câmara climática de teste tipo

3423/16 (KPK 200) do laboratório de solos da Escola Politécnica, em módulos de

taipa com entramado em bambu bambusa vulgaris em tamanho reduzido. O objetivo

é acelerar as condições de temperatura e umidade simulando a passagem do tempo

para analisar quantitativamente e qualitativamente as amostras em um período

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simulado. A terra será retirada do município de Mucugê e ensaiada no laboratório de

geotecnia da Escola Politécnica para determinação das características geotécnicas

do solo.

7.2.1 – Durabilidade e ensaio de envelhecimento acelerado

Os conceitos mais importantes sobre durabilidade e estudos correlatos foramdefinidos por John (1987) conforme Quadro 11 abaixo:

Quadro 11 – Conceitos de durabilidade e outros

• Durabilidade é a capacidade que um produto possui de manter suas condições de serviço duranteo tempo, para o qual foi projetado e construído. Pode ser avaliada pelo seu tempo de vida em anosou pela sua resistência a agentes que afetem seu desempenho.• Vida útil é o período de tempo que um material, componente construtivo ou edificação, mantémseu desempenho acima dos níveis aceitáveis.• Degradação é o processo no qual um material sofre transformações irreversíveis que implicamperda de qualidade ou valor.• Agentes ou fatores de degradação são ações físicas, químicas, ambientais ou biológicas quecausam degradação do material.• Mecanismos de degradação são as formas como os agentes causam uma seqüência demudanças físicas e/ou químicas que levam a perdas nas propriedades esperadas do material.• Indicadores de degradação são os indicativos utilizados para quantificar os mecanismos dedegradação e são propriedades mensuráveis que expressam a variação do desempenho de umproduto durante seu uso.

Fonte: Jonh (1987)

Estudos de envelhecimento simulado realizado em painéis pré-fabricados usados em

paredes e muros mostram os efeitos do sol e da chuva usando-se câmaras artificiais.

Os ensaios foram conduzidos utilizando-se corpos-de-prova de 300 mm de largura,

400 mm de comprimento e 100 mm de espessura. Foram simulados os efeitos do

umedecimento através de ciclos alternados de molhamento e secagem, consistindo

de exposição, durante três horas, a uma chuva fina, e secagem ao ar, durante uma

hora, a 60 °C, sob luz direta. Os painéis foram submetidos a 100 e 200 ciclos e

posteriormente ensaiados ao cisalhamento (LEE et al. 1990).

Flauzino (1988) mostra as metodologias que vêm sendo utilizadas pelo IPT quanto à

durabilidade dos materiais. Este autor relata que a avaliação da vida útil consiste em

se medir o grau de envelhecimento, ao longo do tempo, de uma característica

relevante do material ou componente, característica esta escolhida de acordo com a

natureza do material e com a função do componente na edificação. O autor relata os

agentes de degradação que afetam a durabilidade dos materiais: agentes

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56

provenientes da atmosfera, do solo, relativos ao uso e decorrentes do projeto. Estas

metodologias abordam as seguintes etapas: identificação das propriedades e dos

agentes agressivos e determinação do comportamento antes e após exposição ao

envelhecimento natural e/ou acelerado.

Matheus (2002) aplicou ensaios de envelhecimento artificial, realizados em

condições de laboratório, para simular condições ambientais adversas através dos

componentes: luz ultravioleta, calor, umidade e oxigênio que, atuando sobre os

materiais, provocam sua degradação. Com esse tipo de avaliação foi feito um melhor

entendimento do comportamento e do desempenho dos materiais ao longo do

tempo, que aferiu entre outras características, a qualidade do material colocado no

mercado. Não existe um consenso quanto ao envelhecimento artificial, pois alguns

opositores a esse tipo de ensaio argumentam que a diversidade de condições

encontradas na natureza e suas interações com o material são as maiores razões

para a complexidade dos processos de envelhecimento. Desta forma, as condições

escolhidas para a realização do teste em laboratório produzirão apenas algumas

condições peculiares. Porém, os testes de envelhecimento artificial, quando

comparados com aqueles encontrados em campo, em situações reais de uso,

poderão produzir boas correlações que auxiliarão na escolha do tipo adequado de

material que deverá ser utilizado na obra. A temperatura, além de ser a responsável

pela ativação da oxidação, é também responsável pela velocidade da ação de

degradação. Os ensaios desenvolvidos para este caso, também chamados de

envelhecimento acelerado, consistem basicamente em se colocar uma amostra

numa estufa com temperatura controlada. A temperatura é aumentada

gradativamente até que ocorra a deterioração da amostra, definida pela alteração na

aparência, peso, dimensão ou outra propriedade característica do material, segundo

a ASTM D1037.

Segundo Valenciano (2004) a bibliografia afirma que é importante a análise da

durabilidade de materiais em geral e, particularmente, em materiais alternativos de

construção, descrevendo vários procedimentos de ensaios de envelhecimento que

indicam o caminho das pesquisas atuais. As análises de durabilidade em materiais

alternativos encontram-se, ainda, em fase inicial, havendo um longo caminho a ser

percorrido. Ao mesmo tempo, é necessário também incorporar aos estudos as

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57

possíveis correlações entre ensaios destrutivos e não destrutivos, com o objetivo de

se conseguir informações úteis para o melhor entendimento e uso dos materiais de

construção.

Neste estudo os módulos de taipa e bambu serão submetidos a análise e

comparação de durabilidade utilizando ensaio de envelhecimento acelerado com

câmara climática de teste tipo 3423/16(KPK 200) do laboratório de solos da Escola

Politécnica (Figura 22).

Figura 22 - Câmara climática de teste tipo 3423/16(KPK 200)

O objetivo é acelerar as condições de temperatura e umidade, simulando a

passagem do tempo para analisar a degradação do bambu dentro da taipa,

observando quantitativamente e qualitativamente as amostras em um período

simulado.

Para execução dos protótipos em escala reduzida será considerada uma amostra

representativa dos módulos propostos na metodologia 1, ou seja, nesta amostra

serão utilizados dois montantes com o mesmo diâmetro dos montantes do painel em

escala real e o mesmo espaçamento médio entre as taliscas de 14x13 cm.

Para esses módulos, denominados doravante de corpos de prova (CP), serão

executados entramados de bambu no tamanho de 43 x 33 cm com diâmetro médio

de 4cm conforme Figura 23.

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Figura 23 – Desenho e entramado de bambu executado em laboratório para preenchimento da taipa.

A terra será retirada do município de Mucugê e ensaiada no laboratório de solos da

Escola Politécnica para determinação do tipo do solo. Os ensaios serão executados

em dois ciclos. No primeiro ciclo os módulos serão submetidos a câmara climatizada

durante o período de 3 meses e 6 dias (96 dias), em condições extremas de

temperatura e umidade para o verão e inverno. Abaixo Quadro 12 com os módulos a

serem ensaiados no primeiro ciclo:

Quadro 12 - Amostras de painéis de taipa e bambu a serem ensaiadas no 1º ciclo

No de

Corpos

de

Prova

Corpo de Prova MÓDULO

03 CP 01A, B e C BAMBU S/ TRATAMENTO – VO*

03 CP 02 A, B e C BAMBU TRATADO – VO1*

03 CP 03 A, B e C MÓDULO DE TERRA – VO2*

03 CP 04 A, B e C BAMBU S/ TRATAMENTO + TERRA

03 CP 05 A, B e C BAMBU TRATADO + TERRA

03 CPO6 A, B e C BAMBU S/ TRATAM.+ TERRA + REBOCO

03 CP 07 A, B e C BAMBU TRATADO + TERRA + REBOCO

V0/01/02 – Vetor zero utilizado como ponto de partida para comparação dos painéis

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59

TRATAMENTO: O tratamento escolhido será segundo Pereira e Beraldo (2007),

deixar o bambu na moita após o corte (sem contato com o solo) para retirada da

seiva durante aproximadamente três dias (até cair as folhas), colocar em imersão

durante quatro a sete semanas na água corrente, furando-se o diafragma e secar na

sombra durante três dias, no final secagem com fogo.

REBOCO: Areia + Cal + Terra no traço: 1:1:15, sugerido por Figueiredo e Casbur

(2006)

Esses módulos serão executados para a avaliação e comparação qualitativa dos

diversos modelos quanto a durabilidade do bambu na taipa em relação à umidade,

ao ataque de brocas e resistência do barro à rachaduras. Serão feitos três modelos

exatamente iguais para cada corpo de prova.

No segundo ciclo serão feitas nova bateria de amostras, os corpos de prova serão

feitos um mês antes de serem colocados na câmara climatizada, para que o barro

seque e retraia, dois dias antes da colocação na câmara serão rebocados. Nos

painéis revestidos serão avaliados a durabilidade do bambu dentro da taipa

comparando com os painéis sem reboco. Todos os módulos utilizarão bambu

retirado do meio do colmo para os montantes com diâmetro médio de 6 cm e da

ponta do colmo para as taliscas. Os bambus sem tratamento ficarão expostos

durante 1 mês em média conforme situação real encontrada no campo. Serão

realizados os seguintes ensaios em amostra de solo retirada no município de

Mucugê.

• Caracterização - Limite de Liquidez - LL – NORMA do Departamento Nacional de

Estradas e Rodagem (DNER) ME 122/94;

• Limite de Plasticidade LP - NORMA DNER ME 82/94;

• Granulometria com sedimentação - NORMA DNER ME 051/94;

• Compactação - NORMA DNER ME 129/94;

• Índice de Suporte Califórnia - ISC com energia do Proctor normal NORMA DNER

ME 049/04;

• Equivalente de areia. NORMA DNER ME 054/97.

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60

Pretende-se realizar também ensaios com a metodologia MCT para caracterização

dos solos quanto às peculiaridades de comportamento dos solos tropicais através

dos ensaios:

• Compactação com equipamento Miniatura - NORMA DNER ME 228/94;

• Solos compactados com equipamento miniatura - mini CBR e expansão -

NORMA DNER ME 254/97;

• Solos compactados com equipamento miniatura - determinação da perda de

massa por imersão - NORMA DNER ME 256/97;

Após esse procedimento a terra será corrigida com adição de areia caso necessário

para execução da taipa. Abaixo Quadro 13 com corpos de prova a serem ensaiados

no segundo ciclo.

Quadro 13 - Amostras de painéis de taipa e bambu a serem ensaiadas no 2º ciclo

No de

Corpos

de

Prova

Corpo de

ProvaMÓDULO

03 CP 08 A, B e C BAMBU S/ TRATAMENTO – VO*

03 CP 09 A, B e C BAMBU TRATADO – VO1*

03 CP 10 A, B e C MÓDULO DE TERRA – VO2*

03 CP 11 A, B e C BAMBU S/ TRATAMENTO + TERRA

03 CP 12 A, B e C BAMBU TRATADO + TERRA

03 CP 13 A, B e C BAMBU S/ TRATAM.+ TERRA + REBOCO

03 CP 14 A, B e C BAMBU TRATADO + TERRA + REBOCO

V0/01/02 – Vetor zero utilizado como ponto de partida para comparação dos painéis

Serão realizados ensaios de compressão paralela às fibras de bambu roliço para

análise da resistência à compressão do bambu antes da colocação na câmara e

depois.

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61

7.2.2 – Análises e métodos – Metodologia 2

Qualitativa – Análise visual. Quantitativa – tabelas, gráficos e ensaios. Para o ensaio

na câmara climatizada serão considerados dois grandes ciclos de temperatura

representados pelo inverno e verão, considerando que na área estudada (Bahia)

estas são as duas estações predominantes. Conforme as Normais Climatológicas

(DEPARTAMENTO....,1992) foi considerada a variação de temperatura e umidade

relativa de Lençóis, no período de 1961 a 1990 (30 anos), estação mais próxima da

cidade de Mucugê, local onde será construído protótipo em escala real (1X1) que

servirá de comparação e análise com os módulos ensaiados.

Quadro 14 – Temperaturas máximas - Estação Lençóis

TEMPERATURA MÁXIMANos Estações por Estado Verão MÉDIA MÁX

OUT NOV DEZ JAN FEV MAR83242 Lençóis 30,1 30,1 30,6 30,6 30,7 30,7 30,5

InvernoABR MAI JUN JUL AGO SET

83242 Lençóis 29,4 28,0 26,5 26,5 27,7 29,3 27,9

Fonte: DEPARTAMENTO...,1992

Quadro 15– Temperaturas mínimas - Estação Lençóis

TEMPERATURA MÍNIMANos Estações por Estado Verão MÉDIA MÍN

OUT NOV DEZ JAN FEV MAR83242 Lençóis 18 18,8 18,9 19,6 19,8 19,9 19,2

InvernoABR MAI JUN JUL AGO SET

83242 Lençóis 19,6 18,3 17,0 16,2 16,5 16,7 17,4

Fonte: DEPARTAMENTO...,1992

Quadro 16 – Umidade relativa máxima e mínima - Estação Lençóis

UMIDADE RELATIVA (%)Nos Estações por Estado Verão MÁX MÍN

OUT NOV DEZ JAN FEV MAR83242 Lençóis 73,6 74,9 76,2 73,6 73,0 77.6 77,6 73,0

InvernoABR MAI JUN JUL AGO SET MÁX MÍN

83242 Lençóis 80,5 81,4 82,0 79,9 76,2 72,8 82,0 72,8

Fonte: DEPARTAMENTO...,1992

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62

Conforme Quadros 14, 15 e 16, em Lençóis no verão, a média da temperatura

máxima considerada é de 30,5 graus e a média da temperatura mínima de 19,2

graus, no inverno a média da temperatura máxima é de 27,9 graus e a média da

temperatura mínima é de 17,4 graus.

Ainda conforme tabela de variação da umidade relativa de Lençóis no período,

temos no verão a umidade relativa máxima de 77,6% e a mínima de 73,0% e no

inverno a umidade relativa máxima de 82,0% e a mínima de 72,8%. Com isso a cada

ciclo de estação teremos 4 combinações de temperatura e umidade. Cada

combinação será feita em 4 dias. Teremos então 16 dias de verão e 16 dias de

inverno, cada ciclo com 4 combinações. Isso corresponde a um total de 32 dias.

Esses ciclos serão repetidos 3 vezes contabilizando um total de 96 dias conforme

Quadros 17 e 18 abaixo:

Quadro 17 - CICLO 1 - Temperatura e umidade a serem ensaiados

CICLO 1 - Total de 32 dias

Quadro 18– Total de ciclos

CICLO 1 32 DIASCICLO 2 32 DIASCICLO 3 32 DIASCICLO TOTAL 96 DIAS

UMIDADE MÁXIMA 77,6% TEMPERATURA MÁXIMA 30,5º4 DIAS

VERÃO UMIDADE MÍNIMA 73,0% TEMPERATURA MÍNIMA 19,2º4 DIAS

16 DIAS UMIDADE MÁXIMA 77,6% TEMPERATURA MÍNIMA 19,2º4 DIAS

UMIDADE MÍNIMA 73,0% TEMPERATURA MÁXIMA 30,5º4 DIAS

UMIDADE MÁXIMA 82% TEMPERATURA MÁXIMA 27,9º4 DIAS

INVERNO UMIDADE MÍNIMA 72,8% TEMPERATURA MÍNIMA 17,4º4 DIAS

16 DIAS UMIDADE MÁXIMA 82,0% TEMPERATURA MÍNIMA 17,4º4 DIAS

UMIDADE MÍNIMA 72,8% TEMPERATURA MÁXIMA 27,9º

4 DIAS

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63

O Ciclo de 96 dias, denominado anteriormente de primeiro ciclo, será repetido com

novos corpos de prova conforme Quadro 13 acima. Considerando que em 3 meses e

2 dias foi adotado uma situação crítica (maior fadiga) pretende-se comparar esses

resultados com módulos construídos em escala real e expostos a condições normais

de temperatura e umidade descrito na metodologia 3 para avaliação e análise dos

resultados.

Para essa analise serão preenchidas tabelas com percepção visual quanto a

rachadura e aderência da terra ao entramado, com o registro de fotos a cada ciclo de

32 dias conforme Quadro 19.

Quadro 19 - Análise da terra quanto à rachadura.

PERÍODO

CORPOSDE PROVA

INÍCIO 32 DIAS 64 DIAS 96 DIAS

FOTO

RACHADURA (pequena/média/grande)CP 03 A

ADERENCIA (nenhuma/pouca/boa)

FOTO

RACHADURA (pequena/média/grande)CP 03 B..(até CP 14C )

ADERENCIA (nenhuma/pouca/boa)

Para análise quanto à resistência a compressão do entramado de bambu serão

retirados dos entramados dos módulos, corpos de prova para ensaio de compressão

paralela as fibras.

Primeiramente serão feitos corpos de prova dos mesmos colmos utilizados para

confecção dos entramados, que não foram submetidos ao ensaio. Estes serão

ensaiados quanto a resistência a compressão, para comparação com os ensaios dos

corpos de prova retirados dos entramados após o ensaio na câmara climatizada.

Os resultados serão apresentados através de tabelas comparativas e gráficos

considerando as variáveis, umidade (mofo), ataque de insetos (broca), antes e

depois da permanência em câmara aceleradora. Abaixo Quadro 20 que será

preenchido após ensaio de compressão.

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Quadro 20 - Análise de resultados de ensaio de compressão.

PATOLOGIA

ENSAIO A COMPRESSAO DECORPO DE PROVA

ATAQUE DEBROCA(mpa)

ATAQUE DEFUNGO(mpa)

ATAQUE DE BROCA+FUNGO(mpa)

S/ATAQUE DEBROCA+ FUNGO(mpa)

CP 0 ( sem ensaio)

CP 01 A - VO

CP 01 B - VO

CP 01 C – V0... (até CP 14 C )

7.3 – Metodologia 3

Levantamento e apropriação dos índices dos serviços que compõem a construção de

painel em taipa de bambu e da alvenaria de bloco no município de Mucugê para

comparação dos coeficientes dos painéis e avaliação quantitativa dos resultados

através de tabelas e gráficos.

7.3.1 - Análise do custo do painel comparando com alvenaria de bloco

Serão elaboradas composições de custos de painéis em taipa e bambu. Esse estudo

contribui para viabilizar instrumento de planejamento na construção de protótipo de

baixo custo e ambientalmente adequado. A pesquisa bibliográfica realizada

demonstrou que os dados necessários à formulação das composições de custos e

consumo das construções com taipa ainda não foram adequadamente

sistematizados e divulgados. A proposta é quantificar coeficientes de consumo de

protótipo construído em condições controladas para medição dos índices

necessários para a obtenção da composição de custo e de consumo de materiais em

Mucugê no estado da Bahia. Os resultados obtidos serão comparados com os

índices de painel em alvenaria convencional construído nas mesmas condições do

painel protótipo e com os índices oficiais de composição desse painel, considerando

os custos de produção de vedações revestidas a partir dos critérios da Tabela de

Composições de Preços para Orçamentos (TCPO) da Produção e Disponibilização

de Informações e Sistemas de apoio para a indústria da construção civil e editora

técnica (PINI) das edificações habitacionais.

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65

7.3.2 - Análise e métodos - Metodologia 3

• Quantitativa Tabelas e Gráficos, Qualitativa – Entrevista.

Serão preenchidos os quadros 21 e 22 com os coeficientes do protótipo a ser

construído.

Quadro 21- Painel de bambu bambusa vulgaris e terra - protótipo (m²)Descrição Und Coeficiente Preço Unitário Preço TotalBambu mBarro m³Arame kgServente h

Total de insumosEncargos de produção (3,42x2,3191) 7,93Total 11,41

Quadro 22- Revestimento do painel com terra cal e areia – protótipo (m²)Descrição Und Coeficiente Preço Unitário Preço TotalBarro m³Cal kgAreia kgServente h

Total de insumosEncargos de produção (1,30x2,3191) 3,02Total 4,38

Serão preenchidos quadros com o mesmo modelo dos quadros abaixo com os

coeficientes de painel em alvenaria de bloco a ser construído com as mesmas

condições do protótipo e depois comparado com os coeficientes dos quadros 23, 24

e 25 de alvenaria de blocos conforme TCPO da PINI. Após o preenchimento dos

quadros serão feitos gráficos comparativos com os resultados dos diversos quadros

e suas respectivas conclusões.

Quadro 23 – Alvenaria de blocos cerâmicos argamassa mista c/cal hid.1:2:8 e=9cm (m²)Descrição Und Coeficiente Preço Unitário Preço TotalAreia lavada m3 0,00985 33,00 0,33Cal hidrat kg 1,4742 0,43 0,63Cimento kg 1,4742 0,35 0,52Bloco (9x19x39cm) un 13,00 0,55 7,15Pedreiro h 0,66 3,18 2,10Servente h 0,74 1,80 1,33

Total de insumos 12,05Encargos de produção 131,91% 7,95Total 20,00

Fonte: TCPO, 2007

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Quadro 24– Chapisco paredes internas e externas com argamassa 1:3 e=5mm(m²)Descrição Und Coeficiente Preço Unitário Preço TotalAreia lavada M³ 0,00608 33,00 0,20Cimento KG 2,43 0,35 0,85Pedreiro H 0,10 3,18 0,32Servente H 0,15 1,80 0,27

Total de insumos 1,64Encargos de produção 131,91% 1,37Total 3,01

Fonte: TCPO, 2007

Quadro 25– Emboço/massa única para parede externa com argamassa (m²)Descrição Und Coeficiente Preço Unitário Preço TotalAreia Lavada m³ 0,0304 33,00 1,00Cal Hidratada kg 6,075 0,43 2,61Cimento kg 6,075 0,35 2,13Pedreiro h 0,82 3,18 2,61Servente h 0,66 1,80 1,19Total de insumos 10,03Encargos de produção 131,91% 8,80Total 18,83

Fonte: TCPO, 2007

7.4 - Forma de coleta dos dados

Ensaios em laboratório, observação, questionário, formulário, entrevistas, gráficos,

pesquisa bibliográfica na Internet em dissertações, teses, monografias e artigos,

levantamento de dados na construção dos protótipos de painéis com a apropriação

dos serviços executados, com levantamento do tempo de execução de cada serviço

e a quantidade de material utilizado.

7.5 - Viagens e contatos a serem mantidos

Seminários sobre construções com bambu – nacionais e internacionais, seminários

nacionais e internacionais sobre construções com terra. Contatos: Prof. Antonio L.

Beraldo, Prof. Marco A.R. Pereira, Prof. Kosrow Ghavammi, Arquiteto Simon Vélez –

Colômbia, Arq. Edoardo Aranha, Francisco Lima – Ibiosfera, Construtor Ricardo –

Casas de taipa, Laboratório de solos – Politécnica, Laboratório de Madeiras –

Politécnica, Ong Bambuzal Bahia – Arq Virgilio Sena, Ong Bambu Bahia -Wolfgang

F.Reiber, Centro de Planejamento e Intercâmbio de Desenvolvimento Sustentável,

Curso sobre construção sustentável - TIBÁ - http://www.tibarose, Curso sobre

construção em bambu – EBIOBAMBU- http://www.ebiobambu.com.br, etc.

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67

7.6 - Orçamento/ Materiais

Quadro 26– Orçamento de materiais a serem utilizados

MATERIAL DE CONSUMO

PAPEL/CARTUCHO/CD/DVD R$ 200,00SERVIÇOS E ENCARGOSFOTOCÓPIAS/TRANSPORTE/ALIMENTAÇÃO R$ 1.000,00

MATERIAL PERMANENTEPEN DRIVE/MANUTENÇÃO NOTEBOOK R$ 300,00MATERIAIS E EQUIPAMENTOS A SEREM UTILIZADOS

MÃO DE OBRA R$ 500,00CIMENTO/AREIA/BRITA/CAL/TELHA R$ 700,00

PARAFUSOS/ARAMES/SERRA COPO/FURADEIRA R$ 150,00EQUIPAMENTOS P/ENSAIOS / LABORATÓRIO R$ 200,00

TOTAL R$ 3.050,00

8 – CRONOGRAMA

Quadro 27– Cronograma 2009

Quadro 28 – Cronograma 2010

ATIVIDADES JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Matérias Obrigatórias (04) X X X X X X X X X X

Pesquisa bibliográfica sobre o tema/

Coleta de dados / Elaboração de

painel

X X X X X X X X X X X X

Projeto de pesquisa X X X X X

Artigos X X X X X X X X X X X X

ATIVIDADES JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Matérias Obrigatórias (02) X X X X X X X X X X

Pesquisa bibliográfica sobre o tema/

Coleta de dados / Elaboração de

painéis

X X X X X X X X X X X X

Defesa de Projeto de pesquisa X X X

Tabulação e análise de dados X X X X X X X X X X X X

Artigos X X X X X X X X X X X X

Elaboração da Dissertação

Seminário /Relatório final

X X X X X X X X X X X X

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REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Rodagem, Brasília, DF.

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