playboy NoVEMbRo 2 01 148

NEURÔNIOS

foto: divulgação

m ú s i c a

Em 1966, com o lançamento do ál-bum Pet Sounds, os californianos do Beach Boys entraram para o seleto grupo que reunia as maiores ban-das de seu tempo ao se tornar au-tores de um dos discos mais boni-tos da história da música popu-lar. A intenção do líder da banda, Brian Wilson, era fazer um álbum mais elaborado do que Rubber Soul, dos Beatles, lançado no ano ante-rior. E conseguiu – se você levar em considera-ção as palavras de Paul McCartney (“Ninguém é educado musicalmente se não ouviu esse Pet

Sounds”) e a constante presença do álbum en-tre os melhores de todos os tempos. Naquele mesmo ano, Brian e seus irmãos, Carl e Dennis Wilson, o primo Mike Live e o guitarrista Al Jardine entraram em estúdio para gravar SMiLE, o aguar-dado sucessor. As expectativas eram tão grandes quanto a quantidade de LSD consumida por Brian Wilson. Juntan-do isso ao agravamento de sua esquizofrenia e aos proble-mas judiciais com a gravadora, o grupo abortou a produ-ção do disco já quase finalizado. Toda a lenda a respeito e o peso de ter de suceder um dos trabalhos mais cultuados da história da música pop tornaram SMiLE conhecido como o mais famoso disco que nunca foi lançado oficialmente. A primeira vez que algo relacionado ao projeto viu a luz do

dia foi em 2004, quando Wilson co-locou no mercado regravações do álbum nunca lançado. Mas só nes-te ano finalmente surgiu The smiLE sessions (Emi, ), que reúne em dois CDs as gravações originais fei-tas entre 1966 e 1967. Uma chance de ouvir, com 45 anos de atraso, o que os Beach Boys estavam prepa-rando para suceder seu trabalho mais celebrado. “Se SMiLE fosse fei-

to hoje, seria completamente diferente, e acho que não seria um álbum muito bom”, disse por telefone à PLAYBOY o próprio Wilson, que passou pelo Brasil em 2004 apresentando ao vivo a ín-tegra do álbum Pet Sounds. Ele, por sinal, é o pre-ferido não só dos fãs, mas também de seu cria-dor. “Pet Sounds é o álbum de que eu mais gos-

to, e o SMiLE tem muita influência dele”, afirma Wilson. “Minha canção preferida do disco é Heroes and Villains’”, diz ele citando sua primeira parceria com o letrista Van Dyke Parks – e uma das muitas canções do projeto que apare-ceram em diferentes versões nos lançamentos posteriores da banda. Desde que SMiLE foi abortado e demônios parti-culares de Wilson tornaram-se públicos ele convive com a fama de louco. Perguntamos a ele: o senhor é gênio ou é louco? “Sou só um cara criativo que gosta de fazer músi-ca.” E nós agradecemos, senhor Wilson. Nathan Fernandes

Para Pais E FiLhos Parece que foi ontem, anteontem, no máximo na semana pas-sada, mas foi em 1996 que Renato Russo morreu, encerrando as atividades de uma das bandas mais cultuadas do rock brasileiro, a legião urbana. agora há uma nova chance de ouvir sua obra completa. a coleção Legião Urbana, lançada pela abril Coleções, traz em or-dem cronológica todos os 15 discos do grupo, entre álbuns de estúdio, coletâneas, discos ao vivo e lançamentos póstumos. até 14 de novembro, as bancas recebem um disco por se-mana; a partir da semana seguinte os lançamentos saem em duplas. um box especial pa-ra guardar a coleção, com um livro exclusivo, já está à venda por 24,90 reais. Jardel sebba

fundadoR dos BeaCh Boys fala soBRe o aguaRdado lançamento de SMiLE

a vida dE BriaN

Brian Wilson na época dos Beach Boys: brigas, esquizofrenia e genialidade

PB438_NEURONIOS_2.indd 48 10/28/11 3:46:10 PM