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A VIDA DE SANTO INÁCIO EM VERSOS * J. Jarbas S. Gurgel I Em mil quatrocentos e noventa e um Não se sabendo o dia e mês que se deu, Podendo ter sido em maio, trinta e um A data em que SANTO INACIO nasceu Na pequena LOYOLA, um lugar comum, Onde uma estrela no céu apareceu! II Diz um dos biógrafos muito acreditado Foi em junho, primeiro, que ocorreu Outros, em dezembro, 24, têm afirmado Foi na véspera de Natal que nasceu Este homem por Deus predestinado Pra mostrar ao mundo o Filho Seu! III Caçula de uma família de 13 irmãos Cujo mais velho ficou com a herança Foi acolhido com carinho pelas mãos De quem tinha do Rei toda confiança, Passou a viver à moda dos cortesãos Embora ainda fosse muito criança! IV Educado no mais alto nível da realeza Com muito esmero e amor fraterno. Foi espadachim do Rei e co’a nobreza Participava dos torneios de inverno, Mas anos depois vivendo na pobreza, 1

A Vida de Santo Inacio Em Versos

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Versos sobre a vida de Santo Inácio

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A VIDA DE SANTO INCIO EM VERSOS*J. Jarbas S. Gurgel

IEm mil quatrocentos e noventa e um

No se sabendo o dia e ms que se deu,Podendo ter sido em maio, trinta e um

A data em que SANTO INACIO nasceuNa pequena LOYOLA, um lugar comum,

Onde uma estrela no cu apareceu!

IIDiz um dos bigrafos muito acreditadoFoi em junho, primeiro, que ocorreuOutros, em dezembro, 24, tm afirmado Foi na vspera de Natal que nasceu Este homem por Deus predestinadoPra mostrar ao mundo o Filho Seu!

IIICaula de uma famlia de 13 irmos

Cujo mais velho ficou com a herana Foi acolhido com carinho pelas mosDe quem tinha do Rei toda confiana,Passou a viver moda dos cortesos

Embora ainda fosse muito criana!

IV

Educado no mais alto nvel da realeza

Com muito esmero e amor fraterno.

Foi espadachim do Rei e coa nobreza

Participava dos torneios de inverno,

Mas anos depois vivendo na pobreza,

Passou este servio para o Rei Eterno!

VVestido de Cavaleiro com a sua japona

Estava sempre pronto pra entrar em ao,Mas em 1521, na batalha de Pamplona, Acertaram em Incio um tiro de canho. Levado para Loiola e de forma desumana Fizeram na perna dele uma feia operao

VI

Meses depois muitas dores ainda sentia

Na casa onde estava em recuperaoPediu para ler romances de cavalaria,

E assim passar seu tempo em distrao.Mas sem dispor de nenhum, s o que havia

Foi bastante para comear sua converso!

VIIVita Christi e Flos Sanctorum foram dadoE ao l-los sentiu vontade de ir a Jerusalm

Ver os lugares por onde Jesus tinha andado,Teve enorme desejo de O imitar, tambm,

Amar e servir aos outros sem ser pesado, Como os santos viveram fazendo o bem!VIIIEm 1522, fevereiro, para Montserrat partiu Vestido de mendigo e ao chegar a hora.

Fez seus votos de castidade e quando saiu

Ps sua espada aos ps de Nossa Senhora.Logo depois para Manresa Incio seguiuPra comear o noviciado sem mais demora!

IXDe maro a dezembro sofrendo provao,Deus ouviu seus aplos e se compadeceAfastando pra bem longe toda desolao.Cheio de misericrdia sua alma fortalece E concede-lhe a graa de fazer como orao

Os Exerccios Espirituais que ele estabelece ! XUm dia quando estava em contemplao,

Fazendo os EE.EE margem do Cardoner

Viu Nossa Senhora bem junto ao seu lado

Mostrando-lhe o rumo que devia percorrer,

Pra cumprir a vontade do seu Filho amado

Que o mundo inteiro so e salvo queria ver!XIFoi para Barcelona cheio de f outra vez Pouco tempo depois desta bendita viso

Aonde chegou em maro, 20, de 1523,E de l caminhou a p at Roma em oraoPara pedir licena ao Papa pois naquele ms

Queria ir a Jerusalm fazendo peregrinao.

XIIEm Roma desembarcou no 29 seguinteE Adriano VI o recebe com toda piedade,

D-lhe sua beno e o passe ao pedinte,Que em abril,13, com toda humildade

Vai pra Veneza em julho 24 e o penitenteAporta em setembro 4, na Santa Cidade!

XIII

Sai em visita aos lugares que lhe afligem:O Cenculo da Ultima Ceia da Pscoa, Depois Igreja da Dormio da Virgem ,

O Sepulcro e as Estaes da Via Sacra,Procura nas coisas conhecer a origem E tudo o que v no seu corao lacra.

XIVMonte das Oliveiras, Betfag, Belm,

Betnia e Cedrom so marcos da histriaComo Josaf, Monte Sio e Silo, tambmJeric e Jordo despertam sua memria, De quem viveu curando e fazendo o bem

Para louvor a Deus e Sua maior glria!

XVEm seu redor a presena de Deus ele via

E desejou jamais sair deste lugar sagradoOnde Jesus sofreu muita dor e agonia

Quando foi por ns injustamente julgado; Queria mostrar a Deus o amor que sentia, Mas Deus mudou o que ele havia planejado.

XVIDa Cidade Santa saiu logo coas mos postasMais pobre e abatido quis pra Veneza voltarOnde em janeiro 15, 1524, chegou s costasDepois de dois meses viajando pelo mar,

Vestido num gibo e com as pernas expostasAo frio e ao calor sem nada pra se agasalhar.

XVIINo incio de fevereiro partiu para Gnova,Onde os franceses o prendem como espio.Tendo sido diferente se houvesse uma provaE no surgisse algum que era um capito,Que depois de o investigar seu passe aprova E o embarca para Barcelona num batelo!

XVIII Ali chegando comeou logo seus estudos

Mesmo com 33 anos e pouca escolaridade

Queria ajudar os homens que fossem surdos,E sentiu que para isto havia necessidade

Pois sobre Jesus Cristo eram tambm mudos E queria dar a eles a sua espiritualidade!

XIXJunto com as crianas fez a escola geralE aprendeu latim para ser conhecedorDos princpios da cincia, tica e moral,Pois sem eles jamais seria bom orientadorPra conduzir o projeto de alcance social E fazer da Igreja um agente transformador!

XXConvidou ento trs amigos para iniciar,Tocando as trombetas de Jesus CristoO plano de Deus que deveriam anunciar.Nas pessoas de Arteaga, Cceres e Calixto, Que tinham em comum desejo de evangelizarSendo sempre por eles muito benquisto!

XXICom seus trs amigos seguiu pra Alcal

Em maro de 1524, cheio de alegria

E na Universidade comearam a estudar

A base do saber humano: Filosofia,

Mas pouco tempo demoraram-se por l

E buscaram outra de melhor categoria!

XXIIForam pra Salamanca, centro tradicional,

Sem levar coisa alguma na sua sacola,

Pra continuar as tarefas da vida espiritual.Mas muito sofreram por viverem de esmola,E devido a idade, Incio foi vtima casual

Da falta de respeito que existia na escola.

XXIIIPara seus colegas em certos momentosDizia o que eram os Exerccios Espirituais.

Mas apenas os mais simples ouviam atentos

Sobre o que ele falava em tons cordiais,

Isto resultou em conseguir novos elementosCrescendo o ciclo de amizade cada vez mais!

XXIVNeste tempo foi preso pelos inquisidores,

Devido o estranho modo de se comportar

Descalo, de saial e com seus seguidores,

Praticava uma maneira diferente de orar,

Contrria ao que faziam os doutrinadores,Devia ser queimado pra ningum o imitar!

XXVDepois de inocentado resolveu ir embora,

Para Paris e Flandres com o fim de estudar

Artes, Teologia e tudo que pudesse agora,

Com seus estudos, novos amigos conquistar.

Foi assim que aproximaram-se dele; Fabro,

Xavier, Cludio, Pedro e outros mais a contar.

XXVIComo leigos, todos fizeram os Exerccios

E anualmente renovavam os seus votos

De fidelidade ao peregrino e seus princpios,

E cada dia tornavam-se mais devotos,

Tanto assim que em junho 24, de 1537,

exceo de um, ordenaram-se sacerdotes.

XXVIIUm ms depois resolveram se dispersar,

Espalhando-se pela Itlia nas suas cidades,

Com o intuito de muitos outros conquistar

E formarem novos grupos itinerantes,

Embora no soubessem bem como atuar

Na execuo deste projeto fascinante!

XXVIIIPensando no que diriam se perguntassem

Sobre a doutrina deles e sem qualquer luz

Oravam pedindo a Deus que os iluminassem

Para que menos pesada fosse a sua Cruz!

Diziam que eles eram, e no duvidassem:

Um grupo de amigos da Companhia de Jesus

XXIXEm novembro, 1538, ao Papa o grupo pede

Para sair pelo mundo inteiro em misso,

E em Roma, no Natal, Deus a Incio concedeA graa de consagrar pela primeira vez o Po!

E em maro de 1539 o grupo de 10 estabelece

Os princpios da nova ordem em fundao!

XXXEm setembro 3, 1539, Paulo III oralmente,

Aprovou a Companhia de Jesus original,

E um ano depois a confirma, oficialmente,Pelo seu mnus apostlico eclesial.Em abril 8, 1540, orando piedosamente,O grupo elege Incio o seu Superior Geral.

XXXI

Sentiu que agora era necessrio delinear

O que seria antes de tudo o Prepsito geral

Da novel Companhia de Jesus pra orientar

Aqueles que davam a ela seu tempo integral.

Incio dizia: ... unida com Deus e familiar

Na orao em todas as aes., eis o ideal!

XXXII

Logo que o Papa aprovou a Companhia

Pediu que se fizessem as Constituies Que Inacio cumpriu fielmente cada dia

Redigindo os textos sobre as instituies,

Normas e diretrizes, que a ela competiria

Para servir a Deus,a maior de suas misses.

XXXIII

A Companhia de Jesus crescia na raa

E em meio dificuldade no merecida

Incio diz que alcanou de Deus a graa,

De sua obra pelo Papa ser reconhecida!

Mas isto no bastava para que se faa, A Palavra de Deus ser bem entendida.

XXXIV

Com muita doura e imensa bondade

Moldava os companheiros com alegria,

Sempre cuidando do que seria de verdade,

O trabalho de cada um na Companhia,

Dizia no ter sobre eles superioridade,

Mas, igual a todos, sem nenhuma regalia.

XXXV

O crescimento da Companhia lhe daria

Disposio mas tambm dissabores,

Como o ingresso de jovens revelia

Da vontade expressa dos seus genitores,

Por isso resolveu que no mais aceitaria,

Quem no tivesse de seus pais os favores.

XXXVI

Tambm sofreu coas intrigas de Veneza

Em relao ao Colgio Jesutico fundado,

Que gratuitamente instrua com justeza,

Crianas, jovens, leigos e ordenados,

Tendo sido retirada toda ajuda da realeza

Que antes o Vice-Rei lhe havia autorizado.

XXXVII

Cheio de dvidas e ameaado de priso

Submeteu todos seus a uma vida austera ,

Para garantir ao Colgio sua sustentao,

Pois at a Igreja retirou a ajuda que lhe dera.

Sentia-se desolado e sem meios de ao,

Mas nunca reclamou desta situao severa!

XXXVIII

Telogos e padres viam nesse abrasamento,

Um sinal do anticristo e de ciso na Igreja

Que at do plpito diziam sem sentimento

Quo perigosa seria para a f e malfazeja

Aos cristos que no seu comprometimento

Seguissem esta ordem, por melhor que seja!

XXXIX

Incio foi acusado de matar a liberdade

Conseguida s custas de Nosso Senhor,

Sentia-se deprimido e orava com piedade

Implorando alcanar o Magis do seu Amor!

Pedia a Nossa Senhora e Santssima Trindade,

A graa de afastarem dele o rolo compressor!

XL

Mesmo assim muito triste nunca desanimou,

Com esperana tocava seu projeto pra frente,

Contando com apoio dos que ele conquistou.

Deu ordens a Xavier seguir para o Oriente,

A Pedro Fabro para Portugal ele mandou

E a Salmeron e Lainez ficarem no continente.

XLI

Em Roma a Casa de Santa Marta ele fundou

Para acolher mulheres de vida desregrada.

A primeira pedra duma Igreja tambm lanou,

Para homenagear Nossa Senhora da Estrada.

Hoje mais conhecida como Templo do Ges,

Que tinha sido antes sua humilde morada!

XLII

Confiante nos seus deixava-os informados

Dos planos da Companhia, mesmo dispersa,

Cujo lema: estejam pra tudo preparados...

Era a ordem de vencerem a fora adversa.

Escrevendo para eles milhares de enviados,

Dava-lhes instrues em paternal conversa.

XLIII

Incio afirmava que tinha uma preocupao

Se a vida da Companhia no fosse constante

O que seria para ele uma grande frustrao,

Mas se fosse a vontade de Deus, por instante

Se recolheria ao seu quarto para meditao,

E em 15 minutos sairia to alegre como antes!

XLIV

Nos ltimos 15 anos vivendo na procela,

Incio ficou em Roma sozinho e angustiado,

Celebrando e orando em sua pequena cela,

Por todos os que no o haviam abandonado

Mas saindo pelo mundo dando sua parcela,

Cumpriam o juramento com ele firmado!

XLV

Muito doente sentia ter chegado a vez,

De deixar para sempre o seu apostolado,

Nesta terra onde realizou com toda altivez,

Tudo o que Jesus Cristo lhe tinha ordenado.

At que em 31 de julho de 1556

Deus o chamou para ficar do seu lado!

XLVI

Tempos depois deste ato to comoventeSurgiu o primeiro milagre a ele atribudo,

O Colgio Jesutico que estava insolvente,Foi pelo Papa Gregrio XIII reconhecido

Centro da doutrina crist de valor excelente

E a Universidade Gregoriana dele surgido!

XLVII

Hoje faz quatrocentos e cinqenta e trs anosQue Incio partiu para no mais voltar,

Deixando com seus amigos inacianos,

O compromisso de sua obra continuar.

Pelos mais de 25 mil jesutas e religioso(a)s

E milhes de leigos dispostos a colaborar.

XLVIII

Com a graa de estarem juntos na ao,

Usando de todos disponveis recursos,

Como editoras, redes de rdio e televiso,

Centros de ensino, seminrios e cursos

Em mais de cem pases com atuao,

Do jeito que falava nos seus discursos

XLIX

Sua espiritualidade vive hoje nos mananciais

De muitas outras ordens e congregaes,

Mediante a prtica dos Exerccios Espirituais

Que tm despertado milhares de vocaes.

Dizem que o livrinho enfadonho at demais,

Superou as letras em nmero de converses!

L

Em Fortaleza jesutas esto h muitos anos,

Nas parquias,colgios e outros lugares,

Mais recentemente surgiram novos planos

Para esta terra dos verdes e bravios mares:

Como o CIES Cristo Rei, que para os inacianos,

uma casa de orao fora dos seus lares !!!

* Baseado no livro de Jos Igncio Tellechea Idigoras: Incio de Loyola A Aventura de Um Cristo, Ed. Loyola, 95 p.,

Trad. de Alda da Anunciao Machado, So Paulo, SP, 2001.

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