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A Vida em Poesia - Irenilson de Jesus Barbosa

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A Vida em Poesia - Irenilson de Jesus Barbosa

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IRENILSON DE JESUS BARBOSA

Uma antologia poética para quem não vive sem poesia.

2015

A Vida em Poesia - Irenilson de Jesus Barbosa

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A Vida em Poesia - Irenilson de Jesus Barbosa

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Título Original: A Vida em Poesia

Copyright©2015 por Irenilson de Jesus Barbosa

Publicado mediante acordo com a PerSe Editora

Todos os direitos reservados ao autor. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito do autor.

E-mail: [email protected]

Barbosa, Irenilson de Jesus.

A vida em poesia. Irenilson de Jesus Barbosa. Salvador: PerSe, 2015.

ISBN

1. Poesia - Vida. 2. Poesia – Amor.

I. Barbosa, Irenilson de J. II. Título

A Vida em Poesia - Irenilson de Jesus Barbosa

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A Deus, Criador da vida e doador de toda a inspiração.

À minha esposa, Luciene e aos meus filhos,

pessoas que dão um sentido especial à minha vida.

Aos meus pais que mesmo sem ter o domínio das letras, souberam amar

a vida em sua mais plena poesia e me ensinaram a nutrir amar por

elas.

Aos meus irmãos e irmãs, sobrinhos e sobrinhas,

incentivadores das minhas primeiras letras e

leitores de meus primeiros e mais imaturos versos.

Aos professores que me ensinaram as primeiras letras,

especialmente a Lourdes, Engrácia e Rosalina,

minhas professoras do Ensino Fundamental.

Aos amigos e amigas, alunas e alunos,

leitores generosos dos versos que eu cometo.

A cada um e a todos, o meu carinho e o meu cheiro de sempre.

A Vida em Poesia - Irenilson de Jesus Barbosa

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SUMÁRIO

Prefácio á vida em Poesia 7

1. Do Educar e do Existir 8

2. Da Sacralidade da Vida e da Graça do Cotidiano 41

3. Do Amor, sua Pimenta e seu Cheiro 68

A Vida em Poesia - Irenilson de Jesus Barbosa

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PREFÁCIO À VIDA EM POESIA

A VIDA EM POESIA é uma ousadia,

È uma picardia de um viver quase insano

È um viver humano em plena arritmia,

È som de nostalgia e é vento a todo pano.

A VIDA EM POESIA é forma de se ler

O que não tem haver e o haver de tudo

È o silêncio mudo e é o grito dentro do ser

É o ter e o não ter sem defesas ou escudos.

A VIDA EM POESIA é o meu encantamento,

È choro e é riso, alento, sensatez, loucura

É doença e é cura, é fé, cor e sentimento,

É tudo, é verso, alento pra essa vida dura.

A VIDA EM POESIA é quase um bom apelido,

De textos meus nutridos de muitos desejos,

Delírios e lampejos, sentidos e não sentidos,

São versos embebidos em muitos ensejos.

A VIDA EM POESIA são os meus encantos

Com a vida, sob um manto que me extasia,

É noite e é dia, é sombra, é sol, é pranto,

É amor e mais um tanto, é vida, é poesia.

Com o meu abraço e meu cheiro,

Irenilson Barbosa.

A Vida em Poesia - Irenilson de Jesus Barbosa

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A Vida em Poesia - Irenilson de Jesus Barbosa

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AH! QUEM ME DERA! Ah! Quem me dera uma aula pobre e rica!? Onde se fica pobre ante a riqueza, Onde se curva a destreza e ali se embica; Em parca e rica sapiência, a singeleza! Ah! Quem me dera um saber que não soubesse! Fio que tecesse o não da fala enquanto escuta; A voz arguta, de um rio que, sem foz, me desce; Um que embevece a alma e adentra a gruta! Ah! Quem me dera um canto em sabiá! Se contrapondo ao um canto em cotovia; Nesse meu dia, algoz de aves a gorjear, Quase um penar ante as minhas velhas utopias. Ah! Quem me dera um saber calouro! Sem o desdouro dos códigos ausentes, Sem os presentes de euro-desaforos, Sem os maus-choros desses rituais dementes! Ah! Quem me dera... 1

1 Poesia produzida durante uma aula onde a monotonia contrastava com a perspectiva crítica da

docente em relação às práticas educativos de outros atores e profissionais da educação, revelando uma pobreza singular de autocrítica.

A Vida em Poesia - Irenilson de Jesus Barbosa

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AMIGO DO CORPO INTEIRO Disseram-me que amigo é coisa pra guardar bem ali junto ao peito.2 Mas, digo com respeito: no corpo inteiro é aceito, generosa amizade reter. Se dos olhos escoa o viver ou da boca sai riso imperfeito Bem ali é preciso e com jeito um dileto amigo se ter. Se a cabeça esquenta e ameaça, sob o peso da luta, fundir, Sob a fronte aflita a franzir, eis que amigo se mostra na certa. Logo se abre um afago na testa, e o cuidado se mostra a luzir, Mesmo antes que possa sentir o frescor que advém dessa fresta. Se os ouvidos sofrerem os rumores de presságios ruins a chegar, Se a narina então inspirar os odores de sangue ou a ruína; Sempre é bom amigo que previna, e seu ombro deixe a esperar, Pois, quando a tempestade chegar, amainará na amizade a sua sina. Se a face mostrar seu rubor e a cabeça queimar como fogo Já nos braços se busque o logro, e as mãos se ajuntem a orar; Logo o colo a desafiar a inquietude do peito, num rogo Põe-se o amigo, de joelho todo, no fervor de sua fé a clamar. Quando falta lugar de ascensão, relembrando a origem materna, Inundados, buscando a cisterna, entre amigos também há paixão. Retornando antiga emoção, torna ao ventre, descendo às pernas, E, contemples com boa lanterna, mesmo ali um amigo não é vão. Penso assim não ser pleno falar que alguém é amigo do peito, Pois amigo é ser com defeito, anistiado por ser companheiro; E se algum amigo discordar, e no peito ficar insatisfeito, Até isso ao amigo é direito, afinal somos do corpo inteiro.

2 Alusivo ao Dia do Amigo, escrito em 20 de julho de 2009.

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APRENDIZAGEM

Aprendizagem, tu és lida dura e cara, Sob a certeza de não ter certezas; Desconstruindo, textos, vozes, onde a alma cala. Apreender gestos, traições e algozes, falhas, Tantos segredos, muitas miudezas. Do que se cala, o olhar incerto, que a vida exala, Em cada sala ecoam suas sutilezas.

Aprendizagem, permita que me fique um pouco... Do quase tudo ou nada que nos fica; Sonhar em sonhos bons e alguns tão loucos Saber-se mudo em tudo, atento à dica. Pesado enfronho em ritos e bramidos roucos, Negando o soco enquanto a força grita.

Aprendizagem, eu desejei te alcançar e tanto! Porque me iludes não me dando nada? Quis conhecer-te, em luta inglória, no entanto E, com tão pouco, ao pranto, à voz marcada;

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A desejar-te, ousada, atento e louco desencanto, Saber-te longe, encolho o manto que me enfada... Em acalanto é meu teu quase nada.

Aprendizagem és linda, pura e cara! Se não me encaras te tenho por louca. Se de mim foges e eu não te sorvo em falas, E se te calas abro a minha boca. É a minha fala parca em ciência e riso? A ela falta graça, formosura ou siso? Dá-me tua sala, um favor me faça; Ó, se me ampares, tanto te preciso!

Aprendizagem, tu não és dos mestres Nem dos doutores a tua bruta força. Tua vantagem não provam os testes; Tua verdade nenhum sofisma torça. Aprendizagem, vi tua esteira... De tuas maneiras, por que não me deste? Ó, me concedas conhecer-te inteira! Com mão ligeira, o teu saber me veste!

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A RARA SALA

Nesta tão rara sala onde desfila augusta a assiduidade,3 Assisto oculto a sua novidade, a desfilar faceira. Ela que vem na esteira, enquanto tece sua opacidade, Na luminosidade que se faz em cada fala inteira.

No topo, o sonho de um passar deixando sons e vultos, Entre os astutos, bons saberes enunciados a cada semana. Da sala rara emana, entre projetos cada vez mais cultos, Um impoluto alvo de um saber que quase nos engana.

Entre as estradas e caminhos por onde todos trafegam E escorregam os pés tão irrequietos dos febris autores; A cada passo, mais clamores, torpes falhas que renegam, E que nos pegam em falso, nesse frágil berço de doutores.

Aonde os rumores caros de nossas histórias vem urdindo, Nos aturdindo em rol de teses que nos levarão embora; Quase sem hora a vida passa e algo já nos vai fugindo, Sempre rugindo aqui a fera, e a quimera a espreitar lá fora.

3 Escrito durante uma aula de Projeto de Tese II, componente obrigatório do Curso de Doutorado em Educação na UFBA, onde o autor realizava sua formação em 2013, os nomes mencionados

em uma das estrofes, indicam as pessoas presentes à aula no dia 22/03/2013.

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Parece agora inovador o antigo verso neste dia absenteísta, Dessa ametista que reluz e sabe que, de vera, nunca vira ouro. O desaforo de meus versos tem floreios quase idealistas E não despista a humanidade, em tese, rica em dissabores.

Como do homem que penetra a via e não se sente um homo, Aviso tomo como alegoria em versos intra de pedagogia ultra Do controverso lado desta gruta, a sorver a vida em gomos Assim nos pomos a gozar da lida, nessa cama em sutra.

Onde hei de ir sem as Aline, Diana, Mônica, Celeste? Passar sem Pedro e sem Rosana, Antônio e Osvaldo? Naiaranize, Andreia, Luíza, Érica, Roberta e Claudete, Chegando a Kléverton e Alessandra em crivos, laudos?

Ah, quem me dera desta rara sala só sorver encantos, E me enrolar no manto denso e sapiente dessa academia! Na fantasia de um ser aprendente, em preces e acalantos. Solto o meu canto e faço uns versos parcos de sabedoria!

Quando me for da rara sala levarei comigo esse meu texto, Sob um pretexto de não ter mordido o chocolate em vão; Já que lá fora já nos nega abrigo um mundo de contextos, Neste intertexto, amigos, eu redijo a vida com emoção!

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AULA Olhando os rostos quase sonolentos4 Mantenho lentos os olhos que desatam, Depois se atam novamente atentos Entre os tormentos , as falas que relatam.

A trajetória é longa, retratando em cores, Os dissabores, mitos, tons da educação. Na aflição de quem se cansa horrores, Sinto os calores em déficit de atenção.

Me vejo atento à hora que, enfim liberto, Ouvirei, quieto, à fala: “...e isso é tudo!” Ponho o escudo até o momento certo; Ainda desperto e só, me ponho mudo.

À minha frente alguém se faz massagem E interage com seu corpo, num alento. Olha o relógio e outro espreita a paisagem Como miragem, eu penso em alimento.

O sono trai-me e faz-me assaz silente, Impondo à mente, um esforçar constante. Acho inclemente o meu pensar urgente, Mas vejo a lente em quase olhar distante!

Talvez nem seja culpa do esmero da docente Fora exigente a noite ou até tenha sido clara Talvez até na fala digressiva após atente, Um inocente e possa ouvir aqui quem cala.

Vejo o arrumar de bolsas e pertences; Alguém pressente que é chegada a hora. Em outrem lá fora, pode ser que já se pense; Quase em non sense, logo vou-me embora...

4 Notas de uma aula enfadonha, coisa não rara para alunos entediados.