A visão de América Latina e Brasil na RUC completo.pdf

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  • Cristvo Cunha Simes da Mota

    A viso de Amrica Latina e Brasil nos

    programas Yerba Mat e Ipiranga da

    Rdio Universidade de Coimbra

    Artigo de Mestrado em Antropologia Social e Cultural

    apresentado ao Departamento de Cincias da Vida, na

    Faculdade de Cincia e Tecnologia, da Universidade de

    Coimbra para obteno de conceito na cadeira de Bens e

    Pessoas na Amrica Latina

    Orientadora: Prof Doutora Vera Manuela Miranda Marques Alves

    Coimbra, 2015

  • Agradecimentos

    Aos amigos e professores de Antropologia da Universidade Federal, em especial ao Professor

    Doutor Antonio Maurcio Dias Costa e ao amigo Hlio Figueiredo da Serra Neto, a Professora

    Doutora Vera Manuela Miranda Marques Alves, aos atuais colegas de turma e professores do

    Mestrado em Antropologia Social e Cultural da Universidade de Coimbra, aos alunos/tabalhadores

    da RUC que forneceram-me todas as informaes solicitadas, em especial ao colega de turma

    Roberto Mortgua pela intermediao nas entrevistas, Camila Borges e ao Joo Pedro Sousa

    Pedrosa Rodrigues que gentilmente aceitaram participar deste trabalho.

  • Resumo

    O objetivo deste trabalho fazer uma breve anlise antropolgica acerca dos programas Yerba Mat

    (msica latina) e Ipiranga (musica brasileira), da Rdio Universidade de Coimbra (107,9 FM)

    atravs das vises de imaginrio, identidade, nacionalidade, coolhunting, fronteira cultural,

    representao institucional, indstria cultural e cultura de massas. A metodologia consiste em

    entrevistas semi-estruturadas com os idealizadores dos programas, interpretadas atravs das teorias

    antropolgicas e demais campos que permitam um melhor entendimento das questes levantadas.

    Palavras-chave: antropologia; fronteira cultural; coolhunting; identidade

    Abstract

    The objective of this work is to briefly anthropological analysis about Yerba Mat programs (Latin

    music) and Ipiranga (Brazilian music), of the Rdio Universidade de Coimbra (107.9 FM) through

    imaginary visions, identity, nationality, coolhunting, border cultural, institutional representation,

    cultural industry and mass culture. The methodology consists of semi-structured interviews with the

    creators of the programs, interpreted through anthropological theories and other fields that allow a

    better understanding of the issues raised.

    Keywords: anthropology; cultural frontier; coolhunting; identity;

  • Na Amrica Latina, a liberdade de expresso consiste no direito ao resmungo

    em algum rdio ou em jornais de escassa circulao.

    Os livros no precisam ser proibidos pela polcia: os preos j os probem.

    Eduardo Galeano, Uruguai.

    Nossos ndios no comem ningum

    Agora s Hambrguer

    Por que ningum nos leva a srio?

    S o nosso minrio

    Mosaico de Ravena , Belm-Par-Brasil. 1992.

    Eu sou da Amrica do Sul

    Eu sei, vocs no vo saber

    Mas agora sou cowboy

    Sou do ouro, eu sou vocs

    Sou do mundo, sou Minas Gerais

    Milton Nascimento. Para Lennon e McCartney

    Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!

    To majestoso, to sem limites, to despropositado,

    ele quer repousar de nossos terrveis carinhos.

    O Brasil no nos quer! Est farto de ns!

    Nosso Brasil no outro mundo. Este no o Brasil.

    Nenhum Brasil existe. E acaso existiro os brasileiros?

    Carlos Drummond de Andrade.

  • Sumrio

    INTRODUO .......................................................................................................................1

    1 ALGUNS DADOS SOBRE AMRICA LATINA E BRASIL .......................................................2

    2 RUC, PROGRAMAS E PESSOAS .................................................................................................3

    3 YERBA MAT ..................................................................................................................................4

    4 IPIRANGA ......................................................................................................................................5

    5 COOLHUNTERS .............................................................................................................................7

    6 ENTRE BRASIL E AMRICA LATINA .......................................................................................9

    7 DESDOBRAMENTOS ..................................................................................................................10

    8 CONCLUSO (?) ..........................................................................................................................12

    REFERNCIAS ................................................................................................................................13

    Anexo A Mapa da Amrica Latina .................................................................................................14

    Anexo B Mapa das Lnguas Latinas ..............................................................................................15

  • 1

    INTRODUO

    O presente artigo pretende desenvolver interpretaes sobre os conceitos de Amrica Latina

    e Brasil apresentados pelos autores dos programas veiculados na RUC (Rdio Universidade de

    Coimbra), especificamente o Yerba Mat (msica latina) e o Ipiranga (msica brasileira), atravs

    das teorias antropolgicas, sociais e quaisquer outras correntes de pensamento que permitam-nos

    passear pela paisagem imaginria dos pases envolvidos.

    A ideia deste trabalho nasce no meu contexto pessoal de cidado portugus, nascido no

    Brasil, instigado pelo olhar de antroplogo e impulsionado pelo ouvido de msico, a procurar pelos

    ambientes que contenham msica e identidade. Talvez seguindo influncia por parte da histria do

    meu av, radio-locutor famoso em sua poca, comecei a ouvir a RUC e me inteirar do ambiente

    musico-cultural da cidade. Em uma visita rdio, fui informado da existncia de tais programas,

    que despertaram sbito e natural interesse.

    No cabe aqui, bom lembrar, a pormenorizao dos conceitos de Amrica Latina, nem

    tampouco de Brasil, de minha parte ou dos envolvidos nas entrevistas, por se tratar de uma tarefa

    herclea e talvez desnecessria no mbito deste exerccio de pesquisa. Dessa forma, a metodologia

    no consiste em, erroneamente, conceituar Amrica Latina ou Brasil e usar as entrevistas como

    calo terico para mera sustentao concetual. Minha metodologia consiste, inversamente, em

    recolher as oralidades fornecidas pelos interlocutores como material principal e interpret-las

    atravs da luz das teorias das cincias sociais.

    Fica aqui a promessa e o esforo acadmico de ter o cuidado em no julgar nas entrevistas

    o certo e o errado, como se, por ser nascido no Brasil e msico, coubesse algum tipo de

    superioridade ou coisa que o valha. Ressalto isso, pois procuro sempre me guiar pelo pensamento

    de Franois Laplantine: O pesquisador compreende a partir desse momento que ele deve deixar

    seu gabinete de trabalho para ir compartilhar a intimidade dos que devem ser considerados no mais

    como informadores a serem questionados, e sim como hspedes que o recebem e mestres que o

    ensinam (In Aprender Antropologia, pag 57).

    Comeo com algumas inquietaes que norteiam o pensamento deste trabalho: o que ser

    que eles entendem por Amrica Latina? O que eles entendem por Brasil? Qual ser a linha divisria

    (uma espcie de fronteira cultural imaginria) trabalhada nos dois programas? O que ser que posso

    aprender com estes olhares de fora sobre Amrica Latina e Brasil?

  • 2

    1 ALGUNS DADOS SOBRE AMRICA LATINA E BRASIL

    A expresso Amrica Latina (ou Latinoamrica) no vista como um conceito oficial por

    alguns rgos, no havendo nenhuma lista oficial de pases latino-americanos, visto que as

    diversas fontes de informao divergem quanto aos pases que fariam parte. Por exemplo, ela no

    consta na base de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica), somente as

    designaes de Amrica do Sul e Central. Em um dos conceitos observados, o termo Amrica

    Latina se refere aos pases da Amrica do Sul, Amrica Central e o Mxico (nico da Amrica do

    Norte), ou seja, todos os pases da Amrica, com exceo de EUA e Canad. Esta definio se

    aproxima com a que utilizada pela Organizao das Naes Unidas, porm, da classificao

    geralmente utilizada por ela, so excludos o Caribe e o Mxico, embora eles possam aparecer em

    outras definies.

    O termo foi criado por um movimento de intelectuais que enxergaram que primordialmente

    eram faladas as lnguas derivadas do latim (o espanhol, o portugus e o francs) pois,

    historicamente, a regio foi dominada principalmente pelos imprios coloniais europeus Espanhol e

    Portugus. Alm destas lnguas europeias, so falados inmeras lnguas dos povos originrios ou

    nativos.

    Na viso de alguns, seriam excees na Amrica Latina os pases sul-americanos da Guiana

    e do Suriname e a nao centro-americana de Belize, que so pases de lnguas germnicas, e/ou

    apresentariam traos culturais muito diferentes.

    De uma forma geral podemos entender que fazem parte da Amrica Latina: Argentina,

    Belize, Bolvia, Brasil, Chile, Colmbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Guatemala,

    Guiana, Guiana Francesa, Honduras, Mxico, Nicargua, Panam, Paraguai, Peru, Porto Rico,

    Repblica Dominicana, Suriname, Uruguai, Venezuela.

    Uma informao que pode sinalizar algum espectro de entendimento: O Brasil o maior

    pas da Amrica Latina.

  • 3

    2 RUC, PROGRAMAS E PESSOAS

    A Rdio Universidade de Coimbra tem seus alicerces construdos a partir da dcada de 40,

    no Centro Experimental de Rdio, que era ento uma das seces da Associao Acadmica de

    Coimbra, que visava a formao tcnicos e locutores. No dia 1 de Maro de 1986 temos a data

    simblica que marca o aniversrio da Rdio Universidade de Coimbra. J em Setembro de 1988,

    chega o alvar que permite a emisso na frequncia dos 107.9 FM durante 24 horas por dia. A RUC

    consolida-se como uma das poucas Escolas de Rdio do pas e tambm o primeiro rgo de

    comunicao social inteiramente composto e gerido por estudantes universitrios.

    Os programas so criados e mantidos por estudantes ou ex-estudantes da Universidade de

    Coimbra que geralmente participam dos cursos peridicos de formao e reciclagem para locutores,

    redactores/locutores e tcnicos. Aps a avaliao por parte dos diretores, cada proposta de

    programas pode ser aprovado para entrar no ar, geralmente em torno de uma hora de durao,

    podendo ser previamente gravados em outros locais e enviados emissora.

    Os autores dos programas no recebem valores pecunirios pelo trabalho na Rdio, sendo

    ento um trabalho voluntrio, de gosto pessoal e, talvez, mais livre dos direcionamentos do mercado

    voltado para o lucro, para audincia e alcance de ouvintes. Aqui um trecho da conversa para

    percebermos bem:

    Cristvo: Tu no tens (tosse) uma preocupao mercadolgica tambm... de ter grande audincia...?

    Camila: No, no... o que eu te digo, a gente trabalha voluntariamente na rdio. Eu fao por

    gosto, a partir do momento que aquilo deixar de fazer algum tipo de bem, ou de me deixar feliz...

    um bocadinho egosta (risos) mas verdade...

    Entendo aqui que esse sistema de construo da programao volta-se tendencialmente para

    uma qualidade da programao, norteada pelo gosto pessoal de quem est a frente do programa e

    ratificado pelos diretores de programao. Aquele conceito de industria cultural bastante

    desenvolvido por Theodor Adorno e Max Horkheimer, fica aqui um pouco deslocado, pois a

    ausncia de preocupao em transformar a cultura musical em mercadoria, torna-se no adequada

    para esta anlise. No h uma corrida ao lucro, no h quem responder por uma possvel baixa

    audincia, no h obrigatoriedade em ser popular.

    Vejo aqui uma vontade bastante conhecida pelos promotores de arte que existe desde a

    antiguidade: a ideia de vanguarda. A busca pelo novo, pelo belo, independentemente de mercado.

    Surgem ento as palavras de Cancline: No momento em que as artes deixaram de chamar-se de

    vanguarda, cederam ao mercado, s galerias, aos editores e publicidade a tarefa de provocar o

    assombro para atrair pblico (Leitores, espectadores e internautas. Pag 14). Mais a frente

    voltaremos a tratar deste assunto, j com alguns conceitos talvez mais adequados esta realidade.

  • 4

    3 YERBA MAT

    O programa Yerba Mat (de msica latina) foi criado em Julho de 2012 e gerido at hoje

    por Joo Pedro Sousa Pedrosa Rodrigues, natural de Coimbra/Portugal, licenciado em Direito, na

    Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (2006), e em 2013 completou um Mestrado de

    Gesto e Programao do Patrimnio Cultural, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

    Deixo aqui um trecho da entrevista para temos uma ideia da relao entre o criador e o programa:

    Cristvo: Qual a vossa relao com a Amrica Latina: j fostes l, ou tens parentes e/ou amigos?

    Pedro: No, nunca cruzei o Atlntico, mas sempre tive uma natural curiosidade pela cultura sul-

    americana. No uma ligao to estreita como a que sempre tive com a cultura britnica ou

    francesa, mas ainda assim presente durante a adolescncia num conjunto de referncias,

    essencialmente brasileiras, no domnio da msica, como o Chico Buarque ou o Caetano, e

    literrias, como o Drummond de Andrade ou o Machado de Assis.

    Anteriormente ao programa j tinha alguns amigos brasileiros em S. Paulo, que fui conhecendo

    durante os tempos da faculdade. Desde que tenho o Yerba fui contactando e me correspondendo

    com alguns msicos que vou passando, brasileiros e argentinos, essencialmente.

    Uma das minhas primeiras reflexes era saber os critrios de seleo para o programa, se

    existia alguma tendncia para algum estilo musical tido como latino, ou algo do gnero. A anlise

    destes critrios poderia ser til para traar alguma aproximao da viso dele de Amrica Latina.

    Neste trecho da entrevista podemos perceber melhor:

    Cristvo: Com relao lngua: Utilizas o critrio da lngua espanhola, uma msica em ingls ou

    em outra lngua podem entrar na programao?

    Pedro: No, desde o incio logo decidi ser algo ortodoxo nesse aspecto, pelo que apenas passo

    msica cantada em portugus ou espanhol. De resto, partindo dessa ortodoxia, acabo por ceder na

    geografia, dado que, por vezes, contemplo tambm projectos oriundos de Espanha, dada a ligao

    que existe entre a cena independente espanhola e aquela de pases como o Chile e Argentina.

    Assim temos que um dos critrios utilizados a lngua, como veculo cultural, sendo a

    portuguesa ou espanhola. Talvez o reforo da temtica de Amrica Latina, utilizando outra lngua

    poderia afetar na difuso da esttica principal do programa. Tambm percebemos aqui uma abertura

    interessante de conceito pelo vis geogrfico, mas tambm scio-cultural, incluindo projetos

    oriundos do continente europeu, a saber da Espanha, onde esta ligao com o pas colonizador foi

    promovida atravs de movimentos feitos por polticos e intelectuais para aproximao de Argentina

    e Espanha, sob variadas intenes, melhor detalhado no captulo Intelectuais, hispanismo e a

    Reformulao da identidade nacional na Argentina, por Jos Lus Bendicho Beired.

    A ligao na lngua de origem que remonta ao Latim, na histria de colonizao, nos traos

    tnicos musicais que carregados para alm mar, tudo acaba por fazer sentido na viso particular do

    programa. Sobre estes traos culturais tidos como latinos, fui em busca de algo que unisse ou

    dividisse os pases, dado que na entrevista foi-me contribudo da seguinte forma:

  • 5

    Cristvo: Tu enxergas algum trao cultural caracterstico geral na musica latina?

    Pedro: Creio que a msica latina actual ainda tem uma forte ligao a expresses e sonoridades

    tradicionais, assim como uma capacidade de no s revisitar essas razes, mas tambm de as trazer

    para formatos actuais num processo de regenerao, algo que era um pressuposto do tropicalismo

    brasileiro, de resto.

    Interessante esta viso do Pedro quando aproxima o que eu entendo como folclore ao

    chamado modernismo, ou a ideia de antropofagia defendida no tropicalismo, que era a absoro da

    cultura de fora, reelaborao e um botar para fora j no formato brasileiro. Quando nos deparamos

    com os conceitos de identidade nacional ou regional, recorrente passearmos pelo entendimento de

    razes, como uma espcie de padro no qual predominante a ideia de os rurais serem mais

    prximos de uma natureza supostamente purificadora, presos a instintos e sentimentos intactos e

    que encontramos a verdadeira essncia da ptria (adaptado de Alves, Vera. In A poesia do simples.

    Etnogrfica. 2007. pag 8).

    Antes de entrar no prximo captulo, vamos tratar brevemente sobre uma certa fronteira

    cultural possivelmente existente na mente das pessoas acerca de Amrica Latina e Brasil, atentando

    ao trecho:

    Cristvo: A msica brasileira considerada latina para si? Como tu vs a existncia de um

    programa de msica brasileira (Ipiranga)?

    Pedro: Creio que a maioria dos portugueses, pelas afinidades culturais e histricas que existem

    com o Brasil, referenciam o termo "msica latina" msica hispnica oriunda da Amrica do Sul,

    deixando de fora a msica brasileira qual se referem de um modo directo e autnomo.

    4 IPIRANGA

    O programa Ipiranga (de msica brasileira) surgiu segundo Camila Borges (portuguesa,

    estudante de antropologia, 24 anos) da seguinte forma:

    ... o programa Ipiranga vai j quase um ano e meio de existncia. Foi criado para a anterior

    grelha de vero... inverno da Rdio Universidade de Coimbra, foi criado por mim e por Joo Gaspar,

    ns somos namorados e n'uma conversa assim num caf... ns gostamos muito de msica brasileira,

    ento olhamos um pro outro e dissemos: porque no fazer um programa de musica brasileira, no ?

    Ento foi assim que surgiu a ideia.

    Perguntei qual a motivao para a criao de um programa de msica brasileira, que me

    informou assim:

  • 6

    ... gostar da msica brasileira porque inevitavelmente os bens culturais que ns

    consumimos do Brasil que so muito importados aqui para Portugal... um gnero musical: meter

    tudo num mesmo saco e, falando mais especificamente, MPB, no ? E... uma coisa que em

    Portugal ns sempre consumimos e de certa forma isso foi a maior motivao, algo que j fazia

    parte do nosso imaginrio...

    Partindo desta ideia sobre a difuso da MPB (Msica Popular Brasileira) como um conceito

    fechado, mas que ao mesmo tempo parece abranger vrios estilos/vertentes/gneros musicais, eu

    percebi na entrevista que os gneros no condicionam, nem excluem, o entendimento de msica

    brasileira, podendo este passear por vrios gneros, mesmo obedecendo alguns critrios de seleo:

    Camila: Agora o nico critrio que eu tenho ... na verdade so dois: o programa Ipiranga no

    tem gnero musical, a nica condicionante que seja produzido no Brasil ou por membros

    brasileiros... quer dizer, tem que ter alguma relao com o pas. Pode ser desde rock, pop, funk,

    forr... e a segunda condio eu gostar da msica que passo...

    Temos ento aqui um conceito bastante amplo que passa pela seleo da produo musical

    feita dentro do Brasil, ou fora mas por brasileiros, ou at que de alguma forma contribuam no

    imaginrio do que seja o pas, mesmo que em outras lnguas:

    Camila: ... quer dizer, aquela msica tem que ter dado uma forma de relao com o Brasil, mas

    pode ser cantada em ingls, pode ser... j passei verses de artistas brasileiros de msicas

    estrangeiras mais conhecidas, mas acho que h espao para tudo isso...

    Aqui o conceito de lngua no to ortodoxo quanto no Yerba Mat: podem entrar na

    programao qualquer lngua para alm do portugus, portanto que tenha relao com a msica

    brasileira. Aqui temos um trao estilstico utilizado por cada programa, demonstrando uma

    liberdade de criao, longe das amarras do mercado ou direo da rdio.

    Passadas as ideias de lngua e gneros, surge uma outra questo que me cutucava: saber se e

    como o Ipiranga enxergava e entendia as diferenas regionais de um pas de extenso continental

    como Brasil e com uma grande variao cultural, devido s diferentes formaes de colonizao e

    ocupao, por diferentes povos. Geralmente essas diferenas regionais seriam melhor percebidas,

    por pessoas que vivem no territrio ou que j passaram por ele. A curiosidade etnogrfica me fez

    colocar a questo na entrevista:

    Cristvo: Tu enxergas... assim... uma diferenciao regional no Brasil? Por regio assim, o que

    toca mais numa regio e o que toca mais n'outra....?

    Camila: Assim (risos) consigo perceber movimentos, no ? Quer dizer a gente ouve forr,

    embolada, percebe que aquilo Nordeste, n? H coisas do Sul que vo confluindo que se tocam

    tambm.

    Esse entendimento das diferenas regionais, uma assimilao de artistas oriundos de partes

    diferentes do pas, que acabam por apresentar traos caractersticos percebidos pelos pesquisadores

    da rdio acaba por demonstrar como os meios de comunicao, sobretudo a Internet e a televiso

    podem ter uma capacidade de mostrar o mundo com qualidade de imagem, som e informao cada

    vez maiores, praticamente reconstruindo em detalhes um territrio inteiro mesmo o telespectador ou

  • 7

    internauta estar to distante.

    Vale ressaltar que apesar de todo um conhecimento demonstrado acerca do Brasil e da

    msica brasileira, o programa no tem o mote principal ou obrigao de construir atravs do

    programa quaisquer um dos vrios Brasis, dentro do Brasil imaginrio:

    Camila: ...tambm importante dizer que o Ipiranga no tem pretenses nenhuma de refletir o

    que o Brasil em nvel musical, isso importante. Eu no vou com nenhuma convico de que

    estou a ensinar as pessoas porque nunca estive no Brasil. Eu j imaginei, se calhar, se chegasse ao

    Rio de Janeiro ficaria dececionada porque eu tenho um Brasil na minha cabea que se calhar j

    no existe, o Brasil que pode existir ou que pode ser uma coisa muito limitada um espao ou um

    grupo de pessoas... e tambm no sei qual a verdadeira realidade do Brasil, eu consumo, o que

    eu te dizia, a distncia a msica que produzida l.

    5 COOLHUNTERS

    Ao longo desta pesquisa percebi que os autores dos programas geralmente so pessoas que

    gostam de ir caa das novidades, atravs de pesquisa na Internet, comprando discos importados ou

    trilhas sonoras das telenovelas produzidas no Brasil, tanto para um prazer prprio quanto para

    apresentar ao seu pblico, saindo das tendncias j conhecidas e muito difundidas. Para esta anlise,

    pego emprestado um termo de um texto da rea da Comunicao Social/Publicidade e marketing,

    chamado Os Caadores do Cool, de Isleide Fontenelle. Neste trecho da conversa com a Camila

    fica bem ilustrado este comportamento de caa:

    Cristvo: Certo... Como tu entra em contacto com essas msicas? Rdio, internet....?

    Camila: Sim... assim... muitas... era como eu te dizia... os nomes mais conhecidos eram os que j

    faziam parte de uma cultura musical que foi fazendo crescer ao longo do tempo. Outras pesquisa

    e a pesquisa tanto pode ser como pega em um CD aleatoriamente de msica brasileira e comear a

    escutar para ver se h alguma coisa ali de interessante. Agora a maioria das situaes atravs da

    internet que a gente vai vasculhando mesmo os artistas que conhecemos mais a sua parte, a sua

    obra mais desconhecida, e at porque o Brasil tem uma potencialidade que inacreditvel que

    vocs tem tudo a lei (risos), que vocs no tem uma coisa chamada download legal e tem tudo l.

    Esta palavra de origem inglesa no permite uma traduo literalmente adequada para o

    portugus. O Cool no deve ser entendido simplesmente como legal, pois quando associado

    pesquisa de mercado de tendncias culturais acaba por representar o novo legal, que j foi

    adotado antes por uma minoria. Os artistas e msicas estariam presentes em sites e revistas

    especializadas e voltadas para este pblico, os Coolhunters ou Caadores do Legal (peo desculpa

    se a traduo ficou terrvel).

    O contacto que tive com outras pessoas da RUC, percebi esta tendncia de oporem-se s

    tendncias tradicionais do mercado, especialmente as que visem uma audincia de carcter

    quantitativo. Ento esta caada ao cool visa descobrir quais das milhares de coisas que so

    produzidas e divulgadas (com a velocidade da Internet), constituiro tendncias musicais que

    possam ser transformadas em um maio consumo. Na entrevista com o Pedro podemos perceber um

    pouco mais sobre esta tendncia de pesquisa:

    Cristvo: Quais os critrios que tu mais utilizas para inserir uma msica latina no programa?

    Pedro: A concepo do programa a de explorar as novas tendncias da msica sul-americana,

    pelo que desde o incio optei por privilegiar novos projectos e autores, apenas pontualmente

    regressando a referncias com um longo percurso, e sempre numa perspectiva de contextualizar o

    trabalho de um jovem msico, destacando as suas afinidades e a forma como o primeiro

    influenciou o trabalho do segundo.

  • 8

    Um segundo critrio o de no aprofundar tanto os formatos tradicionais da msica sul-

    americana, nos seus mltiplos gneros (dado que outros espaos dedicam-se a isso), mas sim dar a

    conhecer a componente mais independente e urbana da nova msica que se faz em cidades como S.

    Paulo ou Buenos Aires, e em que medida estes novos projectos incorporam o legado tradicional

    nos formatos contemporneos.

    Temos ento uma aproximao de entendimento que leva-nos a perceber que neste formato

    de rdio e programa, pode ocorrer uma (ultra) passagem do conceito de Industria Cultural (Theodor

    Adorno e Max Horkheimer) e cultura de massas (Edgar Morin) para um mercado cultural voltado

    para nichos de consumo, trazendo um pblico cada vez mais heterogneo, que pode gerar uma

    grande diversidade a ser explorada. Uma preocupao de audincia mais voltada para o qualitativo

    do que com o quantitativo, o que nos transferiria da escravido do mercado para um elitismo

    cultural. Talvez em uma pesquisa futura e mais abrangente sobre a rdio como um todo, pode-se

    trabalhar algum entendimento que perpasse pelo conceito de gosto e distino, contemplados por

    Pierre Bourdieu em A Crtica Social do Julgamento: A Distino e, se tratando de uma rdio

    composta por universitrios, o conceito de intelectual trabalhado por Antonio Gramsci em Os

    Intelectuais e a Organizao da Cultura. Como no o caso deste trabalho, ficam como sugestes

    para trabalhos futuros...

    A pesquisa dos responsveis pelos programas algumas vezes acabam por receber o contedo

    transmitido pelos canais de comunicao, sejam empresariais ou estatais, acabando por entrar em

    contacto direto de uma imagem construda e repassada, obedecendo critrios algumas vezes

    questionveis, como ilustra a fala da nossa interlocutora:

    Camila ... ns tentamos tambm ir um bocadinho para fora daquilo que chega a Portugal, chega

    muita coisa brasileira, mas tambm muita coisa metida num saco muito limitado pelos agentes

    estatais, pois ns tentamos ir atrs de coisas que aqui no chegam, quando descobrimos Emicida,

    quando descobrimos Crioulo, eles ainda no faziam sucesso c em Portugal, nunca aqui tinham

    vindo, e j passvamos, e fomos atrs deles e hoje j so grandes no universo da msica brasileira,

    mas na altura no eram.

    Esta construo imagtica dos produtos culturais nacionais divulgados pelos agentes

    empresariais ou agente estatais pode ser compreendida como um plano que se baseia em iniciativas

    orientadas para o estrangeiro, e em particular nas exposies voltadas para o mercado internacional,

    tambm em uma instncia que se relaciona com a utilizao das referncias populares (ou de raiz

    como mencionado pelo Pedro) na criao de um estilo artstico contemporneo de esttica nacional

    e atravs do qual se tenta imprimir uma nova fisionomia ao pas; e, por fim, uma dimenso que se

    materializa em manifestaes de celebrao da ptria de grande impacte nacional (adaptado de A

    Poesia do Simples, pg. 08).

    Na obra A Identidade Cultural na Ps Modernidade, de Stuart Hall, que trata da formao

    das chamadas identidades nacionais, nos explica que seriam construdas ao longo de um processo

  • 9

    histrico apesar de suas diferenas culturais internas e sendo afetadas ou deslocadas pelo processo

    de globalizao. Essa cultural nacional seria narrada nas literaturas nacionais, baseados em uma

    origem voltada para a tradio, algumas vezes recentes ou at inventadas, para se criar a ideia de

    povo puro. O poder poltico teria o interesse de promover essa homogeneizao para

    representa-los como uma grande famlia nacional. Porm essas naes seriam atravessadas por

    profundas divises e diferenas internas, sendo unificadas apenas atravs do exerccio de diferentes

    formas de poder cultural. A globalizao traria ento no uma substituio da cultura global pela

    local, mas uma nova articulao entre estas, ou at novas culturas globais e novas culturas

    locais.

    6 ENTRE BRASIL E AMRICA LATINA

    At chegar aqui em Portugal eu no enxergava a distncia construda no imaginrio das

    pessoas entre o Brasil e o restante da Amrica Latina. Neste pequeno percorrer etnogrfico esta

    distncia foi ganhando novos contornos, o que pude perceber a constituio dos muros que a

    constituem. Mais uma vez vamos recorrer ao recurso das oralidades para ajudar no entendimento:

    Cristvo: A msica brasileira considerada latina para si? Como tu vs a existncia de um

    programa de msica brasileira (Ipiranga)?

    Pedro: Creio que a maioria dos portugueses, pelas afinidades culturais e histricas que existem

    com o Brasil, referenciam o termo "msica latina" msica hispnica oriunda da Amrica do Sul,

    deixando de fora a msica brasileira qual se referem de um modo directo e autnomo.

    No que diz respeito convivncia entre um programa sobre msica brasileira, como o Ipiranga, e

    um outro como o Yerba Mate que mais abrangente geograficamente, mas talvez mais especfico

    nos gneros abordados, creio ser possvel que ambos coexistam, ou quaisquer outros subordinados

    anlise da msica brasileira porquanto a riqueza e multiplicidade de sub-gneros desta assim o

    torna possvel.

    Na obra Leitores, Espectadores e Internautas, do argentino Nstor Garcia Cancline

    (ressaltando que Pel melhor que Maradona), temos que os gostos dos leitores tendem a agrupar-

    se de acordo com a prpria lngua. Salta aos meus olhos que este fator lingustico um dos

    materiais que constituem esses muros culturais e imaginrios que separam o Brasil do restante da

    Amrica Latina. Apesar de que na web continua havendo brechas, onde os Internautas,

    especialmente em msica e cinema, perfuram este muro com a ferramenta do uso da lngua inglesa.

    A cultura dos que so vizinhos e a dos que esto distantes tornam-se espantosamente

    acessveis tanto nos modos de acesso como na amplitude e heterogeneidade de repertrios aos que

    chegam a setores diversos, ao navegar ou googlear textos e imagens de diferentes pocas.

    Familiarizam-se. Cancline. Idem. Pag 57.

  • 10

    7 DESDOBRAMENTOS

    Ressalto aqui a importncia da etnografia, no recurso das oralidades, tanto no melhor

    entendimento das questes a serem pesquisadas, quanto no levantamento de questes novas dentro

    do mesmo tema e, surpreendentemente, no descobrir de questes inteiramente novas, que escapam,

    fogem, so proposies dos interlocutores. Uma destas questes abordadas trata da utilizao da

    lngua portuguesa na msica feita pelos brasileiros:

    Camila: ...mas falando em nvel de comparao com ns, que falamos a mesma lngua, acho que

    a msica brasileira tem uma capacidade de trabalhar a lngua de uma forma muito mais musical e

    acho que isso que to interessante em na maioria dos vossos registos musicais e acho que por

    isso que to atrativa mesmo para os estrangeiros, no s para os portugueses no ? a musica

    brasileira altamente consumida no mundo inteiro e at stios como Alemanha e no Japo...

    A msica brasileira poderia estar traando ento um componente de distino que ultrapassa

    a questo de gnero caracterstico, chegando ao ponto de ser referenciada pela forma como trabalha

    a lngua portuguesa na msica, ou at a forma de elaborao da harmonia:

    Camila: por exemplo no foge dos gneros que so comuns como hip hop, como heavy metal,

    estas coisas, quando gneros que foram criados no Brasil, o samba, a MPB, o forr, embora sejam

    coisas diferentes tem toda aquela linha comum... bom de ouvir, parece que desliza, parece

    que no h aquela coisa que, no sei vocs trabalham a lngua de uma forma que para mim parece

    extremamente difcil mas que se funde com o instrumental de uma forma absolutamente

    inacreditvel, ali eu acho que esse o trao que eu vejo diferenciador relativamente a ns,

    Esta viso possvel graas a divulgao dos produtos culturais nacionais, onde: A saber, o

    processo de construo da identidade nacional e de afirmao da nao atravs da cultura popular.

    A arena internacional constitui, de facto, um terreno fulcral para a afirmao das nacionalidades (A

    Poesia do Simples pag 3).

    As telenovelas, encaradas por muitos como expresso de alienao ou produto cultural de

    massa, acaba por aproximar o contato cultural e aumenta (ou tambm desvirtua) algum

    entendimento de Brasil:

    Cristvo: Bom... s lembrei de um ponto... tu falou do Brasil que os veculos vendem, n?

    Camila: Hum-hum...

    Cristvo: Tu ests ligada assim com estes sites ou essas propagandas do Brasil, alguma coisa

    assim...?

    Camila: Eu estava a falar mais dos produtos que mais ouvimos em Portugal, massivamente do

    Brasil, no ? Por exemplo, ns aqui somos bombardeados a dcadas por telenovelas, e eu acho

    que esse contacto que temos com esse universo brasileiro vender uma coisa que se calhar no

    corresponde a realidade do pas ou daquelas cidades sequer que elas representam, no ? Ns

    vimos um Brasil nas novelas que tudo muito... toda a gente muito rica, toda gente tem muitos

    recursos, no ?

  • 11

    Fica a sugesto para trabalhos futuros que possam analisar a influncia das telenovelas na

    construo da imagem do Brasil, por antroplogos e os traos culturais destacados nos enredos,

    pesquisadores das reas de Jornalismo ou Comunicao Social (Publicidade) e as estticas,

    psicologia e o comportamento de gnero analisando uma possvel liberdade sexual proferida pelos

    brasileiros, etc.

    Este processo de divulgao pode acabar por unir de facto os trabalhos de indivduos que

    moram em continentes diferentes:

    Cristvo: Para finalizar: H algum ponto importante que no tratamos nesta entrevista e queiras

    destacar?

    Pedro: Creio que ser de destacar a crescente presena de msicos brasileiros da nova gerao em

    Portugal, algo que comeou com a iniciativa d'O Ano do Brasil em Portugal, e tem pontualmente

    sido seguido, com maior airplay nas rdios e insero desses msicos em festivais de Vero e salas

    de msica independente. Algo que evoluiu tambm para a prpria concepo de um projecto

    artstico como transatlntico, como o caso da Banda do Mar, da qual faz parte um msico

    portugus e dois brasileiros, que vieram para Portugal, apesar de terem carreiras de um enorme

    sucesso no Brasil. H uma maior aproximao dessas novas geraes de msicos de ambos os

    lados do Atlntico, parece-me.

    8 CONCLUSO (?)

    Creio que falar de Amrica Latina e Brasil no tenha fim, pois tambm parece no haver fim

    cada interpretao sobre o que ela , assumindo as mais variadas formas, em cada imaginrio, sob a

    interpretao de cada povo ou indivduo que a observa. Atravs desta experincia dialogada

    podemos entender que as concepes disponveis no fornecem uma resposta fechada, pois

    enfatizam generalidades ditas consensuais, comuns e compartilhadas, por vezes negando as

    diferenas sociais e individuais, s vezes chegando a um ponto inaceitvel. Podemos ficar com a

    reflexo de que uma nao pode significar alguma coisa como comunidade, que por coincidncia

    (?), utiliza o mesmo tipo de veculos culturais (lngua, traos fenotpicos, Seleo de Futebol

    Nacional, etc.) para avaliar o mesmo tipo de problemas e de coisas.

  • 12

    Referncias

    Adorno, Theodor e Horkheimer, Max. A dialtica do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar

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    Beired, Jos Luis Bendicho; Boarbosa, Carlos Alberto (Orgs). Poltica e Identidade Cultural na

    Amrica Latina. Editora UNESP. So Paulo : Cultura Acadmica. 2010.

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    Belm nas dcadas de 1940 e 1950. ArtCultura, Uberlndia, v. 14, n. 25, p. 151-172, jul.-dez. 2012

    Fontenelle, Isleide. Os Caadores do Cool. Lua Nova, Ed n 63. 2004

    Gramsci, Antonio. Os Intelectuais e a Organizao da Cultura. Rio de Janeiro, Civilizao

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    Hall, Stuart. A identidade cultural na ps-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva e Guacira

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    Morin, Edgar. Cultura de Massas no Sculo XX (O esprito do tempo). Editora Forense. Rio de

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    Secretaria da Educao - Governo do Estado do Paran. Site: www.geografia.seed.pr.gov.br.

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    http://www.bvmemorial.fapesp.br/http://www.ibge.gov.br/http://www.geografia.seed.pr.gov.br/

  • 13

    Anexo A Mapa da Amrica Latina

    Fonte: Site da Secretaria de Estado de Educao Governo do Estado do Paran. Brasil.

    www.geografia.seed.pr.gov.br

  • 14

    Anexo B - Lnguas Latinas Oficiais