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BOLETIM INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO POPULAR DE MORADORES DO SEIXO N.º Set 96 2011 Os meus reparos Há cerca de meio ano atrás, numa crónica como esta, escrevia dando conta que existiam passadei- ras em vários arruamentos do nosso lugar que mal se viam e que necessitavam de ser novamente pintadas. Passados todos estes meses tudo continua na mesma! Ao enunciar de novo este reparo, pergunto aos responsáveis camarários: o que será necessário para que as passadeiras sejam pintadas? Que haja algum acidente? Espero que não! Só no Bairro do Seixo deveriam existir várias passadeiras e nenhuma se vê. Deixo ainda uma dica: pesquisem no Google maps e aí já consegui- rão apurar alguma coisa, em fotografias já com alguns anos e é só pensar no tempo que já passou e perceber que ainda estão pior. Já foi no início do mês de Setembro inaugurada a nova Escola EB1 do Padrão da Légua. Uma obra importante para o Padrão da Légua, pois a mesma vem substituir a Escola do Monte da Mina, a qual já há bons anos que pedia reforma. Escola pronta e inaugurada, mas muito haverá ainda para fazer nos terrenos em volta da mesma. Da parte da Rua da Pedreira - traseiras da Escola - continuam as obras de ligações de água, pedras grandes e, acima de tudo um grande terreno descampado. Subindo esta rua, deparamo-nos, poucos metros acima, com uma casa abandonada já há longos meses, local propício para ser aproveitado para comportamentos menos aconselháveis. Esta casa já está assim há largos meses ,sem que ninguém faça algo. Aqui volto a questionar os técnicos camarários, que deverão ter em atenção estas situações: será que não vêem? Ou, então, continuamos na mesma: será o Seixo também Matosinhos? A finalizar volto a falar no Fontanário - como não podia deixar de ser. No último jornal referi que a vegetação plantada no interior da Escola do Seixo já estava tão grande que tapava grande parte do fontanário. Alguns dias depois ,reparei que já tinha sido cortada, pensei eu que tinha dado resultado chamar a atenção e que tinham entendido a minha preocupação. Mas não. Fui informado por um morador que ele mesmo, depois de ler o nosso jornal, foi lá e cortou, fazendo o que outros deveriam ter feito. Mais uma vez se vê que temos de ser nós a fazer. Mas deixo aqui mais um repto, na esperança de, desta vez ser “ouvido”: que seja também colocada uma torneira, mesmo que a água continue cortada; pois um fontanário deve ter uma torneira. O Presidente da Direcção

A Voz do Seixo nº96

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Page 1: A Voz do Seixo nº96

BOLETIM INFORMATIVO DA

ASSOCIAÇÃO POPULAR DE MORADORES DO SEIXO

N.º

Set

96

2011

Os meus reparos

Há cerca de meio ano atrás, numa crónica como esta, escrevia dando conta que existiam passadei-ras em vários arruamentos do nosso lugar que mal

se viam e que necessitavam de ser novamente pintadas. Passados todos estes meses tudo continua na mesma! Ao enunciar de novo este reparo, pergunto aos responsáveis camarários: o que será necessário para que as passadeiras sejam pintadas? Que haja algum acidente? Espero que não! Só no Bairro do Seixo deveriam existir várias passadeiras e nenhuma se vê. Deixo ainda uma dica: pesquisem no Google maps e aí já consegui-rão apurar alguma coisa, em fotografias já com alguns anos e é só pensar no tempo que já passou e perceber que ainda estão pior.

Já foi no início do mês de Setembro inaugurada a nova Escola EB1 do Padrão da Légua. Uma obra importante para o Padrão da Légua, pois a mesma vem substituir a Escola do Monte da Mina, a qual já há bons anos que pedia reforma. Escola pronta e inaugurada, mas muito haverá ainda para fazer nos terrenos em volta da mesma. Da parte da Rua da Pedreira - traseiras da Escola - continuam as obras de ligações de água, pedras grandes e, acima de tudo um grande terreno descampado. Subindo esta rua, deparamo-nos, poucos metros acima, com uma casa abandonada já há longos meses, local

propício para ser aproveitado para comportamentos menos aconselháveis. Esta casa já está assim há largos meses ,sem que ninguém faça algo. Aqui

volto a questionar os técnicos camarários, que deverão ter em atenção estas situações: será que não vêem? Ou, então, continuamos na mesma: será o Seixo também Matosinhos?

A finalizar volto a falar no Fontanário - como não podia deixar de ser. No último jornal referi que a vegetação plantada no interior da Escola do Seixo já estava tão grande que tapava grande parte do fontanário. Alguns dias depois ,reparei que já tinha sido cortada, pensei eu que tinha dado resultado chamar a atenção e que tinham entendido a minha preocupação. Mas não. Fui informado por um morador que ele mesmo, depois de ler o nosso jornal, foi lá e cortou, fazendo o que outros deveriam ter feito. Mais uma vez se vê que temos de ser nós a fazer. Mas deixo aqui mais um repto, na esperança de, desta vez ser “ouvido”: que seja também colocada uma torneira, mesmo que a água continue cortada; pois um fontanário deve ter uma torneira. O Presidente da Direcção

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Editorial

É bom ver como as pessoas, actualmente, têm

consciência dos seus direitos. Barafustam quando

os sentem atropelados ou em perigo, manifestam-

se exuberantemente se os julgam desprezados,

reivindicam-nos, até, violentamente - embora,

entre nós, tal não seja uso corrente, vemos vastas

vezes na tv, manifestações de protesto em prol de

algo que os manifestantes pensam que lhes está a

ser indevidamente vedado. Todos pensam que têm

direitos – e essa consciência dos direitos de cada

um é algo gratificante, pois manifesta o conceito

em que cada um se tem, consciente do seu valor e

dignidade humanas.

Longe vão os tempos em que qualquer individuo, só

porque se encontrar atrás de um balcão de um

vulgar serviço publico – fosse ele de saúde,

finanças, correio, etc – se sentia dono e senhor de

toda verdade, escondendo, muitas vezes, a sua

ignorância atrás de uma soberania desdenhosa e

maltratando quem tinha de recorrer aos seus

serviços – esquecendo-se de que ele mesmo,

funcionário se encontrava ali para servir…

Hoje felizmente, na maioria dos serviços públicos

há um clima de gentileza e cordialidade que só

abonam a favor de quem está a trabalhar. O funcio-

nário zeloso é uma mais valia em qualquer serviço

em que se está em contacto com o público , levan-

do mesmo a fidelizar utentes/clientes pela sua com-

petência e simpatia. Quantas vezes não ouvimos

dizer: «vou aos CTT de X, pois os funcionários, lá

são muito simpáticos», ou então «não compro

nada no supermercado Y, os funcionários são todos

antipáticos». Há dias, porém, assisti a uma cena

constrangedora: um cliente insultava, em altos bra-

dos, um jovem funcionário de um estabelecimento,

acusando-o de má educação por, alegadamente,

não lhe ter respondido a uma pergunta que já lhe

fizera duas vezes! O rapaz estava a trabalhar, e

deixava cair sobre si um chovalho de acusações

sem sequer retorquir, de tão atónito que estava. A

sua conhecida boa educação não lhe permitiria,

decerto, dar a resposta adequada…

Segui o meu caminho, procurando não me manifes-

tar, para não deitar ainda mais achas para a foguei-

ra. Apetecia-me dizer ao «senhor» barafustante

que talvez se tivesse em muito alta conta, cioso da

sua importância, dos seus direitos enquanto cliente.

Mas gostaria de lhe lembrar também que a cada

direito corresponde um dever – e que, se ele pen-

sava que o funcionário minimizara a sua importân-

cia enquanto cliente, não o respeitando como ele -

na sua óptica – merecia, também ele, cliente com

mais do dobro da idade do funcionário, o estava a

desrespeitar, agredindo-o verbalmente e publica-

mente, no seu local de trabalho … E dando um mau

exemplo, ainda, quer ao jovem funcionário, quer a

quantos à cena

É bom, é gratificante para quem já viveu outros

tempos – bem diferentes em outras coisas – assistir

à mudança de atitude do povo, ao seu á vontade

em situações outrora impensáveis, à sua tomada de

consciência de a sua importância como ser humano.

Mas também desolador noutra perspectiva, verificar

que essa consciência é, muitas vezes defeituosa,

limitada ao próprio EGO, não a estendendo a todos

os seres humanos tendo consciência dos próprios

direitos, sim – mas esquecendo-se que se «eu»

tenho direitos, também os outros os têm. E que os

«meus» direitos – os direitos de cada um – vão

apenas até aos limites dos direitos de cada um dos

outros que me rodeiam. Nenhum ser humano é

uma ilha. Talvez mais um grão de areia, vivendo

lado a lado com tantos outros grãos que, em

conjunto, formarão o areal. Para que «eu» tenha os

«meus» direitos, é preciso que o mesmo aconteça

com cada um dos outros seres que me rodeiam –

os meus direitos só vão até aos limites dos direitos

dos outros. Porque, onde há direitos há, constante-

mente, deveres. Direitos e deveres são correlativos,

uns existem apenas porque os outros também

existem. Se reivindico uns – os direitos – não posso

esquecer os outros – os deveres.

Maria Elsa Melo

Page 3: A Voz do Seixo nº96

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Como sempre, lá estivemos e estaremos!

É impressionante como o Seixo e o Padrão me

encantam. É cantinho do mais castiço, mais

verdadeiro e mais terra-a-terra da minha cidade. Nas festas ao Senhor Jesus do Padrão da Légua lá

estive, a acompanhar o nosso sempre omnipresente

Presidente António Mendes.

Dos órgãos autárquicos de São Mamede estávamos só

nós, poucos e bons, acompanhados dos membros do

Observatório da Cidade e, perdoem-me a vaidade, da

minha filha Judite, apaixonada que é das coisas desta

cidade em que nasceu!

No primeiro dia arriscámos um pé de dança, eu, com

o meu especial jeitinho devo ter feito ingressar

algumas damas na urgência do Pedro Hispano… não

de paixão mas com traumatismos nos pezinhos.

Pequei… confesso que pequei… com inveja da forma

inigualável como dançam os nossos ciganos… já neste

jornal disse, “eu também sou cigano”!

Valeu-me que à chegada pedi a bênção ao Reveren-

díssimo Pároco e penso que ficou em crédito para os

pecadilhos da noite!

No segundo dia, o folclore buliu comigo… só não saltei

ao palco por receio ao “cabedal” do Hugo e por medo

de levar com o disparo de alguma bota…

Também a careca do Sr. Barroso e o cabelo branco do

Sr. Lopes me puseram em respeito..

No terceiro dia fui à procissão e assisti à missa…

confesso que foi a primeira vez que ouvi o Padre

Joaquim Mário , e vou dizer-vos que me encheu as

medidas… o homem é de as dizer… sem papas na

língua, curtas e certeiras, em linguagem simples e

sem abdicar de uma qualidade vocabular e retórica

invejável.

Sim senhor, fiquei freguês… da freguesia e do Pastor!

Lá estavam o Zé Manuel das Farturas e todos os

vendedores de doçaria a quem agradeço terem

contribuído de forma activa para a minha diabetes.

Talvez o Padre Joaquim Mário perdoe o mal que me

fizeram pelo bem que me souberam… um estômago

confortado peca menos!

Depois foi o paraíso dos mentirosos … a Associação

Popular dos Moradores do Seixo levou a cabo o 23º

Concurso de Pesca Desportiva de Rio.

Na atribuição dos prémios lá estávamos novamente o

Presidente António Mendes, eu, voluntário 44 da

APMS e a minha filha Judite, a quem o Américo acaba

sempre por oferecer o troféu que lhe cabe, por isso,

desta vez, ela ficou em 16º lugar… isto sem sequer

pescar!

O Pedro Ribeiro Presidente-Organizador-Pescador-

Fotógrafo-Premiado, de calções! Umas verdadeiras

pernas de espanhola… Olé !

Mas também ali estavam, ufanos e de peito feito (e

alguns de barriga ainda mais feita) os furiosos do

banho-à-minhoca, a ganharem troféu atrás de troféu.

Mas a questão é que não vimos lá nem uma petinga

ou um jaquinzinho para amostra. Tão grande era a

pescaria que nem de camião se pode transportar !!!

Registei a homenagem ao Zé Paiva que é realmente o

peão-das-nicas imprescindível em qualquer colectivi-

dade. Aguenta Zé, com associados assim, até a bar-

raca abana!

E para maior desvergonha, os reis-da-cana ainda se

gabaram de que, mais interessante que a pesca, foi

uma prova de atletismo com um etíope a correr à

frente e os demais mancos a arrastarem-se atrás

dele. Bom, um saudável convívio regado a vinho do porto e

polvilhado de doçaria.

Amigos… quero lá saber da diabetes… para o ano cá

estarei:

- Para dar de comer ao corpo nas Farturas do

Zé Manuel e da Fátima…

- Para dar de beber à alma com a homilia do

nosso Padre-Cura…

- Para encher os pulmões com o picaresco deste

mais doce rincão da Cidade!

E mai nada! Mai nada nesmo!

Victor Meirinho

Voluntário 44

Page 4: A Voz do Seixo nº96

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23º Concurso de Pesca

No passado dia 18 de Setembro teve lugar mais um

Concurso de Pesca Desportiva de Rio, organizado pela

nossa Associação.

A manhã apresentou-se muito solarenga, mas

também bastante fria, pois ao local do concurso pouco

ou nenhum sol chegava. Complicada foi também a

chegada ao local de alguns pescadores, pois muitos

foram os condicionalismos do trânsito devido á passa-

gem da meia maratona do Porto pelo local do concur-

so - o que levou a que alguns dos concorrentes

tenham mesmo feito alguns (ainda que poucos) quiló-

metros a pé. Como se já não fosse pouco, o peixe

também “fez feriado” e não quis sair. Dos cerca de 40

pescadores que participaram, apenas 10 tiveram o

privilégio de tirar pelo menos um peixe, todos os

outros estiveram literalmente “a dar banho á

minhoca”.

Mesmo assim, a boa disposição esteve sempre lá e

muitos até se esqueceram que estavam a pescar

quando passaram os atletas da maratona, pois

estavam mais atentos à corrida e a incentivar os par-

ticipantes do que atentos á sua cana...

Da parte da tarde teve lugar a entrega dos prémios

aos participantes, onde, mais uma vez, estiveram pre-

sentes os Senhores Presidente e Secretário da Junta

de Freguesia de S. Mamede de Infesta, Sr. António

Mendes e Dr. Vítor Meirinho, bem como um represen-

tante do Jornal de Matosinhos, o jornalista José Maria

Cameira.

Foi também aproveitado este momento para ser

entregue a um dos elementos da Secção de Pesca -

José Paiva - uma lembrança , em reconhecimento

pelo trabalho que ao longo dos anos vem realizando

na Secção.

Terminada a entrega de prémios, o Presidente da

Direcção agradeceu a presença de todos, salientando

que foram poucos os participantes e que o trabalho de

preparação deste concurso merecia mais participan-

tes. Destacou também o investimento feito nos

prémios em disputa , como meio de premiar os parti-

cipantes , e que nem assim foi conseguido o objectivo

de se conseguir mais equipas e pescadores, mas que

aquelas equipas amigas estão sempre presentes. Por

seu lado o Presidente da Junta de Freguesia enalteceu

mais esta edição e o contributo que esta Associação

tem dado em prol da freguesia, salientando que,

embora os pescadores fossem poucos , eram bons -

como tinha dito alguém da assistência. O Secretário

da Junta, para além de felicitar a Associação por mais

um concurso realizado, referiu também que ali se

encontrava como representante do Observatório da

Cidade e que, em próximas edições, estará também o

Observatório disponível para colaborar em tudo o que

for necessário.

Depois da entrega de prémios teve lugar um pequeno

Porto d’Honra entre os presentes, um momento mais

de confraternização e de convívio.

A finalizar. não poderemos deixar de agradecer a

todos quantos nos ajudaram a levar a efeito mais este

Page 5: A Voz do Seixo nº96

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concurso: Câmara Municipal de Matosinhos, Junta de

Freguesia da Cidade de S. Mamede Infesta, Observa-

tório da Cidade, SóPadrão, Churrasqueira Mundo na

Brasa, AC Morais Seguros, Padaria e Confeitaria Flor

do Padrão, Café Contraste, DC Extintores, Neves e

Teixeira, Lda., Casa Carvoeiro, Papelaria e Livraria o

Caderno, Cabeleireiro de Homens Paulo, Cravo Ferrei-

ra e Ribeiro, Lda., Dipolo, Bufete S. Paulo; a todos um

agradecimento especial pelo apoio prestado.

Para a história ficam as classificações:

Classificação por Equipas:

Classificação Individual:

Melhor e Maior Exemplar - Vítor Manuel Lima

Secção de Pesca

Cla. Pescador Equipa Pontos

1º Emílio Frazão Individual 520 Pontos

2º Luís Miguel Castro Café Contraste 500 Pontos

3º Vítor Manuel Lima Individual 500 Pontos

4º Joaquim Fernandes Individual 200 Pontos

5º João Gomes GDR Paranhos 120 Pontos

6º José Paiva APM Seixo B 60 Pontos

7º José Teixeira Jericó 20 Pontos

8º Manuel Barbosa GD Monte Aventino 20 Pontos

9º Álvaro Coelho Amigos da Pesca 20 Pontos

10º Vítor Carvalho APM Seixo B 20 Pontos

Class. Nome da Equipa Pontuação

1º Café Contraste 500 Pontos

2º GDR Paranhos 120 Pontos

3º APM Seixo B 80 Pontos

4º GD Monte Aventino 20 Pontos

5º Jericó 20 Pontos

6º Amigos da Pesca 20 Pontos

7º APM Seixo A 0 Pontos

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Ás voltas com a crise

Há bem pouco tempo recebi um e-mail com uma interessante história sobre a crise , a qual nos mostra

muito bem o que as notícias e a economia podem fazer a uma empresa bem sucedida.

“ Um homem vivia à beira de uma estrada e vendia

cachorros-quentes. Não tinha rádio, não tinha

televisão e nem lia jornais, mas produzia e vendia os

melhores cachorros-quentes da região. Preocupava-

-se com a divulgação do seu negócio e colocava

cartazes pela estrada, oferecia o seu produto em voz

alta e o povo comprava e gostava. As vendas foram

aumentando e, cada vez mais ele comprava o melhor

pão e as melhores salsichas.

Foi necessário também adquirir um fogão maior para

atender a grande quantidade de fregueses.

O negócio prosperava... Os seus cachorros-quentes

eram os melhores! Com o dinheiro que ganhou

conseguiu pagar uma boa escola ao filho. O miúdo

cresceu e foi estudar Economia numa das melhores

Faculdades do país. Finalmente, o filho, já formado,

voltou para casa, notou que o pai continuava com a

vida de sempre, vendendo cachorros-quentes feitos

com os melhores ingredientes e gastando dinheiro

em cartazes, e teve uma séria conversa com o pai:

“Pai, não ouve rádio? Não vê televisão? Não lê os jor-

nais? Há uma grande crise no mundo. A situação do

nosso País é crítica. Há que economizar!”

Depois de ouvir as considerações do filho Doutor, o

pai pensou: “Bem, se o meu filho que estudou

Economia na melhor Faculdade, lê jornais, vê televi-

são e internet, e acha isto, então só pode ter razão!”

Com medo da crise, o pai procurou um fornecedor de

pão mais barato (e, é claro, pior). Começou a

comprar salsichas mais baratas (que eram, também,

piores). Para economizar, deixou de mandar fazer

cartazes para colocar na estrada. Abatido pela notícia

da crise já não oferecia o seu produto em voz alta.

Tomadas essas 'providências', as vendas começaram

a cair e foram caindo, caindo , até chegarem a níveis

insuportáveis.. O negócio de cachorros-quentes do

homem, que antes gerava recursos... faliu.

O pai, triste, disse ao filho: “Estavas certo filho, nós

estamos no meio de uma grande crise.”

E comentou com os amigos, orgulhoso: “Bendita a

hora em que pus o meu filho a estudar economia, ele

é que me avisou da crise…”

O texto original foi publicado em 24 de Fevereiro de

1958 num anúncio da Quaker State Metals Co.

Esta história, sendo real ou não, mostra-nos aquilo muita da realidade que nos vemos hoje em dia.

Todos os dias somos bombardeados com novos des-pedimentos, notícias sobre a crise financeira, sobre

as perdas da bolsa, de reuniões e mais reuniões de políticos e economistas, de propostas e mais propos-

tas para que possamos sair da crise e… tudo continua na mesma ou pior...

Olhando para o exemplo desta história, o vendedor apostava na qualidade do seu produto (cachorros-

quentes), na divulgação do mesmo, e a sua empresa prosperava, até que um economista lhe disse que havia uma crise e que era necessário economizar e

ele assim começou a fazer e a empresa faliu. Tudo isto faz-me lembrar uma outra situação, verídi-

ca, de uma empresa que contratou um economista e a quem o patrão solicitou que fizesse um relatório do

estado da empresa. Dias depois , o economista infor-ma o patrão que para a empresa ser viável teria de

despedir metade dos funcionários e a empresa teria ainda de produzir mais do que aquilo que estava a

produzir. O patrão, que conhecia todos os funcionário pelo nome, que era o primeiro a entrar na empresa e

o último a sair e que sabia o que era trabalhar e que todos produziam o máximo que podiam espantou-se

com tal proposta e questionou o economista como tal seria possível. Depois de uma explicação bem cientí-fica por parte do economista , o patrão decidiu seguir

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o conselho do mesmo e ele foi o primeiro a ser despe-

dido. Estes são 2 exemplos que nos mostram que nem

sempre aqueles que deveriam entender sobre as questões da economia parece que nada sabem. Um país onde impere o receio do dia de amanhã, onde

aqueles que detêm o capital e não o investem porque podem perdê-lo não melhora.

É necessário o investimento, seja ele público ou priva-do. Investimentos que criem postos de trabalho,

porque postos de trabalho dão rendimentos a quem trabalha, logo pagam (ou deverão pagar) impostos…

diz o povo que dinheiro atrai dinheiro, e isso torna-se realidade, pois este ciclo “vicioso” é isso mesmo: um

círculo, tudo gira à volta, e habitualmente quem investe, daí tira rendimento.

Dir-me-á o leitor que tudo isto é muito bonito e muito belo, mas que a realidade é bem diferente: concordo,

não há como negar! Embora ainda seja jovem, lembro-me bem que há anos atrás um empresário preocupava-se com os seus

empregados, em muitos casos eram pessoas que eram vizinhas, até alguns amigos ou simples conheci-

dos. O empresário até poderia pagar salários baixos, mas sabiam, quando era possível, reconhecer o traba-

lho de todos com alguma dádiva. Todos entravam de manhã diziam “Bom Dia”, e não saiam do trabalho

sem dizer um até amanhã. Todos se sentiam em famí-lia, todos remavam para o mesmo lado do barco.

Nos dias de hoje muitos empregados são, e embora o termo que vou utilizar seja muito forte, são autênticos

“mercenários “, pois aquilo que lhes interessa é ape-nas que o dia, a semana e o mês passe bem depressa

para poder receber. Seria pensável há 20 ou 30 anos atrás que a certificação de qualidade era necessária para certificar uma boa empresa? Talvez não. E por-

quê? Porque todos faziam o seu melhor. Era importan-te para todos que o que era feito fosse bem feito.

Muito disso se perdeu com os anos. É necessário produzir cada vez mais, e não interessa como.

Por outro lado, nenhum Estado pode investir ou tentar melhorar a economia quando são cada vez mais aque-

les que o único rendimento que recebem é o das aju-das estatais. Não é fácil para nenhum Governo que vê

o número de desempregados a aumentar e cada vez são necessário mais milhões para lhes pagar o respec-

tivo subsídio de desemprego. Ainda pior quando mui-tos dos que beneficiam dos subsídios estatais conti-

nuam a trabalhar não pagando os respectivos impos-tos desse rendimento. E porque não fazem os descon-

tos que deviam? Porque continuam a beneficiar das prestações sociais, dos benefícios que daí advêm, e assim em vez de apenas um rendimento, têm dois.

Este “chico-espertismo” que cada vez mais aumenta no nosso país, especialmente nas classes mais baixas,

onde nada se teme e tudo por onde se pode fugir aos impostos se foge, vem do exemplo dos grandes

senhores do dinheiro e do poder. O que aconteceu ou irá acontecer aos senhores do BPN que acabaram por

lesar todos os portugueses? O que acontece aos grandes investidores que têm contas chorudas nos

off-shores? Ou aos administradores públicos que con-tinuam a lesar o Estado em concursos públicos, em

parcerias publico-privadas, em adjudicações directas? Simplesmente , não acontece nada! E o Zé povinho

logo pensa: “se eles lesam o Estado em milhões, por-que é que eu não posso fazer o mesmo?” É necessária uma grande mudança, uma mudança

sobretudo de mentalidades. É necessário recuar ao tempo em que todos nos conhecíamos, em que todos

os moradores da mesma rua se cumprimentavam, onde todos se entre-ajudavam e onde todos fazíamos

a nossa parte. Se cada um de nós começar a olhar apenas para o seu

umbigo, se não pensarmos também naquele que está ao nosso lado, não conseguiremos sobreviver a esta

crise. Esta é a crise dos economistas, dos políticos, do desânimo e, sobretudo das más notícias.

Pedro Ribeiro

Page 8: A Voz do Seixo nº96

FICHA TÉNICA

a voz do seixo a voz do seixo

Boletim informativo da Associação Popular de Moradores do Seixo

proprietário e editor proprietário e editor

Associação Popular de Moradores do Seixo

Rua Carlos Oliveira, 222 – Cave

4465-055 SÃO MAMEDE INFESTA E-mail: [email protected]

Telefone e Fax 229521944 Blog: apmseixo.blogs.sapo.pt

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periodicidadeperiodicidade

trimestral

apoioapoio

Junta de Freguesia de S. Mamede Infesta

Recortes da História

Desta vez, e pesquisando os jornais anteriores, foi

escolhido um artigo do Jornal de Janeiro de 1981,

escrito pelo então Presidente da Direcção, Albano

Ribeiro.

Ainda que tenham passado 30 anos, os tempos são

outros mas as dificuldades mantêm-se...

RETRATO...

“Não se trata de publicidade a nenhum analgésico,

mas sim o retrato fiel de muitas famílias pobres

que ao dia 20 de cada mês, o que mais se lhes

encontra nos bolsos é cotão e para as quais os dias

até ao final do mês parecem ter 48 horas!

De 1 a 5 a vida é um mar de rosas; de 5 a 10

grande parte do bolo vai para as mãos do senho-

rio; até ao dia 15 ainda vai dando para alguma

coisa; de 16 a 20 é altura de se fazerem contas e

pensar que perderam o dinheiro. Depois do dia 20

aparecem os problemas em casa, as discussões

com os amigos e os vales á caixa.

Dez dias mensais que são um inferno. Resta a

alegria dos primeiros cinco dias do mês, em que o

ordenado ainda não voou para as mãos do mer-

ceeiro, do senhorio, da farmácia, da prestação

disto e daquilo, enfim, um rosário infindável de

números, para os quais os algarismos das notas

são um escasso conforto.

Uma vida á portuguesa. Melhor uma vida de quem

ganha hoje para comer amanhã.

Acrescentando a tudo isto, que estão e continuarão

a surgir, enquanto que os salários dos trabalhado-

res, muitos dos quais continuam a ser salários de

miséria, em nada compatíveis com os preços de

compra.

Para quando a correspondência entre os salários,

por um lado , e os preços de compra, transportes,

etc, por outro?

Quando será que as muitas promessas feitas

passarão a beneficiar os trabalhadores pobres

deste pais?

Promessas têm havido muitas, desilusões muitas

mais. Por tudo isto, caberá aos trabalhadores

pobres sem excepção travarem a sua luta, exigir

que essas promessas sejam cumpridas. Caberá a

esses trabalhadores lutar por uma sociedade mais

justa, mais digna, onde não exista tudo para uns e

nada para outros.”

Albano Ribeiro